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1 Novos Rumos Maurício de Rezende Barbosa assume a Presidência da SBHCI ao lado da nova Diretoria Ano XIII | Nº 1 | Janeiro a março de 2010 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Jornal da SBHCI

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Publicação trimestral da SBHCI - Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - ed. 46 - 01/2010

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Novos RumosMaurício de Rezende Barbosa assume a

Presidência da SBHCI ao lado da nova Diretoria

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PALAVRA DO PRESIDENTE

O futuro é promissor

Em janeiro, iniciamos uma nova ad-ministração na Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia In-

tervencionista (SBHCI). É grande nosso entusiasmo e nos sentimos muito honra-dos com a confiança depositada em nosso grupo de diretores. Nossa dedicação tem sido, e sempre será, grande no sentido de dar continuidade ao crescimento desta so-ciedade científica, respeitada no Brasil e reconhecida no exterior.

Acompanho o desenvolvimento da SBHCI desde o Congresso pioneiro em 1976, realizado na cidade do Guarujá (SP).

Durante essas três décadas, observa-mos e participamos do grande progresso de nossa área de atuação, que vive um período de crescimento pujante. Mais de trinta anos depois, é com grande alegria que convidamos todos para o XXXII Con-gresso da SBHCI, a ser realizado nos dias 22 a 24 de julho no moderno centro de convenções da Expominas em Belo Hori-zonte (MG), minha terra natal.

Os cardiologistas intervencionistas de Minas Gerais convidam os amigos de todo o Brasil a participar de uma progra-mação científica de alto nível, elaborada pela Comissão Científica, bem como a desfrutar da tradicional hospitalidade mi-neira, concretizando mais um evento de grande sucesso.

As ricas apresentações científicas teste-munhadas por todos nós nos Congressos Nacionais e Regionais merecem e devem

ser publicadas em revistas especializadas, registrando a autoria dos trabalhos, tornan-do-se cada vez mais fonte educacional e histórica da produção científica nacional.

A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) é um exemplo de como o trabalho constante, dedicado e com ide-alismo pode alcançar resultados de desta-que. Muito já foi conquistado com os es-forços de todos. Porém, ainda temos um longo caminho a ser percorrido, sendo im-portante a participação de todos na produ-ção de trabalhos científicos para a RBCI.

A SBHCI está próxima de superar a marca de mil médicos associados. Hos-pitais equipados com modernos serviços de hemodinâmica estão instalados por todo o País. Avançados procedimentos de cardiologia intervencionista são dis-ponibilizados aos nossos pacientes, mas ainda não sabemos, com certeza, as di-mensões desse atendimento. A Central Nacional de Intervenções Cardiovas-culares (CENIC), instituída em 1993, recebe contribuições exclusivamente voluntárias e, hoje, tem mais de 242 mil procedimentos registrados em sua base de dados. Muitos trabalhos foram publi-cados ou apresentados em congressos, divulgando o elevado nível da cardiolo-gia intervencionista no Brasil. Diante dos números e dos fatos, afirmamos com ve-emência: a CENIC é uma história de su-cesso! O momento agora é de aprimorar, rever, modificar, simplificar e acrescen-

tar novos procedimentos, incentivando a maior participação dos intervencionistas e buscando a expansão deste que é um dos maiores registros médicos do País.

As associações científicas têm, por na-tureza, a nobre missão de congregar mé-dicos, zelar pela ética, incentivar estudos, promover a educação continuada e a cer-tificação profissional. Estamos em uma era avançada da ciência, mas os problemas na rotina diária são muitos e a defesa dos interesses profissionais torna-se cada vez mais necessária. É importante promover o intercâmbio científico e associativo com as entidades brasileiras regionais de nossa área de atuação, interagir com a Socieda-de Brasileira de Cardiologia (SBC), com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardio-vascular (SBCC), com a Associação Mé-dica Brasileira (AMB), com os Conselhos Regionais de Medicina e muitas outras enti-dades nacionais e internacionais. Dentre es-tas, faço questão de destacar o trabalho con-junto com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), que vem sendo realizado há anos.

Ao assumirmos uma SBHCI equilibra-da, transparente e modernizada, cumpri-mentamos a Diretoria 2006-2009 pelo exaustivo e impecável trabalho realizado, agradecendo a Luiz Alberto Mattos e a todo o grupo que ativamente trabalhou e contribuiu para um período muito especial de crescimento da entidade. Vamos todos continuar juntos a caminhada em benefício de nossa Sociedade, buscando sempre o crescimento de nossa área de atuação. Observando a trajetória de sucesso da SBHCI, não temos receio algum ao dizer que podemos seguir em frente com oti-mismo, certos de que os obstáculos serão superados, renovando nossa confiança em um futuro promissor.

Maurício de Rezende BarbosaPresidente da SBHCI

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INTERNAS

4 Confira as novidades da SBHCI

GIRO PELO BRASIL

6 No meio da Floresta Amazônica

CONGRESSO 2010 8 Em ritmo acelerado

NOVA GESTÃO 10 O futuro já começou 14 Ampliando o acesso à informação 15 Intercâmbio de conteúdo 16 Há muito o que fazer 17 Para continuar crescendo 18 A manutenção do reconhecimento 19 Objetivos e perspectivas a longo prazo

ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA

20 Direto de Orlando 22 O estado da arte

SBC

25 Crescimento acelerado

PANORAMA

28 O estudo SYNTAX mudou sua conduta na indicação de um procedimento de revascularização miocárdica?

QUALIDADE PROFISSIONAL

32 Muito além da ciência

JOGO RÁPIDO

34 Alexandre Abizaid AGENDA

35 Confira os próximos eventos

Notas e notícias

Porto Velho

Belo Horizonte

Administração

Comunicações

PEC 2010

Qualidade profissional

CENIC

Intervenções extracardíacas

Cardiopatias congênitas

AHA 2009

JIM 2010

Entrevista Jorge Ilha Guimarães

SYNTAX

Gestão em hemodinâmica

Perfil

ÍNDICE

O futuro é promissor

Maurício de Rezende Barbosa, Presidente

Marcelo José de Carvalho Cantarelli, Diretor Administrativo

Alexandre Schaan de Quadros, Diretor de Comunicação

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INTERNAS

Cerimônia de posseA Diretoria responsável pela admi-

nistração da SBHCI no biênio de 2010-2011 assumiu o comando

da entidade no dia 19 de janeiro, em São Paulo (SP). Maurício de Rezende Barbosa (MG) foi empossado novo presidente, su-cedendo a Luiz Alberto Mattos (SP), que esteve à frente da SBHCI nos últimos 42

meses. A cerimônia foi realizada na sede da SBHCI, na capital paulista, e contou com a presença de integrantes das duas Direto-rias e convidados ilustres, como Jadelson Pinheiro de Andrade (BA), representan-do a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), representantes das indústrias e ou-tros parceiros da Sociedade. A ocasião ain-

da foi marcada por duas grandes novidades. A galeria de ex-presidentes foi reformulada e apresentada aos sócios e convidados. As-sim como a reforma da sede da SBHCI, que foi completamente reestruturada para oferecer aos associados e colaboradores ambientes mais confortáveis e adequados para execução de suas atividades.

Entre diretores, associados, colaboradores, representantes de parceiros e prestadores de serviço, cerca de 40 pessoas participaram da cerimônia de transmissão de posse à Diretoria que assumiu a gestão da SBHCI para o biênio 2010-2011. Acima, à direita, o ex-presidente Luiz Alberto Mattos (SP) cumprimenta Maurício de Rezende Baborsa (MG), novo presidente da Sociedade, após seu discurso de posse.

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Cerimônia de posse

Da esquerda para a direita, Maurício de Rezende Barbosa (MG), em seu discurso de posse; Marcelo Queiroga Lopes (PB), diretor administrativo da gestão 2006-2009; e Jadelson Pinheiro de Andrade (BA), representante da SBC na cerimônia.

Recém-empossado como presidente da SBHCI, Maurício de Rezende Barbosa (MG) inaugurou a galeria de ex-presidentes ao lado de Jadelson Pinheiro de Andrade (BA), representante da SBC no evento.

Nos dias 7 e 8 de maio o Instituto de Cardiologia da Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC) promoverá, no Centro de Eventos do Hotel Deville, em Porto Alegre (RS), o Simpósio Interna-cional de Terapia Valvular Percutânea do IC-FUC. Apoiado pela SBHCI, o simpó-sio abordará os novos e modernos avan-ços terapêuticos no tratamento percu-tâneo das afecções das válvulas aórtica, pulmonar e mitral. As atividades se darão de forma expositiva e interativa, cobrindo aspectos conceituais, diagnósticos e terapêuticos, com apresen-

tação de casos clínicos e amplo espaço para discussão. Consideramos essa uma área de atuação multidisciplinar e renoma-dos colegas da área intervencionista, clí-nica e cirúrgica já confirmaram presença. O evento contará ainda com a participa-ção de três ilustres palestrantes interna-cionais com enorme experiência na área: Eberhard Grube, da Alemanha, abordará fundamentalmente o tratamento percutâ-neo da estenose aórtica; Philipp Bonho-effer, da Inglaterra, trará sua experiência no desenvolvimento das próteses pulmo-nares; e Scott Lim, dos Estados Unidos,

discutirá as questões relativas à terapêuti-ca minimamente invasiva da insuficiência valvar mitral.O sucesso pleno do evento só se dará com sua participação. Contamos com sua presença e esperamos encontrá-lo em Porto Alegre.

Agende-seData: 7 e 8 de maioLocal: Centro de Eventos Hotel Deville – Av. dos Estados, 1909 Porto Alegre, RS Informações: www.cardiologia.org.br

Evento inéditoTratamento Percutâneo das Patologias Valvulares é o tema do Simpósio do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul

[Rogério Sarmento-Leite (RS), diretor técnico do Laboratório de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul]

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GIRO PELO BRASIL PORTO VELHO

No meio da Floresta Amazônica

Porto Velho é uma das maiores ci-dades brasileiras. Não no quesito econômico ou demográfico, mas

no territorial. No meio da Floresta Amazô-nica, à margem do Rio Madeira, afluente do Amazonas, e dona de uma área com cerca de 34 mil km², a capital do Estado de Rondônia é maior que outros dois Esta-dos brasileiros, Sergipe e Alagoas. Apesar dessa grandiosidade geográfica, os 382 mil habitantes da cidade só tiveram o pri-meiro centro de hemodinâmica inaugurado em 2007, após quase dez anos de diversas tentativas frustradas.

Naquele ano, o Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro iniciou a implantação do primeiro serviço de alta complexidade em cardio-logia do Estado. Porém, ainda faltava o principal: cardiologistas intervencionistas dispostos a se deslocar até Porto Velho. Até aquele momento, os pacientes que ne-cessitavam de procedimentos na área de hemodinâmica precisavam viajar cerca de

dois a três mil quilômetros para realizar tais intervenções em outras cidades. Para se ter uma ideia da distância, um voo que sai de São Paulo demora cerca de seis horas para pousar no aeroporto de Porto Velho, fazen-do escala em pelo menos uma cidade da região Centro-Oeste.

Tendo conhecimento da situação, Wilson Miguel Cecim Coelho (RO), que na época era chefe do Serviço de Hemodinâmica do Hospital Beneficente Portuguesa em Belém (PA), e que por vários anos coorde-nou o Serviço de Hemodinâmica do Insti-tuto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de São José do Rio Preto (SP), aceitou o desafio de estruturar e coordenar o primei-ro serviço de cardiologia intervencionista do Estado de Rondônia. Ainda em 2007, Coelho convidou Daniel Ferreira Mugrabi (RO) para ingressar no grupo, com o obje-tivo de auxiliar na implantação do serviço. O médico aceitou o desafio, retornando assim a sua cidade natal após concluir a

formação em hemodinâmica na equipe de José Armando Mangione (SP), no Hospi-tal Beneficência Portuguesa de São Paulo.

