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    UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANPRISCILA GASANIGA LINHARES

    JORNADA DE TRABALHO PARA OS PROFISSIONAIS ETRABALHADORES DA REA DE SADE

    CURITIBA2013

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    PRISCILA GASANIGA LINHARES

    JORNADA DE TRABALHO PARA OS PROFISSIONAIS ETRABALHADORES DA REA DE SADE

    Monografia de Concluso de Curso apresentadacomo requisito parcial obteno do ttulo deBacharel em Direito pela Universidade Tuiuti doParan - UTP

    Orientador: Prof. Jefferson Grey SantAnna.

    CURITIBA2013

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    TERMO DE APROVAO

    PRISCILA GASANIGA LINHARES

    JORNADA DE TRABALHO PARA OS PROFISSIONAIS ETRABALHADORES DA REA DE SADE

    Esta monografia foi julgada e aprovada para a obteno de ttulo deBacharel no Curso de Direito Universidade Tuiuti do Paran.

    Curitiba,______ de ____________________ de 2013

    ________________________________________

    Professor Dr. Eduardo de Oliveira LeiteCoordenador do Ncleo de Monografia

    Universidade Tuiuti do Paran.

    Orientador: _________________________________________Professor Jefferson Grey SantAnna.Universidade Tuiuti do Paran.

    ________________________________________Professor.Universidade Tuiuti do Paran.

    ________________________________________Professor.Universidade Tuiuti do Paran.

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    AGRADECIMENTO

    Agradeo a toda minha famlia pela pacincia e compreenso ante minha ausnciapara fazer este trabalho. Agradeo todos os professores que me ensinaram no

    decorrer deste curso, em especial ao meu orientador Jefferson Grey SantAnna quecom pacincia e dedicao me orientou neste estudo, minha mais sincera

    admirao.

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    RESUMO

    O objetivo deste estudo abordar a jornada de trabalho para os empregados darea de sade, e analisar os impactos causados pela reduo da jornada laboraldesses profissionais. O estudo foi baseado em uma reviso de literatura sobre otema. Existe um amplo debate trabalhista, social, poltico e econmico sobre areduo da jornada de trabalho dos profissionais de sade de 40 horas semanaispara 30 horas semanais. Os argumentos a favor da reduo da jornada para 30horas semanais se baseiam na necessidade de resguardar os direitos dostrabalhadores, garantindo a dignidade da pessoa humana do trabalhador e outrosdireitos fundamentais. Os argumentos contra a reduo apontam os problemascomo aumento de custos, falta de profissionais qualificados para preencher as vagasexcedentes, entre outros. O fato que os profissionais de sade enfrentam jornadasde trabalho extensas, onde so submetidos a fortes situaes de estresse, que podeprejudicar a sade desses trabalhadores. Concluiu-se que os argumentos a favor dareduo da jornada de trabalho dos profissionais de sade defendem os direitosfundamentais desses trabalhadores, visando dignidade da pessoa humana.

    PALAVRAS-CHAVE: Direito do Trabalho. Jornada de Trabalho. Profissionais deSade.

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    ABSTRACT

    The objective of this study is to address the workday for employees health care, andanalyze the impacts caused by reduced workday these workers. The study wasbased on a literature review on the topic. Is there a extensive discussion of labor,social, political and economic on reducing the workload of health professionals 40hours per week to 30 hours. The arguments in favor of reducing the workweek to 30hours per week are based on the need to protect workers' rights, ensuring humandignity of the worker and other fundamental rights. The arguments against reducingpoint out problems such as rising costs, lack of qualified professionals to fillvacancies surpluses, among others. The fact is that health professionals faceworking hours extended, where they are subjected to high stress situations, whichcan harm the health of these workers. We conclude that the arguments in favor ofreducing the workload of health professionals defend the fundamental rights of theseworkers, aiming to human dignity.

    KEYWORDS: Labor Law. Workdays. Health Professionals.

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    SUMRIO

    1 INTRODUO................................................................................................ 7 2 OS EMPREGADOS DA SADE E O DIREITO DO TRABALHO.................. 9 2.1 DIREITO DO TRABALHO, NEOLIBERALISMO E

    DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES................................. 92.2 LEGISLAO TRABALHISTA NO BRASIL.................................................... 122.2.1 Legislao Especfica dos Trabalhadores da Sade...................................... 142.3 FLEXIBILIZAO DAS LEIS TRABALHISTAS............................................... 153 JORNADA DE TRABALHO............................................................................ 18

    3.1 CONSIDERAES SOBRE A JORNADA DE TRABALHO........................... 184 JORNADA DE TRABALHO DOS EMPREGADOS DA REA DE SADE.. 24 4.1 O REGIME 12 X 36......................................................................................... 244.2 JORNADA DE TRABALHO NOTURNA PARA TRABALHADORES DA

    SADE............................................................................................................ 314.3 SINDICATO DOS TRABALHADORES DA SADE EM CURITIBA............... 34 4.3.1 ESCALA DE 5 X 1........................................................................................... 37

    5 CONCLUSO................................................................................................. 39 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................... 41 ANEXOS.................................................................................................................... 44

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    1 INTRODUO

    O tema deste estudo a jornada de trabalho para os empregados da rea desade. Pretende-se abordar o perfil dos trabalhadores de sade e, discutir a reduoda jornada de trabalho desses profissionais.

    A escolha do tema se justifica por se tratar de um assunto atual, uma vez queos funcionrios da rea de sade tm reivindicado a reduo de sua jornada detrabalho de 40 horas para 30 horas semanais no caso de enfermeiros. Valeressaltar, que outras categorias j usufruem desse benefcio, tais comofisioterapeutas e terapeutas ocupacionais (30 horas); tcnicos em radiologia (24

    horas); mdicos (20 horas).A reduo da jornada de trabalho dos empregados da rea de sade tem sido

    fonte de amplo debate, no apenas nos meios acadmicos, mas no ambiente jurdico, social, econmico e poltico.

    Em 2012, mais de 20 projetos de lei tramitaram no Congresso Nacional, como objetivo de reduzir a jornada de trabalho para os empregados da rea da sade. Aaprovao desses projetos pode causar um significativo impacto econmico,

    sobretudo, no que se refere jornada de trabalho dos enfermeiros.Assim, tornou-se interessante realizar um estudo sobre a reduo da jornada

    de trabalho dos profissionais da rea de sade, e analisar as implicaes desseprocesso. Portanto o estudo poder servir como fonte de consulta para leitores quese interessarem pelo tema, ou ainda, como fonte de referncias para trabalhosfuturos.

    O problema de pesquisa que orienta este estudo resume-se da anlise das

    implicaes da reduo da jornada de trabalho dos profissionais de sade.O que dificulta a aprovao dos projetos de lei relacionados aos empregadosda rea de sade a especificidade do trabalho realizado, o que implicaria nacontratao de mo de obra especializada, causa forte impacto econmico eoperacional.

    Por outro lado, os profissionais da rea de sade no podem ser penalizadospela falta de profissionais capacitados para prestar servios no segmento de sade,por isso pleiteiam a reduo da jornada de trabalho.

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    O objetivo deste estudo abordar a jornada de trabalho para os empregadosda rea de sade, e analisar os impactos causados pela reduo da jornada laboraldos mesmos.

    Este estudo foi baseado em uma reviso de literatura, fundamentada nadoutrina e jurisprudncia, adotando como mtodo de pesquisa o modelo dedutivo,no qual por meio da observao de um princpio geral, chega-se a conclusesparticulares. Isto , parte-se de enunciados gerais, para se chegar a uma conclusoparticular.

    O desenho desta pesquisa pode ser classificado como pesquisa descritiva.Neste tipo de pesquisa possvel abordar as caractersticas do objeto de estudo

    (jornada de trabalho para os empregados da rea de sade).A tcnica de pesquisa caracteriza-se com pesquisa bibliogrfica, que tem

    como objetivo reunir toda a bibliografia possvel sobre o tema estudado (doutrina e jurisprudncia).

    Os dados obtidos com a pesquisa bibliogrfica sero analisados pela tcnicaqualitativa. A pesquisa qualitativa no se baseia em dados quantitativos e anlisesestatsticas, apesar de no exclu-los, tem como referncia as concluses do

    pesquisador a partir dos dados obtidos na reviso de literatura.Para facilitar a compreenso deste estudo, o texto foi dividido em trs

    captulos principais.O primeiro captulo aborda o direito do trabalho e apresenta as consideraes

    sobre o direito do trabalho no Brasil, os direitos dos trabalhadores, a legislaotrabalhista brasileira e sua flexibilizao.

    Por conseguinte, o segundo captulo apresenta as consideraes sobre a

    jornada de trabalho e a jornada de trabalho dos mdicos.Derradeiramente, o terceiro captulo trata do foco especfico deste estudo que a jornada de trabalho para os empregados da rea da sade.

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    2 OS EMPREGADOS DA SADE E O DIREITO DO TRABALHO

    O objetivo deste captulo apresentar breves consideraes sobre o direitodo trabalho e os direitos fundamentais dos trabalhadores, alm da legislaotrabalhista no Brasil, bem como a flexibilizao da legislao trabalhista, comenfoque nos empregados da rea da sade.

    2.1 DIREITO DO TRABALHO, NEOLIBERALISMO E DIREITOSFUNDAMENTAIS DOS TRABALHADORES

    A globalizao da economia mundial abriu os mercados livre concorrncia,impondo s empresas uma corrida em busca de tecnologia e recursos humanosespecializados, capazes de atender s demandas do mercado.

