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jornal ASSUFOP Edição 01 Gestão 2015-17 Dezembro de 2015 Filiado à FASUBRA assufop.org.br Jornal do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administravos da UFOP - ASSUFOP | l | | O | | | | pag. 5-7 ´ TRAGEDIA EM MARIANA: SAMARCO E O MAIOR DESASTRE AMBIENTAL DO BRASIL MINA DU VELOSO: INTELIGENCIA AFRICANA TRAZ VISIBILIDADE E RENDA AO BAIRRO SINDICATO ASSUFOP EMPENHA LUTA CONTRA O PONTO ELETRONICO NA UFOP pag. 11 pag. 10 pag. 12 ´ ^ ^ ´ ´ ´ Acesse o conteúdo do jornal no seu dispositivo móvel

Jornal assufop dez 2015

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jornal ASSUFOPEdição 01 Gestão 2015-17Dezembro de 2015Filiado à FASUBRAassufop.org.br

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administravos da UFOP - ASSUFOP

| l

||O| ||

|pag. 5-7´

TRAGEDIA EM MARIANA: SAMARCO E O MAIORDESASTRE AMBIENTAL DO BRASIL

MINA DU VELOSO: INTELIGENCIA AFRICANA TRAZ VISIBILIDADE E

RENDA AO BAIRRO

SINDICATO ASSUFOP EMPENHA LUTACONTRA O PONTO ELETRONICO NA UFOP

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Entre o corte de verbas no ensino superior público e o pragmatismo administrativo na UFOP

EDITORIAL

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01 dezembro de 2015

EXPEDIENTE

Jornal do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos da UFOP - ASSUFOP. Gestão 2015/2017 | Presidente: Sérgio Neves, Vice-Presidente: Tatiana Hundrel Silva, 1ª Secretária: Jequiana Lessa Agostinho, 2ª Secretário: Vicente de Paula Cândido, 1ª Tesoureiro: Alexandro Luiz Maximiliano Dias, 2ª Tesoureira: Raquel Leite Braz, Diretores Sindicais: Maurílio Marcos da Conceição, Lourival Nunes Martins, Diretores de Assistência: Mônica Versiani Machado, Pedro Tomaz, Diretores de Imprensa e Divulgação: Thiago Caldeira da Silva, Felipe da Fonseca Martins, Diretoras de Cultura, Esporte e Lazer: Luciana Rodrigues dos Santos, Dirlene Azevedo Gomes | Jornalista Responsável: César Diab (MG 0018885 JP) | Texto, diagramação, arte e fotos: César Diab | Endereço eletrônico: www.assufop.org.br | Contato: [email protected] | Endereço: Rua Diogo de Vasconcelos, 408, Estação - Ouro Preto - MG | Tiragem: 1.500 exemplares | Impressão: Sempre Editora Ltda.

As medidas anunciadas em uma

coletiva de imprensa, no dia 22 de

setembro, pela Reitoria da Ufop, com o

objetivo de “garantir” o funcionamento

da Universidade, são de conhecimento

geral. Sobre tais medidas, destacam-se a

demissão de 90 trabalhadores terceiriza-

dos e também o aumento do valor do

restaurante universitário. O Assufop

repudia a forma pela qual tais decisões

da reitoria foram definidas e comunica-

das. Soa no mínimo estranho uma orga-

nização de ensino, que se diz transpa-

rente e plural, informar primeiramente

ao público externo à Universidade

(como a imprensa) sobre mudanças tão

sérias no funcionamento da Instituição.

A forma pela qual a administração

chegou aos cortes também é preocupan-

te e dá indícios do que está por vir: uma

administração pragmática, pautada

numa verticalidade que aponta para uma

dificuldade de negociação. Se não há

conversa, não há política, resta apenas a

tecnocracia, que serve muito bem para

máquinas, mas não para o funcionalis-

mo público. O Assufop acredita e reitera que

atitudes como essas – decisões drásticas

sem qualquer consulta ao corpo univer-

sitário - têm de ser pautadas no diálogo,

no planejamento, para que, desta forma,

condutas administrativas autoritárias

fiquem apenas como memória de um

passado vil.

