integração de tecnologia educacional ao ensino médio

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  • JULIANA DE FREITAS AZEVEDO

    INTEGRAO DE TECNOLOGIA

    EDUCACIONAL AO ENSINO MDIO: ESTUDO

    DE CASO SOB A TICA DA PEDAGOGIA DE

    PROJETOS

    LAVRAS - MG

    2014

  • JULIANA DE FREITAS AZEVEDO

    INTEGRAO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL AO ENSINO

    MDIO: ESTUDO DE CASO SOB A TICA DA PEDAGOGIA DE

    PROJETOS

    Orientador

    Dr. Ronei Ximenes Martins

    LAVRAS - MG

    2014

    Relatrio Tcnico apresentado Universidade Federal de Lavras! como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao" em Educao" #" $%&'(" )*"+*',&-)(" .&(/0''0(1-2, rea de concentrao em Formao de Professores, para a obteno do ttulo de Mestre.

  • Azevedo, Juliana de Freitas.Integrao de tecnologia educacional ao ensino mdio : estudo

    de caso sob a tica da pedagogia de projetos / Juliana de Freitas Azevedo. Lavras : UFLA, 2014.

    102 p. : il.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Lavras, 2014.Orientador: Ronei Ximenes Martins.Bibliografia.

    1. Tecnologia educacional. 2. Pedagogia de projetos. 3. Ensinomdio. 4. Observao estruturada. I. Universidade Federal de Lavras. II. Ttulo.

    CDD 371.36

    Ficha Catalogrfica Elaborada pela Coordenadoria de Produtos e Servios da Biblioteca Universitria da UFLA

  • JULIANA DE FREITAS AZEVEDO

    INTEGRAO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL AO ENSINO

    MDIO: ESTUDO DE CASO SOB A TICA DA PEDAGOGIA DE

    PROJETOS

    Relatrio Tcnico apresentado Universidade Federal de Lavras! como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao" em Educao" #" $%&'(" )*"+*',&-)(" .&(/0''0(1-2, rea de concentrao em Formao de Professores, para a obteno do ttulo de Mestre.

    APROVADA em 29 de setembro de 2014.

    Dr. Alysson Massote Carvalho GAMMON

    Dr. Roberto Alves Braga Jnior UFLA

    Dr. Vanderlei Barbosa UFLA

    Dr. Ronei Ximenes Martins Orientador

    LAVRAS - MG

    2014

  • Aos meus pais mentores, Rosa e Marco Antnio, ao meu irmo, Thiago.

    As palavras de amor e carinho que, mesmo a distncia, acompanharam-me no

    mestrado profissional como base para o sucesso da pesquisa.

    Ao meu namorado, amigo e parceiro Joo Jos. O seu exemplo na vida

    acadmica me trouxe tranquilidade para os dias de pesquisa. Compartilhamos e

    aprendemos juntos, vivenciamos o que h de melhor na pesquisa cientfica.

    Aos meus amigos/as distantes, mas que se tornaram presentes pelas

    ligaes, mensagens e conversas revigorantes durante o mestrado profissional.

    Em especial, s amigas Raquel, Mariana, Maria Lcia, ris e Nria. s amigas

    queridas de repblica, Letcia e Elosa.

    E aos amigos conquistados na Escola Municipal Doutora Dmina e

    Equipe Pedaggica do CEAD/UFLA. Aprendo com vocs todos os dias!

    DEDICO

  • AGRADECIMENTOS

    Universidade Federal de Lavras (UFLA) e ao Departamento de

    Educao (DED) pela oferta do Mestrado Profissional em Educao

    oportunizando esta conquista na minha carreira profissional.

    Aos professores do Departamento de Educao (DED) e de Cincias

    Humanas (DCH) que ministraram as disciplinas no Mestrado Profissional com

    entusiasmo e muita sabedoria. Agradeo, especialmente, aos professores Dr.

    Vanderlei Barbosa e Dra. Tnia Romero que me fizeram refletir sobre a minha

    identidade docente.

    Ao professor orientador Dr. Ronei Ximenes Martins. Sou imensamente

    grata por me conduzir ao saber da experincia e pelo privilgio de ser sua

    orientanda. Estes anos de convvio me mostraram o exemplo de pesquisador e

    professor, pautado pela tica e respeito ao prximo.

    Coordenao do Projeto Lo o Rob de Da Vinci, representado pelo

    professor coordenador Dr. Roberto Alves Braga Jnior e aos bolsistas Dulio

    Martins e Jssica Caixeta. E, principalmente, direo da escola pblica com os

    alunos participantes do Projeto Lo.

    querida equipe pedaggica do Centro de Educao a Distncia da

    Universidade Federal de Lavras (CEAD/UFLA). Obrigada pela compreenso

    nos momentos de pesquisa. coordenadoria pedaggica representada pelo

    Warlley, Cleide e Ludmila que me ensinam sobre a Educao a Distncia. E aos

    meus amigos de equipe, Everton, Telsuta, Andressa e Fbio que distribuem

    carinho, alegria e companheirismo.

    amiga e parceira querida do mestrado profissional em educao,

    Amanda Mayra Cardoso, que me acompanhou nas disciplinas e durante o

    processo de pesquisa. Agradecimento carinhoso para as amigas Valria, Laila e

    Talitha que compartilharam aprendizados nestes dois anos de convvio.

  • E, especialmente, direo, Maria Helena e Virgnia, superviso,

    amigos professores e alunos queridos da minha Escola Municipal Doutora

    Dmina. Esta meta resultado da motivao diria de vocs. Obrigada pelos

    incentivos nesta ps-graduao, praticarei todos os ensinamentos do mestrado

    profissional em educao na sala de aula.

  • A experincia o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. E o saber que dela deriva o que permite apropriar-nos de nossa prpria vida. Alm disso, posto que no se pode antecipar o resultado, a experincia no o caminho at um objetivo previsto, at uma meta que se conhece de antemo, mas uma abertura para o desconhecido, para o que no se pode antecipar nem pr-ver nem pr-dizer.

    Jorge Larrosa Bonda

  • RESUMO

    A pesquisa foi conduzida com o principal objetivo de explorar possveis contribuies da integrao de tecnologia educacional, em atividades escolares do ensino mdio, quando isso se d na forma de um projeto de trabalho. Nesse sentido, investigou-se o projeto de extenso da Universidade Federal de Lavras, denominado Lo, o rob de Da Vinci. Tal projeto foi aplicado em uma escola pblica de Lavras/MG, em 2013, com a participao de 20 estudantes organizados em 4 grupos e 1 professor do ensino mdio, alm de uma equipe multidisciplinar da universidade. Esta investigao se caracterizou como pesquisa descritivo-exploratria, com delineamento de estudo de caso e abordagem qualitativa. Foram analisados os registros documentais impressos, os quais so fruto de depoimentos de participantes e dirios de campo, vdeos e imagens, por meio da tcnica de anlise de contedo. Os resultados apontaram que o Projeto Lo apresenta caractersticas conceituais da pedagogia de projetos, que sua aplicao ampliou, consideravelmente, o uso de diferentes tipos de tecnologias para estudar e que isso gerou ampliao de uso dos recursos tecnolgicos no dia a dia do estudante. Observou-se, tambm, que a maioria dos estudantes apresentou trajetrias diferenciadas em termos de atitudes e que os indicadores de aprendizagem de contedos se mantiveram em nveis de intermedirio a elevados ao longo do projeto. Destacam-se, como ganhos adicionais, a elevao das relaes interpessoais entre os participantes bem como o estabelecimento de dinmicas sociais que contriburam para o aprendizado dos estudantes. O delineamento metodolgico da pesquisa, bem como os instrumentos de observao elaborados, podem ser adotados para avaliao de outros projetos de trabalho.

    Palavras-chave: Tecnologia Educacional. Pedagogia de Projetos. Ensino Mdio. Observao Estruturada.

  • ABSTRACT

    The research was conducted with the main objective of exploiting possible contributions for educational technology integration, in high school activities, when in the form of a work project. In this sense, the extension project of the Universidade Federal de Lavras, denominated "Lo, o rob de Da Vinci" was investigated. Such project was applied at a public school in Lavras, MG, Brazil, in 2013, with the participation of 20 students organized into four groups and one high school teacher, in addition to a multidisciplinary team of the university. This investigation was characterized as a descriptive-exploratory research, with a case study design and qualitative approach. Printed documental registries, which derive from participant statements and field journals, videos and images were analyzed by means of the content analysis technique. The results point that the Projeto Lo presents conceptual characteristics for the pedagogy of projects, that its application has considerably expanded the use of different types of technologies to study, and this generated the expansion of the use of technological resources in the daily life of the students. It was also observed that most students presented different trajectories in terms of attitudes and the content learning indicators were maintained in intermediate to elevated levels along the project. As additional gains, the elevation of interpersonal relations between participants, as well as the establishment of social dynamics which contribute to the students' learning were highlighted. The methodological design of the research, as well as the elaborated observation instruments, might be adopted for the evaluation of other work projects.

    Keywords: Educational Technology. Project Pedagogy. High School. Structured Observation.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Interao de trs formas de conhecimento (modelo TPaCK) ......... 29

    Figura 2 Frequncia relativa de apontamentos de uso das tecnologias

    pelos participantes do Projeto Lo .................................................. 49

    Figura 3 Grupo de estudantes consultando o material disponibilizado ......... 56

    Figura 4 Tutor A5 em reunio com a equipe no processo de pesquisa

    sobre o tema do projeto ................................................................... 56

    Figura 5 Grupo reunido em debate sob orientao do professor da

    escola bsica que participou do projeto .......................................... 56

    Figura 6 Grupos reunidos sob orientao de um universitrio, estudante

    de engenharia e participante do projeto .......................................... 57

    Figura 7 Estudantes do Projeto visitando os estandes da 1 FEAULT .......... 60

    Figura 8 Estudantes do Projeto Lo em visita ao laboratrio ........................ 61

    Figura 9 Base do barco no incio da construo ............................................ 62

    Figura 10 Medio para a construo do castelo............................................. 64

    Figura 11 Catapulta aps modificaes ........................................................... 64

    Figura 12 Tutor A15 com o prottipo do avio em isopor .............................. 65

    Figura 13 Ensaio do grupo 4 para culminncia ............................................... 67

    Figura 14 Grfico de atitudes observadas nos grupos ..................................... 69

    Figura 15 Grfico de aprendizagem de contedos observada nos grupos ....... 70

    Figura 16 Partes do barco com medidas ao fundo ........................................... 73

    Figura 17 Modelos do morcego elaborado no mbito do projeto do Grupo

    3 ...................................................................................................... 75

    Figura 18 Morcego do Grupo 3 em fase de montagem ................................... 76

