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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ “O PREÇO DO FAVORITISMO” Há quase 15 anos que Portugal se enfrenta aos seus próprios demónios. Um conjunto de excelentes jogadores, favoritos, que não conseguem um título para um país ávido e esfomeado, que mantém uma relação de amor e ódio com a sua equipa. A Leste será que tudo é diferente? Nº6

Jornal Dez 29/05/12

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

“O PREÇO DO FAVORITISMO”Há quase 15 anos que Portugal se enfrenta aos seus próprios demónios. Um conjunto de excelentes jogadores, favoritos, que não conseguem um título para um país ávido e esfomeado, que mantém uma relação de amor e ódio com a sua equipa. A Leste será que tudo é diferente?

Nº6

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“O que não está bem são os Bin Laden do futebol”

Octávio Machado, ex-treinador

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Estamos a meio daquelas duas ou três semanas eternas, onde se alimentam os sonhos e os medos, onde se projectam os sorrisos e as lágrimas. Falo das semanas antes dum Europeu ou de um Mundial, onde se espera e desespera pelo início do torneio.Enquanto não começa o Euro, deixamo-vos com uma análise da selecção portuguesa. Até onde podemos chegar? Será que temos boa equipa? Somos candidatos a levantar o troféu mais desejado no velho continente? Leiam e tirem as vossas conclusões.Contamos também com uma reportagem sobre um “anjo caído” do futebol: Paul Gascoigne. Uma visão sobre a vida do jogador in-glês. Além disso não percam os artigos da Taça do Rei, Cantona, Oxlade-Chamberlain, Jesus Gil, Dortmund e a continuação dos prémios Dez.

“RESPIRAR FUNDO”

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Carlos Maciel

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29/05/12TAÇA DO REI - ESPANHA

“ ETERNIZANDO O PEP TEAM”Texto: Francisco Baião

Fotos: Getty Images

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Um início arrasador (três golos nos primeiros 25 minutos) dos comandados de Pep Guardiola, permitiu ao Barcelona conquistar mais um título (o 4º esta temporada) perante um Athletic de Bilbau que, no espaço de pouco mais de duas semanas, perde duas finais por números esclarecedores. Frente-a-frente estavam, não só, dois dos clubes históricos do futebol espanhol, máximos representantes das suas regiões (o Athletic Bilbau é o mais acérrimo defensor dos ideais bascos e o Barcelona é o expoente máximo da Catalunha) mas também os dois clubes que mais vezes conquistaram a Taça do Rei (o Barcelona alcançou o 26º título contra os 22 dos bascos, enquanto o Real Madrid apenas o fez por 18 ocasiões – a última das quais na época passada com José Mourinho).O Barcelona começou o jogo a todo o gás e, do meio minuto de jogo, já Messi, na zona da meia-lua, fazia a bola sair rente ao poste da baliza de Gorka Iraizoz. Um minuto depois, em nova arrancada de Messi, a equipa catalã volta a estar perto do golo, com Pedro Rodríguez a rematar, já na grande área adversária, contra um contrário. Adivinhava-se o golo do Barcelona que chegaria logo depois, aos três minutos de jogo, com Pedro (a alinhar no lugar habitualmente ocupado por Fàbregas que ficou no banco) a aproveitar um mau domínio de Javi Martínez (na sequência de um canto), rematando para o fundo da baliza basca.

Mesmo em vantagem a equipa catalã não tirou o pé do acelerador e, à passagem do quarto de hora de jogo, Lionel Messi, no seu estilo inconfundível, flectindo da direita para o centro a passe de Xavi, proporcionou uma enorme intervenção a Iraizoz. Mas o Bilbau não conseguia reagir nem tão pouco adaptar-se ao ritmo imposto pelo Barcelona, e, aos 17’, era Xavi que fazia perigar a baliza adversária com o seu remate a sair por cima do alvo. Aos 20’ em mais uma das mortíferas combinações entre Iniesta e Messi, o argentino, isolado com um grande passe do espanhol, surge na cara de Iraizoz e, com um remate colocado, ampliava para 0-2. E, se com 0-2 a missão dos bascos já parecia difícil, mais complicada ficou quando, aos 25’, o espanhol Pedro

“ ETERNIZANDO O PEP TEAM”Texto: Francisco Baião

Fotos: Getty Images

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bisava na partida, fazendo o 0-3 que praticamente sentenciava a partida, apesar do muito tempo que ainda faltava jogar. Só após os 25 minutos de jogo e já com o resultado em 0-3 houve perigo na área do Barcelona, com Susaeta a colocar à prova o guarda-redes Pinto que, à semelhança do que vem sucedendo ao longo das últimas épocas, voltou a ser o guarda-redes da equipa catalã nos jogos a contar para a Taça do Rei, naquele que foi o último lance digno de registo do primeiro tempo da partida.A segunda parte do encontro foi bem menos interessante e movimentada que a primeira, cabendo a Ibai Gómez, aos 52’, a primeira grande oportunidade, quando, isolado por um grande passe de Ander Herrera, tenta um chapéu a Pinto, com a bola a sair ao lado do alvo.O Barcelona só reagiu aos 70’, por intermédio de uma jogada individual de Messi, travada por uma boa defesa de Iraizoz, a que se seguiu, aos 77’, a última grande oportunidade da partida, com Aurtenexte, com tudo para fazer o golo de honra dos bascos, a falhar a baliza adversária. Os últimos minutos da partida serviram, praticamente, como a passagem de testemunho entre Pep Guardiola (em jogo de despedida) e Tito Vilanova (o adjunto que será o treinador principal em 2012/2013) que terminaram o jogo abraçados.Depois da Liga Europa, o Athletic Bilbau volta a ser goleado (também por 3-0) na final da Taça do Rei, terminando a temporada sem qualquer troféu conquistado, enquanto o Barcelona fecha o “ciclo Guardiola” com mais um troféu, depois das conquistas das Supertaças Europeia e Espanhola e o Mundial de Clubes mas falhando dois dos principais objectivos da época (a Liga Espanhola e a Liga dos Campeões).