Do posicionamento do Diretório Cen-

tral dos Estudantes (DCE) Também se faz relevante subli-

nhar a passividade com que o DCE tem

se colocado. Percebe-se um alinhamen-

to político com as medidas tomadas pela

Reitoria durante todo o período de

greve. Preferimos acreditar que, por

desinformação ou inocência, o DCE

tenha trilhado direções opostas ao que

é substancial em qualquer representa-

tividade estudantil: ou seja, lutar por

uma universidade autônoma, de qua-

lidade, respeitável, horizontal, públi-

ca, gratuita e acessível para tod@s. Em nota publicada em rede

social, o DCE confirmou a definição

do calendário acadêmico pelo CEPE

para o início das aulas e mostrou-se

submisso à decisão do Conselho de

que “é possível garantir um semestre

de qualidade mesmo com os técnicos

em greve”. Aceitar o sucateamento

da Universidade e comprar a chanta-

gem paternalista do Governo (e da

UNE), bem como o discurso merca-

dológico da mídia, é dar passos em

direção oposta ao que uma universi-

dade pública se propõe. É cultivar

uma política imediatista, que apoia

decisões rápidas, fáceis, que dão

resultados em curto prazo – e geram

até uma popularidade, mas, que,

olhando em conjunto, caminham em

direção às ruínas, excluem futuros

prósperos, cerceiam direitos conquis-

tados em anos de luta, como, por

exemplo, o direito à sindicalização ao

funcionalismo público conquistado

em 1989. É nítida a incapacidade do

governo de negociar com a categoria

do funcionalismo público, e sabe-se

que uma administração que preza pelo

tato social, se antecipa nessas ques-

tões trabalhistas. Ainda que reversí-

vel, é desanimador acompanhar ges-

tos estudantis que solidificam um ensino

cada vez mais mercadológico (vide cres-

cimento hegemônico das parcerias públi-

co-privadas) e vão na contra mão daquilo

que Kant denomina como uso público da

razão. O ASSUFOP também lamenta

comentários pejorativos, infundados,

feitos nas redes sociais de forma

d e s o r d e i r a , c o m o o b j e t i v o d e

deslegitimar a luta dos técnicos – que

também é uma luta pela unidade

u n i v e r s i t á r i a . Tr a t a - s e d e u m a

irresponsabilidade que apequena o

debate, ensurdece as ideias e enfraquece a

luta pela qualidade do ensino. Tal postura

apenas confirma o retrocesso assustador

que vem sendo na tu ra l i zado na

contemporaneidade, no qual lutar por

direitos é ofensivo e, concomitantemente,

a greve deixa de ser instrumento de reação

adversa à recessão e se torna, no mínimo,

um gesto depreciativo. Evidentemente, a

ascensão desse pensamento conservador

se traduz numa tendência do capitalismo

contemporâneo de enorme exploração e

péssimas condições de trabalho aliada à

financeirização da educação e monopólio

do conhecimento. O ASSUFOP continua firme na

luta, pois não deseja uma universidade

desnecessária. Lutamos contra a cultura

do sucateamento que favorece a privati-

zação; contra uma comunicação obsoleta

e atitudes autoritárias na administração

universitária. Investimos em uma unida-

de organizada que semeia a solidariedade,

pelo futuro do ensino superior e condi-

ções dignas de trabalho dos técnicos-

administrativos da UFOP.

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01 dezembro de 2015

ASSUFOP FAZ ÚLTIMA ASSEMBLEIA DE 2015Proposta de controle de frequência eletrônico e plano Unimed

foram destaques no encontro

No dia primeiro de dezembro o Sindicato ASSUFOP fez uma assembleia* com os técnico-administrativos no auditório do ICEB para discutir e deliberar assun-tos relativos aos trabalhadores da UFOP. A pauta abordou os seguintes temas: informes locais e nacionais; eleição de delegados para plenária da FASUBRA; proposta de controle eletrônico de frequência; plano de saúde – Unimed, dentre outros. Con-duziram a assembleia o presidente do sindicato, Sérgio Neves; o diretor sindical, Maurílio da Conceição, e o secretário Vicente de Paula. De início foram destacadas

informações do Sindicato ASSUFOP

como o prazo da retirada dos convites

para a Festa de Fim de Ano e o motivo

da cobrança de R$20,00 no preço do

convite para dependente pensando

em resguardar a situação futura quan-

to à saúde financeira do sindicato.

Também foi informado o funciona-

mento da área de lazer do Sindicato

durante o recesso de fim de ano, bem

como o conteúdo do boletim (edição

02) Olho Vivo sobre a Funpresp (Fun-

dação de Previdência Complementar

do Servidor Público Federal). Nos

informes nacionais, foi comentada a

nota publicada pela FASUBRA na

qual o assessor de gabinete da Secre-

taria de Relações de Trabalho do

Ministério do Planejamento, Vladi-

mir Nepomuceno, confirmou que o

reajuste dos servidores - que não con-

templa as perdas acumuladas - per-

manece em agosto de 2016 e os ‘‘be-

nefícios’’ para o início de janeiro de

2016.

