13
18 REVISTA INSEPE | Belo Horizonte | Volume 4 - Número 4 | 4º trimestre de 2019 | http://insepe.org.br/revistainsepe ....................................................................................................................................................... INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS PÚBLICAS AUTORES (AS): Alan da Silva Melo, Alessandra Correia de Lourenza, André Luiz Silva Rosa, Cristiane Aparecida de Almeida, Dênis Gregório Batista, Fernando José Sandim; Gabriela Sampaio Colácio, Gustavo Ferreira Ramos, Jhonny Tcharllys Santos, José dos Santos Costa, Luana Samara de Souza Rocha, Marlúcio Cândido, Pedro Paulo Rezende Diniz, Samuel Vitor Campos,Vander Lúcio Sanches 1 INTRODUÇÃO O orçamento público tem demonstrado a sua importância com o passar dos anos, devido a necessidade do controle das despesas e das arrecadações públicas. A sua necessidade também vem além, onde as demonstrações das movimentações públicas devem ser transparentes para que qualquer cidadão consiga consultar, analisar e visualizá-las. Para Machado Jr. e Reis (2010), a integração do planejamento/orçamento é a tônica hoje em dia, capaz de consertar as distorções administrativas e remover os empecilhos institucionais, ou seja, o orçamento público é a ferramenta que vai auxiliar o governo a ter noção de suas despesas e a previsão de arrecadação das receitas, podendo se planejar quanto aos investimentos que serão realizados e a análise de quais impostos devem ter seu foco para cobranças e apurações. Diante do atual cenário orçamentário público, existem as despesas e receitas, que se tornam os dois pontos principais de análise do orçamento, se baseando pelas regras de orçamento público podemos destacar que uma cidade pode apenas arcar com gastos previstos, pois, a receita prevista é equivalente, ou seja, apenas se gasta o que tem de receita, sem sobrar ou faltar, mas, podemos observar diversos municípios tendo problemas em arcar com as despesas, sendo assim, neste artigo irá ser desenvolvido um texto com enfoque no estudo e análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis impactos para as contas públicas em caso de não efetivação.

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

  • Upload
    others

  • View
    4

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

18

REVISTA INSEPE | Belo Horizonte | Volume 4 - Número 4 | 4º trimestre de 2019 |

http://insepe.org.br/revistainsepe

.......................................................................................................................................................

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS PÚBLICAS

AUTORES (AS): Alan da Silva Melo, Alessandra Correia de Lourenza, André Luiz Silva

Rosa, Cristiane Aparecida de Almeida, Dênis Gregório Batista, Fernando José Sandim;

Gabriela Sampaio Colácio, Gustavo Ferreira Ramos, Jhonny Tcharllys Santos, José dos

Santos Costa, Luana Samara de Souza Rocha, Marlúcio Cândido, Pedro Paulo Rezende Diniz,

Samuel Vitor Campos,Vander Lúcio Sanches

1 INTRODUÇÃO

O orçamento público tem demonstrado a sua importância com o passar dos anos,

devido a necessidade do controle das despesas e das arrecadações públicas. A sua necessidade

também vem além, onde as demonstrações das movimentações públicas devem ser

transparentes para que qualquer cidadão consiga consultar, analisar e visualizá-las.

Para Machado Jr. e Reis (2010), a integração do planejamento/orçamento é a tônica

hoje em dia, capaz de consertar as distorções administrativas e remover os empecilhos

institucionais, ou seja, o orçamento público é a ferramenta que vai auxiliar o governo a ter

noção de suas despesas e a previsão de arrecadação das receitas, podendo se planejar quanto

aos investimentos que serão realizados e a análise de quais impostos devem ter seu foco para

cobranças e apurações.

Diante do atual cenário orçamentário público, existem as despesas e receitas, que se

tornam os dois pontos principais de análise do orçamento, se baseando pelas regras de

orçamento público podemos destacar que uma cidade pode apenas arcar com gastos previstos,

pois, a receita prevista é equivalente, ou seja, apenas se gasta o que tem de receita, sem sobrar

ou faltar, mas, podemos observar diversos municípios tendo problemas em arcar com as

despesas, sendo assim, neste artigo irá ser desenvolvido um texto com enfoque no estudo e

análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis impactos para as contas públicas

em caso de não efetivação.

