Jornal SEDUFSM Março de 2016

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  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

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    Publicação mensal da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES - Março de 2016 ISSN 2177-9988

    www.sedufsm.org.brACOMPANHEA SEDUFSM NA IN TERNET

    twitter.com/ sedufsm facebook.com/ sedufsm

    SEDUFSMJ O R N A L D A

    UFSM e os reflexos doscortes na educação infantil

     Ao ser federalizada, a Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo

    realizou concurso em que aprovou 14 professores. Contudo,

    o governo, seguindo sua cartilha de cortes, liberou

    apenas 6 contratações e, para não fechar as portas, a

    unidade recorreu a contratos terceirizados. Apesardisso, o último edital (2016) registrou 523

    inscrições homologadas para 25 vagas, que,

    agora, não são mais restritas a filhos de

    estudantes e servidores da UFSM, mas se

    estendem à comunidade santa-mariense. Leia

    mais nas páginas e .6 7

     Ainda nesta edição:

    Do Chile a Goiás: lutapor educação pública

    Memória: em 1996, Câmaraaprovava LDB privatizante

    Superlotação no Husm põe em xeque propaganda da Ebserh

    Sérgio Silva, presidente da Associação dosFamiliares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédiade Santa Maria (AVTSM), fala sobre os três anos embusca de justiça pelas 242 mortes na tragédia daKiss. Com a Palavra, pág. 4

     Apenas entre 2010 e 2014,gastos do governo com Fiespassaram de R$ 1,7 bilhãopara R$ 12,2 bilhões. Vejamais dados acerca dadiscrepante distribuição daverba estatal entre aeducação pública e a privada.Panorama, pág. 3

    Kiss, três anosde impunidade

    Educação privada engorda apesar da crise S É  

    R  G I    O   S I   L  V A  /   A V T  S M 

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    02  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDESMARÇO DE 2016

     A diretoria da SEDUFSM é composta por: Presidente: Adriano Figueiró; Vice-presidente: Humberto Zanatta; Secretário-geral: Marcia Paixão; 1º Secretário: Gianfábio Franco; Tesoureiro-geral: Getulio Lemos; 1º Tesoureiro:Claudio Losekann; Suplentes: Maria Celeste Landerdahl eHugo Blois Filho.

    Jornalista responsável: Bruna Homrich Vasconcellos (MTb nº 17487) Equipe de jornalismo: Fritz R. Nunes, Ivan Lautert e Rafael BalbuenoEquipe de Relações Públicas: Fernanda Brusius e Vilma Ochoa Demais funcionários: Dirleia Balensiefer, Maria Helena Ravazzi, Paulo Marafiga e Rossana Siega

    Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda Ilustrações:Clauber Souza e Rafael Balbueno  Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS). Tiragem: 1.600 exemplares.Obs:  As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem as assina. Sugestões, críticas e opiniões podem ser enviadas via fone (55) 3222-5765 ou pelo email

    [email protected]ções também podem ser buscadas no site do sindicato: A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa Maria (RS).www.sedufsm.org.br

    EXPEDIENTE

    PALAVRA DA DIRETORIA

     As mentiras envolvendo a Previdência Socialno Brasil representam um dos mais durosgolpes contra os trabalhadores, especialmenteporque tais enganações são acompanhadaspelo “selo” oficial do Planalto e repercutidas adnauseam pela imensa maioria da imprensaconservadora, comprometida com os lucros quetais distorções acarretam para o capitalespeculativo e financeiro. Só para que tenha-mos uma noção da escala destas distorções, aprofessora Denise Gentil, do Instituto deEconomia da UFRJ, demonstrou em sua tese dedoutorado que já em 2006, quando o governoanunciava um déficit da previdência em tornode R$ 42 Bilhões, os cálculos apontaram umsuperávit de R$ 1,2 Bilhões para a previdência,enquanto que o superávit da Seguridade Socialcomo um todo (que abrange, constitucional-mente, o conjunto da Saúde, da AssistênciaSocial e da Previdência) foi ainda maior,atingindo a cifra de R$ 72,2 Bilhões segundo oscálculos da pesquisadora.

    Estas distorções não representam, todavia,um erro de cálculo, mas apenas uma “interpre-tação” dos números feita historicamente pelosgovernos para favorecer o desmonte e a privati-

    zação de um dos maiores e mais eficientessistemas de seguridade social do mundo. Oresultado deficitário é alcançado quando osaldo previdenciário leva em conta exclusiva-mente o balanço entre o pagamento das apo-sentadorias e as receitas originadas da contri-buição do empregador e dos trabalhadores aoInstituto Nacional de Seguridade Social (INSS).Ocorre que a Constituição de 1988 estabeleceque a base das receitas para o conjunto daseguridade vai muito além da contribuição deempregados e empregadores. Impostos comoa Contribuição Social sobre o Lucro Líquido(CSLL) e a Contribuição para o Financiamento

    da Seguridade Social (COFINS), que são recei-tas de grande porte, nunca aparecem no cálculodo saldo previdenciário, com a intenção clara deesconder o superávit e gerar uma sensibilizaçãomidiática para as “pílulas amargas” dasreformas.

    Some-se a isso um desvio de 20% dasreceitas da previdência, legalmente autorizadoe que vem sendo usado por todos os governos

    desde FHC. Estamos nos referindo à Desvincu-lação das Receitas da União (DRU), chamada,na época de sua criação, no Plano Real, deFundo Social de Emergência e, posteriormente,de Fundo de Estabilização Fiscal, através doqual os governos são autorizados a retirar 20%dos impostos vinculados a determinados gastos(como aqueles que arrecadam para alimentar aseguridade social) para aplicar livremente emqualquer tipo de despesas, especialmente parao pagamento do serviço da dívida, transforman-do orçamento social em orçamento fiscal ealimentando uma falsa crise da previdência.

    Mas, afinal, quem ganha com tais mentiras?Ganham os grandes capitais especulativos, como crescimento dos fundos privados deaposentadoria que, supostamente, serviriampara “aliviar” a carga da previdência pública,mas que, na verdade, passam a constituirgigantescos montantes de capitais de riscoretirados dos trabalhadores para alimentar osistema financeiro e especulativo, não rarasvezes com rombos e desvios que levam àfalência milhares de contribuintes (vide, porexemplo, o que aconteceu com o Fundo dosCorreios, com o Fundo da Varig, com o Fundo

    da Petrobras, além dos riscos evidentes do atual

     A FARSA DA PREVIDÊNCIA E AS

    REFORMAS DO GOVERNO DILMA

    *Gestão Sindicato pela Base

    FUNPRESP para os que atualmente ingressamno serviço público federal). Ganham os Planosde Saúde privados, já que a anunciada

     “falência” da previdência supostamente estariadrenando os recursos da saúde, impedindo amanutenção adequada de um sistema de saúdepública de qualidade, com evidente debandadade um amplo setor da classe média para osplanos privados. Ganham também os empresá-rios de maneira geral, já que a desoneração dosistema público de previdência passa a garantiruma transferência cada vez maior de recursosda seguridade para subvenção do sistemaempresarial e financeiro, com um aumento dastaxas de lucro desproporcional à ampliação dabase produtiva do país.

    É a nossa capacidade de indignação comtantas mentiras, desvios e favorecimentos quedeverá alimentar a luta para barrar uma novareforma da previdência em 2016. Os trabalha-dores não podem ser eternamente usadoscomo desculpa para alimentar o incansávellucro da burguesia. O esclarecimento e acapacidade coletiva de organização e luta sãoas únicas ferramentas possíveis de transfor-mação da realidade. Boa luta a todos nós neste

    ano que se inicia!

    CHARGE Rafa

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     A expansão precarizada do ensino superiorpúblico já não é tema recente para o movimentosindical. Desde que o Programa de Reestruturação eExpansão das Universidades Federais (Reuni) eraapenas uma possibilidade à espreita, até omomento de sua aprovação truculenta em diversasuniversidades, os docentes, junto, principalmente,aos estudantes e técnico-administrativos emeducação, vêm denunciando a estratégia deampliação do acesso sem condições de trabalho,contratação de professores ou verbas parapermanência estudantil e infraestrutura. Contudo,se o orçamento para o ensino público vem sendoiberado a conta gotas, o mesmo não ocorre com osetor privado. Entre os anos de 1999 e 2010, o

    número de instituições deensino superior privadasaumentou de 526 para 1.850,enquanto as instituiçõesfederais passaram de 60 para99. Já o número de matrículasregistrou um aumento deaproximadamente 651,3 milem 1999 para 3,4 milhões em2010 no setor privado, aopasso que nas universidadesfederais passou de 442,6 milpara 833,9 mil no mesmoperíodo analisado.

    Os números são sintomá-ticos de uma escolha políticanão apenas do atual governo,mas daqueles que assumirama frente do país nos últimostrinta anos, já que, de 1985 –quando iniciou o processo deredemocratização – até 1998,o número de matrículas nasnstituições públicas de ensinosuperior já caía de 40,7% para37,8%, e o número dematrículas nas privadas subiade 59,3% para 62,3%. Esses dados sãoprovenientes do Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) eforam usados pelos professores Claudio Losekann,

    1º Tesoureiro da Sedufsm, e Juliana Rocha, daUniversidade Federal de Viçosa, em seu texto “Asfases da expansão da educação superior egraduação de 1964 a 2012, e a expansão da pós-graduação Stricto Sensu, de 1998 a 2012”.