O presidente do sindicato

comentou, durante os informes, a

dificuldade financeira que poderá ser

enfrentada pelo Sindicato ASSUFOP

diante da crise que assola o país e do

medíocre reajuste salarial para agos-

to do ano que vem, bem abaixo da

inflação. Outro motivo - este mais

preocupante - que pode agravar a

receita do sindicato é o alto número

de associados inadimplentes com o

plano de saúde Unimed. Ou seja, o

técnico-administrativo que deixa de

pagar o plano, afeta e coloca em risco

a receita do Sindicato no qual tem de

tirar dinheiro do caixa para quitar a

dívida dos associados, já que o con-

trato do plano é feito entre ASSUFOP

e a Unimed. Este assunto elevou os

ânimos da plateia que manifestou

grande indignação contra os associa-

dos que não pagam o plano de saúde,

e cobraram mais rigor à diretoria para

punir os associados em débito com o

plano. Sérgio Neves explicou que

além da carta de cobrança, da possí-

vel exclusão do associado do plano,

o Sindicato informa à CGP para que o

associado inadimplente deixe de ter

direito ao ressarcimento do plano. O diretor do ASSUFOP, Lou-

rival Nunes Martins, cogitou as con-

sequências futuras caso o calote no

plano de saúde não seja resolvido e

saiu em defesa do Sindicato: “se for

pra quebrar alguma coisa, que quebre

a parceria com a UNIMED – e não

quebre o Sindicato!” José Augusto Nunes sugeriu

uma cobrança mais intensa nos atra-

sos no pagamento do plano: “sugiro

ao Sindicato que faça um sistema

digital que mande email diariamente

ao devedor, pressionando, falando

quantos dias o devedor está em débi-

to, assim ele se sente pressionado a *

Apesar de não ter dado quórum, os presentes aqueceram o debate sobre a inadimplência do plano de saúde

Dessa vez a assembleia não atingiu o quorum

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01 dezembro de 2015

a pagar. Tem que fazer alguma coisa para que o calote acabe”. Foi sugeri-do à mesa que seja votado o seguinte tema: uma vez o associado inadim-plente excluído do plano, não teria mais direito de retornar ao plano. A sugestão foi acatada pela mesa que vai discutir a proposta com os dema-is diretores do Sindicato. Em seguida, houve um diálo-go sobre o ponto eletrônico proposto pela CGP. Foi reiterada a posição do Sindicato contra tal medida reacio-nária que apaga uma memória de luta dos servidores que derrubaram, com bastante insistência, um modelo de frequência ditatorial que existia nos anos 90 no funcionalismo público.

Sobre o último ponto da pau-ta, como a assembleia não teve quo-rum, a votação para delegados para a FASUBRA – nos dias 12 e 13 de dezembro em Brasília para avaliar a greve – foi cancelada. Na sequência foi destinado tempo para uma avalia-

ção dos trabalhadores presentes. A ex-presidente do ASSUFOP, Luiza de Marillac, reforçou a importância da luta numa época de supressão de direitos e ponderou o retrocesso que se encontra por trás da proposta do ponto eletrônico. “a gente tem que promover alguma ação de boicote ao ponto eletrônico. É um retrocesso sendo que nós temos a constituição federal, que garante autonomia admi-nistrativa da universidade. Temos que reagir aos retrocessos antes que sigam adiante”. Também foi assunto durante a assembleia o atraso no pagamento dos salários dos terceirizados e um dos motivos seria a falta de repasse da verba do Governo Federal à UFOP que, portanto, não teve como pagar as terceirizadas até o final de novembro. O presidente, Sergio Neves, argumentou que o ASSUFOP tem conversado com a UFOP pressi-onando e cobrando respeito aos dire-

itos dos terceirizados. “Somos con-tra a terceirização mas a favor dos trabalhadores, e se em janeiro de 2016 parar tudo por conta do não pagamento dos salários, a UFOP para!

O baixo número de trabalhadores presentes na assembleia dificultou a deliberação de assuntos de grande importância como o ponto eletrônico e também o plano da Unimed. Faz-se importante ressaltar a necessidade da presença expressiva dos técnico-administrativos nas assembleias para que sejam tomadas decisões com representatividade e clareza, lembrando que o Sindicato é de todos os trabalhadores.

Presidente do ASSUFOP, Sérgio Neves, e os Diretores, Maurílio da Conceição e Vicente de Paula conduziram a assembleia

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GOVERNO

NA

UNIVERSIDADE PÚBLICAà BEIRA DO ABISMONO DIA 27 DE NOVEMBRO, O GOVERNO FEDERAL SOLTOU UM DECRETO QUE CONTIGENCIOU A VERBA DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS. A UFOP FICOU COM SEUS RECUROS ‘CONGELADOS’ COM DINHEIRO APENAS PARA PAGAR AS BOLSAS E SALÁRIOS DOS SERVIDORES. RESULTADO DISSO: OS TERCEIRIZADOS FICARAM COM SEUS SALÁRIOS ATRASADOS, JÁ QUE O REPASSE DAS VERBAS ÀS EMPRESAS PRIVADAS HAVIA SIDO INTERROMPIDO BRUSCAMENTE. NO ENTANTO, DE ACORDO COM O PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO, PROF. RODRIGO BIANCHI, O REPASSE FINANCEIRO DO GOVERNO VOLTOU A SER FEITO APÓS OUTRO DECRETO QUE ANULOU O CONTINGENCIAMENTO. APÓS O SUFOCO, A UFOP VOLTA À ‘‘NORMALIDADE’’ FINANCEIRA, NA DIFÍCIL TAREFA DE TER DE GERIR A UNIVERSIDADE COM UM DÉFICIT DE R$15 MILHÕES.

