Inovação Curricular - Orientação à Pesquisa No Ensino Superior

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    Inovao Curricular: Orientao Pesquisa no Ensino Superior* Luana Oliveira Sampaio

    19 de Junho de 2008

    Resumo Este artigo tem como objetivo, convidar toda a comunidade acadmica para uma reflexo mais incisiva sobre a incluso de disciplinas no campo da pesquisa nos currculos de nvel superior. Nesta perspectiva, exponho discursos dos estudantes envolvidos acerca da incluso das disciplinas Orientao a Pesquisa I, II, III e IV no curso de Licenciatura em Matemtica da UEFS, decorrente da aprovao do Projeto de Reforma Curricular, 2004. Diante disto, pretendo analisar a compatibilidade entre a proposta presente no Projeto supracitado e a sua viabilidade, na tentativa de incentivar a busca pela melhoria do ensino superior e defender a indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa. Para tanto, foram utilizados estudos da Resoluo CONSEPE n127/2005; do Projeto da Reforma Curricular, etc. Alm de aplicao de questionrios e tratamento dos dados de Pesquisa de Opinio, 2008.

    Palavras-chave: currculo; ensino; pesquisa; reflexo; adequaes.

    1. Introduo: O sistema de educao superior deve contar com um conjunto diversificado de

    instituies que atendam a diferentes demandas e funes. Seu ncleo estratgico h de ser

    composto pelas universidades que exercem as funes que lhes foram atribudas pela

    Constituio: ensino, pesquisa e extenso. Esse nmero estratgico tem como misso contribuir

    para o desenvolvimento do pas e a reduo dos desequilbrios regionais, nos marcos de um

    projeto nacional. Por esse motivo, estas instituies devem ter estreita articulao com as

    instituies de ensino e tecnologia como, alis, est indicado na LDB (art. 86). No mundo

    contemporneo, as rpidas transformaes destinam as universidades o desafio de reunir em

    suas atividades de ensino, pesquisa e extenso, os requisitos de relevncia, incluindo a

    superao das desigualdades sociais e regionais, qualidade e cooperao internacional. As

    universidades constituem, a partir da reflexo e da pesquisa, o principal instrumento de

    transmisso da experincia cultural e cientfica acumulada pela humanidade. Nessas instituies

    apropria-se o patrimnio do saber humano que deve ser aplicado ao conhecimento e

    desenvolvimento do pas e da sociedade brasileira. A universidade , simultaneamente,

    depositria e criadora e conhecimentos. (Fernanda Pessoa, 2005).

    A Constituio Federal preceitua que o dever do Estado com a educao efetiva-se

    mediante a garantia de, entre outros, acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da

    criao artstica, segundo a capacidade de cada um.

    * Trabalho realizado sob a Orientao dos professores Dr. Carlos A. de S. Teles Santos e Ms. Flvia C. M. Santana. [email protected]. Curso de Licenciatura em Matemtica, Universidade Estadual de Feira de Santana.

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    Neste sentido o Plano Nacional de Educao indica como meta o incentivo

    generalizao da prtica da pesquisa como elemento integrante e modernizador dos processos de

    ensino-aprendizagem em toda a educao superior, inclusive com a participao de alunos no

    desenvolvimento da pesquisa.

    Portanto, refletir sobre a relao ensino e pesquisa de fundamental importncia embora

    seja um tema bastante tratado na academia. Neste sentido, Paulo Freire (2004, p. 14) argumenta:

    No h ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino... No meu entender, o que h de pesquisador no professor no uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente de ensinar. Faz parte da natureza da prtica docente a indagao, a busca, a pesquisa. Esses que - fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda no conheo e comunicar ou anunciar a novidade.

