Informativo TST junho 2016 - Contribuição Previdenciária

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  • 7/25/2019 Informativo TST junho 2016 - Contribuio Previdenciria

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    Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    PROCESSO N TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065

    Firmado por assinatura digital em 20/06/2016 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conformeMP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A C R D OSbDI-1GMJRP/ap/JRP/pa

    EMBARGOS REGIDOS PELA LEI N13.015/2014.

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. FATOGERADOR. INCIDNCIA DE JUROS DE MORAE MULTA. PRESTAO DE SERVIOS

    ANTERIOR E POSTERIOR ENTRADA EMVIGOR DOS 2 E 3 DO ARTIGO 43 DALEI N 8.212/91, ACRESCIDOS PELA

    MEDIDA PROVISRIA N 449/2008,CONVERTIDA NA LEI N 11.941/2009.1. Discute-se, no caso, qual o fatogerador das contribuiesprevidencirias relativas s parcelastrabalhistas objeto de condenao oude acordo homologado pela Justia doTrabalho e, consequentemente, o marco

    inicial para a incidncia dosacrscimos legais concernentes aosjuros e s multas, em virtude da novaredao do artigo 43 da Lei n8.212/91, dada pela Medida Provisrian 449/2008, posteriormenteconvertida na Lei n 11.941/2009.2. Percebe-se do artigo 146, incisoIII, da Constituio Federal, que oconstituinte remeteu legislaoinfraconstitucional a definio e a

    delimitao dos tributos, inclusive aespecificao dos seus fatosgeradores. Por sua vez, o artigo 195da Constituio Federal no define ofato gerador das contribuiesprevidencirias, mas apenas sinalizasuas fontes de custeio, a fim deevitar que o legisladorinfraconstitucional institua outrotributo de natureza semelhanteamparando-se nos mesmos indicadores

    ou fontes, prtica coibida pela LeiMaior, conforme se infere do seuartigo 154, inciso I, ao cuidar da

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    PROCESSO N TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065

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    instituio de impostos no previstosno Texto Constitucional.3.No caso, o 2 do artigo 43 daLei n 8.212/1991, acrescido pela Lein 11.941/2009, prev expressamenteque o fato gerador das contribuiessociais se considera ocorrido na datada prestao do servio, a partir daqual, portanto, conforme dico dosartigos 113, 1, e 114 do CTN,

    surge a obrigao tributriaprincipal, ou obrigao trabalhistaacessria. Nesse passo, a liquidaoda sentena e o acordo homologadojudicialmente equivalem meraexequibilidade do crdito por meio deum ttulo executivo judicial, aopasso que a exigibilidade e a morapodem ser identificadas desde aocorrncia do fato gerador e doinadimplemento da obrigao

    tributria, que aconteceu desde aprestao dos servios pelotrabalhador sem a respectivacontraprestao pelo empregador ecumprimento da obrigao trabalhistaacessria, ou obrigao tributriaprincipal, de recolhimento darespectiva contribuioprevidenciria. A prestao deservios o fato gerador dacontribuio previdenciria, mesmo na

    hiptese de existncia decontrovrsia acerca dos direitostrabalhistas devidos em decorrnciado contrato de trabalho, visto que assentenas e os acordos homologadosjudicialmente possuem naturezameramente declaratria oucondenatria (que tem nsita tambmuma declarao), com efeitos ex tunc,e no constitutiva, vindo apenas areconhecer uma situao jurdica que

    j existia. A prpria ConstituioFederal, em seu artigo 195, ao sereferir aos salrios e demais

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    rendimentos do trabalho pagos oucreditados, a qualquer ttulo, jsinaliza para a viabilidade dessainterpretao de o fato gerador ser aprestao de servios, pois no sepode ter como sinnimos os vocbulospagos e creditados.4. A interpretao no sentido de ofato gerador das contribuiesprevidencirias ser a liquidao dos

    crditos ou o pagamento implica negarvigncia ao que foi estabelecido pelolegislador, que elegeu expressamentea prestao de servios como fatogerador do aludido tributo, nohavendo falar eminconstitucionalidade do artigo 43 daLei n 8.212/91, diante dasalteraes introduzidas pela Lei n11.941/2009. Por outro lado, nocabe, com o escopo de defender a tese

    de o fato gerador ser o pagamento oua liquidao do crdito dotrabalhador, invocar a interpretaoconforme a Constituio Federal, poisesse tipo de exegese s cabvelquando a lei d margem a duas ou maisinterpretaes diferentes. De fato, imprescindvel, no caso dainterpretao conforme a ConstituioFederal, a existncia de um espao deproposta interpretativa, sendo

    inadmissvel que ela tenha comoresultado uma deciso contra o textoe o sentido da lei, de forma aproduzir uma regulao nova edistinta da vontade do PoderLegiferante, pois implicariaverdadeira invaso da esfera decompetncia do legislador, em ntidaofensa ao princpio fundamental daseparao dos Poderes, insculpido noartigo 2 da Constituio Federal, e

    protegido como clusula ptrea peloartigo 60, 4, da Lei Maior, e

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    prpria ratio que levou edio daSmula Vinculante n 10 do STF.5. De mais a mais, essa interpretaode o fato gerador das contribuiesprevidencirias e de o termo inicialpara a incidncia dos juros de mora aelas relativos serem o pagamento ou aliquidao dos crditos despreza,data venia, os princpios daefetividade do direito material

    trabalhista e da durao razovel doprocesso, pois incentiva odescumprimento e a protelao dasobrigaes trabalhistas, tanto quantoa sua discusso em Juzo, porquanto alide trabalhista passa a conferirvantagem tributria diante dasupresso de alto quantitativo dejuros e multas acumulados ao longo dotempo. Ou seja, implicaria premiar asempresas que no cumpriram a

    legislao trabalhista e tributriano momento oportuno, isentando-as dosencargos decorrentes do norecolhimento da contribuioprevidenciria no seu vencimento, emdetrimento daqueles empregadores que,no obstante em mora, espontaneamentedirigem-se ao Ente Previdenciriopara o cumprimento dessas obrigaes,com a obrigao de arcar com taisencargos. Isso acarreta, alis,

    ntida ofensa ao princpio daisonomia, consagrado no artigo 5,caput, da Constituio Federal, e aoprincpio da isonomia tributria,previsto no artigo 150, inciso II,tambm do Texto Constitucional, poisinstitui tratamento desigual entrecontribuintes que se encontram emsituao equivalente, ao aplicar, deforma distinta, os critrios dalegislao previdenciria

    relativamente aos valores a serempagos, para contribuintes que possuemdbitos de mesma natureza, devidos

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    Previdncia Social e referentes aperodos idnticos ou semelhantes.6. Por outro lado, conforme dispostono artigo 195, 6, da ConstituioFederal, as contribuies sociais spodero ser exigidas aps decorridosnoventa dias da data da publicao dalei que as houver institudo oumodificado. Como a MP n 449/2008 foipublicada em 4/12/2008, o marco para

    incidncia dos acrscimos dos 2 e3 ao artigo 43 da Lei n 8.212/91,por meio da Lei n 11.941/2009, 5/3/2009, pelo que somente asprestaes de servios ocorridas apartir dessa data que devero serconsideradas como fato gerador dacontribuio previdenciria para ocmputo dos juros moratrios entoincidentes.7. Quanto ao perodo anterior ao

    advento da Medida Provisria n449/2008, o entendimento majoritriodesta Corte de que o termo inicialpara os juros moratrios dacontribuio previdenciria, no casodas parcelas deferidas judicialmente, o dia 2 do ms seguinte ao daliquidao da sentena, nos termos doartigo 276, caput, do Decreto n3.048/99.8. Diferentemente da atualizao

    monetria das contribuiesprevidencirias, que visa recompor oseu valor monetrio e pela qualrespondem tanto o empregador como otrabalhador, cada qual com sua cotaparte - sem prejuzo para esteltimo, visto que receber seucrdito trabalhista igualmenteatualizado -, os juros moratriosvisam compensar o retardamento ouinadimplemento de uma obrigao,

    propiciando, no caso, o devidorestabelecimento do equilbrioatuarial mediante aporte financeiro

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    para o pagamento dos benefciosprevidencirios, pelo que aresponsabilidade pelo seu pagamentodeve ser imputada apenas aoempregador, que deu causa mora.9. Com relao multa, igualmenteimputvel apenas ao empregador,tratando-se de uma sano jurdicaque visa a compelir o devedor aocumprimento de uma obrigao a partir

    do seu reconhecimento, no incidedesde a data da prestao dosservios, mas sim a partir doexaurimento do prazo decorrente dacitao para o pagamento dos crditosprevidencirios apurados em Juzo,observado o limite de 20%, conformese extrai da dico dos artigos 61, 1 e 2, da Lei n 9.430/96 e 43, 3, da Lei n 8.212/91.10. Essa matria foi deliberao do

    Pleno do Tribunal Superior doTrabalho, que, julgando a matriaafetada, com esteio no 13 do artigo896 da CLT, decidiu, no julgamento doProcesso n E-RR-1125-36.2010.5.06.0171, em sessorealizada em 20/10/2015, no mesmosentido ao entendimento orasufragado.Embargos conhecidos e parcialmente

    providos.

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de

    Embargos em Recurso de Revista n TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065, em

    que Embargante LUA NOVA INDSTRIA E COMRCIO DE PRODUTOS

    ALIMENTCIOS LTDA.e so Embargados UNIO (PGF) e PROFIRO SILVA.

    A Stima Turma desta Corte conheceu do recurso de

    revista interposto pela Unio por violao do artigo 43 da Lei n

    8.212/91 e, no mrito, deu-lhe provimento parcial para determinarque os juros de mora e a multa sobre as contribuies

    previdencirias devidas, nas competncias anteriores publicao da

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    MP n 449/2008, incidam a partir do 2 dia do ms subsequente ao da

    liquidao da sentena e, naquelas posteriores referida

    publicao, a partir da prestao dos servios, observado, em ambas,

    o princpio da anterioridade nonagesimal.

