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Jornal Mensal da Famato Ano 01 - Ed. 01 - Cuiabá - Dezembro de 2013 Logística de Mato Grosso conta com nova bússola Projeto Centro-Oeste Competitivo apresenta um raio X das rotas de escoamento da produção e propõe novos trajetos para baratear custos e tornar a região mais competitiva. Página 6 Prefeituras fiscalizam produtores em débito com o ITR Página 3 Comunidade de Luciara é contra mais uma reserva Página 10 Novo serviço: certificação de imóveis rurais agora é online Página 12 Divulgação

Jornal Mensal da Famato Ano 01 - Ed. 01 - Cuiabá ......Jornal Mensal da Famato Ano 01 - Ed. 01 - Cuiabá - Dezembro de 2013 Logística de Mato Grosso conta com nova bússola Projeto

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  • Jornal Mensal da Famato Ano 01 - Ed. 01 - Cuiabá - Dezembro de 2013

    Logística de Mato Grosso conta com nova bússola

    Projeto Centro-Oeste Competitivo apresenta um raio X das rotas de escoamento da produção e propõe novos trajetos para baratear custos e tornar a região mais competitiva. Página 6

    Prefeituras fiscalizam produtores em débito com o ITR Página 3

    Comunidade de Luciara é contra mais uma reservaPágina 10

    Novo serviço: certificação de imóveis rurais agora é online Página 12

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    Famato em Campo

    Mais próximos dos produtores

    Diretoria Diretoria Executiva - Triênio 2013-2016Presidente - Rui Carlos Ottoni Prado1º Vice-Presidente - Normando Corral2 º Vice-Presidente - George Diogo BasilioDiretor de Relações Institucionais - Rogério RomaniniVice-Diretora de Relações Institucionais - Cecilia Claudinéia StafuzzaDiretor Administrativo Financeiro - Nelson Luiz PiccoliVice-Diretor Admin. Financeiro - Fernando Nascimento Tulha Filho

    Vice-Presidentes RegionaisVice-Presidente Região I - Arnaldo de CamposSuplente Região I - Maurildo Daniel LauroVice-Presidente Região II - Silvésio de OliveiraSuplente Região II - Gilmar Dell’OsbelVice-Presidente Região III - Alessandro Casado da SilvaSuplente Região III - Marcio Paes da S. LacerdaVice-Presidente Região IV - Marcos da RosaSuplente Região IV - Edio Brunetta

    Vice-Presidente Região V - Jeovah Feliciano de SouzaSuplente Região V - Jacson Marlon Niedermeier

    Suplentes - Diretoria 1º Suplente - Paulo Cesar Belondi 2º Suplente - Benedito Francisco de Almeida 3º Suplente - José Teixeira 4º Suplente - Jair Guariento 5º Suplente - Eduardo Pimenta de Farias Conselho Fiscal - Efetivos Vilmondes Sebastião Tomain, Orivaldo Nunes Bezerra, Eliezer Alves de CarvalhoConselho Fiscal - Suplentes Luiz Fernando Silva Guerreiro, Rui de Faria, Joaquim José de Almeida

    Famato em Campo é o jornal mensal da FamatoDistribuição dirigida - 3.000 exemplares

    Produção de conteúdo: Camila Tardin e Maíza Prioli Produção fotográfica: acervo Sistema FamatoEdição jornalística e jornalista responsável: Camila Bini (Dialog) - MTB 786/21/04-MTProjeto gráfico e diagramação: DialogCoordenação-Geral: Cláudia Luz Revisão: Doralice Jacomazi

    Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato)Rua B, esq. rua 2 - Centro Político AdministrativoCEP 78.049.908 - Cuiabá-MTTelefone: (65)3928-4435/ 4408E-mail: [email protected]: www.sistemafamato.org.br

    Representar a classe produtora de

    Mato Grosso é um grande desafio.

