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Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina Também sabemos que a amilose forma um complexo azul com o iodo, enquanto a amilopectina forma um complexo vermelho. Qual será então a cor do complexo iodo - amido??? O complexo esquematizado ao lado apresenta coloração azul intensa, desenvolvid oclusão (aprisionamento) do iodo nas cadeias lineares da amilose. E a interação iodo -amilopectina? Como vimos, o aprisionamento do iodo dá-se no interior da hélice formada pela amilose. Como a amilopectina não apresenta estrutura helicoidal, devido à presença das ramificações, a interação com o iodo será menor, e a coloração menos intensa. Quando se aquece a solução de amido, a estrutura helicoidal se desfaz, conseqüentemente, não é mais possível a formação do complexo entre o amido e o iodeto. Ao resfriar a solução, o amido recupera a sua forma helicoidal. Como a ptialina converte as moléculas de amido em moléculas de maltose, o complexo que foi formado anteriormente é desfeito e isso é observado pelo desaparecimento da cor do mesmo. II.A.1. pH A maioria das enzimas apresenta um pH característico em que a sua atividade é máxima, denominado pH ótimo, Acima ou abaixo desse pH, a atividade se reduz. Ainda que os perfis de atividade em função do pH de muitas enzimas tenham a forma em sino, eles podem variar

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Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina.

Também sabemos que a amilose forma um complexo azul com o iodo, enquanto

a amilopectina forma um

complexo vermelho. Qual será então a cor do complexo iodo - amido???

O complexo esquematizado ao lado apresenta coloração azul intensa, desenvolvida pela

oclusão (aprisionamento) do iodo nas cadeias lineares da amilose.

E a interação iodo -amilopectina?

          Como vimos, o aprisionamento do iodo dá-se no interior da hélice formada pela amilose. Como a amilopectina não apresenta estrutura helicoidal, devido à presença das ramificações, a interação com o iodo será menor, e a coloração menos intensa.

Quando se aquece a solução de amido, a estrutura helicoidal sedesfaz, conseqüentemente, não é mais possível a formação do complexoentre o amido e o iodeto. Ao resfriar a solução, o amido recupera a suaforma helicoidal.Como a ptialina converte as moléculas de amido em moléculas de maltose, o complexo que foi formado anteriormente é desfeito e isso é observado pelo desaparecimento da cor do mesmo.

II.A.1. pHA maioria das enzimas apresenta um pH característico em que a suaatividade é máxima, denominado pH ótimo, Acima ou abaixo desse pH, aatividade se reduz. Ainda que os perfis de atividade em função do pH demuitasenzimastenhamaformaemsino,elespodemvariarconsideravelmente em forma.A inter-relação da atividade enzimática com o pH para qualquerenzima depende do comportamento ácido-básico da enzima e do substrato,bemcomodeoutrosfatoresquesãodifíceisde

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analisarquantitativamente. Sabe-se que o pH afeta o estado de ionização dosresíduosdeaminoácidosdasproteínas,levandoaalteraçõesnadistribuição de cargas elétricas e grupamentos químicos da molécula daenzima,emespecialdosítiocatalíticoe tambémnaconformaçãotridimensional da proteína. Essas alterações podem prejudicar a interaçãoentre o sítio ativo e o substrato, diminuindo a velocidade de atuação daenzima. Em valores extremos de pH, há ainda a possibilidade de ocorrerdesnaturação da enzima.O pH ótimo de uma enzima não é necessariamente idêntico ao pH deseu meio intracelular normal, que pode estar situado na parte ascendenteou descendente do seu perfil de atividade em função do pH. Isso sugereque a inter-relação pH-atividade enzimática pode ser um fator de controleintracelular da atividade enzimática.II.A.2. TemperaturaTal como ocorre para a maioria das reações químicas, a velocidadedas reações catalisadas por enzimas aumenta geralmente com a temperatura,dentro de certa faixa de temperatura na qual a enzima é estável e mantématividade integral, até que se atinja a temperatura ótima. A partir dessatemperatura, a atividade enzimática diminui à medida que a temperatura éelevada, uma vez que as enzimas são desnaturadas pelo calor. Entretanto,uma vez que a desnaturação é um processo dependente do tempo, o formatodo gráfico de atividade enzimática X temperatura dependerá da quantidadede tempo que a enzima foi mantida em determinada temperatura.II.A.3. Concentração de substratoA formação e ruptura de ligações químicas por uma enzima sãoprecedidas pela formação de um complexo enzima-substrato. Em concentraçãoconstante da enzima, a velocidade de reação aumenta com o aumento daconcentração de substrato até que a velocidade máxima é alcançada. Emconcentração de substrato suficientemente alta, os centros catalíticosestão cheios e assim a velocidade da reação alcança um máximo.

Page 5555II.A.4. Concentração de enzima

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Dentro de limites bastante amplos, a velocidade de uma reaçãoenzimática é proporcional à concentração de enzima. Este princípio podeser aplicado a uma grande variedade de enzimas, desde que não hajainterferentes na reação e a concentração de substrato seja mantidaconstante.II.A.5. Presença dos cofatores e/ou coenzimasAlgumas enzimas não requerem nenhum grupo químico, além de seusresíduos de aminoácidos para sua ação outras requerem um componentequímico adicional chamado de cofator, os quais são íons inorgânicos como:Fe2+, Mg2+, Mn2+ou Zn2+, Cl-; chamado de coenzima se for uma moléculaorgânica complexa ou uma molécula metalorgânica. Algumas enzimas requeremambos a coenzima e o cofator para sua atividade.Quadro 1. Exemplos da influência de diferentes fatores na atividade daamilase salivar. A: pH. B: temperatura. C: concentração de substrato. D:concentração de enzima. E: presença do cofator

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O saturnismo, ou plumbismo é o nome dado à intoxicação pelo chumbo. Ela afeta milhões de pessoas em todo o mundo como resultado da poluição ambiental, além de outras espécies, como as aves aquáticas. Em humanos, as principais fontes de intoxicação são as tintas que contém chumbo, baterias de automóveis, pilhas, soldas, e emissões industriais. Em outras espécies, somam-se o chumbo usado em projéteis para caçada (que também são uma causa de saturnismo em humanos com projéteis alojados) e como peso para linhas de pesca, que são ingeridos por peixes, por sua vez ingeridos pelas aves.