    Irresignada, a reclamada interpe recurso de

    embargos (seq. 18), regido pela Lei n 13.015/2014. Sustenta, em

    sntese, que o termo inicial para incidncia de juros e multa

    relativos a contribuio previdenciria o dia 2 do ms seguinte

    liquidao de sentena. Indica violao do artigo 195, inciso I,

    alnea a, da Constituio Federal. Colaciona, tambm, arestos para

    confronto de teses.

    Impugnao apresentada pela Unio (seq. 24).

    Os autos no foram remetidos Procuradoria-Geral

    do Trabalho, ante o disposto no artigo 83 do Regimento Interno desta

    Corte.

    o relatrio.

    V O T O

    EMBARGOS REGIDOS PELA LEI N 13.015/2014

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. FATO GERADOR.

    INCIDNCIA DE JUROS DE MORA E MULTA. PRESTAO DE SERVIOS ANTERIOR

    E POSTERIOR ENTRADA EM VIGOR DOS 2 E 3 DO ARTIGO 43 DA LEI N

    8.212/91, ACRESCIDOS PELA MEDIDA PROVISRIA N 449/2008, CONVERTIDANA LEI N 11.941/2009

    I CONHECIMENTO

    Trata-se de caso em que a prestao de servios

    ocorreu de 28/2/2005 at 10/8/2009 (seq. 1, pg. 7), havendo

    condenao ao pagamento de parcelas salariais dentro do perodo

    imprescrito de 20/4/2005 at 10/8/2009.A Stima Turma desta Corte conheceu do recurso de

    revista interposto pela Unio por violao do artigo 43 da Lei n

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    8.212/91 e, no mrito, deu-lhe provimento parcial para determinar

    que os juros de mora e a multa sobre as contribuies

    previdencirias devidas, nas competncias anteriores publicao da

    MP n 449/2008, incidam a partir do 2 dia do ms subsequente ao da

    liquidao da sentena e, naquelas posteriores referida

    publicao, a partir da prestao dos servios, observado, em ambas,

    o princpio da anterioridade nonagesimal.

    Eis os fundamentos da deciso embargada:

    CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS - JUROS E MULTA -FATO GERADOR - VNCULO DE EMPREGO INICIADO EMMOMENTO ANTERIOR VIGNCIA DA MEDIDA PROVISRIA N449/2008 E EXTINTO APS ESSA NORMA - PRINCPIOS DAANTERIORIDADE NONAGESIMAL E DA IRRETROATIVIDADE DA

    NORMA - INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI N 11.941/2009. NOCONFIGURAO

    A Unio sustenta que o fato gerador das contribuies previdencirias

    a prestao de servios, nos termos do artigo 43, 2, da Lei n 8.212/91.Aponta violao ao artigo 276 do Decreto n 3.048/99; 11, 22, I, 28, I, 30, I,b, 34, 35, e 43, 2 e 3, da Lei n 8.212/93; 114, 3, 116, 123, 185-Ado CTN; 5, caput, II, 150, II, 97, 170 e 195, I, a, e 201 da ConstituioFederal; 459 da CLT. Indica contrariedade Smula Vinculante n 10 doSTF. Transcreve arestos para a anlise de divergncia jurisprudencial.

    Eis a deciso recorrida:

    DO FATO GERADOR DAS CONTRIBUIESPREVIDENCIRIAS. JUROS E.CORREO MONETRIA

    Insurge-se a Agravante contra a r. deciso, proferida nos

    Embargos Execuo, que determinou que as contribuiesprevidencirias incidentes sobre o crdito trabalhista apurado napresente demanda sejam, atualizadas pela Selic desde a poca daprestao dos servios, com incidncia de juros e multa at o efetivorecolhimento.

    Alega a Recorrente que o fato gerador das contribuiesprevidencirias a data do pagamento do crdito trabalhista e no oms da prestao de servios como entendeu o Juzo de origem.

    Aduz, tambm, que diante da controvrsia existente nademanda, somente pode ser considerada como devida' a verbareconhecida em sentena transitada em julgado e que, portanto, tantoo crdito trabalhista como as respectivas contribuies

    previdencirias somente passaram ser devidos com a intimao parapagamento decorrente da sentena transitada em julgado.

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    Razo parcial lhe assiste.Para efeito de incidncia de juros e multa moratria, o 3 do

    artigo 43 da Lei n 8.212/91, alterado pela Lei n 11.941/09, prevque os recolhimentos previdencirios devam ser efetuados no mesmo

    prazo em que devam ser pagos os crditos encontrados em liquidaode sentena ou em acordo homologado:

    (...)Da leitura do dispositivo legal acima transcrito, conclui-se que

    somente sero devidos juros e multa caso, aps a citao doexecutado para o pagamento dos crditos do exeqente ou a partir da

    exigibilidade da avena homologada, aquele deixar de recolher asaludidas contribuies no mesmo prazo.

    Diante da fundamentao supra, depreende-se que o fatogerador, para efeito de recolhimento das contribuies

    previdencirias, a sentena de liquidao, ainda que homologatriade acordo e no a data da prestao dos servios.

    Dou provimento parcial.(fls. 1611/1613)

    O artigo 276, caput, do Decreto n 3.048/99 estabelece que nas aestrabalhistas de que resultar o pagamento de parcelas sujeitas incidncia decontribuio previdenciria, o recolhimento das importncias devidas

    seguridade social ser feito no dia dois do ms seguinte ao da liquidao dasentena.

    A partir dessa norma, a jurisprudncia deste Tribunal Superiorfirmou-se no sentido de que a mora do empregador somente secaracterizaria aps ultrapassado o prazo para o seu pagamento, incidindo, a

    partir desse momento, os juros de mora estabelecidos na legislaoprevidenciria.

    Com a edio da Medida Provisria n 449, de 03/12/2008,posteriormente convertida na Lei n 11.941, de 27/05/2009, que acrescentouos 2 e 3 ao artigo 43 da Lei n 8.212/91, passou-se a considerarocorrido o fato gerador das contribuies sociais na data da prestao dosservios.

    Assim, no mais subsiste o entendimento anterior, no sentido deque o fato gerador das contribuies previdencirias o pagamentodas parcelas deferidas judicialmente ao empregado. Todavia, no se hde falar em aplicao retroativa da nova regra, em observncia ao princpioda irretroatividade da lei tributria, inserto no artigo 150, III, a, daConstituio Federal, segundo o qual vedado cobrar tributos em relao afatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houverinstitudo ou aumentado.

    Ou seja, nas hipteses em que toda a prestao dos servios tiver

    sido realizada em momento anterior mudana promovida, observadoo princpio da anterioridade nonagesimal (artigo 195, 6, daConstituio Federal), o fato gerador das contribuies previdenciriaspermanece regido pelo artigo 276, caput, do Decreto n 3.048/99.

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    No caso dos autos, a prestao dos servios iniciou em 28/02/2005e findou em10/08/2009, ou seja, abarca o perodo anterior e posterior edio da Medida Provisria referenciada.

    Desse modo, ao contrrio do posicionamento adotado peloTribunal Regional, para os crditos reconhecidos em juzo e que sejamreferentes prestao de servios anterior a 06/03/2009, remanesce oentendimento de que o fato gerador das contribuies previdencirias o dia dois do ms seguinte ao da liquidao da sentena, nos termos doartigo 276, caput, do Decreto n 3.048/99. E, em relao aos crditosrelativos prestao dos servios efetivada a partir de 06/03/2009, o

    fato gerador das contribuies previdencirias a prestao dosservios, nos termos do artigo 43, 2 e 3, da Lei n 8.212/91, uma vezque deve ser observada a alterao legislativa, atentando-se para oprincpio da anterioridade nonagesimal, previsto no artigo 195, 6, daConstituio Federal.

    Nesse sentido so os seguintes precedentes:

    RECURSO DE REVISTA. EXECUO. CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA. FATO GERADOR. MULTA E JUROS DEMORA. PRESTAO DE SERVIOS NO PERODO ANTERIORE POSTERIOR MEDIDA PROVISRIA 449/2008,

    CONVERTIDA NA LEI 11.941/2009. PRINCPIO DAANTERIORIDADE NONAGESIMAL. 1 - A SBDI-1, emcomposio plena, no julgamento do E-RR-18800-88.2005.5.03.0003, relator Ministro Brito Pereira, DEJT 27/9/2013, e,

    posteriormente, do E-RR-46901-94.2004.5.15.0114, relatora MinistraDora Maria da Costa, DEJT 11/10/2013, definiu, nos casos em que ha discusso acerca do fato gerador das contribuies previdencirias

    para fins de se fixar o termo inicial para incidncia de juros e multamoratria e a prestao de servios se d em momento anterior Medida Provisria 449, de 4/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009,que so devidos juros e multa somente se no for quitada acontribuio previdenciria a partir do dia dois do ms seguinte ao daliquidao da sentena. Esse entendimento respaldou-se no art. 195, I,-a-, da Constituio Federal, que no sentir daquela sessouniformizadora contem previso expressa de que o fato gerador dascontribuies previdencirias o momento em que os salrios edemais rendimentos do trabalho so pagos ou creditados. 2 -Entretanto, a hiptese em debate no abrange apenas o perodoanterior alterao legislativa operada pela Medida Provisria 449,de 4/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. A respeito dessasituao ainda no houve deliberao da SBDI-1, em composio

    plena. A meu juzo, e at em harmonia com o que j foi decidido parao perodo anterior pela SBDI-1, passei a concluir que permanececomo fato gerador da contribuio previdenciria a data do efetivo

    pagamento das verbas trabalhistas reconhecidas judicialmente, no

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    obstante a alterao efetuada na legislao infraconstitucional. Ocorreque no esse o posicionamento que vem sinalizando as Turmas doTST, inclusive esta 7. Turma, as quais, aplicando o princpio daanterioridade nonagesimal, reconhecem a prestao de servios comofato gerador da contribuio previdenciria. Recurso de revistaconhecido e parcialmente provido.(RR-298785-44.2009.5.12.0032,Data de Julgamento: 27/11/2013, Relatora Ministra: Delade MirandaArantes, 7 Turma, Data de Publicao: DEJT 29/11/2013);

    EMBARGOS DE DECLARAO EM RECURSO DE

    REVISTA. Na hiptese dos autos, de fato, com relao alterao doart. 43, 2., da Lei n. 8.212/91, a deciso embargada deveria terobservado que o marco jurdico da anterioridade nonagesimal a datada publicao da Medida Provisria n. 449, em 4/12/2008 e no a dasua converso na Lei n. 11.941/2009. Embargos de Declarao

    providos, com efeitos modificativos, fazendo constar no julgado oprovimento parcial do Recurso de Revista da Unio a fim de fixar -em relao ao perodo posterior a noventa dias da publicao daMedida Provisria n. 449, ocorrida em 4/12/2008 - o fato gerador dascontribuies sociais como sendo a data da efetiva prestao deservios, nos moldes do art. 43, 2., da Lei n. 8.212/1991, devendo,

    a partir de ento, 6/3/2009, serem computados os juros e a multadevidos pelo empregador. Com relao ao perodo anterior a essemarco, matem-se o entendimento de que o fato gerador dascontribuies sociais ocorre no momento em que os rendimentos dotrabalho so pagos ou creditados, a qualquer ttulo, ao trabalhador.(ED-ARR-116-67.2011.5.06.0021, Data de Julgamento: 25/09/2013,Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4 Turma, Data dePublicao: DEJT 27/09/2013).

