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No entanto, talvez seja este um momento privilegiado para ampliar a discussão em torno dessas questões, convocando para o debate os que se apresentam como candidatos, ou seja, aqueles que disputam a honra de bem servir à coletividade. Editorial Eleições Aproximam-se as eleições municipais, que serão realizadas em outubro de 2012, para a escolha de prefeitos e vereadores em cidades de todo o país. Em meio ao entusiasmo e à agitação que costumam caracterizar os pleitos democráticos, os órgãos de comunicação noticiam sondagens de opinião pública mostrando estar a saúde entre as primeiras preocupações dos munícipes. E motivos há de sobra para isto. Persistem as dificuldades para que os pacientes sejam atendidos nos angustiantes momentos de dor e doença. A superlotação dos postos, hospitais e serviços médicos de emergência é uma dura realidade que frequenta as páginas dos jornais e o noticiário de rádio e TV. E, mais que isto, intensifica o sofrimento dos enfermos. As filas para a realização de exames e cirurgias têm merecido denominações pesadas. “Fila da morte” foi a terminologia empregada por uma paciente cuja mãe falecera à espera da marcação de um procedimento cirúrgico. A cobertura do Programa de Saúde da Família é claramente insuficiente. Em suma, conseguir consulta com um médico especialista, um exame mais sofisticado, ou uma cirurgia passou a ser um imenso desafio, uma verdadeira corrida de obstáculos. É fácil compreender que tal cenário leva ao desenvolvimento de um forte sentimento de revolta e indignação por parte de pacientes e seus familiares. Com o risco adicional de tal irritação se voltar contra os profissionais de saúde, ou seja, justamente as pessoas que estão empenhadas em minorar as angústias dos enfermos. E, lamentavelmente, já ocorreram várias agressões contra médicos. Paralelamente, é patente o aumento da violência em nosso país, o que fica bem evidente no cotidiano das grandes cidades. O Instituto Médico-Legal de Fortaleza é testemunha e registro do grande número de homicídios à bala em nossa capital e na região metropolitana, não sendo incomuns os plantões do IML iniciarem com mais de três dezenas de corpos à espera de necrópsia. Por seu turno, os acidentes de trânsito, em escalada crescente nos últimos anos, são responsáveis por numerosas hospitalizações nos serviços de emergência, traduzindo-se em internações prolongadas, graus variados de incapacitação dos pacientes e, muitas vezes, mortes. Enquanto isto, a eleição de Fortaleza conta com 10 candidatos a Prefeito, e a população acompanha as discussões entre os postulantes. Um dos primeiros debates entre os concorrentes, os quais se esmeraram em críticas, sugestões, propostas e promessas, deu margem a que um eleitor desavisado fizesse a seguinte observação: “pelo que ouvi, qualquer um deles que seja eleito fará com que a situação de nossa capital melhore muito...”. No entanto, os céticos, pois também os há, se mostram reticentes, quando não tomados pelo desalento. Vislumbram pouca perspectiva de melhora do setor saúde. No entanto, talvez seja este um momento privilegiado para ampliar a discussão em torno dessas questões, convocando para o debate os que se apresentam como candidatos, ou seja, aqueles que disputam a honra de bem servir à coletividade. É mais do que claro que a rede de serviços de saúde de Fortaleza, construída em sua maior parte há muitos anos, quando a população do município era bem menor, precisa ser profundamente ampliada, o que certamente torna necessária a contratação, através de concurso público, de mais médicos e demais trabalhadores da saúde, para que sejam aumentadas as possibilidades de assistência integral e resolutiva aos enfermos. O PSF tem que marcar a presença dos seus profissionais nas diversas áreas da capital alencarina. A gestão dos serviços de saúde necessita dar saltos de qualidade e eficiência. É imperativo que sejam aumentados os recursos para o setor saúde. Tudo no sentido de ajudar a população a reduzir os seus reveses em relação ao serviço público, particularmente no que respeita aos cuidados com a saúde. Estes são temas que exigem compromissos insofismáveis por parte dos que desejam ocupar a liderança da municipalidade. Dr. Ivan de Araújo Moura Fé Presidente do CREMEC INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ - Nº 94 - JULHO/AGOSTO DE 2012 Impresso Especial 9912258304/2010-DR/CE CREMEC Págs. 2, 3 e 7 Fiscalização é o que Interessa Págs. 4, 5 Págs. 5 e 6 Pág. 8 PARA USO DOS CORREIOS MUDOU-SE DESCONHECIDO RECUSADO ENDEREÇO INSUFICIENTE NÃO EXISTE O NÚMERO INDICADO FALECIDO AUSENTE NÃO PROCURADO INFORMAÇÃO ESCRITA PELO PORTEIRO OU SINDICO REINTEGRADO AO SERVIÇO POSTAL EM____/___/___ ___________________ Encontro Ético Científico do CREMEC Seccional - Cariri Artigo: Luz, Sombra e Penumbra Entrevista com Cláudio Gleidiston Lima da Silva - Presidente da Seccional do CREMEC do Cariri. Amável Correspondência Nota de Desagravo Cirurgia Bariátrica Fechando a edição

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No entanto, talvez seja este um momento

privilegiado para ampliar a discussão em torno dessas questões,

convocando para o debate os que se apresentam

como candidatos, ou seja, aqueles que disputam a honra de bem servir à

coletividade.

Editorial

EleiçõesAproximam-se as eleições municipais, que

serão realizadas em outubro de 2012, para a escolha de prefeitos e vereadores em cidades de todo o país. Em meio ao entusiasmo e à agitação que costumam caracterizar os pleitos democráticos, os órgãos de comunicação noticiam sondagens de opinião pública mostrando estar a saúde entre as primeiras preocupações dos munícipes. E motivos há de sobra para isto. Persistem as difi culdades para que os pacientes sejam atendidos nos angustiantes momentos de dor e doença. A superlotação dos postos, hospitais e serviços médicos de emergência é uma dura realidade que frequenta as páginas dos jornais e o noticiário de rádio e TV. E, mais que isto, intensifi ca o sofrimento dos enfermos. As fi las para a realização de exames e cirurgias têm merecido denominações pesadas. “Fila da morte” foi a terminologia empregada por uma paciente cuja mãe falecera à espera da marcação de um procedimento cirúrgico. A cobertura do Programa de Saúde da Família é claramente insufi ciente. Em suma, conseguir consulta com um médico especialista, um exame mais sofisticado, ou uma cirurgia passou a ser um imenso desafi o, uma verdadeira corrida de obstáculos. É fácil compreender que tal cenário leva ao desenvolvimento de um forte sentimento de revolta e indignação por parte de pacientes e seus familiares. Com o risco adicional de tal irritação se voltar contra os profi ssionais de saúde, ou seja, justamente as pessoas que estão empenhadas em minorar as angústias dos enfermos. E, lamentavelmente, já ocorreram várias agressões contra médicos.