    De acordo com Hitt:

    Um indivduo pode trabalhar diretamente em questes internacionais, comoparte de seu trabalho dirio. Embora o fato de lidar com questesfinanceiras, questes contbeis, tarefas relacionadas a tecnologia dainformao e assim por diante possa ser desafiador em um contexto

    puramente domstico, acrescentar uma dimenso internacional geralmentecria situaes de significativa complexidade. Os indivduos que se sentemestimulados por desafios so bastante adequados para esse tipo deambiente. (HITT, 2011, p. 67),

    As mudanas econmicas e, consequentemente, laborais implicaram em umnovo tipo de trabalhador, que precisa se manter atualizado, motivado e capacitadopara atender s exigncias do mercado de trabalho. Mas, essas mudanas noforam acompanhadas pela legislao trabalhista. Nesse sentido, Russomano

    explica:

    O conceito neoliberal, nesse esforo de reduo das despesas da produoe, em consequncia, do preo dos bens produzidos, exigiu dos Estadosmedidas enrgicas que amparassem os empresrios na execuo dosprogramas de vendas intensas dos seus bens e servios (internos eexternos). O Estado teria vrias maneiras de atuar nesse resultado. A maiseficaz e justa seria a diminuio da sobrecarga fiscal que onera,violentamente, as atividades empresariais nos pases emergentes. Mas,como isso seria cortar na prpria carne e pagar com seu prprio sangue, oEstado neoliberal procurou solues diversas, dentre as quais combeneplcito e o estmulo dos organismos internacionais (FMI1 e BIRD2) a

    1 FMI: Fundo Monetrio Internacional.2 BIRD: Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento.

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    reduo progressivamente drstica dos encargos sociais dos empregados,em especial dos direitos trabalhistas. (RUSSOMANO, 2009, p. 61).

    Como forma de mediar e garantir os direitos dos trabalhadores, existem noDireito do Trabalho normas ptreas, tais como: salrio condigno, jornada limitada,frias anuais, entre outras. Essas normas constituem os direitos mnimos que,somados a outros de natureza similar ou idntica, formam o ncleo dos direitoshumanos de ltima gerao, consagrados ao lado dos direitos de natureza civil,poltica ou cultural nos documentos internacionais das Naes Unidas e dosistema interamericano (RUSSOMANO, 2009).

    O processo de concretizao dos direitos fundamentais no ordenamento

    brasileiro ocorreu da seguinte forma: no ano de 1945 foi criada a Organizao dasNaes Unidas e, tambm, o conselho Econmico Social que criou a Comisso dosDireitos Humanos composta por 18 representantes de Estado com o objetivo deestudar os mecanismos de proteo dos direitos humanos, sendo aprovada emdezembro de 1948 na Assemblia Geral da ONU e extinta em junho de 2006,quando originou o Conselho de Direitos Humanos hierarquicamente superior.

    A Declarao Universal dos Direitos do Homem passou por diversas

    modificaes com 130 emendas e foi aprovada por unanimidade. Essa declaraono foi ratificada pelo Brasil, no possuindo valor jurdico, pois somente explcita asobrigaes assumidas em 1945.

    Posteriormente, em 1949 a ONU chama a comisso para dizer que devem serachados mecanismos para fazer valer a Declarao. Esse fato ocorreu em 1966,quando a declarao foi dividida em duas partes e tambm reformulada em partes.Do artigo 1 ao 21 um pacto de direitos polticos. De 21 ao 30 o pacto de direitos

    sociais e econmicos. Os direitos polticos entrariam em vigor imediatamente. Os dedireitos sociais e econmicos norma pragmtica. Alguns pases assinam somenteum, outros os dois (ROSA, 2007).

    Atualmente, a Declarao no tem valor jurdico, o que tem valor so ospactos. A Declarao tem apenas um impacto moral, os pactos por sua vez foramconstitucionalizados (RUSSOMANO, 2009).

    A Constituio Federal de 1988 estabelece no artigo 5, 2, que os direitos e

    garantias nela expressos no excluem outros decorrentes do regime e dos princpiospor ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa doBrasil seja parte, isto , os direitos advindos dos tratados internacionais em que o

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    Brasil tido participante, possuem uma natureza especial e diferenciada, qual seja,a natureza de norma constitucional.

    De acordo com Braun (2002) o entendimento que os direitos garantidos nostratados de direitos humanos, dos quais o Brasil seja parte, esto no rol dos direitosconstitucionalmente consagrados, a partir de uma interpretao teleolgica do textoconstitucional.

    Na Constituio Federal de 1988, o que se infere que a mesma recepcionaos direitos enunciados em tratados internacionais de que o Brasil seja parte,conferindo-lhes natureza de norma constitucional. Os direitos previstos nos tratadosinternacionais fazem parte do rol de direitos constitucionalmente previstos,

    estendidos aos mesmos o regime constitucional outorgado aos demais diretos egarantias fundamentais (BRAUN, 2002).

    Deste modo, em 1992, no Brasil, o Pacto de So Jos da Costa Rica (de1969) foi ratificado, bem como os pactos da ONU (1966) e diversos outros tratadosreferentes a direitos humanos. A Emenda Constitucional 45 torna os referidos pactosconstitucionais (RUSSOMANO, 2009).

    Segundo Russomano (2009), os direitos trabalhistas fundamentais constituem

    um limite inferior, abaixo do qual no podem descer as leis internas dos Estadosinternacionalmente comprometidos com seu reconhecimento e sua defesa, e muitomenos as convenes coletivas ou os pactos sociais de qualquer nvel ou natureza.

    A globalizao econmica tem suas razes no neoliberalismo e,consequentemente, sob pretexto de flexibilizar as leis trabalhistas, que nasceramrgidas, pretende desmontar a estrutura tradicional do Direito do Trabalho. De acordocom Russomano:

    A flexibilizao racional das leis trabalhistas impede que elas funcionemcomo freios ou obstculos ao uso pelas empresas das modernastecnologias aplicadas produo. Mas no pode ser levada ao extremoirracional da desregulamentao das conquistas que, a partir do sculo XIX,pouco a pouco, com duros sofrimentos, as classes trabalhadoras foramobtendo, atravs de sucessivas leis, que em etapas (do ponto de vistahistrico vertiginosas) entraram nas constituies, a partir de 1917 noMxico e de 1919 em Weimar, e nos textos internacionais, como se v oTratado de Versalhes, de 1919, e da atuao normativa da OIT3, que deleprprio nasceu. (RUSSOMANO, 2009, p. 69).

    3 OIT: Organizao Internacional do Trabalho.

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    A constitucionalizao da legislao trabalhista lhe conferiu maior hierarquia jurdica, protegendo, com mais vigor, os direitos da classe trabalhadora.

    Frente evoluo da legislao trabalhista e, consequentemente, com asgarantias aos direitos dos trabalhadores, os profissionais de sade passaram abuscar melhores condies de trabalho.

    A atividade dos profissionais de sade importante para o contexto social,visando a valorizao do ser humano e preservando o seu bem maior que a vida.

    Deste modo, os trabalhadores de sade procuram por remuneraes maisdignas e com jornadas de trabalho menores. Segundo Medeiros (2000), para teruma remunerao digna, comum o profissional de sade, sobretudo os

    profissionais de enfermagem, se submeterem a jornadas de trabalho de doze portrinta e seis horas, atuando em mais de um emprego. Essa situao estressante enecessita ser revisada, como garantia dos direitos fundamentais dessestrabalhadores.

    2.2 LEGISLAO TRABALHISTA NO BRASIL

    A Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei 5.542de 1 de maio de 1943, abarca a legislao do Direito do Trabalho e do processotrabalhista.

    Na explicao de Russomano (2009, p. 111):

    A CLT tem natureza curiosa. Como se sabe, o cdigo uma lei ambiciosa:quer abranger a totalidade dos preceitos de determinada disciplina jurdica;estabelece, como linha de ao, determinada doutrina (ou vriasconcepes correlatas e convergentes); feito com pretenses de

    durabilidade; constitui, alm disso, uma lei nova, dispondo sem nenhumaobrigao de respeito ao direito anterior. A consolidao, ao contrrio, simples sistematizao do direito vigente, reescrito sem alteraesconceituais e de fundo; no fiel a uma linha doutrinria uniforme; temdurabilidade relativa (como no exagerado exemplo da Consolidao dasLeis de Previdncia Social brasileira); no pode, em princpio, alterar ocontedo das normas jurdicas consolidadas, mesmo quando as suprime,reordena ou reescreve. (RUSSOMANO, 2009, p. 111).

    Para Russomano (2009), a CLT brasileira no atende sua natureza jurdica,pois, alterou as Leis materiais e processuais anteriormente promulgadas. Sem ser

    propriamente um cdigo, por lhe faltar o cerne doutrinrio dos cdigos, mais do

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    que uma simples consolidao, apresentando-se ao contexto jurdico como uma leinova, derrogando o direito anterior.

    Mas, mesmo com sua dinmica em aperfeioar a legislao laboral, a CLTapresenta uma longevidade excessiva, necessitando flexibilizar seus dispositivos,considerados excessivamente rgidos e separados pelo simples transcurso do tempogerador de novas dimenses da sociedade brasileira (RUSSOMANO, 2009).

    Apesar de apresentar aspectos diferentes dos que originaram a CLT, em1943, no significa que a legislao trabalhista no tenha sofrido alteraes. Naverdade, captulos inteiros e muitas de suas normas fundamentais foram alteradospor leis sucessivas, em visvel esforo de adapt-la nova realidade nacional.

    A necessidade de adaptar a legislao trabalhista realidade e aosinteresses dos trabalhadores e empregadores, se deve ao fato desta legislao serrgida, devido ao seu carter protetor.

    Segundo Silva e Melek (2010, p. 315-316):

    A tenso existente entre os interesses das partes envolvidas nas relaeslaborais provm de um momento econmico em que os dispositivospresentes no Direito do Trabalho estabelecem modelos rgidos decontratao e organizao do tempo laboral, o que dificulta que se criem

    novos postos de trabalho, de forma que o desemprego atinge ndiceselevados e o trabalho informal se intensifica. O contrato de trabalho nosmoldes clssicos j no atende ao dinamismo de uma gesto empresarialque apregoa novos modos de produo. (SILVA E MELEK, 2010, p.315/316).

    A era da industrializao exige mudanas na forma de realizao do trabalhoem razo de novas propostas de racionalizao da produo e incrementotecnolgico. Desta forma, novas medidas passaram a ser criadas com o objetivo deagilizar a produo, minorar os custos e tornar as empresas mais competitivas.Inicia-se, portanto, o novo modelo de produo no qual surge uma precarizao dasrelaes de trabalho de forma dando margem aos processos de terceirizao esubcontratao da maior quantidade possvel de setores de produo (SILVA;MELEK, 2010).

