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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE. MARCOS CARVALHO FERREIRA 2º Semestre de 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA TUCURUÍ-PARÁ

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

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Page 1: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM

ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE

SAÚDE.

MARCOS CARVALHO FERREIRA

2º Semestre de 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TUCURUÍ-PARÁ

Page 2: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - UFPA

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUCURUÍ

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCOS CARVALHO FERREIRA

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM

ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE

SAÚDE.

TRABALHO SUBMETIDO AO COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Tucuruí – Pará 2013

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ii

INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM

ÊNFASE EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE

SAÚDE.

Este trabalho foi julgado em 19 de dezembro de 2013, adequado para

obtenção do Grau de Engenheiro Eletricista, e aprovado na sua forma final pela

banca examinadora que atribuiu o conceito Excelente.

_____________________________________________________

Profª. Drª Carminda Célia Moura de Moura Carvalho

Orientadora

_____________________________________________________

Prof. Esp. Paulo Sérgio de Jesus Gama

Membro da Banca

_____________________________________________________

Prof. Ms Fábio Corrêa dos Santos

Membro da Banca

Page 4: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, pelo amor e ensinamentos de vida

compartilhados.

Aos meus amigos que sempre me apoiaram nos momentos difíceis.

Page 5: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

iv

AGRADECIMENTOS

A Deus por permitir mais uma chance de vida após o dia 06/03/12.

A minha mãe, Ana Maria Valente Carvalho, pelo amor incondicional.

Ao meu pai de criação, José Maria Coelho Valente, pelo carinho, dedicação e

apoio nos momentos mais difíceis.

A meus irmãos, Claudomiro Coelho Ferreira Neto, Renato Cesar Carvalho

Ferreira, Adriana Carvalho Ferreira, José Luis Pontes Carvalho pelos momentos

compartilhados.

A meu pai biológico, Waldir Caldas Ferreira (in memoriam), pelos momentos

de descontração.

A minha namorada, Andréa Gonçalves de Brito pelo amor, pelo carinho e

companheirismo.

A Carla Vaneza da Silva Brito, hoje uma grande amiga, por trilhar ao meu lado

cinco anos dos seis que foram necessários para concluir o curso de Engenharia

Elétrica.

A todos os meus amigos que dividiram comigo as dificuldades e conquistas

adquiridas nesse percurso acadêmico.

Page 6: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

v

SUMÁRIO

DEDICATÓRIA .......................................................................................................... III

AGRADECIMENTOS ................................................................................................ IV

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. IX

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XI

LISTA DE SIGLAS ................................................................................................... XII

RESUMO................................................................................................................. XIV

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................... 1

1.1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.2 – OBJETIVOS DO ESTUDO ......................................................................................... 3

1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 3

CAPÍTULO 02 - NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS

DE MISSÃO CRÍTICA. ................................................................................................ 5

2.1 – NORMAS ............................................................................................................... 5

2.1.1 – ABNT NBR5410/2004 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO. ................. 5

2.1.2 – ABNT NBR13534/2008 – REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA INSTALAÇÃO EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE. .............................................................. 6

2.1.3 – ABNT NBR5419/2005 – PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS CONTRA DESCARGAS

ATMOSFÉRICAS. ............................................................................................................ 7

2.1.4 – ABNT NBR IEC 60601-1:1997 – EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS –

PRESCRIÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA. .......................................................................... 8

2.1.5 – MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 2.662 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1995. ............ 8

2.1.6 – RESOLUÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – RDC Nº

50 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002. .................................................................................. 9

2.1.7 NORMAS TÉCNICAS DE DISTRIBUIÇÃO (NTD‟S) – FORNECIMENTO DE ENERGIA

ELÉTRICA EM BAIXA, MÉDIA E ALTA TENSÃO. ................................................................... 9

2.1.8 – NORMA REGULAMENTADORA - NR 32. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM

SERVIÇOS DE SAÚDE. ................................................................................................... 10

2.2 - DEFINIÇÕES BÁSICAS EM EAS .............................................................................. 10

Page 7: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

vi

2.3 – CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA ............................................................................... 12

2.4 – INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA ...................................................... 12

CAPÍTULO 03 - CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE

ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA

DURANTE A FALTA ................................................................................................ 14

3.1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

3.2 - CLASSIFICAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NOS EAS ................................................... 14

3.2.1 – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NORMAL ................................................ 14

3.2.2 - FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE EMERGÊNCIA ..................................... 15

3.3 - COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO NOS EAS ................................................... 15

3.3.1 INSTALAÇÕES EM MÉDIA TENSÃO (MT) ................................................................. 15

3.3.2 - SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO ............................................................ 16

3.3.3 – SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ................................................................... 16

3.3.3.1 – ATUAÇÃO NÃO-AUTOMÁTICA .......................................................................... 16

3.3.3.2 – ATUAÇÃO AUTOMÁTICA .................................................................................. 18

3.3.3.3 - GRUPO GERADOR COM PARTIDA AUTOMÁTICA ................................................. 19

3.3.3.4 - QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA ...................................................... 21

3.3.3.5 – FONTE ININTERRUPTA DE POTÊNCIA (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY - UPS) ...

.................................................................................................................... 22

3.3.3.5.1 – MODOS DE OPERAÇÃO DOS UPS ................................................................ 24

3.3.4 – SISTEMA IT MÉDICO: ........................................................................................ 26

3.3.5 – SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO: ................................................................................ 26

3.3.6 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) ................ 26

3.3.7 – PLANO DE EMERGÊNCIA PARA FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA. .............................. 27

3.3.7.1 – DESCRIÇÃO DO PLANO ................................................................................... 27

3.3.7.2 – AUSÊNCIA PARCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................................... 27

3.3.7.3 – AUSÊNCIA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 28

3.3.7.4 - TREINAMENTO DA POPULAÇÃO HOSPITALAR ..................................................... 28

CAPÍTULO 04 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS

ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS) ......................................................................... 29

4.1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 29

4.2 – ATERRAMENTO ................................................................................................... 30

4.3 – PISO CONDUTIVO ................................................................................................ 30

Page 8: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

vii

4.4 - MEDIDAS PARA PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E EQUIPAMENTOS .............. 31

4.4.1 - PROTEÇÃO DE PESSOAS E ANIMAIS CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ..................... 32

4.4.2 – PROTEÇÃO POR DISPOSITIVOS: FUSÍVEIS, DISJUNTORES E OUTROS. ................... 33

4.5 - A PROTEÇÃO BÁSICA ........................................................................................... 33

4.6 - PROTEÇÃO SUPLETIVA .......................................................................................... 33

3.7 - PROTEÇÃO SUPLEMENTAR AVANÇADA .................................................................... 34

3.8 - EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO NO CORPO HUMANO ............................................ 34

4.8.1 PERIGOS DO CHOQUE ELÉTRICO EM PESSOAS DEVIDO A CORRENTE DE FUGA ........ 35

4.8.1.1 – INTENSIDADE DA CORRENTE ........................................................................... 35

4.8.1.2 – DURAÇÃO DO CHOQUE .................................................................................. 36

4.8.1.3 – FREQUÊNCIA DO SINAL ................................................................................... 37

4.8.1.4 – DENSIDADE DA CORRENTE ............................................................................. 37

4.8.1.5 - CAMINHO PERCORRIDO PELA CORRENTE ......................................................... 38

4.9 - SISTEMA IT MÉDICO ............................................................................................. 42

4.9.1 FUNCIONAMENTO ................................................................................................ 43

4.9.2 - VANTAGENS DO ESQUEMA NÃO ATERRADO (SISTEMA IT): .................................... 45

4.9.3 – COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA IT MÉDICO ............................................... 47

4.9.3.1 – TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO .................................................................. 47

4.9.3.2 – DISPOSITIVO SUPERVISOR DE ISOLAMENTO (DSI)/ SUPERVISOR DE TEMPERATURA

(DST)/ SUPERVISOR DE CORRENTE (DSC) ................................................................... 48

4.9.3.3 - DISPOSITIVO ANUNCIADOR .............................................................................. 49

4.9.3.4 - QUESITOS GERAIS PARA UM SISTEMA IT MÉDICO EFICIENTE ............................. 50

4.10 – CONCLUSÃO ...................................................................................................... 50

CAPÍTULO 05 - VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT)

.................................................................................................................................. 51

5.1- HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO ................................................................................... 51

5.2 - SERVIÇOS PRESTADOS PELO HRT ........................................................................ 53

5.2.1 - CLÍNICAS E LEITOS ........................................................................................... 53

5.3 - REESTRUTURAÇÃO FÍSICA .................................................................................... 54

5.4 - EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL ............................................................ 55

5.41 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO HRT NO ANO DE 2012 .................. 58

5.5 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DO HRT........................................................................ 59

5.5.1 - ATERRAMENTO ................................................................................................. 59

Page 9: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

viii

5.5.2 – SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO ............................................................ 59

5.5.3 - SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ................................................................. 60

5.5.4 – SISTEMA IT MÉDICO ......................................................................................... 65

5.5.5 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA) ................ 66

5.6 – CONCLUSÃO ....................................................................................................... 67

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 70

Page 10: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1- Arranjo de Instalação com Chave de Transferência. Fonte [23] ............. 22

Figura 3.2 - Representação do sistema elétrico conectado a UPS ligado à carga.

Fonte [18] .................................................................................................................. 23

Figura 3.3 - UPS em Operação Normal. Fonte [23]. ................................................. 24

Figura 3.4- UPS Operando Via Bateria. Fonte [23] ................................................... 25

Figura 4.1 - Marcação de distinção de pisos condutivos e não condutivos. Fonte [1].

.................................................................................................................................. 31

Figura 4.2- Gráfico com zonas em função da duração do choque X corrente de fuga

e os efeitos sobre as pessoas. IEC 604779-1 (percurso mão esquerda ao pé). ....... 36

Figura 4.3 - Limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal

(IEC479). ................................................................................................................... 37

Figura 4.4- Caminho percorrido pela corrente em contato direto. Fonte [15] ............ 39

Figura 4.5 - Caminho percorrido pela corrente em contato indireto. Fonte [15] ........ 39

Figura 4.6 - Situação de macrochoque. Fonte [12] ................................................... 40

Figura 4.7 - Diagrama equivalente da impedância do corpo ZT. Fonte [3] ............... 41

Figura 4.8 - Esquema IT Médico. Fonte [3] .............................................................. 44

Figura 4.9 - Transformador Isolador de Separação conforme norma IEC 61558-2- 15,

especifico para uso hospitalar. Fonte [17] ................................................................. 47

Figura 5.1 – Hospital Regional de Tucuruí ................................................................ 51

Figura 5.2 - Registro do HRT Figura 5.3 - Registro do pronto socorro Figura

5.4- Registro de melhorias ........................................................................................ 52

Figura 5.5 - Transformador e QGBT's do HRT .......................................................... 59

Figura 5.6 - Placa de valores nominais do transformador ......................................... 60

Figura 5.7 - Grupo gerador com partida automática .................................................. 61

Figura 5.8 - Placa do gerador do HRT ...................................................................... 61

Figura 5.9 - Bisturi Elétrico Figura 5.10 - Desfibrilador Figura 5.11 - Monitor

cardíaco .................................................................................................................... 62

Figura 5.12 - Equipamento de gases medicinais Figura 5.13 - Monitor de

oxigenação Figura ..................................................................................................... 63

Figura 5.14 - CTA- Chave de Transferência Automática ........................................... 63

Figura 5.15 - Chave de acionamento manual do gerador ......................................... 64

Page 11: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

x

Figura 5.16 - Diagrama real da estrutura elétrica do HRT ......................................... 64

Figura 5.17 - Centro cirúrgico do HRT ...................................................................... 65

Figura 5.18 - Vista frontal do HRT ............................................................................. 66

Figura 5.19 - Unidade de Assistência de alta complexidade em Oncologia do HRT . 66

Page 12: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Competência das pessoas quanto a capacidade física e intelectual.

Fonte ABNT NBR 5410 -Tabela 18. .......................................................................... 17

Tabela 4.1 - Efeito fisiológico da corrente elétrica de 60Hz, aplicada entre as mãos

de homem de 70kg por um período de 1 a 3s. Fonte [12] ......................................... 35

Tabela 4.2- Efeito da densidade de corrente na região aplicada ao corpo humano.

