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setembro 2010 O RETORNO DO E não está voltando, porque não retorna algo que, de fato, nunca se foi. Ao longo de 13 anos de vida, a periodicidade intermitente desse jornal só pode ser prova de que, apesar das adversidades, ele con- tinua o projeto não-oficial mais longevo do curso de Comunicação e, por que não, também o mais bem-quisto e lembrado. Pois esse charme do passado, que era ter nas mãos um Jabá que sempre poderia ser o último, deu lugar a uma estabilidade maior: a recente integração ao PET, embora não garanta um financiamento fixo – dificuldade que, aos poucos, vai acabando –, assegura que tenha alguém que cuide para manter o Jabá como ele deve ser, um jornal informativo, ágil, polêmico e nosso. Porque não existe qualidade melhor do Jabá do que abrir espaço para a voz – informativa ou opinativa – de qualquer estudante do curso que queira se juntar a ele. E isso está claro pela diversi- dade de temas nas edições. Neste Jabá que você tem nas mãos, o úni- co que a gente aconselha que você receba, Renato Sousa analisa como foram os quatro dias do Fórum Transnacional da Emancipação Humana, feito pelos integrantes da Crítica Radical; Érico Araújo Lima e Roger Q. Pires, que conseguiram até uma planta baixa e um orça- mento da reforma, dão detalhes sobre a construção da Quadra do CEU; Raphaelle Batista decifra o mundo das dançarinas de forró; Julio Pio, nosso infant terrible da internet, entra como titular do Alpinismo, a coluna de fofocas – porque ninguém é de ferro. A edição, que foi feita com carin- ho, merece ser lida na sua inteireza. Boa leitura e obrigado, Fortaleza! O Jabá não está voltando. COBRIRAM A QUADRA, MAS... O PISO VAI ATRASAR DIFICULDADES NA REFORMA DA QUADRA DO CÉU DEIXAM ESTUDANTES AFLITOS QUANTO AO DESTINO DA COPA JABÁ. p2-3 É PRA PENSAR O IMPENSÁVEL FÓRUM TRANSNACIONAL DA EMANCIPAÇÃO HUMANA DÁ NÓ CEGO NA CABEÇA DO NOSSO REPÓRTER. p7 ECONOMIA UNIVERSITÁRIA É POSSÍVEL NÃO PASSAR SUFOCO MORANDO LONGE DOS PAIS? JABÁ DÁ DICAS DE SOBREVIVÊNCIA. p6 TÁ SABENDO DO FOLCLORE? ANIVERSÁRIO DE 45 ANOS DA DATA COMEMORATIVA CHAMA ATENÇÃO PARA CABOCLINHAS, CABAÇAL E OUTRAS COISAS. p4 SACODE, SACODE, SACODE! OS BASTIDORES DA VIDA AGITADA DE UMA DANÇARINA DE FORRÓ. p5 EXPEDIENTE: Alan Santiago (J), Analice Diniz (8!P), Anna Cavalcanti (5J), Anderson Lima (5J), Débora Medeiros (J), Érico Araújo Lima (6J), Neves Neto (7!J), Juliana Diógenes (5J), Julio Monteiro (8!P), Raphaelle Batista (5J), Renato Sousa (4J), Roger Q. Pires (7J),Yuri Leonardo (8!J)

Jabá - Setembro de 2010

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Cobriram a quadra, mas o piso vai atrasar

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Page 1: Jabá - Setembro de 2010

setembro 2010

O RETORNO DO

E não está voltando, porque não retorna algo que, de fato, nunca se foi. Ao longo de 13 anos de vida, a periodicidade intermitente desse jornal só pode ser prova de que, apesar das adversidades, ele con-tinua o projeto não-oficial mais longevo do curso de Comunicação e, por que não, também o mais bem-quisto e lembrado.

Pois esse charme do passado, que era ter nas mãos um Jabá que sempre poderia ser o último, deu lugar a uma estabilidade maior: a recente integração ao PET, embora não garanta um financiamento fixo – dificuldade que, aos poucos, vai acabando –, assegura que tenha alguém que cuide para manter o Jabá como ele deve ser, um jornal informativo, ágil, polêmico e nosso. Porque não existe qualidade melhor do Jabá do que abrir espaço para a voz – informativa ou opinativa – de qualquer estudante do curso que queira se juntar a ele.