    Figura 19 Critrios para avaliao dos produtos desenvolvidos ..................... 77

    Figura 20 Apresentao do trabalho do grupo 1 ............................................. 78

    Figura 21 Apresentao do trabalho do grupo 2 ............................................. 78

  • Figura 22 Apresentao do trabalho do grupo 3 ............................................. 79

    Figura 23 Apresentao do trabalho do grupo 4 ............................................. 79

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ..................................................................................... 131.1 Objetivos ................................................................................................. 181.1.1 Objetivo geral ......................................................................................... 181.1.2 Objetivos especficos .............................................................................. 182 REFERENCIAL TERICO ................................................................ 202.1 Histrico e Tendncias de Aplicao das Tecnologias no Sistema

    Educacional Brasileiro .......................................................................... 202.1.1 A formao de professores no contexto da educao mediada por

    tecnologias .............................................................................................. 282.2 A integrao da tecnologia na escola e a pedagogia de projetos ....... 312.2.1 Pedagogia de projetos ou projetos de trabalho ................................... 323 CONTEXTUALIZAO DA PESQUISA DESCRIO DO

    PROJETO Lo, o rob de da Vinci " ................................................ 363.1 Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012 Forma-Engenharia x

    Projeto Lo O Rob de Da Vinci ....................................................... 374 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ........................................ 424.1 Avaliao e instrumentos avaliativos utilizados como fonte de

    dados ....................................................................................................... 445 OBSERVAES E REFLEXES ...................................................... 475.1 Possveis contribuies decorrentes da integrao de tecnologia

    educacional em atividades escolares do ensino mdio ........................ 475.2 Aproximaes conceituais com a pedagogia de projetos .................... 545.2.1 A escolha do projeto .............................................................................. 555.2.2 Incio do trabalho .................................................................................. 595.2.3 A organizao do trabalho para a realizao do projeto ................... 615.2.4 Desenvolvimento do trabalho ............................................................... 675.2.5 Os contedos trabalhados no projeto .................................................. 715.2.6 A avaliao do projeto ........................................................................... 766 CONSIDERAES FINAIS ................................................................ 82

    REFERNCIAS .................................................................................... 87ANEXOS ................................................................................................ 95

  • 13

    1 INTRODUO

    A educao escolar, em seu contexto atual, est repleta de aes que

    envolvem prticas pedaggicas diferenciadas, tais como a metodologia de

    projetos escolares, que so baseadas em temticas e consideradas formas

    alternativas para a prtica de ensino. Segundo Fernandes (2011), a pedagogia de

    projetos caracteriza-se pela escolha de um projeto mobilizador que se baseia nas

    necessidades e no interesse de um aluno ou de um grupo de alunos, tendo o

    professor como mediador ao longo de todo o processo de ensino e de

    aprendizagem.

    Essa metodologia tem me acompanhado1 desde que cursei a

    especializao em educao ambiental oferecida pelo Centro de Educao a

    Distncia da Universidade Federal de Lavras (CEAD/UFLA). Nessa poca,

    algumas inquietaes me acompanhavam como professora de cincias da rede

    municipal de ensino e foram primordiais para que eu me aproximasse dos

    projetos de trabalho e sua viabilidade no ambiente escolar. Percebi que as aulas

    precisavam ser mais atrativas, interessantes e que utilizar de uma temtica na

    elaborao de um projeto era essencial para que os alunos se sentissem mais

    motivados com as aulas de cincias. O trabalho de concluso de curso da

    especializao foi o meu incio como pesquisadora nesta temtica, uma vez que

    teve como objetivo a anlise da viabilidade e eficcia de projetos ambientais na

    formao dos alunos da escola na qual leciono. Uma pesquisa foi realizada em

    2011, com as minhas turmas de 9 anos do Ensino Fundamental, com base no

    levantamento de trs projetos ambientais, realizados na escola. Verifiquei o

    conhecimento dos alunos sobre as questes ambientais e como possveis agentes

    multiplicadores para a educao ambiental.

    1 Quando for utilizada a primeira pessoa do singular a referncia a pesquisadora.

  • 14

    Ressalta-se que um grande destaque da pedagogia de projetos que esta

    possui um enfoque globalizador (ZABALA, 2002) visto que visa relacionar o

    cotidiano escolar e o currculo com as preocupaes sociais apresentadas pelo

    mundo contemporneo. Logo, identifico-me com a metodologia de projetos de

    trabalho por serem importantes para a minha prtica docente como professora de

    cincias/biologia, uma vez que necessito de atividades globalizadoras que

    envolvam o estudante no processo de ensino-aprendizagem. A disciplina de

    Cincias, no ensino fundamental, requer ateno e participao dos alunos e,

    para isso, a prtica do professor precisa ser contextualizada e interessante para

    os mesmos. Assim, a metodologia de projetos de trabalho tem o enfoque

    globalizador que visa ao de projetar, uma abertura para o desconhecido e a

    flexibilidade para reformular as metas medida que as aes projetadas

    evidenciam novos problemas e dvidas (PRADO, 2005).

    Ao lado disso, percebi que uma das formas de insero das Tecnologias

    da Informao e da Comunicao (TICs), no ambiente escolar, por meio da

    aplicao da pedagogia de projetos. Lima (2012) afirma que as TICs so uma

    potencial contribuio para as escolas pblicas no que diz respeito

    democratizao do acesso de alunos e professores tanto a ferramentas quanto aos

    contedos educacionais de qualidade. Alm disso, a tecnologia, tambm, est

    presente no ambiente familiar. Segundo dados recentes (2009 a 2011), os bens

    durveis, com maior crescimento dentro dos lares brasileiros, foram o

    microcomputador com acesso internet (39,8%), o microcomputador (29,7%) e

    o telefone celular (26,6%) (BRASIL, 2011).

    As TICs sempre me acompanharam desde a graduao at a prtica

    docente, procuro utilizar recursos tecnolgicos de informao e comunicao

    como meio de aproximao, mediao do conhecimento de maneira prtica e

    enriquecedora para o contexto de formao dos alunos. Eles esto familiarizados

    com as TICs uma vez que elas esto presentes na realidade escolar e na famlia,

  • 15

    permitindo acesso s ferramentas tecnolgicas como mediadoras da

    aprendizagem. Conforme afirma Fagundes (2012), as crianas e os jovens do

    novo milnio apresentam uma adaptao natural escola informatizada.

    Portanto, se existe interesse em que as tecnologias proporcionem mais

    possibilidades para a aprendizagem e oportunidades na vida dos alunos, temos

    de comear a enxergar a escola de forma mais ampla, entendendo-a como

    espao de incluso social e digital, levando de fato nossas crianas e jovens a

    aprender mais e melhor (VOSGERAU, 2012).

    Diante do contexto apresentado, considera-se relevante investigar de que

    forma as TICs podem ser trabalhadas na escola, principalmente, quando isso se

    d na forma de projetos e de acordo com o objetivo educacional de preparar o

    jovem para viver, de maneira autnoma, em sociedade (DWYER et al., 2007).

    Ao lado disso, observa-se que empresas e universidades tm buscado fomentar,

    juntamente com rgos de pesquisa, a realizao de projetos de cunho

    educacional que objetivem a preparao de jovens para a sociedade, bem como

    sua qualificao profissional.

    Como professora na rede municipal de ensino em Lavras/MG e

    pesquisadora na linha de pesquisa educao mediada por tecnologias pelo

    mestrado profissional em educao, pude me aproximar de alguns projetos

    interessantes, sendo um desses o Lo, o rob de Da Vinci um projeto

    Multidisciplinar que tornou-se foco de meu interesse como pesquisadora, visto

    que apresentava interfaces com a pedagogia de projetos e com a aplicao de

    recursos tecnolgicos para fins educacionais.

    Tal projeto uma ao de extenso da Universidade Federal de Lavras

    (UFLA), realizado por meio do Departamento de Engenharia e Curso de

    Engenharia de Automao e Controle, em parceria com o Departamento de

    Educao, Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    (CNPq) e a Companhia Vale (VALE). Visou criar meios para incentivar jovens

  • 16

    a cursarem a engenharia, desmitificando a barreira que a matemtica e a fsica

    no ensino fundamental e mdio oferecem para a escolha profissional.

    O projeto Lo, como passou a ser tratado pelos participantes,

    apresentou como objetivo geral utilizar o exemplo de Leonardo Da Vinci (1452-

    1519) mais conhecido por pinturas como a Mona Lisa" e a "ltima Ceia" e

    que apresentava, tambm, uma notria atuao cientfica, especialmente ligada

    s solues de engenharia para problemas cotidianos como base para a

    motivao de jovens interessados em ingressar na universidade e jovens recm

    ingressados em cursos de Engenharia (BRAGA JNIOR, 2012). Utilizar o

    exemplo de Leonardo da Vinci foi uma estratgia para mostrar que a engenharia

    somente pode ser realizada se aliar s reas de matemtica e fsica com uma

    viso holstica do ambiente que nos cerca, apresentando, dessa forma, uma viso

    multidisciplinar. Tal perspectiva permite enriquecer a construo dos projetos

    das equipes, dar-lhes motivao para desenvolver atividades relacionadas com a

    engenharia e para a possvel integrao das tecnologias da informao e

    comunicao na construo dos trabalhos.

    O projeto foi realizado em uma escola pblica, no municpio de

    Lavras/MG, com participao de um grupo de 20 (vinte) estudantes e 2 (dois)

    professores do ensino mdio. Pela metodologia de trabalho estabeleceu-se que

    equipes de alunos elaborassem e executassem pequenos projetos com temtica

    ancorada na obra e vida de Leonardo da Vinci, nas reas de Cincias da

    Natureza, Artes, Matemtica e Engenharia.

    Diante do panorama j apresentado em relao s interaes entre

    tecnologias de informao e comunicao e a escola, bem como as

    caractersticas de projeto de interveno no ambiente escolar, alguns

    questionamentos emergiram em relao ao projeto Lo: quais contribuies esse

    tipo projeto apresenta para a formao dos jovens no contexto educacional

  • 17

    atual? Como a utilizao de recursos tecnolgicos aplicados ao projeto promove

    a aproximao com a rea de formao tecnolgica?

    Na busca por respostas, esta pesquisa visa analisar, com base em

    elementos conceituais e na aplicao da pedagogia de projetos que se utilizem da

    tecnologia educacional como fator articulador/motivador de aes, o percurso de

    realizao e os resultados obtidos pelo Projeto Lo. Alm disso, busca-se

    investigar possveis consequncias da participao de estudantes e professores

    para as atividades escolares rotineiras. Diante do exposto, este trabalho se

    justifica por seu alcance de observao da dimenso prtica e aplicada do que

    ocorre em um projeto de extenso universitria realizado no contexto escolar da

    educao bsica.

