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Novo Enem | Novas Escolas Médicas | AI-5 Digital | Meia-Estudantil EREM´ s | Agenda | Conferência Saúde e Meio Ambiente | Greve na UEFS Movimentos Sociais | EAD | CLEV | Gênero | TSD Julho/2009 ano 12 | 2ª Edição

Jornal_Denem_II

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Novo Enem | Novas Escolas Médicas | AI-5 Digital | Meia-Estudantil

EREM´s | Agenda | Conferência Saúde e Meio Ambiente | Greve na UEFS

Movimentos Sociais | EAD | CLEV | Gênero | TSD

Julh

o/2

009

ano 12 | 2ª Edição

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Editorial

Olá a tod@s! A segunda edição do jornal daDenem desse ano saúda os participantes doXXXIX Encontro Científico dos Estudantes deMedicina, na Unicamp. Na matéria de capavemos o relato sobre a greve dos estudantesda Estadual de Feira de Santana-BA. Tambémhá o relato da Regional Nordeste 2 sobre aabertura de pelo menos 7 escolas médicas,nos próximos anos. Leia também textos sobretemáticas diversas, como gênero, meia en-trada estudantil, AI 5 digital, gripe suína, entreoutros. Veja o calendário e agende-se para ospróximos eventos de sua regional.Aproveite a leitura do jornal! Dúvidas e colab-orações nos escreva: [email protected] entrar na lista de discussões mandeemail para: [email protected].

Expediente

Índice

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HUES e sua crise e FEDP

pg 04

“Flu” com Guacamole: Chapeuzinho Vermelhona Maior Pocilga da História e outras aven-turas de uma Doença com Múltiplas identi-dades.

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1ª Conferencia de Saúde e meio-ambiente

pg06

Educação à Distância

pg06

Discutindo o Novo ENEM

pg07

Abertura de Novas Escolas no Contexto daRegional Nordeste 2

pg08

TSD – É você no muro!

pg09

Bahia: uma feira de lutas

pg11

Carta de solidariedade aos movimentos soci

Gestão DENEM 2009: Coordenação Geral:Ramon Rawache Barbosa Moreira de Lima,Coordenação de Finanças: Roberto Ribeiro

Maranhão, Coordenação de Comunicação:Maria das Graças Timbó Pereira Camelo Ma-

deira de Matos, Coordenação de Relações Ex-teriores : Phillipe Geraldo Teixeira de AbreuReis, Coordenação Regional Sul 1: Bruna Bal-

larotti, Diângeli Soares, Josiane Canez Fa-

rias, Luiz Henrique Santiago, CoordenaçãoRegional Sul 2: André Filipe Aragão Franco

da Costa, Juliana Montenegro Sapata, Luiz

Guilherme de Souza, Marília Francesconi Fe-

licio, Coordenação Regional Nordeste 1:Adriana C. Freitas, Gabriel Xavier “Padeiro”,

Leonardo Maciel, Coordenação Regional Nor-deste 2: Paulo Tarcísio de Albuquerque Ca-

valcanti Neto, Thiago Figueiredo de Castro,Coordenação Regional Centro-Oeste: Débora

Rigo, Rafael Leonardo Silva, Rodrigo Matos,

Tárina Moreira, Thiago Rocha, CoordenaçãoRegional Norte: André Tomaz, Caio Cesar Be-

zerra da Silva , Danilo Rezegue, Hugo

Crasso Oliveira do Nascimento, Renato

Publicação oficial da Direção Executiva Na-cional dos Estudantes de Medicina (DENEM)Rua Alexandre Baraúna, s/n, Rodolfo Teófilo,Campus do Porangabuçu – Universidade Fe-deral do CearáFortaleza – CE – CEP: 60414-000Telefax:85 32323957Endereço eletrônico: [email protected]

Penha de Oliveira Santos, Coordenação Re-gional Sudeste 1: Ingrid Antunes da Silva, Isis

Altgott, Lívia Nery Martins de Sousa Men-

des, Lucas Leonardo Knupp dos Santos,

Marcos Vinícius Gouvêa, Coordenação Re-gional Sudeste 2: Adeilton Rosa Paiva, Ber-

nardo Vieira Goular de Souza, Jamerson

Izidoro, João Bonin, Rafael Leite Nunes,

Coordenação de Estágios e Vivências: Cris-

tiane de Oliveira Breda, Marina Jacob Chaer,

Pedro Henrique Fernandes do Carmo Las

Casas, Stênio Bruno Leal Duarte, Coordena-ção de Políticas Educacionais: Bruno Ferreira

Funchal, Coordenação de Extensão Universi-tária: Emille Sampaio Cordeiro, Fernanda

Fernandes Fonseca, Renato Penha de Oli-

veira Santos, Coordenação de Políticas deSaúde: Caio Cesar Bezerra da Silva, Emer-

son Rafael Lopes, Coordenação de Educaçãoe Saúde: Lucas Rafael Gonçalves Ferreira,Coordenação de Meio Ambiente: Greg de Sá

Silva, José Medeiros do Nascimento Filho,

Coordenação Cientifica: Henrique Gonçalves

Dantas de Medeiros

Editorial nesta edição: Maria das Graças Timbó Pereira Camelo deMatos (UFC), Ramon Rawache B. M. de Lima (UFC), Roberto R.Maranhão (UFC)Colaboradores: Cláudia Cristina de Araújo(UFC), Mariana Damas-ceno Linhagens (UFC), Julyana Quintino (EBMSP)- Membros doCONSED - Conselho Editorial; Gestão 2009 da DENEM, JulianaVieira Mota (UFC)- rede de ajuda da Comunicação Projeto Gráfico: Erico dias Tiragem: 3.000 exemplares

ais frente a criminalização na conjuntura atual

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AI 5 Digital

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O debate de gênero na academia e no movi-mento estudantil.

pg12

Meia estudantil, quero meu direito por inteiro

pg13CLÉ.. o que??

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EREM Sul 2

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Uh Uh NE1!

EREM- NE 2

XIV EREM Sul-1

Agenda

Poesia: Mario Benedetti

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Antes de serem criados os Hospitais Univer-sitários, as escolas de saúde utilizavam hospitais fi-lantrópicos para a ação do ensino prático em saúde.Nas décadas de 50 e 60 algumas universidades co-meçaram a criar unidades de atendimento à saúde esomente na década de 70, a partir de convênios como Ministério da Educação com essas universidades éque começou a idéia de Hospitais Universitários.

Até o surgimento do SUS, os HU eram des-tinados para atendimentos das pessoas fora doINAMPS (Instituto Nacional de Previdência eSaúde), pós constituição de 88, esses hospitais pas-sam a ser conveniados ao SUS, sendo garantida a au-tonomia Universitária. OS HU passaram a serresponsabilizados pela atenção secundária e terciá-ria.

Desde o seu nascedouro, os Hospitais Uni-versitários, sempre apresentaram problemas desde aquestão da contratuali-zação até questõesmais objetivas de fi-nanciamento.

A crise hoje en-frentada, não passa deuma agudização de umproblema crônico. Se-gundo a Associaçãodos Dirigentes das Ins-tituições Federais deEnsino Superior, AN-DIFES, a dívidas dosHU era de R$440 milhões, em outubro de 2007.

Com esse acumulado de dívidas, os HU aindaconseguem atingir o equivalente a 10% dos leitos e12% do total de internações no país, mesmo sendoapenas 2,3% do total de hospitais. Hoje, segundo opróprio MEC os HU acumulam um déficit de 5 milservidores técnicos-administrativos.

Toda essa situação já levou aos governos a“pensar” em inúmeras propostas para “solucionar” oproblema, infelizmente, as propostas sempre se apre-

sentaram dentro do campo das privatizações. Em2001, a proposta foi declaradamente vender 25% dosleitos para o setor privado. Em 2005, o MEC propôsa desvinculação do orçamento do MEC os gastoscom os HU.

Entre 2006 e 2007 surge a “nova” proposta:as Fundações “Estatais” de Direito Privado, FEDP.Com esse nome estranho, que mistura o termo pú-blico com um antagônico, privado, o Governo Fede-ral apresenta a sua idéia para resolver o problema degestão da saúde, mas também de outras 11 aéreas.

. Por outro lado, as FEDP retrocedem emmuito em vários algumas conquistas históricas daluta pela saúde como um direito.

