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O MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA BE: METODOLOGIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO (PARTE I) Formanda - Carla Fernandes NOTA PRÉVIA Considerando a tarefa proposta num domínio abstracto de acção, já que profissionalmente não me encontro um contexto aplicável do Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca Escolar, a minha reflexão vai mais no sentido de um contributo genérico para a aplicação de um domínio específico. 1. O DOMÍNIO A AVALIAR B. Leitura e Literacia 2. OS INDICADORES B.1 - Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitura na escola/agrupamento (INDICADOR DE PROCESSO) DGIDC RBE Formação

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O MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA BE: METODOLOGIAS DE OPERACIONALIZAÇÃO (PARTE I)

Formanda - Carla Fernandes

NOTA PRÉVIA

Considerando a tarefa proposta num domínio abstracto de acção, já que

profissionalmente não me encontro um contexto aplicável do Modelo de Auto-Avaliação da

Biblioteca Escolar, a minha reflexão vai mais no sentido de um contributo genérico para a

aplicação de um domínio específico.

1. O DOMÍNIO A AVALIAR

B. Leitura e Literacia

2. OS INDICADORES

B.1 - Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitura na escola/agrupamento (INDICADOR DE PROCESSO)

B.3 – Impacto da BE nas atitudes e competências dos alunos, no âmbito da leitura e da literacia (INDICADOR DE IMPACTO)

DGIDC

RBE

Formação MAABE

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3. O PLANO DE ACÇÃO

Segundo Carter McNamara e consultado o guião desta unidade, para delinear um plano de

avaliação devemos ter em consideração:

Os motivos que levam ao implemento dessa avaliação; A quem interessam os resultados dessa avaliação; O que se deve avaliar em termos de processo (inputs, actividades, outputs), ou de

impacto (benefits). Pontos fortes e fracos. Falhas e impedimentos; Fontes de informação (utilizadores, equipa, programas documentais); Métodos de recolha de evidências (questionários, entrevistas, exame da documentação,

observação directa, etc.); Calendarização para a recolha da informação; Recursos para a recolha de informação; A análise crítica e o tratamento dos dados; A divulgação dos mesmos; Acções para a melhoria.

3.1 – Enquadramento da problemática em abordagem

A criação de bibliotecas e centros de recursos nas escolas entronca num plano vasto de

princípios e necessidades que convergem para assunção de uma mudança ditada pelo tempo e

que marca uma relação privilegiada entre a escola e a dinâmica social.

As condições físicas de acesso à leitura são fundamentais para a promoção de hábitos e

competências. O leitor tem preferência quanto ao local e à hora da leitura, ao género literário ou

à tipologia de texto, sendo natural um desempenho mais positivo quando se reúnem as

condições que considera ideais.

Este aspecto vem destacar o estímulo dos materiais e dos espaços adequados para a

leitura. Com efeito, a leitura para crianças e jovens tem sido um apetecível campo de

investimento literário desde a última década do século XX. É cada vez menos surpreendente

encontrarmos escritores contemporâneos conceituados a dedicar-se à aventura da escrita para os

mais novos, assim como vultos que descerram o anonimato e se assumem no campo das letras,

vocacionando a sua produção para este público específico.

O mercado editorial tem sido intensivamente enriquecido com os mais diversos

contributos de autores de montra e de novos criadores que, ao nível da escrita e da ilustração,

muito abrilhantam as secções infanto-juvenis de bibliotecas e livrarias. Curiosamente, é notória

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a emergência de publicações de crianças e jovens para os seus pares, umas vezes decorrentes de

actividades orientadas em meio escolar, outras como consequência de um percurso leitor que

almeja produzir os seus frutos.

O aumento do grau de escolarização dos portugueses e a diversificação da montra

editorial deveria ter produzido mudança nos hábitos de acesso a bens culturais como o livro, no

entanto a “crise da leitura”, expressão utilizada por Sequeira (2000), é notória e atinge vários

países do mundo.