As obras para a adequação da área fí-sica do Hospital de Base começaram em janeiro de 2008, e em 9 de junho daquele ano foi inaugurado o Centro de Cardiolo-gia e Tratamento Endovascular (CCATE). Em decorrência do ritmo crescente da de-manda por procedimentos, Wangles Jotão Geraldo (RO) incorporou-se à equipe no começo de 2009. Simone Soares Coelho (RO), diretora clínica, é a quarta profissio-nal a completar o grupo.

O CCATE entrou em 2010 completando 18 meses de existência e já é referência na região Norte na área de cardiologia inter-vencionista. O serviço atende exclusivamen-te pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), recebendo pessoas de todo o Esta-do, além dos vizinhos Acre e Amazonas, cor-respondendo a uma região de influência que comporta mais de dois milhões de pessoas.

A implantação de um serviço de hemodinâmica em Rondônia vinha sendo almejada pela comunidade médica há pelo menos dez anos

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No meio da Floresta Amazônica

Durante esse período, o CCATE realizou, aproximadamente, 1.500 procedimentos diagnósticos e 250 intervenções coronárias, além de cerca de 300 procedimentos tera-pêuticos e diagnósticos extracardíacos. Para 2010, existe a previsão de início do trata-mento percutâneo de valvopatias e de cardio-patias congênitas. No entanto, os números re-

Os pioneiros da hemodinâmica de Ron-dônia estão na capital, Porto Velho, loca-lizada às margens do Rio Madeira

CCATE – Centro de Cardiologia e Tratamento Endovascular do Hospital de Base Dr. Ary PinheiroResponsável: Wilson Miguel CecimCoelho (RO)Site: não possuiTelefone: (69) 3225-4152

Novecate – Centro de Cateterismo e Terapia Endovascular do Hospital Nove de JulhoResponsável: Wilson Miguel Cecim Coelho (RO)Site: www.h9julho.com.brTelefone: (69) 3211-3117

Angiocenter – Centro de Tratamento do Infarto do Hospital CentralResponsáveis: Alexandre Venturelli e Géderson RossapoSite: não possuiE-mail: [email protected]

Telefone: (69) 3221-2393

Às margens do Madeira

Sala de exames do Novecate – Centro de Cateterismo e Terapia Endovascular do Hospital Nove de Julho.

ferentes ao total de procedimentos realizados no Estado devem ser maiores. O pioneirismo do CCATE abriu as portas para a constitui-ção de dois serviços privados na cidade de Porto Velho, o Centro de Cateterismo e Te-rapia Endovascular (Novecate) do Hospital Nove de Julho e o Centro de Tratamento do Infarto (Angiocenter) do Hospital Central.

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CONGRESSO 2010 BELO HORIZONTE

Em ritmo acelerado

ASBHCI está em ritmo acelerado com os preparativos para o Con-gresso deste ano, que será reali-

zado de 22 a 24 de julho, no Expominas, em Belo Horizonte (MG). A exemplo do modelo adotado na última edição, o even-to terá sua abertura na quinta-feira pela manhã, e o encerramento acontecerá no sábado, ao meio-dia. De acordo com o presidente do Congresso, Marcos Marino (MG), a definição do programa com dois dias e meio de duração visa a facilitar a vida profissional do médico. “O importante é que o colega cardiologista intervencio-nista não perde metade da semana; ele abdica de apenas dois dias de trabalho para participar do Congresso.”

A Comissão Organizadora do Congresso SBHCI 2010 reunirá mais de mil congressistas no evento programado para acontecer entre os dias 22 e 24 de julho, em BeloHorizonte (MG)

O Expominas, em Belo Horizonte (MG), é dos mais novos e modernos centros de exposiçõese eventos do Brasil. Esse será o palco do XXXII Congresso da SBHCI.

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Em ritmo acelerado Também seguindo os moldes do evento do ano passado, o programa científico do Congresso 2010 contará com a transmis-são de casos ao vivo nacionais e interna-cionais e, após cada caso transmitido, a realização de mesas-redondas enfocando tanto o caso prático como as questões te-órica e científica da afecção apresentada. As transmissões abrangerão doença coro-nária multiarterial com stents farmacológi-cos, doença coronária associada a afecção extracardíaca, intervenções em cardiopa-tias congênitas, e implantes percutâneos de válvulas aórticas.

Os casos ao vivo serão realizados em três hospitais da capital mineira: Hospi-tal Madre Tereza, sob a coordenação de Marcos Marino; Hospital Felício Rocho, sob a responsabilidade de Ari Mandil (MG) e Jamil Saad Abdalla (MG); e Hospital Biocor, em que o presidente da SBHCI, Maurício de Rezende Barbosa (MG), será o responsável.

As transmissões internacionais serão realizadas a partir de dois centros dos Es-tados Unidos e de dois centros europeus.

Para a programação científica durante o Congresso, está confirmada a presença dos seguintes convidados internacionais: Ted Feldman, professor de medicina e diretor do Laboratório de Cateterismo Cardíaco do Evanston Hospital (Illinois, Estados Unidos); Marco Valgimigli, pela Azienda Ospedaliera Universitaria (Ferra-ra, Itália); e Stephan Windecker, diretor de cardiologia invasiva do Departamento de Doenças Cardiovasculares do Bern Uni-versity Hospital (Berna, Suíça).

Os temas livres abrangerão as catego-rias Intervenção em Doença Coronária, Intervenções em Cardiopatias Congêni-tas, Intervenções em Doenças Extracar-díacas, e Enfermagem. Com inscrições encerradas no dia 14 de março, foram submetidos 193 trabalhos, que concor-rerão a 24 prêmios.Os vencedores po-derão ganhar passagem e hospedagem para participar dos seguintes eventos: TCT 2010 – Transcatheter Cardiovas-cular Therapeutics em Washington DC, nos Estados Unidos; EuroPCR 2010 – Paris Course of Revascularization em Paris, na França; PICS & AICS 2010 – Pediatric & Adult Interventional Cardiac Symposium, que acontecerá em Chica-go, nos Estados Unidos; ou do Congres-so da SBHCI 2011, em Curitiba (PR).

O Expominas, local escolhido para a realização do Congresso SBHCI 2010, é um dos mais modernos centros de con-venções do País e possibilitará grande espaço para reunir os representantes da indústria, que já estão definindo os temas dos simpósios previstos para ocorrer du-rante os intervalos da programação cientí-fica. Na sexta-feira à noite haverá a Assem-bleia Geral da Sociedade.

A expectativa da Comissão Organizado-ra é de que, nesta edição, participem mais de mil congressistas. Para o presidente do Congresso, Marcos Marino, a cidade de Belo Horizonte é um local central e de fácil acesso, além de o clima nessa época – mês de julho – ser extremamente agra-dável, tudo isso associado à excelência da culinária e à receptividade mineira. “É um convite de Minas Gerais para que os parti-cipantes estendam a programação cultural e possam trazer suas famílias para visitar Ouro Preto, Mariana e outras importantes cidades históricas brasileiras”, diz Marino.

Inaugurada em 1940 e reformada em 2001, a Casa do Baile é um passeio pitoresco na capital mineira.

Uma das melhores vistas de Belo Horizonte (MG) está no mirante da Praça Israel Pinheiro.

Expominas Belo Horizonte | Minas Gerais

22 a 24 de julho de 2010www.sbhci.org.br

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NOVA GESTÃO ADMINISTRAÇÃO

O futuro já começou

Recebemos da gestão que nos an-tecedeu uma SBHCI organizada, transparente e estruturada como

uma grande empresa. Uma revista científi-ca de prestígio, um portal na internet com informações atualizadas e um eficiente meio de comunicação com o associado, que é o Jornal da SBHCI. Assumimos a Sociedade conscientes de que nossa res-ponsabilidade maior é o trabalho constante de manutenção de todas essas conquistas, buscando o crescimento, a renovação e o desenvolvimento de novos projetos.

Uma das prioridades da atual gestão é a Revista Brasileira de Cardiologia Inva-siva (RBCI), que difunde o conhecimento científico e promove o debate e os avanços em nossa área de atuação, conferindo aos autores o merecido destaque e a proprieda-de intelectual da pesquisa publicada. Para que o periódico tenha mais destaque e visi-bilidade é importante que seja indexado nas bases de dados internacionais, a fim de que a informação seja rapidamente difundida entre toda a comunidade científica.

A produção científica no Brasil é notável, como podemos testemunhar nos inúme-ros trabalhos e palestras apresentados em congressos nacionais e internacionais. Po-rém as publicações ainda são escassas em nosso meio por vários motivos, dentre eles nosso intenso trabalho diário e os múltiplos problemas que consomem grande parte de nosso tempo em atividades burocráticas. A atual Diretoria pretende realizar cursos de metodologia científica e disponibilizar a todos os associados a assessoria de pro-fissionais capacitados que possam orien-tar e facilitar a estruturação dos trabalhos científicos, bem como contribuir com uma análise estatística adequada. Pretendemos também, com esse projeto, incentivar o jo-vem intervencionista a se dedicar, durante o período de residência, à elaboração de trabalhos científicos originais para publica-ção, enriquecendo sua formação médica e o currículo profissional.

Nova Diretoria revela a ampla visão de todas as áreas de atuação da SBHCI e apresenta seus planos para os próximos dois anos

[Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente; Marcelo José de Carvalho Cantarelli (SP), diretor administrativo]

Marcelo José de Carvalho Cantarelli (SP), diretor administrativo, atuará de forma a manter a gestão da entidade financeiramente saudável e autossustentável.

O presidente Maurício de Rezende Barbosa (MG) está preparado para dois anos de muito trabalho à frente da SBHCI.

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O futuro já começou

A sala de reuniões foi reformada e modernizada para atender melhor às necessidades para tomadas de decisão da Diretoria.

Nosso portal na internet é hoje um exem-plo de como o trabalho organizado em equipe pode levar a um resultado super-lativo. Podemos dizer que nosso portal se tornou um “megasite”, abrigando palestras ilustradas com slides, filmes, casos clínicos, entrevistas com profissionais renomados e inúmeras resoluções da Diretoria e de ór-

gãos do governo, que regulamentam nossa atividade profissional. Sendo a modalidade de comunicação mais rápida na atualidade, vamos nos dedicar à continuidade desse trabalho, procurando crescer sempre, re-modelando e modernizando nossa página na internet de maneira sistematizada e or-denada, tornando-a mais atrativa e com fer-ramentas que facilitem a pesquisa rápida do material necessário.

O Jornal da SBHCI é um notável meio de comunicação com o associado, divul-

gando opiniões, eventos nacionais e inter-nacionais, notícias da indústria, e avanços recentes na área de atuação, e destacando serviços de hemodinâmica e profissionais médicos em diversos pontos do País. En-viado para todos os cardiologistas da So-ciedade Brasileira de Cardiologia (SBC), amplia a divulgação e a visibilidade de nos-

so trabalho, promovendo maior integração com nossos aliados, os cardiologistas clí-nicos, e divulgando pontos de vista que auxiliam na prática diária da moderna car-diologia intervencionista, sempre baseada em diretrizes atualizadas. Vamos buscar a participação de empresas interessadas no projeto e no patrocínio do Jornal da SBHCI, alcançando sua sustentabilidade e permitindo sua periódica renovação para melhor cumprir as metas de comunicação com o associado.