    Ao longo dos anos, as mudanas se sucedem e o avano tecnolgicoapresenta novas questes a serem resolvidas: a competio entre as empresasdemanda inovaes constantes, melhoria de qualidade, reduo de custos,

    melhores preos e boa assistncia tcnica (PASTORE, 2006, p. 13). Esses so os

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    requisitos mnimos para que as empresas entrem, concorram e mantenham-se nomercado.

    2.2.1 Legislao Especfica dos Trabalhadores da Sade

    A Lei 3.999, de 15 de dezembro de 1961altera o salrio-mnimo dos mdicose cirurgies dentistas . De acordo com o artigo 2 da Lei 3.999/1961 as atividades etarefas nessa categoria de trabalhadores (mdicos e cirurgies dentistas) sodivididas em funes, a saber: mdicos - independente da especialidade e;auxiliares - auxiliar de laboratrios e radiologistas e internos.

    No caso de estgio visando especializao, desde que no exceda ao limiteestipulado de seis meses e ermit a sucesso regular no quadro de beneficiados(art.3, Lei 3.999/1961).

    Considera-se para efeitos da Lei 3.999/1961, artigo 4, como salrio-mnimodos mdicos a remunerao mnima, permitida por lei, pelos servios profissionaisprestados por mdicos, com a relao de emprego, as pessoas fsicas ou jurdicasde direito privado.

    Os mdicos tm o salrio-mnimo fixado em quantia trs vezes o salrio-mnimo atual comum das regies e sub-regies em que exercem sua profisso. Osauxiliares tm o salrio-mnimo fixado em duas vezes o salrio-mnimo atual comum(art. 5, Lei 3.999/1961).

    Quanto durao da jornada de trabalho, a Lei 3.999/1961 no apresentanenhuma determinao. Contudo, o artigo 8 desta lei, determina a durao dotrabalho do mdico, elencando que:

    Art. 8 A durao normal do trabalho, salvo acordo escrito que no fira demodo algum o disposto no artigo 12, ser:a) para mdicos, no mnimo de duas horas e no mximo de quatro horasdirias;b) para os auxiliares ser de quatro horas dirias. 1 Para cada noventa minutos de trabalho gozar o mdico de umrepouso de dez minutos. 2 Aos mdicos e auxiliares que contratarem com mais de umempregador, vedado o trabalho alm de seis horas dirias. 3 Mediante acordo escrito, ou por motivo de fora maior, poder ser ohorrio normal acrescido de horas suplementares, em nmero noexcedente de duas. 4 A remunerao da hora suplementar no ser nunca inferior a 25%(vinte e cinco por cento) da hora normal.

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    Atualmente, com a Smula 444, do Tribunal Superior do Trabalho, ostrabalhadores que cumprem jornadas de 12 x 36 horas, tm o direito de receber opagamento em dobro para as horas adicionais trabalhadas. Desse modo, muitosmdicos pleitearam na justia essa possibilidade e alguns conseguiram (ARAJO,2012).

    Em relao ao trabalho efetivado em horrio noturno, o mdico ter direito areceber 20% de acrscimo em sua remunerao, pelo menos, sobre a hora diurna(art. 9, Lei 3.999/1961).

    importante observar que os mdicos e outros profissionais de sadecumprem jornadas de trabalho extenuantes, necessitando de um maior perodo de

    repouso, ainda, importante frisar, que, assim como os demais trabalhadores quecumprem a CLT, deveriam receber o dobro do valor da hora quando realizarem seutrabalho em domingos e feriados.

    2.3 FLEXIBILIZAO DAS LEIS TRABALHISTAS

    A flexibilizao da legislao trabalhista uma necessidade imposta pelas

    demandas do mercado competitivo contemporneo, com o objetivo de possibilitar acriao de medidas que facilitem a adequao da norma realidadesocioeconmica.

    Tal medida possibilitou a criao de banco de horas ou banco de dias comoforma de estabelecer compensao das jornadas de trabalho em que o trabalhadorficou alm do horrio normal de suas atividades disposio do empregador,evitando com isso o encargo no pagamento de horas extras (SILVA; MELEK, 2010).

    Mas, a flexibilizao da legislao trabalhista implica em um amplo debatedoutrinrio. Por exemplo: a flexibilizao dos horrios de trabalho com a forma decompensao das horas trabalhadas atravs de banco de horas e no pagamentode horas extras, e a possibilidade de demitir sem justa causa e no arcar comindenizaes so propostas alternativas que, em alguns casos, contrariam algunsdispositivos constitucionais (SILVA; MELEK, 2010).

    Segundo Silva e Melek (2010), a Constituio Federal de 1988 no contrariade forma taxativa os processos de flexibilizao. Na verdade, o que ocorre quedeterminados dispositivos foram estabelecidos com o intuito de assegurar nasrelaes de trabalho uma proteo ao trabalhador, pois no se ignorou a existncia

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    de assimetria nas relaes de emprego. A grande massa de empregados encontra-se em desigualdade econmica em relao a seus empregadores, e isso realidadeincontestvel.

    De acordo com Alcntara:

    Os fundamentos das propostas de flexibilizao das normas trabalhistas seapiam no fato de que a flexibilizao da legislao brasileira propostaque tem sido apresentada como forma de solucionar problemas de cartereconmico e social, decorrentes da imperativa competitividade, que seerigiu em fator de sobrevivncia das empresas, bem como resolver asquestes do crescente desemprego e da expanso do mercado de trabalhoinformal. (ALCNTARA, 2003, p. 96).

    Ainda, para a doutrina (Silva e Melek, 2010), trocar simplesmente horasexcedentes de trabalho dirio pelo banco de horas no oferece ao trabalhadornenhum tipo de compensao pelo esforo despendido a maior sem contar que afadiga gerada por uma jornada diria mais longa coloca em risco a segurana e aintegridade fsica do trabalhador.

    Jos Eduardo Alcntara (2003) observou que a flexibilizao da normatrabalhista brasileira tem sido apresentada como instrumento de modernizao eadaptao da lei, que se diz excessivamente rgida frente s intensificadastransformaes sociais e econmicas atualmente vividas.

    Outro aspecto polmico da flexibilizao consiste na permisso da ampliaoda jornada de trabalho. Nesse sentido, Alcntara explica que:

    [...] a flexibilizao de normas trabalhistas que permitam uma jornada detrabalho demasiadamente longa comprometer o lazer, as atividadesculturais, religiosas e familiares do trabalhador, comprometendo o perodoque ele teria disponvel para as interaes sociais. (ALCNTARA, 2003, p.68).

    De acordo com Silva e Melek (2010), a limitao da jornada de trabalho foiuma conquista histrica, que veio aps muitas reivindicaes dos empregados emface dos abusos cometidos, assim, a flexibilizao dessa medida seria umretrocesso, trata-se de uma conquista da classe operria que visa proteger aintegridade fsica e psquica do trabalhador.

    A disciplina legal da jornada de trabalho no Brasil est sustentada em doispilares que estruturam o sistema: estabeleceu-se, por um lado, uma limitao diriapara o trabalho (oito horas) e, por outro, o pagamento de remunerao adicional nocaso de labor em excedente desse limite.

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    Uma vez apresentadas as consideraes iniciais sobre o direito do trabalho ea legislao trabalhista, o captulo a seguir aborda a jornada de trabalho no Brasil.

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    3 JORNADA DE TRABALHO

    O objetivo deste captulo abordar a jornada de trabalho e suaspeculiaridades, de acordo com a legislao trabalhista brasileira.

    3.1 CONSIDERAES SOBRE A JORNADA DE TRABALHO

    O tempo de trabalho que o empregado disponibiliza ao seu empregadorpossui trs distines importantes, que podem ser compreendidas como: a duraodo trabalho, a jornada de trabalho e o horrio de trabalho (SMANIOTTO, 2010).

    De acordo com Delgado:

    A durao do trabalho abrange o lapso temporal de labor ou disponibilidadedo empregado perante seu empregador em virtude do contrato,considerados distintos parmetros de mensurao: dia (durao diria, ou jornada), semana (durao semanal), ms (durao mensal), e at mesmoo ano (durao anual). (DELGADO, 2002, p. 813).

    No que se refere jornada, trata-se do perodo de tempo dirio que oempregado disponibiliza perante seu empregador. A jornada de trabalho o limiteque o capitalista pode dispor da mercadoria comprada em um dia delimitado(SMANIOTTO, 2010).

    Quanto ao horrio de trabalho, compreende o espao entre o termo inicial e ofim da jornada de trabalho, bem como os intervalos que existem durante seucumprimento (SMANIOTTO, 2010).

    Nesse sentido, leciona Mauricio Godinho Delgado:

    Tem-se utilizado a expresso para abranger o parmetro semanal de trabalho(horrio semanal). Em tal amplitude, o horrio corresponderia delimitaodo incio e fim da durao diria de trabalho, com respectivos dias semanaisde labor e correspondentes intervalos intrajornadas. (DELGADO, 2010, p.787).

    A composio da jornada de trabalho feita pela soma de diversos tempos:do tempo efetivamente trabalhado, do tempo disposio no centro de trabalho e dotempo despendido no deslocamento residncia-trabalho-residncia. Em algumas

    categorias, como ocorre no ambiente de sade, existe normas especficas como otempo de prontido e o tempo de sobreaviso (SMANIOTTO, 2010).

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    De acordo com Gonalves (2009, p. 63), o artigo 59 da CLT, determina que adurao diria de trabalho pode ser acrescida de at 2 horas suplementares, sempagamento de qualquer adicional, desde que atendidos seus requisitos. Assim,dispe a referida norma:

    Art. 59 - A durao normal do trabalho poder ser acrescida de horassuplementares, em nmero no excedente de 2 (duas), mediante acordoescrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo detrabalho. 1 - Do acordo ou do contrato coletivo de trabalho dever constar,obrigatoriamente, a importncia da remunerao da hora suplementar, queser, pelo menos, 20% (vinte por cento) superior da hora normal. 2 Poder ser dispensado o acrscimo de salrio se, por fora de acordoou conveno coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for

    compensado pela correspondente diminuio em outro dia, de maneira queno exceda, no perodo mximo de um ano, soma das jornadas semanaisde trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite mximo de dez horasdirias. 3 Na hiptese de resciso do contrato de trabalho sem que tenha havidoa compensao integral da jornada extraordinria, na forma do pargrafoanterior, far o trabalhador jus ao pagamento das horas extras nocompensadas, calculadas sobre o valor da remunerao na data daresciso. 4 Os empregados sob o regime de tempo parcial no podero prestarhoras extras.