Em humanos, a intoxicação pode levar a quadro clínico evidente ou a alterações bioquímicas mais sutis. Os sintomas mais comuns são dores abdominais severas, úlceras orais, constipação, parestesias de mãos e pés e a sensação de gosto metálico. O exame físico pode demonstrar a presença de uma linha de depósito de chumbo na gengiva e neuropatia periférica. Outras alterações incluem anemia (por porfiria secundária e inibição da medula óssea), disfunção renal, hepatite e encefalopatia (com alterações de comportamento, redução no QI).

http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/5231 ( site mt bom de chumbo)

http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/5232 (parte 2

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Casos de saturnismo

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O SATURNISMOEM BAURURicardo Cordeiro •' O Capitão não tem a menor consideração com a vida dotrabalhador, a não ser quando a sociedade o compele arespeitá-la." (Karl Marx, O Capital, livro 1 - vol. 1 - cap. 8)O Programa Municipal de Saúdedo Trabalhador de Bauru (noroestedo estado de São Paulo), foi criadoem agosto de 1985 pela SecretariaMunicipal de Higiene e Saúde. Seuobjetivo geral é somar forças naluta no sentido de eliminar as con-dições insalubres dos processos detrabalho, promovendo a melhoriada saúde do trabalhador.Para atingir este objetivo o Pro-grama busca trabalhar tendo comoprincípio dois pressupostos básicos.O primeiro é que o trabalhadoracumula um conhecimento sobre oprocesso de trabalho que deve ser oponto de partida para a formaçãode uma consciência crítica a res-peito da relação entre a saúde e otrabalho.O segundo pressuposto é que o

sujeito capaz de modificar a orga-nização do trabalho, adequando-aao homem e não ao lucro, é o tra-balhador organizado.Os objetivos específicos do Pro-grama Municipal de Saúde do Tra-balhador (PMST) são prestar aten-dimento especializado em saúdeocupacional, fazer vigilância epi-demiológica dos ambientes insalu--bres de trabalho e realizar ativida-des educativas junto aos trabalha-dores nas questões referentes à re-lação saúde-trabalho.• Médico neurologista da SecretariaMunicipal de Saúde Pública de Cambé,estado do Paraná. Trabalhou noPrograma Municipal de Saúde doTrabalhador, onde foi seuvice-coordenador técnico.A PONTA DO ICEBERGUma preocupação da equipe doPMST, durante sua fase de im-plantação, era o desconhecimentodo quadro de doenças ocupacionaisexistente no município. Quase ne-nhuma documentação existia a res-peito dos tipos, gravidade, incidên-

cia e prevalência das chamadasdoenças do trabalho. De antemão,tínhamos uma ideia do quadro no-sológico a partir do conhecimentodo parque industrial do município.Prevíamos, a partir do tipo e portedas indústrias existentes, que tiposde patologia seriam encontradas.Outra forma encontrada para seavaliar a incidência de doençasprofissionais e acidentes de traba-lho na região foi um levantamentofeito, junto a INPS, das Comunica-ções de Acidente de Trabalho emi-tidas no segundo semestre de 1984.A partir do conhecimento dos ti-pos de indústrias existentes no mu-nicípio e do levantamento das Co-municações de Acidentes do Tra-balho, além da impressão de váriossindicalistas sobre os tipos de pa-tologias mais encontradas nas suascategorias profissionais, foi seconstituindo um quadro de exe-pectativas que se mostrou bem pró-ximo do real, exceto por umaquestão.

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Fomos constatando que o satur-nismo (intoxicação profissionalpelo chumbo) em Bauru era, atéentão, extremamente subdiagnosti-cado. Para se ter uma ideia do pro-blema, o número médio de Comu-nicações de Acidentes de Trabalhopor saturnismo em Bauru passou de8 para 300 por ano após a implan-tação do Programa. Nos primeirosmeses de funcionamento do Pro-grama, na medida em que íamosdiagnosticando casos e casos desaturnismo, a impressão que tínha-mos era a da descoberta da pontade um imenso iceberg.Hoje esse iceberg está todoemerso. A grande contribuição doPrograma Municipal de Saúde doTrabalhador tem sido evidenciar eequacionar o problema do satur-nismo em Bauru. Hoje, após 3 anosde funcionamento, o Programaacumula a maior causística dadoença no país. São mais de 800casos laboratorialmente confirma-dos de intoxicação profissionalpelo chumbo diagnosticados.

A CIRANDA PERVESAE de onde vinham esses traba-lhadores?Bauru hoje é um polo produtorde baterias. Concentra algumas in-dústrias dé acumuladores elétricos.E sabido que o chumbo é a matériaprima fundamental na composiçãoda bateria elétrica. Na linha deprodução o trabalhador dessas in-dústrias entra em contato diretocom o metal em diversas fases doprocesso.Em visitas às fábricas de bateriasconstatamos o que já era esperado.Um encadeamento de fornos, solu-ções químicas, máquinas e homens.Tudo misturado numa ciranda per-versa, obstinada pelo aumento daprodução.Uma das experiências mais mar-cantes que a equipe do Programaviveu durante os primeiros mesesde trabalho foi uma visita feita auma das indústrias de bateria local(Baterias Crai Ltda., com cerca de300 operários). Lá existe uma se-ção, o moinho, cují» função é trans-formar lingotes de chumbo em pó

de chumbo. Na ocasião o processoera quase inteiramente manual. Du-rante 8 horas por dia o trabalhadorcarregava os lingotes e jogava-senuma máquina que os ia triturando.O ruído era ensurdecedor. Poucaluz e muita umidade. Do outro ladoda máquina o trabalhador recolhiaSAÚDE EM DEBATE - OuL/68

Page 2SZDo pó. A concentração atmosféricade chumbo nesta seção chegava aatingir 100 vezes o limite máximopermitido por lei nos países capita-listas da Europa. A temperaturaatingia 40OC.Em janeiro de 1986, a pedido doPrograma, a Fundacentro realizouuma avaliação ambiental em seçõesde outra indústria local (Acumula-dores Ajax S.A., a maior indústriade baterias do município, com cer-ca de 700 operários) e encaminhou-nos os seguintes dados:na para o processamento de taismodificações inviabilizariam eco-nomicamente as empresas. Ven-diam a idéia de que para a cidade

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era melhor ter as empresas do jeitoque eram, com uma ou outra modi-ficação, do que serem obrigados afecharem as portas e dispensaremtrabalhadores em massa.Começou então a ganhar espaçona imprensa local denúncias sobrea situação dessas empresas, a po-luição ambiental por elas provoca-das e o crescente número de traba-Tabe,a ' "H^"?á°c,Urt"a.t.ÍVa de chumbo na "«"»"» Acumula- dores Ajax S.A., realizada em janeiro de 1986SETORCONCENTRAÇÃO DE Pb COMENTÁRIOseleção de placas3,14sala de trança0,59sala de montagem4,25corte da ebonite2,62serra da bateria9,26moinho0,81fundição de grades0,1131.4 vezes superior aolimite máximo recomen-dado5,9 vezes superior aolimite máximo42.5 vezes superior aolimite máximo26,2 vezes superior aolimite máximo92.6 vezes superior aolimite máximo8,1 vezes superior aolimite máximo