Paralelamente, é patente o aumento da violência em nosso país, o que fica bem

evidente no cotidiano das grandes cidades. O Instituto Médico-Legal de Fortaleza é testemunha e registro do grande número de homicídios à bala em nossa capital e na região metropolitana, não sendo incomuns os plantões do IML iniciarem com mais de três dezenas de corpos à espera de necrópsia. Por seu turno, os acidentes de trânsito, em escalada crescente nos últimos anos, são responsáveis por numerosas hospitalizações nos serviços de emergência, traduzindo-se em internações prolongadas, graus variados de incapacitação dos pacientes e, muitas vezes, mortes.

Enquanto isto, a eleição de Fortaleza conta com 10 candidatos a Prefeito, e a população acompanha as discussões entre os postulantes. Um dos primeiros debates entre os concorrentes, os quais se esmeraram em críticas, sugestões, propostas e promessas, deu margem a que um eleitor desavisado fi zesse a seguinte observação: “pelo que ouvi, qualquer um deles que seja eleito fará com que a situação de nossa capital

melhore muito...”. No entanto, os céticos, pois também os há, se mostram reticentes, quando não tomados pelo desalento. Vislumbram pouca perspectiva de melhora do setor saúde. No entanto, talvez seja este um momento privilegiado para ampliar a discussão em torno dessas questões, convocando para o debate os que se apresentam como candidatos, ou seja, aqueles que disputam a honra de bem servir à coletividade.

É mais do que claro que a rede de serviços de saúde de Fortaleza, construída em sua maior parte há muitos anos, quando a população do município era bem menor, precisa ser profundamente ampliada, o que certamente torna necessária a contratação, através de concurso público, de mais médicos e demais trabalhadores da saúde, para que sejam aumentadas as possibilidades de assistência integral e resolutiva aos enfermos. O PSF tem que marcar a presença dos seus profi ssionais nas diversas áreas da capital alencarina. A gestão dos serviços de saúde necessita dar saltos de qualidade e efi ciência. É imperativo que sejam aumentados os recursos para o setor saúde. Tudo no sentido de ajudar a população a reduzir os seus reveses em relação ao serviço público, particularmente no que respeita aos cuidados com a saúde. Estes são temas que exigem compromissos insofi smáveis por parte dos que desejam ocupar a liderança da municipalidade.

Dr. Ivan de Araújo Moura FéPresidente do CREMEC

INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO CEARÁ - Nº 94 - JULHO/AGOSTO DE 2012

ImpressoEspecial

9912258304/2010-DR/CECREMEC

Págs. 2, 3 e 7

Fiscalização é oque Interessa

Págs. 4, 5 Págs. 5 e 6 Pág. 8

PARA USO DOS CORREIOS

MUDOU-SEDESCONHECIDORECUSADOENDEREÇO INSUFICIENTENÃO EXISTE O NÚMERO INDICADO

FALECIDOAUSENTENÃO PROCURADOINFORMAÇÃO ESCRITA PELO PORTEIRO OU SINDICO

REINTEGRADO AO SERVIÇO POSTAL

EM____/___/___ ___________________

Encontro Ético Científi co do CREMECSeccional - Cariri

Artigo: Luz, Sombra e Penumbra

Entrevista com Cláudio Gleidiston Lima da Silva - Presidente da Seccional do CREMEC do Cariri.

Amável Correspondência

Nota de Desagravo

Cirurgia Bariátrica

Fechando a edição

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[email protected] JORNAL CONSELHO

Entrevista com o conselheiro Lino Antonio Cavalcanti HolandaEntrevista com o conselheiro Lino Antonio Cavalcanti HolandaFISCALIZAÇÃO NO INTERIOR DO

ESTADO DO CEARÁ

Pergunta: qual o papel dos Conselhos após a resolução do CFM que criou o departamento de Fiscalização?

Resposta: Em 2001 foi criado pelo CFM um serviço de Fiscalização composto por conselheiros e desde esse tempo vem sendo desenvolvida uma planilha programática de fiscalização rotineira, com demanda de solicitações do próprio Conselho, na fi gura do seu presidente, do setor jurídico do Conselho e principalmente da Promotoria de Defesa da Saúde. De lá pra cá, o Conselho já fi scalizou todas as cidades do Ceará, Algumas parcialmente, como por exemplo, Fortaleza, mas no interior, como já disse, todos os municípios do interior do Ceará já foram fiscalizados alguns inclusive, mais de uma vez. Depois que o município é fi scalizado, o resultado desse trabalho é mandado para a Promotoria de Defesa da Saúde e para as Promotorias de Defesa das cidades que acompanham o que foi solicitado pela fi scalização naquelas inconformidades encontradas, para que o Conselho reveja posteriormente e verifi que se foram cumpridas. E quando não é cumprida nós retornamos à Promotoria e essa tenta tomar providências. Por exemplo, no interior, posso dizer que mais de oitenta e cinco por cento das solicitações foram cumpridas; já na capital, Fortaleza, está mais difícil; nós temos tido com frequência chamamento da Promotoria para aqueles locais que foram fiscalizados, mas que não foram cumpridas as solicitações da fi scalização do Conselho; e por causa disso são frequentes as reuniões com a Promotoria e os gestores da cidade de Fortaleza.

P.: Quais os erros mais frequentes encontrados pela Fiscalização do CREMEC?

R.: A resposta pode ser dada em dois tempos distintos. Quando começamos a fi scalizar há dez anos, as estruturas encontradas eram indignas para o exercício médico

profi ssional e para atendimento do usuário. Para se ter uma ideia, era comum encontrarmos postos de saúde sem pia, sem banheiro, o que é inaceitável. Também nesses postos de saúde era comum não encontrarmos matérias simples para uso no dia a dia, como otoscópio, estetoscópio, tensiômetro infantil. Esse material faltava em quase todos os locais fi scalizados. Além disso, encontramos problemas relacionados aos médicos: falsos médicos ou estudantes de medicina fazendo o trabalho de médicos; isso tudo, quando começamos a fi scalização rotineira. Já na segunda etapa, essa em que nós estamos revendo todas as cidades, difi cilmente encontramos falsos médicos, como era comum na primeira fase, médicos de outros estados trabalhando no Ceará sem devido registro no CREMEC, problema esse encontrado com frequência na primeira fase de nosso trabalho. Também na primeira fase era comum encontrarmos um médico do PSF fazendo a cobertura de três mil famílias, quando Ministério a Saúde diz que um médico pode fazer no máximo a cobertura de mil famílias; depois da nossa primeira fi scalização isso tem diminuído. É importante citar a importância da fi scalização do CREMEC para que o Estado tomasse a iniciativa de realizar concursos públicos para médicos do PSF e essa atitude está promovendo mudanças na atenção básica da saúde no interior do nosso Estado.