    Segundo Smaniotto:

    [...] tempo efetivamente trabalhado aquele em que h direta transfernciada fora de trabalho em benefcio do empregador. Neste clculo exclui-setodo e qualquer lapso temporal que no consista em produo.(SMANIOTTO, 2010, p. 59)

    A CLT possibilita o sistema de clculo salarial estritamente por pea,respeitando o salrio-mnimo legal disposto no texto constitucional. Nesse caso socomputados os valores do salrio segundo o total de produo efetivada pelotrabalhador (SMANIOTTO, 2010).

    importante observar que o critrio de tempo disposio do empregadorfundamenta-se na natureza do trabalho, ou seja, na subordinao contratual. Oempregado remunerado por estar sob a dependncia jurdica do empregador.Vende sua fora de trabalho por determinado tempo. Desde que respeite os limiteslegais, o empregador pode utilizar esse tempo como bem entender.

    Portanto, o tempo efetivamente trabalhado e o tempo disposio, o tempo

    despendido pelo trabalhador no deslocamento de sua residncia at o trabalho, bem

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    como o caminho inverso, podem ser considerados, em alguns casos, componentesde jornada de trabalho, denominadoit itinere (SMANIOTTO, 2010).

    De acordo com o artigo 4 da CLT, a jurisprudncia trabalhista passou aadmitir uma hiptese atpica de utilizao do critrio de tempo de deslocamento. Olegislador incorporou em diploma normativo (Lei 10.243/2001) as horas in itineremediante a insero do 2 no artigo 58 da CLT, que passou a dispor:

    O tempo despendido pelo empregado at o local de trabalho e para o seuretorno, por qualquer meio de transporte, no ser computado na jornadade trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difcil acesso ou noservido por transporte pblico, o empregador fornecer a conduo.

    Com base no critrio supracitado, passou-se a integrar na jornada de trabalhoo perodo que o trabalhador despende no deslocamento casa trabalho casa.Para que o tempo de deslocamento seja integrado na jornada de trabalho, precisoque o trabalhador seja transportado por conduo fornecida pela empresa. Almdisso, necessrio que exista, alternativamente, uma das seguintes situaes: queo local seja de difcil acesso ou que o local de trabalho no esteja servido pelotransporte pblico regular.

    Sobre as horas in itinere, Mauricio Godinho Delgado:

    Este terceiro critrio informador da composio da jornada de trabalho(tempo de deslocamento), embora no seja adotado como regra geral naordem justrabalhistas do pas, tem produzido certa repercussoparticularizada no cotidiano do Direito do Trabalho ptrio. que a jurisprudncia trabalhista apreendeu tambm o art. 4 da CLT, medianteleitura alargada desse preceito, uma hiptese excetiva de utilizao docritrio de tempo deslocamento. o que se verifica nas chamadas horasinitinere (originalmente referidas pelas Smulas 90, 320, 324 e 325). Aps aconstruo jurisprudencial longamente maturada, o legislador em 19.6.2001,incorporou em diploma normativo (Lei n.10.243/01), ashoras in itinere ,mediante insero de um 2 no art. 58 da CLT [...] (DELGADO, 2010, p.790-791).

    Importante frisar o contido no art. 7, inciso XIV, da Constituio Federal, oqual estabelece que:

    Art. 7. So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros quevisem melhoria de sua condio social:[...]XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptosde revezamento, salvo negociao coletiva;

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    Desta forma, fica garantido ao trabalhador um perodo mximo de labor de 6horas ininterruptas, ressaltando o intervalo previsto no art. 71, da CLT, concedidoaps 4 horas de trabalho. Todavia, a norma Constitucional no possui total guaridada doutrina, isto porque, defendida a tese de que o intervalo concedidodescaracteriza a ininterrupo do trabalho, bem como de que a concesso dointervalo possui respaldo da norma, assim, nada afetando a caracterizao do turnoininterrupto.

    Sobre o tema, leciona a doutrina:

    [...] o intervalo para refeio no vai descaracterizar o turno assim como orepouso semanal tambm no o desqualificaria (art. 7, XV, da CF), porserem direitos do trabalhador, visto que a Lei Maior apenas estabelecedireitos mnimos, cabendo ao legislador ordinrio complement-los.(MARTINS, 2000, p. 460).

    Posteriormente, houve a redao da orientao jurisprudencial n 360, doTST, consignando que:

    N 360 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. DOIS TURNOS.HORRIO DIURNO E NOTURNO. CARACTERIZAO (DJ 14.03.2008):Faz jus jornada especial prevista no art. 7, XIV, da CF/1988 o trabalhador

    que exerce suas atividades em sistema de alternncia de turnos, ainda queem dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, ohorrio diurno e o noturno, pois submetido alternncia de horrioprejudicial sade, sendo irrelevante que a atividade da empresa sedesenvolva de forma ininterrupta.

    Desta forma, a questo foi dirimida, sendo afastada a posio daqueles quedefendiam a no contabilizao do intervalo como tempo de servio no que tange osturnos ininterruptos de revezamento.

    Por conseguinte, resta caracterizado como horas extras aquelas trabalhadasque excedam a 6 hora diria, neste diapaso, aponta a jurisprudncia:

    HORAS EXTRAS A PARTIR DA SEXTA DIRIA TURNOSININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO ACORDO COLETIVO VALIDADE O Tribunal Pleno desta Corte Superior, julgando o Incidente deuniformizao de jurisprudncia suscitado no Processo n TST-E-RR-576.619/1999, no que se refere flexibilizao da jornada de trabalho emturnos ininterruptos de revezamento, converteu a Orientao Jurisprudencialn 169 da SBDI-I na atual Smula n 423, nos seguintes termos:Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meiode regular negociao coletiva, os empregados submetidos a turnos

    ininterruptos de revezamento no tm direito ao pagamento da 7 e 8 horascomo extras. Na presente hiptese, tem-se por indevidas a 7 e a 8 horascomo extras, haja vista a validade da norma coletiva que estabeleceu a jornada de oito horas dirias em sistema de turnos ininterruptos de

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    revezamento sem previso de contraprestao de horas extraordinrias.Recurso de revista conhecido e provido. (TST RR 2.483/2000-342-01-00.6 1 T. Rel. Min. Lelio Bentes Corra DJU 01.11.2007)

    Todavia, vale dispor que para que ocorra a caracterizao de tal modalidadede turno de trabalho imprescindvel a mudana rotineira de horrios de trabalho,tais mudanas podem ocorrer de maneira semanal, quinzenal ou, at, mensal, deforma que seja abrangida todas as fases da concepo dia/noite.

    Sobre isso, ensina Maurcio Godinho Delgado:

    [...] enquadra-se no tipo legal em exame o sistema de trabalho que coloqueo empregado, alternativamente, em cada semana, quinzena ou ms, emcontato com diversas fases do dia e da noite, cobrindo as 24 horas

    integrantes da composio dia/noite. Da a idia de falta de interrupo nosistema de trabalho sob a tica do trabalhador (turnos ininterruptos).(DELGADO, 2008, p.885).

    Alm disso, de forma a atenuar os efeitos causados em face do trabalhador,diante da inconveniente situao de laborar em horrios distintos, inclusive demadrugada, a jornada mxima mensal fixada em 36 horas.

    Nesta esteira, colaciona-se julgado do Tribunal Superior do Trabalho:

    [...] TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO - VALIDADE -JORNADA SUPERIOR A 6 HORAS FIXADA EM ACORDO COLETIVO -IMPOSSIBILIDADE - EXTRAPOLAO DA JORNADA DE 36 HORASSEMANAIS - PREJUDICIALIDADE - SADE EMPREGADO [...].(Embargos em Recurso de Revista n TST-E-RR-435/2000-003-15-00.0)

    Percebe-se, que a questo da sade do profissional que se insere nestamodalidade laboral de suma importncia, inclusive, merecendo destaques da jurisprudncia, conforme se depreende:

    HORAS EXTRAS - TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTOCARACTERIZAO. O trabalho, em turnos ininterruptos de revezamento,cuja jornada foi limitada, pela nova Carta Poltica, a seis horas dirias (CF,art. 7, XIV), supe a mudana contnua de turnos de trabalho, que pode serdiria, semanal, quinzenal ou mensal. Ora, a mudana freqente de turnosde trabalho acarreta prejuzos sade fsica e mental do trabalhador,desajustando o seu relgio biolgico, em decorrncia das alteraesconstantes em seus horrios de repouso, alimentao, lazer, etc. Assim, a jornada reduzida de seis horas dirias visa a minimizar os desgastessofridos pelo empregado com a alternncia de turnos detrabalho. Caracterizada, in casu, a alternncia do relgio biolgico doEmpregado, pois mudava, em determinados perodos do contrato, do turnodiurno para o noturno, conforme consignado pelo Regional, queexpressamente menciona que o Obreiro estava sujeito a uma jornada das13:30 s 24 horas e das 4 s 13:30 horas, so devidas as horas extras almda 6a diria para esses perodos contratuais, pouco importando que a

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    Empresa paralisasse suas atividades no perodo de 24 s 4 horas. (Recursode revista conhecido em parte e desprovido Recurso de Revista n TST-RR-722.207/2001.4)

    O Decreto-lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943, em seu artigo 67, prev ainda,a garantia do empregado em usufruir de um descanso semanal, o qualpreferencialmente dever incidir aos domingos.

    No entanto, diante da impossibilidade em conceder o descanso sempre aosdomingos, em razo da necessidade de trabalho no dia, dever ser estabelecidaescala de revezamento. Esta escala ser elaborada mensalmente e, ficar sujeita fiscalizao.

    A norma contida na CLT possui plena consonncia com o art. 7, inciso XV, daConstituio Federal, ressaltando sua remunerao. Alm, do regramentoConstitucional, o art. 386, da CLT, inserido no Captulo III, o qual versa a respeito daproteo do trabalho da mulher, tambm reserva o domingo como descansosemanal remunerado.