Baseada no modelo de empresa “publica” asFEDP seriam gestadas por conselhos, mas nesses nãoestão presentes usuários, decretando o fim do con-trole social. Na mesma lógica, as FEDP devem cum-

prir metas baseadas nas suaspróprias decisões, recebemfinanciamento publico, de-dicam PCCS diferenciadospara cada profissional,fazem a contratação de fun-cionários por concurso pú-blico com regime CLT (hojeo regime é estatutário, o quegarante ao trabalhador maisdireitos).

O fato é que para ga-rantir financiamento e gerar

lucro, cada FEDP irá orientar suas metas e seus ser-viços para as atividades mais rentáveis, o que causaráum verdadeiro abismo entre as metas cumpridas e asnecessidades de atendimento da população. Isso naprática é a quebra da integralidade. Sem falar que nãoestar vetada a venda de leito, a venda de espaços paraaulas de cursos de saúde, a venda de espaços parapesquisa e afins. Com isso, a universalidade tanto doatendimento, quanto das pesquisas dos HU está se-

riamente em risco.Com as FEDP saímos todos perdendo:

Perdem os trabalhadores, que serão exigidos no atoda contratação (concurso público), mas poderão serfacilmente demitido, já que o regime é CLT. Passama ser demitidos inclusive devido a sua organizaçãoem sindicatos, ou coisas do tipo, como greve. Como regime CLT, a rotatividade de trabalhadores, podeaté dificultar o atendimento a longo prazo de pacien-tes crônicos. Os trabalhadores ainda perdem com adiferenciação dos PCCS e com o fato de cada FEDPser uma empresa diferenciada de outra FEDP, issoporque causa a dispersão das categorias, que antes seorganizavam por atividade e agora passarão a se or-ganizar por atividade em cada FEDP.Perdem a população que com o fim do controle so-cial não poderão mais contribuir com a formulaçãodas políticas de saúde. Ainda perdem com a situaçãocausada pelo fetiche das metas, que impõem organi-zação dos serviços de cada FEDP de maneira própria,sendo, como já citado, uma bela pancada na integra-lidade. Ainda perdem com a não garantia da univer-salidade.Perdem os estudantes que terão que se formar dentroda lógica do cumprimento de metas, e não da inte-gralidade. Além disso, a formação em interdiscipli-naridade está prejudicada pela lógica da competiçãoestimulada pelas FEDP.

È necessária como alternativa à crise dosHUs uma política de financiamento real que possarealizar a contratação de mais profissionais, suprir adeficiência de equipamentos, reformas estruturais,reabertura de serviços... Precisamos revitalizar nos-sos HU para termos bons espaços para aulas práticas,para dar boa qualidade de atendimento à população,para garantir o desenvolvimento de pesquisas com-prometidas com a resolução dos problemas da popu-lação.

HUES e suacrise, eFEDP

Além de não se apresentar como

uma solução verdadeira, as

FEDP nem sequer menciona o

problema principal dos HU, falta

de financiamento

Ramon Rawache

XII de Maio, UFC Fortaleza

Coordenaçao geral da Denem

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“Flu” com Guacamole: Chapeuzinho Vermelho naMaior Pocilga da História e outras aventuras deuma Doença com Múltiplas identidades.

José Medeiros

CANECA-UFRN

Enéas de troya

Paciente jovem, entre 10 e 14 anos, cha-péu vermelho, mexicana. Ela visitou casas depalha, madeira e tijolo recentemente. Teve con-tato com porcos. Começou quadro de febre há 48horas, seguida de tosse, coriza, astenia.

Sim, esse é um artigo sobre a gripe suína.Espero não ter desencantado nenhum fã da psiquia-tria que pensou que conversaríamos sobre transtor-nos dissociativos, apesar de que era exatamente esseo diagnóstico que sofreria essa doença se fosse umente dotado de cognição.

Vírus da Gripe Suína, vírus H1N1, in-fluenza A – múltiplos signos lingüístico para umamesma enfermidade. E todo signo possui uma histó-ria social de aceitação e uso pelas pessoas de algodotado de significado.

No caso da nova gripe, é preciso retomarum pouco a sua origem. E ela remonta para os gran-des centros de criação de porcos existentes no Mé-xico, onde uma quantidade exorbitante de animaisconfinados passam os poucos dias da sua vida sendoengordados para o abate. Nesse sistema de criaçãointensiva, os animais não tem qualquer tipo de di-reito, a não ser crescer, morrer e comer. São comu-mente gerados por inseminação artificial, portécnicas de melhoramento genético, mas não aquelefeito pela natureza, ao longo de anos – mas simaquele feito nos laboratórios, longe de qualquer pers-pectiva de biodiversidade. Seus dejetos usualmente

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são lançados em córregos sem tratamento nenhum,expondo uma boa quantidade de pessoas ao que estáali, e acabam sendo uma grande consumidora deágua – parece ser uma coisa básica, mas os porcos,as vacas, os galináceos são seres vivos assim comonós e tem um metabolismo, assim como nós. Assimsendo, se gasta mais água para criar um porco aolongo da sua vida do que para cultivar um pé de fei-jão.

Aonde eu quero chegar? Fácil, a causali-dade dessa influenza não é explicada apenas pelomodelo biológico de fusão entre vírus humanos,aviários e suínos com aumento da infectividade e damorbidade. Vai além. Passa por todo um contexto so-cioambiental que permitiu essa realidade. E quecomo de costume não é o foco dos debates da mídiae seu olhar paliativo sobre a realidade.

E o que alimenta esse “modelo paraceta-mol” de atuar sobre uma patologia com raízes tãomulticausais? Como uma nova patologia e por teruma atuação transcontinental, pandêmica, a novagripe vem mobilizando governos dos mais ricos aosmais pobres. E com isso toda a indústria privada deprodução de medicamentos, vacinas e outros arsenaisbiológicos ganha fortemente em investimento finan-ceiro e apoio para suas pesquisas – ninguém querparar a máquina do seu país em prol de uma doença.Além, é claro, da venda de medicamentos anti-virais.

A pergunta é: para que parte do Iceberg omundo vem olhando? Parece-nos tão normal termosum modelo de exploração do meio ambiente, de co-locarmos até um milhão de porcos convivendo numespaço mínimo, de uso inapropriado da água, de ex-ploração da vida onde a biodiversidade não tem o di-reito de correr seu curso que quando explode oresultado de tanto desequilíbrio, só conseguimos en-xergar o menos óbvio. Ou estou louco? Se aindaolharmos com um certo carinho, dá para ir além ever um México, vizinho dos Estados Unidos, explo-dir com uma crise de saúde enorme por produzir osporcos que seus vizinhos ianques consomem. É vero país que se declara o mais poderoso do mundo su-cumbir com mais casos do que a populosa China –que por sinal já foi acusada de ser a encubadora donovo vírus modificado.

O fato é que da biologia molecular das va-cinas, passando pela virologia e pelo uso indevidodo ambiente pelas sociedades industrializadas, atechegar na ordem econômica mundial vigente, os ho-mens vão se batendo sem perceber que cada sistemaengloba o outro. E o nosso planeta vai seguindo seucurso girando e girando no espaço. Dores difusas, lo-calizações conhecidas. Praga Homo sapiens dissemi-nada. Prognóstico reservado.

Referências:

Enéas de troya

Uma das diretrizes do Sistema Único deSaúde do Brasil preconiza que a participação populardeve ser um ponto chave para o seu funcionamentopleno. Baseado nisso, surgem na década de 80, jun-tamente com o SUS, as Conferências de Saúde, queocorrem a cada 3-4 anos, em etapas municipal, esta-dual e nacional, tendo ocorrido em 2007 sua 13ª edi-ção, onde diversos setores da sociedade e a atualgestão pública da saúde se encontram e tem a opor-tunidade de discutir/questionar os modelos vigentesde gestão, e só vem a confirmar que essa política departicipação popular realmente é válida. Nessemesmo contexto, este ano, realizada pelos Ministé-rios das Cidades, do Meio Ambiente e da Saúde,ocorrerá a 1ª Conferência Nacional de Saúde Am-biental, também precedida pelas etapas municipais eestaduais, tendo como lema, Saúde e Ambiente:vamos cuidar da gente!; e tema, A Saúde Ambientalna cidade, no campo e na floresta: Construindo ci-dadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis.