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29/05/12EURO 2012

“O PREÇO DO FAVORITISMO”Texto: José LopesFotos: Maisfutebol

A seleção Portuguesa tem mostrado nestes últimos anos uma regularidade competitiva, que lhe permite chegar

a este campeonato europeu como uma das equipas mais respeitadas da competição.Talvez pela triste campanha na fase de qualificação e por muitas dúvidas em relação a este novo ciclo Paulo Bento, não se considere a seleção das quinas como uma das principais favoritas. Portugal, a quinta classificada no ranking FIFA, é vista pelos apostadores como a sétima equipa favorita a conquistar o troféu.Analisando a lista de 23 jogadores existem poucas surpresas, o selecionador nacional leva ao campeonato europeu os jogadores em quem mais confia, independentemente do seu rendimento esta época.

Surpresas na lista de convocados

Custódio, Miguel Lopes e Nelson Oliveira são as grandes e agradáveis surpresas na lista de convocados. Os jogadores do Sporting de Braga tiveram uma boa prestação na liga portuguesa e encaixam-se perfeitamente nas necessidades da seleção nacional. O jovem do Benfica tem aqui uma excelente oportunidade para crescer e conquistar uma posição na seleção, tendo em vista futuras competições.

A chamada do médio Custódio reforça o setor defensivo e garante a Paulo Bento um jogador com caracteristícas impares nesta lista de convocados, bom jogo aéreo, atitude, forte fisicamente e com uma capacidade tática bem apurada. O técnico português conhece bem o jogador vimaranense dos tempos em que treinava o Sporting e considera-o uma mais valia no meio campo principalmente num estilo de jogo mais defensivo.

O defesa direito Miguel Lopes teve um excelente rendimento ao longo da fase final da época, é um jogador forte no posicionamento tático, com exibições regulares e com alguma polivalência.

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“O PREÇO DO FAVORITISMO”

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Assegura assim uma solução para substituir João Pereira no lado direito e até mesmo Fábio Coentrão no lado esquerdo.Neste setor a surpresa foi exclusão de Nélson e Eliseu, o jogador do Betis, que foi chamado para a última convocatória no jogo contra a Polónia, teve uma época mais irregular e chumbou no teste de Varsóvia onde não se conseguiu impor e dar garantias a Paulo Bento. Eliseu fez a sua melhor época de sempre e foi um jogador importantíssimo para Pellegrini. Talvez fosse o jogador que mais merecesse estar entre os convocados.

Finalmente a última surpresa, Nélson Oliveira, ponta de lança com excelente margem de progressão, rápido e forte fisicamente, foi no último mundial Sub-20, um dos melhores jogadores do torneio e é considerado por muitos uma grande promessa para o futebol português. Esta época conseguiu golos importantes e exibições simpáticas que o obrigam a uma presença mais assídua na próxima temporada. É um jogador que a ser utilizado, pode dar alguma frescura na frente de ataque e impor ideias novas no último setor.

Caso Hugo Viana

O que surpreendeu nesta convocatória, foi a explicação dada por Paulo Bento e a falta de coerência em relação à ausência de Hugo Viana. Começou por dizer que era um jogador que não se adequava ao estilo de jogo português e acabou convocando o médio do Braga após lesão de Carlos Martins.

O jogador barcelense tem qualidade para jogar na seleção e em qualquer estilo de jogo. É um jogador com excelente pé esquerdo, que consegue organizar o jogo de toda uma equipa, seja lançando em profundidade, seja em estilo de posse de bola com passes a rasgar a defesa. Bem vindo Hugo Viana!

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Paulo Bento confia nos soldados de sempreNos restantes jogadores selecionados, não houve surpresas, tendo em conta as habituais listas de convocados do selecionador nacional.

Baliza

Rui Patrício, Beto e Eduardo. O jogador do Sporting teve uma época regular em todas as competições e será o justo titular da equipa portuguesa. Beto, campeão da Roménia pelo Cluj, será a segunda opção. O jogador de 30 anos emprestado pelo FC Porto ao clube romeno jogou 27 jogos pela sua equipa e sofreu 24 golos. Eduardo jogou pouco pelo Benfica e será certamente a terceira opção do técnico luso. O seu caminho desde o último mundial até este europeu foi recheado de turbulência e más decisões que o levaram a um regresso desesperado ao campeonato português, após uma má experiência no Génova de Itália.

Defesa

Este setor apresentará poucas surpresas em relação aos titulares, João Pereira no lado direito, Pepe e Bruno Alves como centrais e Fábio Coentrão no lado esquerdo. Para cobrir estas posições, Ricardo Costa, M. Lopes e Rolando. O jogador do Valencia terminou bem a época e dos apenas 12 jogos presentes na liga espanhola, cumpriu e foi bastante regular. Já o jogador do FC Porto, terminou a época menos bem e poucas vezes como titular o que deixa algumas dúvidas em relação ao seu momento de forma.