Não se nasce leitor e não leitor (Cerrillo et al., 2003: 232). Não basta saber ler para se

ser leitor, salvo se forem adquiridos hábitos a partir da própria actividade de leitura, que só o

tempo e as condições proporcionam. Interessa-nos determo-nos neste trabalho sobre as

condições, sobre os processos que dão origem a comportamentos leitores. Cerrillo et al. (2003)

põe a tónica da análise deste fenómeno na mediação em ambiente escolar, que, na sua óptica,

apresenta alguns constrangimentos que se concentram na atitude e formação do mediador

(educador/professor), com reflexo nas metodologias utilizadas, e também nas infra-estruturas

criadas nas escolas e no meio extra-escolar.

A leitura, nos seus mais variados suportes e dimensões continua a ser a actividade mais

importante numa biblioteca, porque constitui o elemento nodular para a construção do

conhecimento.

Por outro lado, o número de bibliotecas tem vindo a aumentar nas escolas e nos

municípios com a dilatação progressiva da Rede de Bibliotecas Escolares e de Leitura Pública,

oferecendo espaços dignos de trabalho e lazer.

Talvez tenhamos então de colocar a tónica não na quantidade de oferta de leitura, mas

antes no trabalho de motivação para a leitura. A capacidade de intervirmos no processo de

formação de leitores é uma questão que hoje se nos apresenta com enorme acuidade e

pertinência. A escola, lugar natural de formação de leitores, não só deve ensinar a ler, na

acepção por nós já referida, como também promover atitudes e modos de ler desde a entrada da

criança em meio escolar.

Para além de uma capacidade, anseia-se que a leitura seja, de igual modo, uma efectiva

prática cultural. Para que a escola forme cidadãos bem preparados para uma realidade em

permanente mutação, com perfil (re)activo, terá de dotar os alunos de competências cognitivas,

metacognitivas, linguísticas, metalinguísticas e literárias que formem leitores para a vida.

3.2. Justificação dos indicadores do objecto de avaliação

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Visando testar o nível de adesão à leitura ou ao trabalho efectuado, ao nível da promoção da

leitura e do desenvolvimento das competências literácitas, pelos profissionais da educação e

outros parceiros, importa averiguar este domínio de modo a que, futuramente, se possa aferir o

seu impacto na comunidade educativa, no que diz respeito à criação ou alteração de hábitos e

atitudes que permitam ao aluno o desenvolvimento de novas competências.

Neste indicador de impacto/ outcome, as acções desenvolvidas pela BE são sujeitas a uma

avaliação dos benefícios que trazem para os utilizadores, relativamente aos resultados

apresentados.

Também aqui os factores críticos de sucesso apontam para o desenvolvimento de trabalho por

parte da BE que ultrapasse a sua existência como mera fornecedora de recursos, equipamentos e

espaços.

O investimento feito pela RBE em recursos materiais, equipamento, mobiliário e recursos

humanos durante mais de uma década cria uma necessidade de aferição da qualidade dos

serviços da BE na escola. Não obstante as estratégias empreendidas e o esforço económico

usado na aquisição e actualização da colecção, do equipamento informático e audiovisual,

interessa medir o grau de exequibilidade das acções empreendidas e o impacto desencadeado

por esse processo.

Pretende-se saber, efectivamente, se todos os recursos materiais e as actividades dinamizadas

pelo PB, pelos professores e pela equipa da BE são práticas qualificadas com resultados.

