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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL IZELMAN OLIVEIRA DA SILVA INFLUÊNCIA DA CINZA DE CASCA DE ARROZ AMORFA E CRISTALINA E DA SÍLICA ATIVA NA REAÇÃO ÁLCALI- AGREGADO Goiânia 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

IZELMAN OLIVEIRA DA SILVA

INFLUÊNCIA DA CINZA DE CASCA DE ARROZ AMORFA E

CRISTALINA E DA SÍLICA ATIVA NA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO

Goiânia

2007

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IZELMAN OLIVEIRA DA SILVA

INFLUÊNCIA DA CINZA DE CASCA DE ARROZ AMORFA E

CRISTALINA E DA SÍLICA ATIVA NA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO

Dissertação apresentada ao curso de mestrado em

Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás

para obtenção do título de mestre em Engenharia

Civil.

Área de Concentração: Estruturas e Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Enio Pazini Figueiredo

Co-Orientador: Prof. Dr. João Henrique Rêgo

Goiânia

2007

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(GPT/BC/UFG)

Silva, Izelman Oliveira da. S586i Influência da cinza de casca de arroz amorfa e cristalina e da sílica ativa na reação álcali-agregado [manuscrito] / Izelman Oliveira da Silva. – 2007. 127 f. : il., figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás. Escola de Engenharia Civil, 2007. Orientador: Prof. Dr. Enio Pazini Figueiredo; Co-Orientador: Prof. Dr. João Henrique Rêgo. Bibliografia: f. 116-127. Inclui listas de figuras, tabelas e de abreviaturas. 1. Cinza da casca de arroz 2. Concreto – Resíduos industriais 3. Construção civil – Desenvolvimento sustentável 4. Reação álcali-agregado I. Figueiredo, Enio Pazini II. Rêgo, João Henrique III. Universidade Federal de Goiás. Escola de Engenharia Civil IV. Título. CDU: 666.952

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IZELMAN OLIVEIRA DA SILVA

INFLUÊNCIA DA CINZA DE CASCA DE ARROZ AMORFA E

CRISTALINA E DA SÍLICA ATIVA NA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO.

Dissertação defendida no Curso de Mestrado em Engenharia Civil

da Universidade Federal de Goiás, para a obtenção de grau de Mestre,

aprovada em de de , pela Banca

Examinadora constituída pelos seguintes professores:

.

Prof. Dr. Enio Pazini Figueiredo -UFG

Presidente da Banca

.

Prof. Dr. João Henrique da Silva Rêgo -UFG

.

Prof. Dr. Orlando Gomes -UFG

.

Prof. Dr. Geraldo Cechella Isaia -UFSM

.

Profa. Dra. Nicole Pagan Hasparyk -FURNAS S.A

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Dedico este trabalho a

vó Dionária, por toda sua dedicação e amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Enio Pazini Figueiredo, que me abriu a primeira

porta para este curso de mestrado e como meu orientador, contribuiu de forma marcante no

desenvolvimento deste trabalho através da competência e dedicação, mais o maior

agradecimento que tenho é pela amizade construída nestes anos.

Ao meu co-orientador Dr. João Henrique da Silva Rêgo agradeço pelo apoio,

acompanhamento, incentivo, sugestões e comentários ao longo desta pesquisa e por ter me

mostrado o caminho das pedras em certos momentos..

A Dra. Nicole P. Hasparyk me faltam palavras, pois dedicação e amor pela ciência, não são

palavras suficientes para quantificar as valiosas horas gastas com comentários, me

auxiliando e me ajudando com conselhos e sugestões.

Um agradecimento especial a todos os alunos da turma de mestrado do ano de 2005, ao

Raphael (amigo de muito estudo e sofrimento...rs) a certeza de que não importa o estágio da

vida ainda somos capazes de fazer amigos de infância, ao querido amigo Keillon fica a

certeza de que as pessoas se superam, ao grande Ricardo a lembraça de que pessoas

honestas estão ao nosso redor, a ao Wesley...e Wesleyyy..rs, o amigo mais velho,

conselheiro de todos.

Agradeço ao Programa de P & D da ANEEL e a FURNAS Centrais Elétricas pelo

financiamento da pesquisa e todos os seus funcionários que direta ou indiretamente

contribuíram de forma especial através de seus conhecimentos, permitindo assim a

realização deste estudo.

Em especial gostaria de agradecer a alguns colegas de Furnas: Tizzo, Danilo, Cassiano,

Flávio, Alfredo, Reynaldo, William, Marco Aurélio, Luiz, espero não ter me esquecido de

ninguém.

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Agradeço ainda aos meus pais pela minha criação, educação e vida e é claro, agradeço a

Deus, pelos meus pais.

Obrigado.

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“Eu quero saber como Deus criou este mundo.

Não estou interessado neste ou naquele

fenômeno, no espectro deste ou daquele

elemento. Eu quero conhecer os pensamentos

Dele, o resto são detalhes.”

Albert Einstein

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS 11

LISTA DE FIGURAS 13

ABREVIATURAS 17

RESUMO 17

ABSTRACT 18

1 INTRODUÇÃO 19

1.1 OBJETIVOS 21

1.1.1 Objetivos gerais 21

1.1.2 Objetivos específicos 21

1.2 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 22

2 A CINZA DE CASA DE ARROZ E A SÍLICA ATIVA 24

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 24

2.2 A CINZA DE CASCA DE ARROZ (CCA) 26

2.2.1 Propriedades da CCA 28

2.2.2 Composição química da CCA 31

2.2.3 Modificações físicas causadas pela CCA 35

2.3 A SÍLICA ATIVA (SA) 40

2.3.1 Propriedades da SA 41

2.3.2 Composição química da SA 44

2.3.3 Modificações físicas causadas pela SA 46

3 A REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO 54

3.1 REAÇÃO QUÍMICA ÁLCALI-SÍLICA 57

3.1.1 Reação química álcali-silicato 61

3.2 REAÇÃO QUÍMICA ÁLCALI-CARBONATO (RAC) 62

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3.3 PRINCIPAIS ENSAIOS PARA A AVALIAÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO (RAA) 64

3.3.1 Análise Petrográfica ASTM 295 (ASTM, 1997), ASTM 856 (ASTM, 1997)

e NBR 7389 (ABNT, 1992) 64

3.3.2 Microscopia estereoscópica 65

3.3.3 Microscopia ótica 66

3.3.4 Método Osipov (Térmico) 68

3.3.5 Método químico NBR 9774 (ABNT, 1987) e ASTM 289 (ASTM, 1997) 68

3.3.6 Ensaio em barras de argamassa NBR 9773 (ABNT, 1987) e ASTM 227

(ASTM, 1997) 70

3.3.7 Ensaio acelerado em barras de argamassa ASTM 1260 (ASTM, 2005) e

ASTM 1567 (ASTM, 2004) 70

3.3.8 Ensaio do cilindro de rocha NBR 10340 (ABNT, 1991) e ASTM 586

(ASTM, 1997) 71

3.3.9 Método dos prismas de concreto ASTM 1293 (ASTM, 1997) e CSA A23.2-

14A (CSA, 1996) 72

3.3.9.1 Avaliação da reação álcali-sílica 72

3.3.9.2 Avaliação da reação álcali-carbonato ASTM C-1105 (ASTM, 1997) 73

3.3.10 Método dos prismas de concreto (versão acelerada) 74

3.3.11 Microscopia eletrônica de varredura 74

3.3.12 Determinação do Índice de Deterioração do Concreto 75

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL 80

4.1 VARIÁVEIS DEPENDENTES 80

4.1.1 Análise de expansão acelerada em barras de argamassa 81

4.1.2 Análise de expansão em prismas de concreto 82

4.1.3 Análise de íons e medidas de pH 83

4.2 MATERIAIS UTILIZADOS 84

4.3 MÉTODOS 90

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4.3.1 Ensaio de expansão acelerada em barras de argamassa 90

4.3.2 Microscopia estereoscópica 91

4.3.3 Ensaios de expansão em prismas de concreto 91

4.3.4 Análise de íons e medidas de pH da fase líquida dos poros em pastas de

cimento 93

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 97

5.1 ENSAIO DE EXPANSÃO ACELERADO EM BARRAS DE

ARGAMASSA 97

5.2 ENSAIOS DE EXPANSÃO EM PRISMAS DE CONCRETO 103

5.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS 106

5.4 MICROSCOPIA ESTEREOSCÓPICA 107

5.5 ANÁLISE DE ÍONS E MEDIDAS DE pH DA FASE LÍQUIDA DOS

POROS EM PASTAS DE CIMENTO 112

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 115

6.1 CONCLUSÕES 115

6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 118

ANEXOS

ANEXO A

ANEXO B

ANEXO C

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Emissão de CO2 em toneladas per capita no ano de 2004

(MALHOTRA, 2005) 24

Tabela 2.2 - Potencial energético da Usina de São Borja (CIGANA, 2006) 27

Tabela 2.3 - Potencial energético da Usina de Dom Pedrito (CIGANA, 2006) 27

Tabela 2.4 - Potencial energético da Usina de São Sepé (CIGANA, 2006) 28

Tabela 2.5 - Resistência à compressão em MPa (SILVA et al., 2003) 30

Tabela 2.6 - Tabela 2.6 - Resultados da permeabilidade aos cloretos (Coulombs)

obtidos pelo método – ASTM 1202 (COUTINHO, 2003) 31

Tabela 2.7 - Composição química da CCA, segundo diversos autores (baseado em

SILVEIRA, 1996) 32

Tabela 2.8 - Superfície específica e quantidade de sílica amorfa nas CCAs com e

sem pré tratamento com ácido clorídrico (ADR e RHA) (FENG et al.,

2004) 35

Tabela 2.9 - Resistência à compressão em pasta (ZHANG et al., 1996) 37

Tabela 2.10 - Resistência à compressão em concreto (MPa) (ZHANG et al., 1996) 37

Tabela 2.11 - Resultados dos ensaios de Índice de Atividade Pozolânica com

cimento Portland (REGO, 2001) 39

Tabela 2.12 - Resumo das principais propriedades físicas da sílica ativa (MORAIS,

2001) 42

Tabela 2.13 - Comparativo entre as propriedades químicas e físicas de duas sílicas

ativas oriundas de dois fabricantes. 43

Tabela 2.14 - Composição química de diferentes sílicas ativas em porcentagem

(MALHOTRA et al., 1987) 46

Tabela 3.1 - Solubilidade (em g) de base em 1 litro de água à 20º C (USBERCO et

al., 1995) 57

Tabela 3.2 - Solubilidade dos compostos de lítio, em porcentagem, segundo

Lumley (1996) 61

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Tabela 3.3 - Resumo dos resultados obtidos da análise petrográfica dos agregados

graúdos (ANDRADE et al., 2006) 67

Tabela 3.4 - Fatores de multiplicação para o Índice de Deterioração (GRATTAN-

BELLEW; AIR DANAY (1992) apud HASPARYK (1999)) 78

Tabela 4.1 - Composição dos cimentos Portland Comuns e Compostos 81

Tabela 4.2 - Caracterização do cimento Portland 86

Tabela 4.3 - Caracterização química da CCA A, CCA C e SA. 87

Tabela 4.4 - Caracterização física e Índice de Atividade Pozolânica das adições. 88

Tabela 4.5 - Expansões limites para o ensaio acelerado (60ºC) do Teste em Prisma

de Concreto - TPC (FOURNIER, 2004) 93

Tabela 5.1 - Resultados do ensaio de expansão acelerado em prismas de concreto

aos 7 e 180 dias de ensaio. 105

Tabela 5.2 - Resultados de expansão (%) em prismas de concreto (4 e 8 semanas)

e nas barras de argamassa (16 e 30 dias) 106

Tabela 5.3 - Quantidade de aditivo utilizada em cada amostra 111

Tabela 5.4 - Concentrações em mg/l aos 91 dias de cálcio, sódio e potássio. 114

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Representação esquemática de partículas de cimento Portland em

pastas sem adição e aditivo (a), sem adição mineral e com aditivo

superplastificante (b) e com superplastificante e adição mineral de

elevada finura (c) (CORDEIRO, 2006). 20

Figura 2.1 - Produção de cimento no Brasil, acumulado em 12 meses (baseado em

CUNHA et al., 2003) 25

Figura 2.2 - Depósito da CCA residual em terrenos baldios próximos a uma

beneficiadora da região de Goiânia - GO (RÊGO, 2001) 28

Figura 2.3 - Polimorfismos da sílica (AUSTERHEIN, 1976 apud BOATENG et

al., 1990, modificado) 34

Figura 2.4 - Relação entre as mudanças na condutividade e a temperatura de

queima das CCAs pré-tratadas (ADR) e das CCAs sem pré-tratamento

(RHA) (FENG et al., 2004) 35

Figura 2.5 - Evolução de resistência de argamassas (SANTOS, 1997) 40

Figura. 2.6 - Difratograma de raios X da cinza da indústria P, onde C = cristobalita

e Q = quartzo (SANTOS, 1997) 41

Figura 2.7 - Microscopia eletrônica de um aglomerado de sílica ativa. A partícula

maior é composta por muitas partículas individuais de sílica ativa

(MITCHELL et al., 1998) 44

Figura 2.8 - Microscopia eletrônica de partículas esféricas de sílica ativa,

mostrando que as partículas apresentam ser lisas (MITCHELL et al.,

1998) 45

Figura 2.9- Evolução do calor em amostras de C3S contendo sílica

(KURDWOSKI; WCZELIK, 1983) 48

Figura 2.10 - Influência da sílica na hidratação do C3S. (KURDWOSKI;

WCZELIK, 1983) 48

Figura 2.11 - Quantidade de Ca(OH)2 em pastas de C3S-silicoso (OGAWA et al.,

1980) 49

Figura 2.12 - Microestrutura da zona de transição entre o agregado e a matriz de

cimento (BENTUR; COHEN, 1987) 51

Figura 2.13 - Microestrutura da zona de transição entre o agregado e a matriz de

cimento com adição de sílica (BENTUR; COHEN, 1987) 51

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Figura 2.14 - Esquematização da zona de interface entre a matriz e o agregado

(LIBÓRIO, 2002) 52

Figura 2.15 - Esquematização da melhoria da zona de interface entre agregado e

pasta de cimento com a introdução da sílica ativa (LIBÓRIO, 2002) 52

Figura 2.16 - Comparação da difusão de cloretos em pastas de cimento Portland

LIBÓRIO (2002) Obs.: sem adições, com 10% de cinzas volantes e

5% e 10% de sílica ativa 53

Figura 2.17 - Idealização do funcionamento de um agregado sob carregamento

ocasionado por uma deficiência da zona de interface e melhoria

dessa região pela adição de sílica ativa (LIBÓRIO, 2002) 54

Figura 3.1 - Amostra de referência com quartzito: poro com aspecto vítreo

(HASPARYK, 1999) 68

Figura 3.2 - Imagem por microscopia ótica mostrando fissuras que cortam tanto o

agregado como a argamassa. Nessas fissuras encontram-se películas

ou filmes e poros preenchidos (P) (SILVEIRA et al., 2006) 69

Figura 3.3 - Imagem por microscopia ótica mostrando as bordas da reação (B),

evidenciadas através da diferença de coloração (SILVEIRA et al.,

2006) 69

Figura 3.4 - Ensaio térmico em material deletério (GAMINO, 2000) 70

Figura 3.5 - Comportamento dos agregados de acordo com o método químico

NBR 9774 – ABNT (1987) (HASPARYK, 1999) 71

Figura 3.6 - Reatividade Potencial para Rochas Carbonáticas – Método do

Cilindro de Rocha (SILVEIRA et al., 2006) 74

Figura 3.7 - Gel maciço gretado revestindo o agregado graúdo – Aumento 1500x

(HASPARYK et al., 1998) 77

Figura 3.8 - Micrografia eletrônica de varredura da cinza de casca de arroz

queimada a 560 ºC (SILVEIRA et al, 1995 apud DAFICO, 2003) 77

Figura 4.1 - Esquema mostrando o número de corpos-de-prova usados na análise

das expansões em barras de argamassa 82

Figura 4.2 - Esquema da metodologia experimental referente a análise das

expansões em prismas de concreto 83

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Figura 4.3 - Esquema da metodologia experimental referente a análise de íons e

medidas de pH da fase líquida dos poros 84

Figura 4.4 - Distribuição granulométrica a laser da CCA amorfa e cristalina 88

Figura 4.5 - Análise por difração de Raios X da amostra referente CCA Amorfa 89

Figura 4.6 - Análise por difração de Raios X da amostra referente CCA

Cristalina 89

Figura 4.7 - Aparelho utilizado na extração da fase líquida 94

Figura 4.8 - Aparelho utilizado na extração da fase líquida e êmbolo de

compressão 95

Figura 5.1 Expansões médias das barras de argamassa contendo as adições

(método acelerado da barra de argamassa) até 30 dias de idade 97

Figura 5.2 Potencial de redução das expansões aos 16 dias, com base na barra

de argamassa referência 99

Figura 5.3 Potencial de redução das expansões aos 30 dias, com base na barra

de argamassa de referência 100

Figura 5.4 Fissuras ocorridas na barra com 20% de CCA A aos 10 dias (barras

úmidas) 101

Figura 5.5 Fissuras ocorridas na barra com 20% de CCA A aos 10 dias 101

Figura 5.6 Barras de argamassa com 20% de CCA amorfa e cristalina, após o

ensaio de expansão ASTM 1567 (ASTM, 2004) 102

Figura 5.7 Resultados do ensaio de expansão acelerada de prismas de concreto

a 60º (adaptado a partir da ASTM 1293 (ASTM, 1997)) 104

Figura 5.8 Redução das expansões aos 7, 84 e 180 dias das CCAs em relação

ao prisma de concreto de referência 105

Figura 5.9 Amostra com fissuras e material branco nas bordas dos agregados

(20% de CCA amorfa) 107

Figura 5.10 Amostra com material branco nas bordas dos agregados (20% de

CCA amorfa) 108

Figura 5.11 Amostra com borda de reação (20% de CCA amorfa) 108

Figura 5.12 Amostra com material branco nas bordas dos agregados (20% de

CCA amorfa) 109

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Figura 5.13 Amostra de referência onde os poros possuem aspecto vítreo

(referência) 109

Figura 5.14 Detalhe de um poro com aspecto vítreo 110

Figura 5.15 Outra amostra do corpo-de-prova de referência onde os poros

possuem aspecto vítreo 110

Figura 5.16 pH da fase aquosa das pastas de referência e das pastas com

substituição de 5%, 10% e 20% de CCA A e CCA C (7 dias) 113

Figura 5.17 pH da fase aquosa das pastas de referência e das pastas com

substituição de 5%, 10% e 20% de CCA A e CCA C (91 dias) 113

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ABREVIATURAS

RAA - reação álcali-agregado

RAS - reação álcali-sílica

RAC - reação álcali-carbonato

SA - sílica ativa

CCA A - cinza de casca de arroz amorfa

CCA C - cinza de casca de arroz cristalina

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RESUMO A utilização de resíduos de diversas indústrias no concreto é uma contribuição para o

desenvolvimento sustentável da construção civil. O desenvolvimento de novas e sustentáveis

tecnologias para a construção civil está conectado à utilização de materiais alternativos, uma

vez que o mercado e a sociedade estão se tornando cada vez mais exigentes com o

desempenho das estruturas além da grande preocupação com o meio ambiente.

Análises químicas da fase aquosa de pastas de cimento contendo as cinzas foram feitas com a

finalidade de se verificar as variações das concentrações de alguns elementos químicos tais

como Na+, K+ e Ca+, e também o pH da solução contida nos poros, sendo as análises

realizadas nas idades de 1, 7, 28 e 90 dias de idade. Para se avaliar a influência da CCA

amorfa e cristalina na RAA, e comparar o seu comportamento com uma adição pozolânica

comercial (sílica ativa), empregou-se o método acelerado das barras de argamassa ASTM C-

1567. Fazendo-se o uso das adições nos teores de 0%, 5%, 10% e 20% de substituição, em

massa, em relação ao cimento Portland Comum CPI-32, na presença de um agregado

conhecidamente reativo do tipo quartzito. Já para se avaliar o comportamento das cinzas em

concreto, uma versão acelerada do método de ensaio em prismas de concreto (CPT, ASTM C-

1293) foi utilizada, executado com uma temperatura de 60ºC, e as duas cinzas foram

substituídas em relação à massa de cimento Portland Comum CPI-32 nos teores de 0% e 10%.

Por meio dos resultados obtidos pôde-se observar que tanto a CCA amorfa quanto a cristalina

foram capazes de reduzir as expansões causadas pela RAA quando comparadas com as

amostras de referência, sem adição. Neste estudo a CCA cristalina mostrou um grande

potencial na redução das expansões, quando usada em teores mais elevados, ao ser comparada

com a cinza amorfa, demonstrando ser um resíduo industrial atrativo para a construção civil

uma vez que não sofre nenhum processo de controle para uso, como ocorre com a CCA

amorfa. Pode-se observar ainda com os resultados das análises da fase aquosa que a CCA

amorfa e cristalina modificaram as concentrações dos elementos químicos nas soluções dos

poros das pastas estudadas.

Palavras Chave: Concreto, cinza de casca de arroz, reação álcali-agregado, expansão

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ABSTRACT

The use of residues in the concrete from several industries is a contribution for the sustainable

development of the civil construction. The development of new and sustainable technologies

for civil engineering is connected to the use of alternative materials, since that the market and

the society are becoming more demanding with the performance of concrete structures and

also with great concern with the environment.

In this way the present paper analyzes the use of a by-product pollutant of the rice benefit

industry: the rice husk-ash. The performances of amorphous rice husk-ash and the crystalline

rice husk-ash in mortars and concretes had been verified. In order to evaluate the influence of

the amorphous and crystalline rice husk-ash in the alkali-aggregate reaction and to compare

its behavior with a commercial pozzolanic admixture (silica fume), the accelerated test

method of the mortar bars ASTM C-1260 was performed with 0%, 5%, 10% and 20% of

admixtures in substitution to the Portland Cement CPI-32 (by mass), by using a known

reactive aggregate of the type quartzite. Tests with concrete were also performed by using an

accelerated version of the concrete prism test (CPT, ASTM C-1293), at a temperature of

60ºC. For this test method, both amorphous and crystalline rice husk-ash were substituted in

mass in relation to the Portland Cement CPI-32 in contents of 0% and 10%. Chemical

analyses of cement pastes through the extraction of the pore watery phases had also been done

with the purpose to verify the variations of the concentrations of some chemical elements

such as Na+, K+ and Ca+ and also the pH of the solution contained in the pores, when the

cement was substituted for the ash, during the process of hydration, up to 90 days of age.