Meio Campo

Custódio e Miguel Veloso serão os responsáveis pela sala de máquinas, sendo quase certa a titularidade do médio do Génova que teve uma época bastante complicada, com a sua equipa a terminar como pior defesa da Serie

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A e a poucos pontos da descida.A responsabilidade na ligação defesa ataque, vai para dois jogadores bastante moralizados pelo que conseguiram este ano, Raul Meireles e João Moutinho deverão ser os titulares. No banco e preparados para entrar estarão Hugo Viana e R.Micael.

A chamada do médio madeirense justifica-se por ser talvez o jogador com mais caraterísticas de número 10. A ausência de um jogador com essas caraterísticas pode causar alguns problemas, principalmente num estilo de jogo de posse de bola. Carlos Martins era o jogador que mais se aproximava dessa posição, mas infelizmente foi obrigado a abandonar o estágio devido a uma lesão muscular.

Ataque

Nani e C.Ronaldo, nomes indiscutíveis para o onze inicial, jogarão nas alas e serão os grandes responsáveis por criar desiquilibrios e aparecer na zona de finalização. Soluções? Quaresma e Varela, que chegam a este europeu um pouco em baixo de forma. Esperemos que não se faça notar a ausência de Danny, jogador que se lesionou gravemente no joelho direito, e que tem pela frente 5 largos meses de recuperação.

Finalmente os matadores, uma posição representada por H.Postiga, H.Almeida e o jovem N.Oliveira. O vila-condense leva vantagem na titularidade, marcou 9 golos em 33 jogos, e teve uma presença assídua e um papel importante no ataque do Saragoça. Já Hugo Almeida, conseguiu marcar 13 golos em 34

jogos ao serviço do Besiktas e é sempre uma boa opção.É verdade que não são considerados grandes matadores, mas principalmente N. Oliveira e H. Postiga sabem como ser jogadores chave e levar a seleção à final de uma grande competição.

Tática

Portugal jogará com o habitual 4-1-2-3 desdobrado no ataque em 2-1-4-3 com apoio constante dos laterais e presença exporádica de um médio atacante na zona de finalização. Um estilo de jogo muito próprio que a nível ofensivo exige velocidade e criatividade nas alas, e a nível defensivo, exige velocidade dos centrais nas dobras às costas dos laterais.

Figura da equipa

Cristiano Ronaldo considerado por muitos o melhor jogador do mundo, chega a este europeu com números absolutamente impensáveis, 60 golos em 55 jogos sendo eleito melhor jogador da liga espanhola. Com uma boa prestação no europeu, poderá quebrar todas as dúvidas em relação à atribuição da bola de ouro.

Conclusão

Portugal é uma equipa que poderá causar muitos problemas aos adversários se sair rápido na transição defesa ataque e se as alas funcionarem. É uma seleção madura, com algumas debilidades é certo, mas mesmo no grupo da morte tem hipóteses de ir longe. Força Portugal!

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“O TRABALHO E OS SEUS FRUTOS”

BUNDESLIGA

Texto: Bruno GonçalvesFotos: Zimbio

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“O TRABALHO E OS SEUS FRUTOS”Texto: Bruno Gonçalves

Fotos: Zimbio

Borussia Dortmund é rei na Alemanha! Os Borus-sians conquistaram a do-

bradinha esta época, tiveram a 8 pontos da liderança, jun-tando ao título conquistado no ano passado. A base de todo o sucesso começa no director desportivo Michael Zorc, (ex--jogador do clube pelo qual fez toda a sua carreira como futebolista) pois foi ele que em 2008 apostou em Jurgen Klopp e é também ele o responsável máximo no que toca a contra-tações. Os frutos do trabalho iniciado desde a chegada des-te técnico estão agora á vista. Um futebol dinâmico e de mui-ta qualidade é o cartão de vi-sita deste Dortmund que en-canta na Bundesliga e deseja muito em breve encantar na Europa. A segurança da equi-pa começa nas mãos de Wein-defeller que á sua frente tem uma excelente dupla de cen-trais Hummels/Subotic com as laterais a serem defendidas pelo polaco Piszceks e o “can-terano” Schmelzer. No meio campo dos pretos e amarelos abundam as soluções, des-de o veterano Sebastain Kehl, o internacional alemão Sven Bender, passando pelo polaco Blaszczykowski acabando em Gundogan, sem nunca esque-cer a joia da coroa Mario Got-ze, estrela em ascensão que será muito em breve um jo-gador de classe mundial pelo qual certamente choverão pro-postas para tira-lo de Signal Iduna Park. A frente de ataque é tão eficaz como diversifica-da, mas a principal dupla de ataque é composta pelo pola-co Lewandowski e o japonês

Kagawa (jogador descoberto na segunda divisão japonesa) jogador muito cobiçado pelo Manchester United, sempre com o paraguaio Lucas Bar-rios á espreita.Uma das armas deste clube é a força com que joga em casa, a lotação esgotada é garan-tida pois os seus adeptos ru-mam ao estádio como se de um templo se tratasse tal é o apoio incondicional que pres-tam ao seu clube.A próxima temporada já está em andamento e Marcos Reus principal estrela do Borussia Monchengladbach (4º classi-ficado da liga alemã) já está contratado beliscando uma vez mais o Bayern que também se mostrava muito interessado. Outro jogador contratado é a jovem promessa Leonardo Bit-tencourt um médio centro com 17 anos (internacional sub 17 e sub 19 pelos germânicos) que deixou encantado Michael Zorc. Uma das principais dúvi-das para a próxima época é a continuidade de Kagawa joga-dor contratualmente ligado até 2013 mas que tem rejeitado constantemente propostas de renovação.Falta a este Dortmund a con-sagração a nível europeu pois a última prestação na Cham-pions foi uma autêntica desi-lusão ficando em 4º lugar sem sequer conseguir o apuramen-to para a Liga Europa. Na pró-xima época espera-se muito mais, mas o senão é o Euro-peu da Polónia Ucrânia no qual muitos jogadores deste plantel vão marcar presença e podem ser tentados aos milhões de outros clubes.