1,1 vez superior aolimite máximoA concentração i expressa em miligramas de chumbo por m3 de ar o limitemáxuno recomendado pela Fundacentro é 0,1 mg Pb /JFonte: Fundacentro São Paulo, janeiro de 1986O SATURNISMO SAI DASFABRICAS E CONTAGIA AOPINIÃO PUBLICAA estratégia do Programa foi de-senvolver ações que pressionassemos empresários locais a promove-rem modificações na linha de pro-dução de suas fábricas visando osaneamento ambiental. Do ponto devista técnico, tais modificações sãohoje perfeitamente possíveis. Osdonos das indústrias argumentavamque a inversão de capitais necessá-SAÚDE EM DEBATE - ouL/88lhadores intoxicados que estavamsendo diagnosticados.A partir da morte de um traba-lhador de uma das indústrias en-volvidas, tendo como causa asso-ciada o saturnismo, constitui-se o"Núcleo José Rodrigues", ligado àPastoral Operária. Uma das ativi-dades deste núcleo foi a panfleta-

gem realizada às portas das fábricasdo distrito industrial, que se repetiaperiodicamente, denunciando aquestão, informando aos trabalha-dores o que é o saturnismo, pro-pondo formas de mobilização.O empresariado contra-ataca.Em célebre matéria em um dos jor-nais locais, em manchete de is pá-gina, o Programa de Saúde do Tra-balhador é chamado de "O MaiorEntrave ao Desenvolvimento daIniciativa Privada na Cidade", eseus membros chamados de "Cain-gangues Mal Informados Sobre asTeorias de Marx" (Caingangueseram índios que habitavam a regiãoe foram expulsos quando da forma-ção de Bauru, possivelmente pelospais dos que nos acusavam). Co-meçou a se arrecadar uma "caixi-nha" entre o empresariado local pa-ra financiar uma campanha contra aadministração municipal, que sus-tentava política e economicamentea proposta do PMST. Um dosmembros do Programa teve sua

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credencial de fiscal da Secretariadas Relações do Trabalho cassadaquando, no estrito cumprimento dalei, multou uma das empresas quevinha se negando a apresentar oslaudos toxicológicos periódicos deseus empregados. Os empregadospassaram a ser demitidos quandoretomavam ao trabalho apds teremsido afastados para tratamento peloambulatório do Programa.O Sindicato dos Metalúgicos deBauru mobiliza a categoria e con-segue conquistas importantes emdissídio coletivo, tais como reajus-tes salariais equivalentes para tra-balhadores da produção e trabalha-dores afastados por saturnismo eestabilidade de 3 meses para tra-balhadores intoxicados pelo chum-bo quando recebem alta e voltam àprodução.A nível instituicional, o PMST,jutamente com o Inamps, INPS,Secretaria de Relações do Trabalhoe Delegacia Regional do Trabalho,formou uma comissão que estabele-ceu um cronograma de obras de

engenharia ambiental a serem reali-zadas pelas indústrias manipulado-ras de chumbo. Este cronogramaestá em andamento na maior indús-tria de baterias local. Seus pro-prietários estão tendo que investiruma parte do lucro extraído emmelhorias tecnológicas. Já se ob-

Page 3ESTUDOSservam objetivamente os resultadosdessa ação.na cidade. Emitiram-se Comunica-ções de Acidentes de Trabalho paraTabela H - Avaliação quantitativa de chumbo na indústria Acumula- aores Ajax S.A., realizada em janeiro de 1987SETORseleção de placassala de trançasala de montagemcorte da eboniteserra da bateriamoinhofundição de gradesCONCENTRAÇÃO DE Pb COMENTÁRIO0,960,120,210,300,180,060,053,27 vezes menor que aconcentração há 1 ano4,91 vezes menor que aconcentração ha 1 ano20,23 vezes menor que a

concentração há 1 ano8,73 vezes menor que aconcentração há 1 ano51,44 vezes menor que aconcentração há 1 ano8,1 vezes menor que aconcentração há 1 ano2,20 vez menor que aconcentração há 1 anoA concentração é expressa em miligramas de chumbo por m3 de arFonte: Fundacentro São Paulo, janeiro de 1987ONDE ESTÁ O PROGRAMADO TRABALHADOR?Hoje, 3 anos depois, o ProgramaMunicipal de Saúde do Trabalhadorcomeça a ser um referencial na ci-dade. De duas salas funcionandoem período notumo em um prédiocedido está partindo para a cons-trução de uma sede própria, comanfiteatro para palestras e cursospara trabalhadores e um laboratóriode toxicologia de abrangência re-gional.Recentemente, o jornal de maiorcirculação local estampou em suaprimeira página uma foto com ope-rários trabalhando com britadeirasno meio fio de uma movimentadaavenida da cidade e, em baixo, alegenda: "onde está o Programa do

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Trabalhador que não vê a situaçãodessa gente?"O iceberg descoberto em 1985está hoje totalmente emerso. In-dentificou-se o saturnismo comoum importante problema de saúdecerca de 800 trabalhadores intoxi-cados. A consciência sanitária dapopulação em gera], e dos traba-lhadores das indústrias envolvidasem particular, avançou a respeitodo processo saúde-doença e de suaimplicação com o trabalho. Medi-das saneadoras começam a ser to-madas e a surtirem efeitos. A inci-dência do saturnismo começa a di-minuir.Uma questão, no entanto, aindapermanece de diffcil resolução: otratamento dos intoxicados.O SEGUNDO E O BOXEADORDo ponto de vista da saúde dotrabalhador, as medidas fundamen-tais no controle do saturnismo sãoas de saneamento do ambiente detrabalho. Muitas vezes, quando re-cebemos os trabalhadores intoxica-dos em nosso ambulatório, ao ins-

tituirmos o tratamento médico, nossentimos como repositores da forçade trabalho circunstancialmenteavariada, cumprindo um ciclo queinteressa sobremaneira ao capital.Essa situação foi comparada porGiovanni Berlinguer com a do "se-gundo" do ringue: "assiste o bo-xeador, passa uma esponja entreum round e outro, e o manda paraser de novo golpeado" (A Saúdenas Fábricas, Cebes-Hicitec 1983).Essa situação é angustiante para aequipe do PMST, que nesses 3anos de trabalho tem assistido inú-meros casos de trabalhadores quese reintoxicaram ao voltarem paraas suas fábricas após um período de 'afastamento e tratamento da mesmamoléstia.Temos noção de que o trata-mento médico tradicional do satur-nismo é paliativo e impotente frenteao controle da intoxicação profis-sional pelo chumbo em nosso meio,porém, nao menos necessário.Tradicionalmente, o tratamentose baseia em 2 ações:

I") afastamento imediato dafonte de exposição ao chumbo.2") avaliação e acompanhamentoambulatorial dos casos, com abor-dagem sintomática e prevenção decomplicações. Dessa avaliação, la-vando-se em conta dados comosintomatologia clínica, tempo deexposição, chumbo de depósito,evolução laboratorial, etc., vai de-pender a indicação de tratamentoespecífico com medicação quelantede chumbo, em ambiente hospita-lar. O uso de quelantes endoveno-samente não é isento de efeitos co-laterais e sua utilização deve sercriteriosamente ponderada.CONTRA A NR-7Em 03/08/87 realizou-se emBauru, por iniciativa da Secretariade Higiene e Saúde, o "1= SimpósioEstadual sobre o Saturnismo", quecontou com a partipação de pro-gramas de saúde do trabalhador devárias regiões do estado. Naquelaépoca não dispúnhamos ainda dascondições materiais necessárias pa-ra o tratamento hospitalar do satur-