A 1ª CNSA foi concebida e construída co-letivamente e dentre outras coisas definiu que, nasesferas municipais, estaduais e do Distrito Federal ossetores de saúde, meio ambiente, infra-estrutura, sa-neamento, educação, trabalho, entre outros, deverãose articular para realizar suas etapas de conferênciade acordo com o seguinte cronograma: conferênciasmunicipais até 15 de agosto de 2009 e conferênciasestaduais e do Distrito Federal até 15 de outubro. Aetapa nacional da Conferência de Saúde Ambientalocorrerá de 08 a 12 de dezembro de 2009, no Centrode Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília-DF.

As Comissões Organizadoras de cada etapadevem buscar envolver, além das diversas institui-ções públicas responsáveis pelas políticas acimamencionadas, os distintos movimentos sociais, enti-dades e ONG que se dedicam a estas questões, numesforço de ampliar significativamente a participaçãoda sociedade organizada na Conferência. Baseadanas especificidades do território em que estiver sendorealizada, a 1ª CNSA deve apontar para a construçãode agendas integradas de ação que, a partir da arti-

- MINAYO, Maria Cecília de Souza. Saúde e Ambiente:Uma Relação Necessária. In: Tratado de Saúde Coletiva.Gastão Wagner de Souza Campos et al (org.). Rio de Janeiro.Editora FioCruz 2006. PP 81-110.

- RIGOTTO, Raquel Maria. Saúde Ambiental & Saúde dosTrabalhadores: uma aproximação promissora entre oVerde e o Vermelho. Revista Brasileira de Epidemiologia.V.6, N.4, 2003.

- BRASIL, Ministério da Saúde. Ocorrência de casos huma-nos por Influenza A (H1N1). Secretaria de Vigilância emSaúde, Gabinete Permanente de Emergências em Saúde Pú-blica. Disponível em: <www.saude.gov.br>. Acessado em: 4de Julho de 2009.

- China desmente ser origem da Gripe Suína. 29 de Abrilde 2009. Publicado em:<http://pt.kioskea.net/actualites/china-desmente-ser-origem-da-gripe-suina-10762-actualite.php3>. Acessado em: 6 deJulho de 2009.

culação transversal, intersetorial e democraticamenteparticipativa, produzam e encaminhem respostaspara as questões consideradas estratégicas e priori-tárias para garantir a cidadania, a qualidade de vidae territórios sustentáveis nas cidades, no campo e nafloresta.

Neste sentido, os objetivos que nortearão a1ª CNSA são: I – definir diretrizes para a política pú-blica integrada no campo da saúde ambiental, a partirda atuação transversal e intersetorial dos vários ato-res envolvidos com o tema; II – promover e ampliara consciência sanitária, política e ambiental da po-pulação sobre os determinantes socioambientais numconceito ampliado de saúde; III – promover o debatesocial sobre as relações de saúde, ambiente e desen-volvimento, no sentido de ampliar a participação dasociedade civil na construção de propostas e conhe-cimentos que garantam qualidade de vida e saúde daspopulações em seus territórios; IV – identificar nasociedade civil as experiências positivas que estãosendo feitas territorialmente e em contexto partici-pativo, os problemas referentes ao binômio saúde-ambiente e as demandas da sociedade para o poderpúblico; e V – promover o exercício da cidadania ea garantia do direito à saúde junto ao poder públicono sentido de que o aparelho do Estado adote instru-mentos e mecanismos institucionais sustentáveis(sistemas integrados) relacionados à saúde ambien-tal.

A CO“M”A, nesse âmbito, busca umamaior interação do Movimento Estudantil de Medi-cina com a temática ambiental e sua importância noprocesso saúde-doença, uma ligação mais forte como movimento estudantil geral e com outras entidades,incluindo aí Movimentos Sociais. Nosso papel,acima de tudo enquanto cidadãos, seria buscar nosapropriar das articulações em nossas cidades e esta-dos, além de cobrar das autoridades competentes queessa pauta tão negligenciada não seja deixada de ladomais uma vez!

José MedeirosCANECA-UFRN, Coordenaçao de "meio" ambiente da denem,

Greg SáCACER- UERN, Coordenaçao de "meio" ambiente da denem,

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O Governo Federal apresentou, em 2005, oprojeto Universidade Aberta do Brasil, que visa aampliação do ensino superior no país através do en-sino à distância em substituição total ou parcial doensino presencial. No estado de São Paulo, a UNI-VESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo)fora apresentada pelo governo estadual com previsãode abertura de vestibular já para o período de 2010.

Inicialmente, a discussão da educação à dis-tância (EAD) exige, inevitavelmente, que seja expli-citada a existência de dois debates que se sobrepõemnesse assunto: um é a metodologia, outro a apropria-ção (princípios e finalidades) dessa metodologia. Ouseja, um debate compreende o ensino à distância emsi, o outro a utilização dessa forma de ensino com ointuito de desresponsabilizar o Estado para com aeducação.

Nesse momento é fundamental fazer a de-vida contextualização das reformas implementadasna educação superior nas últimas décadas. No iníciodos anos 70, o baixo desempenho dos indicadoreseconômicos dos países desenvolvidos foi atribuídoaos ‘excessivos’ gastos na manutenção do estado deBem-Estar-Social, surgindo a necessidade de o Es-tado rever seus gastos, sobretudo na área social. So-mado a isso a transformação no padrão de consumo– que resultou na substituição da produção Fordistapadronizada por uma produção flexível, adequada àprodução e ao consumo, o Toyotismo – trouxe a ne-cessidade de uma formação profissional mais ‘rasa’e mais econômica para o Estado.

Educação àDistância

Bruno Funchal

CAPB/UNIFESP

Coordenaçao de Politicas Educacionais

da Denem

Mary Thorpe, diretora do instituto de Tec-nologia Educacional da “Open University” Britânica,declarou, em seu livro “The expansion of open anddistance learning: a reflection on market forces”, “éimportante lembrar que a expansão da EAD na úl-tima década representa muito menos ‘o triunfo ideo-lógico do acesso aberto’ à educação e muito mais oimpacto das forças de mercado e conseqüentes polí-ticas governamentais de restrição de recursos aplica-dos à educação”, explicitando de uma vez por todasa apropriação da metodologia de educação à distân-

cia como forma de adequação do ensino superior aosinteresses privatistas.

Entretanto o debate não deve beirar o dog-matismo, ou seja, não é nossa função aqui negartodas as potencialidades do ensino à distância, inclu-sive como forma de aperfeiçoamento do ensino pre-sencial que temos hoje na universidade, mas sim tera clareza para criticar a forma mecânica de transpo-sição da grade curricular presencial para o sistema àdistância, a ausência de atividades práticas, o grandenúmero de alunos e principalmente a forma como oprocesso educacional passa a ser encarado. Comoobservou Marilena Chauí, passou-se a confundir aeducação como “movimento de transformação in-

Quem não foi surpreendido em 2009 com a notíciade que o Vestibular iria acabar? No dia 25 de Marçoúltimo, o Ministro da Educação Fernando Haddadanunciou que mudanças “profundas” ocorreriam notradicional sistema de ingresso às universidades bra-sileiras, o vestibular. O anuncio, que vinha sendo an-tecipado desde os últimos meses de 2008 como o“Fim do Vestibular”, apresentou a alternativa de umaprova unificada em todo o território nacional, permi-tindo a reorganização do currículo do ensino médioe a mobilidade estudantil entre os estados. O modelo:o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio, provacriada pelo Ministro Paulo Renato de Souza, em1998, no então governo Fernando Henrique Cardoso.

Discussão cara ao movimento estudantil, ademocratização do acesso ao Ensino Superior passapelo entendimento não apenas de quais são os meca-nismos de seleção utilizados, mas também de por queeles existem. A opção pelo ENEM também nos re-mete automaticamente à disputa histórica dos estu-dantes frente a métodos avaliativos como o ExameNacional dos Cursos, o antigo Provão e o ENADE,modelos em cuja cultura política de avaliação oENEM está inserido.

