74
Revista INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação Editor Ruy Cezar do Espírito Santo Comitê editorial Ana Maria Ramos Sanchez Varella Herminia Prado Godoy Leocilea Aparecida Vieira Consultores Elenice Giosa Gazy Andraus Ivani Catarina Arantes Fazenda Jaime Paulino Jerley Pereira da Silva Priscilla Mariana Lourenço Cardoso Simone Moura Andrioli de Castro Andrade Telma Teixeira de Oliveira Almeida Logotipo Gazy Andraus

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na ... · Respiração LIAN GONG ... Deu origem às inúmeras ONGS Dos Médicos Sem Fronteiras A Anistia Internacional... E tantas

  • Upload
    voque

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Revista

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação

Editor

Ruy Cezar do Espírito Santo

Comitê editorial Ana Maria Ramos Sanchez Varella Herminia Prado Godoy Leocilea Aparecida Vieira

Consultores Elenice Giosa Gazy Andraus Ivani Catarina Arantes Fazenda Jaime Paulino Jerley Pereira da Silva Priscilla Mariana Lourenço Cardoso Simone Moura Andrioli de Castro Andrade Telma Teixeira de Oliveira Almeida

Logotipo Gazy Andraus

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 9 Ana Maria Sanchez Varella GRANDE TRANSFORMAÇÃO ................................................................................ 11 Ruy Cezar do Espírito Santo TRANSFORMAÇÕES PRESENTES NA EDUCAÇÃO ....................................... 13 Ruy Cezar do Espírito Santo AS TRANSFORMAÇÕES DA MINHA CONSCIÊNCIA ........................................................................................................................................ 18 Herminia Prado Godoy O OLHAR ...................................................................................................................... 24 Luciano C. Cardoso TÉCNICA DO OLHAR .............................................................................................. 26 Ruy Cezar do Espírito Santo DESCOBRINDO O SER... A VOZ DO ALUNO... ........................................ 27 Ruy Cezar do Espírito Santo RESPIRAÇÃO Respiração LIAN GONG .......................................................................................... 35 Jaime Paulino ARTIGOS SER E FAZER NA VOCAÇÃO: UM PROJETO TERAPÊUTICO VOCACIONAL ........................................................................................................... 37 Simone Andrioli Moura de Castro Andrade A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL ..................................................................................................................... 45 Denise de Assis

POESIA EVOLUÇÃO TERRENA ..................................................... 55 Rodrigo Mendes Rodrigues e Ruy Cezar do Espírito Santo ESPAÇO ABERTO NORMOSE ........................................................................................................................................ 58 Ruy Cezar do Espírito Santo REFLEXÃO SOBRE O ENCONTRO FIQUE & INTERESPE UNIÍTALO .. 61 Telma Teixeira de Oliveira Almeida JAPÃO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR ..................................... 64 Telma Teixeira de Oliveira Almeida DADOS BIOGRÁFICOS DO EDITOR, COMITÊ EDITORIAL E CONSULTORES ........................................................................................................................................ 66 NORMAS PARA A APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS ................................... 69

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade

na Educação

ISSN 2179-7498

Volume 1| número 2 | dez. 2012

Fonte: http://www.google.com.br/search?q=phenix+fotos&hl

2

INTERESPE:

Interdisciplinaridade e

Espiritualidade na Educação

ISSN 2179-7498

volume 1 número 2 dez. 2012

================================================================== Publicação Oficial do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação (INTERESPE) – Educação: Fundamentos da Educação – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade e Espiritualidade: PUC/SP

==================================================================

3

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação

Publicação Oficial do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação (INTERESPE) - Educação: Fundamentos da Educação – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade e Espiritualidade: PUC/SP Site: http://www.pucsp.br/interespe/ © Copyright 2012

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação /

Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação (INTERESPE) – Educação: Fundamentos da Educação – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade e Espiritualidade – v. 1, n. 2 (dez. 2012) – São Paulo: PUCSP, 2012 –

Periodicidade anual, com possibilidade de números eventuais.

ISSN 2179-7498

.

As opiniões emitidas nas matérias desta Revista são de inteira responsabilidade dos seus autores. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, porém, deve-se citar a fonte.

4

Revista

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação

Editor

Ruy Cezar do Espírito Santo

Comitê editorial Ana Maria Ramos Sanchez Varella Herminia Prado Godoy Leocilea Aparecida Vieira

Consultores Elenice Giosa Gazy Andraus Ivani Catarina Arantes Fazenda Jaime Paulino Jerley Pereira da Silva Priscilla Mariana Lourenço Cardoso Simone Moura Andrioli de Castro Andrade Telma Teixeira de Oliveira Almeida

Logotipo Gazy Andraus

5

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação

ISSN 2179-7498

Publicação oficial do INTERESPE - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação – Fundamentos da Educação – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade e Espiritualidade: PUC/SP. Revista Interespe, São Paulo, Volume 1, número 1, dez. 2011

6

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 9 Ana Maria Sanchez Varella

GRANDE TRANSFORMAÇÃO ................................................................................ 11 Ruy Cezar do Espírito Santo

TRANSFORMAÇÕES PRESENTES NA EDUCAÇÃO ....................................... 13 Ruy Cezar do Espírito Santo

AS TRANSFORMAÇÕES DA MINHA CONSCIÊNCIA ................................. 18 Herminia Prado Godoy

O OLHAR ...................................................................................................................... 24

Luciano C. Cardoso

TÉCNICA DO OLHAR .............................................................................................. 26

Ruy Cezar do Espírito Santo

DESCOBRINDO O SER... A VOZ DO ALUNO... ........................................ 27

Ruy Cezar do Espírito Santo

RESPIRAÇÃO

Respiração LIAN GONG .......................................................................................... 35 Jaime Paulino

ARTIGOS

SER E FAZER NA VOCAÇÃO: UM PROJETO TERAPÊUTICO

VOCACIONAL ........................................................................................................... 37

Simone Andrioli Moura de Castro Andrade

A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE FÍSICA E

MENTAL ...................................................................................................................... 45 Denise de Assis

7

POESIA

EVOLUÇÃO TERRENA ............................................................................................. 55

Rodrigo Mendes Rodrigues e Ruy Cezar do Espírito Santo

ESPAÇO ABERTO

NORMOSE ................................................................................................................... 58

Ruy Cezar do Espírito Santo

REFLEXÃO SOBRE O ENCONTRO FIQUE & INTERESPE UNIÍTALO .. 61

Telma Teixeira de Oliveira Almeida

JAPÃO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR ..................................... 64

Telma Teixeira de Oliveira Almeida

DADOS BIOGRÁFICOS DO EDITOR, COMITÊ EDITORIAL E

CONSULTORES .......................................................................................................... 66

NORMAS PARA A APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS ................................... 69

8

APRESENTAÇÃO

Caro Leitor, mais um convite para repensar, evoluir,

desacomodar nossos corpos e mentes.

Nosso grupo de pesquisa INTERESPE tem se preocupado em

despertar nos nossos ouvintes e leitores a chama da

consciência do eu interior, respeitando todos os ensinamentos

já adquiridos pelo ser em sua formação.

O movimento de transformação não começou hoje, ele já está

em vigor há muitos séculos. Felizmente o homem já está

percebendo que é o “agora” que o fará mais presente no

mundo em que está, nas ações que exerce, nas palavras que

emite e nas ações que realiza.

A importância de entender que só poderemos conhecer o Deus

desejado, quando conhecermos a cada um de nós

profundamente, pois nossa verdadeira natureza é semelhante

a Dele. Com esse movimento, que nada mais é do que energia,

será resolvido o mistério da existência humana e

encontraremos um significado para nossas vidas.

Se somos dotados de força vital, para realizarmos, agirmos,

vivermos, o que teremos de aprender? O que faremos com ela?

Costumamos manifestá-la para o exterior e quase sempre o

resultado causa dores corporais e pensamentos que se

transformam em verdadeiros monstros de desequilíbrio.

Se conseguirmos movimentar a força vital dirigindo-a para o

interior de nós mesmos, teremos um efeito imediato de

equilíbrio, de conforto na busca de nossa consciência. Sábios

de vários séculos e regiões deram ênfase à oração, outros ao

sentimento, alguns incentivaram boas obras, outros o amor.

Todos desejavam que seus adeptos pudessem fazer um

movimento interno de autoconhecimento e autoequilíbrio. A

ideia é que o eu espiritual fosse percebido sem que fossem

deixadas de lado ações e buscas que pudessem resultar em

benefício do desenvolvimento individual e coletivo. O ponto

principal sem dúvida é compreendermos o mistério dessa

9

força vital que sustenta o organismo físico do homem,

fazendo-o vibrar com vida, energia.

Esse é o nosso desejo quando mencionamos a transformação

como base para este momento da humanidade. Cada um

pode fazê-la girar em sua área de atuação, é o que temos

procurado fazer em nossas atividades diárias, dentro ou fora

da sala de aula. Convidamos você também a rever sua

energia e se abastecer de vontade para seguir com os sentidos

estimulados.

O espírito de investigação que mora em nós quer enxergar a

luz e para pensarmos em nossa transformação, escolhi em

Mateus uma passagem que nos convida à renovação,

aceitação, entendimento e respeito à individualidade:

“Buscai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á.”

Que os textos expostos nesta revista despertem oportunidades

de transformação no olhar, na voz, no viver pleno de sua

espiritualidade!

Ana Maria Ramos Sanchez Varella

10

GRANDE TRANSFORMAÇÃO

2012

Grande expectativa Mudanças esperadas

Profetizadas Temidas...

Nenhum outro ser vivo

Participa dessa ansiedade experimentada por tantos Desde os Maias

Até os profetas atuais O anúncio se faz presente...

Sinto que a grande transformação

Não é “exterior”... Sinais externos podem acompanhar tal momento

Vivido pelo Ser Humano

Porém a grande transformação é “interior”... Trata-se da realização da “profecia” junguiana:

O encontro do ego com o “self”... A conscientização profunda apregoada por Paulo Freire...

Mais ainda o anuncio também profético de Teilhard de Chardin:

Que afirmou que depois de percorrer longamente o Caminho da análise O Ser Humano chegava à luminosa síntese...

Denominada “conscencialização”...

A “chegada” a tal nível existencial Deu origem às inúmeras ONGS

Dos Médicos Sem Fronteiras A Anistia Internacional... E tantas outras...

O mistério de 2.012 é que a Liberdade oriunda de tal nível de consciência

Conduzirá o ser humano a outra dimensão Que implicará na “reconstrução” do planeta

Na profunda vivência do Amor

Não estamos sós no Universo Irmãos em outra dimensão existencial

Nos acompanham e “atuam” sobre nossa realidade Visando a plenitude da conscientização

Assim esta essencial transformação poderá, sim, Ser acompanhada por transformações “externas”

Que poderemos não “entender” as razões Porém, seguramente, significarão a “sincronicidade” apregoada por Jung.

Sim, desde a transformação havida entorno do ano zero Quando contemporaneamente primeiro a filosofia grega

Depois o Budismo e o Cristianismo

11

Dentre outras mensagens, significaram o fim da infância da humanidade...

Foi o fim daquilo que no cristianismo foi anunciado como término do “olho por olho e dente por dente”

Para dar lugar ao “Amor ao Inimigo”... Ou Sócrates com o “conhece-te a ti mesmo”

Como princípio de toda a sabedoria...

Naquele momento a grande transformação foi o início da “adolescência” da humanidade... Ainda era cedo para vivenciar o “Amor” anunciado...

Lutas pelo poder, guerras religiosas, ideologias diversas Até 1.945, quando, com a bomba atômica o adolescente humano percebeu que podia

“destruir o planeta”... E então vem todo aquele movimento de conscientização...

Sincronisticamente, é no mesmo ano da “bomba atômica” que vão surgir os documentos de

Nag Hamadi: Do “nada”, no Egito surgem documentos de 2.000 anos atrás para relembrar a esquecida

Lei do Amor... Então é que vão surgir as ONGS...

E inicia-se o amadurecimento para o momento presente...

Permanecerá sempre, porém, o mistério da Liberdade... É preciso “querer” participar da transformação...

Até porque nenhum Pai consegue “obrigar” seu filho a “amá-lo” O Amor é fruto dessa Liberdade que será a origem da próxima transformação...

Assim quem permanecer prisioneiro do mundo material

Do “apego” como anunciou o Buda Ficará mesmo à margem da mudança que se aproxima,

Não por “castigo”, mas por decisão pessoal...

Claro que tudo isso envolve o profundo Mistério existencial Que vem sendo hoje intuído

Como fruto da integração do “self” E da crescente conscientização

Os frutos primeiros dessa transformação será a realização, interior, plena

Com a vivência da alegria, da beleza e do amor Que possuem o sentido profundo

Do “mais dentro” de um Ser Humano!

Até Sempre! Ruy

12

TRANSFORMAÇÕES PRESENTES NA EDUCAÇÃO

Ruy Cezar do Espírito Santo

As transformações presentes na Física Quântica e suas consequências no processo educativo, dentre as quais a própria interdisciplinaridade, que aí tem uma de suas fontes: a Unidade da Vida.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

As transformações oriundas da psicologia junguiana, especialmente a partir da afirmativa da integração do ego com o self, no processo de individuação, o que vai significar a retomada do autoconhecimento, com a percepção da presença existencial interior, da espiritualidade.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

As transformações decorrentes do pensamento de Teilhard de Chardin e de Paulo Freire, que nos conduziram à fundamental afirmativa para a Educação do

13

“conscientizar antes de alfabetizar”, ou seja, a percepção profunda do nosso Mundo Vida.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

As transformações decorrentes da destruição do meio ambiente com o despertar de uma consciência ecológica, visando à recuperação do planeta nesta área.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

As transformações na questão da religiosidade a partir das descobertas dos documentos de Nag Hamadi e na sequência daqueles do Mar Morto, com a importância de trazer para a Educação a distinção entre religiosidade e espiritualidade.

14

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

As transformações decorrentes do principio do fim das grandes ditaduras a partir de 1945 e o início da vivência de uma indispensável liberdade política presente na Educação.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html As transformações decorrentes do início do respeito às diferenças raciais, sexuais, econômicas e religiosas, com o despontar do processo de inclusão na Educação e o enfrentamento da questão do “bullying”.

15

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html As transformações decorrentes do despertar para uma nova visão de saúde, que vai incluir questões de alimentação, ressaltando o problema dos agrotóxicos e de uma alimentação orgânica e natural, com a inclusão de exercícios físicos e ainda aprofundamento na supressão do uso de drogas como papel da Educação nesta área.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html As transformações presentes no universo tecnológico, enfatizando suas vantagens e também os riscos de uma prisão a infindável aparelhagem hoje presente.

16

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html As transformações decorrentes daquilo que até aqui foi anotado, com o despontar de uma visão espiritual aonde vai ficando clara a vivência da beleza, alegria e amor pelo Ser Humano, o que dará lugar crescente à ludicidade, às artes e ao acolhimento do próximo na Educação, com o surgimento e a relevância das ONGS.

Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/gerais.html

17

AS TRANSFORMAÇÕES DE MINHA CONSCIÊNCIA

Herminia Prado Godoy

Eu fui para o doutorado com o firme propósito de passar para a Educação os conceitos e técnicas que construí sobre a Terapia da Consciência e fui surpreendida com a consciência espiritual que encontrei na vivência e prática de Fazenda e colegas do grupo de estudos, GEPI, que me levaram a perceber a Interdisciplinaridade como uma Terapia da Consciência no campo educacional. Para mostrar como cheguei à conclusão de que a Interdisciplinaridade exercida por Fazenda é uma Terapia da Consciência uso aqui a metáfora da Phoenix para descrever minha trajetória de vida. Classifiquei em três as categorias de modificações internas e externas que o contato e a vivência com a Interdisciplinaridade trouxeram para minha vida: a desconstrução, o retorno à essência e o renascimento. A desconstrução é morte: a ave que se ata fogo e é reduzida à cinzas. Representa a perda de todas as certezas, perda do chão, ao sentir-se nada. O retorno à essência é o monte de cinzas inertes, paradas, mortas, mas existe ali uma centelha divina, uma energia, um princípio inteligente, um ovo que está em estado de latência, de gestação, que pode observar, contemplar e assimilar tudo ao seu redor e, em silêncio, pode avaliar, reavaliar, ressignificar a vida que teve e que acabou. Percebe-se vivo, essência, energia pensante. Não morreu, pulsa vida. Tem o tempo certo para se reconstruir, observar a si mesmo, sua vida que não acabou, suas ações, suas relações, pode tomar consciência de suas inadequações, verificar que teve em mãos outras opções. É uma energia que pulsa, vive e percebe que está sendo gestada, e enquanto ocorre esta gestação é o tempo para redecidir suas ações, replanejar uma nova vida. Num primeiro momento é o desespero. A consciência das perdas de oportunidades é muito dolorida, mas a solidão faz com que mergulhe dentro de si, desvista-se, e eis que maravilha! Pode recomeçar. Pode refazer. Encontra uma luz, que lhe envolve e lhe acalenta, percebe que ela lhe acolhe, lhe envolve num manto de amor e percebe que não está sozinho, descobre o Deus dentro de si. Vem-lhe a paz, a certeza que é assistida por uma Providência Maior e que no tempo certo renascerá, com novos objetivos, novos planos e programações. Um passo evolutivo é dado. Nascerá para novos desafios levando a vivência acumulada de muitas vidas. Ao tomar consciência está pronta para renascer: é só esperar a hora certa, determinada pelos que a assistem. Chega o dia. Nasce uma nova ave. É acolhida, tratada, ganha força, e voa, voa o alto, sente a liberdade de agora com mais experiência e mais maturidade para recomeçar. Recomeçar, com humildade, a partir do ponto zero, a partir do ponto em que se perdeu. Porém, traz em sua essência o acúmulo das experiências vividas. Recomeça para mais uma vida, agora mais madura, com mais sabedoria e atenta

18

para não incorrer nos erros passados e nas mesmas perdas de oportunidades. Tem como meta seguir adiante e que a cada dificuldade possa usar todas as virtudes: paciência, garra, generosidade, bondade, força, confiança, persistência, trabalho, tolerância, espera, desapego, fraternismo. A todo o momento estamos morrendo, avaliando a vida que tivemos, reprogramando e nascendo para uma nova vida. Esta é a essência da Terapia da Regressão no contexto consciencial. Reprogramar para uma nova vida com base no vivenciado e com muita garra e força para modificar e transformar o que causa dano, pesar e sofrimento. Vivi o movimento de renascer inúmeras vezes na vida, nos vários processos psicoterápicos aos quais me submeti e, surpreendentemente, o vivi em sala de aula interdisciplinar pelas mãos da terapeuta/educadora Fazenda, ajudada pelos colegas e amigos: Espírito Santoe Picollo. Ambos respiram e transpiram a Interdisciplinaridade. Estar perto deles já é um grande exercício de tomada de consciência e transformação. São professores/terapeutas da consciência interdisciplinar.

A PHOENIX1

A lendária ave que ateia fogo em si mesma quando descobre que está para morrer. Ela povoou o imaginário mitológico das antigas civilizações egípcia e grega. A lenda diz que a primeira Phoenix surgiu de uma centelha que o deus Ra soprou sobre a face da Terra, representando o Fogo Sagrado da Criação.

Fonte: http://www.google.com.br/search?q=phenix+fotos&hl Segundo a lenda, seu habitat é entre os desertos da Arábia, entre as ervas e temperos aromáticos. Ela vive por volta de 500 anos e após esse período procura uma árvore solitária e, no alto de sua copa, faz seu ninho com canela, olíbano (uma espécie de goma-resina, encontrado na África e na Índia; especiaria muito utilizada na Antiguidade para se fazer incenso) e mirra (espécie de arbusto

1Texto de Hellen Katiuscia de Sá. 13 de março de 2005 (extraído do site: <http://somostodosum.ig.com.br>. Adaptado por Herminia Prado Godoy.

19

encontrado em regiões desérticas, especialmente na África e no Oriente Médio). Ela, então, ateia-se fogo.

e de suas cinzas surge um pequeno ovo vermelho

Fonte: http://www.google.com.br/search?q=phenix+fotos&hl

de onde nasce uma outra Phoenix, mais forte e mais bonita.

Fonte: http://www.google.com.br/search?q=phenix+fotos&hl Ela representa a imortalidade do ser, o poder de mudança, de consciência de si mesmo. Pode ser vista, também, como um modelo de perfeição ou de beleza absoluta. Na mitologia egípcia a

20

Phoenix é reverenciada como a personificação do deus Ra (deus do sol).

Fonte: http://gratisesoterismo.blogspot.com Existe somente uma da espécie e é por isso que o deus Ra jurou que enquanto a Phoenix renascer das cinzas, a esperança, no mundo, nunca morrerá. Portanto, a Phoenix representa a depuração da alma. Segundo a lenda, o tamanho da ave assemelha-se ao da águia.

Fonte: http://sotaodaines.chrome.pt/sotao/aguia2.jpg&imgrefurl

Tem olhos brilhantes como as cores das estrelas. Sua plumagem é dourada no pescoço e no papo; púrpura no restante do corpo; possui uma crista formada por penas finíssimas e delicadas, sendo sua calda constituída por penas longas e suaves, nas cores branca e vermelha.

21

Fonte: http://www.google.com.br/search?q=phenix+fotos&hl

Na mitologia oriental também existe uma Phoenix que simboliza a felicidade, a virtude e a inteligência. E sua plumagem é feita das sete cores sagradas para os orientais: as cores do arco-íris. Que tal nos vestirmos de Phoenix e renascermos a cada passagem de nossas vidas, sempre visando o aperfeiçoamento moral? Certamente é um belo convite.

22

MUITAS TRANSFORMAÇÕES,

MUITAS REVOLUÇÕES,

MUITOS OLHARES...

23

O OLHAR Luciano C. Cardoso

Professor Ruy, quando me dispus a fazer o exercício de me olhar no espelho, confesso, como já havia dito em classe, ter encontrado certa dificuldade. A principio, não conseguia manter minha atenção em meus olhos. Constantemente, me pegava desviando minha atenção, de modo que nos primeiros três dias, não consegui maiores resultados. Ao cabo do terceiro dia, percebi que minha dificuldade não estava em olhar meus olhos no espelho, pois isso eu fazia constantemente. O problema é que pela primeira vez , eu olhava meus olhos procurando algo além da matéria, procurava algo ( ou alguém) , que estava além da carne, e isso não era fácil. Mas, uma vez constatado isso, resolvi que, de qualquer forma, eu iria continuar e ver no que dava. O resultado me surpreendeu, porque o que eu encontrei foi muito mais do que esperava. Tantos sentimentos, tantas emoções, tanta vida, um turbilhão de emoções tão grande que não me reconheci em mim mesmo. Não é que se tratasse de outra pessoa. É que de repente aquela pessoa que eu via era eu mesmo, porém ia muito além, tinha muito mais de mim ali do que o que eu sempre vivenciei em meu dia a dia. A sensação que tive é difícil explicar em palavras. Foi como se eu me sentisse completo de novo. Foi como se eu reencontrasse uma pessoa amada que há muito eu não via. Fiquei emocionado e mal consegui encontrar as palavras para descrever em sala de aula minha experiência. Depois daquele dia, consegui muitas coisas importantes, resgatei muitos sentimentos que estavam enterrados dentro de mim. Sabe, muitas vezes a vida nos faz abrir mão de coisas muito importantes dentro de nós mesmos. Sentimentos, emoções, princípios tão vitais quanto o ar que respiramos. Perdemos a conexão com as pessoas e até mesmo conosco. A pior coisa que podemos fazer é definir algo como acabado. Ao fazer isso, damos por encerrada qualquer possibilidade de continuar aprendendo com aquilo que já nos julgamos conhecedores. E fazemos isso o tempo todo; com nossos amigos, nosso familiares, nossos trabalhos, com as crianças, com a Bíblia, lamentavelmente com nós mesmos. Eu fiz isso; achando que já me conhecia, dei o ato de conhecer por encerrado. Ao fazer isso, encerrei a conexão comigo mesmo. E isso me fazia muito mal. Graças a Deus, essa experiência serviu para que eu conseguisse desobstruir a via de comunicação comigo mesmo e com os outros. No dia 20 de agosto, resolvi fazer a experiência de olha para alguém, com uma amiga minha de longa data. Estávamos na entrada da igreja após o ensaio do coral conversando as mesmas trivialidades de sempre. Então comecei a olhara olhar para ela, buscando seus olhos. Como esperado, ela logo emitiu a interrogação: “- Que foi, tem alguma coisa errada comigo? É meu cabelo?” – e já ia fazendo toda uma explanação, que saiu com pressa e seus birotes ficaram malfeitos, quando eu a interrompi, dizendo que não era nada daquilo, que tudo o que estava fazendo era

24

olhar para ela. Disse que a gente se conhecia há tanto tempo e eu nunca tinha parado para olhar ela nos olhos de maneira franca e sincera. Ao dizer isso. Ela se deixou olhar, mas ainda desviava os olhos. Quando finalmente ela começou a me olhar nos olhos, aconteceu algo que sinceramente, eu nunca imaginei que pudesse acontecer. Ela, que sempre se mostrou dona de si, alegre, autoconfiante e independente, de repente ficou com os olhos cheios d’água e disparou, dizendo que era feia, que se sentia a pior das pessoas, que tinha dias que ela preferia nem existir, porque ninguém achava ela bonita, e que ela própria se achava horrível. Disse que estava cansada de sair e ficar com pessoas que não queriam nada duradouro, que só a usavam, mas que mesmo assim ela deixava, porque era a única forma de carinho que conhecia. Aquilo parecia estar entalado dentro dela durante muito tempo, e só que ela encontrou alguém receptivo, que não queria falar nada, é que ela resolveu por tudo para fora. No final ela me perguntou o que deveria fazer. Então eu disse que ela deveria se conhecer, olhar os próprios olhos no espelho, ver-se a si mesma. E que então ela descobriria que ela é muito mais do que supõe ser. Depois disso, ela foi embora com seus pais e eu fui para minha casa. Hoje, dia 21, ela me ligou, dizendo que nunca se sentiu tão bem, tão feliz. Disse que tinha feito o que sugeri naquele mesmo dia e tinha se olhado no espelho. E que tinha descoberto muita coisa sobre si mesma. E que ela não era feia como se achava. Agradeceu-me, chorou no telefone, foi muito bom. Só não sei se agi certo em meu conselho, porque o senhor disse que quando acontecem desabafos, a gente não deve dar conselhos, mas é que nesse caso ela é que me pediu. Se depois o senhor quiser dar algum parecer... Ahhh, hoje também resolvi dar um basta em coisas velhas e consegui recortar tranquilamente o que quer que eu quisesse. Legal, né?

25

A TÉCNICA DO OLHAR

Ruy Cezar do Espírito Santo

Proponho tal exercício a meus alunos, como uma iniciação ao autoconhecimento. Trata-se de num momento de solitude, tomar um espelho e olhar profundamente para os próprios olhos, com a pergunta interior- “Quem sou Eu?”-. Poderá não ocorrer num primeiro momento, porém, ao insistir no exercício as pessoas perceberão que há “Alguém” olhando pelos seus olhos que não é “sangue, músculos ou tecidos”... Nesse momento, sentirão uma profunda alegria interior, alguns pela primeira vez, de “estarem vivos”... Após tal encontro interior, convido os alunos a buscarem numa pessoa que eles “amam”, um Encontro pelo olhar... O Outro ao sentir a força do “olhar” fará perguntas a respeito da razão de tal olhar... A resposta deverá ser na direção de dizer: -“Creio que nunca te olhei de verdade”... Após tal frase “deixar o Outro falar”, somente respondendo às suas perguntas. Para ilustrar a questão narrarei brevemente uma vivência de uma aluna, que me procurou após uma aula para dizer que não conseguia “olhar nos olhos da filha de quinze anos, pois uma das duas desviava o olhar...” Orientei-a a convidar a filha para sair e jantarem as duas sozinhas e que durante o jantar ela deveria olhar nos olhos da filha e somente responder suas perguntas, e nada mais dizer... Após a realização da proposta que fiz minha aluna disse-me que quando convidou a filha para saírem a resposta foi: - “O que você quer? Fala logo... Não precisa sair...” Típico de adolescente que se sente “cobrado”... A minha aluna disse que nada tinha a dizer à filha, apenas queria sair com ela... Vencida pela curiosidade a filha concordou em sair... Chegadas ao restaurante, a filha “empurrou” para cima da mãe o que estava na mesa e disse agressivamente: - “ Fala logo...” . Na cabeça da filha a mãe iria fazer alguma “cobrança”... Minha aluna disse que nada tinha a falar, apenas quis sair com a filha para estarem juntas, sempre olhando firmemente nos olhos da filha... A menina quando teve certeza que a mãe nada “cobraria”, teve, segundo minha aluna, uma “catarse” e deu início então a um relato de ocorrências de anos passados, também olhando para a mãe, que nunca tinham sido ditos a ela... Minha aluna disse ainda, que tinha vontade às vezes, de “pular no pescoço da filha”, tais as coisas contadas e que ela nunca havia desconfiado... Terminaram o jantar com a certeza que tinham que sair muitas vezes as duas sozinhas... Este relato revela a força do “encontro” presente quando os olhos se encontram verdadeiramente...

26

DESCOBRINDO O SER...

A VOZ DO ALUNO...