    Acerca do tema, vale elencar que:

    A coincidncia, contudo, preferencial, e no absoluta. H empresas

    autorizadas a funcionar em domingos (desrespeitando, pois, licitamente,essa coincidncia preferencial). Tais empresas devero, porm, organizaruma escala de revezamento entre seus empregados, de modo a permitir aincidncia peridica em domingos de 1 d.s.r. Nessa escala tem-se admitidoque a cada 7 semanas laboradas o empregado folgue, pelo menos, em 1domingo (critrio especificado pelo art. 2 da Portaria n. 417/66, doMinistrio do Trabalho). (DELGADO, 2008, p. 943).

    Diante do exposto, o descanso semanal deve, preferencialmente, incidir aosdomingos, e, caso no seja possvel, dever ser elaborada escala que permita aomenos um domingo de folga em um perodo mximo de 7 semanas laboradas.

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    4 JORNADA DE TRABALHO DOS EMPREGADOS DA REA DE SADE

    O objetivo deste captulo apresentar o debate e a jurisprudncia ptria,sobre a jornada de trabalho dos empregados da rea de sade.

    A jornada de trabalho o lapso temporal em que o empregado permanece disposio do empregador, aguardando ou executando suas ordens (ZENNI;RAFAEL, 2006).

    importante observar que existe diferena entre jornada de trabalho e horriode trabalho, por que o horrio de trabalho representa o momento inicial e terminal dotrabalho, a jornada representa todo o espao de tempo disposio do empregador,

    compreendendo, ainda, intervalos, disponibilidade, paralisaes, entre outros. facultado ao empregado a fixao do horrio de trabalho, ou seja, o

    momento inicial e final da jornada de trabalho salvo se a legislao prescreverhorrio, devendo, caso empregue mais de dez funcionrios, aderir ao sistema decontrole de jornada, conforme determina o artigo 74, 2 da CLT.

    De acordo com Smaniotto (2010), a durao normal da jornada de trabalho foifixada pela Carta Magna de 1988 em oito horas dirias e quarenta e quatro horas

    semanais. Esta a quantidade ordinria de fora de trabalho que o empregado porrealizar, sem contar a prestao de servios extraordinrios.

    Uma vez que a Constituio Federal de 1988 estabeleceu um limite mximopara a durao normal do trabalho, poder ser adotado limite inferior, por meio delei, para atividades profissionais que justifiquem o tratamento diferenciado, por meiode contrato individual ou regulamento da empresa. Tambm, a negociao coletivapoder estabelecer limites inferiores ou ajustar a compensao da jornada de

    trabalho (SMANIOTTO, 2010).

    4.1 O REGIME 12 X 36

    O regime 12 x 36 uma prtica adotada com frequncia em muitosestabelecimentos hospitalares. Esta prtica consiste em o empregado laborar por 12horas seguidas e descansar por 36 horas.

    As partes empregador e empregado podero fixar qualquer jornada,desde que no exceda: a) 8 horas por dia; b) 44 horas por semana. Deste modo, possvel afirmar que aquela jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de

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    descanso vlida, conforme entendimento sumulado do TST se existir normacoletiva de trabalho que institua o referido regime.

    Entretanto, existe o entendimento da autora Alice Monteiro de Barros:

    Resta verificar qual o divisor a ser adotado nesse regime 12 x 36 horaspara o clculo de horas extras, caso se ultrapasse o modulo semanal.Nesse regimes, em uma semana o empregado trabalha 48 horas; logo,dividindo-se essas 48 horas por seis, temos, em mdia, oito horas dirias.Na segunda semana o empregado trabalha 36 horas; dividindo-se essas 36horas por seis dias temos seis horas dirias de trabalho. Na terceirasemana se o empregado volta a trabalhar 48 horas, o que resulta na jornada de oito horas, obtida como resultado da mdia aritmtica. Na quartasemana o empregado trabalha novamente 36 horas, que, divididas por seis,representam seis horas dirias, em mdia. Somando-se as oito horas daprimeira e terceira semanas com as seis horas da segunda e da quartasemanas temos um total de 28 horas nas quatro semanas; dividindo-seessas 28 horas por quatro, temos, em mdia, a jornada de sete horas paraquem trabalha no regime 12 x 36. Multiplicadas essas sete horas por 30dias do ms, resulta no divisor de 210. Nesse sentido tem-se pronunciado oTST. O Empregado submetido ao regime jornada de 12 horas de trabalhopor 36 horas de descanso que compreenda a totalidade do perodo noturno,tem direito ao adicional noturno, relativo as horas trabalhadas aps as 5horas da manh (OJ SDI 1) 388 2010 TST). (BARROS, 2012, p.536).

    A referida autora ainda entende que:

    H, ainda, a possibilidade de compensao em face da supresso dashoras trabalhadas aos sbados (semana inglesa), com a respectivadistribuio das horas nos demais dias da semana, lembrando que deverser respeitado o mximo de 10 horas trabalhadas por dia, noultrapassando 44 horas por semana, sob pena de descaracterizao doregime, com incidncia da Smula n. 85, inciso IV do TST. (BARROS, 2012,p. 536).

    A viso da autora supracitada como uma modalidade de compensao de jornada. Entretanto, seu entendimento de que o regime 12 x 36 uma espcie de

    compensao de jornada no pacfico. A aludida autora entende que basta umacordo individual de trabalho para que haja o regime 12 x 36.

    Em que pese esse regime ser considerado como compensao de jornada, omelhor seria enquadr-lo como um regime diferenciado de trabalho, pois soatividades peculiares que exigem esse tipo de regime, tais como a jornada dostrabalhadores na rea da sade.

    O acordo de compensao em simples palavras, a possibilidade que o

    trabalhador tem de compensar as horas excedentes da jornada contratual diria com

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    respectiva folga ou reduo equivalente em outro dia considerado de trabalho, ouseja, sem o acrscimo mnimo de 50%.

    A referida espcie de compensao pode ocorrer em duas modalidades:acordo de compensao em sentido estrito ou na forma de banco de horas.Referidos acordos por vezes confundidos, so muito diferentes, porque no acordo decompensao o empregado tem cincia, desde logo, de quais dias ir trabalhar,inclusive como possvel excesso e de quais dias ir folgar, de modo que lhe permiterealizar um planejamento futuro, como ocorre, por exemplo, na tradicional semanainglesa e na semana espanhola.

    A modalidade banco de horas o empregado no tem esse prvio

    conhecimento, ficando totalmente a vontade do empregador escolha de quais diaso empregado se sujeitar ao labor excedente e em quais dias o empregado poderusufruir de sua folga compensatria. (Almeida, 2012).

    Por esse motivo que o acordo de compensao na modalidade banco dehoras necessita da autorizao sindical e possui requisitos rgidos para sua validade,eis que manifestamente mais danosa ao trabalhador.4

    A Smula n. 85 do TST, dispe que:

    Regime de Compensao de Horrio Semanal - Pagamento das HorasExcedentesI - A compensao de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordoindividual escrito, acordo coletivo ou conveno coletiva.II - O acordo individual para compensao de horas vlido, salvo se houvernorma coletiva em sentido contrrio.III - O mero no-atendimento das exigncias legais para a compensao de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tcito, no implica arepetio do pagamento das horas excedentes jornada normal diria, seno dilatada a jornada mxima semanal, sendo devido apenas o respectivoadicional.

    IV - A prestao de horas extras habituais descaracteriza o acordo decompensao de jornada. Nesta hiptese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal devero ser pagas como horas extraordinrias e,quanto quelas destinadas compensao, dever ser pago a mais apenas oadicional por trabalho extraordinrio.V - As disposies contidas nesta smula no se aplicam ao regimecompensatrio na modalidade banco de horas, que somente pode serinstitudo por negociao coletiva.

    De acordo com a Smula supracitada, a compensao da jornada de trabalhodever ser ajustada por acordo coletivo, conveno coletiva ou por acordo individual

    escrito, sob pena de invalidade do acordo de compensao. Nesse aspecto, o

    4 Entendimento 6 Turma, do Tribunal Regional do Trabalho da 9 Regio - Paran

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    acordo individual para compensao de horas s ser invalidado se existir umanorma coletiva em sentido contrrio. (Smula n. 85, TST, I e II)

    Quando no se atende s exigncias legais para a referida compensao dehoras, no ser pago novamente o adicional das horas excedentes jornadanormal. Assim, ser pago apenas o adicional. (Smula n. 85, TST, III)

    Quando o trabalhador presta horas extraordinrias normalmente, o acordo decompensao fica descaracterizado. Assim, as horas que ultrapassam a jornadahabitual sero pagas como horas extras e as horas dedicadas compensao seropagas como adicionais por trabalho extraordinrio. (Smula n. 85, TST, IV)

    Dentro desse aspecto, as hipteses em que o acordo de compensao

    semanal invalidado pela realizao habitual de horas extras, o entendimento doTST de que as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal devero serpagas como horas extraordinrias. E em relao s horas destinadas compensao, dever ser pago a mais apenas o adicional por trabalhoextraordinrio. Esse o comando da smula 85, item IV, do TST.

    Destarte, aps a nova redao do pargrafo 2 do artigo 59 da CLT, que temrelao com a compensao de horrio, que tambm pode ser conhecida com

    sistema banco de horas, e assim, de acordo com o item V da Smula 85 do TST, obanco de horas s ser vlido mediante negociao coletiva, devendo as regraspactuadas constar de acordo coletivo de trabalho ou conveno coletiva de trabalho.

    Conforme sedimenta a CLT:

    Art. 59 - A durao normal do trabalho poder ser acrescida de horassuplementares, em nmero no excedente de 2 (duas), mediante acordoescrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo detrabalho.

    2o Poder ser dispensado o acrscimo de salrio se, por fora de acordoou conveno coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia forcompensado pela correspondente diminuio em outro dia, de maneira queno exceda, no perodo mximo de um ano, soma das jornadas semanaisde trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite mximo de dez horasdirias.

    A nova redao do item V, da Smula 85 do TST, em consonncia com oartigo supracitado, afasta a possibilidade do banco de horas ser estabelecido poracordo individual, uma vez que, conforme j referido acima, o sistema banco dehoras mais prejudicial ao trabalhador, pois fica a critrio do empregador que dia oempregado ir trabalhar tempo superior, e que dia o obreiro ir folgar.