Fonte [10] .................................................................................................................. 38

Tabela 4.3 - Resistência do corpo elétrico. Fonte (Tabela 19 - NBR 5410) .............. 41

Tabela 4.4– Aplicação dos critérios de grupo aos locais médicos. Fonte[1] ............. 42

Tabela 4.5 - Implicações resultantes de falha na alimentação da energia. Fonte [3] 46

Tabela 5.1 - Tabela de Clinicas e Leitos do HRT ...................................................... 54

Tabela 5.2 - Unidades instaladas no HRT ................................................................. 54

Tabela 5.3 - Quadro de servidores por especialidade ............................................... 56

Tabela 5.4 -- Quadro de servidores contratados ....................................................... 57

Tabela 5.5 - Dados estatístico de procedimentos cirúrgicos de 2012 do HRT. ......... 58

Page 13: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

xii

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

BT – Baixa Tensão

CTA – Chave de Transferência Automática

CA – Corrente Alternada

CC – Corrente Contínua

CELPA – Centrais Elétricas do Pará

CNES – Conselho Nacional de Estabelecimentos de Saúde

DDP – Diferença de Potencial

DSC – Dispositivo Supervisor de Corrente

DSI – Dispositivo Supervisor de Isolamento

DST – Dispositivo Supervisor de Temperatura

DR – Disjuntor Residual

DRH – Divisão de Recursos Humanos

EAS – Estabelecimentos Assistenciais de Saúde

GMG‟s – Grupos Motores Geradores

HRT – Hospital Regional de Tucuruí

IEC – International Electrotechnical Commission - Comissão

Eletrotécnica Internacional

MT – Média Tensão

NBR – Normas Brasileiras Regulamentadoras

NTD – Normas Técnicas de Distribuição

PNH – Programa Nacional de Humanização

Page 14: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

xiii

QTA – Quadro de Transferência Automático

QGBT – Quadro Geral de Baixa Tensão

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SPDA – Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas

SUS – Serviço Único de Saúde

SAME – Serviço de Arquivo Médico e Estatístico

SAU – Serviço de Atenção ao Usuário

THD – Taxa de Distorção Harmônica

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

UPS – Uninterruptible Power Supply - Fonte de Alimentação Ininterrupta

UNACON – Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia

RPO - Recuperação Pós Operatório

RPA - Recuperação Pós Anestésica

UTI – Unidade de Tratamento Intensivo

Page 15: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

xiv

RESUMO

Este estudo tem como finalidade esclarecer a importância das instalações

elétricas nos estabelecimentos assistenciais de saúde. Local repleto de equipamentos

essenciais para a supervisão, monitoramento e sustentação da vida. Equipamentos

estes, considerados como cargas críticas que necessitam de energia confiável e de boa

qualidade. Inicialmente são apresentados as normas e os conceitos relacionados às

instalações elétricas e os ambientes médicos. Em seguida é feita a descrição dos

componentes elétricos e também discorre sobre o plano de emergência em situações de

falta de energia. Em seguida são descritas as medidas de proteção de equipamentos e

pacientes e os efeitos da corrente de fuga, bem como a importância do sistema IT

médico e seus componentes. E também apresenta as vantagens de segurança do

sistema IT Médico em relação a outros sistemas de aterramento. Por fim, são

apresentados os resultados coletados durante a visita técnica ao Hospital Regional de

Tucuruí, comparando com as normas regulamentadoras apresentando as

conformidades e desconformidades com as mesmas.

Page 16: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

1

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 – INTRODUÇÃO

Instalações em cargas de missão crítica são consideradas especiais, pois

alimentam cargas críticas que não podem sofrer interrupções. Para o estudo em

questão, essas cargas são equipamentos de suporte, monitoração e/ou substituição

temporária de algumas das funções vitais de pacientes em estabelecimentos de

assistência de saúde.

O foco do estudo concentra-se nas instalações elétricas de Estabelecimentos

Assistenciais de Saúde (EAS) onde os equipamentos médicos utilizados são sujeitos

a demandas altamente críticas. A vida e a saúde dos pacientes estão sujeitas ao

risco de uma pequena corrente elétrica fluir pelo corpo humano ou fluir pelos

equipamentos eletromédicos, implicando avarias, redução da vida útil e até mesmo

falsos diagnósticos. Pode ainda haver um desligamento imprevisto, isto é, um

equipamento de suporte à vida pode ser desligado.

O estudo considera que há pacientes conectados aos equipamentos

eletromédicos e que suas condições físicas podem ser críticas. As correntes

elétricas diretas no coração podem ser extremamente perigosas, visto que a

sensibilidade do músculo do coração é critica diante de correntes elétricas.

A norma ABNT NBR 13534 – Requisitos Específicos para Instalação em

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – estabelece requisitos para uma

segurança elétrica adicional nos ambientes, bem como classifica os ambientes em

grupos (0, 1 e 2). Esta classificação será abordada nos próximos capítulos com mais

detalhes. Estes grupos são classificados com base em um conjunto de regras que

determinam os riscos envolvidos em cada ambiente de um EAS.

Devido a esses riscos, justifica-se em ambientes do Grupo 2 (UTI‟s e Centros

cirúrgicos), a exigência pela norma de um sistema elétrico diferenciado denominado

“Sistema IT-médico”. Este tipo de esquema de aterramento contém quatro pontos

essenciais para respaldar a sua utilização, que são: confiabilidade do fornecimento

Page 17: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

2

de energia, baixa corrente de fuga à terra, aumento da segurança elétrica aos

pacientes e equipe médica e aumento da continuidade operacional.

O trabalho se propõe a considerar alguns aspectos importantes das

aplicações de segurança, referentes à proteção do conjunto como um todo, desde o

seu sistema de proteção contra descargas atmosféricas até aos sistemas de

geração em emergência, quando empregados como parte essencial dos sistemas de

energia para cargas de missão crítica, com a finalidade de oferecer melhor

atendimento às necessidades dos pacientes.

Sabe-se que uma variação ou perturbação na energia elétrica pode ter

consequências irreversíveis para os usuários dos serviços de assistência de saúde.

Atualmente, as principais preocupações são: confiabilidade e disponibilidade,

eficiência operacional e manutenção com custo reduzido. Em casos de emergência

exige-se muita agilidade para recomposição do sistema. Portanto, os sistemas de

missão crítica necessitam de energia segura, confiável e de boa qualidade.

A evolução tecnológica, a cada dia, disponibiliza novos serviços e produtos

voltados para a qualidade de vida, sendo todos dependentes do uso de energia

elétrica, o que também acrescenta problemas que exigem soluções cada vez mais

elaboradas. Os desafios que se apresentam estimulam o desenvolvimento de novas

alternativas, tornando os sistemas mais dependentes de fontes de energia de alta

confiabilidade.

Para complemento do estudo foi realizada uma visita técnica ao Hospital

Regional de Tucuruí (HRT) onde foram observados requisitos no que diz respeito à

segurança da estrutura e sua fonte de geração em emergência com uma análise

construtiva em relação à observância às normas ABNT‟s, NR‟s e IEC‟s relacionadas

às instalações em estabelecimentos de assistência a saúde. Entretanto, devido a

fatores burocráticos, não foi possível realizar um estudo detalhado com

levantamento de carga, de demanda e dimensionamento de parâmetros, que

permitiria uma comparação em relação a questões de capacidade de sustentação

das cargas pelas fontes geradoras de energia e de transformação da unidade.

Page 18: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

3

1.2 – OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo central é a segurança dos pacientes, dos funcionários e das

instalações. Enfatizando a importância de uma unidade adequada às normas de

segurança e de instalações elétricas de uma estrutura complexa como de uma

unidade de assistência de saúde. Outros objetivos são:

Apresentar sugestões para adequação e melhorias que venham contribuir

com a qualidade e a segurança dos serviços prestados pela mesma,

apresentando medidas de proteção para as instalações elétricas e para os

equipamentos essenciais responsáveis pela sustentação da vida.

Apresentar contribuições e possíveis propostas de melhorias ao Hospital

Regional de Tucuruí, localizado na Avenida Amazonidas s/n Centro – Vila

Residencial de Tucuruí-PA [6].

1.3 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Instalações em Cargas

de Missão Crítica com Ênfase em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”, é

constituído por seis capítulos que apresentam a seguinte estrutura:

CAPÍTULO 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS: Apresenta o assunto abordado no

trabalho, seus objetivos, assim como a descrição dos demais capítulos, os quais

estão organizados da seguinte forma:

CAPÍTULO 02 – NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS DE

MISSÃO CRÍTICA: Neste capítulo são apresentadas as normas que padronizam as

instalações de um Estabelecimento de Assistência de Saúde (EAS), as definições e

conceitos de locais médicos e instalações críticas.

Page 19: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

4

CAPÍTULO 03 – CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE

ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA DURANTE A FALTA:

Este capítulo apresenta a classificação quanto ao fornecimento de energia ao EAS,

bem como seus componentes como: proteção contra descargas atmosféricas,

subestação e casa de geração de energia em emergência. E também discorre sobre

o plano de contingência para situações de crise geradas pela falha no fornecimento.

CAPÍTULO 04 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS

DE SAÚDE (EAS): Neste capítulo são enfatizados os componentes de segurança que

garantem a integridade física dos pacientes. Componentes estes relacionados a

proteção das estruturas como: a equipotencialização das massas metálicas, do

aterramento, das medidas de proteção das instalações e dos equipamentos para

prever e solucionar situações de risco de choques elétricos por contato direto e

indireto e a importância do sistema IT Médico.

CAPITULO 05 – VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT):

Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos através da pesquisa de

campo realizada na unidade e comparado com as normas regulamentadoras

abordadas no capitulo 02, para verificar se o estabelecimento está em conformidade

com as mesmas ou não, sugerindo melhorias no que diz respeito a seu sistema

elétrico como um todo.

CAPÍTULO 06 – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este capítulo apresenta a conclusão

geral do trabalho e também algumas contribuições proporcionadas pelo mesmo.

Page 20: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

5

CAPÍTULO 02 - NORMAS, DEFINIÇÕES EM EAS E INSTALAÇÕES EM CARGAS

DE MISSÃO CRÍTICA.

2.1 – NORMAS

Na realização de um projeto de instalação elétrica, o cumprimento às normas

é fundamental para garantir um projeto seguro e de qualidade. A Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em conjunto com as normas Internacionais

e, especificamente para o estado do Pará, as Normas Técnicas de Distribuição

(NTD‟s), sob responsabilidade das Centrais Elétricas do Pará (CELPA),

regulamentam as instalações elétricas em estabelecimentos de uso coletivo e

individual na região.

O estudo em questão está direcionado para estabelecimentos assistenciais

de saúde (EAS). O termo EAS foi padronizado de acordo com a norma brasileira

“ABNT NBR13534 – Requisitos Específicos para Instalação em Estabelecimentos

Assistenciais de Saúde”. Nesse sentido, as principais normas exigidas nesse tipo de

projeto são:

2.1.1 – ABNT NBR5410/2004 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO.

Esta norma determina as condições que devem satisfazer as instalações

elétricas de baixa tensão, com a finalidade de garantir a segurança de pessoas e

animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens.

Aplica-se principalmente às instalações elétricas de edificações, qualquer que

seja seu uso (residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário,

hortigranjeiro etc.), incluindo as pré-fabricadas e também às instalações elétricas

temporárias. As especificações técnicas da norma são aplicáveis [11]:

Aos circuitos elétricos alimentados sob tensão nominal igual ou inferior a

1000V em corrente alternada, com frequências inferiores a 400 Hz ou a

Page 21: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

6

1500V em corrente contínua;

Aos circuitos elétricos, que não os internos aos equipamentos, funcionando

sob uma tensão superior a 1000 V e alimentados através de uma instalação

de tensão igual ou inferior a 1000 V em corrente alternada (por exemplo,

circuitos de lâmpadas a descarga, precipitadores eletrostáticos etc.);

A toda fiação e a toda linha elétrica que não sejam cobertas pelas normas

relativas aos equipamentos de utilização; e

Às linhas elétricas fixas de sinal (com exceção dos circuitos internos dos

equipamentos).

Esta Norma não se aplica a:

Instalações de tração elétrica;

Instalações elétricas de veículos automotores;

Instalações elétricas de embarcações e aeronaves;

Equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, na medida em

que não comprometam a segurança das instalações;

Instalações de iluminação pública;

Redes públicas de distribuição de energia elétrica;

Instalações de proteção contra quedas diretas de raios. No entanto, esta

Norma considera as consequências dos fenômenos atmosféricos sobre as

instalações (por exemplo, seleção dos dispositivos de proteção contra

sobretensões);

Instalações em minas;

Instalações de cercas eletrificadas (ver IEC 60335-2-76).

2.1.2 – ABNT NBR13534/2008 – REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA INSTALAÇÃO EM

ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE.

Esta norma foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03),

baseada na IEC 60364-7-710:2002 e estabelece os padrões técnicos para

Page 22: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

7

estabelecimentos assistenciais de saúde, as quais abrangem clínicas estéticas,

veterinárias, odontológicas, médicas e hospitais de pequeno, médio e grande porte,

tendo como objetivo garantir a segurança contra riscos elétricos de pacientes e

profissionais de saúde em EAS.

É importante salientar que esta norma não se aplica a equipamentos

eletromédicos, pois este tipo de aplicação é padronizado pela série de normas ABNT

NBR IEC 60601.

2.1.3 – ABNT NBR5419/2005 – PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS CONTRA DESCARGAS

ATMOSFÉRICAS.

Esta Norma fixa as condições exigíveis ao projeto quanto à instalação e

manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de

estruturas, bem como de pessoas e instalações no seu aspecto físico dentro do

volume protegido.

Esta Norma aplica-se às estruturas comuns, utilizadas para fins comerciais,

industriais, agrícolas, administrativos ou residenciais, e às estruturas especiais. Por

outro lado não se aplica a:

Sistemas ferroviários;

Sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica externa

às estruturas;

Sistemas de telecomunicação externos às estruturas;

Veículos, aeronaves, navios e plataformas marítimas.

Equipamentos elétricos e eletrônicos contra interferências eletromagnéticas

causadas pelas descargas atmosféricas.

A aplicação desta norma não dispensa a observância dos regulamentos de

órgãos públicos aos quais a instalação deva satisfazer.

Page 23: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

8

2.1.4 – ABNT NBR IEC 60601-1:1997 – EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS –

PRESCRIÇÕES GERAIS DE SEGURANÇA.

Esta norma contempla as prescrições gerais para segurança em

equipamentos eletromédicos, incluindo as suas emendas. Ela é obrigatória aos

equipamentos elétricos sob regime de vigilância sanitária para os quais exista norma

particular na série ABNT NBR IEC 60601 aplicável aos mesmos.