“Avaliação se faz na escola” é um bordão an-tigo do movimento estudantil e uma das grandes ban-deiras que levantamos contra métodos de avaliaçãocomo os Exames de Ordeme a atual prova do CRE-MESP, que avalia os sexto-anistas de medicina em SãoPaulo, por exemplo. O en-tendimento do movimentoestudantil é de que a avalia-ção deve “recuperar” e não“punir”. Assim o estudantedeve ser avaliado dentro donível de ensino que poderecuperá-lo, se necessáriofor. Este raciocínio implicaentender que se as habilida-des práticas e os conheci-mentos adquiridos nafaculdade de medicinaforem insuficientes ao exer-cício profissional, quemdeve avaliar e reprovar oestudante é a Escola Mé-dica, que é quem tem a capacidade de oferecer a elea chance de cursar novamente as disciplinas neces-sárias e recuperar o seu rendimento. A lógica do ves-tibular, janela estreita que separa os que poderão ounão cursar o ensino superior é semelhante à lógicadestes exames de reserva de mercado: Externos à es-cola, não recuperam, afinal Conselhos Profissionaisnão possuem nem salas de aula e nem professores, etampouco as Comissões de Seleção e Ingresso sepreocupam em remetem os estudantes reprovados no

Discutindo o Novo ENEMDiângeli Soares

DAVIRVI- UCS, coordenaçao regional Sul1

terna daquele que passa de um suposto saber a umsaber propriamente dito” com ‘reciclagem’, paraadequação ao mercado de trabalho, perdendo o seucaráter de transmissão do conhecimento produzidopela humanidade em determinada área.

Enfim, a educação à distância que está co-locada possui o intuito de aprofundar as políticas dedesresponsabilização do Estado com a educação su-perior e ao mesmo tempo adequar a mão-de-obra aomercado de trabalho, não contribuindo de maneiraalguma como forma de emancipação intelectual dapopulação brasileira. Ampliando dessa forma a ex-ploração da mão-de-obra e a nossa dependência dospaíses centrais.

Vestibular à nenhuma estrutura de ensino. É nessedesamparo que o mercado dos cursos preparatóriosencontra seu espaço, abarcando a pequena fatia dosque podem pagar. Aos que não podem pagar, restaapenas a velha promessa dos que sustentam esta es-trutura de exclusão: “Qualquer um com sorte e es-forço pode conseguir o que nós conseguimos comdinheiro”.

A medicina e a necessária democratização doacesso ao Ensino Superior

A medicina é um dos cursos mais elitizadosdentre todo o espectro de opções da Educação Supe-rior Brasileira. Somos também uma das profissõesmais concentradas nos grandes centros urbanos e,portanto, mais demandadas no interior e em diversasregiões do país. Em termos quantitativos, em númerototal de médicos, haveria condições desta demandaser reduzida, entretanto a interiorização e fixação dosmédicos (e de diversos outros profissionais) em al-gumas regiões é um grande nó, intransponível atécom boas ofertas salariais. Culpa disso em boa parteé a grande falta de estrutura em áreas de baixa rendae distantes dos pólos mais desenvolvidos economi-camente dos estados. A isto apenas se responde coma responsabilização do Estado Brasileiro, através da

ação dos seus entes fe-derados, dos Municípiosà União, na construção econsolidação do SistemaÚnico de Saúde.

Há, entretanto, umgrande fator culturalque, além de ter umaimplicação objetiva naresolução do problema,tem também umagrande interface com odireito fundamental daspopulações de não sóacessarem saúde, mastambém de acessarem oensino e as possibilida-des de desenvolvimento,emancipação e mobili-dade social que advémdele. O perfil do estu-

dante universitário e o seu vínculo cultural com umacomunidade, cidade, estado e até país tem peso de-terminante na sua opção de fixação como profissio-nal. Assim, é mais fácil fixar um profissional em umlocal onde este possui vínculo cultural, afetivo, fa-miliar, etc, do que ali fixar outro profissional, cujasreferências se encontram enraizadas em outro lugar,como o grande centro urbano em que cresceu e viveutoda sua vida.

O entendimento do movimento estudantil éde que a avaliação deve “recuperar” e não“punir”. Assim o estudante deve ser avaliadodentro do nível de ensino que pode recuperá-lo, se necessário for. Este raciocínio implicaentender que se as habilidades práticas e osconhecimentos adquiridos na faculdade demedicina forem insuficientes ao exercícioprofissional, quem deve avaliar e reprovar oestudante é a Escola Médica, que é quem tema capacidade de oferecer a ele a chance decursar novamente as disciplinas necessáriase recuperar o seu rendimento

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Eliza Fiúza/Abr

De modo semelhante ao que ocorre em todo país, ofenômeno da Mercantilização da Educação alastra-se pela Regional Nordeste 2 de modo cada vez maisintenso e assustador.

Recentemente foi fechada a Faculdade deMedicina de Garanhuns, aberta ilegalmente sob opretexto de autorização do Conselho Estadual de Me-dicina de Pernambuco, órgão que não apresenta com-petência nem muito menos poder para tal. Apóspassar por diversas instâncias, a referida Faculdadefoi fechada, devolvendo aos seus alunos todo o valordas mensalidades pagas, bem como adicional de 10mil reais por perdas e danos morais.

No entanto, autorização do MEC não é algodifícil de se conseguir. Basta ter um mínimo de in-fluência e poder políticos para passar por cima detodas as amarras do bom senso e do bem estar social.Especula-se para os próximos anos a abertura de pelomenos 7 escolas médicas na Regional. No Piauí, que já apresenta 4 escolas médicas apenasna cidade de Teresina, fala-se de uma 5ª escola (a 3ª particular) na cidade, praticamente de portas aber-tas, além da abertura de um campus da UFPI em Par-naíba, apesar da recente greve em Teresina dosestudantes da saúde por melhores condições de en-sino. No Ceará, a INTA, em Sobral, também se encontraàs vésperas da abertura, bem como está bastanteadiantada a Faculdade Rainha do Sertão, na cidadede Quixadá. O estado já conta com 4 escolas em For-taleza, uma em Sobral, uma no Cariri e uma sétimaem Juazeiro. No Rio Grande do Norte, já houve até cerimônia deabertura da FAMENE com a oligarquia local, Ro-sado, apoiando sua abertura, bem como se especulaa ida da UNP, particular de Natal, para a cidade. Na Paraíba, estado que já conta com 6 escolas médi-cas, recebe em Cajazeiras um presente de grego: afaculdade Santa Maria, numa cidade com 50 mil ha-bitantes que já com uma faculdade federal e quasenada de cenário de prática.

A Regional Nordeste 2 trabalha com suas lo-cais contra a precarização do ensino médico e pelorespeito às deliberações do Controle Social contra aabertura de novas escolas. A falácia local é sempre amesma: a nova escola trará saúde para a cidade, fatoeste que não ocorre na prática: sem uma estrutura bá-sica de atendimento, nem salários dignos, os estu-dantes mal se formam e já voltam pras suas cidades. Pelo Respeito ao Controle Social! Por Educação e

Saúde Justas e de Qualidade para Tod@s!

Abertura deNovas Escolas noContexto da Re-gional Nordeste 2

Coordenação Regional Nordeste 2As promessas do novo ENEM

A estrutura educacional deve estar afinadacom as demandas que a circunscrevem, tanto deacesso, quanto de absorção dos profissionais forma-dos por ela. Percebemos então um descompassoentre a distribuição de unidades de ensino e as carên-cias regionais de profissionais formados, havendogrande concentração de IES em São Paulo e em ou-tros estados do centro-sul do país. Retomando a dis-cussão iniciada anteriormente, esta desproporçãoimpacta não só na capacidade de fixação profissio-nal, nó crítico para levar serviços à população detodas as regiões, mas também no direito destas po-pulações de estudarem, visto que a oferta de vagasem algumas regiões é extremamente limitada. Énesse momento que cabe a discussão da proposta demobilidade acadêmica, prometida pelo novo ENEM.

Propagandeada como uma grande vitória emsi, a mobilidade acadêmica é uma das grandes pro-messas do novo ENEM, com a possibilidade dos es-tudantes fazerem uma prova única que lhes permitiráse inscrever para até cinco instituições diferentes, emqualquer lugar do país. Há intensa divulgação do fatode que a baixa mobilidade acadêmica em nosso paísé um dado real e de que isto seria um grande pro-blema. Em contraste, há muito pouca ou nenhumapreocupação em explicar porque isto se trata de umgrande problema, levando os que querem examinara questão com qualidade a dialogarem com algumahipóteses.