E isso está claro pela diversi-dade de temas nas edições. Neste Jabá que você tem nas mãos, o úni-co que a gente aconselha que você receba, Renato Sousa analisa como foram os quatro dias do Fórum Transnacional da Emancipação Humana, feito pelos integrantes da Crítica Radical; Érico Araújo Lima e Roger Q. Pires, que conseguiram até uma planta baixa e um orça-mento da reforma, dão detalhes sobre a construção da Quadra do CEU; Raphaelle Batista decifra o mundo das dançarinas de forró; Julio Pio, nosso infant terrible da internet, entra como titular do Alpinismo, a coluna de fofocas – porque ninguém é de ferro.

A edição, que foi feita com carin-ho, merece ser lida na sua inteireza. Boa leitura e obrigado, Fortaleza!

O Jabá não está voltando. COBRIRAM A QUADRA, MAS...

O PISO VAIATRASAR

DIFICULDADES NA REFORMA DA QUADRA DO CÉU DEIXAM ESTUDANTES AFLITOS QUANTO AO DESTINO DA COPA JABÁ. p2-3

É PRA PENSARO IMPENSÁVELFÓRUM TRANSNACIONAL DA EMANCIPAÇÃO HUMANA DÁ NÓ CEGO NA CABEÇA DO NOSSO REPÓRTER. p7

ECONOMIAUNIVERSITÁRIAÉ POSSÍVEL NÃO PASSAR SUFOCO MORANDO LONGE DOS PAIS? JABÁ DÁ DICAS DE SOBREVIVÊNCIA. p6TÁ SABENDO

DO FOLCLORE? ANIVERSÁRIO DE 45 ANOS DA DATA COMEMORATIVA CHAMA ATENÇÃO PARA CABOCLINHAS, CABAÇAL E OUTRAS COISAS. p4

SACODE, SACODE, SACODE!OS BASTIDORES DA VIDA AGITADA DE UMA DANÇARINA DE FORRÓ. p5

EXPEDIENTE: Alan Santiago (J), Analice Diniz (8!P), Anna Cavalcanti (5J), Anderson Lima (5J), Débora Medeiros (J), Érico Araújo Lima (6J), Neves Neto (7!J), Juliana Diógenes (5J), Julio Monteiro (8!P), Raphaelle Batista (5J), Renato Sousa (4J), Roger Q. Pires (7J), Yuri Leonardo (8!J)

Page 2: Jabá - Setembro de 2010

Se desde 2009 não dá pra usar a quadra do CEU, vale lembrar o longo processo burocrático pelo qual passam projetos de infraestrutura em uma uni-versidade federal. Isso porque o TCU (Tribunal de

Contas da União) e a CGU (Controladoria Geral da União) “estão em cima”, como lembra Rafael Henriques, chefe da Coordenadoria de Obras e Projetos (COP) da UFC.

Primeiro, é preciso que algum gestor de área solic-ite à COP um projeto de melhoria. Feito o plano básico de reforma, com planta e orçamento inicial, é verificada a disponibilidade de recursos. Liberada a obra, um pro-jeto executivo é elaborado para dar início ao processo de licitação. E é nessa fase, como destaca Henriques, que “as coisas podem demorar mais”. Para a coberta da Quadra do CEU, com orçamento básico de R$ 620.313,42, a licitação ocorre por tomada de preço e tem um prazo de “pelo me-nos 60 dias – isso quando alguma empresa não entra com recurso”, pontua o coordenador. A obra só se inicia quando todos os trâmites legais são resolvidos.

Isso tudo só pra começar: durante a execução da obra em si, atrasos são comuns. “Se tiver que fazer alteração de projeto ou qualquer aditivo, a obra pára, e todas aquelas etapas iniciais são retomadas”, lembra Henriques. O co-ordenador queixa-se também da falta de mão-de-obra, “tanto pedreiro, como mestre de obra, como engenheiro. Nós estamos vivendo um colapso de engenheiros”. Se-gundo Henriques, a COP, por exemplo, teve poucas alte-rações no número de funcionários: “É, praticamente, a mesma equipe de quinze anos atrás, quando a gente tinha

reforma do CEU

COLAPSODE ENGENHEIROS

Como era a situação do palco para as épicas partidas da Copa Jabá, em 2008foto_ Analice Diniz

LUA NOVALIVRARIA

PORQUE A LEITURA MODIFICA

AVENIDA 13 DE MAIO - 2861 - BENFICA

Nem adianta encurvar o corpo para direita e lan-çar um olhar esperançoso para o Centro Es-portivo Universitário, também conhecido como Quadra do CEU (que para muitos é o céu mesmo,

azul e cheio de nuvens). O prefeito do campus do Benfica, Murilo Holanda Dodt, profetiza: “Pela minha experiên-cia na UFC, acho que a quadra não fica pronta até o final deste ano”. Para quem se contenta com uma cobertura me-tálica, iluminação e vestiários novos (até para árbitros), isso a primeira obra já garantiu.