    No se h de falar em retroatividade da norma prevista no artigo 43, 2, da Lei n 8.212/91, sob pena de se incorrer em afronta ao artigo 150, III,a, da Constituio Federal. Nesse sentido so os seguintes precedentes:

    (...). RECURSO DE REVISTA. EXECUO. VNCULO DEEMPREGO DE 1.6.2004 A 11.10.2007. CONTRIBUIESPREVIDENCIRIAS. FATO GERADOR. JUROS DE MORA.TERMO INICIAL DE INCIDNCIA. ART. 43 DA LEI 8.212/91,COM A REDAO CONFERIDA PELA MP 449/08,CONVERTIDA NA LEI 11.941/09. IRRETROATIVIDADE. 1. EstaCorte firmou o entendimento no sentido de incidir juros e multa, emrazo do inadimplemento das contribuies previdencirias, aps o

    dia dois do ms seguinte ao da liquidao da sentena, conformeinterpretao dada ao art. 276, caput, do Decreto 3.048/99, ao disporque -nas aes trabalhistas de que resultar o pagamento de direitossujeitos incidncia de contribuio previdenciria, o recolhimento

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    PROCESSO N TST-E-RR-293-78.2010.5.15.0065

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    das importncias devidas seguridade social ser feito no dia dois doms seguinte ao da liquidao da sentena-. Precedentes da SDI-I/TST. 2. De outra parte, consoante a jurisprudncia deste Tribunal, anova redao do art. 43 da Lei n. 8.212/91, conferida pela MP n. 449,de 3.12.2008, posteriormente convertida na Lei n. 11.941/09, somentetem aplicao a fatos geradores ocorridos antes da sua vigncia, emhomenagem ao contido no art. 150, III, -a-, da Carta da Repblica.Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.(Processo: RR- 285785-77.2009.5.12.0031 Data de Julgamento: 12/12/2012,Relator Ministro: Hugo Carlos Scheuermann, 1 Turma, Data de

    Publicao: DEJT 21/12/2012);

    CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS. FATOGERADOR. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAORETROATIVA DA ALTERAO DO ARTIGO 43 DA LEI N8.212/91 PELA MEDIDA PROVISRIA N 449/2008,CONVERTIDA NA LEI N 11.941/2009. A jurisprudnciamajoritria desta Corte superior consagra o entendimento de que osdispositivos introduzidos no ordenamento jurdico pela MedidaProvisria n 449/2008, convertida na Lei n 11.941/2009, no soaplicveis nos casos em que houve a prestao de servios antes do

    incio da vigncia da citada medida provisria - como ocorre no casodos autos, em que a prestao dos servios se deu no perodo de6/10/2003 a 29/2/2008 -, sob pena de ofensa aos artigos 150, incisoIII, alnea -a-, e 195, 6, da Constituio Federal. Com efeito,conforme disposto no artigo 195, 6, da Lei Maior, as contribuiessociais s podero ser exigidas aps decorridos 90 dias da data da

    publicao da lei que as houver institudo ou modificado. Como a MPn 449/2008 foi publicada em 4/12/2008, o marco para incidncia dosacrscimos dos 2 e 3 ao artigo 43 da Lei n 8.212/91 5/3/2009,

    pelo que somente as prestaes de servios ocorridas a partir dessadata que devero ser consideradas como fato gerador dacontribuio previdenciria para o cmputo dos juros e da multamoratrios ento incidentes. Assim, em face da inaplicabilidade daalterao legislativa promovida pela Medida Provisria n 449/2008,convertida na Lei n 11.941/2009, deve ser dado provimento aorecurso de revista para, reformando a deciso a quo, determinar comofato gerador da contribuio previdenciria o pagamento do crditoao empregado e o termo inicial para a atualizao do crdito

    previdencirio o dia dois do ms seguinte ao da liquidao dasentena e, dessa forma, o pagamento de juros de mora e multasomente pode ser exigido caso a contribuio previdenciria no seja

    recolhida na poca prpria, nos termos do artigo 276, caput, doDecreto n 3.048/99. Recurso de revista conhecido e provido.(Processo: RR - 153785-19.2008.5.12.0009 Data de Julgamento:

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    04/09/2013, Relator Ministro: Jos Roberto Freire Pimenta, 2 Turma,Data de Publicao: DEJT 13/09/2013);

    RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIESPREVIDENCIRIAS. FATO GERADOR. JUROS DE MORA. O -caput- do art. 276 do Regulamento da Previdncia Social, aprovado

    pelo Decreto n. 3.048/1999, estipula que o prazo para o recolhimentodas contribuies previdencirias resultantes de deciso judicial odia dois do ms seguinte ao da liquidao da sentena. Com basenesse dispositivo, a jurisprudncia desta Corte firmou-se no sentido

    de que o fato gerador da obrigao previdenciria, quando o direito reconhecido judicialmente, a liquidao do julgado - do que o

    pagamento consequncia lgica, sendo esse, portanto, o momento apartir do qual se deve determinar a incidncia de juros de mora.Registre-se, ainda, que a incluso do 2. no art. 43 da Lei n.8.212/1991, pela Medida Provisria n. 449, de 2008, convertida naLei n. 11.941/2009, passando a prever que se considera -ocorrido ofato gerador das contribuies sociais na data da prestao do servio-, no tem o condo de alterar, na hiptese dos autos, a poca daincidncia dos juros de mora sobre as contribuies previdencirias,

    porque, caso contrrio, no estariam sendo observadas as regras

    insertas no art. 150, III, -a-, c/c o art. 195, 6., da ConstituioFederal, que preveem os princpios da irretroatividade tributria e daanterioridade nonagesimal. Assim, no caso dos autos, como o vnculode emprego deu-se no perodo compreendido entre os anos de 2002 e2004, fato incontroverso, no h como se aplicar a nova redao doart. 43, 2., da Lei n. 8.212/1991, de forma a se determinar aincidncia dos juros de mora a partir da prestao do servio, vistoque, caso contrrio, estar-se-ia conferindo aplicao retroativa Lein. 11.941/2009. Recurso de Revista conhecido e provido.(Processo:RR - 61600-37.2005.5.03.0002 Data de Julgamento: 20/03/2013,Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4 Turma, Data dePublicao: DEJT 26/03/2013);

    (...). 2. RECURSO DE REVISTA. (...). CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA. FATO GERADOR. JUROS DE MORA EMULTA. ALTERAO DO ART. 43 DA LEI 8.212/91 PELA LEI11.941/09. IRRETROATIVIDADE. 1. O fato gerador dacontribuio previdenciria o pagamento ou crdito dos valoresreferentes a salrios ou rendimentos do trabalho, consoante o art. 195,inc. I, alnea -a-, da Constituio da Repblica. Dessarte, no havendoo pagamento do referido valor no vencimento, por haver controvrsia

    sobre a dvida e, sendo o litgio resolvido em juzo, o momento emque devida a obrigao previdencirias e concretizar a partir dosegundo dia do ms seguinte ocorrncia do cumprimento dasentena, nos termos do art. 276 do Decreto 3.048/1999. 2. Vale

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    lembrar que, no tocante irretroatividade da Lei 11.941/09, o art.150, inc. III, alnea -a-, da Constituio da Repblica vedaexpressamente a cobrana de tributos pela Unio em relao a fatosgeradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houverinstitudo. (...). Recurso de Revista de que se conhece em parte e aque se d provimento. (Processo: RR - 163400-79.1997.5.01.0282Data de Julgamento: 04/09/2013, Relator Ministro: Joo Batista BritoPereira, 5 Turma, Data de Publicao: DEJT 13/09/2013);

    (...). RECURSO DE REVISTA. (...). EXECUO.