27

M.C.E. - Pedagogia PUC – 2.000

Durante o curso sempre esteve imbuída a questão da criatividade, no sentido de incentivarmos aquilo que nos é próprio, que nos caracteriza de modo único. E assim devo ser em meu ato pedagógico. Devo não só enquanto futura pedagoga , mas enquanto ser humano, ter um real conhecimento da importância, que a minha presença tem no mundo. Com o autoconhecimento podemos perceber essa importância, pois na medida em que estamos no mundo e com o mundo, somos o mundo. Não o mundo humano, mas o universo inteiro, pois somos componentes na sua evolução e transformação.”................. “Hoje, posso dizer que sou uma menina-mulher, onde tenho momentos mesclados desses dois papéis, acho que me encontro num momento de dúvidas e incertezas, quanto ao que farei, mas considero esse meu estado como necessário à minha existência e que é passageiro, pois sei que farei o que quero, já que sou livre e autônoma no meu caminho, mas também dependo dos outros para agir e reagir. Hoje sou a M. ser humano, menina-mulher, futura pedagoga, mas sou mais, além disso: sou vida diante da beleza do universo.

R.B.X. – Pedagogia PUC 2002 Acredito ser esta palavra a síntese do meu caminho de aprofundamento na sua disciplina: COMPAIXÃO. Esta palavra para mim possui um sabor novo, o de comunhão. Realmente todos nós possuímos uma mesma essência, que nos leva a nos acolhermos como diferentes. Eu agora digo não a um relacionamento de suportar um ao outro. Eu parto agora com o desejo de conhecer a mim mesma partindo do outro, que é a ‘ visão de nós mesmos’. É o amor, como você sempre nos repetiu o fundamento e o motivo do nosso viver e que nos faz sempre livres, saboreando o gosto de viver.

R.E.C. – PUC Pedagogia 2001 O que mais pude desenvolver ao longo de nossas aulas foi a minha sensibilidade, que estava perdida, ou talvez não fizesse parte, para mim, da didática. Didática, vai muito além de modelos prontos e receitas.”... “No meu estágio pude ter contato e ver como tudo isto está perdido. Os professores tratam e agem com os alunos, como se todos fossem iguais, com os mesmos sentimentos e expectativas. Já vem com uma receita pronta (BA, BE, BI, BO, BU) e a passa para a lousa, para o aluno copiar e ela corrigir.”...” Deve fazer parte da didática do professor a compreensão de que o aluno não é apenas um corpo, com um cérebro e sim um ser que possui também um espírito e que ele é individual. Quando o professor possui esta compreensão de que cada ser é único e aprende a respeitar esta individualidade, sua relação com o aluno fica mais próxima e o ensino e a aprendizagem mais prazerosos.

P.C.L. - PUC – Pedagogia 2003 Os professores ainda acreditam que ‘sabem tudo’ e que os alunos ‘não sabem nada’, assim não há ‘autotransformação’ nem para o professor, nem para o aluno. O primeiro passo para a mudança interior é assumir que ‘nada sabemos’; essa afirmação trará a humildade necessária ao educador, para ‘ouvir seus alunos’ , o que trará a possibilidade de conexão . Não posso querer obter conexão com o Outro sem primeiro conectar-me com o Outro em mim mesma . Essa busca interior faz toda a diferença. Deveria existir em todas as séries a disciplina do autoconhecimento , assim seria trabalhada com os alunos a conscientização

28

através de diários , de conversas em grupo , da arte... Seria discutido o quanto criamos ilusões para nós mesmos, quanto poder existe em nossos pensamentos e ações, como podemos destruir e criar.

L.M. PUC – Pedagogia – 2003 È impossível voltar ao tempo passado para que possa resgatar algo perdido. O que vale realmente é a consciência adquirida do que se perdeu e a criação de uma disposição para mudar, ou seja, fazer com que minha auto-compreensão acorde, para que a luz da consciência brilhe em mim. Dessa maneira, naturalmente eu resgato o sentido de mim mesma, pois novos domínios de compreensão, como a investigação, a observações e o olhar se fazem presentes; por isso é fundamental escrever, para que eu registre meu pensamento e reescreva quando necessário a respeito de minhas novas experiências.”...” Pessoalmente o que foi mais importante, sem dúvida, são os questionamentos que faço sobre mim mesma; os caminhos que estou escolhendo; se são suficientes para que eu atinja meus objetivos; em que posso melhorar; se estou lidando bem comigo e com as pessoas à minha volta...

F.I. PUC Pedagogia – 2002 Assim como todas as criaturas afundadas em suas rotinas, o tempo ainda é um dominante em tudo que faço. Admiro a R. por ter conseguido se abster do uso dos ponteiros, que giram incansavelmente, noite e dia, dia e noite, nos tornando escravos de seu funcionamento. Talvez por isso, não sou capaz de manter uma disciplina ao longo da vida; encontro-me numa constante corrida contra os minutos que me escapam dos dedos”................................ “Acorde, olhe para o céu, fale alto para que todos lhe ouçam, grite se for preciso, sorria para o homem enfezado, mesmo sem ser correspondido, escolha um dia para não se importar com os comentários alheios, aproveite para dar um abraço em quem você gosta e nunca teve coragem, elogie alguém, sem esperar que seja recíproco, cumprimente o motorista vizinho, quando o trânsito for intenso , tome sorvete, enquanto todos reclamam do frio, vista aquela sua blusa fora de moda, e se alguém criticar, diga que o chique é ser autêntico e “démodé”, cante no corredor e surpreenda-se com a beleza de seu próprio eco, estacione o carro a cinco quadras de seu destino e contemple o caminho, mude o caminho e olhe o entorno , mantenha calma quando todos arrancarem os cabelos, leia a coluna de fofocas sem a culpa de um ato frívolo, tome suco ao cair da tarde, ligue para um amigo distante, não importa o motivo, apenas ligue, e diga que lembrou dele hoje, coma um doce, dois se quiser,deixe para amanhã os efeitos calóricos, desprenda-se das horas, oriente-se pela luz nas janelas, roube um beijo , sem pedir desculpas, ouça aquele vinil velho e riscado , resgate as memórias, emocione-se, volte ao presente, olhe para o céu novamente, observe as cores, as nuvens, suas formas e movimentos, ouça mais e fale menos, sente do lado esquerdo ao invés do usual direito, saboreie um “hot dog” no lugar do arroz com feijão, por um breve momento aposente o celular, esqueça os compromissos, mentalize um desejo, o céu mais uma vez, olhe, extasiante não é mesmo ?! Pronto, mais um dia diferente de todos os outros” ()

J.V.R. PUC – Pedagogia 2002 Educar, “Pantomima” em vários atos, bailado interpretado principalmente pelo indivíduo agente do processo educativo. Figurino utilizado: a malha mais confortável para viver o dia-a-dia plenamente e que melhor adapte-se ao seu movimento interior. Realmente, o artista

29

em sua fantasia consegue vencer dragões, conquistar o amor impossível e erguer máquinas e engenhocas incríveis, mas basta desfazer-se da personagem, que volta novamente a ser aquele individuo frágil, inseguro e prisioneiro da própria sombra, mortal como todos os outros mortais. Acredito que a arte está totalmente ligada a educação, através da percepção, da expressão, da explosão de idéias e da construção de características de uma determinada personagem. ”... “Pode ser que quando eu termine o curso, não me recorde da teoria, dos filósofos ou dos pensadores vistos no decorrer de todos esses anos, mas com certeza recordarei da essência de suas aulas. Recordarei que nelas encontrei o que tanto procurava na educação, e que por momentos pensava serem só coisas vistas na infância, com um mestre querido e que ficaram guardadas na memória; encontrei nas suas aulas o que as lembranças me fizeram tentar colocar em prática.

Pantomima2

A pantomima é uma explosão O corpo que se expressa com todo o vigor

A emoção presente a cada gesto A paixão coordenando os movimentos

O homem presente a tal explosão

Está nesse momento inteiro Senhor do movimento, da emoção, da razão

Revelando a harmonia possível do existir pleno

Terminado o espetáculo, finda a pantomima O homem retorna a seu cotidiano:

Prisioneiro de suas emoções Vítima de seu corpo ou das racionalizações...

Onde ficou a harmonia?

Onde a inteireza do movimento pleno? Por que de senhor, passa a prisioneiro?

Quem é esse artista capaz da fantasia e incapaz da história verdadeira?

A percepção da força que permite a pantomima, Que harmoniza a integralidade do ser

Que supera o viver fragmentado Conduzirá o homem a chamada iluminação

Iluminação que afasta as sombras presentes

Que torna significativo o passado Que clareia o futuro,

Na descoberta da eternidade do agora

Iluminação que transforma o presente numa dança Dança cheia de vida

Dança do sentido pleno do Caminhar.

Até Sempre! Ruy

2 Poesia de Ruy Cezar do espírito Santo inspirada no depoimento do aluno J.V.R.

30

E.C. PUC – Pedagogia 20033

No começo me deu um certo pavor, depois percebi que existo e faço parte da minha própria vida; isso me trouxe satisfação e ao mesmo tempo um certo medo por conseguir me enxergar, como uma pessoa única e que faço parte de um mundo enorme, que ao mesmo tempo é pequeno porque consegui me encontrar diante dele. No dia seguinte resolvi fazer o exercício com um aluno que dá muito trabalho na sala de aula. Na hora do recreio todos os alunos saíram e pedi para que ele ficasse. Olhando nos seus olhos, coloquei a mão em seu ombro e perguntei: - O que está acontecendo com você? Ele ficou assustado e não respondeu nada. Ficamos alguns instantes em silêncio; novamente perguntei : - O que está acontecendo com você? Pode contar comigo, estou aqui como amiga. Ele encheu seus olhos de lágrimas e me falou: - Não posso falar, pois você vai contar ao meu pai. Respondi: - Sou sua amiga. Ele não aguentou e começou a chorar e me contou toda a sua vida e suas mágoas. Comecei a entender porque ele é bagunceiro; é uma maneira de sufocar sua dor e seus problemas que são sérios. Depois disso mudei minha postura com ele, por compreender e entender sua vida; ele também mudou comigo. Hoje vejo que ele me vê como amiga e tem muita confiança, pois tudo que precisa vem falar comigo. Todos os dias chegam à sala e me dá um enorme abraço, senta e participa da aula. Olhei o tempo todo em seus olhos fisicamente; foi como descobrir, que eu me “Amo” e posso transmitir esse amor.

E.A.A.- PUC Pedagogia 20034 Ruy, em primeiro lugar quero lhe confessar que venho tentando fazer essa experiência há muitos anos. Só que nunca consegui me olhar mais que um minuto. E agora me deparava com um exercício que tinha que fazer, não poderia mais fugir. Demorei uma semana para conseguir, foi muito difícil. Sentia medo, quando percebia que alguma coisa estava mudando dentro de mim. Então parava de me olhar. Na sexta feira sua aula mexeu muito comigo e pensei: vai ser hoje. Cheguei em casa a meia-noite , tomei banho, jantei e quando percebi que só eu estava acordada resolvi fazer o exercício do espelho . Primeiro voltei a sentir aquele medo como de costume, mas fui forte e não parei de me olhar. Depois fui superando o medo e cada vez mais me buscando de dentro de meus olhos. Ruy... Algo extraordinário aconteceu! Eu pude ver minha alma. Senti uma emoção que jamais conseguirei lhe explicar em palavras. Chorei muito, sorri muito, e o melhor de tudo: pela primeira vez eu me amei muito! Sim, pode acreditar; em 26 anos de vida era a primeira vez que me amava de verdade. Sempre me achei feia, sem graça e inferior às outras pessoas. Acho que deve ser por isso que me tornei uma pessoa muito carente. Pensei tudo isso a meu respeito por longos anos e de repente uma pessoa maravilhosa me aparece e o mais curioso é que “ela” sempre esteve ali e eu nunca percebi... Como pude demorar 26 anos para me amar e dizer isso com todas as letras, olhando para os meus próprios olhos?! Sempre vivi como se fosse incompleta, parecia que me faltava alguma coisa. Agora não me falta nada, sou completa e sou feliz. Cheguei a conclusão de que ninguém tem o poder de nos fazer felizes a não ser nós mesmos.

3 Parte do relato de aluna que fez o exercício de olhar os olhos no espelho, e depois buscou os olhos de um seu aluno. 4 Outra experiência do exercício referido no depoimento da aluna E.A.A.

31

E.A.C. – PUC – Pedagogia 2002

Novamente dirijo-lhe a palavra (com muita alegria) e hoje digo que tudo é “conexão”, aliás, essa palavra se tornou muito significativa para mim. É necessário conhecermos a nós mesmos para agirmos na Educação com o outro, o que geralmente não ocorre. Para muitos professores, os alunos são somente cérebros que devem receber informações, esquecendo-se que existe o aluno que sente, percebe, tem Luz e pode refletir essa Luz para o mundo. Não consigo perceber a Filosofia desprendida do autoconhecimento. E novamente conexão! Tudo é conexão!!! Como é belo perceber essa imensidão!! Essa amplitude, a dimensão!! Novamente tudo é importante, porque aprendi a arte de viver a vida... REALMENTE! É desfrutar cada coisa, assim como enxergar uma flor no meio do trânsito; enxergar o movimento dos carros como uma dança; enxergar a beleza do olhar no outro, num ato de olhar sincero, um olhar com carinho. Não somente na Educação... A vida deve ser assim, vivida PLENAMENTE!!

C.R.S. – PUC- Pedagogia 2003 O mais importante para mim, foi conhecer um pouco da C.. Andávamos tão distantes, e embora estejamos sempre tão juntas não a via, não a ouvia, não a sentia há muito tempo, foi um encontro muito significativo, que mudará as duas daqui para a frente. Levamos um objeto significativo para nós, e se hoje a pergunta se repetisse: - Qual o objeto mais significativo para você? Por quê? Minha resposta seria outra, com certeza o desenho da “Ferida Aberta” e do encontro com o Graal. Nada jamais me tocou em tal profundidade, aquele desenho sou eu, explica minhas atitudes, virtudes, sentimentos... Foi a maior expressão que já fiz, expressei minha alma sem saber, fazendo um desenho pensando mais no Rei do que em mim, e o Ruy, com sua sabedoria suprema, relatou o que viu naquele desenho, e neste momento senti arrepios, meu coração bateu mais forte e eu me encontrei por inteira. Senti vontade de chorar, não nego, mas também senti alegria, pois foi a primeira vez que uma pessoa falou das minhas atitudes sem crítica, e sim como uma razão, um sentido. Assim como eu sempre digo, as pessoas têm atitudes que condizem com sentimentos, com um motivo, por isso nunca julgue, pois você nunca esteve em seu coração para sentir-lhe. Por mais que eu gostasse dos demais trabalhos, sei que aprendi com todos, esse foi o melhor, o auge. É difícil uma pessoa sozinha, sem esse respaldo que as aulas nos deram, conseguir ter esse nível de percepção de si mesma; percebo que este é um processo, que no início foi difícil, tanto me “abrir” quanto me descobrir, mas hoje vejo tudo diferente e claro.

32

Encontrar o Graal5

Encontrar o Graal O Sentido e a Significação de Si Mesmo... Saber-se mais que sangue, músculos, ossos ou tecidos... Saber do Mistério oculto no mais dentro... Perguntar: “Para quê serve o Graal”?

Para quem serve? Buscar a resposta é ir ao Encontro do Graal Do Sagrado. De que adiantaria toda a Beleza do Universo se Alguém não a acolhesse? De que adiantariam os sons se a música não surgisse?