    Participamos de várias reuniões,

    elaboramos estudos, estamos em

    Brasília, interior do Estado ou onde

    for necessário para defender os

    interesses dos produtores rurais e da

    nossa agropecuária. E, francamente,

    não conseguimos divulgar e prestar

    contas de tudo o que fazemos para os

    produtores rurais. O jornal Famato em

    Campo vem para cumprir este objetivo,

    de fazer chegar até você um resumo das

    ações em que estamos trabalhando.

    Ele será distribuído mensalmente aos

    produtores rurais de Mato Grosso.

    A demanda pelo retorno do jornal

    impresso é antiga e partiu dos sindicatos

    rurais.

    Esperamos que com este novo canal

    de comunicação, os produtores se

    sintam ainda mais próximos de nós. Ao

    cumprir nossa missão temos sempre

    a preocupação de representar com

    responsabilidade e reivindicar as

    demandas da classe produtora de forma

    transparente.

    O Famato em Campo é mais um canal de

    comunicação para dialogar com você,

    produtor rural, apresentar os projetos e

    as informações mais estratégicas para o

    setor.

    Nesta primeira edição falamos do estudo

    inédito de logística, o projeto Centro-

    Oeste Competitivo. Também destacamos

    dois sérios problemas fundiários do

    Estado, como a criação de mais uma

    reserva em Luciara e a situação dos

    antigos moradores da gleba Suiá-Missú,

    que em dezembro completa um ano da

    retirada das famílias daquela área.

    Boa leitura!

    Rui Prado, presidente do Sistema Famato

    expediente

    editorial

    /sistemafamato /sistemafamato

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    Famato em Campo

    Prefeituras fiscalizam produtores em débito com o ITRQuem foi notificado deve procurar a prefeitura do município e apresentar a documentação solicitada

    Os municípios que tiveram acesso à malha fiscal referente ao Imposto Territorial Rural (ITR) de 2008, 2009 e 2010 já estão fiscalizando e autuando os produtores rurais em situação de débito. O produtor rural que for notificado deve procurar a prefeitura do município e apresentar a documentação solicitada.

    Dos municípios que aderiram à municipalização do ITR, 13 já estão habilitados para fazer o processo de fiscalização, são eles: Sorriso, Querência, Pontes e Lacerda, Apiacás, Lucas do Rio Verde, Campos de Júlio, Campo Novo do Parecis, Juína, Nova Xavantina, Nossa Senhora do Livramento, Canarana, Nova Lacerda e Colíder.

    Ciclo de Palestras - Nos meses de agosto e setembro deste ano, a Famato, em parceria com a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), o Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e a Receita Federal do Brasil, realizou um ciclo de palestras no interior do Estado para orientar os produtores rurais, sindicatos, contadores, prefeitos e secretários sobre a municipalização do ITR. O objetivo também foi esclarecer como fazer a declaração do ITR.

    Com a municipalização do ITR, ocorrida em 2005, os municípios passaram a ser responsáveis pela arrecadação, lançamento de créditos e fiscalização dos dados declarados. Em contrapartida os municípios ficam com 100% do ITR arrecadado. Dos 141 municípios de Mato Grosso, 119 já aderiram ao convênio com a Receita Federal para efetivar a

    municipalização do imposto.

    Orientação – Os contribuintes que “caíram” na malha fina e foram notificados pelos municípios em relação aos anos de 2008, 2009 e 2010, se assim quiserem, podem fazer a retificação da Declaração do ITR referente aos exercícios de 2011 e 2012, cujas notificações ainda não começaram. Aqueles que ainda não foram notificados podem, se assim desejarem, retificar os últimos cinco anos. Neste caso, quem retificar só pagará a diferença do imposto declarado.

    “Orientamos aos produtores para procurarem seus contadores e fazerem a conferência e correção dos dados antecipadamente para evitar as penalidades. Entre elas está a multa que varia de 75% a 225% e mais correção monetária pela Selic”, esclarece o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini.