    APLICAO DA LEI N. 11.941/2009. PRINCIPIO DAIRRETROATIVIDADE. O art. 26 da Lei 11.941/09, ao acrescentaros pargrafos 2. e 3. ao art. 43, da Lei 8.212/91, estabeleceu a

    prestao dos servios como o fato gerador da contribuioprevidenciria do art. 195, I, -a- da Constituio Federal. Todavia, seat a alterao legislativa a hiptese de incidncia tributria era oefetivo pagamento dos crditos ao trabalhador, a alterao do fatogerador da contribuio previdenciria s poder ser aplicada aosfatos ocorridos aps o advento da Lei 11.941/2009, sob pena de feriro princpio da irretroatividade da lei, estabelecido no art. 5., XXVIda CF e art. 6. da Lei de Introduo s normas do Direito Brasileiro,

    bem como e mais especificamente, o princpio da irretroatividade dalegislao tributria. Em vista disso, a Constituio Federal daRepblica veda expressamente a cobrana de tributos em relao afatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que oshouver institudo ou aumentado, conforme alnea a do inciso III doartigo 150 da CF. Portanto, a definio a respeito da prestao doservio como o fato gerador da contribuio previdenciria somentetem efeito nas prestaes laborais ocorridas a partir da vigncia daMedida Provisria n. 449/08. Assim, no caso dos autos, como ovnculo de emprego se deu no perodo anterior ao advento da Lei11.941/2009, no h de se aplicar a nova redao do art. 43, 2., daLei n. 8.212/1991, em respeito s regras insertas no art. 150, III, a,da Constituio Federal, que prev o princpio da irretroatividadetributria. Precedente da SBDI-1. Recurso de revista conhecido e

    provido. (Processo: RR - 33300-24.2009.5.04.0511 Data deJulgamento: 28/08/2013, Relator Ministro: Augusto Csar Leite deCarvalho, 6 Turma, Data de Publicao: DEJT 30/08/2013);

    RECURSO DE REVISTA - CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA - FATO GERADOR - JUROS E MULTA DEMORA - ART. 43 DA LEI N 8.212/90 COM A REDAO DADA

    PELA MEDIDA PROVISRIA N 449/2008, CONVERTIDA NALEI N 11.941/09 - EFICCIA A PARTIR DE SUA ENTRADA EMVIGOR - OBSERVADO O PRAZO NONAGESIMAL. Para osservios prestados at 3/12/2008, quando o crdito trabalhista

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    questionado judicialmente, a obrigao previdenciria devida apartir do segundo dia do ms seguinte liquidao da sentena, nostermos do art. 276, caput, do Decreto n 3.048/1999. Ressalte-se que,sob pena de ofensa ao princpio da irretroatividade da lei, o art. 43, 2 e 3, da Lei n 8.212/90, com a redao conferida pela MedidaProvisria n 449 de 4/12/2008, convertida na Lei n 11.941/2009, -que estabeleceu como fato gerador das contribuies previdenciriasa data da prestao dos servios e determinou a incidncia dosacrscimos moratrios desde a poca da prestao laboral - somentetem aplicao quando a prestao dos servios ocorrer aps

    4/12/2008, observado o prazo nonagesimal. Recurso de revistaconhecido e provido. (Processo: RR - 970-52.2011.5.06.0121 Datade Julgamento: 18/09/2013, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira deMello Filho, 7 Turma, Data de Publicao: DEJT 20/09/2013);

    (...). B) RECURSO DE REVISTA. EXECUO.CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA. FATO GERADOR. JUROSDE MORA E MULTA. MP 449/2008. CONVERSO NA LEI11.941/2009. INAPLICABILIDADE AOS FATOS ANTERIORES.Os 2 e 3 do art. 43 da Lei n 8.212/1991, dispositivosintroduzidos no ordenamento jurdico pela MP n 449/2008,

    convertida na Lei n 11.941/2009, que fixaram o fato gerador dascontribuies previdencirias incidentes sobre as condenaestrabalhistas como sendo a data da prestao dos servios, no soaplicveis nas hipteses em que os servios foram prestados emmomento anterior sua vigncia, como no caso dos autos, sob penade ofensa ao princpio da irretroatividade das leis tributrias (arts.150, III, -a-, da CF e 105 do CTN). Por conseguinte, os juros de morae a multa incidentes sobre as contribuies devem ser calculados a

    partir do dia dois do ms seguinte ao da liquidao da sentena, nosmoldes do art. 276 do Decreto n 3.048/1999. Recurso de revistaconhecido e provido.(Processo: RR - 1400-85.1997.5.01.0039 Datade Julgamento: 05/06/2013, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,8 Turma, Data de Publicao: DEJT 07/06/2013).

    Trata-se de clusula ptrea que se destina proteo do contribuintecontra o prprio Estado, assegura a segurana jurdica que deve estar

    presente tambm nas relaes entre ambos, alm de constituir aplicaoespecfica da garantia maior insculpida no artigo 5, XXXVI, daConstituio.

    Ressalte-se, por fim, que no h inconstitucionalidade na normainserta no artigo 43, 2 e 3, da Lei n 8.212/91, na medida em que no

    h incompatibilidade entre o citado dispositivo e o artigo 195, I, a, daConstituio Federal, que determina que as contribuies sociais incidemsobre a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou

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    incluem os impostos, as taxas, as contribuies de melhoria, as

    contribuies sociais dos artigos 149 e 195 da Constituio Federal

    e os emprstimos compulsrios.

    A Emenda Constitucional n 45 de 2004, que

    acrescentou o inciso VIII ao artigo 114 da Constituio Federal,

    atribuiu Justia do Trabalho a competncia para executar, de

    ofcio, as contribuies sociais previstas no artigo 195, inciso I,

    alnea a, e inciso II, e seus acrscimos legais, decorrentes das

    sentenas que proferir.

    O mencionado artigo 195 da Constituio Federal de

    1988, por sua vez, que trata das contribuies sociais concernentes

    seguridade social, em seus incisos I, alnea a, e II, que cuidam

    especificamente das previdencirias, dispe o seguinte:

    Art. 195. A seguridade social ser financiada por toda asociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, medianterecursos provenientes dos oramentos da Unio, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municpios, e das seguintes contribuies sociais:

    Ido empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada naforma da lei, incidentes sobre: (Redao dada pela EmendaConstitucional n 20, de 1998)

    a) folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos oucreditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio,mesmo sem vnculo empregatcio; (Includo pela EmendaConstitucional n 20, de 1998)

    b) a receita ou o faturamento; (Includo pela Emenda Constitucionaln 20, de 1998)

    c) o lucro; (Includo pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)II do trabalhador e dos demais segurados da previdnciasocial, no incidindo contribuio sobre aposentadoria e pensoconcedidas pelo regime geral de previdncia social de que trata o art.201; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)

    III - sobre a receita de concursos de prognsticos;IV - do importador de bens ou servios do exterior, ou de quem a lei a

    ele equiparar. (Includo pela Emenda Constitucional n 42, de 19.12.2003)[...] 4 - A lei poder instituir outras fontes destinadas a garantir a

    manuteno ou expanso da seguridade social, obedecido o disposto no art.

    154, I. 5 - Nenhum benefcio ou servio da seguridade social poder ser

    criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

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    6 - As contribuies sociais de que trata este artigo s podero serexigidas aps decorridos noventa dias da data da publicao da lei que ashouver institudo ou modificado, no se lhes aplicando o disposto no art.150, III, "b".(grifou-se)

    O entendimento majoritrio desta Corte de que,

    at o advento da Medida Provisria n 449/2008, posteriormente

    convertida na Lei n 11.941/2009, que conferiu nova redao ao

    artigo 43 da Lei n 8.212/91, o termo inicial para os acrscimoslegais moratrios da contribuio previdenciria, no caso das

    parcelas deferidas judicialmente, o dia 2 do ms seguinte ao da

    liquidao da sentena, pois o artigo 276, caput, do Decreto n

    3.048/99 prev que o recolhimento dessas importncias devidas

    seguridade social ser feito na referida data.

    Isso porque, segundo o entendimento majoritrio,

    no havendo previso expressa em lei, at ento, considerando como

    fato gerador das contribuies sociais a data da prestao dos

    servios, ocorrendo o pagamento do crdito de parcelas deferidas

    judicialmente ao trabalhador somente aps a liquidao de sentena,

    no possvel inferir-se que o fato gerador das contribuies

    previdencirias seja outro que no esse.

    Entretanto, a Lei n 11.941, de 27 de maio de

    2009, resultante da converso da Medida Provisria n 449 de 2008,

    acresceu o 2 e o 3 ao artigo 43 da Lei n 8.212, de 24 de

    julho de 1991, que passaram a prever expressamente que o fato

    gerador das contribuies sociais se considera ocorrido na data da

    prestao do servio e que essas contribuies sociais sero

    apuradas ms a ms, mediante a aplicao, entre outros, de

    acrscimos legais moratrios vigentes relativamente a cada uma das

    competncias abrangidas, devendo o recolhimento ser efetuado no

    mesmo prazo em que devam ser pagos os crditos encontrados em

    liquidao de sentena ou em acordo homologado. No caso do acordo

    homologado, o recolhimento ser feito em tantas parcelas quantas as

    previstas no acordo, nas mesmas datas em que sejam exigveis eproporcionalmente a cada uma delas.

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    A partir da, seguiu-se celeuma relativamente

    constitucionalidade do artigo 43 da Lei n 8.212/91, diante das

    alteraes introduzidas pela Medida Provisria n 449/2008,

    convertida na Lei n 11.941/2009, frente ao disposto no artigo 195,

    inciso I, alnea a, da Constituio Federal.

    Nesse contexto, observa-se, do Texto

    Constitucional, ter o Constituinte atribudo natureza tributria s

    contribuies previdencirias, pelo que o regime jurdico que lhes

    aplicvel o tributrio, e, nesse caso, o artigo 146, inciso III,

    alnea a, da Constituio Federal estabelece que:

    Art. 146. Cabe lei complementar:I - dispor sobre conflitos de competncia, em matria tributria, entre

    a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios;II - regular as limitaes constitucionais ao poder de tributar;III - estabelecer normas gerais em matria de legislao

    tributria, especialmente sobre:

    a) definio de tributos e de suas espcies, bem como, em relaoaos impostos discriminados nesta Constituio, a dos respectivos fatosgeradores, bases de clculo e contribuintes;

    b) obrigao, lanamento, crdito, prescrio e decadncia tributrios;[...](grifou-se)

    Percebe-se, desse preceito, que a Constituio

    Federal remeteu legislao infraconstitucional a definio e a

    delimitao dos tributos, inclusive a especificao dos seus fatos

    geradores, estabelecendo, no entanto, expressa e especificamente nos

    casos dos impostos discriminados no Texto Constitucional, incumbir

    lei complementar a definio dos seus fatos geradores, bases de

    clculo e contribuintes.