    Analisar o Projeto Lo o rob de Da Vinci nos remete a Lopes

    (2011), quando afirma que as novas pesquisas referentes atuao dos

    professores, principalmente, no que diz respeito utilizao das TICs e suas

    implicaes no processo de aprendizagem, tm fomentado no campo da

    literatura a necessidade de se investigar os processos de ensino e aprendizagem.

    Para apresentar o trabalho desenvolvido, este relatrio tcnico foi

    organizado em 6 captulos. No primeiro, apresentada a introduo com

    contextualizao, justificativas e objetivos da investigao. No captulo 2, so

    reunidos os elementos conceituais e o referencial terico do trabalho,

    organizados considerando o Histrico da Educao Mediada por Tecnologias,

    das Tecnologias e a atuao docente; da Formao de Professores no contexto da

    Educao Mediada por Tecnologias; da integrao da tecnologia educacional na

    escola e da Pedagogia de Projetos. Na sequncia, o captulo 3 apresenta a

    Contextualizao da Pesquisa, com a descrio detalhada do Projeto Lo, o

    Rob de Da Vinci, e, no captulo 4, os procedimentos metodolgicos utilizados

    como anlise da realizao e resultados. Posteriormente, no captulo 5, so

    apresentadas as observaes e reflexes, incluindo as anlises dos relatrios,

  • 18

    notas de campo, transcries de entrevistas e outras fontes de dados geradas

    durante a realizao do projeto. No encerramento do relatrio so apresentadas

    as consideraes finais.

    1.1 Objetivos

    Retomando os questionamentos apresentados na introduo deste

    relatrio, quais sejam: quais contribuies um projeto multidisciplinar como o

    Lo, o rob de Da Vinci apresenta para a formao de jovens no contexto

    educacional atual? Como a utilizao de recursos tecnolgicos aplicados ao

    projeto promove a aproximao com a rea de formao tecnolgica? A presente

    investigao delineada por meio de objetivos geral e especficos, apresentados

    a seguir.

    1.1.1 Objetivo geral

    Explorar possveis contribuies que sejam decorrentes da integrao de

    tecnologia educacional em atividades escolares do ensino mdio, quando isso se

    d na forma de um projeto de trabalho.

    1.1.2 Objetivos especficos

    a) Reunir, com base em reviso bibliogrfica, elementos conceituais e

    de aplicao no ensino mdio, da pedagogia de projetos, que se

    caracterizem como multidisciplinares e se utilizem da tecnologia

    educacional;

    b) Descrever a execuo do projeto Lo, o rob de da Vinci no

    contexto escolar do ensino mdio;

  • 19

    c) Investigar eventuais contribuies que sejam decorrentes da

    integrao de tecnologia educacional com as atividades escolares;

    d) Comparar os resultados identificados com as informaes obtidas na

    reviso bibliogrfica buscando possveis aproximaes conceituais

    com a pedagogia de projetos.

  • 20

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 Histrico e Tendncias de Aplicao das Tecnologias no Sistema

    Educacional Brasileiro2

    As primeiras iniciativas do uso das tecnologias na educao se deram h

    mais de 40 anos no Brasil, quando comearam, na dcada de 1970, as primeiras

    experincias em algumas universidades federais. De acordo com Valente (1997),

    na UFRJ, em 1973, o Ncleo de Tecnologia Educacional para a Sade e o

    Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional (NUTES/CLATES) usou

    o computador no ensino de Qumica, para realizar simulaes. Na UFRGS,

    nesse mesmo ano, realizaram-se algumas experincias usando simulao de

    fenmenos de fsica com alunos de graduao. J na UNICAMP, em 1974, foi

    desenvolvido um software, tipo CAI (instruo apoiada de computador), para o

    ensino dos fundamentos de programao da linguagem BASIC, usado com os

    alunos de ps-graduao em Educao.

    Ainda, de acordo com Valente (1997), em 1975, foi produzido o

    documento "Introduo de Computadores no Ensino do 2 Grau", financiado

    pelo Programa de Reformulao do Ensino (PREMEN/MEC) e, nesse mesmo

    ano, aconteceu a primeira visita de Seymour Papert e de Marvin Minsky

    (pesquisadores do M.I.T Instituto de Tecnologia de Massachussets) ao pas, os

    quais lanaram as primeiras sementes de utilizao do Logo, uma linguagem de

    programao que foi desenvolvida no Massachusetts Institute of Technology

    (MIT), Boston E.U.A., pelo Professor Seymour Papert (PAPERT, 1980). Como

    linguagem de programao, o Logo serve para nos comunicar com o

    computador. Entretanto, ela apresenta caractersticas especialmente elaboradas

    2 Tpico publicado como artigo, com mesmo ttulo (CARDOSO; AZEVEDO;MARTINS, 2013).

  • 21

    para implementar uma metodologia de ensino baseada no computador

    (metodologia Logo) e para explorar aspectos do processo de aprendizagem.

    Assim, o Logo tem duas razes: uma computacional e a outra pedaggica. Do

    ponto de vista computacional, as caractersticas do Logo que contribuem para

    que ele seja uma linguagem de programao de fcil assimilao so: explorao

    de atividades espaciais, fcil terminologia e capacidade de criar novos termos ou

    procedimentos (VALENTE, 1997).

    No entanto, a implantao do programa de informtica na educao no

    Brasil iniciou-se com o primeiro e segundo Seminrio Nacional de Informtica

    em Educao, realizado, respectivamente, na Universidade de Braslia em 1981

    e na Universidade Federal da Bahia em 1982.

    Esses seminrios estabeleceram um programa de atuao que originou o

    EDUCOM, que possua uma sistemtica de trabalho diferente de quaisquer

    outros programas educacionais iniciados pelo MEC. De acordo com Moraes

    (1997), o projeto pretendia produzir uma filosofia diferente ao uso do

    computador na educao, nas reas de Matemtica, Fsica, Qumica, Biologia e

    Letras (Lngua Portuguesa). A proposta era de que o computador passasse a ser,

    fundamentalmente, uma ferramenta para a aprendizagem, no uma mquina de

    ensinar. Nesta tica, a aprendizagem que decorre do uso adequado do

    computador na educao passaria a ser uma aprendizagem por explorao e

    descoberta, sendo dado ao aluno, neste processo, o papel ativo de construtor de

    sua prpria aprendizagem.

    Considerando os resultados do Projeto EDUCOM, o MEC criou, em

    1986, o Programa de Ao Imediata em Informtica na Educao de 1 e 2 grau,

    destinado a capacitar professores (Projeto FORMAR) e a implantar

    infraestruturas de suporte nas secretarias estaduais de educao (Centros de

    Informtica Aplicada Educao de 1 e 2 grau - CIED), escolas tcnicas

  • 22

    federais (Centros de Informtica na Educao Tecnolgica - CIET) e

    universidades (Centro de Informtica na Educao Superior - CIES).

    A base terica sobre informtica educativa no Brasil acumulada at 1989

    possibilitou ao MEC instituir, por meio da Portaria Ministerial n. 549/89, o

    Programa Nacional de Informtica na Educao - PRONINFE, com o objetivo

    de

    desenvolver a informtica educativa no Brasil, por atividades e projetos articulados e convergentes, apoiados em fundamentao pedaggica, slida e atualizada, de modo a assegurar a unidade poltica, tcnica e cientfica imprescindvel ao xito dos esforos e investimentos envolvidos (MORAES, 1993, p. 25).

    Em 1997, foi iniciada a primeira verso do PROINFO, Programa

    Nacional de Informtica na Educao, elaborado pelo MEC, com a proposta do

    governo de inserir a tecnologia de informtica nas escolas da rede pblica de

    ensino. De acordo com Quartiero (2007), em um primeiro momento, o objetivo

    do programa era de implantar uma poltica de informatizao educativa e de

    criao de centros de pesquisa e capacitao na rea. Em um segundo momento,

    era de levar, finalmente, o computador para dentro do espao escolar. O

    PROINFO, que continua em vigor at hoje em muitas escolas do pas, passou

    por vrias fases, enfrentou mudanas de governo e perdura. Neste contexto,

    programas e iniciativas governamentais para a implantao de novas tecnologias

    nas escolas j existem h anos no Brasil.

    Compreender esse histrico permite avanar na utilizao do

    computador como tecnologia no processo de ensino e aprendizagem, porm,

    pelas formas de uso e utilizao do computador no ambiente escolar percebem-

    se focos ou vertentes de ensino que precisam ser debatidos e (re)pensados para

    atuao do professor na sala de aula.

  • 23

    No contexto internacional, o marco inicial do uso de dispositivos

    tecnolgicos na educao se deu com Skinner, na dcada de 1960, que elaborou

    uma proposta de ensino por meio das tecnologias, desenvolvendo as mquinas

    de ensinar. As mquinas eram programadas com vrios exerccios que

    deveriam ser respondidos por cada aluno. Cada resposta correta era corrigida na

    mesma hora (reforo imediato) e cada aluno resolvia os mdulos (grupo de

    exerccios) em seu tempo (CARVALHO, 2009). O professor atuava como um

    monitor, tirando dvidas e explicando apenas o necessrio para cada mdulo. E

    os alunos eram considerados elementos para quem o material preparado. Os

    objetivos eram operacionalizados e a metodologia tinha destaque nas instrues

    programadas, recursos multimdia, mdulos instrucionais e mquinas de ensinar

    (MARTINS, 2000).

    Valente (1997) afirma que o computador pode ser usado na educao

    como mquina de ensinar ou como mquina para ser ensinada. O uso do

    computador como mquina de ensinar consiste na informatizao dos mtodos

    de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedaggico esse o paradigma

    instrucionista.

    Ainda, de acordo com o autor, quando as informaes incorporadas no

    computador so passadas ao aluno na forma de um tutorial ou exerccios com o

    objetivo de verificar se a informao foi retida, caracteriza-se um sistema de

    ensino instrucionista. A tarefa de administrar o processo de ensino pode ser

    executada pelo computador, livrando o professor da tarefa de correo de provas

    e exerccios.

    A palavra instrucionismo expressa algo bastante diferente de pedagogia,

    ou a arte de ensinar. Ela deve ser entendida em um nvel mais ideolgico ou

    programtico com a crena de que o aperfeioamento da instruo seja o

    caminho para a melhor aprendizagem (PAPERT, 2008). Contrapondo a viso

    instrucionista, pode-se ressaltar a viso construcionista do uso do computador.

  • 24

    A abordagem construcionista foi desenvolvida pelo pesquisador em

    Educao e Tecnologias da Informtica, Seymour Papert, desde a

    implementao da linguagem Logo.

