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Os meus Trabalhos Académicos ____________________________________________________________ Investigação dos Comportamentos tácticos no jogo de Futsal: Os Princípios do Jogo na Formação de Jovens Praticantes _____________________________________________________________________ Luís Manuel Soares Dias Bravo Viseu, 2011

Investigação de comportamentos tácticos

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Descrever os princípios do jogo no Futsal

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Os meus

Trabalhos Académicos

____________________________________________________________

Investigação dos

Comportamentos tácticos no jogo de Futsal:

Os Princípios do Jogo na Formação de Jovens

Praticantes

_____________________________________________________________________

Luís Manuel Soares Dias Bravo

Viseu, 2011

Luís Bravo

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Investigação dos

Comportamentos tácticos no jogo de Futsal:

Os Princípios do Jogo na Formação de Jovens Praticantes

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Luís Manuel Soares Dias Bravo

Viseu, 2011

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ÍNDICE GERAL

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................ 9

CAPÍTULO I - A INVESTIGAÇÃO DE COMPORTAMENTOS TÁCTICOS DOS JOGADORES DE

FUTSAL DO DESPORTO ESCOLAR ..................................................................................................... 11

1. METODOLOGIA: UM CAMPO DE INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA .................................................. 11 1.1 OBJECTIVO GERAL .......................................................................................................................... 11 1.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................................. 11 1.3. AS HIPÓTESES .................................................................................................................................. 12 1.4. AS VARIÁVEIS ................................................................................................................................. 12 1.5. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.............................................................................................. 13 1.6. INSTRUMENTO ................................................................................................................................ 14 1.7. PROTOCOLO DE EXPLICAÇÃO DAS VARIÁVEIS EM ESTUDO .............................................. 15 1.8. MATERIAL ........................................................................................................................................ 17 1.9. O TRATAMENTO DE DADOS ......................................................................................................... 17 1.10. A TESTAGEM DO NÍVEL DE SIGNIFICÂNCIA .......................................................................... 18 1.11. A VALIDADE DO ESTUDO ........................................................................................................... 18 1.12. ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ................................................................................................ 18

CAPÍTULO II – ANÁLISE DOS DADOS - DISCUSSÃO ....................................................................... 19

1. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................. 19 2. ANÁLISE DESCRITIVA ...................................................................................................................... 19 3. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................................................................................ 20 4. ACÇÕES TÁCTICAS ............................................................................................................................ 21 5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DOS PRINCÍPIOS TÁCTICOS OFENSIVOS E

DEFENSIVOS............................................................................................................................................ 25 6. ANÁLISE INFERENCIAL .................................................................................................................... 36 6.1. VERIFICAÇÃO DA HIPÓTESE 1 ..................................................................................................... 37 6.2. VERIFICAÇÃO DA HIPÓTESE 2 ..................................................................................................... 39 7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES ........................................................................ 40

CONCLUSÃO............................................................................................................................................ 50

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 53

Luís Bravo

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Índice de Quadros

Quadro 1. Distribuição das Equipas das Escolas Observadas e Classificações......................................... 20

Quadro 2. Resultado dos jogos observados ............................................................................................... 21

Quadro 3. Distribuição das Acções Tácticas por jogo .............................................................................. 21

Quadro 4. Distribuição das Acções Tácticas por Equipas ......................................................................... 22

Quadro 5. Distribuição das Acções Tácticas em cada Período do Jogo .................................................... 22

Quadro 6. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado Final do Jogo ......................... 23

Quadro 7. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado Final de Cada Período do Jogo

.......................................................................................................................................................... 23

Quadro 8. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com a sua Localização no Espaço de Jogo ....... 24

Quadro 9. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado da Acção ................................ 24

Quadro 10. Distribuição dos Princípios Tácticos Ofensivos em Função do Estatuto Posicional Específico

do Jogador ......................................................................................................................................... 25

Quadro 11. Distribuição dos Princípios Tácticas Defensivos em Função do Estatuto Posicional

Específico do Jogador ....................................................................................................................... 26

Quadro 12. Localização dos Princípios Tácticas Ofensivos em Função do Estatuto Posicional Específico

do Jogador ......................................................................................................................................... 28

Quadro 13. Localização dos Princípios Tácticas Defensivos em Função do Estatuto Posicional Específico

do Jogador ......................................................................................................................................... 29

Quadro 14. Resultado das Acções Tácticas Ofensivos em Função da sua Localização no Espaço de Jogo

.......................................................................................................................................................... 31

Quadro 15. Resultado das Acções Tácticas Defensivos em Função da sua Localização no Espaço de Jogo

.......................................................................................................................................................... 32

Quadro 16. Distribuição da média de execução dos Princípios Tácticos .................................................. 33

Quadro 17. Comparação da frequência de Comportamentos Tácticos Após Treino ................................. 35

Quadro 18. Comparação da média do Princípio Táctico Ofensivo (Espaço) em Função do Estatuto

Posicional dos Jogadores .................................................................................................................. 37

Quadro 19. Comparação da média dos Princípios Tácticos Ofensivos (Penetração, Cobertura Ofensiva, e

Mobilidade) em Função do Estatuto Posicional dos Jogadores ........................................................ 38

Quadro 20. Comparação das médias dos Princípios Tácticos Defensivos (Contenção e Equilíbrio) em

Função do Estatuto Posicional dos Jogadores ................................................................................... 39

Quadro 21. Comparação das médias dos Princípios Tácticos Defensivos (Cobertura Defensiva,

Concentração, Unidade Defensiva) em Função do Estatuto Posicional dos Jogadores .................... 39

Quadro 22. Estudos sobre Comportamentos Tácticos ............................................................................... 47

Quadro 23. Distribuição da média de execução dos Princípios Táctico após Treino ................................ 48

Índice

Índice de Figuras

Figura 2. Os dois Princípios Tácticos Ofensivos mais observados em cada jogador em função do seu

estatuto posicional ........................................................................................................................... 42

Figura 3. Resultado da acção táctica ofensiva e defensiva em função da localização no campo de

jogo ................................................................................................................................................... 43

Figura 4. Os dois Princípios Tácticos Defensivos mais observados em cada jogador em função do

seu estatuto posicional .................................................................................................................... 45

Luís Bravo

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Resumo

O presente trabalho teve como objectivos: 1) descrever os comportamentos

tácticos desempenhados por jogadores de Futsal, no escalão de infantis masculinos, no

Desporto Escolar em situação de jogo competição realizado na época anterior; 2) em

que medida e à luz desses Princípios Tácticos, o planeamento de 20 sessões de treino

modifica o comportamento dos jogadores em situação de jogo competição. Foram

avaliados 48 jogadores de Futsal de acordo com o seu posicionamento no decorrer de

cada acção táctica delimitada na investigação por defesa do lado direito, defesa do lado

esquerdo, avançado do lado direito e defesa do lado esquerdo. Os jogadores executaram

1452 acções tácticas, sendo 714 acções tácticas ofensivas e 738 acções tácticas

defensivas. O instrumento utilizado no estudo foi uma adaptação do teste “GR3-3GR”

que permite avaliar as acções tácticas desempenhadas por cada um dos jogadores

participantes, de acordo com dez princípios tácticos do jogo, a localização da acção no

campo de jogo e o resultado da acção. Para a análise dos dados foi utilizado o software

SPSS for Windows. Foram realizadas análises descritivas (frequência, percentagem,

média e desvio padrão e os testes Shapiro-Will, Teste t Student e o teste U de Mann-

Whitney. Para aferir a fiabilidade intra-avaliador recorreu-se à formula de Bellack.

Os resultados na comparação do estatuto posicional dos jogadores demonstram

que em situação ofensiva, os defesas efectuam mais acções associadas aos princípios

“Unidade Ofensiva” e “Espaço”, enquanto que os avançados efectuam mais acções

associadas aos princípios de “Cobertura Ofensiva”, “Penetração” e “Mobilidade”. Em

situação defensiva, os defesas efectuam mais acções associadas aos princípios

“Concentração”, “Cobertura Defensiva” e “Equilíbrio”, enquanto que os avançados

efectuam mais acções associadas aos princípios de “Unidade Defensiva” e “Contenção”.

Ao analisar o posicionamento dos jogadores e o resultado da acção constatou-se

que as acções ofensivas ocorrem mais no meio campo ofensivo e estão mais associadas

a situações de finalização e perda da posse de bola. As acções defensivas ocorrem mais

no meio campo defensivos e estão mais associadas a situações de recuperar a posse de

bola e sofrer finalização.

Na análise do resultado das sessões de treino relativamente à modificação de

comportamentos dos jogadores em situação de jogo competição verificou-se que o

treino estruturado e planeado garantiu melhores performances em quatro princípios

Resumo

tácticos ofensivos, “Penetração”, “Cobertura Ofensiva”, “Mobilidade” e “Espaço” e

quatro princípios tácticos defensivos, “Contenção”, Cobertura Defensiva”, “Equilíbrio”

e “Unidade Defensiva” e não foram suficientes para automatizar os comportamentos

tácticos referentes aos princípios de “Unidade Ofensiva” e “Concentração”.

Palavras-chave: Futsal, Comportamento Táctico, Princípios Tácticos de Jogo,

Estatuto Posicional, Modelo de Ensino.

Abstract

This study aims to: 1) describe the behaviors performed by tactical indoor soccer

players in the ranking of male children in school sports competition in game situation

during the previous season, 2) to what extent and in the light of these tactical

principles, planning 20 sessions of training modifies the behavior of players in a game

situation competition. We evaluated 48 indoor soccer players according to their

positioning in the course of each tactical action research bounded by the right defense,

defense on the left side, advanced to the right and left side of defense. The players have

performed 1452 operations, offensive tactics being 714 and 738 defensive tactics. The

instrument used in the study was an adaptation of the test "GR3-3GR 'for assessing the

tactical actions performed by each of the participating players, according to ten

principles of the tactical game, the location of action in the field of play and the result of

the action. For data analysis we used SPSS software for Windows. Descriptive analysis

(frequency, percentage, mean and standard deviation and the Shapiro-Will test t Student

test and U Mann-Whitney. To measure the intra-examiner reliability resorted to formula

Bellack.

The results of the comparison of positional status of the players show that the

situation in offensive, defensive players perform more actions related to the principles

"Offensive Unit" and "Space", while more advanced performing actions are related to

the principles of "Cover Offensive", "Penetration" and "Mobility ". On the defensive,

defenders perform more actions associated with the principles of "Concentration",

"Defensive Coverage" and "Balance", while more advanced performing actions related

to the principles of "Defensive Unit" and "Containment”.

Luís Bravo

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By analyzing the positioning of players and the result of the operation it was

found that offensive actions occur more in the midfield and offensive situations are

more associated with termination and loss of possession. The defensive actions occur

more in the defensive midfield and is most associated with situations to regain

possession of the ball and end suffering.

In analyzing the results of training sessions for the modification of behavior of

players in competitive game situation it was found that the structured training and

planned guaranteed best performances on four principles of tactical offensive,

"Penetration, " "Cover Offensive", "Mobility" and "Space" and four defensive tactical

principles," Containment, "Defensive Coverage”, "Balance" and "Defensive Unit" and

were not sufficient to automate the tactical behaviors related to the principles of

"Offensive Unit" and "Concentration. "

Key Words: Indoor Soccer, Tactical Behavior, Principles Battle Game,

Positional Status, Model of Teaching.

Introdução

Introdução

A análise da performance táctica tem sido objecto de elevado interesse para os

investigadores, professores e treinadores, pois a eficácia das equipas depende em grande

parte da acção táctica dos jogadores.

O problema fundamental do jogo (de Futsal) pode ser enunciado da seguinte

forma (Graça, 2007) numa situação de oposição, os jogadores devem coordenar acções

com a finalidade de recuperar, conservar e fazer progredir o móbil do jogo (bola) tendo

como objectivo criar situações de finalização e marcar golo ou ponto.