2.1.5 – MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA Nº 2.662 DE 22 DE DEZEMBRO DE 1995.

Considerando a necessidade de garantir a segurança das instalações

elétricas de estabelecimentos assistenciais de saúde, para melhoria da qualidade

dos serviços de assistência à saúde prestada a população e, ainda, a necessidade

de dotar as secretarias Estaduais e Municipais de instrumento para elaboração,

avaliação e execução de projetos de instalações elétricas de EAS, bem como para a

fiscalização do funcionamento das mesmas em conformidade com o disposto na

Portaria GM/MS nº 1884 de 11 de novembro de 1994, o ministério da saúde define,

entre outras medidas, que:

A norma técnica brasileira NBR 13534 é obrigatória em projeto de Instalações

Elétricas para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde – Requisitos para

Segurança.

Os casos de inobservância às prescrições da NBR 13534 constituem-se em

infração a legislação sanitária federal, conforme dispõe o inciso II do Artigo 10

da Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977.

As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, em seu âmbito

administrativo, deverão implantar no prazo referido no artigo 1º da portaria os

procedimentos necessários para aprovação, acompanhamento e fiscalização

dos projetos de instalações elétricas de estabelecimentos assistenciais de

saúde.

Page 24: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

9

2.1.6 – RESOLUÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) – RDC Nº

50 DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002.

Esta resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,

programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos

assistenciais de saúde. O descumprimento das determinações deste regulamento

técnico constitui infração de natureza sanitária, sujeitando o infrator a processo e

penalidades previstas na Lei Federal nº 6437 de 20 de agosto de 1977 e suas

atualizações ou instrumento legal que venha a substituí-la, sem prejuízo das

responsabilidades penal e civil cabíveis.

2.1.7 NORMAS TÉCNICAS DE DISTRIBUIÇÃO (NTD‟S) – FORNECIMENTO DE ENERGIA

ELÉTRICA EM BAIXA, MÉDIA E ALTA TENSÃO.

Esta norma Técnica tem a finalidade de estabelecer regras e recomendações

para a elaboração e/ou execução de projetos de novas instalações ou reforma e

ampliação de instalações já existentes de unidades consumidoras de uso individual

e coletivo, a fim de possibilitar o fornecimento de energia elétrica em tensão primária

e secundária de distribuição em toda a área de concessão da empresa responsável

pelo fornecimento de energia.

Esta norma se aplica às instalações consumidoras novas, ampliações e

reformas não agrupadas, atendidas em Baixa, Média e Alta Tensão, localizadas nas

zonas urbanas ou rurais que pela localização necessitam de medição

individualizada, localizadas na área de concessão da CELPA, respeitando-se a

legislação emanada pelos órgãos competentes.

As ligações em caráter provisório (temporárias) e as ligações em redes

secundárias de distribuição tanto aéreas como subterrânea reger-se-ão pela

presente Norma.

Page 25: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

10

2.1.8 – NORMA REGULAMENTADORA - NR 32. SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM

SERVIÇOS DE SAÚDE.

Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as

diretrizes básicas para inserir medidas de proteção à segurança e à saúde dos

trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades

de promoção e assistência à saúde em geral.

Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer

edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as

ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em

qualquer nível de complexidade.

2.2 - DEFINIÇÕES BÁSICAS EM EAS

A norma ABNT NBR 13534 utiliza alguns termos e definições para identificar

os ambientes assistenciais de saúde e seus componentes, tais como:

Local médico:

- Ambiente destinado à realização de procedimento de diagnóstico,

terapêutico, cirúrgico, monitoração e de assistência à saúde de pacientes.

Paciente:

- Qualquer pessoa ou animal submetido a exame ou tratamento médico ou

odontológico.

Equipamento eletromédico:

- Equipamento destinado para diagnóstico, tratamento ou monitoração do

paciente sob supervisão médica, que estabelece contato físico ou elétrico

e/ou fornece energia para o paciente, ou receba a que dele provém.

Page 26: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

11

Parte Aplicada:

- Parte do equipamento eletromédico que, em uso, entra ou pode a vir entrar

em contato com o paciente ou precisa ser tocada pelo paciente (ABNT NBR

IEC 60601-1).

Grupo 0:

- Local médico não destinado à utilização de parte aplicada de equipamentos

eletromédicos.

Grupo 1:

- Local médico destinado a utilização de partes aplicadas, sendo seu uso

condicionado a partes externas do corpo ou internas não tratadas no grupo 2.

Grupo 2:

- Local médico destinado à utilização de partes aplicadas em procedimentos

cirúrgicos de sustentação da vida de pacientes e outras aplicações em que a

descontinuidade da energia pode resultar em óbito.

Sistema Eletromédico:

- Combinação de dois ou mais equipamentos, sendo um deles no mínimo um

equipamento eletromédico, interligados por conexão funcional ou pelo uso de

tomada múltipla móvel.

Ambiente do Paciente:

- Espaço onde é possível ocorrer, intencionalmente ou não, contato entre o

paciente e parte de um sistema eletromédico.

Esquema IT médico:

- Esquema de aterramento com requisitos específicos para aplicações

médicas

Page 27: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

12

2.3 – CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA

Cargas elétricas de missão crítica são todos aqueles equipamentos cuja

interrupção de funcionamento possa resultar em prejuízos para os usuários e/ou

beneficiários dos serviços aos quais se destinam. Cargas de missão crítica

necessitam de energia segura e de boa qualidade [27].

O trabalho em estudo se propõe a considerar alguns aspectos importantes

das aplicações dos grupos motores geradores de emergência, quando empregados

como parte de sistemas auxiliares de energia para estabelecimentos assistenciais de

saúde, garantindo o máximo de eficiência.

2.4 – INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA

São instalações consideradas essenciais e que apresentam particularidades,

que por razões de segurança de pessoas ou de danos materiais não podem sofrer

interrupções, uma vez que alimentam fontes e equipamentos classificados como

carga crítica.

Logo, a inobservância às normas de segurança em instalações elétricas

resulta em prejuízos causados pelas interrupções do suprimento de energia elétrica,

que podem ser [27]:

Financeiros – perdas de faturamento;

De rendimento – perdas diretas, perda de rendimentos futuros;

De reputação – clientes e/ou fornecedores insatisfeitos;

De produtividade – duração da falha versus número de funcionários.

De vidas humanas – em unidades de assistência a saúde.

Algumas das instalações associadas a estas operações de riscos e que

merecem “tratamento diferenciado” são [3]:

Instalações hospitalares;

Instalações de defesa militares;

Page 28: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

13

Instalações industriais associadas aos processos de fabricação de

semicondutores, indústrias químicas e farmacêuticas, petroquímicas;

Instalações industriais onde uma parada do processo contínuo implica em

perda de produção não recuperável, bem como em danos aos equipamentos

tais como fábricas de vidro, siderurgia, etc;

Instalações associadas à infraestrutura de cidades como sistemas de energia,

telecomunicações e saneamento;

Transporte urbano e trens;

Data centers e instituições financeiras;

Sistemas de Tecnologia de Informação aplicados em todos os processos;

Portanto, diante do exposto e em se tratando de instalações em

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, deve-se sempre seguir o que

regulamentam as normas, pois em caso de uma interrupção inesperada, o qual está

sujeito os sistemas elétricos podem sofrer prejuízos materiais, financeiros e

humanos.

Porém, em instalações consideradas como de missão crítica, ainda não é

possível a utilização de fontes de energia que ofereçam 100% de disponibilidade e,

para a maioria dos sistemas considerados críticos, não bastam 99%. As soluções de

engenharia visam a aumentar o número de "noves", de forma que para cada

aplicação se obtenha índices de disponibilidade o mais próximo possível de 100%,

suficientes para atender aos requisitos da instalação.

Page 29: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

14

CAPÍTULO 03 - CLASSIFICAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELETRICAS EM EAS DE

ACORDO COM O FORNECIMENTO E O RESTABELECIMENTO DA ENERGIA

DURANTE A FALTA

3.1 - INTRODUÇÃO

A energia elétrica é o principal e mais importante insumo em um Hospital. Ela

é responsável em manter em pleno funcionamento todos os sistemas e

equipamentos que suportam os processos, procedimentos clínicos e assistenciais

realizados na unidade. As instalações elétricas de um Hospital são as mais

complexas de se projetar em comparação a qualquer outro tipo de instalação, pois

tudo que se pensa em segurança e tecnologia é aplicável e utilizado nos EAS.

Os estabelecimentos assistenciais de saúde precisam de sistemas elétricos

confiáveis e seguros, que possuam uma elevada disponibilidade operacional e que

estejam prontos para operar em situações emergenciais. Desta forma as instalações

elétricas devem ser cuidadas da mesma forma que é tratada a saúde dos pacientes:

com responsabilidade, eficiência e imparcialidade.

3.2 - CLASSIFICAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA NOS EAS

No ambiente hospitalar a energia elétrica é classificada de acordo com sua

característica de fonte de fornecimento e confiabilidade do seu sistema de suporte.

Apresentando basicamente dois tipos de sistema: fornecimento de energia elétrica

normal e de emergência.

3.2.1 – FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA NORMAL

É a energia entregue pela concessionária local ao consumidor final, para

aplicações como: iluminação, tomadas de uso geral, equipamentos e instalações de

Page 30: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

15

uso específico. As cargas elétricas ligadas neste tipo de energia ficam condicionadas

somente ao fornecimento da Concessionária, isto é, as instalações e equipamentos

por ela alimentados. Portanto, eles estarão sujeitos a interrupções em casos de

falhas, bem como a toda e qualquer perturbação que o sistema elétrico externo ao

hospital possa apresentar, tais como: harmônicas, distorções, ruídos etc [3].

3.2.2 - FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA DE EMERGÊNCIA

É a energia disponível em Stand By no estabelecimento que, diante de uma

interrupção no fornecimento normal, entra em operação e devem ser capazes de

manter o fornecimento de energia para as principais cargas do EAS. Em condições

normais de fornecimento, esta classificação se comporta com os mesmos

parâmetros que a energia normal, isto é, também sofre influência de agentes

externos ao sistema elétrico do hospital. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) determina o uso de sistemas de suprimento de energia em emergência

através de legislações como a RDC-50/02.

3.3 - COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO NOS EAS

Após a classificação da energia elétrica, conforme as fontes de fornecimento

devem ser dimensionados e implantados os seguintes componentes, para um

sistema elétrico seguro e eficiente, em um estabelecimento de assistência de saúde.

3.3.1 INSTALAÇÕES EM MÉDIA TENSÃO (MT)

Os estabelecimentos assistenciais de saúde são classificados como

consumidores especiais, pois são alimentados pelo sistema de distribuição em

média tensão disponibilizados em 13,8 kV, 21 kV e 34,5 kV.

Page 31: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

16

3.3.2 - SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO

A subestação elétrica é o local onde ocorre o rebaixamento da tensão, o

controle e a transferência da energia fornecida pela concessionária para as tensões

de alimentação das cargas criticas e não-criticas do hospital (380 V, 220 V e 127 V).

Na Subestação também são posicionados os principais Quadros Gerais de Baixa

Tensão - QGBT‟s para controle dos circuitos de distribuição da energia nas

categorias e classes de energia (normal e emergencial) [3].

3.3.3 – SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA

Os estabelecimentos hospitalares como classificado anteriormente possuem

os seguintes meios para gerar energia de forma a assegurar a continuidade dos

serviços, sendo:

Geração Normal – Definida como sendo a energia fornecida pela

Concessionária

Geração Stand By – Definida como fonte de reserva para geração em

emergência, em caos de falhas no fornecimento normal.

Na ocorrência de uma falta, a norma ABNT NBR 5410 estabelece que o

sistema de segurança deverá ser capaz de alimentar e manter o fornecimento da

energia através de Grupos Motores Geradores (GMG‟s) com atuação: não-

automática e automática.

3.3.3.1 – ATUAÇÃO NÃO-AUTOMÁTICA

A ABNT NBR 13554 define em situações de emergência, para interrupções

superiores a 15 s, que o restabelecimento do fornecimento por geradores pode ser

Page 32: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

17

realizado manualmente por um operador advertido ou qualificado (BA4 ou BA5).

Esta classificação quanto a qualificação das pessoas é estabelecida de acordo com

sua capacitação técnica ou grau de instrução que lhe permita evitar situações de

risco, conforme Tabela 3.1 definida pela norma ABNT NBR 5410.

Tabela 3.1 – Competência das pessoas quanto a capacidade física e intelectual. Fonte ABNT NBR 5410 -Tabela 18.

Código Classificação Características Aplicações e exemplos

BA1 Comuns Pessoas inadvertidas

BA2 Crianças

Crianças em locais a elas

destinados

Creches, escolas

BA3 Incapacitadas

Pessoas que não dispõem de

completa capacidade física

ou intelectual (idosos,

doentes )

Casas de repouso,

unidades de saúde.

BA4 Advertidas

Pessoas informadas ou

supervisionadas por pessoas

qualificadas, de tal forma que

lhes permite evitar os perigos

da eletricidade (pessoal de

manutenção e/ou operação)

Locais de serviço

elétrico

BA5 Qualificadas

Pessoas com conhecimento

técnico ou experiência tal que

lhes permite evitar os perigos

da eletricidade (engenheiros

e técnicos)

Locais de serviço

elétrico fechados

Page 33: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

18

3.3.3.2 – ATUAÇÃO AUTOMÁTICA

A alimentação restabelecida por GMG‟s com partida automática (quando sua

entrada em operação não depende de um operador) é classificada em função do

tempo de comutação como segue [11]:

Sem interrupção: alimentação automática capaz de assegurar suprimento

contínuo de energia, sendo o suprimento durante o instante de comutação

sob condições especificadas;

Com interrupção muito breve: alimentação automática disponível em até 0,15

s;

Com interrupção breve: alimentação automática disponível em até 0,5 s;

Com interrupção média: alimentação automática disponível em até 15 s;

Com interrupção longa: alimentação automática disponível em mais de 15 s.