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nismo (quêlação com EDTA). Umadas questões que mais preocupavaa equipe do Programa era o númerocrescente de trabalhadores comSAÚDE EM DEBATE - out/88

Page 4tE'sjnjDcTs7]Comunicação de Acidente de Tra-balho emitida por saturnismo quevinham sendo tratados ambulato-rialmente e que não apresentavamevolução satisfatória no sentido dadesintoxicação do metal.Tal situação foi relatada e dis-cutida no referido simpósio combase em dados colhidos em junhode 1987. Na ocasião, o PMSTacompanhava 124 trabalhadorescom diagnóstico de saturnismo. Ocritério diagnóstico utilizado eraexclusivamente laboratorial. Pordeterminação da Norma Regula-mentadora n^ 7 (NR-7), do Ministé-rio do Trabalho, é consideradoportador de intoxicação profissio-nal pelo chumbo todo trabalhadorde industria manipuladora destemetal que apresente concentração

de chumbo no sangue periférico(Pb-S) maior ou igual a 60 micro-gramas por 100 ml ou concentraçãourinária do ácido delta-amino-levu-línico (ALA-U) maior ou igual a 15mg/l.O tempo de exposição ao chum-bo, que equivale a dizer tempo detrabalho em indústrias de bateria,variava de 3 meses a 18 anos entreos trabalhadores afastados. Eramtristemente notáveis casos de tra-balhadores com apenas 3 meses deexposição, que foram afastadospelo ambulatório do Programa comelevados índices de Pb-S e ALA-Ue expressivo quadro clinico.Na análise da tabela III chama aatenção o longo período de trata-mento ambulatorial do saturnismoem nossa experiência. Na ocasião,cerca de 35% da população dêafastados por intoxicação profis-sional pelo chumbo estava há, nomínimo, um semestre longe do tra-balho. O longo período de afasta-mento traz repercussões psicológi-cas negativas para o trabalhador,

que se sente marginalizado e inca-pacitado para o trabalho, e discri-minado socialmente por causa dis-so. Mas a maior repercussão é eco-nómica mesmo. Os trabalhadoresdas indústrias de acumuladores,apesar de razoavelmente especiali-zados, recebem baixos salários.Cerca de 5 salários mínimos pormês. Quando afastados do trabalhoSAÚDE EM DEBATE - out/88via emissão de Comunicação deAcidente de Trabalho são penaliza-dos com uma defasagem salarialviolenta em relação aos colegas quepermanecem na produção, em vir-tude da legislação previdenciáriado INPS. Este é um grande fator depressão que a Previdência exercesobre os trabalhadores. Estes mui-tas vezes não suportam o achata-mento salarial solicitando alta mé-dica ao Ambulatório, mesmo tendoconsciência de estarem ainda into-xicados e apresentando sintomato-logia da doença. Após um ano deafastamento, o trabalhador recebe

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um pouco mais que a metade dosalário' de seus colegas que estão naprodução. Só esse dado já justificao uso de medicação quelante dochumbo no tratamento de intoxica-dos com grande depósito orgânicado metal, abreviando signifivati-mente o tempo de tratamento. Ob-servamos que quanto maior foi otempo de exposição ao chumbomaior tende a ser o tempo necessá-rio para o tratamento ambulatorial.Os trabalhadores que estão afasta-dos a mais tempo são justamente osque têm história ocupacional com-patível com saturnismo mais longa.A experiência clínica adquiridano acompanhamento de mais de800 casos de saturnismo em Baurunos autoriza a afirmar que a ten-dência dos trabalhadores afastadosna ausência de sintomatologia clf-Tabela III - Trabalhadores com saturnismo segundo o tempo de afas-tamento, em junho de 1987TEMPO DE AFASTAMENTO NS DE TRABALHADORES0 a 3 meses4 a 6 meses7 a 12 meses

Mais que 12 mesesTotalFONTE: PMST, 198735462914124Tabela IV .Trabalhadores com saturnismo segundo a concentração dechumbo no sangue (Pb-S) e a presença de sinais e sintomasda doença, em junho de 1987Pb-S'SINTOMA- ASS1NTO-TICOS % MÁTICOS% TOTALmenor que 40entre 41 e 60maior que 61total7 5,650 40,317 13,774 59,792615507,220,912,040,316763212412,861,225,7100(') expresso em microgramas / lOOmlFONTE: PMST, 198728,237,123,411,3100

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ESTUDOSnica, apenas baseado em dados la-boratoriais, é de seguir o trata-mento assintomaticamente até acompieta desintoxicação. Depen-dendo o tempo de tratamento dochumbo corpóreo de depósito, quetem relação com o tempo de expo-sição ocupacional ao metal. Já aparcela da população que é afasta-da na vigência de um quadro clini-camente compatível com a doença,que é a maioria, tende a seguir otratamento abrandando sua sinto-matologia até, num dado momentoparticular para cada trabalhadorenvolvido, com a diminuição dochumbo corpóreo, passar a ser as-sintomática. Na composição da ta-bela IV fez-se um corte no tempo(junho de 1987), tomando-se estati-camente os dados de plumbemia e— -presença de sintomatologia clínicados trabalhadores afastados. Nãohá correlação positiva entre essesdados. Dentre os afastados que emjunho de 1987 tinham plumbemia

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maior que 60 microgramas por 1011ml, 53,1% eram sintomáticos e46,9% assintomáticos. No intervalode plumbemia entre 41 e 60 micro-gramas por 100 ml, 65,7% eramsintomáticos e 34,5% assintomáti-cos.Entretanto, o acompanhamentotemporal de cada trabalhador,afastado ou não, nos aponta quepara cada caso específico existe umfaixa crítica de plumbemia a partirda qual passam a ocorrer sintomasem caso de ascenção, ou deixameles de ocorrer em caso de descen-so. Não é raro acompanharmos tra-balhadores que vêm declinando suaplumbemia até, num certo momen-to, tornaram-se assintomáticos.Posteriormente, quer por reintoxi-cação, infecção, stress, tornam aelevar sua plumbemia e a partir domesmo patamar de virada tornam-senovamente sintomáticos.Conclui-se que cada trabalhadorintoxicado apresenta um limiar desensibilidade próprio para o chum-bo, que depende de fatores indivi-

duais, como a reserva enzimáticade cada passagem metabólica e areserva funcional de órgão alvo,muitos desses fatores ainda poucoconhecidos.84AO INVÉS DE PROTEGER OTRABALHADOR CONTRA OSATURNISMO, A NR-7PROTEGE O EMPRESÁRIOCONTRA O TRABALHADORDOENTEBaseado no exposto até aqui,crítico enfaticamente o critério es-- tabelecido pelo Ministério do Tra-balho, através de sua Norma Re-gulamentadora N- 7 (NR-7), quecaracteriza como portador de satur-nismo todo trabalhador exposto aoPB que apresente Pb-S maior ouigual a 60 microgramas/100 ml ouALA-U maior ou igual a 15 mg/I.Em primeiro lugar, por que 60microgramas/100 ml se o intervalointernacionalmente aceito comonormal para plumbemia é de zero a40 microgramas/100 ml? A partirdaí já começa a haver quantificaçãoobjetiva de sinais da doença, como