O Futsal pertence ao grupo de modalidades com características próprias e

comuns, habitualmente designadas por jogos desportivos colectivos. Sem desvalorizar

as outras características, é a relação de cooperação entre os elementos da mesma equipa,

ocorridas num contexto de jogo em situação de escola, que pretendemos valorizar.

A relação de oposição entre os elementos das duas equipas em confronto, num

contexto aleatório, imprevisível e de variabilidade múltipla implica um conjunto de

respostas no seio da equipa, para resolver os problemas do jogo (Garganta & Pinto,

1994).

Por táctica, entende-se a totalidade das acções individuais e colectivas,

condizentes com as regras impostas pelo jogo e realizadas, dentre outros, no domínio

físico, técnico, psicológico e teórico, visando atingir os objectivos previamente fixados

(Teoduresco, 1984).

O conceito de táctica abrange todas as decisões tomadas pelos jogadores numa

partida, com e sem bola, na relação individual ou colectiva, de cooperação ou oposição

(Oliveira, 1998). Esta forma de entendimento da táctica concede relevância para todas

as movimentações dos jogadores que são norteados por princípios tácticos de jogo

(Costa, 2010).

Devido às evoluções metodológicas no ensino dos jogos desportivos colectivos,

os jogos condicionados ou reduzidos, passaram a ocupar um papel fundamental no

treino das equipas, pois permitem o desenvolvimento global das componentes do jogo e

com menores configurações numéricas de jogadores, diminui a complexidade e facilita

o aprendizado (Garganta, 2002).

Para Greco (2006), as capacidades tácticas são de extrema importância para que

o indivíduo possa alcançar a excelência no desempenho desportivo. Visando o seu

Luís Bravo

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desenvolvimento, sugere-se a iniciação dos treinos tácticos entre os 10 e 12 anos, o que

corresponde ao final da fase universal e inicio da fase de orientação (Greco, 1998).

Neste contexto, o objectivo do nosso estudo é identificar os comportamentos

tácticos desempenhados por jogadores masculinos de Futsal no escalão de infantis (11 e

12 anos) no contexto do desporto escolar e comparar esses resultados com o

aprendizado dos nossos jogadores, após a aplicação do modelo de competências dos

jogos de invasão.

Com a evolução constante do Futsal (e do Futebol) e o aumento das exigências

na qualidade de jogo, é necessário que os treinadores tenham informações concretas a

que possam recorrer para melhorarem a acção das suas equipas e dos seus jogadores.

A pertinência deste trabalho está ligada à possibilidade de aceder a

conhecimentos sobre os princípios tácticos que os jogadores aplicam no jogo, para que

essas informações sejam aproveitadas para trazer benefícios ao processo de ensino e de

treino e ainda para a competição.

O nosso estudo é composto por dois capítulos.

No primeiro capítulo damos a conhecer qual o objectivo que pretendemos

alcançar com a realização do trabalho. Apresentamos o material e métodos utilizados na

investigação e, descrevemos os procedimentos utilizados para a recolha de dados, a sua

organização e o tratamento estatístico.

No segundo capítulo apresentamos os resultados da recolha de dados e fazemos

uma reflexão e interpretação do corpo do trabalho, tentando dar resposta ao objectivo

formulado. Apresentaremos as principais conclusões, que têm como propósito expor as

considerações finais mais relevantes do nosso estudo.

O último ponto fica reservado para as referências bibliográficas.

Investigação de comportamentos tácticos dos jogadores de Futsal do Desporto Escolar

A Investigação de Comportamentos Tácticos dos Jogadores de

Futsal do Desporto Escolar

1. Metodologia: um campo de Investigação Empírica

1.1 Objectivo geral

O presente estudo tem como objectivos: descrever os comportamentos tácticos

desempenhados por jogadores de Futsal no escalão de infantis do Desporto Escolar em

situação de jogo realizado na época anterior e em que medida e à luz desses Princípios

Tácticos, o planeamento de 20 sessões de treino modifica o comportamento dos

jogadores em situação de jogo competição.

1.2 Objectivos específicos

Identificar os princípios tácticos ofensivos (penetração, cobertura ofensiva,

mobilidade, espaço e unidade ofensiva) que acontecem com maior frequência no jogo.

Verificar onde se localizam os princípios tácticos ofensivos.

Identificar os princípios tácticos defensivos (contenção, cobertura defensiva,

equilíbrio, concentração e unidade defensiva) que acontecem com maior frequência no

jogo.

Verificar onde se localizam os princípios tácticos defensivos.

Verificar o resultado da acção táctica ofensiva e defensiva.

Comparar a frequência de acções tácticas, no jogo de futsal no escalão de

infantis, que os jogadores obtiveram no ano anterior, com o início desta época (após 20

sessões de treino).

Fornecer, a partir dos resultados obtidos, algumas orientações práticas para a

abordagem dos princípios tácticos em ambiente de treino com crianças e jovens.

Luís Bravo

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1.3. As Hipóteses

Este corpo de objectivos deu origem às seguintes hipóteses:

H1 – Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do jogador (defesa

ou avançado) tem influência no número de execuções dos princípios tácticos da fase

ofensiva (penetração, cobertura ofensiva, mobilidade, espaço e unidade ofensiva).

H2 – Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do jogador (defesa

ou avançado) tem influência no número de execuções dos princípios tácticos da fase

defensiva (contenção, cobertura defensiva, equilíbrio, concentração e unidade

defensiva).

1.4. As variáveis

Neste estudo foram caracterizadas algumas variáveis, umas dependentes e outras

independentes, e analisámos ainda diversas relações entre elas.

Variáveis Independentes

Estatuto Posicional dos Jogadores

Defesas

Defesa do lado direito

Defesa do lado esquerdo

Avançados Avançado do lado direito

Avançado do lado esquerdo

Investigação de comportamentos tácticos dos jogadores de Futsal do Desporto Escolar

Variáveis Dependentes

Macro-Categoria Observação

Princípios Tácticos Localização da Acção no

Campo de Jogo

Resultado da Acção

Ofensivos

Penetração

Cobertura Ofensiva

Mobilidade

Espaço

Unidade Ofensiva

Defensivos

Contenção

Cobertura Defensiva

Equilíbrio

Concentração

Unidade defensiva

Meio Campo Ofensivo

Acções Tácticas Ofensivas

Acções Tácticas

Defensivas

Meio Campo Defensivo

Acções Tácticas Ofensivas

Acções Tácticas

Defensivas

Ofensiva

Realizar finalização à

baliza

Continuar com a posse de

bola

Perder a posse de bola

Sofrer falta, ganhar

lançamento ou canto

Cometer falta, ceder

lançamento ou pontapé de

baliza

Defensiva

Sofrer finalização

Recuperar a posse de bola

Continuar sem a posse de

bola

Sofrer falta, ganhar

lançamento ou pontapé de

baliza

Cometer falta, ceder

lançamento ou canto

1.5. Caracterização da amostra

A amostra integra acções tácticas desempenhadas por 60 jogadores de futsal,

sendo 10 jogadores por equipa das Escolas: EB 2,3 de Sátão; EB 2,3 de Castro Daire;

EBI Marzovelos, EBI Jean Piaget, EB2,3 de Santa Comba Dão e EB 2,3 de Campo de

Besteiros.

Não sendo possível temporal e materialmente, estudar uma amostra

representativa dos alunos que jogam nas equipas de Futsal do Desporto Escolar no

escalão de infantis e, dada a dimensão exploratória deste trabalho, optámos por

seleccionar para este estudo uma amostra não probabilística mas intencional.

Luís Bravo

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O objectivo subjacente à escolha deste tipo de amostra prende-se com o facto de

podermos dispor de um maior número de sujeitos possíveis para o estudo, uma vez que

havia uma maior acessibilidade a estes alunos.

O campeonato escolar no escalão de infantis masculinos, no ano lectivo

2009/2010, foi disputado por 15 equipas de 13 escolas diferentes pertencentes à

Coordenação do Desporto Escolar da Equipa de Apoio às Escolas de Viseu.

Foram observados seis jogos, envolvendo as seis melhores equipas classificadas

no ano lectivo 2009/2010. Os jogos decorreram todos no Pavilhão da Escola EB 2,3 de

Sátão e foram disputados nos dias 12 de Maio (meias – finais) e 26 de Maio (finais).

1.6. Instrumento

O instrumento utilizado para recolha e análise de dados foi uma adaptação do

teste “GR3-3GR” desenvolvido no Centro de Estudos dos Jogos Desportivos da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (Costa et al., 2009) que foi concebido

com base no GPAI – “Game Performence Assessment Instrument (Griffin et. al., 1997;

Oslin et. al., 1998 cit. por Mesquita, 2009). O GPAI é um sistema de observação

multidimensional concebido para medir os comportamentos de performance no jogo

que demonstrem a compreensão táctica, bem como a capacidade do aluno de

seleccionar e aplicar as habilidades técnicas.

O teste “GR3-3GR” foi por nós adaptado e utilizado em situação real de jogo de

competição, em que os jogadores são avaliados de acordo com as regras oficiais do

jogo, num campo dentro das dimensões oficiais de futsal (40X20) e por períodos de 10

minutos.

O teste visa avaliar as acções tácticas desempenhadas por cada um dos jogadores

participantes, com e sem bola, tendo em conta a localização da acção no terreno de jogo

e o resultado final da mesma.

A recolha de dados foi realizada por via indirecta (gravação em vídeo) para um

melhor refinamento e especificação das componentes observáveis.

O primeiro procedimento consiste em observar e analisar as acções realizadas

pelos jogadores durante o jogo. A unidade de observação e análise é a posse de bola. A

posse de bola é considerada quando um jogador respeita, pelo menos um dos seguintes

Investigação de comportamentos tácticos dos jogadores de Futsal do Desporto Escolar

pressupostos: a) realiza pelo menos três contactos seguidos com a bola; b) executa um

passe para um colega de equipa que mantém a posse de bola.

O segundo procedimento refere-se à classificação e registo dos princípios

tácticos da sua localização no campo de jogo e do resultado da acção táctica, em função

do estatuto posicional do jogador.

1.7. Protocolo de explicação das variáveis em estudo

Princípios tácticos fundamentais da fase ofensiva:

Princípio da penetração (1º atacante) – caracteriza-se pelo destabilizar da

organização defensiva adversária, atacando directamente o adversário ou a baliza e, ao

mesmo tempo, tentando criar situações vantajosas para o ataque em termos numéricos e

espaciais.

Princípio da cobertura ofensiva (2.º atacante) – caracteriza-se pelo apoio ao

portador da bola oferecendo-lhe opções para dar sequência ao jogo e assim diminuir a

pressão adversária sobre o portador. Pretende-se criar desequilíbrios na organização

defensiva adversária criando superioridade numérica e mantendo a posse de bola.

Princípio da mobilidade (3.º atacante) – caracteriza-se por criar situações de

ruptura na organização defensiva adversária com linhas de passe em profundidade e nas

“costas” do último homem da defesa, de forma a criar instabilidade nas acções

defensivas da equipa adversária e aumentar substancialmente as hipóteses de marcar

golo.

Princípio do espaço – Dentro deste princípio podemos verificar o princípio

táctico com e sem bola. Relativamente ao espaço sem bola, as acções iniciam-se após a

recuperação da posse de bola, quando todos os jogadores da equipa procuram e

exploram posicionamentos que propiciam a ampliação do espaço de jogo ofensivo,

tanto em largura como em profundidade, com movimentos para espaços de menor

pressão. No espaço com bola são realizadas movimentações do portador da bola em

direcção à linha lateral ou à própria baliza com o intuito de ganhar espaço e tempo para

dar sequência ao jogo.

Princípio da unidade ofensiva (4.º atacante) – caracteriza-se pelas

movimentações de apoio ofensivo realizadas por um ou mais jogadores que se colocam

e agem na retaguarda dos jogadores atacantes, garantindo a equipa organizada e

Luís Bravo

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permitindo linhas de passe, para manter a posse de bola com o objectivo de facilitar o

deslocamento da equipa para o campo de jogo adversário com a equipa a atacar em

unidade ou em bloco.