De que adiantariam as palavras sem o Entendimento? De que adiantaria nosso Corpo se o “Artista” não lhe desse Vida ? Encontrar o Graal é perceber a Sincronicidade dos Eventos

É saber porque estou Aqui , nesse Momento... É saber o porquê da doença .... O porquê de um Encontro... Encontrar o Graal é tornar a Terra Fértil ... Nossas mãos saberão acolher Nossos olhos Enxergar cada parcela do Eterno Agora

Nossos ouvidos Escutarem aquele que passa por nós... Encontrar o Graal é também Ouvir a Natureza Perceber sua Magia Sentir sua Textura Cuidar dos Seres Vivos

O Rei Pescador Ferido tem olhos e não vê Ouvidos e não ouve Mãos e não acaricia Corpo e Sentimentos que não vibram... Sua “Terra” é um Deserto.... Curar o Rei é Encontrar o Graal E , então, Responder às perguntas... Que vêm do “dentro do dentro”... Perguntas formuladas pela Criança Interior que despertou...

Se a Criança não Acorda e faz as perguntas O Reino permanece Deserto E o Rei continua Ferido... Até Sempre, Ruy

5 Poesia de Ruy Cezar do espírito Santo inspirada no depoimento do aluno C.R.S.

33

RESPIRAÇÃO

34

RESPIRAÇÃO- LIAN GONG

Jaime Paulino

O trabalho respiratório esta baseado na ginástica chinesa do Dr. Zuang Yuen Ming, Lian gong em 18 terapias, tendo como precursora no Brasil a professora e pesquisadora no ensino das artes corporais chinesas Maria Lúcia Lee, publicou através da editora pensamento o livro Lian gong em 18 terapias com primeira edição em 1997.

O Lian gong em 18 terapias é uma técnica que une medicina terapêutica e cultura física. Consiste de um conjunto de exercícios que visam o tratamento de dores no pescoço, ombros, região pélvica, pernas e também doenças crônicas.

Essa técnica e fonte de constantes pesquisas das heranças culturais da medicina tradicional chinesa. Hoje aplicada na China ,Japão, Indonésia, Malásia, Hong Kong, EUA, Canadá e por nós aqui no Brasil.

Recebeu os prêmios de "Progresso científico" e "Pesquisa com Resultados Relevantes" concedidos pelo governo de Shangai.

A busca dos chineses pela longevidade para realizar plenamente a vida que lhe foi concedida pelos céus fez com que o povo chinês sobrevivesse as intempéries das guerras, invasões,catástrofes de ordem natural e até a fome. Para a sobrevivência contaram com a ajuda de inúmeros homens chamado de santos, sábios, médicos que ao longo da história chinesa criaram, desenvolveram e ensinaram práticas que tinham a finalidade fortalecer a mente, corpo e as emoções,acumularam diversos exercícios, movimentos,danças e artes guerreiras de todos os tipos, atendendo a miríade de finalidades e necessidades os quais são praticados até hoje por toda a China pela manhã e no final do dia.

Atualmente estas práticas são consideradas patrimônios nacional, pois garantem a manutenção de um padrão de saúde para um povo que corresponde a 22% da população da Terra ou seja 1.200.bilhão de habitantes.

Serão exercícios simples fáceis de guardar associados a nossa respiração, podendo ser praticados por cadeirantes e até mesmo por aqueles que não podem sair da cama.

Fonte de pesquisa livro Lian gong Xi Ba Fa.- Maria Lúcia Lee. Editora Pensamento.

35

ARTIGOS

36

SER E FAZER NA VOCAÇÃO: UM PROJETO TERAPÊUTICO

VOCACIONAL

Simone Andrioli Moura de Castro Andrade

Segue o teu destino... Rega as tuas plantas; Ama as tuas rosas. O resto é a sombra de árvores alheias.

Fernando Pessoa

RESUMO Este artigo resulta da dissertação de mestrado6 e da experiência de mais de dezoito anos na clínica de uma psicóloga, atuante em consultório e em escolas, particulares e públicas, com crianças, famílias e educadores. A partir de experiências profissionais e do seu próprio processo de individuação7 a levou a refletir sobre a importância de incluir a vivência simbólica8 no processo de autoconhecimento do educador. A partir deste tema, que foi um caminho apontado como resultado da pesquisa, que a mobilizou para uma prática educacional que envolve a Totalidade do Ser e, por conseguinte, engloba as funções sentimento, intuição, pensamento e a sensação.Este artigo é um relato de sua prática com jovens em um projeto denominado terapêutico vocacional o que também considera uma trilha transformadora e um caminho de vivência integradora por meio do simbólico que ocorre a partir do processo de autoconhecimento contemplado no momento de escolha profissional do jovem. Deseja ao compartilhar este projeto, mobilizar e conscientizar educadores para que possam ao refletir, estimular e apoiar os jovens a escolher não somente uma profissão, mas que possam encontrar entrar em contato e buscar a sua vocação.

Palavras-chave: Autoconhecimento. Vivência simbólica. Projeto terapêutico vocacional.

6Autoconhecimento e pedagogia simbólica Junguiana: uma trilha interdisciplinar transformadora na educação (realizada na PUC-SP, defendida em 15/09/2010) 7 O conceito de individuação foi criado pelo psicólogo Carl Gustav Jung e é um dos conceitos centrais da sua psicologia analítica. A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado infantil de identificação para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do Si-mesmo, a totalidade (entenda-se totalidade como o conjunto das instâncias psíquicas sugeridas por Carl Jung, tais como persona, sombra, self, por exemplo) de sua personalidade individual. 8Segundo Dr. Byington “todas as coisas e vivências são símbolos. A percepção da parte como símbolo a remete ao Todo. Assim conceituado o símbolo é a célula da Psique (Saiz laureiro, 1989). Ensinar por intermédio do símbolo, por conseguinte, é situar a parte inseparavelmente do Todo” (2003, p. 34-35)

37

1 INTRODUÇÃO A partir deste artigo desejo ao compartilhar minha prática, mobilizar e conscientizar educadores para que possam refletir sobre a possibilidade de estimularem jovens a se autoconhecerem por meio da vivência simbólica9 e construir caminhos que possam direcionar a escolha para sua verdadeira vocação. A etimologia da palavra vocação do latim provem do verbo em latim vocare10 que significa o ato ou efeito de chamar, escolha ou predestinação. A palavra “profissão” vem do latino profissione, que significa perito, ofício, declaração pública. Que relação existe entre vocação e profissão? As pessoas articulam estas duas realidades em suas opções de vida? Esta temática tem significado atual? Creio que é de grande atualidade refletir sobre esta questão, principalmente numa época em que, paradoxalmente, ampliam-se as perspectivas de escolhas profissionais, enquanto aumenta o desemprego. Cresce o número de escolas, cursinhos e de candidatos e as vagas nas universidades, principalmente as públicas, se mantém inalteradas. E mais: parece que existir atualmente um grande quadro de fragmentação entre o ser e o fazer, refletidas em ações violentas que tem ocorrido inclusive em escolas, alto consumo de álcool, drogas, nesta população e o educador representa uma figura importante na busca de sentido com o jovem neste momento decisivo em sua vida. Proponho neste artigo um projeto realizado com jovens em fase de escolha profissional que tem como um dos objetivos principais estimulá-los a entrar em contato com este “chamado” e assim possa direcioná-los para um “fazer” com maior sentido existencial. E como poderia ser realizado este caminho? Como pesquisadora, psicóloga e educadora, ao seguir o meu mito pessoal ou metáfora: “Transformar-se para poder transformar”, o que denominei de “trilha transformadora” acredito na importância da vivência da consciência humanizadora propiciado pelo caminho vivencial da elaboração simbólica, que envolve a Totalidade do Ser e, por conseguinte, engloba as funções sentimento, intuição, pensamento e a sensação. Assim, considero este projeto uma direção na “trilha transformadora” e a vocação pode ser um “ chamado” ou um sinal para este caminho de transformação. Vivenciar simbolicamente uma metáfora poderia ser vivenciar a vocação, pois a metáfora segundo Rojas (2002) pode ser: “um convite à descoberta a um processo que auxiliado pela imaginação e sentimento, leva ao insight, conduzindo-nos à realização.”

9Segundo Dr. Byington “todas as coisas e vivências são símbolos. A percepção da parte como símbolo a remete ao Todo. Assim conceituado o símbolo é a célula da Psique (Saiz laureiro, 1989). Ensinar por intermédio do símbolo, por conseguinte, é situar a parte inseparavelmente do Todo.” (2003, p.34/35) 10Segundo o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Aurélio Buarque de Hollanda (1976) – deriva do verbo em latim vocare.

38

2 PROJETO TERAPÊUTICO VOCACIONAL 2.1 O DESPERTAR O projeto nasceu com o convite de uma parceira de trabalho, terapeuta transpessoal11 e astróloga. Ela já vinha realizando alguns atendimentos que tinham o foco de escolha profissional e este relato me trouxeram de volta as minhas memórias e práticas, pois durante a minha formação na psicologia havia realizado e me preparado para este trabalho. No entanto, não havia mais trabalhado com este foco e fiquei mobilizada para voltar a estudar e pesquisar sobre este tema. Resolvemos então nos preparar durante um ano para realizar este projeto. Revisitei bibliografia e realizei um curso de atualização na área. Ouvi também o meu chamado, utilizei a “escuta sensível”. Segundo Barbier (2007): “escuta sensível apóia-se na empatia. O pesquisador deve sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para compreender do interior as atitudes e os comportamentos, os sistemas de idéias, de valores, de símbolos e de mitos”. Este foi um “sinal” na minha trilha que “ouvi” e me identifiquei assim como, realizamos na primeira fase (reconhecimento e identificação) do projeto vocacional, descrito a seguir.

2.2 DESCRIÇÃO DO PROJETO O projeto nasceu há um ano, com base teórica junguiana e transpessoal, tem como objetivo principal auxiliar o jovem a entrar em contato com os aspectos relacionados à sua vocação, o que implica em um processo de autoconhecimento e de escolha profissional. Realizamos grupos e atendimentos individuais com jovens no próprio consultório e escolas. Os temas trabalhados são: Valores, ideais; Desejos, expectativas; Talentos e habilidades; Áreas e profissões. São realizados uma média de oito encontros com duração de 90 minutos, individualmente ou com grupos de 4 a 6 pessoas. Utilizamos as técnicas expressivas simbólicas de dramatização, contação de histórias ou mitos, dimensões que incluiriam o corpo, o movimento, as sensações, as intuições e os sentimentos e nos baseamos nas sete etapas do processo de desenvolvimento em Psicologia Transpessoal: Reconhecimento; Identificação; Desidentificação; Transmutação; Transformação; Elaboração e Integração.

11Suely Aparecida Marqueis - Graduada em Comunicação Social, cursou a Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal na Alubrat. Atua como Astróloga há mais de 15 anos e desenvolve trabalho terapêutico de aconselhamento utilizando recursos de abordagem Transpessoal.

39

3 CAMINHANDO NA TRILHA TRANSFORMADORA VOCACIONAL

O papel do facilitador do trabalho inicialmente deve ser o de mobilizar o jovem a ter o desejo de transformar, que nem sempre é algo fácil. Percebemos que este processo depende da maturidade emocional do jovem. Assim, começamos o projeto propiciando que o jovem reconheça e perceba com quais símbolos, imagens ou valores está identificado. Estes são os passos para sermos despertados pelo universo simbólico. Quando a mente explora um símbolo, segundo Jung, as idéias são conduzidas fora do alcance da razão. A imagem ou palavra, segundo Jung (1987), pode ser simbólica, na medida em que implica algo além do seu significado manifesto e imediato, apresenta um aspecto inconsciente mais amplo, que nunca é precisamente definido ou esgotado. Simbolicamente o que o jovem traz na sua bagagem para a sua trilha? Segundo Campbell, nós somos tomados pelos mitos, somos capturados pelos mitos, ou seja, talvez deixarmos entrar em contato com algum símbolo ou vivência simbólica que pode surgir por meio de uma idéia, imagem ou sonho, inicialmente pode causar estranhamento ou curiosidade. Perceber que abrir “mão” do controle racional e da função pensamento e se direcionar a um importante ponto de partida para a trilha: “A entrega”, pode ser fundamental para este processo. Posicionando o jovem no ponto de partida, pronto para o desconhecido e levando na bagagem a “escuta sensível” 12, iniciará o percurso rumo ao processo de individuação - trilha transformadora vocacional . Entrar em contato com símbolos inconscientes existentes na “sombra”, aspectos obscuros na minha psique, propicia examinar e reavaliar trilhas anteriores para poder preparar a bagagem para esta trilha. Byington (1996) entende que pode evitar a neurose, quando as defesas não se cronificam e o acesso aos símbolos inconscientes existentes na Sombra é mais livre, o que denominou de Sombra Circunstancial. E assim quando existe um bloqueio dos símbolos inconscientes existentes na Sombra pelas defesas do Ego consciente por um longo período geralmente existe uma fixação e uma resistência maior das defesas e esse acesso aos símbolos inconscientes fica mais difícil. Essa sombra é denominada pelo autor de Sombra Cronificada. Como reconhecermos e agirmos com esses símbolos “sombrios” no processo? As funções estruturantes de defesas surgem sempre que a elaboração simbólica for dificultada e forma uma fixação. Por exemplo, o jovem pode estar identificado com algum aspecto ligado ao poder, o que psiquicamente poderia gerar um processo que o distancie da sua essência ou self13. Pode estar fixado neste aspecto e se achar onipotente o que impediria um desenvolvimento no seu processo de individuação. Por isso chamamos o projeto de terapêutico e se isto ocorrer, o jovem precisa 12 Segundo Barbier (2007, p. 94): “escuta sensível apóia-se na empatia. O pesquisador deve sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para compreender do interior as atitudes e os comportamentos, os sistema de idéias, de valores, de símbolos e de mitos” (grifo meu), ou a existencialidade interna. 13 Self ou si mesmo, Jung considera como principal dos arquétipos ou arquétipo central e a soma dos processos inconscientes e conscientes.

40

reconhecer este aspecto para poder se desidentificar e elaborar e continuar a sua trilha transformadora. A empatia, a compreensão, ou seja, a afetividade na relação do processo podem ajudar a trabalhar com estes aspectos da Sombra Cronificada e em alguns casos, podem ajudar a transformá-la. Como podemos ajudar o jovem a identificar o “chamado” em relação a sua vocação e não ficar no distanciamento do self, talvez este seja o nosso maior desafio. Assim, buscamos com o jovem depois da fase de reconhecimento, identificação, desidentificação, quais são os seus talentos, quais são suas memórias , habilidades que conectem com o seu ser integrado , com o seu self e não só com o ego. Nesta fase estamos na fase da transmutação, elaboração e estamos caminhando na busca da integração do ser – fazer. Desta forma, estaremos no caminho do fazer profissional ao ser profissional se contemplarmos a diferença entre vocação e profissão, uma vez que, conforme, já foi colocado, a origem de vocação significa o “chamado que poderia provir do self e a origem de profissão provém de ofício, de fazer , que pode ser função atribuída ao ego. Nesta trilha transformadora o que almejamos é possibilitar o jovem a construir um caminho de auto conhecimento com conexão do ego/ self, com o ser/ fazer e que acaba se revelando como uma trilha transformadora.