    Para contemplar este pensamento, o Colegiado do curso de Licenciatura em Matemtica

    da UEFS, criou em 2003 uma comisso para trabalhar exclusivamente na construo de uma

    reforma curricular deste curso, reforma esta que foi implantada em 2004 e que reviu vrios

    aspectos do currculo, dentre eles a valorizao da pesquisa, promovendo assim, a incluso das

    disciplinas de Orientao Pesquisa I, II, III e IV. Na nova proposta, busca-se a flexibilidade

    curricular e que o curso se desenvolva numa indissociabilidade entre teoria e prtica, e entre o

    ensino, a pesquisa e a extenso. Pretende-se tambm que se estabelea, no licenciando, a

    conscincia de que o espao profissional tambm um espao de estudo e de pesquisa,

    integrado a instituies formadoras, num processo contnuo de formao, e de que o

    conhecimento matemtico pode e deve ser acessvel a todos, contribuindo para uma formao

    cidad em todos os nveis. Sobre isso vejamos alguns registros documentais:

    2. As Propostas da Reforma Curricular: De acordo com a proposta presente no Projeto da Reforma Curricular, devero ser

    observadas, no processo de formao dos professores de Matemtica, questes importantes para

    o desenvolvimento de competncias relativas ao conhecimento de processos de

    investigao/procedimentos de pesquisa e, tambm, na conduo do prprio aperfeioamento

    profissional. Estas questes so essenciais no s em Matemtica como em qualquer outra rea

    de conhecimento, fazendo-se necessrio(a): levantamento de hipteses, delimitao de

    problemas, anlise e comparao de dados, entre outros, e autonomia para interferir no processo

    de ensino e de aprendizagem, perfeitamente contextualizado. Desta forma possibilita-se uma

    prtica pedaggica que atenda s diversas demandas sociais, econmicas, regionais, polticas e

    No fao referncia aos outros aspectos por no serem foco da pesquisa. Para no tornar o texto muito repetitivo, quando quiser me referir ao Projeto da Reforma Curricular, escreverei apenas Projeto.

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    culturais. Onde h uma (re)criao do conhecimento e no sua simples reproduo. Tais

    princpios esto fundamentados pela Resoluo CNE/CP 1, quais sejam:

    A pesquisa com foco no processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que ensinar

    requer, tanto dispor de conhecimentos e mobiliz-los para a ao, como compreender o processo

    de construo do conhecimento (Artigo 3 - III);

    O aprimoramento em prticas investigativas. (Artigo 2 - IV);

    O desenvolvimento de hbitos de colaborao e de trabalho em equipe. (Art. 2 -VII).

    Nesse sentido, o projeto de formao de professor de Matemtica da UEFS tem como

    objetivo favorecer iniciativas prprias dos alunos na organizao e/ou participao de atividades

    diversas, de carter coletivo ou individual, com prevalncia da pesquisa e elaborao prpria.

    Veja os textos retirados do Projeto que descrevem os procedimentos ao longo de toda a sua

    formao:

    No primeiro semestre, ser oferecida a disciplina Laboratrio de Pesquisa e Produo de

    Textos, que tem, dentre tantos, o objetivo de favorecer uma compreenso global do significado

    do texto.

    No segundo semestre, atravs da disciplina Tcnicas de Pesquisa e Produo Cientfica,

    ser oportunizado ao estudante de Matemtica o contato com diversas formas de construo de

    trabalhos acadmicos.

    Para as matrculas do terceiro, quarto, quinto e sexto semestre, sero ofertadas as

    disciplinas Orientao a Pesquisa I, II, III e VI, respectivamente. Os temas destas Orientaes

    podero ser sugeridos pelos alunos quando do desenvolvimento de atividades em sala de aula,

    nos semestres anteriores a que forem solicitados, bem como pelos professores (que podero ser

    de qualquer departamento, contanto que apresentem relao com o curso) a partir de estudos ou

    pesquisas desenvolvidas por ele. O aluno, na matrcula, far a opo pelo tema que deseja

    trabalhar no semestre. Ser nesse perodo que o estudante de Licenciatura em Matemtica ter

    contato, tambm, com temas que tratam da diversidade em que o ambiente educacional est

    inserido.