Princípios tácticos fundamentais da fase defensiva:

Princípio da contenção (1.º defesa) – caracteriza-se pela acção de oposição do

jogador da defesa ao portador da bola, com um posicionamento entre a bola e a própria

baliza, de forma a orientar a progressão do portador da bola, restringindo as

possibilidades de passe a outros adversários, assim como impedir a finalização.

Movimento que proporciona ganho de tempo para ajudar na organização defensiva.

Princípio da cobertura defensiva (2.º defesa) – caracteriza-se pelas acções de

apoio de um jogador “às costas” do primeiro defensor, de forma a reforçar a marcação

defensiva e a evitar o avanço do portador da bola em direcção à baliza. Tem como

objectivo servir de novo obstáculo ao portador da bola, caso esse ultrapasse o jogador

de contenção. Transmite segurança ao jogador da contenção, permitindo que ele tenha a

iniciativa de combate às acções ofensivas do adversário com bola.

Princípio do equilíbrio (3.º defesa) – dentro deste princípio podemos distinguir o

princípio táctico do equilíbrio defensivo e o princípio de equilíbrio de recuperação.

O primeiro refere-se à organização defensiva da equipa possuindo superioridade,

ou no mínimo, igualdade numérica de jogadores de defesa no “centro de jogo”,

posicionados entre a bola e a própria baliza, reajustando o posicionamento defensivo em

relação às movimentações dos adversários, com intenção de obstruir linhas de passe,

assegurando a estabilidade defensiva na região de disputa de bola e apoio aos

companheiros que executam as acções de contenção e cobertura defensiva.

O princípio táctico do equilíbrio de recuperação refere-se à recuperação da posse

da bola que se realiza nas costas do portador da bola e dentro do centro de jogo.

Princípio da concentração – caracteriza-se pelas acções com vista a direccionar o

jogo ofensivo adversário para zonas menos vitais do campo de jogo, evitando que

surjam espaços livres principalmente nas costas dos jogadores que realizam a

contenção, a cobertura defensiva e o equilíbrio defensivo. As acções de concentração

podem ser feitas em qualquer zona do campo de jogo, bastando para isso que todos os

jogadores envolvidos na acção tenham consciência da importância da sua

movimentação na redução do espaço e no incremento da pressão no “centro de jogo”.

As acções características deste princípio podem ser observadas quando os jogadores da

Investigação de comportamentos tácticos dos jogadores de Futsal do Desporto Escolar

defesa mais distantes em relação ao portador da bola conseguem “juntar” adoptando

posicionamentos mais próximos entre si, de forma a limitar as opções ofensivas do

adversário.

Princípio da unidade defensiva (4.º defesa) – este princípio permite à equipa

defender em unidade ou em bloco, reduzindo o espaço de jogo, com diminuição da

amplitude ofensiva da equipa adversária na sua largura e profundidade, para obstruir

possíveis linhas de passe para os jogadores que se encontram no centro de jogo. Os

jogadores responsáveis por cumprir o princípio da unidade defensiva necessitam de ser

coerentes nos seus deslocamentos, como por exemplo, a movimentação do jogador

lateral para o centro do campo para ajudar na compactação da equipa, quando a acção

de jogo está a ser desenvolvida no lado oposto.

1.8. Material

Para a gravação dos jogos foi utilizada uma câmara digital SAMSUNG modelo

H106. O material de vídeo obtido foi introduzido em formato digital num computador

portátil (marca Dell modelo E500 processador Intel T2370) via cabo (IEEE 1394). Para

o tratamento de imagem e análise do jogo foi utilizado o Software MatchVisionStudio,

software informático destinado à análise e arquivo dos registos observados.

1.9. O tratamento de dados

É feito a partir de uma base de dados trabalhada no programa SPSS (Conjunto

de programas estatísticos para as Ciência Sociais, versão 17). A grande vantagem deste

programa consiste em poder registar e analisar dados quantitativos de muitas formas

diferentes e com rapidez a partir do momento em que se adquire o domínio sobre o

programa. Estes testes estatísticos constituem a estatística Inferencial e a estatística

utilizada para descrever os dados chama-se estatística Descritiva.

Luís Bravo

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1.10. A testagem do nível de significância

De acordo com Tuckman (2002) os investigadores behavioristas utilizam o nível

de significância de 0,05 (ou seja, p <0,05) sendo considerado aceitável para rejeitar a

hipótese nula.

1.11. A validade do estudo

De acordo com Tuckman (2002), um estudo tem validade interna se o seu

resultado está em função do programa ou abordagem a testar, afectando a nossa certeza

dos resultados da investigação poderem ser aceites, baseados no design de investigação.

Um estudo tem validade externa se os resultados obtidos forem aplicáveis no terreno a

outros programas ou abordagens similares.

Para calcularmos os índices de fidelidade intra - observador, optámos pela

formula de Bellack (1973), cit. por Pieron (1986) como uma das formulas mais simples

e mais eficazes, a saber:

acordos

% de acordos = ____________________ X 100

acordos + desacordos

No nosso estudo, o espaço que mediou entre a primeira e a segunda

descodificação foi de 4 semanas, para que problemas associados à estimulação da

memória fossem minimizados.

1.12. Análise dos dados obtidos

A discussão numa investigação, de acordo com Tuckman (2002), tem três

funções de relevo. Extrair conclusões, interpretar resultados e apresentar as implicações

desses resultados.

A discussão de resultados terá subjacente a abordagem descritiva da análise

estatística dos resultados recolhidos, recorrendo à ferramenta de cálculo SPSS

(Statistical Package for the Social Sciences), na versão 17. Estes resultados estão

organizados em função da problemática com o intuito de conseguir respostas cabais e

consistentes.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Capítulo II – Análise dos Dados - Discussão

1. Apresentação dos resultados

Os resultados que seguidamente serão apresentados referem-se às análises

estatísticas dos dados recolhidos e serão organizados com o objectivo de dar respostas à

questão da investigação e testar as hipóteses formuladas. Esta apresentação e análise dos

dados obtidos têm uma abordagem descritiva, ficando a interpretação reservada para o

capítulo da discussão dos resultados.

2. Análise descritiva

Neste estudo, a estatística descritiva utilizou-se para descrever os dados através

de indicadores chamados estatísticas, como é o caso das frequências absolutas e

percentuais.

No que respeita à análise inferencial, que tem subjacente uma explicação das

variáveis, utilizámos:

O teste t Student para comparar a diferença entre o número média de execuções

dos Princípios Tácticos do jogo entre defesas e avançados.

Recorreu-se ao teste U de Mann-Whitney para comparar as médias de duas

amostras e para determinar diferenças entre as duas populações correspondentes,

defesas e avançados. Este teste, em vez de se basear em parâmetros de distribuição

normal, baseia-se na ordenação da variável.

A apresentação dos resultados é feita através de quadros que nos transmitem os

dados mais relevantes.

Luís Bravo

20

______________________________________________________________

3. Caracterização da amostra

A caracterização da amostra da população em estudo é uma etapa importante

para a análise dos resultados obtidos.

Assim, a amostra é caracterizada em função do objectivo do estudo, sendo os

Princípios Ofensivos (Penetração, Cobertura Ofensiva, Mobilidade, Espaço e Unidade

Ofensiva) e os Princípios Defensivos (Contenção, Cobertura Defensiva, Equilíbrio,

Concentração e Unidade Defensiva) caracterizados relativamente ao estatuto posicional

dos jogadores, ao jogo, às equipas, aos períodos do jogo, ao resultado do jogo, ao

resultado no período do jogo, à localização da acção e ao resultado da acção.

Quadro 1. Distribuição das Equipas das Escolas Observadas e Classificações

Escolas Nº de Jogos Observados Classificação no Final do Campeonato

EBI de Marzovelos 3 1.º

EB 2,3 de Campo de Besteiros 1 2.º

EB 2,3 de Sátão 4 3.º

EB 2,3 de Santa Comba Dão 1 4.º

EB 2,3 de Castro Daire 2 5.º

EBI Jean Piaget 1 6.º

Foram observados seis jogos, envolvendo as seis melhores equipas classificadas

no ano lectivo 2009/2010. Os jogos decorreram todos no Pavilhão da Escola EB 2,3 de

Sátão e foram disputados nos dias 12 de Maio (meias – finais) e 26 de Maio (finais).

De acordo com o quadro 1, as equipas observadas foram as seguintes: 4 jogos da

Equipa de Sátão; 3 jogos da Equipa de Marzovelos; 2 jogos da equipa de Castro Daire;

e 1 jogo das equipas de Santa Comba Dão, Piaget e Campo de Besteiros.

A classificação no final do campeonato escolar ficou assim ordenada: 1.º lugar,

EBI de Marzovelos; 2.º lugar, EB 2,3 de Campo de Besteiros; 3.º lugar, EB 2,3 de

Sátão; 4.º lugar, EB 2,3 de Santa Comba Dão; 5.º lugar, EB 2,3 de Castro Daire e 6.º

lugar, EBI Jean Piaget.

O quadro 2 mostra o evoluir do marcador no decorrer dos jogos.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Quadro 2. Resultado dos jogos observados

Jogo Equipas Resultado

1º Período

Resultado

2º Período

Resultado

3ª Período

Resultado

4º Período

1 Sátão 0 0 0 1

Marzovelos 0 1 1 2

2 Sátão 7 9 12 15

Santa Comba Dão 2 2 2 4

3 Sátão 1 1 4 6

Piaget 0 0 0 0

4 Sátão 0 1 2 5

Castro Daire 0 0 0 0

5 Castro Daire 1 2 2 3

Marzovelos 0 3 5 6

6 Marzovelos 3 3 4 7

Campo de Besteiros 0 1 1 2

4. Acções Tácticas

Foram observadas 714 acções tácticas ofensivas e 738 acções tácticas

defensivas, no decorrer dos 6 jogos observados, para respondermos ao nosso objectivo

geral: avaliar as acções tácticas desempenhadas por cada um dos jogadores

participantes, com e sem bola, tendo em conta a localização da acção no terreno de jogo

e o resultado final da mesma.

Quadro 3. Distribuição das Acções Tácticas por jogo

Jogo Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

Sátão - Marzovelos 99 13,9 103 14,0

Sátão - Santa Comba Dão 129 18,1 143 19,4

Sátão - Piaget 86 12,0 103 14,0

Sátão – Castro Daire 121 16,9 128 17,3

Marzovelos – Castro Daire 131 18,3 113 15,3

Marzovelos – Campo de Besteiros 148 20,7 148 20,1

Total 714 100 738 100

De acordo com o quadro 3, o jogo onde foram efectuadas mais acções tácticas

foi no jogo Marzovelos – Campo de Besteiros (jogo da final para 1º e 2º classificados)

em que se verificaram 148 Acções Tácticas Ofensivas numa percentagem de 20,7% e

148 Acções Tácticas Defensivas numa percentagem de 20,1%.

Também se verificou no jogo Sátão – Santa Comba Dão (jogo da final para 3.º e

4.º lugares) uma frequência muito elevada 129 Acções Tácticas Ofensivas numa

percentagem de 18,1% e 143 Acções Tácticas Defensivas numa percentagem de 19,4%.

Luís Bravo

22

______________________________________________________________

O jogo onde foram efectuadas menos acções tácticas foi no jogo Sátão –

Marzovelos em que se verificaram 99 Acções Tácticas Ofensivas numa percentagem de

13,9% e 103 Acções Tácticas Defensivas numa percentagem de 14%.

