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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
Escola Superior Agrária
Mestrado em Direito Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
Mandioca, Uma Cultura para o Desenvolvimento.
Análise e Tendências no
Mercado Global
João Gomes; Patrícia de Sousa
Coimbra, Junho de 2011
ii
Índice
1 A Mandioca .............................................................................................................. 1
1.1 Classificação botânica ........................................................................................ 1
1.2 Condições edafoclimáticas................................................................................. 1
2 Utilização da mandioca ........................................................................................... 2
2.1 Uso alimentar ..................................................................................................... 2
2.2 Uso para rações .................................................................................................. 2
2.3 Uso em diversas indústrias ................................................................................ 3
3 Mercado mundial .................................................................................................... 3
3.1 Produção ............................................................................................................ 3
3.1.1 Top de produção mundial ........................................................................... 3
4 Mercado da mandioca ............................................................................................. 4
4.1 Área de mandioca colhida em 2009 ................................................................... 4
4.2 Rendimento da produção de mandioca .............................................................. 5
4.3 Top de produtores de mandioca ......................................................................... 5
4.4 Importações /exportações .................................................................................. 6
4.4.1 Importação de mandioca desidratada ......................................................... 6
4.4.2 Importação de amido de mandioca ............................................................. 7
4.4.3 Exportação de mandioca desidratada ......................................................... 7
4.4.4 Exportação de amido de mandioca ............................................................. 8
5 Tendências e evolução de Mercado........................................................................ 8
5.1 Enquadramento a uma análise estratégica ao desenvolvimento da Mandioca .. 8
5.2 Produto Mandioca, do presente para o futuro .................................................. 12
5.2.1 Produto: O Tubérculo e as Folhas ............................................................ 13
5.2.2 Produto: Mandioca seca............................................................................ 15
5.2.3 Produto: O amido ..................................................................................... 18
5.3 Analise SWOT ................................................................................................. 19
5.3.1 Critérios de quantificação e conjugação de parâmetros ........................... 21
5.3.2 Análise e quantificação de quadrantes ..................................................... 22
5.3.3 Análise e interpretação da matriz SWOT ................................................. 23
5.3.4 Análise do Posicionamento Estratégico ................................................... 24
5.3.5 Análise do posicionamento estratégico global: ........................................ 25
iii
6 A Mandioca: o Mercado e o Desenvolvimento – Considerações Finais ........... 26
7 Referências bibliográficas..................................................................................... 31
Ilustração 1 - Percentagem em peso correspondente de folhas, caule e raiz da mandioca 1
Ilustração 2 - Secagem da Mandioca, Comunidade Rural, Malange, Angola ................ 15
Ilustração 3 - Escala de posicionamento......................................................................... 25
Gráfico 1 - Top de produção mundial (2008) ................................................................... 3
Gráfico 2 - Área de mandioca colhida -ha (2009). ........................................................... 4
Gráfico 3 - Rendimento da produção de mandioca (2008). ............................................. 5
Gráfico 4 - Top de produtores de mandioca (2008) ......................................................... 5
Gráfico 5 - Importação de mandioca desidratada (2008). ................................................ 6
Gráfico 6 – Importação de amido de mandioca (2008) .................................................... 7
Tabela 1 - Exportação de mandioca desidratada (2008) ................................................... 7
Tabela 2 – Exportação de amido de mandioca (2008) ..................................................... 8
Tabela 3- Análise das forças da matriz SWOT .............................................................. 20
Tabela 4 -Análise das fraquezas da matriz SWOT ......................................................... 20
Tabela 5 -Análise das oportunidades da matriz SWOT ................................................. 20
Tabela 6 - Análise das ameaças da matriz SWOT.......................................................... 21
Tabela 7 - ::::::::::::::::: .................................................................................................... 21
Tabela 8- Interacção entre os parâmetros considerados. ................................................ 22
Tabela 9 - Análise e quantificação de quadrantes. ......................................................... 23
Tabela 10 - Quantificação de factores ............................................................................ 24
Tabela 11 - Quantificação relativa de quadrantes .......................................................... 24
Tabela 12 - Quantificação da capacidade ofensiva ........................................................ 25
iv
“Em tempos idos apareceu gravida a filha d’um chefe selvagem, que residia nas
imediações do lugar em que está hoje a cidade de Santarém. O chefe quis punir no
autor da deshonra de sua filha, a offensa que soffrêra seu orgulho e, para saber quem
ele era, empregou debaldes rogos, ameaças e por fim castigos severos. Tanto diante
dos rogos como diante dos castigos a moça permaneceu inflexivel, dizendo que nunca
tinha tido relação com homem algum. O chefe tinha deliberado matal-a, quando lhe
apareceu em sonho um homem branco, que lhe disse que não matasse a moça, por que
ella eflectivamente era inocente, e não tinha tido relação com homem. Passados os
nove mezes ella deu á luz uma menina lindissima, e branca, causando este ultimo facto
a sorpreza, não só da tribu, como das nações vizinhas, que vieram visitar a creança,
para ver aquella nova e desconhecida raça. A creança, que teve o none de Mani, e que
andava e falava precocemente, morreu ao cabo de um anno, sem ter adoecido, e sem
dar mostras de dôr.
Foi ella enterrada dentro da propria casa, descobrindo-se-a, e regando-se
diariamente a sepultura, segundo o costume do povo. Ao cabo de algum tempo brotou
da cova uma planta que, por ser inteiramente desconhecida, deixaram de arrancar.
Cresceu, floresceu, e deu fructos. Os passaros que comeram os fructos se embriagaram,
e este fenómeno, desconhecido dos indios, augmentou-lhes a superstição pela planta. A
terra afinal fendeu-se; cavaram-n’a e julgaram reconhecer no fructo que encontraram
o corpo de Mani. Comeram-n’o, e assim aprenderam a usar da mandioca.
O fructo recebeu o nome de Mani oco, que quer dizer: casa ou transformação de
Mani.”
Lenda Tupi1
Em O Selvagem de Couto de Magalhães
1 Povo indígena que habitava o litoral brasileiro.
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
1
1 A Mandioca A mandioca é uma planta originária da América do Sul. Os nativos já faziam o
seu cultivo desde a antiguidade. Cultivada em climas tropicais e subtropicais, o seu
cultivo está difundido por toda a região tropical e subtropical. Mandioca é uma raiz
comestível, mais vulgarmente conhecida do género Manihot (EMBRAPA).
As variedades mais conhecidas do género Manihot são Manihot esculenta -
mandioca e Manihot utilissima - macaxeira. A sua principal diferença é a presença, ou
não do ácido cianídrico. O ácido contido na variedade Manihot esculenta tem carácter
venenoso. Para que a raiz desta variedade seja comestível, utiliza-se a acção do calor,
quer seja pela cozedura, quer pelo Sol, para desactivar o ácido (EMBRAPA).
A variedade de utilizações da mandioca conferem-lhe uma versatilidade enorme,
o seu uso vai desde a alimentação humana até aos biocombustíveis (MARQUES).