Page 2: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

19

Neste trabalho terá como objetivo a abordagem dos instrumentos públicos e o

funcionamento da classificação das receitas listadas no orçamento público.

Destacando os instrumentos públicos tais como PPA, LOA, LDO, o que são, quais são

suas definições e possíveis legislações que os compõe.

A classificação das receitas públicas suas definições.

A demonstração das etapas de recebimento das receitas.

Diante desses objetivos aqui expostos, vamos estar adentrando em cada um dividindo

o trabalho em capítulos mostrando cada um dos referidos.

2 INSTRUMENTOS DE CONTABILIDADE PÚBLICA

O orçamento é um instrumento que a administração dispõe para tomar determinadas

decisões, com a diretriz condicionada ao interesse público, pode ser usado como curso de

ação, um programa operacional.

A Lei de orçamento deverá evidenciar a política econômico-financeira e programa de

trabalho do Governo, os quais devem ser executados pelos órgãos da Administração indireta e

direta.

De acordo com o art.30 II, da Constituição do Brasil, o Município poderá legislar

suplementarmente, no que couber, a legislação federal ou estatal.

Sendo assim o Município determinará metas especificas de controle interno e de

administração financeira orçamentária.

No §9º, do art.165, da constituição determina que caberá a lei complementar:

I-Dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a

organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentarias e da lei

orçamentaria anual.

II-Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e

indireta, bem como condições para instituição e funcionamento de fundos.

Segundo a lei 4.320 comentada por Machado Jr. e Reis (2010), os princípios se

fundamentam no fato que o orçamento e a contabilidade são instrumentos que possibilitam

Page 3: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

20

informações sobre transações/operações das entidades jurídicas governamentais, tais como

expressa no caput do artigo, inclusive das fundações, autarquias, empresas públicas e

sociedade economia mista, as quais produzem reflexos sobre respectivos patrimônios.

Na lei 4.320, no artigo 2, determina que a lei do Orçamento cumprirá os seguintes

princípios:

•Princípio da Unidade: A Lei Orçamentária deve ser uma só e indivisível,

contendo os orçamentos fiscal, de investimentos das empresas, e o de seguridade

social, para um dado exercício financeiro:

•Princípio da Anualidade: A Lei Orçamentária deve ser elaborada com a vigência

de um ano, normalmente igualando-se com o ano civil (1 de janeiro a 31 de

dezembro).

•Princípio da Universalidade: A Lei Orçamentária deverá conter todas as receitas e

despesas de todos os seus órgãos tanto da Administração direta e indireta, como

também as fundações. O referido princípio está contido nos Artigos 2,3 e 4 da

mencionada Lei.

Na Constituição Federal de 1988, no art. 165, do 5 ao 8 parágrafo consta além dos

princípios citados anteriormente o princípio da exclusividade: “A Lei Orçamentaria não

conterá dispositivos estranhos a previsão de receita e a fixação da despesa, exceto a

autorização para a abertura de créditos adicionais suplementares, contratações de operações

de credito, inclusive por antecipação de receitas”.

2.1– PLANO PLURIANUAL - PPA

Segundo Kohama (2006), o Plano Plurianual – PPA é o instrumento de planejamento

de médio prazo da administração pública. Sua função é estabelecer as diretrizes, objetivos e

metas. De modo geral, o plano retrata as intenções do gestor público para um período de

quatro anos, podendo ser revisado durante sua vigência, por meio de inclusão, exclusão ou

alteração de programas.

Segundo Machado Jr. e Reis (2010), o plano Plurianual, deve constar, portanto, os

recursos necessários para os investimentos a serem realizados pelos órgãos de administração

direta e indireta.

Sendo assim, as previsões para o Plano Plurianual é o que visa manter a continuidade

das projeções ano a ano e a duração do PPA é do segundo ano de um mandato governamental

até o final do primeiro ano do mandato seguinte. Um dos Objetivos do plano é estabelecer a

necessária relação entre as ações a serem desenvolvidas e a orientação estratégica de governo,

Page 4: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

21

alinhando a alocação de recursos nos orçamentos anuais com as diretrizes e metas do Plano.