It was observed with the tests results that amorphous rice husk-ash and also the crystalline

rice husk-ash reflect in reduction of expansions caused by the alkali-aggregate reaction when

compared to the references, without admixtures. In this study, the crystalline rice husk-ash

showed a great potential in the reduction of the expansions when used in higher contents

when compared to the amorphous ash, demonstrating to be an attractive industrial residue for

the civil construction. It could be observed with the tests results that the amorphous rice husk-

ash and also the crystalline rice husk-ash modify the concentrations of the chemical elements

present in the pore solutions of the pastes studied.

Keywords: Concrete, rice husk-ash, alkali-aggregate reaction, expansion

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20

1 INTRODUÇÃO

A utilização de resíduos de diversas indústrias para a produção do concreto é uma

contribuição da construção civil para o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento de

novas, seguras e sustentáveis tecnologias para a construção civil está conectado à utilização

de materiais alternativos, uma vez que o mercado e a sociedade estão se tornando cada vez

mais exigentes com o desempenho das construções e com a preservação do meio ambiente.

Cerca de 10 milhões de toneladas de arroz (com casca) são estimados para a safra

brasileira de 2007 (IBGE, 2007) e a queima da casca de arroz produz cerca de 400 mil

toneladas de cinzas.

Estas cinzas não têm valor aglomerante, mas em presença de água, reagem com o

hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e formam compostos cimentantes.

Atualmente as empresas beneficiadoras de arroz são as principais consumidoras

da casca como combustível para a secagem e parboilização do cereal, mas, geralmente, as

cinzas são depositadas em terrenos baldios ou lançadas em cursos d’água, ocasionando

poluição e contaminação de mananciais.

Diante disso, o não-aproveitamento desse material não pode mais ser aceito pela

sociedade. Sendo assim, várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de utilizar

a cinza de casca de arroz (CCA) em diversas indústrias, principalmente na indústria da

construção civil. No Brasil, merecem destaque os trabalhos sobre cinza de casca de arroz

desenvolvidos por Isaia (1995), Silveira (1996), Hasparyk (1999) e Rêgo (2001).

Dependendo do processo de queima da casca, as características da cinza podem

variar bastante. O objetivo na maioria das vezes é o de se obter a sílica amorfa para agir como

material pozolânico. Taylor (1992) considera a ação físico-química da cinza de casca de arroz

similar à da sílica ativa, porém relata que a cinza de casca de arroz pode ser muito mais

pozolânica do que a própria sílica ativa dependendo de suas características.

Como a sílica ativa, a cinza de casca de arroz adicionada ao concreto diminui a

sua porosidade e permeabilidade, aumentando a sua resistência. A cinza de casca de arroz

necessita de maior quantidade de água, exigindo a utilização de superplastificantes (ZHANG;

MALHOTRA, 1996).

A inclusão de adições minerais em argamassas e concretos interfere na

movimentação das partículas de água, em relação aos sólidos da mistura, e,

conseqüentemente, reduz ou elimina o acúmulo de água livre que normalmente fica retida sob

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o agregado. Além disso, as partículas da adição preenchem os vazios deixados pelo cimento

(Figura 1.1) próximos à superfície do agregado e interferem no crescimento e no grau de

orientação dos cristais de hidróxido de cálcio junto ao agregado. A ação desses fatores, em

conjunto com a redução da concentração de Ca(OH)2, proporciona melhora significativa na

zona de transição pasta/agregado. Isto se reflete em aumento de desempenho, tanto sob o

ponto de vista de resistência mecânica como de durabilidade.

Figura 1.1 - Representação esquemática de partículas de cimento Portland em pastas sem adição e

aditivo (a), sem adição mineral e com aditivo superplastificante (b) e com superplastificante e adição

mineral de elevada finura (c) (CORDEIRO, 2006).

As estruturas de concreto em geral e especificamente as construções de grande

porte, como as barragens, são objeto de pesquisas cada vez mais avançadas, visando

principalmente às questões de segurança e durabilidade. A vida útil de qualquer

empreendimento está intimamente ligada aos estudos nas fases de viabilidade, projeto básico

e no acompanhamento do desempenho da construção. Nos estudos referentes à deterioração

do concreto, encontra-se a reação álcali-agregado (RAA). Este fenômeno tem sido motivo de

investigações buscando entender o mecanismo de reação e os fatores que a influenciam, bem

como soluções seguras e viáveis para a recuperação de estruturas que apresentam os seus

sintomas.

A reação álcali-agregado é um fenômeno químico que ocorre entre determinados

minerais potencialmente reativos do agregado e os hidróxidos alcalinos presentes na estrutura

interna da pasta do concreto. Esta reação gera expansões capazes de comprometer a

durabilidade da estrutura de concreto. Para avaliar a reatividade de um agregado, existem

Adição Mineral

Partícula de cimento Portland

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vários métodos que auxiliam nesta investigação. Estes métodos são utilizados para direcionar

às condições adequadas de utilização de um agregado potencialmente reativo e evitar que

danos ocorram a uma estrutura de concreto com o decorrer do tempo.

A deterioração causada pela RAA consiste na expansão provocada por um gel

formado através da reação entre os álcalis, principalmente do cimento, e os minerais reativos

presentes no agregado. Este gel, ao absorver água exerce pressões hidráulicas produzindo

expansões elevadas, causando fissurações que com o tempo interferem negativamente na

durabilidade da estrutura de concreto. Uma vez que a durabilidade é um fator relevante para o

concreto, faz-se necessária uma avaliação das características do agregado, quanto a sua

reatividade, para sua aplicação e o estudo de adições para combater o fenômeno patológico,

quando o agregado for reativo.

Estruturas de concreto que já apresentam indícios desta manifestação patológica

(RAA) podem também ser estudadas com o objetivo de avaliar o grau de deterioração das

mesmas. Para isto, diversas metodologias foram estabelecidas para auxiliar o estudo da RAA.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivos gerais

O presente trabalho avalia as características de um subproduto poluente da

indústria beneficiadora de arroz, a cinza de casca de arroz, visando dar um uso nobre a este

material. O programa experimental desenvolvido para atingir os objetivos da presente

dissertação foi dividido em três etapas, cada uma com um objetivo específico.

1.1.2 Objetivos específicos

O principal objetivo do trabalho foi analisar, comparativamente, a influência da

substituição do cimento Portland Comum tipo CPI–32 pelas cinzas de casca de arroz amorfa

(queimada com controle de tempo e temperatura) e cristalina (queimada sem controle do

processo de queima) e pela sílica ativa (produto comercial). Foram avaliadas as propriedades

ligadas à durabilidade de concretos e argamassas, em especial às questões relacionadas com a

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reação álcali-agregado. Para tanto, foi empregado um tipo de agregado conhecidamente

reativo, o quartzito.

Primeiramente, um dos objetivos específicos deste trabalho foi o de avaliar as

concentrações dos íons sódio, potássio e cálcio e realizar medidas de pH da fase líquida dos

poros de pastas de cimento referência (sem adição) e das pastas de cimento dosadas com CCA

amorfa e cristalina em diferentes idades e teores. Tentando, assim, avançar o nível de

conhecimento do meio técnico-científico sobre os efeitos causados pela adição da CCA ao

cimento Portland.

A segunda etapa do trabalho teve como objetivo avaliar a influência da cinza de

casca de arroz amorfa e cristalina e da sílica ativa, em diversos teores, no comportamento de

argamassas dosadas com um agregado potencialmente reativo, o quartzito, por meio de

resultados obtidos em ensaios de expansão em barras de argamassa.

Por último, esta dissertação procurou analisar o desempenho da CCA amorfa e

cristalina, adicionadas ao concreto, no que se refere ao controle das expansões oriundas da

reação álcali-agregado (RAA).

1.2 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

A dissertação está estruturada em seis capítulos, onde este 1º (Introdução) faz uma

abordagem geral do tema pesquisado, apresentando os objetivos e organização da dissertação,

os dois seguintes abordam a revisão bibliográfica (Capítulos 2 e 3), a metodologia

experimental, iniciando os resultados da caracterização dos materiais utilizados é apresentado

no Capítulo 4, a apresentação e discussão dos resultados obtidos nos ensaios no Capítulo 5 e

as conclusões e comentários no Capítulo 6.

O Capítulo 2 descreve as adições minerais: cinza de casca de arroz amorfa e

cristalina e sílica ativa. São descritas as propriedades de cada adição, seus componentes

químicos e as principais modificações físicas causadas tanto pela cinza de casca de arroz

quanto pela sílica ativa no concreto.

No Capítulo 3 são discutidas as reações químicas que ocorrem devido a interação

álcali-agregado, envolvendo os compostos químicos formados além dos métodos de ensaio

disponíveis para estudo da RAA.

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O Capítulo 4 aborda as etapas experimentais do trabalho e os métodos utilizados.

Neste capítulo também são apresentados os resultados das caracterizações dos materiais

utilizados.

No Capítulo 5 estão os resultados dos ensaios realizados com as suas

interpretações e análises, sendo dispostos de forma segmentada, de acordo com cada tipo de

ensaio realizado, e com discussões comparativas entre os ensaios, quando pertinentes. As

conclusões e os comentários finais do trabalho estão inseridos no Capítulo 6.

O Anexo A apresenta, na íntegra, os dados obtidos nos ensaios realizados.

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2 A CINZA DE CASA DE ARROZ E A SÍLICA ATIVA

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A indústria produtora de cimento Portland é responsável por + 7 % das

emissões de gás carbônico no mundo (MEHTA, 1999), sendo este gás um dos principais

responsáveis pelo efeito estufa. Os Estados Unidos e o Canadá são os maiores emissores de

CO2 no mundo, com emissões estimadas em 20 toneladas per capita por ano (Tabela 2.1). Os

países em desenvolvimento como a Índia e a China possuem, atualmente, baixas emissões per

capita, mas a rápida industrialização destes países ira fazer crescer esta taxa de emissão de

CO2, significantemente, no futuro (MALHOTRA, 2005).

Tabela 2.1 - Emissão de CO2 em toneladas per capita no ano de 2004 (MALHOTRA, 2005)

Estados Unidos 20

Canadá 20

China 3

América Latina 3

Índia 1

Na evolução da produção de cimento no Brasil dos últimos vinte anos,

apresentada na Figura 2.1, identifica-se claramente três períodos. O primeiro é caracterizado

pela estagnação econômica, provocada pela instabilidade financeira da segunda metade da

década de 80 do século passado, até o início do Plano Real.

A partir de 1994, o ganho de poder aquisitivo decorrente da estabilização de

preços provocou um rápido e intenso aumento na demanda e, como resposta, na quantidade de

cimento produzida. Entre dezembro de 1994 e dezembro de 1998, a produção de cimento no

Brasil passou de aproximadamente 24 milhões de toneladas ao ano para 40 milhões, com uma

taxa média de crescimento de 12% ao ano. Essa evolução perdeu dinamismo após a crise

russa, quando ficou evidente a iminente crise cambial brasileira, deflagrada em janeiro de

1999. A partir de então, a indústria de cimento do país, assim como praticamente todas as

atividades produtivas voltadas para o mercado doméstico, mostra sinais de estagnação, e até

de retração, em decorrência dos efeitos da política econômica restritiva adotada para o

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necessário combate à inflação e ao crescimento do endividamento público (CUNHA et al.,

2003)

20000

22000

24000

26000

28000

30000

32000

34000

36000

38000

40000

42000

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

( x

Mil

Ton

elad

as)

Figura 2.1 - Produção de cimento no Brasil, acumulado em 12 meses (baseado em CUNHA et al.,

2003)

Existem poucas novas tecnologias capazes de reduzirem as emissões de CO2

durante a produção do cimento Portland. Sendo assim, deve-se procurar diminuir o consumo

de cimento no concreto com a sua substituição por materiais cimentantes, como a escória

granulada de alto-forno, a cinza volante e a cinza de casca de arroz.

Anualmente, cerca de 10 milhões de toneladas de arroz (IBGE, 2006) são

produzidas no Brasil, sendo a região Sul responsável pela produção de aproximadamente 6

milhões de toneladas, representando mais de 53% da produção nacional de arroz. A produção

da região Centro-Oeste corresponde a 21% da produção nacional, sendo que a quantidade de

arroz produzida no estado de Goiás é de 300.000 toneladas, sendo possível uma produção de

12 mil toneladas de CCA.

Segundo Rêgo (2001), a cinza de casca de arroz pode beneficiar tanto os aspectos

relacionados à resistência mecânica quanto os relacionados com a durabilidade das estruturas

de concreto.

A RILEM (1988) classifica a CCA produzida por combustão controlada e a sílica

ativa como sendo adições minerais altamente pozolânicas, usadas no cimento ou no concreto.

Esta mesma classificação ainda as caracteriza como sendo constituídas essencialmente de

Inflação Alta e Estagnação

Plano Real

Crise Russa

Crise Internacional e Estagnação

Aumento do Poder

Aquisitivo

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sílica pura na forma não cristalina. Por outro lado a CCA queimada em campo é classificada

como outras.

Os materiais pozolânicos possuem em suas composições altos teores de SiO2 e

Al 2O3, preferencialmente no estado amorfo. O componente principal da sílica ativa é a sílica

(SiO2) que está presente com teor maior que 90%, em massa, da composição química de uma

cinza amorfa. As impurezas comuns são o cloreto de potássio, quartzo, ferro metálico, ferro

silício, argilas e materiais orgânicos (TAYLOR, 1992).

As pozolanas podem contribuir para o ganho de resistência mecânica e redução de

água, devido ao efeito físico das partículas na distribuição granulométrica do sistema. Este

fenômeno é mais acentuado para pozolanas mais finas, como a sílica ativa e o metacaulim. A

sílica ativa possui diâmetro médio das partículas de 0,5 µm, enquanto que o cimento Portland

possui diâmetro médio das partículas igual a 45 µm.

A distribuição granulométrica influenciará principalmente no empacotamento e na

distribuição das partículas que irão reagir com o hidróxido de cálcio livre ou servirão de

material para o preenchimento dos vazios intersticiais. Mesmo o material pozolânico que não

reagiu tem a função de filler (GOLDMAN; BENTUR, 1993). O efeito filler também provoca

densificação da região da zona de transição, principalmente nas primeiras idades quando a

reação pozolânica ainda não é tão significativa (NITA, 2006).

2.2 A CINZA DE CASCA DE ARROZ (CCA)

Nas indústrias de beneficiamento de arroz se utiliza na maioria das vezes a casca

de arroz como combustível para as caldeiras no processo de secagem ou parboilização dentro

da própria indústria, sendo este um processo sem controle de tempo e temperatura de queima.

Atualmente a utilização de biomassa como combustível em usinas termoelétricas,

vem sendo incentivada, uma vez que a biomassa é uma forma alternativa e eficiente de

geração de energia elétrica.

A casca de arroz, resíduo da lavoura orizícola no Rio Grande do Sul, também é

empregada como combustível para a geração de energia. A Hamburgo Energia, subsidiária da

alemã CCC Machinery, tem projeto para quatro usinas de biomassa que somam 61,5 MW de

potência instalada e um investimento total de 93 milhões de euros. Três delas serão a partir da

casca de arroz (CIGANA, 2006).

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As usinas movidas com a queima da casca de arroz, cada uma programada para

gerar 12,3 MW, serão localizadas nas cidades de Dom Pedrito, São Sepé e São Borja,

tradicionais produtoras de grãos. A Hamburgo Energia planeja consumir cerca de 8,5 mil

toneladas de casca de arroz por mês por usina.

A primeira usina, a de São Borja, deve estar pronta em agosto de 2007. Segundo a

subsidiária alemã, a idéia é comercializar a energia somente quando iniciar a produção,

aproveitando a possibilidade aberta pela legislação de as distribuidoras adquirirem até 10% de

duas fontes de energia alternativa. Além das usinas da Hamburgo Energia, o Rio Grande do

Sul conta com sete projetos de geração de energia a partir da casca de arroz, que somam 35

MW. Josapar, Pilecco e Cooperativa Agropecuária de Alegrete (Caal) e três grandes

beneficiadoras estão à frente destes projetos (CIGANA, 2006).

A Tabela 2.2, traz as potências elétricas e os respectivos investimentos de cada

usina.

Tabela 2.2 - Potencial energético das Usinas de São Borja, Dom Pedrito e São Sepé (CIGANA, 2006)

Usina Potência Fonte: Investimento:

São Borja 12,3 MW Casca de arroz 19,5 milhões de euros

Dom Pedrito 12,3 MW Casca de arroz 19,5 milhões de euros

São Sepé 12,3 MW Casca de arroz 19,5 milhões de euros

Devido à ausência de controle desses processos de queima, diz-se que as cinzas de

casca de arroz (CCAs) produzidas são obtidas “sem controle da temperatura” (CCA

residual/cristalina). Este material é um resíduo produzido em grande quantidade e sem

destinação pela indústria e cuja deposição final é um grave problema ambiental (RÊGO,

2001), como mostra a Figura 2.2.

Sendo assim, as pesquisas devem levar em consideração a necessidade atual de

aproveitamento de resíduos industriais, promovendo o desenvolvimento de novos materiais,

tentando, assim, empurrar a barreira do conhecimento e viabilizar o uso dos resíduos

industriais, que ainda não possuem aplicação específica, reduzindo os problemas ambientais e

melhorando a durabilidade dos concretos.

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Figura 2.2 - Depósito da CCA residual em terrenos baldios próximos a uma beneficiadora da região de

Goiânia - GO (RÊGO, 2001)

O primeiro estudo no Brasil com o objetivo de se avaliar o efeito da cinza de

casca de arroz na reação álcali-agregado foi apresentado por Hasparyk (1999). Neste estudo,

envolvendo um quartzito e um basalto, ambos reativos, e teores de 4%, 8%, 12% e 15% de

cinza de casca de arroz em substituição ao cimento, foi verificada a potencialidade da CCA na

redução das expansões. O teor ótimo encontrado foi igual a 15%, tanto na presença do basalto

quanto do quartzito.

2.2.1 Propriedades da CCA

Bartha e Huppertz (1977) estudaram os efeitos da queima da casca de arroz na

estrutura da sílica presente na cinza. Neste estudo, pode-se concluir que a cristalização da

sílica ocorre em torno de 725ºC. Os resultados obtidos demonstraram que em temperaturas

acima de 800ºC apenas 30% da sílica permanece amorfa, sendo que os 70% restantes geram o

aparecimento de cristobalita.

Na opinião dos referidos autores, as investigações sobre temperatura, tempo de

queima e formação de agentes mineralizadores na sílica durante o processo de queima da

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casca são extremamente necessárias, uma vez que estes aspectos formam a base da otimização

do processo de combustão, o qual pode ser realizado em um forno industrial.

A cinza pode apresentar colorações que variam entre o preto, o cinza e o

branco-rosado. As mudanças de cor estão associadas com o processo de combustão e com as

transformações estruturais que ocorrem no material durante a variação da temperatura

(NEVILLE, 1997). Quanto mais escura, maior o teor de carbono, ou seja, maior a quantidade

de matéria orgânica não queimada. A cor branca é a indicação da completa oxidação do

carbono da cinza, pelas altas temperaturas ou longos períodos de retenção, com a formação de

sílica na forma de cristobalita e tridimita.

Em pesquisa sobre a influência de diferentes dosagens de cinza de casca de

arroz na resistência à compressão de argamassas, Silva et al. (2003) mostram que a utilização

de cinza de casca de arroz em argamassas foi bastante satisfatória. Silva et al. (2003)

concluíram que uma determinada faixa granulométrica é mais adequada. Esses dados são

apresentados na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Resistência à compressão em MPa (SILVA et al., 2003)

Traço Tempo de moagem

(min)

Resistência aos 07 dias (MPa)

5% CCA 10% CCA

M1 20 22,2 21,1

M2 30 29,1 25,4

M3 40 20,9 17,3

M4 50 24,8 23,1

M6 60 22,8 19,8

Referência 0 21,7 23,3

A cinza de casca de arroz utilizada neste estudo foi obtida pela queima não

controlada da casca de arroz, sendo para isso utilizado um tambor de óleo, com um fogareiro

a gás como alimentador inicial para a combustão.

Coutinho (2003) ao analisar a casca de arroz portuguesa, demonstrou que a cinza

de casca de arroz (CCA) é de fato um dos materiais que além de substituir parcialmente o

cimento com benefícios ambientais, contribui de uma maneira decisiva para a durabilidade do

concreto armado, uma vez que com a substituição de cimento Portland por CCA. A

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31

resistência à penetração de cloretos foi aumentada e, portanto, a durabilidade no que se refere

à corrosão das armaduras por penetração daqueles agentes agressivos também foi aumentada.

Os resultados da permeabilidade aos cloretos obtidos se encontram na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 - Resultados da permeabilidade aos cloretos (Coulombs) obtidos pelo método – ASTM

1202 (ASTM, 1994) (COUTINHO, 2003)

Idade Referência 10%

CCA

20%

CCA

30%

CCA

10%

SA

118 dias 7766 1940 797 603 751

119 dias 8265 2092 807 440 712

125 dias 8036 1890 725 397 714

Média 8022 1974 776 480 726

Desvio padrão 250 105 45 109 22

Aumento de resistência à

penetração dos cloretos em

relação ao Referência

- 75% 90% 94% 91%

A CCA utilizada por Coutinho (2003) foi obtida por incineração controlada da

casca de arroz, sendo a taxa de aquecimento do forno igual a 10ºC por minuto, até uma

temperatura máxima de 650ºC, mantendo-se nesta temperatura durante 2 horas, sendo depois

resfriada até a temperatura ambiente.

Costerano et al. (2003) avaliaram o efeito da adição da cinza e sílica de arroz em

concretos, confirmando as considerações já encontradas por Goldman e Bentur (1993), no

sentido de que um pó finamente dividido pode substituir parte do cimento Portland e ainda

promover benefícios ao concreto.