    Os números não deixam dúvidas acerca damigração intensa de estudantes para o ensinoprivado. É importante perceber que o governo nãose mostra imparcial em todo esse processo. Pelocontrário, atua como um catalisador que joga,anualmente, milhões de jovens diretamente naboca dos tubarões da educação. E isso se confirma

    se olharmos a perspectiva de investimento públicono Programa de Financiamento Estudantil (Fies)para 2016: R$ 18,7 bilhões. Cabe lembrar que no

    (Entretítulo) Governo promete investir R 18,7

    Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES  03

    PANORAMA

    MARÇO DE 2016

    O temeroso avanço da educação superior privada

    último semestre, enquanto a educação federalsangrava com um corte de mais de R$ 12 bilhões –que levou diversas universidades públicas asuspender o pagamento de água, luz e limpeza, porexemplo -, o governo federal liberou mais R$ 5,2bilhões para o Fies, o que totalizou um investimentode R$ 17,8 bi só em 2015 no programa.

    Se o dinheiro público investido na educação priva-da fosse ilustrado num gráfico, certamente seria naforma de uma curva ascendente. Basta vermos que,em 1999, ano de sua criação, o Fies recebeu, dogoverno, R$ 141 milhões e, já no segundo ano deexistência, o programa arrecadou R$ 854 milhõesdos cofres públicos. Entre 2010 e 2014, os gastossubiram de R$ 1,7 bilhão para R$ 12,2 bilhões.

     A expansão precarizada do ensino superior públicoe a injeção de dinheiro estatal na face privada daeducação não são eventos isolados, uma vez que, secombinados, compõem o discurso de que nuncaantes tantos jovens puderam ter acesso ao ensinosuperior. Não apenas a ampliação do acesso, massua universalização, é pauta histórica do movimentosindical docente. A crítica reside na qualidade dessaexpansão, que, encampada pelo governo de DilmaRousseff, colocou jovens para dentro da universi-dade pública sem condições de permanência, semprofessores, sem laboratórios e, em alguns casos,tendo um contêiner como sala de aula. Na outra faceda moeda está o aumento de matrículas nasinstituições privadas de ensino, que, usado também

    como argumento para propagandear a ampliação doacesso, oculta um de seus desdobramentos maisfrequentes: o endividamento da jovem classe

    (Entretítulo) Expansão precarizada e privatização,

    duas faces da mesma moeda

    trabalhadora.

    Fazer o exercício de relacionar programas comoReuni e Fies é basilar à compreensão das políticasem curso para a educação superior. E foi com esseobjetivo que a Sedufsm promoveu, nos dias 19 e 20de outubro de 2015, o 'Seminário sobre políticaspúblicas e expansão no ensino superior'. Numa dasmesas, intitulada 'A universidade no mundo dotrabalho: para quem formamos?', o professor docampus de Frederico Westphalen da UFSM, LucianoMiranda, problematizou a política de expansãouniversitária, que colocou comunidades acadêmicas

    numa situação de invisibilida-de social e institucional.Segundo ele, “os sujeitos daexpansão praticamente nãotêm voz”, visto que os espaçospara expressar dúvidas equestionamentos são escas-sos.

    Na análise do professor, aexpansão implementada pelogoverno federal está sendoposta em xeque e, com isso, opróprio discurso da democra-tização do acesso ao ensinosuperior público também estáem debate. Ele destaca que auniversidade cresceu, emmuitos casos, inchou, massem cumprir todos os requisi-tos necessários para a qualifi-cação. Agora, diz Miranda, oscustos para resolver os proble-mas do mau planejamentoserão muito mais altos. E, umadas hipóteses por ele aponta-da é a do 'colapso' absoluto damulticampia, em função da

    precarização e consequente carência de recursos.

    Tendo em vista o cenário cada dia mais hostil àuniversidade pública, os docentes reunidos no 35ºCongresso do ANDES-SN – ocorrido de 25 a 30 de

     janeiro de 2016 – deliberaram ações unitárias comoutros setores estudantis, sindicais e populares quetambém se colocam contrários à política do 'sucatearpara precarizar'. E um dos espaços que têm sidomais efetivos para organizar a resistência é oEncontro Nacional de Educação (ENE), evento queterá sua segunda edição de 16 a 19 de junho desteano, em Brasília (DF). Os participantes do Congressodeliberaram a participação do Sindicato Nacional noevento, bem como a realização dos encontrospreparatórios que antecedem o ENE.

    Em Santa Maria, a Sedufsm já vem realizando,

     junto a outras entidades e pessoas interessadas,reuniões para organizar a etapa municipal doencontro, que ocorrerá no dia 2 de abril.

    (Entretítulo) A voz da expansão

    (Entretítulo) ANDES-SN engrossa mobilizações

    pela educação pública

     ARQUIVO/SEDUFSM

    Entre 2010 e 2014, gastos do governo com Fiespassaram de R$ 1,7 bilhão para R$ 12,2 bilhões

    'Seminário sobre políticas públicas e expansão no ensino superior' ocorreu nos dias 19 e 20 de outubro de 2015

    Governo promete investirR$ 18,7 bilhões no Fies

    Expansão precarizada eprivatização, duas faces da

    mesma moeda

     A voz da expansão

     ANDES-SN engrossa mobilizaçõespela educação pública

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    Sedufsm

    Sérgio

    Sedufsm

    Sérgio

     – Neste 27 de janeiro de2016, completou-se três anos datragédia e os movimentos que pedempor justiça para aquela noite seguemem luta, sem demonstrar sinais deesmorecimento. De onde vem a forçade vocês? 

      - Eu nunca participei de movi-

    mentos sociais. Na universidade tem o DCEe aqueles movimentos nos quais você,quando quer defender uma causa, acabaentrando. Mas, no meu caso, não fizfaculdade. Então essa luta, essa vontadede lutar, também vem de dentro da pessoa,de você entender as injustiças que sãofeitas. Eu, mesmo sendo militar da reservado Exército, sempre lutei pelos subordi-nados. Nunca tive medo de lutar com osuperior. Tive contratempos e de-sentendimentos com superiores meus.Não por falta de respeito ou de trabalho,mas pela pessoa não respeitar osubordinado. Acho que já vem de mimmesmo. Entendo também que muitosfamiliares têm essa noção de valores

    sociais, de lutar por uma vida melhor, denão aceitar ser conduzido. Você vê que asociedade é muito conduzida. Santa Mariaparece que ainda é do tempo do coronelné, onde determinado grupo manda, e oresto cumpre. Tem político que estásugando a cidade já há 30, 40, 50 anos.Alguns empresários também têm SantaMaria como se fosse a casa deles, mandamna cidade.

     – Numa só noite, mais de200 jovens morreram dentro de umestabelecimento privado que,embora carecesse de condiçõesseguras, recebera o aval do poderpúblico para funcionar. Até então,

    ninguém foi responsabilizado. A queo senhor atribui a impunidadeobservada nesse caso? 

     – Acredito que a impunidade seja

    uma característica de Santa Maria. Apolítica aqui é complicada. O prefeitoestava comprometido. No início, estavacom muita responsabilidade sobre a Kiss.E ele conseguiu reverter a cidade emfavor dele. A própria política se une paradefender ele. Você vê a FAMURS[Federação das Associações de

    Municípios do Rio Grande do Sul]apoiando ele. Esse mesmo órgão nãoperguntou se estávamos precisando deapoio econômico, deremédio, porque nem suaspróprias cidades elescuidaram. Os sobrevi-ventes que foram paraesses prefeitos não tive-ram ajuda em medicação,em apoio psicológico,nada. Mas o apoio políticoeles deram, deram apoio àsituação do Schirmer, deram apoio a tirarforça da lei Kiss na AssembleiaLegislativa.

      - Recentemente, oMinistério Público do Rio Grande doSul (MPRS) entrou com ação contratrês pais de vítimas da tragédia(entre eles, o senhor), alegandocrime de calúnia. Como o sr. analisaa postura do MP e qual a expectativaem relação ao que ocorrerá comesse processo? 

     – Eles têm responsabilidade.Se não tivessem, estariam apoiando agente. O MP carrega uma influênciapolítica muito grande e deveria ser isentopelo poder que tem. Em relação aosfamiliares, vemos o absurdo: numainstituição que tem como poder eresponsabilidade defender a lei, você

    escuta de um promotor que osfuncionários da prefeitura cometeramerro por incompetência, porque nãotinham capacidade. Isso é a conclusão

    Sedufsm

    Sérgio

    dele nos autos. Se essas pessoas eramincompetentes e não tinham capacidade,não poderiam estar assumindo aquelecargo. A prefeitura cometeu erro aobotar um incompetente para assumir ocargo, então é um caso de improbidade,né, como você vai colocar alguém numcargo para o qual não tem competência?

     Aí você ouve no pronunciamento dasoitivas o secretário da época falar quenão conhecia a lei tal. Pô, pelo amor de

    Deus, como é que alguémque assume um cargo nãoconhece a lei tal? Elesfazem o que querem. Ainstituição se autodefen-de. Quero ser punidomesmo para mostrar oabsurdo que é a nossa lei.É um ato pedagógico nosentido de como funciona

    o corporativismo. O cidadão não servenada. O cidadão é apenas um número.Morreram 242 e tu tratas como se fosseum. Gostaria de ser punido, porque a

    punição maior nós já temos, que é aperda dos nossos filhos. Quer dizer quenesse mundo nós já estamos em dívida. Vou passar por esse mundo como o caraque não conseguiu ter seus filhos até ofinal, até eu morrer, para só depois elesirem. Então eu já estou condenado. Vamos brigar até o fim.