Essa visão reflete a natureza estratégica do PPA, a realização de ações estruturantes e

permanentes para alavancar o desenvolvimento humano, social e econômico (Santos,2010).

A lei 4.320/64 mostra que o processo de previsão é continuo mostrando que a previsão

se faz de algum acontecimento futuro.

2.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO

A Lei de Diretrizes Orçamentárias-LDO foi feita pela Constituição Federal de 1988,

tendo com o instrumento a finalidade da elaboração do Orçamentária Anual com as diretrizes

estabelecidas no Plano Plurianual.

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (EC no 86/2015):

II–As diretrizes orçamentárias: §2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as

metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital

para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária

anual, disporá sobre as alterações.

De acordo com Gameiro e Ferreira Jr. (2015), a Lei de Diretrizes Orçamentárias é um

planejamento elaborado anualmente e tem a finalidade de nortear a elaboração dos

orçamentos anuais. Com a obrigatoriedade de elaboração de metas e prioridades da

administração pública, estabelecidos no PPA, para o exercício financeiro seguinte, ajudando

no desenvolvimento para o controle das contas públicas.

A Lei de responsabilidade Fiscal foi criada pela Lei complementar nº 101 de 4 de

maio de 2000, onde a edição da LRF, a LDO passou a ter novas e essenciais funções,

associando regras de planejamento que prezam pelo equilíbrio entre as receitas e despesas na

execução do orçamento:

Art. 9o: Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não

comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas

no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato

próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de

empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de

diretrizes orçamentárias.

§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a

recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma

proporcional às reduções efetivadas.

Page 5: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

22

§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações

constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço

da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público

não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo

autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de

diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)

§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo

demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em

audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou

equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.

§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o

Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas

pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas

das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal

de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.

De acordo com Mognati (2008) observa, entretanto, que a importância do Anexo de

Metas e Prioridades da LDO para a lei orçamentária tem sido relativizada pelo governo

federal nos últimos orçamentos, sendo inclusive motivo de crítica por parte do Tribunal de

Contas da União.

Conforme Da Silva (2007) questionou a existência de compatibilidade entre as metas

constantes no PPA, na LDO e na LOA: “Se esses instrumentos de planejamento devem

manter perfeita sintonia entre si, então, depreende-se que a inconsistência de um refletirá no

resultado do outro”.

A análise da Lei 4.320 de 1964 também será fundamental na meta do governo, pois

representa o principal instrumento de suporte às ações de planejamento, execução e controle

orçamentário, devido vários problemas com este tipo de instrumento de planejamento.

2.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA

A lei Orçamentária Anual possui vigência de um ano e tem como objetivo definir as

prioridades contidas no PPA estimando as receitas e prefixando as despesas do ano seguinte

para o exercício financeiro não podendo gastar nada além daquilo que foi previsto. Reza o §

5º do artigo 165 da Constituição de 1988:

§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:

Page 6: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

23

I - O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades

da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo

Poder Público;

II - O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou

indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela

vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações

instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Ainda segundo Miranda (2011), a LOA constitui o mais importante instrumento de

gerenciamento orçamentário e financeiro da Administração pública, pois a principal

finalidade é manter o equilíbrio entre receitas e despesas públicas. Ainda de acordo com

Gameiro e Ferreira Jr. (2015) a descrição das receitas e despesas constantes no LOA constará

todos os movimentos do período em questão, os recursos destinados a cada programa e a

distribuição para cada secretaria municipal, pois são elas que executarão cada uma das ações

planejadas.

Em diversas situações, a LOA pode também autorizar a abertura de créditos

suplementares ou a realização de empréstimos pelo prefeito, sem prévia autorização da

Câmara:

Dito o § 8º do artigo 165 da Constituição de 1988: A lei orçamentária anual não

conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se

incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e

contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos

da lei.

3 RECEITAS PÚBLICAS

Para Kohama (2006) as receitas podem ser apresentadas como qualquer recolhimento

feito aos cofres públicos, podendo ser efetivado através de numerário ou quaisquer outros

bens representativos de valores, aos quais o Governo tem o direito de arrecadar em virtude de

leis, contratos ou outros títulos que derivem em direitos a favor do mesmo, podendo ser de

originado de alguma finalidade especifica, cuja a arrecadação lhe pertença ou caso figure

como depositário dos valores que não lhe pertencerem.