Porém, ainda falta no projeto de reforma da quadra jus-tamente reformar a quadra. Redundância à parte, o piso ainda está bem diferente do que se vislumbra na planta do novo projeto e as condições poliesportivas estão tão invisíveis como a poeira que vem de lá para o restante do Centro de Humanidades 2.

“Um metro dos lados, quatro nos fundos, pin-tura da quadra”, lista com precisão o prefeito, que já prevê como deve ficar a quadra poliesportiva. Um jovem estudante de jornal-ismo ouvindo Murilo até compreende a demora, afi-nal a culpa não é dele e sim da burocracia detalhada em seguida. Mas é só sair da sala de Murilo e lembrar o tradicional torneio se-

mestral da Comunicação Social, a xará Copa Jabá – realizada pela última vez no segundo semestre de 2008, que a sede por respostas se manifesta.

Como fazer para tirar a Copa Jabá da geladeira e ativar os corpos enferrujados dos comunicólogos? Leva um ofício da coordenação do curso até a Pró-Reitoria de Administ-ração e eles analisam as condições de acontecer o torneio. A simples resposta veio no último dia de apuração, após o “passa ou repassa” de ramais da UFC.

A única opção é realizar a copa antes de as obras do piso começarem e se arriscar no piso áspero atual, que dará lugar a um revestimento pacífico, assim esperamos. Alguns alunos já manifestaram interesse em levar à frente a orga-nização do torneio e a coordenadora do curso de Comuni-cação Social também já se pronunciou: “Conte com o meu apoio na Copa Jabá. Só serei contra se tomar o horário das aulas”, escreveu em e-mail Glícia Pontes.

O prefeito do Benfica mostrou à equipe do Jabá um es-boço de projeto para urbanização e piso da quadra. A pro-posta ainda precisa ser discutida em reunião conjunta com a Coordenadoria de Obras e Projetos (COP), responsável pelo planejamento e fiscalização de obras na Universidade, e a Pró-Reitoria de Administração – setor que libera os re-cursos para a intervenção. Segundo o prefeito, é intenção do reitor Jesualdo Farias ter a quadra totalmente concluída até o final do ano: para isso, Murilo indica que o processo burocrático terá que ser apressado. A licitação deve ser feita por pregão, que levaria 15 dias para ser concluído. Segundo o chefe da COP, Rafael Henriques, a expectativa é de que a obra, após iniciada, tenha duração média de 90 dias

]“As condições poliesportivas

estão tão invisíveis como

a poeira que vem da obra

para o restante do Centro de

Humanidades 2”

Após conclusão da cobertura, é possível realizar um torneio de futsal antes do novo fechamento para reforma, dessa vez, para colocar um outro tipo de revestimento no piso _ Roger Q. Pires, 7J_ Érico Araújo Lima, 6J

Copa Jabá aos 49’ do segundo tempo, antes da chegada dos tratores

E DEMORA NA LIBERAÇÃO DE RECURSOSSaiba o que acontece na UFC entre a vontade de realizar uma obra e a retirada da placa fixada no canteiro

que cuidar de poucas obras”. Em tempos de REUNI (Pro-grama de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), os encarregados pela fiscal-ização das obras têm um volume considerável de projetos para dar conta. “Hoje nós estamos com mais de cem obras na Universidade”, diz Henriques.

E todo esse serviço é dividido entre os engenheiros da COP. Os trabalhos na coberta da quadra do CEU ficaram sob os cuidados de Gerson Ricardo. “Era pra ter terminado mais cedo um pouco”, diz. Segundo ele, a previsão inicial de quatro meses estava equivocada, e um atraso de 2 me-ses aconteceu, em virtude de imprevistos em relação ao projeto, das chuvas no primeiro semestre e da própria na-tureza da obra. “A obra é pseudosimples, mas a burocracia mesmo é pra liberar o recurso”, aponta o engenheiro.

]A previsão inicial de quatro meses estava equivocada, e um atraso de dois meses aconteceu.