1.1 Classificação botânica Ordem: Malpighiales
Família Euphorbiaceae
Género Manihot
Espécie M. esculenta (EMBRAPA):
1.2 Condições edafoclimáticas Qual o tipo de solo ideal – Uma vez que o principal produto para comércio é a raiz,
o tipo de solo mais indicado para o seu cultivo varia, indo de uma textura de franco-
argilosa a argilo-arenosa isto porque em primeiro lugar permite o desenvolvimento da
raiz, segundo porque confere uma boa drenagem das águas e por último facilita a
colheita. No entanto existem variedades adaptadas a solos argilosos, uma vez que em
algumas regiões esta planta é cultivada com sucesso em regiões com teores de argila
que ultrapassam os 90% (EMBRAPA):
10% Folhas
40% Caule
50% Raiz
Fonte: USET, 2008
Ilustração 1 - Percentagem em peso correspondente de folhas,
caule e raiz da mandioca
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
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Qual o tipo de clima ideal
Temperatura: A faixa de temperatura ideal está entre 24 a 25ºC, no entanto a
planta desenvolvesse satisfatoriamente numa faixa de temperaturas que vai
de 20ºC a 27ºC.
Precipitação: Os valores ideais de precipitação variam de 1.000mm a
1.500mm anuais, com uma distribuição durante os 6-8 meses do ciclo
vegetativo. A precipitação é um factor determinante por se tratar de uma
cultura quase exclusivamente sem rega.
Altitude: Altitudes elevadas estão associadas a baixas temperatura nocturnas
durante quase todo o ano, e nos meses mais frios durante o dia também. Tal
factor é desfavorável à normal acumulação de amido na raiz (EMBRAPA):
2 Utilização da mandioca Sendo uma cultura bastante produtiva e muito versátil, o seu uso é muitas vezes
uma surpresa, pois vão desde métodos rudimentares até a indústrias com tecnologia de
ponta (EMBRAPA).
2.1 Uso alimentar Pode ser consumida como alimento para o ser humano, transformada em farinha,
fécula e amido, estas são as formas tradicionais de fazer uso da mandioca. No entanto
produtos inovadores estão surgindo no mercado, temos por exemplo o aproveitamento
das raízes de mandioca para elaboração:
De alimentos funcionais, como os xaropes e cápsulas com propriedades
funcionais na nutrição humana;
Aproveitamento de mandioca açucarada:
Concentrados de glicose natural, usado como adoçante;
Amido (glicogénio vegetal) solúvel em água fria;
Bebidas fermentadas da mandioca.
Indústria da cerveja, farinha de mandioca é rica em carbohidratos,
substituindo os adjuntos do malte e do arroz
Todos estes produtos são de extrema importância económica, pois trazem vantagens
comercias e económicas, uma vez que são derivados dos recursos disponíveis e não
carecem de um elevado investimento em infra-estruturas (DINIZ,2004) (QUANTA,
1993).
2.2 Uso para rações A mandioca é também utilizada na alimentação animal, quer na forma in natura,
pelo uso dos seus subprodutos (restos culturais, folhas e caule) quer pela forma
processada - pallets (MARQUES).
A parte aérea da mandioca (folhas e caule) contém um alto valor nutritivo, no
entanto as folhas contêm mais do dobro das proteínas em relação aos talos, e são bem
aceites pelos animais. Já as raízes têm um baixo valor proteico, assim como a presença
de aminoácidos essenciais, sendo necessário incluir ingredientes com teores destes
aminoácidos quando os animais são alimentados com grandes quantidades de mandioca
(USET, 2008).
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
3
2.3 Uso em diversas indústrias O uso da mandioca não é exclusivo do sector alimentar e pecuário. Muitas outras
indústrias fazem uso dessa raiz. Um desses exemplos vêm da utilização do amido para
diversos fins, que passam pela indústria farmacêutica (revestimento de comprimidos,
excipientes), na indústria do papel, na indústria química (obtenção de dextrina e
dextrose e colas) e até na indústria têxtil (fixação do tingimento) (USET, 2008).
Outro exemplo da sua utilização é relativo ao uso da farinha de mesa (farinha de
mandioca) na indústria mineira (limpeza de ferro e alumínio), na indústria petrolífera
(misturada com lama e usado como abrasivo na perfuração de poços). É também
possível a produção de álcool de mandioca (QUANTA, 1993).
3 Mercado mundial Os dados que de seguida são apresentados têm como fonte a Faostat.
A fim de fazer uma análise ao mercado internacional da mandioca interessa
primeiro analisar a situação do mercado onde se encontra. Para tal faremos uma breve
análise ao mercado internacional.
3.1 Produção No que diz respeito à produção mundial de alimentos em 2008 os dados relativos
à produção de alimentos è de 233.795.973 t , já os valores da área total colhida no
mesmo ano é de 18.916.569 ha
3.1.1 Top de produção mundial
Como pode ser verificado pelo gráfico 1 a produção de mandioca situa-se no oitavo
lugar no que diz respeito aos produtos com maior produção mundial em termos de
toneladas (233.359.379 t).
A importância económica da cultura da mandioca está na produção de raízes
tuberosas e feculentas que representa valioso alimento para humanos e animais,
fabricação de produtos alimentícios ou de aplicação industrial e produção de álcool.
Gráfico 1 - Top de produção mundial (2008)
020.000.00040.000.00060.000.00080.000.000100.000.000120.000.000140.000.000160.000.000
0200.000.000400.000.000600.000.000800.000.000
1.000.000.0001.200.000.0001.400.000.0001.600.000.0001.800.000.0002.000.000.000
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Produção (Mt)
Valor (Int $1000)
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
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4 Mercado da mandioca Apesar da grande diversidade, o sistema produtivo da cadeia da mandioca
apresenta três tipologias básicas distintas
Unidade doméstica:
Caracterizada por usar mão-de-obra familiar, não utilizar
tecnologias modernas, baixa participação no mercado e dispor de
capital de exploração de baixa intensidade.
Unidade familiar:
Adopta algumas tecnologias modernas, tem uma participação
significativa no mercado e dispõe de capital de exploração em
nível mais elevado.
Unidade empresarial:
Contratação de mão-de-obra de terceiros
Essa tipologia considera as ligações entre a origem da mão-de-obra, o nível
tecnológico, a participação no mercado e o grau de intensidade do uso de capital na
exploração. As unidades empresariais, simultaneamente com as unidades do tipo
familiar, são responsáveis pela maior parte da produção de raízes.
4.1 Área de mandioca colhida em 2009
Gráfico 2 - Área de mandioca colhida -ha (2009).
Ao analisar os dados do gráfico 2, relativo ao top dos 29 países com maior área
colhida no ano de 2009, podemos concluir que, a área colhida está concentrada em 3
países, produzindo acima de 1.500.000 há, são eles a Nigéria, a República Democrática
do Congo e o Brasil.
0500.000
1.000.0001.500.0002.000.0002.500.0003.000.0003.500.000
Títu
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a co
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a (h
a)
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
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4.2 Rendimento da produção de mandioca
Gráfico 3 - Rendimento da produção de mandioca (2008).
Relativamente ao rendimento da produção da mandioca, podemos verificar que,
cruzando os dados do gráfico 3 com os dados do gráfico 2, os 3 países com maior
rendimento (Índia, Ilhas Cook e Camboja) não correspondem aos com maior área
colhida (Nigéria, República Democrática do Congo e Brasil)
4.3 Top de produtores de mandioca Em relação aos produtores mais significativos no mercado da mandioca, em
termos de quantidade produzida, está a Nigéria, o Brasil e a Tailândia. Produzindo no
total dos três países, 96.440.800 Mt em 2008.