    Portanto, estabelecidas as normas gerais em

    matria de legislao tributria, conforme preconizado no artigo

    146, inciso III, da Constituio Federal, pela lei complementar - no

    caso, o Cdigo Tributrio Nacional (Lei n 5.172/1966), promulgado

    como lei ordinria e recebido como lei complementar pelas

    Constituies Federais de 1967/69 e 1988 -, fica ao encargo da

    legislao ordinria a definio do fato gerador das contribuies

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    art. 146, III, C.F., isto no quer dizer que devero ser institudas por leicomplementar. A contribuio social do art. 195, 4, C.F., decorrente de"outras fontes", que, para a sua instituio, ser observada a tcnica dacompetncia residual da Unio: C.F., art. 154, I, ex vi do disposto no art.195, 4. A contribuio no imposto. Por isso, no se exige que a leicomplementar defina a sua hiptese de incidncia, a base imponvel econtribuintes: C.F., art. 146, III, a. Precedentes: RE 138.284/CE, MinistroCarlos Velloso, RTJ 143/313; RE 146.733/SP, Ministro Moreira Alves,RTJ 143/684." (RE 396.266, Pleno, Rel. CarlosVelloso, DJ 27/2/2004)

    EMENTAS: 1. RECURSO. Extraordinrio. Inadmissibilidade.Contribuio previdenciria. Fato gerador. Ms de competncia do

    pagamento de salrios. Art. 30, I, "b", da Lei n 8.212/91. Alegao deofensa ao art. 195, I, "a", da Constituio Federal. Ofensa constitucionalindireta. Agravo regimental no provido. No cabe recurso extraordinrioque teria por objeto alegao de ofensa que, irradiando-se de minterpretao, aplicao, ou, at, de inobservncia de normasinfraconstitucionais, seria apenas indireta Constituio da Repblica. 2.RECURSO. Agravo. Regimental. Jurisprudncia assentada sobre a matria.Carter meramente abusivo. Litigncia de m-f. Imposio de multa.Aplicao do art. 557, 2, cc. arts. 14, II e III, e 17, VII, do CPC. Quandoabusiva a interposio de agravo, manifestamente inadmissvel ouinfundado, deve o Tribunal condenar o agravante a pagar multa aoagravado. (Ag.Reg.No Agravo De Instrumento - AI545124 Agr / Sc - Santa Catarina, Relator(A):Min. Cezar Peluso, DJ 11/11/2005)

    "CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. CONTRIBUIESSOCIAIS. CONTRIBUIES INCIDENTES SOBRE O LUCRO DASPESSOAS JURIDICAS. Lei 7.689, de 15-12-1988. Contribuies

    parafiscais: contribuies sociais, contribuies de interveno econtribuies corporativas. CF, art. 149. Contribuies sociais deseguridade social. CF, arts. 149 e 195. As diversas espcies decontribuies sociais. A contribuio da Lei 7.689, de 15-12-1988, umacontribuio social instituda com base no art. 195, I, da Constituio. Ascontribuies do art. 195, I, II, III, da Constituio, no exigem, para a suainstituio, lei complementar. Apenas a contribuio do pargrafo 4 domesmo art. 195 que exige, para a sua instituio, lei complementar, dadoque essa instituio dever observar a tcnica da competncia residual daUnio (C.F., art. 195, parag. 4; C.F., art. 154, I). Posto estarem sujeitas lei complementar do art. 146, III, da Constituio, porque no so impostos,

    no h necessidade de que a lei complementar defina o seu fato gerador,base de clculo e contribuintes." (RE 138.284, Rel. Min.

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    Carlos Velloso, julgamento em 1-7-1992, Plenrio,DJ de 28/8/1992)

    RE 723259 / DF - DISTRITO FEDERALRECURSO EXTRAORDINRIORelator(a): Min. CRMEN LCIAJulgamento: 27/11/2012PublicaoPROCESSO ELETRNICODJe-239 DIVULG 05/12/2012 PUBLIC 06/12/2012

    PartesRECTE.(S): BANCO DO BRASIL S.A.ADV.(A/S): FLVIO RENATO FANCHINI TERRASANRECDO.(A/S): REINALDO CCERO CAMINHAADV.(A/S): VILSON MARIOTRECDO.(A/S): UNIOPROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL FEDERALDECISORECURSO EXTRAORDINRIO. CONTRIBUIO

    PREVIDENCIRIA. FATO GERADOR. MOMENTO DAINCIDNCIA DE JUROS DE MORA E MULTA: MATRIA

    INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA CONSTITUCIONALINDIRETA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

    Relatrio1. Recurso extraordinrio interposto com base na alnea a do inc.

    III do art. 102 da Constituio da Repblica contra julgado do TribunalSuperior do Trabalho:

    AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.EXECUO. NO SATISFEITA A COMPROVAO DE VIOLAODIRETA DE PRECEITO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. NOPROVIMENTO. Nega-se provimento ao Agravo de Instrumento em

    processo de execuo, quando no demonstrada violao direta adispositivo de natureza constitucional. Aplicao do disposto no art. 896, 2., da CLT e da Smula n. 266 do TST. Agravo de Instrumento no

    provido.Os embargos de declarao opostos pelo Recorrente foram

    rejeitados.2. O Recorrente alega que o Tribunal a quo teria contrariado os

    arts. 5, inc. II, 150, inc. I, e 195, inc. I, alnea a, da Constituio daRepblica.

    Argumenta que, se a Constituio Federal determina que o fatogerador da contribuio previdenciria se d sobre folha de pagamento e

    demais rendimentos PAGOS OU CREDITADOS, a qualquer ttulo, nopode criar o legislador infraconstitucional ou o prprio executivo () novofato imponvel, sob pena de malferir a norma hierarquicamente superior(grifos no original).

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    Afirma que, somente da data do pagamento ao trabalhador que oempregador tem at o dia dois do ms subsequente para que, sem qualqueracrscimo legal, recolha as contribuies previdencirias devidas,consoante prev o art. 276 do Decreto n. 3.048/99, ou ento, no prazo

    previsto do art. 30, I, da Lei n 8.212/91. Assim, a mora s se configuraaps esse prazo, devendo por isso incidir atualizao monetria, juros emultas sobre as parcelas previdencirias devidas e no pagas (grifos nooriginal).

    Examinados os elementos do processo, DECIDO.3. Razo jurdica no assiste ao Recorrente.

    4. A assentada jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal firme no sentido de que a controvrsia sobre o momento de ocorrnciado fato gerador da contribuio previdenciria tem naturezainfraconstitucional, o que no viabiliza o processamento do recursoextraordinrio. A pretensa contrariedade Constituio, se tivesseocorrido, seria indireta.Nesse sentido:

    TRIBUTRIO. CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA ACARGO DO EMPREGADOR SOBRE A FOLHA DE SALRIOS.MOMENTO DE OCORRNCIA DO FATO GERADOR. MATRIAINFRACONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. 1. O Supremo TribunalFederal possui entendimento consolidado de que possui carter

    infraconstitucional a discusso acerca do momento em que ocorre o fatogerador e a exigibilidade da contribuio previdenciria devida peloempregador e incidente sobre a folha de salrios. Precedentes. 2. Agravoregimental improvido(RE 437.642-AgR/RS, Rel. Min. Ellen Gracie,Segunda Turma, DJ 3.9.2010, grifos nossos).

    EMENTA: TRIBUTRIO. CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA. FATO GERADOR. LEI 8.212/91. MATRIAINFRACONSTITUCIONAL. SMULA 283. A matria versada nosautos, tal como decidida pelo acrdo regional, envolve exclusiva anlisede normas infraconstitucionais, o que vedado em recurso extraordinrio.O STJ, em sede prpria, julgou a causa em desfavor da ora agravante, o queatrai a incidncia da Smula 283/STF. Agravo regimental a que se nega

    provimento(AI 545.122-AgR/SC, Rel. Min. Joaquim Barbosa, SegundaTurma, DJ 8.10.2010, grifos nossos).

    EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DEINSTRUMENTO. TRIBUTRIO. CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA DO EMPREGADOR. FATO GERADOR.PRAZO PARA RECOLHIMENTO. MATRIAINFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA CONSTITUIO FEDERAL. 1. No caso, afronta Carta Magna de1988, se existente, ocorreria de modo reflexo ou indireto, o que impede a

    abertura da via extraordinria. 2. Agravo regimental desprovido (AI555.265-AgR/SC, Rel. Min. Ayres Britto, Primeira Turma, DJ 7.5.2010,grifos nossos).

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    EMENTA: TRIBUTRIO. CONTRIBUIOPREVIDENCIRIA DO EMPREGADOR. RECOLHIMENTO. FATOGERADOR. CONTROVRSIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSAINDIRETA CONSTITUIO DA REPBLICA. PRECEDENTES.AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO(AI 533.602-AgR/SC, deminha relatoria, Primeira Turma, DJ 9.2.2007, grifos nossos).

    E: RE 705.780 e RE 681.099, ambos de minha relatoria, transitadosem julgado.

    5. Pelo exposto, nego seguimento ao presente recursoextraordinrio (art. 557, caput, do Cdigo de Processo Civil e art. 21, 1,

    do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).Publique-se.

    Braslia, 27 de novembro de 2012.Ministra CRMEN LCIA

    ARE 677480 / MG - MINAS GERAISRECURSO EXTRAORDINRIO COM AGRAVORelator(a): Min. ROSA WEBERJulgamento: 19/10/2012PublicaoDJe-212 DIVULG 26/10/2012 PUBLIC 29/10/2012

    PartesRECTE.(S): HOSPITAL MUNICIPAL ODILON BEHRENSADV.(A/S): GABRIELA FONTES DE PDUA E OUTRO(A/S)RECDO.(A/S ELIZABETH MARTINS BOSCOADV.(A/S): ROGRIA GONZAGA JAYME E OUTRO(A/S)RECDO.(A/S): UNIOPROC.(A/S)(ES): PROCURADOR-GERAL FEDERALADV.(A/S): JULIANA NARCSIO DE OLIVEIRAADV.(A/S): JURANDIR VAZ DO NASCIMENTODecisoVistos etc.Contra o juzo negativo de admissibilidade do recurso extraordinrio,

    exarado pela Presidncia do Tribunal a quo, maneja agravo o HospitalMunicipal Odilon Behrens. Na minuta, sustenta que o recursoextraordinrio rene todos os requisitos para sua admisso. Apontaviolao direta dos arts. 5, LV, 150, III, 154, I, e 195, I e II, daConstituio Federal.