4 CONCLUSÃO

Existe um elemento da “bagagem” para vivenciar esta trilha no processo que é o desejo de transformar, de descoberta de si mesmo e para isto é necessário que mergulhe para dentro de si. Talvez esta seja a condição de voltar ao mundo vivido e recuperar a unidade pessoal, pois, o grande desafio é a tomada de consciência sobre o sentido da presença do Ser humano no mundo. Segundo Jung, o inconsciente coletivo é organizado em símbolos e modelos chamados arquétipos. Os mitos representam um tipo de arquétipo. A formação de cristais foi uma analogia que Jung usou para ajudar a explicar a diferença entre os padrões arquetípicos e os ativados em nós: um arquétipo é como um padrão invisível que determina qual a forma e a estrutura que um cristal tomará enquanto se molda. Estas formas simbolicamente é que vão sendo construídas e moldadas durante o projeto. Algumas vão sendo reveladas e o jovem ao entrar em contato com estes “cristais” poderá lapidar a sua forma em relação sua escolha profissional. Por meio de vivências simbólicas e da integração das funções psíquicas estruturantes o jovem pode se sentir em um processo de construção de sua totalidade para definir o ser profissional e conectar com o seu sentido de vida. Todas as funções psíquicas, segundo Byington (2003), são estruturantes. Medo, ansiedade, orgulho, coragem, tristeza, alegria e todas mais, contêm as polaridades e interagem criativa e defensivamente em nosso processo de individuação. Cabe ao facilitador o que ocorre na interação no projeto e utilizar a sua escuta sensível para poder ajudá-lo neste processo de “lapidação”. Durante o processo é aberto um espaço de confiança, acolhimento para que mitos, sonhos, imagens seja trabalhados e indiquem este caminho para a vivência da trilha

41

transformadora vocacional. Assim, ao seguir o caminho simbólico não é possível se definir o percurso, a trilha vai sendo construída. O padrão de totalidade afeta nossas vidas pelas necessidades de integridade, de completude de autenticidade e coerência e são fundamentos também presentes no projeto, pois reúne tudo o que diz respeito ao processo de Ser. Quando o educador/ facilitador se abre para este arquétipo, pode ajudar p jovem na busca de sentido de sua vida e profissão. É o arquétipo que pode mobilizar o educador para o ensino da Totalidade e não somente para a habilidade cognitiva e, por englobar o caminho das polaridades, aproxima as funções psíquicas opostas: sentimento e intuição e pensamento e sensação. Assim o método utilizado para o projeto engloba a pedagogia simbólica e a psicologia transpessoal, segundo Byington (2003, p. 15): “centrado na vivência e não na abstração, e que evoca diariamente a imaginação de alunos e educadores para reunir o objetivo e o subjetivo dentro da dimensão simbólica ativada pelas mais variadas técnicas expressivas para vivenciar o aprendizado”. Dessa forma, concluo que o projeto terapêutico vocacional contempla o autoconhecimento que se inicia pelo chamado vocacional e pode contribuir para que a escolha profissional seja realizada de uma maneira mais totalizadora, onde não só sobressairia o pensamento ou os conteúdos a serem assimilados de forma mental, como também englobaria, por meio de um trabalho de dramatização, contação de histórias ou mitos, dimensões que incluiriam o corpo, o movimento, as sensações, as intuições e os sentimentos no processo e possibilita escolhas mais saudáveis.

REFERÊNCIAS ANDRADE, Simone M. A. de C. A construção da dimensão espiritual em Currículo a partir de um projeto interdisciplinar apresentado no In: FÓRUM UNIVERSIDADE E ESPIRITUALIDADE, Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS, 2007. ARANTES, Valéria. Afetividade e cognição: rompendo a dicotomia na educação videtur –23. BYINGTON, C. Pedagogia Simbólica. Rio de Janeiro: Record, 1996. ______. A construção amorosa do saber: o fundamento e a finalidade da Pedagogia Simbólica Junguiana. São Paulo: Religare, 2003. CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 2007. CAPRA, Fritjof. As Conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002. ______. A inteligência da complexidade. São Paulo: Ed. Petrópolis, 2000. ESPÍRITO SANTO, R.C. Pedagogia da transgressão. Campinas: Papirus, 1996.

42

ESPÍRITO SANTO, R.C. O renascimento do sagrado na educação. Campinas: Papirus, 1998. ______. O autoconhecimento na formação do educador. São Paulo: Agora, 2007. FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1991. _______. Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo: Loyola, 1993. _______. Interdisciplinaridade: qual o sentido? São Paulo: Paulus, 2003. _______. (Org). A pesquisa em educação e as transformações e conhecimento. Campinas, São Paulo: Papirus, 1995. _______. (Org.). Dicionário em construção. São Paulo: Cortez, 2001. _______. (Org.). Metodologia da Pesquisa Educacional. São Paulo: Cortez, 2006. GODOY, Herminia Prado (Org). Terapia da Consciência multidimensional: teoria e técnicas. Registrado Biblioteca Nacional sob o número 359.548, livro: 664, Folha: 208 em 10/11/2005. FREGTMAN, Carlos. Música transpessoal. São Paulo:Cultrix, 1991. FRIEDMAN, A.; CRAEMER, U. et al. Caminhos para uma aliança pela infância. São Paulo: Editora e Gráfica Vida e Consciência, 2003. FURLANETTO, C. Ecleide. Como nasce um professor? São Paulo: Paulus, 2003. GALVÃO, Izabel. Revista Paulista, Educação Física. São Paulo, sup. 4, p 7-130, 2001. GUILLARME, J. J. Educação e reeducação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. _______. O sonho transdisciplinar e as razões da filosofia. Rio de Janeiro: Imago, 2006. JACOBI, J. Complexo, Arquétipo e Símbolo na Psicologia de C.G Jung. São Paulo: Cultrix, 1995. JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. _______. The Collected Works. Princeton University Press, 1973. v. 18, p. 5-182.

43

LÓPEZ, R.E. Introdução à Psicologia Evolutiva de Jean Piaget. São Paulo: Cultrix, 1982. MORIN, Edgar. Ciência com Consciência. 6. ed. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2002. SANTOS NETO, Elydio dos. Por uma educação transpessoal: a ação pedagógica e o pensamento de Stanislav Grof. São Bernardo do Campo: Lucerna, 2006. SCHILDER, P. Revista digita. Buenos Aires, v. 0, n. 68, 2004. Disponível em: <www.psicossomatica.com.br>. TRINDADE, A. A criança e seu corpo: gesto e identidade. In: FRIEDMAN, A.; CRAEMER, U. et al. Caminhos para uma aliança pela infância. São Paulo: Editora e Gráfica Vida e Consciência, 2003.

44

A INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE FÍSICA E

MENTAL Denise de Assis14

RESUMO

O despertar do homem no século XXI em direção a valores relacionados à espiritualidade e não à religião tem se configurado como objeto de estudo no meio científico. Pesquisas demonstram que as pessoas que cultivam certos valores e práticas, tais como a oração e a meditação, por exemplo, possuem melhor qualidade de vida e respondem de maneira mais satisfatória quando submetidas a determinados tratamentos médicos. É possível pela ciência, explicar determinados fenômenos até então ignorados ou classificados como alucinações? É o que pretendemos discutir neste trabalho.

Palavras-chave: Transmissão Psíquica, Cultura, Religião, Fenômenos Místicos Em O Futuro de Uma Ilusão (2000 [1927], Edição Eletrônica), Freud demonstrou que as ideias religiosas surgiram pela necessidade de defesa contra as forças esmagadoras da natureza. Além disso, tais idéias se configuravam em uma tentativa de retificar as deficiências da civilização. Assim, a civilização forneceria ao indivíduo estas idéias já prontas, constituindo assim, a herança de muitas gerações. No entanto, a forma de apresentação destas idéias fazia parte de um sistema religioso com a característica de ignorar totalmente o desenvolvimento histórico conhecido e suas diferenças em épocas e civilizações diferentes. Além disso, qualquer questionamento a respeito de sua autenticidade no passado seria motivo para as mais duras punições e mesmo com o passar do tempo, a sociedade continuava olhando com desconfiança qualquer tentativa de trazer seus questionamentos novamente à tona (FREUD, 2000 [1927], Edição Eletrônica). Mesmo com estas limitações, a civilização ergueu-se sobre as doutrinas da religião e caso tais idéias deixassem de ser aceitas, os homens se sentiriam isentos de toda e qualquer obrigação de obedecer aos preceitos da civilização, seguiriam suas pulsões associais e egoístas, procurando exercer o seu poder; e o caos que fora banido por milhares de anos de trabalho civilizatório, retornaria. Neste sentido, a religião contribuiu muito, mas não o suficiente, pois dominou a sociedade por milhares de anos e teve tempo para demonstrar o que poderia alcançar. Mas de um modo geral, não conseguiu tornar mais feliz a maioria da humanidade, confortando-a e reconciliando-a com a vida, e se assim fosse, ninguém sonharia em alterar suas condições. Além disso, a religião perdeu parte de sua influência sobre as massas pelo efeito dos progressos da ciência (FREUD, 2000 [1927], Edição Eletrônica).

14 Denise de Assis: Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade – Universidade Veiga de Almeida (RJ), psicóloga, analista de sistemas, membro da Sociedade de Teologia, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke (EUA). Contato: [email protected]

45

Diante das colocações de Freud a respeito da religião, destacamos o momento atual em que a sociedade começa a questionar sobre os padrões religiosos que durante muito tempo foram impostos por várias gerações, sem a permissão de se levantarem dúvidas sobre seus dogmas. Esta característica vem se tornando evidente pelo crescimento do chamado grupo dos ‘sem-religião’. Grupo que nega qualquer tipo de conexão com associações religiosas e entende a espiritualidade como algo inteiramente individual. Desta forma, segundo Koenig, a palavra espiritualidade ganhou com isto um novo significado em detrimento do original (KOENIG, 2008, p.4). Assim, em contraste com a religião, espiritualidade é mais difícil de se definir. Atualmente é uma expressão mais popular que a primeira, pois muitos têm visto a religião como causadora de conflitos, guerras e fanatismo. Espiritualidade é algo considerado sob um ponto de vista pessoal. Algumas definições subjetivas colocam-na como livre de regras e responsabilidades associadas à religião (idem, ibidem, p.4). Para o teólogo Philip Sheldrake, uma pessoa ‘espiritual’ era alguém que possuía o “Espírito de Deus”, geralmente referindo-se a membros do clero. No Segundo Conselho do Vaticano, este termo foi redefinido tendo ligação com a teologia ascética e mística. Pessoas espiritualizadas, então, passaram a ficar à parte de pessoas religiosas cujos estilos de vida refletiam os ensinamentos de sua fé tradicional (SHELDRAKE, 2007, p.3). Alguns exemplos de pessoas consideradas espiritualizadas e não religiosas: Teresa de Ávila, São João da Cruz, Siddhārtha Gautama, Madre Teresa e Mahatma Ghandi (KOENIG, 2008, p.4-5). Assim, abordando este novo tema que sugere algo para além da religião e de seus preceitos instituídos, pesquisas relacionadas à crenças e práticas religiosas e mais recentemente à espiritualidade vêm chamando a atenção da comunidade científica por sua ligação com o bem estar e melhor qualidade de vida. No entanto, é importante considerar que em alguns casos, a abordagem destes temas pode se configurar como um fator estressor, sendo recomendado o afastamento de pessoas que não se sintam confortáveis em falar sobre o assunto. Por exemplo, pessoas cuja história de vida foi norteada por fanatismos e intolerâncias dentro da própria família ou em alguns diagnósticos relacionados a transtornos mentais (KOENIG, 2004, p. 1195-1196). Mas de um modo geral, temas ligados à transcendência, estados alterados de consciência, visões, curas e milagres, ao longo da história, fizeram parte das principais religiões. Não se pode negar que a discussão do tema sempre foi contraditória, ora oscilando entre explicações relacionadas a fenômenos sobrenaturais, ora entre diagnósticos psiquiátricos. Segundo Roudinesco e Plom (1997, p.188), algumas mulheres cujas capacidades extra sensoriais foram estudadas por cientistas no início da história do espiritismo na Europa, com o nascimento da primeira psiquiatria dinâmica no fim do século XVIII, transformaram-se em objetos de estudo da psicopatologia. “Depois de terem sido princesas de um reino das trevas ou soberanas de um mundo imaginário, fundamentado na magia, elas se tornaram loucas, histéricas, agitadas ou esquizofrênicas – em suma, doentes mentais” (ROUDINESCO; PLOM, 1997, p.188).

46

Atualmente, o assunto vem ganhando cada vez mais espaço no meio científico exatamente pela constatação de que determinadas práticas e crenças relacionadas principalmente à espiritualidade influenciam significativamente a saúde física e mental, conforme foi apresentado. Além disso, com as novas descobertas da Física a respeito da realidade da matéria vem se tornando possível abordar o tema com base na ciência. A partir deste ponto apresentamos um modelo como ponto de partida para embasar a pesquisa científica na área:

1. A distinção entre fenômenos psíquicos que comum e erroneamente são

classificados como espirituais; 2. A distinção entre fenômenos místicos (designação utilizada como referência a

qualquer experiência que possa estar relacionada ao além da matéria) e os fenômenos psicóticos (relacionados a doenças mentais).

1 FENÔMENOS PSÍQUICOS A transmissão de pensamento foi investigada por Freud na Europa do início do século XX. O assunto foi tratado em três textos de sua obra: Psicanálise e Telepatia (1921), Sonhos e Telepatia (1922) e Sonhos e Ocultismo (1933). Nos artigos, Freud analisou relatos de seus pacientes e de outras pessoas que o escreveram pedindo uma possível explicação para algumas experiências atribuídas na época, ao ocultismo. Diante de todos os relatos e o convite recebido para apresentar suas idéias em vários periódicos que abordavam o tema, Freud debruçou-se sobre o assunto. Os casos analisados pelo autor, entre inúmeros temas, tratavam da notícia de morte de entes queridos recebida telepaticamente por seus parentes, ou seja, antes do recebimento da comunicação oficial (por carta ou telegrama, por exemplo). Em um dos relatos analisados por Freud, um homem contou o caso do irmão mais moço que havia falecido havia 25 anos. Antes de abrir a carta que daria a notícia da morte teve o seguinte pensamento: “é para dizer que meu irmão morreu”. Este irmão era o mais jovem e o único que havia ficado em casa, pois ele e os três irmãos já haviam partido. Por ocasião da visita dos irmãos, a conversa girou em torno desta experiência e os outros irmãos declararam ter-lhes acontecido a mesma coisa. O homem não soube dizer se o processo se deu da mesma maneira para os demais irmãos, mas todos declararam ter tido a certeza da morte do irmão mais novo antes de terem recebido o comunicado oficial (Freud, 2000[1922], Ed.Eletrônica). Em outro relato, uma mulher de 37 anos contou ter recebido a notícia da morte do irmão antes do comunicado oficial. Ele estava na guerra e no dia 22 de agosto de 1914 às 10:00 h da manhã, ela ouviu a sua voz, chamando: ‘Mãe! Mãe!’, mas nada viu. Dez minutos depois, a experiência se repetiu. Quando isto aconteceu, a mulher encontrava-se longe da casa dos pais. No dia 24 de agosto, ao voltar para casa, encontrou a mãe deprimida. Esta respondeu à filha que no dia 22, pela manhã, ouviu o irmão chamar: ‘Mãe! Mãe!’ A filha acalmou-a, mas não disse à mãe que teve a mesma experiência. Três semanas depois chegou um cartão do irmão escrito no dia 22 de agosto, entre 9 e 10 horas da manhã. Ele faleceu logo após ter enviado o cartão para a família (Freud, 2000[1922], Ed.Eletrônica).