É dado concreto que há concentração de IES,públicas e privadas, no Centro-Sul do país. Assim,qualquer fluxo de mobilidade ocorre em função docentro-sul, podendo este ser em duas direções: Docentro-sul para as demais regiões e das demais re-giões para o centro-sul. É difícil encontrar docu-mento do MEC em que este esclareça com qual dasduas direções do fluxo de mobilidade o governo estácontanto e qual a lógica da sua vantagem. Há proble-mas nas duas, entretanto. Se a direção esperada for ados estudantes das regiões mais carentes em ofertade vagas (Norte/Nordeste/Centro-Oeste) para as re-giões com maior concentração de vagas (Sul/Su-deste), dando a estes a possibilidade de disputar essasvagas, o movimento pode ter efeito nulo, haja vistaque o fato de concentrar mais vagas não impede queo centro sul concentre também a maior demanda poracesso ao ensino superior. Aliás, não é a toa que asIES privadas se reproduzem vertiginosamente nestaregião. Se a maior demanda do país estivesse no es-tado do Amazonas, as escolas estariam no estado doAmazonas, e não em São Paulo.

Se o fluxo esperado for do Centro-Sul paraas demais regiões, tendo em vista distribuir a de-manda por acesso, o movimento também desconsi-dera a carência histórica de vagas nestas regiões epode incorrer em ainda mais exclusão, visto que asdisparidades regionais expressam disparidades eco-nômicas: O ensino médio tende a ser mais estrutu-rado no centro-sul, tanto nas escolas públicas quantoprivadas e o poder aquisitivo entre os estudantes dosul/sudeste, e portanto sua capacidade de acessar es-colas privadas e cursinhos preparatórios é muitomaior do que no Norte/Nordeste. Com a equiparaçãoda prova, única para todos, mas não das condições

de preparação, extremamente díspares para todos, épossível que em alguns cursos até as elites regionaissejam desfavorecidas. O que não dizer dos estudan-tes de baixa renda.

Outro caminho possível é buscar a lógica damobilidade no interior do movimento europeu dereestruturação do ensino superior (Protocolo de Bo-logna), o que cabe ao nosso país, visto que o proto-colo possui a sua expressão brasileira no Projeto da“Universidade Nova”, do Reitor da UFBA, Nahomarde Almeida. As discussões sobre mobilidade inscritasno contexto do Protocolo de Bologna e da Universi-dade Nova tem uma relação estreita com a divisãodas universidades em centros de excelência e em col-leges. A idéia é que muitas universidades passem afuncionar como centros gerais de formação demassa, emissoras de diplomas e que outras possamse especializar, formando os tais centros de excelên-cia em pesquisa e na formação de profissionais qua-lificados. A lógica da mobilidade é que os estudantespossam transitar entre os dois tipos de estrutura. Nãohá, à primeira vista, nenhum tipo de relação com aproposta de mobilidade possível de se realizar atra-vés do novo ENEM com a mobilidade inter-estrutu-ras da Universidade Nova. Entretanto, a obsessãopela mobilidade expressa na defesa do novo ENEMe a noção de que há uma Reforma Universitária queacomete todos os âmbitos em curso em nosso paísdesde 2003, torna necessário não ignorarmos a retó-rica da mobilidade presente na Universidade Nova eno Protocolo de Bologna.

É necessário agregar a discussão de acesso à dis-cussão de avaliação

O movimento estudantil de medicina terá aoportunidade de desenvolver estas discussões nospróximos fóruns deliberativos da DENEM. Um as-pecto necessário a se levar em conta é o quanto aadoção do novo ENEM, até hoje modelo de avalia-ção da qualidade do ensino médio, irá impactar nalegitimação de outros modelos de avaliação discuti-dos pela DENEM, como o ENADE. E também, noque tange à relação entre a demanda por acesso aoensino superior e a demanda por acesso à serviçosde qualidade, situação na qual o debate da fixaçãodos profissionais se interpõe, é necessário que apri-moremos a nossa discussão sobre cotas e políticasafirmativas, entendendo que em muitos centros ur-banos há também carência de profissionais em locaisde baixa renda, não supridas pelos profissionais quepertencem aos extratos econômicos superiores.

Sabemos que o vestibular tradicional é re-pleto de deficiências. Será que novo ENEM as su-pera? Sabemos também que muitas universidades jáadotaram o novo modelo, mas que em muitas outrasos estudantes ainda serão chamados a se posicionarquanto a isto nos próximos meses. Há também umasinalização do MEC para a criação de formas com-plementares de seleção, para determinados cursos ouregiões. A Associação Brasileira de Educação Mé-dica é forte candidata a ser convidada pelo Governoa construir este debate e possíveis modelos comple-mentares de seleção. E, nós, estudantes, força socialque protagonizou os mais diversos capítulos da his-tória do Brasil? Ficaremos fora dessa?

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A FMB-UFBA também recebeu o seu TSD. Sabecomo ele foi construído?

Em novembro de 2008 a nossa Faculdade recebeuuma Comissão de Supervisão instituída pelo MECpara avaliá-la, conversando com Professores, Fun-cionário e Estudantes – dos mais variados semestres– analisando documentos em que a FMB, desde2004, expõe suas deficiências e exige condições paramelhorar seu funcionamento e visitando os camposde prática (Hospital Universitário Professor EdugarSantos – HUPES -, e Centro de Integração Univer-sidade Comunidade Pelourinho - Terreiro de Jesus).

TSD – É você no muro!Luamorena LeoniRaphael BandeiraLeonardo Maciel

DAMED-UFBA

O TSD, ou TERMO DE SANEAMENTO DE DEFICIÊNCIAS, é um documento enviado pelo MEC paraas Faculdades que obtiveram “rendimento insatisfatório no ENADE” (Exame Nacional de Desempenhodos Estudantes). Funciona como um “contrato”, a ser assinado pela “instituição reprovada”, que estabe-lece metas a serem cumpridas e prazos para essas metas.

Dessas visitas, leituras e conversas nasceu um rela-tório – que engloba, basicamente, todas as reivindi-cações feitas pela Faculdade e por seus estudantesdesde 2004 (Greve Estudantil) – e esse relatório deuorigem ao “nosso” TSD: ele coloca como metas aserem alcançadas a solução dos problemas de quetanto nos queixamos nos últimos 05 anos.

Olhando grosseiramente, até aqui não há nada de er-rado, não é?

Tem um ditado popular que diz assim: “Quando a es-mola é demais, o santo desconfia”. E, nesse caso, oproblema é que a esmola é nenhuma: A Faculdade

tem até o final do ano para resolver as deficiênciasque ela mesma listou, NÃO VAI RECEBER NE-NHUM CENTAVO A MAIS PARA ISSO e, se nãose adequar, pode sofrer sanções – dentre elas, o seuFECHAMENTO.

As exigências do MEC vão de um Laboratório deHabilidades – orçado em cerca de R$ 500.000,00 –à reestruturação da atenção básica à saúde em Sal-vador, passando também pela reabertura das enfer-marias fechadas no HUPES. Ainda que hajaproblemas que, sozinha, a FMB não resolve (ela nãomanda no HUPES e nem na Saúde de Salvador),NÃO TEM COMO FAZER NADA DISSO SEM DI-NHEIRO.

O BOICOTE AO ENADE

Um dos grandes motivos de, NACIONAL-MENTE, TODAS AS EXECUTIVAS DECURSO (Movimento Estudantil) PUXAREM OBOICOTE AO ENADE é esse: Apesar de saber queo Ensino Público Superior é feito “nas coxas”, via“vários jeitinhos” que garantem a continuidade doscursos em condições precárias, o MEC não trazcomo proposta para as Universidades o auxílio paraque elas melhorem, através da destinação de maisverbas. A solução encontrada é a de PUNIR – porquetirar nota alta no ENADE também não garante maisverba pro curso, apenas gera um dado, bem masca-rado, de que aquela faculdade vai muito bem, obri-gado. E isso é uma grande mentira. Agora, umadúvida ainda paira no ar: como uma faculdadeque já vai mal, cronicamente, pela falta de recur-sos, vai se adequar a um padrão 05 estrelas emum ano sem receber verba a mais para isso? Épossível?

ÓBVIO QUE NÃO!

E POR QUE BOICOTAR?

Ora, se pela vontade do MEC não vai vir mais di-nheiro, independentemente de uma nota 05 ou umanota 01, e os problemas que nós já enfrentamos con-tinuarão a existir e, pior, serão mascarados pela notaalta, O BOICOTE SURGE COMO A ÚNICAPOSSIBILIDADE DE FAZER O MEC ADMI-TIR, TEXTUALMENTE, QUE OS PROBLE-MAS QUE DIZEMOS TER NO DIA-A-DIA DONOSSO CURSO EXISTEM E PRECISAM SERRESOLVIDOS. E com esse documento na mão po-demos, publicamente, colocar o MEC numa “sinucade bico”, e pressioná-lo para que os recursos neces-sários realmente venham.

E EU COM ISSO?

