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INTERTEXTUALIDADE: um diálogo entre textos Sônia Maria Ferreira Barrueco SE ESSA RUA FOSSE MINHA (Texto 1) Se essa rua fosse minha, Não mandava ladrilhar. Não deixava botar pedras, Não deixava asfaltar Deixaria o chão de terra, Ou talvez plantasse grama... Se essa rua fosse minha, A gente poderia correr, Andar de bicicleta E brincar. Brincar de tudo o que a gente quisesse. Jogar bola, Pular sela,

INTERTEXTUALIDADE - um diálogo entre textos[1]

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INTERTEXTUALIDADE: um diálogo entre textos

Sônia Maria Ferreira Barrueco

SE ESSA RUA FOSSE MINHA (Texto 1)

Se essa rua fosse minha, Não mandava ladrilhar.

Não deixava botar pedras, Não deixava asfaltar

Deixaria o chão de terra, Ou talvez plantasse grama...

Se essa rua fosse minha, A gente poderia correr, Andar de bicicleta E brincar.

Brincar de tudo o que a gente quisesse. Jogar bola, Pular sela, E barra-manteiga. Cabra-cega, Mãe-da-rua E pegador.

Ah! Quanta coisa a gente poderia fazer!

OBS: O texto 1 pode ser intertextualizado com a Cantiga de Roda “NESTA RUA” texto original.

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NESTA RUA (Texto 2)

Se esta rua se esta rua fosse minha Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante Para o meu, para o meu amor passar.

Nesta rua, nesta rua, tem um bosque Que se chama, que se chama , Solidão Dentro dele, dentro dele mora um anjo Que roubou, que roubou meu coração.

Se eu roubei, se eu roubei seu coração É porque tu roubastes o meu também

Se eu roubei, se eu roubei teu coração É porque eu te quero tanto bem.

Análise textual

Apresentar no quadro o título dos dois textos. 1- Trabalhar primeiro o texto 2 NESTA RUA, informando que é uma cantiga de

roda popular, e ele é o texto “original” que inspirou o outro a ser estudado. Ao

trabalhar com intertextualidade é sempre importante o professor oferecer ao

aluno a oportunidade dele conhecer o texto “anterior” ou “original”, pois dessa

forma, ele será capaz de reconhecer um texto no outro e o diálogo que se

estabelece entre os textos, que chamamos de intertextualidade.

2- Fazer levantamento do conhecimento prévio dos alunos sobre o título do

texto 1: “SE ESTA RUA FOSSE MINHA”. Escrever no quadro o nome do

texto, fazendo perguntas sobre esse título (O que esse título sugere? O texto

vai falar da rua de quem? Se essa rua fosse sua, o que faria com ela? Você

brinca na rua de sua casa? É perigoso brincar na rua? Quais tipos de

brincadeiras que podemos fazer na rua? Qual é sua brincadeira predileta na

rua onde mora?

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2.1- À medida que os alunos vão dando respostas, o professor vai listando no

quadro todas as respostas por eles dadas (tomando o cuidado de não repetir

respostas)

2.2- Posteriormente, fazer a leitura do texto e checa. as informações dadas

pelos alunos.

2.3- Perguntar se as respostas por eles dadas estão de acordo com as

informações que o texto oferece.

2.4- Mostrar que esse poema não apresenta rimas embora tenha

musicalidade; ritmo.

2.5- Falar da importância da repetição das palavras ou expressões que servem

para dar o ritmo. (Não mandava; Não deixava; Se essa rua fosse minha...)

2.6 - Analisar o uso da pontuação no texto.

2.7- Explicar o emprego do hífen nos substantivos compostos (barra-manteiga;

cabra-cega; mãe-da-rua).

2.8 - Perguntar aos alunos se eles conhecem as brincadeiras descritas no texto

(pular sela, barra-manteiga; cabra-cega; mãe-da-rua; pegador). Às brincadeiras

que eles não conhecerem, o professor pode propor uma pesquisa com os pais,

tios, avós, vizinhos, como atividade extra-classe.