P.: O CFM está realizando estudos para mudanças na estrutura de fi scalização dos Regionais. Como ocorrerá?

R.: Isso tem sido um estudo prolongado onde nós estamos fazendo um manual de procedimentos para todos os serviços de saúde. Inicialmente nós defi nimos cada tipo de serviço de saúde, por exemplo, o que é um hospital, o que é uma policlínica, o que é uma clínica, o que é uma unidade básica de saúde, o que é um consultório médico... E mais ainda, nós vamos defi nir aquilo que é mínimo possível para que um consultório funcione e aí, nos consultórios dividiremos todos os consultórios

por especialidade; por exemplo, consultório de cirurgia geral, o médico que tiver esse consultório deve ter no mínimo aquilo que vai ser recomendado pelo manual de fi scalização do CFM. Tudo será defi nido e especifi cado nesse árduo trabalho desenvolvido pelos gestores do CFM e nós dos Regionais.

P.: Que análise pode ser feita pelo Se-nhor, em mais de uma década de fi scalização?

R.: Eu sempre digo aos secretários de saúde das cidades fiscalizadas que nós estamos ali também como uma maneira de tentar ajudá-los não só na orientação, mas principalmente porque nessas fiscalizações a gente verifi ca também a participação do médico, os prontuários médicos e se estão sendo preenchidos corretamente e chamamos essa fi scalização de fi scalização pedagógica, pois está sempre ligada intrinsicamente ao ensinamento. Quero deixar claro que mesmo diante dessa pedagogia não abrimos mão do cumprimento de ações que detectamos com falha e/ou erros. Gostaria fi nalmente de ressaltar a participação e a chancela da Promotoria de Defesa da Saúde nos trabalhos desenvolvidos pelo CREMEC no quesito Fiscalização.

FISCALIZAÇÃO É O QUE INTERESSAA resolução do Conselho Federal de

Medicina número 1.613/01, determinou aos Conselhos Regionais de Medicina a criação de Departamentos de Fiscalização da profissão de médico e de serviço médico--assistencial. Determinou ainda, em seu artigo segundo, que os Conselhos Regionais de Medicina, investidos da prerrogativa de fiscalização do exercício profissional médico, realizem um trabalho permanen-

te, efetivo e direto junto às instituições de serviços médicos, públicas ou privadas. De-terminou também, em seu artigo terceiro, aos Conselhos Regionais de Medicina que, para o perfeito exercício da ação fiscaliza-dora, tomem medidas, quando necessárias, em conjunto com as autoridades sanitárias locais, Ministério Público, Judiciário, Con-selhos de Saúde e conselhos de profissão regulamentada. Baseados e/ou balizados nas

premissas da resolução 1.613\01 do CFM, os Conselheiros José Málbio Oliveira Ro-lim, Lino Antonio Cavalcanti Holanda e Maria Neodan Tavares Rodrigues fiscalizam há mais de uma década instituições públicas ou privadas de serviços médicos em todo o estado do Ceará e em Fortaleza. É sobre esse trabalho e seus desdobramentos que o Jornal Conselho publica matéria.

Lino Antonio Cavalcanti Holanda, paraibano, da cidade de São José de Piranhas, Cirurgião Geral .

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JORNAL CONSELHO [email protected]

Entrevista com o conselheiro José Málbio Oliveira Rolim

COMISS�O E�ITORIAL

Dalgimar Beserra de MenezesUrico Gadelha

Francisco Alequy de Vasconcelos Filho(Suplente)CREMEC

Rua Floriano Peixoto, 2021 - José BonifácioCEP: 60.025-131

Telefone: (85) 3230.3080 Fax: (85) 3221.6929www.cremec.com.br

E-mail: [email protected] responsável: Fred Miranda

Projeto Gráfi co: WironEditoração Eletrônica: Júlio Amadeu

Impressão: Expressão Gráfi ca

CONSELHEIROSAldaíza Marcos Ribeiro

Alessandro Ernani Oliveira LimaDagoberto César da Silva

Dalgimar Beserra de MenezesErika Ferreira Gomes

Eugênio de Moura CamposFernando Queiroz Monte

Francisco Alequy de Vasconcelos FilhoFrancisco das Chagas Dias Monteiro

Francisco de Assis ClementeFrancisco Dias de Paiva

Francisco Flávio Leitão de Carvalho FilhoHelena Serra Azul Monteiro

Helly Pinheiro ElleryHelvécio Neves Feitosa

Ivan de Araújo Moura FéJosé Ajax Nogueira Queiroz

José Albertino SouzaJosé Fernandes Dantas

José Gerardo Araújo PaivaJosé Málbio Oliveira RolimJosé Roosevelt Norões Luna

Lino Antonio Cavalcanti HolandaLucio Flávio Gonzaga Silva

Luiz Gonzaga Porto PinheiroMaria Neodan Tavares Rodrigues

Ormando Rodrigues Campos JuniorRafael Dias Marques Nogueira

Regina Lúcia Portela DinizRégis Moreira Conrado

Renato Evando Moreira FilhoRoberto César Pontes Ibiapina

Roberto da Justa Pires NetoRoberto Wagner Bezerra de Araújo

Rômulo César Costa BarbosaSylvio Ideburque Leal Filho

Tales Coelho SampaioUrico Gadelha de Oliveira NetoValéria Góes Ferreira Pinheiro

REPRESENTANTES DO CREMEC NO INTERIOR DO ESTADO

SECCIONAL DA ZONA NORTEArthur Guimarães Filho

Francisco Carlos Nogueira ArcanjoFrancisco José Fontenele de AzevedoFrancisco José Mont´Alverne Silva

José Ricardo Cunha NevesRaimundo Tadeu Dias Xerez

End.: Rua Oriano Mendes - 113 - CentroCEP: 62.010-370 - Sobral - Ceará

SECCIONAL DO CARIRICláudio Gleidiston Lima da SilvaGeraldo Welilvan Lucena Landim

João Ananias Machado FilhoJoão Bosco Soares SampaioJosé Flávio Pinheiro VieiraJosé Marcos Alves Nunes

End.: Rua da Conceição - 536, Sala 309Ed. Shopping Alvorada - Centro

Fone: 511.3648 - Cep.: 63010-220Juazeiro do Norte - CearáSECCIONAL CENTRO SULAntonio Nogueira Vieira

Ariosto Bezerra ValeLeila Guedes Machado

Jorge Félix Madrigal AzcuyFrancisco Gildivan Oliveira Barreto

Givaldo ArraesEnd.: Rua Professor João Coelho, 66 - Sl. 28

Cep: 63.500-000 - Iguatu/CearáLIMOEIRO DO NORTE

Efetivo: Dr. Michayllon Franklin BezerraSuplente: Dr. Ricardo Hélio Chaves Maia

CANINDÉEfetivo: Dr. Francisco Thadeu Lima ChavesSuplente: Dr. Antônio Valdeci Gomes Freire

ARACATIEfetivo: Dr. Francisco Frota Pinto JúniorSuplente: Dr. Abelardo Cavalcante Porto

CRATEÚSEfetivo: Dr. José Wellington Rodrigues

Suplente: Dr. Antônio Newton Soares TimbóQUIXADÁ

Efetivo: Dr. Maximiliano LudemannSuplente: Dr. Marcos Antônio de Oliveira

ITAPIPOCAEfetivo: Dr. Francisco Deoclécio Pinheiro

Suplente: Dr. Nilton Pinheiro GuerraTAUÁ

Efetivo: Dr. João Antônio da LuzSuplente: Waltersá Coelho Lima

Pergunta: Em mais de uma década de fi scalização como o senhor pontuaria as boas e más mudanças?