    A orientao ser feita por um professor que dever ter um nmero mximo de 6

    orientandos, e a destinao de 15 horas semestrais (1 hora semanal ou 2 horas quinzenais) da

    sua carga horria de trabalho, como atividade de sala de aula para discusses em grupo do tema

    proposto. O Orientador dever tambm dispor de carga-horria inclusa no Plano Individual de

    Trabalho para orientao individual. E o Colegiado de Matemtica, ao final de cada semestre,

    dever apresentar em revista eletrnica prpria as produes finais que cada aluno desenvolveu

    a respeito do tema escolhido, sob a orientao do professor.

    No stimo semestre, na disciplina Projeto I, o aluno desenvolver um pr-projeto do

    trabalho de final de curso, com definio do problema a ser estudado, o qual poder, inclusive,

    ser oriundo dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos ao longo dos semestres anteriores, com

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    levantamento de referncias bibliogrficas e eletrnicas. Essa atividade culminar com a

    produo e apresentao pblica do trabalho de final de curso, no 8 semestre, na disciplina

    Projeto II.

    Sobre esta proposta ainda posso acrescentar um dado importante da Resoluo

    CONSEPE n127/2005, que alm de apresentar os procedimentos citados acima mais

    resumidamente, pontuados no formato da lei, informa no Artigo 5, pargrafo primeiro:

    O orientador firmar, atravs de termo de compromisso, responsabilidade de orientar o

    Projeto.

    Conhecendo este contexto, podemos nos ater aos discursos dos alunos. Veja o que dizem

    na Pesquisa de Opinio:

    3. A Pesquisa de Opinio: Perante o fato de ser integrante da primeira turma do currculo em questo, desde o

    primeiro semestre venho acompanhando, juntamente com meus colegas, o andamento da

    implementao da Reforma Curricular. Apesar de no termos participado da construo do

    Projeto, somos conscientes do nosso papel de cobaias e concordamos que a questo em jogo

    a qualidade da nossa formao. Inclusive promovemos manifestaes com paralisao das

    aulas para abrir a discusso sobre as mudanas.

    Hoje, como formanda do curso, escrevo** este artigo fruto das muitas inquietaes

    durante toda a graduao, fruto tambm de um trabalho solicitado na disciplina

    Instrumentalizao para o Ensino de Matemtica (INEM) VII Tratamento da Informao

    ministrada no semestre 2007.1, onde a proposta inicial era de construir uma atividade de

    pesquisa que utilizasse como instrumento de coletas de dados um questionrio.

    Assim, tive a idia de unir o til ao agradvel e de promover uma pesquisa de opinio,

    a qual contou com o auxlio de toda a turma de INEM VII 2007.1 na aplicao de

    questionrios que possua perguntas objetivas e subjetivas, o que enriqueceu muito este

    trabalho, pois ampliou a possibilidade de fazer uma anlise tanto quantitativa quanto qualitativa

    da experincia.

    Os questionrios foram aplicados na UEFS, onde dentro de um universo de 128 alunos

    matriculados em alguma Orientao Pesquisa (O.P.), usando critrios de amostragem,

    escolhemos aleatoriamente 76 estudantes para preench-los. Para melhor controle destas

    aplicaes tivemos em mos uma tabela especificando os professores orientadores para cada

    Orientao (I, II, III e IV) e a quantidade de alunos matriculados. Porm, para preservar a

    identidade dos alunos da amostra, em momento algum citaremos os seus nomes neste trabalho.

    ** Sob orientao da professora Ms Flvia Cristina Macedo Santana. Mais uma das inovaes do currculo, pela primeira vez ministrada pelo professor Carlos Teles. Em especial dos alunos Samuel Almeida e Fernanda Almeida.

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    Vale ressaltar que, para organizar a coleta de dados utilizamos o Excel e, para cruzar as

    informaes, contamos com o Pacote Estatstico SPSSWIN 10.0. Veja algumas tabelas que

    transmitem alguns resultados da pesquisa:

    Tabela 1: Qual nvel de conhecimento voc possui da ementa da disciplina?