47

Diante destas e de outras evidências e investigações, Freud concluiu que especificamente nestes casos, pessoas que possuem uma intensa ligação afetiva entre si podem ter acesso quase ao mesmo tempo, à ocorrência de um acidente, morte ou alguma outra notícia a quem se está ligado. Este processo pode ocorrer por meio de uma percepção visual ou auditiva (Freud, 2000[1933], Ed.Eletrônica). As pontuações de Freud puderam ser comprovadas em 1987 (54 anos depois) pelo neurofisiologista mexicano Jacobo-Grinberg Zylberbaum que publicou resultados significativos de sua pesquisa sobre padrões de correlação inter-hemisféricos entre humanos no International Journal of Neuroscience (ZYLBERBAUM; RAMOS, 1987, p.41-53). Nos experimentos de Zylberbaum foram obtidos padrões de correlação de atividade medidos por eletroencefalograma (EEG) em adultos e as condições para comprovar sua teoria eram semelhantes às descritas por Freud a respeito da transmissão de pensamentos. Os padrões do EEG de um sujeito foram comparados a outro em duas situações: sem comunicação verbal e com estímulo de comunicação. A conclusão dos experimentos foi a seguinte:

nem a verbalização, contato físico ou visual são necessários para que a comunicação ocorra. Os padrões de correlação inter-hemisférica para cada sujeito, ao serem observadas, eram similares durante as sessões de comunicação... (ZYLBERBAUM; RAMOS, 1987, p.41).

Em relação aos resultados obtidos no experimento de Zylberbaum (1987, p.41-53), existe na Física Quântica uma propriedade entre partículas conhecida como não-localidade. Ou seja, em certas condições, partículas que estão a distâncias infinitas uma da outra, possuem a propriedade de serem afetadas entre si (BOHM, 1995, p.273). As experiências de Zylberbaum (1987, p.41-53) comprovaram que esta propriedade também se aplica a seres humanos que tenham um objetivo ou sentimento comum. O físico David Bohm concluiu que pensamentos, sentimentos, desejos e impulsos que fluem de indivíduo a indivíduo e de certa forma os envolve, podem interagir de tal forma, tornando-se tão implícitos entre si que se tornam apenas um (BOHM, 1990, p.273). Debatendo sobre o mesmo tema, Lacan (1995[1973-74]) apontou que é concebível que a rede estrutural de um sujeito em particular, comunique-se com outras estruturas, por exemplo, a estrutura dos pais e também com a de um desconhecido. Entende-se por rede estrutural todo o complexo que faz parte do sujeito, envolvendo o psiquismo e também o corpo, que pode expressar por meio de um sintoma, conteúdos relacionados a questões psíquicas. Segundo Lacan (2002[1938]), a família deve ser compreendida no âmbito da realidade formada pelas relações sociais: a espécie humana se caracteriza por um desenvolvimento singular das relações sociais. Este desenvolvimento é sustentado por capacidades excepcionais de comunicação mental e sua conservação e progresso, por dependerem de sua comunicação, configuram-se em obra coletiva e constituem a cultura.

48

Assim, para Lacan (2002[1938]), esta comunicação torna-se possível partindo do seguinte pressuposto: de todos os grupos humanos, a família desempenha um papel primordial na transmissão da cultura e preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico, além da organização de emoções segundo tipos condicionados pelo meio-ambiente. Em um sentido mais amplo, transmite estruturas de comportamento e de representação “cujo jogo ultrapassa os limites da consciência”. Logo, relatos neste sentido são vistos com descrença por alguns e como sobrenatural por outros, mas fazem parte do psiquismo e da história de vida de cada um (ASSIS, 2009-11, p.87). 2 FENÔMENOS MÍSTICOS X FENÔMENOS PSICÓTICOS O físico David Bohm em sua obra O Universo Indivisível: uma Interpretação Ontológica da Teoria Quântica, afirma que um fluxo constante de sentimentos, pensamentos que vêm e vão, desejos, urgências e impulsos encontram-se interconectados e fluindo entre si. “Por exemplo, podemos dizer que um pensamento está implícito no outro, ou ‘coberto, envolvido pelo outro’; seriam as melhores palavras para descrever este processo” (BOHM; HILEY, 1993, p.397). Complementando o exposto por Bohm com as colocações de Lacan apontadas no item anterior a respeito da família como um complexo responsável pela transmissão cultural, além de presidir os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico e a organização de emoções segundo tipos condicionados pelo meio ambiente, podemos considerar que estamos todos interligados não apenas de forma consciente, mas também inconsciente. Fazendo um retrospecto na história dos primeiros místicos e buscando uma conexão com o exposto no parágrafo anterior, a solidão era a forma encontrada por eles para se posicionarem externamente ao contexto sob o qual estavam submetidos. Contexto envolvendo tanto o âmbito familiar quanto institucional. Os místicos encontravam no isolamento subsídios para serem atuantes diante de seus desafios, quebrando dogmas e paradigmas, não se permitindo influenciar pelo fluxo constante de emoções e sentimentos pelos quais todos nós somos atravessados. Segundo Einstein, “o indivíduo que teve experiência da solidão não se torna vítima fácil da sugestão das massas” (ROHDEN, 2008, p.172-173). A partir de suas experiências na solidão, ao retornarem, os místicos exerciam seu trabalho de forma particular e por vezes, eram considerados loucos ou inconvenientes aos olhos da maioria. Santa Teresa de Ávila, por exemplo, fundou o Convento de São José, em Ávila, quebrando os elos com a vida religiosa da época e foi muito criticada por nobres, juízes, pela camada popular e até mesmo por suas companheiras religiosas15. São João da Cruz, auxiliar de Santa Teresa na reforma carmelita, foi poeta, místico e um dos maiores destemidos opositores da Espanha do século de ouro. Para São João, 15 INFOESCOLA. Santa Teresa D’Ávila. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/ santa-teresa-davila>. Acesso em: 20/06/2011.

49

a Igreja precisava tanto de pessoas que agissem quanto de pessoas que vivessem com convicção (SCIADINI, 1995). São Francisco de Assis conseguiu combinar a vida contemplativa de monge com a vida ativa de um pregador leigo, trabalhando para a reforma da Igreja (McMICHAELS, 1997, p.14-15). Como exemplo no oriente, Gandhi buscava de maneira semelhante conciliar sua vida de místico com o pacifista em que se transformou. Era advogado e além de atender a várias pessoas da população conseguiu que as tropas inglesas deixassem a Índia sem qualquer derramamento de sangue16. Para a psicanalista Françoise Dolto (2010, p.129), a busca por santidade, no caso dos místicos religiosos (ser santo17) e pela solidão seria o desejo de encontrar algo do desconhecido, algo do invisível situado para além do inconsciente (DOLTO, 2010, p.129). Segundo Dolto:

Aquilo que pertence ao domínio do espiritual é sempre livre, sutil, imperceptível. Isso é consciente? Não creio. O que temos em nós de espiritual nunca pode ser dito, tampouco sabido. O que é espiritual não é testável – nenhum calibre, nenhum medidor, nenhuma tabela pode confirmar sua presença (DOLTO, 2000, p.39-40).

Para a psicanalista, tais experiências ultrapassam a linguagem:

O que podemos dizer do espiritual ultrapassa a linguagem, mas circula, propaga-se, difunde-se em toda a vida – aquilo que gera alegria, para além do prazer, pertence, a meu ver, ao domínio espiritual. A parte da alegria que não pode ser expressa e que deixa uma lembrança inefável de felicidade que desconhecíamos pertence para mim, ao domínio espiritual (DOLTO, 2010, p.111).

Já com relação ao psicótico, o inconsciente é a céu aberto (LACAN, 2002 [1956], p.133), pois além da alucinação, os distúrbios de linguagem são também característicos desta estrutura. Neste caso, o sujeito se sente invadido o tempo todo, como se recebesse ordens externas e estivesse a mercê de vozes e outros fenômenos que causam angústia. Neste sentido, podemos avançar nos estudos do inconsciente, propondo que o psicótico também é atravessado pelo mesmo fluxo constante de sentimentos, pensamentos que vêm e vão, desejos, urgências e impulsos que se encontram interconectados e fluindo entre si, fluxo constante definido pelo físico David Bohm (1993, p.397). Mas de maneira oposta ao místico, fica à mercê deste fluxo recebendo todo tipo de informação sem encontrar uma saída. Assim, no caso dos místicos, a retirada, a busca por isolamento, a saída deste fluxo constante se configura numa escolha para buscar este algo além, ligado ao

16 CULTURA BRASIL. Mahatma Gandhi. Disponível em: <http://www.culturabrasil.org/gandhi.htm>. Acesso em 20/06/2011. 17 A etimologia da palavra santo vem do termo hebraico kadosh, que significa separado. (FUKS, B. Freud e a Judeidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000)

50

espiritual. No caso da psicose, não há escolha, pois o psicótico encontra-se à mercê de tudo o que trafega por este fluxo, não só do ponto de vista auditivo, mas também com manifestações corporais de toda ordem. Assim, com as novas descobertas da Física e os estudos do inconsciente, torna-se possível iniciar algumas investigações mais profundas a respeito de temas que ultrapassam os limites da matéria apontando para novos objetos de investigação científica. Além disso, estas considerações requerem um momento de profunda reflexão a respeito da existência de pontos que mais aproximam do que afastam os seres humanos em detrimento de divergências ideológicas relacionadas às religiões.

CONCLUSÃO Pesquisas recentes constatam que a busca por valores e práticas ligadas ao âmbito da espiritualidade, de um modo geral, contribuem para o êxito no tratamento médico e qualidade de vida. A meditação e a oração, por exemplo, colaboram para aprimorar o senso de objetividade, atenção, aprendizagem e memória, pois nestes momentos as áreas cerebrais responsáveis por estas capacidades são ativadas. Como a ativação cerebral ocorre no sistema límbico, responsável pelo controle das emoções, a meditação e a oração também ajudam a controlar emoções intensas (NEWBERG; D’AQUILI, 1998, p.80). No I Encontro Anual da Sociedade para Espiritualidade, Teologia e Saúde, na Universidade de Duke, Carolina do Norte, EUA, Jeff Levin (2008) falou a respeito do despertar do homem no século XXI. Tal despertar está ligado à busca pela espiritualidade e não pela religião. Baseado no termo empregado por Aristóteles em 350 a.C., o termo ‘eudaimonia’ (‘felicidade’, ‘bom espírito’) seria considerado como o objetivo final da vida. Em suma, este conceito refere-se à soma de caráter, equilíbrio e sabedoria em prol do bem comum. Através da meditação, da oração, da busca por valores altruístas e positivos, integração e holismo torna-se possível viver melhor (LEVIN, 2008).

REFERÊNCIAS ASSIS, D. Transmissão Psíquica: uma conexão entre a Psicanálise e a Física. Disponível em: <http://www.uva.br/mestrado/dissertacoes_psicanalise/transmissao-psiquica-uma-conexao-entre-a-psicanalise-e-a-fisica.pdf>. Acesso em: 18 out. 2011. BOHM, D.; HILEY, B.J. The Undivided Universe: an Ontological Interpretation of Quantum Theory. New York: Routledge, 1993. DOLTO, F.; SÉVÉRIN, G. A Fé à Luz da Psicanálise. Campinas: Verus, 2010.

51

FREUD, S. Psicanálise e Telepatia. In: Obras Completas. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago (Edição Eletrônica), 2000. _____. Sonhos e Telepatia. In: Obras Completas. Vol. XVIII. Rio de Janeiro: Imago (Edição Eletrônica), 2000. _____. O Futuro de Uma Ilusão. In: Obras Completas. Vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago (Edição Eletrônica), 2000. _____. Sonhos e Ocultismo. In: Obras Completas. Vol. XXII. Rio de Janeiro: Imago (Edição Eletrônica), 2000. FUKS, B. Freud e a Judeidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000 INFOESCOLA. Santa Teresa D’Ávila. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/santa-teresa-davila>. Acesso em: 18 out. 2011. KOENIG, H. Religion, Spirituality and Medicine: research findings and implications for clinical practice. Southern Medical Journal, v. 97, n. 12, p. 1194-1200, 2004. _____. Research on religion, spirituality and mental health: a review. Canadian Journal of Psychiatry, 2008. LACAN, J. Os complexos familiares na formação do indivíduo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. ______. O Seminário, Livro 3: As Psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. ______. Seminario 21: Los Incautos no Yerram (Los Nombres de Padre). Versión completa de la Escuela Freudiana de Buenos Aires. Tradução para a língua portuguesa: Letra Freudiana. LEVIN, J. Human Flourishing: an Epidemiologist’s Perspective. [2008]. Disponível em: <http://www.spiritualityandhealth.duke.edu/sth/2008/levin_handout.pdf>. Acesso em: 18 out. 2011. McMICHAELS, S.W. Journey Out of the Garden: St. Francis of Assisi and the Process of Individuation. New Jersey: Paulist Press, 1997 NEWBERG, A.B.; D’AQUILI, E.G. The Neuropsychology of Spiritual Experience. In: KOENIG, Harold (Ed.). Handbook of Religion and Mental Health. New York: Academic Press, 1998 ROHDEN, H. Einstein, O Enigma do Universo. São Paulo: Martin Claret, 2008. ROUDINESCO, E. & PLOM, M. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

52

SCIADINI, P. São João da Cruz. São Paulo: Loyola, 1995. SHELDRAKE, P. A brief history of spirituality. Boston: Blackwell, 2007. ZYLBERBAUM, J. G.; RAMOS, J. Patterns of Interhemispheric Correlation During Human Communication. International Journal of Neuroscience, v. 36, n. 1, p. 42, 1987.