Sendo assim podemos considerar que as receitas públicas são as entradas de recursos

financeiros para a aquisição de bens e serviços, com o objetivo de atender as necessidades

sociais.

Page 7: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

24

Ainda sobre a arrecadação as receitas públicas elas podem se dar através da aplicação

de impostos que de acordo com o Código Tributário Nacional, os tributos podem ser

definidos como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada” (Brasil,1966, art. 3º).

Segundo Kohama (2006) as Receitas Públicas podem ser classificadas em dois grupos:

a) Receita orçamentária

b) Receita Extraorçamentária

3.1 Receitas Orçamentarias

Para Kohama (2006) a definição da receita orçamentaria se dá através de análise, se a

receita que está sendo recolhida pertence ao tesouro ou ao órgão que a está recebendo, caso

seja positivo indubitavelmente estaremos recolhendo uma receita classificável como

orçamentaria, pois, certamente não se tratará de uma entrada compensatória no ativo e passivo

financeiro, ou seja, valor que estejamos recebendo com a obrigação de devolvermos ou

pagarmos a quem de direito.

A classificação econômica da receita orçamentaria é estabelecida pela Lei nº

4320/64, art.11: “A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas

Correntes e Receitas de Capital. ”

Ainda de acordo com a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338, de 26 de abril de

2006, que alterou a Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001, essas classificações

foram detalhadas em Receitas Correntes Intra-orçamentárias e Receitas de Capital Intra-

orçamentárias, sendo classificadas da seguinte forma:

De acordo com o Manual Técnico de Orçamento (2018) receitas de Operações Intra-

orçamentárias são: Aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública

integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social do mesmo ente federativo.

Não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas

remanejamento de receitas entre seus órgãos. As receitas intra-orçamentárias são

contrapartida de despesas classificadas na modalidade de aplicação 91 - Aplicação

Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do

Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social, que, devidamente

identificadas, evitam a dupla contagem na consolidação das contas governamentais.

Page 8: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

25

3.1.1 – Receitas Correntes

Conforme o Manual Técnico de Orçamento (2018) elas são as arrecadas dentro do

exercício e aumentam o fluxo financeiro do Estado, com um consenso geral de efeito positivo

sobre o Patrimônio Líquido, constituindo como um instrumento para financiar os objetivos

definidos nos programas e ações correspondentes ás políticas públicas.

De acordo com a Lei 4320/64 Art.11 § 1º:

São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial,

agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos

financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando

destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

Quanto as origens podem ser detalhadas em (Manual de Orçamento Público,2018):

a) Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria: são decorrentes da arrecadação dos tributos previstos no art. 145 da Constituição Federal.

b) Contribuições: são oriundas das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, conforme preceitua o art. 149 da CF.

c) Receita Patrimonial: são provenientes da fruição de patrimônio pertencente

ao ente público, tais como as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações financeiras/royalties, concessões, entre outras.

d) Receita Agropecuária: receitas de atividades de exploração ordenada dos

recursos naturais vegetais em ambiente natural e protegido. Compreende as atividades de cultivo agrícola, de cultivo de espécies florestais para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental, de extração de madeira em florestas nativas, de coleta de produtos vegetais, além do cultivo de produtos agrícolas.

e) Receita Industrial: são provenientes de atividades industriais exercidas pelo

ente público, tais como a extração e o beneficiamento de matérias-primas, a produção e a comercialização de bens relacionados às indústrias mecânica, química e de transformação em geral.

f) Receita de Serviços: decorrem da prestação de serviços por parte do ente público,

tais como comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa.

Page 9: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

26

g) Transferências Correntes: são provenientes do recebimento de recursos

financeiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se à determinação constitucional ou legal, ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas.

h) Outras Receitas Correntes: constituem-se pelas receitas cujas características

não permitam o enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais como indenizações, restituições, ressarcimentos, multas previstas em legislações específicas, entre outras.

3.1.2 – Receitas de Capital

Conforme o Manual Técnico de Orçamento (2018) as receitas de capital são

responsáveis pelo aumento das disponibilidades financeiras do Estado, sendo que de forma

contraria elas não provocam efeito sob o Patrimônio Líquido.