por exemplo diminuição da veloci-dade de condução do impulso ner-voso em nervos motores, observadaà eletromiografia. Por trás dessanorma subdiagnosticadora está ocaráter classista do Ministério doTrabalho, que legaliza a super ex-ploração da mão de obra. Apenasquando os trabalhadores estiverembastante combalidos, pouco ren-dendo na Unha de produção, poruma problemática de saúde que aprópria empresa criou, faculta-se aoempresariado descartar-se da mãode obra. Em outras palavras, aNR-7 ao invés de proteger o tra-balhador contra o saturnismo, pro-. tege sim o empresário contra o tra-balhador doente, eximindo-o dequalquer responsabilidade quandoemite a Comunicação de Acidentede Trabalho transferindo o proble-ma para a Previdência. Chega a sermonótono acompanhar trabalhado-res que ao ingressarem nas monta-doras de acumuladores começam a

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apresentar sintomas insidiosos dadoença paralelamente à elevação daplumbemia. Pb-S de 45, 50, 55H.g/100 ml. Deterioração física dos^■>>.?;h«/:ra- c-escente. Ora, até osbois que pastam ao lado das fábri-cas sabem que o trabalhador estádoente! Assim como sabem tambémque, mantendo-sc as condições am-bientais das fábricas inalteradas,ele vai ficar cada vez mais doente.E apenas uma questão de tempoatingir os 60 (xg/100 ml. e ter di-reito a ver sua situação caracteriza-da como de acidente de trabalho.Além disso, a legislação c contra-ditória. Proíbe a empresa de demitirum trabalhador que tenha plumbe-mia entre 40 e 60 jxg/100 ml, ad-mitindo portanto que ele está intó-xico- '„r?A existencia desse limite de tole-rância, o intervalo de 40 a 60p.g/100 ml, não deixa de ser uma

íorma de subdiagnosticar o satur-nismo e legalizar a super explora-ção dos trabalhadores já intoxica-dos pelo chumbo. A amplitude doslimites de tolerância cm doenças dotrabalho varia historicamente (obenzenismo é um exemplo disso).Depende do grau de conhecimentocientífico de uma determinada épo-ca e da correlação de forças entre oCapital e o Trabalho.Em segundo lugar, por que ba-sear na prática o diagnóstico dosaturnismo exclusivamente sobreparâmetros laboratoriais, desvalori-zando-se a avaliação clínica do tra-balhador? Ao trabalhador interessa,e muito, seu quadro clínico. Naprática, o que limita sua capacidadede trabalho, e mais que isso, suacapacidade para a vida, não é umlaudo laboratorial. É sim o descon-forto em membros inferiores, a fra-queza generalizada, a cólica abdo-

minal, a cefaléia, a sonolência. Asaúde é a antítese do sofrimento. Éinaceitável que se negue a capaci-dade de avaliar esse sofrimento,com bases no conhecimento clínicoe científico acumulado, e estabele-cer a relação causa-efeito caracteri-zadora do acidente de trabalho, in-dependentemente de um resultadobioquímico estático. Por trás dessanormalização está a negação do pa-pel da equipe de saúde, pois setrata apenas de colher sangue dotrabalhador e mandar para o técnicode laboratório decidir se há doençaprofissional ou não. ¿ "-*.- é o quefazem os ambulatórios médicosbem intencionados das empresasenvolvidas. •SAÚDE EM DEBATE - ouU88

1.    Histórico:

A população da cidade de Santo Amaro da Purificação (BA), distante cerca de 100 km de Salvador, vem sofrendo ao

longo dos  últimos 32 anos, com as conseqüências da poluição e a contaminação pelo chumbo (Pb) e  cádmio (Cd),

em nível endêmico.

Page 14: Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina

Neste período foram produzidas e comercializadas cerca de 900 mil toneladas de liga de chumbo, gerando um passivo

ambiental de milhões de toneladas de rejeito e cerca de 500 mil toneladas de escória com 3% de concentração de

chumbo. Pelos valores atuais do chumbo no mercado mundial, o empreendimento instalado naquela cidade baiana,

durante sua vida útil, faturou cerca de US$450 milhões.

A empresa francesa PENARROYA Oxide SA que, atualmente, é líder mundial na produção de óxidos de chumbo

destinados à fabricação de baterias, cristais, plásticos e tubos de televisão, criou em 1958, para atuar no Brasil, a

subsidiária COBRAC - Companhia Brasileira de Chumbo. A Companhia Brasileira de Chumbo (COBRAC) começou a

operar em Santo Amaro da Purificação-Bahia, no ano de 1960, na forma de uma usina para produzir lingotes de

chumbo. Em 1989, a COBRAC foi vendida e incorporada à empresa Plumbum Mineração e Metalurgia Ltda,

pertencente ao Grupo Trevo. A PENARROYA, desde 1994, faz parte do Grupo METALEUROP que, atualmente, detém

60% do mercado europeu e 25% do mercado mundial em seu segmento de atividades.

A Usina Plumbum se localiza à noroeste da zona urbana de Santo Amaro, a 300 metros da margem do rio Subaé,

principal rio da bacia Hidrográfica do rio Subaé, no Recôncavo do Estado da Bahia.

O beneficiamento a que se propunha, destinava-se ao minério de chumbo extraído de mina subterrânea localizada no

Município de Boquira, na Chapada Diamantina, BA. A sua implantação provocou, pouco tempo depois, uma série de

reclamações de residentes locais, em relação à morte de gado bovino e eqüino e à perda de produção de hortas.

Processo judicial solicitou o fechamento da fundição por poluir o Rio Subaé. A indústria resolveu o impasse adquirindo

dos fazendeiros as terras mais próximas à fábrica. As atividades de fundição foram paralisadas em 1993, após 33 anos

em operação.

No dia 2 de maio último, o Deputado Fernando Gabeira, membro da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio

Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados e relator do Grupo de Trabalho (GT) que levantou os problemas da

contaminação por chumbo na região de Santo Amaro da Purificação, na Bahia – ingressou com Representação à

Procuradoria da República no Distrito Federal, pedindo ao Ministério Público Federal, na figura de seu Procurador

ALEXANDRE CAMANHO DE ASSIS a adoção de providências cabíveis para o assunto.

A despeito do GT  ter indicado a possibilidade de responsabilizar os proprietários da PLUMBUM e do grupo francês

Penarroya/Métaleurop, pelos impactos sócio-ambientais negativos na região de Santo Amaro da Purificação, bem

como os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, o Procurador da República considerou ser necessária a

constatação do conteúdo da Representação e a atualização da situação de Santo Amaro da Purificação. Para tanto,

dispôs-se o Instituto para o Desenvolvimento Ambiental - IDA, organização não-governamental sem fins lucrativos,

sediada em Brasília, a fazer este diagnóstico para pautar a atuação do Ministério Público Federal.