R.: Se fizermos uma análise comparativa dos primórdios do nosso trabalho para os dias de hoje, eu diria que houve uma mudança da água para o vinho. No começo do nosso trabalho, há mais de dez anos, nós chegávamos aos municípios para fi scalizar e todos perguntavam surpresos: o que é que houve... o Conselho por aqui... Não havia naqueles tempos fi scalização rotineira e programática, então, no início dos nossos trabalhos havia impacto e surpresa nos locais visitados. A imensa maioria dos hospitais públicos e fi lantrópicos nem tinha registro e muito menos Diretor Técnico e hoje, com o trabalho da fi scalização, essa é uma situação reversa.

Médicos Protegidos: Quando os médicos dos municípios interioranos começaram a perceber a presença constante do Conselho fi scalizando e tentando corrigir erros, tanto no exercício profi ssional quanto nos hospitais, passaram a ver como ação benéfi ca a atitude fi scalizatória do CREMEC e hoje, com a ação complementar dos Fóruns de Ética no interior é muito comum médicos e gestores nos procurarem para solução de problemas e aconselhamento.

Ficha Clínica: Foi através do trabalho de nossa fi scalização que os hospitais passaram a ter fi cha clínica para todo e qualquer atendimento, pois com a fi cha clínica temos documento para qualquer demanda e ainda funciona como a defesa do médico.

Prontuários Médicos: O trabalho de fi scalização tornou visível a obrigatoriedade da norma do CFM quanto ao prontuário médico: com história clínica, com prescrições e com identifi cação do médico prescritor. Ainda com relação ao prontuário médico, digo que tanto gestores médicos sabem de sua importância como documento e já disponibilizam salas exclusivamente para o correto manuseio e arquivamento, numa mudança de atitude de preservação. Como funciona a planilha para as demandas de fi scalização: no início eu e Lino Antônio, organizamos uma planilha de visitas aos oitenta e quatro (84) municípios do estado Ceará e fi zemos uma parceria, que para nós e o Conselho foi importantíssima, para o bom desempenho dos nossos trabalhos. Estou falando da parceria com a Promotoria de Defesa e Saúde Pública do Estado, que além da chancela nos deu poder de resolutividade. Digo mais, setenta por cento das demandas de saúde são encaminhadas pela Promotoria de Defesa e Saúde Pública. Os trinta por cento restantes advêm da Justiça, de colegas médicos e de usuários, ou seja, da população. Digo ainda: a atuação constante dos Promotores vem melhorando a Atenção Básica da Saúde, em diversos municípios e fazendo com que o dinheiro público seja mais bem utilizado.

Médicos sem registro: Por mais absurdo que possa parecer, nós da fi scalização ainda encontramos médicos de outros estados trabalhando sem registro no CREMEC, médicos que se formaram fora do Brasil e que não revalidaram oficialmente os diplomas e, por conseguinte, não se registraram nos Conselhos. Temos esses casos e o Conselho está atento e está em cima o tempo todo para resolver. Em nosso trabalho semanal de fi scalização, eu fi scalizo os hospitais e o Dr. Lino vai para os postos do PSF. Cito

também que com o nosso trabalho, as condições de trabalho do médico vem mudando gradativamente para melhor; era comum chegarmos a alguns municípios em que o atendimento à população era feito em lugares insalubres e/ou inadequados. Em determinado momento, um colega estava consultando em uma cozinha de uma residência; hoje, no mesmo município já existe um posto de saúde.

Desestímulo: Nesse tempo todo de trabalho fi scalizatório eu e Dr. Lino nos constrangemos quando encontramos um colega médico fazendo de conta que está trabalhando. É constrangedor ver aquele colega enganando de clinicar aquele povo humilde e necessitado; isso nos deixa chocados e momentaneamente desestimulados e nós, eu e Lino, sempre nos perguntamos, cadê a consciência desse médico, por que, se ele não quer trabalhar direito, não pede pra sair, vai embora, dá lugar a quem quer atender direito? Eu, Málbio Rolim, vejo esse comportamento como indigno do papel do médico.

Restruturação da Fiscalização do CFM: A questão da fi scalização é de suma importância para mantermos a qualidade dos serviços médicos. O trabalho de fi scalização está sempre subsidiando as estratégias para as políticas macro de saúde e ao estudar mudanças na estrutura de fi scalização o Conselho Federal de Medicina está priorizando uma política de atenção básica de saúde.

P.: E o que vem depois da fi scalização?R.: Eu e Lino Antônio fazemos um relatório e

encaminhamos para a Promotoria. A Promotoria por sua vez encaminha aquele relatório para a Secretária de Saúde do município fi scalizado. Esse relatório também é remetido para a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, que por sua vez, remete de volta para o município de origem solicitando as correções solicitadas pelo Conselho. Foi também através de relatório de fi scalização do Conselho que a Justiça do Trabalho interveio em algumas prefeituras que contratavam médicos de forma irregular. Em suma, nós fi scalizamos, fazemos um relatório comunicando as distorções e paramos por aí. Quando a ilicitude diz respeito ao colega, aí não, nós o trazemos para o Conselho e tomamos as medidas cabíveis.

José Málbio Oliveira Rolim, paraibano, nascido na cidade de Santa Helena, Gineco-obstetra

Essa matéria continua na pág. 7

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4 JORNAL CONSELHO [email protected]

Hotel Verdes ValesJuazeiro do Norte/Ceará23 a 25 de Agosto de 2012

Encontro Ético Científico do CremecSeccional - Cariri

Realizado, na próspera cidade de Jua-zeiro do Norte, Encontro Ético Científico do CREMEC Seccional do Cariri, nos dias 23, 24 e 25 de agosto de 2012. Temas palpitantes de Ética e Bioética, bem como de medicina clínica e cirúrgica foram abor-

dados; também discutidas as condiçoes de trabalho e a formação do médico. Partici-param desse evento, além dos conselheiros, o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará, José Maria Arruda Ponte, a presidenta da Associação Médica Cearense

Maria Sidneuma Melo Ventura, o presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino de Araújo Cardoso Filho e o presidente da Seccional do Cariri do CREMEC, Cláudio Gleidiston Lima da Silva.