A propósito, o espírito de renovação também passou pela sede da SBHCI. Localizada na Vila Olímpia, uma região moderna, valorizada e em constante cres-cimento na cidade de São Paulo (SP), o escritório que abriga nossa Sociedade passou por ampla reforma realizada pela gestão anterior entre o fim de 2009 e

início de 2010. As instalações foram mo-dernizadas, com o objetivo de promover maior conforto e funcionalidade a todos os ambientes. Os associados agora po-dem se reunir em salas reestruturadas, que atendem com perfeição a todas as necessidades que possam surgir durante uma reunião. O local onde estava instalada a equipe administrativa também foi amplia-do, permitindo que haja melhor fluxo no ambiente. Ainda durante a gestão do pre-sidente Luiz Alberto Mattos (SP), a nova Diretoria acompanhou as ações ligadas ao desenvolvimento científico da SBH-CI. Por essa razão, iniciamos nossa ges-tão em janeiro providenciando projetos e planos para trabalhar alguns pontos que consideramos de extrema importância. Um deles é a Central Nacional de Inter-venções Cardiovasculares (CENIC), ini-ciativa de sucesso desde 1993 quando foi iniciado o recrutamento voluntário de dados para documentar o desempenho e a evolução da área de atuação no Brasil. Apesar da evolução crescente da CE-NIC, ainda é necessário promover o es-tímulo ao envio de dados. Esse é um pro-jeto cujo sucesso está intrinsecamente atrelado à responsabilidade de cada um de nós, intervencionistas. Precisamos, com dedicação, enviar os dados à CE-NIC para obtermos um registro cada vez mais fiel do trabalho realizado no País. A Diretoria pretende se dedicar a estudar e executar as mudanças necessárias a fim de facilitar para nossos associados o processo de remessa dos casos e apri-

Assumimos a Sociedade conscientes de que nossa responsabilidade maior é o trabalho constante de

manutenção de todas as conquistas.

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NOVA GESTÃO ADMINISTRAÇÃO

morar a consistência do banco de dados.Também sob o escopo do desenvolvi-

mento científico está a realização do XXXII Congresso da SBHCI. A data do evento (22 a 24 de julho) foi escolhida estrategi-camente para reduzir fatores que afastem o público do nosso Congresso. A cidade sede, Belo Horizonte (MG), tem atrativos de sobra para tornar a viagem aprazível. Quanto ao conteúdo do evento, estamos certos de que teremos qualidade e exce-lência comparáveis às dos melhores con-gressos internacionais. Por ora, só nos resta continuar esse trabalho fabuloso e convidar todos os membros da SBHCI a comparecer a Belo Horizonte para mais um importante evento científico, desfrutando da tradicional hospitalidade mineira.

O Programa de Educação Continuada (PEC) será mantido e já temos prevista a realização de cinco edições em even-tos regionais e nacionais, em que vamos procurar incentivar o debate da doença coronária, das doenças estruturais e das intervenções extracardíacas. Certamen-te, o PEC nos leva a voltar os olhos às sociedades regionais de cardiologia inter-vencionista que se organizam em todo o Brasil. Vamos trabalhar ativamente para auxiliar no crescimento e na integração dessas entidades, intensificando sua parti-cipação em eventos científicos e no portal da SBHCI com notícias, revisões de arti-gos e casos clínicos, além da publicação de artigos originais na RBCI.

Buscaremos também a integração da SBHCI às sociedades internacionais, em especial à Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), da qual somos fundadores e com ativa participação. Desejamos fortalecer nossa Sociedade, estimulando a participação de todos para seu progresso e crescimento, baseados em sólidos princípios éticos sempre em clima de cordialidade e união.

Essa mesma união será a base do traba-lho focado nos detalhes de nossa atuação profissional. Todo o processo assistencial

O local de trabalho da equipe administrativa foi reformulado a fim de propocionar melhores condições de atuação e movimentação mais dinâmica no escritório.

Após a reforma, a sede da SBHCI ficou mais confortável, sofisticada e ganhou uma nova galeria de fotos com todos os ex-presidentes da Sociedade.

Vamos incentivar uma maior participação das sociedades regionais em eventos científicos e no portal da SBHCI com notícias,

revisões de artigos, casos clínicos e a publicação de artigos originais.

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•Diabéticos

Pequenos Vasoss

www.terumo.com.brFonte: TCT 2009 - Nakamura, S. New Tokyo Hospital Registry from 2002 to 2007.Dados em Arquivo

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TSA - Trombose SubagudaTTA - Trombose Tardia AngiográficaRLA - Revascularização da Lesão-Alvo.

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1.481 pacientes, 2.507 lesões

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oferecido a nossos pacientes depende do trabalho de cada um de nós na realização dos procedimentos, da complexa estrutura hospitalar necessária, do fornecimento ade-quado dos insumos indispensáveis, e das empresas públicas e privadas na remunera-ção adequada. É fato que a intervenção per-cutânea se tornou a forma predominante de tratamento de grande parte das cardiopa-tias complexas na atualidade. É nossa obri-gação trabalhar em todas as etapas desse processo, em especial com as empresas prestadoras de serviços de saúde, públicas e privadas, buscando a inclusão progressiva dos modernos procedimentos, com remu-neração justa a médicos e hospitais.

Contamos com a participação de todos para que nossos objetivos sejam atingidos e consigamos manter a SBHCI em um crescimento contínuo e qualificado, dan-do prosseguimento ao trabalho incessan-te iniciado desde sua fundação e tão bem conduzido por todos os que historicamen-te nos antecederam.

A nova Diretoria já está trabalhando para colocar em prática os planos que regerão a gestão da SBHCI até o fim de 2011.

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Ampliando o acesso à informação

ASBHCI atingiu grandes avanços nos últimos anos, sob a lideran-ça de Luiz Alberto Mattos (SP) e

com a contribuição qualificada de vários colegas que participaram da Diretoria e de suas comissões. Especificamente na Dire-toria de Comunicação, Rogério Sarmento-Leite (RS) coordenou diversas ações que contribuíram para melhorar a Revista Bra-sileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), o portal da SBHCI e o Jornal da SBHCI. Nos próximos dois anos, nosso objetivo é dar sequência a essas iniciativas, melhorar ainda mais os serviços disponibilizados e estreitar a interação com os associados.

A RBCI é um dos maiores patrimô-nios científicos de nossa Sociedade (www.rbci.org.br). Áurea Chaves (SP) teve atuação brilhante como editora-chefe nestes últimos anos e continuará na função durante a gestão atual. Nesse período de grande cres-cimento, foram obtidas as indexações nas ba-ses de dados Scopus e LILACS. Agora, de-vemos buscar as indexações no Scielo e no MEDLINE, principal órgão indexador no mundo. Ao alcançar essas metas, acredita-mos que a RBCI terá se transformado em um importante periódico, tendo em vista sua repercussão na captação de artigos científi-cos originais e na divulgação de conteúdo. Assim, convidamos todos os colegas cardio-logistas e intervencionistas a submeter con-tribuições para a revista, para que possamos divulgar a produção científica nacional e for-talecer nossa especialidade.

Da mesma forma, o portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) evoluiu muito nos últimos anos. Podemos dizer, com orgulho, que é atualmente o principal portal de cardiolo-gia intervencionista na língua portuguesa. Guilherme Attizzani (SP) estará à frente do portal nos próximos dois anos e planejamos uma atualização no layout, adotando visual

mais moderno e ágil. A reorganização na ar-quitetura do portal disponibilizará o conteúdo científico em tópicos, facilitando o acesso à informação e a navegação pelo site.

Outras ferramentas de gerenciamento interno serão implementadas, com o obje-tivo de mapear os conteúdos mais acessa-dos para focar naqueles tópicos de maior interesse do usuário. Também planejamos o redimensionamento interno do site, para nos posicionarmos melhor perante os me-canismos de busca mais utilizados (Google e Yahoo) e aumentar o número de acessos. Na era dos “smartphones”, buscaremos uma formatação mais adequada também para vi-sualização nos aparelhos celulares.

O Jornal da SBHCI é um dos veículos de comunicação mais antigos e tradicio-nais de nossa Sociedade. Mesmo na era digital, a publicação continua ocupando seu espaço, ajudando a veicular muitas ações institucionais e proporcionando ma-térias originais e de interesse dos leitores. A equipe responsável será composta por Luciana Constant Daher (GO), Hélio Cas-tello (SP), Flávio Oliveira (BA) e João Luiz

Manica (RS), com assessoria técnica do jornalista André Ciasca (SP), da empresa take-a-coffee Comunicação. Planejamos também uma modernização do layout e manteremos o foco em entrevistas, ações institucionais e iniciativas dos associados.

O Twitter surgiu recentemente como um novo meio de comunicação e foi logo uti-lizado pelas principais sociedades científi-cas, como American College of Cardiology (ACC), American Heart Association (AHA), European Society of Cardiology (ESC) e So-ciedade Brasileira de Cardiologia (SBC). A SBHCI já está presente no Twitter há alguns meses (http://twitter.com/sbhci_org_br), com a coordenação de Carlos Augusto Campos (MG). O Twitter é um meio fácil e rápido de postagem de informações. Em novembro de 2009, realizamos a cobertura científica do Congresso AHA, em São Francisco (Esta-dos Unidos), também por esse meio eletrô-nico, tendo inclusive recebido mensagem de congratulações da AHA por essa iniciativa. A inscrição no Twitter é fácil e rápida. Inscreva-se você também e comece a receber nossos comunicados por esse meio.

A SBHCI está se aproximando dos associados, oferecendo informações institucionais e científicas divulgadas em seus meios de comunicação[Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação]

Alexandre Schaan de Quadros (RS) está de olho nas novas tecnologias para ampliar o acesso à informação

NOVA GESTÃO COMUNICAÇÕES

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Ampliando o acesso à informação

Antônio Carlos de Camargo Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada, pretende manter a doença coronária como carro-chefe do PEC 2010

Intercâmbio de conteúdoRessaltando os excelentes resul-

tados obtidos nos últimos anos, a atual Diretoria de Educação

Médica Continuada pretende manter o incentivo à participação ativa dos car-diologistas intervencionistas nas próxi-mas edições do Programa de Educação Continuada (PEC). A perspectiva é de realizar cinco ações durante 2010, co-brindo todas as regiões do País.

A proposta inicial é abrir o leque de assuntos a serem discutidos durante as sessões, sem deixar de lado a ênfase em doença coronária, pela prevalência e pelo volume de casos distintos. “Esse é um tema desafiador para a hemodinâ-mica”, afirma Antônio Carlos de Camar-go Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI. “Existem ‘mil’ facetas a serem exploradas dentro de um mesmo tema, por isso a doença coronária vai continuar sendo o carro-chefe.” O programa mais diversificado contemplará, por exemplo, a discussão sobre colocação percutânea de válvula. “É um tema que vem progredindo e veio

para ficar”, lembra Carvalho, afirmando que talvez seja o momento de dar des-taque a elementos que podem ser úteis para desenvolver um programa de válvu-las, inédito até então. A área de intravas-cular também deve ganhar espaço para debate em dois segmentos diferentes, carótida e artéria renal, pois não foi mui-to abordada nas edições anteriores.

Outro item a ser explorado é a colocação de próteses de forame oval. “É uma área que tem uma certa controvérsia e alguns pontos estão sendo mais bem esclarecidos”, diz o diretor. E, por fim, existe a intenção de ampliar o espaço para a área de congênitos, que pode abranger assuntos como a colo-cação de próteses em locais diversos, arté-ria pulmonar, coarctação de aorta, e vias de saída de ventrículo.

O passo seguinte será distribuir os programas pelo Brasil, de modo que atenda aos interesses dos sócios de di-versas áreas. “Não teria sentido fazer só no Sudeste ou no Sul do País”, diz Car-valho. “Vamos diversificar, de forma que contemple todas as regiões brasileiras

para oferecer oportunidades a todos os sócios das diversas áreas.”

A proposta da Sociedade, por meio da realização dos programas, é manter os esforços contínuos no intuito de me-lhorar a qualidade de seus profissionais. “Na área da hemodinâmica e cardiolo-gia intervencionista, a velocidade de mudança da tecnologia e dos equipa-mentos disponíveis é muito rápida”, afir-ma Carvalho. “De repente, surge uma nova tecnologia que poucos conhecem, e quem não estiver preparado ficará rapidamente defasado em relação aos demais profissionais.”