Entre 18 e 21 de junho do corrente ano, equipe do IDA composta de LUIZ ERNESTO BORGES DE MOURÃO SÁ,

Presidente da Instituição, RAUL MINAS CUIUMJIAN, Geólogo com doutorado em GEOQUÍMICA, Professor Titular e

coordenador do curso de Pós-graduação do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB) e PATRÍCIA

MAZZONI, pós-graduada em Gestão Ambiental pela UnB, dirigiu-se a Santo Amaro da Purificação, acompanhada do

Consultor indicado pela da Câmara dos Deputados, JOÃO SEBASTIÃO RIBEIRO SALLES

2.    Os Fatos Constatados:

Para melhor compreensão do problema da contaminação pelo chumbo na cidade de Santo Amaro da Purificação,

dividir-se-á sua história em três períodos: (i) de 1960 até 1975 - representado pelo início das atividades da COBRAC  

até o indeferimento do pedido de expansão da indústria; (ii) de 1975 a 1993 - representado pelo início das pesquisas

desenvolvidas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), até o abandono da fábrica pela PLUMBUM Mineração e

Metalurgia Ltda – Grupo Trevo; (iii) de 1993 até o presente momento - representado pelas pesquisas realizadas na

Universidade de São Paulo, até o encapsulamento da escória determinado pela Justiça de Santo Amaro, pela

Audiência Pública em Santo Amaro da Purificação, realizada pela Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente

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e Minorias da Câmara dos Deputados  (CDCMAM) através de Grupo de Trabalho por ela instituído, tendo como Relator

o Deputado Fernando Gabeira, culminando com a visita técnica do IDA ao local.

(i) 1960-1975 – Em termos de preservação da qualidade do meio ambiente, a escolha de localização da fábrica foi

muito pouco favorável: os corpos receptores tinham pouca capacidade de diluição e dispersão dos poluentes. A fábrica

foi construída num vale do terreno, suavemente acidentado, a 290 metros das margens do Rio Subaé. Os efluentes

líquidos eram lançados no rio, o qual apresenta baixo volume de água, sem nenhum tratamento. A partir de 1975

vários estudos e pesquisas foram efetuados enfocando os níveis de contaminação por Pb (chumbo) e Cd (cádmio) no

ecossistema local e município.

A COBRAC produzia ligas de chumbo, a partir do minério de chumbo das minas de Boquira, utilizando processo

metalúrgico que resultou no lançamento na atmosfera de subprodutos indesejáveis, além de gerar e dispor no solo, ao

longo de três décadas, cerca de 500.000 (quinhentas mil) toneladas de escória. Segundo ensaios realizados conforme

a NBR10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, nesta escória predominam os metais pesados

chumbo (Pb) e cádmio (Cd), considerados resíduos sólidos perigosos e altamente tóxicos.

De forma mais explícita, o processo metalúrgico adotado na indústria da COBRAC, realmente provocou a

contaminação ambiental em Santo Amaro da Purificação, devido à utilização de tecnologias que não previam o

controle seguro sobre os efluentes líquidos e gasosos, destacando-se: (i) o material particulado emitido pela chaminé

da fábrica, que poluiu a atmosfera da região; (ii) os efluentes lançados in natura no rio Subaé, que contaminaram suas

águas; (iii) a lixiviação das águas de drenagem da escória que, ao se inflitrarem e percolarem no solo, contaminaram o

lençol freático na área da fábrica; e (iv) a escória depositada criminosamente a céu aberto, sem nenhum tratamento,

que motivou sua utilização pela população e pela Prefeitura, nos jardins e pátios das escolas e na pavimentação de

ruas. Os filtros instalados na chaminé da fábrica após embargo das instalações pelo Governo do Estado, apesar de

conter materiais particulados de alta toxicidade, eram removidos e dispostos de forma inadequada permitindo que

funcionários e transeuntes os levassem para dentro das residências e os utilizassem na forma de tapetes e colchões

de dormir. Em suma, o impacto ambiental negativo das atividades da fábrica sobre o meio ambiente, se deu no ar, na

água, no solo, na vegetação natural e nas atividades econômicas da região - em especial na produção 

hortifrutigranjeira, além da morte de animais nas áreas adjacentes ao empreendimento e, sobretudo, no

comprometimento da saúde da população, conforme  se pode observar no anexo “Pequeno Histórico Ilustrado da

Poluição por Metais Pesados em Santo Amaro da Purificação, Bahia” retirado de trabalho do Professor Fernando

Martins Carvalho, Professor Titular do Departamento de  Medicina Preventiva da Universidade Federal da Bahia

(UFBA) que lá efetuou inúmeras pesquisas.

Em 1975, a COBRAC apresentou projeto, que foi indeferido pelo Governo do Estado da Bahia, para ampliar suas

instalações industriais e aumentar a produção anual de chumbo de 30.000 (trinta mil) toneladas para 45.000 (quarenta

cinco mil) toneladas.

(ii) de 1975 a 1993 - O segundo período da história da contaminação por chumbo em Santo Amaro da Purificação,

inicia-se após a proibição da ampliação da produção industrial. Neste período, se intensificaram as pesquisas

toxicológicas e epidemiológicas na população santamarense, realizadas pelo Departamento de Medicina Preventiva,

da Universidade Federal da Bahia. Com relação à plumbemia, constatou-se que a população está contaminada com

concentrações de Pb e Cd no sangue, acima dos índices permitidos pela OMS - Organização Mundial de Saúde. A

maioria das crianças residentes no raio de 900 metros, a partir da chaminé, tinha concentração de cádmio no sangue

acima do valor normal de referência. O nível de Pb e de Cd no cabelo da população amostrada, aumentava

proporcionalmente ao aumento das concentrações desses metais pesados no solo, demonstrando inequivocamente o

elevado grau de contaminação ambiental na região de Santo Amaro da Purificação.

Neste período foram realizados outros  estudos representativos, dentre eles, o epidemiológico de Fernando Martins

Carvalho e equipe do Departamento de Medicina Preventiva da UFBA e o outro por José Ângelo Sebastião Araújo dos

Anjos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo de 1998, bem como da Empresa Teuba –Arquitetura e

Page 16: Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina

urbanismo s/c ltda, todos desenvolvidos na Bacia do Rio Subaé e por eles pode-se identificar que a contaminação

provocada pela metalúrgica era decorrente:

Da instalação da metalurgia na área onde predominavam ventos de baixa velocidade e constante inversão térmica,

dificultando a dispersão e favorecendo a precipitação dos particulados na área urbana;

Da proximidade da metalurgia do leito em áreas de inundação do rio Subaé;

Da disposição inadequada da escória em aterros e seu reuso para construção de estradas e áreas residências,

aumentando significativamente a contaminação d solo, águas superficiais, subterrâneas e das populações residentes

por todos o município;

Da alta concentração dos metais nos manguezais do estuário do rio Subaé contaminando moluscos que servem como

base alimentar da região;

Dos particulados expelidos pela chaminé da metalurgia, contaminando vegetais comestíveis, solo, águas superficiais e

a população do município;

De a indústria considerar a escória inócua, depositá-la sem critérios técnicos e disponibilizá-la para diversos usos;

Do transbordamento da bacia de rejeito do período de altos índices pluviométricos na baixa vazão do rio Subaé,

dificultando sua diluição e dispersão dos efluentes líquidos, que eram lançados sem tratamento;

 

(iii) De 1993 até o presente momento - Em decorrência dos comportamentos anteriores foram constatados diversos

impactos negativos gerados pela atividade os quais são de ordem da saúde pública, da segurança e bem estar da

população; das atividades sociais e econômicas, da destruição da biota, das condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e da qualidade dos recursos ambientais.