No entanto, não é adequado analisar certos efeitos das adições nos concreto como

a resistência mecânica, pois diferentes sistemas cimentíceos em uma mesma idade, com traços

que não contenham adições, apresentam diferentes instantes de ocorrência das reações

químicas.

James e Rao (1986), estudaram os efeitos das condições de queima da casca de

arroz sobre as características físicas e a atividade química da cinza produzida e pesquisaram

aspectos relacionados com o tamanho das partículas, área específica e distribuição dos poros

do concreto. Al-Khalaf e Yousif (1984) também relataram sobre os efeitos da queima e da

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moagem da cinza de casca de arroz no índice de atividade pozolânica, mostrando que com a

substituição de até 40% de cimento Portland por cinza de casca de arroz não são observadas

diferenças significativas na resistência à compressão em relação às misturas de controle.

2.2.2 Composição química da CCA

Segundo Silveira (1996) a composição química de cinzas com diferentes origens

mostram-se semelhantes, independente do tipo de queima utilizada. As variações dos teores

de sílica ficam entre 78 e 95%.

Tabela 2.5 - Composição química da CCA, segundo diversos autores (baseado em SILVEIRA, 1996)

Composição COOK SALAS CINCOTTO RÊGO GUEDERT FARIAS SUGITA ISAIA

Química (%) 1976 1986 1988 2004 1989 1990

et al.,

1992 1995

Temperatura 450ºC 1000ºC

500 -

600ºC ni

sem

controle ni 600ºC (*)

de Queima

SiO2 93,15 91,26 94,70 84,95 93,11 91,78 90,00 78,60

Al2O3 0,41 0,94 0,09 0,45 0,92 0,60 0,10 2,30

Fe2O3 0,20 0,37 1,46 0,32 0,40 0,34 0,40 2,30

CaO 0,41 2,15 0,99 0,84 0,52 0,50 0,40 1,00

MgO 0,45 0,88 0,95 0,40 0,85 0,52 0,30 0,80

SO3 nd nd 0,21 nd nd 0,02 nd 0,04

Na2O 0,08 nd 0,04 0,21 0,12 0,11 0,06 0,01

K2O 2,31 nd 1,75 0,50 1,12 1,30 2,41 0,56

Perda ao

fogo 2,77 nd 7,29 nd nd nd 4,20 11,80

Resíduo

Insolúvel nd 0,17 nd nd nd nd nd nd

Obs:. nd = não determinado

ni = não informado; (*) = 50% à 650ºC + 50% sem controle

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33

As principais impurezas encontradas são os óxidos de potássio e sódio, sendo que

os óxidos de cálcio e magnésio geralmente não ultrapassam teores superiores a 1%.

Boateng et al. (1990) detalham que a CCA é um material cimentante devido as

reações químicas da sílica amorfa da cinza com a cal, formando os silicatos de cálcio

hidratados (C-S-H), sendo este o principal composto responsável pela resistência do concreto.

James e Rao (1986) detalham que os silicatos formados são dos tipos C-S-H-I e

C-S-H-II, como mostram as reações das Equações 2.1, 2.2 e 2.3.

Ca(OH)2 + SiO2 C-S-H-I + C-S-H-II (Equação 2.1)

C-S-H-I CaO0,8-1,5SiO2.(H2O)1.0-2,5 (Equação 2.2)

C-S-H-II CaO1,5-2,0 SiO2.2(H2O) (Equação 2.3)

O tipo de cinza que desenvolve a atividade pozolânica é a cinza amorfa (JAMES;

RAO, 1986). Sendo assim, a Equação 2.1 pode explicar o processo de endurecimento que

conduz ao aumento da resistência, uma vez que o C-S-H é o principal responsável pela

resistência do concreto.

É estabelecido que a sílica presente na cinza passa por transformações estruturais

sob condições variadas de temperatura. Sendo assim, a queima da casca de arroz em

temperaturas que variam entre 500 à 700ºC, geralmente, produz CCA amorfa, enquanto que a

queima a temperaturas maiores que de 900ºC produz a CCA cristalina (BOATENG et al.,

1990).

De acordo com o aumento da temperatura de queima da casca de arroz, as

ligações entre seus átomos são rompidas, formando um novo empacotamento atômico, dando

origem a novas estruturas, sendo que este processo é acompanhado, geralmente, por variações

de volume e densidade (AUSTERHEIN, 1976 apud BOATENG et al., 1990). Estas

transformações na estrutura da sílica com o aumento da temperatura ocorrem de acordo com a

Figura 2.3.

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α e β = ângulos de rotação dos eixos dos sistemas

Figura 2.3 - Polimorfismos da sílica (AUSTERHEIN, 1976 apud BOATENG et al., 1990,

modificado)

A sílica cristalina, em estado puro, pode apresentar-se sob diferentes fases polimórficas,

correspondentes aos diversos modos de agrupamento dos tetraedros de silício e oxigênio. Os

polimorfismos mais importantes e seus intervalos de temperatura são descritos na Figura 2.3

(AUSTERHEIN, 1976 apud BOATENG et al., 1990). A forma mais estável da sílica, à temperatura

ambiente, é o quartzo-α, que se transforma em quartzo-β a 573°C. Entre 870°C e 1470°C a sílica

cristalina apresenta-se como tridimita-β. A tridimita-α pode existir da temperatura ambiente até 117°C,

mas não é estável neste intervalo. O mesmo ocorre para a cristobalita-α que pode existir desde a

temperatura ambiente até 200°C-275°C. Por sua vez, a cristobalita-β, que pode existir acima de

200°C-275°C, é estável desde 1470°C até seu ponto de fusão, a 1713°C.

Estudando cinzas de casca de arroz provenientes de cascas submetidas a um

tratamento prévio com ácido clorídrico Feng et al. (2004), demonstraram que essas CCAs

possuem uma menor sensibilidade às temperaturas de queima.

Sendo assim, estas cinzas tratadas podem ser queimadas em temperaturas mais

altas, sem o problema de perda das propriedades pozolânicas.

A Figura 2.4 mostra a grande diferença na condutividade com a CCA proveniente

da casca tratada por imersão de ácido clorídrico (ADR) em temperaturas superiores a 800ºC,

enquanto que a CCA sem tratamento (RHA) tem a sua condutividade diminuída

significativamente em temperaturas superiores a 600ºC.

Na Tabela 2.6 pode-se comparar a superfície específica em m²/g e a quantidade de

sílica amorfa (%) para as duas cinzas, ADR e RHA, a diferentes temperaturas. A grande

diferença de condutividade da cinza tratada com o ácido clorídrico se deve principalmente a

maior superfície específica e a grande quantidade de sílica amorfa, originando uma grande

atividade pozolânica.

Quartzo-β

Quartzo-α

Tridimita - β

Tridimita- α

Cristobalita-β

Cristobalita-α

Sílica líquida

870ºC 1470ºC 1713ºC

573ºC 117ºC 200ºC-275ºC

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35

● Série ADR ▲Série RHA

Figura 2.4 - Relação entre as mudanças na condutividade e a temperatura de queima da CCA pré-

tratada (ADR) e a CCA sem pré-tratamento (RHA) (FENG et al., 2004)

Tabela 2.6 - Superfície específica e quantidade de sílica amorfa nas CCAs com e sem pré tratamento

com ácido clorídrico (ADR e RHA) (FENG et al., 2004)

Amostra

Temperatura de Aquecimento (ºC)

Superfície específica (m²/g) (a)

Quantidade de sílica amorfa (%) (b)

ADR

550 210,0 94,8 600 270,0 95,1 700 311,0 95,0 800 257,0 95,7 900 154,0 90,9 1000 7,3 50,8

RHA

550 164,0 88,6 600 86,0 89,6 700 73,0 75,4 800 9,2 40,2

(a) Determinada pelo método de adsorção de nitrogênio (BET)

(b) Determinada pelo método com glicerol

Con

dutiv

idad

e (m

s/cm

)

Temperatura de queima (ºC)

● ● ● ● ● ● ●

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2.2.3 Modificações físicas causadas pela CCA

Em seu estudo sobre a reação entre a cinza de casca de arroz e o Ca(OH)2 em

solução, Yu et al. (1999) confirmaram que em uma temperatura em torno de 40ºC e na

presença de água, a sílica amorfa presente na cinza de casca de arroz (CCA) reage com o

hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) para formar uma fase de gel de C-S-H (Ca1,5.SiO3,5.XH2O).

Uma das razões principais para a melhora nas propriedades do concreto com adição de cinza

de casca de arroz pode ser atribuída à formação do gel de C-S-H e a redução da portlandita no

concreto, devido a reação que ocorre entre a cinza e o Ca2+, a OH- ou o Ca(OH)2 presente no

cimento hidratado.

Similar a sílica ativa, a cinza de casca de arroz também contém cerca de 90% de

sílica por massa (YU et al., 1999). Sabe-se ainda que a sílica ativa pode reagir com o

hidróxido de cálcio tendo como produto desta reação o gel de silicato de cálcio hidratado

(C-S-H). Neste caso a relação CaO/SiO2 no gel de C-S-H, formado na pasta com adição de

sílica ativa, diminui notavelmente com o aumento de adição de sílica ativa. A CCA possui

características muito parecidas com as da sílica ativa, mas a CCA pode ser ainda mais

pozolânica do que a sílica ativa (TAYLOR, 1992).

Zhang et al. (1996) investigaram alguns aspectos envolvendo os efeitos da

incorporação da CCA com controle de temperatura em pastas de cimento, na hidratação do

concreto e na microestrutura da zona de transição entre a pasta e o agregado. De acordo com

os estudos realizados, a pasta de cimento Portland referência (sem adição) permanecendo com

22% de partículas de cimento não hidratada, enquanto que a porcentagem de partículas de

cimento não hidratadas com as adições de cinza de casca de arroz e de sílica ativa foi de 18%

e 20% respectivamente, depois de 28 dias de cura.

Como a substituição de 10 % de cimento por CCA, a porcentagem de partículas

de cimento não hidratadas foi reduzida para 18%. Possivelmente, a presença de CCA acelerou

a hidratação do cimento Portland, porém esta análise precisa ser confirmada com pesquisas

adicionais, segundo Zhang et al. (1996).

Outra tendência encontrada neste mesmo estudo foi o refinamento dos poros nas

estruturas com CCA e sílica ativa, uma vez que a razão de perda de massa para a cinza de

casca de arroz e para a sílica ativa foi menor do que para a pasta de referência, quando

colocadas em um forno para secagem a 105 ºC.

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Zhang et al. (1996) analisaram ainda a resistência à compressão (Tabela 2.7 e 2.8)

e a zona de transição entre a pasta e o agregado. Os resultados encontram-se, respectivamente,

nas Tabelas 2.7 e 2.8.

Tabela 2.7 - Resistência à Compressão em pasta (MPa) (ZHANG et al., 1996)

Mistura a/agl

Resistência à Compressão (MPa)

1

dia

7

dias

28

dias

90

dias

180

dias

Referência 0,30 46,5 75,9 96,0 113,3 118,7

10% de CCA 0,30 44,8 77,9 94,1 94,4 97,7

10% de SA 0,30 44,6 74,3 83,1 94,5 97,2

Tabela 2.8 - Resistência à Compressão em concreto (MPa) (ZHANG et al., 1996)

Mistura a/agl

Resistência à Compressão (MPa)

1

dia

7

dias

28

dias

90

dias

180

dias

Referência 0,30 41,4 52,1 61,0 70,6 76,5

10% de CCA 0,30 41,4 57,9 70,8 78,9 81,7

10% de SA 0,30 44,4 64,8 78,9 77,8 80,8

Pela Tabela 2.7 pode-se observar que a pasta de cimento com 10% de CCA

obteve resistência similar ao da pasta de referência até os 28 dias, porém menores valores

foram encontrados para a pasta com 10% de CCA aos 90 e 180 dias. Os ensaios com 1, 7 e 28

dias foram repetidos três vezes e os resultados mostraram a mesma tendência. Com relação ao

comportamento da cinza no concreto, a referência (sem adição) e os concretos com 10% de

substituição por cinza de casca de arroz (CCA) e sílica ativa (SA) obtiveram resistências

similares com 1 dia, porém o concreto com 10% de CCA obteve uma resistência à

compressão maior do que o concreto de referência aos 180 dias. Comparado ao concreto com

sílica ativa, a resistência à compressão do concreto com cinza de casca de arroz foi menor até

os 28 dias, mas similar aos 90 e 180 dias de idade.

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38

Esta maior resistência à compressão encontrada no concreto com CCA, após os 7

dias comparado com o concreto de referência, é devido, ao refinamento dos poros, a redução

do hidróxido de cálcio CaOH2 e consequentemente, a uma redução da zona de transição entre

o agregado e a pasta. Porém Zhang et al. (1996) afirmam que tanto a porosidade do concreto

com CCA quanto a sua zona de transição são maiores do que as do concreto contendo sílica

ativa (SA).

No seu estudo sobre a influência do processo de queima no Índice de Atividade

Pozolânica com o cimento (IAP) de CCAs residuais com o cimento Santos (1997) encontrou

IAP superiores aos exigidos pela NBR 12653 (ABNT, 1992), tendo melhores resultados com

aqueles processos onde o material foi recolhido via seca, superando os valores obtidos para a

CCA produzida em forno de leito fluidizado. Na mesma pesquisa, os diferentes tempos de

moagem da CCA levaram a diferentes superfícies específicas do material e influenciaram de

forma significativa na atividade pozolânica. A autora concluiu que cada CCA produzida por

um diferente processo de queima possui seu tempo de moagem ótimo para atingir a sua

atividade pozolânica máxima. Uma observação importante apresentada no trabalho de Santos

(1997) é que a cinza de casca de arroz que apresentou maior índice de atividade pozolânica

com o cimento não apresentou o melhor desempenho na argamassa. Isso foi atribuído à forma

com que é realizado o ensaio de atividade pozolânica, que compara o desempenho de

pozolanas para uma consistência fixa. Assim, muitas vezes, as pozolanas mais finas, por

necessitarem de uma maior quantidade de água para atingir determinada consistência fixa,

segundo recomendação da NBR 12653 (ABNT, 1992), apresentaram elevada relação

água/aglomerante e baixos índices de atividade pozolânica. Além disso, estas pozolanas muito

finas podem formar grumos e, para desenvolver todo o seu potencial, exigem o uso de agentes

dispersantes nas argamassas e concretos, papel este hoje desempenhado pelos aditivos

plastificantes e superplastificantes.

Na dissertação de mestrado de Rêgo (2001), constata-se que a CCA residual

queimada sem controle de temperatura apresentou o valor de índice de atividade pozolânica

com cimento Portland de, aproximadamente 85%, sendo considerada como um material

pozolânico tendo em vista que a NBR 12653 (ABNT, 1992) estipula o valor de 75% de IAP

para a qualificação do material como uma pozolana. Cabe salientar que o diâmetro médio de

15,19µm alcançado pela CCA residual (sem controle de temperatura de queima) quando

moída por 5 horas, foi muito maior do que o diâmetro médio de 4 µm da CCA de referência

(com controle de queima). A CCA residual, mesmo com essa granulometria mais grossa,

alcançou um alto IAP com cimento. A Tabela 2.9 mostra os resultados dos ensaios de Índice

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de Atividade Pozolânica com cimento Portland encontrados por Rêgo (2001), para algumas

cinzas de casca de arroz.

Tabela 2.9 - Resultados dos ensaios de Índice de Atividade Pozolânica com cimento Portland (REGO,

2001)

CCAs Tempo de

Moagem

Tipo de

Queima

Diâmetro

Médio (µm)

Índice de Atividade

Pozolânica com o cimento

Portland (%)

CCA 3 3hs Queimada a

céu aberto 22,81 64,70

CCA 5 3hs Queimada

em fornalha 19,78 77,70

CCA 5 5hs Queimada

em fornalha 15,19 84,50

CCA (EUA) - Referência 4,00 110,00

Os estudos realizados no Brasil, de um modo geral, indicam que a CCA obtida

com controle de tempo e temperatura de queima é uma ótima pozolana, podendo ser

comparada a pozolanas conhecidas comercialmente, como a sílica ativa (resíduo da fabricação

do ferro-silício e/ou do silício metálico). Nestes trabalhos nacionais, mesmo para cinzas de

casca de arroz residuais que mostraram a presença de picos cristalinos nos ensaios de difração

de raios X, os desempenhos das CCAs foram satisfatórios, contrariando a maioria das

referências internacionais.

Santos (1997) comparou as resistências de argamassas com mesma relação

água/aglomerante e com 15% de substituição do cimento Portland por diferentes tipos de

cinzas: CCA residual queimada em leito fluidizado sem controle de temperatura (F), CCA

residual queimada em grelha, com extração a seco (G), cinza de casca de arroz residual

queimada em grelha, com auxílio de ar comprimido (P), CCA queimada em grelha, com

extração úmida (R), CCA obtida em leito fluidizado com controle de temperatura (LF), cinza

volante (CV) e sílica ativa (SA). A Figura 2.5 traz as resistências das argamassas em MPa até

a idade de 90 dias.

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Figura 2.5 - Evolução da resistência de argamassas (SANTOS, 1997)

Pode-se observar pela Figura 2.5 que a cinza residual obtida por queima não

devidamente controlada (P) apresentou desempenho similar ao da sílica ativa, que é

reconhecidamente uma pozolana de alta qualidade. Santos (1997) analisando o perfil de

difração por raio-X dessa CCA (Figura 2.6), observou vários picos devido a presença de

cristais de sílica. Segundo a autora, o bom desempenho apresentado pode ser justificado pela

elevada área específica que possui a sílica presente nas CCAs e pelo efeito filler gerado pela

presença de carbono não queimado, que é um material extremamente fino. É justamente a

presença desse carbono que faz com que os valores medidos de área específica para amostras

de cinzas de casca de arroz não tenham uma correspondência direta com sua reatividade

(SANTOS, 1997)

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41

Figura 2.6 - Difratograma de raios X da cinza da indústria P, onde C = cristobalita e Q = quartzo

(SANTOS, 1997)

2.3 A SÍLICA ATIVA (SA)

A sílica ativa é um subproduto da fabricação de silício ou de ligas de ferro-silício

a partir de quartzo de elevada pureza e carvão em forno elétrico de eletrodos de arco

submerso. O óxido de silício (SiO) que se desprende na forma de gás oxida-se e se condensa,

gerando partículas esféricas extremamente pequenas de sílica amorfa SiO2 (TAYLOR, 1992).

A sílica, na forma de material vítreo, é muito reativa e o pequeno tamanho das partículas

acelera as reações com o Ca(OH)2, produzido na hidratação do cimento Portland. As pequenas

partículas de sílica ativa entram no espaço entre as partículas de cimento, melhorando, assim,

a compacidade da pasta.

O grão de sílica ativa é muito pequeno, o Blaine por adsorção de nitrogênio, chega

a valores de 20 000 m²/kg, que chega a ser 20 vezes maior do que a área específica de outros

materiais pozolânicos, sendo que grande parte das partículas têm diâmetro entre 0,03 µm e 0,3

µm. Um material tão fino tem uma massa unitária muito baixa, entre 200 kg/m³ a 300 kg/m³.

O manuseio deste material é difícil e caro, por esse motivo, a sílica ativa é encontrada em

pelotas, isto é, aglomerados de partículas produzidos por aeração, com massa unitária de 500

kg/m³a 700 kg/m³ (NEVILLE, 1997). A Tabela 2.10 apresenta um resumo das principais

propriedades físicas da sílica ativa, baseado em Morais (2001).

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Tabela 2.10 - Resumo das principais propriedades físicas da sílica ativa (MORAIS, 2001)

Propriedade Descrição

Tamanho médio Em média 100 vezes mais fino que o cimento

Área específica De 20.000 m²/kg a 25.000 m²//kg

Forma das partículas Esféricas

Massa Específica Da ordem 2.200 kg/m³

Massa Unitária Em torno de 600 kg/m³ p/ produto compacto

Coloração Cinza

A sílica ativa possui duas importantes características. Primeiramente a mitigação

da RAA, uma das primeiras motivações que levou à sua utilização neste trabalho e a segunda

o efeito microfiller, que pode ser considerado uma das principais propriedades da sílica ativa.

2.3.1 Propriedades da SA

A utilização da sílica ativa juntamente com o cimento Portland acelera a

hidratação da alita (C3S) e diminui a quantidade de água não-evaporável se comparada com

pastas puras de cimento Portland (TAYLOR, 1992). A Tabela 2.11 apresenta algumas

propriedades da sílica ativa de acordo com dois fabricantes.

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Tabela 2.11 - Comparativo entre as propriedades químicas e físicas de duas sílicas ativas oriundas de

dois fabricantes.

Propriedades químicas e físicas Fabricante 01 Fabricante 02

SiO2 (%) >90 >85

Umidade do material embalado <1,0 <3,0

Perda ao fogo (%) <3,0 -

Material retido na peneira 45 um (%) <1,5 -

Densidade real (kg/m³) - 2220

Densidade aparente (kg/m³) 600 -

Fazendo-se uma comparação entre as sílicas ativas oriundas dos dois fabricantes,

observa-se que as duas possuem uma porcentagem de dióxido de silício acima de 85%. A

reação de hidratação que ocorre com a sílica ativa pode ser simplificada como sendo a reação

entre a sílica ativa e o hidróxido de cálcio, conforme mostra a Equação 2.1 (RAO, 2003).

2SiO2 + 3Ca(OH)2 C3S2H3 Equação 2.1

Na hidratação do cimento Portland comum, cerca de 15 a 25% de hidróxido de

cálcio (CH) em volume é formado, sendo necessário até 25% de sílica ativa para consumir a

maior parte do CH liberado aos 28 dias. Através da difração de raios -X observa-se que a

relação CaO/SiO2 do C-S-H diminui consideravelmente com o aumento do teor de sílica

ativa, influenciando também nos tipos de C-S-H obtidos. Para relação Ca/SiO2 abaixo de 1,5

são formados a tobermorita 14Å, 11,3Å e 9,35Å com alto grau de cristalinidade e o C-S-H (I),

com baixa cristalinidade. Para a relação acima de 1,5 são formados a tobermorita 12,6Å e

10Å, com alta cristalinidade, e o C-S-H (II) com baixa cristalinidade (TAYLOR, 1992).