2-3

Page 3: Jabá - Setembro de 2010

No dia 22 de agosto, comemora-se o dia do folclore. Em 2010, completam-se 45 anos que a data foi in-stituída no Brasil. De origem inlgesa, a palavra foi criada pelo arqueólogo inglês William John Thoms,

no dia 22 de agosto de 1846, em Londres que a propôs à re-vista The Atheneum, para designar os registros dos cantos, das narrativas, dos costumes e usos dos tempos antigos. Thoms es-colheu duas velhas raízes saxônicas: Folk, que significa povo, e Lore, sabe, formando, assim, Folk-Lore, sabedoria do povo.

Em 1965, o então presidente Castello Branco assinou o De-creto Federal n° 56.747, denominando o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore brasileiro. O Art 2º do Decreto estabeleceu que “A Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro do Ministé-rio da Educação e Cultura e a Comissão Nacional do Folclore do Instituto Brasileiro da Educação, Ciência e Cultura e respectiv-as entidades estaduais deverão comemorar o Dia do Folclore e associarem-se a promoções de iniciativa oficial ou privada, estimulando ainda, nos estabelecimentos de curso primário, médio e superior, as celebrações que realcem a importância do folclore na formação cultural do país”.

A presidente da Comissão Nacional de Folclore e profes-sora do Instituto Federal de Ciência e Educação, Lourdes Macena, afirmou que a formalização da data veio dar um es-paço oficial decorrente de todas as pressões advindas desde a década de 1920 com o movimento nacionalista e que bus-cavam um sinal de pertencimento da nossa pátria, da nos-sa nação”. “A maior preocupação era ter uma oficialização para que as pessoas estivessem conscientizadas a respeito das tradições populares”, revelou.

Ao contrário do que o senso comum imagina, não é apenas ao Nordeste que se devem as manifestações folclóricas mais importantes do País. Além do Bumba-meu-boi, das Caboclinhas e das Cavalhadas, típicas da região, ainda se multiplicam a Con-gada, no Sul e Sudente; os Cordões-de-bicho, no Norte; o Siriri e a Procissão do Fogaréu, no Centro-Oeste.

No Ceará, os folguedos estão espalhados por todo estado: a Caninha Verde, em Fortaleza, no Mucuripe. O Boi Ceará do Mes-tre do Zé Pio, no Planalto das Goiabeiras. No Cariri cearense, as Bandas Cabaçais e os seus sapateados, tocatas guerreiras e, em peças que lembram rituais mágicos e totêmicos, pequenos temas narrativos ligados à natureza (O Casamento do Pombo com a Jia, A Briga do Cachorro com a Onça, A Briga de Galos, a Dança do Sapo, o Caboré). No Município de Itarema, a dança do Torém, executada pelos descendentes dos índios Tremembé.

]“Ser dançarina de forró, hoje, é só você ter bunda, não ter barriga, ter peitão, e saber descer até o chão”

Eu vou cantar pra tu:

+ PARA LER A produção bibliográfica sobre folclore tem como principais autores o potiguar Câmara Cascudo, considerado a maior referência entre os especialistas, que publicou em 1954, Dicionário do Folclore Brasileiro; o cearense Gustavo Barroso, com a obra Terra do Sol – Natureza e costumes do Norte, de 1912; o paraibano Oswaldo Trigueiro, com a obra Cartilha paraibana: aspectos geo-histórico e folclórico em 1993; o baiano Renato Almeida, com o livro A inteligência do Folclore, de 1974.

Girl beautiful Khlainny Karyn rasga as polêmicas do estourado mundo das dançarinas de forró. _ Raphaelle Batista, 5J

O sorriso metalizado de menina contrasta com o de-cote generoso da foto no plano de fundo da página do Twitter. De perto, o aparelho nos dentes é o que menos chama a atenção. Khlainny Karyn tem

seios fartos, cintura bem esculpida e pernas grossas – como toda dançarina de forró deve ter, segundo ela própria. Uma criança de dois anos de idade que vem me recepcionar é ex-ceção entre os requisitos necessários à profissão, mas isso eu só descubro depois de uma gafe.

– Que menina linda! É tua irmã? – pergunto.Khlainny encara com naturalidade o equívoco e apresenta

a filha, Khrissya Kathlyn. A mãe tem apenas 18 anos e é dan-çarina de forró há cerca de um ano e meio. Começou a dançar na antiga banda Zanzibar em março de 2008, por intermédio da professora de jazz do colégio.