    Contraminuta da Unio. o relatrio.Decido.Preenchidos os pressupostos extrnsecos.

    Da detida anlise dos fundamentos da deciso denegatria deseguimento do recurso extraordinrio, bem como luz das razes de decidiradotadas pelo Tribunal de origem, por ocasio do julgamento do recursoveiculado na instncia ordinria, concluo que nada colhe o agravo.

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    XXXV, LIV e LV e 93, IX, da Constituio Federal." (STF-AI-AgR-436.911/SE, Relator Ministro Seplveda Pertence, 1 Turma, DJ 17.6.2005)

    "CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINRIO:ALEGAO DE OFENSA C.F., art. 5, II, XXXV, XXXVI, LIV e LV.I. - Ao Judicirio cabe, no conflito de interesses, fazer valer a vontadeconcreta da lei, interpretando-a. Se, em tal operao, interpretarazoavelmente ou desarrazoadamente a lei, a questo fica no campo dalegalidade, inocorrendo o contencioso constitucional. II. - Deciso contrriaao interesse da parte no configura negativa de prestao jurisdicional(C.F., art. 5, XXXV). III. A verificao, no caso concreto, da existncia,

    ou no, do direito adquirido, situa-se no campo infraconstitucional. IV. -Alegao de ofensa ao devido processo legal: C.F., art. 5, LIV e LV: seofensa tivesse havido, seria ela indireta, reflexa, dado que a ofensa diretaseria a normas processuais. E a ofensa a preceito constitucional queautoriza a admisso do recurso extraordinrio a ofensa direta, frontal. V. -Agravo no provido" (STF-RE-AgR-154.158/SP, Relator Ministro CarlosVelloso, 2 Turma, DJ 20.9.2002).

    Nesse sentir, no merece processamento o apelo extremo,consoante tambm se denota dos fundamentos da deciso que desafiou orecurso, aos quais me reporto e cuja detida anlise conduz concluso pelaausncia de ofensa direta e literal a preceito da Constituio da Repblica.

    Conheo do agravo para negar-lhe provimento (art. 544, 4, II,a, do CPC).

    Publique-se.Braslia, 19 de outubro de 2012.Ministra Rosa Weber.

    Levando-se em conta, portanto, o entendimento do

    Supremo Tribunal Federal de que o estabelecimento do momento em que

    ocorrem o fato gerador e a exigibilidade da contribuio social

    devida pelo empregador, incidente sobre a folha de salrios, soquestes a serem reguladas mediante legislao ordinria, que no

    integra o contencioso constitucional, no h como se entender que o

    artigo 195 da Constituio Federal estabelece o fato gerador das

    contribuies previdencirias.

    Com efeito, o artigo 195 da Constituio Federal

    no define o fato gerador das contribuies previdencirias, mas

    apenas sinaliza suas fontes de custeio, a fim de evitar que o

    legislador infraconstitucional institua outro tributo de naturezasemelhante amparando-se nos mesmos indicadores ou fontes, prtica

    coibida pela Lei Maior, conforme se infere do seu artigo 154, inciso

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    I, ao cuidar da instituio de impostos no previstos no Texto

    Constitucional.

    A par disso, reportando-se legislao

    infraconstitucional, verifica-se que o Cdigo Tributrio Nacional,

    que estabelece normas gerais em matria tributria, em seu artigo

    114 define, como fato gerador da obrigao tributria principal, a

    situao definida em lei como necessria e suficiente sua ocorrncia, enquanto que o

    artigo 113, 1, preceitua que a obrigao tributria principal

    surge com a ocorrncia do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade

    pecuniria e extingue-sejuntamente com o crdito dela decorrente.

    Cabe trazer lume os ensinamentos de Yoshiaki

    Ichiara, de que, existindo na lei a descrio do fato gerador, a que denominamos de

    hiptese de incidncia, quando algum (contribuinte do tributo) realizar, no mundo concreto, o

    comportamento tpico e idntico ao da descrio legal esta ltima que denominamos de fato

    imponvel -, nesse momento ocorre o fato gerador que, por conseguinte, gera a obrigao de pagar o

    tributo (in DIREITO TRIBUTRIO, Editora Atlas S.A, SP, 3 edio,

    1989, pg. 120).

    No caso, o 2 do artigo 43 da Lei n 8.212, de

    24 de julho de 1991, acrescido pela Lei n 11.941, de 27 de maio de

    2009, prev expressamente que o fato gerador das contribuies

    sociais se considera ocorrido na data da prestao do servio, a

    partir da qual, portanto, conforme dico dos citados artigos 113,

    1, e 114 do CTN, surge a obrigao tributria principal, ou

    obrigao trabalhista acessria.

    Por outro lado, prescreve o artigo 394 do CdigoCivil, includo no Ttulo que cuida do Inadimplemento das

    Obrigaes, que considera-se em mora o devedor que no efetuar o pagamento, e o credor

    que o no quiser receb-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a conveno estabelecer

    (grifou-se), e, nesse aspecto, os artigos 20 e 22, inciso I, da Lei

    n 8.212/91 estabelecem expressamente os parmetros para o

    recolhimento das contribuies previdencirias a cargo do empregado

    e do empregador, como alquotas, bases de clculo e percentuais,

    entre outros, descartando-se, com isso, o argumento, por vezesutilizado para fundamentar a postergao do fato gerador para a

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    liquidao dos crditos, do desconhecimento pelo empregador da

    correta dimenso das contribuies devidas.

    Por sua vez, com relao ao fator tempo para o

    adimplemento da obrigao, o artigo 30 da mesma Lei n 8.212/91

    prev, como poca prpria para esse recolhimento previdencirio, o

    dia 20 (vinte) do ms subsequente ao da competncia, conforme

    redao dada pela Lei n 11.933/2009 (antes da edio da Lei n

    11.933/2009, o prazo era o dia 2 do ms seguinte ao da competncia),

    in verbis:

    Art. 30. A arrecadao e o recolhimento das contribuies ou deoutras importncias devidas Seguridade Social obedecem s seguintesnormas: (Redao dada pela Lei n 8.620, de 5.1.93):

    I - a empresa obrigada a:a) arrecadar as contribuies dos segurados empregados e

    trabalhadores avulsos a seu servio, descontando-as da respectivaremunerao;

    b) recolher os valores arrecadados na forma da alnea a deste inciso, acontribuio a que se refere o inciso IV do art. 22 desta Lei, assim como ascontribuies a seu cargo incidentes sobre as remuneraes pagas, devidasou creditadas, a qualquer ttulo, aos segurados empregados, trabalhadoresavulsos e contribuintes individuais a seu servio at o dia 20 (vinte) doms subsequente ao da competncia; (Redao dada pela Lei n 11.933,de 2009). (Produo de efeitos).(grifou-se)

    Aprofundando a anlise da questo do fato gerador

    da obrigao tributria previdenciria e da mora tributria do

    empregador, Jos Geraldo da Fonseca, Desembargador do TribunalRegional do Trabalho da 1 Regio, em seu artigo Fato Gerador da

    Obrigao Tributria Previdenciria, publicado na Revista do

    TRT/EMATRA da 1 Regio, JAN/JUN 2007, escreve o seguinte:

    2 - Fato gerador da obrigao tributria previdenciria[...]4 - O fato tributrio previdencirio dimana da lei. A obrigao

    tributria previdenciria constitui-se independentemente delanamento e o seu fato gerador no pressupe sentena trabalhista,mas a contraprestao do trabalho ou servio sujeito retenoprevidenciria. O fato gerador da obrigao tributria previdenciria o momento em que o salrio ou qualquer contraprestao em dinheiro

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    carga de declarao. Em verdade, ao condenar a empresa nopagamento de horas extras (no interessando, obviamente, o meio deprova que convenceu o magistrado), ou na equiparao salarial, asentena declara que durante a relao laboral houve laborextraordinrio no pago pelo empregador ou que houve situao detrabalho em que o trabalhador deveria estar percebendo igualremunerao quela auferida pelo paradigma.

    Declarando a existncia dessas situaes na sentena, nasce afico jurdica de que tais fatos declarados pelo juzo realmenteocorreram. Assim, tendo ocorrido, o empregador tinha cincia e

    deveria, por conseguinte, ter efetuado o recolhimento das contribuiesprevidencirias. (in As contribuies Previdenciriasna Justia do Trabalho. Braslia: Revista doTribunal Superior do Trabalho. Vol. 78, n 4,out/dez 2012, p. 138, grifou-se)

    Secundando esse entendimento, o professor e

    advogado Fbio Zambitte Ibrahim, Doutor em Direito Pblico pela UERJ

    e Mestre em Direito Previdencirio pela PUC-SP, em sua obra Curso de

    Direito Previdencirio, 15 edio, Niteri: Impetus, 2010, pp. 762e 763, enfatiza que o fato gerador das contribuies

    previdencirias, por bvio, no o momento da deciso judicial, haja vista a inexistncia

    em lei desta hiptese de incidncia, ressaltando que o fato de a deciso judicial reconhecer

    o dbito trabalhista no traz a obrigao previdenciria, pois esta surge desde o momento no qual a

    remunerao devida, ou seja, na poca de prestao do servio (art. 22 da Lei n 8.212/91). A

    sentena meramente declara tais valores, da, portanto, o momento da prestao de servio ser aquele

    no qual surge o nus da cotizao securitria.