    Opes Quant. % Nenhum 4 5,3

    Baixo 25 32,9 Mdio 43 56,6 Alto 4 5,3

    Tabela 2: Voc acredita que o direcionamento que est sendo dado na disciplina de O.P.

    ir colaborar para o Projeto I e II?

    Opes Quant. % Sim 49 65,3 No 4 5,3

    Talvez 22 29,3 Tabela 3: Em relao a O.P. voc se sente:

    Opes Quant. % Bem orientado 24 31,6

    Orientado 36 47,4 Pouco orientado 13 17,1

    Desorientado 3 3,9 Tabela 4: Em qual rea de pesquisa est situado o seu tema da O.P.?

    Opes Quant. % Educao Matemtica 32 42,1

    Matemtica Pura 21 27,7 Matemtica Aplicada 12 15,8

    Histria da Matemtica 4 5,3 Poltica Educacional 2 2,6

    Filosofia da Matemtica 2 2,6 Tecnologia 1 1,3

    tica de personalidades matemticas 1 1,3 Tabela 5: Quanto disponibilidade de vagas da disciplina da O.P. voc considera:

    Opes Quant. % Suficiente 22 29,7

    Insuficiente 52 70,3 Tabela 6: Voc considera a incluso da disciplina em questo:

    Opes Quant. % Positiva 66 88 Negativa 1 1,3 Neutra 8 10,7

    No ato das matrculas em O.P. (poderia marcar mais de uma das opes), voc:

    1) Se matriculou no tema que gostou. 2) Se matriculou no tema que tinha vaga. 3) Se matriculou

    em certo tema por causa do professor. 4) No conseguiu matricular e desemestralizou por esse

    motivo. 5)No conseguiu matricular, mas j estava desemestralizado. 6)Outro: __________ Houveram tpicos do questionrio que foram deixados em branco o que resultou em diferentes quantidades no total pesquisado entre os tpicos.

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    Tabela 7: Com relao opo 1:

    Opes Quant. % Marcou 39 51,3

    No marcou 37 48,7 Tabela 8: Com relao opo 2:

    Opes Quant. % Marcou 32 42,7

    No marcou 43 57,3 Tabela 9: Com relao opo 3:

    Opes Quant. % Marcou 18 23,7

    No marcou 58 76,3 Tabela 10: Com relao opo 4:

    Opes Quant. % Marcou 3 4

    No marcou 72 96 Tabela 11: Com relao opo 5:

    Opes Quant. % Marcou 8 10,7

    No marcou 67 89,3

    Com relao opo 6 destaco os seguintes registros:

    Me matriculei em um tema que no gostei em virtude da pouca oferta no momento.

    Nas duas primeiras me matriculei no tema que tinha vaga, e nas duas ltimas no tema

    que gostei.

    Tabela 12: Cruzando os dados do semestre com a O.P. atuais:

    Atual O.P. Cursando o ___Semestre I I e II II III IV 3 13 (100%) 4 3 (21,4%) 10 (71,4%) 1 (7,2%) 5 2 (7,7%) 22 (84,6%) 2 (7,7%) 6 1 (6,6%) 4 (26,7%) 10 (66,7%) 7 3 (42,9%) 4 (57,1%)

    Tabela 13: Cruzando os dados das Tabelas 5 e 7:

    Vagas Matrcula_Tema Suficiente Insuficiente Marcou 16 (42,1%) 22 (57,9%)

    No marcou 6 (16,7%) 30 (83,3%)

    4. Tratamento dos Dados: Um dos objetivos deste trabalho o de defender a indissociabilidade entre o ensino e a

    pesquisa, para assim tentar incentivar a busca pela melhoria do ensino superior.

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    Reafirmando este ideal, podemos observar na Tabela 6 que 88% dos estudantes acreditam

    ser positiva a incluso das disciplinas em questo. Veja alguns comentrios sobre este aspecto

    da Pesquisa de Opinio:

    Com essa disciplina ns somos orientados e capacitados para realizar pesquisas.