Mesa de discussão Condições de Trabalho Médico. Da esq. para a dir.: José Flávio Pinheiro Vieira, secretário da Seccional do Cariri do CREMEC e do SIMEC, José Maria Arruda Ponte, presidente do SIMEC, Cláudio Gleidiston Lima da Siva, presidente da Seccional do Cariri do CREMEC, Fabíola Alencar, representante da Secretária de Saúde do Estado do Ceará e Ivan de Araújo Moura Fé, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará

Flagrante do auditório visivelmente repleto de gente jovem, estudantes de medicina

Mesa Formação Médica. Da esq. para a dir.: Florentino de Araújo Cardoso Filho(AMB), José Flávio Pinheiro Vieira(secretário da mesa), Dalgimar Beserra de Menezes(presidente da mesa), Maria Sidneuma Melo Ventura(AMC) e Lúcio Flávio Gonzaga Silva, vice-presidente (CREMEC)

Lino Antonio Cavalcanti Holanda, organizador do evento, abordando o tema Relação Entre Médicos

Cláudio Gleidiston Lima da Silva, presidente da Seccional do Cariri do CREMEC atuando como secretário da mesa Condições de Trabalho Médico

Ivan de Araújo Moura Fé, presidente do CREMEC, discorrendo sobre o tema Atestados Médicos.

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[email protected] JORNAL CONSELHO 5

Fundação da Seccional do Cariri:

Embora eu tenha sido um instrumen-to para a realização da Seccional, o grande mentor intelectual dessa seccional foi o pro-fessor Dalgimar Beserra de Menezes; foi ele o idealizador; eu, uma ferramenta utilizada para a construção. A idéia da seccional partiu do professor em 1991, quando de seu man-dato  como presidente do Conselho de Me-dicina do Estado do Ceará; nós vestimos a camisa. Dando continuidade ao processo de idealização da seccional, o professor Dalgi-mar, através de uma resolução do CREMEC, em um momento iluminado, entre os muitos momentos iluminados que ele tem, criou a seccional do Cariri e que ainda hoje é refe-rência para outros estados do Nordeste, por que nós do estado do Ceará fomos pioneiros na descentralização do Conselho Regional de Medicina. Essa descentralização facilitou muito a vida do médico que não mora em Fortaleza, pois, frente a qualquer problema de cunho administrativo, o médico tinha que se deslocar algumas centenas de quilômetros para sua resolução, o que não é mais necessá-rio, Ademais, o CREMEC começou a colocar

um pé no sul do Ceará, pois até aquela data, o sul do Ceará tinha uma relação muito forte com o estado de Pernambuco, tanto é que, boa parte dos médicos da região, até dez anos atrás, era formada em Recife; era difícil um caririense ser formado pela Universidade Fe-deral do Ceará e a seccional começou a mos-trar e a demonstrar o trabalho do CREMEC e passou a dar visibilidade à UFC; além disso, a Seccional do CREMEC do Cariri viu nas-cer as duas Faculdades de Medicina do Cariri, faculdades essas que tanto a Seccional quan-to o CREMEC foram contra a abertura; eu lembro que na época nós tínhamos menos de 130 faculdades de medicina e hoje já temos 191 e com isso estão sendo formados mais de 17 mil médicos por ano; o Ministério da Educação, não sei baseado em que dados que ele utiliza para permitir a abertura de novas faculdades de medicina, diz que está faltando médico no Brasil. Se observarmos que a meta-de dos médicos do Brasil está no estado de São Paulo, então, realmente, está faltando médico no país; além da constatação de que há uma nítida concentração dos médicos nas capitais dos estados brasileiros. A minha interpretação

para esse problema é muito simples: o gover-no federal não está querendo tratar o proble-ma na sua origem: é como querer tratar uma criança com verme, sem ensinar a essa criança como cortar as unhas, beber água fi ltrada... parece que é muito mais simples para o gover-no federal encharcar o mercado e todo o siste-ma com médicos e aí aqueles que não tiveram boa formação acadêmica vão para a periferia do sistema e o sistema fi ca abastecido periferi-

Entrevista com Cláudio Gleidiston Lima da Silva - Presidente da Seccional do CREMEC do Cariri.

Cláudio Gleidiston Lima da Silva, nascido em Fortaleza, Patologista

Essa entrevista continua na pág. 6

Findo o Encontro Ético Científico da Seccional do Cariri (23 a 25 de Agosto de 2012) patrocinado pelo CFM/CREMEC sobressai-nos a pergunta inevitável: O que fi ca de bom e o que poderia ser melhorado para as próximas edições? Aqui vai a opinião de um dos participantes e que certamente se somará à avaliação mais apurada dos demais participantes . Parabenizamos a instituição pela iniciativa de descentralizar os Encontros nas diversas regiões do Estado, como o vem fazendo há já alguns anos (preferível Maomé dirigir-se à montanha). A conjunção de planetas, congregando as diversas entidades médicas (CREMEC, Sindicato, AMC) tem contribuído, seguidamente, para disseminar as diversas arestas do problema da Saúde no Ceará e no Brasil, otimizando as avaliações e clareando caminhos e veredas a serem trilhados. Parece-me, também, vitoriosa a fórmula desenvolvida ao longo dos anos de associar uma Programação Científica à Programação Ética, isto, na minha visão (já um tanto desfocada), contribuiu para aumentar a aderência da classe médica aos encontros,

geralmente mais afeita ao pragmático que ao fi losófi co. Entendemos, por outro lado, que o grande sucesso de público do evento (mais de 300 inscritos) deveu-se mais à maciça presença dos Estudantes de Medicina. O grosso do nosso contingente médico possivelmente estaria “em casa, guardado por Deus, contando seus metais” e, também, lenindo suas feridas de guerra. Mas, parafraseando ainda o nosso Belchior, o CREMEC está vendo “vir no vento, o cheiro da nova estação”: semeando futuras e opimas culturas. A angústia, talvez, deva-se à posição incômoda atual de ver-nos entre a semente inumada e o fruto ainda por brotar.