A frase mais adequada, “na real”, seria “e nós comisso”. Porque esse é um problema nosso, coletivo –de estudantes, professores e funcionários. A dependerda nossa postura diante da realidade de nossas facul-dades, dos problemas crônicos, é que as coisaspodem mudar. Esse desfecho, sem um “fecho” pro-priamente dito, está, em parte, nas nossas mãos.Basta que nos doemos: não apenas em prol do pró-ximo, mas sobretudo em prol do que achamos ser omais justo, digno e coerente para o ensino-aprendi-zado da Medicina. A alma das instituições, a bem daverdade, é a alma das pessoas que (con)vivem nela,é isso que lhes dá vida. Nós, estudantes, fazemosparte disso.

EM QUE PÉ ESTÁ AGORA?

Agora é oficial! A FMB recebeu um documento doMEC com a garantia de que serão enviados R$ 2,5milhões para sanar algumas das deficiências aponta-das no TSD (já que o orçamento total é de R$ 3,5 mi-

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lhões). O restante deverá ser captado pela reitoria da Universidadeatravés de parcerias com a Secretaria de Saúde do Estado. Com aparticipação de docentes e discentes está sendo elaborado um planode trabalho para priorização da aplicação das verbas.

O movimento estudantil, antes muito criticado devido ao boicote àprova, hoje tem a sua ação reconhecida e elogiada, já que só com asrepercussões da nota baixa no exame as deficiências apontadas pelaFaculdade desde 2004 foram reconhecidas. Porém, a luta ainda nãoacabou. O dinheiro enviado será utilizado majoritariamente para areforma do Pavilhão de aulas. Dessa forma, o nosso Hospital Uni-versitário, principal campo de prática, não sofrerá nenhuma altera-ção. Cabe aos estudantes, além de participar da destinação dasverbas recebidas, lutar pela reforma do HU, não contemplada peloTSD.

v

Bahia: uma feira de lutasUbiratan Lira de Souza

Diretório Acadêmico de Medicina de Feira de Santana

Diretório Central do Estudantes da UEFS

A educação nunca foi prioridade na pauta das forçasgovernantes. Isso não é diferente o governo Lula.Corte de orçamento, facilidade de abertura de escolasprivadas desresponsabilizando o estado da tarefa deeducar, planos de financiamento de escolas privadas,sistemas de avaliação fajutos, enfim, são inúmerasas ferramentas que tem sido usada para desmontar asuniversidades públicas.

Dentro do governo da Bahia, sob gestão do governa-dor Wagner, a situação não é diferente. As universi-dades estaduais baianas (UEBA’s) sofreram, noinício do ano, um corte de verbas que saiu de cercade 4,2% dos repasses de impostos para as universi-dades para 4,1% (aproximadamente), mesmo sendoeste um valor muito questionado. Isso gera um arro-cho nas estaduais baianas. Isso se torna ainda maisclaro quando a coordenação de desenvolvimento doensino superior (CODES) coloca que a ordem da se-cretaria é barrar o crescimento das universidades.

A Universidade Estadual de Feira de Santana(UEFS) não tem vivido em harmonia com estesfatos, primeiro porque do seu orçamento para 2009,o governo só aprovou 2/3 e mandou informar quenão suplementará esta verba em hipótese alguma.Qual a saída para a forca? Mendicância?

Um dos grandes problemas das Uebas é a dificuldadede manter um estudante sobrevivendo na universi-dade, primeiro que a universidade não é de fato pú-blica, apesar de não ter semestralidade e outrasformas de financiamento, mas e quanto aos livrosque não temos em bibliotecas e temos que comprar,xerox, alimentação, eventos científicos que muitasvezes precisamos pagar dentro da própria universi-

dade? Soma- se a isso que a Bahia tem poucas cida-des com universidades, o que faz com que os estu-dantes tenham que sair de sua cidade e morar nacidade daquela universidade. Mesmo com todo essepanorama, não é prioridade do governo uma políticade permanência estudantil. A ampliação da residên-cia universitária sai arrastada, a defesa do sistemabandejão, após 10 anos de luta foi uma conquista,sendo que o governo passou vários meses sem fazero repasse da verba para pagamento deste, o númerode bolsas são poucas e o valor não atinge o mínimonecessário para a compra de materiais básicos parauma pessoa.

Não sendo pouco o desmonte, as UEBAS estão sobreuma lei estadual, 7176/97, que barra a autonomia dasUEBA’s, criando um conselho superior que é supe-rior ao CONSU e CONSEPE e ainda presidido porquem? Pelo secretário! Oh? Mas não é a universi-dade, em vigor da sua autonomia quem decide comoutilizar suas verbas, qual o seu quadro de docentes,de funcionários, sobre a abertura ou não de cursos,etc? É meu e minha amig@. Aqui na Bahia as coisasnão são bem assim. Esta mesma lei limita o númerode docentes que cada UEBA venha a ter.

Logo, os cursos em implantação, como o de medi-cina, não têm professor, pois uma lei estadual assimdefiniu. Não tem estrutura de funcionamento, pois asverbas não cobrem nem o orçamento anual da uni-versidade, os estudantes são praticamente convida-dos a se retirar, pois não temos uma política deassistência estudantil, não temos pesquisas, extensão,eventos. Órfãos de pais vivos.

Tendo este panorama, as notícias que correm sobreas estaduais baianas incluindo a UEFS não poderiaser diferente. Desde 2007 o curso de medicina temfeito inúmeras paralisações, na intenção de convocaro estado a assumir suas responsabilidades. Este ano,não mais suportando, o curso de medicina para nãoestancar, entrou em greve permanecendo assim por28 dias sob pautas principalmente internas, onde ti-vemos avanços significativos, mesmo com toda ma-

nobra de desmonte do movimento. A greve tevegrande impacto. Fomos à secretaria de educação, vi-sitamos o governador da Bahia inúmeras vezes; Lulae Dilma Roussef também receberam nossas “boasvindas” com faixa cartazes e palavras de ordem noterreiro do PAC; Lula, o ministro da Educação e oSecretário de educação puderam ver e ouvir nossospedidos e vaias. Atos no centro da cidade, relatóriosextensos com todos os números e dados oficiaisforam levantados. Assim a luta tem sido grande e in-terminável.

No mesmo período, após três meses sem receber asbolsas, os bolsistas da UEFS entraram em greve eocuparam a reitoria da UEFS no sentido de pressio-nar o pagamento das bolsas, a ampliação do valor ea mudança do caráter destas.

Obra pintada por estudante de medicina da UEFS anônimo

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Além destas lutas, o movimento estudantil está deacordo com os movimentos sociais de Feira de San-tana. Recentemente a luta em defesa do transportepúblico tornou o centro da cidade palco de guerra ede muito cinismo por parte da prefeitura. Alem doaumento do valor, houve intenção de redução de fro-tas sem melhorar a qualidade do serviço prestado. Atarifa de ônibus de Feira de Santana está entre asmaiores do Brasil e é a segunda maior do nordeste.Soma-se a isso que a cidade tem 600.000 habitantespara uma tarifa de R$2,00. Assim, os estudantesforam às ruas, sendo eles espancados e presos covar-demente ao final da manifestação.

Em outra manifestação, a polícia novamente usousua força e entrou novamente em confronto corpo acorpo, digo, corpo a armadura policial. Desta vez,não só as armas e o número de agentes intimidavamcomo também o gás pimenta que nos trouxe um mo-mento nostálgico da ditadura militar.

Assim, Feira de Santana, tem sido governada a pu-nhos fortes pela prefeitura direita, pelo governo es-tadual inescrupuloso e pelo governo federal sínico.Enquanto a sobrevivência é árdua, as lutas esquen-tam marcha à frente sem recuar um passo. O grandetrunfo dos estudantes é a organização e a luta. Nãonos enganamos sob promessas e desculpas da crisemundial ou da baixa arrecadação ou qualquer outra,pois a política de despriorização dos elementos bá-sico da população, como saúde e educação, é postaà mesa – “ração diária de maldade” – e sirva- sequem quer. O imutismo é a regra e nosso papel étranscender e conquistar. Da mesma forma como seecoou na França em 68, ecoemos em nossas mentes:“Sejamos realistas; demandemos o impossível”.

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Page 11: Jornal_Denem_II

No Brasil, surge na conjuntura atual de crise, por

ações do Estado, em parceria com o grande capital,

uma nova tentativa de conter as reivindicações e

lutas por parte dos movimentos sociais organizados.