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Olhava pela janela do seu quarto imaginando como teria sido a sua vida sem beber. O seu corpo estava

aliviado pelos medicamentos, naquela clinica por onde haviam passado Robbie Williams ou Kate Moss. The Priority era o refugio onde se escondia da imprensa e de uma opinião publica que nunca lhe perdoou ter desperdiçado todo o seu talento. Todo um génio prisioneiro numa garrafa de whisky. Deram-no por morto, tantas vezes quantas ressuscitou, procurava respostas a perguntas difíceis de responder.

Alcoólico e mau paciente, tentava não pensar em demasia. “Não gosto de estar sozinho,

porque quando estou sozinho penso e não gosto de pensar muito”. Michael Kaine resumia-o assim “É o homem que mais me faz lembrar Marylin Monroe. Não era a melhor actriz do mundo, mas era uma estrela e por isso podia chegar tarde ás gravações”.

Paul Gascoigne chegou sempre atrasado e tenta ainda hoje escapar á morte. Segundo de quatro irmãos, começou no Newcastle por indicação do inevitável Bobby Robson. A sua infância não foi feliz, problemático e pouco amigo dos estudos, encontrou na Bols a sua melhor amiga. Quando jogava, não pensava e portanto estava fora de sarilhos. Nas camadas inferiores dos magpies brilhou

A ÍNGREME ESTRADA DO EXCESSO

REPORTAGEM

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“Não me importo de perder todos os jogos, desde que

ganhemos a Liga .”Mark Viduka, ex-jogador

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pela sua visao de jogo e pelo passe preciso. Estreou-se em 1985, mas fez-se famoso antes: era o responsável por limpar as botas do mítico Kevin Keegan e claro que arranjou forma de as perder. Deu-se a conhecer assim aos funcionários do clube, que só o perdoavam pelo talento que tinha nos pés. Apesar do seu caracter caótico e problemático - que quase lhe custam a continuidade no Newcastle - Paul assina logo o seu primeiro contrato profissional e em três anos faz 107 jogos e marca 25 golos. A sua qualidade infinita, a elegância com a bola e a finta fácil cativaram logo os adeptos. Como era possível que aquele miúdo gordinho podia jogar tanto, mesmo com alguns “pneus” que lhe sobravam? Foi nomeado jovem do ano e despertou o interesse do Tottenham, que cometeu a loucura de pagar 2 milhões de libras por ele.

Nos “Spurs” consolidou e evoluiu o seu talento. Na selecção inglesa foi o líder durante

o Mundial de 90. Fez parte do onze ideal desse mundial. Gazza vivia na gloria, colaborou numa musica pop do grupo Lindisfarme e teve direito a dois videojogos. Entre golos e borracheiras dizia as suas virtudes “A cerveja, o chocolate e as mulheres. Nesta ordem”.Stan Syemour, presidente do Newcastle, definiu-o como “George Best sem cérebro”. Best rejeitou a comparação “Gascoigne não me chega nem aos cordões... Da garrafa”. O presidente do Sheffield foi mais longe: “se fosse meu filho, levava duas chapadas e ia para a cama sem comer”. A “chapada” não tardou em chegar. Na Lazio, lesionou-se gravemente no joelho e entre escândalos nunca chegou a demonstrar a sua qualidade.

O destino talvez fosse outro, se Paul não decidisse curar a sua lesão nos bares de Roma: depois de uma violenta discussão, um cliente deixou-o inconsciente com um soco, deitando-o ao chão. Os médicos disseram

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que com a queda tinha agravado a lesão e dias depois estava no bloco operatório para uma nova cirurgia. O seleccionador inglês da altura opinou sobre o estado de forma de Gaza: “Estou preocupado com a quantidade de álcool que ele consome”. A Lazio, farta de um gordo lesionado, quase coxo e incapaz de recuperar-se, deu-o como dispensado.

Foi então que apareceu o Glasgow Rangers. Na Escócia voltou a aparecer em grande, converteu-se rapidamente no ídolo numero um dos adeptos “gers”. Foi então que redigiu as “Gazza Rules”. “As minhas regras são: eu faço o que quero e quando quero”. Nem mais, nem menos. Durante um clássico com o Celtic (católicos), Gascoigne marcou e lembrou-se de celebrar o golo como se tocasse uma flauta, ao estilo das polémicas manifestações da Orange Order, de cariz anti-católico. O Celtic taxou-o de “anormal número um da Escócia” e os adeptos do Rangers, protestantes, juraram-lhe amor eterno. Esse gesto valeu-lhe ameaças de morte que o “aconselhavam” a abandonar a Escócia. Assim o fez, depois de 30 golos em 74 jogos, voltou á Premier League.

Nada voltou a ser o mesmo. O seu talento deixou-o entre bares e copos. Ainda passou pelo Middlesbrough, Everton e Burnley, mas os seus melhores jogos já os tinha feito.O DC United, do outro lado do atlântico, foi o próximo destino do seu futebol em fase terminal. Foi aí que fez a primeira desintoxicação, que como é óbvio não funcionou. Também não funcionou na China, depois de ser treinador-jogador do Gansu Tianma. Gazza foi arrastando

o final da sua carreira, tinha pavor á resposta á pergunta “Como seria a sua vida sem futebol?”.