3- Apresentar o segundo texto “NESTA RUA”

3.1 Ao fazer a análise do 2º texto, levar em consideração o 1º texto estudado.

Fazer várias perguntas para relacionar os textos:

a- Título: explorar o título e sua relação com o outro texto.

b- Explorar a 1ª estrofe:

1- Por que o texto fala em “ladrilhar”? (diálogo com o outro texto.

2- Por que o texto fala em “botar pedras”? (diálogo com o outro texto).

3- Mostrar que essa 1ª estrofe inspirada na cantiga popular, na verdade,

está desdizendo a cantiga : Não mandava ladrilhar, Não deixava botar pedras.

4- A partir do trabalho com a intertextualidade:

a- Se essa rua fosse minha (atenção ao tempo verbal)

b- Ladrilhar X não ladrilhar.

c- Com pedrinhas de brilhante X não botar pedras.

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Fazer o “salto” para o tema do texto propriamente dito:

Por que NÃO ladrilhar?

Por que NÃO botar pedras?

Por que NÃO asfaltar? (Aqui se dá o salto, o pulo do gato, para

entender a importância da intertextualidade para o desenvolvimento

do tema proposto para esse texto).

5- Análise do texto 2 “NESTA RUA”

Posteriormente, fazer a leitura do texto e checar as informações dadas pelos

alunos.

5.1 - Perguntar se as respostas por eles dadas estão de acordo com as

informações que o texto oferece.

Nós podemos ladrilhar uma rua com pedrinhas de diamante? Diamante é uma

pedra preciosa ou não. Por quê? .......). À medida em que os alunos vão dando

respostas, o professor vai listando no quadro todas as repostas dadas por

eles.

Posteriormente, fazer a leitura do texto e checar as informações dadas pelos

alunos.

5.2 - Perguntar se as respostas dadas estão de acordo com as informações

que o texto oferece.

5.3 - Mostrar as diferenças entre os dois textos:

Que este poema apresenta rimas; musicalidade; ritmo.

O texto 1 não tem rima.

O texto 1 apresenta alguns sinais de pontuação (! ...), que não se

apresentam no texto 2.

5.4- Analisar o uso da pontuação que serve para indicar o sentido desejado e

os efeitos que esse uso provoca (!...) Ou talvez plantasse grama... / Ah! Quanta

coisa a gente poderia fazer !

5.5- Verificar a disposição gráfica dos dois textos: número de estrofes, número

de versos.

5.6- Analisar a seleção de palavras utilizadas pelo autor, o sentido que elas

estabelecem e a organização que apresentam para dar sentido ao texto.

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5.7- Observar a intencionalidade dos autores de cada texto.

5.8- Examinar a importância da repetição das palavras ou expressões, que

servem para dar o ritmo (eu mandava, eu mandava; com pedrinhas, com

pedrinhas; nesta rua, nesta rua; que se chama, que se chama...) .

5.9- Mostrar aos alunos que essa repetição só é possível no poema, pois esse

tipo de texto tem a “licença poética”, podendo desobedecer e transgredir as

normas da língua, pois poesia é transgressão, é a subversão da língua.

OBS: A intertextualidade é a conversa entre textos que apresentam o mesmo

tema. Inter = entre.

Professor (a)

Quando falamos de pontuação é importante que o aluno perceba que

pontuar não é aprender um conjunto de regras para saber usar sinais de

pontuação. Mas saber que a pontuação no texto aparece sempre em

posições que indicam as separações de frases ou de parágrafos. E, ainda, que

a pontuação serve para organizar as idéias que darão o ritmo e sentido ao

texto.

Para tanto, faz-se necessário trabalhar a pontuação nos diferentes tipos

de textos para que o aluno possa também conhecer a intencionalidade do

autor, o sentido desejado e os efeitos que esses sinais provocam no texto.