    Porque permite ao graduando ter contato com a pesquisa e avaliar as diferentes reas da

    Matemtica.

    positiva porque pode propiciar um andamento para a monografia, por exemplo,

    tambm existem possibilidades de um trabalho de ps-graduao, tendo em vista que o tema foi

    escolhido pelos prprios estudantes fazendo com que haja mais interesse dos mesmos.

    Partindo do princpio que toda universidade deve produzir conhecimento, trabalhos

    cientficos, esta disciplina faz com que o estudante pesquise de fato e saia da universidade j

    com um projeto encaminhado para um mestrado, por exemplo.

    Atravs das orientaes obtive um grande embasamento terico, devido a didtica

    utilizada pelo meu orientador. Me trazendo segurana a respeito do tema do meu futuro projeto

    e possibilidade para uma pesquisa de ps-graduao.

    Permite ao aluno da graduao, principalmente em se tratando do curso em Licenciatura

    em Matemtica, ter contato com a pesquisa, um dos pilares da universidade.

    Pela necessidade de um "verdadeiro" curso de licenciatura voltado para a pesquisa. Em

    se tratando do novo currculo, a oferta dessa disciplina tornou-se imprescindvel, em virtude de

    disciplinas posteriores, como Projeto I e II que requer uma certa maturidade, e nesse momento

    que as orientaes podero dar suas contribuies.

    Percebemos desta forma que o objetivo da Proposta de valorizar a pesquisa no ensino foi

    alcanado com sucesso. E que so inquestionveis os benefcios que os alunos tm observado

    com esta mudana. Isto fica claro, tambm, nas Tabelas 2 e 3.

    Mas, apesar de 88% da aprovao da incluso das disciplinas de O.P., a Pesquisa de

    Opinio tambm constatou que cerca de 57% do total classifica como mdio seu

    conhecimento da proposta, como voc pode ver na Tabela 1. O que indica a necessidade de uma

    atitude do Colegiado para suprir esta deficincia. Veja comentrios dos alunos:

    Na verdade no sei se a incluso positiva, negativa ou neutra, pois como estou na

    Orientao I, no pude sentir se a matria ir ou no contribuir na minha formao.

    At o momento no consegui descobri realmente a importncia da minha Orientao

    como pr-requisito dos Projetos I e II, pois o conteudo trabalhado na minha orientao j foi

    trabalhado em INEM II.

    Estes exemplos revelam a forma superficial como, s vezes, a disciplina tratada,

    devido, tambm, falta de conhecimento da proposta. Inclusive, com relao a isto, alguns

    alunos revelaram perceber descomprometimento dos orientadores:

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    O orientador, quando leva o trabalho a srio, o aluno j tem uma boa base para concluir

    o projeto I e II. O difcil encontrar profissionais comprometidos com a disciplina e por isso a

    disciplina para a grande maioria se torna negativa.

    Seria positiva, se fosse dado da maneira que prope a ementa.

    Os prprios professores no sabem o que devem orientar os alunos.

    Talvez quando os professores tiverem conhecimento e comprometimento com os

    objetivos dessa disciplina, teremos os resultados esperados.

    Acredito que a proposta da disciplina seja interessante, mas os professores ainda no o

    sabem.

    Falta professores capacitados para este propsito.

    As afirmativas acima tambm refletem o dficit de profissionais. O que acarreta na

    insuficincia de vagas nas disciplinas e grandes prejuzos na formao:

    Me matriculei em um tema que no gostei em virtude da pouca oferta no momento

    Ajudar o aluno a pesquisar importante para o comeo de sua carreira, mas no est

    dando muito certo pelo fato de estar sendo imposto o tema.

    Dados que confirmam estes discursos esto presentes nas Tabelas 5, 7, 8, 9,10,11,12 e 13.

    Sobre estas duas ltimas tabelas, vale ressaltar as observaes:

    Tabela 12: Veja o atraso dos alunos, por exemplo, tem alunos no 7 stimo semestre que,

    pela oferta semestralizada, deveriam j ter cursado a O.P. IV e estar cursando Projeto I, e o fato

    que esto na Orientao III.