    Para Papert (2008), na atitude construcionista a meta ensinar de forma

    a produzir maior aprendizagem com base no mnimo de ensino sobre a

    suposio de que as crianas faro melhor descobrindo por si mesmas. Saymour

    Papert foi um dos pioneiros no desenvolvimento de pesquisas relacionadas

    educao com o uso de computadores e influenciou o comeo das pesquisas e

    projetos relacionados ao incio da implantao da educao, por meio de

    computadores, realizados no Brasil na dcada de 1970.

    Diante desse contexto, discutir as tendncias de investigao no campo

    das tecnologias remete necessidade de explicitar os entendimentos de

    pesquisadores sobre este campo. E, nessa procura, percebem-se os diferentes

    enfoques e, consequentemente, diferentes linhas de pesquisa e formas algumas

    vezes antagnicas de pensar a aplicao de recursos tecnolgicos educao.

    Blikstein e Zuffo (2003) explicitam que, cada vez mais, est ocorrendo a

    valorizao da interao e da troca de informaes entre professores e alunos, o

    que coloca de lado a educao como modelo de transmisso da informao

    unidirecional. Embora a maioria dos educadores demonstre o desejo de uma

    educao voltada para a valorizao da criatividade dos alunos, de currculos

    no padronizados, da posio ativa do aluno no processo de ensino e

    aprendizagem, as respostas concretas a esses desafios so consideradas raras e

    difusas (BLIKSTEIN; ZUFFO, 2003). Diante dessas afirmaes, fundamental

    acreditar que no basta introduzir as tecnologias no ambiente escolar,

    necessrio pensar como elas esto disponibilizadas e como seu uso pode desafiar

    as estruturas existentes em vez de refor-las. A respeito disso Papert (2001, p.

    2) afirma que a tecnologia no a soluo, somente um instrumento. Logo, a

  • 25

    tecnologia por si no implica em uma boa educao, mas a falta de tecnologia,

    automaticamente, implica uma m educao.

    Ainda, de acordo com Blikstein e Zuffo (2003), as tecnologias causam

    deslumbramento em seus usurios, no caso da educao aos professores,

    gestores e estudantes, pois elas passam a falsa impresso de que podem resolver

    os problemas da educao. Porm, importante a valorizao do aluno como ser

    ativo no processo de ensino e aprendizagem, pois para que servem as

    tecnologias se forem para continuar a executar receitas de passo a passo,

    enfatizando a educao tradicional e bancria? As tecnologias na educao

    devem ser utilizadas para facilitar a aprendizagem de conceitos pelos alunos,

    bem como contribuir para o desenvolvimento de habilidades cognitivas como

    elaborao de hiptese, resoluo de problemas, interpretao de dados, entre

    outros (SOUZA; MOITA; CARVALHO, 2011).

    Outro ponto de vista o de Dwyer et al. (2007), que fizeram uma

    pesquisa, utilizando os dados do SAEB (Sistema de Avaliao da Educao

    Bsica), para verificar o desempenho de alunos da 4 e 8 sries do ensino

    fundamental e do 3 ano do ensino mdio, e a relao deste desempenho com o

    uso de computadores. Os autores relatam que h uma forte crena ligada aos

    benefcios das TICs, para a educao no Brasil, pois por meio de uma reviso

    bibliogrfica notaram que a maioria dos pesquisadores parte da hiptese de que a

    utilizao das tecnologias nas escolas e nas aulas est associada a uma melhora

    no desempenho escolar desses alunos. Entretanto, em suas pesquisas,

    encontraram resultados contrrios ao esperado. Pela pesquisa demonstrou-se que

    o uso do computador (seja na escola, em casa, no trabalho, ou em outro local)

    no associado a uma melhoria uniforme do desempenho escolar do aluno, uma

    vez que Dwyer observou especificar a relao uso do computador versus

    desempenho acadmico, o que um recorte de uma TICs espec fica.

  • 26

    Pelos resultados da pesquisa de Dwyer et al. (2007), tambm,

    demonstra-se a necessidade de promover o uso de computadores para melhorar o

    desempenho escolar, isso porque a ausncia do uso associada a piores

    resultados do que o uso. Eles, tambm, analisaram a influncia da classe social

    dos alunos e chegaram concluso de que alunos de classes sociais mais pobres,

    mesmo com o uso do computador, pioram seu desempenho nas disciplinas de

    portugus e matemtica. Tal resultado deve ser relativizado quando as

    tecnologias so aplicadas no contexto metodolgico da pedagogia de projetos.

    Concluram, ento, que os resultados encontrados levam a uma reflexo

    importante sobre o papel do computador no ambiente escolar, sobretudo, para os

    alunos de baixa renda. Por isso, importante sempre repensar a posio que os

    professores esto tendo em relao s TICs. de fundamental importncia ter a

    conscincia de que as tecnologias no melhoram o desempenho dos alunos se

    no vierem acompanhadas de posturas construtivistas, que ajudem os alunos a

    construrem conhecimento com base em situaes que os faam refletir sobre o

    mundo que os cercam.

    Gutierrez (2004, p. 57) afirma que muitos autores veem no

    desenvolvimento tecnolgico mais problemas do que possibilidades de uma vida

    melhor para o indivduo. E a repulsa tecnologia se baseia, principalmente, na

    crena de que ela um fim e no um meio. Postman (1994), ao analisar o

    impacto das novas tecnologias na cultura, acredita que elas alteram a ordem

    natural das coisas, mudam hbitos e o sentido do que real. Ele afirma que as

    tecnologias criam pessoas passivas e alienadas. E vai mais longe com sua crtica

    aos adeptos das tecnologias, considerando-os como profetas de um olho s que

    veem apenas o que as novas tecnologias podem fazer e so incapazes de

    imaginar o que elas iro desfazer (POSTMAN, 1994, p. 15). Define, ainda, os

    deslumbrados pela tecnologia como tecnfilos, os quais acreditam que elas

    so perfeitas e resolvero todos os problemas do mundo.

  • 27

    Cysneiros (1999, p. 20) afirma desde minhas primeiras incurses pela

    literatura sobre as TICs, aplicadas ou no educao, tenho tido a impresso de

    caminhar sobre um grande mosaico de pedras desconexas, de formas e tamanhos

    diversos. O autor faz essa analogia tentando evidenciar a multiplicidade das

    tecnologias, com deficincia de abordagens coerentes, que demonstrem comeo,

    meio e aponte para algum fim.

    Para Rezende (2002, p. 1), a tecnologia educacional no ir resolver os

    problemas da educao, que so de natureza social, poltica, ideolgica,

    econmica e cultural, mas essa constatao no nos pode deixar sem ao frente

    introduo das inovaes tecnolgicas no contexto educacional. Por isso,

    necessrio continuar pesquisando e realizando projetos sobre o que as

    tecnologias podem contribuir educao, para que tenhamos condies de

    formar uma viso crtica fundamentada sobre o seu uso.

    Assim, Santos, Kiouranis e Silveira (2011) apontam que importante

    salientar que, sem o engajamento e a devida preparao dos professores, o uso

    das TICs na educao ser apenas mais uma inovao que reproduz as velhas

    metodologias tradicionais de sempre. Por isso, necessrio que os professores

    estejam preparados para lidar com as tecnologias, capacitando-os para lidar com

    elas e para ter o discernimento de escolher as mais adequadas ao seu meio.

    Frente a esse histrico de aplicao das tecnologias, ressalta-se a

    divergncia entre as vrias vises sobre o uso das tecnologias na informao e

    comunicao no ambiente escolar. Considera-se, no contexto do presente

    trabalho, que as tecnologias so essenciais para o enriquecimento da prtica

    docente, contribuindo para as aulas atrativas e dinmicas, contudo, essa

    realidade s possvel por meio de uma postura docente que fomente a

    aprendizagem crtica do estudante frente a sua realidade sciocultural. Alm

    disso, necessrio que o professor saiba escolher o recurso tecnolgico mais

  • 28

    adequado para a sua rotina escolar, o que culmina na reflexo crtica sobre a sua

    prpria prtica pedaggica.

    2.1.1 A formao de professores no contexto da educao mediada por

    tecnologias

    Segundo Sampaio e Coutinho (2011), vrios pesquisadores que analisam

    e estudam sobre a utilizao das tecnologias nas escolas esto dando nfase

    proposta de aplicao das tecnologias nas salas de aulas com uma viso de

    integrao do contedo com a tecnologia e a prtica pedaggica. Contudo, so

    estudos recentes no Brasil e, de acordo com os mesmos autores (SAMPAIO;

    COUTINHO, 2011, p. 141), trata-se de constataes empricas que resultam de

    muito trabalho de investigao que vem sendo realizado no terreno educativo,

    mas ao qual tem faltado referencial terico que fundamente a investigao e

    unifique a terminologia usada pelos diferentes investigadores.

    No sentido de preencher esta lacuna, de acordo com Coutinho (2011), a

    apresentao formal de um modelo que integra os trs conhecimentos que

    caracterizam a integrao das TICs pelos professores na sala de aula cientfico,

    pedaggico e tecnolgico foi apresentada em 2006 por Punya Mishra e

    Matthew Koehler que o denominaram de TPCK e mais tarde de TPaCK. De

    acordo com Salvador, Rolando e Rolando (2010), para ocorrer um bom

    aprendizado, necessria uma compreenso de como a tecnologia vai se

    relacionar com a pedagogia e contedo, proposta do TPaCK.

    Pelo conceito TPaCK considera-se que as aes do professor em relao

    s tecnologias devem ser multifacetadas. E uma boa combinao para a

    integrao das TICs ao currculo, de acordo com o modelo TPaCK,

    considerando uma mistura balanceada de conhecimentos no nvel cientfico, ou

  • 29

    dos contedos, no nvel pedaggico e, tambm, no nvel tecnolgico

    (KOEHLER; MISHRA, 2008 apud SAMPAIO; COUTINHO, 2011).

    A figura 1, de Sampaio e Coutinho (2011), representa o conceito de

    TPaCK, como sendo o resultado da interseo do conhecimento de um

    professor em trs nveis: conhecimento dos contedos curriculares, dos mtodos

    pedaggicos e, ainda, as competncias de nvel tecnolgico.

    Figura 1 Interao de trs formas de conhecimento (modelo TPaCK)

    Logo, o TPaCK envolve uma compreenso da complexidade das

    relaes entre alunos, professores, contedo, tecnologias e prticas. O TPaCK

    combina as relaes entre o conhecimento do contedo (assunto que de ser

    ensinado), conhecimento tecnolgico (computadores, Internet, vdeo digital ) e

  • 30

    pedaggico do conhecimento (prticas, processos, estratgias, procedimentos e

    mtodos de ensino e aprendizagem) (ARCHAMBAULT; CRIPPEN, 2009).