Khrissya tinha apenas quatro meses de vida quando a mãe acompanhou a Zanzibar no carnaval e em eventos eleitorais. Após esse freelancer, um intervalo de sete meses até voltar aos palcos. Desta vez, foi convidada para Márcia Felipe e Cia do Forró, pelo coreógrafo da banda, que a viu de cima do pal-co e fez o convite ao final do show.

Depois do segundo grupo, o que muitas dançarinas son-ham chegar: Aviões do Forró. A passagem, no entanto, durou apenas um mês por causa de um assédio sofrido por Khlain-ny dentro da banda. À época, a dançarina tinha 17 anos. “Esse mundo [do forró] é muito vulgar. As próprias dançarinas não se dão ao respeito. Tem pessoas que generalizam e eu sofri muito com isso”, revela Khlainny.

A saída forçada acabou se tornando a oportunidade que a moça precisava para colocar silicone e fazer lipoaspiração. O retorno, após as cirurgias, foi com a banda Garota Safada. Depois veio Forró Sacode, Aviões novamente e, por fim, Saia Rodada. “A melhor banda que dancei, onde eu mais criei afini-dade”, diz referindo-se à última, com a qual gravou um DVD, em Pedra Grande (125km de Natal), no Rio Grande do Norte, que será lançado no próximo dia 10.

Afastada das bandas, Khlainny lamenta o preconceito gerado pelas atitudes de algumas profissionais. “A maio-ria das dançarinas de forró faz programa. Essa é uma re-alidade que não tem como esconder. Já cheguei numa festa e me perguntaram quanto era o programa só por eu ser dançarina de forró”, revela.

(3x)

Conforme conta, o uso de drogas antes dos shows é comum: “Já vi dançarina cheirando pó [cocaína], fu-mando maconha. Lança[-perfume] não é nada na frente das outras [drogas]”, conta.

De acordo com Khlainny, a aplicação ilícita de substâncias hormonais visando ao aumento da massa corporal das dan-çarinas é tão recorrente que as próprias bandas financiam a prática. “Tem um rapaz que aplica bomba aqui em Fortaleza. Às vezes ele pega as meninas pra ‘bombar’ em 15 dias. Todas as meninas conhecem ele”, denuncia.

Apesar desse cenário, a moça diz nunca ter usado dro-gas ou aplicado as chamadas “bombas”, mesmo ouvindo reclamações por geralmente ser a mais magra entre as dançarinas. Assim como as profissionais que não usam anabolizantes, ela defende as que não se prostituem. “Do mesmo jeito que tem dançarina que é garota de programa, tem dançarina que é casada, que tem uma filha, como eu, e não é chegada a programa”.

Quando o assunto é a carreira como dançarina, Khlainny é cat-egórica: “Não tem futuro”. O que ela sempre gostou mesmo foi de jornalismo, “desde pequena dizia pro meu pai que eu ia tomar o lugar da Fátima Bernardes”, disse sor-rindo. O mesmo sorriso de aparente inocência que esconde a firmeza da mulher bonita, que gosta de dançar, de ler Sidney Sheldon e de ficar com a filha nas horas vagas.

+ACOMPANHE a moça no Twitter. Acesse: http://twitter.com/khlainny.

+PARA ENTENDER e NAVEGAR

Bumba-meu-boi é uma espécie de ópera popular em que o boi ressuscita após terem lhe cortado a língua. O primeiro documento sobre o folguedo aparece em 1791, em Recife. http://vai.la/YFl

Caboclinhas são uma mistura de reisado e maracatu. Os personagens se vestem de penas e cantam as dores cotidianas acompanhados de uma banda de pífano. É muito típico de Alagoas, com fortes influências do maracatu de Pernambuco. http://vai.la/YF4

Cavalhadas ainda eram famosas nas décadas de 1950 e 1960 no interior do Brasil pelo mote religioso: cavaleiros, vestidos de azul, e outros, vestidos de vermelho, simulavam a disputa entre cristãos e mouros na dominação da Península Ibérica. Ainda hoje é popular em Pirenópolis (GO). http://vai.la/YF3

Cordão de bicho é festa da região Norte do País. Nela, há sempre um personagem animal que é caçado, morre e volta à vida. A imaginação dos grupos que encenam a história traz para as ruas reis, rainhas, pagés e feiticeiras. http://vai.la/YF2

Siriri vem de siriricar – movimento dos pescadores na hora de apanhar peixe com anzol. Os bailarinos reproduzem a coreografia ao som do mocho, instrumento feito de madeira e couro de boi. O ponto alto da dança é a troca de casais. http://vai.la/YEZ