Em EAS, por exigir a necessidade de pouco tempo de interrupção na

ocorrência de uma falta da energia, a utilização dos GMG‟s concentra-se em

circuitos essenciais aos serviços da unidade, como [3]:

Equipamentos específicos, com capacidade de suportar um breve intervalo de

interrupção de energia elétrica, sem que, contudo, comprometa suas

características operacionais, quando estas estiverem restabelecidas;

Iluminação de suporte que garanta os serviços de assistência (corredores,

salas, enfermarias, quartos, etc.);

Em todas as cargas críticas ligadas nos No-Break’s;

Instalações especiais em locais pertencentes ao grupo 2.

Para atender as normas vigentes as organizações Hospitalares devem

possuir em seu sistema elétrico, Gerador de energia Stand-By/Emergência movidos

Page 34: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

19

a Diesel, sendo seu fornecimento de energia efetuado em tensão primária de

distribuição, onde a sua carga instalada, na unidade consumidora é superior a 75

kW na área de concessão sob responsabilidade das Centrais Elétricas do Pará (

CELPA ). Valores fora dos limites poderão ser atendidos, em caráter excepcional, a

critério da CELPA, quando as condições técnico-econômicas do seu sistema o exigir

ou permitir [21].

Os seguintes componentes são considerados no conjunto auxiliar de energia:

o grupo gerador com partida automática, o quadro de transferência automática

(QTA) e os no-breaks.

3.3.3.3 - GRUPO GERADOR COM PARTIDA AUTOMÁTICA

Em locais médicos, a instalação elétrica deve estar estruturada de modo a

permitir a comutação automática entre a alimentação normal e a alimentação de

segurança para garantir que os equipamentos apresentem funcionamento normal

após uma interrupção no fornecimento de energia, atendendo aos critérios

especificados por normas [1].

A ABNT NBR 13534 estipula o tempo de atuação em até 15 s, no máximo,

para o grupo gerador atuar e restabelecer a alimentação quando ocorrer uma queda

de tensão superior a 10% do seu valor nominal, por um tempo superior a 3 s. O

conjunto gerador não necessita cumprir quaisquer outros requisitos além de fornecer

energia em situações de emergência por pelo menos 24 horas aos equipamentos e

locais relacionados a seguir:

Equipamentos de utilização dos locais do grupo 1, com mínimo de uma

luminária em cada local sendo sustentada pela alimentação de segurança;

Iluminação dos sinais indicativos das saídas de emergência;

Page 35: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

20

Locais onde se situam os quadros de comando dos grupos geradores e os

quadros de distribuição principais da alimentação normal e da alimentação de

segurança (subestação; por exemplo);

Locais que acomodam serviços essenciais, com no mínimo uma luminária

alimentada pelo sistema de segurança;

Locais do grupo 2. Tendo 50% das luminárias atendida pelo sistema de

segurança;

Elevadores para brigada de incêndio e bombeiros;

Sistemas de exaustão de fumaça;

Sistemas de chamada/busca de pessoas;

Equipamentos eletromédicos usados em locais do grupo 2 e destinados a

cirurgias ou outros procedimentos vitais;

Equipamentos elétricos de suprimento de gases medicinais, bem como seus

dispositivos de monitoração e alarme;

Instalação de detecção, alarme e extinção de incêndio.

Os seguintes elementos devem ser considerados no dimensionamento do

grupo gerador [3]:

Grupos geradores não são adequados para a alimentação de cargas

capacitivas com fator de potência inferior a 0,97;

Qualquer distorção harmônica total (THD) gerada por cargas será traduzida

para harmônicas de tensão que são produzidas pela fonte geradora como

consequência da circulação de correntes distorcidas (In) pela instalação sobre

a reatância subtransiente (x"d) do gerador síncrono. Essas harmônicas de

tensão podem ser aproximadas pela Equação 1 [28]

THDU% =X"d%

100 (2I2%)2 + (3I3%)2 +⋯ . + (nIn%)2 (1)

Page 36: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

21

O conjunto gerador e o transformador MT/BT devem possuir o mesmo

sistema de neutro para evitar qualquer disparo desnecessário do dispositivo

de corrente residual.

3.3.3.4 - QUADRO DE TRANSFERÊNCIA AUTOMÁTICA

O quadro de transferência automática é onde se encontra a Chave de

Transferência Automática (CTA), que efetua a comutação entre a alimentação

normal da rede e a alimentação de emergência.

O quadro de transferência é uma das partes fundamentais de uma instalação

onde se utiliza um grupo gerador como fonte alternativa de energia. Para fazer a

comutação das cargas a serem supridas pela rede ou pelo gerador de emergência

são usadas chaves comutadoras automáticas, constituídas de pares de contatores

ou disjuntores motorizados, com comandos à distância para abertura e fechamento.

Um contator ou disjuntor é responsável por comutar a alimentação normal via rede

da concessionária e o outro, aciona a alimentação via grupo gerador de emergência

[23].

As chaves de transferência devem ser dotadas de intertravamento mecânico,

a fim de não permitir que seja fechado um curto-circuito entre a rede e o grupo

gerador. As chaves a contatores ou disjuntores possuem um intertravamento elétrico

adicional feito através de contatos auxiliares [24].

Na maioria das aplicações, o grupo gerador de emergência é utilizado para

prover suprimento apenas às cargas que são essenciais na instalação. Então,

quando acontece uma falha na alimentação da rede, a chave de transferência retira

a rede do circuito e comuta para o gerador de emergência como fonte de

alimentação.

Page 37: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

22

Figura 3.1- Arranjo de Instalação com Chave de Transferência. Fonte [23]

O arranjo elétrico básico mostrado na Figura 3.1 ilustra a composição do

sistema de alimentação, para as cargas elétricas, pela rede da concessionária,

sendo a alimentação (em situações de emergência) para as cargas essenciais feitas

pela rede local e pelo grupo gerador acionado automaticamente pela CTA.

Um hospital necessita que seu sistema de emergência atue com mais rapidez

do que o sistema de um edifício comercial. Para isso os quadros de transferência

devem possuir sensores (relés) de subtensão e frequência ajustados para variações

de 10% na tensão e de 5% na frequência, para mais ou para menos.

3.3.3.5 – FONTE ININTERRUPTA DE POTÊNCIA (UNINTERRUPTIBLE POWER SUPPLY - UPS)

Sistema de energia condicionada para atender as áreas de altíssima

criticidade em ambientes hospitalares, onde a atenção total ao paciente não está

restrita somente à qualidade dos serviços prestados pelos profissionais da área da

saúde [19].

Esta energia condicionada elimina todas as influências externas. A energia

fornecida pelo “No-Break” é de alta qualidade, isto é, sem variações de tensão,

frequência e outras perturbações provenientes do sistema elétrico convencional [16].

Page 38: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

23

Os no-breaks são equipamentos que devem estar ligados no sistema de

distribuição de energia e, portanto, alimentados por duas fontes, ou seja, pela

Concessionária em condições normais e pelo sistema de Geradores quando da falta

de alimentação externa [22]. Conforme diagrama na Figura 3.2.

Figura 3.2 - Representação do sistema elétrico conectado a UPS ligado à carga. Fonte [18]

A norma ABNT NBR 13534 prevê a utilização dos UPS em áreas que

necessitam de energia elétrica de alta qualidade e confiabilidade, bem como, para

alimentar equipamentos e sistemas de elevada criticidade quanto ao desempenho

de suas funções na falta de energia elétrica, devendo restabelecer a alimentação,

em 0,5 s no máximo, e ser capaz de mantê-la por no mínimo 3 horas. As áreas e

equipamentos onde se devem usar este tipo de equipamento são

fundamentalmente:

Centro Cirúrgico;

UTI‟s;

RPA/RPO (Recuperação pós Anestésica/Operatória);

Salas de Emergência;

Pronto Socorro - Setores de Emergência;

Laboratório – Equipamentos Interfaceados;

Page 39: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

24

Setores que possuem procedimentos invasivos;

Todos os setores que possuem equipamentos de sustentação à vida;

Setores de Diagnóstico por Imagem para os equipamentos de processamento

e comando;

Central de Segurança;

Sistema de Detecção de Incêndio;

Postos de Trabalho de Informática vitais as atividades do hospital (Internação,

Postos de Enfermagem, Farmácias, etc.);

Outros ambientes de aplicações especiais.

Deve ser previsto instalações separadas para as cargas deformantes dos

estabelecimentos assistenciais de saúde, tais como motores, elevadores, Raios-X,

para evitar que estas cargas gerem interferências nos sistemas elétricos que

alimentam as demais cargas elétricas [13].

3.3.3.5.1 – MODOS DE OPERAÇÃO DOS UPS

Operação Normal

Figura 3.3 - UPS em Operação Normal. Fonte [23].

Page 40: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

25

Durante a operação normal da UPS, o retificador converte a tensão de

entrada CA em tensão CC para suprir o inversor de frequência, bem como carregar

o banco de baterias. Após a saída do retificador, a tensão passa por um conversor

elevador CC/CC, e então chega às entradas do carregador de baterias e do inversor

de frequência. O inversor é responsável por converter a tensão CC em tensão CA

regulada [25]. Na Figura 3.3, a cor verde ilustra os elementos que São ativados

nesse modo de operação.

Operação com Falha da Alimentação Principal

Figura 3.4 – UPS Operando Via Bateria. Fonte [23]

Quando ocorre uma interrupção na rede de alimentação principal, o banco de

baterias alimenta o inversor com tensão contínua. Com isso, a carga continua sendo

alimentada pelo circuito do inversor. Durante a descarga das baterias, o mostrador

da UPS informa quanto tempo de autonomia ainda resta ao banco de baterias. E na

iminência de ter sua descarga total, o sistema ativa o sinal de alarme, e se prepara

para fazer o desligamento. O modo de operação está ilustrado no diagrama da

Figura 3.4 [23].

Page 41: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

26

3.3.4 – SISTEMA IT MÉDICO:

Sistema que através da separação elétrica e monitoração contínua da

corrente de fuga à terra e da resistência de aterramento é responsável (em áreas

hospitalares como: Centro Cirúrgico / UTI/ Salas de Emergência, visando a proteção

para os médicos e pacientes) pela continuidade da alimentação elétrica onde a

mesma não pode ser interrompida. Este sistema será abordado com maiores

detalhes na seção 4.9 do próximo capítulo.

3.3.5 – SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

O sistema de iluminação de um EAS deve ser estruturado com base em

estudo e cálculo luminotécnico, considerando aspectos arquitetônicos com

desempenho funcional dos ambientes, proporcionando comodidade visual aos

pacientes, visando o enquadramento às normas técnicas aplicáveis. Devem ser

dimensionado sistema de Iluminação Normal, Emergência, Blocos Autônomos, bem

como Iluminação de Balizamento para rota de fuga [20].

3.3.6 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA)

Sistema com base na ABNT NBR 5419, norma responsável pela proteção

predial contra efeitos decorrentes de fenômenos atmosféricos, exercendo

basicamente duas funções fundamentais; A primeira de neutralizar, pela atração das

pontas, o crescimento do gradiente de potencial elétrico entre o solo e as nuvens,

através do permanente escoamento de cargas elétricas do meio ambiente para a

terra. A segunda de oferecer à descarga elétrica que for cair em suas proximidades

um caminho preferencial, reduzindo os riscos de sua incidência sobre as estruturas.

Page 42: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

27

3.3.7 – PLANO DE EMERGÊNCIA PARA FALTA DE ENERGIA ELÉTRICA.

Em todas as instalações elétricas, a segurança, a confiabilidade e a alta

disponibilidade dos suprimentos elétricos são aspectos indispensáveis para o

sucesso das instalações em estabelecimentos hospitalares.

As instalações devem estar preparadas para operar em situações de

emergência, para isto, o sistema elétrico deve conter planos de contingências de

fontes e distribuição de energia para que sejam realizadas manobras sem

comprometer a continuidade dos processos realizados nos estabelecimentos.

3.3.7.1 – DESCRIÇÃO DO PLANO

Para contornar as situações de crise geradas pela falta de energia elétrica,

onde são consideradas duas possibilidades: a ausência total e a ausência parcial de

energia elétrica. Estas situações vão requerer tomadas de decisões diferenciadas,

como descritas adiante.

3.3.7.2 – AUSÊNCIA PARCIAL DE ENERGIA ELÉTRICA

Neste caso, considera-se que a falta do fornecedor principal é suprida pelo

grupo de geração de energia auxiliar. As seguintes atitudes devem ser tomadas [26]:

Informar automaticamente a todos os setores que consomem energia elétrica

auxiliar que a mesma está operando. Assim, os funcionários dessas unidades

estarão em prontidão para o caso de falha no gerador;

Informar imediatamente ao fornecedor principal a ausência de energia elétrica

e solicitar informações sobre o tempo aproximado para a normalização do

fornecimento;

Os setores supridos pela fonte de energia auxiliar deverão reduzir ao máximo

os seus consumos, ligando somente os circuitos indispensáveis;

Page 43: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

28

O sistema de som e alarme deverá informar a todo o hospital o fato ocorrido e

a previsão de normalização;

3.3.7.3 – AUSÊNCIA TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA

É a situação mais grave, pois existe a falha no fornecimento de energia

auxiliar, tanto pelo gerador como pelo banco de baterias de emergência. Nesse

caso, o plano deverá prever as seguintes medidas [26]:

Comunicação imediata ao serviço de manutenção corretiva;

Após a causa da falha haver sido solucionada, um relatório da anormalidade

deverá ser enviado para a diretoria do hospital;

Nesses casos é necessário ter o apoio de outros serviços de manutenção

especializada, realizados por terceiros;

Caso a falha não possa ser solucionada imediatamente, o hospital deverá

entrar em contato com outras instituições hospitalares, caso serviços de

remoção de pacientes sejam necessários.