    Sampaio e Coutinho (2012) consideram o TPaCK uma compreenso das

    tcnicas pedaggicas que possibilitam que as tecnologias sejam usadas para a

    construo do saber por parte do aluno e no apenas como um apoio para

    ensinar. J, Archambault e Crippen (2009) analisam o modelo como um mtodo

    avaliativo e de pesquisa, que refora a autonomia dos alunos e auxilia na

    resoluo de problemas.

    O professor precisa ser capaz de tomar decises fundamentadas em suas

    atividades de ensino e aprendizagem com as tecnologias, o que implica

    (SAMPAIO; COUTINHO, 2012):

    a) escolha dos objetivos de ensino;

    b) decises a serem tomadas em nvel pedaggico levando em

    considerao a natureza da experincia de aprendizagem;

    c) seleo e sequncia das atividades de ensino;

    d) seleo das estratgias de avaliao formativa e somtica mais

    adequadas ao tipo de estratgia pedaggica adotada;

    e) seleo dos recursos e ferramentas que melhor auxiliem os alunos a

    melhor beneficiar-se das atividades de ensino planejadas.

    As competncias propostas pelo TPaCK so necessrias para o docente

    ser capaz de introduzir as tecnologias e para inovar suas prticas em sala de aula

    com as TICs. na interseco desse s trs componentes que o professor pode se

    tornar capacitado para inovar, abandonando a prioridade do tecnolgico e dando

    nfase ao pedaggico (FERNANDES; MEIRINHOS, 2012).

    O modelo do TPaCK pode fazer-nos refletir sobre o atual contexto em

    que se encontram as escolas do nosso pas, onde, de acordo com Fernandes e

  • 31

    Meirinhos (2012), a inovao com TIC muito limitada, ao mesmo tempo em

    que parecem reafirmar prticas onde a tecnologia se coloca a servio de uma

    velha metodologia tradicional. O modelo, tambm, parece ser interessante para

    que a comunidade escolar e mais especificamente a direo das escolas, utilize-o

    no momento de elaborar o projeto educativo e de promover o uso das TICs no

    contexto escolar.

    Diante dos estudos relacionados educao mediada pela tecnologia,

    alguns autores apresentam opinies diferentes, mas necessrio lembrar que as

    tecnologias esto cada vez mais presentes na sociedade e a educao no pode se

    opor diante disso. Portanto, so de fundamental importncia pesquisas, projetos

    e estudos que proponham a utilizao das TICs com efetividade na educao e

    na prtica docente.

    2.2 A integrao da tecnologia na escola e a pedagogia de projetos

    Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) justificam a adoo de

    tecnologias no ensino, dentre outras razes, pelas transformaes provocadas

    pelas TICs na configurao da sociedade atual. Por um lado tem-se a insero da

    tecnologia no dia a dia da sociedade, o que direciona os indivduos para a

    necessidade de aprender como bem us-la; por outro lado, tem-se nessa mesma

    tecnologia um recurso que pode subsidiar o processo de aprendizagem

    (BRASIL, 2000).

    Diante dessa realidade, existe a possibilidade da articulao das

    tecnologias para o ensino mais contextualizado s demandas da sociedade, tal

    como descreve a literatura da rea. Joly e Martins (2008) apontam a necessidade

    de se pesquisar as relaes entre uso de tecnologia, as habilidades cognitivas e o

    desempenho acadmico dos estudantes. Tal estudo prope a orientao de

    atividades educacionais, utilizando TIC com base em um possvel diagnstico de

  • 32

    insucessos ou dificuldades em relao ao uso das tecnologias em atividades

    escolares.

    Moran, Masseto e Behrens (2000) consideram que os alunos devem

    estar preparados para utilizar as TICs em sala de aula, ultrapassando o papel de

    repetidor dos ensinamentos do professor, deixando de ser um sujeito passivo,

    tornando-se crtico e atuante, capaz de organizar, analisar, refletir e elaborar seu

    conhecimento. Tal proposio est de acordo como o que aponta Vosgerau

    (2012), quando afirma que as diversas tecnologias entre elas a Internet com

    seus infinitos recursos oferecem meios para que a colaborao e as

    aprendizagens decorrentes delas ultrapassem os limites da sala de aula.

    Assim, se antes precisvamos de um professor que integrasse o

    computador ao seu trabalho pedaggico, hoje a atuao est mais para a de um

    maestro que harmonize todos os sons e ritmos que se misturam no espao

    escolar, emitidos por aqueles que desejam se inserir e aqueles que j esto

    inseridos nesse mundo virtualizado (VOSGERAU, 2012).

    Logo, percebe-se que as tecnologias, dependendo da forma como so

    utilizadas no contexto escolar, podem facilitar e dinamizar o processo

    educacional. Para isso, necessrio que os profissionais se sintam capacitados

    para utilizarem as mesmas. Uma das formas de insero das tecnologias no

    contexto escolar que permitem maior interao entre os saberes tecnolgicos do

    professor e dos estudantes por meio de projetos de trabalho, baseados na

    pedagogia de projetos.

    2.2.1 Pedagogia de projetos ou projetos de trabalho

    Inserir as tecnologias educacionais ou Tecnologias da Informao e

    Comunicao (TICs) no ambiente escolar apresenta diversos meios como as

    diversas mdias e at uma metodologia de ensino, no caso, a pedagogia de

  • 33

    projetos" ou projetos de trabalho. Prado (2005) afirma que, mesmo que a

    pedagogia de projetos constitua um novo desafio ao professor, pode viabilizar ao

    aluno um modo de aprender, baseado na integrao entre contedos das vrias

    reas do conhecimento e entre diversas mdias (computador, televiso, livros)

    disponveis no contexto escolar.

    Para melhor compreenso, no contexto da presente investigao, o termo

    projeto envolve a antecipao de algo desejvel e a ideia de pensar uma

    realidade que, ainda, no aconteceu. A origem da palavra deriva do latim

    projectus, que significa algo lanado para frente (PRADO, 2005).

    A introduo dos Projetos de Trabalho foi planejada como uma forma de

    vincular a teoria com a prtica na busca por objetivos como o sentido de

    globalizao, que introduzir uma nova maneira de fazer do professor e gerar

    uma srie de mudanas na organizao dos conhecimentos escolares

    (HERNNDEZ; VENTURA, 1998).

    A discusso em torno dessa metodologia foi iniciada no Brasil a partir

    da dcada de 1930 com Ansio Teixeira e Loureno Filho, ambos idealistas da

    Escola Nova (OLIVEIRA; VENTURA, 2005).

    Conforme Teixeira (1977), John Dewey marcou os rumos e balizou as

    linhas para essa marcha da inteligncia experimental por novos campos, marcha

    que nos h de dar uma nova ordem, mais humana que tudo conhecido at hoje.

    Branco (2010) afirma que a teoria educativa de Dewey baseia-se numa

    concepo da natureza humana, marcada pela plasticidade, abertura e,

    fundamentalmente, pelas suas interaes sociais. Basicamente, considerando a

    interao e experincia, a metodologia de projetos configura-se, ento, como um

    mtodo de ensino e de aprendizagem alternativo a um ensino abstrato e

    transmissivo, desligado dos interesses e das necessidades dos alunos

    (KILPATRICK, 2006).

  • 34

    A inteligncia experimental descrita por John Dewey, assim como a

    interao e experincia defendidas por Kilpatrick, so, tambm, reforadas por

    Larrosa-Bonda (2002) como essenciais para a aprendizagem. Larrosa-Bondia

    (2002) afirma que a experincia e o saber permitem que nos apropriemos de

    nossa prpria vida. Afirma, tambm, que no se pode antecipar o resultado de

    uma experincia vivida e que essa no o caminho at um objetivo previsto,

    mas uma abertura para o desconhecido contribuindo para a capacidade de

    formao ou de transformao do sujeito.

    Portanto, o ensino baseado nos fatos e experincias, como tambm em

    atividades pessoais que surgem dos interesses espontneos do aluno. A

    autoridade imposta d lugar a uma prtica voltada para o senso crtico e para a

    liberdade. O aluno se envolve e estimulado a investigar, formular hipteses e

    tomar decises, tornando-se sujeito de seu prprio conhecimento. De outra

    forma, o professor passa a no ser mais o nico responsvel pela aprendizagem

    daquele, tornando-se, por certo, um pesquisador e orientador do conhecimento

    baseado nas necessidades observadas dentro desse processo.

    Dessa forma, permitido ao aluno se apoderar de diferentes habilidades,

    como expe Dewey (1997, p. 318): [...] confiando uma responsabilidade muito

    maior aos prprios estudantes [...] d tambm a possibilidade de suscitar a

    curiosidade dos alunos e de proporcionar-lhes mtodos adequados para a

    descoberta das coisas.

    Outro aspecto da pedagogia de projetos que merece destaque a

    caracterstica da interdisciplinaridade que a conjuno de diferentes

    disciplinas, principalmente, nas sries finais do Ensino Fundamental e no Ensino

    Mdio que apresenta o enfoque de oferecer uma resposta necessidade de

    mostrar e ensinar aos alunos a unidade do saber (HERNNDEZ; VENTURA,

    1998). Assim, por essas caractersticas apresentadas, Hernndez e Ventura

    (1998, p. 22) refora, ainda, que a pedagogia de projetos estabelece conexes,

  • 35

    gera transformaes, explora caminhos alternativos e dialoga com outros

    projetos. Nesse contexto, observam-se possibilidades e ganhos para a realidade

    escolar.

    Prado (2005) afirma que, na pedagogia de projetos, o aluno aprende no

    processo de produzir, levantar dvidas, pesquisar e criar relaes que incentivam

    novas buscas, descobertas, compreenses e reconstrues do conhecimento.

    Portanto, a atuao do professor nessa perspectiva a de criar situaes de

    aprendizagem cujo foco incida sobre as relaes que se estabelecem nesse

    processo.

    Percebe-se, dessa forma, que podem existir vantagens no fazer

    pedaggico com base em projetos e que o papel da tecnologia pode ser o de uma

    aliada importante, justamente porque permite novas formas de interpretar e

    representar o conhecimento. Ao lado disso, embora a tecnologia seja um

    elemento da cultura bastante expressivo, ela precisa ser devidamente

    compreendida em termos das implicaes do seu uso no processo de ensino e

    aprendizagem onde permite ao professor integr-la prtica pedaggica

    (PRADO, 2005).

    Logo, para a compreenso de situaes de aprendizagem, integrando as

    tecnologias educacionais na escola, observa-se no Projeto Lo, o rob de Da

    Vinci um projeto multidisciplinar, a oportunidade de um fazer pedaggico

    por meio da metodologia de projeto, utilizando a tecnologia como principal

    aliada.