A sílica ativa possui uma tendência de se aglomerar quando misturada com o

cimento Portland, sendo esta aglomeração causada, principalmente, pela ação das forças

eletrostáticas de contato (MITCHELL et al., 1998). A variação granulométrica nesse caso

pode ser de partículas menores que 10 mm até 0,5 mm. A sílica aglomerada irá interferir na

velocidade em que ocorrerá a reação pozolânica, já que uma camada de C-S-H formada pela

reação pozolânica pode se depositar na superfície da partícula de sílica aglomerada

bloqueando a continuidade da reação.

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44

Por outro lado, partículas de sílica ativa podem agir como ponto de nucleação

acelerando as reações de hidratação do Cimento Portland (MITCHELL et al., 1998).

As partículas de sílica ativa, observadas através de um microscópio eletrônico

aparecem como um conjunto de partículas aglomeradas (Figura 2.7).

Sob a microscopia eletrônica de varredura (MEV) as partículas parecem ser

esféricas e lisas (Figura 2.8). As partículas possuem diferentes tamanhos, mas são

perfeitamente esféricas. Esta forma esférica é conseqüência de sua origem, isto é, a

condensação de um vapor. Este processo é atualmente usado nas indústrias para a fabricação

de micro-esferas de diferentes materiais (MALHOTRA et al., 1987).

Figura 2.7 – Microscopia eletrônica de um aglomerado de sílica ativa. A partícula maior é composta

por muitas partículas individuais de sílica ativa (MITCHELL et al., 1998)

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45

Figura 2.8 - Microscopia eletrônica de partículas esféricas de sílica ativa, mostrando que as partículas

apresentam ser lisas (MITCHELL et al., 1998)

2.3.2 Composição química da SA

Segundo Malhotra et al. (1987) a porcentagem de silício (Si) em diferentes sílicas

ativas mostra uma grande variação. A tabela 2.12 mostra as composições químicas das sílicas

ativas mais produzidas. A sílica ativa originária da produção da liga de SiMn apresentou a

menor concentração de dióxido de silício (25% de SiO2), enquanto que sílica ativa originária

da produção de Si apresentou 94% de dióxido de silício.

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46

Tabela 2.12 - Composição química de diferentes sílicas ativas em porcentagem (MALHOTRA et al.,

1987).

Componente

Origem da sílica ativa

Si

(%)

FeSi -75%

(%)

FeSi - 75%

(recuperação

de calor) (%)

FeSi - 50%

(%)

FeCrSi

(%)

CaSi

(%)

SiMn

(%)

SiO2 94 89 90 83 83 53,7 25

Fe2O3 0,03 0,6 2,9 2,5 1,0 0,7 1,8

Al2O3 0,06 0,4 1,0 2,5 2,5 0,9 2,5

CaO 0,5 0,2 0,1 0,8 0,8 23,2 4,0

MgO 1,1 1,7 0,2 3,0 7,0 3,3 2,7

Na2O 0,04 0,2 0,9 0,3 1,0 0,6 2,0

K2O 0,05 1,2 1,3 2,0 1,8 2,4 8,5

C 1,0 1,4 0,6 1,8 1,6 3,4 2,5

S 0,2 - 0,1 - - - 2,5

MnO - 0,06 - 0,2 0,2 - 36,0

LOI 2,5 2,7 - 3,6 2,2 7,9 10,0

As principais ligas de silício produzidas em fornos com arco elétrico submergido

segundo Malhotra et al. (1987) são:

1) Ferrosilício:

• Ferrosilício 90%, contendo de 92 a 95% de silício;

• Ferrosilício 85%, contendo de 83 a 88% de silício;

• Ferrosilício 75%, contendo de 74 a 79% de silício (esta é a liga mais produzida);

• Ferrosilício 65%, contendo de 65 a 70% de silício;

• Ferrosilício 50%, contendo de 47 a 51% de silício (esta liga é produzida

exclusivamente nos Estados Unidos);

• Ferrosilício 22%, contendo de 22 a 24% de silício;

• Ferrosilício 15%, contendo de 14 a 17% de silício.

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47

2) Ferrocromo - silício:

• FeCrSi – 48%, contendo de 46 a 49% de silício;

• FeCrSi – 43%, contendo de 41 a 45% de silício;

• FeCrSi – 40%, contendo de 38 a 42% de silício.

3) Silicato de cálcio:

• A liga de CaSi é produzido através da redução de uma mistura de cal e silício com

carvão e contendo de 60 a 65% de silício.

4) Silicato de cálcio e manganês:

• CaMnSi, contendo de 53 a 59% de silício.

5) Silicato de manganês:

• SiMn, contendo de 18,5 a 21%, 16 a 18,5% ou de 12,5 a 16% de silício.

6) Ferrosilício de magnésio:

• FeMgSi – 9% de magnésio, contendo de 44 a 48% de silício;

• FeMgSi – 5% de magnésio, contendo de 44 a 48% de silício.

2.3.3 Modificações físicas causadas pela SA

Estudos desenvolvidos por Hasparyk (1999) demonstram o efeito benéfico da

sílica ativa através de ensaios de expansão (ASTM C–1260), seguidos por análises de MEV.

As composições químicas dos géis encontradas foram alteradas, sendo a concentração de

álcalis do gel reduzida na medida em que se aumentou o teor de sílica ativa.

Kurdwoski e Wczelik (1983) misturaram sílica ativa no estado amorfo com C3S

em uma relação molar de C3S/SiO2 de 0,5 a 3,33 e acompanharam a velocidade da hidratação

até 24 horas. A Figura 2.9 mostra as curvas de evolução de calor de C3S contendo diferentes

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proporções de SiO2. Observa-se um pico de aumento com aproximadamente 8 horas na

mistura de C3S pura (sem adição de SiO2). Com o aumento de adição de SiO2, o primeiro pico

é intensificado e o período de indução diminui. Sendo que com baixas relações C3S/SiO2 o

segundo pico parece desaparecer.

Com os resultados obtidos com relações de C3S/SiO2 iguais a 1 e 0,4 é evidente

que a adição de SiO2 acelera o desaparecimento de C3S Figura 2.10.

Figura 2.9 - Evolução do calor em amostras de C3S contendo sílica (KURDWOSKI; WCZELIK ,

1983)

Figura 2.10 - Influência da sílica na hidratação do C3S. (KURDWOSKI; WCZELIK , 1983)

C3S

%

Tempo (horas)

Minutos (Tempo) horas

Evo

luçã

o do

cal

or (un

ida

de ar

brita

ria)

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49

Conclusões similares podem ser tiradas do trabalho de Ogawa et al. (1980), que

utilizou uma sílica contendo 87,8% de SiO2 e com uma área superficial igual a 6,7x10³ m²/kg.

A análise da hidratação do C3S mostra que com 1 dia obteve-se uma hidratação do C3S

equivalente a 40%, sendo que na presença da sílica este valor alcançou 80% de hidratação do

C3S.

A Figura 2.11, mostra as diferentes quantidades de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)

formadas em diferentes idades de hidratação. Apesar de que com um dia de idade a

quantidade de Ca(OH)2 é maior na amostra com adição de sílica, aos 7 dias existe uma maior

quantidade de Ca(OH)2 na amostra com C3S puro. As baixas quantidades de Ca(OH)2 em

idades maiores de hidratação pode ser atribuída a reação entre o SiO2 e o Ca(OH)2. Sendo

assim, pode-se concluir que a quantidade de hidróxido de cálcio diminui com o aumento de

SiO2 devido a reação entre eles durante a hidratação.

Figura 2.11 - Quantidade de Ca(OH)2, em pastas de C3S-silicoso (OGAWA et al., 1980)

Tempo (dias)

Ca(

OH

) 2 %

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50

Diversos pesquisadores, nacionais e internacionais, falam sobre a necessidade de

se pesquisar a microestrutura do concreto e da argamassa, procurando, assim, produzir

materiais de elevado desempenho, Bentur e Cohen (1987), Paulon (1996), e Aïtcin (2000b).

Estes autores demonstraram que a zona de transição (interface entre o agregado e a pasta de

cimento) é a região mais frágil do concreto e que as pozolanas diminuem a espessura desta

zona de transição. Esta interface entre o agregado e a pasta de cimento é caracterizada como

sendo a região mais frágil do concreto ou da argamassa devido a grande formação de grandes

cristais de hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), sendo este o material mais frágil formado na

hidratação do cimento Portland. Libório (2002) mostra que a zona de transição não é frágil

somente devido a grande quantidade de Ca(OH)2, mas, também, devido a formação de poros

nesta região. Sendo assim, na interface entre o agregado e a pasta de cimento Portland,

quando submetida a esforços de compressão, pode-se ter o início do processo de ruptura.

A sílica ativa possui duas maneiras de atuação na zona de transição. A primeira

delas, como foi dito no início do Item 2.3, é o efeito químico, onde ocorre o consumo de

hidróxido de cálcio e a formação de silicato de cálcio hidratado (C-S-H), ou seja, ocorre a

reação pozolânica, sendo que o C-S-H é um produto mais estável e resistente que o CH.

A segunda maneira de atuação da sílica ativa na zona de transição é muito mais

física do que química, ou seja, ocorre o efeito fíller, onde ocorre o preenchimento dos poros.

A sílica ativa é capaz de fazer este preenchimento de vazios, devido a sua elevada área

específica e pequeno diâmetro. Desta forma, os espaços vazios entre os grãos de cimento são

ocupados, aumentando a coesão e a compacidade da pasta e diminuindo a espessura da

interface entre o agregado e a pasta. Detwiler e Mehta (1989 apud LIBORIO, 2002)

estudaram o efeito de preenchimento dos vazios com partículas de carbono em misturas de

cimento com substituição de 10% em massa, e verificaram iguais resistências das misturas de

referência (sem substituição) para as idades de 7dias e 28dias. Goldman e Bentur (1993)

juntamente com os pesquisadores acima citados, também acreditam que qualquer pó

extremamente fino provoca este efeito fíller de preenchimento dos vazios, trazendo benefícios

ao concreto, por conta do preenchimento de vazios e do melhor empacotamento entre as

partículas.

Bentur e Cohen (1987) estudaram o efeito da sílica ativa na microestrutura da

zona de transição de argamassas com cimento Portland e verificaram a melhora desta região

devido à reação pozolânica entre o hidróxido de cálcio e a sílica ativa. As Figuras 2.12 e 2.13

mostram a diferença entre as zonas de transição entre o agregado e a pasta de cimento e o

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aspecto da compacidade da matriz em argamassas sem e com a adição de sílica,

respectivamente.

Figura 2.12 - Microestrutura da zona de transição entre o agregado e a matriz de cimento (BENTUR;

COHEN, 1987)

Figura 2.13 - Microestrutura da zona de transição entre o agregado e a matriz de cimento com adição

de sílica (BENTUR; COHEN, 1987)

Na zona de transição entre um agregado e a pasta de cimento ocorre a formação

de uma grande quantidade de hidróxido de cálcio, como produto de hidratação do cimento

Portland. Este produto envolve totalmente o agregado como mostra a Figura 2.14, idealizada

Local onde existia um grão de areia

Local onde existia um grão de areia

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52

por LIBÓRIO (2002), já a adição de sílica ativa minimiza ou até mesmo elimina a zona de

transição, como mostra a Figura 2.15.

Figura 2.14 – Esquematização da zona de interface entre a matriz e o agregado (LIBÓRIO, 2002)

Figura 2.15 – Esquematização da melhoria da zona de interface entre agregado e pasta de cimento com

a introdução da sílica ativa (LIBÓRIO, 2002)

Carette e Malhotra (apud PAULON, 1996) observaram que a adição de 10% de

sílica ativa, em concretos com relação a/c de 0,40, aumentou a profundidade carbonatada em

longas idades, porém, esse mesmo teor de adição provocou um aumento da resistividade

elétrica do concreto para taxas capazes de prevenir a corrosão de armaduras mesmo

despassivadas. Rasheeduzzafar (apud PAULON, 1996) estudou a ação da sílica ativa sobre a

expansão do concreto devido à reação álcali-agregado e constatou que o teor de 10% em

Interface (espessura de 20 µm a 50µm) em argamassa

Agregado

Pasta com Sílica Ativa

Agregado

Pasta

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53

substituição ao cimento foi o mais eficiente, comparado com teores de 20% de sílica ativa e

cimentos com escória de alto forno.

Em seu estudo sobre os avanços tecnológicos em concreto estruturais, Libório,

(2002) avaliou e discutiu a difusão de cloretos em pastas de cimento Portland com teores de

substituição, em massa de cimento, de 5% e 10% de sílica ativa, 10% de cinza volante e

concreto de referência (sem adição). A Figura 2.16 traz os resultados obtidos referentes a

difusão de cloretos em pasta de cimento Portland.

0

10

20

30

40

50

60

CPI 10% CV 5% SA 10% SA

DIFUSÃO POR CLORETOS

Figura 2.16 - Comparação da difusão de cloretos em pastas de cimento Portland (LIBORIO, 2002)

Obs.: CPI (sem adições), 10%CV (10% de cinzas volantes) e 5%SA e 10%SA (5% e 10% de sílica

ativa)

Libório (2002) descreve a somatória das ações da sílica ativa em concretos e

argamassas da seguinte forma: “...o comportamento mecânico do agregado na estrutura de

concreto, dependendo de sua forma e disposição no interior da argamassa, poderá ser

similar ao de uma viga simplesmente apoiada, sendo que com um determinado carregamento,

poderá ser rompido facilmente por flexão ou cisalhamento. Com a introdução da sílica ativa,

ocorre a diminuição desse fenômeno, comportando-se o agregado como uma viga contínua

com apoios muito próximos um do outro, aumentando assim a resistência do sistema ...”

(LIBORIO, 2002, p.16).A Figura 2.17 ilustra os conceitos descritos acima.

Dif.

Clo

reto

s (x

10-9

cm

2 /s)

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Figura 2.17 - Idealização do funcionamento de um agregado sob carregamento ocasionado por uma

deficiência da zona de interface e melhoria dessa região pela adição de sílica ativa (LIBORIO, 2002)

Agregado

Água

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55

3 A REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO

As reações químicas entre os silicatos e aluminatos com a água são denominadas

de reações de hidratação do cimento e ocorrem quase instantaneamente, à medida que a água

entra em contato com o cimento Portland. Essas reações de hidratação evoluem de acordo

com o tempo, sob mecanismos distintos.

Inicialmente o mecanismo predominante da hidratação é a dissolução-

precipitação. Este mecanismo envolve a dissolução de compostos anidros em seus

constituintes iônicos, formação de hidratos na solução e, devido à sua baixa solubilidade,

precipitação de produtos hidratados. Em estágios posteriores, quando a mobilidade iônica se

torna restrita, a hidratação pode ocorrer por reações no estado sólido, denominadas de

topoquímicas (MEHTA; MONTEIRO, 1994).

O conhecimento de que alguns agregados minerais são reativos com o cimento

não é novo. Entretanto, enquanto muitas reações que ocorrem no interior das estruturas de

concreto possuem conseqüências benéficas, ou pelo menos nenhuma conseqüência adversa, a

reação álcali-agregado é motivo de preocupação.

Seus efeitos prejudiciais são originários da natureza expansiva dos produtos

formados, que conduzem à fissuração. Por sua vez, essas fissuras podem acelerar outros

mecanismos da deterioração, conduzindo à perda da integridade física, como por exemplo o

gelo-degelo, ou mesmo os mecanismos que levam em consideração a penetração de íons

externos como os íons sulfatos e cloretos das águas salinas.

Segundo Glasser (1992), a RAA deve ser estudada por causar conseqüências

físicas indesejáveis às estruturas de concreto.

O processo físico de expansão é gerado em conseqüência das reações químicas da

RAA na presença de umidade e este potencial para a reação é condicionado pela natureza

química e mineralógica dos componentes do sistema do concreto (cimento, agregado, água),

por suas condições de serviço, de temperatura, de umidade, etc.

O potencial expansivo da reação álcali-agregado é muito complexo, sendo uma

mistura de efeitos químicos e físicos. É importante recordar que os componentes químicos e

físicos da reação são virtualmente inseparáveis. Entretanto, as origens básicas do potencial

químico envolvido nas reações álcali-agregado estão claras. Determinados materiais silicosos

que ocorrem em agregados minerais naturais reagem com os componentes alcalinos do

cimento, e o volume molar aumentado dos produtos cria pressões internas devida à expansão

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(GLASSER, 1992). Quando estas pressões não podem ser acomodadas ou contidas dentro do

concreto endurecido, ocorre a expansão e a fissuração. Consequentemente, não é ainda

possível medir um único parâmetro químico, ou mesmo diversos parâmetros, e correlacioná-

los com o potencial expansivo da reação (GLASSER, 1992).

Segundo Kihara (1997) a carbonatação pode influenciar na química da reação

álcali-agregado, uma vez que a carbonatação minimiza a formação dos produtos da RAA, por

consumir os hidróxidos de cálcio, sódio e potássio, segundo as reações mostradas nas

Equações 3.1 e 3.2 (FIGUEIREDO, 1994).

CO2 + Ca(OH)2 (H2O) CaCO3 + H2O Equação (3.1)

CO2 + 2(Na, KOH) (H2O) Na, K2CO3 + H2O Equação (3.2)

Com base nos estudos desenvolvidos por Kihara (1997), como conseqüência

destas reações, ocorre a diminuição da permeabilidade das soluções alcalinas no interior das

amostras, limitando a sua freqüência às regiões de bordas das barras de argamassa nas

amostras, com os agregados mais reativos (calcedônia e pyrex), o mesmo não ocorrendo nos

agregados menos reativos (granito milonitizado). A eficiência da pré carbonatação das barras

de argamassas é comprovada pela ausência de raias de difração de raios-X de Ca(OH)2. Os

ensaios de reatividade foram realizados em argamassas submetidas a uma pré-carbonatação.

No caso do vidro pyrex, a redução da expansão foi bastante elevada atingindo 98%. Para a

calcedônia a expansão foi de 90% e de 68% para o granito milonitizado.

Em estudos realizados por Prezzi et al. (1997) os ensaios de expansão em barras

de argamassa indicaram que a valência dos cátions interfere no gel resultante da RAA, de tal

modo que sais de cátions monovalentes produziram maiores expansões do que os sais de

cátions divalentes e trivalentes. Neste estudo, para os sais de cloreto adicionados a uma

concentração molar igual a 1, as expansões aumentaram com o tipo de cátion na seguinte

ordem:

Al+³ < Ca+² < Mg+² < Li+ < K+ < Na+

Já para os sais de cloreto adicionados a uma concentração molar inicial igual a 2,

as expansões aumentaram na seguinte ordem:

Ca+² < Mg+² < Li+ < K+ < Na+

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É interessante ressaltar que os hidróxidos de sódio, potássio e cálcio são

elementos básicos, uma vez que, durante as suas dissociações, podem produzir íons OH-

(hidroxilas).

O hidróxido de sódio e potássio são classificados como monobases, pois

produzem apenas um íon OH- por fórmula de base dissolvida; já o hidróxido de cálcio é

classificado como uma dibase, pois produz dois íons OH- por fórmula de base dissolvida.

Segundo Glasser (1992), a alcalinidade da solução dos poros do concreto é

dominada principalmente pelos álcalis sódio e potássio, e não pelo cálcio. Um dos motivos

para esta alcalinidade ser dominada pelos álcalis sódio e potássio é a solubilidade em água

destas bases. A Tabela 3.1 indica a quantidade em gramas de algumas bases que se dissolvem

em 1 litro de água, à 20ºC.

Tabela 3.1 - Solubilidade (em g) de base em 1 litro de água à 20º C (USBERCO et al. 1995)

Base Solubilidade (g/l) Base Solubilidade (g/l)

CsOH 3875 Ca(OH)2 1,65

KOH 1120 Mg(OH)2 0,009

NaOH 1090 Al(OH)3 0,008

Ba(OH)2 38,9 Fe(OH)2 0,001

Sr(OH)2 3,9 Fe(OH)3 0,0000001

A Tabela 3.1 mostra que as bases dos metais alcalinos (família IA da Tabela

Periódica) são as mais solúveis, e que a ordem crescente de solubilidade dessas bases será

(USBERCO et al.,1995):

LiOH < NaOH < KOH < RbOH < CsOH

Ordem crescente de solubilidade.

Comparando-se a solubilidade das bases desses metais com a solubilidade das

bases dos metais alcalinos terrosos, conclui-se que a solubilidade destes últimos é bem

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inferior, ou seja, são pouco solúveis. A ordem crescente de solubilidade das bases dos metais

alcalinos terrosos será:

Be(OH)2 < Mg(OH)2 < Ca(OH)2 < Sr(OH)2 < Ba(OH)2

Ordem crescente de solubilidade.

A força das bases pode ser relacionada com a sua solubilidade. Quanto maior for a

solubilidade de uma base, maior será o seu grau de dissociação. Sendo assim, os hidróxidos

de sódio e potássio são consideradas bases mais fortes do que o hidróxido de cálcio, por terem

um maior grau de dissociação (USBERCO et al., 1995).

3.1 REAÇÃO QUÍMICA ÁLCALI-SILICA

Segundo Vivian (1951 apud VEIGA et al., 1997), a reação álcali-sílica não é

literalmente uma reação entre os álcalis e o agregado, e sim dos íons hidroxilas, originários da

dissociação de certos hidróxidos alcalinos, e o agregado. Esta conclusão foi baseada na

experiência com tetrametil hidróxido de amônia que reagiu produzindo produtos similares aos

encontrados quando se utilizou o hidróxido de sódio.

Na reação álcali-sílica, as partículas de agregado (SiO2), se tornam

termodinamicamente instáveis quando misturadas com o cimento (GLASSER, 1992), sendo

que o mecanismo químico da reação se desenvolve em três estágios: primeiramente o alto pH

da fase aquosa dos poros do concreto reage com a superfície do agregado (Si-O-Si) para

formar grupos silanóis que se ligam entre si através de pontes de hidrogênio, conforme mostra

a Equação 3.3.

Si – O – Si + H2O Si – OH............OH – Si Equação (3.3)

Este grupo silanol é um grupo ácido, segundo a definição de Lewis, onde ácido é

aquele que recebe um par de elétrons através de ligação coordenada dativa. Este grupo

participará, futuramente, nas reações com a fase aquosa básica dos poros do concreto.