    - Desde a tragédia, hásetores da comunidade que dizemser necessária a aceitação das perdas e enfatizam o viés religiosocomo suporte à dor. Assim, asmanifestações por justiça seriamvistas como algo que incomoda emachuca. Como os familiares e a

     Associação lidam com essas contra-dições e críticas?   - Normalmente quando você

    não quer se incomodar, você coloca a

    Sedufsm

    Sérgio

    culpa em Deus. Fala que Deus que quis.Normalmente escutamos isso. E isso meincomoda muito, porque Deus não quer.Deus, como um ser supremo e que geravida e valoriza a vida, não iria querer queesses atos acontecessem. A granderealidade é meter a cara a tapa, dizer: vouapanhar e vou me indispor. Porque eu

    quando me disponho a lutar estou expondoa minha cara e a minha família. Estouabrindo mão de muita coisa.

    Como presidente da AVTSM, você temque lidar com isso. Uns querem escreverum livro, bom, outros não querem seenvolver, bom. Só também não aceito quea pessoa venha na Associação dar caminhopara ela, se não participa. Para você dizeralguma coisa da Associação, você tem queparticipar.

     – No dia em que a tragédiacompletou três anos, a AVTSM proto-colou petição junto à Corte Interame-ricana de Direitos Humanos solicitan-do julgamento para o caso. Por que

    recorrer a essa instância interna-cional e o que se espera dessa ação? 

      - Recorremos porque se pas-saram três anos. Para você recorrer a essainstância, você tem que ter esgotado todasas informações do processo. Claro, oprocesso de crime contra aqueles quatro[Elisandro Spohr, Mauro Hoffmann - donosda boate, Marcelo de Jesus dos Santos eLuciano Bonilha de Leão - integrantes dabanda Gurizada Fandangueira] já estásendo feito, a sequência dele é normal, temtodo esse período. Mas não foi feito oprocesso sobre os agentes públicos. Tu vêsque não teve sindicância sobre funcioná-rios públicos, os que foram citados foramretirados. Então nós estamos recorrendo a

    essa instância maior pela falta de processocontra essas pessoas. Foram individualiza-dos, mas não foram chamados à responsa-bilidade na justiça.

    Sedufsm

    Sérgio

    04  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

    COM A PALAVRA

    MARÇO DE 2016

    SÉRGIO SILVA

    Kiss, 3 anos

     ‘Já estamoscondenados’ 

        I    V    A    N     L

        A    U    T    E    R    T

    Três anos se passaram desde a noite mais triste que o Rio Grande do Sul jávivera. Uma noite cuja dor ainda reverbera não só nos familiares das 242vítimas fatais do incêndio na boate Kiss, mas em toda vida e juventude queinsistem em se manter de pé mesmo após a devastação daquele janeiro de2013. Muito embora a cidade já demonstre tímidos sinais de superação, umalacuna rouba o sono daqueles que esperam pela justiça e lutam

     para que outra tragédia dessa dimensão não se repita.Confira, abaixo, uma conversa com Sérgio Silva,

     presidente da Associação dos Familiares de Vítimase Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria(AVTSM). Aqui, ele fala sobre os três anos sem

     justiça e sobre os desmandos de órgãos quedeveriam proteger a população.

     “Quero serpunido paramostrar o

    absurdo queé a nossa lei” 

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

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    Liliane Dutra Brignol - Departamento de Ciências da Comunicação da UFSM “A proposta de reajuste encaminhada é, sem dúvida, insuficiente diante do achatamento dos salários. Demonstra a negligência do governo comos servidores públicos, que, assim como os trabalhadores de modo geral, acabam sofrendo as consequências de uma política econômica que,muitas vezes, privilegia os interesses do mercado. Percebe-se um discurso repetido de recessão que justificaria a perda salarial e a redução derecursos para a educação, assim como um contexto de pequeno envolvimento da maioria da categoria com estas questões. Diante disto, caberiauma ação firme de reaproximação do sindicato a sua base, a busca pela ampliação de espaços de debate que contemplem uma pluralidade deopiniões, a mobilização para temas que impactam o cotidiano dos docentes, de modo a construir posicionamentos que deem conta doenfrentamento que precisa ser feito para a luta contra as perdas salariais e pela manutenção na qualidade das condições de trabalho”.

    Abel Panerai Lopes - Departamento de Extensão Agrícola e Educação Rural da UFSM“O desmando e o descontrole financeiro Governamental vem dilapidando os salários dos Funcionários Públicos Federais, através de reajustes quenão atendem às necessidades dos Servidores, nem atendem a cobertura mínima dos índices de inflação atribuídos pelos próprios ÓrgãosGovernamentais responsáveis pelas informações estatístico-econômicas. Destacamos o ano de 2015, onde o Governo Federal, pressionado por umagreve de mais de 4 meses das IFES, voltou atrás após estabelecer um reajuste Zero%, modificando para uma proposta de 10,8% em duas vezes,dividindo-a em 5,5% em Julho de 2016 e 5% em Janeiro de 2017, o que mesmo assim continuou depreciando e aviltando os salários de seusServidores Universitários. A inadequada condução das Políticas Salariais tem levado a categoria universitária a sistemáticas paralisações e greves, oque para a população em geral, a Mídia e a falação dos Governantes são atitudes desmedidas. Aos leigos, incautos, desmobilizados e alienadosafirmamos que ainda não existe outra medida ou atitude que apresente melhor resultado. Outras atitudes poderão ser desenvolvidas quando osGovernantes respeitarem e dialogarem aberta e democraticamente, numa mesa de negociação, com os seus Servidores Universitários”.

    Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES  05MARÇO DE 2016

    OPINIÃO

    JURÍDICO SEM DÚVIDAS

     Adicional de fériasOs docentes que se encontram afastados para estudos deparam-se com a dificuldade de

    marcar suas férias e, consequentemente, de receber o valor adicional referente a esse período.Isso ocorre porque a Administração – e, aqui, entende-se União Federal, Autarquias, Fundações,enfim, todo o aparelho estatal – vem negando esse direito, sob a alegação de que pessoasafastadas para qualificação não poderiam usufruir férias e receber o respectivo adicional. Oentendimento restritivo da União acerca da marcação e do pagamento do adicional de fériasdesrespeita os próprios dispositivos do Regime Jurídico Único (RJU), tais como os artigos 77 (que trata especificamente daquestão de férias), 87 (licença para capacitação), 95 (afastamento para estudo ou missão no exterior) e 96-A (afastamentopara participação em programa de pós-graduação stricto sensu no país).

     “Isso vem levando ao ingresso de várias demandas judiciais requerendo o direito à marcação, concessão e pagamento doadicional de férias nesses períodos de afastamento”, diz Heverton Padilha, membro do Escritório Wagner AdvogadosAssociados. Tamanha é a relevância do problema que a Sedufsm possui uma ação coletiva na justiça federal reivindicando odireito desses servidores, e Padilha afirma que a causa docente já recebeu decisões favoráveis em várias instâncias, quereconhecem o direito dos professores afastados nessas condições, consideradas efetivo exercício de serviço público.

     “As decisões no processo, até então, reconhecem o direito dos substituídos à programação de férias e à percepção dorespectivo adicional de 1/3 (um terço), independentemente de estarem no gozo das licenças ou afastamentos previstos nosartigos 87, 95 e 96-A da Lei nº 8.112/90”, diz o advogado, acrescentando que o objetivo também é impor à UFSM quendenize, proporcionalmente, os períodos de férias não usufruídos e o respectivo adicional de um terço de férias. Quemdesejar acompanhar, no site do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), a tramitação da ação, pode utilizar o número doprocesso: 5000153-47.2011.404.7102.

    Quanto à matéria em si, há vários recursos pendentes de julgamento junto ao STJ. “De qualquer forma, até o presentemomento, existem várias decisões favoráveis aos servidores, e, no caso da ação da Sedufsm não é diferente, pois todas asdecisões até então são de procedência quanto ao direito pleiteado, porém necessitam ser corroboradas pelo STJ. Portanto,não temos ainda o trânsito em julgado da ação”, explica Padilha.

     A pressão advinda tanto da ação coletiva, elaborada pela Sedufsm, quanto do número significativo de ações judiciaisndividuais em relação a essa matéria, levou o Governo Federal a publicar, em dezembro de 2014, a Orientação Normativa(ON) nº 10, que modificara a ON nº 2, de fevereiro de 2011. Em sua essência, o novo texto apresenta alguns avanços, comoo reconhecimento da concessão de férias, com o pagamento do respectivo adicional nos afastamentos considerados efetivoexercício de serviço público.

    Porém, a nova orientação, na avaliação de Padilha, não deve ser considerada um reconhecimento pleno do direito, vistoque não reconhece períodos retroativos e não vem sendo aplicada em todos os locais. Em diversas universidades e InstitutosFederais, por exemplo, a ON não é colocada em prática. “A ON ainda é muito restritiva, primeiro por não reconhecer o direitoretroativo das pessoas que já estão afastadas, e segundo por limitar a dois anos apenas a concessão. Então, por esseentendimento, se o docente estiver há quatro anos afastado para doutoramento, por exemplo, e não houve concessão deférias nesse período, duas delas não seriam concedidas. Portanto, o reconhecimento ainda não contempla o direito em suaplenitude. Já nas ações judiciais – ao contrário da ON - não há qualquer limitação, reconhece-se o direito, claro, ressalvada aprescrição quinquenal”, pondera o advogado.

    Comofunciona aouvidoriada UFSM? A ouvidoria da UFSM é um instrumento através do

    qual qualquer pessoa pode registrar uma crítica,denúncia, sugestão ou elogio referente à instituição ea seus servidores. E a forma utilizada é o site dainstituição, conforme explica a ouvidora substituta,Sonia Roselaine de Pra Venturini. “Muitas vezes aspessoas ligam para saber como fazem umareclamação, denúncia ou sugestão. É pelo site e euexplico a elas como procederem”, diz a servidora.