Que poderíamos acrescentar à vitoriosa trajetória já percorrida? Seria interessante, a nosso ver, uma visão mais jurídica (por advogado, juiz ou promotor) no que tange à prevenção dos processos éticos, civis e penais que têm pululado Brasil afora. Percebemos, ainda, que é preciso, sim, estudar o meramente normativo (o Código), mas parece-nos importante e mais palatável partir do prático, estudando os casos de processos éticos e daí ir para o Código e explicitar porque

houve absolvição ou condenação (modalidade iterativa que já vem sendo empregada há algum tempo pelo Cons. Dalgimar Beserra de Menezes). Poderíamos, inclusive, empregar técnicas do Teatro Invisível de Boal, predeterminando conselheiros para defenderem idéias díspares e até absurdas (só revelada a técnica no fi nal) estabelecendo-se, assim, um vai-e-vem refl exivo. Por fi m, imagino que necessitamos ir além do simplesmente regulamentar. É importante enveredar pelos caminhos da Bioética, discutindo casos reais (Eutanásia, Viabilidade Neonatal, Aborto, Inseminação Artifi cial, Clonagem,Barriga de Aluguel, etc), onde existe um grande vazio normativo muitas vezes, mas que os médicos terminam por se deparar na sua profi ssão e que precisam tomar decisões éticas difíceis e dolorosas, acossados pela Imprensa, pela Religião, pelo Biodireito e, mais que tudo, por sua própria Consciência.

José Flávio P. VieiraSeccional do Cariri do CREMEC

Sindicato dos Médicos

LUZ, SOMBRA E PENUMBRA“As coisas muito claras me noturnam.”

Manoel de Barros

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camente de alguma forma pelos médicos bo-livianos, cubanos e profi ssionais formados em escolas de formação enviesada. Mas, abastecer o sistema de médicos não resolve o problema; não resolve o problema porque, a questão não é falta de médico, é uma estrutura logística que está faltando; você pode pagar muito bem a um médico pra ir trabalhar em Abaia-ra, que fi ca aqui a 40 quilômetros de Juazeiro do Norte, a cidade tem sete mil habitantes, só tem uma rua principal; então lá, não há hospital ou casa de saúde; lá há, no máximo, uma sala e uma mesa com um banco e um estetoscópio e por mais que esse profi ssional seja bem remunerado ele não vai fi car lá, pois ele não tem a mínima infra-estrutura para dar assistência à saúde. Você fi ca seis anos estu-dando medicina, vendo ressonância nuclear, e de repente, chega a um local ermo onde não há nenhuma estrutura mesmo sendo bem re-munerado, e o que é pior pode ser processado por praticar medicina em péssimas condições. Eu gostaria sinceramente que os gestores que abrem faculdades de medicina, quando tives-sem algum problema de saúde, não fossem para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, ou congêneres, e sim para o PSF mais pró-ximo de suas casas e fossem atendidos pelo médico que eles formaram na periferia do sis-tema; mas isso não acontece.

Abertura de Novas Faculdadesde Medicina:

A minha posição é muito semelhante a do Conselho, que é contra a abertura de novas faculdades de medicina e mais, no inicio do proce sso, eu dizia que aqueles médicos que es-tavam querendo novas faculdades medicina no Cariri iam querer fechá-las em pouco mais de uma década e aconteceu bem antes do que eu previa; já existem médicos querendo o fe-chamento das novas faculdades de medicina e por quê? porque esses médicos não se atu-alizaram, não reciclaram seus conhecimen-tos e hoje estão disputando espaço com os recém formados e que esses últimos mesmo não tendo uma excelente formação acadêmi-ca, eles  viram o que existe de mais novo na medicina e estão tomando o espaço desse in-divíduo que não se reciclou e o que sobra de trabalho para esses profi ssionais são os PSF da vida. Por isso muitos médicos estão revendo suas posições sobre a abertura de novas facul-dades de medicina; mesmo aqueles médicos que tinham fi lhos estudando na Bolívia e que

formaram seus fi lhos, hoje, estão revendo po-sições. Nós temos hoje no Ceará a UFC, na qual eu me formei, e no meu tempo de estu-dante só tinha ela e eu vivo dentro da UFC  há mais de trinta anos e tudo o que eu sei devo a UFC; lá fi z meu curso de medicina, lá fi z minha residência e também meu mestrado e doutorado. Ao contrário de algum tempo atrás, está muito fácil de você ser um gradua-do em medicina; está difícil você ser médico; hoje, você tem em Fortaleza, as faculdades de medicina da UFC, UECE, Christus e a UNI-FOR; abre-se mais uma em Sobral, tem tam-bém a UFC em Sobral, aqui no Cariri existe a FMJ que é particular e mais uma em Bar-balha, extensão da UFC; parece que a mais nova Faculdade de Medicina terá endereço na cidade de Quixadá, além do pedido junto ao MEC para mais duas faculdades particulares de medicina, uma em Iguatu e outra aqui em Juazeiro do Norte; eu só digo uma coisa, espe-ro nunca ser atendido por um profi ssional de uma dessas faculdades que foram abertas sem as mínimas condições de funcionamento e só de pensar me dá medo.

A Visão de Médico do Cariri sobre a Seccional do CREMEC:

A seccional, desde que ela começou a existir, teve toda uma orientação logística de funcionamento do CREMEC em Fortaleza, a começar pela famosa reunião de entrega de carteiras para o médico recém egresso, que nós aqui da seccional também fazemos essa ritua-lística, além de estarmos  presentes nas duas faculdades nas disciplinas de Ética Médica e de Bioética. O que a gente faz normalmente aqui na seccional é abrir para o estudante um processo de refl exão; se nós conseguirmos que  ele, pelo menos, pense o que é que ele é e qual é o objetivo do seu trabalho e se conseguirmos isso, acho que já foi muita coisa e a intenção que o Conselho faz nessa entrega de carteiras é um processo de refl exão e orientação. Essa atividade, de entrega de carteiras, vem dando certo há muitos anos e tanto isso é verdade que o evento é disputadíssimo, ou seja, a seccional está sendo utilizada como uma orientadora e ao mesmo tempo fi scalizadora da profi ssão;  é como se o Conselho estivesse criando uma disciplina de Ética; nós fazemos isso sistemati-camente, pelo menos quatro reuniões por ano, por que os próprios médicos nos solicitam essas reuniões; nesse aspecto o Conselho tem sido uma disciplina que a faculdade não deu.

Encontro Ético Científi co do CREMEC Seccional do Cariri e Ensino

Continuado: Essa insistência do Conselho em fazer

não só o Encontro, mas esses Fóruns de Ética em quase todos os municípios do Ceará tem criado uma estrutura para diminuir o erro e dar visibilidade ao que é vedado ao médico. A força com que o Conselho trabalha não é proporcional à avalanche de médicos que está se formando; então, nós damos um passo pra frente e aparecem mil médicos forçando a coisa para trás. Precisamos de mais conselheiros, seccionais e ter encontros como esse que está acontecendo agora em Juazeiro, de forma mais sistemática.