Gráfico 4 - Top de produtores de mandioca (2008)
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000R
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hg/
ha)
1
0500.0001.000.0001.500.0002.000.0002.500.0003.000.0003.500.000
0
10.000.000
20.000.000
30.000.000
40.000.000
50.000.000
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Produção (Mt)
Valor (Int $1000)
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
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4.4 Importações /exportações O comércio internacional da mandioca, frequentemente, realizado entre países
vizinhos, e não é, geralmente, registado nas estatísticas oficiais. A sua expansão tem
sido prejudicada pela perecibilidade das raízes, tornando-se um produto de risco de
mercado. No entanto, o aumento de população originária da América latina e África nos
países desenvolvidos, levou a um aumento da sua exportação para a Europa e América
do norte.
Convém esclarecer que segundo a FAO, a descrição mandioca desidratada
engloba mandioca em fresco ou seca, fatiada ou não, poderá também englobar pellets.
4.4.1 Importação de mandioca desidratada
Em relação às importações de mandioca desidratada, os 3 países que mais
toneladas do produto importam são: a China a República da Coreia e a Espanha.
Gráfico 5 - Importação de mandioca desidratada (2008).
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
Ale
man
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($1
.00
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)
Quantidade (t)
Valor ($1.000)
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
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4.4.2 Importação de amido de mandioca
Gráfico 6 – Importação de amido de mandioca (2008)
È de notar que a China aparece, novamente, como maior importador, desta vez
de amido de mandioca.
4.4.3 Exportação de mandioca desidratada
Tabela 1 - Exportação de mandioca desidratada (2008)
Área Quantidade (t) Valor (1000 $) Unit value ($/t)
Tailândia 2882850 477639 166
Vietnam 753335 133920 178
Holanda 234250 70353 300
Costa Rica 76230 65036 853
Indonésia 129696 20770 160
Bélgica 32675 8880 272
Equador 6559 3885 592
Nicarágua 4440 1390 313
Fiji 1828 1386 758
Sri Lanka 2582 1365 529
Brasil 962 1112 1156
Filipinas 1040 1052 1012
México 6148 981 160
Reino Unido 508 915 1801
Colômbia 1009 898 890
EUA 542 665 1227
Uganda 9143 606 66
Honduras 1536 596 388
França 333 569 1709
Portugal 214 350 1636
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
Val
or
($1
.00
0)
Qu
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Quantidade (t)
Valor (1000 $)
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4.4.4 Exportação de amido de mandioca
Tabela 2 – Exportação de amido de mandioca (2008)
Área Quantidade (t) Valor (1000 $) Unit value ($/t)
Tailândia 1216760 432294 355
Indonésia 36990 15101 408
China, Hong Kong SAR 30703 10777 351
Paraguai 17404 7329 421
Brasil 9311 6624 711
Holanda 5172 4309 833
Alemanha 1798 3927 2184
Singapura 985 1773 1800
China 3067 1376 449
Bélgica 1677 1187 708
EUA 606 918 1515
Índia 1348 607 450
Reino Unido 249 443 1779
Dinamarca 137 317 2314
Japão 110 223 2027
França 151 194 1285
Polónia 315 139 441
Áustria 36 99 2750
Equador 1551 92 59
África do Sul 103 78 757
5 Tendências e evolução de Mercado
5.1 Enquadramento a uma análise estratégica ao desenvolvimento da
Mandioca Em reunião de 22 especialistas da FAO no âmbito da estratégia global de
desenvolvimento da mandioca em 1999, concluiu-se que a mandioca podia tornar-se a
matéria-prima base para uma série de produtos processados e que, efectivamente, iria
aumentar a procura da cultura em termos mundiais, contribuindo assim para a
transformação agrícola e o crescimento económico em economias subdesenvolvidas.
Pode-se afirmar que, foi apenas no século XXI, que a cultura da mandioca se
afirmou como alvo de interesse e reconhecimento em termos mundiais e no mercado
internacional.
A mandioca é o terceiro alimento de fonte proteica dos trópicos, ficando atrás do
milho e arroz, com a particularidade de que, a maioria da cultura é cultivada por
pequenos e pobres agricultores, tendo as mulheres uma dependência forte, em que
assentam na cultura a ferramenta para uma segurança alimentar para si e para os seus.
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
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9
Devido ao facto de ser uma cultura de recurso e maioritariamente limitada a uma
agricultura familiar e de subsistência, foi sendo negligenciada pela investigação e
desenvolvimento agrário. Até à três décadas atrás o conhecimento global da cultura era
escasso e incipiente. Só desde então é que começou a existir uma compreensão da
cultura, da sua importância e potencial no panorama agrícola e alimentar. Tendo-se
alcançado avanços significativos, mas no entanto, ainda continua muito abaixo do
conhecimento em relação a outras culturas como os cereais. Fazendo com que as
principais fraquezas da cultura sejam devido à falta de conhecimento que existe e não
propriamente a limitações de sobre-exploração ou de potencial alcançado.
O grande raio de adaptação agro-ecológica da mandioca permite-lhe crescer e ter
produtividades satisfatórias em zonas onde outras culturas não o podem fazer,
contribuindo assim, para uma base de uma segurança alimentar a um nível económico-
familiar e uma fonte importante de energia nas dietas alimentares. Admiravelmente com
uma grande tolerância a seca e capacidade produtiva em solos pobres, esta rude cultura
tem tido a sua adaptabilidade a modernas práticas agrícolas demorada.
A mandioca é vista várias vezes como um ingrediente pobre na oferta alimentar
que provem de culturas de tubérculos, apesar de ser uma parte essencial da dieta de mais
de metade de mil milhões de pessoas, e fornecer um modo de vida a milhões de
agricultores, processadores e comerciantes pelo mundo fora.
A mandioca pode crescer e desenvolver produtividades em zonas onde outras
culturas como os cereais não o conseguem, devido, em grande parte, a uma grande
resistência ao deficit hídrico e adaptabilidade a solos com baixos índices de fertilidade e
de estrutura. Com esta valência de adaptação a mandioca apresenta igualmente uma boa
resposta à utilização de fertilizantes e irrigação bem como a condições de alta
pluviosidade. A mandioca é uma cultura em que a gama de tractos culturais necessários
à sua exploração é altamente flexível, com um grande potencial de produção e eficiência
energética por unidade de terra cultivada.
Devido á sua alta resistência e capacidade de adaptação considerou-se que seria
uma cultura resistente de forma natural a pestes e pragas, o que, por sinal, permite um
grau de evolução enorme nas áreas de investigação e desenvolvimento de cultivares
mais resistentes e adaptáveis a diversos cenários, possibilitando ainda mais o aumento
Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural
Comércio Internacional e Marketing
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da sua capacidade de produção em conjunto com as já conhecidas potencialidades de
adaptação.
As produtividades de mandioca podem ser muito elevadas, entre valores de 30 a
40 t por ha, apesar da média mundial se situar à volta das 10 t/ ha, esta discrepância de
valores possibilita, numa análise imediata e projectando condições óptimas, um
potencial de crescimento da produção na ordem dos 50 a 75%, fazendo com que faça
parte da gama de culturas estratégicas ao cenário de falta de alimentos e
constrangimentos ao aumento de produtividades de outras culturas essenciais a uma
segurança alimentar global.