De acordo com a Lei 4320/64 Art.11 § 2º:

São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos

de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos

recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender

despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento

Corrente.

Quanto as origens podem ser detalhadas em (Manual de Orçamento Público,2018):

a) Operações de Crédito: recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos

ou da contratação de empréstimos junto a entidades públicas ou privadas, internas ou

externas.

b) Alienação de Bens: ingressos financeiros provenientes da alienação de bens móveis,

imóveis ou intangíveis de propriedade do ente público. O art. 44 da LRF veda a

aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o

patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por

lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

c) Amortização de Empréstimos: ingressos financeiros provenientes da amortização de

financiamentos ou empréstimos que o ente público haja previamente concedido.

Embora a amortização do empréstimo seja origem da categoria econômica Receitas de

Capital, os juros recebidos associados ao empréstimo são classificados em Receitas

Correntes / de Serviços / Serviços e Atividades Financeiras / Retorno de Operações,

Juros e Encargos Financeiros, pois os juros representam a remuneração do capital.

Page 10: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

27

d) Transferências de Capital: recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito

público ou privado destinados a atender despesas com investimentos ou inversões

financeiras, independentemente da contraprestação direta a quem efetuou essa

transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se ao objeto

pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas

ou entre entidades públicas e instituições privadas.

e) Outras Receitas de Capital: registram-se nesta origem receitas cujas características não

permitam o enquadramento nas demais classificações da receita de capital, tais como

resultado do Banco Central, remuneração das disponibilidades do Tesouro, entre

outras.

3.3 Etapas da Receita Orçamentaria

De acordo com o Manual de Procedimentos – Receitas Públicas (2008) existem

estágios a serem seguidos para as receitas orçamentarias e cada passo identificado evidencia o

comportamento da receita e facilita o conhecimento e gestão dos ingressos de recursos.

Para o Manual Técnico de Orçamento (2018):

“As etapas da receita seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos,

levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no País. Dessa forma, a ordem

sistemática inicia-se com a etapa de previsão e termina com a de recolhimento. ”

3.3.1 – Previsão

De acordo com o Manual De Orçamento Público – Receitas (2008) esse é o Estagio

onde é gerado a estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentaria Anual –

LOA;

Na lei 101, Art. 12 é definido que:

As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos

das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento

econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de

demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois

seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas

utilizadas.

3.3.2 – Lançamento

De acordo com o Manual Técnico de Orçamento Público a Etapa denominada como

lançamento se situa em um contexto para a constituição do crédito Tributário, sendo aplicado

a impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Page 11: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

28

No Art. 53 da Lei nº 4.320/64 é definido que “O lançamento da receita é ato da

repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é

devedora e inscreve o débito desta. ”

Também é definido a Lei 5172/66 que:

Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito

tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a

verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a

matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo

e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

3.3.3 – Arrecadação

Segundo o Manual de Receitas (2008) essa etapa de trata da entrega realizada pelos

contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos

recursos devidos ao Tesouro.

3.3.4 – Recolhimento

De acordo com Manual Técnico de Orçamento (2018) esta etapa se trata da

transferência dos valores arrecadados a conta especifica do Tesouro Nacional, responsável

pela administração e controle da arrecadação e pela programação financeira.

Deve ser observado o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa (Lei nº 4.320/64,

Art. 56): “O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de

unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. ”

3.2 Receitas Extraorçamentárias

De acordo com Kohama (2006) a receita Extraorçamentária, que se trata do segundo

grupo da receita pública pode ser compreendida pelos recolhimentos feitos que vão constituir

de com compromissos exigíveis, que o pagamento independe de uma autorização

orçamentaria, sendo assim independe de autorização legislativa. Por conseguinte o Estado fica

sendo obrigado a arrecadar valões que, de início não lhe pertencem. O Estado atua como uma

figura de depositário dos valores que ingressam a esse título, como por exemplo: as cauções,

as fianças, as consignações e outras, sendo sua arrecadação classificada como receita

extraorçamentária.

Segundo Bernardo (2014) as receitas extraorçamentária são aquelas que não estão

previstas no orçamento e correspondem a ingressos financeiros de caráter temporário.