    Tabela 13: Observe que cerca de 58% dos alunos que conseguiram matricular no tema

    que gostaram, ainda assim, consideram a quantidade de vagas das disciplinas insuficiente.

    Porm sobre o comentrio de um dos alunos que afirma estar sendo imposto o tema,

    acredito que isto esteja acontecendo no em funo da falta de oferta de temas, pois temos

    temas de variadas reas da Matemtica, como voc pode notar na Tabela 4, mas sim em virtude

    da falta de vagas.

    Alm disso, percebe-se a incoerncia entre a carga-horria e as indicaes do Projeto,

    pois teoricamente, o Orientador dever destinar 15 horas semestrais (1 hora semanal ou 2 horas

    quinzenal) da sua carga horria de trabalho, como atividade de sala de aula para discusses em

    grupo do tema proposto. E dever tambm dispor de carga-horria inclusa no Plano Individual

    de Trabalho para orientao individual. Porm, na prtica, a maioria dos Orientadores no

    atende esta exigncia do Projeto, alguns alegam que a carga horria baixa para atender a

    proposta, outros alegam sobrecarga, etc. Mas o fato que h certa insatisfao por parte dos

    alunos:

    Acredito que no est sendo atingido o propsito de preparar com qualidade para os

    Projetos I e II.

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    5. Concluses: As propostas curriculares mais recentes so ainda bastante desconhecidas por parte

    considervel dos professores e alunos, que por sua vez no tem uma clara viso dos problemas

    que motivaram a Reforma. O que se observa que idias ricas e inovadoras, veiculadas por esta

    proposta, no chegam a eles, ou so incorporadas superficialmente, ou ainda recebem

    interpretaes inadequadas sem provocar mudanas desejadas.

    Portanto so emergenciais as adequaes entre prtica e proposta. Para que possa tornar a

    proposta to boa na prtica quanto na teoria. E se forem necessrias algumas mudanas no

    projeto, que se tenham profissionais para rever isto. E que os alunos tambm busquem conhecer

    o seu curso, cobrar e ter mais COMPROMISSO.

    Desta forma considero a proposta no s vivel, mas necessria. E para que ela seja de

    fato concretizada, importante passar por uma longa fase de reflexes, observaes e

    replanejamento. Promover grandes discusses entre os alunos, o colegiado e principalmente

    entre os professores. Com sugestes para adaptaes de carter micro: visto que as disciplinas

    ainda se encontram em fase experimental, ou macro: considerando que no h sugesto, para se

    explorar a pesquisa na Licenciatura, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de

    matemtica, 2001.

    Diante desta incompatibilidade entre a Proposta e a sua prtica, venho por meio deste,

    fazer a tentativa de incentivar os envolvidos a buscar mais dedicao e profissionalismo nesta

    empreitada, s assim teremos resultados significativos na busca pela melhoria do ensino

    superior e poderemos aproveitar, de forma mais positiva, dados desta experincia para promover

    inovaes deste tipo em outras reas do conhecimento.

    Concluo ento com uma afirmao de um dos alunos questionados:

    Em resumo: a proposta boa, mas falta aprimorar.

    Referncias: [1] BRASIL. Ministrio da Educao e do Desporto. Conselho Nacional de Educao. Parecer CNE/CES 1.302/2001 - As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Matemtica, Bacharelado e Licenciatura. [2] BAHIA. Projeto de Reforma Curricular do Curso de Licenciatura em Matemtica da UEFS, Resoluo CONSEPE n 32/2004. [3] FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia : saberes necessrios a pratica educativa. 23. ed Sao Paulo: Paz e Terra, 2002. 165p ISBN 8521902433 (broch.), [4] PESSOA, FERNANDA. Legislao Educacional 3 em 1 - Constituio - LDB - ECA - 1 Ed. Editora: RCN. 2005. 387p ISBN: 9798589043167.

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