ESPECIAL

EDUCAÇÃO

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TENDO COMO LEMA A EDUCAÇÃOGOVERNO PRECARIZAO SETOR

ANÁLISE

Muito embora ‘‘Pátria Educa-dora’’ seja o novo slogan do Gover-no, tem virado rotina os anúncios de cortes nos investimentos na Educa-ção Pública. Bastava negar toda luta dos técnico-administrativos das IFES, dos docentes, discentes con-tra a precarização do ensino público durante os últimos anos, o Governo deu uma resposta clara às categorias no primeiro semestre deste ano: um corte de R$ 9 bilhões do orçamento do Ministério da Educação. O resul-tado desta medida se traduz na pre-cariedade enfrentada hoje nas uni-versidades e institutos federais.. Além de sofrer com as maze-las causadas pelo imediatismo do REUNI, soma-se uma piora das condições de trabalho dos técnico-administrativos e docentes, o repas-se das despesas aos estudantes - estes que deveriam ser, veemente-mente, amparados – com a diminui-ção das bolsas e auxílios, e a deses-truturação administrativa que não consegue recurso para manter o básico: o aluno dentro da sala de aula. Por grande ironia, o sucatea-mento das universidades está ape-nas começando (quisera que não). E quem afirma isso não são as catego-rias de bases que sentem de perto o ardor do corte, mas o ex-ministro da educação Renato Janine em entre-vista à jornalistas: “todos sabem que houve um corte de R$ 9,4 bilhões na educação (em 2015). No ano que vem nós infelizmente estamos con-tando com um corte maior”.

O slogan favorece apenas uma forma de ensino, em detrimento de outro.

Dá privilégios ao ensino privado, ao invés de investir nas univer-

sidades públicas, que dão isonomia ao saber, praticam

liberdade nas salas de aula e desenvolvem

regiões, cidades, dis-tritos e comunida-

des por meio da extensão e tam-

bém da pes-quisa.

Através do PROUNI e FIES, o governo aumentou o repasse para as instituições privadas de ensino e estreitou os laços com a camada empresarial que ganha bastante dinheiro com uma educação razoá-vel. Somente com o FIES, o gasto do governo é de 13 bilhões. Para se ter noção, o gasto está próximo do valor retirado da educação pública neste ano. Deve-se lembrar de que o auxí-lio aos estudantes da rede privada de ensino é fundamental, mas este apoio não pode ser fruto do desmon-te da educação pública. Na pós-graduação, a Capes sofreu uma redu-ção de 75% na verba para custeios e 10% em 2015 para programas de pesquisa. Uma nítida incompetên-cia de administração do Governo que há pouco tempo se glorificava em criar o Ciência Sem Fronteiras, que, por sinal, está ‘‘congelado’’. Com o orçamento universitário min-guando, cresce o número de obras paralisadas, aumenta o número de contas de energia em débito, sobe o índice de desistência dos estudantes e sobrecarrega o trabalho dos técni-co-administrativos e professores. Pátria Educadora. Além de uma piada de mau gosto, pode-se pensar que o slogan governista é um mero presságio que anuncia o ônus que está por vir.

MINISTÉRIOS

CORTES NO ORÇAMENTO (%) EM 2016

QUE VÃO TER

Saúde 35,9%

Educação 13,3%

DesenvolvimentoSocial 12,9%

Transportes 0,40%

Cidades 0,23%

Pesca 0,66%

“ t o-d o s

s a b em que

h o u v e um corte

de R$ 9,4 bilhões na

e d u c a ç ã o (em 2015).

No ano que vem nós infe-

lizmente esta-mos contando

c o m u m CORTE MAIOR

Janine Ribeiro, ex-ministro da educação

JORNAL ASSUFOP | Ed. 01 dezembro de 2015

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Uma publicidade inversa, um marketing de crise. Acreditar nessa confusão discursiva, hoje, não trata-se de um exagero, trata-se da realidade política do Brasil superar a ficção. Resultado de uma política pragmática que destina 50% do orçamento para quitar a dívida pública. De todos os setores , a educação - por toda sua fragilidade já institucionalizada no país – é, de fato, o alvo escolhido para ser deteriorado. Não é preciso ser profético para tal assimilação. É a típica conduta de um governo que t r a b a l h a e m p r o l d a s e l i t e s empresarias do Brasil, que privatiza a passos largos a esfera pública através das parcerias público-privadas. Em outras palavras, universidades cada vez mais dependentes do recurso privado, fato que vai de encontro com uma educação livre, universal e de

qualidade tão necessária para o desenvolvimento da sociedade. Diante do cenário difícil, o momento atual é de luta, de apoio às ações da comunidade acadêmica frente aos ataques na qualidade da educação pública. Deve-se enfrentar o pensamento maquiavélico que expande na opinião pública no qual usuários da educação federal são pessoas privilegiadas, que gozam de benefícios irrisórios e que reclamam do paraíso que vivem. Além de toda fantasia de tal pensamento, isso consolida aquilo que vem se tornando costume na esfera pública: de sempre puxar para baixo, isto é, retirar direitos, reprimir benefícios em prol de uma sensação falsa de justiça e igualdade nas relações do trabalho e ensino. É preciso lidar com as dificuldades, com esperança ao invés do medo, com solidariedade e unicidade. É apoderar-se do espírito

de mudança, que não aceita tudo da forma como está, tendo como exemplo os estudantes secundaristas da educação estadual em São Paulo, que enfrentando toda a força do Estado Paulista. conseguiram, ocupando as escolas, a suspensão do plano de ‘‘reorganização escolar’’ comandado pe lo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Tais estudantes ensinaram para todo o Brasil como lutar pelo direito de ter uma educação decente, necessária, gratuita e de qualidade.