  • 36

    3 CONTEXTUALIZAO DA PESQUISA DESCRIO DO

    PROJETO LO, O ROB DE DA VINCI"

    De acordo com o objetivo educacional do Art. 22 da Lei de Diretrizes e

    Bases (LDB), a educao garante o desenvolvimento do educando para o

    exerccio da cidadania e meios para progredir no trabalho e estudos posteriores

    (BRASIL, 1996). Utilizar projetos, nessa perspectiva, contribui para motivar os

    alunos no contexto de uma futura profisso, o que se verifica para a realidade de

    empresas e universidades que buscam junto aos rgos de fomento

    financiamento para a execuo de projetos.

    Dessa forma e para a aplicao da tecnologia educacional no ensino

    mdio, analisa-se o Lo, o rob de da Vinci Um Projeto Multidisciplinar

    como uma ao de extenso da Universidade Federal de Lavras (UFLA),

    financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e

    Tecnolgico (CNPq) e pela Companhia Vale (VALE). O projeto apresenta como

    objetivo geral, usar o exemplo de Leonardo Da Vinci (1452-1519) um pintor

    italiano da poca renascentista com obras de destaque como a Mona Lisa" e a

    "ltima Ceia" tendo-o como base para a motivao de jovens interessados em

    entrar na Universidade e jovens recm ingressados no curso de Engenharia

    (BRAGA JNIOR, 2012). Tal projeto foi aplicado em uma escola pblica no

    municpio de Lavras/MG, com participao de um grupo de 20 (vinte)

    estudantes e 2 (dois) professores do ensino mdio. Pela metodologia adotada

    props-se que equipes de alunos elaborassem e executassem pequenos projetos

    com a temtica baseada na obra e vida de Leonardo da Vinci, nas reas de

    Cincias da Natureza, Artes, Matemtica e Engenharia.

    Segundo o Edital que originou o projeto (apresentado no tpico a

    seguir), um dos fatores que justificaram a aplicao das atividades financiadas

    foi a necessidade de profissionais formados em engenharia, uma vez que

  • 37

    estudantes do ensino mdio tm uma viso equivocada da carreira de

    engenheiro, o que se verifica pela resistncia com as disciplinas de Fsica e

    Matemtica. Assim, um dos objetivos do projeto Lo a quebra de paradigmas e

    a transversalizao dos contedos como motivao para a rea de engenharia,

    especificamente, a engenharia de automao (BRAGA JNIOR, 2012).

    Portanto, para compreender melhor a estrutura do projeto Lei luz dos

    critrios e objetivos da Chamada CNPq/VALE S.A. n 05/2012, ser apresentada

    uma anlise dos elementos estruturantes do projeto e dos critrios do edital,

    tendo como referencial os elementos conceituais da pedagogia de projetos.

    3.1 Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012 Forma-Engenharia x Projeto

    Lo O Rob de Da Vinci

    A Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012 Forma-Engenharia

    apresenta dois momentos denominados CHAMADA e REGULAMENTO.

    Verificam-se, nesse ltimo item, mais elementos que permitem uma anlise

    conceitual em relao pedagogia de projetos uma vez que sero confrontados

    com o Projeto Lo o Rob de Da Vinci conforme os quadros 1 e 2.

  • 38

    I - CHAMADA II REGULAMENTO1 OBJETIVO 1 DAS DISPOSIES ESPECFICAS

    1.1 DO OBJETO1.2 CRONOGRAMA1.3 RECURSOS FINANCEIROS1.4 ITENS FINANCIVEIS1.5 PRAZO DE EXECUO DOS PROJETOS

    2 APRESENTAO E ENVIO DAS PROPOSTAS

    2 CRITRIOS DE ELEGIBILIDADE1.6 QUANTO AO PROPONENTE E EQUIPE

    DE APOIO1.7 QUANTO PROPOSTA1.8 QUANTO INSTITUIO DE

    EXECUO1.9 QUANTO INSTITUIO

    COEXECUTORA3 ADMISSO, ANLISE E JULGAMENTO

    3 CRITRIOS PARA JULGAMENTO

    4 RESULTADO DO JULGAMENTO 4 AVALIAO FINAL/PRESTAO DE CONTAS

    5 RECURSOS ADMINISTRATIVOS

    5 ESCLARECIMENTOS E INFORMAES ADICIONAIS ACERCA DO CONTEDO DA CHAMADA E PREENCHIMENTO DO FORMULRIO DE PROPOSTA ON LINE

    6 APOIO DAS PROPOSTAS APROVADAS

    6 COORDENAO RESPONSVEL PELA CHAMADA

    7 CANCELAMENTO DA CONCESSO8 PUBLICAES9 IMPUGNAO DA CHAMADA10 REVOGAO OU ANULAO DA CHAMADA11 PERMISSES E AUTORIZAES ESPECIAIS12 DAS DISPOSIES GERAIS13 DOS ESCLARECIMENTOS E AS INFORMAES ADICIONAIS ACERCA DO CONTEDO DA CHAMADA E PREENCHIMENTO DO FORMULRIO DE PROPOSTA ONLINE:14 CLUSULA DE RESERVA

    Quadro 1 Esquema Estrutural da Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012 Forma-Engenharia e do Regulamento que complementou a Chamada

  • 39

    1 DADOS GERAIS DO PROJETO

    2 DESCRIO DO PROJETO

    a) Problema abordado

    b) Objetivos

    c) Metas e resultados esperados

    d) Metodologia

    e) Equipe do projeto e plano de trabalho

    f) Oramento detalhado

    g) Recursos de outras fontes

    3 PERSPECTIVAS

    a) Motivacional

    b) Potencial de disseminao

    Quadro 2 Estrutura do Projeto Lo, o rob de Da Vinci Um projeto Multidisciplinar apresentado Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012

    A seo do Regulamento da Chamada CNPq/VALE S.A. N 05/2012

    apresentava orientaes para as atividades a serem apoiadas financeiramente e

    as condies para implementao do apoio, mediante a seleo, por Chamada,

    de propostas para execuo de projetos (BRASIL, 2012).

    Esse regulamento descreveu em disposies especficas o objeto a ser

    ofertado como no item II 1.1 Do Objeto:

    Selecionar propostas para apoio financeiro a projetos que visem estimular a formao de engenheiros no Brasil, combatendo a evaso que ocorre principalmente nos primeiros anos dos cursos de engenharia e despertando o interesse vocacional dos alunos de ensino mdio pela profisso de engenheiro e pela pesquisa cientfica e tecnolgica, por meio de forte interao com escolas do ensino mdio (BRASIL, 2012).

    Comparando as orientaes desse regulamento com a estrutura do

    Projeto Lo o rob de Da Vinci, elaborada por Braga Jnior (2012),

    verificou-se, no quadro 3, uma organizao que visava atender s premissas da

  • 40

    regulamentao. Dessa forma, o Projeto Lo respondeu a cada item solicitado,

    principalmente, quando utilizou a figura de Leonardo Da Vinci como engenheiro

    multidisciplinar. Verificou-se, portanto, uma relao com o conceito de

    multidisciplinaridade, apresentado no projeto, principalmente, nas diversas

    temticas envolvidas na vida de Da Vinci, ou seja, uma motivao para que os

    estudantes do ensino mdio compreendessem a engenharia e suas

    potencialidades.

    Constata-se, pelo exposto, o que Almeida (2005) afirma em relao s

    tecnologias e os conhecimentos: elas se integram para produzir novos saberes

    que permitam compreender as problemticas atuais e desenvolver projetos, em

    busca de alternativas para a transformao do cotidiano e a construo da

    cidadania. Nessa perspectiva, o projeto Lo apresentou, potencialmente, uma

    alternativa para uma problemtica atual que a formao de novos engenheiros

    e, assim, buscou um possvel interesse vocacional na abordagem com alunos do

    ensino mdio.

    Considera-se que o Projeto Lo, tal como foi especificado, pode ser

    caracterizado como um Projeto de Trabalho na perspectiva de Hernndez e

    Ventura (1998, p. 61):

    a funo de um projeto favorecer a criao de estratgias de organizao dos conhecimentos escolares em relao a: a) o tratamento da informao e 2) a relao entre os diferentes contedos em torno de problemas ou hipteses que facilitem aos alunos a construo de seus conhecimentos, a transformao da informao procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento prprio.

    Verificou-se a criao de estratgias nos objetivos do projeto em usar o

    exemplo de Leonardo Da Vinci, de maneira multidisciplinar, como base de

    motivao para os jovens ingressarem na Universidade e, ao mesmo tempo,

  • 41

    propor uma alternativa para as olimpadas nacionais temticas, tais como as de

    matemtica, que so fragmentadas em termos de contedos escolares

    envolvidos. Observa-se tambm, a relao dos contedos em torno de um

    problema, ou seja, as quatro grandes reas Cincias da Natureza, Artes,

    Matemtica e Engenharia para a construo de um prottipo, fomentando a

    criao e construo que so habilidades de um engenheiro.

    Assim, o conhecimento que foi trabalhado, por meio de pequenos

    projetos ou prottipos construdos pelas equipes, tornou-se tema e utilizaram de

    um processo de pesquisa, fontes de informao e interpretao das mesmas para

    a relao com outros problemas, tal como proposto por Hernndez e Ventura

    (1998). Considerando a busca e a organizao de informaes oriundas de

    distintas fontes e tecnologias, a proposta procurou valorizar a articulao entre

    novas formas de representao de conhecimentos, por meio das mdias e

    respectivas linguagens, como forma de mobilizar pensamentos criativos,

    sentimentos e representaes, contribuindo para a comunicao, a interao

    entre as pessoas e objetos de conhecimento, a aprendizagem e o

    desenvolvimento de produes (ALMEIDA, 2005).

    Percebe-se, portanto, que o Projeto Lo configura-se como um projeto

    de trabalho tal como descrito por Hernndez e Ventura (1998). Dessa maneira,

    analisar o Projeto Lo em sua aplicao permite compreender os resultados da

    integrao da tecnologia educacional na execuo dos trabalhos dos grupos, bem

    como a verificao das possveis consequncias para atividades escolares

    rotineiras. Tais anlises e verificaes se do com base na documentao

    produzida durante a realizao de todas as atividades. Os documentos foram

    elaborados baseados no processo de observao estruturada, bem como

    instrumentos elaborados para anlise dos dados secundrios. A base conceitual,

    para o delineamento desta investigao, que tem como fonte os documentos

    produzidos, durante a execuo do projeto Lo, apresentada a seguir.

  • 42

    4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    A investigao se caracteriza como pesquisa descritivo -exploratria,

    com delineamento de estudo de caso e abordagem qualitativa. Foram utilizados

    os dados secundrios do projeto de extenso universitria, denominado Lo, o

    rob de Da Vinci Um projeto Multidisciplinar. A investigao utilizou de

    pesquisa bibliogrfica e reviso de literatura para compreenso conceitual e

    contextual da aplicao do projeto. Para reviso de literatura, foram utilizados os

    descritores pedagogia de projetos, tecnologia educacional e formao de

    professores no perodo dos ltimos 5 anos (2009-2013).