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Segundo Glasser (1992), no segundo estágio, os grupos silanóis formados reagem

com os ânios hidroxilas liberando água durante o processo, de acordo com a Equação 3.4.

Si – OH + OH- Si – O- + H2O Equação (3.4)

No terceiro estágio, outros grupos siloxanos são atacados pelas hidroxilas,

quebrando suas ligações, conforme mostra a Equação 3.5.

Si – O – Si + 2OH- Si – O- + -O – Si + H2O Equação (3.5)

A parte carregada negativamente (Si – O-) é então atacada pelas cargas positivas

dissociadas (Na+, K+ e Ca²+), balanceando assim as cargas dos grupos siloxanos. No limite do

processo, alguma sílica pode passar para a solução: sendo que em um alto pH, a principal

espécie de silicato solúvel é o H2SiO42- (GLASSER, 1992).

Segundo Prezzi et al. (1997) uma superfície sólida pode desenvolver carga elétrica

por substituição isomórfica de íons na estrutura do sólido, adsorção de íons e por reações

químicas na superfície do sólido. Um íon pode ser adsorvido em uma superfície formando um

complexo de esfera interna, quando nenhuma molécula de água se encontra entre o grupo

funcional de superfície e o íon, ou um complexo de esfera externa, quando pelo menos uma

molécula de água existe entre a superfície e o íon. Os íons alcalinos (sódio e potássio) são

adsorvidos nos locais onde o oxigênio possui ligações incompletas na superfície da sílica

amorfa (Si–O-), por meio de forças eletrostáticas, de modo que a troca iônica é similar ao

comportamento ácido-base (PREZZI et al., 1997).

O ataque químico dos álcalis contidos nos concretos aos agregados causa

expansão das estruturas e fissurações profundas. Os efeitos destas reações nas estruturas são

observados, geralmente, depois de 4 a 10 anos de vida, podendo continuar vagarosamente por

muitos anos. Baseado nas medições de expansão, a identificação da reação álcali-agregado se

torna bastante difícil, uma vez que muitas causas de expansão podem estar envolvidas ao

mesmo tempo em uma estrutura (BULTEEL et al., 2005).

Bulteel et al. (2005) comentam que a RAA pode ser confundida com outras

reações químicas expansivas com a formação tardia da etringita – delayed ettringite formation

(DEF), causada pelo ataque por sulfato.

A reação álcali-sílica deve ser prevenida. Segundo Feng et al. (2005), existem três

maneiras tradicionais de se prevenir a reação álcali-sílica, sendo a primeira a utilização de

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agregados não reativos. Esta é a melhor maneira de se evitar as expansões nas estruturas de

concreto devido à reação álcali-sílica. Porém, agregados não reativos nem sempre podem

estar disponíveis nos locais das obras, além do que, sabe-se que alguns agregados se

apresentam não reativos nos testes laboratoriais e, mais tarde, em serviço, produzem

expansões deletérias devido a reação álcali-sílica (RAS). Outra medida apontada para se

prevenir a RAS é a limitação do equivalente de óxido de sódio em menos que 0,60% em

massa de cimento. Porém, essa medida nem sempre é efetiva, uma vez que certos agregados

podem soltar íons alcalinos, aumentando, assim, a concentração de hidroxilas, podendo

induzir expansões deletérias em idades mais avançadas. A terceira medida de prevenção

apontada por Feng et al. (2005) é a utilização de material cimentíceo suplementar, sendo este

procedimento sido utilizado com sucesso em muitas construções, contudo nem todos os

materiais cimentantes suplementares são igualmente eficazes no controle da RAS, uma vez

que as proporções necessárias para cada material também são distintas.

Sendo assim, Feng et al. (2005) estudaram uma quarta alternativa para prevenir a

RAS, a introdução de compostos de lítio. Neste estudo, verificou-se a fixação do lítio nos

produtos de hidratação do cimento. E estes produtos não produziram expansões em barras de

argamassa ou em testes com concretos. De acordo com Diamond (1999), deve-se ter um

cuidado especial quando se utilizar o lítio para prevenir a reação álcali-sílica, uma vez que se

o lítio utilizado for originário de compostos como o hidróxido de lítio (LiOH) e o carbonato

de lítio (Li2CO3), pode ocorrer um aumento significativo da concentração de íons hidroxilas

(OH-) nos poros do concreto e, consequentemente, no pH dos poros. Esta dosagem

inadequada de hidróxidos e sais de lítio podem então aumentar as expansões causadas devido

a reação álcali-sílica ao invés de diminuí-las.

Entretanto, ainda segundo Diamond (1999), o nitrato de lítio (LiNO3), um sal

neutro e solúvel, não gera aumento significativo na concentração de íons hidroxilas, não

trazendo o risco de acelerar a reação álcali-sílica, no Brasil, Hasparyk (2006) comprovou o

efeito benéfico do lítio (LiNO3). A Tabela 3.2 traz a solubilidade de alguns compostos à base

de lítio, sendo o mais solúvel deles o nitrato de lítio com 85% de solubilidade.

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Tabela 3.2 - Solubilidade dos compostos de lítio, em porcentagem, segundo Lumley (1996)

Compostos Solubilidade (g/l)

Hidróxido de Lítio – LiOH 12,8

Hidróxido de Lítio Monohidratado - LiOH.H2O 22,5

Carbonato de Lítio - Li2CO3 1,33

Fluoreto de Lítio – LiF 0,27

Cloreto de Lítio – LiCl 70

Nitrato de Lítio - LiNO3 85

Em um estudo sobre a reação da opala de Nevada com soluções de hidróxido de

lítio, hidróxido de cálcio e hidróxido de potássio Mitchell et al. (2004) observaram por

microscopia eletrônica de varredura, difração de raios X e ressonância nuclear magnética, que

a reação dos álcalis com a opala foi inibida na presença de hidróxido de lítio. Outra

observação levantada foi que a morfologia dos produtos da reação na superfície dos grãos da

opala apresentava uma barreira de proteção da seguinte natureza: opala – CH – Li+ e opala –

CH – Li+ - K+, sendo que a natureza desta barreira protetora variava de acordo com o tipo de

íon utilizado na água de amassamento.

Bulteel et al. (2000) especificaram a formação dos produtos do ácido ortosílico,

ou seja, a precipitação do H2SiO4²- pelos cátions presentes na solução dos poros do concreto,

conforme mostram as Equações 3.8 e 3.9.

2 H2SiO42- + Ca2+ CSH Equação (3.8)

2 H2SiO42- + Ca2+ + 2K CKSH Equação (3.9)

Finalmente, os íons silicatos se preciptam com os cátions da solução dos poros do

concreto, formando fases C-S-H e/ou C-K-S-H e C-Na-S-H.

Diaz et al. (2005), propuseram um mecanismo de dano provocado pela reação

álcali-sílica. Este mecanismo de dano foi dividido em três partes. A primeira foi um período

de latência, onde o H2SiO42- formado a partir da dissolução do SiO5/2H e do SiO2 reage com o

hidróxido de cálcio e com os álcalis para formar C-S-H e/ou C-K-S-H e C-Na-S-H. As barras

de argamassa não se expandem durante este período.

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62

No segundo período, chamado de período de expansão, a produção dos produtos

do ácido ortosílico diminui e tedem a parar, ou seja, a reação da Equação 3.6 produz mais

SiO5/2H do que a Equação 3.7 consegue consumir, observando-se, assim, um aumento regular

de SiO5/2H no agregado durante este período, sendo a transição do dióxido de silício para o

SiO5/2H expansiva e responsável pelo fenômeno da fissuração do agregado.

Finalmente, segundo Diaz et al. (2005) no terceiro e último estágio do mecanismo

proposto, os produtos das reações do H2SiO42- e do SiO5/2H preenchem as fissuras geradas

pela expansão, fazendo então uma cicatrização, onde o volume dos poros dos agregados

diminui por causa do preenchimento das fissuras.

Bulteel et al. (2000) estudaram uma séria de misturas de agregados triturados com

soluções hidróxido de cálcio, com diferentes concentrações e temperaturas, dentro de um

sistema fechado, tentando medir a cinética da reação álcali-sílica, com o intuito de melhorar a

identificação da RAA nas estruturas, fazendo diagnósticos mais quantitativos, buscando um

aprofundamento nas interações entre os mecanismos químicos e os comportamentos

mecânicos das estruturas. No final deste estudo, Bulteel et al. (2000) conseguiram concluir

que o teste de micro reator (agregado britado, solução de Ca(OH)2 e KOH), aplicado sem

material cimentante, pode ser usado para quantificar os principais passos das reações álcali-

agregado.

Com base no exposto pode-se dizer que as concentrações de álcalis nos poros do

concreto, principalmente as concentrações de hidroxilas e o pH da solução dos poros são

determinantes para a ocorrência da reação álcali-sílica. Brouwers et al. (2003), ao analisarem

estas concentrações na hidratação do cimento Portland, obtiveram resultados que suportam a

idéia de que a fase C-S-H pode ser a única fase fixadora de álcalis na hidratação do cimento

portland.

3.1.1 Reação química álcali-silicato

A reação álcali-silicato pode ser classificada como sendo uma particularidade da

reação álcali-sílica, pois o seu processo é similar, porém, segundo Veiga et al. (1997), a

reação álcali-silicato é mais lenta, devido à quantidade de minerais reativos presentes na

matriz do mineral e, principalmente, na presença do quartzo deformado.

Kurtis et al. (1998) em seu estudo sobre o gel da reação álcali-silicato por meio da

microscopia de raios-X, concluiram que a sílica reativa combinada na presença de álcalis na

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solução dos poros foi capaz de produzir um gel expansivo, enquanto que a reação da sílica na

presença de hidróxido de cálcio e nenhum álcali resultou em produtos semelhantes ao C-S-H,

provavelmente com baixo caráter expansivo, segundo os pesquisadores.

Os agregados reativos da reação álcali-silicato são os folhelhos argilosos e os

feldspatos. Segundo Paulon (1981) grãos finamente divididos de feldspatos, mesmo sem ação

de intempérie, reagem com relativa rapidez com o hidróxido de cálcio.

Van Aardt e Visser (1977), pesquisando os feldspatos, mostraram que com o

tempo o hidróxido de cálcio proveniente da hidratação do cimento reage com o feldspato,

provocando uma liberação de álcalis sob a forma de hidróxido de sódio e potássio e ou

silicatos de potássio e sódio. Em certas concentrações os silicatos de cálcio tenderão a se

dissolver em silicatos de potássio e sódio, formando um gel ou vidro que terá cálcio, sódio e

potássio, sendo este gel ou vidro parcialmente solúvel em água, constituindo um mau

elemento de ligação.

Os mesmos pesquisadores ainda apontam que rochas contendo feldspatos ricos em

cálcio são talvez menos deletérios do que rochas contendo feldspatos alcalinos. Então as

rochas com feldspatos alcalinos podem ser consideradas suspeitas em relação à reação com

álcalis do cimento.

3.2 REAÇÃO QUÍMICA ÁLCALI-CARBONATO (RAC)

Segundo Paulon (1981), a RAC ocorre com máxima intensidade quando a calcita

e dolomita estão presentes em quantidades equivalentes ou ambas estão finamente divididas.

Sendo assim, esta reação ocorre entre alguns calcários dolomíticos e a fase aquosa alcalina

presente na solução dos poros do concreto, causando expansões e fissurações. Neste tipo de

reação álcali-agregado não há formação de gel alcalino e, consequentemente, de gel

expansivo.

A reação álcali-carbonato está baseada na reação de desdolomitização com

formação de hidróxido de magnésio, conforme as Equações 3.10, 3.11, 3.12 e 3.13 (BICZOK,

1972).

CaMg(CO3)2 + 2NaOH Mg(OH)2 + CaCO3 +Na2CO3 Equação (3.10)

Dolomita Brucita Calcita

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Na2CO3 + Ca(OH)2 2NaOH + CaCO3 Equação (3.11)

CaMg(CO3)2 + 2KOH Mg(OH)2 + CaCO3 +K2CO3 Equação (3.12)

Dolomita Brucita Calcita

K2CO3 + Ca(OH)2 2KOH + CaCO3 Equação (3.13)

O carbonato alcalino produzido na reação de desdolomitização reage com os

produtos de hidratação do cimento regenerando os álcalis na forma de hidróxidos alcalinos. A

reação de desdolomitização (Equações 3.10 e 3.12) continuará até que toda a dolomita tenha

sido consumida, ou até que a concentração de álcalis tenha sido reduzida pelas reações de

hidratação secundárias (BICZOK, 1972).

Segundo Tang et al. (1991 apud SILVEIRA, 2006), outro mecanismo proposto

para a RAC é que com o desenvolvimento da brucita entre a camada reativa da calcita e da

matriz forma-se um espaço restrito, sendo que íons e moléculas de água migram para dentro

deste espaço restrito causando expansão. Minerais de argila, neste mecanismo, apenas

providenciam caminhos através do qual a solução alcalina pode penetrar.

Vale ressaltar que algumas rochas carbonáticas podem conter quartzo, quartzo

micro ou criptocristalino podendo, assim, estes agregados provocarem RAS. Nestes casos, é

difícil confirmar se a deterioração foi causada pela RAS ou pela RAC (SILVEIRA, 2006).

Silveira (2006) em seu estudo sobre a reação álcali-agregado em rochas

carbonáticas concluiu que a RAC é diagnosticada pela existência de várias feições macro e

microscoscópicas associadas: fraturas, bordas de reação, microfraturamento, neoformação de

carbonatos e de minerais contendo magnésio. Outra conclusão encontrada foi que a textura

das rochas potencialmente reativas se caracteriza pela matriz calcítica fina com argilas e

quartzo, contendo romboedros de dolomita.

Ding-Yan et al. (2004) utilizaram dois agregados carbonáticos, cada um com

3,74% e 5,67% de dióxido de silício, respectivamente, em sua investigação da reação álcali-

agregado e observou a ocorrência da reação álcali-sílica nestes dois agregados. Porém,

também foi evidenciada a reação álcali-carbonato. Sendo assim a RAS pode ocorrer mesmo

em agregados carbonáticos não silicosos contendo baixos teores de SiO2. Outra observação

constatada foi que tanto a RAC quanto a RAS podem ocorrer simultaneamente em certos

agregados.

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65

Ding-Yan et al. (2004), analisando a reação álcali-carbonato, propuseram a

utilização de cinza volante para diferenciar a reação álcali-sílica da reação álcali-carbonato,

uma vez que a cinza volante se mostrou muito mais efetiva na redução das expansões devido

a RAS do que nas reduções devido a RAC.

3.3 PRINCIPAIS ENSAIOS PARA A AVALIAÇÃO DA REAÇÃO ÁLCALI-

AGREGADO (RAA)

Com o objetivo de se determinar a reatividade de um agregado diversos métodos

são utilizados, direcionando os pesquisadores, engenheiros e técnicos a fazerem as escolhas

adequadas de utilização de um agregado, evitando assim que danos ocorram a uma estrutura

de concreto com o tempo. A seguir são descritos os principais métodos para a avaliação da

reação álcali-agregado (RAA) em concretos.

3.3.1 Análise Petrográfica ASTM 295 (ASTM, 1997), ASTM 856 (ASTM, 1997) e NBR

7389 (ABNT, 1992)

A análise petrográfica fornece informações importantes sobre a composição

mineralógica dos agregados usados em concretos, podendo detectar a presença de minerais

potencialmente reativos com os álcalis do cimento. Este método de ensaio pode ser realizado

baseando-se nas normas ASTM 295 (ASTM, 1997), ASTM 856 (ASTM, 1997) e NBR 7389

(ABNT, 1992). Segundo a NBR 7389 (ABNT, 1992) a apreciação petrográfica é um estudo

macroscópico, se necessário com utilização de lupa, dos materiais naturais, identificando seus

elementos constituintes e propriedades, visando à sua utilização.

A Tabela 3.3 traz um resumo exemplificando uma análise petrográfica.

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66

Tabela 3.3 - Resumo dos resultados obtidos da análise petrográfica dos agregados graúdos

(ANDRADE et al., 2006)

Classificação

Natureza

Observações

Granito

Ígnea

Granulação grossa a média. Maioria do quartzo com extinção ondulante de alto grau (>25º). Presença de K-feldspato.

Granito gnaisse

Ígnea

Granulação média a fina. Quartzo com extinção ondulante moderada (<25º). Mostrou feições texturais evidenciando deformação tectônica. Presença de K-feldspato.

Biotita granito

Ígnea

Granulação muito grossa. Quartzo com intensa extinção ondulante (>25º). Presença de K-feldspato.

Biotita granito

Ígnea

Granulação muito grossa. Quartzo com extinção moderada a forte. Presença de K-feldspato.

Milonito gnaisse

Metamórfica

Granulação média e fina. Textura cataclástica, evidenciada pela fragmentação dos cristais de feldspatos, com freqüente extinção ondulante. Presença de K-feldspato. Rocha originalmente granítica, submetida a deformação e recristalização (principalmente do quartzo). Quartzo estirado e de granulometria muito fina.

Biotita granito

Ígnea

Granulação média a muito grossa. Extinção ondulante moderada a forte. Presença de K-feldspato.

3.3.2 Microscopia estereoscópica

A Microscopia estereoscópica é um método de avaliação no qual se utiliza o

microscópio estereoscópico de luz refletida (ou lupa binocular) para a análise das amostras de

concreto e/ou argamassas em superfícies de fratura ou semi-polidas. Nesta análise de

investigação preliminar uma observação dos aspectos estruturais dos concretos (fissuras,

porosidade, bordas de reação ao redor dos agregados e presença de produtos de RAA) é

realizada.

A Figura 3.1 é uma micrografia estereoscópica de uma argamassa feita por

Hasparyk (1999) em seu estudo sobre os mecanismos da reação álcali-agregado - efeitos da

cinza de casca de arroz e da sílica ativa, a principal característica registrada nesta micrografia

estereoscópica é a presença de material vítreo preenchendo totalmente o poro.

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Figura 3.1 - Amostra de referência com quartzito: poro com aspecto vítreo (HASPARYK, 1999)

3.3.3 Microscopia ótica

A microscopia ótica é realizada com um microscópio polarizador de luz

transmitida e é fundamentado na observação de lâminas delgadas (com aproximadamente

0,02 mm de espessura), confeccionadas com amostras dos agregados ou dos concretos a

serem estudados. No caso dos agregados, a investigação determina a classificação

petrográfica dos mesmos através da descrição mineralógica (com ênfase na identificação dos

minerais deletérios), textural e estrutural, sendo esta última voltada, principalmente, para a

deformação tectônica dos cristais de quartzo, que quando aparecem com sua estrutura

cristalina muito deformada, são potenciais causadores da reação álcali-agregado.

No caso de concretos, a análise petrográfica, além de classificar litologicamente

os agregados, determina a ocorrência de microestruturas provenientes da RAA, tais como:

bordas de reação ao longo dos agregados e a presença de micro-fissuras causadas pela

expansão do gel formado. A partir da análise dos diferentes parâmetros microscópicos dos

agregados, podem-se identificar os potenciais condicionadores da RAA.

Silveira et al. (2006), através de micrografias óticas, mostra películas cortando

tanto o agregado como a argamassa. Associadas à presença dessas películas ocorrem bordas

de reação, principalmente no agregado (Figura 3.2).

Evidenciadas através da diferença de coloração pela microscopia ótica, poros

parcialmente preenchidos também foram observados (Figura 3.3).

1mm

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Estas ocorrências conjuntas revelam indícios do desenvolvimento da RAA.

Figura 3.2 – Imagem por microscopia ótica mostrando fissuras que cortam tanto o agregado como a

argamassa. Nessas fissuras encontram-se películas ou filmes e poros preenchidos (P) (SILVEIRA et

al., 2006)

Figura 3.3 - Imagem por microscopia ótica mostrando as bordas da reação (B), evidenciadas através da

diferença de coloração (SILVEIRA et al., 2006)

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3.3.4 Método Osipov (Térmico)

O método Osipov (Térmico) foi desenvolvido pelo engenheiro Albert Osipov, do

Institute Hydroproject de Moscou e consiste em submeter o agregado graúdo, nas dimensões

de 20 mm a 50 mm, à temperatura de 1000ºC, durante 60 segundos. O método baseia-se na

idéia de que um agregado contendo fase mineralógica reativa, ao ser exposto à temperatura

elevada se fragmentará dando indícios de sua potencialidade expansiva, caso seja colocado

em condições propícias. Por outro lado, a não fragmentação do agregado não dá subsídios

para conclusões finais a respeito do comportamento não reativo, sendo necessário um estudo

complementar, empregando outros métodos.

A Figura 3.4 traz um exemplo de um agregado reativo ensaiado pelo método

Osipov (Térmico).

Figura 3.4 - Ensaio Térmico em material deletério (GAMINO, 2000)

3.3.5 Método Químico NBR 9774 (ABNT, 1987) e ASTM 289 (ASTM, 1997)

O Método Químico permite avaliar a reatividade potencial álcali-sílica de um

agregado por meio da relação entre a concentração de sílica dissolvida e a redução de

alcalinidade. As normas NBR 9774 (ABNT, 1987) e ASTM 289 (ASTM, 1997) prescrevem

esta metodologia. Neste método, deve ser utilizado um agregado graduado e retido na peneira

ABNT n.º 100 (0,150 mm), imergindo-o em uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 1

N, a temperatura de 80ºC por 24 horas. Após esta imersão, determina-se a sílica dissolvida

pelo método gravimétrico, ou por fotometria, e a redução de alcalinidade da solução de

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70

NaOH. Com base nestes resultados, é possível correlacioná-los por meio de um gráfico que

classifica a potencialidade do agregado estudado em três níveis: inócuo (não reativo),

potencialmente deletério e deletério (material reativo). Apesar de ser um ensaio rápido, este

método não é totalmente confiável. Portanto, seus resultados devem ser avaliados em

conjunto com outros métodos.

A Figura 3.5 mostra que com os valores obtidos nesse ensaio, é possível

classificar a potencialidade do agregado estudado em: inócuo, deletério e potencialmente

deletério.