Quadro 4. Distribuição das Acções Tácticas por Equipas

Equipas Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

EB 2,3 de Sátão 70 9,8 30 4,1

EBI de Marzovelos 29 4,1 73 9,9

EB 2,3 de Santa Comba Dão 50 7,0 87 11,8

EBI Jean Piaget 26 3,6 68 9,2

EB 2,3 de Castro Daire 42 5,9 83 11,2

EB 2,3 de Campo de Besteiros 82 11,5 63 8,5

EB 2,3 de Sátão (Jogo 2) 79 11,1 56 7,6

EB 2,3 de Sátão (Jogo 3) 60 8,4 35 4,7

EB 2,3 de Sátão (Jogo 4) 79 11,1 45 6,1

EBI de Marzovelos (Jogo 5) 54 7,6 71 9,6

EBI de Marzovelos (Jogo 6) 66 9,2 85 11,5

EB 2,3 de Castro Daire (Jogo 5) 77 10,8 42 5,7

Total 714 100 738 100,0

Relativamente à distribuição das Acções Tácticas Ofensivas por equipa, de

acordo com o quadro 4, a equipa EB 2,3 de Campo de Besteiros (classificada em 2.º

lugar) foi a que realizou mais Acções Tácticas Ofensivas: 82 numa percentagem de

11,5%.

A equipa EBI Jean Piaget (classificada em 6.º lugar) foi a que realizou menos

acções tácticas ofensivas: 26 numa percentagem de 3,6%.

Relativamente às Acções Tácticas Defensivas, a equipa da EB 2,3 de Santa

Comba Dão foi a que realizou mais: 87 numa percentagem de 11,8%. A equipa que

realizou menos foi a EB 2,3 de Sátão: 30 numa percentagem de 4,1%.

Quadro 5. Distribuição das Acções Tácticas em cada Período do Jogo

Períodos do Jogo Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

1º Período 0-10 minutos 182 25,5 202 27,4

2º Período 10 - 20 minutos 204 28,6 211 28,6

3º Período 20 - 30 minutos 171 23,9 159 21,5

4º Período 30 - 40 minutos 157 22,0 166 22,5

Total 714 100,0 738 100,0

De acordo com o quadro 5, é no 2.º período (10 – 20 minutos) do jogo em que se

verifica maior ocorrência de Acções Tácticas, quer Ofensivas, (204 numa percentagem

de 28,6%), quer Defensivas, (211 numa percentagem de 28,6%). No 4.º período (30 –

40 minutos) verifica-se uma quebra no número de Acções Tácticas Ofensivas, (157

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

numa percentagem de 22%) e no 3.º período (20 – 30 minutos) verificam-se menos

Acções Tácticas Defensivas (159 numa percentagem de 21,5%).

Quadro 6. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado Final do Jogo

Resultado no Final do Jogo Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

Derrota 307 43,0 355 48,1

Empate 56 7,8 60 8,1

Vitória 351 49,2 323 43,8

Total 714 100,0 738 100,0

De acordo com o quadro 6, em situações em que as equipas estão a ganhar, são

mais frequentes as Acções Tácticas Ofensivas, 351 numa percentagem de 49,2% e

menos frequentes as Acções Tácticas Defensivas, 323 numa percentagem de 43,8%.

No Futsal, a percentagem de êxito das acções ofensivas parece rondar os 4%

(Silva Matos, 2002), enquanto que no Futebol é de 1 a 2%, bem menor do que no

Basquetebol, Andebol e no Voleibol onde é cerca de 50% (Garganta & Pinto, 1994).

Esta percentagem de êxito no processo ofensivo está associada à menor precisão

dos gestos técnicos realizados com os pés, aumentando a incerteza destas acções no

jogo, facilitando a ocorrência de passes errados e intercepções, colocando o Futsal,

comparativamente a outras modalidades, num ponto intermédio em termos de

«aleatoriedade» do jogo (Amaral, 2004).

Quadro 7. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado Final de Cada

Período do Jogo

Resultado final em cada período do jogo Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

Derrota 264 37,0 335 45,4

Empate 117 16,4 125 16,9

Vitória 333 46,6 278 37,7

Total 714 100,0 738 100,0

De acordo com o quadro 7, em situações em que as equipas estão a ganhar, são

mais frequentes as Acções Tácticas Ofensivas, 333 numa percentagem de 46,6% e

menos frequentes as Acções Tácticas Defensivas, 278 numa percentagem de 37,7%.

O inverso também se verifica, ou seja, em situações em que as equipas estão a

perder, são menos frequentes as acções Tácticas Ofensivas, 264 numa percentagem de

37% e mais frequentes as Acções Tácticas Defensivas, 335 numa percentagem de

45,4%.

Luís Bravo

24

______________________________________________________________

Quadro 8. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com a sua Localização no Espaço de

Jogo

Localização da Acção no Espaço de

Jogo

Acções Tácticas Ofensivas Acções Tácticas Defensivas

F % F %

Meio Campo Defensivo 133 18,6 597 80,9

Meio Campo Ofensivo 581 81,4 141 19,1

Total 714 100,0 738 100,0

De acordo com o quadro 8, as Acções Tácticas Ofensivas são mais frequentes no

meio campo ofensivo, 581 numa percentagem de 81,4% enquanto que as Acções

Tácticas Defensivas são mais frequentes no meio campo defensivo, 597 numa

percentagem de 80,9%.

Quadro 9. Distribuição das Acções Tácticas de Acordo com o Resultado da Acção

Resultado da Acção Acções Tácticas

Ofensivas

Acções Tácticas

Defensivas

F % F %

Remate 206 28,9

Continuar com a posse de bola 46 6,4

Perder a posse de bola 288 40,3

Sofrer falta, ganhar lançamento ou canto 116 16,2

Cometer falta, ceder lançamento ou pontapé de

baliza

58 8,1

Total 714 100,0

Sofrer finalização 147 19,9

Recuperar a posse de bola 287 38,9

Continuar com a posse de bola 53 7,2

Sofrer falta, ganhar lançamento ou canto 90 12,2

Cometer falta, ceder lançamento ou pontapé de

baliza

161 21,8

Total 738 100,0

De acordo com o quadro 9, verificou-se que a maioria das Acções Tácticas

Ofensivas acaba na perda da posse de bola, 288 numa percentagem de 40,3% ou em

situações de remate, 206 numa percentagem de 28,9%. Com menor frequência, ocorrem

situações de manutenção de posse de bola, 46 numa percentagem de 6,4%.

Relativamente às Acções Tácticas Defensivas, verificou-se que na maior parte

das vezes, acaba na recuperação da posse de bola, 287 numa percentagem de 38,9% e as

situações que ocorrem com menor frequência também, tal como nas Acções Tácticas

Ofensivas, são situações de manutenção de posse de bola, 53 numa percentagem de

7,2%.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

5. Apresentação dos resultados dos Princípios Tácticos Ofensivos e

Defensivos

Os resultados que apresentamos estão organizados em quadros com vista a

caracterizar as variáveis dependentes e responder aos objectivos específicos definidos

neste trabalho.

Identificar os princípios tácticos ofensivos que acontecem com maior

frequência no jogo em função do estatuto posicional dos jogadores.

Quadro 10. Distribuição dos Princípios Tácticos Ofensivos em Função do Estatuto

Posicional Específico do Jogador

Princípios

Tácticos

Ofensivos

Defesa do

lado direito

Defesa do lado

esquerdo

Avançado do

lado direito

Avançado do

lado esquerdo

Total

F % F % F % F % F %

Penetração 23 9,3 41 16,6 121 49 62 25,1 247 9,6

Cobertura

Ofensiva

41 6,2 59 8,9 241 36,5 320 48,4 661 25,8

Mobilidade 36 9,1 47 11,9 147 37,1 166 41,9 396 15,5

Espaço 186 30,3 203 33,1 146 23,8 79 12,9 614 24,1

Unidade

Ofensiva

376 59,1 233 36,6 16 2,5 11 1,7 636 25

Na análise pormenorizada da execução dos Princípios Tácticos Ofensivos e de

acordo com o quadro 10, no jogo de Futsal de Infantis Masculinos do Desporto Escolar

verifica-se que:

O Princípio da Penetração foi o menos executado, sendo observado 9,6%

(N=247). Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

avançado do lado direito 49% (N=121) e é menos executado pelo defesa do lado direito

9,3% (N=23). O que nos leva a pensar que os jogadores se retraem nas situações de 1X1

em direcção à baliza adversária.

O Princípio da Cobertura Ofensiva é executado 25,8% (N=661), é muito

frequente, evidenciando que os jogadores têm a preocupação de apoiarem o portador da

bola, desmarcando-se e criando linhas de passe.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

avançado do lado esquerdo 48,4% (N=320) e menos executado pelo defesa do lado

direito 6,2% (N=41).

Luís Bravo

26

______________________________________________________________

O Princípio da Mobilidade é executado 15,5% (N=396). Não é dos mais

executados e é-o essencialmente pelos avançados, o que pode revelar pouca integração

dos defesas em situações de desequilíbrio ofensivo.

Relativamente ao estatuto posicional verifica-se que é mais executado pelo

avançado do lado esquerdo 41,9% (N=166) e menos executado pelo defesa do lado

direito 9,1% (N=36).

O Princípio do Espaço é executado 24,1% (N=614). É muito frequente, o que é

um bom indicador quer da posse de bola, quer das preocupações dos jogadores para não

se agarrarem à bola, verificando-se que há uma distribuição mais equilibrada na

execução deste Princípio por todos os jogadores.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

defesa do lado esquerdo 33,1% (N=203) e menos executado pelo avançado do lado

esquerdo 12,9% (N=79).

O Princípio da Unidade Ofensiva é executado 25% (N=636). É muito frequente

e é quase exclusivamente garantido pelos defesas, o que pode indicar uma preocupação

defensiva muito grande, ainda que em situação de apoio ao ataque.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

defesa do lado direito 59,1% (N=376) e menos executado pelo avançado do lado

esquerdo 1,7% (N=11).

Identificar os princípios tácticos defensivos que acontecem com maior

frequência no jogo em função do estatuto posicional dos jogadores.

Quadro 11. Distribuição dos Princípios Tácticas Defensivos em Função do Estatuto

Posicional Específico do Jogador

Princípios

Tácticos

Defensivos

Defesa do

lado direito

Defesa do lado

esquerdo

Avançado do

lado direito

Avançado do

lado esquerdo

Total

F % F % F % F % F %

Contenção 132 17,9 151 20,5 218 29,6 236 32 737 28,9

Cobertura

Defensiva

246 34 215 29,7 162 22,4 100 13,8 723 28,3

Equilíbrio 209 33,4 194 31 130 20,8 93 14,9 626 24,5

Concentração 118 47,8 101 40,9 9 3,6 19 7,7 247 9,7

Unidade

defensiva

8 3,7 17 7,8 69 31,8 123 56,7 217 8,6

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Na análise pormenorizada da execução dos Princípios Tácticos Defensivos e de

acordo com o quadro 11, no jogo de Futsal de Infantis Masculinos do Desporto Escolar

verifica-se que:

O Princípio da Contenção é executado 28,9% (N=737). É o mais frequente e

pode significar que os jogadores têm a preocupação de atacarem o portador da bola,

dificultando a sua progressão em direcção à baliza.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

avançado do lado esquerdo 32% (N=236) e menos executado pelo defesa do lado direito

17,9% (N=132).

O Princípio da Cobertura Defensiva é executado 28,3% (N=723), é muito

frequente e pode significar que a equipa cria uma pressão elevada na equipa adversária.

Relativamente ao estatuto posicional verifica-se que é mais executado pelo

defesa do lado direito 34% (N=246) e menos executado pelo avançado do lado esquerdo

13,8% (N=100).

O Princípio do Equilíbrio é executado 24,5% (N=626). É muito elevado e pode

ser um bom indicador das preocupações dos jogadores defenderem em igualdade ou até

superioridade numérica, dado que há uma distribuição equilibrada na execução deste

princípio por todos os jogadores.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

defesa do lado direito 33,4% (N=209) e menos executado pelo avançado do lado

esquerdo 14,9% (N=93).

O Princípio da Concentração é executado 9,7% (N=247), é pouco executado e é

essencialmente executado pelos defesas, o que pode revelar que o jogo tem poucas

situações de superioridade numérica da defesa em relação ao ataque.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

defesa do lado direito 47,8% (N=118) e menos executado pelo avançado do lado direito

3,6% (N=9).