A cultura é propagada vegetativamente, com utilização de estacas preparadas
durante a colheita da cultura anterior. As estacas de propagação têm cerca de 30 cm o
que faz com que ocupem um grande volume, não são fáceis de armazenar e têm um
custo de manuseamento alto. A reprodução vegetativa sofre de defeitos ao nível da
manutenção da carga genética mais favorável a um aumento de produção, fazendo com
que a capacidade selectiva de híbridos por cruzamento sejam práticas, com efeito mais
reduzido em percentagem de suporte genético, resultando numa adaptação de novas
variedades mais lenta em relação a outras culturas.
Tem existido uma necessidade de promover uma mudança no meio de propagação
da cultura, de modo a que os custos de logística e eficiência operacional diminuam, e
possibilite uma intervenção em larga escala para produções comercias, baixando os
custos directos de produção.
A mandioca foi, e ainda é, devido à natureza da sua produção, considerada como
uma cultura de subsistência de pequenos agricultores e de agricultura familiar, mas já é
cultivada em grandes plantações de foco comercial, para fornecimento de matéria-prima
a uma indústria de transformação.
A cultura é usada de forma típica como reserva e ferramenta de intervenção a
fenómenos de fome e escassez de alimentos. Dado que ela não tem um ponto de
maturação definitivo, a sua colheita pode ser atrasada consoante necessidades de
mercado e de consumo, constituindo a plantação como forma de armazenamento e de
gestão de stocks de matéria-prima ou produto alimentar, para fornecimento a unidades
de consumo familiar ou de processamento.
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11
Sendo uma cultura de tubérculo, requer uma necessidade de trabalho considerável
nas suas operações de colheita. O tubérculo é altamente perecível e susceptível de
degradação, por tal, a necessidade de processamento é imediata, com um intervalo
inferior a 24 horas, de modo a que possa ser armazenável ou conservada. Tudo isto faz
com que a cultura em termos competitivos seja de custo mais alto e extremamente
necessitada de mão-de-obra ao seu cultivo e processamento do que outras culturas
fornecedoras de carbo-hidratos à alimentação humana.
A mandioca é frequentemente relegada para solos e zonas de produção mais
pobres e marginais, devido à competição com culturas de alto rendimento e de maior
valor comercial. Esta tendência pode acentuar-se devido a um aumento da capacidade
dessas culturas em adaptação a essas áreas mais marginais fruto da investigação que se
promove sobre elas. Podendo, por tal, as zonas para a cultura da mandioca serem
invariavelmente áreas com mais prospecção a seca ou inundações, para não falar que
essas zonas são geralmente caracterizadas por fracos acessos e deficientes estruturas de
apoio.
A mandioca ainda sofre de um estigma de má informação junto do consumidor
devido aos glicósidos cianogénicos. Em que a mandioca é tóxica se não for preparada
ou processada de modo a ser desintoxicada, mas na verdade as variedades alimentar
podem ser comidas cruas, no entanto, em contraponto, são mais susceptíveis a ataques
de pragas e doenças.
No geral a mandioca é considerada como uma cultura com capacidade de
crescimento no mercado de consumo mundial, não apenas em quantidade mas também
em diversidade de produtos.
Os produtos acabados de mandioca têm de competir em mercados de grão,
portanto o baixar de custos de produção torna-se essencial para a sua viabilidade como
cultura industrial. Desenvolve-se assim um menor interesse na investigação e
desenvolvimento na cultura em comparação com outras culturas, já por si de grande
viabilidade e importância nos mercados mundiais. Esta falta de investigação resulta não
só num menor desenvolvimento de produtos acabados da mandioca mas também para
uma produção de maior variabilidade e com métodos processuais não definitivos e
parametrizados, promovendo uma má qualidade e diferenciação nos produtos finais.
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12
Como produto da mandioca o amido tem ganho um papel preponderante devido a
aspectos de sabor, organolépticos e de multi-aplicabilidade em diversas indústrias com
procura e potencial para nicho de mercado.
5.2 Produto Mandioca, do presente para o futuro É reconhecido que os produtos e derivados da mandioca detêm um potencial de
desenvolvimento de oportunidades de mercado, as quais para serem aproveitadas terão
que ser guiadas por factores estratégicos de intervenção a uma evolução positiva da
mandioca no mercado.
A mandioca é a base de uma multi-gama de produtos, incluindo comida, farinha,
ração animal, álcool, amidos para o dimensionamento de papel e de têxteis, adoçantes,
comidas preparadas e produtos biodegradáveis. Os produtos são derivados da mandioca,
desde as raízes às folhas, sendo que o seu grau de processamento e os requisitos
técnicos tendem a aumentar desde do produto em fresco ao fabrico e extracção do
amido.
Apesar de a mandioca ser vendida em fresco, como as suas folhas, mesmo estes
produtos necessitam de um processamento pós colheita de modo a possibilitar o seu
consumo. Por tal toda a cadeia de valorização que é necessário para esta cultura através
de processamento, agro-indústria e de todo o processo de conservação a jusante da
produção agrícola torna-se a base essencial para uma estratégia de desenvolvimento da
cultura e os seus produtos. Será dai que a implementação no mercado terá as suas
vantagens para os produtos/culturas concorrentes, pode-se dizer que o futuro da
mandioca se encontra na sua agro-indústria e processamento, sendo que uma produção
mais estável e previsível tanto em quantidade e qualidade será a ferramenta que o
viabilizará.
Enquanto as potencialidades de mercado são enormes, identificáveis e exploradas
desde o ano 2000, a não uniformização do produto e da oferta, tornam estas
oportunidades limitadas e específicas em local e tempo.
As oportunidades de mercado são diversificadas, diferenciadas e especificas entre
si, o que tem resultado numa dificuldade em desenvolver uma lista de prioridades ou
guia orientador de medidas e prioridades globais, face á pouca maturação de alguns dos
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13
produtos existentes e possibilidade de penetração em novos mercados bem como a
diferenciação que existe na produção mundial.
O desenvolvimento da mandioca encontra-se assim fragmentado, pela
possibilidade de crescimento em diversas oportunidades de mercado, que variam
consoante os produtos finais concebidos, importa portanto caracterizar estratégias de
desenvolvimento e de penetração em mercados de consumo consoante os produtos
produzidos pelas diversas partes da planta. O aproveitamento segmentado da planta
permite definir uma estratégia segmentada em oportunidade de mercado, de modo a que
um unir de pontas se conclua numa avaliação estratégica ou global ao desenvolvimento
da cultura no mercado mundial.
5.2.1 Produto: O Tubérculo e as Folhas
Tubérculos frescos e folhas são usados primeiramente como Alimentação
humana. Por causa da sua perecibilidade existe uma necessidade de comercialização do
produto perto das suas zonas de produção. Métodos tradicionais de preservação em
fresco normalmente se desenvolvem na envolvência das raízes em cobertura húmida, ou
pelo retirar das folhas duas semanas antes da colheita.