    Cada manifestação fica registrada no site e omanifestante recebe um número, através do qualpode acompanhar a tramitação de sua demanda. Épossível, também, encaminhar a solicitação anonima-mente.

    Só em 2015 foram registrados cerca de 1000contatos com a ouvidoria. Desses, 283 foramclassificados como reclamações, 231 como denúncia,183 como solicitação de informações, 38 comoencaminhamento de sugestões, 36 como assuntosgerais e 15 como elogios.

    Recebidos os registros, a ouvidoria encaminha-ospara os setores devidamente responsáveis. “Porexemplo, se há reclamação de que o setor está muitodemorado, encaminhamos a demanda para o setor,que vai esclarecer o porquê da demora. Vamos pediragilidade no retorno”, conclui Sonia. As manifestaçõespodem ser feitas em portal.ufsm.br/ouvidoria.

    Um projeto rebaixado de reajuste foi encaminhado pelo Governo ao Congresso Nacional no apagar das luzes de 2015. O texto prevê que os docentes terão reajuste de 10,8%,divididos em duas parcelas (agosto de 2016 e janeiro de 2017). O índice é considerado insuficiente, já que não repõe as perdas inflacionárias do último período. A primeira

    parcela do reajuste, em agosto de 2016, será de 5,5%, ao passo que a inflação só para este ano deve ser de 6,7%. Por conta disso, o ANDES-SN não assinou o acordo. Confiraabaixo a opinião de docentes da UFSM acerca das perdas salariais e sobre a forma com que a categoria deve se posicionar frente aos ataques.

    BRUNA HOMRICH

     Arquivo/Sedufsm

     Adriano José Pereira - Departamento de Ciências Econômicas da UFSM “Como o próprio Governo declarou o reajuste previsto para os próximos dois anos sequer repõe as perdas inflacionárias de 2015 e 2016. Estamedida está inserida na atual política econômica, cujo combate à inflação está centrado no aumento da taxa de juros e do superávit primário,para fazer frente ao pagamento da dívida pública que vem crescendo em função do próprio aumento dos juros. Considerando-se que o PIB devecontinuar com taxa bastante negativa em 2016 e, talvez, volte a ser positivo em 2017, as expectativas do conjunto dos SPF em relação à

    reposição de perdas salariais no restante desse governo não são favoráveis. A base de arrecadação vem encolhendo, ainda que a cargatributária aumente, o que deixa menos espaço para as reposições de perdas salariais. Portanto, a atual conjuntura leva a necessidade deaumento da capacidade de barganha para os anos de 2017 e 2018, visando pelo menos a reposição das perdas de 2015 e 2016”.

    Como você avalia as sucessivas perdas salariais da categoria?

     Arquivo/Sedufsm

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

    6/11

    que pauta a inclusão, a celebração da diversidade e odiálogo com as mais variadas áreas do conhecimentohumano. Exemplos disso são as turmas multi-idade,que abarcam crianças desde 1 ano e 9 meses até 5anos e 11 meses, na perspectiva de formá-las o maispróximo possível da realidade que as espera fora doambiente escolar e bancar, com elas, os desafiosdessa convivência. A proposta de ateliês, nos quaisas crianças, junto aos professores, desenvolvemrelação com a arte, também aponta o diferencial doprojeto elaborado pela Ipê. Outra característica é ofato de existirem crianças de variadas origens sociaisnas turmas. “Consideramos importante. Temoscrianças muito pobres, vítimas de maus tratos. Hojetemos realidade de escola pública, e, ao mesmotempo, essas crianças convivem com o filho docientista, do professor pesquisador, dos técnicos. Eessa diversidade é extremamente importante naformação dos nossos alunos”, diz Viviane.

    Em sua origem, a Ipê não apresentava demandatão grande, tendo em vista que suas vagas eramrestritas aos filhos e filhas de docentes, técnico-administrativos em educação e estudantes. Nessaépoca, não era vinculada ao Ministério da Educação(MEC), e a forma apontada pela administração

    6  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

    EPORTAGEM ESPECIAL

    MARÇO DE 2016 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES  07MARÇO DE 2016

    já se falou sobre a reforma universitária,sdobramentos difíceis para os novos campi esurgidos, a escassez de verbas que cria aição de colocar estudantes para dentro eá-los por falta de permanência, a sobrecargabalho que se acumula sob os ombros dees e técnico-administrativos em educação.m já foram amplamente abordados osvos cortes de verba que a universidadebrasileira vem sofrendo. Muito pouco se contudo, as tesouradas que têm como mira aão infantil federal.nte em janeiro de 2016, 498 famíliasm, porém não conseguiram matricular seusa Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo.

    meros são sintomáticos da grande demandada à escola: 523 inscrições homologadas e25 vagas, destinadas via sorteio público. Parara da Ipê, Viviane Cancian, a intensa procura

    sa uma demanda reprimida muito g rande naou seja, a educação infantil pública carece dede verbas, de atenção.não é somente a insuficiência de vagas queamanha procura à unidade. Hoje, a Ipêo diferencia-se por um projeto pedagógico

    Ipê: aumentoda demandaem mais devinte vezescentral da Ufsm para que o espaço pudesse se

    sustentar era a cobrança de mensalidades – mesmoque sob o nome de ' colaboração' – num valor que seaproximava dos R$ 400. A partir de 2009, então, adireção da Ipê, em conjunto com as direções dasoutras 20 unidades existentes país afora, começou amobilizar forças nacionalmente para que essasunidades fossem abraçadas pelo governo federal. “Nós não acreditávamos num espaço público agindocomo privado a partir da cobrança de mensalidades.Isso ia contra meus princípios e o que defendo porpúblico. Depois de muita luta conseguimos seratendidos, de fato, dentro do MEC”, explica a diretorada Ipê. Nessa época, e até os dias atuais, VivianeCancian presidia a Associação Nacional das UnidadesUniversitárias Federais de Educação Infantil(Anuufei).

    Com a resolução emitida pelo governo em 2011,todas as vinte unidades foram reconhecidas comofederais. Em dezembro daquele ano, o ConselhoUniversitário (Consu) da UFSM aprovou, porunanimidade, que a Ipê deixasse de ser um projeto epassasse a se configurar como unidade federal. Esseprocesso, contudo, não veio sem desdobramentosconcretos e difíceis para quem se propunha a

    construir aquele espaço. Viviane conta que elespassaram por um período de muita dificuldade, emque não dispunham nem de secretaria, nem de vice-direção, por exemplo. Além disso, a federalização da Ipê Amarelo trouxe

    uma nova realidade: se antes suas vagas eramrestritas a filhos de servidores e estudantes, agorateriam de ser abertas a toda comunidade de SantaMaria e região. E num cenário de déficit na educaçãoinfantil pública, o caminho da Ipê já era mais queprevisto: o aumento da demanda em mais de 20vezes se comparada ao número de vagasdisponíveis, conforme aponta a relação candidato-vaga da última seleção.

    Para dar conta dos alunos e de todas as facetaseducacionais abordadas, são sete turmas multi-idade, lideradas, cada uma, por um professor federal – da carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico(EBTT) -, um educador infantil com contratoprecarizado e dois bolsistas, esses geralmentevinculados aos cursos de Pedagogia e EducaçãoEspecial da UFSM. Também há uma turma de

    berçário, onde permanecem os bebês de 4 meses a 1ano de meio.

    Conforme exige o processo de federalização, em2014, a Ipê realizou um grande concurso e aprovou14 professoras. O MEC, contudo, liberou apenas 6vagas para contratação, com a promessa de que as 8restantes viriam em breve. “A maior parte dasunidades do país já tinham professores federais,porque, em negociação interna dentro dasuniversidades, as reitorias acabavam sempreconseguindo algumas vagas para as escolas. Entãoelas já tinham funcionamento com professoresfederais. As únicas unidades que não tinham eram anossa e a UFF [ Universidade Federal Fluminense]”,explica Viviane. De fato, antes de ser federalizada, aunidade funcionava apenas com professorescontratados via fundação. Após setornar unidade federal, a ideia eraque todos os professores terceiriza-dos fossem substituídos por concur-sados da carreira EBTT, mas não foiisso que ocorreu.

    Como hoje a Ipê só dispõe de 6professoras federais, advindas doconcurso de 2014, mais uma transfe-rida da Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC), alguns con-tratos terceirizados tiveram de ser mantidos paraque a unidade não fechasse as portas, visto que a

    promessa do Ministério do Planejamento, Orçamen-to e Gestão (MPOG) de liberar as vagas ainda searrasta.

    Esta terceirização esconde uma faceta ainda maisdura, já que como a lei não permite a terceirizaçãodas atividades-fim, estas trabalhadoras da educaçãonão podem ser contratadas sequer como professorasque efetivamente são, mas acabam assinando umcontrato como 'educadoras especiais', expondo umarealidade de precarização na educação básicafederal.

    Todo esse cenário revela que a educação infantilfederal não escapou ao contexto de expansãouniversitária sem qualidade, em que se abriram asportas da universidade sem a garantia, muitas vezes,das mínimas condições de estudo e trabalho,conforme tanto criticou o movimento docente desdeque a reforma universitária entrou em pauta.Federalizar uma unidade de educação básica, porém

    Entretítulo) Vagas trancadas no MPOG

    sem viabilizar um corpo de professores concursadospara dar conta do trabalho, parece deixar apenasduas opções: ou fechar as portas até que o governoresolva liberar as vagas restantes, ou manter contra-tos com pouquíssimos direitos e sem maioresgarantias, apenas para não deixar as crianças sematendimento.