Do

Siriri ao

Cabaçal Em 2010, o Dia do Folclore completa 45 anos; para a presidente da Comissão Nacional de Folclore, a data dá espaço oficial às manifestações populares. _ Anderson Lima, 5J

4-5

Page 4: Jabá - Setembro de 2010

“Nós precisamos declarar guerra!”, afirmou a professora Rosa da Fonseca, abrindo os trabalhos do Fórum Transnacional da Emancipação Humana, realizado entre

os dias 1 e 5 de agosto. O evento contou com professo-res, estudantes e sindicalistas e era fruto de pelo me-nos uma década de acúmulo promovida pelos adeptos da chamada Nova Crítica do Valor, que tem como prin-cipal representante no Ceará o grupo Crítica Radical, já conhecido de outros carnavais.

A Nova Crítica do Valor popularizou-se na Europa duran-te a década de 80 com as revistas Krisis e Exit! levando os fundadores do Crítica Radical e outros então marxistas para fora dos partidos e sindicatos. Para os adeptos de tal idéia, um Marx é pouco. Existiria dois Karl Marx: o mais famoso, o Marx da luta de classes e do socialismo. Este não servia. O Marx que eles defendem era um que estaria presente nos detalhes de Marx, em especial nos rascunhos e no primeiro capítulo d’O Capital, onde se fala do tal “fetiche da merca-doria” – a fantasmagoria do capital. Mas o próprio Fórum admite: nem Marx defendia esse Marx. Por isso, o conferen-cista Gérard Briche defende que “nós devemos nos apoiar em Marx para ir além de Marx”.

O fetiche da mercadoria, porém, não foi o único fantasma presente. Outros espectros eram trazidos pelos partici-pantes para aquele Fórum: Vladimir Lênin, Rosa Luxem-burgo e até mesmo Mikhail Bakunin. Mas o próprio Marx – o marxista Marx – era o mais presente lá, sendo constan-

temente exorcizado pelos palestrantes com mantras como “a crítica [marxista] do capitalismo é a crítica do não-desen-volvimento do capitalismo”, proferida por Jorge Paiva, um dos organizadores do Fórum.

Mas, ao exorcizar aquele fantasma, o Crítica Radical acabava evocando outro: o de Lênin, que trazia a pergun-ta que deu nome a um de seus livros: “Que Fazer?”. Mas as respostas encontradas para tal pergunta eram um evasivo “realizar idéias e projetos é próprio do Poder, Estado e do Capital”, proferido pelo conferencista Luís Andrés Breddlow, ou um vazio “Eu não proponho nada. Mas se você tiver algumas reflexões, nós podemos refletir juntos”, por Gérard Briche. Não se propunha um partido, nem uma V Internacional (porque é preciso superar o Estado-Nação, daí o “transnacional”). Ironicamente, quem mais se aproxi-mou de uma resposta não foi o Crítica Radical, mas o mestre do teatro cearense Ricardo Guilherme, que, em um poema feito sob medida para a ocasião, sentencia:

– Façamos uma coisa que ainda não se sonhara coisa!Entretanto, ninguém suspeita ainda o que é a coisa.

Falou-se em “gestar um anti-sujeito”, “pensar o impensável”, “virar as costas ao realismo, numa espécie de pensamento poético”, mas optou-se por um prosaico manifesto. Mas, ainda assim, não há como não re-editar a crítica de Györg Lukács a Adorno. O Crítica Radical ensina uma geração a se revoltar, mas quando esta geração coloca-se fora das biblio-tecas ou dos programas de pós-graduação, a Nova Crítica do Valor parece não ter mais nada a dizer.

ENCONTRAR

Crítica Radical faz Fórum Transnacional da Emancipação Humana e propõe “gestar um anti-sujeito”, “pensar o impensável”, “virar as costas ao realismo”. Mas, afinal, aonde vai dar tudo isso mesmo? _ Renato Sousa, 4J

Por maiores que sejam os conflitos, as brigas e as dis-cussões, morar com os pais ainda é a opção mais cômoda para grande parte dos estudantes que ainda não pode se emancipar e dar adeus à dependência financeira. Gastos

como alimentação, moradia, lazer e saúde somariam um peso ex-orbitante no orçamento de um estudante que estagia ou recebe bolsa. Indo na contramão das despesas, muitos alunos da UFC desafiam as leis matemáticas diariamente, procurando economi-zar com os gastos básicos da vida acadêmica: cópias, impressão de trabalhos, livros e refeições.