    Com isso, infirma-se a tese de que o crdito

    previdencirio reconhecido apenas em Juzo deveria ter tratamento

    jurdico diferenciado, ou seja, de que o desconhecimento pelo

    empregador da correta dimenso das contribuies devidas, diante de

    alegada indefinio contbil da sua base de clculo, teria o condo

    de postergar a ocorrncia do fato gerador e da mora para a

    liquidao dos crditos trabalhista ou para a data do seu pagamento.

    De fato, a prestao de servios o fato gerador

    da contribuio previdenciria, mesmo na hiptese de existncia de

    controvrsia acerca dos direitos trabalhistas devidos em decorrncia

    do contrato de trabalho, visto que, repisa-se, as sentenas e os

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    seja o pagamento dos salrios, e no a prestao dos servios, em

    relao ao qual prescreve Ivan Kertzman que esse entendimento levava, em

    nossa opinio, absurda concluso de que se o empregador descumprisse a sua obrigao com o

    empregado, o Estado tambm estaria impedido de efetuar o lanamento da contribuio devida, pois

    no se teria aperfeioado o fato gerador da contribuio, arrematando que, com essa

    tese, o Direito Pblico ficava subordinado ao Direito Privado, vez que, se o trabalhador no

    exigisse o pagamento de sua remunerao, o Estado jamais poderia exigir o recolhimento do tributo

    (op. cit. p. 137).

    Prossegue o referido autor, para sustentar a

    impossibilidade de se considerar o pagamento como fato gerador das

    contribuies previdencirias, citando a ttulo exemplificativo o

    seguinte caso:

    Um exemplo que pode deixar clara a incompatibilidade entre oentendimento de que o fato gerador da contribuio previdenciria o

    pagamento da empresa que deixa de pagar os ltimos seis salrios do seuempregado, e este vai buscar a satisfao do seu direito na Justia Laboral.

    Antes de proferida a sentena, adentra a empresa um Auditor fiscal daReceita Federal do Brasil, com a misso de fiscalizar o corretocumprimento das obrigaes previdencirias. Detectando o Auditor a dvidada empresa de seis meses de remunerao de seu empregado, deve elecobrar as contribuies devidas sobre estes valores, ressaltando-se que advida sobre o fato gerador das contribuies previdencirias especfica,apenas, aos processos trabalhistas.

    Efetuado a cobrana do crdito, como o Juiz Trabalhista deveproceder no ato de execuo das contribuies previdencirias decorrentesde sua sentena? Obviamente, o juiz deve abster-se de executar ascontribuies, vez que elas j foram exigidas pelo Fisco. Mas como, se ofato gerador somente se aperfeioou depois de efetuado o pagamento nombito da Justia do Trabalho? Percebe-se, nesse exemplo, a falta desustentao para a defesa de que o fato gerador o pagamento. (op.cit. p. 142)

    Com efeito, a prpria Constituio Federal, em seu

    artigo 195, ao se referir aos salrios e demais rendimentos do

    trabalho pagos ou creditados (grifou-se), a qualquer ttulo, j

    sinaliza para a inviabilidade dessa interpretao, pois no se pode

    ter como sinnimos os vocbulos pagos e creditados, visto no haver

    na lei, sobretudo na Constituio Federal, palavras inteis,

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    situao ou fato jurdico apto a propiciar, simultaneamente, a

    remuneraes pagas, devidas ou creditadas como contraprestao pelo

    labor do trabalhador a prestao de servios.

    A respeito, convm transcrever trechos do artigo

    Por uma Perspectiva Tributria do Fato Gerador e do Critrio de

    Clculo da Contribuio Previdenciria na Justia do Trabalho,

    publicado na Revista Tributria e de Finanas Pblicas, vol. 106, p.

    73, set/2012, no qual o mestre em Direito Processual Civil,

    professor universitrio e Procurador Federal Luciano Marinho Filho

    apreende com acuidade o alcance e sentido dessas expresses

    utilizadas pelo Poder Legiferante, in verbis:

    Se analisarmos as expresses empregadas no dispositivoconstitucional, a exemplo de incidentes sobre e folha de salrios queconstam na fundamentao acima, parece-nos mais apropriado que, se defato houve referncia a algum elemento de tributo, no o fez em relao afato gerador, porm, base de clculo. A alquota (expressa em percentual)

    incide sobre um montante financeiro discriminado (folha de salrios), o queresulta em um valor pecunirio correspondente obrigao de pagamento eo objeto da obrigao tributria.

    A nosso ver, o significado do vocbulo pago ou creditado temuma acepo ampla e no somente de sentido jurdico estrito. O que bastante natural, sobretudo em uma constituio analtico-dispositiva,porquanto representa a cristalizao poltica de foras, resultado dainterveno de vrias classes sociais, sem qualquer compromisso com otecnicismo jurdico. Abrange, tambm, sentido contbil, de modo acorresponder a toda e qualquer incorporao que ocorra aopatrimnio do trabalhador (ampliando seu direito). Por isso,

    perfeitamente justificvel a explicitao deste dispositivo constitucionalquando por meio do art. 28, I, da Lei 8.212/1991 acrescentou-se aexpresso devida como retrato decorrente da dico constitucional.

    Art. 28 da Lei 8.212/1991:Entende-se por salrio de contribuio:I para o empregado e trabalhador avulso: a remunerao auferida

    em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentospagos, devidos ou creditados a qualquer ttulo, durante o ms, destinados aretribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, osganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentesde reajuste salarial, quer pelos servios efetivamente prestados, quer pelotempo disposio do empregador ou tomador de servios nos termos dalei ou do contrato ou, ainda, de conveno ou acordo coletivo de trabalhoou sentena normativa.

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    O que, a nosso ver, o contedo da Lei de Custeio albergada nessedispositivo acima, uma verdadeira interpretao autntica,traduzindo a potencialidade contida na norma constitucional. Nomomento em que um trabalhador presta um servio remunerado,ainda que no lhe seja pago a correspondente parcela, ela se adicionaao seu patrimnio jurdico, configurando crdito especfico que lhe devido e que se potencializa, podendo vir a ser dispensado pelo prprioobreiro, por ele transacionado, ou ainda, pago no futuro espontnea ouforadamente.[...] (grifou-se)

    Corroborando esse entendimento, Ivan Kertzman

    escreve o seguinte:

    Se a prpria lei definiu que a base declculo o trabalho, ao utilizara palavra devido, o que leva alguns magistrados trabalhistas a entenderque pode ser diferente?

    que o texto constitucional, ao falar da contribuio previdenciriapatronal, no art. 195, I, dispe que haver contribuio do empregadorsobre a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pagos ou

    creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servios, mesmosem vnculo empregatcio.Alegam que os fatos geradores previstos na Constituio forma, pois,

    os rendimentos pagos ou creditados, no constando a expresso devidosque aparece na Lei. Mas, o que, de fato, significa a expressoconstitucional.

    Defendem alguns que essa expresso faz aluso ao crdito contbil.Com essa interpretao, que, a nosso ver, no compatvel com oordenamento jurdico vigente, o fato gerador s se aperfeioaria com o

    pagamento ou a contabilizao dos valores.Observe-se que, pelas normas e princpios contbeis, todos os valores

    devidos devem ser contabilizados nas contas de passivo da empresa.Tratamos, aqui, do Princpio da Competncia, pilar das regras decontabilidade, que pode ser enunciado, de acordo com o professorBraulindo Costa da Cruz, da seguinte forma: As receitas e despesas devemser includas na apurao do resultado do perodo em que ocorrerem,sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente derecebimento ou pagamento.

    Entender que a empresa, ao no efetuar a contabilizao da dvida,faria com que o fato gerador da contribuio previdenciria no nascesse,seria contemplar o infrator; seria dizer que possvel beneficiar-se com a

    prpria torpeza; seria premiar o ato ilcito.

    Assim, a nica interpretao que consideramos plausvel para aexpresso creditada no sentido de que elase refere ao crdito jurdico,

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    ou seja, ao direito subjetivo do credor prestador de servio de receber osvalores devidos como contraprestao do trabalho executado.

    Dessa forma, quando o inciso I da Lei n 8.212/91 acrescentou, emrelao ao texto da Constituio, na definio da base de clculo

    previdenciria, a palavra devidos, ele no extrapolou os limitesconstitucionais, mas simplesmente regulamentou e explicou o contedo dodispositivo constitucional. Acreditamos, pois, que o inciso I do art. 28 daLei n 8.212/91 deve ser interpretado conforme a Constituio. (op.cit. pp. 139 e 140)

    Carlos Alberto Pereira de Castro e Joo Batista

    Lazzari, in Manual de Direito Previdencirio, So Jos: Conceito,

    2009, p. 256, refletindo sobre essas expresses do texto

    constitucional e da lei previdenciria, explicitam, in verbis:

    Nota-se, pelo cotejo dos dispositivos constitucional e legalpertinentes, que a hiptese de incidncia indicada na Constituio(importncia paga ou creditada) mereceu, na Lei de Custeio, a insero demais um vocbulo (paga, devida ou creditada). Para alguns, tal incluso

    seria inconstitucional, pois estar-se-ia estabelecendo nova hiptese, nocontemplada no texto constitucional, por via de lei ordinria, vulnerando aexigncia de lei complementar para tanto. Todavia, nosso entendimentoque a remunerao devida a mesma que deve ser paga ou creditada aosegurado empregado, por se configurar em direito adquirido, tendo a normalegal apenas o condo de indicar que o fato imponvel no se revela apenasno auferir remunerao, mas no fazer jus a ela, ainda que o empregador,violando a lei e o contrato de trabalho, deixe de remunerar corretamente otrabalhador, impedindo a invocao de que, no tendo o empregador feitoqualquer pagamento de remunerao (como na hiptese de mora salarial),nenhuma contribuio seria devida, nem pelo mesmo, nem pelo segurado,em relao ao ms em que no houve pagamento.