3.3.7.4 - TREINAMENTO DA POPULAÇÃO HOSPITALAR

Um bom plano de emergência para falta de energia elétrica só terá êxito

quando todas as partes envolvidas forem adequadamente treinadas para que suas

funções sejam desempenhadas corretamente. Para tanto, o hospital deve criar

meios de treinar cada membro integrante do plano, nas atividades de sua

competência.

Para que seja evitado o pânico, pacientes e visitantes devem ser informados

rotineiramente sobre os procedimentos em caso de ausência total e parcial de

energia elétrica.

Page 44: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

29

CAPÍTULO 04 - INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM ESTABELECIMENTOS

ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS)

4.1 – INTRODUÇÃO

As instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS)

são instalações especiais, pois alimentam circuitos ligados a equipamentos

responsáveis pelo monitoramento e sustentação da vida. Portanto é fundamental

garantir a continuidade no fornecimento da energia a esses equipamentos.

Nessas instalações o cuidado com os pacientes é de suma importância.

Cabe, portanto, ao corpo médico, garantir que os pacientes sejam tratados com

eficácia. Entretanto, uma falta de energia, mesmo breve, pode colocar em risco a

saúde dos pacientes, visto que a energia elétrica está diretamente associada a

situações envolvendo [3]:

Redução ou eliminação da possibilidade de o paciente reagir a possíveis

riscos;

Danos a dispositivos eletromédicos responsáveis pelo suporte ou

substituição temporária de funções do corpo;

Riscos de incêndio e explosão causados por anestésicos ou agentes

desinfetantes ou de limpeza;

Interferências elétricas e magnéticas, como, por exemplo, do sistema de força

(por meio de harmônicas) que podem expor os pacientes a riscos e influenciar

o funcionamento dos dispositivos eletromédicos ou até causar diagnósticos

incorretos;

Procedimentos cirúrgicos que não podem ser interrompidos;

Tratamento intensivo que exige a aplicação simultânea de vários dispositivos

eletromédicos;

As correntes de fuga permissivas podem somar-se a valores críticos;

Page 45: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

30

Registros de longo prazo sobre o paciente podem se perder no caso de falhas

de energia.

A implantação de um EAS inicia-se com um projeto em consonância com as

normas e regulamentos institucionais vigentes. Porém, muitas vezes, este

fundamento é deixado de lado, o que pode levar a um projeto pouco confiável e

perigoso aos pacientes e profissionais.

Em EAS vários aspectos são considerados para assegurar a qualidade e a

segurança, devendo ser projetado desde o sistema de aterramento ao sistema de

geração de emergência.

4.2 – ATERRAMENTO

Todas as instalações elétricas de média e baixa tensão, para funcionar com

desempenho satisfatório e seguro contra riscos de acidentes fatais devem possuir

um sistema de aterramento que leve em consideração a equipotencialidade das

massas metálicas expostas em uma instalação [2]. Todos os sistemas devem

atender às normas ABNT NBR 13534, ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 5419, no que

diz respeito ao sistema de aterramento.

De acordo com a norma ABNT NBR 13534, fica proibida a utilização do

sistema TN-C a jusante do quadro de distribuição principal em EAS. E nenhuma

tubulação destinada à instalação pode ser usada para fins de aterramento. No

entanto, tubulações de gases devem ser interligadas com o sistema de aterramento

para equipotencialização [1].

4.3 – PISO CONDUTIVO

Em Centros Cirúrgicos e UTI‟s, mesmo os menores movimentos produzem

descargas eletrostáticas que normalmente passam despercebidas e para assegurar

à integridade das pessoas e controlar as descargas estáticas, a norma ABNT NBR

Page 46: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

31

13534 estabelece:

A utilização de piso condutivo somente quando houver uso de misturas

anestésicas inflamáveis com oxigênio ou óxido nitroso, bem como quando

houver agentes de desinfecção, incluindo-se aqui a zona de risco.

Na utilização de piso não condutivo no mesmo ambiente de piso condutivo,

exigidos nas salas cirúrgicas, deve-se fazer uma marcação de distinção para

ambos os pisos.

Figura 4.1 - Marcação de distinção de pisos condutivos e não condutivos. Fonte [1].

A marcação com os limites de 1,5 metros ao redor da cama cirúrgica ou leito

da UTI faz a distinção entre o piso condutivo e não condutivo, este ultimo protege o

paciente contra os microchoques provenientes das correntes de fuga. Conforme

ilustra Figura 4.1.

4.4 - MEDIDAS PARA PROTEÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E EQUIPAMENTOS

De acordo com a norma ABNT NBR 5410 vários aspectos devem ser

considerados sobre proteção da instalação e equipamentos. A norma ABNT NBR

13534 trata em particular das questões de equipamentos eletromédicos e

instalações hospitalares, enfatizando a importância da qualificação dos profissionais

responsáveis pela assistência técnica das instalações e equipamentos.

Page 47: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

32

Para fins de proteção das instalações deverá ser utilizado um formulário

descritivo com o registro de todas as ocorrências envolvendo os equipamentos,

desde sua chegada à unidade de saúde, até sua efetiva instalação e início de

funcionamento, ficando de posse do setor técnico competente a operação de

manutenção corretiva e preventiva [29].

4.4.1 - PROTEÇÃO DE PESSOAS E ANIMAIS CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

Para que o sistema de proteção atinja a finalidade a que se propõe, deve

atender pelo menos três requisitos básicos: seletividade, que se refere a capacidade

de selecionar a parte danificada e retirá-la sem danificar o circuito, exatidão e

segurança, que garante ao sistema uma alta confiabilidade operativa, e

sensibilidade, que representa a faixa de operação [2].

A norma ABNT NBR 5410 estabelece que as partes acessíveis condutivas

não devam se tornar partes vivas perigosas:

Sob condições normais;

Sob uma condição de falta à terra.

As regras de acessibilidade aos locais de riscos, que são definidas de acordo

com a classificação apresentada na Tabela 3.1 no capítulo 3 para pessoas comuns

(BA1) diferem de pessoas qualificadas (BA5) e podem também variar para diferentes

ambientes.

Desse modo, a proteção contra choques elétricos compreende dois tipos de

proteção: sob condições normais é feita pela proteção básica, que consiste na

proteção quando as massas ou as partes condutivas acessíveis tornam-se

acidentalmente vivas, a qual seria destinada a preservar a segurança e em caso de

falha da proteção básica, é realizada pela proteção supletiva.

Page 48: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

33

4.4.2 – PROTEÇÃO POR DISPOSITIVOS: FUSÍVEIS, DISJUNTORES E OUTROS.

Basicamente a proteção é feita por três dispositivos: fusíveis, disjuntores e

relés. Toda proteção deve ser projetada e construída para ser eficaz durante a vida

útil da instalação, do sistema ou do equipamento [7].

Durante a instalação deve-se considerar a temperatura do ambiente, as

condições climáticas, a presença de água, os desgastes mecânicos, a qualificação

das pessoas na instalação e a área de contato de pessoas ou de animais com o

potencial terra.

4.5 - A PROTEÇÃO BÁSICA

A norma ABNT NBR 5410 define a proteção básica como constituída de uma

ou mais proteções que, sob condições normais evita contatos com as partes vivas

da instalação. Esta proteção é denominada de proteção contra choques elétricos em

contatos diretos.

A proteção básica é realizada com:

A isolação básica (isolação ou capa protetora de um fio), que deve ser feita

com base em normas que exigem testes mecânicos, químicos, elétricos e

térmicos;

O uso de barreiras ou caixas (quadro elétrico fechado ou um equipamento

com sua caixa externa) sendo necessárias chaves ou ferramenta para

removê-las;

Limitação da tensão;

4.6 - PROTEÇÃO SUPLETIVA

A proteção supletiva é constituída de uma ou mais proteções independentes e

adicionais à proteção básica. São especificadas e efetuadas [11]:

Page 49: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

34

Na instalação;

Através de isolação suplementar;

Na equipotencialização e seccionamento automático da alimentação;

A separação elétrica das partes condutivas;

Nos equipamentos;

Na utilização do condutor PE;

Na proteção seletiva;

Nos disjuntores ou fusíveis;

3.7 - PROTEÇÃO SUPLEMENTAR AVANÇADA

De acordo com o local (ex: sala cirúrgica) a norma ABNT NBR 13554 define

um nível maior de proteção, a proteção supletiva, através de:

Isolação reforçada;

Utilização de transformador de separação de circuitos (ex: sistema IT

médico);

Fonte limitadora de correntes de fuga (ex: impedância para terra).

Proteção por meio de Dispositivo Supervisor de Isolamento (DSI).

3.8 - EFEITOS DO CHOQUE ELÉTRICO NO CORPO HUMANO

A consequência da corrente de fuga são os choques elétricos em operadores

e as paradas de produção no decorrer do tempo em que a fuga cresce e se torna um

curto-circuito.

A corrente de fuga é composta por dois componentes: capacitivo e resistivo.

Estas correntes podem ser microcorrentes, mas no evento de uma interrupção

podem ter seus valores aumentados, assim como o perigo à pessoa e à operação O

condutor PE é por onde flui a corrente de fuga para o equipamento funcionar sem

problemas [1].

Page 50: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

35

Em uma análise comparativa com o sistema aterrado (sistema TN e TT), a

corrente perigosa no sistema não aterrado (sistema IT) é menor, na maioria dos

casos.

4.8.1 PERIGOS DO CHOQUE ELÉTRICO EM PESSOAS DEVIDO A CORRENTE DE FUGA

Os efeitos causados pela passagem da corrente elétrica através do corpo

humano dependem, basicamente, de cinco fatores [12]:

Intensidade da corrente (medida em Amperes);

Duração do choque (em segundos);

Frequência do sinal (em Hertz);

Densidade da corrente (em mili-Amperes/mm2);

Caminho percorrido pela corrente

4.8.1.1 – INTENSIDADE DA CORRENTE

A passagem da corrente elétrica no corpo causará efeito fisiológico de acordo

com a intensidade da corrente, conforme descrito na Tabela 41.

Tabela 4.1 - Efeito fisiológico da corrente elétrica de 60 Hz, aplicada entre as mãos de

homem de 70 kg por um período de 1 a 3 s. Fonte [12]

INTENSIDADE EFEITO

Menor que 1 mA

Imperceptível se aplicada externamente.

Se aplicada ao miocárdio, pode causar fibrilação ventricular.

Entre 1 e 10 mA Limiar de percepção

Entre 10 e 30 mA Perda do controle motor

Entre 30 e 75 mA Paralisia ventilatória

Entre 75 e 250 mA Fibrilação ventricular

Entre 250 mA e 5 A Contração miocárdica sustentada

Maior que 5 A Queimadura dos tecidos

Page 51: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

36

4.8.1.2 – DURAÇÃO DO CHOQUE

A duração do choque elétrico é diretamente proporcional à probabilidade de

fibrilação ventricular do individuo. Os limites são definidos, para corrente alternada,

de acordo com figura 4.2 [9].

Figura 4.2- Gráfico com zonas em função da duração do choque X corrente de fuga e os efeitos sobre

as pessoas. IEC 604779-1 (percurso mão esquerda ao pé).

Na zona AC-1, com limite até 0,5 mA curva a, percepção possível, mas

geralmente não causa reação. Na zona AC-2, de 0,5 mA até curva b, provável

percepção e contrações musculares involuntárias, porém sem causar efeitos

fisiológicos. Na AC-3, a partir da curva b para cima, fortes contrações musculares

involuntárias, dificuldade respiratória e disfunções cardíacas reversíveis. Podem

ocorrer imobilizações e os efeitos aumentam com o crescimento da corrente elétrica,

normalmente os efeitos prejudiciais podem ser revertidos. Na zona AC-4, entre c1 e

c2, a probabilidade de fibrilação ventricular é aumentada até aproximadamente 5%.

Entre c2 e c3, AC-4.2 a probabilidade de fibrilação ventricular é de 50% e além da

c3, AC-4.3 a probabilidade é superior a 50% [30]

Page 52: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

37

4.8.1.3 – FREQUÊNCIA DO SINAL

Para um mesmo nível de intensidade, a resposta de um corpo humano

será diferente para cada faixa de frequência. A figura 4.3 apresenta a curva

característica do limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal

que provoca o choque elétrico.

Figura 4.3 - Limiar de perda do controle motor em função da frequência do sinal (IEC479).

As curvas 1, 25, 50, 75 e 99,5 indicam a probabilidade (%) da

ocorrência de perda de controle motor de uma pessoa de 70 kg. Por exemplo, a

linha central mostra as intensidades da corrente (segundo a frequência) para que

50% dos homens percam o controle de sua musculatura. Note como essa

intensidade varia com a frequência [12].