53

POESIA

54

EVOLUÇÃO TERRENA

Jaya Na verdade já ia fazendo poesia... O início? Está no metafórico Paraíso... Ponto de partida da vida Pleno de Luz... A benção de receber a partícula Divina. Consistente de Beleza, Alegria e Amor... Junto com a alma? Sim, que vai “nascer novamente”... Um corpo físico Também presente para descobrirmos o mistério da “liberdade”... Com a vida? Sempre presente no eterno “agora”... Todos os bens necessários ao viver: Sem contar com aqueles que criaremos... Como o tempo, o sentimento, a inteligência, a saúde, a casa, o trabalho, o dinheiro... Tudo servindo também de instrumento da criatividade... Mas nada disso é nosso... Dada a unidade da Vida... Do Pai veio o empréstimo Para o surgimento do Sentido... Ao filho compete cumprir a missão De gestar nova beleza a cada momento Edificar a espiritualidade Vinda do mais dentro... Construindo o Paraíso Terrestre Que anunciará o desejo de retorno a Casa do Pai... Como seus representantes o somos Anunciadores da Verdade profunda... Assim agradecemos Tal Missão que nos foi dada Pai Mãe! Assim como todos os nossos antepassados Formamos a unidade com o Pai Ancestrais já o fizeram E hoje nos aguardam... Obrigado (a) Pelo sentido da Vida! Por mais um mês da Nova Colheita Sempre renovada Pelo aparecimento de Balarama E tantos seres enviados desde sempre! Tanto temos Que o agradecimento é permanente...

55

De tantas formas expressamos Para que a alegria de vivermos chegue até Vós! Auspiciosamente venho clamar pela Luz do dia de amanhã Portadora do imenso Amor que se manifesta... Que possamos humildemente ser: Novamente a Criança que um dia foi gerada... Guiados Ao crescimento amoroso Iluminados Como as infinitas estrelas acima de nós Abençoados Como no dia que nascemos... E protegidos Como sempre tem acontecido... Caminhando sempre No retorno ao Paraíso Pela proteção de nossa Mãe Gaia Plenitude de beleza à nossa volta... Encontremos através de nosso Pai e Mãe O eterno Filho que sempre surgiu da Misteriosa Criação da Vida... A tão almejada felicidade eterna No infindável Agora... Desejo-lhe uma maravilhosa busca nessa nova semana que se inicia Para nós todos Que seus passos possam seguir o caminho da serenidade Conducentes à Paz Ouvindo com atenção Enxergando a Vida no “mais dentro”... As palavras da intuição Sempre renovadas Respostas a toda indagação Sempre formuladas na direção de “quem somos”? Om shanti OM! Tashi delek Ad perpetuam rei memoriam! Paz profunda e serenidade plena No eterno presente! Namastê! Rodrigo e Ruy

56

ESPAÇO ABERTO

57

NORMOSE

Ruy Cezar do Espírito Santo

Jean Yves Leloup, Roberto Crema e Pierre Weil, lançaram recentemente uma obra denominada “Normose – A Patologia da Normalidade”. O tema é instigante e traz um profundo vínculo com a Educação. Na verdade, o primeiro paralelo com a Educação diz respeito à famosa definição de Paulo Freire que, para a baixa qualidade de muitas de nossas escolas, usava a expressão “educação bancária”. Tal educação apontada por Freire seria segundo a obra aqui referida uma “educação normótica”. Por quê? A expressão “normose” e seu adjetivo “normótico” dizem respeito ao que os autores consideram como sendo a grande patologia contemporânea : a mesmice. Em outras palavras, o ser humano, abrindo mão de sua singularidade e, portanto de sua criatividade, encontra-se hoje à busca de “clones”. Buscam-se “receitas prontas” e modelos a serem copiados... Parece claro que a Educação, de forma particular, precisa e deve estimular a criatividade de seu aluno, para que sua personalidade integral aflore. O grande desafio que os educadores enfrentam em sala de aula são as “metas” colocadas pela família e pelo Estado, como sendo o objetivo último da educação. O exemplo mais óbvio dessas “metas” diz respeito à preparação para os vestibulares. Rubem Alves tem incansavelmente escrito sobre os desvios do processo de ensino-aprendizagem, em decorrência dessa ênfase nos vestibulares. Hoje é de todos conhecida uma escola pública portuguesa – a Escola da Ponte – que nasceu sob a inspiração da obra do mesmo Rubem Alves e oferece um perfil absolutamente revolucionário , para as “normoses” vigentes. Aliás, uma escola pública municipal, de São Paulo vem buscando implantar regime semelhante ao da referida Escola da Ponte. O Professor José Pacheco, diretor e fundador da escola portuguesa, tem estado no Brasil e numa palestra proferida na PUCSP ofereceu aos ouvintes o detalhamento do caminho percorrido pela instituição que dirige. Em livro publicado recentemente, da Editora Papirus, de autoria de Rubem Alves, denominado “A Escola com que Sempre Sonhei Sem Imaginar que Pudesse Existir” o autor detalha a história do surgimento dessa proposta educativa. Quero acentuar que o exemplo que estou trazendo da Escola da Ponte poderá servir como estímulo, e não como modelo a ser seguido, caso contrário estaríamos caindo numa outra forma de “normose”... Posso da mesma forma que aponto para a Escola da Ponte, referir-me à Pedagogia Waldorf também como proposta fora dos moldes “normóticos”, visto que a preocupação primeira de tal pedagogia não são os vestibulares, mas, sim, uma iniciação do jovem, com ênfase nas artes, na realização

58

plena de sua personalidade. Da mesma forma que a Escola da Ponte, a Pedagogia Waldorf também pode servir de inspiração, mas não de “modelo”... Por que toda essa reflexão? Na verdade, sou educador desde os anos setenta, trabalhando especialmente na PUCSP durante mais de trinta anos, com alunos de pedagogia no primeiro ano de seu curso, e observando, que a maioria chega absolutamente “vazia” de conhecimentos esperados para sua idade e frequentemente sem saber do porquê da eleição da área escolhida...Tanto assim que é muito comum a mudança de Faculdade, após o primeiro ano...Ou, pior ainda, o curso é feito tão somente no sentido de “obter um diploma”... Tais ocorrências deixam claro que aquilo que Freire considerava fundamental no processo educativo não vem sendo considerado, ou seja, “conscientizar antes de alfabetizar”... Tal conscientização implicaria num processo de integração do aluno em seu “mundo vida”, como o próprio Freire indicava. Ora integrar o aluno em seu mundo vida seguramente é muito mais do que prepará-lo para o vestibular... A sociedade vem “descobrindo”, que os jovens têm talentos múltiplos além daqueles próprios dos “doutores”... Hoje temos cursos de hotelaria, culinária, turismo, terapias corporais e outros que a cada momento vão surgindo. É preciso dar ao jovem no curso médio essa ampla visão de seu possível futuro profissional, inclusive como o de artesão e não privilegiar a preparação para os vestibulares, que por sinal, não fosse o “loby” dos cursinhos já não existiriam, como já ocorre em muitos países. Na verdade são os currículos dos alunos que deverão servir como instrumento de acesso às universidades. Segundo Rubem Alves se o número de candidatos for superior ao número de vagas o sorteio deverá ser o instrumento de entrada nas Faculdades. A verdade é que as escolas perderam o seu sentido fundamental de gestar um ser humano pleno e de preocupar-se com a iniciação do jovem em seu autoconhecimento, que Sócrates a mais de dois mil anos já apontava como “principio de toda a sabedoria”. Sim, ignorante de si mesmo como poderá o jovem escolher um campo profissional de atuação? O resultado é o sem número de diplomas nunca utilizados ou de artistas nunca revelados... Aliás, o clássico do cinema, em educação, “Sociedade dos Poetas Mortos”, assim o diz claramente... Assim, a “normose” na Educação é o processo de massificação da maioria das escolas que induz os jovens a serem “iguais” à maioria e tornar-se um universitário, de forma mais relevante nas carreiras que “oferecerem maiores possibilidades de ganho”... A transformação de tal quadro somente se dará quando a formação dos educadores incluir nas atividades formadoras, o autoconhecimento, caso contrário, teremos “cegos conduzindo cegos”... Sim, a saída da “normose” passa em primeiro lugar, pela percepção profunda da própria identidade, naquilo que o psicólogo Carl. G.

59

Jung denominava de processo de “individuação”, com a integração do “ego” com o “self”. Caso isto não ocorra nossas escolas continuarão “bancárias”, como Freire o dizia ou “normóticas” como aqui acentuado.

60

REFLEXÃO SOBRE ENCONTRO FIQUE & INTERESPE

UNIÍTALO

61

QUAL É O SENTIDO DA EDUCAÇÃO EM UM MOMENTO DE

TRANSFORMAÇÕES?

26 MAIO DE 2012

Telma Teixeira de Oliveira Almeida

Iniciamos a nossa manhã com a abertura maravilhosa dos artistas, a arte sempre presente, músicas representando o momento, a construção, expressão corporal, criação de movimentos, vozes, espiritualidade e interdisciplinaridade, oferecimento das rosas em forma de gratidão pelo grande momento de transformações. A parceria construída entre os pesquisadores da UNIÍTALO foi realmente algo marcante, estamos atingindo nossos objetivos a cada encontro, senti também a grande força e afinamento dos membros do INTERESPE. Não sabendo que era impossível ele foi lá e fez, em algum momento já ouvi esta frase, e agora posso dizer que quase desisti de encarar a plateia e de tentar me expressar corporalmente, mas lembrava-me de tudo que vivi no Japão e pensava... Preciso ter coragem para transformar, pelo menos a mim mesma, mostrar as expressões fortes que marcaram KUAN YIN e quem sabe despertar outras pessoas. Minha reflexão para este encontro ficou a marca muito forte do grande papel das pessoas que realmente colocam toda a criatividade para fora, expressa com humildade a grande alegria de fazerem outras pessoas felizes, colocar o MOVIMENTO INTERDISCIPLINAR que a nossa querida Ana Maria colocou levou-me a construir em parceria com nosso amigo Ruy César esta POESIA.

Estrela do dia “ana maria”

Luz que brilha sempre

Luz que ilumina com seu talento

Talento que traz alegria

Estrela cadente

Cai em todos os lugares

Deixando marcas definitivas

De alegria, beleza e amor...

Sua sabedoria traz a inspiração

Traz o sentido da transformação

Encontra as origens para o autoconhecimento

Busca o talento, o despertar.

Despertar para o mais dentro

Para viver a eternidade do agora

Nossa estrela trouxe a intuição

O caminho percorrido de tantos encontros

Encontros criativos e sutis

62

Expressando a arte através da sua linguagem

Afetiva, espiritual, corporal, musical,

Vivencial e emocional

Sua descoberta de talento reflete seu ser criativo e transformador

Linda por dentro e por fora e sua alma é de um eterno anjo

Anjo que sequer precisa de asas

Pois seu voo é interior

Para o “mais dentro”

O “dentro do dentro”

Onde tudo tem início

Até sempre! Telma e Ruy

Este texto poético surgiu das mãos de uma fada

toda de azul

Dançando uma dança

Infinita que convida todos

A mergulhar no sentido profundo do viver!

Essa fada é Telma

Até sempre! Ruy César

Reflexões do Profº Drº Ruy César dizendo sobre o mistério da vida que é não percebemos que todos os seres vivos nascem prontos o coelho só pode ser coelho porque ele não pode ser outra coisa, um ser humano é diferente cada um é um, singular, as transformações dependem do mistério da liberdade, o ser humano produz transformação a partir de si mesmo, a liberdade é a consciência profunda, princípio de toda sabedoria. A maior ignorância de si mesmo é o ser humano que constrói uma bomba atômica. O ser humano precisa mergulhar na sua identidade, buscando quem sou eu, uma sinfonia vem da criatividade interior, o que Jung chamava de self. Acorde este artista, fazer a criatividade despertar o sentido da nossa existência, quando trabalhamos com a educação despertarmos nossa criatividade. Este nosso encontro de hoje nos deixa os frutos de caminhar, porque a arte é o primeiro sinal do ser humano que acordou seu artista interior. Despertar o criativo, no segundo momento, trazer o autoconhecimento do aqui e do agora. E preciso estar onde estão, esqueçam o celular, viva profundamente o agora, a beleza, a alegria e o amor. A estrela do dia continua dizendo quem educa? Fazemos parte da educação lá fora, como nós temos oportunidade de usar a palavra, as palavras saem do coração, quem fala com amor recebe também com amor.

63

JAPÃO: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR

Telma Teixeira de Oliveira Almeida

Kuan Yin – Deusa da compaixão e do amor

Este relato considera uma “Experiência Interdisciplinar” por nascer no berço do Grupo de Pesquisas e Estudos em Interdisciplinaridade do GEPI/PUC/SP, nomeada para apresentar um trabalho no Japão em Dezembro de 2011, meses antes fui acometida por umas fortes dores pelo corpo, sem causa nenhuma e impossibilitada de desenvolver algumas atividades corporais, me afastei do trabalho por quinze dias. Os especialistas da área disseram que havia contraído uma doença crônica para resto da vida, e a minha cura estaria em nunca mais parar de praticar atividade física, para tanto ao meu retorno encontrei uma aluna do grupo da terceira idade que me disse, você precisa encontrar a sua Deusa interior, precisa encontrar Kuan Yin, e começou a me dizer que eu pesquisasse algo a respeito, disse que era uma Deusa Oriental, “Deusa da Compaixão e do Amor”, aproximou-se dizendo que eu precisaria contribuir mais com as pessoas, usar minha força interior, que as minhas dores provinham do tolhimento do meu potencial. Comentei que iria para o Japão, ela respondeu dizendo que estava tudo preparado para minha ida. Naquele momento queria entender e saber mais... Fui pesquisar sobre quem era Kuan Yin, na mitologia chinesa, Kuan Yin é conhecida como a Deusa da Compaixão e do amor. Ela existiu como pessoa, igual a todos nós e somente depois de sua morte foi transformada em Deusa. Também conhecida como Quan’am (no Vietnã), Kannon (no Japão), e Kanin (em Bali). Considera-se o símbolo máximo da pureza espiritual, “aquela que houve os lamentos do mundo” suas imagens sempre aparecem em cima da flor de lótus, brotando do lodo. Esta Deusa enquanto viveu, percorreu o mundo, viu muita dor e então jurou proteger e amparar todos os humanos até que o último sofrimento acabe.