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AJUSTEFISCAL

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01dezembro de 2015

CICLO DE DEBATES DISCUTE PAPEL DO SERVIDOR PÚBLICO NAS IFES

Entre os dias 28 de outubro e 02 de dezembro, os Sindicatos ASSUFOP, ADUFOP e a Coordena-doria de gestão de pessoas da UFOP (CGP) fizeram o primeiro Ciclo de Debates em comemoração ao dia do servidor público (28/10). Com o tema O Servidor Público nas Institu-ições de Ensino Superior, o evento inédito contou com diversas pales-tras e mesas-redondas sobre assuntos que contemplaram os servidores da UFOP.

Logo na abertura, sob media-ção do professor Ricardo Silvestres (UFOP) e com a presença do Pró-reitor de Planejamento da UFRJ, Roberto Gambini; do pedagogo Adil-son Pereira (UFOP); do Prof. Adria-no Cerqueira (UFOP), a primeira mesa do ciclo discutiu o papel do servidor público no contexto atual. O Pró-reitor elogiou a iniciativa do evento e pediu novas edições do Ciclo: "a gente toca a universidade, faz a gestão diária dela, mas a gente tem que pensar também sobre nosso trabalho, sobre o que a gente faz, sobre o nosso papel como servidor público de uma instituição pública de ensino. é uma iniciativa fantástica, deve ser apoiada, continuada em outros momentos, em outras datas de referência para a universidade.

Fiquei muito feliz de poder partici-par, compartilhar dessa experiência com a Universidade Federal de Ouro Preto", conclui.

Já no dia 5 de novembro, duas palestras marcaram o segundo dia do Ciclo: Carreira do Servidor Técnico-administrativo em Educa-ção: 10 anos do PCCTAE ministrada por Luiza de Marillac (UFOP) e a Carreira do Servidor Professor do Magistério Superior e seus desafios, ministrada pelas professoras Maria do Perpétuo Socorro (CPPD/UFOP) e M a r i n a l v a S i l v a O l i v e i r a (ANDES).

Na sequência, a programação contou ainda com a palestra Assédio Moral no Trabalho nas IFES, ministrada pela professora Joana Alice Ribeiro Freitas (UFG) com colaboração da professora Renata Maia. No dia 24 de novembro o tema em questão foi Seguridade Social no Serviço Público Federal. A mesa redonda foi composta por Rolando Malvásio (UFTM/FASUBRA) e pela professora Claúdia March (UFRJ/ANDES). Para Rolando, a mesa trouxe a tona um tema substancial para os servidores federais em educação: “é muito gratificante participar de uma mesa que trata de um assunto bastante

delicado e de extrema importância como a seguridade social no serviço público. É uma bela iniciativa da organização do evento e deve ser continuada”.

O presidente do Sindicato ASSUFOP, Sérgio Neves destacou o valor dos assuntos discutidos: "o papel nosso [servidor público fede-ral] é importantíssimo para que o que o país cresça, para que pessoas se formem, para que se tenha uma soci-edade realmente justa. Por isso a gente quer discutir qual é o papel do servidor público no contexto atual, não só em período de crise, mas tam-bém no período de mudança que a gente vive", afirmou.

No último dia do evento, para um público expressivo, o advogado C a r l o s F r e d e r i c o G u s m a n (ADUFOP/ASSUFOP), Lourene Cristina Maia (UFOP) e Mariana Veronez Borri (UFOP) ministraram a palestra Aposentadoria no Serviço Público Federal. Todas as palestras e mesas-redondas emitiram certifica-dos para os participantes. Com o sucesso do Ciclo de Debates e da p a r c e r i a – C G P, A S S U F O P, ADUFOP – já se pensa a continuida-de do evento nos anos seguintes, com novos temas, novos palestrantes e com um público ainda maior.

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Servidores da UFOP acompanham abertura do primeiro Ciclo de Debates: O Servidor Público nas IFES.

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01dezembro de 2015

CULTURACom a velocidade de um clic vou da lama ao Congresso, da promoção da melhor panela à última mulher bomba suicida de olhos sombrios. Do imposto que não cala ao mosquito que barbariza. Clic. Tristeza. Clic. Euforia. Clic. Desespero. Clic. Raiva. Clic. Consumo. Clic. Impotência.

E em um clic constato: Então é Natal. A festa do consumo.

“Destruir(-se), devorar(-se); corroer(-se), gastar(-se) até a total destruição” está lá escrito nas palavras do dicionário para o verbo consumir. Tão fácil de enten-der. Tão difícil de não praticar.

Que sereia é essa que enfeitiça homens e mulheres, seduz, corrompe e enlaça?

Que homens e mulheres são esses que se deixam

destruir? Perdemos a razão? Entre um clic e outro vou permitir-me o sentir. Emoção. Antídoto para a lama do consumo, da política, das mazelas humanas. Vou permitir-me a Fé. Das palavras a menor é a mais forte. No grego, fé é "pistia" e quer dizer “acreditar”. Palavra antiga que não se consome nela mesma.