4.8.1.4 – DENSIDADE DA CORRENTE

Independentemente dos efeitos fisiológicos internos (perda de controle motor,

fibrilação ventricular,...) no local de aplicação da corrente elétrica, o efeito sobre os

Page 53: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

38

tecidos depende da densidade de corrente, a qual relaciona a intensidade da

corrente com a área de contato no corpo humano.

Tabela 4.2- Efeito da densidade de corrente na região aplicada ao corpo humano. Fonte [10]

DENSIDADE DE CORRENTE EFEITO

Abaixo de 20 mA/mm2 Em geral não são observadas alterações na pele

Entre 20 e 50 mA/mm2 Coloração marrom na pele na região de contato. No

caso de períodos superiores a 10s, são observadas

pequenas bolhas na região de aplicação da corrente.

Acima de 50 mA/mm2 Possibilidade de carbonização dos tecidos

Tabela 4.2 apresenta os efeitos provocados no tecido humano pela

intensidade da corrente durante a passagem pelo corpo. Efeitos estes diretamente

relacionados com a densidade de corrente com a região aplicada no corpo.

4.8.1.5 - CAMINHO PERCORRIDO PELA CORRENTE

Os caminhos de circulação entre mão e braço levarão a perda de

controle motor daquele membro, já os caminhos que passam através do coração,

apresentam probabilidade de fibrilação ventricular ou contração miocárdica

sustentada [15].

A pele, dentre outras funções, atua como atenuador de corrente por oferecer

um caminho de alta impedância se comparada com tecidos internos do corpo

humano. Dependendo da região do corpo e do nível de sudorese, a pele intacta

apresenta uma resistência entre 15 kΩ e 1 MΩ. Em contraste a esses valores, se

rompida a camada de pele, a resistência interna do corpo cai para valores da ordem

Page 54: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

39

de 100 Ω (tronco) a 500 Ω (entre dois membros) (IEC 479). Quanto à proteção

oferecida através da pele, pode-se classificar os choques quanto ao tipo de contato

e local de aplicação [10]:

Tipo de contato;

Contato direto com partes energizadas de equipamentos em operação

normal. Isto acontece quando os obstáculos entre a pessoa e a parte

energizada, tal como a distância e a isolação, são ineficientes.

Figura 4.4 – Caminho percorrido pela corrente em contato direto. Fonte [15]

Os caminhos percorridos pela corrente na maioria das incidências passam

pelo coração provocando contrações ventriculares. A figura 4.4 mostra os caminhos

percorridos, somente na ultima situação o caminho não passa pelo coração.

Figura 4.5 - Caminho percorrido pela corrente em contato indireto. Fonte [15]

Contato indireto acontece quando há um toque na armadura de um

equipamento e este apresenta falha de isolamento, tornando o choque

elétrico inevitável e a corrente atravessa o corpo passando pelo coração

Page 55: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

40

como mostra a figura 4.5.

Local de aplicação;

Macrochoque: é o contato elétrico sobre a pele intacta. Devido à

resistência da pele, um caminho de maior impedância é produzido,

reduzindo a intensidade de corrente pelo corpo para uma mesma

diferença de potencial (DDP). Outro fato a ser considerado é a área de

circulação de corrente, que produz uma maior distribuição da mesma, e

implica em uma menor densidade de corrente passando através de órgãos

vitais, como o coração [9]. A figura 4.6 Ilustra do caminho percorrido pela

corrente.

Figura 4.6 - Situação de macrochoque. Fonte [12]

Microchoque: durante procedimentos cirúrgicos ou em casos de acidentes

onde o contato elétrico é feito internamente ao corpo (sem a proteção da

pele), um caminho de baixa impedância oferecido pelos tecidos propiciará

a presença de correntes elevadas, mesmo em tensões baixas, esta

situação é denominada microchoque [3].

No que diz respeito à proteção, devem ser adotadas técnicas que abranjam

tanto instalações, quanto pessoas. As instalações devem ser protegidas contra

correntes elevadas através de dispositivo disjuntor ou fusível e as pessoas contra

choques elétricos causados por correntes fase-terra, através de dispositivos DR [1].

Page 56: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

41

A impedância do corpo expressa por ZT, a geometria da impedância no corpo

e a impedância da pele estão representadas na Figura 4.7. As variáveis que

influenciam no valor da impedância são várias (estado da pele, local, área, pressão e

duração de contato), no entanto, deve-se considerar que essas reações mudam de

pessoa para pessoa, pois além das diferenças antropométricas, existem as

condições biológicas [15].

Figura 4.7 - Diagrama equivalente da impedância do corpo ZT. Fonte [3]

De acordo com a norma NBR 5410, a resistência do corpo humano na

presença de corrente é classificada de acordo com a tabela 4.3.

Tabela 4.3 - Resistência do corpo elétrico. Fonte (Tabela 19 - NBR 5410)

Código Classificação Características Aplicações e Exemplos

BB1 Alta Condições secas Circunstâncias nas quais a pele está

seca (nenhuma umidade)

BB2 Normal Condições úmidas Passagem da corrente elétrica de uma

mão a outra, ou de uma mão a um pé,

com a pele úmida de suor, sendo a

superfície de contato significativa.

BB3 Baixa Condições

Molhadas

Passagem da corrente elétrica entre

as duas mãos e os dois pés, estando a

pessoa com os pés molhados, ao

ponto de se poder desprezar a

resistência da pele e dos pés.

BB4 Muito baixa Condições imersas Pessoas imersas na água

Page 57: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

42

4.9 – SISTEMA IT MÉDICO

O sistema IT médico consiste na aplicação prevista na norma ABNT NBR

13534 e na norma RDC 50 da ANVISA, que visa garantir a manutenção de serviços

em caso de falta nas instalações elétricas dos estabelecimentos assistenciais a

saúde (EAS).

A aplicação desse sistema concentra-se nas salas cirúrgicas e nas UTI‟s,

locais estes que devem ser protegidos pelo esquema IT, que assegura o

funcionamento dos equipamentos e preserva a vida dos pacientes. A classificação

dos locais médicos é feita em “grupos 0, 1 e 2”, de acordo com A norma NBR 13534

que se baseia:

Nos procedimentos nestes realizados;

Nas partes aplicadas dos aparelhos eletromédicos utilizados;

Nos riscos elétricos envolvidos.

NA indicação dos procedimentos pela equipe médica;

Na legislação vigente da área da saúde (ex. RDC 50 da Anvisa);

Na legislação vigente da área da segurança do trabalho (ex. NR 10);

A ABNT NBR 13534 apresenta uma tabela dos locais com as respectivas

denominações de grupo, definindo previamente os requisitos para o projeto.

Tabela 4.4– Aplicação dos critérios de grupo aos locais médicos. Fonte [1].

LOCAL GRUPO

Posto de enfermagem Sala de serviço Sala de exames e curativos Área de recreação

0

Internação geral Salas de hemodiálise Salas de fisioterapia Sala de recuperação pós-anestésica Sala de transfusão Sala de terapia

1

Sala de procedimentos invasivos Sala de emergência Hemodinâmica Sala de indução anestésica Salas de cirurgia em geral

2

Page 58: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

43

Além do disposto na ABNT NBR 5410, a ABNT NBR 13534 acrescenta em

locais do Grupo 1 que os circuitos de tomada (esquema TN) devem ter proteção

adicional por dispositivos DR tipo A ou B com sensibilidade de atuação de, no

máximo, 30 mA.

Os locais médicos do Grupo 2, que são ambientes repletos de equipamentos

ligados à corrente elétrica, como as salas cirúrgicas, UTIs, salas de procedimentos

invasivos como os intracardíacos, de emergência, de hematologia entre outras,

devem atender a norma que obriga o uso de sistemas de proteção, para impedir a

ocorrência de acidentes como queimaduras, fibrilamento e até óbitos [8].

Nos locais do grupo 2, onde este sistema é de uso obrigatório, a instalação

deve ser projetada de forma que não interrompa a alimentação na primeira falta à

terra, apresentando:

Alimentação por no mínimo dois circuitos distintos;

Tomadas de corrente protegidas individualmente.

Os locais do grupo 2 alimentados por outros esquemas de aterramento (TN-S

ou TT) devem apresentar [12]:

Tomadas do esquema IT médico com marcação clara e permanente (ex.

distinção por cor e placa “apenas equipamentos eletromédicos”);

Não intercambialidade garantida para que seja impossível conectar

equipamento à tomada do equipamento IT médico capaz de provocar

desligamento de sua alimentação;

Todos os circuitos de tomadas de corrente em uma mesma tensão.

4.9.1 FUNCIONAMENTO

A utilização de sistema IT Médico aumenta a segurança para o paciente e

para o corpo clínico, pois mesmo uma primeira falha de isolamento, um curto-circuito

à terra ou um contato nas partes condutivas, não influenciam no equipamento

suprido [14]. Além disso, ocorre uma redução nas correntes de fuga circulando pelo

Page 59: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

44

condutor de proteção, o que reduz a tensão de contato e consequentemente a

intensidade de um choque elétrico indireto acidental.

Figura 4.8 - Esquema IT Médico. Fonte [3]

O sistema possui sensor de falta de fase, sensor de sobrecorrente,

Dispositivo Supervisor de Temperatura (DST) e Dispositivo Supervisor de Isolamento

(DSI) este ultimo mede a resistência de isolamento entre os condutores de

alimentação e o de proteção e, quando, o sistema IT é sujeito a uma segunda falha,

e se torna TN e uma perigosa corrente de curto-circuito para terra é originada,

sinalizando sonora e visualmente o decréscimo da resistência [15].

A supervisão de resistência de isolamento só é feita em sistemas IT, não

aterrados. A supervisão da resistência de isolamento é muito semelhante à

supervisão de corrente de fuga, pois a função é a mesma, implantar uma

manutenção preditiva, antecipando a falha que irá ocorrer. Como foi definido

anteriormente, no esquema IT nenhuma parte condutiva é aterrada ou aterrada com

altas impedâncias [7]. Para isso, a fonte geralmente é um transformador de

separação monofásico. A figura 4.8 ilustra a estrutura de um IT médico.

Page 60: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

45

4.9.2 - VANTAGENS DO ESQUEMA NÃO ATERRADO (SISTEMA IT):

O sistema de aterramento IT possui características particulares que o tornam

mais eficiente, quando aplicado em estabelecimentos de assistência a saúde

principalmente em locais do grupo 2, em relação aos outros esquemas de

aterramento. Dentre as vantagens destacam-se:

Supervisão de isolamento: o sistema fica em perfeito estado de segurança

que somente é possível no sistema IT;

O condutor pode ser totalmente curto-circuitado para a terra, sem interferir na

operação do sistema;

A manutenção preditiva é possível com a supervisão da resistência de

isolamento;

Possibilidade de detecção de falha de isolamento em aparelhos off line;

Supervisão de sistemas CC;

Baixo isolamento, sobrecarga e superaquecimento são permanentemente

supervisionados;

Um alarme é acionado quando estas ainda não representam perigo a

pessoas, equipamentos e instalações;

A continuidade dos procedimentos é assegurada;

Em sistemas IT, uma pessoa não recebe choque elétrico ao tocarem um

condutor energizado;

Não há um caminho direto de retorno para uma corrente fluindo por meio de

uma pessoa que está tocando o condutor;

O transformador isola o circuito secundário do circuito primário.

O seccionamento automático pelo uso de dispositivo DR é proibido nos

seguintes circuitos para evitar a desconexão na 1ª falta à massa ou à terra [3]:

No circuito de alimentação de equipamentos eletromédicos;

De sistemas de sustentação da vida;

De sistemas de aplicações cirúrgicas;

Nos circuitos de equipamentos eletromédicos dispostos no ambiente do

Page 61: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

46

paciente, com exceção dos anteriormente mencionados.

Tabela 4.5 - Implicações resultantes de falha na alimentação da energia. Fonte [3]

GRUPO

FALHA NA TENSÃO NOMINAL DE ALIMENTAÇÃO

DESCONEXÃO NA PRIMEIRA FALHA

RESULTADOS

Grupo 0

Pacientes em risco? Não

Exame ou procedimento pode ser repetido ou

interrompido?

Sim

Uso de partes aplicadas de equipamentos

eletromédicos?

Não

Grupo 1

Pacientes em risco? Não

O exame ou tratamento pode ser repetido ou

interrompido

Sim

Uso de partes aplicadas de equipamentos

eletromédicos

Sim

Grupo 2

Pacientes em risco? Sim

O exame ou tratamento pode ser repetido ou

interrompido?

Não

Uso de partes aplicadas de equipamentos

eletromédicos em procedimentos intracardíacos,

cirúrgicos, de sustentação à vida, onde a

descontinuidade elétrica pode colocar a vida em

risco?

Sim

Alguns resultados de análise de riscos, apresentados pelos sistemas de

aterramento, diante de falha na tensão nominal de alimentação ou desconexão na

primeira falha, de acordo com o grupo, são apresentados na tabela 4.5.

Page 62: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

47

4.9.3 – COMPONENTES BÁSICOS DO SISTEMA IT MÉDICO

O sistema é composto por:

Transformador de Separação

Dispositivo Supervisor de Isolamento (DSI)/ Supervisor de Temperatura

(DST)/ Supervisor de Corrente (DSC)

Dispositivo Anunciador

4.9.3.1 – TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO

O transformador de separação é um equipamento especifico para suprimento

de energia em instalações de sistemas médicos. Possui isolação reforçada,

blindagem eletrostática entre os enrolamentos primário e secundário conectados a

um terminal próprio, e características elétricas e mecânicas que garantem a

qualidade e confiabilidade à sua aplicação [17].