Na Colômbia, investigação da CIAT2 proporcionou a que o comércio de
exportação em fresco tivesse as suas condições base para um crescimento. Foi definido
que a preservação por mergulho em cera ou parafina, seguido do armazenamento em
sacos de plástico, reduzia o rachar dos tubérculos conserva o teor de humidade interior e
aumenta a capacidade de armazenagem em duas a três semanas, o que proporcionou o
desenvolvimento de técnicas que hoje são aplicadas e possibilitam a comercialização de
mandioca em fresco num contexto global. A Costa Rica foi a pioneira em demonstrar o
sucesso de estratégia de exploração da mandioca em fresco, pela maneira atractiva e
utilitária de embalamento e uso da raiz.
As raízes podem ser peladas, cortadas em pedaços e congeladas, a possibilidade
de vender a mandioca pré cozinhada congelada ou em vácuo é por si um novo eixo de
oportunidade de mercado especializado face à emergência dos fenómenos de migração e
com a necessidade dos novos hábitos alimentares que se formam nas regiões alvo das
2 Centro de Investigação de Agricultura Tropical
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14
migrações, onde as comunidades não se desligam dos seus costumes, antes pelo
contrário fortalecem os laços afectivos a toda uma cultura e gastronomia, promovendo
uma nova oferta culinária e alimentar, que tem a tendência de ser mais valorizada à
medida que penetra nos hábitos comuns da região. Também aqui o crescimento do meio
urbano nos países produtores se transforma como veículo de um aumento da procura
destes alimentos e consequentemente uma necessidade de em termos produtivos existir
uma melhoria da oferta, estruturando-se assim uma base sólida para o crescimento no
mercado exportador.
As folhas de mandioca são comercializadas como produto sob a forma de
vegetais frescos, secos ou enlatados. As folhas de mandioca tem um equilíbrio
nutricional maior do que os tubérculos e o seu consumo tem um efeito preventivo a
certas doenças. Apesar do seu consumo em fresco ser possível este pode ser
condicionado pelo possível valor alto de ácido hidrocianico, este efeito pode ser
facilmente controlado pela cozedura ou moagem.
Um factor que é promotor ao desenvolvimento de oportunidades para os produtos
de mandioca em fresco é o aumento de rendimentos das populações e do fenómeno da
urbanização, por estes estarem associados e caracterizados por uma tendência de
consumo mais selectivo de alimentos, que implica que o crescimento do produto em
fresco está dependente do convenientemente embalado, de como é apresentado e
desejável, mais uma vez a estratégia da Costa Rica é dado como exemplo. Em que a
mandioca em fresco tem vindo a ganhar uma grande importância, pelo facto dos
circuitos de distribuição se tornaram mais eficientes e que possibilite uma exportação
onde predomina a qualidade e frescura do tubérculo, em conjunto com o aumento da
procura em mercados onde habitualmente o produto não se consumia.
O potencial para a mandioca em fresco em países produtores representa um
crescimento primeiro através da concentração e em segundo pela competição e
inovação.
O potencial para a mandioca em fresco em países não produtores representa-se
num crescimento pela competição e inovação.
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15
O crescimento pela concentração sugere a necessidade de melhorar a produção,
armazenamento, tecnologia de processamento e logística, eficácia de distribuição e uma
melhoria na infra-estruturação de apoio à cultura.
Neste âmbito reduzir os efeitos das pragas e doenças, particularmente nas
variedades alimentares, reduzir a concentração de HCN nas raízes e folhas, controlo de
infestantes, baixar os custos gerais de operações culturais são necessidades prioritárias.
O crescimento pela competição e inovação requer um implemento em toda a
cadeia de vários actores. Existe uma necessidade de desenvolver cada vez mais e
adoptar novas tecnologias de processamento para manter a frescura do produto e
promover a viabilidade em termos mundiais do produto em fresco. A necessidade de se
promover esta abordagem é a chave para o desenvolvimento dos mercados.
Enquanto se desenvolve e promove mercados para a mandioca em fresco é
necessário enquadrar factores que advêm do seu uso como produto de cozinha familiar e
tradicional, a forma, a cor, a facilidade de descasque, o tempo de cozedura, aroma e
sabor.
5.2.2 Produto: Mandioca seca.
Em muitos países de África e América latina a mandioca é processada em casa ou
a um nível local e comunitário, de modo a produzir farinha torrada, farinha fina ou tipos
de pão.
Ilustração 2 - Secagem da Mandioca, Comunidade Rural, Malange, Angola
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Estes produtos que sempre foram produzidos em pequena escala, podem e são
produzidas em média e larga escala, com soluções modulares faces á disponibilidade de
produção matéria-prima.
A mandioca conservada em seco e processada em forma de pellet ou tiras secas
como ingrediente para ração animal, é um produto de sucesso em indústrias na Europa
sendo os principais exportadores a Tailândia e Indonésia. A Tailândia, China, Brasil e
Paraguai são regiões que incorporam o produto na alimentação não intensiva de
suiniculturas, aviários e aquacultura. Na maioria dos outros países cerca de 20% é usado
em ração animal.
A mandioca em seco é usado como ração animal de fornecimento interno das
unidades de exploração pecuária ou piscícola desde à muito tempo, com essa
experiencia e com o aumento do uso em cada vez mais produtos comercializáveis, uma
óptica de crescimento de mercado tem ganho preponderância devido ao reconhecimento
do equilíbrio que promove à constituição nutricional da ração.
Os hábitos alimentares e de vida no meio urbano tem uma consequência na
diminuição da procura de alimentos frescos e por preparar, em contraposição surge o
aumento de procura de alimentos fáceis de comprar, de conservação e preparo rápido e
fácil. Assim é naturalmente que a mandioca tem vindo a ganhar importância nos
mercados através de produto embalado, farinha e pães.
A farinha de mandioca está implementada no mercado mundial à uma década
sendo que o seu consumo tem vindo a crescer, este aumento de procura deriva não só do
aumento de qualidade dos produtos mas também pelo fenómeno da migração.
A farinha de mandioca tem sido alvo de investigação para uso regular na indústria
de panificação, devido à grande dependência de por exemplo países africanos da
importação de trigo para o fabrico do pão. A indústria brasileira tem levado a cabo
programas de incorporação de farinha de mandioca, tendo tido resultados da mistura de
20% de farinha mandioca sem adulteração da qualidade do produto final, mais uma vez
nesta área prevê-se uma oportunidade de crescimento e aplicação de um produto da
mandioca.
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A mandioca em seco na forma de ração, pellet, granulado é hoje em dia um
importante ingrediente para a alimentação animal. Numa lógica de aproveitamento de
recursos domésticos, os países produtores de mandioca tendem a aumentar a produção
pecuária, por tal entende-se que a necessidade para o fornecimento de ração animal irá
aumentar em comparação.
A mandioca em seco ou em fresco pode ser usada para produção de cola e álcool.
Estes mercados, especialmente a cola e álcool anidro, representam um potencial de
crescimento grande em muitos países, tendo como estratégia um fornecimento de
produto mais barato a uma procura alta mas não exigível em qualidade
Esta potencialidade diversificada da mandioca representa-se em crescimento
através da concentração, inovação e competição, a combinação entre os factores é
delineada pelas especificidades das zonas de produção.
Devido à grande variabilidade de métodos e práticas de crescimento, tem que se
ter atenção a estratégias de desenvolvimento enquadráveis com os sistemas de produção
existentes, referenciando uma óptica de avaliação a todo um sistema de mercado de
mandioca.