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    Nesse sentido, Andr Luiz Paes de Almeida:

    Esta smula destaca com clareza o entendimento do TST em diferenciar oacordo de compensao puro e simples do banco de horas. O primeiro

    refere-se compensao do sbado, quando ento o empregado passa alaborar 48 minutos a mais de segunda a sexta-feira, e o segundo, quando oobreiro faz horas extras em determinado dia, trabalhando a menos em diassubsequentes. (ALMEIDA, 2012, p. 375).

    Dessa forma, assim como o regime de trabalho de 12 horas por 36 horas dedescanso pode ser considerado nulo se no estiver sido feito em acordo coletivo detrabalho, o sistema banco de horas poder ser considerado nulo se no houveracordo coletivo ou conveno coletiva de trabalho.

    Nesse sentido, tem-se a jurisprudncia:

    HORAS EXTRAS. JORNADA 12 X 36. AUSNCIA SUPERVENIENTE DEPREVISO EM NORMA COLETIVA. INVALIDADE.1. Nos termos da iterativa jurisprudncia desta Corte superior, somente seadmite a jornada em escala 12 x 36 horas quando existente previsoexpressa em norma coletiva.2. Reconhecida a invalidade da jornada em escala de 12 x 36 horas, resultadevido apenas o adicional de labor extraordinrio sobre as horas queultrapassaram a 8 diria, limitadas 44 semanal. Quanto s horas queexcederam a 44 semanal, so devidas como extras, acrescidas dorespectivo adicional.3. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido.(RR 2522004220085080205 252200-42.2008.5.08.0205, Relator: LelioBentes Corra, 1 Turma, DEJT 18/11/2011)

    Ao analisar jurisprudncia acima, percebe-se que quando no h umapreviso da jornada 12 horas de trabalho por 36 de descanso em norma coletiva, tal jornada invlida, entretanto, ao ser invalidada a referida escala, devido aoobreiro o pagamento das horas extraordinrias.

    Assim, o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST, 2012) deque a jornada de 12 x 36 horas vlida se existente um acordo coletivo de trabalhoou fixado em lei (texto completo no anexo 1):

    valida, em carter excepcional, a jornada de 12 horas de trabalho por 36de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordocoletivo de trabalho ou conveno coletiva de trabalho, assegurada aremunerao em dobro dos feriados trabalhados. O empregado no temdireito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na dcimaprimeira e dcima segunda horas.

    O entendimento dos ministros do TST de que permitida a flexibilizao da jornada de trabalho por intermdio da negociao coletiva (art. 7, XIII, CF) e, ainda,

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    a jornada de trabalho de 12 x 36 possui uma carga horria total de 180 horasmensais, inferior ao limite de 220 horas estabelecido pela Carta Magna. Esta jornadano pode ser imposta ao trabalhador, e poder ser adotada mediante negociaocoletiva, no podendo haver pagamentos de horas extras para as horas posteriores 10 tendo como limite a 12 hora como extraordinrias.

    Sobre a reduo da jornada de trabalho o projeto de lei 2295/2000 (anexo 2),que tramita no Congresso Nacional, tem como objetivo a reduo da jornada detrabalho dos empregados de sade que atuam no segmento de enfermagem. Com areduo da jornada de trabalho dos enfermeiros, existe a expectativa de abertura de21.965 novos postos de trabalho (INFONET, 2012).

    O objetivo do referido projeto de lei buscar mecanismos que possibilitem areduo para uma jornada de 30 horas semanais para os profissionais da rea deenfermagem no Brasil.

    Na corrente que contra a reduo da jornada de trabalho dos enfermeirosest o Deputado Dagoberto J.S. de Lima (2012), que criticou o projeto de lei2295/2000, afirmando que a aprovao do mesmo implicaria em forte impactoeconmico e operacional, defende que no basta abrir novos postos de trabalho

    preciso que existam profissionais capacitados para preench-los.Mas, o Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), em 2010, apresentou

    parecer favorvel ao projeto 2295/2000, alegando que o trabalho de enfermagem de suma relevncia social (vide anexo 3).

    A seguir apresentada e comentada a jurisprudncia do Superior Tribunal deJustia (STJ, 2012), sobre a jornada de trabalho dos profissionais de enfermagem.

    RECURSO ORDINRIO EM MANDADO DE SEGURANA. DECRETO N4345/2005. JORNADA DE TRABALHO DE 40 HORAS SEMANAIS. LEIESTADUAL N 13.666/2002. INEXISTNCIA DE DIREITO LQUIDO ECERTO A JORNADA DE 30 HORAS SEMANAIS. POSSIBILIDADE DEJORNADA REDUZIDA DESDE QUE COMPROVADO POR PERCIA OEXERCCIO DE ATIVIDADES PREJUDICIAIS SADE. CONVENINCIAE OPORTUNIDADE DO PODER PBLICO. TCNICOS DE RADIOLOGIA.JORNADA SEMANAL DE 24 HORAS PREVISTA NA LEI FEDERAL E NODECRETO ESTADUAL. COMPLEMENTAO DA CARGA HORRIA EMATIVIDADE COMPLEMENTAR. DESVIO DE FUNO. INEXISTNCIA.MATRIAS NO EXAMINADAS PELA CORTE DE ORIGEM. SUPRESSODE INSTNCIA.1. O Decreto 4345/2005 no extrapola os limites da lei ao fixar a cargahorria de 40 horas semanais para os servidores pblicos, previso esta jexistente na Lei n 13.666/2002 que, no entanto, poder ser alterada desdeque haja percia comprovando o exerccio de atividades prejudiciais

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    sade, sendo certo, ainda, que a fixao da jornada de trabalho temasujeito aos critrios de oportunidade e convenincia do Poder Pblico.2. A legislao federal estabeleceu como jornada de trabalho para ostcnicos de radiologia 24 horas semanais, assim como o Decreto estadual,tendo em conta o fato de ser uma atividade prejudicial sade. Contudo,isso no significa que o servidor que exerce essa funo no pode, nas 16horas restantes para complementar a jornada de 40 horas semanais,desenvolver tarefas correlatas. Desse modo, no h que se falar em desviode funo.3. Consoante a jurisprudncia deste Superior Tribunal de Justia, vedada,no julgamento de recurso ordinrio em mandado de segurana, aapreciao de matria no abordada pelo Tribunal de origem, sob pena desupresso de instncia.4. Recurso ordinrio conhecido parcialmente e improvido.(RMS 23.475/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2011, DJe 04/04/2011).

    O entendimento jurisprudencial de que a jornada de trabalho paraprofissionais de sade de 40 horas semanais, para servidores pblicos, determinadapelo Decreto 4345/2005 no extrapola os limites legais. O limite de 24 horassemanais no caso dos servidores que atuam como tcnicos em radiologia seriareferente prtica de atividade insalubre, contudo, as outras 16 horas quecontemplariam a jornada de 40 horas semanais poderiam ser compensadas comoutras atividades relacionadas ao cargo.

    Portanto, o tcnico de radiologia trabalharia por 24 horas semanais nasatividades que so consideradas insalubres e 16 horas em outras atividadesinerentes ao seu cargo, completando a carga horria de 40 horas semanais, umavez que a jornada de 30 horas semanais no foi aprovada.

    AGRAVO REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL - RECLAMATRIATRABALHISTA - ATENDENTE DE ENFERMAGEM - OMISSES NOACRDO - INEXISTNCIA - SMULAS - PORTARIA DO MINISTRIODO TRABALHO - ATOS QUE NO SE ENQUADRAM NO CONCEITO DELEI FEDERAL - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - HORAS EXTRAS -REEXAME DO QUADRO PROBATRIO - IMPOSSIBILIDADE - SMULA7/STJ - JORNADA COMPENSATRIA - REQUISITOS - PREVISOCONTRATUAL - LIMITE MXIMO DE 10 HORAS DIRIAS -JULGAMENTO EXTRA PETITA - INOCORRNCIA - DECISOAGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.I - A jurisprudncia desta Casa pacfica ao proclamar que, se osfundamentos adotados bastam para justificar o concludo na deciso, o julgador no est obrigado a rebater, um a um, os argumentos utilizadospela parte.II - Refoge competncia do Superior Tribunal de Justia apreciar supostaofensa a Smulas de Tribunais Superiores, bem como Portariasministeriais, porquanto o Recurso Especial no constitui via adequada paraa anlise, sequer reflexa, de eventual ofensa a resolues, portarias ouinstrues normativas, por no estarem tais atos normativos compreendidosna expresso lei federal, constante da alnea a do inciso III do artigo 105 daConstituio Federal.

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    III - No que concerne o adicional de insalubridade e s horas-extras, osargumentos utilizados para fundamentar a pretensa violao legal somentepoderiam ter sua procedncia verificada mediante o reexame das provas,no cabendo a esta Corte, a fim de alcanar concluso diversa daestampada no Acrdo recorrido, reavaliar o conjunto probatrio.IV - O entendimento esposado no Acrdo recorrido se coaduna com a jurisprudncia deste Tribunal, segundo a qual a regularidade da jornadacompensatria possui como requisitos a previso contratual expressa e orespeito ao limite mximo de dez horas de trabalho dirio.V - O Acrdo recorrido encontra-se em consonncia com o entendimentodesta Corte, segundo o qual o pedido deve ser extrado a partir de umainterpretao lgico-sistemtica de toda a petio inicial, sendo permitido parte insurgir-se contra critrios adotados na concesso do pedidoinicialmente formulado, no podendo o magistrado se esquivar da anliseampla e detida da relao jurdica posta em exame VI - O Agravo notrouxe nenhum argumento novo capaz de modificar a concluso alvitrada, aqual se mantm por seus prprios fundamentos.Agravo Regimental improvido.(AgRg no REsp 995.528/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRATURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 28/02/2011).

    Quanto ao excedente de duas extras na jornada de trabalho de 12 x 36realizada pelos profissionais de enfermagem, desde que determinada em acordocoletivo, esta jornada reconhecida pelos tribunais ptrios. Portanto, no cabe opagamento de horas extras para a 11 e 12 hora trabalhada.