Os transformadores de separação do Esquema IT Médico devem estar em

conformidade com o exigido pelas normas IEC 742, IEC 61558-2-15 e NBR 13534.

Eles devem ser instalados o mais próximo possível do local médico, ou no seu

interior, e devem ser dispostos em cubículos ou invólucros, de modo a evitar contato

acidental com partes vivas, ver figura 4.9.

Figura 4.9 - Transformador Isolador de Separação conforme norma IEC 61558-2- 15, especifico para uso hospitalar. Fonte [17]

Page 63: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

48

Algumas das especificações complementares exigidas pela norma ABNT

NBR 13534, para transformadores de separação, em conformidade com a IEC

61558-2-15 com a finalidade de assegurar um funcionamento eficiente, são:

A tensão nominal Un do secundário do transformador deve ser ≤ 250 V CA;

O transformador de separação deve ser provido de monitoração de

sobrecarga e elevação de temperatura;

A corrente de fuga à terra do enrolamento do secundário e a corrente de fuga

do invólucro devem ser medidas com o transformador sem carga e

alimentado sob tensão e frequência nominais. O valor não deve exceder 0,5

mA;

A potência nominal de saída do transformador deve estar entre 0,5 kVA e 10

kVA.

Seja para alimentação de equipamentos fixos ou portáteis, os

transformadores devem ser monofásicos.

Caso haja necessidade de alimentação de cargas trifásicas, deve ser previsto

um transformador dedicado com tensão secundária ≤ 250 V entre fases.

4.9.3.2 – DISPOSITIVO SUPERVISOR DE ISOLAMENTO (DSI)/ SUPERVISOR DE TEMPERATURA

(DST)/ SUPERVISOR DE CORRENTE (DSC)

Os DSIs são de uso obrigatório, conforme a NBR 13534 em salas do grupo 2

em hospitais e clínicas médicas, veterinárias, odontológicas e estéticas. São

projetados para supervisionar a resistência de isolamento em esquemas IT Médico

monofásicos em CA e CC para fornecimento de energia a centros Cirúrgicos e

também a corrente de carga e temperatura do transformador.

O esquema IT médico deve ser equipado com dispositivo supervisor de

isolamento (DSI), o qual deve estar em conformidade com a IEC 61557-8 e as

seguintes especificações:

Impedância interna CA > 100 kΩ;

Tensão de medição ≤ 25 V CC.;

Corrente injetada ≤ 1 mA de valor de crista, mesmo em condição de falta;

Page 64: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

49

Indicação da queda da resistência de isolamento ≤ 50 kΩ. É exigido um

dispositivo de teste para verificar este requisito;

Sinalização em caso de sua desconexão ou ruptura do condutor de proteção

PE;

Alguns DSI‟s também supervisionam sobrecarga e sobretemperatura do

transformador, conforme exigido pela ABNT NBR 13534.

A ABNT NBR 13534 é a norma para as instalações elétricas em

estabelecimentos assistenciais de saúde, que complementam a norma para

instalações elétricas de baixa tensão (no Brasil, a ABNT NBR 5410).

Os equipamentos devem seguir as seguintes normas:

IEC 61557-8 – dispositivo supervisor de isolamento, inclusive o Anexo A da

mesma, que exige medição de fuga à terra em corrente contínua.

IEC 61557-9 – sistemas para localização de falhas de isolamento.

4.9.3.3 - DISPOSITIVO ANUNCIADOR

O sistema IT médico deve ser equipado por um sistema de sinalização sonora

e visual, disposto de forma a permitir supervisão permanente pela equipe médica, e

o mesmo não necessita de alimentação auxiliar. A norma NBR 13534 define a

sinalização de alarmes a distância da seguinte forma:

Led verde para indicar operação normal;

Led amarelo sinalizando falha;

Alarme audível, que dispare quando a resistência de isolamento atingir o

valor mínimo ajustado.

Botão silenciar para desligar o alarme, quando for ultrapassado o nível de

intervenção;

Botão de teste para verificar periodicamente a eficiência do dispositivo como

recomendado pela norma

Page 65: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

50

4.9.3.4 - QUESITOS GERAIS PARA UM SISTEMA IT MÉDICO EFICIENTE

É necessário pelo menos um sistema IT médico por recinto do grupo 2;

Em salas cirúrgicas, a regra é um sistema IT médico para cada sala cirúrgica,

normalmente, uma potência para o transformador de separação de 8 kVA a

10 kVA é suficiente;

Todos os transformadores devem ser monofásicos;

Todos os disjuntores são bipolares em 127 V ou 220 V;

Nas UTIs geralmente é feito um sistema IT médico de quatro a seis leitos

cada, considerando a média de 1,5 kVA por leito;

Atenção ao local de instalação dos transformadores, preferencialmente em

um piso técnico adequado;

Atenção ao local de instalação dos quadros elétricos, preferencialmente perto

da sala cirúrgica e UTI;

Atenção ao local de instalação dos anunciadores, que devem ficar próximos

ao corpo de enfermagem e do local que o sistema IT médico alimenta.

4.10 – CONCLUSÃO

O projeto de um EAS deve ser planejado em conformidade com as normas

brasileiras e complementado pelas normas internacionais que tratam os padrões de

qualidade e segurança de estabelecimentos assistenciais de saúde. É importante

que o projeto siga as recomendações das normas ABNT NBR 5410 e ABNT NBR

13534, a qual está diretamente relacionada à segurança dos pacientes e do corpo

médico.

Um projeto baseado em normas e coerente com a realidade de cada EAS

oferece segurança elétrica aos pacientes e ao corpo médico, assim como proteção

aos equipamentos eletromédicos, reduzindo assim custos onerosos de parada

operacional e queima de equipamentos, proporcionando um aumento da

continuidade operacional do EAS.

Cada vez mais esses ambientes estão sendo direcionados para a excelência

em seus processos e a energia elétrica é um dos pilares para o funcionamento

coordenado e seguro para todos.

Page 66: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

51

CAPÍTULO 05 - VISITA TÉCNICA AO HOSPITAL REGIONAL DE TUCURUÍ (HRT)

Figura 5.1 – Hospital Regional de Tucuruí

5.1- HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

A história do Hospital Regional de Tucuruí (HRT), Figura 5.1, remonta desde

os tempos da construção da Hidrelétrica desta mesma cidade. Por volta da década

de 1970, sob o comando da empresa Camargo Corrêa, foi erguido um posto com o

intuito de fornecer atendimento ambulatorial de baixa complexidade aos operários da

hidrelétrica ainda em construção, tais como: primeiros socorros, consultas médicas

etc.

Com o passar dos anos e o crescimento da demanda, bem como, a procura

constante por atendimentos mais especializados, iniciou-se um longo processo de

ampliação e melhorias. Essas mudanças significativas permitiram atendimentos mais

complexos, adaptando-se às novas exigências que se apresentavam.

Foi somente a partir do ano de 1993, durante o governo do Sr. Jader

Fontenelle Barbalho que essa unidade foi instituída Hospital Regional de Tucuruí,

passando a integrar-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme placa de

registro, figura 5.2. Em 2003, no governo do Sr Simão Jatene, o Hospital Regional

Page 67: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

52

de Tucuruí iniciou atendimento de pronto socorro, como observa-se na placa da

figura 5.3 e em 2008, no governo da Srª Ana Julia de Vasconcelos Carepa, o HRT

passou por melhorias na rede de gases medicinais, na unidade de terapia intensiva

(UTI), na brinquedoteca/videoteca e na enfermaria de ortopedia, figura 5.4.

Figura 5.2 - Registro do HRT Figura 5.3 - Registro do pronto socorro Figura 5.4 - Registro de melhorias

O HRT pertence a 11ª Regional de Proteção Social com sede na cidade de

Tucuruí, sudeste paraense. Desenvolve atualmente atividades de assistência de

média e alta complexidade na atenção hospitalar e ambulatorial, com perfil voltado

ao trauma, sendo o único hospital da região do entorno do lago de Tucuruí com

atendimento de urgência e emergência 24 horas.

O Hospital está passando por um processo de mudanças e ampliações tanto

na sua estrutura física quanto na forma de tratar seus usuários. A serviço do SUS

busca melhorias na oferta de seus serviços com ampliação e qualificação de seus

profissionais, aquisição de novos equipamentos e materiais, acréscimo de alguns

serviços e melhorias na sua estrutura física.

O Hospital atende pacientes vindos dos municípios de Tucuruí, Breu Branco,

Goianésia, Pacajá, Novo Repartimento, Jacundá e Baião que são os municípios

pactuados. Oferece os serviços de especialidades nas áreas de: Clínica Médica,

Cirurgia Geral, Pediatria, Obstetrícia de Alto-risco, Cirurgia Buco-maxilo,

Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Infectologia, Ginecologia, Anestesiologia,

Page 68: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

53

Cardiologia, Cirurgia Reparadora, Proctologia, Endoscopia Digestiva, Neurocirurgia,

Traumatologia/Ortopedia, Radiologia, Ultrassonografia, Psiquiatria e Urologia.

Durante o ano de 2012 houve melhorias e modernização dos equipamentos

das UTI‟s adulto e neonatal. As enfermarias receberam reformas e novos leitos, bem

como a refrigeração total e a revitalização que foram feitas com a preocupação na

ambiência e acolhimento dos pacientes conforme preconiza a Política Nacional de

Humanização (PNH). Com a implantação da UNACON (Unidade de Assistência de

Alta Complexidade em Oncologia), o HRT está sendo reestruturado em seus

serviços, para poder dar o suporte adequado a esta nova unidade com ampliação do

quadro de servidores e qualificação dos existentes, adequação e ampliação da

estrutura física atual são outras demandas.

5.2 - SERVIÇOS PRESTADOS PELO HRT

De acordo com SAME - Serviço de Arquivo Médico e Estatístico, O hospital

possui serviço de Ambulância, Central de Material Esterilizado, Farmácia, Lactário,

Serviço de Nutrição e Dietética, Serviço de Processamento de Roupas, Necrotério,

Serviço de Manutenção de Equipamentos, Núcleo de Epidemiologia, Controle de

Infecção Hospitalar, Ambulatório, Brinquedoteca e Videoteca e SAU (Serviço de

Atenção ao Usuário).

No diagnóstico, a unidade oferece serviço de Radiologia, de Tomografia, de

Ultrassonografia, Eletrocardiografia, de Endoscopia Digestiva Alta e Colonoscopia,

bem como terapia de apoio nas áreas de fisioterapia, serviço social, fonoaudiologia e

psicologia.

5.2.1 - CLÍNICAS E LEITOS

De acordo com o CNES – Conselho Nacional de Estabelecimentos de Saúde,

os leitos que o HRT dispõe atualmente estão distribuídos por clínicas de acordo com

tabela 5.1:

Page 69: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

54

Tabela 5.1 - Tabela de Clinicas e Leitos do HRT

CLÍNICAS Nº DE

LEITOS

Cirúrgica 38

Médica 35

AIDS 02

Biopsicossocial 08

Pediatria 24

Maternidade de Alto-Risco 22

Terapia Intensiva Adulto 07

Semi-Intensiva Pediátrica 03

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 10

Unidade de Cuidados Intermediários 12

Total de leitos 161

Outras unidades instaladas são apresentadas na tabela 5.2

Tabela 5.2 - Unidades instaladas no HRT

INSTALAÇÃO QTDE. LEITOS

Sala de Cirurgia 04 04

Sala de Recuperação 01 03

Sala de Parto Normal 01 03

Sala de Pré-Parto 01 02

5.3 - REESTRUTURAÇÃO FÍSICA

De acordo com o SAME, o HRT passou por diversas reformas,

adaptações e revitalizações em sua estrutura física para oferecer melhores

condições de trabalho aos profissionais e assim, maior assistência aos pacientes,

algumas das melhorias são:

Page 70: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

55

Revitalização das enfermarias das clínicas: Médica, Cirúrgica, Pediátrica e

UTI Neonatal;

Adaptação dos banheiros da clínica médica, para clientes com deficiência

física;

Revitalização dos mobiliários: camas, poltronas, escadinhas, macas,

armários, cadeiras, mesas;

Revitalização do Serviço de Acolhimento do Serviço de Urgência e

Emergência;

Climatização de todas as enfermarias do hospital;

Substituição da câmara frigorífica do setor de nutrição;

Reestruturação do fluxo da entrada e saída de materiais e alimentos (limpos e

contaminados) do setor de nutrição;

Adaptação da sala para realização de eletrocardiograma do Pronto Socorro;

Acordo com a Eletronorte para revisão e manutenção da rede elétrico-

hidráulica hospitalar;

Reforma do Pronto Socorro;

Reforma do SAME;

Construção do novo estacionamento;

Projeto arquitetônico de construção da capela ecumênica e

Reestruturação do setor de tomografia e radiologia.

5.4 - EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DO HOSPITAL

O HRT conta com uma equipe de profissionais para atendimento de

assistência a saúde da população com as qualificações apresentadas na tabela 5.3

e 5.4 como seguem.