Figura 3.5 - Comportamento dos agregados de acordo com o método químico NBR 9774 (ABNT,

1984) (HASPARYK, 1999)

Segundo a Figura 3.5, ao se correlacionar os resultados de sílica dissolvida (eixo

das abscissas) com a redução da alcalinidade (eixo das ordenadas) os agregados analisados

Agregados considerados inócuos

Agregados considerados

potencialmente deletérios

Agregados considerados

deletérios

Sílica Dissolvida (Milimoles por Litro)

Red

ução

de

Alc

alin

idad

e (M

ilim

oles

por

Litr

o)

QUARTZITO

BASALTO

700 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0

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(basalto e quartzito) se encontram em regiões delimitadas para agregados considerados como

tendo um comportamento inócuo.

3.3.6 Ensaio em barras de argamassa NBR 9773 (ABNT, 1987) e ASTM 227 (ASTM,

1997)

Ensaio bastante utilizado que tem por objetivo investigar a reação álcali-sílica a

partir da análise das variações do comprimento de barras de argamassa, sendo estas

armazenadas em recipientes hermeticamente isolados, com atmosfera saturada de vapor

d’água a 38°C. Devem ser preparadas 4 amostras com relação cimento:agregado de 1:2,25,

com dimensões de 25 mm x 25 mm x 285 mm. O cimento deve apresentar elevado

equivalente alcalino maior que 0,60%.

Após o desmolde, são realizadas leituras de comprimento das barras de argamassa

em intervalos de tempo que são de 24hs, 14 dias, 1 mês, 2 meses, 4 meses e 6 meses. Os

resultados devem ser expressos em porcentagem de expansão, obtidos pela média das 4

barras.

Expansões que excederem 0,05% aos 3 meses ou 0,10% aos 6 meses serão

consideradas excessivas, podendo ocasionar reações nocivas.

3.3.7 Ensaio Acelerado em barras de argamassa ASTM 1260 (ASTM, 2005) e ASTM

1567 (ASTM, 2004)

Desenvolvido por Oberholter em 1985 (NBRI- National Building Research

Institut South Africa), estes método utilizam as barras fundamentadas no método ASTM C-

227 e NBR 9773, sendo estas imergidas em uma solução de hidróxido de sódio (NaOH) em

uma temperatura de 80°C, por um período de 28 dias.

Devem ser moldados 3 corpos-de-prova os quais terão uma leitura diária de

expansão, sendo a do 16° dia a de referência para comparação com o valor limite. Se as

expansões forem inferiores a 0,10% no 16° dia, indentifica-se um comportamento inócuo.

Porém, se ocorrerem expansões superiores a 0,20%, uma grande possibilidade de ocorrência

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72

de expansões nocivas existirá. Se os valores ficarem compreendidos entre 0,10% e 0,20%,

sugere-se que sejam feitas investigações adicionais.

Enquanto que a ASTM 1260 (ASTM, 2005) avalia a potencialidade reativados

agregados em barras de argamassa, a ASTM 1567 (ASTM, 2004) permite a análise aos 16

dias da reatividade deletéria da combinação de materiais cimentícios e agregados em barras de

argamassa. Segundo a norma americana ASTM 1567, caso adições como a sílica ativa ou

metacaulim sejam utilizadas em substituição ao cimento portland, um aditivo redutor de água

deverá ser utilizado, quando necessário, para prover dispersão e trabalhabilidade adequada

para a mistura de forma que a consistência seja mantida na faixa de +7,5% em relação à

amostra de referência (sem adição). Para manter a relação água:aglomerante igual a 0,47, a

água do aditivo deve ser descontada.

3.3.8 Ensaio do cilindro de rocha NBR 10340 (ABNT, 1991) e ASTM 586 (ASTM, 1997)

Este método é utilizado para avaliar as características expansivas das rochas

carbonáticas. O testemunho cilíndrico deve possuir diâmetro de 9 mm e comprimento de

35mm, e sendo imerso em água destilada até ocorrer a variação mínima de comprimento (<

0,02 %). Nessa fase será realizada a primeira leitura de referência. Em seguida, a amostra é

imersa em um recipiente com solução de NaOH. Sela-se e mantém-se o conjunto em

temperatura ambiente de 23°C + 2°C. Por meio de um aparelho comparador, serão realizadas

leituras de comprimento nas idades de 7, 14, 21 e 28 dias e subseqüentes em intervalos de 4

semanas. Segundo a norma americana ASTM 586 (ASTM, 1992), expansões superiores a

0,10% são um indicativo de ocorrência RAA.

A Figura 3.6 traz um exemplo de investigação da reação álcali-carbonato em

rochas carbonáticas de acordo com a ASTM C-586, realizada por Silveira et al. (2006), no

qual foi avaliada a RAA em rochas carbonáticas. A Figura 3.6 mostra os resultados de

expansão dos testemunhos cilíndricos, encontrados por Silveira et al. (2006), de 5 rochas nas

idade de 180 e 365 dias.

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73

-0.05

0.10

0.25

0.40

0.55

0.70

0.85

1.00

1.15

1.30

1.45

1.60

Calcáriorecristalizado

Calcilutito(289)

Calcilutito(286)

Bio-calcilutitodolomítico

(290)

Bio-calcilutitodolomítico

(291)

Exp

ansã

o (%

)

180 365

Figura 3.6 - Reatividade potencial para rochas carbonáticas – Método do Cilindro de Rocha

(SILVEIRA et al., 2006).

Com base no ensaio realizado (Figura 3.6), atesta-se a potencialidade reativa pela

reação álcali-carbonato apenas para as 2 rochas de litotipo bio-calcilutito dolomítico. As

demais rochas não apresentaram taxas de expansão.

3.3.9 Método dos Prismas de Concreto ASTM 1293 (ASTM, 1997) e CSA A23.2-14A

(CSA, 1996)

3.3.9.1 Avaliação da reação álcali-sílica

Padronizado e amplamente testado no Canadá (norma CSA A23.2-14A), o

método dos prismas de concreto foi aceito em vários outros países (norma americana ASTM

1293) e é considerado como sendo um método de ensaio eficiente para prever o

comportamento de agregados em serviço.

Este método tem como norma de referência a norma americana ASTM 1293

(ASTM, 1997) e a norma canadense CSA A23.2-14A (CSA, 1996). O método permite a

avaliação da reação álcali-sílica, por meio da variação do comprimento de prismas de

concreto. Pela expansão, avalia-se a potencialidade reativa do agregado como agente na

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74

reação álcali-sílica com os íons alcalinos. Deve-se utilizar para o preparo das amostras de

concreto (3 prismas de concreto com dimensões de 75 mm x 75 mm x 285mm) um agregado

miúdo não reativo (expansões inferiores a 0,10% aos 16 dias pelo método ASTM 1260

(ASTM, 1994). O agregado graúdo, com dmáx 19mm, deve corresponder a 70% do volume

do concreto e ter frações iguais de 33% de 19 mm, 12,5 mm e 9,5mm, em peso. A relação

água/cimento (a/c) deve estar entre 0,42 e 0,45, em massa. Para aumentar o teor alcalino é

dissolvido hidróxido de sódio (NaOH) a 1N na água de mistura. A leitura que servirá de

referência deve ser feita logo após o desmolde da amostra à idade de 23,5 + 0,5 horas. Depois

disso, ela deverá permanecer em ambiente climatizado com temperatura de 38°C + 2°C. Serão

feitas leituras aos 7 dias, 28 dias, 56 dias, 3 meses, 6 meses, 9 meses e 12 meses.

Segundo a ASTM 1293 (ASTM, 1997), o agregado será considerado deletério se

ocorrer expansão superior a 0,04% após 12 meses.

3.3.9.2 Avaliação da reação álcali-carbonato ASTM C-1105 (ASTM, 1997)

Por meio da variação de prismas de concreto confeccionados com determinados

agregados dolomíticos (dolomitos calcíticos ou calcários dolomíticos), avalia-se a

potencialidade de reação de rochas carbonáticas. Os agregados e o cimento utilizados devem

ter as condições descritas no método da ASTM 1105 (ASTM, 1997).

Devem ser prepararados 6 prismas de concreto nas dimensões de 75 mm x 75 mm

x 285 mm. A dosagem deve seguir as instruções da ASTM 233 (ASTM, 1997). O desmolde

deverá ser após 24 horas de cura, em água saturada com cal, a 23°C, por no mínimo 30

minutos. Em seguida é feita a primeira leitura de referência. A próxima leitura será realizada

no 7° dia. Na seqüência, os prismas são colocados em câmara úmida, sem imersão de água,

sendo realizadas leituras aos 56 dias, 3 meses, 6 meses, 9 meses e 12 meses.

Será considerada uma expansão com potencial deletério na combinação

cimento:agregado, se ocorrerem expansões superiores a 0,015% aos 3 meses, 0,025% aos 6

meses, ou 0,030% aos 12 meses. Esses valores serão obtidos pela média das 6 amostras.

Cabe ressaltar que a Associação Canadense de Padronização (CSA) possui a

norma CSA A23.2-14A-M90 (CSA, 1996). Uma para avaliação da reação álcali-carbonato e a

outra para avaliação da expansão lenta/tardia devida à reação álcali-sílica/silicato. A ASTM

teve como referência esta norma canadense na confecção do Test Method 1293 (ASTM,

1997).

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75

3.3.10 Método dos prismas de concreto (versão acelerada)

A norma americana ASTM 1293 (ASTM, 1997) e a canadense CSA A23.2-14A

(CSA, 1996) prescrevem o método de ensaio em prisma de concreto como sendo o método de

avaliação da RAA em concretos durando 1 ano de ensaio. Porém, uma versão acelerada do

método foi elaborada por pesquisadores da França e América do Norte (Fournier et al, 2006),

executando o ensaio a 60ºC ao invés de 38ºC, tendo, o seu tempo de ensaio reduzido de um

ano para três meses, aumentando sua praticidade.

O ensaio de prismas de concreto é utilizado em diversos países como um ensaio

eficiente para analisar a reação álcali-agregado, porém sua grande desvantagem está no prazo

de execução, de um ano de duração, sendo este um prazo excessivo quando se faz necessária a

construção em menos tempo de estruturas com os materiais estudados. Sendo assim, ensaios

acelerados em prismas de concreto estão sendo desenvolvidos com o objetivo de reduzir os

prazos destes ensaios para cerca de 3 meses.

3.3.11 Microscopia eletrônica de varredura

A microscopia eletrônica de varredura (MEV) possibilita diagnosticar a RAA e

classificar os diversos tipos de géis formados pela RAA. Pode-se também identificar as

bordas de reação na interface da pasta com o agregado. E a existência de gel sílico-alcalino

disperso na argamassa, poros e nas fissuras do agregado. Primeiramente, as amostras,

argamassa ou concreto, devem passar por uma análise visual, através de uma lupa

estereoscópica, para identificar os pontos de interesse. Logo após, são analisadas pelo

Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), sendo possível correlacionar as diversas

morfologias características dos produtos encontrados e os seus produtos químicos.

O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) é um aparelho que permite a

análise de superfície de amostras espessas por meio de imagens tridimensionais. A razão

principal de sua utilização está associada a alta resolução e à grande profundidade de foco que

pode ser atingida. De acordo com os resultados encontrados utilizando a microscopia

eletrônica de varredura, pode-se concluir sobre a presença ou não de produtos com

morfologias e composições químicas características da reação álcali-agregado (HASPARYK

et al., 1997).

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76

A Figura 3.7 traz um exemplo de microscopia eletrônica de varredura, mostrando

detalhes de um gel maciço gretado revestindo o agregado graúdo.

Figura 3.7 - Gel maciço gretado revestindo o agregado graúdo – Aumento 1500x (HASPARYK et al.,

1998)

3.3.12 Determinação do Índice de Deterioração do Concreto

Baseado na metodologia desenvolvida por Grattan-Bellew e Air Danay (1992

apud HASPARYK, 1999), este método estabelece índices de deterioração do concreto através

da classificação das amostras de concreto devido aos danos provocados pela RAA. Este índice

é obtido sobre superfícies polidas do testemunho, preparadas a partir de cortes longitudinais.

Estes devem gerar em torno de 100 quadrados (áreas de 15 mm x 15 mm), que serão

examinados individualmente em microscópio estereoscópico. Em seguida, atribui-se um fator

ao número total de cada tipo de defeito, conforme Tabela 3.4. Após a soma dos resultados

obtidos através da atribuição dos pesos, calcula-se o índice de deterioração do concreto (Di).

Grattan-Bellew e Air Danay (1992 apud HASPARYK, 1999), consideram como referência

“não-reativa” um índice de deterioração com valor igual a 17.

Tabela 3.4 - Fatores de Multiplicação para o Índice de Deterioração (Grattan-Bellew e Air

Danay (1992 apud HASPARYK, 1999))

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77

TIPO DE DETERIORAÇÃO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO

Fissura no agregado 0,25

Borda de reação em torno dos agregados 0,50

Vazios revestidos ou preenchidos com gel 0,50

Fissura com gel no agregado graúdo 2,00

Fissura na pasta de cimento 2,00

Deslocamento entre a pasta e o agregado graúdo 3,00

Fissura com gel na pasta 4,00

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78

4 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O estudo sobre a influência da CCA amorfa e cristalina e da sílica ativa na reação

álcali-agregado foi dividido em quatro etapas: escolha e caracterização dos materiais

empregados, moldagem dos corpos-de-prova, realização dos ensaios de reação álcali-

agregado em barras de argamassa e em prismas de concreto e análise de íons e medidas de pH

da fase líquida dos poros em pastas de cimento. O programa proposto teve como objetivo

estudar o comportamento do agregado junto à reação álcali-agregado na presença da cinza de

casca de arroz amorfa e cristalina avaliando a sua capacidade de controlar as expansões

geradas em argamassas e concretos. Um estudo comparativo foi realizado, utilizando-se a

sílica-ativa, uma vez que este material já foi estudado para este fim e é uma adição mineral

comercial, o que não acontece com a cinza de casca de arroz (CCA).

A caracterização das matérias-primas, nesse caso, fez-se necessária para auxiliar

na interpretação dos resultados encontrados. Foram realizadas análises químicas do cimento

Portland e das adições minerais utilizadas. Na parte de caracterização física foram realizados

os ensaios de granulometria a laser da CCA amorfa e da cristalina. Finalmente obteve-se o

Índice de Atividade Pozolânica com o cimento CPI-32 e com a cal para as três adições

minerais estudadas.

4.1 VARIÁVEIS DEPENDENTES

As principais variáveis empregadas na análise das expansões em barras de

argamassa foram definidas pela variação das adições minerais empregadas em suas

composições (3 tipos de adições e mais uma situação de referência - sem adição), e peloS

diferentes teores de substituição do cimento CPI-32 por estas adições (5, 10 e 20%), sendo

então estudado um total de 10 diferentes situações. As porcentagens das adições foram

estabelecidas de tal forma que as novas composições pudessem se encaixar na nomenclatura

das normas da ABNT.

Existem no Brasil vários tipos de cimentos Portland, diferentes entre si,

principalmente em função de sua composição. Os principais tipos de cimento Portland são: o

cimento Portland comum (CP I) (atualmente não disponível comercialmente), o cimento

Portland composto (CPII), o cimento Portland de alto forno (CPIII), cimento Portland

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79

pozolânico (CPIV) e o cimento Portland de alta resistência inicial (CPV-ARI). Todos os tipos

de cimento mencionados são regidos por normas da ABNT e suas nomenclaturas são obtidas

de acordo com a composição a porcentagem do material utilizado na substituição do cimento

Portland, conforme mostra a Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Composição dos cimentos Portland comuns e compostos

Tipos de

cimento

Portland

Composição (porcentagem em massa) Norma

Brasileira Sigla Clínquer

+

Gesso

Escória granulada

de alto forno

(sigla E)

Material

pozolânico

(sigla Z)

Material

carbonático

(sigla F)

Comum CPI 100 - NBR - 5732

CPI-S 99 - 95 1-5

Composto CPII-E 94 - 56 6 -34 - 0 - 10 NBR- 11578

CPII-Z 94 -76 - 6 -14 0 - 10

CPII-F 94 -90 - - 6 - 10

Alto Forno CPIII 62 - 25 35 - 70 - 0 - 5 NBR - 5735

Pozolânico CPIV 85 - 45 - 15 - 50 0 - 5 NBR - 5736

Alta

Resistência

Inicial

CPV -

ARI

100 - 95 - - 0 - 5 NBR - 5733

4.1.1 Análise da expansão acelerada em barras de argamassa

Considerando, portanto, essas condições experimentais apresentadas, têm-se um total

de 10 diferentes argamassas de estudo e análise, conforme se vê no fluxograma da Figura 4.1.

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80

Figura 4.1 – Esquema mostrando o número de corpos-de-prova usados na análise das expansões em

barras de argamassa

Os corpos-de-prova foram moldados de acordo com as indicações da norma da

ASTM 1567 (ASTM, 2004), ou seja, em barras prismáticas de (25 X 25 X 285)mm. Foram

moldados três corpos-de-prova pra cada situação, conforme especificado no método. Desta

forma, esta parte do programa experimental contou com um total de 30 corpos-de-prova. Cabe

ressaltar que o “ensaio de reatividade” foi levado até a idade de 30 dias, apesar da norma

estipular a idade de 16 dias, com o objetivo de minimizar qualquer comportamento indefinido

de algumas combinações estudadas.

4.1.2 Análise de expansão em prismas de concreto

Para se avaliar o comportamento da CCA amorfa e cristalina em concreto, uma

versão acelerada do teste com prisma de concreto (ASTM 1293), executado com uma

temperatura de 60ºC foi utilizada. As duas cinzas substituíram o cimento Portland, em massa,

Referência sem

Substituição

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Amorfa

5% 20% 5% 10% 20% 10%

Cimento CPI-32

Agregado (Quartzito)

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Cristalina

Substituição por Sílica Ativa

5% 10% 20%

30 barras de argamassa

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81

nos teores de 0% e 10%. Sendo assim, neste ensaio, as variáveis de estudo foram definidas

pela variação das adições minerais empregadas (CCA amorfa e CCA cristalina e Referência –

sem adições) e os diferentes teores de substituição do cimento CPI-32 por estas adições (0

e10%), sendo então estudado um total de 3 diferentes concretos, conforme se vê no

fluxograma da Figura 4.2.

Figura 4.2 – Esquema da metodologia experimental referente à análise das expansões em prismas de

concreto

4.1.3 Análise de íons e medidas de pH

Para a análise de íons e medidas de pH da fase líquida dos poros da pasta dos

aglomerantes foram moldados corpos-de-prova cilíndricos de pasta de cimento com 40 mm

diâmetro e 80 mm altura, com substituição parcial da massa de cimento, nas porcentagens de

5%, 10% e 20% por cinza de casca de arroz amorfa e cristalina, além da amostra de referência

(sem adição).

Neste ensaio os corpos-de-prova foram dosados em pasta de cimento, formando

sete diferentes pastas. Cada pasta foi analisada em 4 idades diferentes (1, 7, 28 e 91 dias).

A Figura 4.3 detalha os diversos tipos de corpos-de-prova empregados no método

da análise de íons e medidas de pH da fase líquida dos poros, sendo este o terceiro ensaio

realizado dentro da metodologia experimental.

Referência sem Substituição

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Amorfa (10%)

Cimento CPI-32

Agregado (Quartzito)

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Cristalina (10%)

9 corpos-de-prova (prismas de concreto)

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Figura 4.3 – Esquema da metodologia experimental referente a análise de íons e medidas de pH da

fase líquida dos poros

4.2 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a moldagem dos corpos-de-prova de concreto, argamassa e pasta foram

utilizados os seguintes materiais:

● Cimento Portland CP I-32: conforme nomenclatura e especificação da NBR

5732 (ABNT, 1991), sem adições.

● Agregado miúdo: para os ensaios referentes aos prismas de concreto, o

agregado miúdo escolhido foi a areia natural padrão do Rio Tietê. Esta areia foi constituída a

partir de peneiras de número 16 (32,2%), de número 30 (25,4%), de número 50 (22,1%) e pela

peneira de número 100 (20,3%), constituindo um agregado miúdo de módulo de finura igual a

2,69, apresentando-se dentro do intervalo de 2,7 + 0,2, prescrito na ASTM 1293 (ASTM,

1997). Este agregado foi previamente ensaiado pela ASTM C-1260 (ASTM, 1997), sendo

verificado, na idade de 16 dias, expansões inferiores a 0,10 % (Anexo A), uma vez que a

ASTM C-1293 exige um agregado miúdo não reativo para que não haja interferências na

avaliação do agregado graúdo (quartzito).

● Agregado graúdo: a dimensão máxima do agregado graúdo utilizado nos

prismas de concreto foi de 19 mm, sendo dividido nas proporções de 1/3 com tamanho entre

19 e 12,5mm, 1/3 entre 12,5 e 9,5mm e 1/3 entre 9,5 e 4,75mm, segundo recomendações da

Referência sem

Substituição

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Amorfa

5% 20% 5% 10% 20% 10%

Cimento CPI-32

Substituição por Cinza de Casca de Arroz Cristalina

35 corpos-de-prova cilíndricos (pastas de cimento)

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norma ASTM C-1293. O agregado conhecidamente reativo utilizado foi o quartzito reativo

procedente da UHE Furnas, contendo como minerais reativos os cristais de quartzo estirados

(HASPARYK, 2005)

O quartzito é uma rocha de natureza metamórfica, apresentando-se com

coloração creme acinzentado e com estrutura foliada no exame macroscópico. Através das

investigações microscópicas, por microscopia ótica por luz transmitida a composição

mineralógica estimada do quartzito foi de 90% de quartzo, 5 a 10% de muscovita e menos de

5% de minerais opacos (Hasparyk, 2005).

Em agregados de rochas “granitóides” ou em agregados quartzíticos como o

utilizado neste estudo, a principal fase reativa, responsável pela reação álcali-silicato é o

quartzo deformado e cominuído (RODRIGUES et al., 1997).

● Álcalis: utilizou-se hidróxido de sódio (NaOH) para elevar o teor de álcalis do

cimento que era inicialmente de 0,62% (álcalis solúveis), para 1,25%, conforme especificado

pela norma ASTM C-1293.