    4.2 JORNADA DE TRABALHO NOTURNA PARA TRABALHADORES DA SADE

    A prestao do labor se d em qualquer hora do dia. Entretanto, a horanoturna tem tratamento diverso da hora laborada durante o dia. A prestao detrabalho noturna muito mais desgastante para o obreiro. Isso sob vrios aspectos,social, biolgico e tambm familiar. (DELGADO, 2012)

    Trabalhar a noite traz um desgaste fsico maior que o laborar durante o dia.

    Isso porque, o ambiente fsico externo, propicia mais o repouso do que a disposio. por esse motivo que a CLT sempre tratou de forma diferente o labor em horrionoturno. Nesse entendimento, ocorre a proibio do trabalho noturno para o menor eo favorecimento compensatrio na jornada noturna.

    Nesse sentido, sedimenta Maurcio Godinho Delgado:

    O Direito do Trabalho, contudo, por distintas razes, tende a restringir oconceito de noite, de modo a no abranger, integralmente, todo o lapsotemporal em que a luz solar se esconda abaixo do horizonte. Em primeirolugar, visando encontrar parmetro que se preserve imutvel ao longo doano, independentemente das variaes cclicas anuais porque passa aextenso do dia e da noite (como se sabe, as noites, no vero, so maiscurtas do que no inverno). Em segundo lugar, por compreender que os

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    intensos desgastes que justificariam tratamento jurdico especialcompensatrio ao trabalho noturno no apresentam, com a mesmaintensidade, nas diversas fases da noite. Em terceiro lugar, por inegveisrazes econmicos-empresariais, como mecanismo voltado a no encarecer,sobremaneira, o preo da fora de trabalho contratada em toda a extenso doreal trabalho noturno. (DELGADO, 2012, p. 856).

    No mesmo enfoque, leciona a autora Alice Monteiro de Barros:

    Vale lembrar, ainda, que os efeitos do trabalho noturno agravam-se segundoa idade e o tempo de servio. O envelhecimento e as alteraes de sono dadecorrentes fazem com que as exigncias do trabalho nessas condies setornem, a partir dos 45 anos de idade menos suportveis, recomendando-se,em geral, o afastamento do empregado desse turno. O mesmo ocorre com otempo de servio: a antiguidade do trabalhador na empresa, ao invs degerar hbito em relao ao trabalho noturno, torna-o, ao contrrio,

    progressivamente insuportvel. (BARROS, 2012, p. 544).

    Ainda, sobre o horrio noturno dos trabalhadores, discorre Srgio PintoMartins:

    Como se verifica, o horrio considerado noturno determinado pela lei, nosendo no perodo que vai do pr ao nascer-do-sol, o que seria mais lgico,mas dependeria das estaes do ano, quando o sol nasce ou se pe maiscedo ou mais tarde. Certo que no perodo noturno o organismo humano fazum esforo maior, pois a noite o perodo em que a pessoa deve dormir, e

    no trabalhar. (MARTINS, 2008, p. 517).

    A CLT dispe que a jornada noturna urbana ocorre entre as 22:00 de um diaat 5:00 do dia seguinte, de acordo com o artigo 73, 2,in verbis: Considera-senoturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um

    dia e as 5 horas do dia seguinte.

    A hora noturna inferior diurna para fins de contagem de tempo, j que ahora diurna corresponde a 60 minutos (60) e a hora noturna equivale a 52 minutos e

    30 segundos (5230). Entretanto, essa hora jurdica noturna equivale a 8 horas jurdicas de trabalho, e no a 7 horas como parece.

    Alm da jornada de trabalho noturno ser reduzida, ainda existe um adicionalde 20% para aqueles trabalhadores que laboram no perodo noturno. O referidoadicional mnimo, por isso, nada impede que dissdios coletivos de trabalho fixemum adicional maior. O que no pode ocorrer reduzir o adicional, pois a lei ordinriaestabeleceu esse percentual mnimo. (MARTINS, p. 518)

    Insta salientar que a jornada de trabalho noturna para trabalhadores ruraistem lapso temporal distinto dos urbanos, uma vez que das 21:00 de um dia at as

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    5:00 do dia seguinte, para os trabalhadores que laboram em lavouras. J ostrabalhadores que laboram na pecuria, a hora noturna vai das 20:00 de um dia atas 4:00 do dia seguinte.

    A prorrogao do horrio noturno tema amplamente controvertido nadoutrina. Entretanto, a Smula n. 60 do TST, sedimenta que:

    Adicional Noturno - SalrioI - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salrio doempregado para todos os efeitos.II - Cumprida integralmente a jornada no perodo noturno e prorrogada esta,devido tambm o adicional quanto s horas prorrogadas.

    Assim, alm do adicional noturno pago com habitualidade integrar o salriodo trabalhador para todos os efeitos, quando a jornada de trabalho prorrogada, oadicional devido para aquela hora que passou da hora noturna. (Smula n. 60,TST, I e II).

    O horrio noturno dos trabalhadores da sade, em geral aquela contida naCLT. Com hora noturna reduzida e adicional de 20%. O que ocorre geralmente naprtica que as Convenes Coletivas de Trabalho tem previses diferentes.

    Dessa forma, se uma trabalhadora da sade, tal como uma enfermeira quelabora em um hospital das 22:00 de um dia at as 6:00 do dia seguinte, em quepese aps as 5:00 do dia seguinte no ser mais considerada hora noturna, essatrabalhadora ir receber a hora prorrogada como sendo noturna, isto , comadicional de 20%.

    O que ocorre muitas vezes na prtica que os trabalhadores da sadeacabam recebendo pela hora noturna de modo diferente pra evitar hora quebrada noite. Por exemplo, quatro pessoas trabalham em escala de seis horas cada, paracompletar s 24 horas do dia.

    Nesse caso, os trabalhadores que atuam na hora noturna, tem um salriosuperior do que os que trabalham no horrio do dia, em razo do adicional noturno eda hora reduzida.

    Isso ocorre diferentemente do turno de revezamento. Quando o empregadovariar durante dia/noite/tarde, em escalas, se ele sempre trabalhar noite ou sempretrabalhar durante o dia, ainda que a empresa funcione o dia todo, no turno

    ininterrupto, s se ele mesmo variar, em escalas, a caracteriza o turno ininterrupto.

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    Esse uma forma de proteo ao trabalhador, uma vez que ao laborar emhorrio noturno, este labor muito mais desgastante que o diurno, haja vista que anoite foi feita para dormir.

    Assim, aquele trabalhador que laborar alm da hora noturna, isto , aqueleobreiro que trabalha em um hospital alm da jornada noturna estabelecida no artigo73 da CLT, as horas prorrogadas dentro do perodo de trabalho, devero ser pagascom o adicional noturno.

    4.3 SINDICATO DOS TRABALHADORES DA SADE EM CURITIBA

    Pode-se definir sindicato como uma forma de associao profissional,reconhecida pelo Estado, como representante de uma categoria especfica.(BARROS, 2012)

    Na definio de Alice Monteiro de Barros:

    Os sindicatos, so, frise-se, fruto da vontade dos indivduos que compemgrupos, cujos interesses iguais, similares ou conexos, congregandodeterminada categoria econmica, profissional, de trabalhadores autnomosou de profissionais liberais, da sua natureza jurdica de direito privado.

    (BARROS, 2012, p.977)

    Sindicato um conjunto fundado para a defesa dos interesses comuns deseus associados. Existem diversos tipos de sindicatos. Os tipos mais comuns desindicatos so os representantes de categorias profissionais, tambm conhecidoscomo sindicatos laborais ou de trabalhadores, e de classes econmicas, conhecidoscomo sindicatos patronais ou empresariais. (DELGADO, 2012)

    A caracterstica principal do sindicato , em sntese, que o sindicato pleiteiadireito alheio em nome prprio, ou seja, ele ajuza aes trabalhistas em seu nome,pleiteando o direito de seus associados, isto , os trabalhadores. Ao contrrio doadvogado, que representante processual da parte, o sindicato parte do processo.

    Assim, discorre Delgado:

    Efetivamente, a presena das entidades sindicais, especificamente asobreiras, determinante no cenrio coletivo trabalhista, uma vez quetendem a consubstanciar a efetividade do ser coletivo obreiro no cenriosocial. H sistemas jurdicos como o brasileiro, a propsito que atmesmo subordinam a validade da negociao coletiva trabalhista realparticipao no processo da entidade sindical dos trabalhadores. Esta

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    circunstncia, sem dvida, refora o apelo da denominao referida nosistema jurdico do pas. (DELGADO, 2012, p. 1194).

    No caso do sindicato ajuizar uma reclamao trabalhista, no necessrio

    uma expressa autorizao, uma vez que j est previsto em lei. Insta salientar, queos efeitos do processo refletem em ambos, isto , no sindicato e no trabalhador.

    Assim, o sindicato dos trabalhadores da sade pleiteia em aes trabalhistasos direitos de seus associados. Dessa forma, existem inmeros sindicatos dostrabalhadores da sade.

    No Paran existe o SindSade. o sindicato que tem por objetivo apoiar osservidores da sade no Estado do Paran. Ele existe para lutar contra a explorao

    e ajudar os trabalhadores em suas lides trabalhistas, em busca de melhorias nascondies de trabalho, bem como nos respectivos salrios.

    Desse modo o SindSade do Paran:

    O SindSade o sindicato dos servidores estaduais da sade do Paran. da resistncia, da ousadia, da solidariedade, da intolerncia ante a opressoe a explorao. A organizao dos trabalhadores e a defesa do serviopblico so as principais marcas do sindicato.5

    O sindicato dos trabalhadores e servidores pblicos da sade do Paranexiste a mais de 20 anos. Nesses 20 anos, o SindSade percorreu diversas batalhasem defesa dos direitos da classe trabalhadora, em especial os servidores estaduaisda sade. O sindicato sempre foi solidrio luta de outras categorias e tambm sepautou na defesa do servio pblico.6

    J para Curitiba e regio existe o Sindicato dos Empregados emEstabelecimentos de Servios de Sade de Curitiba e Regio (Sindesc). umaassociao que defende os trabalhadores e profissionais da rea da sade deCuritiba e Regio.

    Tantos os obreiros que laboram em estabelecimentos particulares, como osque trabalham em entidades filantrpicas na rea da sade, podem se apoiar noreferido sindicato para a busca de direitos, e a cessao de possveis injustias porparte de seus empregadores.