Com relação aos principais impactos destacam-se:

A disposição inadequada da escória nas ruas, como forma de aterro, que tem proporcionado a principal forma de

exposição à contaminação, em razão do contato direto das crianças com a escória pelo mecanismo da geofagia (hábito

de comer terra); (Todas as crianças examinadas em 1998, 5 anos após o abandona da empresa de suas atividades,

ainda apresentavam índices elevados de contaminação por chumbo no sangue);

A utilização da água proveniente da lixiviação e /ou solubilização da escória e da vegetação pelos animais que pastam

no local provocam o processo de bioacumulação e posteriormente migra na cadeia alimentar persistindo no homem;

A disposição inadequada da escória em épocas distintas produz o desenvolvimento de processos pedogenéticos, por

reações ou mecanismo de caráter químico e físico no perfil do solo pela ação de processo que levam a degradação do

solo pela alteração de suas características em relação aos seus diversos usos possíveis;

A utilização da escória como aterro em  lavra aluvionar de areia do Rio Subaé, provocando a migração dos

contaminantes diretamente para o rio;

Desvalorização econômica dos terrenos em torno da metalurgia e a impossibilidade de utilização da área para outros

empreendimentos;

Impacto negativo no vetor de crescimento urbano da cidade de Santo Amaro, dentre outros motivos, em função da

metalurgia ter comprado a maioria das terras do seu entorno;

Com o abandono das suas atividades, a metalurgia causou o desemprego de seus funcionários os quais não eram

aceitos em outras empresas, devido à possibilidade de ter que arcar com passivos trabalhistas que poderiam lhe ser

Page 17: Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina

imputados, sofrendo os ex-trabalhadores a discriminação da contaminação, que ocasionou em vários níveis o

desequilíbrio psicológico dos funcionários e suas famílias;

Elevadas concentrações de chumbo e cádmio em sedimentos e moluscos de todo ecossistema ao norte da Baía de

Todos os Santos;

O aparecimento acentuado, nas pessoas envolvidas no processo, de sintomas associados à contaminação, tais como:

problemas auditivos, indisposições, sonolência, cansaço, dores articulares, problemas respiratórios, complicações

pulmonares, renais, cardiovasculares, músculo-esqueléticas, do sistema nervoso, perda de memória e dificuldade de

aprendizagem por perda do desenvolvimento neurocognitivo.

As amostras de solos superficiais nas imediações da Plumbum revelaram concentrações de chumbo que representam

o mais alto valor encontrado em terrenos de indústrias de processamento de metais além de valores muito elevados de

cádmio. Estas concentrações estão dezenas de vezes acima dos valores estabelecidos para o cenário industrial

.    CONCLUSÃO:

SOBRE A CONTAMINAÇÃO POR PB E CD EM SANTO AMARO

O complexo minero-metalúrgico para produção de ligas de chumbo (Pb) na Bahia era composto da lavra e

beneficiamento do minério de chumbo no Município de Boquira, sudoeste do estado, e produção de ligas de chumbo

pela usina metalúrgica em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Durante o período de produção de ligas

de chumbo e escórias (1960-1993), o processo metalúrgico empregado (sinterização e redução do sinter) resultou em

forte contaminação no meio ambiente por meio de material particulado expelido pela chaminé, efluentes líquidos

despejados diretamente no rio Subaé e transbordamento da bacia de rejeito, águas de drenagem da área de

estocagem da escória.

O agente poluidor mais devastador em Santo Amaro foi, muito provavelmente, a emissão pelas chaminés nas

instalações da fundição.

Dados obtidos por pesquisadores da USP e UFBA, observações, depoimentos e dados analíticos obtidos

recentemente pela equipe do IDA e mais especificamente pelo Prof. Raul Minas Kuyumjian (IDA/UnB) são sumarizados

a seguir:

a) a escória deixada no local contém até 21% de Cd e até 3% de Pb.

b) a contaminação atmosférica por Pb devido ao material particulado expelido pela chaminé foi, provavelmente, a mais

intensa e devastadora.

c) a escória amontoada (490000 toneladas contendo 35 g/t de Cd e até 3% de Pb) nas dependências da fábrica, em

local com declive topográfico em direção ao curso do rio Subaé, distante 290 metros das instalações da fundição foi,

pelo menos por um bom tempo, transportada, por gravidade e/ou lençol freático, para o curso do rio.

d) A água circulante (contaminada) no processo de fundição era lançada no rio Subaé.

e) estudos efetuados no solo da área da metalurgia revelaram elevadas concentrações de Pb e Cd nos níveis mais

superficiais do mesmo, indicando forte adsorção dos metais pelo solo superficial (até 30 cm), decorrente de altas

concentrações de matéria orgânica, alta capacidade de troca catiônica (CTC) e presença da argila montmorillonita.

Esta retenção dos metais pelo solo superficial não impediu mas atenuou a migração dos poluentes às águas de

subsuperfície.

Page 18: Já sabemos que o amido é formado pela combinação da amilose com a amilopectina

f) os estudos e avaliações efetuados ao longo dos últimos 25 anos demonstram a diminuição, mas não a eliminação,

dos níveis de contaminação por Pb e Cd em Santo Amaro da Purificação.

g) As medidas e procedimentos implementados no sentido de remediar a contaminação foram aplicados de forma

tecnicamente incorreta e/ou restaram parcialmente ineficazes.

h) O encapsulamento da escória foi efetuado de forma incorreta posto que na superfície do material de recobrimento

observa-se grande quantidade de fragmentos da escória, que obviamente são submetidos ao transporte para baixo e

lateralmente por água pluviais.  O material de recobrimento da escória apresenta várias fendas devido a acomodações

e ação de água pluviométrica, e é intenso o transporte, pelas formigas, de fragmentos da escória em profundidade para

a superfície.

i) a base do calçamento de várias ruas da cidade é constituída de uma camada de alguns centímetros de areia e,

abaixo desta, escória (a escória está a 30-40 cm abaixo do calçamento). A escória está presente em rebocos de

construções civis e recobrimentos em jardins públicos e pátios de escolas (em São Brás-Cachoeira da Vitória houve

distribuição sem controle da escória para a população).