A oportunidade de participar do PEC é a chance que a SBHCI oferece a seus sócios para acompanhar discussões atuais de temas em desenvolvimento e com uso de material e equipamento atualizados. “É um beneficio grande que precisa ser preservado”, afirma o dire-tor, que pretende ainda atrair a atenção dos profissionais da cardiologia clínica, a fim de se estabelecer um intercâmbio com a hemodinâmica.

Manter a plataforma atrativa criada pela gestão anterior e estender o programa para todo o Brasil são as principais metas da Diretoria de Educação Médica Continuada

PEC 2010 NOVA GESTÃO

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Há muito o que fazer

Criada em 2004 com o intuito de for-talecer a defesa profissional, houve grande expansão de suas atividades

na última gestão, inclusive com a mudança do nome para Diretoria de Qualidade Pro-fissional. O resultado das ações das ges-tões anteriores foi reconhecidamente positi-vo e pesa sobre a Diretoria que ora assume a responsabilidade de manter esse padrão.

Realizaremos programas educativos so-bre os diversos temas de interesse, como proteção radiológica, remuneração e hono-rários médicos, relação com as operadoras de saúde e aposentadoria, entre outros, principalmente durante o Congresso da SBHCI e no Curso de Atualização.

Convidamos colegas das diversas regi-ões do País para atuarem como delegados, agregando experiências e conhecimentos diferentes. Os nomes já confirmados são: Marcelo de Freitas Santos (PR), Maurício Lopes Prudente (GO), João Batista Lopes Loures (MG) e Antenor Lages Fortes Por-tela (PI). Os colegas atuarão como con-sultores e também como representantes de suas respectivas regiões. Pretendemos montar um pequeno fórum de discussão sobre os assuntos mais relevantes e, a partir daí, programar nossas ações.

A comunicação eletrônica com os

sócios, por meio do portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) e de e-mails, será mantida e ampliada. As questões mais importantes, encaminhadas pelos sócios, serão analisadas e discutidas com os dele-gados, favorecendo respostas mais repre-sentativas. Estamos montando um banco de dados a partir dos e-mails encaminha-dos pelos sócios. Dessa forma, ao fim de seis meses poderemos analisar quais os assuntos mais frequentes, relacionando-os com as diversas regiões. Esse banco de dados também servirá como avaliação interna, controlando o tempo entre o re-cebimento da mensagem, a resposta e a finalização da comunicação.

A atual Diretoria considera a Classifi-cação Brasileira Hierarquizada de Proce-dimentos Médicos (CBHPM) o grande avanço na valorização da remuneração pelo ato médico. Somos seus defensores. Sabemos que sua utilização ainda não é total e que encontra várias restrições por parte de alguns convênios. Entretanto, mesmo quando não utilizada diretamen-te, deve servir como balizamento para a valorização dos honorários médicos. O momento é propício à CBHPM, com a instituição da Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS) pela Agência

Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que tem como base essa classificação. Estaremos atentos às discussões sobre a correção dos valores dessa classificação.

Atualmente, não se conhece a realidade brasileira no que se refere aos efeitos da ra-diação sobre os profissionais que trabalham em salas de hemodinâmica. Um projeto importante, sugerido inclusive pela Direto-ria anterior e que prontamente assumimos, é a promoção de discussões na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a eventual normatização específica para pro-teção radiológica nos serviços de hemodi-nâmica e cardiologia intervencionista. Esta-mos, inicialmente, mantendo contato com a CNEN para programarmos as ações.

O consentimento informado é um docu-mento importantíssimo para a segurança do cardiologista intervencionista e é obrigatório, pelo Código de Ética Médica, que o médico dê ao paciente toda a informação sobre seu tratamento. Recentemente, disponibilizamos no portal da SBHCI um modelo de con-sentimento informado para análise e opinião dos sócios. Após um período determinado, analisaremos todos os comentários e publi-caremos o texto final, como sugestão e reco-mendação da Sociedade.

Também é nossa meta promover pes-quisa e registro nacional de todos os serviços de hemodinâmica. A intenção é manter um cadastro nacional relacionan-do os sócios com os serviços existentes e publicando em nossa página eletrônica para consulta pública.

Temos muito trabalho pela frente e gos-taria de me apresentar e de me colocar à disposição dos sócios, tanto para esclarecer dúvidas como para receber sugestões e crí-ticas. Queremos manter nossa Sociedade voltada para o associado e, para tanto, ne-cessitamos da contribuição de todos. Posso garantir, em nome de todos os que integram a atual Diretoria, que a vontade de trabalhar é muito grande.

Em nome da Diretoria de Qualidade Profissional, Adriano Dias Dourado Oliveira apresenta seus planos para a gestão 2010-2011

[Adriano Dias Dourado Oliveira (BA), diretor de Qualidade Profissional]

NOVA GESTÃO QUALIDADE PROFISSIONAL

Promover representatividade é uma das metas de Adriano Dias Dourado Oliveira (BA).

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Há muito o que fazer Para continuar crescendo

Em 1993, a Diretoria da SBHCI, presidida por José Armando Man-gione (SP), criou a Central Na-

cional de Intervenções Cardiovascula-res, a CENIC. Tratava-se de um projeto embrião, que tinha o ambicioso objetivo de centralizar os dados de procedimen-tos intervencionistas realizados no Bra-sil. Nesses 17 anos que se passaram, a ambição foi, aos poucos e com muito empenho das Diretorias posteriores, se tornando algo concreto.

Hoje, temos registrados no banco de dados cerca de 247 mil procedimentos que nos permitem analisar o desempenho e a evolução da cardiologia intervencio-nista no Brasil desde o princípio até o sur-

gimento dos stents convencionais e dos stents farmacológicos. Fundamentados nos dados da CENIC, muitos estudos têm sido realizados com base no cruza-mento de dados e em informações cada vez mais consistentes. Os resultados vêm sendo divulgados em publicações de tra-balhos originais e em apresentações em congressos internacionais e nacionais.

A organização, a manutenção e a ad-ministração de um banco de dados com essas dimensões são tarefas grandiosas e complexas. Além de atualização e ma-nutenção tecnológica, é imprescindível considerar o aumento constante do rol de sócios da SBHCI e o crescimento vertiginoso do número de procedimen-

Vamos continuar alimentando o maior banco de dados sobre procedimentos de hemodinâmica e cardiologia intervencionista do Brasil[Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente]

CENIC NOVA GESTÃO

tos intervencionistas para que o siste-ma CENIC se mantenha nos padrões de excelência necessários. Para tanto destacamos os colegas Alexandre Zago (RS) e Silvio Gioppato (SP), que, sob a coordenação do professor Antônio Car-los Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada, trabalharão especi-ficamente nesse projeto.

Porém, todo o empenho da Diretoria jamais será suficiente se não encontrar apoio dos demais sócios. Somente assim, com uma SBHCI unida e disposta a tra-balhar para aprimorar a hemodinâmica e a cardiologia intervencionista brasileira, seguiremos encontrando o reconheci-mento tanto nacional como internacional.

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A manutenção do reconhecimentoOinício dos trabalhos da nova

equipe que atuará na área de doenças extracardíacas segue

no propósito de cumprir três objetivos primordiais, que visam a solidificar o espaço do cardiologista intervencionista em sua área de atuação.

O primeiro deles é a integração da área de coronária, a ponto de promo-ver seus simpósios conjuntamente com os eventos gerais da SBHCI – como o Congresso –, de maneira que a área de endovascular ganhe maior interesse por parte das pessoas que ainda não praticam a intervenção extracardíaca. Esse é o pensamento de Marco Vugman Wainstein (RS), diretor de Intervenções Extracardíacas da SBHCI. Para ele, a medida pode atrair a atenção de novos profissionais. “Ao perceberem e verem esse tipo de intervenção sendo realizado e apresentado concomitantemente com a doença coronária, mais cardiologistas intervencionistas podem se interessar em realizar procedimentos na área en-dovascular”, afirma. Para colocar o plano em prática, o diretor afirma que já foram realizadas algumas reuniões e feitas pro-

postas com as ideias iniciais, resultando em um pré-programa discutido com a Comissão Científica. “Em meados de fe-vereiro, nós estebelecemos o programa final com as palestras especificamente dedicadas à intervenção extracardíaca incluída no programa geral do Congres-so da SBHCI”, conta Wainstein.

O segundo objetivo caminha em con-sonância com a ideia de fazer o simpósio junto com o evento geral da SBHCI. A Diretoria pretende investir em uma divul-gação mais abrangente, com a intenção de facilitar o acesso a informações espe-cíficas e permitir maior conhecimento da área por parte de cardiologistas que ain-da não atuam nessa área. Um dos meios de aprimorar a formação desses profis-sionais é aproveitar a oportunidade para realizar exposição de casos e palestras no Congresso, e também pelo portal da SBHCI, por meio da publicação de ca-sos interessantes e de artigos científicos na área de intervenção extracardíaca. O intuito é estimular os sócios a com-partilhar sua experiência com os demais colegas. “Isso vai permitir que sócios interessados em fazer o procedimento

procurem colegas que já o fazem”, diz o diretor. “Assim, poderão fazer uma inte-gração e trabalhar junto com os colegas a fim de desenvolverem atividades espe-cíficas dessa área.”

O terceiro e último aspecto a ser tra-tado de prontidão pela Diretoria é a ma-nutenção da atuação dos cardiologistas intervencionistas na realização de proce-dimentos extracardíacos. Segundo Wains-tein, a questão da remuneração vem sendo trabalhada. “Já temos um grande avanço, uma vez que o Conselho Federal de Me-dicina reconheceu o cardiologista inter-vencionista como capacitado para fazer o procedimento”, diz. “Mas o SUS ainda não remunera adequadamente nossos profissionais.” Para o diretor, esse proces-so está em discussão em âmbitos maiores e, logo, deve-se chegar a um consenso. “Vamos contornar a situação de forma que possamos envolver a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, chegar a um acordo, e que todos os que sejam capaci-tados, independentemente da área de atu-ação, seja cirurgia ou cardiologia interven-cionista, possam executar o procedimento e ser remunerados adequadamente.”

A nova Diretoria de Intervenções Extracardíacas traçou três metas claras e objetivas e já está trabalhando firmemente para colocá-las em prática

NOVA GESTÃO INTERVENÇÕES EXTRACARDÍACAS

O Diretor de Intervenções Extracardíacas Marco Vugman Wainstein (RS) quer aproximar os médicos interessados na área extracardíaca para promover integrações e compartilhar conhecimentos.

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Objetivos e perspectivas a longo prazo

Anova Diretoria de Intervenções em Cardiopatias Congênitas, departamento da SBHCI que

trata dos defeitos congênitos, traçou al-gumas metas a serem desenvolvidas ao longo desta gestão, e, entre os princi-pais objetivos, pretende ampliar o espa-ço que os especialistas dessa área têm obtido dentro da Sociedade. De acordo com seu atual diretor, Francisco Chamié (RJ), a especialidade tem crescido muito nos últimos anos, com o surgimento de novos métodos. “Existem vários proce-dimentos que já fazemos rotineiramente, e vários outros que estão começando a surgir agora, como a oclusão do apên-dice atrial.” Sinal de que a indústria está investindo, finalmente, depois de tantos anos, na área de defeitos congênitos, criando próteses específicas e investin-do nos profissionais da área. “É um mo-

mento mágico, a gente não pode deixar passar”, afirma Chamié.