    5 SindSade, disponvel em: < http://www.sindsaudepr.org.br/sindsaude>. Acesso em21/04/2013.

    6 SindSade, disponvel em: < http://www.sindsaudepr.org.br/sindsaude>. Acesso em21/04/2013.

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    O sindicato dos trabalhadores e profissionais da sude de Curitiba existe hmais de 50 anos. Nesse sentido:

    Existente h mais de 50 anos, hoje conta com uma diretoria comprometidacom os trabalhadores e uma equipe contratada de profissionaisqualificados.A entidade mantm servios de orientao sobre os direitos trabalhistas,contando com um departamento jurdico para defender os interesses dostrabalhadores da sade. 7

    A Conveno Coletiva de Trabalho dos Trabalhadores da Sade de Curitibadispe que o adicional noturno para os trabalhadores ser de 30%, j includo oprevisto na CLT que de 20%.8

    Na clusula trigsima nona da referida CCT, estabelecido que a jornada dostrabalhadores da rea de enfermagem ser de 36 horas semanais. Aos profissionaisde enfermagem ainda ser vlido o regime de 12 horas de trabalho por 36 horas dedescanso, sendo justo um dia de descanso semana em que ultrapassar as 36horas.

    O acrscimo ser de 50% hora que ultrapassar as 36 horas, entretanto, nohaver o referido acrscimo aquela hora que passar da 6 hora, sendo vlido o

    regime de compensao no dia seguinte, isto , o trabalhador poder laborar menosno outro dia, caso ultrapasse esse tempo.9

    Na referida CCT existe a previso compensao de regime de 12 horas detrabalho por 36 horas descanso, para aqueles trabalhadores que laboram 44 horassemanais, mediante acordo individual de trabalho.

    De acordo com a Conveno Coletiva dos Trabalhadores de Curitiba eRegio, a validade do acordo de compensao:

    Fica ajustado entre as partes convenientes que o trabalho extraordinrioprestado pelo empregado, com o pagamento das horas como extras, comos adicionais convencionados, no invalida os acordos de compensao dehoras adotados pelas empresas.

    7 Sindesc, disponvel em :. Acesso em23/04/2013.

    8 Clusula 13 da CCT, disponvel em . Acesso em23/04/2013.9 Clusula 39 da CCT, disponvel em . Acesso em23/04/2013.

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    Pargrafo nico: A ausncia de registro das horas extras, pagamento ouincluso no banco de horas, invalida o acordo de compensao oramencionado.10

    Assim, ser invalidado o acordo de compensao se no existir o registro dehoras extras, ou incluso no banco de horas.

    4.3.1 ESCALA DE 5 X 1

    Os trabalhadores e profissionais da sade de Curitiba podero laborar emescala de cinco dias de trabalho por um dia de descanso. Isso de acordo com a 40

    clusula da CCT,in verbis:Fica institudo o sistema de escala 5 X 1, que consiste na concesso deuma folga a cada cinco dias trabalhados, para compensao dos domingose feriados.

    Pargrafo primeiro: Os feriados excludos pelo sistema de escala, noperodo de um ano, sero compensados pela concesso de 3 (trs) dias delicena remunerada, subseqente ao perodo de frias.

    Pargrafo segundo: Ter direito aos trs dias de licena remunerada todotrabalhador que tiver no mnimo 6 meses no sistema de escala de 5X1, noperodo aquisitivo das referidas frias.11

    Haver compensao por concesso de trs dias de licena remunerada,subsequentes ao perodo de frias, aos feriados excludos pelo sistema de escalaem um perodo de um ano.

    Assim, de acordo com o pargrafo primeiro da quadragsima clusula dareferida CCT, quando for excludo um feriado pelo regime de compensao, isto ,quando o obreiro estiver laborando nesse feriado, os feriados de um ano serocompensados por trs dias de licena, assim o trabalhador ganhar trs dias defolga, e ir receber salrio durante esse perodo.

    10 Clusula 39 da CCT, disponvel em . Acesso em23/04/2013.

    11 Clusula 40 da CCT, disponvel em . Acesso em23/04/2013.

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    Dessa forma, todos os trabalhadores que permanecerem por, no mnimo, seismeses no sistema de escala de cinco dias de trabalho por um dia de descanso,tambm ter direito aos trs dias de licena remunerada.

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    5 CONCLUSO

    A legislao trabalhista no Brasil possui um carter protetor que beneficia aos

    trabalhadores, entretanto, no atende s demandas do mercado, pois sominuciosas, detalhistas, ou seja, rgidas, baseadas em exigncias burocrticas.

    A flexibilizao dos direitos trabalhistas uma tendncia mundial, que impeao Brasil uma atitude frente s demandas trabalhistas. Contudo, esse assunto aindaensejar muitos debates, uma vez que aparentemente estaria beneficiando apenasa classe empregadora na administrao de seu empreendimento e atuando comoum instrumento de reduo de custos.

    Mas, o mercado globalizado gera competitividade obrigando as empresas abuscarem novas formas de atuao, consequentemente, a crise econmica e odesemprego levam os trabalhadores a aceitarem algumas medidas que facilitem oprocesso de ingresso mercado de trabalho e manuteno do emprego.

    Frente a este cenrio, continua o debate sobre a reduo da jornada detrabalho dos profissionais de sade. Como foi visto ao longo deste estudo, ostribunais ptrios reconhecem como legtima a jornada de trabalho de 12 x 36 horas,

    a qual se submete a maioria dos profissionais de sade, no sendo necessriopagar horas extras pela 11 e 12 horas excedentes, uma vez que existe o regime decompensao. Essa medida vlida mediante acordo coletivo da categoriaprofissional.

    No caso dos profissionais que atuam na rea de sade, em atividadesinsalubres, como o caso dos tcnicos de radiologia, no existe impedimento legalpara que estes profissionais cumpram a jornada de 40 horas semanais, uma vez quea jornada de 30 horas semanais ainda no foi reconhecida por lei. Deste modo, osprofissionais poderiam cumprir 24 horas em atividades insalubres e mais 16 horasem outras atividades inerentes ao seu cargo.

    Em resposta ao problema de pesquisa apresentado na introduo desteestudo (Quais as implicaes da reduo da jornada de trabalho dos profissionais desade?), existe um amplo debate trabalhista, social, poltico e econmico sobre areduo da jornada de trabalho dos profissionais de sade de 40 horas semanaispara 30 horas semanais. Os argumentos a favor da reduo da jornada para 30horas semanais se baseiam na necessidade de resguardar os direitos dostrabalhadores, garantindo a dignidade da pessoa humana do trabalhador e outros

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    direitos fundamentais. Os argumentos contra a reduo apontam os problemascomo aumento de custos, falta de profissionais qualificados para preencher as vagasexcedentes, entre outros.

    O fato que os profissionais de sade enfrentam jornadas de trabalhoextensas, onde so submetidos a fortes situaes de estresse, que pode prejudicara sade desses trabalhadores.

    Concluiu-se que os argumentos a favor da reduo da jornada de trabalhodos profissionais de sade defendem os direitos fundamentais dessestrabalhadores, visando a dignidade da pessoa humana.

    Por fim, cumpre observar que a elaborao do presente estudo foi de grande

    valia para o aprimoramento profissional da pesquisadora, alm de contribuir para aformao de uma opinio crtica sobre o tema. Para trabalhos futuros sugere-se arealizao de entrevistas com os profissionais de sade para que seja possvelconhecer os problemas enfrentados por esses profissionais e os benefcios trazidospela reduo da jornada de trabalho de 40 horas semanais para 30 horas semanais.

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    ANEXO 1: JORNADA DE 12 X 36 TST

    TST aprova Smulas sobre: jornada 12X36, estabilidade e dispensa

    Regulamentao da jornada especial de 12x36Os ministros do Tribunal Superior do Trabalho, por maioria, acolheram sugesto do juiz do

    trabalho Homero Matheus Batista da Silva de se adotar nova Smula para tratar do regime detrabalho em 12x36.

    Nos termos da proposta de redao, abaixo transcrita, a jornada diferenciada ser vlidaexclusivamente por acordo coletivo, sendo que o empregado no far jus a adicional de hora extrapelo trabalho das 11 e 12 horas.

    JORNADA DE TRABALHO. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE.

    valida, em carter excepcional, a jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso,prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenocoletiva de trabalho, assegurada a remunerao em dobro dos feriados trabalhados. O empregadono tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na dcima primeira e dcimasegunda horas.

    Os ministros destacaram que as decises do TST sobre o assunto tem se firmado com osseguintes aspectos: o artigo 7, XIII, da Constituio Federal, permite a flexibilizao da jornada detrabalho por meio de negociao coletiva; na jornada 12x36 existe efetiva compensao de horas; noregime de 12x36 a jornada mensal tem um total de 180 horas, nmero mais favorvel do que o limiteconstitucional de 220 horas; a jornada especial no pode ser imposta e s poder ser adotada pormeio de negociao coletiva; e se reconhecida a validade do regime, no poder haver pagamentodas horas posteriores 10 tendo como limite a 12 hora - como extraordinrias.

    Alm dos fundamentos jurdicos levantados, os ministros levaram em considerao as

    manifestaes de categorias profissionais e econmicas, que, de forma expressiva, se posicionam afavor do regime especial de 12x36.

    Dispensa por causa por doena gera direito a reintegrao

    A nova Smula do TST que trata sobre dispensa discriminatria aprovada na 2 Semana doTST - garante a reintegrao ao empregado portador de HIV - ou outra doena grave que tenha sidodispensado sem justa causa, desde que comprovada a discriminao.

    O presidente do TST, ministro Joo Oreste Dalazen, observou que a adoo da nova Smulase deu diante da jurisprudncia pacificada do TST que indica haver presuno de ato discriminatriona dispensa de trabalhador vitimado por vrus HIV. A nova Smula foi analisada a partir de umaproposta de iniciativa do ministro Maurcio Godinho Delgado.

    O presidente reala que a nova Smula est alinhada ao texto dos seguintes dispositivos:artigo 3, inciso IV (princpio da dignidade humana), artigo 5 da CF (princpio da isonomia), asConvenes ns 111 e 117 da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), e ainda a Declaraosobre os Princpios e Direitos Fundamentais no Trabal