● Adições minerais:

- Cinza de casca de arroz amorfa e cristalina, procedentes da mesma origem

(Estado de Goiás):

a) Cinza de casca de arroz amorfa (CCA A): esta cinza foi obtida pelo processo de

queima controlada da casca de arroz, sendo em seguida submetida a um processo

de moagem com o objetivo de diminuir o seu tamanho para aproximadamente

5,6µm.

b) Cinza de casca de arroz cristalina (CCA C): esta cinza foi obtida pelo processo

de queima a céu aberto, sem controle de tempo e temperatura de queima, sendo em

seguida submetida, também, a um processo de moagem com o objetivo de se

conseguir a mesma granulometria da CCA A (5,6µm).

c) Sílica ativa: adição mineral comercial, utilizada por ser uma adição

conhecidamente eficaz no controle da reação álcali-agregado.

● Aditivo: para a moldagem das argamassas e concretos na presença das CCAs,

foi empregado um único tipo de aditivo nesta pesquisa, a saber: aditivo superplastificante de

pega normal à base de melamina sulfonada. Sua dosagem recomendada pelo fabricante situa-

se entre 0,6 e 3,0% sobre o peso do cimento Portland e seu teor de sólidos é igual a 36%.

As Tabelas 4.2, 4.3 e 4.4 e as Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 a seguir, apresentam as

principais características e propriedades destes materiais, obtidos nos ensaios de

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84

caracterização realizados pelo Departamento de Apoio e Controle Técnico de Furnas Centrais

Elétricas S.A.

Tabela 4.2 - Caracterização do cimento Portland

Propriedades determinadas CPI-32

Valor (%)

Limites NBR 5732

(ABNT, 1991)

Dióxido de sílicio (SiO2) 19,81 -

Óxido de alumínio (Al2O3) 5,27 -

Óxido de ferro (Fe2O3) 2,87 -

Óxido de cálcio (CaO) 60,38 -

Óxido de magnésio (MgO) 6,49 ≤6,5

Trióxido de enxofre (SO3) 2,68 ≤4,0

Óxido de cálcio livre (CaO) 1,80 -

Óxido de sódio (Na2O) 0,25 -

Álcalis Óxido de potássio (K2O) 0,70 -

Totais Equivalente alcalino (Na2Oeq) (* ) 0,70 -

Óxido de sódio (Na2O) 0,17 --

Álcalis Óxido de potássio (K2O) 0,69 -

Solúveis Equivalente alcalino (Na2Oeq) (* ) 0,62 -

Sulfato de cálcio (CaSO4) 4,56 -

Perda ao fogo 1,36 ≤2,0

Resíduo insolúvel 1,32 ≤1,0

NOTA: (* ) Na2Oeq = %Na2O + 0,658%K2O

Tabela 4.3 - Caracterização química da CCA A, CCA C e SA.

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85

Propriedades determinadas CCA A

(%)

CCA C

(%)

SA

(%)

Dióxido de sílicio (SiO2) 84,37 88,50 91,68

Óxido de alumínio (Al2O3) 0,07 0,03 0,18

Óxido de ferro (Fe2O3) 0,76 1,68 0,18

Óxido de cálcio (CaO) 0,53 0,88 0,56

Óxido de magnésio (MgO) 0,10 0,11 0,46

Óxido de sódio (Na2O) 0,10 0,13 0,27

Álcalis Óxido de potássio (K2O) 2,28 1,93 1,17

Totais Equivalente alcalino (Na2Oeq) (* ) 1,60 1,39 1,05

Óxido de sódio (Na2O) 0,05 0,05 nd

Álcalis Óxido de potássio (K2O) 1,20 1,88 nd

Dispo-

-níveis Equivalente alcalino (Na2Oeq) (* ) 0,84 1,29 nd

Perda ao fogo 10,63 5,44 3,03

Resíduo Insolúvel 85,37 91,87 nd

NOTA: (* ) Na2Oeq = %Na2O + 0,658%K2O

nd - não disponível

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86

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,001 0,01 0,1

Diâmetro das Partículas (mm)

Por

cent

agem

Pas

sant

e (%

) CCA CristalinaCCA Amorfa

Figura 4.4 - Distribuição granulométrica a laser da CCA amorfa e cristalina

Tabela 4.4 - Caracterização física e Índice de Atividade Pozolânica das adições

Propriedades CCA A CCA C SA Limites

Atividade pozolânica com cimento CPI-32 – 28 dias (%)

124,4 133,4 115,8 NBR 12653

(ABNT, 1992) ≥75

Atividade pozolânica com a cal 7 dias (MPa)

12,6 7,6 7,4 NBR 12653

(ABNT, 1992) ≥6,0

Massa específica (g/cm³) 2,12 2,22 2,20 - Diâmetro abaixo do qual encontram-se 10%

das partículas (µm) 1,26 1,18 nd -

Diâmetro abaixo do qual encontram-se 90% das partículas (µm )

17,96 17,46 nd -

Diâmetro médio(µm ) 5,58 5,59 nd - nd - não disponível

As Figuras 4.5 e 4.6 apresentam os difratogramas realizados para as CCAs amorfa

e cristalina. O difratômetro utilizado foi da marca DIFRAC PLUS D5000, da SIEMENS.

Os resultados da difração mostraram a presença da cristobalita tanto na cinza

amorfa quanto na cristalina, porém a quantidade de cristobalita encontrada na CCA amorfa é

muito pequena. Os gráficos das difrações de Raios-X foram colocados em escalas diferentes

com o objetivo de se visualizar os picos formados na CCA amorfa.

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87

CCA Reg 1.1823.2006L

in (

Co

unts

)

0

100

200

300

400

2-T heta - Scale

3 10 2 0 30 40 50 60

4,5

317

4,0

551

3,4

378

3,33

46

3,21

83

2,83

37

2,0

958

2,0

598

1,9

012

1,7

312

1,7

094

1,6

938

2,4

928

4,23

60

Figura 4.5 - Análise por difração de Raios X da amostra referente CCA amorfa

CCA Cristalina - Reg. 1.1822.2006

Lin

(Cou

nts)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

2-Theta - Scale

3 10 20 30 40 50 60 70

3,13

67

2,84

55

2,4

840

2,1

155

2,0

247

1,9

303

1,87

22

1,6

886

1,6

114

1,5

331

1,49

67

1,4

320

1,3

655

4,0478

Figura 4.6 - Análise por difração de Raios X da amostra referente CCA cristalina

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88

4.3 MÉTODOS

A seguir serão descritos os diversos métodos utilizados na metodologia

experimental.

4.3.1 Ensaio acelerado de expansão em barras de argamassa

Para se determinar o potencial de reatividade da reação álcali-agregado, utilizou-

se o método acelerado de barras de argamassa ASTM C-1260 (2005) e ASTM C-1567 (2004).

Este método permite a análise, aos 16 dias, da reatividade deletéria da combinação de

materiais cimentícios e agregados na forma de barras de argamassa, sendo os materiais

cimentícios compostos por diferentes proporções de cimento Portland, pozolanas e/ou escória

granulada de alto-forno.

O presente método representa uma forma de se avaliar a capacidade das pozolanas

e da escória de alto-forno em controlar expansões internas, resultantes da reação álcali-

agregado, quando se utiliza um agregado conhecidamente reativo. Os resultados obtidos com

este método podem superestimar a reatividade de alguns agregados, se usados em serviço com

a mesma pozolana ou escória granulada de alto-forno e com um cimento portland com baixos

teores de álcalis.

As argamassas com as adições foram moldadas com uma relação aglomerante:

agregado de 1: 2,25 (em massa), com uma consistência mantida em + 7,5%, em relação à

amostra de referência (sem adição).

Neste estudo, além da sílica ativa utilizou-se também a CCA amorfa e cristalina,

que apesar de não serem citados pela norma, foram neste estudo consideradas como sendo

adições equivalentes à sílica ativa e ao metacaulim, por serem finamente moídas e possuir

atividade pozolânica. Portanto foi utilizado aditivo redutor de água na moldagem dos corpos-

de-prova com substituição de CCA amorfa e cristalina.

O agregado quartzito foi preparado seguindo as frações granulométricas descritas

no método de ensaio acelerado, na forma de areia artificial.

As barras de argamassa moldadas permaneceram em seus moldes por 24 horas em

câmara úmida. Após este período, as barras foram desmoldadas e imersas em recipientes com

água a 80ºC, durante 24 horas. Em seguida, foi realizada a medida zero (primeira leitura de

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89

comprimento da barra de argamassa), sendo que após esta leitura as barras de argamassa

foram imersas em solução de 1N de hidróxido de sódio (NaOH), à temperatura de 80ºC, e as

medidas foram realizadas por 16 dias. Porém, levou-se o ensaio até a idade de 30 dias, a fim

de evitar qualquer modificação de comportamento do agregado analisado.

O agregado quartzito foi preparado seguindo as frações granulométricas descritas

no método de ensaio da ASTM 1567 (2004). A CCA amorfa e cristalina e a sílica ativa foram

utilizadas em substituição à massa de cimento Portland nos teores de 0%, 5%, 10% e 20%.

4.3.2 Microscopia estereoscópica

Com o término do ensaio de expansão das barras de argamassa, as mesmas foram

fragmentadas para que pudessem ser analisadas as suas superfícies internas, as estruturas dos

poros, as interfaces agregado/pasta e também a presença de produto da reação álcali-

agregado. O microscópio estereoscópico utilizado foi um MST 131 fabricado pela PZO

WARSZAWA. As ampliações utilizadas nas análises foram de 6,3 a 40 vezes, sendo que os

fragmentos utilizados nas análises foram primeiramente selecionados através de uma análise

visual.

4.3.3 Ensaios de expansão em prismas de Concreto

A norma americana ASTM C 1293 (2001) prescreve o método de ensaio em

prisma de concreto para avaliar a reatividade de agregados junto à reação álcali-agregado,

durando 1 ano de ensaio. Porém, uma versão acelerada do método foi elaborada por

pesquisadores da França e América do Norte (FOURNIER et al. 2006), executando o ensaio a

60ºC ao invés de 38ºC, de forma a reduzir o tempo de ensaio de um ano para três meses,

aumentando a sua praticidade.

Com base no exposto, prismas de concreto foram moldados seguindo os

parâmetros da ASTM 1293 (2001), porém adaptando-se a versão acelerada. Primeiramente foi

calculada a quantidade de hidróxido de sódio a ser adicionada na água destinada ao traço do

concreto, para que se obtivesse um total de Na2O equivalente igual a 1,25% na massa de

cimento Portland. Este valor é proposto por norma de forma a acelerar o processo de

expansão devido a RAA. Por exemplo, em um concreto com consumo de cimento igual a 420

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90

kg/m³, a quantidade de álcalis necessária para se ter um nível de Na2O equivalente igual a

1,25% seria de 5,25 kg/m³.

Para se avaliar reatividade do agregado graúdo, como foi o caso deste trabalho, se

faz necessário o uso de um agregado miúdo não reativo. Um agregado miúdo não reativo

pode ser definido como aquele que desenvolve expansões no método de barras de argamassa

(ASTM 1260) menores que 0,10% aos 16 dias. É especificado também que o módulo de

finura do agregado miúdo se situe no intervalo de 2,5 a 2,9.

O consumo de cimento no traço deve ser controlado para que fique entre (420 +

10) kg/m³, sendo que o volume de agregado graúdo deverá ser igual a (70 + 2)% e a relação

água/aglomerante entre 0,42 e 0,45, em massa. As adições minerais empregadas nos prismas

de concreto foram a CCA amorfa e cristalina e mais uma situação de referência (sem adições),

sendo o teor de substituição do cimento CPI-32 por estas adições igual a 10%. Foi empregado

um aditivo superplastificante a base de melamina sulfonada no teor fixo de 1% de forma a

garantir a trabalhabilidade dos concretos e a dispersão das adições.

Neste estudo, apesar dos diversos limites encontrados na literatura para se avaliar

a RAA em prismas de concreto na versão acelerada, foram utilizados os limites propostos por

Ranc e Debray (1992), sendo aceitas expansões até 0,015% em 4 semanas ou 0,08% em 8

semanas.

A Tabela 4.5 mostra os limites propostos em estudos recentes para o método

acelerado de prisma de concreto.

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91

Tabela 4.5 - Expansões limites para o ensaio acelerado (60ºC) do teste em prisma de concreto - TPC

(FOURNIER, 2004)

Autores Ref. comparação (TPC) Limite proposto a 60ºC

Ranc e Debray

(1992)

0,04% de expansão aos 8

meses (38ºC)

0,015% em 4 semanas ou 0,08% em 8

semanas

Bolotte (1992) 0,04% de expansão aos 8

meses (38ºC) 0,024% em 8 semanas

Murdock e

Blanchette (1992)

0,04% de expansão aos

12 meses (38ºC)

0,02% em 8 semanas ou 0,03% em 13

semanas

De Grosbosis e

Fontaine (2000)

0,04% de expansão aos 8

meses (38ºC)

0,04% em 13 semanas para agregados

carbonáticos e sedimentares

Touma et al (2001) 0,04% de expansão aos 8

meses (38ºC) 0,04% em 13 semanas.

4.3.4 Análise de íons e medidas de pH da fase líquida dos poros em pastas de cimento

Esta análise foi baseada no dispositivo extrator da fase líquida, equipamento

similar ao divulgado por Longuet et al. (1973) e Barneyback et al. (1981).

O estudo da fase líquida nos poros das pastas de cimento se faz útil por ajudar a

entender o mecanismo das reações que ocorrem durante a hidratação do cimento, podendo

influenciar decisivamente na reação álcali-agregado.

Para a realização de ensaios de extração da fase líquida dos poros da pasta de

cimento no Laboratório de Furnas Centrais Elétricas S.A., foi desenvolvido um equipamento

baseado no equipamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na tese de

doutorado de Kulakowski (2002).

Nas Figuras 4.7 e 4.8 tem-se o aparelho elaborado por Furnas onde foram

colocadas alças para carregar o equipamento. A falta destas alças dificulta a manipulação do

equipamento. Segundo Kulakowski (2002), o manuseio e preparação do equipamento são

extremamente difíceis, devido, principalmente, ao seu peso relativamente alto e ao encaixe de

suas peças que exigem grande precisão.

A proposta de realização dos ensaios se baseia na retirada e na análise da fase

líquida dos corpos-de-prova cilíndricos de pasta de cimento de 4cm de diâmetro e 8cm de

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92

altura, com relação água/aglomerante igual a 0,65 e com cimento CPI-32 sem substituição e

com substituição do cimento por cinza de casca de arroz amorfa e cristalina nos teores de 0%,

5%, 10% e 20%, totalizando 7 diferentes pastas.

Em seguida, eles foram armazenados em câmara úmida até a idade do ensaio,

sendo revestidos com plástico para inibir a carbonatação e evitar que o corpo-de-prova

perdesse parte de sua água para o meio por evaporação.

Figura 4.7 - Aparelho utilizado na extração da fase líquida

Figura 4.8 - Aparelho utilizado na extração da fase líquida e êmbolo de compressão.

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93

Para a extração da fase aquosa, os corpos-de-prova devem ser secos

superficialmente para evitar contaminação de alguma água externa e, em seguida, deve-se

utilizar uma vaselina líquida para lubrificar as laterais deste corpo-de-prova, facilitando a sua

entrada no êmbolo. Deve-se, ainda, posicionar uma placa de teflon entre a parte inferior do

êmbolo de compressão e a parte superior do corpo-de-prova, uniformizando o atrito entre o

corpo-de-prova e o aparelho extrator.

O armazenamento da fase líquida é realizado na própria seringa (detalhe no

Anexo B) em que foi extraída a fase líquida tentando, assim, minimizar os efeitos da

carbonatação. Ao final de cada ensaio, o canal para extração deve ser limpo com água

deionizada para evitar qualquer tipo de contaminação.

As análises dos teores de íons das amostras coletadas foram realizadas no

Laboratório de Absorção Atômica de Furnas Centrais Elétricas S.A. O aparelho empregado

foi um Perkin Elmer 703 – Atomic Absorption Spectrophotometer. Os procedimentos

adotados para realização das análises são descritos na seqüência.

Após a coleta, as amostras foram imediatamente transferidas das seringas para

recipientes, devidamente esterilizados, sem ocorrer contato com o ar para não carbonatar a

solução altamente alcalina. O tamanho do recipiente para armazenagem das amostras deve ser

o menor possível para conter o volume extraído, de modo que não fique ar no seu interior. Em

seguida, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Absorção Atômica para a

realização das diluições. Na seqüência, as amostras foram armazenadas em baixas

temperaturas até o momento das análises.

Para a calibração das curvas de concentração foram utilizados padrões com

diferentes concentrações. Cada leitura corresponde a uma média de três pontos determinados

na curva de calibração.

As medidas de pH das amostras foram realizadas pelo método potenciométrico,

onde foi empregado um eletrodo de vidro combinado com eletrodo de prata/cloreto e um

voltímetro eletrônico. As medidas foram realizadas imediatamente após a extração da fase

líquida dos poros. No método potenciométrico, o equipamento foi calibrado a cada medida. A

calibração empregou solução tampão com pH de 10 e 14. A primeira medida de cada amostra

foi realizada calibrando-se o equipamento primeiro com a solução de pH 10 e depois com a

solução de pH 14. Na segunda medida, o aparelho foi calibrado primeiro com solução tampão

de pH 14 e depois com solução tampão de pH 10. Cada leitura corresponde a duas medidas.

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94

Os corpos-de-prova moldados para os ensaios de análise de íons e medidas de pH

da fase líquida dos poros são de pasta de cimento. Com a relação água/aglomerante de 0,65,

uma vez que, se fossem utilizados relações menores de água/aglomerante, a quantidade de

líquido extraída nos corpos-de-prova com substituições altas de cinza de casca de arroz nas

idades maiores seria insuficiente para as análises necessárias, sendo que a quantidade mínima

da fase líquida dos poros ficou determinada em 6ml.

Em todas as dosagens realizadas foram utilizadas balanças aferidas com precisão

de duas casas decimais e pratos de aço inox foram empregados como padrão na colocação dos

materiais sobre as balanças (Anexo B).

As substituições, tanto da cinza e casca de arroz cristalina quanto da amorfa foram

feitas em relação à massa de cimento, nas quantidades de 0%, 5%, 10% e 20%. A moldagem

foi realizada em uma única camada. Os corpos-de-prova foram mantidos durante 24 h em

câmara úmida até a desmoldagem e foram mantidos nesta condição até a idade do ensaio.

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95

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo descreve os resultados obtidos no programa experimental.

5.1 ENSAIO ACELERADO DE EXPANSÃO EM BARRAS DE

ARGAMASSA

A Figura 5.1 apresenta as expansões médias até 30 dias, obtidas nos corpos-de-

prova de argamassa com as CCAs amorfa e cristalina, sílica ativa e referência (sem adição),

onde o agregado miúdo usado foi um quartzito.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

0 5 10 15 20 25 30

Idade (dia)

Exp

ansã

o (%

)

Referência5% CCA A10% CCA A20% CCA A5% CCA C10% CCA C20% CCA C5% SA10% SA20% SA

Limite de 0,10% aos 16 dias

2,08% aos 10 dias20% CCA A

Figura 5.1 - Expansões médias das barras de argamassa contendo as adições (método acelerado da

barra de argamassa) até 30 dias de idade

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96

A ASTM C-1567 (2004) interpreta os resultados deste método por meio do

seguinte limite de expansão: combinações de cimento, pozolana ou escória de alto-forno com

agregado miúdo que expande menos do que 0,10% aos 16 dias será considerada uma

combinação com menores riscos a expansões deletérias quando utilizada em concretos sobre

as mesmas condições. Porém, se essas combinações apresentarem expansões maiores que

0,10% aos 16 dias, será um indicativo de expansão potencialmente deletéria. Entretanto, de

acordo com as recomendações da norma, o potencial reativo da reação deverá ser confirmado

testando-se a mesma combinação em concreto segundo a ASTM C-1293 (2001).

Em relação ao comportamento das cinzas, a argamassa contendo 20% de cinza de

casca de arroz cristalina apresentou um comportamento mais eficiente aos 16 dias, com 0,08%

de expansão média nesta idade. Os outros teores de substituição, inclusive a argamassa de

referência, demonstraram comportamento potencialmente deletério. Apesar do

comportamento potencialmente deletério, a argamassa moldada com 10% de cinza de casca

de arroz cristalina reduziu as expansões deletérias causadas pela reação álcali-agregado,

quando comparadas à argamassa de referência, demonstrando o potencial de redução da

expansão que esta adição possui. As argamassas com cinza de casca de arroz amorfa não se

mostraram eficazes no controle da reação álcali-agregado, pois seus valores de expansão

média foram maiores que a argamassa referência (sem adição) tanto aos 16 quanto aos 30

dias. O teor de 5% de CCA C apresentou praticamente o mesmo nível de expansão quando

comparado ao referência, mostrando-se insuficiente no controle da RAA. A sílica ativa

apresentou comportamento similar ao da CCA C, embora com um melhor desempenho na

redução das expansões.

As barras de argamassa dosadas com CCA A apresentaram um comportamento

inesperado com relação aos encontrados na literatura. A CCA A é uma cinza com tempo e

temperatura de queima controladas. Suas partículas possuem a característica de serem

altamente reativas (atividade pozolânica) e, consequentemente, reagirem rapidamente com os

hidróxidos de cálcio, formando silicatos de cálcio hidratados (C-S-H) (SENSALE, 2000).

Desta forma, esperava-se que a CCA amorfa apresentasse um melhor desempenho na

mitigação das expansões com relação à reação álcali-agregado do que a cinza de casca de

arroz cristalina, em virtude de sua maior pozolanicidade. Porém, as argamassas com 5 e 10%

de cinza amorfa demonstraram expansões maiores do que as expansões da argamassa

referência (sem adição) e a argamassa com 20% de CCA amorfa mostrou o pior

comportamento, com um nível expressivo de expansão (2,08% já aos 10 dias). Neste estudo, o

teor de substituição de 20% de CCA A, ao invés de mitigar as expansões, acelerou-as, não

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97

sendo possível avaliar as expansões das barras de argamassa após 10 dias de ensaio uma vez

que as barras se fragmentaram por completo.

As Figuras 5.2 e 5.3 mostram, respectivamente, o potencial de redução das

expansões das adições utilizadas, nas idades de 16 e 30 dias, em relação à barra de argamassa

referência (sem adição).

As Figuras 5.4 e 5.5 mostram as fissuras ocorridas nas barras de argamassa com

20% de CCA A aos 10 dias de ensaio.