Paralelamente à conquista de espaço dentro da Sociedade, a Diretoria pretende estabelecer o tipo de formação que o es-pecialista em defeitos congênitos precisa ter para ser habilitado a realizar tais pro-cedimentos. É comum profissionais que se originaram da cardiologia clínica, e até mesmo pediatras, que de alguma maneira desenvolveram habilidades em hemodinâ-mica, passarem a se dedicar ao tratamento dos defeitos congênitos. Sendo assim, é de extrema importância que esses profissio-nais tenham os pré-requisitos mínimos para constituir uma base teórica sólida sobre anatomia, fisiologia e clínica dos defeitos congênitos, entre outras opções de ano-malias e de defeitos estruturais, que devem ser tratados com conhecimento de causa. “Nossa ideia não é excluir ninguém”, diz o

diretor. “Nós apenas queremos que as pes-soas sejam adequadamente treinadas para fazer isso, e cabe a nós, especialistas da área, estabelecer esse currículo mínimo.”

Outra proposta da nova gestão é ela-borar as Diretrizes do tratamento per-cutâneo dos defeitos congênitos. Até o momento, não há um documento oficial que dê sustentação científica e emba-samento técnico para os procedimen-tos na área. As Diretrizes serão produ-zidas a partir dos dados da literatura médica vigente e do consenso de es-pecialistas do setor. Elas servirão para orientar as decisões dos novos profis-sionais e balizar a atuação de segura-doras e convênios. Segundo Chamié, é importante que o consenso dos espe-cialistas oriente e indique o tratamen-to adequado dos defeitos congênitos, uma vez que o número reduzido desses casos impede a existência de trabalhos randomizados, duplo-cegos, controla-dos, com poder estatístico capaz de gerar as evidências científicas que nos são solicitadas. “Vamos nos basear nos estudos de séries de casos e na opi-nião dos especialistas de notório saber da área”, afirma o diretor. “As Diretrizes vêm suprir a ausência de guidelines e terão a chancela da SBHCI e da SBC.”

Outra proposta dessa Diretoria é criar um Registro Nacional das Intervenções em Defeitos Estruturais e Congênitos. “Vamos pedir aos colegas que enviem seus procedimentos, os quais ficarão arquivados na SBHCI e estarão dispo-níveis quando um colega necessitar dar uma aula no exterior, por exemplo. Assim ele vai poder falar baseado em uma ex-periência brasileira, e não apenas em sua experiência individual”, diz Chamié.

Dar continuidade ao processo de integração dos profissionais da área à SBHCI, elaborar Diretrizes e criar o Registro Nacional de Intervenção dos Defeitos Estruturais e Congênitos são algumas das propostas da nova Diretoria

Francisco Chamié (RJ), diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas da SBHCI

A manutenção do reconhecimento

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS NOVA GESTÃO

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Direto de Orlando

No congresso da American He-art Association (AHA), ocor-rido em novembro de 2009,

relevantes trabalhos para nossa espe-cialidade foram apresentados e estão destacados na cobertura feita pela SBHCI. Aqui, ressaltamos alguns re-sultados e deixamos o convite para que visitem o portal da Sociedade (www.sbhci.org.br), onde pode ser encontra-da a cobertura completa.

1. EXPIRA Trial

(Impact of Thrombectomy with EXPort catheter in Infarct Related Artery Trial – Autor: Genaro Sardella)1

2. FRANCE Registry

(FRench Aortic National Corevalve and Edwards Registry – Autora: Hélene Eltchninoff)4

Explorando o recorrente tema da tromboaspiração no infarto do mio-cárdio, esse estudo italiano unicên-trico e prospectivo randomizou 175 pacientes com infarto agudo do mio-cárdio com supradesnivelamento do segmento ST, na proporção de 1:1. Seus resultados apontaram na mesma direção do estudo TAPAS2, reforçan-do o potencial benefício da utilização de dispositivos para aspiração intra-coronária de trombo no âmbito da an-gioplastia primária e corroborando a

O emergente emprego de implante transcateter de prótese aórtica fornece relevância a esse registro francês. Multi-cêntrico e prospectivo, mas com o viés da não-randomização, envolve o implante dos dois tipos de endoprótese conhecidos, a bioprótese CoreValve (autoexpansível) e

a válvula Edwards Sapien (expansível por balão), com previsão de acompanhamen-to tanto clínico como ecocardiográfico por três anos. Os resultados dos primeiros seis meses foram apresentados no congresso da AHA, em 2009.

Os três principais critérios de inclusão

foram: estenose aórtica grave (área valvar < 0,6 cm²/m²), sintomas graves (New York Heart Association > 2) e alto risco cirúrgi-co (Logistic EuroSCORE > 20%, STS > 10% ou contraindicação à cirurgia).

Os objetivos foram:- primário: mortalidade em 30 dias;

recomendação das diretrizes de nossa Sociedade, que indicam como classe

ATC = angioplastia transluminal coronária; ECAM = eventos cardiovasculares adversos maiores.

I IA a tromboaspiração na angioplastia primária3.

O Congresso 2009 da American Heart Association (AHA) foi realizado em novembro, na cidade americana de Orlando, na Flórida. O colega soteropolitano Flávio Oliveira apresenta o resumo do evento.

ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA AHA 2009

[Flávio Oliveira (BA), editor]

Trombectomia + ATC primária

ATC primária sem trombectomia

Valor de P

“Blush” 3 76,3% 32,4% < 0,0001

Resolução de ST 80% 37,5% < 0,01

Mortalidade em dois anos 0% 6,8% < 0,0001

ECAM em dois anos 4,5% 13,6% 0,05

O pôr do sol foi um espetáculo à parte para quem participou do AHA 2009 na cidade de

Orlando (Flórida, Estados Unidos).

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Direto de Orlando

3. ESTUDOS COM NOVOS ANTIPLAQUETÁRIOS

Idealmente, um agente para bloqueio do receptor de ADP P2Y12 deveria ter ação potente de início rápido, além de ser rapi-damente reversível, diminuindo os riscos de trombose, mas sem aumentar os riscos de sangramento, suplantando, dessa forma, as limitações dos tienopiridínicos. Nesse vácuo surgiram dois bloqueadores não-tienopiridí-nicos potentes, de início de ação rápida, por se apresentarem já na forma ativa, e rever-síveis: o ticagrelor, de administração oral, e o cangrelor, de administração endovenosa.

No congresso da AHA foram apresenta-dos os resultados dos principais estudos en-volvendo as duas drogas: PLATO-STEMI, referente ao ticagrelor5-7, e CHAMPION-PCI e CHAMPION-PLATFORM, relativos ao cangrelor8,9.

O PLATO-STEMI envolveu mais de 8 mil pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de segmento ST e encaminhados para angioplastia primária, randomizados em dois grupos: ticagrelor

Referências1. Sardella G. Impact of Thrombectomy with EXPort catheter in Infarct Related Artery – EXPIRA Trial. AHA, 2009. Disponível em: http://www.sbhci.org.br/news_cobertura/boletim_aha09.2. Vlaar PJ, Svilaas T, van der Horst IC, Diercks GFH, Fokkema ML, de Smet BJGL, et al. Cardiac death and reinfarction after 1 year in the thrombus aspiration during percutaneous coronary intervention in acute myocardial infarction study (TAPAS): a 1-year follow-up study. Lancet. 2008;371(9628):1915-20.3. Mattos LA, Lemos Neto PA, Rassi A Jr, Marin-Neto JA, Sousa AGMR, Devito FS, et al., editores. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia – Intervenção Coronária Percutânea e Métodos Adjuntos Diagnósticos em Cardiologia Intervencionista (II Edição – 2008). Arq Bras Cardiol. 2008;91(6 Supl 1):1-58.4. Eltchninoff H. FRANCE Registry (FRench Aortic National CoreValve and Edwards Registry). AHA, 2009. Disponível em: http://www.sbhci.org.br/news_cobertura/boletim_aha09.5. Wallentin L, Becker RC, Budaj A, Cannon CP, Emanuelsson H, Held C, et al.; PLATO Investigators. Ticagrelor versus clopidogrel in patients with acute coronary syndromes. PLATO Trial. N Engl J Med. 2009;361:1045-57.6. Cannon CP, Harrington RA, Wallentin L; PLATelet inhibition and patient Outcomes Investigators. Comparison of ticagrelor with clopidogrel in patients with a planned invasive strategy for acute coronary syndromes (PLATO): a randomised double-blind study. Lancet. 2010 Jan 23;375(9711):283-93. Epub 2010 Jan 13. PMID: 200795287. Steg PG. PLATO-STEMI. AHA, 2009. Disponível em: http://www.sbhci.org.br/news_cobertura/boletim_aha09.8. Bhatt D. CHAMPION-PLATFORM. AHA, 2009. Disponível em: http://www.sbhci.org.br/news_cobertura/boletim_aha09.9. Harrington RA. CHAMPION-PCI. AHA, 2009. Disponível em: http://www.sbhci.org.br/news_cobertura/boletim_aha09.10. Harrington RA, Stone GW, McNulty S, White HD, Lincoff A|M, Gibson CM, et al. Platelet Inhibition with Cangrelor in Patients Undergoing PCI (CHAMPION PCI). N Engl J Med. 2009;361(24):2318-29.

e clopidogrel. Os resultados de 12 meses demonstraram evolução mais favorável do grupo ticagrelor, com redução significativa de eventos combinados (mortalidade car-diovascular, infarto e acidente vascular ce-

dade em termos de eficácia e segurança com o emprego dessa droga em comparação ao uso isolado do clopidogrel. Mas aspectos dos desenhos desses estudos não permi-tem descartar essa alternativa e deixam em

rebral – end-point primário) e de trombose intrastent, sem aumento de sangramento global, sendo 59 o número necessário a tra-tar para evitar end-point primário.

Quanto ao cangrelor, com os estudos CHAMPION não se comprovou superiori-

aberto a possibilidade de novos estudos, com cenários mais adequados (maior duração de infusão, infusão mais precoce, transição para bloqueadores P2Y12 orais mais adequada e associação com bloqueadores orais mais eficazes, como o próprio ticagrelor).

- secundários: mortalidade, eventos car-diovasculares adversos maiores, e dados hemodinâmicos e de qualidade de vida, todos aos três anos.

Foram realizadas análises de acordo com o tipo de prótese e a via de acesso.

O implante foi bem-sucedido em 97% dos casos. A tabela ao lado mostra os prin-cipais resultados em 30 dias.

Análise multivariada identificou ante-cedente de cirurgia de revascularização miocárdica e EuroSCORE > 25 como preditores independentes de mortalidade em 30 dias.

Em seis meses, a sobrevida foi de 76,9% entre os 111 pacientes com segui-mento completo, sem diferenças entre os

dois grupos, e de 86% entre os pacientes que estavam em classes funcionais 1 e 2 (New York Heart Association).

Observou-se, ainda, significativa que-da imediata do gradiente transvalvar, com manutenção do resultado em seis meses (10,6 + 3,8 mmHg). Esses resultados,

embora com as limitações desse tipo de estudo, são estimulantes e aceitáveis para esse grupo de alto risco, e, exceto pela maior necessidade de marca-passo e de transfusão no grupo CoreValve, foram si-milares entre os dois tipos de válvula. No Brasil, apenas a CoreValve está disponível.

Total Edwards TF

CoreValve TF Edwards TA CoreValve

SCValor de P

Mort. 30 dias 12,7% 8,4% 15,1% 16,9% 8,3% 0,32

Novo Marca-passo 11,8% 5,3% 27,2% 4,2% 25% < 0,001

Transfusão 21,3% 8,4% 13,6% 27,4% 83,3% < 0,001

End-point Ticagrelor (n = 4.201)

Clopidogrel (n = 4.229) HR Valor

de P

MortalidadeCV/IM/AVC 9,3% 11% 0,85

(0,74-0,97) 0,02

Sangramentomaior 9,0% 9,3% 0,96

(0,83-1,12) 0,63

Trombose intrastent

(ARC)3,2% 4,4% 0,73

(0,56-0,94) 0,02

Mort. = mortalidade; SC = acesso pela via subclávia; TA = transapical; TF = transfemoral.