64

Li a respeito tentei fazer algumas semelhanças com o que estava ocorrendo, mas não dei muita importância, sem mesmo entender como tudo estava acontecendo. Um mês depois o professor que nos levaria para o Japão me enviou um e-mail com um vídeo sobre uma apresentação da Dança do ventre de Kuan Yin. Perguntei-me o que tudo isto tem a ver comigo? Neste período minhas dores já haviam desaparecido, sem encontrar qualquer causa. Na primeira reunião do grupo para os acertos finais da viagem, ele entregou um livro para lermos, já que também visitaríamos Efhesus na Turquia especialmente a casa onde a Virgem Maria morou, ele disse para lermos o livro e nos prepararmos, cujo nome “A Deusa da compaixão e do amor”, o culto místico de Kuan Yin. Neste momento não tive dúvidas, pensei... Eu preciso realmente ir. Logo na viagem de ida comecei a registrar as minhas sensações, percepções, comecei a dialogar comigo mesma todo este processo interdisciplinar? Porque eu? Desde que me tornei uma pesquisadora interdisciplinar – sempre registro tudo, quais eram os registros daquele momento? Registrava o que sentia, era o meu olhar associado à grandeza de tudo, conhecer o Japão era algo distante demais. Um dos Templos que visitamos em Kyoto foi o Templo Sanjusangendo – no inteiror do salão com 1.001 figuras de Kannon esculpida nos séculos XII e XIII. Este é o Templo da Deusa famosa por suas estátuas de Kannon 1001, “a Deusa da misericórdia e da compaixão”. Percebi a conexão sobre Kuan Yin. Em Efhesus na Turquia quando cheguei à Casa da Virgem Maria não tive mais dúvidas. Foi uma grande emoção, parecia que buscava algo, a relação da figura forte da Virgem Maria de mãe, protetora, mulher, o feminino, enfim, questões realmente para serem refletidas. Fiquei a pensar qual o sentido Interdisciplinar, seria de transformar? Enxergar possibilidades de conexão? Na verdade está imagem da Deusa é a mesma, vivi nestes espaços sagrados um grande encontro comigo mesma, reafirmando minha missão de divulgar estes relatos, perceber a nossa grande escuta para com o outro, o tamanho da responsabilidade enquanto educadora de tocar nossos alunos instigá-los a buscar o verdadeiro conhecimento, estar cada dia melhor, sair de alguma dor e buscar a cura, sinto que é um movimento interior, exercer nossas potencialidades, renovar-se a cada instante.

65

DADOS BIOGRÁFICOS DO EDITOR, COMITÊ EDITORIAL E

CONSULTORES

EDITOR:

RUY CEZAR DO ESPÍRITO SANTO: graduado em Direito pela Universidade de São Paulo (1957), mestrado em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1991) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998). Atualmente é professor titular da Fundação Armando Alvares Penteado; professor de graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor na UNIMESP, no programa latu-sensu denominado "Docência do Ensino Superior". Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Auto Conhecimento na Formação do Educador, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, auto-conhecimento, formação do educador, fragmentação e transformações. É autor dos livros: Pedagogia da Transgressão (SP: Papirus, 1996); O renascimento do Sagrado na Educação (SP: Vozes, 2008) e Autoconhecimento na formação do educador (SP: Ágora. 2007) dentre outros. Contato: [email protected]

COMITÊ EDITORIAL: ANA MARIA RAMOS SANCHEZ VARELLA: Pós-doutora em Interdisciplinaridade. Doutora em Educação: Currículo, linha de pesquisa Interdisciplinaridade. Mestre em Gerontologia, Psicopedagoga - PUC/SP. Graduada em Letras: Língua Portuguesa e Inglesa - UniPaulistana. Pesquisadora da PUC/SP dos grupos de pesquisa: GEPI (Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade) LEC (Longevidade, Envelhecimento e Comunicação) e INTERESPE (Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação). Autora das obras: A Comunicação Interdisciplinar na Educação, Envelhecer com desenvolvimento pessoal e Quinta série, um bicho de sete cabeças? Contato: [email protected]. Site Pessoal: http://www.anamariavarella.com.br HERMINIA PRADO GODOY: Pós-doutora em Interdisciplinaridade pelo GEPI-PUC/SP (2011); Doutora em Educação/Currículo pela PUC/SP (2011), Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1999) e PhD em Terapia Regressiva pela AAPLE, USA (2000). É especialista pelo CRP/06

66

em Psicologia Clínica e Forense, psicóloga pesquisadora clínica e atua como psicóloga em consultório particular desde 1979 e professora em cursos de Pós-Graduação desde 1990. Coordena o Grupo de Estudo sobre Consciência no Centro de Difusão de Estudos da Consciência. Participa do GEH, Grupo de Estudos de Hipnose, Coordenado pelo Prof. Dr. Osmar Colás da UNIFESP; do GEPI- Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade, Coordenado pela Profa. Dra. Ivani Fazenda, PUC/SP; do INTERESPE - Grupo de estudos sobre a Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação. Contato: [email protected] LEOCILÉA APARECIDA VIEIRA: graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Paraná e Pedagogia pela Universidade Castelo Branco, Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná e Doutora em Educação: Currículo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Funcionária aposentada do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Paraná. Professora de cursos de graduação e pós-graduação na modalidade presencial e a distância, em algumas instituições de ensino superior. Atuou como coordenadora de Setor de Material Didático para a EaD, Orientação e Supervisão de Monografias na modalidade a distância, de Material Didático para EaD e curso de Licenciatura em Pedagogia, nas modalidades presencial, “semipresencial” e a distância. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em educação a distância, atuando principalmente nos seguintes temas: tecnologias educacionais, formação de professores, estágio supervisionado, pesquisa acadêmica (projetos e monografias) e redação de trabalhos acadêmico-científicos. Contato: e-mail: [email protected]

CONSULTORES:

ELENICE GIOSA: Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano - USP. Mestre em Linguística Aplicada ao Ensino de Línguas - PUC/SP. Graduada em Letras: Tradutor e Intérprete. Docente em curso de graduação. Pesquisadora do GEPI e INTERESPE. Contato: [email protected] GAZY ANDRAUS: Doutor em Ciências da Comunicação - ECA/USP. Mestre em Artes - UNESP. Graduado em Educação Artística - FAAP. Professor e Coordenador do curso de Artes da FIG-UNIMESP. Pesquisador do Observatório de HQ da USP e INTERESPE. Autor de HQ independente de temática adulta Fantástico-Filosófica. Contado: [email protected] IVANI CATARINA ARANTES FAZENDA: Graduada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (1963), mestrado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1978) doutorado em Antropologia pela Universidade de São Paulo (1984) e livre docência em Didática pela UNESP (1991). Atualmente é professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, professora associada do CRIE (Centre de Recherche et intervention educative) da Universidade de Sherbrooke- Canadá, membro fundador do Instituto Luso Brasileiro de Ciências da Educação-Universidade de Evora - Portugal. Em dezembro de 2007 foi convidada para ser membro do CIRETt/UNESCO,- França. Membro do comitê cientifico da Revista E. Curriculum (www.pucsp.br/ecurriculum)e de várias revistas na área da Educação.Preside o conselho editorial de duas coleções de livros da Editora Papirus e três da Edições Loyola, membro da Academia Paulista de Educação (cadeira 37). Coordena o GEPI- grupo de estudos e

67

pesquisas em interdisciplinaridade, filiado ao CNPQ e outras instituições internacionais. Pesquisadora CNPQ - Nivel I desde 1993. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem, atuando principalmente nos seguintes temas: interdisciplinaridade, educação, pesquisa, currículo e formação. Contato: [email protected] JAIME PAULINO: Pós-graduando em Docência no Ensino Superior. Bacharel em Direito - FIG-UNIMESP. Graduado em Instrutor de Educação Física - Escola de Educação Física da Polícia Militar. Coordenador e Docente do curso de Educação Física - FIG-UNIMESP. Pesquisador do INTERESPE. Contato: [email protected] JERLEY PEREIRA DA SILVA: Mestrando em Educação Currículo, PUC/SP, 2010. Pós-graduado em Gestão de Pessoas para Negócios e Consultoria Empresarial - UNIÍTALO.Bacharel em Administração - UNIB. Coordenador dos cursos de pós-graduação nas áreas de Negócios e Saúde. Coordenador Adjunto e Docente do curso de Administração - UNIÍTALO. Pesquisador do GEPI e INTERESPE. Contato: [email protected] PRISCILLA MARIANA LOURENÇO CARDOSO: Pós-graduanda em Docência no Ensino Superior e graduada em Letras - Língua Portuguesa e Inglesa - FIG-UNIMESP. Pesquisadora do INTERESPE. Contato: [email protected] SIMONE MOURA ANDRIOLI DE CASTRO ANDRADE: Mestra em Educação: Currículo - PUC/SP. Especialista em psicoterapia de orientação Junguiana - Instituto Sedes Sapiente. Graduada em Psicologia - PUC/SP. Psicoterapeuta da Regressão pelo CDEC, Terapeuta da Consciência Multidimensional - Centro de Estudos e Pesquisas da Consciência. Pesquisadora do GEPI, Prof. Aliança pela Infância e INTERESPE. Contato: [email protected]

TELMA TEIXEIRA DE OLIVEIRA ALMEIDA: Doutoranda em Educação: Currículo-Interdisciplinaridade - GEPI(Grupo de estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade), PUC/SP, Pesquisadora do Grupo de Pesquisa INTERESPE (Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação) PUC/SP. Mestre em Educação pela UNIMEP de Piracicaba/SP, Especialista em Docência pela UNIMESP/Guarulhos/SP, Graduada em Educação Física pelo Instituto Gammon Lavras/MG. Coordenadora e Profª do Curso de Pedagogia e Professora da Faculdade de Educação Física da FIG/UNIMESP/Guarulhos/SP. Professora da Pós-Graduação da UNIÍTALO/SP. Autora das obras Jogos e Brincadeiras no Ensino Infantil e Fundamental e Educação Física no Ensino Fundamental com atividades de Inclusão pela Cortez/Editora. Contato: [email protected]

68

NORMAS PARA A APRESENTAÇÃO DOS ARTIGOS

INTERESPE: Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação é uma revista de periodicidade anual, cujo volume de cada ano será publicado em dezembro e poderão ser realizadas edições extras. É uma publicação Oficial do INTERESPE- Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade em Educação – Educação: Fundamentos da Educação – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade e espiritualidade: PUC/SP. Tem por objetivo publicar textos e artigos nacionais e internacionais sobre a Interdisciplinaridade e Espiritualidade, bem como do campo da Educação, da Arte e da Cultura, dentre outros que contribuam para a ampliação do conhecimento sobre a Interdisciplinaridade e Espiritualidade.

CATEGORIAS DE ARTIGOS Serão publicados: Artigos Originais, Revisões, Atualizações, Resultados de Pesquisas, Resumo e resenhas de livros, Filmes, Relatos e/ou Sugestões de Práticas Interdisciplinares, Comunicações Breves, Depoimentos, Entrevistas, Cartas ao Editor, Notícias, Agenda. Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita, que possam ser replicados e/ou generalizados. Devem ter a objetividade como princípio básico. O autor deve deixar claro quais as questões que pretende responder. O texto deve conter de 2.000 a 4.000 palavras, excluindo tabelas, figuras e referências. A estrutura dos artigos é a convencional: introdução, métodos, resultados e discussão. A introdução deve ser curta, definindo o problema estudado, sintetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimento que serão abordados no artigo. Os métodos empregados, a população estudada, a fonte de dados e critérios de seleção, dentre outros, devem ser descritos de forma compreensiva e completa, mas sem prolixidade. A seção de resultados deve se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir interpretações/comparações. O texto deve ser complementar e não repetir o que está descrito em tabelas e figuras. Deve ser separado da discussão. A discussão deve começar apreciando as limitações do estudo, seguida da comparação com a literatura e da interpretação dos autores, extraindo as conclusões e indicando os caminhos para novas pesquisas. Revisões: Avaliação crítica sistematizada da literatura sobre determinado assunto devendo conter conclusões. Devem ser descritos os procedimentos adotados, esclarecendo a delimitação e limites do tema. Sua extensão é de no máximo 5.000 palavras. Atualizações: São trabalhos descritivos e interpretativos baseados na literatura recente sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo. Sua extensão deve ser de no máximo 3.000 palavras. Notas e informações: São relatos curtos decorrentes de estudos originais ou avaliativos. Podem incluir também notas preliminares de pesquisa. Sua extensão deve ser de 800 a 1.600 palavras.

69

Cartas ao editor: Inclui cartas que visam a discutir artigos recentes publicados na Revista ou a relatar pesquisas originais ou achados científicos significativos. Não devem exceder a 600 palavras. Observação: Trabalhos que ultrapassem as extensões acima estipuladas serão objeto de análise por parte dos Consultores. AUTORIA O conceito de autoria está baseado na contribuição substancial de cada uma das pessoas listadas como autores, no que se refere sobretudo à concepção do projeto de pesquisa, análise e interpretação dos dados, redação e revisão crítica. PROCESSO DE ESCOLHA DOS ARTIGOS Os artigos devem ser encaminhados aos editores que considerarão o mérito contribuição e encaminharão aos colaboradores da área específica do autor. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. A decisão sobre aceitação é tomada pelo Comitê Editorial. Artigos recusados, mas com possibilidade de reformulação, poderão retornar como novo trabalho. Artigos aceitos sob condição serão retornados aos autores para alterações necessárias e normatização de acordo com o estilo da revista. O(s) autor(es) receberão no prazo de 90 dias o retorno do Conselho Editorial sobre a aprovação do artigo enviado para apreciação. PREPARO DOS ARTIGOS Os artigos devem ser digitados em letra arial, corpo 12, no Word, plataforma PC, incluindo página de identificação, resumos, agradecimentos, referências, tabelas e numeração das páginas. Sugerimos que sejam submetidos à revisão do Português por profissional competente antes de ser encaminhado à publicação. Os artigos devem ser enviados para o comitê de editoração aos cuidados de Ana Maria Ramos Sanchez Varella: [email protected] ou Herminia Prado Godoy: [email protected] PADRÃO DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS As normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT que deverão ser consultadas para a elaboração dos artigos são as seguintes: NBR 14724:2001 - Informação e documentação - Trabalhos acadêmicos - Apresentação NBR 10520:2001 - Informação e documentação - Apresentação de citações em documentos NBR 6022:2003 - Informação e documentação - Artigo em documentação periódica e científica impressa – Apresentação

70

NBR 6023:2002 - Informação e documentação- Referências- Elaboração NBR 6024:2003 - Informação e documentação- Numeração progressiva das seções de um documento NBR 6028:2002 - Informação e documentação- Resumos - Apresentação: noções básicas NBR 12256:1992 - Apresentação de originais OBSERVAÇÕES GERAIS 1. Deverá ser incluída uma carta, assinada por todos os autores, permitindo a publicação

pela revista. 2. As pesquisas que envolvam seres humanos devem mencionar a devida aprovação prévia

pelo Comitê de ética da instituição de origem. 3. Caberá aos autores a total responsabilidade sobre o conteúdo dos artigos publicados. 4. Os artigos devem conter o título no manuscrito, sua tradução para o inglês, nomes

completos dos autores com suas titulações acadêmicas, instituição, departamento e disciplina a que pertencem, endereço para correspondência e, telefones, palavras-chaves em português e em inglês (NBR 12256 - 1992), resumo do artigo, (no máximo 250 palavras) em português e em inglês (NBR 6028 - 2002), e referências (NBR 6023-2002).

5. As tabelas, gráficos, figuras, desenhos feitos por profissionais e fotografias que permitam boa reprodução, devem ser citados no texto em ordem cronológica e, devem ser enviadas com título, legenda e, respectiva numeração. As ilustrações escanerizadas deverão ser enviadas na forma original e no formato .tif ou .jpg e ter no mínimo 270 dpi. As fotografias não devem permitir a identificação dos sujeitos, preservando assim o anonimato. Caso seja impossível, deve-se incluir uma permissão do sujeito, por escrito, para a publicação de suas fotografias. Deve-se também incluir a permissão por escrito para reproduzir figuras já publicadas, constando um agradecimento para a fonte original (NBR 12256 - 1992).