    Nesse processo de a Ipê Amarelouniversalizar suas vagas, oferecen-do-as a toda comunidade santa-mariense, os estudantes e servidoresdocentes e técnico-administrativosda universidade vêm enfrentandobastante dificuldade em conseguirmatricular seus filhos. Helena Olivei-ra, estudante de Agronomia daUFSM, conta que já tentou, por trêsvezes, vaga para sua filha na Ipê,

    contudo, nunca obteve sucesso. “Desde os trêsmeses, então, deixei minha filha numa escolinha

    particular. Até pouco tempo atrás, a UFSM davaauxílio-creche, que era o valor de uma creche emCamobi. Só que se decidiu, recentemente, que édever do município garantir que todas as criançastenham acesso à creche. Assim, a SecretariaMunicipal de Educação comprou algumas vagas emcreches particulares, e a universidade cancelou oauxílio-creche. O problema é que nesses lugares nãohá turno integral. Meu curso é manhã e tarde. Ocurso do pai dela também. Não temos a mínimapossibili-dade de deixar ela num turno só. Até entãoeu recebia auxílio-creche por não ter vaga em escolamunicipal, agora fiquei sem a bolsa. Minha filhasegue na mesma creche particular em que estava[por ter turno integral], só que esse mês será oprimeiro sem o auxílio da UFSM. Teremos de arcarcom tudo”, diz a estudante.

    Para a técnica-administrativa em educação, AliceNeocatto, conseguir matricular sua pequena Violeta

    Entretítulo) Servidores e estudantes relatam

    dificuldade em conseguir vaga

    Educação infantil sofrecom cortes do governo

    BRUNAHOMRICH

    na Ipê também vem sendo complicado. “As p olíticasque abrangem a assistência de filhos dos trabalhado-res e estudantes da UFSM no panorama atual sãoinexistentes, a unidade Ipê Amarelo faz sorteios devagas para a comunidade em geral, não é mais umprojeto para as crianças filhas de servidores e estu-dantes da universidade. Assim, o amparo aos queestão no dia a dia da UFSM se torna uma questão desorte de ter uma vaga garantida no sorteio anual.Participei do sorteio desse ano, não fomos contem-plados com a vaga e pretendo concorrer nos próxi-mos, pois gostaria de estar próxima a minha filha noperíodo que trabalho’’, problematiza a servidora.

    Hoje, a Ipê Amarelo não recebe uma verba especí-fica, discriminada no orçamento da universidade, ouseja, é a reitoria que repassa o valor 'x' ou 'y' à unida-de. Viviane Cancian explica que vem pleiteando, jun-to ao governo federal, que haja uma matriz orçamen-tária específica. “É importante que venha determina-do quanto é destinado a Ip ê Amarelo, pois assim ficamais fácil nós darmos conta da gestão”, diz.

    Quem adentra a unidade, percebe que lá não háespaço vazio. A diretora explica que todas as salasforam adaptadas para receber as turmas. “Não te-mos mais nem espaço para os adultos, porque játransformamos em sala”, pondera, colocando aimpossibilidade de ampliação daquele local parareceber mais crianças. Segundo ela, vem se traba-lhando, em conjunto com a reitoria, no projeto deconstrução de uma nova unidade, também dentro docampus central.

    Contudo, antes é preciso 'arrumar a casa', ou seja,regularizar a situação dos professores da educaçãobásica. E isso depende de o governo quitar seus débi-tos com a Ipê Amarelo, liberando as vagas prometi-das ainda em 2014. “Estamos cogitando uma unida-de maior, mas não adianta só termos estrutura física,precisamos ter professor federal para assumir asturmas”, preocupa-se Viviane, que tem um sonho:ampliar a Ipê Amarelo para um colégio de aplicação.

     Entretítulo) Ipê pleiteia matriz orçamentária

    específica

     Vagas trancadas no MPOG

    Servidores e estudantes relatamdificuldade em conseguir vaga

    Ipê pleiteia matrizorçamentária específica

    Viviane Cancian, diretora da Ipê Amarelo

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

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    Quando cedido à Empresa Brasileirade Serviços Hospitalares (Ebserh), oHospital Universitário de Santa Maria(Husm) daria saltos importantes no quetange ao atendimento da população e àqualificação dos processos ali realiza-dos. Essa era a promessa de quemdefendia arduamente jogar a entidadenas mãos ansiosas da privatização. E,assim, numa decisão que escamoteou ademocracia, o contrato com a empresapública de direito privado foi celebradoem dezembro de 2013, via “adreferendum”  do então reitor da Ufsm,

    Felipe Müller. Os últimos dias deste mêsde fevereiro revelaram, contudo, quetoda propaganda positiva não passavade engodo.

    No dia 11 de fevereiro, a direção doHusm convocou a imprensa para umaentrevista coletiva, com o objetivoaparente de denunciar a situação críticado hospital. Na coletiva, o chefe daDivisão de Gestão de Cuidados, Salva-dor Penteado, destacou que o hospitalsempre esteve lotado, mas que a situa-ção atual chegou ao limite. “Estamospedindo socorro, não tem mais comoreceber pacientes [...] Estamos abrindoas portas para mostrar à populaçãocomo estamos trabalhando”, disse.

    Outro relato feito durante a coletivaveio da enfermeira chefe do ProntoSocorro, Rosângela Machado, quedeclarou estar preocupada com oatendimento. "São quatro enfermeirospor turno e oito técnicos em enferma-gem. Não estamos conseguindo atenderos pacientes da melhor forma".

    Como motivo da superlotação foiapontado o envio de mais casos para ohospital. Sílvio Ribeiro, chefe da Divisãode Apoio e Diagnóstico Terapêutico doHusm, alegou que um ajuste feito pela4ª Coordenadoria Regional de Saúdeencaminhou para o Husm toda ademanda reprimida da região. “Hoje,por exemplo, estamos recebendopacientes que recebiam atendimentoem hospitais de Faxinal do Soturno, SãoPedro do Sul e da própria Casa de Saúdede Santa Maria. Esses hospitaispassaram a não realizar mais algunsprocedimentos e tudo está estourandono Husm”, disse.

    Os problemas explicitados não sãonovidade para o movimento sindicalcombativo. Desde quando a Ebserh

    recém tomava corpo, ainda na forma deMedida Provisória (MP) 520, os docen-tes, técnico-administrativos em educa-

     Entretítulo) Cenário de precarização

    movimento sindical

    08  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

    DE OLHO NA UFSM

    MARÇO DE 2016

    Superlotação do Husm põe em

     xeque propaganda da Ebserh

    ção, estudantes e demaislutadores avisavam: acausa da precarização nasaúde pública não é umproblema de gestão, masde financiamento.

    Para o professor daUFSM e Conselheiro daSedufsm, Rondon deCastro, a precarizaçãoapresentada pela direção do hospital éapenas mais uma página da prepara-ção para a entrada de planos de saúdeno Husm. “As portas serão escanca-radas para a exploração comercial dasaúde do povo e fechadas paulatina-mente para o SUS, exatamente comoem outras unidades de saúde públicaadministradas pela Ebserh”, diz o do-cente, salientando que o próprio regi-mento da empresa já prevê a captaçãode recursos na iniciativa privada. “Não era preciso ser vidente para

    prever que a imposição da Ebserh nãovinha para resolver os problemas, maspara desincumbir o governo de suasresponsabilidades com a saúde. OHusm não está com superlotação por

    uma questão temporária. É hora de serever esse acordo que, de modo nadasutil, quebrou a autonomia universi-

    tária, permitindo a inter-venção externa emdecisões administrativase acadêmicas da UFSM. A Ebserh é perniciosapara os interesses dopovo e da própria univer-sidade pública, é umaaberração de um gover-no que transformou

    direitos em custos a serem cortados",conclui Rondon, que era presidente daSedufsm quando da adesão da UFSM àEbserh.

    O servidor técnico-administrativo doHusm, Mauro Nascimento Pereira,acredita que a abertura das portas dohospital à mídia vem carregada deintencionalidade. Em sua avaliação,denunciar a superlotação é umaestratégia da gestão para motivar aentrega do Hospital Regional de SantaMaria também à Ebserh. “O problemada superlotação não é novo, isso é

    recorrente no Husm e já existia antes. A Ebserh chegou e não resolveu osproblemas. Jogar isso na mídia agora é

    Entretítulo) Ebserh visa criar clima

    de pânico, diz servidor

     “Estãocriando

    estado depânico nacidade” 

    Servidor diz que problema de superlotação é observado há anos no Husm

     Arquivo/Sedufsm

    estratégico para a empresa conseguirabraçar o Regional. Estão criando umestado de pânico na cidade para motivarisso”, diz o servidor.

    Ele ainda cita outros problemas quesão usuais no Husm, como a falta demedicamentos e o cancelamento deprocedimentos. Já ocorreu de pacientesvirem do interior, terem procedimentocirúrgico agendado e, no hospital,serem avisados do cancelamento. “Aspessoas têm direito à dignidade, nãopodendo ficar uma semana expostasnos corredores, com luz no rosto emacas e sacolas de lixo hospitalarcirculando. Há vários problemas que nãochegam à mídia, pois as pessoas nãodenunciam”, complementa Pereira.

    O combate à contrarreforma da saúdepública, com a realização de um dossiêcom descrições e análises de fatos sobrea Empresa Brasileira de Serviços Hospi-talares (Ebserh), foi uma das delibera-ções aprovadas pelos delegados do 35º

    Congresso do Andes-Sn, realizado de 25a 30 de janeiro, em Curitiba-PR. Leiamais sobre na página 10.