O Princípio da Unidade Defensiva é executado 8,6% (N=217), é o menos

executado, o que nos leva a pensar que os jogadores atacantes deviam ajudar mais a

defender.

Relativamente ao estatuto posicional, verifica-se que é mais executado pelo

avançado do lado esquerdo 56,7% (N=123) e menos executado pelo defesa do lado

direito 3,7% (N=8).

Luís Bravo

28

______________________________________________________________

Verificar onde se localizam os princípios tácticos ofensivos.

Quadro 12. Localização dos Princípios Tácticas Ofensivos em Função do Estatuto

Posicional Específico do Jogador

Princípios Tácticos Ofensivos

em função do estatuto posicional

Meio campo

Defensivo

Meio campo

Ofensivo

Total

F % F % F %

Penetração Defesa do lado direito 2 0,8 21 8,5 23 9,3

Defesa do lado esquerdo 4 1,6 37 15 41 16,6

Avançado do lado direito 13 5,3 108 43,7 121 49

Avançado do lado

esquerdo

5 2 57 23,1 62 25,1

Cobertura

Ofensiva

Defesa do lado direito 9 1,4 32 4,8 41 6,2

Defesa do lado esquerdo 20 3 39 5,9 59 8,9

Avançado do lado direito 39 5,9 202 30,6 241 36,5

Avançado do lado

esquerdo

52 7,9 268 40,5 320 48,4

Mobilidade Defesa do lado direito 3 0,8 33 8,3 36 9,1

Defesa do lado esquerdo 6 1,5 41 10,4 47 11,9

Avançado do lado direito 20 5,1 127 32,1 147 37,1

Avançado do lado

esquerdo

26 6,6 140 35,4 166 41,9

Espaço Defesa do lado direito 40 6,5 146 23,8 186 30,3

Defesa do lado esquerdo 52 8,5 151 24,6 203 33,1

Avançado do lado direito 18 2,9 128 20,8 146 23,8

Avançado do lado

esquerdo

12 2 67 10,9 79 12,9

Unidade Ofensiva Defesa do lado direito 72 11,3 304 47,8 376 59,1

Defesa do lado esquerdo 38 6 195 30,7 233 36,6

Avançado do lado direito 0 0 16 2,5 16 2,5

Avançado do lado

esquerdo

1 0,2 10 1,6 11 1,7

Na análise pormenorizada da execução dos Princípios Tácticos Ofensivos e de

acordo com o quadro 12, no jogo de Futsal de Infantis Masculinos do Desporto Escolar

verifica-se que:

O Princípio da Penetração é mais executado pelo avançado do lado direito 49%

(N=121) e no meio campo ofensivo são executadas 43,7% (N=108) das acções. Este

Princípio é menos executado pelo defesa do lado direito 9,3% (N=23) e no meio campo

defensivo só são executadas 0,8% (N=2) das acções.

O Princípio da Cobertura Ofensiva é mais executado pelo avançado do lado

esquerdo 48,4% (N=320) e no meio campo ofensivo são executadas 40,5% (N=268) das

acções. Este Princípio é menos executado pelo defesa do lado direito 6,2% (N=41) e no

meio campo defensivo são executadas 1,4% (N=9) das acções.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

O Princípio da Mobilidade é mais executado pelo avançado do lado esquerdo

41,9% (N=166) e no meio campo ofensivo são executadas 35,4% (N=140) das acções.

Este Princípio é menos executado pelo defesa do lado direito 2,3% (N=9) e no meio

campo defensivo são executadas 0,8% (N=3) das acções.

O Princípio do Espaço é mais executado pelo defesa do lado esquerdo 33,1%

(N=203) e no meio campo ofensivo são executadas 24,6% (N=151) das acções. Este

Princípio é menos executado pelo avançado do lado esquerdo 12,9% (N=79) e no meio

campo defensivo são executadas 8,5% (N=52) das acções.

O Princípio da Unidade Ofensiva é mais executado pelo defesa do lado direito

59,1% (N=376) e no meio campo ofensivo são executadas 47,8% (N=304) das acções.

Este Princípio é menos executado pelo avançado do lado esquerdo 1,7% (N=11) e no

meio campo defensivo são executadas 0,2% (N=1) das acções.

Verificar onde se localizam os princípios tácticos defensivos.

Quadro 13. Localização dos Princípios Tácticas Defensivos em Função do Estatuto

Posicional Específico do Jogador

Princípios Tácticos Defensivos

em função do estatuto posicional

Meio campo

Defensivo

Meio campo

Ofensivo

Total

F % F % F %

Contenção

Defesa do lado direito 118 16 14 1,9 132 17,9

Defesa do lado

esquerdo

140 19 11 1,5 151 20,5

Avançado do lado

direito

169 22,9 49 6,6 218 29,6

Avançado do lado

esquerdo

169 22,9 67 9,1 236 32

Cobertura

Defensiva

Defesa do lado direito 213 29,5 33 4,6 246 34

Defesa do lado

esquerdo

185 25,6 30 4,1 215 29,7

Avançado do lado

direito

111 15,4 51 7,1 162 22,4

Avançado do lado

esquerdo

75 10,4 25 3,5 100 13,8

Equilíbrio

Defesa do lado direito 176 28,1 33 5,3 209 33,4

Defesa do lado

esquerdo

160 25,6 34 5,4 194 31

Avançado do lado

direito

105 16,8 25 4 130 20,8

Avançado do lado

esquerdo

73 11,7 20 3,2 93 14,9

Concentração Defesa do lado direito 81 32,8 37 15 118 47,8

Defesa do lado

esquerdo

70 28,3 31 12,6 101 40,9

Avançado do lado 9 3,6 0 0 9 3,6

Luís Bravo

30

______________________________________________________________

direito

Avançado do lado

esquerdo

15 6,1 4 1,6 19 7,7

Unidade defensiva Defesa do lado direito 5 2,3 3 1,4 8 3,7

Defesa do lado

esquerdo

11 5,1 6 2,8 17 7,8

Avançado do lado

direito

65 30 4 1,8 69 31,8

Avançado do lado

esquerdo

113 52,1 10 4,6 123 56,7

Na análise pormenorizada da execução dos Princípios Tácticos Defensivos e de

acordo com o quadro 13, no jogo de Futsal de Infantis Masculinos do Desporto Escolar

verifica-se que:

O Princípio da Contenção é mais executado pelo avançado do lado esquerdo

32% (N=236) e no meio campo defensivo são executadas 22,9% (N=169) das acções.

Este Princípio é menos executado pelo defesa do lado direito 17,9% (N=132) e no meio

campo ofensivo só são executadas 1,9% (N=14) das acções.

O Princípio da Cobertura Defensiva é mais executado pelo defesa do lado direito

34% (N=246) e no meio campo defensivo são executadas 29,5% (N=213) das acções.

Este Princípio é menos executado pelo avançado do lado esquerdo 13,8% (N=100) e no

meio campo ofensivo só são executadas 3,5% (N=25) das acções.

O Princípio do Equilíbrio é mais executado pelo defesa do lado direito 33,4%

(N=209) e no meio campo defensivo são executadas 28,1% (N=176) das acções. Este

Princípio é menos executado pelo avançado do lado esquerdo 14,9% (N=93) e no meio

campo ofensivo só são executadas 3,2% (N=20) das acções.

O Princípio da Concentração é mais executado pelo defesa do lado direito 47,8%

(N=118) e no meio campo defensivo são executadas 32,8% (N=81) das acções. Este

Princípio é menos executado pelo avançado do lado direito 3,6% (N=9) que no meio

campo ofensivo não realiza qualquer acção.

O Princípio da Unidade Defensiva é mais executado pelo avançado do lado

esquerdo 56,7% (N=123) e no meio campo defensivo são executadas 52,1% (N=113)

das acções. Este Princípio é menos executado pelo defesa do lado direito 3,7% (N=8)

que no meio campo ofensivo só são executadas 1,4% (N=3) das acções.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Verificar o resultado da acção táctica ofensiva.

Quadro 14. Resultado das Acções Tácticas Ofensivos em Função da sua Localização no

Espaço de Jogo

Quando analisámos o quadro 14, verificámos que a maioria das Acções Tácticas

Ofensivas ocorrem no meio campo ofensivo 81,4% (N=581) e acabam na perda da

posse de bola 40,3% (N=288), ou em situações de remate 28,9% (N=206).

Relativamente ao resultado das acções tácticas ofensivas no espaço de jogo

verificamos que as situações de perda de posse de bola acontecem mais no meio campo

ofensivo 28,7% (N=205), mas sabemos que são mais perigosas as situações de perda de

bola no meio campo defensivo que acontecem 11,6% (N=83).

Relativamente às situações de finalização observamos que acontecem

fundamentalmente no meio campo ofensivo 28,9% (N=200), o que revela que os

jogadores nesta faixa etária já têm a preocupação de finalizarem quando estão mais

próximos da baliza adversária.

Com menor frequência, ocorrem situações de continuarmos com posse de bola

6,4% (N=46) e estas situações ocorrem mais no meio campo ofensivo 4,5% (N=32), o

que pode revelar que nesta faixa etária, o tempo da posse de bola em cada acção

ofensiva é pouco, as acções ofensivas começam e terminam rapidamente.

Resultado das

acções tácticas

Ofensiva

Realizar

finalização

Continuar

com a

posse de

bola

Perder a

posse de

bola

Sofrer

falta,

ganhar

lançamento

ou canto

Cometer

falta, ceder

lançamento

ou pontapé

de baliza

Total

F % F % F % F % F % F %

Meio Campo

Defensivo

6 0,8 14 2 83 11,6 17 2,4 13 1,8 133 18,6

Meio Campo

Ofensivo

200 28,9 32 4,5 205 28,7 99 13,9 45 6,3 581 81,4

Luís Bravo

32

______________________________________________________________

Verificar o resultado da acção táctica defensiva

Quadro 15. Resultado das Acções Tácticas Defensivos em Função da sua Localização no

Espaço de Jogo

Quando analisamos o quadro 15, verificamos que a maioria das Acções Tácticas

Defensivas ocorrem no meio campo defensivo 80,9% (N=597) e acabam na recuperação

da posse de bola, 38,9% (N=287). As situações que ocorrem com menor frequência

também, tal como nas Acções Tácticas Ofensivas, dado que são situações de

manutenção da posse de bola 7,2% (N= 53).

Relativamente ao resultado das acções tácticas defensivas no espaço de jogo,

verificamos que as situações de recuperação da posse de bola acontecem mais no meio

campo defensivo 27,4% (N=202), ainda que sejam significativas as situações de

recuperação da posse de bola no meio campo ofensivo 11,5% (N=85), revelando que os

atacantes também pressionam no início do processo ofensivo do adversário.

Com menor frequência, ocorrem situações de manutenção da posse de bola 7,2%

(N=53). Estas situações ocorrem mais no meio campo defensivo 6% (N=44), o que pode

revelar que nesta faixa etária, se recupera a bola muitas vezes, mas a maior parte das

vezes é por se colocarem obstáculos ao adversário e não tanto por sua capacidade de

desarme.

Resultado das

acções tácticas

Defensiva

Sofrer

finalização

Recuperar

a posse de

bola

Continuar

com a

posse de

bola

Sofrer

falta,

ganhar

lançamento

ou canto

Cometer

falta, ceder

lançamento

ou pontapé

de baliza

Total

F % F % F % F % F % F %

Meio Campo

Defensivo

146 19,8 202 27,4 44 6 73 9,9 132 17,9 597 80,9

Meio Campo

Ofensivo

1 0,1 85 11,5 9 1,2 17 2,3 29 3,9 141 19,1

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Fornecer, a partir dos resultados obtidos, algumas orientações práticas

para a abordagem dos princípios tácticos em ambiente de treino com

crianças e jovens.