Ainda há os mais corajosos, que optam por viver longe da famí-lia em benefício da sua vida estudantil e, futuramente, profissional. Para esses, a necessidade de conter as despesas e saber consumir de maneira consciente se torna mais importante: “Se o dinheiro acaba no final do mês, tenho que rever as prioridades de gastos para o próximo”, diz a jornalista Lívia Rosas, recém-formada pelo curso da UFC. Ela e a irmã, Marina, moram em Fortaleza, sem os pais, há um ano e meio, e ambas garantem que conseguem se virar bem, dentro das contingências materiais.

Ao longo de mais de um ano de experiência, as irmãs adquiri-ram alguns hábitos para usar o dinheiro que recebem de maneira mais inteligente e proveitosa. Para Marina, estudante do 7º semes-tre de Jornalismo, uma boa dica é “comprar o que vai consumir e não jogar nada fora, tentando aproveitar tudo”. De acordo com elas, o mais complicado é depender do transporte público para se lo-comover, tendo que se virar para dar conta das responsabilidades

diárias, ainda que sob a ameaça de greves e atrasos.Quem também dá exemplo de responsabilidade e economia é

Angelina Nascimento, estudante de Pedagogia da UFC, moradora há um ano da Residência Universitária (Reu) nº125, localizada no Benfica. Angelina veio de Cascavel, no interior do Ceará, para fazer sua graduação em Fortaleza. Após comprovar renda, conseguiu a aprovação da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) para morar na Reu e acredita ter feito uma boa escolha: “Aqui é bom, mas é uma nova realidade. A gente conhece muitas pessoas de vários cursos e de vários lugares”, diz ela.

Além de não pagar pela moradia, os estudantes da Reu podem fazer as refeições diariamente no Restaurante Universitário (RU), onde eles têm direito a café-da-manhã, almoço e jantar gratuitos. Nos finais de semana, há uma ajuda de custo extra para bancar as despesas com alimentação. De acordo com Angelina, tudo é bas-tante farto e não há do que reclamar. Com a bolsa de extensão que recebe atualmente, ela procura economizar, em suma, com as có-pias de textos e com as saídas no final de semana.

À revelia do que muitos pensam, morar sozinho não significa viver livre das rédeas dos pais, sem ter a quem dar satisfação. A tarefa exige responsabilidade e bom senso pra tomar as decisões corretas. A conseqüência mais certa dessa experiência é, sem dúvi-da, a maturidade, que vai chegando sorrateira, junto às várias con-tas a pagar. Aos dispostos, Angelina dá seu incentivo: “Ter vindo do interior pra cá foi um desafio, mas cada obstáculo é uma superação. Com o tempo, fui me acostumando”.

MARXnos detalhes

Alimentação> “O RU vegetariano é bom, só é ruim porque acaba cedo...”. Serviço: Restaurante Universitário Campus do Benfica (Avenida da Universidade, 2546). Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 11h às 14h. Horário de venda dos tíquetes: das 8h às 13h30min. Valor do tíquete: R$ 1,10 (estudante), R$ 1,60 (servidor), R$ 2,20 (docente).

> “O Obesos é sempre uma opção válida”; Serviço: O Obesos fica na Avenida da Universidade, em frente à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo (FEAAC). Salgado e refrigerante saem a R$ 3,50.

Diversão> “Acho o Vila Camaleão um espaço legal, animado e barato pra se divertir”. Serviço: Espaço Vila Camaleão (avenida Monsenhor Tabosa, 381 - Casa 3. Praia de Iracema). Shows de samba e chorinho às sextas e sábados, a partir das 18. Entrada: R$ 5,00 (até às 20h) R$8,00 (a partir das 20h). Fone: 3219 3539.

> “As exposições do Dragão geralmente são gratuitas e valem a pena”. Serviço: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (rua Dragão do Mar, 81. Praia de Iracema). Aberto de terça a domingo.

> “Chamar os amigos pra rachar uma pizza em casa é uma forma legal se encontrar”. Serviço: Somando-se pizza, taxa de entrega e refrigerante, a cota sai em torno de R$ 5 por pessoa, sendo o preço dividido a partir de quatro amigos.

> “Passear na Ponte Metálica com os amigos”. Serviço: Com o valor da passagem a R$ 0,90, a ida e volta custam R$ 1,80.

> “Filmes na Casa Amarela.” Serviço: Casa Amarela Eusélio Oliveira (Avenida da Universidade, 2591. Benfica). Fones: 3366 7772 ou 3366 7773.