O Médico e a falta de Compromisso Profi ssional:

Acho que tudo no mundo hoje está mui-to fácil, fácil demais; lembro que na época da minha faculdade não existia celular, era telefone fi xo, você não tinha oportunidade de ter um cartão de crédito, hoje o aluno da faculdade têm cartão de crédito e de débito, têm telefone celular de última geração e todo um aparato tecnológico via Ipod e congêneres e ele decide se compra livro ou se acessa tudo no Google. Essa facilidade com que a informação e o conhecimento estão disponíveis cria a lei do menor esforço e então todos acham que é muito fácil conseguir as coisas pela falta de esforço para conseguir o que quer que seja. Dou como exemplo a Medicina; é fácil hoje você ser médico, corrigindo, médico não, bacharel em medicina, não existe dentro do indivíduo um processo de refl exão de um médico de valor e de verdade. Quando você compara, na linha do tempo, o médico que se formou há trinta anos, você vê que o médico tinha que pegar um livro enorme e passar a noite estudando, hoje, a grande maioria tem posses e como é tudo muito fácil ele, médico, acha que ser mé-dico também é muito fácil. O médico de hoje fi ca cada vez mais diferente dos médicos mais velhos e diria fi nalizando, que nós estamos formando mais técnicos e menos médicos; os profi ssionais estão cada vez mais voltados para o procedimento técnico e o meu entendi-mento é que o médico tem o lado da emoção, de arte; Hipócrates já dizia que Medicina é Arte; acredito que nesse médico que está se formando agora, nos jovens que estão saindo da universidade, o compromisso é menor com o paciente escutamos muito o paciente reclamando e falando, “o doutor não toca na gente, não examina, ou pede muito exame ou não pede nenhum”.

Entrevista com Cláudio Gleidiston Lima da Silva - Presidente da Seccional do CREMEC do Cariri.

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Entrevista com a conselheira Maria Neodan Tavares Rodrigues

Pergunta: O que pode ser dito sobre a Fiscalização do CREMEC em Fortaleza?

Resposta: Infel izmente não temos parâmetros para mensurar o que ocorre nos hospitais de Fortaleza; a situação já é conhecida pelos meios de comunicação e pela população; o caos em que se encontra o atendimento médico, principalmente nas unidades que prestam atendimento voltadas para o SUS e que são os locais em que o Conselho fi scaliza com maior frequência. Nós trabalhamos em parceria com o Ministério Público e a Vigilância Sanitária e realmente o que se constata é uma grande demanda, hospitais sem condições, do ponto de vista estrutural; por quê? porque a população aumentou muito e a estrutura física daquele hospital permaneceu a mesma; então isso gera um caos muito grande em relação ao atendimento ao público. Dando exemplo bem recente, bem gritante a sala de recuperação do IJF, que tem área física para prestar atendimento de qualidade a doze pacientes que procedam do centro cirúrgico, já que é uma sala de recuperação pós-anestesia e que tem, portanto, um tempo de permanência mínimo, ou seja, é um local de alta rotatividade. Pela demanda que é o IJF, hospital de trauma, mas que atende a tudo e a todos os tipos de cirurgia, então, em uma área física em que só cabem doze, como falei, em alguns dias há cinquenta ou sessenta pacientes.

P.: E quais são as consequências de um fato como esse?

R.: Morte não assistida porque, no meu entendimento, como é que se tem um plantonista com seus auxiliares para cuidar de tanta gente; isso foi visto há duas ou três semanas e foi denunciado ao CREMEC, através de

uma solicitação provocada, nós fomos lá e constatamos. Como resposta, o IJF já tomou como medida a criação de outra área, mas, infelizmente a demanda é muito grande e vai mudar pouco o problema, pois ele é muito grande e muito sério. Temos também, como exemplo, os corredores do HGF, da emergência do HGF, que podemos dizer que do ponto de vista de prestação de saúde, uma coisa desumana. Eu pergunto, o médico é responsável por isso? E respondo, absolutamente. Na resolução desses problemas trabalhamos juntos com a Promotoria e realizamos reuniões e encontros com os gestores e até esse momento não temos nada para a resolução dos problemas mencionados; não temos uma luz e nem uma perspectiva de melhora nesse sentido.

P.: E as respostas dos gestores às demandas de fi scalização do Conselho?

R.: Nós temos visto que, tanto o Estado como o Município estão presentes também nessas reuniões com as entidades parceiras na

fi scalização e estão cientes dos problemas porque todos os relatórios feitos pela fi scalização do CREMEC são encaminhados para o município e também para a Secretaria de Saúde do Estado, para conhecimento, já que a grande maioria dos hospitais de Fortaleza são de responsabilidade do governo municipal de Fortaleza. Saindo da questão estrutural vamos para o quesito recursos humanos e novamente nos deparamos com mil carências. Exemplo: se vamos a uma unidade primária ou a uma unidade secundária e mesmo nas unidades terciárias há uma defi ciência de recursos humanos, há defi ciência nas escalas médicas; você pode admitir que, por exemplo, em unidade que presta serviço secundário na área de cirurgia, clínica médica, traumatortopedia tenha, por vezes, um ou dois cirurgiões, mas, todo mundo adoece e pode faltar e na maioria das vezes nesse serviço só tem um cirurgião; aí alguma coisa fi cará sempre descoberta porque, como já foi dito, a demanda é muito grande e o número de médicos é muito pouco. Temos ainda mais um agravo: o sucateamento de materiais e equipamentos e essa questão é permanentemente reclamada pelos colegas médicos. Temos claro que tanto o Estado como o Município tentam fazer a sua parte, mas isso está longe de ser o sufi ciente; isso é mostrado no dia a dia dos hospitais como muita visibilidade na mídia de rádio e televisão.

P. : Como func iona a e s t r u tura organizacional da Fiscalização em Fortaleza?

R.: A Comissão de Fiscalização tem uma programação que é eletiva, mas, atende sobretudo às solicitações que nós chamamos de programação reativa por que? porque, o

Conselho recebe as mais variadas solicitações e reclamações... e aquilo que o Conselho recebe temos por obrigação responder à sociedade, além, como já dito, das solicitações do Ministério Público.

P.: Como funciona a prevalência na Fiscalização e a decisão do que é mais e do é menos importante?

R.: Muitas vezes essa seleção de prioridades é feita em razão de urgências urgentíssimas como, por exemplo, já saímos aqui do plenário do Conselho para irmos ao IJF, pois tínhamos recebido um telefonema avisando que o Hospital estava pegando fogo em um dos andares e como a situação era extremamente urgente e exigia a presença imediata do Conselho. Como o número de fi scais é muito pequeno, acabamos por atender as prioridades e tentar fazer o que é possível.

P.: Que leitura os gestores e os médicos têm da ação fi scalizadora do CREMEC?

R.: Nós sempre fomos muito bem recebidos. Ao chegarmos ao hospital, nos dirigimos ao Diretor Técnico ou ao Diretor Clínico da Instituição e nos apresentamos dizendo o que nos leva até ali e sempre temos tido uma boa receptividade.

P.: E a questão dos prazos para a resolução dos problemas encontrados pelo Conselho na Fiscalização?