    Entretítulo) Andes-SN fará dossiê

    sobre Ebserh

    Cenário de precarizaçãonão é novidade paramovimento sindical

    Ebserh visa criar climade pânico, diz servidor

     Andes-SN fará dossiêsobre Ebserh

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

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    De Goiás ao Chile: estudantesprotagonizam luta por educação

    EDUCAÇÃO

    PAINEL

    Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES  09MARÇO DE 2016

    Há anos os estudantes chilenos vão àsruas em protesto pelo caráter público egratuito das escolas e universidades.Então, no dia 23 de dezembro de 2015,uma lei que promete avanços no acesso aoensino superior é aprovada pelo Senadochileno, ilustrando mais um passo na refor-ma educacional orquestrada pelo governoda presidente Michelle Bachelet. Mas aaparência progressista da lei esconde oreforço de um projeto que, ao invés de darcabo do ensino privado, garante o subsídiopúblico para que esse continue existindo.Quem vem apontando isso são os própriosestudantes chilenos que herdaram, desde aditadura de Augusto Pinochet (1973-1990),um sistema de educação sob o qual o

    Estado reduzia sua responsabilidade e aniciativa privada avançava a passos largos. Até final do ano passado, quando da

    aprovação do projeto, todos os estudantesde ensino superior do Chile tinham depagar mensalidades – seja em universi-dades públicas ou privadas. Com a lei queprevê o ensino gratuito, cerca de 178 milestudantes universitários deixarão depagar. Para a Confederação dos Estudantesdo Chile (Confech), contudo, a reformamostra-se insuficiente, uma vez quedeixará mais de um milhão de discentes defora. Além disso, prevê que o governoaumente os repasses de dinheiro públicopara parte das universidades privadastendo por objetivo abrir vagas “gratuitas”

    aos estudantes, de forma semelhante aoque ocorre, no Brasil, com o ProgramaUniversidade para Todos (Prouni). A Confech critica o fato de a gratuidade

    não vir no sentido de combater a privati-zação da educação, mas, pelo contrário,reforçá-la com a criação de bolsas pagascom dinheiro público e que não tocarão nosucros das universidades privadas. “Esta-mos bastantes críticos à redução do debatede educação à questão orçamentária, o quetorna o debate algo meramente corpora-tivo, já que cada dono de universidadeprivada está apenas interessado em saberse sua empresa vai ou não ganhar maisdinheiro do Estado. Com isso, a discussãode fundo é deixada de lado. Queremos,antes da lei da gratuidade, aprovar a Lei da

    Educação Superior, com a expulsão domercado da educação e o fortalecimento docaráter público das universidades”, disse apresidente da Federação dos Estudantes daUniversidade do Chile (Fech), Camila Rojas.

    studantes de Goiânia são presos após

    ocupação

    Numa ação de extrema truculência,policiais do Batalhão de OperaçãoEspeciais (Bope) prenderam 31 pessoasno dia 15 de fevereiro, entre essas, 13eram menores de idade. A ação ocorreu

    como resposta à ocupação da sede daSecretaria de Estado de Educação, Cultu-ra e Esporte (Seduce) de Goiás por estu-dantes que protestavam contra amanobra do governador Marconi Perillo(PSDB). Ele alterou, sem aviso prévio, olocal da sessão pública na qual seria feitaa abertura dos envelopes com a docu-mentação e as propostas das Organiza-ções Sociais (OS) que se inscreverampara administrar 23 escolas estaduais deGoiás. Conforme edital publicado emdezembro do último ano, a sessão ocor-reria na Seduce, contudo, de última hora,foi transferida para o Centro CulturalOscar Niemeyer, onde diversas pessoasforam impedidas de entrar, já que o localestava cercado por policiais militares,

    equipes do batalhão de choque, cavalariae dois ônibus. “Repudiamos o processo de privatiza-

    ção e a ação truculenta da polícia. Temosa certeza que os manifestantes não

    cometeram nenhum ato ilegítimo contra opatrimônio do estado ou pessoas naocupação. Portanto, a criminalização domovimento está sendo forjada por partedos órgãos oficiais e com a cobertura dagrande imprensa”, disse o 1° vice-presidente da Regional Planalto do

     ANDES-SN, Alexandre Aguiar dos Santos.

     Tanto a ocupação da Seduce quanto asque vêm ocorrendo nas escolas de Goiástêm como pauta a rejeição ao modelo degestão de serviços públicos via OS, que jáse mostrou problemático em diversasoutras áreas, como na saúde. Em Goiás, ogovernador tenta empurrar, sem qual-quer debate, esse modelo para a educa-ção, colocando as escolas nas mãos daterceirização.

    Pedro Guilherme dos Santos, estudantede Direito na PUC-Goiás, vem acompa-nhando de perto as ocupações estudantispor lá e informa que as pessoas detidasna ocupação do dia 15 já foram liberadasdurante audiência de custódia. Segundoele, há cerca de 25 escolas ocupadas esem aula. “Hoje vejo que o movimento

    vem incomodando e atrasando os planosde terceirização das escolas, sendo queesse processo já foi adiado algumasvezes. Agora o Ministério Público (MP) doestado entrou na discussão, devido à

     A etapa municipal do II Encontro Nacional deEducação (ENE) ocorrerá no dia 2 de abril, com local adefinir. E, para divulgar o seminário e chamar maispessoas a compô-lo, será realizado um eventocultural de mobilização no dia 15 de março, na PraçaSaldanha Marinho.

    ação que o movimento vem fazendo. O MPestá questionando o governo do estado,pois foram constatadas várias ilegalidadesno edital”, explica o estudante.

    Ele diz que o movimento estudantiluniversitário e os demais apoiadores vêmtendo um papel importante como asses-soria jurídica e na organização das

    ocupações – através de doação dealimentos, oferecimento de transporte erealização de oficinas, por exemplo. Porém,há uma clareza de que seus papeisreservam-se ao apoio, de forma que oprotagonismo da luta é assumido pelossecundaristas, a ponta de lança domovimento.

    Outro ponto ressaltado por Santos é afalta de sensibilidade política da mídiahegemônica local para tratar do caso. “Comexceção dos meios e redes sociais quecriamos e alguns poucos blogs, a mídiagoiana praticamente ou permanece caladaou usa aqueles programas policiais de fimde tarde para atacar o movimento. Emcontrapartida estamos vendo muita coisasaindo na mídia fora do estado. Então hoje

    uma luta importante que nós, apoiadores, eos secundaristas viemos travando é umaluta de contra informação”, conclui oestudante.

    UFSM terá conferências sobre estatuinte A UFSM sediará duas conferências para debater estatuinte. A primeira ocorrerá no dia 15 de

    março, às 14h, no auditório do Centro de Ciências Rurais (CCR) do campus sede. Já em 16 de março,a atividade acontece nos campi do Cesnors: pela manhã, em Frederico Westphalen, e, à tarde, emPalmeira das Missões.

    Em ambas as datas a conferência terá como mote a discussão sobre diferentes concepções deuniversidade, e contará com a presença do técnico-administrativo em educação e conselheiro da

    UFSM, Alcir Martins, da diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), Pâmela Kenne, e doprofessor do curso de administração da UFSM, Victor Francisco Schuch Júnior.

    Ocupação das escolas em Goiás ocorre desde dezembro de 2015

    Definida data da etapamunicipal do II ENE

    Foto: BRASIL POST

    Estudantes de Goiânia sãopresos após ocupação

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

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    10  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

    SEDUFSM

    MARÇO DE 2016

    Foram seis dias de debates em Curitiba,na UTFPR, durante o 35º Congresso doANDES-SN. No total, 469 professorespresentes representando 74 seçõessindicais de todo o país, e que, ao final doevento (30 de janeiro), definiram asprioridades da luta de 2016. A Sedufsmesteve representada no encontro por oitodelegados, eleitos em assembleia da cate-goria na UFSM: Getúlio Lemos, Adriano

    Figueiró, Fabiane Costas, Luciano Miranda,Hugo Blois Filho, Márcia Paixão, AbelPanerai e João Carlos Gilli. A centralidade da luta do ANDES-SN

    deste ano ficou redigida, a partir da contri-buição da plenária do Congresso, daseguinte forma:

    - “Defesa do caráter público, democrá-

    35º Congresso do ANDES-SN defineluta contra a desestruturação da carreira

    tico, gratuito, laico e de qualidade daeducação, da valorização do trabalhodocente, dos serviços públicos e dosdireitos dos trabalhadores, com aintensificação do trabalho de base efortalecimento da unidade classista comos movimentos sindical, estudantil epopular, na construção do projeto daclasse trabalhadora”.

    No que se refere às políticas sociais e

    ao plano de lutas, os delegados do 35ºCongresso aprovaram a intensificação daorganização dos docentes e a articulaçãocom as entidades nacionais e locais ecom as faculdades de educação dasuniversidades federais para que sejamconstruídas estratégias a fim de barrar apolítica de formação de professores

    Foi aprovado também durante o 35ºCongresso do ANDES-SN o texto (TR-42), apresentado pela Apufpr eSedufsm, que prevê a construção deuma cartilha de orientação (diretrizesgerais) para as seções sindicais com o

    objetivo de realizar a pesquisa sobresaúde docente. Conforme o professorGianfábio Franco, do departamento deEnfermagem em Palmeira das Missões,também diretor da Sedufsm, a delibe-ração é importante no sentido deinstruir melhor a aplicação dessa pes-quisa, que foi definida em eventos do ANDES-SN.

     A Apufpr apresentou no mês deoutubro de 2015 uma prévia dos resul-tados da pesquisa realizada. Já aSedufsm, segundo explica Franco,prevê para o próximo mês de abril adivulgação, pelos meios de comunica-ção sindicais, dos dados preliminaresobtidos junto aos 139 docentes que

    compuseram uma amostra aleatória departicipantes da pesquisa.