Page 12: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

29

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo do nosso trabalho exposto, sendo o estudo e analise das receitas e dos

instrumentos públicos, foi de surpreender o nivel de detalhamento, regras e definições

encontradas na legislação orçamentaria.

Sendo que com os intrumentos da Contabilidade Pública conseguimos verificar o

quanto elas são importantes para o equilibrio e controle das despesas e receitas dos Governos,

apesar de que se forem feitas analises de varios municipios e estados possuem em seus

fechamentos anuais dos gastos e recebimentos um desequilibrio que acabam por gerar uma

grande fratura na prestação dos serviços públicos.

Sejam munícipios que possuem um valor de despesas maior que as receitas ou um

municipios que possuem um valor de receitas maior que as despesas, ambos cenarios são

prejudiciais a sociedade, pois deixam de haver novos investimentos públicos, a manutenção

pública começa a se degradar por falta de verbas, isso vai gerando varios efeitos em cadeia.

Por isso é necessario que os orgãos gornamentais de controle acompanhem os

orçamentos publicos e realizem a comparação com o fechamento anual, para identificar as

diferenças e minimizar as irregularidades, e tambem por parte dos Governos ter mais

transparência quanto a divulgação das lei orçamentarias para que a sociedade possa visulizar e

acompanhar os gastos e as receitas que estão sendo projetadas, assim podendo acompanhar e

cobrar a possivel efetivação das mesmas e o questionamento de outras.

O estudo das receitas foi de grande valia, o estudo das diversas classificação das

mesmas, permite que possamos identificar e separar do que se trata todo o recebimento

público.

Sendo as receitas a maior prioridade para os Governos, pois são elas que vao arcar

com todas as depesas, é indispensavel o conhecimento de cada uma delas para saber onde

serão lançadas e alocadas no orçamento, é de responsabildide do Estado, identifica-lás,

divulga-lás e realizar o processamento das mesmas passando por cada etapa.

De um modo geral esse trabalho serviu para dar uma visão empirica dos processos da

Contabilidade Pública lidando com os seus intrumentos e as suas receitas, apliou nossos

conhecimentos e fez ampliar nossos horizontes sobre o funcionamentos dos orgãos públicos

que possuem todo seus lançamentos previstos em lesgislações.

Page 13: INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS …insepe.org.br/revistainsepe/wp-content/uploads/2020/01/INSEPE-N.1… · análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis

30

REFERÊNCIAS

REIS, H. da C.; MACHADO JR., J. T. – A Lei 4.320 Comentada E A Lei DE

Responsabilidade Fiscal, 33ª Edição, Editora Lumens Juris,2010

KOHAMA, H. – Contabilidade Pública – Teoria e Prática, 10ª Edição, Editora atlas, 2006

SANTOS, R. de C. – Plano plurianual e orçamento público. Brasília. CAPES, 2010.

GAMEIRO, D; FERREIRA JR., W. O. – Orçamento Público: Uma Análise Sobre a

Representatividade do Orçamento Participativo Na Administração Pública, 5ª Edição, R.

Liceu On-Line, 2015, p. 70-89

MOGNATTI, M. C. de F. – Transparência e Controle na Execução das Emendas

Parlamentares ao Orçamento da União - Monografia – Curso de Especialização em

Orçamento Público – Tribunal de Contas da União, Câmara dos Deputados e Senado Federal

– 2º Semestre 2008. Brasília

Da SILVA, L. C. – Efetividade do Sistema de Planejamento no Brasil: Uma análise da

efetividade do planejamento no sistema orçamentário (PPA, LDO e LOA) - Monografia

apresentada para aprovação no curso de Especialização em Orçamento Público da Câmara dos

Deputados - Brasília - 2007.

MIRANDA, S. – Orçamento Participativo: Uma Sugestão de Implementação no

Município de Cascavel PR. Curitiba, Monografia de Especialização, 2011

SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL – Manual Técnico de Orçamento – MTO,

Edição 2018, Brasília 2017

SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL – Receitas Públicas – Manual de

Procedimentos, 4ª Edição, Brasília 2007

BERNARDO, F. D. – Contabilidade Pública, Instituto Federal Santa Catarina (IFSC),

Florianópolis 2014