Estava condenado a ser esquecido, como um brinquedo partido. Foi aumentando o seu historial de palhaçadas: foi visto uma hora antes do jogo num bar, com o equipamento da selecção e com as chuteiras calçadas; em Itália, depois de ser expulso, cumprimentou um a um todos os jogadores da equipa adversária; cheirou a axila de um árbitro depois do expulsar; causou danos no autocarro do Middlesbrough no valor de 10000 libras etc.O “The Mirror” qualificou-o perfeitamente: “Há três tipos de pessoas: as corrigíveis e as incorrigíveis. Depois há esse gordinho que joga futebol, mas que já deixou de ser divertido”. Paul tinha agredido a sua esposa brutalmente. Tinha dois dentes partidos, os dedos partidos, o nariz cortado e um olho negro. Sheryl pediu o divórcio depois de ser victima dos excessos machistas de Gascoigne, que sofria de ataques de ansiedade quando não estava sob os efeitos do álcool.

O pior estava para chegar, quando “pendurou as botas” em 2004, conheceu a resposta á famosa pergunta. A sua dependência da garrafa aumentou absurdamente. Paul não parava de beber. Os médicos diagnosticaram-lhe um transtorno bipolar, era obsessivo-compulsivo, bulímico e alcoólico. Aconselharam-no a tratar o seu problema, mas como é óbvio, ele tratou de o agravar. Fez-se famoso nos bares, onde teve uma célebre luta com o cantor dos Oasis, Liam Gallagher.

REPORTAGEM

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De pneumonia em pneumonia, até uma ulcera no estômago, Gazza chegou ao limite. Estava farto da vida, queria morrer. Diz-se que chegou a pedir uma faca num hotel para cortar as veias.

Acabou como um mendigo, até que o sindicato dos jogadores o ajudou. Convertido num resíduo da sociedade, Paul era uma vitima do alcool mas também da medicação: “Quando ia ao psiquiatra só me perguntavam quem me receitou aqueles comprimidos e receitavam-me outros.” Era o alcoólico mais famoso de Inglaterra e estava farto de médicos, clínicas, diagnósticos e hospitais. “Em alguns centros só gostam de te dar títulos. Houve uma altura em que tinha mais que Muhamad Ali: és bipolar, obsessivo-compulsivo… O que realmente sou é um alcoolico e não preciso mais de comprimidos”.

Tentou tratar-se, fracassou várias vezes e a sua luta com a garrafa continua. Do talento gordinho que os seus joelhos mal podiam, perdeu-se o rasto. Genial e indomável combate os seus demónios com um charuto cubano, num jogo de futebol com os vizinhos ou pregando uma ou outra partida (sem maldade) no bairro. Confessa que é um mau paciente “Só sei que não vou voltar a beber nos próximos dez minutos” e é incapaz de prometer que não vai voltar a beber “Se acho que não vou beber, acabo por beber.”

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“Nenhum jogador é tão bom como todos juntos .”

Alfredo Di Stefano, ex-jogador

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PRÉMIOS DEZ - FRANÇA

Já estamos habituados que em França não haja bi-campeões ou tri-campões. Com efeito, desde as épocas dominado-

ras do Lyon que ninguém conseguiu assumir um claro ascendente e criar um fosso para as outras equipas. Este ano, o Montpellier chegou ao título e bem pode agradecer essa grande vitória a Olivier Giroud (Prémio Rema-te ao Ângulo, Montpellier). Um relativo des-conhecido do futebol europeu, este jogador de 26 anos terminou a época com 21 golos e nove assistências e ganhou um grande es-paço no coração dos adeptos do Montpellier. Mas não foi o único avançado a destacar-se em França – e de todos os que deram car-tas, decidimos escolher Eden Hazard (Pré-mio Revelação, Lille) para figurar nos nossos prémios. Hazard é belga, tem 21 anos, meia

Europa atrás dele e fez mais uma época ex-celente (20 golos, 16 assistências!), não dei-xando dúvidas de que será o último ano dele no campeonato gaulês. Entretanto, Hazard já confirmou ter acordo por três clubes da Liga Inglesa (Man. City, Man. United e Chelsea), sendo que à hora de fecho desta edição o jogador havia revelado já ter decidido onde iria jogar, mas ainda não tinha dito o nome do clube. Suspense... Para finalizar os prémios deste ano, falta apenas comentar Ben Sahar (Prémio Bola ao Poste, Auxerre) que, apesar de ser considerado uma promessa israelita, não conseguiu ajudar o histórico Auxerre a fugir à descida de divisão. Será mais um jo-vem jogador que não vai conseguir cumprir todas as expectativas? Na próxima época veremos.