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

5 10 20

Teores de adição (%)

Pot

enci

al d

e re

duçã

o da

s ex

pans

ões

aos

16 d

ias

(%)

SA

CCA C

CCA A

Figura 5.2 – Potencial de redução das expansões aos 16 dias, com base na barra de argamassa de

referência

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98

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

5 10 20

Teores de adição (%)

Pot

enci

al d

e re

duçã

o da

s ex

pans

ões

aos

30 d

ias

(%)

SA

CCA C

CCA A

Figura 5.3 – Potencial de redução das expansões aos 30 dias, com base na barra de argamassa de

referência

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99

Figura 5.4 - Fissuras ocorridas na barra com 20% de CCA A aos 10 dias (barras úmidas)

Figura 5.5 - Fissuras ocorridas na barra com 20% de CCA A aos 10 dias

Conforme mostrado na Figura 5.2, somente a sílica ativa e a CCA cristalina foram

capazes de reduzir consideravelmente as expansões apresentadas pela argamassa de

referência, enquanto que na presença da cinza de casca de arroz amorfa as expansões

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100

excederam àquelas encontradas na amostra referência (sem adição), sendo representadas nas

figuras pelos valores negativos de redução das expansões. Os valores referentes às expansões

das barras de argamassa com 20% de CCA A aos 16 dias não foram possíveis de serem

avaliados em virtude da fragmentação das barras de argamassa aos 10 dias.

Outra análise importante foi feita pela microscopia estereoscópica, onde

comprovou-se a formação de grumos, ou aglomerados de CCA amorfa, na barra de argamassa

com 20% de substituição. A parte central destas barras mostrou uma coloração escura,

concentrada em seu interior. Esta coloração é característica da CCA, mostrando que este teor

de substituição apresenta problemas de dispersão inadequada das partículas de cinza. Todas as

outras barras também foram analisadas e não apresentaram este comportamento. A Figura 5.6

mostra uma comparação entre o interior da barra com 20% de CCA amorfa e da barra com

20% de CCA cristalina. Esta porcentagem foi escolhida como porcentagem de comparação

por se considerar 20% o teor mais crítico para uma possível má dispersão tanto da CCA

amorfa quanto da cristalina.

Possivelmente, esta formação de aglomeração de CCA A no interior da barra de

argamassa foi a responsável pela grande expansão e fissuração encontrada com 20% de

substituição, uma vez que os grumos formados podem ter intensificado a reação álcali-

agregado, funcionando como um agregado reativo ao invés de mitigar a reação como uma

adição pozolânica.

Figura 5.6 - Barras de argamassa com 20% de CCA amorfa e cristalina, após o ensaio de expansão

(ASTM 1567)

Diamond (1998) já indicava que a sílica ativa, por exemplo, apesar de poder

mitigar a reação álcali-sílica, pode também induzí-la em alguns casos (ACI Committee 221

1998). Adições muito finas, como a sílica ativa, são propensas a se aglomerarem. Estas

20% CCA C 20% CCA A

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101

aglomerações formam grãos não dispersos de tamanhos que podem variar entre 40 a 800 µm

(ou acima de 3000 µm), reagindo com os álcalis do cimento exatamente como um agregado

reativo (MALVAR et al., 2002).

5.2 ENSAIOS DE EXPANSÃO EM PRISMAS DE CONCRETO

O comportamento dos prismas de concreto pode ser observado na Figura 5.7,

onde são apresentadas as expansões médias obtidas no método acelerado do ensaio adaptado a

partir da ASTM 1293, até a idade de 180 dias (6 meses).

Com base na ASTM 1293 (ASTM, 1997), se o método fosse seguido na íntegra,

um agregado pode ser considerado potencialmente reativo se apresentar uma média de

expansão a partir dos três prismas de concreto moldados, maior ou igual a 0,04% com um ano

de ensaio. Segundo Fournier et al. (2004), diversas são as sugestões para os limites de

expansão fazendo uso do método dos prismas de concreto, na versão acelerada. Um dos

limites sugeridos é exatamente o limite proposto pela norma americana ASTM 1293, de

0,04% (TOUMA et al., 2001 apud FOURNIER, 2004), com o tempo de ensaio reduzido de 1

ano para 13 semanas, na versão acelerada a 60ºC. Outros pesquisadores apresentam diferentes

limites e idades de avaliação como, por exemplo, 0,015% em 4 semanas, 0,024 a 0,08% em 8

semanas e 0,025 a 0,04% em 13 semanas (FOURNIER, 2004).

Os valores das expansões médias encontradas para todas as substituições

realizadas (10% de CCA amorfa e 10% de CCA cristalina) e também para o prisma de

concreto de referência (sem adição) pelo método ASTM 1293 modificado, na idade de 7 dias,

apresentam-se elevados e superiores a 0,04%.

De qualquer forma, na presença das duas adições (cinza de casca de arroz amorfa

e cristalina) as expansões puderam ser reduzidas em relação ao referência. É interessante

também observar, a partir da Figura 5.7, que as expansões crescem de forma significativa nas

primeiras idades de ensaio e em aproximadamente 90 dias parecem tender a uma

estabilização, ou seja, não se observou crescimento das mesmas a partir desta idade até os 180

dias de ensaio, apesar de algumas oscilações observadas.

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102

0,000

0,040

0,080

0,120

0,160

0,200

0,240

0,280

0 30 60 90 120 150 180

Idade (dias)

Exp

ansã

o (%

)

Referência

10% CCA Amorfa

10% CCA Cristalina

Limite Proposto (Touma et al, 2001)(0,04% - 1 3 semanas)

Limite Mínimo Proposto (Ranc e Debray, 1992) (0,015% - 4 Semanas)

Limite Máximo Proposto (Ranc e Debray, 1992) (0,08% - 8 Semanas)

Figura 5.7 – Resultados do ensaio de expansão acelerada de prismas de concreto a 60ºC (adaptado a

partir da ASTM 1293)

Nota-se que as adições utilizadas nos teores de 10% não foram capazes de inibir

todo o potencial reativo do agregado utilizado (quartzito), porém a cinza de casca de arroz

cristalina se mostrou mais eficaz no controle à reação álcali-agregado durante todo o ensaio.

Ao final do ensaio a diferença de expansão entre a CCA cristalina e a amorfa foi de 0,015%,

demonstrando que apesar da CCA amorfa ter diminuído os teores de expansão, quando

comparada ao prisma de concreto de referência, o seu poder de controle da reação álcali-

agregado se mostrou menor do que a CCA cristalina. Sendo estes resultados contrários aos

esperados, uma vez que de acordo coma literatura pesquisada, a CCA amorfa deveria

controlar a RAA melhor do que a CCA cristalina, por ser uma adição mais reativa.

Conforme o gráfico comparativo da Figura 5.8, apesar de não ter inibido a reação

álcali-agregado, a cinza de casca de arroz cristalina foi capaz de reduzir as expansões

apresentadas pelo prisma de concreto de referência em até 71% (180 dias de ensaio), enquanto

que a cinza de casca de arroz amorfa reduziu 64% das expansões na mesma idade. Apesar das

duas substituições terem atingido valores muito próximos de redução das expansões nas

idades analisadas, a adição de CCA cristalina no teor de 10% apresentou eficiência sempre

superior à CCA amorfa.

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103

Outra observação importante a ser destacada é a manutenção da eficiência das

adições na evolução do ensaio da reação álcali-agregado, desde as primeiras idades até as

idades mais avançadas.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

7 84 180

Idade (dias)

Pot

enci

al d

e re

duçã

o da

s ex

pans

ões

com

ba

se n

o co

ncre

to re

ferê

ncia

(%)

10% CCA Cristalina 10% CCA Amorfa

Figura 5.8 – Potencial de redução das expansões aos 7, 84 e 180 dias das CCAs em relação ao prisma

de concreto de referência

Na Tabela 5.1 são apresentados os resultados das expansões médias referentes aos

primas de concreto com e sem adições de CCAs aos 7 e 180 dias de ensaio.

Tabela 5.1 - Resultados do ensaio de expansão acelerado em prismas de concreto aos 7 e 180 dias de

ensaio

Idade EXPANSÂO (%)

Referência 10% CCA Amorfa 10% CCA Cristalina

07 dias 0,08 0,06 0,05

180 dias 0,22 0,08 0,06

31%

42%

67%

58%

71%

64%

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104

Apesar das expansões serem analisadas em diferentes idades no ensaio acelerado

em prisma de concreto, este ensaio foi levado até a idade de 180 dias (6 meses), possibilitando

assim uma melhor análise do comportamento das adições em idades avançadas.

5.3 CORRELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS

Na Tabela 5.2 são apresentados os resultados das expansões médias em barras de

argamassa e em prismas de concreto com alguns limites propostos.

Tabela 5.2 - Resultados de expansão (%) em prismas de concreto (4 e 8 semanas) e nas barras de

argamassa (16 dias)

Amostra

Expansão em % pelo método acelerado em barras de argamassa

ASTM C1567

Expansão em % pelo método acelerado em prisma de concreto adaptado a partir de ASTM C1293

16 dias 4 semanas 8 semanas Limite Ensaio Limite1 Ensaio Limite1 Ensaio

Referência 0,10

0,46 0,015

0,201 0,08

0,227 10% CCA A 0,50 0,081 0,091 10% CCA C 0,29 0,063 0,076 Nota 1 – Limites propostos por Ranc e Debray (1992 apud FOURNIER, 2004)

Comparando-se os resultados obtidos no método acelerado das barras de

argamassa com os obtidos em prismas de concreto verifica-se, de uma maneira geral, e com

base nos limites disponíveis e apenas nas taxas de expansões obtidas, que os comportamentos

são compatíveis entre os métodos. Ou seja, nas condições analisadas as expansões denotam

comportamento potencialmente deletério.

Em temos de eficiência da adição, observa-se que a CCA A (10%) se mostra

capaz de reduzir as expansões da RAA no método dos prismas de concreto, porém no método

das barras não demonstra eficiência, inclusive aumentando o valor de expansão. Já a CCA C

(10%), se analisada pelo limite proposto pelo método acelerado dos prismas (0,08%), em 8

semanas, apresenta expansões satisfatórias. Entretanto, de acordo com o método das barras, as

expansões geradas suplantam o limite proposto, apresentando altos valores. Ou seja, em

termos de desempenho das adições, os comportamentos não foram os mesmos entre os

métodos

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105

5.4 MICROSCOPIA ESTEREOSCÓPICA

Após o término do ensaio da expansão das barras de argamassa, observou-se que

apenas as barras com 20% de substituição de CCA amorfa apresentaram fissuras a olho nu,

sendo estas fissuras tanto transversais quanto longitudinais. Porém as barras de referência,

apesar de não terem apresentado fissuras, registraram expansões maiores do que quase todas

as substituições, sendo que somente as barras de argamassa com substituições iguais a 5% e

10% de CCA amorfa expandiram mais do que as barras de referência.

As principais características encontradas empregando-se a microscopia

estereoscópica foram as presenças de material branco e vítreo preenchendo totalmente ou

parcialmente os poros e de material branco nas bordas dos agregados além das fissuras. Estas

características podem ser visualizadas nas micrografias apresentadas a seguir.

As Figuras 5.9 a 5.12 apresentam algumas das principais características

observadas nas amostras com 20% de substituição de cinza de casca de arroz amorfa.

Figura 5.9 - Amostra com fissuras e material branco nas bordas dos agregados e nos poros (20% de

CCA amorfa)

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106

Figura 5.10 - Amostra com material branco nas bordas dos agregados (20% de CCA amorfa)

Figura 5.11 - Amostra com borda de reação (20% de CCA amorfa)

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107

Figura 5.12 - Amostra com material branco nas bordas dos agregados (20% de CCA amorfa)

As Figuras 5.13 a 5.15 representam micrografias das principais características

observadas nas amostras de referência (sem substituição).

Figura 5.13 - Amostra de referência onde os poros possuem aspecto vítreo (referência)

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108

Figura 5.14 – Detalhe de um poro com aspecto vítreo

Figura 5.15 - Outra amostra do corpo-de-prova de referência onde os poros possuem aspecto vítreo

As análises realizadas mostraram a formação de material branco (produto da

reação álcali-agregado) nas barras com 20% de substituição de cinza de casca de arroz

amorfa, comprovando, assim, os altos valores de expansão. Nas barras de referência (sem

substituição), foram encontrados poros preenchidos por material vítreo, comprovando também

a reatividade do agregado e o seu potencial em participar de reações expansivas.

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109

Cabe ressaltar que foi necessário o emprego de maiores quantidades de aditivo

superplastificante nas amostras com substituição por CCA amorfa em relação às amostras

com CCA cristalina, como mostra a Tabela 5.3, de forma a manter à consistência em + 7,5%

da amostra de referência.

Tabela 5.3 - Quantidade de aditivo utilizada em cada amostra

Material Teor Adição (%) Aditivo (%) Aditivo (g) Fl ow (mm)

Referência 0 0 0 210,50

CCA Amorfa

5 0,10 0,44 199,25

10 0,20 0,88 199,00

20 0,50 2,20 195,00

CCA Cristalina

5 0,00 0,00 198,25

10 0,20 0,88 205,50

20 0,30 1,32 197,25

Com base na ASTM C 1567 (2004), a quantidade de aditivo utilizada, deve ser a

quantidade necessária para dar trabalhabilidade e obter dispersão das partículas da adição,

sendo que nas barras referências não se utilizou aditivo. Portanto as barras com adições

receberam aditivo para melhorar a dispersão das partículas, apresentando trabalhabilidade

aceitável para a moldagem das barras de argamassa.

Pode-se observar pela Tabela 5.3 que as maiores demandas de aditivo plastificante

foram para as das barras com CCA amorfa. Porém, em nenhuma das barras foi colocado a

quantidade mínima de aditivo recomendada pelo fabricante (0,6%), isto porque a utilização de

aditivos é controlada pela consistência da argamassa referência, consistência esta que ficou

compreendida no intervalo de 195 a 226 mm.

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110

5.5 ANÁLISE QUÍMICA DA SOLUÇÃO DOS POROS DA PASTA DE

CIMENTO

O primeiro parâmetro medido foi o pH da solução dos poros. É conhecido pela

literatura que o consumo de álcalis leva a uma redução do pH da fase líquida dos poros. A

concentração de íons hidroxilas (OH-) também diminui. Porém o que se pôde comprovar com

a análise de pH em diferentes idades (Figura 5.16 e 5.17) foi que apesar da grande redução

nas concentrações de álcalis e de cálcio (Tabela 5.4), o pH da solução dos poros não teve

redução significativa. Portanto, as soluções dos poros das pastas de cimento permaneceram

suficientemente alcalinas.

As Figuras 5.16 e 5.17 mostram que com o aumento da substituição de cimento

Portland pelas adições (cinza de casca de arroz amorfa e cristalina) o pH da solução dos poros

diminui, em geral, permanecendo sempre abaixo do pH de referência (pasta sem adição) para

as duas idades (7 e 91 dias). Durante o tempo de realização dos ensaios (7 a 91 dias) o pH

diminui em todas as situações ensaiadas. De qualquer forma, estas reduções não foram

significativas como pode ser visto para a pasta de referência, com um pH igual a 13,2, quando

comparada com as pastas com CCA (amorfa = 12,9 e cristalina 12,8).

Comparando os resultados do pH (Figura 5.17) com a concentração dos álcalis

(Tabela 5.4), principalmente para os 91 dias, pode–se observar que com o aumento do teor de

adição tanto o pH quanto a concentração de álcalis diminui, em geral, sugerindo um consumo

de álcalis pelas adições. Acredita-se que durante a atividade pozolânica a cinza de casca de

arroz é capaz de fixar os álcalis e produzir silicato de cálcio hidratado contendo estes íons,

como o C-S-K-H e/ou C-S-Na-H.

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111

12

12,2

12,4

12,6

12,8

13

13,2

13,4

13,6

13,8

14

7 Idade (dias)

pH

ReferênciaCCA ACCA C

Figura 5.16 - pH da fase aquosa das pastas de referência e das pastas com substituição de 5%, 10% e

20% de CCA A e CCA C (7 dias)

12

12,2

12,4

12,6

12,8

13

13,2

13,4

13,6

13,8

14

91 Idade (dias)

pH

ReferênciaCCA ACCA C

Figura 5.17 - pH da fase aquosa das pastas de referência e das pastas com substituição de 5%, 10% e

20% de CCA A e CCA C (91 dias)

5%

10% 10% 20%

20%

5%

5% 5%

10% 20%

20%

10%

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112

Tabela 5.4 - Concentrações em mg/L aos 91 dias de cálcio, sódio e potássio

Íon Idade (dias)

Ref. 5%

CCA A 10%

CCA A 20%

CCA A 5%

CCA C 10%

CCA C 20%

CCA C

Ca²+ 07 446 403 374 397 119 68 115

91 391 92 95 121 84 36 73

K+ 07 15.140 10.573 9.245 5.639 10.509 7.902 7.363

91 11.155 8.464 4.855 3.532 9.327 7.505 5.823

Na+ 07 4.332 3.480 3.199 6.120 2.600 2.303 1.910

91 4.471 2.183 1.438 975 2.778 2.271 1.791

Analisando os resultados apresentados por Hasparyk (1999) envolvendo a sílica

ativa e a cinza de casca de arroz na reação álcali-agregado (RAA) com o objetivo de mitigar

as expansões, verificaram-se alterações químicas na composição do gel da RAA, relacionadas

principalmente a baixas concentrações de álcalis com altos teores de pozolanas e,

consequentemente, menores expansões. Este estudo mostra a eficiência das pozolanas em

mitigar a RAA, reduzindo a concentração de álcalis na solução dos poros. Sendo assim,

analisando os resultados do presente estudo, pode-se concluir que as adições utilizadas são

capazes de fixar os álcalis nas suas reações na pasta.

Isso quer dizer que existem coisas mais importantes (que influenciam mais) na

RAA que a diminuição dos álcalis e do pH, conforme mostrou os resultados da presente

dissertação.

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113

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os resultados obtidos por este trabalho com relação aos tipos de

pastas, argamassas e concretos estudados e seus comportamentos frente à reação álcali-

agregado, é possível obter uma série de conclusões sobre o desempenho de cada adição,

podendo-se classificá-las quanto as suas eficiências em controlar a RAA.

6.1 CONCLUSÕES

Os resultados do ensaio acelerado em prismas de concreto submetidos a

temperatura de 60ºC permitem concluir que as expansões ultrapassam todos os valores

propostos, inclusive nas primeiras idades, mostrando que o agregado analisado (quartzito) é

extremamente deletério. Porém, as adições utilizadas (cinza de casca de arroz amorfa e

cristalina) reduziram as expansões em até 71% com relação ao prisma de concreto de

referência, sendo que após os 90 dias (3 meses) de idade não se observou crescimento das

expansões.

O método acelerado de expansão em barras de argamassa (ASTM 1567) mostrou

uma redução das expansões a valores aceitáveis por norma aos 16 dias apenas para o teor de

20%, na presença de CCA C e de sílica ativa. O teor de 20% de CCA A demonstrou um

desempenho inadequado, sendo extremamente deletério.

A utilização de pozolanas extremamente finas e reativas deve ser controlada pelo

fato da necessidade de dosagens corretas de aditivos, uma vez que estas pozolanas possuem

uma maior dificuldade de se dispersarem. Assim, o uso de um aditivo superplastificante não

se faz somente pela necessidade de obtenção de uma boa trabalhabilidade, fixando-se a

consistência, e sim pela necessidade de dispersão completa dos grãos das adições utilizadas,

proporcionando a sua eficiência.

Em termos de taxa de expansão e limites, o comportamento dos concretos e

argamassas, de uma maneira geral, se apresentou potencialmente deletério para os dois

métodos empregados, na presença do agregado reativo do tipo quartzito em combinação tanto

com a cinza de casca de arroz amorfa como a cristalina. Neste estudo, verificou-se, em termos

de desempenho das adições, que os dois métodos não se correlacionaram bem, podendo

ocorrer inclusive comportamentos opostos. Assim, cuidados devem ser tomados na escolha do

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114

método de ensaio, do tipo e teor de adição, além do aditivo a ser empregado, de forma a se

poder fazer o uso de um agregado reativo com segurança, sem riscos de ocorrência de reações

do tipo álcali-agregado.

As análises químicas da solução dos poros ajudaram a compreender o

comportamento das adições nas pastas de cimento, porém algumas interpretações devem ser

feitas com precaução, porque esta é uma técnica indireta. No presente estudo, tanto a cinza de

casca de arroz amorfa quanto a cristalina apresentaram reduções nas concentrações de álcalis

nas idades avançadas. Porém com 20% de adição, as CCAs amorfa e cristalina obtiveram

comportamentos diferentes no estudo da reação álcali-agregado. A CCA cristalina provou

mitigar as expansões e demonstrou ser a melhor cinza para a prevenção da RAA. Por outro

lado, a CCA amorfa apresentou a maior expansão, induzindo a RAA. No primeiro caso (CCA

C) a redução dos álcalis está provavelmente relacionada com o seu consumo durante a reação

química da adição na pasta e, no segundo caso (CCA A), a redução dos álcalis está

relacionada a incorporação dos álcalis no gel formado, produzido, provavelmente, pela

dispersão ineficiente da adição.

6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Ao final deste trabalho algumas questões ficaram sem resposta devido ao tempo e

as limitações desta dissertação. Propõem-se, como sugestão para a continuidade das pesquisas

nesta área, os itens descritos.

- Estudar a influência da CCA amorfa e cristalina como substituição à massa de cimento em

concretos, em relação à carbonatação, corrosão de armaduras do concreto armado e também

quanto a penetração de íons cloretos.

- Realizar análises termogravimétricas (TG) para a determinação do teor de hidróxido de

cálcio residual.

- Verificar a correlação entre a atividade pozolânica da cinza de casca de arroz e a superfície

específica dos grãos.

- Estudar a influência do tempo de moagem, nas características físicas e químicas da cinza de

casca de arroz, com o objetivo de se conseguir uma granulometria ótima.

- Realizar avaliação econômica da cinza de casca de arroz, com os custos de moagem e

queima, com o objetivo de demonstrar o potencial econômico deste subproduto da indústria

beneficiadora de arroz.

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- Verificar a quantidade e a influência dos aditivos no método da ASTM 1567.

- Aprofundar os estudos em relação a influência da formação de grumos de pozolanas

altamente reativas na reação álcali-agregado.

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