Sentindo com a Fé de Guimarães Rosa em Grande Sertões Veredas, fica um convite ao consumo da emoção. E que seja através da Arte. Que provoca o arrepio. Que alardeia novos horizontes.

“ - Minha Senhora Dona: um menino nasceu - o mundo tornou a começar!...”

Com essa esperança, um Feliz Natal e 2016!

Olá colegas, neste espaço pretendemos indicar filmes, músicas, livros e todo tipo de arte que nos inspirem e sirvam

como um sopro de cultura nesse nosso mundo tão fixado no trabalho. Como estamos no final de um ano denso e

complexo, época de pensar e refletir, e por ser a época oficial das listas (listas de presentes, listas do que aconteceu no

ano, do que queremos fazer no próximo ano, etc.) vamos apresentar uma lista de documentários. Sim, documentários!

Essa cinegrafia muitas vezes deixada de lado, mas que representa diferentes visões de mundo e que desperta o debate

sobre questões políticas, sociais, econômicas, culturais e ambientais. Vamos lá:

Ilha das Flores

Este é talvez o mais clássico e

d idá t ico documentár io para

explicar a desigualdade gerada pelo

sistema econômico capitalista e o

consumismo.

A corporação

Esclarece a lógica de funcionamento

das grandes empresas. Mostra que quem

controla o mundo hoje não são os gover-

nos, mas as corporações, através da

mídia, das instituições e dos políticos,

objetivando apenas o lucro.

Doing time doing vipassana

Conta a história de uma prisão

indiana que incluiu em seu

programa carcerário um projeto de

ensino de meditação para os presos,

transformando o lugar e as pessoas.

Paraíso ou Esqueci-

mento

Debate como usar os

métodos da ciência com-

binados com alta tecnolo-

gia para suprir as necessi-

dades de todas as pessoas

no mundo.

O veneno está na

mesa

Elucida sobre o uso dos

agrotóxicos no Brasil.

Nosso país é o que mais

consome agrotóxicos no

mundo.

Obsolência progra-

mada

Detalha como os produ-

tos são projetados e cons-

truídos para durarem

pouco, gerando lucro e

lixo.

Cortina de fumaça

D e b a t e a p o l í t i c a d e

repressão às drogas e como

esse tema se transformou

em um tabu que só o

identifica com o crime e

bloqueia o debate público

ampliado.

Criança, a alma do negócio

Mostra como a publicidade tem se

voltado para as crianças, incitando

o consumo desde cedo.

sopros de arte

Elena

Revela a angústia e a dor

de viver de forma

extremamente poética

Muito além do peso

Explica alguns motivos

da epidemia da obesi-

dade que vivenciamos

por Mônica Versiani e Raquel Leite

09

Chico: Artista

Brasileiro

Esse é o nosso

presente de Natal para

tod@s

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01dezembro de 2015

TRAGÉDIA DE MARIANA

O Governo dos Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e o Governo federal decidiram que irão processar a Samarco e as empresas BHP Billiton e Vale, acionista da mineradora, em 20 bilhões de reais para os custeios de recuperação dos danos e revitalização das localidades atingidas pela tragédia de Mariana, considerada por especialistas o retra-to do maior desastre ambiental do país.

Para efeito de comparação, e também de conscientização, abaixo estão alguns dados – dos quais podem ser contabilizados – da tragé-dia que fazem do valor da multa (20 bilhões de reis) apequenar-se diante do tamanho da atrocidade causada pela Samarco.

Dia 5 de novembro, a barra-gem do Fundão da Samarco, em Mariana, se rompe. Em pouco mais de dez minutos, um tsunami de 62 milhões de metros cúbicos de lama, a 70 km por hora, devastou o distrito de Bento Rodrigues. Até agora, 15 pessoas mortas e quatro desapareci-das. 296 famílias desabrigadas. Pelo menos 128 residências foram atingi-das. Os corpos identificados são de

Emanuele Vitória Fernandes e Tiago Damasceno Santos, crianças mora-doras do subdistrito de Bento Rodri-gues, e os trabalhadores Cláudio Fiúza, Mateus Márcio Fernandes, Sileno Narkevicius de Lima, Walde-mir Aparecido Leandro, Marcos Roberto Xavier, Marcos Aurélio Moura, Samuel Vieira Albino, Ednaldo Oliveira de Assis, Daniel Altamiro de Carvalho, Claudemir Elias dos Santos, Pedro Paulino Lopes, Maria Elisa Lucas e Maria das Graças Celestino Silva. A lama também chegou a outros distritos de Mariana, como Águas Claras, Ponte do Gama, Pedras e Paracatu e tam-bém à cidade de Barra Longa. Por fim, aproximadamente, 900 pessoas desabrigadas.