R.: Essa questão da reatividade é cobrada com certa frequência pelo Ministério Público, que é essa volta para ver a tomada de providências naquelas não conformidades; isso tem sido feito e o que se tem observado é que algumas coisas, na medida do possível, realmente são feitas; são feitas, têm uma resposta e isso tem sido motivo de discussão nas audiências públicas; se nota que há um empenho, mas a situação é muito difícil para ser resolvida a curto ou médio prazo e não sei onde é que está o gargalo, se é uma questão de gestão, de recursos fi nanceiros; mas, o Conselho, as entidades parceiras e o Ministério Público não estão parados, todos estão mobilizados para dar uma resposta; infelizmente não temos tido resolutividade para esse grave problema.

P.: A intervenção de outros profi ssionais no Ato Médico?

R.: A questão da intervenção de outros profissionais dentro da Medicina é item que o CREMEC tem debatido. Tomemos como exemplo a enfermagem; a enfermagem medicando, a enfermagem atuando em áreas específi cas da profi ssão médica, isso tem sido motivo também de trabalho árduo do Conselho, tanto do ponto de vista jurídico como de atuação junto aos outros conselhos na área de saúde. O problema é real e vem acontecendo e o Conselho está sempre atento.

Maria Neodan Tavares Rodrigues, maranhense da cidade de Chapadinha, Gastroenterologista.

FISCALIZAÇÃO É O QUE INTERESSAFiscalização em Fortaleza

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AMÁVEL CORRESPONDÊNCIA

Senhor EditorMuitas vezes eu fi co em casa aguardando o Jornal Conselho, na esperança de que, um dia, deixe ele de ser um Álbum de Fotografi as dos conselheiros. Que tal reduzir o número de fotos ou apenas publicar as que têm importância? Por outro lado, vêm também artigos longos com a letrinha pequenina, miudinha, que a gente mal consegue enxergar. Quando os vejo, e os vejo assim tipo assim leitura dinâmica, os vejo e me indago, por que não colocaram aqui fotografi as dos eventos, ao invés destas letrinhas fi losófi cas, ao limite da resolução de minha vista?

Dioniso Lajes CREMEC 00880

Prezado Dr. Lajes, Tivemos muita satisfação em receber sua amável correspondência, a qual demonstra cabalmente que o senhor é vedor voracíssimo de nossa humilde publicação. Um olhador supimpa de jornais. Se tirarmos todos os demais médicos pelo seu exemplo, constataremos que os esculápios são grandes leitores. De qualquer forma, neste número tivemos o máximo de empenho de eliminar os postais dos conselheiros, mas infelizmente não pudemos muito aumentar o tamanho das letras. Prometemos para o futuro realizar as duas coisas, com denodo – aumentar as fotos, ou melhor, reduzi-las, e diminuir as letras, digo melhor, aumentá-las. Prometemos também para a próxima edição abrir uma secção de culinária, e já então publicaremos uma receita do prato chamado de escondidinho de lôs. Well.

Cons. Menezes

Fechando a Edição - julho/agosto de 2012

O Conselho Federal de Medicina publicou no Diário Oficial da União de 12/01/2011, Seção I, p. 96, Resolução que dispõe sobre o Registro de Qualificação de Especialidade Médica em virtude de documentos e condições anteriores a 15 de abril de 1989.

Rogamos aos senhores médicos interessados que, para obterem informações devidas e precisas, se dirijam ao site do Conselho Federal de Medicina, em que jaz o documento; ou seja www.portalmedico.org.br.

Aviso Importante

O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nota à sociedade e à imprensa em que informa que a entidade não aprovou po-sicionamento favorável ao uso das técnicas de cirurgia bariátrica para tratamento de diabetes ou síndromes metabólicas.

O posicionamento esclarece informações atribuídas ao CFM, inseridas em reportagens publicadas em jornais, revistas e sites nesta semana. De acordo com a nota (ver íntegra abaixo), estes procedimentos aprovados se referem apenas ao tratamento de obesidade mórbida.

NOTA DE ESCLARECIMENTO À SOCIEDADE SOBRE CIRURGIA

BARIÁTRICA. Tendo em vista a publicações de reporta-

gens em vários veículos de comunicação de grande circulação e a proteção do bem estar e da vida dos pacientes, o Conselho Federal de Medicina vem a público esclarecer que:

1) A entidade nunca se posicionou favora-velmente à realização de cirurgias bariátricas para tratamento de diabetes ou síndrome metabólica, conforme publicado.

2) Até o momento, o CFM não conside-ra ainda válido cientifi camente o uso desta técnica para o tratamento específi co destes transtornos.

3) Todos os encaminhamentos aprovados pelo seu plenário se referem à cirurgia ba-riátrica apenas no tratamento da obesidade mórbida.

4) Os critérios e tipos de cirurgia bariátrica devidamente autorizadas estão expressos nas Resoluções 1.766/2005 e 1.942/2010 – ambas do CFM.

O tema tem sido acompanhado perma-nentemente pelo CFM, com o apoio de sua Câmara Técnica que se dedica ao assunto, sendo que a preocupação maior é assegurar a oferta de tratamentos que impliquem em situações de risco para médicos e pacientes.

CIRURGIA BARIÁTRICACFM não autoriza técnica para tratamento de diabetes

O Conselho Regional e Medcina do Estado do Ceará - CREMEC, em obsevância à Resolução CFM 1899/2009 e ao Código de Ética Médica, Capítulo II, inciso VII, que assegura como direito do médico "requerer desagravo público ao Conselho Regional de Medicina quando atingido no exercício de sua profi ssão" vem a público apresentar DESA-GRAVO à médica Amparo Carmen Rosália Narvaez Vargas inscrita, no CRM/CE sob o nº 10.980.

Durante seu plantão no Hospital Regio-nal do Cariri, no dia 19/12/2011, a médica foi vítima de infeliz agressão por parte do Sr. Sub-secretário de Segurança Pública do Mu-nicípio de Juazeiro do Norte, Antônio Afonso Siqueira Gonçalves que, em suma, dispensou-

-lhe tratamento indigno, puxou-a pelo braço, empurrando-a em seguida contra uma parede, e ainda a ameaçou.

A conduta relatada não somente denigre a imagem da médica, desacata a instituição onde esta exerce seu mister e atenta contra os profi ssionais da Medicina.

Atitudes dessa natureza são vigorosamen-te repudiadas por este Conselho Regional de Medicina, que sempre primará pela defesa da independência e da boa prática médica.

Fortaleza, 13 de agosto de 2012.

Ivan de Araújo Moura Fé Presidente do CREMEC

Lino Antonio Cavalcanti HolandaSecretário Geral do CREMEC

Nota de Desagravo em Favor da Médica Amparo Carmen Rosália Narvaez Vargas - Cremec 10980