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    tributário

    Ciclo de palestras sobre o ITR ocorreu em 15 municípios de MT

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    Famato em Campo

    Sindicatos rurais dos municípios de Alto Araguaia, Alto garças, Alto Taquari, Dom Aquino, Guiratinga, Itiquira, Jaciara, Paranatinga, Pedra Preta, Poxoréo, Primavera do Leste, Rondonópolis e Santo Antônio do Leste participaram de mais uma rodada de treinamentos da Famato e do Senar-MT sobre obrigações legais e rotinas administrativas e financeiras. O evento ocorreu nos dias 21, 22 e 23 de novembro em Primavera do Leste.

    Esta é a quinta regional a receber a capacitação que já passou pelas regionais de Juína, Sorriso, Cuiabá e Canarana.

    Entre os assuntos abordados estão gestão, organização em eventos e prestação de serviços.

    A realização da 22ª Exposerra e 33ª Festa do Peão rendeu ao Sindicato Rural de Tangará da Serra uma Moção de Congratulação da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. A homenagem foi proposta pelo deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR).“Isso demonstra que estamos no caminho certo. Para nós foi um importante reconhecimento e nos estimula a continuar trabalhando para fazer sempre o melhor todos os anos”, avaliou o presidente do Sindicato

    Rural de Tangará da Serra, Ricardo Wilhan Daher.A moção foi aprovada por unanimidade entre os parlamentares na sessão ordinária do dia 4 de setembro. Na justificativa, Emanuel Pinheiro destacou a importância do evento para a região em virtude do fomento à economia e das oportunidades proporcionadas pelos agentes expositores do agronegócio, do comércio e da indústria.

    Sindicato Rural é homenageado pela ALTANGARÁ DA SERRA

    Sindicatos recebem treinamento da Famato

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    o22ª Exposerra reúne público da região

    Qualificação e fortalecimento

    O BeefPoint realizou uma série de entrevistas com os presidentes dos sindicatos rurais dos municípios que possuem os maiores rebanhos de bovinos no Brasil. O intuito foi reunir e aproximar os responsáveis por estes sindicatos e promover a troca de experiências. Os sindicatos foram listados com base nos levantamentos do IBGE de 2012.

    Arnaldo de Campos, fundador do Sindicato Rural de Cotriguaçu-MT e vice-presidente regional da Famato, foi um dos entrevistados. Ele falou sobre a estruturação do parque de exposição, eventos que promovem e projetos que executam, como o Pró Leite Cotriguaçu, o Cotriguaçu Sempre Verde e o Cotriguaçu Legal.

    COTRIGUAÇU REGIÃO SUDESTE

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    A região foi a quinta a receber a capacitação

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    Famato em Campo

    sindicatos rurais

    Os sindicatos rurais de Cotriguaçu, Juruena e Castanheira, em parceria com a Famato e a empresa DowAgroSciences, realizaram uma série de palestras gratuitas nos seus municípios para alertar sobre a morte súbita de pastagem. A rodada de palestras também já passou por

    cinco cidades do norte do Estado levando informações sobre o tema aos produtores rurais.

    A morte súbita de pastagem, conhecida também como síndrome da morte do braquiarão, é a consequência de diversos fatores que ao longo do tempo acarretam perda de pastagens.

    Produtores são orientados sobre morte súbita de pastagem

    COTRIGUAÇU, JURUENA E CASTANhEIRA

    Curso aborda segurança no trabalho

    BARRA DO GARÇAS

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    o PORTO ESTRELA

    Sindicato conta com nova sedeO produtor Rui de Faria foi reeleito à presidência do Sindicato Rural de Porto Estrela. Depois de alcançar boas conquistas no primeiro mandato, o dirigente sindical planeja ampliar a representatividade da entidade no triênio 2013/2016. “Uma de nossas metas no primeiro mandato foi a aquisição de uma sede própria,

    que inauguramos agora. Com um lugar maior, podemos melhorar o atendimento aos associados e realizar eventos e cursos”, comemora Rui de Faria. A meta é chegar a 100 sócios até janeiro de 2014. Para marcar a cerimônia de posse, o sindicato promoveu o 1º Dia do Homem do Campo.