De acordo com o Ibama, esti-ma-se o lançamento de rejeito de mineração, composto principalmen-te por óxido de ferro e sílica (areia), quantidade que daria para encher completamente 20 mil piscinas olím-picas. No decorrer dos dias, três rios ficam contaminados pela lama: os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, a mais importante bacia hidro-

gráfica da região Sudeste. Segundo o Comitê Federal da Bacia do Rio Doce, mais de 120 nascentes foram soterradas. A lama chegou também ao mar do Espírito Santo, onde o Rio Doce tem sua foz. 16 quilômetros de mar invadidos. Toda uma vida mari-nha ameaçada. Por onde a lama pas-sava, uma mortandade de peixes difícil de ser contabilizada. Onze mil pescadores perderam sua fonte de renda.

Cinco cidades do leste de Minas ficaram sem água e viveram situação de emergência: Governador Valadares, Periquito, Galiléia, Tumi-ritinga e Alpercata, além das cidades do Espírito Santo: Regência, Linha-res, Baixo Guandu e Colatina. A lama atingiu uma extensão de 80 km do leito d’água na região. Estima-se que 500 mil pessoas ficaram sem água. Segundo a Empresa de Assis-tência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, Emater, 200 hectares de eucalipto foram soterra-dos, 150 hactares de milho destruí-dos, mil cabeças de gados, entre boni-vos e equinos aniquilados.

NÃO

FOI

ACIDENTE

Toda solidariedade às famílias atingidas

Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFOPASSUFOP

pela tragédia em Mariana

Entre os 20 bilhões e a maior tragédia ambiental do país

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TERMINADOS OS TRÊS DEBATES, PONTO ELETRÔNICO GANHA FORÇA

No dia 16 de novembro, no auditório do DEGEO/DEMIN em Ouro Preto aconteceu o terceiro e últi-mo debate sobre a proposta de controle eletrônico de frequência organizado pela Coordenadoria de Gestão e Pesso-as (CGP) da UFOP. Tendo como públi-c o a l v o , d o c e n t e s e t é c n i c o -administrativos da universidade, a ação deu sequência aos debates anteri-ores feitos em Mariana e em João Mon-levade. Com o auditório cheio, em sua g r a n d e m a i o r i a d e t é c n i c o -administrativos, o coordenador de Gestão e Pessoas, André Lana, mos-trou aos trabalhadores uma proposta de controle eletrônico de frequência na qual utiliza um sistema online, virtual, que através da “minha ufop” o servidor registra o horário de chegada e depois o horário de saída.

André explicou a proposta dizendo que se trata de informatizar a folha de ponto já existente nas unida-des. Disse também que o sistema não terá comunicação direta com a folha de pagamento e, portanto, haverá um momento prévio de ajuste e gestão da frequência pela chefia. Isto é, a gestão vai ser feita internamente com os ges-tores de cada setor. A frequência eletrô-nica gerará um relatório que vai para a chefia imediata. Este vai ter o poder de abonar eventuais faltas. A CGP justifi-cou a proposta dizendo que algumas universidades federais adotaram o sistema de controle das frequências para dar um respaldo aos auditores da CGU e evitar ações judiciais do Minis-tério Público Federal, pois estes estari-am monitorando as frequências das IFES. Disse também que outras uni-versidades tiveram de instalar o ponto eletrônico por decisão judicial. Com isso, conforme a CGP, a UFOP estaria se antecipando a qualquer decisão do Ministério Público Federal ao criar a própria gestão de frequência dos traba-

lhadores da universidade.Durante os três encontros,

vários técnico-administrativos presen-tes contestaram a proposta apresentada pela CGP. Sobre a medida, alguns dis-seram que é um retrocesso, pois ignora um histórico de lutas que derrubou o rígido monitoramento da frequência com o horário do servidor na década de 90. O presidente do sindicato ASSUFOP, Sérgio Neves, disse que aceitar a proposta do ponto eletrônico como está aí é passar por cima do que fora conquistado com anos de luta da categoria. É passar uma borracha na memória, por vezes, desconhecida pelos técnico-administrativos mais novos. Também lembrou que o Sindi-cato não é contra o controle de frequên-cia, e sim contra o ponto eletrônico. Ressaltou que o controle traz transpa-rência ao serviço público e dá respaldo ao servidor, até mesmo judicialmente, caso queira comprovar suas horas tra-balhadas. No entanto, reforçou que a forma eletrônica engessa as relações do trabalho e assume a negligência das chefias de não monitorar a folha de ponto.

Maurílio da Conceição, diretor sindical do ASSUFOP, questionou a proposta do controle de frequência pelo viés da autonomia universitária. Como a medida vem atender um decre-to que determina o controle eletrônico nas repartições públicas, Maurílio atentou que a universidade possui uma autonomia garantida na constituição e faz-se fundamental lutar por ela e não aceitar intimidações e chantagens dos órgãos fiscalizadores do governo. Lembrou também que o ponto eletrôni-co vai dar um poder à chefia que pode prejudicar os trabalhadores pela falta de critério nos abonos das faltas. Em linhas gerais, a chefia poderia privile-giar alguns servidores em detrimento de outros, lançando mão de “dois pesos

e duas medidas” nas relações de traba-lho. André Lana aprovou o andamento das três audiências e percebeu uma resposta positiva dos trabalhadores: “eu sinto na comunidade acadêmica a vontade de que algo aconteça e que os processos fiquem mais claros e trans-parentes. E até em nossas conversas a gente tem percebido nos depoimentos que têm divergências graves aconte-cendo, tem servidor com modelo bem diferente dos demais, eu acho que todo mundo, de certa forma, entende a necessidade de se construir a gestão de frequência única”.