O crescimento pela concentração requer melhorias em produção, armazenamento,
Tecnologia de processamento e na infra-estruturação. Crescimento pela inovação sugere
uma necessidade de I&D ajudar a desenvolver novos ou refinação dos já existentes.
Os produtos e aproveitamentos que se faz ao nível local e numa óptica familiar
devem ser alvos de intervenção adaptativa para uma comercialização mais apetecível e
com isso desenvolver-se uma política de produtos em que a sua aceitação seja de
benefício não só para os países produtores a um nível de pequena escala mas também a
um nível maior para países importadores de mandioca, levando consigo uma identidade
própria às raízes da cultura e gastronomia dos pais produtores, o blend e a estratégia de
produto diferenciado é uma excelente ferramenta para a penetração do mercado de
exportação suportado pelo desenvolvimento da produção da cultura em cenários de
produção mais pobres mas altamente específicos e chamativos, como são caracterizados
os Africanos.
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18
Uma forte investigação com o objectivo de constituição de alternativas à matéria-
prima para a ração animal a partir das culturas de grão, é hoje uma actividade em forte
intensidade e desenvolvimento. A mandioca para ser elegível nesta necessidade de
mercado terá que sofrer uma diminuição de custos na sua produção, de facto esta
característica da cultura é transversal, essencial e de grande importância a qualquer
desenvolvimento de oportunidade de mercado Global. Enquanto que a garantia de
fornecimento a um ritmo constante pelo ano todo e a evolução de uma qualidade
parametrizada ao longo dos anos têm vindo a sofrer melhorias, a questão do seu índice
de custo em relação às culturas cerealíferas formam de facto um impedimento a uma
competição como matéria-prima base e não secundária à indústria de transformação em
ração animal. A investigação e Desenvolvimento são necessárias para esta tarefa, dado
que em termos de qualidade nutricional o produto é de óptimo aproveitamento.
5.2.3 Produto: O amido
O amido de mandioca tem um grande potencial de crescimento tanto no uso
industrial como humano. As propriedades únicas do amido de mandioca, sugerem
aplicações para mercados específicos tais como alimentação para bebés, produtos não
alérgicos e alimentação hospitalar. O amido pode ser modificado para prover
características que são requeridas por sectores da indústria alimentar mais específicos.
Podendo competir com outros amidos para a produção têxtil, dimensionamento de
papel, cartão ondulado, adesivos e colas, adoçantes, industria farmacêutica, produtos
biodegradáveis, butanos e acetona e explosivos. Este potencial representa-se em
crescimento pela inovação e competição.
O crescimento pela inovação requer um esforço ao nível de I&D, enquanto que o
crescimento pela competição pode requerer melhoramentos e intervenções em toda a
cadeia sectorial da mandioca. Nota-se assim que o produto amido requer toda uma
abordagem integrada ao seu desenvolvimento dado ser porventura o produto com maior
capacidade de crescimento numa óptica comercial global. É o produto da mandioca de
maior relevo no mercado das exportações, sendo afectado por medidas e politicas de
comércio internacional especificas, como impostos, tarifas internacionais e
proteccionismo produtor. O mercado internacional do amido se desenvolve em regras e
apoios próprios diferenciando amidos derivados de culturas e amidos de concepção
modificada. A análise neste contexto requer portanto uma avaliação comercial sobre a
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industria produtiva mais abrangente, o que não deixa de ser extremamente importante o
facto de a mandioca promover uma forte ligação vertical ao produtor em termos de
beneficio económico, social e cultural, factores que pesam numa avaliação contextual
sobre indústrias a investir.
È patente que face à multi-aplicabilidade do amido da mandioca em
competitividade é por si um factor de oportunidade de mercado, sendo que os mercados
domésticos terão que promover uma I&D capaz de identificar produtos com aptidões
específicas e assim existir um diferenciamento concorrencial e vantajoso face aos
amidos existentes no mercado.
5.3 Analise SWOT
Cabe referir que numa base experimental e dado à possibilidade de análise e
construção mediante interpretação própria, desenvolve-se aqui uma ferramenta que se
quer de uma maneira resumida e condensada apresentar as principais características da
cultura face ao mercado internacional.
A matriz SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) constitui um
instrumento de decisão estratégica, que se apoia em quatro temas na sua análise: forças,
fraquezas, oportunidades e ameaças. Para cada um dos quatro temas foram identificadas
as variáveis que os definem, após a identificação enquadrámo-las em cinco
agrupamentos de parâmetros que as caracterizam, de forma pragmática e objectiva. De
modo a determos um resultado macro e consequente uma avaliação estratégica do
produto mandioca e sua evolução no mercado global.
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Tabela 3- Análise das forças da matriz SWOT
Tabela 4 -Análise das fraquezas da matriz SWOT
Tabela 5 -Análise das oportunidades da matriz SWOT
A perecibilidade e toxicidade altas são controladas por processos simples F1
O equipamento de processamento é de baixa especialização e de facil uso e aplicabilidade F1
Processamento adaptavel em pequena. Media e larga escala F1
Capacidade de produção em solos pobres F2
Tolerância a deficit hidrico F2
Rendimento Rural F3
Empregabilidade Rural F3
Investimento Rural F4
Segurança Alimentar F5
Forças
Custos de produção e processamento altos no mercado competitivo f1
Grande necessidade de mao de obra no processamento f1
Falta de parametrização cultural f2
Falta de parametrização industrial f2
Circuitos de distribuição e embalamento fracos f3
Infraestrturas de processamento de baixa qualidade f4
Alta perecibilidade f5
Variabilidade de qualidadee no produto final f4
Cadeia de processamneto morosa f5
Fraquezas
Especificação de variedades adaptadas a maquinaria agricola O1
Eficiencia de operaçoes culturais O1
Implementação em novas dietas alimentares O2
Consumo de mandioca diariamente sem sinais de intoxicação O2
Materia prima à industria de ração animal O3
Incorporação em larga escala na industria da panificação O3
Industrias consumidoras de amido O4
Produção de etanol e a Bioenergia O5
Oportunidades
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Tabela 6 - Análise das ameaças da matriz SWOT
5.3.1 Critérios de quantificação e conjugação de parâmetros
Neste ponto analisam-se e quantificam-se as interacções entre os diferentes
parâmetros conjugados dois a dois na matriz SWOT. O método quantifica as forças,
fraquezas, oportunidades e ameaças relacionadas entre si, considerando relações
binomiais entre os parâmetros em análise: segundo a forma como se conjugam em cada
um dos quadrantes. Resultando numa análise em que se quantifica num âmbito de uma
estratégia global de mercado a Potencialidade, Debilidade, Capacidade e
Vulnerabilidade.
O critério de quantificação simplifica-se a três valores, 0 – sem intensidade, 1 –
intensidade média, 2 – intensidade alta. A interacção entre os parâmetros considerados
dois a dois foi analisada e quantificada segundo os critérios supracitados e resume-se na
matriz que se segue:
Presença de glucosidos cianogenicos linamarino e lotaustralino A1
Toxicidade da mandioca A1
Competitividade A2
Baixa quantidade e qualidade de proteina A3
Ausência de estratégia no mercado mundial A4
Indice de Investigação e Desenvolvimento baixo A5
Ameaças
Tabela 7
-
::::::::::::
:::::
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Tabela 8- Interacção entre os parâmetros considerados.