    Morte súbita avança em grandes áreas e preocupa

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    O Sindicato Rural de Barra do Garças realizou em novembro, nos dias 21 a 23, o curso de Segurança no Trabalho NR 31.8, em parceria com o Senar-MT. Participaram do treinamento 19 pessoas que receberam diversas orientações, entre elas a prevenção de acidentes com o uso de defensivos agrícolas no campo.

    O instrutor do curso, Roberto Vicente da Silva, ressaltou a importância do uso de equipamentos de segurança

    de forma correta. E o presidente do sindicato, Eduardo Baroni, disse que incentiva a realização de treinamentos no sindicato porque acredita que eles proporcionam melhoria na qualidade de vida dos participantes, além de agregar valor à renda familiar.

    Participantes do treinamento “Segurança no Trabalho”

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    Famato em Campo

    Logística de Mato Grosso conta com nova bússolaEstudo mostra necessidade de investimento de R$ 36,4 bilhões para reduzir a ineficiência da infraestrutura existente hoje para o escoamento da produção agropecuária

    Se todos os investimentos necessários para zerar o déficit logístico da região Centro-Oeste fossem concluídos, o setor produtivo economizaria R$ 7,2 bilhões por ano somente com o escoamento da produção. A projeção faz parte do projeto Centro-Oeste Competitivo, que apresenta um raio X das rotas de escoamento da produção, considerando o volume previsto de cargas para 2020, e propõe novos trajetos para baratear custos e tornar a região mais competitiva. O estudo foi feito pela empresa Macrologística com o apoio da CNI, CNA, Famato, Imea, Aprosoja, Ampa e outras entidades ligadas ao agronegócio.

    A região Centro-Oeste é responsável

    por quase a metade dos grãos produzidos no Brasil. O estudo identificou que até 2020 o investimento necessário para solucionar todos os problemas logísticos do Centro-Oeste seria de R$ 159 bilhões – que precisariam ser aplicados em 308 projetos de

    ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, aeroportos e dutos. Deste montante, R$ 36,4 bilhões são indicados para a execução de 106 projetos considerados prioritários para ampliar e modernizar a infraestrutura de transportes da região. Até o momento, apenas 16% deste

    Modal rodoviário: B R-163 contribui para déficit Guilhe

    rme F

    ilho

    Relevantes 308 159,0 11,1

    Iniciados 106 36,4 7,2

    % Realização 34,4% 22,9% 64,9%

    NÚMERO DE PROJETOS

    INVESTIMENTO RESIDUAL (R$ BI)

    ECONOMIA POTENCIAL (R$ BI)

    Para Mato Grosso – O estudo destaca como eixos prioritários:

    Duplicação e conclusão da pavimentação da BR-163.

    Ampliação dos trilhos da ferrovia de Rondonópolis até Cuiabá.

    Implantação das hidrovias nos rios Paraguai, Juruena-Tapajós e Teles Pires- Tapajós.

    Obras na BR-242 entre os municípios de Querência e Sorriso.

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    Famato em Campo

    orçamento está em andamento. O setor produtivo da região gasta R$ 31,6 bilhões por ano com transporte de cargas, podendo chegar a R$ 60,9 bilhões em 2020.

    Para Mato Grosso, o estudo destaca como eixos prioritários a duplicação e conclusão da pavimentação da BR-163, especialmente entre o posto Gil e Rondonópolis. Além disso, a obra deve continuar até Lucas do Rio Verde, onde existe o maior gargalo desta rodovia. A ampliação dos trilhos da ferrovia ligando Rondonópolis até Cuiabá e outro trecho da capital até Lucas do Rio Verde também é fundamental para o Estado, assim como as obras da BR-242 entre os municípios de Querência e Sorriso. A implantação das hidrovias pelos rios Paraguai, Juruena-Tapajós e Teles Pires-Tapajós também faz parte dos projetos mais emergenciais para o Estado.