AVC = acidente vascular cerebral; CV = cardiovascular; HR = hazard ratio; IM = infarto do miocárdio; n = número de pacientes.

Page 22: Jornal da SBHCI

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ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA JIM 2010

O estado da arte

Neste ano de 2010, os organizado-res do Joint Interventional Meeting (JIM) comemoraram o 10o aniver-

sário do evento, mantendo as características principais desde sua criação. Realizado en-tre os dias 11 e 13 de fevereiro em Roma, na Itália, o encontro promoveu transmissões ao vivo, diretamente de centros intervencio-nistas de primeira linha, de casos avançados e discutiu a essência do que existe de mais

atual na cardiologia, ou seja, o suprassumo em determinados assuntos, geralmente os mais controversos de nossa área.

O embrião desse importante congresso da cardiologia intervencionista foi gerado no Curso de Milão, Itália, um pequeno simpósio promovido pelo Centro Cuore Columbus e pelo San Raffaele Hospital, que acontecia há cerca de uma década no Hotel Miche-langelo de Milão, sob a coordenação do

cardiologista italiano Antonio Colombo. As transmissões dos casos ao vivo eram es-petaculares, nas quais Colombo mostrava suas habilidades inquestionáveis e, muitas vezes, técnicas agressivas e seguras, além de apresentar materiais inovadores em to-das as áreas abordadas.

Nessa época, o número de participantes ainda era pequeno. Todavia, esse simpó-sio, pela sua singularidade, teve a audiência

A décima edição do Joint Interventional Meeting (JIM) destacou demonstrações ao vivo dos principais centros intervencionistas do mundo e a valorização de conferências sobre o estado da arte dos principaisaspectos de nossa especialidade

Fontana di Trevi, parada obrigatória para quem vai a

Roma (Itália)

[Décio Salvadori Jr. (SP), chefe da Equipe de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Instituto de Cardiologia de São Paulo e membro da Comissão Permanente de Certificação de Título de Especialista da SBHCI]

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O estado da arte progressivamente aumentada, associada a significativa redução de simpósios menores, semelhantes aos de Milão, que ocorriam em outros centros da Europa. Após algumas fu-sões, surgiu, em Roma, no ano de 2001, o fabuloso e atual JIM.

Desde o primeiro ano, Antonio Colombo encabeça a comissão organizadora, em par-ceria com Eberhard Grube (Alemanha), ou-tro expoente cardiologista intervencionista, muito conhecido dos brasileiros. Eles partici-pam ativamente de todos os casos apresen-tados, com suas respectivas equipes. Como moderadores e codiretores do evento, parti-ciparam também desta última edição os car-diologistas intervencionistas Martin B. Leon (Estados Unidos), Greg Stone (Estados Uni-dos), Carlo di Mario (Itália), Jeffrey Moses (Estados Unidos) e, entre outros, Alexandre Abizaid (SP), principal representante brasi-leiro da cardiologia intervencionista da Amé-rica do Sul e sempre muito respeitado nos diferentes simpósios internacionais.

Os diretores do JIM realizam o encontro junto com diversas outras sociedades de especialidades intervencionistas, de várias partes do mundo, como Sociedade Latino- Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e Centre for Clinical Trials, da China, divulgando técnicas atuais e inova-doras empregadas nas soluções terapêuti-cas dos casos ao vivo. Tive a felicidade de participar da maioria desses simpósios, mas especificamente neste ano, sob a neve de Roma, tivemos uma programação especial. Foram feitas transmissões ao vivo a partir dos seguintes centros: Centro Cuore Co-lumbus e San Raffaele Hospital (Milão, Itá-lia); Helios Heart Center (Siegburg, Alema-nha); e Royal Brompton & Harefield NHS Trust (Londres, Inglaterra). Foram apresen-tados casos complexos e avançados de co-ronariopatias, muita terapêutica de doenças valvares em adultos e estruturais cardíacas, bem como casos selecionados de interven-ções periféricas.

As imagens foram transmitidas em gran-des telões, em um espaçoso anfiteatro, en-quanto o moderador responsável discutia interativamente com os operadores e com outros especialistas dos mais renomados centros de cardiologia do mundo. Durante as demonstrações de complexos casos ao vivo, as dificuldades técnicas são minimiza-das pela habilidade ímpar dos operadores, permitindo o aprendizado das soluções e os cuidados com as complicações.

Momento raro, o pórtico do JIM 2010 sem o vaivém dos congressistas.

Auditório repleto foi uma das marcas de sucesso do evento europeu.

Martin B. Leon (Estados Unidos), um dos coordenadores dos casos

apresentados ao vivo durante o congresso.

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ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA JIM 2010

O JIM é inovador, possibilitando o apren-dizado de novos procedimentos e o co-nhecimento de materiais a serem libera-dos futuramente para uso em nosso meio. Sua contribuição tem sido vasta para a melhoria da eficácia e da segurança das terapêuticas percutâneas das afecções cardíacas e extracardíacas. Os organiza-dores ainda conseguem a presença de intervencionistas dos mais diversos paí-ses, o que contribui para a divulgação de diretrizes e de novas tecnologias.

Ao escrever este texto sobre a história do JIM, honestamente perguntei-me o que deveria fazer para não deixar transparecer, durante o relato sobre o evento científico, minha paixão por Roma e pela Itália. Trata-se de uma pergunta difícil, pois é impossí-vel! Transferido em 2001 para Roma, a “Cidade Eterna”, com atrações turísticas extraordinárias e abundantes e onde cada rua, esquina ou palácio revela uma história empolgante, muitas vezes milenar, o que tor-na essa cidade inigualável, o congresso ga-nhou um cenário fantástico. A cidade possui ainda toda a infraestrutura necessária para a realização de um grande evento científico, com rede hoteleira excelente, incontáveis restaurantes e tratorias, e muito lazer, o que facilita a estratégia de organização. Por fim, Roma é Roma.

Antes de retornar para o Brasil, Décio Salvadori (SP) registrou

sua passagem pela Praça de São Pedro, em frente à Basílica

de São Pedro, no Vaticano

A equipe de Antonio Colombo transmitiu a intervenção realizada no San Raffaele Hospital, em Milão (Itália).

Expedito Ribeiro (SP) estava entre os comentaristas da mesa de um dos casos ao vivo

realizados no San Raffaele Hospital, em Milão (Itália).

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ENTREVISTA JORGE ILHA GUIMARÃES SBC

Crescimento acelerado

Recém-empossado presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o gaúcho Jorge Ilha Guimarães apresentou seus planos com exclusividade ao Jornal da SBHCI

[Luciana Constant Daher (GO), editora]

N o dia 18 de dezembro de 2009, Jorge Ilha Guimarães tomou posse como novo pre-

sidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), na sede da Asso-ciação Nacional de Medicina (ANM), no Rio de Janeiro (RJ). Nascido em

Porto Alegre (RS), é formado pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande e fez residência em cardiolo-gia no Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. Autor de ao menos uma centena de estudos publicados, sempre exerceu atividade clínica voltada para

a iniciativa privada e para as entidades associativas ligadas à cardiologia.

Sua vida societária teve início em 1992. Jorge Ilha Guimarães presidiu a Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul e o Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovas-

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SBC ENTREVISTA JORGE ILHA GUIMARÃES

cular (DERC) da SBC. Foi coorde-nador e editor dos suplementos dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, coordenou o trabalho de preparação de 58 diretrizes da entidade e atuou, inclusive, como representante da car-diologia do Brasil na União das Socie-dades de Cardiologia da América do Sul (USCAS).

Há cerca de dois anos, pensava em se afastar da SBC para deixar que co-legas mais novos ocupassem lugares de destaque nessa Sociedade. Seus planos não deram certo. Estimulado por amigos e colegas, tornou-se can-didato e foi eleito presidente da SBC, com um projeto de gestão que dará continuidade ao crescimento acelerado da entidade que os cardiologistas vêm acompanhando nos últimos anos.

Como surgiu o interesse e a oportunidade para se candidatar à Presidênciada SBC?

Depois de longos anos trabalhando na SBC, pensava que estava na hora de me afastar e dar espaço para novas lideranças. Mas sofri enormes pres-sões, principalmente de meu Estado, do Departamento de Ergonomia e Re-abilitação Cardiovascular (DERC) e de meus amigos, para me candidatar à Presidência. Pensando que a SBC es-tava madura para novos programas, e entendendo que havia oportunidade de desenvolvermos mais um pouco nossa Sociedade, resolvi trabalhar por mais estes dois anos.

Quais seus principais objetivos e metas à frente da SBC?

Temos uma Sociedade forte, estrutura-da, modelo para as demais, mas ainda há muito a ser feito. Entre nossos ob-jetivos principais estão:• Registros: construímos as Diretri-zes, agora necessitamos saber qual é

a prática clínica em nosso País. Uma Sociedade com o tamanho da nossa deve ter seus registros, seus dados, que orientarão desde a educação con-tinuada até políticas de governo.• Ações sociais: uma Sociedade com a grandeza da nossa deve ter ações sociais, precisa atuar com impacto na sociedade civil em que está inserida e fazer o conhecimento científico chegar à população.• Inclusão do jovem cardiologista: uma sociedade precisa se renovar, precisa da força do jovem, de seus sonhos. Vamos desenvolver um agres-sivo programa de inclusão do jovem.• Relações governamentais: precisa-mos trabalhar com o governo para que nossos conhecimentos atinjam a popu-lação, para que nossas ações tenham maior impacto na comunidade, enfim, para que nosso povo tenha melhor saúde cardiovascular.• Pesquisa: o objetivo será desenvol-ver o tema em nosso País, principal-mente capacitando novos centros a realizarem pesquisas. Para tanto, já estamos desenvolvendo um programa com a Duke University (Carolina do Norte, Estados Unidos), que treinará novos centros no Brasil.

Como a SBHCI e os cardiologistas intervencionistas podemcolaborar para o crescimento e o fortalecimento ainda maior da SBC?

A cardiologia intervencionista é uma das áreas que mais desenvolvem o conhecimento científico, estando hoje na vanguarda do conhecimento. Isso mostra o contexto do cardiologista intervencionista na SBC. Precisa-mos da organização, do conhecimen-to e da ajuda dessa importante área. Para tanto, convidei dois cardiologis-

tas intervencionistas para integrar a atual Diretoria da SBC: Luiz Alberto Mattos (SP), ex-presidente da SBH-CI, para coordenar os Registros Bra-sileiros, e José Carlos Brito (BA), para a importante Diretoria de Quali-dade Assistencial.

Como o senhor pretende atuar para contemplar os anseios das sociedadesregionais e manter a SBC unida?

De fato existe enorme diversidade en-tre as sociedades regionais. Estamos fazendo um trabalho muito intenso para aproximar todas as sociedades estaduais para o centro de decisões da SBC. Todos os programas serão realizados com as regionais, com as quais temos um programa específico de desenvolvimento. Acho que a pala-vra correta seria inclusão.

Como pretende avançar nas ações ligadas aos órgãos governamentais?

Aqui a parada é muito dura. Convo-camos todos os colegas que exercem cargos em órgãos governamentais para nos auxiliar na aproximação com o governo. Inclusive nosso diretor da área é José Wanderley Neto, vice-governador de Alagoas. Em nossa história recente temos sido muito bem tratados sempre que procuramos o governo. Chegamos a assinar um tra-tado de cooperação, mas muito pouco acontece. Teremos de descobrir os caminhos entre o discurso e a práti-ca, talvez entre o primeiro e o terceiro escalões.