INTERNACIONAL

Textos: Tiago SoaresFotos: Getty Images

Prémio Remate ao Ângulo: O. Giroud (Montpellier)Prémio Revelação: Hazard (Lille)Prémio Bola ao Poste: Ben Sahar (Auxerre)

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“Henry não é um homem…é uma manada”

José Marinho, comentador desportivo

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PRÉMIOS DEZ - PORTUGAL

A Liga portuguesa deste ano fica marca-da por um equilíbrio na classificação mesmo até ao final no que à decisão

de campeão diz respeito. E se havia alguém para desiquilibrar, só podia ser um jogador: Hulk (Prémio Remate ao Ângulo, FC Porto). O jogador do FC Porto foi pedra basilar nas últimas jornadas, desiquilibrando a balança para o clube nortenho ao marcar vários go-los decisivos (incluindo um na Luz frente ao grande rival Benfica). E, por falar em golos, que dizer de um jovem holandês contratado pelo Sporting? Van Wolfswinkel (Prémio Re-velação, Sporting CP) chegou, viu e marcou

14 golos só na Liga – marca extraordinária face à época, no mínimo, conturbada do clu-be de Alvalade. O cartão de visita está pron-to, falta saber o que vai fazer este avançado oportuno na próxima época. Para finalizar, João Bartolomeu (Prémio Bola ao Poste) es-creveu uma das páginas mais negras do fu-tebol português destes últimos anos ao não conseguir cumprir o seu dever para com os profissionais do clube e forçando-os a pedir uma rescisão colectiva do contrato de traba-lho. Final de época aziago para os lados de Leiria, com o clube a descer de divisão e a reputação de clube e dirigentes na lama.

Textos: Tiago SoaresFotos: Getty Images

Prémio Remate ao Ângulo: Hulk (FC Porto)Prémio Revelação: Van Wolfswinkel (Sporting CP)Prémio Bola ao Poste: João Bartolomeu (U. Leiria)

INTERNACIONAL

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29/05/12INTERNACIONAL

PRÉMIOS DEZ - ALEMANHA

Kagawa (Prémio Remate ao Ângulo, B. Dort-mund). Já tinhamos falado deste jogador no nosso site. Jovem japonês e jogador do B. Dortmund, tornou-se imprescindível no onze deste clube renascido e fez uma época im-pressionante. Quem diria que do Oriente viria um jogador com tal qualidade e com uma re-gularidade a todos os níves notável? A nos-so ver, foi a figura da Bundesliga. Seguido de perto, diga-se, por Marco Reus (Prémio Revelação, B. Monchengladbach) que, com 18 golos em 32 jogos, foi fulcral na excelen-te época que fez o “outro” Borussia (quarto classificado no final). Com 22 anos, pode tor-nar-se um caso sério no futebol alemão. Por outro lado, quem deve estar a pensar na vida

é Robben (Prémio Bola ao Poste, Bayern Mu-nique). O clube bávaro não venceu nada este ano e Robben fica associado indelevelmente aos grandes momentos da época. Se tivés-semos de escolher um só instante da época, seria o penalti falhado frente ao B. Dortmund (11 de Abril, aos 85 minutos de jogo), que daria o empate no jogo e devolveria a espe-rança na luta pelo título. Após ter permitido a defesa ao guarda-redes Weidenfeler, ainda foi abordado de forma pouco amigável por Subotic, central do Dortmund, num dos mo-mentos mais intensos do ano da Bundesli-ga. Talvez devesse ter pensado melhor algu-mas semanas depois na final de Munique da Champions League...

Textos: Tiago SoaresFotos: Getty Images

Prémio Remate ao Ângulo: Kagawa (B. Dortmund)Prémio Revelação: Marco Reus (B. Monchengladbach)Prémio Bola ao Poste: Robben (Bayern Munique)

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29/05/12OPINIÃO

A próxima temporada da liga de honra irá contar oficialmente com a presença de mais 6 equipas no seu total – 6 equipas

B´s. Desde muito cedo, logo após as eleições da presidência da liga de clubes, muita foi a tinta que correu em torno dos possíveis bene-fícios que esta espécie de equipas “satélites” possa proporcionar ao futebol português.

Os benefícios parecem claros. Apesar das equipas B´s terem sido extintas há 10 anos, os clubes ditos “grandes” do futebol portu-guês, nunca abdicaram dos ideais e funda-mentos que estão por detrás desta filosofia. Apesar destas equipas ter sido abolidas de-vido ao elevado encargo financeiro evoca-do pelos clubes face ao retorno financeiro/material produzido, é possível constar que passado 1 década os clubes tem mantido o mesmo número de atletas ligados contratu-almente a instituição. A despesa nunca foi reduzida. Para além dos habituais 25 jogado-res que constituem e representam um plantel

profissional, durante os últimos anos, Por-to, Benfica, Sporting e Braga contaram em média com a presença de mais 20-25 atletas ligados ao clube, cujo destino foi o emprés-timo a outras equipas de forma a poder jo-gar e evoluir de modo a justificar e garantir um lugar na equipa principal. A extinção das equipas B´s foi uma ilusão ótica. Por exem-plo, apesar do S.C. Braga ter abolido a sua equipa B, o clube durante os últimos anos utilizou o Ribeirão (numa fase inicial) e Vizela (mais recentemente) como equipas satélites, onde em média colocou 10-15 jogadores por época. Ou seja, a ideologia das equipas B´s nunca desapareceu. O conteúdo e a essên-cia têm estado sempre presente na filosofia de desenvolvimento dos clubes grandes em Portugal. Os clubes tem completa noção de que normalmente o processo de maturação dos seus jovens futebolistas oriundos forma-ção não permite que a transição para o fute-bol sénior seja na maior parte das ocasiões virtuosa. O diferencial físico, tático, cogniti-

AS EQUIPAS BTexto: João Sacramento / Fotos: Getty Images

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“Os jogadores do Bayern movimentam-se descrevendo figuras geométricas...