    Utilizaram-se, tambm, instrumentos de registro para anlise dos dados

    fornecidos, apresentados no anexo I. Tais dados consistem em informaes

    tcnicas do projeto, registros documentais impressos que so frutos de

    depoimentos de participantes e dirios de campo, vdeos e imagens. A

    pesquisadora foi participante do Projeto Lo e os dirios de campo foram

    utilizados para subsidiar com mais propriedade a anlise dos dados. Esses

    dirios consistiam em anotaes descritivas de todos os acontecimentos do

    Projeto Lo, apresentavam as impresses da pesquisadora em relao postura

    de todos os participantes, dos estudantes ao professor da escola pblica.

    Os registros em udio e vdeo foram obtidos com um equipamento de

    gravao digital, com captura de udio para ambiente externo. Os registros

    foram obtidos com uma frequncia semanal e durao varivel em funo dos

    momentos previstos no Projeto Lo. As gravaes, realizadas na escola pblica,

    aconteceram, basicamente, na biblioteca escolar, por ser uma instalao mais

    arejada e pouco movimentada. As gravaes, tambm, aconteceram no

    laboratrio de informtica da escola, durante os momentos de pesquisas

    realizadas pelos grupos de estudos. Algumas das gravaes foram obtidas,

  • 43

    tambm, no ambiente da universidade como nos eventos organizados pela

    coordenao do Projeto Lo.

    Esses dados foram tratados, qualitativamente, com auxlio de mtodos

    de estatstica descritiva, quando possvel e, qualitativamente, pela tcnica de

    anlise de contedo de Laurence Bardin. Ressalta-se que, para autorizao do

    uso dos dados secundrios do Projeto Lo, o projeto de pesquisa foi submetido

    ao Comit de tica e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Lavras

    (UFLA), em agosto de 2013, com aprovao em outubro do mesmo ano pelo

    Parecer Consubstanciado do CEP, n 422.604, conforme o Anexo II. Refora-se,

    tambm, que todas as imagens dos estudantes e professor presentes neste

    relatrio contam com um Termo de Autorizao de Uso de Imagem por escrito.

    Ao caracterizar a investigao como estudo de caso, tem-se como

    premissa a definio de Yin (2010), que o considera uma forma de explicao de

    um fenmeno por meio de um conjunto presumido de elos causais sobre ele, ou

    como ou por que algo acontece. Ainda, segundo Yin (2010), o estudo de caso a

    estratgia de pesquisa preferida quando: (a) colocam-se questes do tipo como

    e por que; (b) o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos; (c) o foco se

    encontra em fenmenos contemporneos inseridos em algum contexto da vida

    real. Tal contexto vai ao encontro do problema pesquisado.

    Alm disso, o estudo de caso permite delineamentos qualitativos e

    quantitativos aplicados sobre dados primrios e/ou secundrios. Considera-se

    que o estudo da aplicao do projeto de extenso Lo, o rob de da Vinci se

    enquadra nessas trs premissas de caracterizao do caso.

    Ludke e Andr (1986) afirmam que um estudo de caso se desenvolve

    numa situao natural sendo rico em detalhes descritivos focalizando a

    realidade. Compreender um projeto de extenso e seus desdobramentos no

    cotidiano de uma escola pblica possibilitar anlises profundas de uma situao

    especfica. Assim, analis-lo, na perspectiva de um estudo de caso, leva em

  • 44

    conta a interpretao em contexto por diferentes fatores sociais, culturais e

    tecnolgicos.

    Em razo da natureza dos dados obtidos, a pesquisa adota,

    predominantemente, a anlise de contedo para trat-los. Segundo Bardin

    (2010), a anlise de contedo um conjunto de tcnicas de anlise das

    comunicaes que visa obter, por procedimentos sistemticos e objetivos de

    descrio do contedo das mensagens, indicadores que permitam inferncias de

    conhecimentos relativos s condies de produo destas mensagens. Bardin

    (2010) apresenta trs etapas para o processo de anlise de contedo e que sero

    aplicadas nesta pesquisa: (1) Pr-anlise: que a fase de organizao, tendo o

    objetivo a explorao sistemtica dos documentos, sistematizando as ideias

    iniciais e planejando as operaes sucessivas; (2) Explorao do material: essa

    fase a administrao das decises tomadas na fase anterior, consiste,

    principalmente, nos procedimentos de codificao, classificao e categorizao,

    em funo de regras, previamente, formuladas; (3) Tratamento dos resultados

    obtidos e interpretao: nessa fase os resultados brutos so tratados de maneira a

    serem significativos e vlidos, podendo estabelecer quadros de resultados,

    diagramas, figuras e modelos como resultados das informaes fornecidas pela

    anlise.

    4.1 Avaliao e instrumentos avaliativos utilizados como fonte de dados

    O ato de avaliar apresenta algumas definies como: determinar a valia,

    estimar o merecimento, calcular, computar, apreciar entre outros (GREMAUD et

    al., 2009) e a avaliao no contexto educacional se apresenta de diversas formas

    e defendida por diversos autores como um processo quando aplicada ao

    ambiente escolar.

  • 45

    Krause (2006) considera a avaliao uma atividade complexa que sofreu

    diversas modificaes e estudada sob diversos enfoques. A avaliao em si

    apresenta basicamente dois objetivos, quais sejam: (a) auxiliar o educando no

    seu desenvolvimento pessoal, com base no processo de ensino-aprendizagem, e

    (b) responder sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado

    (LUCKESI, 2001).

    Tendo esse referencial como premissa e considerando que, no mbito do

    projeto Lo, era necessrio analisar aspectos atitudinais e de aprendizagem de

    contedos escolares enquanto as atividades do projeto aconteciam, foram

    elaborados instrumentos avaliativos que permitiram analisar esses aspectos e

    subsidiar julgamentos que levaram categorizao dos aspectos avaliados.

    Verificou-se que os instrumentos adotados apresentavam, tambm, a funo de

    diagnstico, pois ofereceram base para a tomada de deciso para os atos

    subsequentes na busca de melhores resultados (LUCKESI, 2001).

    Dessa forma, com base no trabalho de Krause (2006) e, de acordo com

    os princpios de categorizao de contedos de Bardin (2010), foram

    considerados os seguintes focos de avaliao, que se constituram em categorias

    de anlise de contedo. Esses so identificados como domnio de contedo

    que se referem apropriao de conhecimentos produzidos por outras pessoas

    no convvio, um meio para chegar aprendizagem e o outro foco como

    comportamentos e atitudes que apresenta uma interrelao entre aspectos

    cognitivos, afetivos e comportamentais, sendo exemplos de atitudes: cooperar

    com o grupo e participar das tarefas escolares.

    Os instrumentos elaborados para o acompanhamento do projeto Lo,

    cujos dados foram utilizados para anlise na presente investigao, foram

    elaborados com base em escalas qualitativas do tipo Likert3 o que permitiu,

    3 Tipo de escala de resposta psicomtrica utilizada em pesquisas. atribudo um

    nmero a cada resposta que reflete a direo da atitude do respondente.

  • 46

    juntamente com a observao registrada em notas de campo, anlise qualitativa

    das informaes. Segundo Vianna (2003), a observao uma das mais

    importantes fontes de informaes em pesquisas qualitativas em educao,

    traduzindo em uma anlise voltada para a realidade das pessoas envolvidas no

    projeto.

    A observao caracteriza-se como estruturada quando emprega um check-

    list e permite que o pesquisador saiba, de forma objetiva, o que deve observar

    no grupo, os aspectos mais significativos para os objetivos do seu trabalho de

    pesquisa e, desse modo, traar um planejamento para coleta e registro do

    que vai observar (VIANNA, 2003). Ainda, segundo Vianna, os

    comportamentos observados nas categorias do sistema, apresentadas no checklist, so

    codificados, permitindo anlise descritiva, por frequncias e por categorizao,

    possibilitando traar perfil de grupo e, tambm, o acompanhamento individual.

    A estratgia de obteno de dados aplicada no projeto Lo est de

    acordo com Andr e Passos (2001) que defendem a avaliao, em funo da

    realidade dos sujeitos envolvidos na ao pedaggica, uma vez que considera

    que cada grupo seja formado por indivduos com histrias pessoais, sociais,

    familiares, culturais e educacionais muito variadas. Sendo assim, para

    contemplar essa diversidade ser preciso desenvolver atividades e instrumentos

    variados, em momentos diferentes e em situaes muito variadas que permitam

    observar cada um em ao individual e em interao com o grupo.

  • 47

    5 OBSERVAES E REFLEXES

    A fase de organizao proposta por Bardin (2010) foi aplicada aos

    registros documentais, imagens fotogrficas e vdeos gerados, durante a

    realizao do projeto, que aconteceu entre os meses de fevereiro e novembro de

    2013. Foram utilizadas formas de observao estruturada (instrumentos

    avaliativos) e semiestruturada (entrevistas e notas de campo). Assim, visando a

    uma organizao dos dados e anlise dos mesmos, os resultados das

    observaes e reflexes realizadas sero tratados na sequncia e em resposta aos

    objetivos estabelecidos para este trabalho.

    5.1 Possveis contribuies decorrentes da integrao de tecnologia

    educacional em atividades escolares do ensino mdio

    Por meio das notas de campo, dos registros em vdeo e das respostas dos

    participantes ao instrumento que solicitava a autoavaliao das competncias

    com as tecnologias digitais de informao e comunicao (presente no Anexo I),

    foi possvel observar o uso das tecnologias nas atividades realizadas pelos

    integrantes do Projeto Lo. Na Tabela 1 apresenta-se a percepo dos estudantes

    quando as suas habilidades e competncias com as TDIC no incio do projeto.

    As informaes confirmam que a maioria dos participantes j possua

    habilidades e expertise suficientes para integrar recursos tecnolgicos s tarefas

    solicitadas no projeto.

  • 48

    Tabela 1 Autoavaliao "Competncias em Tecnologias" aplicada ao projeto Lo

    Grupo/Participantes

    Fator 1 - Habilidades bsicas para uso da tecnologia (%)

    Fator 2 - Expertise no uso da tecnologia, aplicada ao projetoLo (%)

    Grupo 1

    A1 75 75A2 75 50A3 100 75A4 88 75A5 100 100

    Grupo 2

    A6 62 50A7 50 25A8 87 75A9 100 100A10 100 75

    Grupo 3

    A11 75 75A12 50 75A13 75 25A14 100 75A15 87 75

    Grupo 4

    A16 62 50A17 100 100A18 100 100A19 0 0A20 50 50

    Fonte: Autoavaliao "Competncias em Tecnologias" aplicada ao projeto Lo (Anexo A)Legenda: A1 (aluno 1), A2 (aluno 2), A3 (aluno 3), A4 (aluno 4), (...), A20 (aluno 20), % (porcentagem de respostas que representam periodicidade muito frequente das habilidades representativas do fator avaliado)

    O grfico, presente na Figura 2, detalha quais foram as tecnologias mais

    utilizadas pelos participantes no Projeto Lo.