Avaliação do processo

Indicador B.1

Colecção (recursos documentais existentes: falhas sentidas ao nível curricular;

actualização e diversificação de títulos)

Actividades de promoção da leitura (actividades distribuídas pelo ano de contacto com

o livro e com a leitura)

Leitura em diversos suportes e com diversos fins: lúdicos, informativos, curriculares

(Recriação de textos lidos em diversas linguagens e de diversos moldes - dramatização,

desenho, música, …)

Literacias associadas ao acto de ler (as diversas etapas do Concurso de Leitura

permitem desenvolver competências de interpretação, análise, oralidade e escrita, para

além de estimular a criatividade de acordo com um desafio de produção textual)

Encontros com escritores, contadores de histórias e outros eventos culturais que

incentivem o gosto pela leitura (Feira do Livro, Sessões de leitura de contos…)

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Articulação da leitura com docentes, pais, Biblioteca Pública e/ ou outras entidades

Promoção da leitura em ambientes digitais (arquivo digital de autores portugueses;

divulgação de livros e comentários online)

Articulação com o Plano Nacional de Leitura (Participação nas actividades divulgadas

pelo PNL; Leitura em Vai e Vem (JI); Já sei ler (1º CEB); Divulgação de sinopses de

livros trabalhados em sala de aula pelos professores do 1º CEB)

Avaliação do impacto

Indicador B.3

O nível de frequência dos alunos com o fim de realizar trabalhos escolares, fazer

pesquisa ou ler de forma recreativa.

O desenvolvimento das competências dos alunos no domínio da leitura.

O progresso dos alunos no âmbito da utilização dos vários métodos de leitura.

O envolvimento dos alunos em projectos relacionados com a promoção da leitura

(clubes, concursos, jornais, etc.).

De que forma usam os alunos a leitura no espaço da Biblioteca

Se os alunos demonstram progressos nas competências da leitura (lendo mais e com

maior profundidade)

Se os alunos demonstram competências de leitura e literacia quando desenvolvem

trabalhos em vários ambientes informacionais

Se os alunos participam activamente nas actividades associadas à promoção da leitura

3.4. Destinatários

A avaliação da BE será destinada a caracterizar o seu perfil de desempenho junto da Direcção,

do Conselho Pedagógico, de toda a comunidade educativa, da Autarquia e dos órgãos de

decisão e coordenação a nível nacional (RBE).

3.5 Instrumentos de Avaliação

Os instrumentos de avaliação a utilizar integram-se no uso de métodos quantitativos e

qualitativos de investigação, sendo o tratamento dos dados efectuado por meio de cálculo

estatístico ou de análise de conteúdo.

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B1 – Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitura na Escola/ Agrupamento

Questionários aos professores (articulação de projectos com a BE; práticas de incentivo

à leitura; exploração de ambientes digitais para promover a leitura e a escrita;

colaboração em encontros com escritores; trabalho desenvolvido no âmbito do PNL;)

Questionários aos alunos (hábitos de leitura, participação nas actividades promovidas

pela BE)

Questionários de balanço das actividades desenvolvidas

Grelhas de observação directa

Dados estatísticos de frequência/ocupação das zonas funcionais da BE

Dados estatísticos de requisição domiciliária

Projecto Educativo da escola/agrupamento

Plano Anual de Actividades

Instrumentos de organização e gestão da BE

B3 – Impacto do trabalho da BE nas atitudes e competências dos alunos, no âmbito da leitura e da literacia

Questionário aos alunos (possuindo perguntas direccionadas para o tipo de hábitos de

leitura que os alunos têm no espaço da BE e o impacto que esta teve na modificação

desses hábitos)

Questionário aos professores (prática lectiva de incentivo ao uso da BE; trabalho de

colaboração com a BE; representação da BE como estímulo à leitura e motor de

promoção das literacias)

Dados estatísticos de utilização da BE para actividades de leitura presencial

Dados estatísticos de empréstimo domiciliária

Grelha de análise de trabalhos realizados pelos alunos nas actividades desenvolvidas

pela BE

Comentários sobre actividades realizadas (em impresso próprio – Sugestões - ou no

Blog);

Projecto Educativo da escola/agrupamento

Plano Anual de Actividades da escola/agrupamento

Projectos Curriculares de Turma

Grelha de observação da utilização da BE (O3; O4).

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3.6 Público-alvo e amostra

Como público-alvo para a aplicação de instrumentos de avaliação propõem-se o público docente

e discente da escola, com uma amostra significativa, de acordo com a proporção indicada no

MAABE.