Historicamente, várias questões sociais no

nosso país são tratadas através do isolamento polí-

tico, não conferindo legitimidade na causas de luta;

da cooptação, onde lideranças ou grupos traem seus

princípios e reivindicações por concessão de privilé-

gios; da repressão, na qual as classes dominantes uti-

lizam da violência e da força para conter os

movimentos sociais.

Atualmente, são utilizados mecanismos mais

sofisticados para desarticular e coibir as lutas, tais

como aparatos da lei, do Estado em todos os níveis

que visam criminalizar e calar os movimentos so-

ciais, assim como suas lideranças, a exemplo do fe-

chamento das escolas itinerantes do MST no Rio

Grande do Sul, ataques de milícias armadas no inte-

rior do Pará, perseguição das rádios comunitárias

pela Polícia Federal, não concessão de aberturas de

novas emissoras de rádio e teledifusão, prisão de li-

deranças do MAB na ocupação de eclusas de Tucu-

ruí, processos judiciais aos estudantes que ocuparam

reitorias, ataques da polícia aos grevistas da USP, etc.

No sentido de combater os avanços do

grande capital e do processo de criminalização dos

movimentos sociais, entendemos a necessidade dos

estudantes assim como a sociedade geral de se orga-

nizar em prol da construção popular e dos movimen-

Carta de solidariedade aos movi-mentos sociais frente a criminali-zação na conjuntura atual

Renato Santos

DAM-UFPA

coordenaçao de extensao universitária,

coordenacao regional norte

tos sociais nessa conjuntura difícil que nos encontra-

mos, buscando nos solidarizar nas causas e na uni-

dade na luta. Assim a Direção Executiva Nacional

dos Estudantes de Medicina vem por meio desta se

colocar a favor dos movimentos sociais e apoiar as

lutas no Campo e na Cidade, além de buscar parce-

rias com mais entidades estudantis, sindicatos e pes-

soas interessadas na manutenção das reivindicações

e atividades dos movimentos organizados em prol de

um Brasil mais justo e de fato, popular.

FORÇA NA LUTA, PORFORÇA NA LUTA, PORUMA PÁTRIA LIVRE !!!!!!!UMA PÁTRIA LIVRE !!!!!!!PÁTRIA LIVRE, VENCEREPÁTRIA LIVRE, VENCERE--MOS!!!!!!!MOS!!!!!!!

AI 5 Digital

Recentemente foi apresentado ao Senado umProjeto de Lei, de autoria do Senador Eduardo Aze-redo – PSDB de MG, que regulamenta o uso da In-ternet no nosso país. O que soa interessante, porcoibir cibercrimes, passou a ser preocupante. O pro-jeto de lei vem sendo chamado de AI 5 digital prin-cipalmente por criminalizar ações que são hojecomuns e cotidianas na internet.

A internet foi capaz de revolucionar as comu-nicações da humanidade, mesmo com as dificuldadesde acesso que a maioria da população. Com a inter-net podemos compartilhar conhecimento, baratear ascomunicações, facilitar o acesso a informação...

Claro que nem tudo são flores, ainda há mui-tos crimes sendo realizados pela internet, e alémdisso, a internet pode servir de controle e fiscalizaçãodas pessoas.

A questão do monitoramento e vigilância éque tem sido notado com o AI 5 digital. O que estáem jogo é a criação de mecanismos de “cerceamentode informações”, institucionalizando a violação daprivacidade e a criminalização dos usuários por prá-ticas atualmente comuns. Em outras palavras, que-rem transformar uma exceção (a quebra daprivacidade) no padrão de controle da rede.

Nesse projeto de lei encontramos artigos cominúmeros problemas. Em primeiro lugar, a utilizaçãode conceitos vagos abre uma brecha para a aplicaçãode infrações previstas no código penal sobre os in-ternautas. Um segundo ponto polêmico é o Art. 285-A, em que há a proposta não só de legitimação doDRM (mecanismo de restrição de cópias em apare-lhos e sistemas informatizados), mas também de cri-minalização de sua inutilização. Ou seja, se o PL(Projeto de Lei) passar, caso você destrave seu apa-relho de DVD, comprado fora do Brasil, e que nãoroda com vídeos produzidos na região da AméricaLatina, você é um criminoso.

Além disso, se você baixa música na Internete nos últimos anos ampliou gratuitamente o seu ar-quivo musical, prepare-se para um retrocesso. Esseartigo o afeta diretamente. Baixar músicas e filmesna internet vai virar crime passível de um a três anosde prisão. As ferramentas P2P (intermediadores paraa troca de arquivos) que revolucionaram o acesso àcultura e à arte e ampliaram o acesso de maneiranunca antes imaginada, ficam proibidas. É bom tam-bém preparar os bolsos para voltar a comprar osCD’s do seu artista predileto (se ele preferir te ven-der, ao invés de disponibilizar na rede). O Art. 285-B criminaliza ainda a transferência ou fornecimentode dados ou informação (leia-se: músicas, livros efilmes), numa defesa direta da indústria fono e cine-matográfica.

O Art. 163 também traz problemas semelhan-tes. Você pode virar bandido sem nem perceber. Eletrata da inserção ou difusão de códigos maliciosos –os vírus são códigos maliciosos, bem como trojans eoutros malwares. Se você enviar um arquivo de tra-balho da faculdade, por exemplo, que contenha umvírus, você está passível a ser preso, com reclusão de1 a 2 anos.

O Art. 22 é o artigo que mais fere os direitosfundamentais básicos para a garantia das liberdadesindividuais. Um dos seus maiores problemas é a exi-gência de que os provedores de acesso registrem o

Ramon Rawache

XII de Maio, UFC Fortaleza

Coordenaçao geral da Denem

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tene

rife-

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O debate de gênero na academia e no movimentoestudantil. Bárbara Sabrine Kilpp

UFRGS

Hoje muito se fala na superação do movi-mento feminista devido ao fato de que atualmentehomens e mulheres já ocupam patamares de igual-dade no mercado de trabalho, nas Universidades, napolítica, e que por isso não há porque pensar emopressão de gênero. De fato, existe o recrudesci-mento da participação da mulher em espaços majo-ritariamente masculinos ao longo do processohistórico da luta feminista. Porém, será que é “boba-gem” da parte das mulheres reivindicar e promovero debate de gênero e, ainda hoje, falar em machismo?

A Universidade brasileira ainda carece muitode assistência estudantil. Principalmente, carece deprogramas de assistência voltados de forma especí-fica às mulheres estudantes – que, por mais incrível

que pareça para alguns, têm suasdemandas que são singulares.

Até oano de 2008, aCasa do Estudanteda Universidade Fede-ral do Rio Grande do Sulconvidava as estudantesem período de gestação ase retirarem da casa, e nãolhes era oferecido nenhumtipo de assistência. Além deperder a moradia, a estudanteperdia o “sossego” quando retor-nava à Universidade (se retornava):não há, ainda hoje, creche universitária parafilhos e filhas de estudantes, apesar dejá existir essa discussão há muito tempo.Casos de abuso sexual, ofensa e violênciacontra mulheres na Universidade e precon-ceito com estudantes lésbicas também foram presen-ciados na UFRGS entre os anos de 2007 e 2009.

É bastante difícil pautar, na Universidade,questões como essas, que são tão distantes da reali-dade de conteúdos abordados nas disciplinas da aca-demia. De fato, a maioria dos cursos sequer seaproxima da discussão profunda acerca da mulher esua situação social atual, e a Medicina não fica forade tal contexto. Porém, mesmo com uma educaçãomédica limitada em relação ao debate de gênero, sa-bemos que existem peculiaridades acerca da saúdeda mulher, dos cuidados gerais de gestantes, dos re-flexos psicossociais da violência e do abuso sexuale da diversidade de questões que rondam o universofeminino. Ainda assim, não é de nosso costume pro-blematizar, apenas absorver de forma sistemática ateoria necessária para sermos bons médicos e boasmédicas... até que, em algum momento, temos aoportunidade de prestar atendimento a mulheres lés-bicas – e ficamos completamente perdidos.

Além da formação insuficiente e da falta defamiliaridade com o assunto no cotidiano universi-

tário, a realidade do machismo e da negligência comas pautas das mulheres também está presente nos es-paços do movimento estudantil.