Page 71: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

56

Tabela 5.3 - Quadro de servidores efetivos por especialidade. Fonte: DRH/HRT/SESPA

CARGO QUANTIDADE

Ag. Portaria 14

Ag. de saúde 05

Ag. Vig. Sanitária 01

Fonoaudiologia 02

Farm. Bioquímico 03

Psicólogo 03

Cir. Dentista 01

Bucomaxilo 03

Maqueiro 06

Nutricionista 03

Motorista 05

Ag. Art. Práticas 46

Ag. Endemias 01

Fisioterapeuta 02

Téc. Radiologia 03

Médico 60

Enfermeiro 34

Ag. Administrativo 21

Ass. Social 09

Téc. Enfermagem 180

Farmacêutico 02

Aten. Cons. Dentário 01

Total 405

Page 72: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

57

Tabela 5.4 - Quadro de servidores contratados. Fonte: DRH/HRT/SESPA

CARGO QUANTIDADE

Ag. Administrativo 15

Direção 06

Farmacêutico 01

Bioquímico 01

Bucomaxilo 01

Coordenador compras 01

Ag. Artes práticas 24

Enfermeiro 21

Fisioterapeuta 02

Fonoaudiólogo 01

Analista de sistemas 01

Téc. em patologia 06

Maqueiro 04

Ag. de portaria 04

Téc. em radiologia 05

Téc. enfermagem 15

Médico 10

Total 118

Page 73: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

58

5.41 - PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NO HRT NO ANO DE 2012

Os procedimentos cirúrgicos realizados no HRT no ano de 2012 de acordo

com a especialidade médica estão apresentados na tabela 5.5.

Tabela 5.5 - Dados estatístico de procedimentos cirúrgicos de 2012 do HRT. Fonte: Centro

Cirúrgico / HRT

NÚMERO DE CIRURGIAS REALIZADAS NO HRT POR ESPECIALIDADE

JANEIRO A DEZEMBRO/2012

Especialidade Nº de Cirurgias Percentual %

Bucomaxilo 84 3,21

Cirurgia geral 590 22,58

Cirurgia pediátrica 49 1,88

Cirurgia reparadora 104 3,98

Ginecologia/obstétrica 494 18,91

Neurocirurgia 67 2,56

Otorrinolaringologia 11 0,42

Traumato-ortopedia 1157 44,28

Cirurgia vascular 49 1,88

Oftalmologia 0 0,00

Urologia 5 0,19

Odontologia 3 0,11

Total 2.613 100,00

Page 74: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

59

5.5 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DO HRT

Os principais componentes observados das instalações elétricas do Hospital

Regional de Tucuruí durante a visita técnica relacionados a segurança foram:

5.5.1 - ATERRAMENTO

Não foi possível obter informações documentais, a respeito do tipo de

aterramento existente na unidade, que comprovem a conformidade à norma ABNT

NBR 13534.

5.5.2 – SUBESTAÇÃO REBAIXADORA DE TENSÃO

O HRT possui em sua Subestação um transformador tipo plataforma

com potência de 500 kVA que efetua o rebaixamento da tensão de 13.8 kV,

fornecida pela Concessionária, para as tensões de alimentação das cargas do

Hospital em 220 e 127 V, valores obtidos na leitura da placa do transformador como

mostra a Figura 5.6.. Na Subestação também são posicionados os principais

Quadros Gerais de Baixa Tensão - QGBT‟s para distribuição interna na unidade,

como mostra a Figura 5.5.

Figura 5.5 - Transformador e QGBT's do HRT

TRANSFORMADOR REBAIXADOR DE TENSÃO

13,8 kV/220 V

QUADROS GERAIS DE BAIXA TENSÃO 220 / 127 V

QUADRO DE COMANDO

DO GERADOR

Page 75: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

60

Figura 5.6 - Placa de valores nominais do transformador

5.5.3 - SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA

O estabelecimento visitado possui dois meios para gerar energia de forma a

assegurar a continuidade dos serviços: Geração Normal – Fornecimento pela

Concessionária e Geração Stand By – Sistema de Geração em Emergência. Este

último é composto por grupo gerador, quadro de transferência automática e no-

break’s.

Grupo gerador com partida automática

A unidade está equipada com gerador com partida automática. No entanto, há

situações em que é preciso acioná-lo manualmente devido as condições físicas do

gerador, Figura 5.7. O gerador com capacidade de 205 kVA de potência e geração

em tensão de 220 V, com fator de potência de 0,8. Os valores nominais do gerador

Page 76: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

61

da marca HOOS, datado de agosto de 1979, podem ser observados na placa, figura

5.8.

Figura 5.7 - Grupo gerador com partida automática

Figura 5.8 - Placa do gerador do HRT

MOTOR DIESEL

MAQUINA SINCRONA

Page 77: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

62

O Gerador fornece energia em situações de emergência aos equipamentos e

locais relacionados a seguir:

Iluminação dos principais corredores de acesso aos locais do grupo 2 (Centro

Cirúrgico e UTI‟s Adulto e Neonatal) e de saídas de emergência, tendo 50%

das luminárias atendidas pelo sistema de segurança;

Aos locais onde se situam os quadros de comando dos grupos geradores e os

quadros de distribuição principais da alimentação normal e da alimentação de

segurança, Figura 5.5;

Aos locais que acomodam serviços essenciais;

Equipamentos eletromédicos usados em Centros Cirúrgicos e UTI‟s Adulto e

Neonatal destinados a cirurgias ou outros procedimentos vitais, conforme

Figuras 5.9, 5.10 e 5.11;

Equipamentos elétricos de suprimento de gases medicinais, bem como seus

dispositivos de monitoração e alarme; Figuras 5.12, 5.13;

Figura 5.9 - Bisturi Elétrico Figura 5.10 - Desfibrilador Figura 5.11 - Monitor cardíaco

O bisturi elétrico possui uma potência de 1 kVA, tensão de alimentação 220 V.

O desfibrilador opera tanto em tensão de 220 V quanto 127 V. O monitor cardíaco

com potência de 115 VA também opera em 127 V e 220 V.

Page 78: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

63

Figura 5.12 - Equipamento de gases medicinais Figura 5.13 - Monitor de oxigenação Figura

Quadro de Transferência Automática

Figura 5.14 - CTA- Chave de Transferência Automática

O quadro de transferência automática é onde se encontra a Chave de

Transferência Automática (CTA), que efetua a comutação entre a alimentação

normal da rede e a alimentação de emergência, figura 5.14. Na falha da comutação

pela chave o responsável pela manutenção efetua manualmente a transferência da

Page 79: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

64

geração de energia do sistema normal para sistema de segurança (gerador). Figura

5.15. apresenta a chave de acionamento manual do gerador.

Figura 5.15 - Chave de acionamento manual do gerador

Fonte Ininterrupta de Potência – UPS

Com relação às fontes ininterruptas (no-break) foi observado que estas estão

conectadas às cargas não essenciais, como computadores de registros de dados e

impressoras , quando deveriam alimentar os aparelhos essenciais que monitoram e

sustentam a vida dos pacientes, diante disso, a unidade possui uma configuração

inadequada como ilustra a figura 5.16.

Figura 5.16 - Diagrama real da estrutura elétrica do HRT

Page 80: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

65

5.5.4 – SISTEMA IT MÉDICO

O Hospital Regional de Tucuruí não está equipado com o sistema IT Médico,

o qual seria responsável pela separação elétrica e monitoração contínua da corrente

de fuga e da resistência de aterramento nos setores como: Centro Cirúrgico / UTI

Neonatal e Adulto/ Salas de Emergência. Locais onde a continuidade da

alimentação elétrica não pode ser interrompida, uma vez que há vidas dependendo

de equipamentos de suporte e/ou substituição de algumas das funções.vitais dos

pacientes internados na unidade.

Figura 5.17 - Centro cirúrgico do HRT

O HRT não está em conformidade a norma NBR 13534 com relação a

utilização de piso condutivo para centro cirúrgico como observado na Figura 5.17,

onde sua aplicação é obrigatória por norma, pois um paciente debilitado possui sua

resistência elétrica reduzida e a passagem de uma microcorrente pelo corpo do

paciente pode ocasionar uma parada cardíaca.

Page 81: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

66

5.5.5 – SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS (SPDA)

Figura 5.18 - Vista frontal do HRT

O Hospital Regional de Tucuruí não possui sistema de proteção contra

descargas atmosféricas, como pode ser observado na Figura 5.18. A ABNT NBR

5419, norma responsável pela proteção predial contra efeitos de correntes de

fenômenos atmosféricos, exige este tipo de proteção.

Figura 5.19 - Unidade de Assistência de alta complexidade em Oncologia do HRT

Brevemente será inaugurada a unidade de assistência de alta complexidade

em Oncologia para aliviar a demanda do hospital Ophir Loyola, localizado em Belém,

no tratamento de câncer, esta unidade está em conformidade com a norma e possui

sistema de geração de energia independente e também proteção contra descargas

atmosféricas, como se pode observar na Figura 5.19.

Page 82: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

67

5.6 – CONCLUSÃO

Na visita técnica ao Hospital Regional de Tucuruí foi possível observar as

condições reais de uma estrutura hospitalar e contextualizá-las com as teorias

adquiridas no curso de graduação em Engenharia Elétrica, estabelecendo padrões

de conformidade, bem como, verificando a importância da observância às normas e

regulamentos que garantem a segurança aos pacientes atendidos por um

estabelecimento de assistência à saúde e aos profissionais que atuam na unidade.

Ainda há vários pontos a serem considerados e adequados à norma ABNT

NBR 13534 que estabelece padrões de segurança e requisitos específicos para

instalação elétrica em estabelecimentos assistenciais de saúde, tais como:

Substituição da fonte de geração em emergência (Gerador),

considerando que a fonte atual possui 34 anos, os quais não recebeu

manutenção periódica;

Instalação de fontes ininterruptas de potência nas cargas essenciais;

Realizar melhorias tanto na área humana (contratação e qualificação

de pessoal) para realizar manutenção técnica nas instalações da

unidade;

Instalações de proteção contra descargas atmosféricas;

Implantação do sistema IT Médico nos locais do grupo 2;

Instalação e marcação de pisos condutivos e não condutivos nas salas

que compõem o centro cirúrgico para proteção contra microchoques

elétricos;

Substituição do Quadro de Transferência Automática, para garantir o

funcionamento do sistema de geração em emergência em situações de

falhas no fornecimento, etc.

Page 83: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

68

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo apresentou a importância de uma estrutura adequada e preparada

para funcionar em condições de emergência, abordando aspectos quanto: a

qualidade e confiabilidade no fornecimento de energia, a capacidade de

transformação da tensão para distribuição interna e a capacidade de sustentação

das cargas essenciais por fontes independentes de geração de energia como no-

breaks e grupo motor gerador.

Também foi ressaltado o quanto o sistema IT Médico é essencial para garantir

a sustentação das cargas críticas, e consequentemente, das vidas que dependem

diretamente dessas cargas. E, também, apresentando medidas de proteções contra

riscos elétricos por contato direto ou indireto dos pacientes nas massas metálicas

expostas nos locais do grupo 2.

O dimensionamento da carga instalada em uma unidade mostra-se crucial

para definir as características técnicas ideais de um gerador capaz de suprir as

necessidades de um estabelecimento de assistência após uma falha no

fornecimento, assim como para munir os equipamentos essenciais com fontes

ininterruptas de energia para suprir a alimentação até o restabelecimento pela fonte

de emergência e posteriormente pela fonte normal.

Na visita técnica ao Hospital Regional Tucuruí (HRT), no que se refere as

condições das instalações da unidade, visando a eficiência e a segurança, verifica-

se a necessidade de alguns componentes serem submetidas a reparos técnicos e

também a necessidade de manutenção, na subestação e no gerador, a ser

executada por profissional qualificado, pois alguns procedimentos são feitos de

maneira incorreta, como o acionamento manual da unidade de geração em

situações em que há falha no acionamento automático para o gerador entrar em

operação, os reparos improvisados nas instalações internas, etc..

O trabalho permitiu uma percepção real em questões de segurança, o

quanto a observância às normas que estabelecem padrões de conformidades para

Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são importantes e em se tratando

Page 84: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

69

de vidas, justifica-se sua obrigatoriedade nos projetos de instalações elétricas em

EAS.

Como proposta para trabalhos futuros pode-se sugerir:

Estudo detalhado a respeito das instalações elétricas incluindo

levantamento de carga instalada para o dimensionamento correto da

casa de força de um EAS;

Extensão do estudo para prédios comerciais e públicos do município

de Tucuruí e clinicas de pequeno porte;

Page 85: INSTALAÇÕES EM CARGAS DE MISSÃO CRÍTICA COM …

70

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Norma ABNT NBR13534:2008. Instalações Elétricas de Baixa Tensão – Requisitos Específicos para Instalação em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, 2008.

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[10] GEWER, Pedro M. “Riscos de choques elétricos presentes no ambiente médico hospitalar: Avaliação e prevenção” Faculdade de Engenharia Elétrica de Campinas, Unicamp, 1993.

[11] ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – Norma ABNT NBR 5410:2004 – Instalações Elétricas em Baixa Tensão. 2004.

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[19] Sistema IT Médico – Produtos Médicos. Disponível em: http://catalogohospitalar.com.br/construcao-hospitalar/eletrica.html. Acesso em 20 de Set 2013.

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[26] Segurança no Ambiente Hospitalar. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicaçoes/seguranca_hosp.pdf. Acesso em: 27 Out. 2013.

[27] Missões Críticas. – Suprimento de Energia para Cargas Críticas Disponivel em: http://www.selinc.com.br/missoes_criticas.aspx. Acesso em 18 out 2013.

[28] MENEZES, F.F.S. Qualidade de Energia – Comparação das Normas IEC 61000-3-2 e IEEE 519. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

[29] NR – Norma Regulamentadora. NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. 2005

[30] GUIA DO ELETRICISTA. A ajuda teórica e prática para o Instalador Eletricista. Siemens. Disponível em: www.siemens.com.br. Acesso em: 28 Nov 2013.