> “Cerveja do Zé” Serviço: Bar do Zé. Cerveja: R$ 2,50.

Cópias e livros> “Xerox?” Serviço: várias lojas oferecem o serviço no entorno do campus.

> “Apesar de ter uma bibliografia de comunicação muito deficiente, a biblioteca ainda vale a pena”. Serviço: Biblioteca de Ciências Humanas (Avenida da Universidade, 2683 - Bloco 4. Benfica). Horário de funcionamento: de segunda à sexta, das 8h às 21h. Fone: 3366 7654.

Durante o cotidiano na faculdade, a economia já foi implementada à rotina das meninas. Confira as dicas:

ECONOMIZARsem sacrifícioÉ POSSÍVELConfira as dicas de estudantes da UFC que moram sozinhas e se viram (bem) com o dinheiro que ganham _ Anna Cavalcanti, 5J

Page 5: Jabá - Setembro de 2010

Mais um semestre começa na Comunicação Social, e retomamos hábitos dessa época tão linda: se descabelar porque o Módulo Acadêmico simplesmente se nega a nos receber, arrumarmos horário pra fazer aquele curso, pro-curar opcionais dignas, depois sair de bloco em bloco pro-curando sua sala de aula e claro, os bixos. Sim, os bixos con-figuram todo um setor de preocupação. Além da dúvida sobre o caráter e o comportamento etílico dos mesmos, te-mos ainda que nos perguntar como serão recepcionados. E tudo isso implica no Bixo na Brasa, Churrasco Open Bar onde ganhamos cirrose e perdemos o restinho de dignidade que ainda temos. Afinal, é só isso mesmo que importa.

OS BIXOS NEW GENERATION Nesse semestre os bixos são até dignos. Como não

tenho humor nem paciência pra decorar nome de no-vato, basta dizer que é um coletivo de gente delícia e com potencial pra safadeza ou simplesmente tos-quice. Podem até não saber disso ainda e fazer a linha “linda menina que vai à missa”, mas eles têm. Já a Se-mana de Recepção... Bem, essa garantiu o trocadilho de Semana de Decepção.

BRILHO ETERNO DE UMA FESTA DE FRACASSOS

Considerando que 8 da noite numa festa normal de recepção eu já estaria esfregando os genitais no meio-fio e falando obscenidades pros seguranças ao som de um funk da Gaiola das Popozudas, a festa que aconteceu passou longe do ideal. Teve cover de rock (que, por re-sponsabilidade jurídica e pena das criaturas, eu prefiro nem tecer comentários), cachaça escassa e aparelhos de mp3 que mal tocavam uma música boa e já eram desplugados. A única coisa que teve de bom mesmo foi uma louca, toda eloquente. Usando um MACAQUINHO JEANS MARROM (?????) ou algo próximo disso, com o cabelo todo trabalhado no creme de pentear, um batom vermelho escuro, dançando loucamente e com cara de fim de festa (às 7 da noite). Não fosse delícia o bastante, ela reclamou da alta concentração de gays no local, já que era concorrência: “Será que passarei a noite fazen-do fio terra?”. Uma diva de garbo, elegância e sofistica-ção e que ainda se atracou com alguém da Publicidade, durante PASSOS DE FORRÓ.

TOCA RAUL É O C$@#* Claro, achei que estava sendo implicante demais, por

a festa não fazer meu estilo e estar meio parada, mas estavam todos, eu disse TODOS querendo que colocas-sem logo um pancadão e parassem de tocar aquele rock. Como já diria a finada Leila Lopes, “nada contra, acho ótimo”, mas é que um lugar onde todo mundo tá que-rendo mesmo é ralar a tcheca no chão não combina com The Cranberries, Strokes e até Raul Seixas, numa apela-ção descaradíssima. Convenhamos, rodinha de violão que toca Raul não é mais clássico, é apelação.

O PIOR ESTÁ A CAMINHO Em suma, fico extremamente preocupado com o que

virá no Bixo na Brasa. O último, q ue já não foi a melhor coisa do mundo, pode já ter perdido seu troféu de flopa-ção gratuita antes mesmo do BnB desse semestre acon-tecer. Porque, pelo andar da carruagem, não duvido que sirvam suco de frutas silvestres, peformem Enya, Era, Björk, Tori Amos e Sandy no meio do churrascão, com todo mundo meditando antes de abocanhar aquela carne bem mal passada. Oremos.

AL-PI-

NIS-MO!

Bixos, festas e uma louca fumegante

por Julio Monteiro