    Saúde docenteO 35º Congresso também foi o espaço para deflagrar o processo eleitoral no

     ANDES-SN. As eleições ocorrem dias 10 e 11 de maio e durante o Congresso houveprazo para inscrição de chapas, além de aprovação do regimento eleitoral. Na tardede sábado, 30, foi inscrita uma única chapa, chamada “Unidade na luta”,encabeçada pela professora Eblin Farage (Aduff) e pelos professores AlexandreGalvão de Carvalho (Adusb) e Amaury Fragoso de Medeiros (Ufcg). Acompanhe a

    lista, ainda incompleta, dos nomes apresentados pela chapa na plenária de sábadoà tarde, dia 30.

     A Sedufsm participou no Congresso com uma delegação de oito professores

    contemplada na Resolução nº 02/2015do Conselho Nacional de Educação(CNE), que privilegia os empresários daeducação, desvaloriza o Magistério eameaça a manutenção dos direitos dosprofessores brasileiros.

    Os delegados também aprovaramações de mobilização para barrar a polí-tica de reforma curricular da EducaçãoBásica, materializada na proposta daBase Nacional Curricular Comum(BNCC), de iniciativa do MEC. A ideia édenunciar o caráter tecnicista e pragmá-tico da proposta, que se sintoniza com os

    interesses imediatos do mercado, emdetrimento dos interesses da formaçãohumana da classe trabalhadora.

     A luta em defesa dos direitos deaposentadoria pública e integral, contra ofundo de pensão dos servidores federais(Funpresp) e o combate à con-trarreforma da saúde pública, com arealização de um dossiê sobre a EmpresaBrasileira de Serviços Hospitalares(Ebserh), também estão entre asdeliberações aprovadas no 35º Congres-so. Ainda em defesa do SUS e da garantia

    de serviços públicos de qualidade, osdocentes irão fortalecer a luta emarticulação com as demais entidadessindicais e com a Frente Nacional Contraa Privatização da Saúde pela revogaçãoda Ebserh e contra a PEC 451/2014, queprevê autorizar a entrada de capitalestrangeiro nos serviços de assistência àsaúde.

     Entretítulo) Funpresp e Ebserh

    Definida chapa que disputará sindicato

    Parte dos membros da chapa inscritafoi apresentada durante plenária

    Durante o evento, realizado em Curitiba (PR), de 25 a 30 de janeiro, os 469 presentes aprovaram diversas políticaspara 2016, entre elas: a luta contra a desestruturação da carreira e a defesa da previdência, saúde e educação públicas.

    Presidente

     (Aduff - RJ)

    Secretário geral

    (Adusb - BA)

    1º Tesoureiro

     - (Adufcg - PB)1º Vice-presidente

     (Adufrj)

    2ª Vice-presidente

     (Apruma)

    3ª Vice-presidente

     (Adufpa)

    2º Tesoureiro

     (Apufpr)

    3º Tesoureiro

     (Sinduece - Est. do Ceará)

    1º Secretário

     (Adua - Amazonas)

    2º Secretário

     (Apes - Juiz de Fora)

    3º Secretário

     (Adufpel)

    Eblin Farage

     Alexandre Galvão Carvalho

     Amaury F. de Medeiros

    Luis Acosta

    Claudia Durans

    Olgaíses Maués

    João Negrão

    Epitácio Macário

    Francisco J. P. da Silva

    Márcio A. de Oliveira

    Giovanni Frizzo

     Entretítulo) Carreira

     A última plenária temática do 35ºCongresso do ANDES-SN, realizada nanoite do sábado (30), aprovou os planos delutas dos docentes dos setores dasInstituições Estaduais e Municipais deEnsino Superior (Iees/Imes) e das Institui-ções Federais de Ensino Superior (Ifes)para 2016. Os docentes deliberaram porum conjunto de ações para intensificar aluta e também aprofundar a discussãosobre os desafios organizativos impostospela multicampia, que é uma realidade de

    ambos os setores, e que tem suas especifi-cidades em cada instituição.No plano do Setor das Instituições Fede-

    rais de Ensino Superior (Ifes), os docentesaprovaram a pauta específica atualizadapara a campanha 2016 e também acampanha conjunta com as demaiscategorias do serviço público federal,ressaltando a necessidade de articulação,em âmbito local, das seções sindicais comas demais entidades dos SPF nos estados.

    Uma das ênfases de 2016 será a luta con-tra o aprofundamento da desestruturação dacarreira docente, imposta pelo PL 4251/2015,que “altera a remuneração, as regras depromoção, as regras de incorporação de gra-tificação de desempenho a aposentadorias epensões de servidores públicos da área daeducação, e dá outras providências”.

    Foi deliberado denunciar e lutar contraos efeitos deste PL, atualizar os estudossobre as perdas salariais impostas peloprojeto e seus impactos para os aposen-tados, além da produção de materiais queexplicitem as consequências nefastas doPL 4251/2015 sobre a carreira.

    F  o  t    o  s :  F R I   T Z 

    N  U N E  S 

    Funpresp e Ebserh

    Carreira

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

    10/11

    Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES  11MARÇO DE 2016

    NA ESTANTE DA SEDUFSM

     Ao fala rmos de tecnologia, atendência é pensarmos em máquinas,robôs e em uma série de dispositivoscuja relação com o mundo dá-se deforma exata, objetiva e impessoal.Contudo, para o professor Rodrigo

    Guerra, do departamento de Proces-samento e Energia Elétrica da UFSM, éustamente numa das áreas mais avan-çadas do conhecimento tecnológico - arobótica - que reside a preocupaçãocom a dor, a frustração, a geração deexpectativas e outras sensações ine-rentes ao ser humano. Isso porque,quando a tecnologia é desenvolvidatendo por objetivo melhorar a vidahumana, inevitavelmente há um depó-sito muito grande de confiança noresultado daquele trabalho. “Com arobótica sempre temos de tomar certocuidado, porque o público tem umaexpectativa muito grande. A ficção fazsso, né? As pessoas veem filmes e

    esperam muito. Temos de cuidar paranão decepcioná-las, pois ainda nãoestamos perto do que a ficção retrata”,diz o docente. É justamente aí que seencontra a intersecção entre o que háde mais exato e subjetivo na existênciahumana.

    Um exemplo trazido pelo professor éo de uma criança, 9 anos de idade,portadora de doença congênita que ampediu de desenvolver os dedospolegares em ambas as mãos. Ele e seugrupo de estudantes começaram,então, a trabalhar numa prótese, espé-cie de polegar postiço, para auxiliar acriança que carece dos dedos respon-sáveis pelo apoio, sustentação e manu-

    seio de objetos. Só que, desde o iníciodo projeto, passou-se um ano e aprótese já está em sua sétima versão,sem ter sido ainda finalizada. “Tenta-mos envolver o mínimo possível a crian-ça para que ela não crie expectativa.Tiramos molde e digitalizamos a mão

     Você já deve ter ouvido falar do projeto RElona, idealizado pela docente dodepartamento de Química da UFSM, Marta Tocchetto, e que tem por objetivo promovero reaproveitamento das lonas de banners, transformando-as em bolsas, sacolas, kitspedagógicos e outros utensílios.

    Tendo iniciado em 2015, o projeto traz a preocupação com as lonas vinílicas debanners, já que essas têm um reforço de fibra têxtil – necessário para que o materialresista ao vento e demais intempéries. O problema é que essa fibra inviabiliza areciclagem, de forma que o reaproveitamento surge como a necessária via nessescasos. “No verso da lona não é possível fazer impressão. Isso significa que, depois deimpresso o banner e, após vencido o objetivo da divulgação para a qual foi produzido,ele passa a ser lixo. Como não é material biodegradável, demorará centenas de anospara se decompor, podendo trazer muitos transtornos à natureza, a exemplo de serconfundido como alimento pelos animais ou causar entupimento nas redes de esgoto”,explica Marta. Só em Santa Maria, segundo a professora, produz-se em torno de seismil metros quadrados de lona por mês. E são materiais que ficam defasados e semdestinação após cumprirem seu objetivo. Alguns dos materiais desenvolvidos pelo RElona, através do reaproveitamento das

    lonas, são sacolas para eventos realizados na UFSM e as chamadas 'sacolas organiza-doras', nas quais os professores colocam controle do ar-condicionado, apagador epinceis de quadro e a chave da sala de aula. Esses materiais, diz Marta, vêm sendobastante requisitados pelas unidades de ensino da instituição, porém o projeto esbar-ra numa limitação material que não permite, ainda, abraçar grandes demandas. Alimitação é o maquinário, pois a produção ocorre em máquinas de costura comuns, nãoapropriadas para o manuseio da lona, visto que essa é mais espessa que um tecido. Nofinal de 2015, conquistaram uma máquina industrial. Tímido, porém importante avançopara um projeto de extensão, já que, como destaca Marta, esse pilar da universidadepública comumente experimenta verbas 'pequenas e minguadas'.

    Outra particularidade do RElona é que ele vem sendo desenvolvido em conjunto coma Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (AAPECAN) de Santa Maria. Então, oprojeto da UFSM costuma doar algumas sacolas para que a Associação sorteie ouvenda, a fim de arrecadar verba para o custeio das pessoas em tratamento. Mas não éapenas por essa via que a parceria firma-se: toda semana a professora Marta e seusbolsistas realizam oficinas na AAPECAN, de forma a envolver os pacientes comovoluntários também no processo de confecção dos materiais. “Tenho procuradoaproximar essas pessoas da universidade e mostrar que o que se faz dentro dauniversidade não é fruto de uma elite, mas algo acessível a todas as pessoas. Então,teve um dia em que levei as voluntárias e fizemos uma oficina na JAI de 2015. Levei-astambém para almoçar no RU [Restaurante Universitário] e andar na UFSM. Na nossacaminhada pela universidade, uma delas disse: 'eu nunca tinha entrado na UFSM paraalém do hospital'”, lembra Marta, e conclui: “No RElona, valorizamos mais que resíduos. Valorizamos pessoas”.