O progresso do Futsal está seguramente ligado ao aumento do número de

praticantes e revela o interesse dos jovens que pela prática desta modalidade, também

acreditamos que a prática desta modalidade tem contribuído, nos últimos anos, para a

formação dos jovens praticantes de Futebol.

Dada alguma similaridade entre as duas modalidades, provavelmente os métodos

de treino apresentam características comuns e específicas, tais como a dimensão da

bola, campo, balizas, o tipo de piso e as regras. Justifica-se assim, a importância da

análise táctica, para o aumento do conhecimento sobre o jogo e possivelmente no

contributo para a melhoria dos processos de treino.

Quadro 16. Distribuição da média de execução dos Princípios Tácticos

Princípios Tácticos N Média Desvio

Padrão

Mínimo Máximo

Ofensivos

Penetração 48 4,9 5 0 21

Cobertura Ofensiva 48 14,1 11,8 0 38

Mobilidade 48 8,2 6,8 0 25

Espaço 48 12,7 7,9 1 37

Unidade Ofensiva 48 13 14,7 0 51

Defensivos

Contenção 48 15,3 8,5 4 38

Cobertura Defensiva 48 15,5 8,3 1 34

Equilíbrio 48 13 7,7 1 34

Concentração 48 5,1 6,1 0 21

Unidade defensiva 48 4,3 5,6 0 25

O quadro 16, traduz a média de execução dos dez princípios tácticos, de cada

jogador de Futsal, em situação de jogo competição, do escalão de infantis masculinos na

época anterior e referente às seis melhores equipas do quadro competitivo do Desporto

Escolar da zona de Viseu.

Os princípios tácticos ofensivos mais executados foram Cobertura Ofensiva,

Unidade Ofensiva, Espaço e os princípios tácticos defensivos mais executados foram

Contenção, Cobertura Defensiva e Equilíbrio daí serem mais treinados do que os

restantes princípios tácticos.

Luís Bravo

34

______________________________________________________________

Para a programação das 20 sessões de treino (em anexo), que pretendemos

implementar no início da próxima época (Outubro, Novembro e Dezembro), até ao

primeiro jogo previsto para dia 15 de Dezembro de 2010, partimos dos seguintes

pressupostos e tivemos em conta os dados apresentados:

O treino é multifactorial, ou seja, todos os factores de treino: físico, técnico,

táctico, psicológico, teórico e social serão abordados.

O processo de treino parte do conhecimento que temos sobre o jogo (pelo estudo

da análise do jogo, conhecemos os princípios tácticos do jogo executados).

A nossa preocupação é essencialmente táctica, parte do ensino dos princípios do

jogo (como jogar?), para o saber jogar (o que fazer?).

A componente física e técnica será uma constante no início da sessão e constitui

uma rotina clara e precisa para os jogadores.

A componente táctica incidirá sobre o ensino e conhecimento dos princípios do

jogo e iremos recorrer aos jogos reduzidos para que os jogadores tenham a possibilidade

de vivenciarem um maior número de vezes situações semelhantes às que podem ocorrer

durante as partidas.

Em cada sessão de treino não abordaremos mais do que dois ou três princípios

tácticos e os princípios tácticos mais executados serão proporcionalmente mais

abordados em relação aos princípios tácticos menos executados.

A fase de jogo será uma constante em todas as sessões de treino e o modelo de

ensino dos jogos de invasão estruturará a nossa dinâmica competitiva no treino.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Comparar a frequência de acções tácticas, no jogo de futsal no escalão de

infantis, que os jogadores obtiveram no ano anterior, com o início desta

época (após 20 sessões de treino).

Quadro 17. Comparação da frequência de Comportamentos Tácticos Após Treino

Princípios Tácticos Época anterior Após Treino

F % F %

Ofensivos

Penetração 247 9,6 29 9,7

Cobertura Ofensiva 661 25,8 78 25,9

Mobilidade 396 15,5 67 22,1

Espaço 614 24,1 78 25,8

Unidade Ofensiva 636 25 50 16,5

Defensivos

Contenção 737 28,9 82 30,8

Cobertura Defensiva 723 28,3 79 29,6

Equilíbrio 626 24,5 63 23,6

Concentração 247 9,7 15 5,6

Unidade defensiva 217 8,6 28 10,4

Localização da acção

Ofensiva

Meio Campo Defensivo 133 18,6 15 18,1

Meio Campo Ofensivo 581 81,4 68 81,9

Defensiva

Meio Campo Defensivo 597 80,9 59 72

Meio Campo Ofensivo 141 19,1 23 28

Resultado da acção

Ofensiva

Remate 206 28,9 28 33,7

Continuar com a posse de bola 46 6,4 4 4,8

Perder a posse de bola 288 40,3 27 32,5

Sofrer falta, ganhar lançamento ou canto 116 16,2 15 18,1

Cometer falta, ceder lançamento ou pontapé de baliza 58 8,1 9 10,8

Defensiva

Sofrer finalização 147 19,9 9 11

Recuperar a posse de bola 287 38,9 35 42,7

Continuar com a posse de bola 53 7,2 2 2,4

Sofrer falta, ganhar lançamento ou canto 90 12,2 9 11

Cometer falta, ceder lançamento ou pontapé de baliza 161 21,8 27 32,9

De acordo com o quadro 17, os resultados revelam que os jogadores da nossa

equipa, após 20 sessões de treino, preparadas de acordo com a frequência dos princípios

tácticos executados pelas melhores equipas do ano anterior, mantiveram e até

melhoraram a sua prestação no que se refere à percentagem do número de execuções

dos princípios tácticos, verificando-se o seguinte:

Luís Bravo

36

______________________________________________________________

a) Os jogadores mantiveram e até aumentaram o número de execução de

(quatro) princípios tácticos ofensivos e (quatro) defensivos. Apenas os princípios da

unidade ofensiva e da concentração, foram menos executados;

b) Os princípios tácticos mais executados (também os mais treinados) continuam

a ser os princípios tácticos ofensivos de Cobertura Ofensiva e Espaço e os princípios

tácticos defensivos de Contenção, Cobertura Defensiva e Equilíbrio;

c) Os princípios tácticos menos executados (também os menos treinados)

continuam a ser o princípio táctico ofensivo de penetração e os princípios tácticos

defensivos de concentração e unidade defensiva;

d) Verificaram-se alterações, no princípio táctico ofensivo de mobilidade com

uma melhoria (6,6%) de execuções e no princípio táctico defensivo de concentração

com uma regressão (4,1%) de execuções desta acção táctica;

e) Relativamente à localização das acções ofensivas aconteceram um pouco mais

(0,5%) no meio campo ofensivo e as acções defensivas ocorreram mais (8,9%) no meio

campo adversário o que poderá significar que a equipa ataca mais e defende mais à

frente;

f) Relativamente ao resultado das acções tácticas ofensivas verificamos que a

equipa rematou mais (4,8%) e perdemos menos (7,8%) a posse de bola, o que pode ser

um bom indicador ofensivo. Relativamente ao resultado das acções tácticas defensivas

verificamos que a equipa sofreu menos (8,9%) situações de finalização e recuperou a

mais (3,8%) a posse de bola, o que pode ser um bom indicador defensivo.

6. Análise Inferencial

As hipóteses deste estudo estão relacionadas com a macro-categoria observação,

das variáveis das categorias, Princípios Tácticos Ofensivos e Princípios Tácticos

Defensivos, em função das posições dos jogadores, defesas e avançados.

Tendo em conta este o caminho que pretendemos percorrer, vamos agora

comprovar cada uma das etapas definidas como hipóteses.

De acordo com Pestana e Gageiro (2003), as inferências, que requerem o

conhecimento das probabilidades, são feitas através de intervalos de confiança e de

testes estatísticos paramétricos ou não paramétricos, aplicados a amostras aleatórias.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Verificada a normalidade das distribuições e de acordo com o teste Shapiro-

Will, recorremos a testes paramétricos nas variáveis Espaço, Contenção e Equilíbrio,

enquanto que para as restantes variáveis recorremos a testes não paramétricos.

No caso das variáveis Espaço, Contenção e Equilíbrio recorreu-se ao teste t por

se tratar de testes paramétricos. O teste t Student compara a diferença entre o número

média de execuções dos Princípios Tácticos do jogo entre defesas e avançados.

Recorreu-se ao teste U de Mann-Whitney nas variáveis Penetração, Cobertura

Ofensiva, Mobilidade, Unidade Defensiva, Cobertura Defensiva, Concentração e

Unidade Defensiva para comparar as médias de duas amostras e para determinar

diferenças entre as duas populações correspondentes, defesas e avançados. Este teste,

em vez de se basear em parâmetros de distribuição normal, baseia-se na ordenação da

variável. Recorre-se à média das duas amostras, como forma de detectar diferenças

entre as duas populações (defesas e avançados).

6.1. Verificação da Hipótese 1

Hipótese 1 –Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do jogador

(defesa ou avançado) tem influência no número de execuções dos princípios tácticos da

fase ofensiva (penetração, cobertura ofensiva, mobilidade, espaço e unidade ofensiva).

Quadro 18. Comparação da média do Princípio Táctico Ofensivo (Espaço) em Função do

Estatuto Posicional dos Jogadores

Teste t Student N Média t p

Princípio do Espaço Defesas 24 16,21 3,284 0,02

Avançados 24 9,38 3,284 0,02

Luís Bravo

38

______________________________________________________________

Quadro 19. Comparação da média dos Princípios Tácticos Ofensivos (Penetração,

Cobertura Ofensiva, e Mobilidade) em Função do Estatuto Posicional dos Jogadores

Teste U de Mann-Whitney N Rank Médio Z p

Princípio da Penetração Defesas 24 18,02 -3,229

,001

Avançados 24 30,98

Princípio da Cobertura

Ofensiva

Defesas 24 12,67 -5,863

,000

Avançados 24 36,33

Princípio da Mobilidade Defesas 24 14,31 -5,052

,000

Avançados 24 34,69

Princípio da Unidade

Defensiva Defesas 24 36,50 -5,983

,000

Avançados 24 12,50

Nos quadros 18 e 19, verifica-se que os defesas executam em média mais os

Princípios Tácticos de Espaço e Unidade Defensiva, do que os avançados. Os avançados

executam mais os Princípios Tácticos de Penetração, Cobertura Ofensiva e Mobilidade.

Quando comparamos a média de execuções entre os defesas e os avançados,

verificamos que há diferenças muito significativas (p≤0,05) nos resultados obtidos de

todos Princípios Tácticos Ofensivos.

No Princípio do Espaço há diferenças (p=0,02) verificando-se que os defesas

executaram em média (16,21) mais vezes este princípio do que os avançados (9,38).

Concluímos que se confirma a hipótese formulada, ou seja, o estatuto posicional

dos jogadores tem influência no número de execuções dos Princípios Tácticos

Ofensivos.

Estes dados são muito relevantes porque nos podem ajudar a estruturar melhor

as sessões de treinos, especificando os exercícios relativamente ao estatuto posicional

dos jogadores no terreno de jogo, com vista a melhorar os processos ofensivos da

equipa em situação de jogo competição.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

6.2. Verificação da Hipótese 2

H2 – Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do jogador (defesa

ou avançado) tem influência no número de execuções dos princípios tácticos da fase

defensiva (contenção, cobertura defensiva, equilíbrio, concentração e unidade

defensiva).