j) estudos efetuados em 1977 evidenciaram elevados níveis de contaminação por Pb e Cd nas águas do rio Subaé,

cujo curso atravessa a cidade de Santo Amaro, quando então é utilizado para atividade de pesca e deleite das

crianças.

k) em Caieira e Destilaria (periferia de Santo Amaro da Purificação) ocorre a pesca de mariscos, comprovadamente

contaminados por Pb e Cd, no estuário do rio Subaé na Baia de Todos os Santos, situado a 10 km da metalurgia.

l) a contaminação por Pb afetou a produção agrícola e pecuária local, consumida, pelo menos em parte, pela

população local.

m) toxicologia em crianças e adultos tem revelado níveis significativos de Pb e Cd em cabelo e sangue, principalmente

em crianças.

n) Os principais efeitos da contaminação (contato, inalação e ingestão) por chumbo em Santo Amaro da Purificação

são os seguintes: problemas respiratórios, renais e hepáticos, anemia e perda parcial da memória. Leucemia é

mencionada. Portanto, a contaminação atingiu todo o ecossistema da área de Santo Amaro: solo, água, flora, fauna e

saúde humana, principalmente crianças.

o) Os órgãos públicos municipais, estaduais e federais, além dos empreendedores, obviamente, não adotaram as

providências cabíveis, não proporcionaram os recursos financeiros necessários e nem mesmo condições médico-

hospitalares para o tratamento da população já contaminada.

p) Muitos dos operários que trabalharam na fundição ainda lutam por aposentadoria e/ou indenização. Muitos

morreram por doenças relativas à contaminação, porém não reconhecidas como tal. Os operários que exerceram

atividades na fundição foram e são rejeitados por outras indústrias, quando da oferta de empregos por medo da

possibilidade de lhes ser imputado o passivo trabalhista da COBRAC/PLUMBUM. A questão social das famílias dos

trabalhadores da metalurgia é grave.

q) A cidade ficou sendo apresentada como “uma das mais poluídas do mundo” na literatura internacional sobre

contaminação ambiental por chumbo, tendo perdido todo seu potencial turístico proveniente de sua arquitetura colonial

e de sua perspectiva histórica.

SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DA REMEDIAÇÃO

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As zonas alagadiças e diques de retenção já estabelecidos no âmbito das instalações da metalurgia  apenas limitam a

migração lateral dos poluentes, principalmente em direção ao rio Subaé.

Embora a natureza argilosa e orgânica do solo no local contribua fortemente para a retenção dos poluentes, a

migração de Pb e Cd para baixo, em direção ao lençol freático, certamente ocorre.

Portanto, as medidas remediadoras concretizadas até o presente e a natureza do solo no âmbito do sítio da metalurgia,

somente são eficientes no sentido de limitar, mas são incapazes de eliminar ou anular os processos que promovem a

contaminação.

O encapsulamento da área de escória foi efetuado de forma tecnicamente inadequada e incorreta. Embora o mesmo

possa ser refeito adequadamente, a medida mais recomendável, definitiva, é a remoção da escória existente no sítio

da metalurgia, depositando-a em local apropriado.

O longo tempo de residência do Pb no ecossistema e a natureza cumulativa da contaminação por Pb e Cd justificam a

remoção da escória, não somente daquela existente no sítio da fundição, mas também daquela em aterros e

calçamentos realizados pela Prefeitura de Santo Amaro.

No entanto, no caso dos calçamentos, deve-se proceder a monitoramento da contaminação (por meio de poços para o

estudo do perfil de solo e água do lençol freático), sendo que a remoção da escória deverá ser efetuada dependendo

dos níveis de contaminação. Há técnicas apropriadas para conter o processo de contaminação no caso de níveis de

contaminação não elevados.

O sítio de localização da Indústria Metalúrgica deve ser descontaminado, sendo a planta industrial, que se encontra

semidestruída, removida devendo receber destinação adequada, possibilitando a utilização segura da área para outros

empreendimentos.

A Mina de Boquira, atualmente desativada, deve  sofrer um procedimento de “retorno a seu estado natural”

assegurando-se que ela não represente um perigo para a população do município e de seus vizinhos e para o meio

ambiente. Isto significaria, no mínimo, fechar definitivamente os muitos acessos às galerias e poços, assegurar a

estabilidade do terreno de modo a evitar riscos de desabamento, remover as construções civis existentes na superfície 

e checar, bem como tratar, se for o caso, a água dos “pits” da mina antes de devolvê-la ao meio ambiente, garantindo

que não apresente nenhum risco ambiental.

Deve ser efetuado, também, na região de Boquira, o monitoramento da qualidade da água nos rios da bacia

hidrográfica local e feita a desmontagem dos “pit-head”  antes dos procedimentos de recuperação da área degradada,

que englobaria, inclusive, a recomposição da vegetação original, se possível, tudo através de um Plano de

Recuperação de Área Degradada – PRADE, aprovado pelos órgãos ambientais competentes.

A implantação de  um Plano de Gestão Sócio-Ambiental para Santo Amaro da Purificação é essencial no sentido de

reduzir ou mesmo eliminar os níveis de contaminação existentes em solos e águas locais,  promover condições para a

qualificação da saúde pública e atender aos diversos problemas sociais gerados pelo empreendimento.

Segundo o apurado pode-se concluir que o caso da Plumbum apresenta-se como um exemplo clássico de um sítio

negligenciado pelo empreendedor, apresentando um grande passivo sócio-ambiental ainda não quantificado e com

ações desenvolvidas pelos órgãos públicos meramente de forma paliativa, não sendo  apresentadas nenhum tipo de

proposta de solução definitiva do problema.

SUGESTÕES:

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i. A criação, em uma primeira fase, de um Grupo Operativo coordenado por instituição ambiental sem injunções

políticas locais, composto dos especialistas que estudaram o assunto, representantes da Sociedade Civil atingida, do

governo em suas várias esferas e das empresas envolvidas, para em prazo máximo de três meses, propor, na forma

de um Plano de Gestão Sócio-Ambiental, soluções técnicas  e medidas sócio-ambientais cabíveis e aceitáveis pela

população, no sentido de remediar o passivo deixado pelo empreendedor. O grupo deveria propor, também, um

PRADE para a região de BOQUIRA.

ii. A implementação, em uma segunda fase, do Plano de Gestão Sócio-Ambiental  e do PRADE produzido na primeira

fase.

iii. A adoção, pelo órgãos federais, estaduais e municipais  competentes, de medidas normativas/legais que tornem

obrigatória nos Estudos de Impacto Ambiental e/ou Relatórios (EIA/RIMA) bem como no Licenciamento Ambiental,  a

disponibilização prévia dos recursos necessários, sob forma de compensação ambiental (já prevista em Lei), para os 

procedimentos destinados à desativação segura das instalações e retorno do meio ambiente afetado às condições

originais existentes antes do empreendimento.

Brasília, em 08 de julho de 2002.