3.7 Cronograma

A recolha de informação será sistemática, quer no registo para o apuramento de dados

estatísticos, quer para o levantamento de dados em documentos de gestão.

No caso de actividades de aplicação de instrumentos específicos (questionários e entrevistas)

será uma vez por período, no caso dos inquéritos e anual no caso das entrevistas.

Será programada uma semana por mês para a observação das actividades de grupos

referência para mensurar os impactos.

Definimos o nosso percurso, tendo em conta os seguintes marcos temporais:

1º Período

● Apresentação do projecto de auto-avaliação em CP.

● Formação da equipa de avaliação.

● Elaboração do plano de avaliação. Selecção do público-alvo e da amostra.

● Aplicação dos questionários relativos ao sub-domínio B.1.

● Aplicação das grelhas de observação de utilização da BE.

● Registo de evidências detectadas nos instrumentos de gestão da escola/agrupamento

(PE/PAA)

2º Período

● Tratamento, análise e interpretação dos dados obtidos na aplicação dos questionários

relativos ao sub-domínio B.1. - realização de gráficos – elaboração das conclusões

● Aplicação das grelhas de observação de utilização da BE/CRE

● Análise dos resultados obtidos nas grelhas de observação.

● Levantamento e tratamento de dados estatísticos relativos ao 1º período

● Recolher todos os dados relativos às actividades de leitura realizadas durante o período

● Realização de entrevistas a alunos e professores.

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3º Período

● Levantamento dos dados estatísticos relativos à utilização da BE/CRE (leitura

presencial e leitura domiciliária) durante o ano lectivo e tratamento dos mesmos -

realização de gráficos – apresentação de resultados e/ou inferências

● Aplicação dos questionários relativos ao sub-domínio B.3

● Análise de conteúdo das ferramentas de gestão da escola/agrupamento (PCT)

● Interpretação dos resultados.

● Elaboração do relatório com o respectivo plano de melhoria.

● Apresentação do relatório e plano de melhoria no Conselho Pedagógico.

● Divulgação dos resultados.

3.8 Intervenientes

Toda a comunidade educativa será implicada neste processo:

Professor Bibliotecário e equipa da BE – Implementação do processo;

Conselho Pedagógico – Divulgação do modelo, parecer;

Director – Acompanhamento de todo o processo;

Professores, alunos, AAE – Questionários/ grelhas de observação e análise;

Comunidade escolar – Divulgação dos resultados.

Assim, estará a cargo do professor bibliotecário e da sua equipa a recolha dos dados e aplicação

dos instrumentos dentro dos prazos previstos.

Os professores e educadores asseguram a aplicação formal dos questionários aos alunos.

Os assistentes operacionais em funções na BE também poderão participar no registo de

evidências.

3.8 Divulgação dos resultados

Relatório de Avaliação segue para o órgão de Gestão;

Apresentação do relatório em Conselho Pedagógico;

Envio deste produto de avaliação para a RBE

Afixação dos resultados em locais de estilo da escola/agrupamento, como sejam a

Plataforma Moodle, a Página Web ou o Blogue da BE e ainda uma súmula destinada ao

jornal escolar e ao Placard da sala dos professores que remeta para estes sítios virtuais.

3.9 – Constrangimentos eventuais

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Ausência de motivação para a aplicação do MAABE da parte do órgão de

administração e gestão da escola/agrupamento.

Elementos da equipa inexistente e/ou com número de horas reduzido.

Desconhecimento do actual papel da BE por parte das estruturas intermédias e da

comunidade educativa.

Dificuldade em envolver todos os intervenientes para aplicação dos questionários e para

a realização das entrevistas

Dificuldade em registar algumas evidências de carácter sistemático, pelo trabalho que

oferece a gestão regular da BE

Dificuldades na construção dos instrumentos a aplicar em contexto

Dificuldade na medição dos impactos da BE, nomeadamente aquisição de

competências literácitas.