Quadro 20. Comparação das médias dos Princípios Tácticos Defensivos (Contenção e

Equilíbrio) em Função do Estatuto Posicional dos Jogadores

Teste t Student N Média t p

Princípio da Contenção Defesas 24 11,79 -3,165 0,03

Avançados 24 18,92 -3,165 0,03

Princípio do Equilíbrio Defesas 24 16,79 3,792 0,00

Avançados 24 9,29 3,792 0,00

Quadro 21. Comparação das médias dos Princípios Tácticos Defensivos (Cobertura

Defensiva, Concentração, Unidade Defensiva) em Função do Estatuto Posicional dos Jogadores

Teste U de Mann-Whitney N Rank Médio Z p

Princípio da Cobertura

Defensiva Defesas 24 32,44 -3,932

,000

Avançados 24 16,56

Princípio da

Concentração

Defesas 24 33,92 -4,719 ,000

Avançados 24 15,08

Princípio da Unidade

Defensiva Defesas 24 14,17 -5,213 ,000

Avançados 24 34,83

Nos quadros 20 e 21, verifica-se que os defesas executam em média mais os

Princípios Tácticos de Cobertura Defensiva, Equilíbrio e Concentração, do que os

avançados. Os avançados executam mais os Princípios Tácticos de Contenção e

Unidade Defensiva.

Luís Bravo

40

______________________________________________________________

Quando comparamos a média de execuções entre os defesas e os avançados,

verificamos que há diferenças muito significativas (p≤0,05) nos resultados obtidos de

todos os Princípios Tácticos Defensivos.

No Princípio da Contenção há diferenças (p=0,03), verificando-se que os

avançados executaram em média 18,92 enquanto que os defesas executaram este

princípio 11,79.

Concluímos que se confirma a hipótese formulada, ou seja, o estatuto posicional

dos jogadores tem influência no número de execuções dos Princípios Tácticos

Defensivos.

Estes dados são muito relevantes porque nos podem ajudar a estruturar melhor

as sessões de treinos, especificando os exercícios relativamente ao estatuto posicional

dos jogadores no terreno de jogo, com vista a melhorar os processos defensivos da

equipa em situação de jogo competição.

7. Discussão dos resultados e conclusões

Após a apresentação e análise dos resultados obtidos e o tratamento estatístico

efectuado, impôs-se como passo seguinte a sua discussão.

Neste estudo, pretendeu-se verificar de que modo os comportamentos tácticos

variam em função do posicionamento dos jogadores em campo. Vamos reflectir,

comparando os resultados com os objectivos do trabalho, as hipóteses e a

fundamentação teórica.

Da análise e tratamento estatístico, obtivemos um conjunto de resultados dos

quais salientamos as seguintes reflexões sobre os objectivos em estudo:

Identificar os princípios tácticos ofensivos (penetração, cobertura

ofensiva, mobilidade, espaço e unidade ofensiva) que acontecem com

maior frequência no jogo.

Concluímos que o Princípio da Penetração é o menos executado, o que nos leva

a pensar que os jogadores se retraem nas situações de 1X1 em direcção à baliza

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

adversária. Este princípio é mais executados pelos avançados e a maior parte das vezes

localiza-se no meio campo ofensivo.

O Princípio da Cobertura Ofensiva é muito frequente, evidenciando que os

jogadores têm a preocupação de se desmarcarem criando linhas de passes. Este

princípio é mais executado pelos avançados e a maior parte das vezes, localiza-se no

meio campo ofensivo.

O Princípio da Mobilidade não é dos mais executados e é essencialmente

executado pelos avançados o que pode revelar pouca integração dos defesas em

situações de desequilíbrio ofensivo. Este princípio é mais executado pelos avançados e a

maior parte das vezes localiza-se no meio campo ofensivo.

O Princípio do Espaço é muito frequente em todos os jogadores, o que é um bom

indicador da posse de bola, e ainda, das preocupações dos jogadores para não se

agarrarem à bola. Este princípio é mais executado pelos defesas e a maior parte das

vezes localiza-se no meio campo ofensivo.

O Princípio da Unidade Ofensiva é muito frequente e é quase exclusivamente

garantido pelos defesas, o que pode indicar uma preocupação defensiva muito grande.

Este princípio é mais executado pelos defesas e, na maior parte das vezes, localiza-se no

meio campo ofensivo.

Hipótese 1 –Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do

jogador (defesa ou avançado) tem influência no número de execuções

dos princípios tácticos da fase ofensiva (penetração, cobertura ofensiva,

mobilidade, espaço e unidade ofensiva).

Concluímos que se verificou a hipótese formulada, ou seja, na modalidade de

Futsal, no escalão de Infantis Masculinos, no contexto do Desporto Escolar, em situação

de jogo competição, os jogadores defensivos executam Princípios Tácticos Ofensivos

diferentes dos jogadores ofensivos.

Luís Bravo

42

______________________________________________________________

Figura 1. Os dois Princípios Tácticos Ofensivos mais observados em cada jogador em

função do seu estatuto posicional

Com base na Figura 2, concluímos que em situações de posse de bola, o

Princípio da Unidade Ofensiva é o mais executados pelos defesas (lado direito e lado

esquerdo), significando que para estes jogadores a sua prioridade é agirem na retaguarda

dos jogadores atacantes, garantindo a equipa organizada do ponto de vista defensivo. De

acordo com os dados obtidos, também é possível verificar que o Princípio da Unidade

Ofensiva é quase sempre executado no meio campo ofensivo, ou seja, as equipas já

organizam as situações ofensivas com futebol apoiado.

O Princípio do Espaço, também é uma prioridade para os defesas (lado direito e

lado esquerdo), significando que após a recuperação da posse de bola, os defesas

conduzem e dão sequência ao jogo, trocando a bola com vista a ganhar espaço e tempo

para organizar o ataque. Estas acções acontecem a maior parte das vezes no meio campo

ofensivo, tanto do lado direito como do lado esquerdo, variando e ampliando o jogo.

Os jogadores ofensivos executam princípios tácticos ofensivos diferentes dos

jogadores defensivos e entre eles, o atacante do lado direito executa prioritariamente o

Princípio da Penetração, enquanto que o atacante do lado esquerdo, executa mais o

Princípio da Cobertura Defensiva.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

O Princípio da Mobilidade é uma preocupação dos dois atacantes, significando

que têm a preocupação de criar instabilidade na organização defensiva adversária,

movimentando-se nas “costas” do último defesa.

Figura 2. Resultado da acção táctica ofensiva e defensiva em função da localização no

campo de jogo

As acções tácticas ofensivas ocorrem principalmente no meio campo ofensivo e

de acordo com a Figura 3, verificamos muitas vezes uma das duas situações: ou

conseguimos finalizar, ou perdemos a posse de bola. Em situação ofensiva, pode ser

preocupante o número de vezes que perdemos a bola no nosso meio campo defensivo.

Identificar os princípios tácticos defensivos (contenção, cobertura

defensiva, equilíbrio, concentração e unidade defensiva) que acontecem

com maior frequência no jogo.

Concluímos que o Princípio da Contenção é muito frequente e pode significar

que os jogadores têm a preocupação de atacar o portador da bola, dificultando o passe.

Este princípio é mais executado pelos avançados e, na maior parte das vezes, localiza-se

no meio campo defensivo.

Luís Bravo

44

______________________________________________________________

O Princípio da Cobertura Defensiva é muito frequente e pode significar que a

equipa cria uma pressão elevada na equipa adversária. Este princípio é mais executado

pelos defesas e, a maior parte das vezes, localiza-se no meio campo defensivo.

O Princípio do Equilíbrio é muito elevado e pode ser um bom indicador das

preocupações dos jogadores defenderem em igualdade ou até superioridade numérica,

dado que há uma distribuição equilibrada na execução deste Princípio por todos os

jogadores. Este princípio é mais executado pelos defesas e a maior parte das vezes

localiza-se no meio campo defensivo.

O Princípio da Concentração é pouco executado e é-o essencialmente pelos

defesas, o que pode revelar que o jogo tem muitas situações de superioridade numérica

da defesa em relação ao ataque. Este princípio é mais executado pelos defesas e, na

maior parte das vezes, localiza-se no meio campo defensivo.

O Princípio da Unidade Defensiva é o menos executado, o que nos leva a pensar

que os jogadores atacantes, por vezes, não ajudam a defender. Este princípio é mais

executado pelos avançados e, na maior parte das vezes, localiza-se no meio campo

defensivo.

Hipótese 2 – Em situação de jogo competição, o estatuto posicional do

jogador (defesa ou avançado) tem influência no número de execuções

dos princípios tácticos da fase defensiva (contenção, cobertura defensiva,

equilíbrio, concentração e unidade defensiva).

Concluímos que se verificou a hipótese formulada, ou seja, na modalidade de

Futsal, no escalão de Infantis Masculinos, no contexto do Desporto Escolar, em situação

de jogo competição, os jogadores defensivos executam Princípios Tácticos Defensivos

diferentes dos jogadores ofensivos.

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

Figura 3. Os dois Princípios Tácticos Defensivos mais observados em cada jogador em

função do seu estatuto posicional

Com base na Figura 4, concluímos que em situações sem a posse de bola, o

Princípio da Concentração é o mais executados pelos defesas (lado direito e lado

esquerdo), significando que para estes jogadores a sua prioridade é direccionar o jogo

para zonas menos vitais do campo evitando que surjam espaços livres nas costas dos

jogadores que realizam oposição ao portador da bola e surjam situações de inferioridade

numérica da defesa em relação ao ataque. De acordo com os dados obtidos, também é

possível verificar que o Princípio da Concentração é quase sempre executado no meio

campo defensivo, ou seja, são frequentes acções defensivas em que todos os jogadores

defendem atrás da linha da bola.

O Princípio da Cobertura Defensiva é uma prioridade para os defesas do lado

direito, significando que estão atentos a situações de apoio ao jogador de contenção, que

geralmente é um dos avançados, evitando situações de inferioridade numérica.

O Princípio do Equilíbrio é uma prioridade para os defesas do lado esquerdo,

que têm como prioridade garantir superioridade, ou no mínimo, igualdade numérica,

obstruindo linhas de passes e assegurando a estabilidade defensiva.

Estas acções acontecem, na maior parte das vezes, no meio campo defensivo,

tanto do lado direito como do lado esquerdo.

Luís Bravo

46

______________________________________________________________

Os avançados executam princípios tácticos defensivos diferentes dos defesas e

os dois jogadores mais avançados executam prioritariamente o Princípio da Unidade

Defensiva, o que demonstra a preocupação de todos os jogadores participarem no

processo defensivo, permitindo que a equipa defenda em unidade ou em bloco,

reduzindo o espaço de jogo.

O Princípio da Contenção também é uma preocupação dos dois atacantes,

significando que têm muita preocupação de fazer oposição ao portador da bola,

dificultando-lhe a sua progressão.

As acções tácticas defensivas ocorrem principalmente no meio campo defensivo

e de acordo com a Figura 3, verificamos que a maior parte das vezes, se consegue

recuperar a posse de bola, ainda que também se verifiquem muitas situações de

finalização da equipa adversária. No meio campo ofensivo, são frequentes acções de

recuperação da posse de bola.

Verificar o resultado da acção táctica ofensiva e defensiva em função da

localização no campo de jogo.

De acordo com a Figura 3, as acções tácticas defensivas ocorrem principalmente

no meio campo defensivo e verificamos que a maior parte das vezes se consegue

recuperar a posse de bola, mas quando tal não acontece, as acções mais frequentes são

de sofrermos a finalização da equipa adversária. No meio campo ofensivo, as acções

mais frequentes são de recuperação da posse de bola.

Relativamente às acções tácticas ofensivas, a maioria das vezes ocorre no meio

campo ofensivo e as situações mais frequentes são de finalização ou perda da posse de

bola. Preocupante é a acção ofensiva mais frequente no nosso meio campo defensivo,

que está relacionada com a perda da posse de bola.

Costa (2009) a partir dos resultados obtidos, num estudo sobre os

comportamentos tácticos nas etapas de formação de jogadores de Futebol, conclui que

os comportamentos tácticos defensivos foram os que tiveram maior variação, quando

relacionados com a localização no campo de jogo e o efeito da idade relativa.

Souza (2010), ao analisar o posicionamento dos jogadores, constatou em relação

às acções ofensivas, que tanto no meio campo ofensivo como no meio campo defensivo,

os médios executam mais acções ofensivas que os defesas e estes têm maior frequência

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

de acções tácticas no meio campo defensivo que os avançados. A partir dos resultados

obtidos, conclui que existem diferenças nos comportamentos tácticos de jogadores em

função da posição no campo de jogo.