    Por sua vez, reforando a tese de o fato gerador

    das contribuies previdencirias ser a efetiva prestao de

    servios, o renomado doutrinador Wladimir Novaes Martinez, em sua

    obra Manual de Direito Previdencirio, Tomo II Previdncia Social,

    So Paulo: LTR, 2003, pp. 232 e 233, de forma louvvel, leciona:

    Em princpio, aquela medida a remunerao, mas no se temestabelecido a quitao de o valor ser o ato aperfeioador da obrigaofiscal. O pagamento, per se, no geratriz do dever de contribuir. ,todavia, a situao mais comum, principalmente quando o contrato de

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    trabalho flui naturalmente. Coincidem, ento, o trabalho, o direito remunerao e seu pagamento.

    Essa histrica absteno normativa deve-se periodicidadeinstitucional exacional evocada, cuidar-se de nus de trato sucessivoinstitucionalizado h oito dcadas a ser mensal, no mais comum dos casos.

    Parte da contribuio, a do segurado, descontada da remuneraoauferida, e isso, usualmente, acontece quando do seu pagamento, sem,entretanto, isoladamente, o ato de desembolso da empresa definir anuclearidade da hiptese de incidncia.

    Essa inteno do legislador de estabelecer como

    fato gerador das contribuies sociais a prestao dos servios

    claramente identificada na exposio de motivos da citada Lei n

    11.941/2009, resultante da converso da Medida Provisria n

    449/2008, na qual o legislador justifica a alterao do artigo 43 da

    Lei n 8.212/91 na necessidade de se explicitar melhor a forma de execuo das

    contribuies sociais incidentes sobre as verbas resultantes de decises em Reclamatrias

    Trabalhistas, esclarecendo, in verbis:

    a) a Constituio Federal de 1988 determina a execuo dascontribuies sociais pelo rgo da Justia do Trabalho, nos termos doinciso VIII do art. 114. Diante do comando constitucional, demonstrou-se anecessidade de se verificar maior detalhamento por parte da norma (art. 43da Lei n 8.212, de 1991) para que a atribuio seja desempenhada sem asdvidas que a redao atual da Lei tem gerado na prtica. Faz-se necessriodeixar claro que a obrigao de executar as contribuies sociais surge emdecorrncia de qualquer deciso trabalhista, seja cognitiva ouhomologatria de acordo entre as partes, bem como quelas proferidas nasComisses de Conciliao Prvia de que trata a Lei n 9.958, de 12 de

    janeiro de 2000. Afinal, a Constituio no restringiu a atribuio conferidaaos rgos da Justia do Trabalho a qualquer espcie de deciso;

    b) tambm imprescindvel determinar expressamente em quemomento ocorre o fato gerador das contribuies sociais devidas equando o contribuinte ou responsvel pelo pagamento do tributo deveefetuar o recolhimento das contribuies executadas no mbitotrabalhista. Diante disso, o presente Projeto esclarece que o fatogerador das contribuies sociais ocorre no ms em que houver aprestao do servio e que o recolhimento das importncias devidas se

    dar no dia 10 (dez) do ms seguinte ao da liquidao da sentena ou dahomologao do acordo; (disponvel emhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Exm/EMI-161-MF-MP-MAPA-AGU-mpv449.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Exm/EMI-161-MF-MP-MAPA-AGU-mpv449.htm
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    2010/2008/Exm/EMI-161-MF-MP-MAPA-AGU-mpv449.htm,grifou-se)

    Nesse contexto, a Lei n 11.941, de 27 de maio de

    2009, resultante da converso da Medida Provisria n 449 de 2008,

    acresceu os 2 e 3 ao artigo 43 da Lei n 8.212, de 24 de julho

    de 1991, que passou a conter a seguinte redao:

    Art. 43. Nas aes trabalhistas de que resultar o pagamento dedireitos sujeitos incidncia de contribuio previdenciria, o juiz, sobpena de responsabilidade, determinar o imediato recolhimento dasimportncias devidas Seguridade Social. (Redao dada pela Lei n 8.620,de 5.1.93)

    1 Nas sentenas judiciais ou nos acordos homologados em que nofigurarem, discriminadamente, as parcelas legais relativas s contribuiessociais, estas incidiro sobre o valor total apurado em liquidao desentena ou sobre o valor do acordo homologado. (Includo pela Lei n11.941, de 2009).

    2 Considera-se ocorrido o fato gerador das contribuies

    sociais na data da prestao do servio. (Includo pela Lei n 11.941, de2009).

    3 As contribuies sociais sero apuradas ms a ms, comreferncia ao perodo da prestao de servios, mediante a aplicao dealquotas, limites mximos do salrio-de-contribuio e acrscimoslegais moratrios vigentes relativamente a cada uma das competnciasabrangidas, devendo o recolhimento ser efetuado no mesmo prazo emque devam ser pagos os crditos encontrados em liquidao desentena ou em acordo homologado, sendo que nesse ltimo caso orecolhimento ser feito em tantas parcelas quantas as previstas noacordo, nas mesmas datas em que sejam exigveis e proporcionalmentea cada uma delas. (Includo pela Lei n 11.941, de 2009).

    4 No caso de reconhecimento judicial da prestao de servios emcondies que permitam a aposentadoria especial aps 15 (quinze), 20(vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuio, sero devidos osacrscimos de contribuio de que trata o 6o do art. 57 da Lei no 8.213,de 24 de julho de 1991. (Includo pela Lei n 11.941, de 2009).

    5 Na hiptese de acordo celebrado aps ter sido proferida decisode mrito, a contribuio ser calculada com base no valor do acordo.(Includo pela Lei n 11.941, de 2009).

    6 Aplica-se o disposto neste artigo aos valores devidos ou pagosnas Comisses de Conciliao Prvia de que trata a Lei no 9.958, de 12 de

    janeiro de 2000. (Includo pela Lei n 11.941, de 2009). (grifou-se)

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Exm/EMI-161-MF-MP-MAPA-AGU-mpv449.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Exm/EMI-161-MF-MP-MAPA-AGU-mpv449.htm
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    Cumpre registrar, por outro lado, que o caput do

    artigo 276 do Decreto n 3.048/99, segundo o qual, nas aes trabalhistas de

    que resultar o pagamento de direitos sujeitos incidncia de contribuio previdenciria, o

    recolhimento das importncias devidas seguridade social ser feito no dia dois do ms seguinte ao da

    liquidao da sentena, no modifica nem inova o texto da Lei n 8.212/91.

    Isso porque o citado dispositivo, geralmente

    invocado para embasar o termo inicial da aplicao dos juros pelos

    que defendem a tese de o fato gerador das contribuies

    previdencirias ser a liquidao da sentena ou o pagamento, ao

    mencionar o dia 2 do ms seguinte ao da liquidao da sentena, est

    a se reportar apenas data em que deve ser efetivado o recolhimento

    das contribuies previdencirias, vale dizer, data do vencimento

    desse recolhimento, sem a qual o banco no tem condies de

    concretizar a operao bancria, no dispondo, de forma alguma,

    sobre a data inicial da incidncia dos juros relativos a esses

    descontos.

    Sobre essa questo dos juros, a propsito,

    estabelece o 4 do mencionado artigo 276 do Decreto n 3.048/99

    que a contribuio do empregado no caso de aes trabalhistas ser calculada, ms a ms,

    aplicando-se as alquotas previstas no art. 198, observado o limite mximo do salrio-de-

    contribuio, especificando, por sua vez, o artigo 239, 6, do mesmo

    decreto, o seguinte:

    Art. 239. As contribuies sociais e outras importncias arrecadadaspelo Instituto Nacional do Seguro Social, includas ou no em notificaofiscal de lanamento, pagas com atraso, objeto ou no de parcelamento,ficam sujeitas a:

    [...] 6. correo monetria e aos acrscimos legais de que trata

    este artigo aplicar-se- a legislao vigente em cada competncia a quese referirem. (grifou-se)

    Percebe-se, da leitura desses preceitos, que,

    efetivamente, o caputdo artigo 276 do Decreto n 3.048/99 no prev

    o termo inicial de incidncia de juros das contribuiesprevidencirias, aplicando-se, conforme preconizam os demais

    dispositivos do citado decreto, a esses acrscimos legais, mesmo

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    oriundos de descontos sobre parcelas objeto de condenao em

    sentena judicial trabalhista, a legislao vigente em cada

    competncia, com clculo ms a ms, descartando-se, assim, o

    argumento de que o termo inicial dos juros seria o dia 2 do ms

    seguinte ao da liquidao da sentena.

    E, mesmo que se considerasse a hiptese de o

    legislador ter previsto no caputdo multicitado artigo 276 a data

    inicial de incidncia dos juros das contribuies previdencirias,

    seria foroso concluir pela incompatibilidade desse preceito com os

    termos da Lei n 8.212/91 e dos demais artigos citados do Decreto n

    3.048/99, que tratam do tema em questo, bem como com o Texto

    Constitucional, em seus artigos 5, caput, e 150, inciso II, que

    garantem a observncia do princpio da isonomia, sem tratamento

    diferenciado a contribuintes em situao equivalente, como ser

    oportuna e detidamente analisado, em franca inobservncia ao

    princpio da hierarquia das normas.

    A prpria Smula n 368 desta Corte, ao prever que

    o clculo das contribuies previdencirias, deve observar o regime

    de competncia, considerando, em cada ms, as alquotas ento

    vigentes, bem como o teto do salrio-de-contribuio ento em vigor,

    implicitamente reconheceu que o fato gerador a prestao dos

    servios, sob pena de no levar em conta o disposto no artigo 144,

    caput, do CTN, que dispe sobre a regra da aplicao da legislao

    tributria vigente data do fato gerador.

    A respeito do tema, cumpre citar os seguintesprecedentes do Superior Tribunal de Justia:

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA SOBRE O PAGAMENTODE SALRIOS. FATO GERADOR.

    1. O fato gerador da contribuio previdenciria do empregado no o efetivo pagamento da remunerao, mas a relao laboral existente entreo empregador e o obreiro.

    2. O alargamento do prazo conferido ao empregador pelo art. 459 daCLT para pagar a folha de salrios at o dia cinco (05) do ms subseqente

    ao laborado no influi na data do recolhimento da contribuioprevidenciria, porquanto ambas as leis versam relaes jurdicas distintas;a saber: a relao