5.3.2 Análise e quantificação de quadrantes
Procede-se de seguida à quantificação dos valores absolutos dos quatro quadrantes. Paralelamente, procede-se à quantificação dos valores das
diferentes linhas e colunas da matriz por quadrantes e por agrupamentos de quadrantes.
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Tabela 9 - Análise e quantificação de quadrantes.
5.3.3 Análise e interpretação da matriz SWOT
O conjunto de interacções mapeado pela matriz permite identificar, as oportunidades mais acessíveis, as ameaças com maior potencial de
impacto, as forças mais actuantes e as fraquezas mais prejudiciais e susceptíveis.
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De seguida com a análise efectuada concebe-se uma quantificação de factores
para uma estratégia com maior potencial de eficácia.
Tabela 10 - Quantificação de factores
5.3.4 Análise do Posicionamento Estratégico
Quantificação relativa de quadrantes:
A metodologia usada considera o peso relativo acumulado de cada quadrante,
relativamente ao resultado do somatório máximo de um quadrante (Qi).
Tabela 11 - Quantificação relativa de quadrantes
Q1 - Potencialidades de Actuação Ofensiva de 68% ( Forças & Oportunidades);
Q2 - Capacidade de Defesa 52% (Forças & Ameaças);
Q3 - Debilidade 60% (Fraquezas & Oportunidades);
Q4 - Vulnerabilidade 60% (Fraquezas & Ameaças)
Quantificação da capacidade ofensiva:
Operações Culturais Modernas 15
Dietas Alimentares sem toxicidade 13
Multi-aplicabilidade do amido 13
Competitividade 15
Fraca I&D 14
Ausencia de Estratégia 14
Segurança Alimentar 14
Geradora de rendimento Rural 14
Adaptação de produção competitiva 12
infraestrturas de processamento de baixa qualidade 16
Ausencia de parametrização de praticas 14
Custos altos 12
Que Oportunidades
são mais acessiveis
Que Ameaças têm
mais impacto
Que forças a serem
seguidas numa
estrategia
Que fraquezas a
compensar na
estrategia
FORÇAS Q1 Q1/∑Qi 68% Q2 Q2/∑Qi 56%
FRAQUEZAS Q3 Q3/∑Qi 60% Q4 Q4/∑Qi 60%
AMEAÇASOPORTUNIDADES
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Tabela 12 - Quantificação da capacidade ofensiva
A análise faz um balanço das forças e fraquezas face ao parâmetro oportunidades
– captura de oportunidades (Q1 – Q3 = 8 %). A capacidade ofensiva da Mandioca em se
implementar é positiva. Esta capacidade deverá ser considerada e ponderada como
importante factor para potenciar o processo de desenvolvimento de oportunidades de
mercado.
Quantificação da capacidade defensiva (neutralização de ameaças):
Σ Q2 – Σ Q4= -4%
A análise SWOT revela um contexto favorável a um desenvolvimento da cultura
no mercado global. A Capacidade de neutralização de ameaças é negativa mas a
capacidade ofensiva neutraliza a combinação de fraquezas internas e ameaças. A
orientação estratégica deverá reforçar-se aos possíveis efeitos das ameaças.
5.3.5 Análise do posicionamento estratégico global:
(Σ Q1 + Σ Q3) - (Σ Q2 + Σ Q4) = 12%
Ilustração 3 - Escala de posicionamento
Posicionamento estratégico equilibrado próximo de favorável, o que revela a
propensão crescente da cultura a um posicionamento de mercado em torno de uma
estratégia de desenvolvimento em oportunidades para crescimento e expansão.
FORÇAS Q1 Q1/∑Qi 68% Q2/∑Qi 56%
FRAQUEZAS Q3 Q3/∑Qi 60% Q4/∑Qi 60%
Capacidade Q1-Q3 Cap. Ofensiva 8% Cap.Defensiva -4%
AMEAÇASOPORTUNIDADES
(Q1+Q3)-(Q2+Q4)
12%
POSICIONAMENTO
ESTRATÉGICO
↘-100% -20% 0% 20% 100% 200%-200%
ESCALA DE POSICIONAMENTO
12 % - INDICE DE POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO
DA MANDIOCA NO MERCADO GLOBAL
Muito Desfavorável Desfavorável Equilibrado Favorável Muito Favorável
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Leitura comparada dos valores dos quatro quadrantes:
Q1 (68%)> Q3 (60%) = Q4 (60%)> Q2 (52%) ou seja
Q1 (Forças/oportunidades)> Q3 (fraquezas/oportunidades) =
Q4 (ameaças/fraquezas)> Q2 (Forças/Ameaças)
A relação entre os parâmetros Forças/Ameaças revela o valor mais frágil do
contexto enquanto o binómio Forças/Oportunidades tem o valor mais elevado da relação
de forças da matriz.
A análise demonstra um potencial ofensivo que importa valorizar, tendo ainda um
peso global dominado pela capacidade de neutralização de ameaças. A estratégia deverá
passar pela criação de condições que permitam neutralizar as ameaças que actualmente
condicionam o desenvolvimento e expansão da mandioca, melhorando a capacidade de
resposta, isto é, uma abordagem integrada ao sector produtivo e diversificação da
actividade comercial. Paralelamente, é fundamental coordenar esforços e sensibilizar
para a importância da cultura como garante actual de segurança alimentar e como
elemento essencial ao desenvolvimento sustentável do meio rural onde está inserida.
Para redução do impacto das ameaças propõe-se uma forte aposta na Investigação
e Desenvolvimento em diversas áreas, como operacionalidade cultural com capacitação
e introdução de tecnologias e soluções adequadas às condições naturais, a toxicidade
alimentar e processos de industrialização. Esta estratégia combate igualmente as
fraquezas mais actuantes. Em vista está a adequação das soluções aos diferentes meios
rurais e a definição de soluções que imprimam aos sistemas de produção
competitividade e promovam a sua progressiva orientação para o mercado.
6 A Mandioca: o Mercado e o Desenvolvimento – Considerações
Finais Numa primeira análise conclusiva torna-se claro que existe a capacidade de
crescimento em termos de mercados domésticos e a nível internacional para a
Mandioca, não esquecendo que o mercado internacional é caracterizado por
competitividade muito forte em termos de preços e volume.
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Segundo estimativas a mandioca tem uma capacidade de crescimento de 93 milhões
de toneladas em termos de mercados domésticos dado aos efeitos da concentração e
competição esperados, enquanto a China terá uma necessidade de aumento nas suas
importações de 23 milhões de toneladas, sendo considerado o maior potencial
importador Mundial, enquanto a Tailândia consolidará o seu estatuto como maior
exportador com um potencial aumento de 20 milhões de toneladas.
Estas estimativas terão que ser consideradas consoante um contexto de medidas
políticas de suporte e de avaliação ambiental e sustentabilidade.
De seguida importa realçar o contexto em que se desenvolve o sistema produtivo
desta cultura, sendo caracterizado a nível mundial pela importância que a pequena
escala e a agricultura nível familiar detêm. Para além do processamento e comercio
domestico e local, a cadeia de comercialização para o mercado de exportação em torno
do processamento desenvolve-se em que pequenos e médios agricultores promovem a
venda dos excedentes em fresco ou pré-processado, a uma unidade industrial de maior
dimensão que pode estar associado a produtores de maior dimensão. Nesta fase de
produção enquadra-se o embalamento e desenvolvimento de produtos baseado numa
estratégia de marketing, com a responsabilidade de distribuição aos consumidores.