    Este estudo ratifica o posicionamento da Famato de que sem infraestrutura e logística compatíveis com o

    aumento da produção agropecuária o setor produtivo terá sérios problemas econômicos e sociais na região nos próximos anos. “A grande vantagem deste estudo é que ele aponta prioridades. E isso é essencial para o Estado, que não tem recursos para viabilizar em médio prazo todas

    as obras necessárias. Estas obras, quando concluídas, irão proporcionar melhoria na qualidade de vida da população. Além disso, reduzirão os custos de produção e transporte, aumentarão a arrecadação estadual, municipal e federal e reduzirão substancialmente o número de acidentes nas estradas”, avalia o presidente do Sistema Famato, Rui Prado.

    Leilão BR-163 – A Odebrecht S/A foi a empresa escolhida em leilão, realizado dia 27/11, para explorar pelos próximos 30 anos o trecho de 850,9 quilômetros da BR-163 entre Sinop-MT e a divisa com o Mato Grosso do Sul. A Famato considerou a escolha positiva.

    “Sempre defendemos as parcerias público-privadas e este sistema de concessão é importante para impulsionar as obras de infraestrutura e logística. O setor produtivo necessita de estradas em boas condições de trafegabilidade e a BR-163 é a espinha dorsal

    do escoamento da produção agropecuária de Mato Grosso”, afirma Rui Prado.

    A BR-163 é a principal rota de escoamento da produção agropecuária do Estado. Somente este ano, segundo o Imea, passaram por esta rodovia aproximadamente 33 milhões de toneladas de soja e milho, o que corresponde a 73% da produção de grãos do Estado.

    logística

    O Centro-Oeste é responsável por 56% da produção nacional,

    mas perde 8% do seu PIB com custos com logística

    Relevantes 308 159,0 11,1

    Iniciados 106 36,4 7,2

    % Realização 34,4% 22,9% 64,9%

    NÚMERO DE PROJETOS

    INVESTIMENTO RESIDUAL (R$ BI)

    ECONOMIA POTENCIAL (R$ BI)

    Para Mato Grosso – O estudo destaca como eixos prioritários:

    Duplicação e conclusão da pavimentação da BR-163.

    Ampliação dos trilhos da ferrovia de Rondonópolis até Cuiabá.

    Implantação das hidrovias nos rios Paraguai, Juruena-Tapajós e Teles Pires- Tapajós.

    Obras na BR-242 entre os municípios de Querência e Sorriso.

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    Famato em Campo

    questão indígena

    Situação de ex-moradores da Suiá-Missú é desumana

    Uma vida sem perspectivas. É assim que as sete mil pessoas despejadas da gleba Suiá-Missú vivem há um ano, desde a desintrusão da área, em dezembro de 2012, quando foi considerada pela Justiça Terra Indígena Maraiwatsede, da etnia Xavante. Quem vivia nos 165 mil hectares teve que desocupar suas casas, propriedades rurais e comércios. A área, que antes era sinônimo de desenvolvimento, agora parece um cenário pós-guerra. Produtores e trabalhadores vivem espalhados por cidades da região do Araguaia ou em barracas de lona, sem energia elétrica, água encanada, escola ou posto médico. Para sobreviverem, recebem alimentos de doações feitas em eventos beneficentes. Há relatos de que 25 pessoas já morreram por causas diversas, inclusive suicídio. Agora, alcoolismo, uso de drogas e prostituição fazem parte do cotidiano das pessoas e são inúmeros os casos de depressão e até surtos psicóticos.