O futebol é uma arte plástica...”Gabriel Alves, comentador desportivo

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vo e emocional é demasiado elevado fase ao nível profissional. Os jovens necessitam de experienciar as exigências do jogo de fute-bol num contexto sénior e consequentemen-te necessitam de ajustar as suas caracte-rísticas em função da especificidade que o jogo sénior requer. Contudo, tendo em conta a dimensão de um clube grande exige - ne-cessidade de jogar para ganhar e obter títu-los - implica que a margem de manobra/erro seja circunstancialmente reduzida. Ou seja a oportunidade de proporcionar minutos aos jovens atletas torna-se uma tarefa difícil que consequentemente pode colocar em causa o desenvolvimento do atleta. Pois bem, a cria-ção das equipas B´s pode facilitar esta pro-blemática, pois os jovens após terminarem o seu ciclo de formação, tem a oportunidade de efetuar uma transição gradual para o fute-bol sénior, num contexto fisiológico e técni-co/tático idêntico ao do plantel profissional,

com a diferença de o grau de responsabilida-de competitiva ser menor e a margem de erro ser maior. Não faz sentido os clubes continu-arem a emprestar jogadores a outros clubes com filosofias e abordagens completamente opostas. O futebol português está farto de casos onde jovens promessas se perdem após empréstimos falhados a equipas in-feriores, onde estes não têm possibilidade de evoluírem/desenvolver devido a diversos fatores. Muitos treinadores na primeira liga não estão preparados para lidar com jovens talentosos com alta margem de progressão. Não estão preparados para lidar da melhor forma com os atletas e consequentemente extrair todo o potencial inerente a cada atle-ta. Estes jovens, requerem atenção e muita paciência. Requerem alguém que lhes possa ensinar num contexto didáticos. Daí que na minha perspetiva, seja crucial a inclusão de equipas b´s lideradas por equipas técnicas

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“Antes de morrer vou fazer-me fã do Milan. Assim algum

deles morrerá”Peppino Prisco, vice-presidente do Inter de Milão

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especializadas em formar/preparar atletas. Equipas técnicas que conhecem o perfil cognitivo de cada jogador na perfei-ção devido ao elevado número de anos que o atleta leva ao serviço do clube. Para além disso, penso que seja fulcral que as equipas B´s usem o mesmo sistema tático que o plantel principal, pois um dos fatores pelo qual muitos jovens atle-tas tem vindo a sentir dificuldades para regressar ao plantel principal após empréstimo, deve-se ao fato de muitos deles terem-se desenvolvido num contexto tático completamente oposto ao sistema usado pela sua equipa-mãe. Muitos destes jovens são emprestados a equipas que lutam pela manuten-ção, equipas que são obrigadas a jogar para sobreviver o que “automaticamente” implica que joguem para defender com blocos baixos, pouca posse de bola, tentar explorar contra ataque … etc… ingredientes completamente opostos aque-les que são verificados nos clubes grandes. Pois bem se o atleta tiver oportunidade de se desenvolver numa equipa cujo os ideais e a filosofia de jogo são exatamente os mesmo do clube-mãe, as probabilidades de alcançar o plantel principal aumentam significativamente. Penso que o Barcelona é um exemplo claro da importância das equipas B´s. O Barça B apresenta a mesma filosofia e sistema tático utilizado pela equipa principal. Os jogadores têm oportunidade de desen-volver o seu processo de maturação num contexto de especi-ficidade idêntico/similar aquele pretendem alcançar – equipa principal. Ou seja o processo de transição será um processo agradável e positivo onde o tempo de adaptação necessário será mais rápido.

Eu estou certo de que os clubes nacionais estão preparados para reativar as equipas B´s. A mentalidade atual do futebol nacional é diferente daquela verificada há 10 anos atrás onde a palavra formação não contatava no dicionário dos lideres dos clubes. Atualmente face a crise financeira mundial que afeta o futebol internacional, mais as medidas tomadas pelo plano de fair play financeiro, os clubes veem-se obrigados a formar para vender.

É importantíssimo que os clubes olhem para este projeto como dimensão com potencial. Já chega de intrigas e proble-mas em volta desta situação. Todos ficam a ganhar com isto, caso contrário o Futebol Clube do Porto não teria decidido anular a última da hora o seu protocolo com o Trofense (equi-pa satélite que estava prevista para a próxima temporada) em detrimento da criação de uma equipa B. Como adepto e como profissional desportivo é com orgulho que vejo a reativação das equipas B´s. Para além de todas as vantagens menciona-das anteriormente é com orgulho que vejo mais postos de tra-balho serem criados num país em que dia apos dia o numero de desempregados tende aumentar significativamente.

OPINIÃO

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29/05/12HISTÓRICO

“ERIC CANTONA”Texto: Ricardo Sacramento

Fotos: Maisfutebol

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“ERIC CANTONA”Texto: Ricardo Sacramento

Fotos: Maisfutebol

Éric Daniel Pierre Cantona, nascido a 24 de maio de 1966 em Marselha, é hoje

em dia ator, diretor e treinador de futebol de praia, mas o que o marca é o seu passado como um grande ex-futebolista francês. Polémico e habilidoso, recebeu diversos apelidos que retratam sua personalidade e talento “L’Enfant Terrible”, “The Genious”, “The Bad boy” e “Eric, the King”.O atacante francês iniciou a sua carreira no Auxerre, em 1983, e antes de se transferir para o futebol inglês, atuou em várias equipas francesas: Martigues, Marseille, Bordeux, Montpellier e Nimes.Ao lado dos seus inúmeros feitos desportivos, há um rol de inglórias suspensões, castigos, lesões e problemas profissionais, que impediram Cantona de ser efetivamente aquilo que ele era, um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos. Esse falhanço foi fruto dos seus «Mauvais esprits», ou que os franceses chamam de «espíritos malignos», esse mau génio de onde lhe advinha a insubmissão e a indisciplina, tudo o que impediu de brilhar em todo o seu esplendor, de conquistar uma competição europeia ou jogar um Campeonato do Mundo.Com a camisola dos red devils, iniciou o período áureo da sua carreira, conquistando campeonato sobre campeonato e tornando-se o mestre da orquestra de Ferguson. Depois de ter sido campeão no Leeds em 1992, ajudou o Man. United na conquista do primeiro campeonato desde 1968. Campeão em 1993, 1994, 1996 e 1997, Cantona era sinónimo de sucesso em terras inglesas.Éric é considerado um dos principais responsáveis pelo ressurgimento