A elaboração das Diretrizes Brasileiras de Cardiologia o aproximou dos departamentos da SBC de todo o País. Acredita que isso capacita

“Convocamos todos os colegas que exercem cargos em órgãos governamentais para nos auxiliar na

aproximação com o governo.”

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a Sociedade à criaçãodos Registro s Brasileiros, que afirmou serseu grande projeto?

Sim, com certeza. O modelo das Dire-trizes será a base para o modelo dos Registros. Mas fazer Registro é mais difícil do que fazer Diretriz.

Antonio Carlos Palandri Chagas (SP), presidente da SBCna gestão 2008-2009, investiu muito na internacionalização da SBC. O senhor pretende dar sequência a esse trabalho?

Vamos continuar desenvolvendo nossas relações internacionais. Vamos manter as prioridades anteriores, como Ameri-can College of Cardiology (ACC), Eu-ropean Society of Cardiology (ESC) e Portugal. Mas, também, já contatamos a American Heart Association (AHA) para desenvolvermos programas e joint sessions científicas e estamos nos apro-ximando mais da América Latina. Cria-mos um segundo Congresso Brasileiro, que será pequeno, por ora, focado em prevenção, para o qual estamos con-vidando as maiores autoridades cientí-ficas ligadas à prevenção. O nome do evento será BrasilPrevent. Dessa for-ma, o cardiologista brasileiro poderá se atualizar nessa importante área com os melhores especialistas do mundo, sem sair do País.

Como o senhor gostaria de ser reconhecido ao fim de sua gestão como presidente da SBC?

Esta também é difícil. Acho que gos-taria de ser citado como um presiden-te que trabalhou, se esforçou, sonhou com uma SBC ainda maior e melhor. E que não perdeu seus amigos.

“O modelo das Diretrizes será a base para o modelo dos Registros. Mas fazer Registro

é mais difícil do que fazer Diretriz.”

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PANORAMA SYNTAX

O estudo SYNTAX mudou sua conduta na indicação de um procedimento de revascularização miocárdica?

A presentado em setembro de 2008 no Congresso da Sociedade Euro-peia de Cardiologia em Munique,

na Alemanha, e publicado recentemente*, o robusto ensaio clínico SYNTAX, que com-para o uso dos stents farmacológicos com a cirurgia de revascularização em pacientes com doença coronária multiarterial e/ou le-são de tronco de artéria coronária esquer-da, vem provocando diferentes reações e

interpretações. Mesmo que seus resultados tenham confirmado a superioridade da ci-rurgia de revascularização do miocárdio em pacientes de maior complexidade ana-tômica e risco, evidenciando vantagem ou equivalência da estratégia percutânea nos pacientes de médio e baixo riscos, tornou-se foco de novos estudos, discussões e de-bates acalorados.

Diante dessa controvérsia, convidamos

seis cardiologistas renomados para respon-derem à pergunta: O estudo SYNTAX mudou sua conduta na indicação de um procedimento de revascularização miocárdica?

* Serruys PW, Morice MC, Kappetein AP, Colombo A, Holmes DR, Mack MJ, Ståhle E, Feldman TE, van den Brand M, Bass EJ, Van Dyck N, Leadley K, Dawkins KD, Mohr FW; SYNTAX Investigators. Percutaneous coronary intervention versus coro-nary-artery bypass grafting for severe coronary artery disease. N Engl J Med. 2009 Mar 5;360(10):961-72.

Seis cardiologistas renomados foram convidados para responder à questão

Áurea Jacob Chaves (SP) Editora da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva

Sim. O SYNTAX me fez incluir as lesões de tronco de co-ronária esquerda (TCE) dentro do amplo espectro de tra-tamento da intervenção coronária percutânea. Na fase atual das evidências, aos dois anos de acompanhamento clínico dos pacientes do estudo, alguns cuidados são necessários a meu ver.Os procedimentos devem ser realizados por operadores ex-perientes e somente devem ser abordadas lesões isoladas de TCE que não envolvam a bifurcação. Lesões em bifur-cações são tecnicamente complexas, com resultados ainda

não perfeitos, e o TCE é localização que não permite erros.A escolha do stent e a técnica de implante também são fa-tores muito importantes a serem considerados. Opto por stents com perfis de segurança e eficácia já extensamente avaliados, como aqueles que venceram o crivo do Food and Drug Administration (FDA), preferencialmente os que exi-bam maior poder de inibição da hiperplasia intimal. E todo o procedimento deve ser guiado pelo ultrassom intracoronário, desde a avaliação inicial da lesão (extensão da lesão, diâme-tro real do vaso, calcificação) até o controle pós-implante, para assegurar a expansão ótima da prótese e a aposição completa das hastes na parede do vaso, minimizando, assim, a possibilidade de trombose do stent.Por último, a avaliação do paciente pré-procedimento deve ser rigorosa, tanto com a finalidade de excluir afecções que facilitam sangramentos como para assegurar a aderência do paciente à terapêutica antiplaquetária dupla por pelo menos um ano. Além de anamnese e exame clínico completos, exa-mes simples como hemograma, urina tipo I e pesquisa de sangue oculto nas fezes ajudam a detectar pacientes com doenças ocultas do trato gastrointestinal e urinário com maior risco de sangramento. Nesses pacientes o tratamento cirúrgico permanece como primeira opção.

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Luiz Antonio de Almeida Campos (RJ) Diretor científico da SBC (gestão 2008-2009)

No que tange a seu desenho e execução, por se tratar de estudo multicêntrico e randomizado, o SYNTAX agrega indubitável valor à prática clínica, representando nível de

evidência B – pelos critérios da prática clínica baseada em evidências. Minha análise mais profunda recai sobre o escore SYNTAX, um exemplo de regra de predição clí-nica baseada em dados de anatomia coronária. Esse es-core foi derivado de classificações prévias publicadas na literatura. O desenho do estudo SYNTAX previa valida-ção do escore em três fases: na alocação dos pacientes e nos seguimentos precoce de 30 dias e tardio de 1, 3 e 5 anos. Até o momento, apenas a performance desse escore prognóstico foi validada em populações incluídas em dois estudos multicêntricos: SYNTAX e ARTS, de-monstrando boa capacidade preditiva, em relação a es-cores prévios. Entretanto, a utilidade do escore, ou seja, o impacto clínico de seu uso na prática ainda não foi validado, o que limita seu emprego rotineiro para tomada de decisão individualizada.

Anis Rassi Jr. (GO) Diretor científico do Anis Rassi Hospital

Os resultados do estudo SYNTAX têm sido motivo de eu-foria tanto para os cirurgiões cardíacos quanto para os cardiologistas intervencionistas. Os primeiros comemo-ram o fato de a taxa de eventos relacionada ao desfecho primário [combinação de óbito, infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e necessidade de nova revascularização], ao final de um ano de seguimento, ter sido significati-vamente menor no grupo cirúrgico (12,4% vs. 17,8%; P = 0,002), às custas principalmente de menor taxa de novas revascularizações (5,9% vs. 13,5%; P < 0,001). Já os cardiologistas intervencionistas celebram o fato de a taxa de eventos relacionada a desfechos mais consisten-tes (combinação de óbito, infarto ou AVC) ter sido similar

entre os dois grupos (7,6% no grupo tratado com stent farmacológico vs. 7,7% no grupo cirúrgico; P = 0,98) e de a taxa de AVC ter sido menor (0,6% vs. 2,2%; P = 0,003) no grupo tratado com o stent Taxus®. Vale ressaltar que não houve diferença estatisticamente sig-nificante quanto às taxas de óbito (4,4% vs. 3,5%; P = 0,37) e de infarto (4,8% vs. 3,3%; P = 0,11) entre os grupos intervencionista e cirúrgico. Visto sob esse pris-ma (cirurgia cursando com menor risco de reintervenções, mas com maior risco de AVCs), minha preferência seria pela angioplastia. Entretanto, como a redução absoluta de risco de AVC pró-stent (1,6%) foi bastante semelhante à redução absoluta de risco de infarto pró-cirurgia (1,5%) e como a redução absoluta de risco de óbito pró-cirurgia (0,9%) não foi desprezível, caso os autores tivessem ava-liado o desfecho combinado óbito/infarto certamente este seria favorável à cirurgia. Ou seja, o excesso de AVCs com a cirurgia é compensado por menor taxa de óbito/infarto, daí o porquê de não haver diferença relacionada ao desfecho combinado de óbito, infarto ou AVC. Dessa forma, esses resultados preliminares, em seu todo, são mais favoráveis à cirurgia, e caso se consiga operar com mortalidade tão baixa quanto a praticada no SYNTAX a cirurgia deve ser considerada o tratamento de escolha (entre as duas opções) para pacientes triarteriais ou com lesão de tronco de coronária esquerda.

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Professor associado doutor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), professor da pós-graduação em ciências da saúde da UFG e coordenador da Liga de Hipertensão Arterial

Professor titular de cardiologia da Escola Médica de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Paulo César B. Veiga Jardim (GO)

Não. O estudo SYNTAX veio reforçar minha conduta. Em lesões complexas de artérias coronárias (multiarteriais, lesão de tron-co) indico prioritariamente o procedimento cirúrgico. Os dados disponíveis na literatura, até então, mostravam que a cirurgia, nesses casos, produz melhores resultados nos desfechos prin-cipais. No estudo SYNTAX não foi diferente. A pesquisa que vi-sava demonstrar não-inferioridade da angioplastia em relação à cirurgia não atingiu esse objetivo. Aos 12 meses, a incidência de evento cardíaco maior ou de eventos cerebrovasculares (objetivo primário) foi menor no grupo cirúrgico (12,4% vs. 17,8%; P = 0,002). É claro que em casos selecionados (comorbidades), em que a cirurgia implica maior risco ou recusa do paciente, a revas-cularização por angioplastia tem minha indicação.

Roberto Bassan (RJ)

Minha resposta sucinta é não. Esta se alicerça nas seguintes considerações:1) O SYNTAX utilizou pacientes com doença coronária trivas-cular (obstrução maior que 50%, e não 70%) e/ou de tronco de artéria coronária esquerda, dos quais cerca de 15% eram assintomáticos e cerca da metade tinha angina estável, cuja classe funcional não foi informada assim como não foi infor-mado se estavam em uso de terapia farmacológica otimizada antes da cinecoronariografia (alguns dados do artigo indicam que não).2) Não se sabe também quantos pacientes fizeram algum teste de estresse antes da cinecoronariografia e qual a classi-ficação de risco daqueles que fizeram o teste (não era critério de inclusão).3) Importante disfunção ventricular esquerda era praticamen-te inexistente.Esses dados apontam para o fato de que muitos pacientes do estudo não eram de alto risco de eventos coronário ou cardiovascular (apesar da anatomia potencialmente grave). Ou seja, muitos provavelmente não seriam os melhores can-didatos para se beneficiarem com qualquer forma de revas-

cularização miocárdica.Na doença coronária estável, as diretrizes do American Col-lege of Cardiology/American Heart Association (ACC/AHA), da European Society of Cardiology (ESC) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomendam revasculariza-ção miocárdica cirúrgica (Classe I) nos pacientes com lesão de tronco ou nos trivasculares. O nível de evidência é A, ba-seado nos ensaios clínicos dos anos 70 e 80 comparando os tratamentos médico e cirúrgico, apesar de estudos mais re-centes mostrarem resultado neutro em relação ao tratamen-to médico nas taxas de mortalidade e infarto dos pacientes trivasculares (e até mesmo na lesão de tronco).Recentemente, o documento Appropriateness Criteria for Revascularization do ACC/AHA/Society for Cardiovascular Angiography and Interventions (SCAI) julga como incerto o papel da revascularização em pacientes trivasculares assin-tomáticos ou classe funcional I-II e classificados como baixo risco em teste de estresse.Dessa forma, não é de todo surpreendente que o estudo SYNTAX tenha mostrado resultados neutros ou quase se-melhantes entre a angioplastia e a cirurgia. Entretanto, se a seleção dos pacientes tivesse sido feita antes da cinecorona-riografia (e não após), valorizando a gravidade clínica junto com a anatomia e não somente a luminologia, o resultado poderia ser outro. A ausência de vantagem entre os dois tratamentos pode ser decorrente desse importante viés de seleção do estudo. Em resumo, o SYNTAX não deve mudar a prática clínica e ratifica o conceito de que ambas as formas de revasculari-zação miocárdica beneficiam preferencialmente os pacientes com angina estável de não baixo risco, risco esse aferido pelo conjunto de dados clínicos (classe funcional e resposta aos fármacos otimizados), funcionais (isquemia e contratilidade ventricular) e anatômicos coronários. NO PAIN, NO GAIN