A t raba lhadora técn ico-administrativo, Neide Nativa, disse após a reunião que a medida é um retro-cesso “ao invés de procurar um cami-nho que tenha um diálogo e que vá valorizar o servidor, está sendo imple-mentado um projeto como vigilância e sem olhar a parte que funciona na uni-versidade, isto é, o comprometimento do técnico” a lega . O técnico-administrativo, Jefferson Patrocínio, levantou dúvidas quanto à efetividade da medida: “é um sistema muito imatu-ro, várias falhas e que tem que ser muito bem pensado ainda”.

Por fim, André Lana informou que fará junto com a equipe da CGP uma minuta de portaria sobre a propos-ta e apresentar ao Sindicato ASSUFOP e aos conselhos departamentais: “A gente vai fazer uma avaliação de tudo que a gente ouviu e começar a escrever, fazer uma minuta de portaria que regu-lamenta a gestão de frequência. Tem um pedido interessante dos docentes para remeter essa minuta aos conselhos departamentais e do Sindicato ASSUFOP para fazer uma assembleia, representando os técnicos” afirmou. O ASSUFOP reitera que vai continuar lutando contra tal ameaça às conquis-tas da categoria.

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JORNAL ASSUFOP | Ed. 01dezembro de 2015

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MINA DU VELOSO: RESISTÊNCIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE Muito além das histórias conservadas em Ouro Preto referentes à coroa portuguesa e à Inconfidência Mineira, há, sobretudo, memórias dos povos que levantaram a cidade, escravizados e trouxeram sabedoria, cultura e fé para Minas Gerais. Pouco distante do ciclo do turismo de Ouro Preto, representado pelo centro histórico, uma mina de ouro do séc. XVIII que fica no Bairro São Cristóvão, Rua Platina, 34, reascende o período da extração de ouro em Minas Gerais e reluz a sabedoria do negro na mineração. Trata-se da Mina Du Veloso, reforma-da em 2009 pelo engenheiro e técnico-administrativo da UFOP, Eduardo Evangelista, 40, que decidiu dar vida à Mina. Com aproximadamente 300 anos, a Mina Du Veloso tem 500 metros de extensão e estima-se que 600 escravos trabalharam nela. Do total, 300 metros estão disponíveis para visitação, onde é possível ver poços de água, sarilhos (buracos verticais que servem como ventila-ção), e tocar nas rochas como o itabirito, o quartzo, e até mesmo resquícios de ouro. Eduardo, nascido e criado no bairro conta que o desejo por redescobrir a história da mina vem de longa data: “quando éramos crianças nós brincávamos na mina que sempre me chamou muita atenção. E ao longo dos anos minha curiosidade

em entender esse processo de minera-ção foi aumentando”. Com o trabalho de reforma e desassoreamento da mina, o lugar foi ganhando forma e os processos de mineração da época ficaram mais perceptíveis. Eduardo aponta que o paradigma da narrativa da história que delega aos europeus a responsabilida-de dos avanços da mineração é distor-cido. “Parte da história conta que os europeus que dominavam as técnicas da mineração, coisa que não é verdade. Os africanos eram especialistas em extração de ouro. Traziam uma inteligência que vinha de séculos de mineração no continente africano. ”

A historiadora, Sidnéa dos Santos, dá detalhes da mão de obra da mina: “Os escravos que ali trabalha-vam com até 30 anos eram considera-dos jovens e a partir dos 40 anos já eram velhos por conta do trabalho extremamente pesado. Eles trabalha-vam de 14 a 18 horas por dia dentro da mina e muitos se intoxicavam com pó

de minério de ferro, quartzo e silício.” Reduto para a consciência negra, a Mina Du Veloso traz renda e visibili-dade ao bairro. Além do mais, as pessoas que trabalham na visitação são todos moradores do São Cristóvão, e possuem uma ligação de pertencimen-to com o lugar. O patrimônio também oferece à cidade de Ouro Preto outro roteiro turístico que excede os limites do centro histórico, como relembra Eduardo: ‘‘Ouro Preto tem um poten-cial turístico muito grande fora do centro histórico, além do formalismo barroco. Essa hegemonia que aprisio-na o turismo precisa ser quebrada. Tem que explorar o turismo e não o turista’’.

COMUNIDADE

JORNAL ASSUFOP | Ed. 01dezembro de 2015

1)Homenagem do ASSUFOP ao dia da

Consciência Negra2)Diretor sindical do ASSUFOP, Maurílio

da Conceição, e o presidente, Sérgio

Neves (à direita) em visita à mina. A avó

de Sérgio, Maria Clara Diniz, morou

na casa onde hoje é a entrada da mina. A

casa foi comprada por Eduardo em 2008.

O técnico-administrativo, Eduardo Evangelista, pesquisa também as diversas minas da região.

Sidnéa dos Santos conduz visitação à Mina