    A produtora Nailza Bispo era uma das moradoras de lá. Herdou 100 alqueires do pai e ali criava gado para garantir o sustento da família. Hoje, vive de favor na casa de parentes em Alto Boa

    Vista. “É difícil traduzir nossa situação em palavras. Vivemos uma verdadeira guerra. Ver tudo o que construímos destruído, estar vivendo de favor, passando fome, enquanto até pouco tempo atrás produzíamos o nosso alimento é muito triste”, comentou com a voz embargada.

    A estudante Mikaely Pereira Cavalcante vivia em Posto da Mata desde o seu nascimento. Morava com os pais, trabalhadores rurais, ia para a escola, onde tinha muitos amigos e bons professores. Na época da retirada, quase não conseguiu terminar o primeiro ano do ensino médio. “Fomos enxotados de nossas casas como se não fôssemos nada. Quase não consegui terminar o ano na escola. Fui separada dos meus amigos e professores. Atualmente, moro com

    minha família em Alto Boa Vista de favor, pois não temos condições de pagar aluguel. Agradeço por ainda existir pessoas de bem pois o que o governo federal fez com a gente não é coisa que se faça com cidadãos”, disse emocionada.

    Segundo o presidente da Associação dos Produtores Rurais da Área Suiá-Missú (Aprossum), Sebastião Prado, o governo federal não assentou

    nenhuma família e ainda não deu nenhuma assistência. “Destruíram as casas e propriedades da área, mas nenhum índio está vivendo lá. Pessoas estão morrendo e assim vai continuar”, desabafou.

    Entenda o caso – Após mais de 20 anos de debate judicial, em dezembro de 2012, as sete mil pessoas que viviam na região da antiga gleba Suiá-Missú foram obrigadas a sair da área em meio a um processo de desintrusão violento e desumano, por determinação da Justiça Federal. A Fundação Nacional do Índio (Funai) alega que a área pertence à Terra Indígena Maraiwatsede, da etnia Xavante. A decisão ainda pode ser revertida na Justiça Federal e deve chegar ao Superior Tribunal Federal (STF).

    Mobilização de moradores da Suiá-Missú na BR-364/163

    Um ano após desintrusão, ex-moradores da gleba Suiá-Missú relatam atual situação de vida

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    Famato em Campo

    Famato apoia Caravana de Alerta da Embrapa

    Para orientar os produtores sobre o manejo integrado de pragas, a Embrapa começa neste mês a Caravana de Alerta para Ameaças Fitossanitárias. Diversos municípios brasileiros receberão a caravana que levará aos produtores informações sobre a importância do manejo como estratégia mais viável e sustentável para o controle da Helicoverpa armigera. Em Mato Grosso, os municípios de Lucas do Rio Verde (14/01), Sapezal (15/01) e Campo Verde (17/01) receberão o grupo sob a coordenação da Embrapa Agrossilvipastoril, com o apoio da Famato e de outras entidades.

    A Helicoverpa armigera é uma das pragas que mais afetaram as lavouras este ano, mas a Caravana Embrapa abordará também outras pragas considerando as principais culturas

    de cada região. Em cada cidade visitada, a Embrapa apresentará as principais ameaças fitossanitárias causadas por insetos e quais são as estratégias fundamentais para as culturas do algodão, milho, soja e feijão. Os técnicos ensinarão como fazer armadilhas e amostragens e qual é a tecnologia de aplicação indicada para cada situação.

    Grupo de Trabalho – A Famato participa do Grupo Helicoverpa Mato Grosso (GHMT) criado em parceria com a Aprosoja e outras entidades ligadas ao setor produtivo. O objetivo é disseminar as técnicas e manejos mais indicados pelas instituições de pesquisa para o controle e erradicação da praga.