PANORAMA SYNTAX

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Aydano Marcos Pinheiro (PE) Coordenador da Unidade Coronária do Hospital Esperança

Trata-se de um estudo bem conduzido, de grande relevância para a comunidade cardiológica. Acredi-

to que o estudo SYNTAX, diante de sua importância, proporciona ao clínico grande reflexão na tomada de decisões terapêuticas. Considerando a complexidade dos pacientes estudados, sobretudo por suas diferen-tes características angiográficas, foi observado que a cirurgia de revascularização miocárdica se mostrou mais eficaz, com porcentual (5,9%) menor de nova intervenção em um prazo de 12 meses, quando com-parada à intervenção coronária percutânea (13,7%). Por sua vez, os achados de acidente vascular encefáli-co (2,2% vs. 0,6% da intervenção coronária percutâ-nea) mostram que o procedimento é seguro. Ressalto, entretanto, que é imprescindível a individualização de cada caso, de forma que a interação entre clínico, ci-rurgião e hemodinamicista, à luz das informações, leve a decisões mais seguras e com melhores resultados.

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Page 32: Jornal da SBHCI

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Muito além da ciência

N s últimos anos, tivemos que nos adaptar às inúmeras mu-danças econômicas e sociais

que influenciaram nossa atuação como médicos. Fomos obrigados a vivenciar assuntos que não estávamos habitua-dos. Gestão, administração, lucrativi-dade, sustentabilidade, negócio, custo, eficiência, processos, padronização, indicadores, entre outras, são palavras que começaram a povoar as discus-sões e reuniões das quais participa-mos nos hospitais e instituições onde trabalhamos.

Anos atrás, seria até esquisito um médico se preocupar com tudo isso. Hoje, estamos absolutamente envol-vidos na gestão dos hospitais e dos serviços onde atuamos. Para aqueles que ainda não dão atenção a esses assuntos, preciso afirmar que ter pen-samento estratégico e administrativo não quer dizer atender mal, muito pelo contrário. Significa utilizar de forma ra-cional os recursos que temos disponí-veis para oferecer a nossa população o melhor tratamento.

Hoje, não é mais possível abrir um

serviço de hemodinâmica, seja em uma instituição pública ou privada, sem fa-zer um bom planejamento e desenhar os processos e as padronizações para ser um negócio sustentável. Gerir um serviço de saúde, especialmente de in-tervenções cardiovasculares, que está envolvido com situações emergenciais e materiais e medicamentos de alto custo, não significa, necessariamente, “endurecer” a forma de assistência a ponto de perdermos o aspecto huma-no, que tanto prometemos manter no juramento de Hipócrates. A gestão está nas grandes e pequenas atitudes que tomamos em nossa prática diária.

É importante determinar o fluxo do paciente, com atenção desde o agen-damento e recepção até o momento da alta. Para oferecer equidade assisten-cial, princípio básico da humanização, devemos dar preferência aos idosos, àqueles com maiores dificuldades, aos casos mais graves, aos pacientes de maiores riscos e assim por diante. Ainda mais importante seria criar um gerencia-mento de riscos com metas e indicado-res, para tornar o atendimento mais ágil,

evitando surpresas e complicações que levam a estresses desnecessários.

Gerir com ética e profissionalismo significa utilizar, com equidade, técni-cas e tecnologias atuais, formatando processos e protocolos amparados em diretrizes e em orientações da medicina baseada em evidências. Dessa forma, visamos a alcançar resultados compa-ráveis aos dos grandes estudos e aos melhores centros do mundo, mesmo sabendo que nem sempre possuímos recursos financeiros e condições se-melhantes. O processo administrativo trata também das relações entre os di-ferentes profissionais envolvidos na as-sistência dos pacientes, pois deixamos de ter unidades centradas no trabalho do médico e passamos a observar a atuação da equipe. É fundamental que haja interação nas atividades. Não é possível, por exemplo, colocar na sala um paciente vítima de infarto agudo sem que o profissional da higienização tenha sido rápido e eficiente em seu trabalho, possibilitando o atendimento em tempo hábil. Também não se pode esquecer dos profissionais que atuam

A gestão na área de saúde tem levado médicos de todas as especialidades a embrenhar-se em assuntos que, há pouco tempo, jamais seriam pauta de reuniões em clínicas e hospitais

QUALIDADE PROFISSIONAL GESTÃO EM HEMODINÂMICA

[Hélio Castello (SP), editor]

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fora da área médica, mas também fa-zem parte da equipe.

Os equipamentos e materiais sofrem atualizações de forma rápida e dinâ-mica, e nem sempre os auditores, ou mesmo os profissionais dos setores de suprimentos, estão familiarizados com os itens mais recentes, podendo ocor-rer erros na aquisição ou atrasos na liberação. Dessa forma, facilitaremos muito se transmitirmos as devidas in-formações para todas as pessoas en-volvidas assim que as obtivermos.

Todos os dias, um maior número de relatórios é exigido pelas fontes pagadoras para que justifiquemos nossa conduta e nossa proposta de tratamento. Parece que a burocracia de guias e papéis na área da saúde tem caminhado em sentido contrário ao que ocorre nas grandes empresas. Afirmo que poderíamos aumentar nos-sa eficácia e evitar gastos inaceitáveis, sem falar da responsabilidade ambien-tal, um discurso que se torna bonito na palavra e impossível na prática. Em

parte, isso se deve ao exagero impos-to pelas auditorias, que nem sempre estão totalmente envolvidas com as novas terapêuticas. Mas, por vezes, a justificativa está na forma que alguns poucos colegas utilizam a tecnologia sem amparo científico, fato que coloca em dúvida nossa atuação ética.

A previsibilidade de custos é outro ponto fundamental nas relações em-presariais. Assim, a avaliação prévia de cada caso e a determinação do melhor material a ser utilizado evitam desperdícios e retrabalho, que impac-tam na duração e no custo final do procedimento, além de, algumas ve-zes, requererem justificativas para o faturamento. Quando estamos no pa-pel de consumidores, exigimos bom padrão de qualidade dos serviços que recebemos e quando não somos bem atendidos em restaurantes, empresas de telefonia, lojas ou qualquer estabe-lecimento reclamamos veementemen-te. Quando estamos na posição de pacientes ou acompanhantes e o lugar

em questão é um hospital, nosso grau de exigência se eleva ainda mais, pois a expectativa de bom atendimento ex-cede em muito a de qualquer outro se-tor. Alcançar essa expectativa se torna um processo menos complicado quan-do atuamos focados na gestão dos processos alinhada aos programas de qualidade com melhoria contínua, in-dependentemente de qualquer tipo de certificação que se almeje. Somente assim podemos, a qualquer momento, indicar nosso serviço e nossa institui-ção para familiares e entes queridos sem que sejam necessárias recomen-dações adicionais.

Portanto, gerir é conduzir com fir-meza a organização, os processos, os protocolos, a criação de indicadores e a promoção de reavaliações, atingindo metas e bons resultados operacionais e clínicos. O resultado será um padrão de assistência de excelência, sem que tenhamos que cercear ou perder a ter-nura de sermos médicos e agentes do conforto e da saúde.

[Hélio Castello (SP), editor]

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Alexandre AbizaidA os 44 anos, o mineiro de Juiz de

Fora e ex-presidente da Sociedade Latino Americana de Cardiologia

Intervencionista (SOLACI) Alexandre Abi-zaid é reconhecido mundialmente como um dos cardiologistas intervencionistas mais renomados do Brasil. Seu currículo tem passagens como diretor de pesquisa e chefe do setor de cardiologia interven-cionista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo (SP), onde concluiu mestrado e doutorado, que lhe renderam a oportunidade de fazer o apri-moramento da especialidade no Washing-ton Hospital Center, em Washington DC, nos Estados Unidos. A vida acadêmica desse mineiro que só troca a profissão pela família ainda coleciona diversas expe-riências internacionais, a exemplo de sua participação como professor visitante do Interventional Fellows Institute do Colum-bia University Medical Center, em Nova Iorque (Estados Unidos), e de sua atuação como um dos codiretores do Joint Inter-ventional Meeting (JIM) deste ano.

Quando decidiu pela carreirade medicina?

Venho de uma família de muitos médicos, e desde os três anos de idade eu já falava em ser médico.

Não fosse medicina, qual carreira escolheria?

Eu iria para a área de humanas, co-municação, jornalismo. Mas só se me apertassem contra a parede.

Por que cardiologia?Meu pai era cardiologista. Lembro-me bem, quando era novo, que eu atendia muitos te-lefonemas de pacientes, em Juiz de Fora, perguntando: “Meu marido está com dor no peito, está infartando, o que eu faço?”. Além de ter meu pai como exemplo, foi a especia-lidade pela qual me apaixonei.

Qual é a área mais promissora na medicina de hoje?

O mapeamento genético, a descoberta da origem, a fisiopatologia. E, em seguida, o tratamento, a descoberta da cura de mui-tas doenças pela alteração genética das células. Dentro da cardiologia, a cardiolo-gia intervencionista é a especialidade que mais progrediu com os procedimentos menos invasivos e percutâneos.

Quais são as áreas mais negligenciadas na medicina?

Saneamento, prevenção de fatores de risco e área infecciosa.

Como vê o futuro dos jovens médicos no Brasil?

Vejo como promissor, no sentido de que hoje a medicina evolui muito rápi-do. Hoje, a gente pode oferecer um tra-tamento e um diagnóstico com muito mais acurácia.

Qual foi sua maior conquista?Ter realizado uma vida acadêmica profícua. É o fator high life da minha carreira. Poder mexer com o ensino, ter conseguido minhas graduações acadêmicas, como mestrado e doutorado, isso me valeu um treinamento nos Estados Unidos que foi muito impor-tante. Além do mais, ser reconhecido como professor visitante de medicina da Colum-bia University, em Nova Iorque.

Já teve um sonho realizado?Ter o respeito e o reconhecimento dos colegas. É uma das coisas mais recom-pensadoras na vida acadêmica.

O que o senhor gosta de fazer nas horas livres?

Levar minha família ao cinema.

Qual livro está lendo atualmente?“O símbolo perdido”, de Dan Brown.

O que o deixa inspirado e de bom humor?

Viajar com a minha família.

O que o tira do sério?Qualquer doença dos meus filhos.

Qual seu pior hábito?Querer fazer muitas coisas ao mesmo tempo.

Como é um dia perfeito para o senhor?

Acordar na praia, fazer um churrasco para a família, assistir a um bom filme e sair para jantar com minha esposa. Todos os prazeres em um dia só.

Se o senhor escrevesse uma auto-biografia, que título daria ao livro?

“De Minas Gerais para o mundo”.

O que o senhor espera para 2010?

Continuar forte na vida acadêmica. É algo que me dá muito prazer. Espero que todos os hospitais públicos e uni-versitários continuem tendo recursos para que possamos cumprir com nossa obrigação assistencial e, acima de tudo, sempre poder incentivar a pesquisa e o treinamento dos jovens. É uma meta muito boa para 2010.

JOGO RÁPIDO PERFIL

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