do Manchester United nos anos 90, clube onde se tornou ídolo e dono da lendária camisola com número 7, que pertenceu a alguns dos principais atletas da história do clube e que foi herdada posteriormente por Cristiano Ronaldo. Pela primeira vez um francês brilhava do outro lado do canal, e os nacionalistas adeptos do Manchester adoravam a sua estrela gaulesa. Em Old Trafford as bancadas do «Teatro dos Sonhos», ou nos outros campos de Inglaterra, os red devils demonstravam o seu amor. Os sucessos continuaram, e Cantona era premiado com o prémio de melhor jogador da FA Premier League em 1994, para coroar a época onde o United tinha conquistado o treble: FA Premier League, FA CUP e Charity Shield.Contudo foi também em Inglaterra que viveu a sua maior frustrações na carreira, quando foi suspenso durante nove meses após agredir um adepto do Crystal Palace em Janeiro de 1995, ato este que o levou posteriormente a ser retirado da convocatória que se seguiu da seleção Francesa, a qual acabaria vencedora do campeonato do Mundo de 1998. Transtornado com a notícia que o impedia de participar no Mundial, Cantona decide terminar o seu ciclo futebolístico no auge da sua carreira, em 1997 com apenas trinta anos. Seria posteriormente eleito o melhor jogador da história do Manchester United, superando nomes como Bobby Charlton e George Best.Atualmente, além de treinador da Seleção Francesa de futebol de areia, onde conquistou o único título mundial da equipa, é desde 19 de janeiro de 2011 o diretor de futebol do tradicional New York Cosmos.

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OXLADE-CHAMBERLAIN

O Futebol é distinto e cada jogo tem a sua própria história, sendo muitas vezes um rasgo de qualidade individual a decidir o resultado final, e ai surge Oxlade-Chamberlain.Este jovem Inglês, começou a sua carreira aos 7 anos no Southampton onde fez o seu “debut” pela equipa principal em 2010.Durante os dez anos de camadas jovens foi também chamado para as categorias de sub18, sub19 e sub 21 da selecção Inglesa. Após a sua primeira época como profissional onde marcou 10 golos e fez 8 assistências foi contratado pelo Arsenal, onde se estreou a marcar num jogo da League Cup, contra o Shrewsbury Town, e onde foi o jogador Inglês mais jovem a marcar um golo na Liga dos Campeões contra o Olympiakos.

Com apenas 18 anos,”The Ox”, como é apelidado pelos adeptos, é um extremo direito muito rápido, imprevisível, repentino e tenaz, o que lhe permite ganhar muitas vezes em rapidez mas também em contacto físico pois também é muito forte fisicamente, podendo jogar como médio ofensivo e mesmo a avançado mas é na linha que é um jogador diabólico, capaz de desequilibrar e inclinar a balança do jogo para o seu lado com assistências precisas e com golos de todos os feitios, seja com remates de longe seja a driblar os adversários e a finalizar com sucesso.

Devido à sua boa forma, muito elogiada pelo seu treinador, Wenger que afirmou que este evoluiu muito como jogador e pessoa em tão pouco tempo como profissional, pelo seu capitão de equipa, Van Persie, que afirmou que Alex é o futuro do Arsenal e da Inglaterra e por vários adversários europeus, e às suas exibições de enorme talento, de portento físico, de desequilíbrios constantes capazes de exaltar todo um estádio, foi chamado para representar a selecção Inglesa no Euro 2012 na Polónia e Ucrânia. Alex Oxlade-Chamberlain um miúdo maravilha do hoje para o amanhã.

Texto: Pedro MartinsFotos: google.com

MIÚDO MARAVILHA

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AS FRASES DE JESUS GIL

O polémico ex-presidente do Atlético de Madrid merecia uma secção com as suas melhores frases:

• “Sou o homem mais perseguido de Espanha“• “A operação urbanística que está a fazer o Real Madrid é do mais brutal que já vi; se eu a

tivesse feito, neste momento estaria na prisão”.• “Os jogadores são figurinhas de maçapão. Por mim, que morram”.• “Hugo Sanchez é um mercenário e está acabado”• “Para mim, despedir um treinador é como beber uma cerveja. Posso despedir 20 num ano.

Até cem se for preciso”• “É um paneleiro e será recompensado pelos seus adeptos pedófilos” (referindo-se ao arbitro

francês Michel Vautrot).• “Era para pegar numa metralhadora e fusila-los”´ (referindo-se aos jogadores do Atlético)• “Nunca pude falar com ele, porque quando se ia deitar eu estava a levantar-me”. (referindo-

se ao treinador Coco Basile)

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29/05/12EDITORIALCoordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento

Editor Chefe: João Sacramento

Direcção de arte e maquetização:Carlos Maciel

Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Bruno Pinto, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, Nelson Souso, Carlos Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes

Publicidade: Ricardo Sacramento

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A mulher que deixou Ryan Giggs de cabeça perdi-da e que lhe causou o fim do casamento.

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