    CULTURAPERFIL

    Robótica

    para alémda ficção

        A   r   q   u    i   v   o    P   r   o    j    e    t   o    R    E    l   o   n   a

    A favela sob os olhos de Carolina Maria de JesusQuando, em 1958, Audálio Dantas, então repórter da Folha da Noite, chegou à favela do Canindé (SP) para escrever sobre o cotidiano

    de lá, logo viu que mesmo a mais refinada apuração jornalística não poderia resultar numa reportagem melhor do que os diários nosquais Carolina Maria de Jesus tomava nota de seus dias na comunidade. Ela, mãe de três filhos, sozinha, favelada, sem educação formal,catadora de papel e latinhas. Ela mesma foi quem escreveu um dos livros mais ricos da literatura nacional: ‘Quarto de Despejo - Diário deuma Favelada’, onde conta, a cada dia, como é a vida de quem tem a fome como personagem central de sua história. O livro, lançado

    com ajuda de Audálio, que descobriu a ela e a seus diários, fora traduzido para dezenas de idiomas e é, até hoje, peça fundamental deestudo mundo afora. Preservada a linguagem crua e simples de sua escritora, o livro é repleto de anotações diárias que revelam, paraalém dos relatos doídos acerca da fome e das privações mais basilares, uma lucidez gigantesca ao analisar a marginalização da favela esua utilização como plataforma eleitoral para políticos que, após eleitos, não mais ousavam sujar os pés no Canindé.

    RElona: integração epreocupação ambiental

    dela, para não termos sempre dechamá-la. Tem todo um cuidado”, expli-ca, defendendo a interdisciplinaridadecomo um caminho, visto que, na aliançacom estudantes e profissionais do cursode Terapia Ocupacional, por exemplo,

    pode-se lidar de forma mais próxima ecompreensiva com o paciente e suaspossíveis expectativas e frustrações. Antes de chegar à docência em Santa

    Maria, em 2012, Guerra passara seteanos no Japão, onde realizou seudoutorado e teve contato com campeo-natos mundiais de robô. Ao chegar aqui,começou a fomentar ações na área derobótica aplicada e, em 2015, uma equi-pe de estudantes da UFSM participara,pela primeira vez, do campeonatomundial, realizado na China.“Quandovocê se inscreve, vê como as outrasuniversidades trabalham e como o seulaboratório e a sua universidade colo-cam-se em relação ao mundo. É uma

    competição muito grande a copa derobôs”, diz. Naquele ano, já haviamconstruído seu primeiro robô, Juarez,com a parceria de uma universidadealemã – que cedera o projeto e algumaspeças. E agora, vem uma nova etapacom a Taura Bots – equipe de compe-tição da UFSM: construir um robôinteiramente pensado e montado poraqui. Esse robô já saiu no início desteano, porém, foi entregue, pelo próprioGuerra, a um professor japonês queapoiou o projeto. Ao todo, o robô custoucerca de 10 mil euros. O próximo passoé construir outro exemplar da máquinapara permanecer em Santa Maria. “Sinto-me muito orgulhoso da UFSM.

    Quero preservá-la e fazê-la ser aindamelhor e mais excelente. Falo issoporque hoje visto mesmo a camiseta dainstituição”, diz o professor RodrigoGuerra, que, mesmo antes de prestarconcurso, já havia se decidido a fincarraízes na Boca do Monte.

    *Por Bruna Homrich

    BRUNA HOMRICH

    SOCIALISTA MORENA

  • 8/20/2019 Jornal SEDUFSM Março de 2016

    11/11

    12  Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDESMARÇO DE 2016

    MEMÓRIA

    1996: LDB privatizante é aprovada na Câmara

    EXPRESSÕES

         A    r     q    u     i     t     e     t    u

        r     a

    DILSON CECCHIN - Departamento de Arquitetura e Urbanismo

    Em dezembro de 1996, a capa do jornal da Sedufsm trazia a notícia nadafavorável ao movimento sindical e a

    todos aqueles e aquelas que lutavampelo caráter público da educação: ACâmara Federal aprovara, em 17 dedezembro daquele ano, o projeto de Leide Diretrizes e Bases da Educação, umrelatório do deputado José Jorge aosubstitutivo Darcy Ribeiro no Senado.Por 349 votos favoráveis, 73 contrários e4 abstenções, os lutadores sociais viramser institucionalizado um projeto queaprofundava o desmonte da educaçãopública e trazia desdobramentos nefas-tos para as universidades federais.

    O processo, embora tenha se findadocom a derrota dos setores combativos,foi marcado por luta. Antes daaprovação, o Fórum Nacional em Defesa

    da Escola Pública, espaço de organiza-ção e resistência

    surgido dez anos antes, realizou umasérie de atividades a fim de barrar oavanço da LDB Darcy/MEC/José Jorge,

    tais como: visita aos gabinetes dos depu-tados pedindo o adiamento da votação;panfletagem na Câmara Federal; partici-pação nas reuniões dos partidoscomprometidos com os princípios da edu-cação pública e gratuita; distribuição decartazes e adesivos no CongressoNacional e análise comparativa preliminardos textos da LDB da Câmara (PL 1258-C/88) e do relatório de José Jorge. Nadadisso foi suficiente para neutralizar a forçados partidos governistas – PFL e PSDB -,que manobraram a fim de que a matériafosse votada o mais rápido possível.

    E toda celeridade na aprovação dosubstitutivo vinha carregada de intencio-nalidade política, já que o texto

    aprovado em dezembro daquele anocorrespondia aos interesses do Ministérioda Educação (MEC). Por exemplo, a partir

    da nova LDB, as instituições públicas deensino superior receberam sinal verdepara buscar financiamento na iniciativaprivada. Isso se explicita no seguintetrecho: “conceder autonomia às institui-ções públicas, não só na busca derecursos, como também para definir seuquadro de pessoal, seu regime jurídico,seus planos de carreira, contratação edispensa de professores” (art. 52 eincisos). Outro ponto polêmico abria apossibilidade de as instituições de ensinosuperior privadas receberem verbapública, uma vez que passariam aintegrar o 'sistema federal de ensino'.

    No plano político, excluiu o FórumNacional de Educação e restringiu as

    atribuições do Conselho Nacional deEducação (CNE), limitando a entidade afunções meramente assessoras do MEC. Além disso, no que tange à democracia

    interna nas universidades, assegurava aexistência de órgãos colegiados delibe-rativos compostos por uma maioria dedocentes (70%), questão que atéhoje é um entrave aos processosestatuinte em curso.

    Cabe lembrar que a Lei DarcyRibeiro – e o substitutivo de JoséJorge – não eram a única opçãode LDB existente. Já há oito anoso Congresso discutia a elabora-ção de um projeto que viesseao encontro das necessidadesreais de reestruturação e

    aperfeiçoamento apontadaspela educação brasileira. A

    partir dessa demanda, entidades e

    Dilson Cecchin acredita que aarquitetura também é uma forma

    de arte. Mas ele não se limita aoespaço da sala de aula, de formaque, pelo menos três horas desua semana são dedicadas aodesenho, aquarela ou pintura aóleo. Docente na UFSM desde1991, hoje integra o departa-mento de Arquitetura e Urbanis-mo, mas, para fora da instituição,também compõe a Associação de

     Artistas Plásticos de Santa Maria, já tendo feito duas mostrasindividuais e participado deoutras, coletivas. “Fiquei pratica-mente focado só na Arquitetura,mas, desde 2001, resolvi me

    dedicar de coração à arte. Eudiria que é minha terapia”, dizCecchin, que atualmente realizadoutorado na área de Geografia.

    movimentos sociais reunidos no FórumNacional em Defesa da Escola Públicarealizaram um longo processo de debates

     junto à sociedade e, disso, resultou oprojeto de LDB aprovado na CâmaraFederal em 1993. O texto, dentre outrospontos, previa: repasse prioritário derecursos para a escola pública; garantiade responsabilidade da União com aeducação; criação de instâncias democrá-ticas para a administração da escolapúbica e formação plena do cidadãobrasileiro para se inserir na atividadesocial e produtiva. Todos esses anseios caíram por terra

    com a aprovação do relatório José Jorge,que, na contramão de tudo que vinhasendo discutido amplamente com a socie-dade brasileira, apresentava uma linhapolítica debatida em gabinetes e alinha-

    vada com os interesses do mercado. Vale ainda ressaltar o papel central dosdocentes das universidades federais emtodo esse processo. Ainda no ano de1995, o ANDES-SN deflagrou greve e,entre as reivindicações, estava a rejeiçãoao substitutivo do Senador Darcy Ribeiropara a LDB. O Sindicato Nacional tambémteve papel ativo nos debates do Fórum.

    Embora tenham sofrido uma derrotapontual naquele momento, as entidades emovimentos sociais não esmoreceram.Basta olharmos, por exemplo, asarticulações que estão em curso este anopara o II Encontro Nacional de Educação(ENE), espaço que poderíamos arriscarcomparar ao Fórum ativo na década de1990. Muitas das reivindicações que se

    faziam naquele momento ainda sãodenunciadas e o caráter da universidadepública segue em disputa.

        I    V    A    N

        L    A    U    T    E    R    T

     e  ar  t  e 

     é 

    é arte,

    terapia  “Não consigo

    imaginar ahumanidade

     sem arte” 

       B   R   U   N   A   H   O   M   R   I   C   H

    Jornal da Sedufsm, dezembro de 1996