Esta matriz de organização produtiva é a principal responsável que o impacto da
mandioca tem na promoção da segurança alimentar e combate à pobreza ao ser
favorecida a um mercado de exportação. Nenhuma cultura com a potencialidade da
mandioca está organizada desta maneira nem tem o consequente potencial de impacto
na redução de pobreza e capacidade de aumento do rendimento no meio rural.
Por tal o desenvolvimento de produtos comerciais e o crescimento em mercado são
de facto ferramentas estratégicas reais e activas a programas de Desenvolvimento.
O desafio de promover uma agricultura familiar e de contexto rural difícil a práticas
de produção enquadráveis numa estratégia de processamento industrial e de marketing
para um Mercado global, em que a uniformização de produto, capacidade de
fornecimento e de qualidade são necessárias, será o garante de um maior impacto da
cultura na redução da pobreza.
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Pelo contrário a necessidade de se prever a eventual mudança de uma
reestruturação produtiva tornar-se-á essencial, em que face a melhorias e oportunidades
de mercado em crescimento surge a transição de sistemas agrícolas de menor
dimensionamento para uma visão de operações em larga escala, com o deterioramento
dos pequenos agricultores. Por tal o plano de intervenção baseado no conceito de
concentração de produção tem que ser regido por políticas de apoio a economias
emergentes em estratégias de Desenvolvimento, responsáveis pela avaliação das
condições da cultura em penetrar nos novos mercados vis a vis não alterando uma
estrutura promotora de desenvolvimento humano, social e cultural em consonância com
um acrescento produtivo.
O desenvolvimento da mandioca no Mercado global tem que se basear numa
estratégia global em que a identificação dos mercados e que tipo de produtos são
necessários constitui-se como a primeira fase, ai uma análise industrial à cultura é
essencial.
A uniformização de produto a partir de processos industriais e de produção
parametrizada é absolutamente necessário a uma estratégia de marketing em termos
globais para a cultura.
O preço toma a sua posição decisiva numa estratégia de uniformização de produto,
em que o Mercado se adapta a uma realidade gerida à escala mundial, em que uma
qualidade é reconhecida a um preço que tem que ser obrigatoriamente competitivo e
consequentemente vá ao encontro das expectativas do consumidor, o embalamento,
produto pré cozinhado, garantia de fornecimento enquadram-se na necessidade de um
preço competitivo para se poder esperar um crescimento de mercado.
Devido às especificidades da produção mundial de Mandioca, existe uma
necessidade de organização produtiva em larga escala, países produtores mais
experienciados são afectados pela deficiência de produto em quantidade e qualidade por
parte de outros, que detêm uma grande parte da produção mundial e por tal têm um
papel preponderante na possibilidade de crescimento sustentável para um mercado em
expansão. A necessidade de parametrização de qualidades e produtos a nível mundial só
pode ser suplantada por uma estratégia organizativa seguida e elaborada pelos países
produtores, o esforço concertado e estrategicamente delineado a um espaço temporal e
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objectivos de produto, é o que permitirá à cultura da mandioca se implementar num
mercado alimentar e industrial. Caso não exista esta concertação de factores corre-se o
risco de que a evolução da produção não acompanhe a capacidade de crescimento do
mercado, tendo um impacto geral no atraso e aumento do défice de competitividade
para outras culturas.
Em muitos países em desenvolvimento, o comércio da mandioca é feito de forma
informal. A falta de uma cadeia madura de comercialização, infra-estruturas em más
condições, informação comercial de pouca fiabilidade, variação e falta de garantia de
fornecimento e baixa qualidade do produto, são invariavelmente os factores principais
que são apontados como limitantes ao comércio da mandioca.
Outro factor que terá grande importância no desenvolvimento da mandioca no
comércio será o factor Institucional do preço de mercado, em que as politicas
implementadas pelos principais importadores, baseadas nos preços domésticos das
culturas de cereais mais competitivos obrigará os mercados exportadores a
implementarem estratégias secundárias de exportação, não fugindo á necessidade de
apresentação de preços mais competitivos.
O comércio a um nível regional tem que ser continuamente promovido, pelo
assente que tem numa matriz produtiva à escala local, através de acções e programas de
incentivo ao processamento local, redes de partilha com divulgação de informação
comercial e a promoção de novos produtos para nichos de mercado.
Apesar das fragilidades do produto a questões de perecibilidade que incorrem num
aumento de custos ou menor eficiência de distribuição, levando a que produto seja
relativamente caro, este contraste pode ser ultrapassado pelo desenvolvimento das
unidades de processamento perto das unidades produtivas, em que produtos acabados
são fabricados sobre uma estratégia de marketing junto dos centros produtores.
Existindo assim a possibilidade de evoluir numa óptica de produtos de mais-valia como
pão, biscoitos, noodles, bolos, comida de bebés e adoçantes, em vez de existir um pré
processamento não final ao produto. A comercialização e o enfoque, mediante
oportunidades bem avaliadas, poderá realizar se no processamento em diversidade de
produtos acabados junto dos centros produtores.
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Outro factor de oportunidade já identificado é o que provem dos fluxos migratórios
para países desenvolvidos, em conjunto com a influência e o próprio despertar pelas
comunidades locais em provar comidas exóticas. O como cozinhar, preparar e degustar
tem que ser alvo de uma promoção e marketing. A culturalidade do produto, a sua
potencialidade e reconhecido impacto a uma Segurança Alimentar, são factores de
promoção e identificativos a uma imagem de marca junto do consumidor única e plena
de especificidade no universo dos produtos alimentares. A produção, comércio,
sustentabilidade e aspecto sócio cultural envolvente à cultura da Mandioca são factores
por si geradores de interesse ao seu consumo.
A utilização da mandioca como matéria-prima base industrial com capacidade de
crescimento, poderá ter como destino de maior crescimento a produção de Etanol,
ficando dependente de capacidade de fornecimento em escala e competitividade de
preço voltando o tema dos custos de operacionalidade e processamento a ser parte
fulcral na expansão da mandioca para utilização em escala crescente na indústria
bioenergética. Sendo o exemplo da China reconhecido como de sucesso na estratégia
adoptada para fornecimento à produção de Etanol, como investimentos de considerável
dimensão no sector produtivo do país e uma capacidade de procura e angariação de
produto nos mercados internacionais. A expectativa e o crescente mercado da
bioenergia, com os programas de integração de obrigatoriedade de etanol no mercado
dos combustíveis faz com que exista uma necessidade de oferta cada vez maior e por tal
o potencial de crescimento para a mandioca é real.
Estes factores e os demais já identificados tal como a forma macro de intervenção
estratégica para uma afirmação da cultura como ferramenta de combate à pobreza e
contribuidora a uma crescente necessidade alimentar mundial, é por sim um desafio de
sucesso que se traduz na complementaridade entre políticas de Desenvolvimento e de
Mercado.
Resumindo existem grandes oportunidades de mercado para esta cultura, na maioria dos
casos o crescimento domestico é mais favorável do que propriamente num plano
internacional, tendo como uma óptima vantagem a capacidade de mitigação de uma
insegurança alimentar bem pungente na maioria dos países produtores de Mandioca
.
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