Quadro 22. Estudos sobre Comportamentos Tácticos

Autores Costa

(2009)

Dias

(2009)

Souza

(2010)

Castelão

(2010)

Muller

(2010)

Estudos Futebol

(campo

menor)

Futebol

(campo

relvado)

Futebol

(sub – 14)

Futebol

(sub-11)

5X5

Futsal

(Sub 13)

Futsal

(Infantis

Competição) Princípios Tácticos

Ofensivos % % % % % %

Penetração 3,9 10,7 5,8 3,4 6,8 9,6

Cobertura Ofensiva 14,8 27,8 14,5 14,7 18,8 25,8

Mobilidade 5,1 10,3 4,8 3,7 4,7 15,5

Espaço 18,3 41,1 15 16,8 10,5 24,1

Unidade Ofensiva 4,8 10,1 6,4 10,3 6,6 25

Defensivos % % % % % %

Contenção 7,6 20,8 12 7,8 11,1 28,9

Cobertura Defensiva 8,4 3,7 3 2,8 11,4 28,3

Equilíbrio 5,4 15,9 9,4 8,5 7,1 24,5

Concentração 9,1 21,7 10,75 7,3 11,4 9,7

Unidade defensiva 22,2 37,9 18 24,4 11,2 8,6

Alguma investigação recente tem tido a preocupação de comparar os

comportamentos tácticos dos jogadores com os vários constrangimentos do jogo com o

objectivo de melhorarmos os processos de treino.

Dias (2009), no estudo sobre o desempenho que os jogadores apresentam em

campo relvado e campo pelado, verificou que o princípio mais executado foi o do

espaço, 41%. Para este autor, é possível verificar que os jogadores privilegiaram um

tipo de futebol apoiado na circulação da bola, devido aos valores elevados do princípio

da cobertura ofensiva e espaço, abdicando da criação de situações individuais do 1X1, o

que pode ser explicado pelo baixo valor do princípio da Penetração.

Souza (2010), quando estudou o comportamento táctico desempenhado por

jogadores de futebol da categoria de sub-14, em função do estatuto posicional, chegou à

conclusão que os defesas executam mais acções associadas ao princípio de espaço e

concentração comparativamente com os médios. Já estes executam mais acções de

cobertura ofensiva que os defesas. Equilíbrio e Concentração tiveram maior ocorrência

no grupo dos avançados.

Luís Bravo

48

______________________________________________________________

Costa (2009) verificou que, em relação ao total de acções tácticas realizadas

pelos jogadores, a prática do jogo no campo menor permitiu-lhes executarem

significativamente mais acções tácticas que os jogadores do campo maior.

O nosso estudo não vai ao encontro dos estudos de Dias e Souza (2010), talvez,

por estudarmos situações relacionadas com o Futebol, mas tem proximidade com os

estudos de Muller (2010) sobre o Futsal.

Muller (2010) conclui que o Futsal proporciona maior número de acções tácticas

que o Futebol. Os princípios tácticos mais efectuados pelos jogadores de Futsal, tanto na

fase ofensiva como na fase defensiva, são caracterizados por aproximação ao portador

da bola (Cobertura Ofensiva, Contenção, Cobertura Defensiva e Concentração),

enquanto que no Futebol, os dois princípios com maior frequência são efectuados

distanciados do portador da bola (espaço e unidade defensiva). Para o mesmo autor, no

Futsal, os jogadores obtiveram melhor performance nas acções defensivas, enquanto

que no Futebol, os jogadores erraram mais na fase defensiva.

Jones & Drust,(2007) e Katis & Kellis (2009) verificaram que menores

dimensões do campo de jogo podem aumentar o número de passes e contactos com a

bola. Também o piso e a bola de Futsal tendem a proporcionar maior controlo de bola

aos jogadores aumentando o número de acções tácticas.

Comparar a média de acções tácticas, no jogo de futsal no escalão de

infantis, que os jogadores obtiveram no ano anterior, com o início desta

época (após 20 sessões de treino).

Quadro 23. Distribuição da média de execução dos Princípios Táctico após Treino

Princípios Tácticos N Média Desvio

Padrão

Mínimo Máximo

Ofensivos

Penetração 4 7,2 8,6 0 17

Cobertura Ofensiva 4 19,5 3,6 16 24

Mobilidade 4 16,7 13,2 5 33

Espaço 4 19,5 1,7 17 21

Unidade Ofensiva 4 12,5 12,7 0 24

Defensivos

Contenção 4 20,5 11,2 9 35

Cobertura Defensiva 4 19,7 6,1 16 29

Equilíbrio 4 15,7 11 2 28

Concentração 4 3,7 4,7 0 10

Unidade defensiva 4 7 9,4 0 20

Análise e discussão dos Princípios Tácticos no Jogo de Futsal do Desporto Escolar

O quadro 23, traduz a média de execução dos dez princípios tácticos, de cada

jogador de Futsal da equipa que treinamos, em situação de jogo competição, do escalão

de infantis masculinos na presente época (2010-2011) do quadro competitivo do

Desporto Escolar da zona de Viseu, após a implementação de 20 sessões de treino.

Os princípios tácticos ofensivos mais executados foram Cobertura Ofensiva,

Espaço e Mobilidade e os princípios tácticos defensivos mais executados foram

Contenção, Cobertura Defensiva e Equilíbrio.

Quando comparamos a frequência de acções tácticas, no jogo de futsal no

escalão de infantis, que os jogadores obtiveram no ano anterior, com o início desta

época (após 20 sessões de treino) e neste jogo, verificamos o seguinte:

a) em média cada jogador aumentou o número de execução de (quatro)

princípios tácticos ofensivos e (quatro) defensivos. Apenas os princípios da unidade

ofensiva e da concentração, foram menos executados.

b) os princípios tácticos mais executados (também os mais treinados) continuam

a ser os princípios tácticos ofensivos de Cobertura Ofensiva e Espaço e os princípios

tácticos defensivos de Contenção, Cobertura Defensiva e Equilíbrio.

c) os princípios tácticos menos executados (também os menos treinados)

continuam a ser o princípio táctico ofensivo de penetração e os princípios tácticos

defensivos de concentração e unidade defensiva.

d) verificaram-se alterações, no princípio táctico ofensivo de mobilidade com

uma melhoria na média de execuções e no princípio táctico defensivo de concentração

com uma regressão no número médio de execuções desta acção táctica.

Luís Bravo

50

______________________________________________________________

Conclusão

Nos últimos anos, o ensino dos jogos desportivos em contexto escolar, tem

vindo a sofrer muitas modificações. Vários têm sido os modelos de ensino concebidos

para serem uma alternativa ao modelo que apelidaram de tradicional. A investigação na

área da pedagogia e metodologia tem procurado robustecer o melhor método,

comparando os métodos alternativos com métodos tradicionais. As conclusões foram

escassas mas acreditamos que estas investigações contribuem para apetrechar os

profissionais de educação física para tomarem melhores decisões na sua prática

pedagógica.

A análise táctica do jogo a partir do teste GR3-3GR (Costa, Garganta, Greco, &

Mesquita, 2009) foi ao encontro dos objectivos do nosso trabalho, permitindo-nos

diagnosticar, identificar e tratar os dados recolhidos, com o intuito de caracterizarmos o

jogo de futsal no escalão de formação de infantis masculinos no quadro competitivo do

desporto escolar com vista a melhorarmos o nosso processo de treino e disponibilizar

informação sobre a prestação dos jogadores com e sem bola em situação de jogo

competição.

Considerando os objectivos e os resultados do presente estudo podemos

concluir, na modalidade de Futsal, no escalão de Infantis Masculinos, no contexto do

Desporto Escolar, em situação de jogo competição, o seguinte:

Os Princípios Tácticos Ofensivos são executados de modo diferenciado

durante o jogo de Futsal.

Relativamente aos princípios tácticos ofensivos, o Princípio da Penetração é o

menos executado; o Princípio da Cobertura Ofensiva é muito frequente e é mais

executado pelos avançados; o Princípio da Mobilidade não é dos mais executados e é

essencialmente executado pelos avançados; o Princípio do Espaço é muito frequente em

todos os jogadores e o Princípio da Unidade Ofensiva é muito frequente mas é quase

exclusivamente garantido pelos defesas.

Os Princípios Tácticos Defensivos são executados de modo diferenciado

durante o jogo de Futsal.

Relativamente aos princípios tácticos defensivos: o Princípio da Contenção é

muito frequente e é mais executado pelos avançados; o Princípio da Cobertura

Conclusão

Defensiva é muito frequente e é mais executado pelos defesas; o Princípio do Equilíbrio

é muito elevado e há uma distribuição equilibrada na execução deste princípio por todos

os jogadores; o Princípio da Concentração é pouco executado sendo essencialmente

executado pelos defesas e o Princípio da Unidade Defensiva é o menos executado.

Os jogadores defensivos executam Princípios Tácticos Ofensivos

diferentes dos jogadores ofensivos.

Relativamente aos dois princípios tácticos ofensivos mais executados podemos

salientar que o Princípio da Unidade Ofensiva é o mais executados pelos defesas (lado

direito e lado esquerdo) e é quase sempre executado no meio campo ofensivo. O

Princípio do Espaço também é uma prioridade para os defesas (lado direito e lado

esquerdo) e estas acções acontecem a maior parte das vezes no meio campo ofensivo. O

atacante do lado direito executa prioritariamente o Princípio da Penetração, enquanto

que o atacante do lado esquerdo, executa mais o Princípio da Cobertura Defensiva. O

Princípio da Mobilidade é uma preocupação dos dois atacantes.

Os jogadores defensivos executam Princípios Tácticos Defensivos

diferentes dos jogadores ofensivos.

Relativamente aos dois princípios tácticos defensivos mais executados podemos

salientar que o Princípio da Concentração é o mais executados pelos defesas (lado

direito e lado esquerdo) e é quase sempre executado no meio campo defensivo. O

Princípio da Cobertura Defensiva é uma prioridade para os defesas do lado direito e o

Princípio do Equilíbrio é uma prioridade para os defesas do lado esquerdo. Estas acções

acontecem, na maior parte das vezes, no meio campo defensivo.

Os avançados executam prioritariamente o Princípio da Unidade Defensiva e o

Princípio da Contenção no meio campo defensivo.

As acções tácticas ofensivas, a maioria das vezes, ocorrem no meio

campo ofensivo e as situações mais frequentes são de finalização ou

perda da posse de bola.

As acções tácticas defensivas ocorrem principalmente no meio campo

defensivo e verificamos que a maior parte das vezes consegue-se

recuperar a posse de bola, mas quando tal não acontece, as acções mais

frequentes são de sofrermos a finalização da equipa adversária.

Luís Bravo

52

______________________________________________________________

Ao analisarmos o jogo após as sessões de treino na aprendizagem dos jogadores

verificam-se benefícios com um treino adequado e estruturado.

Os resultados revelam que os jogadores evoluíram na execução do total das

acções tácticas e no número médio de execuções dos princípios tácticos associados aos

princípios tácticos ofensivos de: Penetração, Cobertura Ofensiva, Espaço e Mobilidade

e os princípios tácticos defensivos de: Contenção, Cobertura Defensiva e Equilíbrio e

Unidade Defensiva.

Assim, os principais objectivos do nosso estudo passaram pela necessidade de

mudar a prática pedagógica, fornecendo preciosas informações aos profissionais do

terreno e contribuir para a consolidação dos conhecimentos sobre o ensino e

aprendizagem dos jogos desportivos.

Neste trabalho, a nossa intervenção no ensino do jogo de Futsal foi planeada e

estruturada de acordo com o que aconteceu no jogo (eficiência), mas em futuros estudos

é importante reflectir sobre o treino específico dos princípios do jogo com vista à

melhoria das performances dos jogadores, analisando a eficácia da execução dos

princípios tácticos.

Anexos

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