    “Criamos um hotsite e, por meio dele, divulgamos todas as informações que saem na mídia local e nacional sobre a Helicoverpa. Queremos deixar os produtores sempre informados sobre este assunto”, informa o diretor Financeiro e Administrativo da Famato, Nelson Piccoli.

    helicoverpa armigera

    A lagarta Helicoverpa armigera é a principal preocupação

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    Famato em Campo

    O município de Luciara, localizado na divisa de Mato Grosso com Tocantins, alcançou os noticiários nacionais devido à discussão sobre a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS). O governo federal planeja criar no município, que já conta com quatro reservas indígenas e oito unidades de conservação municipais, uma área de até 198 mil hectares, sob o pretexto de preservar a natureza e a cultura das comunidades tradicionais. Nesta área vivem aproximadamente 94 famílias. O projeto inicialmente previa 35 mil hectares de reserva, mas com a nova área atinge 70% do município.

    A população local, porém, é contrária à demarcação. Uma audiência pública foi realizada no dia 22 de novembro na cidade, conduzida pelo Ministério Público de São Félix do Araguaia. Além de cerca de 300 pessoas da comunidade, estiveram presentes o procurador da República, Wilson Assis Rocha, uma equipe da Famato e moradores como Daniel Mendes Lourdes, que chegou ao município em 1953 e de lá não saiu mais. Ele, que planta mandioca, arroz, milho e cana-de-açúcar, está prestes a completar 100 anos de vida e se mostra apreensivo com as notícias. “Se a reserva for aprovada, o que vai ser de

    mim e da minha família? Se eu fosse novo até caçava outro lugar. Agora é impossível. Não durmo mais, estou preocupado com meus filhos. Minha roça está lá”, desabafou Daniel. A criação da RDS foi reivindicada por um pequeno grupo de retireiros da Associação dos Retireiros do Araguaia (ARA). Mas a maioria dos associados e da população é contra esse processo. Segundo dados da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT), 98% dos produtores na região são considerados microprodutores.“Com a reserva, não poderemos mais criar animais de grande porte e os produtores serão obrigados a sair. O governo federal é quem vai tomar conta de tudo. Mas a nossa cidade é movida à pecuária. Que democracia é essa que privilegia a minoria em detrimento do desejo da maioria?”, questiona a produtora Enilda Gunther.Em junho, cerca de 500 habitantes (25% da população local) manifestaram-se contra o projeto de criação da RDS em uma audiência pública realizada pela Assembleia Legislativa. Em setembro, moradores fecharam as principais vias de acesso à cidade. O clima de tensão se instalou e houve a prisão de duas pessoas. No início de outubro, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - órgão federal responsável pelas demarcações no país – informou que iria suspender temporariamente o caso em função de sinais de irregularidade no processo.

    Luciara não aprova a criação de mais uma reservaCriação da nova área inviabiliza pecuária e agricultura de subsistência. Processo de demarcação está sendo conduzido pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio)

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    Daniel Mendes Lourdes e Maria Conceição Alves

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    Famato em Campo

    questão fundiária

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    Mais de 300 participantes na audiência pública

    Mas, na audiência de novembro em Luciara, ficou claro que o processo de criação da reserva continua em andamento.“Acompanhamos a situação em Luciara de perto e defendemos que o mais importante é que prevaleça o interesse da maioria. Uma equipe da Famato tem prestado orientações técnicas aos representantes do município para reverter este quadro. Cabe ao Ministério Público fazer com que a vontade da maioria da população seja atendida”, observa o presidente da Famato, Rui Prado.

    Entenda o caso:2003 – Início do processo de criação da RDS em Luciara quando um grupo de retireiros fez um abaixo-assinado e coletou 738 assinaturas de pessoas no evento Encontro das Águas. Deste total, apenas 197 assinaturas eram de moradores do município.

    2005 – Começaram as reuniões apenas dos interessados na reserva com representantes do ICMBio.

    2009 – O ICMBio ampliou o projeto da reserva de 35 mil ha para 198 mil ha, sem consultar a população.

    2012 – Em dezembro, o instituto fez uma reunião e boa parte da população participou mesmo sem ser convidada. Houve tumulto e a reunião foi cancelada.