  • 49

    Figura 2 Frequncia relativa de apontamentos de uso das tecnologias pelos participantes do Projeto Lo

    Fonte: Instrumento TECNOLOGIAS E APLICAO (Anexo I)

    O grfico da Figura 2 apresenta dados comparativos da tecnologia

    quando a mesma utilizada no dia a dia e para estudar. Os vdeos gravados das

    atividades realizadas com os participantes, durante a execuo do projeto,

    permitiram confirmar o que o instrumento aponta. Verificou-se maior utilizao

    da tecnologia em momentos no diretamente relacionados com as aes do

    projeto, o que corrobora o percentual considervel, acima de 75%, de utilizao

    de ferramentas como site-notcias, celular, computador, redes sociais, MP3

    Players, imagem, navegador web, youtube, e-mail, filmes, musicais e vdeo. Na

    escala que buscou informaes do uso das tecnologias, para estudar os nveis

    percentuais, esses, tambm, so elevados, porm, em alguns casos, bem

    inferiores utilizao no dia a dia. Segundo Prado (2005, p. 15),

  • 50

    o trabalho por projeto potencializa a integrao de diferentesreas de conhecimento, assim como a integrao de vrias mdias e recursos, os quais permitem ao aluno expressar seu pensamento por meio de diferentes linguagens e formas de representao.

    Entretanto, observa-se que, no momento de utilizar os recursos

    tecnolgicos para resolver os desafios do projeto, tal potencializao no se

    manifestou com intensidade equivalente ao que se observou no uso cotidiano.

    Outro aspecto interessante observado o fato de que, pela anlise das

    imagens, notou-se que, ao trabalhar no projeto, alguns estudantes utilizavam

    recursos da internet, do computador ou o editor de textos sem um conhecimento

    mais aprofundado das ferramentas. Tambm, no demonstraram compreender

    como utiliz-los efetivamente no processo de pesquisa e desenvolvimento do

    que era proposto pelo grupo. Valente (2005) descreve essa realidade quando

    afirma que, muitas vezes, o aluno busca informao na internet, seja ela na

    forma de texto, vdeo ou grficos, mas sem ter criticado ou refletido sobre os

    diferentes contedos utilizados.

    Observou-se que, no incio do projeto, essa realidade era comum na

    rotina de estudos dos estudantes. Porm, com a orientao do tutor e do

    professor, percebeu-se que os alunos compreenderam melhor o uso das

    ferramentas de acesso e elaborao de informaes e como utiliz-las de

    maneira a contribuir para a execuo do que foi planejado pelos grupos. Tal

    perspectiva de ao apontada por Valente (2005) como relevante para o

    processo de construo de conhecimentos. Destaca-se que os recursos mais

    utilizados, para realizar aes de estudo no mbito do projeto foram: o

    computador (85%), o repositrio aberto youtube (75%) e a rede social (65%).

    Isso foi evidenciado, por exemplo, em uma afirmao do estudante (A7) retirada

    de um dos vdeos de trabalho do grupo Olimpo: O conhecimento aumentou

    porque tive que pesquisar na internet, no youtube para o meu grupo.

  • 51

    Essa realidade foi confirmada em comentrios dos estudantes nos dirios

    de bordo dos grupos, onde os mesmos relataram que no sabiam onde pesquisar

    determinada informao para o projeto de pesquisa. Durante a realizao das

    atividades, passaram a compreender a importncia do computador, internet e

    outros recursos, ao perceberem o potencial das informaes obtidas para as

    aes de cada grupo, ou seja, integraram as tecnologias para a produo de

    conhecimentos.

    Tal verificao est de acordo com Prado (2005), quando afirma que

    esta efetiva integrao das tecnologias se d com base na compreenso das

    especificidades de cada universo envolvido. Conforme Hernndez e Ventura

    (1998), o envolvimento dos estudantes na busca da informao tem uma srie de

    efeitos que se relacionam com a inteno educativa dos Projetos de Trabalho,

    por meio dos quais aprendem a se situar diante da informao baseada em suas

    prprias possibilidades e recursos.

    O trecho do dirio, 08 maio 2013, do tutor A5 do grupo 1, ilustra o uso

    da internet:Olhamos na internet como construir o barco e encontramos um

    barquinho chamado Barcalope de Leonardo da Vinci. Olhamos e vamos levar

    em frente. Temos que ter um jeito de construir as peas. Peixoto e Arajo

    (2012), ainda, reforam que as tecnologias so construtos sociais que no podem

    ser vistas apenas como fruto lgico de desenvolvimento de progresso tcnico.

    Elas so resultantes de orientaes estratgicas, de escolhas deliberadas em um

    determinado momento dado da histria e em contextos particulares. Foi dessa

    forma que as tecnologias de informao e comunicao se integraram ao Projeto

    Lo: como resultado de orientaes pontuais do professor da escola bsica e

    pelos tutores do projeto.

    Almeida (2005) defende que as tecnologias e os conhecimentos se

    integram para produzir novos conhecimentos que permitam compreender as

    problemticas atuais e desenvolver projetos. Considera-se, neste caso, o acesso

  • 52

    ao conhecimento sobre a vida e obra de Leonardo da Vinci, por meio das

    informaes disponveis na internet e, especificamente, no canal youtube e os

    materiais para a construo do barco como forma de um novo conhecimento

    considerando o processo de consulta.

    Em relatos nos dirios finais, os tutores comentaram sobre o uso de

    tecnologias durante o projeto Lo. Prado (2005) aconselha a prtica com

    determinada tecnologia, como a internet, por possuir mltiplos recursos

    utilizados em situaes de aprendizagem. A autora comenta do uso da internet

    com base nos sites de busca que podem facilitar e incentivar o aluno na pesquisa

    de informaes e dados. O tutor A5 demonstrou grande interesse pela

    tecnologia, durante o Projeto Lo, que influenciou, positivamente, os integrantes

    do grupo que, tambm, buscavam pesquisas em fontes diversas para

    enriquecimento do projeto. Durante os grupos de estudos, o tutor permeava

    pesquisas com uso da internet e de tutoriais no repositrio aberto youtube para a

    construo do barco.

    O tutor A10 do grupo 2 relatou em seu dirio final o uso da internet,

    notebook que levava diariamente para a escola ou o computador disponvel no

    ambiente escolar. Declarou que, com as pesquisas do grupo, utilizou de vrios

    arquivos no formato pdf que encaminhava para os colegas via e-mail. Ou seja, a

    dinmica de trabalho do presente grupo foi satisfatria para a integrao das

    tecnologias no projeto construdo.

    O tutor A15, durante o ano de 2013, sempre utilizou de uma forma de

    tecnologia para as pesquisas de seu grupo como o uso da internet, esquemas,

    imagens e do repositrio aberto youtube com uso de tutoriais. Em vrias

    filmagens, ele ressaltava que no tinha muito contato com a pesquisa e que a

    prtica de tutor no projeto contribuiu para um uso constante do repositrio

    aberto youtube, por exemplo.

  • 53

    A tutora A20 reconheceu que no utilizou, efetivamente, as diversas

    formas de tecnologias para o processo de pesquisa. Destacam-se algumas

    pesquisas sem objetivo em sites de busca, informaes desencontradas sobre a

    vida e obra de Leonardo Da Vinci, mas que, comparado s outras realidades dos

    grupos 1, 2 e 3, o uso da tecnologia, no presente grupo, no foi considerada

    satisfatria. Valente (2005) afirma que, se o estudante no tem um objetivo

    durante a navegao na internet, ele ficar perdido e a ideia de navegao o

    mantm ocupado por um longo perodo de tempo e que muito pouco poder ser

    realizado em termos de compreenso dos tpicos visitados em conhecimento.

    Refora-se, ainda, a contribuio do uso da tecnologia rede social. Os

    estudantes, durante todo o tempo de realizao do Projeto Lo, potencializaram

    as formas de comunicao para estudos, organizao de encontros e discusso de

    termos por meio da criao de um grupo fechado4. Moraes, Silva e Pereira

    (2010) afirmam que, para que a escola possa auxiliar os alunos em caminhos que

    os conduzam ao autoconhecimento, preciso valorizar o trabalho desenvolvido

    por professores e profissionais que articulam o uso de tecnologias em ambientes

    de aprendizagem da forma estritamente pedaggica e no tcnica. Foi possvel

    perceber tal fenmeno no desenvolvimento do projeto, pois, quando foram

    analisados os registros de como as tecnologias de informao e comunicao

    foram incorporadas no momento inicial e de como sua utilizao foi

    redirecionada para formas mais apropriadas, por meio da interveno do

    professor e dos tutores, constataram-se diferenas relevantes de comportamento

    dos participantes.

    Portanto, as aes realizadas durante o Projeto Lo contriburam, de

    forma indireta, para a integrao das tecnologias nas atividades de estudo dos

    participantes e isso tem potencial para sua incorporao, tambm, em outras

    4 Mais informaes disponveis no endereo:

    https://www.facebook.com/groups/394897240601825/?fref=ts.

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    atividades escolares rotineiras. o que Sampaio e Coutinho (2012) defendem

    sobre a integrao da tecnologia na sala de aula. O ambiente escolar exige uma

    correlao entre o contedo, a pedagogia, a tecnologia e o contexto da aula,

    segundo o referencial terico proposto por Mishra e Koehler (2006),

    denominado de TPACK.

    5.2 Aproximaes conceituais com a pedagogia de projetos

    Para a compreenso das aproximaes conceituais, foram analisados os

    dados obtidos, durante o trabalho em grupo, desde a etapa de elaborao dos

    projetos individuais at o momento de culminncia. Essa que consistiu na

    apresentao pblica, para os alunos e professores da escola bsica que sediou o

    Projeto Lo, dos produtos obtidos pela realizao dos projetos dos grupos.

    Os grupos foram orientados para que trabalhassem em uma dinmica de

    iniciao cientfica, elaborando, realizando e avaliando projetos que

    incorporassem a temtica geral proposta no Projeto Lo. A dinmica de pesquisa

    dos grupos e as impresses dos tutores sero exploradas como base para

    demonstrao das aproximaes conceituais com a pedagogia de projetos.

    Destacam-se, a seguir, momentos relevantes da ao de cada grupo seguidos das

    anlises conceituais. Para tal, foram utilizados os registros dos dirios de bordo

    dos