    2013 – Em junho foi realizada a primeira audiência pública com a participação da população sob a coordenação do deputado estadual Dilmar Dal Bosco e do deputado federal Nilson Leitão.

    - Em setembro a população local, contrária à criação da reserva, fez manifestações e pichou as casas com dizeres “100% contra a reserva”.

    - No mês seguinte, já com o acompanhamento mais de perto da Famato, um grupo de representantes participou de uma reunião na ICMBio, em Brasília, que se comprometeu a suspender temporariamente o processo.

    - No mesmo período, o procurador Gercino José da Silva Filho, da Ouvidoria Agrária Nacional, realizou outra reunião em Luciara com a presença de membros do Incra, do MPF e de mais de 300 pessoas.

    - Em novembro houve duas audiências públicas. Uma ocorreu na Câmara Federal e a outra em Luciara, sob a coordenação do Ministério Público de São Félix do Araguaia e a participação de representante do MPF. Técnicos da entidade estão estudando o processo para dar novas orientações aos moradores.

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    Famato em Campo

    curtas

    Em Mato Grosso o mercado para os leiloeiros está em expansão. Boa parte da produção pecuária é negociada por meio dos leilões. Além disso, existe a comercialização de propriedades rurais e produtos agrícolas. E para se preparar para este novo cenário, a Famato solicitou ao Senar um curso de formação desse profissional. A formatura da primeira turma ocorreu dia 1º de novembro, no auditório do Senar. Segundo o diretor de Relações Institucionais da Famato e presidente da Comissão de Leiloeiros da entidade, Rogério

    Famato e Senar formam leiloeiros em MT

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    A partir de novembro, o processo de certificação de imóveis rurais passa a ser totalmente automatizado com a entrada em operação do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) do Incra. Para discutir o novo procedimento e orientar técnicos, produtores e futuros profissionais sobre a nova ferramenta, a Famato realizou um seminário sobre o tema. A iniciativa teve o apoio do Incra e da Associação dos Notários e Registradores de Mato Grosso (Anoreg-MT), e recebeu um público de mais de 300 pessoas, superando em quase 200% as expectativas iniciais.“Nosso objetivo é automatizar o serviço. Tínhamos uma metodologia

    totalmente manual, mas com o novo sistema o procedimento será feito online, com mais eficiência. Os profissionais poderão baixar o programa, as tabelas e formulários direto da internet”, afirma o analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário do Incra, Marcelo Cunha. “Quando a propriedade rural já possui a certificação do Incra fica mais fácil para o produtor conseguir empréstimos junto às instituições financeiras para investimentos e melhorias na produção. Além disso, facilita os processos de licenciamento ambiental”, analisa o presidente do Sistema Famato, Rui Prado.

    O novo sistema vai gerar automaticamente o memorial descritivo certificado e a declaração de certificação. O responsável técnico é quem irá acessar o sistema. Por isso, na hora de contratá-lo, verifique se está credenciado no Incra no site do Sigef (www.sigef.incra.gov.br) e cheque também se o técnico está credenciado junto ao Intermat. A certificação das informações georreferenciadas é obrigatória para imóveis com mais de 500 hectares. Se tiver dúvidas, entre em contato com o Núcleo Técnico da Famato pelo telefone (65) 3928-4444.

    Novo serviço para o produtor: certificação de imóveis rurais agora é online

    Romanini, compete às federações a nomeação e credenciamento de leiloeiros rurais, conforme a Lei nº 4.021/61. “Os 15 profissionais qualificados no curso de leiloeiros rurais terão a prerrogativa de leiloar bens pertencentes aos produtores rurais, sejam semoventes (rebanho) ou bens móveis e imóveis, inclusive no âmbito judicial”, informou Romanini. O curso inclui temas como conhecimento das raças, embarque, desembarque, transporte e boas práticas agropecuárias. Também são abordados assuntos como cria, recria, engorda, trato natural e confinamento.