Não é regra geral que os diversos movimen-tos, coletivos e entidades estudantis tenham espaçosde auto-organização feminista. Inclusive, ainda éuma minoria que se apresenta de tal modo organi-zada. Mas o que é mais incomum, de um modo geral,é ver mulheres dirigindo a política e o movimentocomo um todo, e serem respeitadas. De fato aindamuitos companheiros não estão preparados paraserem “dirigidos” por uma companheira, e quandotal situação se apresenta em conjunturas de disputapolítica, muitas vezes presenciamos cenas de ma-chismo e intolerância. Os casos não se restringemnas situações referentes à direção política exercidapor mulheres, mas também atingem diferentes níveisde participação feminina na política, que ainda é umespaço bastante masculino.

É fundamental que exista a possibilidadede auto-organização dos setores feministas de

entidades e movimentos estudantis. Além des-ses espaços, atividades de formação (em con-junto com o público masculino) vêm parapreencher as lacunas da falta de costume em

problematizar a situação da mulher nos dife-rentes espaços sociais. Porém, de nada adiantará

a organização e a formação se as mulheres não to-marem a iniciativa de ocupar os espaços que tan-

gem as pautas gerais do movimento, reivindicandosua capacidade política de tomar direção dos proces-sos de mobilização. É só com mulheres dirigentesque será possível, por exemplo, impulsionar um pro-cesso de mudança na Universidade a fim de se obteravanços na assistência estudantil, pois ainda somosnós, mulheres, a maioria preocupada com nossasquestões específicas.

Finalmente, é preciso, sim, problematizar aconjuntura da mulher: os porquês, de onde vêm, paraonde vão. E, principalmente, estar atento ao fato deque “a percepção da perspectiva de gênero nas rela-ções entre as pessoas de ambos os sexos fornecemeios de decodificar o significado, culturalmenteatribuído ao varão e à mulher, e de compreender ascomplexas conexões entre as várias formas de inte-ração humana. Quaisquer empreendimentos, para al-terar a relação entre os gêneros masculino efeminino, exigem uma profunda compreensão dasinstituições sociopolíticas sobre as quais se pretendetransformar, porque a política da dominação de gê-nero não subordina apenas mulheres, moças e jovensaos varões dominantes; ela funciona como cidadelado direito de propriedade dos interesses tradicionaise conservadores da sociedade.” (A presença da mu-

lher no controle social das políticas de saúde, MariaJosé de Lima, 2003, Rede Feminista de Saúde).

IP (do inglês, internet protocol), a data e hora de usode cada máquina por 3 anos. Ou seja, três anos doseu histórico na internet (sites acessados, trocas dee-mail, pesquisas, tudo) seriam guardadas pelas pro-vedoras, que se tornariam assim, uma espécie de vi-gilância privada; tendo que informar “de maneirasigilosa” à polícia, sempre que suspeitar do conteúdodos download de algum de seus clientes. Isso onera-ria enormemente as empresas de acesso a internet, jáque os gastos aumentariam e seriam repassados paraos clientes/usuários. As provedoras agiriam comouma espécie de “grande irmão”, vigiando e denun-

ciando à polícia suspeitos de práticas que, caso o pro-jeto seja aprovado, passam a ser ilícitas.

Outra conseqüência desse artigo seria a in-viabilização das redes abertas e livres. Isso se dariaporque todos os usuários das conexões wi-fi (redessem fio) gratuitas, fornecidas em muitos cybercafés,hotéis, restaurantes, livrarias e universidades, nave-gam pela rede com o mesmo número de IP. O mesmoocorre em Lan Houses, todas as máquinas conecta-das usam o mesmo endereçamento eletrônico. Comeste registro, o provedor de acesso pode até dizer deonde foi cometido o “crime”, mas não é possível

saber com segurança quem o cometeu. E como ficaa vida de quem tem sua rede wi-fi doméstica inva-dida por um criminoso? O crime terá sido praticadoa partir do seu IP. Medidas como essa não coíbem ocrime, somente a nossa liberdade. “Essa é uma leiinócua contra os criminosos, abusiva em relação aoscriadores e arbitrária diante dos cidadãos”.

Além de tudo isso, acho que já deu para per-ceber que além de todo esse processo de criminali-zação um outro fato é evidente: a privatização doconhecimento. v

O primeiro semestre de 2009 foi repleto de ações domovimento estudantil sobre uma velha questão: o di-reito a meia-entrada. Por mais que parecesse algo jáconsolidado, o direito a meia estudantil sempresofreu ataques, os mais conhecidos são as formas deburlar a lei, com meia para todos, ou preços de meiaque são verdadeira inteiras.Foi apresentado no senado federal, e já aprovadonessa casa, um projeto de lei de autoria do senadorEduardo Azeredo – PSDB-MG que limita a meia-en-trada a 40% dos ingressos de eventos culturais e es-portivos. Tal projeto de lei, agora deve ir para ocongresso, e depois para a sanção presidencial. Tal limitação, que o senado chama de regulamen-tação do uso da meia-entrada, é uma distorção do di-reito estudantil. A meia-entrada é um direito que éinerente a condição de estudante, e com a lei, o dire-ito a meia seria condicionado aos “40% primeiros es-tudantes”.Essa limitação efetiva tem um grande impacto nadinâmica social, pois seria além de tudo, a limitaçãoao acesso a cultura e esporte, que já são escassos paraa maioria da população brasileira. Os grandes vito-riosos, caso seja aprovado essa lei, são as casas deshow, a grande indústria de cinema. A luta peloacesso a cultura, ao esporte sempre foram cotidianasdo ME, e é importante para nós do ME de saúde tam-bém colocar esse debate enquanto uma questão de

Meia estudantil,quero meu direitopor inteiro

Ramon Rawache

XII de Maio, UFC Fortaleza

Coordenaçao geral da Denem

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CLEV! Sigla para Coordenação Local de Es-tágios de Vivências. Mas você deve estar se pergun-tando: o que é isso afinal?!

Primeiramente, através do nosso respectivoDiretório ou Centro Acadêmico fazemos parte da Di-reção Executiva Nacional dos Estudantes de Medi-cina (DENEM), entidade legítima que representatodos os estudantes de medicina do Brasil. Esta, porsua vez, faz parte da maior organização internacionalestudantil do mundo, a International Federation of

Medical Students’ Associations (IFMSA), com maisde 90 países membros, e da Federação dos Estudan-tes de Cuba (FEU).

A IFMSA foi criada após a segunda guerramundial com o intuito de gerenciar o sistema de in-tercâmbios, muito mais num sentido de aprendizadohumano quanto ao que a população de cada país emespecífico necessita do que num sentido de viagemcultural e diversão pura e simplesmente.

Desta maneira, um estudante que vai paraoutro país deve ter sempre em mente sua função so-cial para as pessoas com as quais terá contato, e con-tribuir para uma evolução daquele lugar, bem comoadquirindo habilidades com que auxiliará toda umapopulação a ser atendida por ele em seu país de ori-gem.

Entendendo a diversidade de áreas com-preendidas durante o ensino de medicina, as ativi-dades da IFMSA foram divididas em diversoscomitês, Standing Committee on Medical Education

(SCOME), S. C. on Public Health (SCOPH), S. C.

on Human Rights and Peace (SCORP), Standing

Committee on Reproductive Health including AIDS

(SCORA), Standing Committee on Professional Ex-

change (SCOPE) e Standing Committee on Research

Exchange (SCORE). Todavia, as atividades em que a DENEM par-

ticipa com maior ênfase dentro da IFMSA são nosestágios de prática médica (SCOPE) e de pesquisamédica (SCORE).

Nos últimos anos, a DENEM fechou emmédia 40 contratos de estágio em pesquisa e 250 emprática médica com mais de 80 países, ofertando umtotal de cerca de 300 vagas a serem distribuídas paratodas as universidades brasileiras incluídas no pro-grama via DENEM através de suas CLEVs. Assim,

CLÉ.. o que??Marina Jacob Chaer

Coordenadora de Estágios e Vivências da DENEM

Centro Acadêmico XXI de Abril – CAXXIA UFG

como não existe uma vaga para cada estudante, foicriado um sistema de pontuação como forma de se-leção, priorizando os estudantes mais antigos nocurso (com menos tempo para viajar) e aqueles quefazem o programa funcionar. Estes são os que rece-bem estudantes em suas casas durante as quatro se-manas de estágio (anfitriões), e os que ambientam ointercambista e mostram a realidade da saúde públicano novo país (padrinho/madrinha). Os estágios têmduração de quatro semanas, estada gratuita garantida(que pode ser em um alojamento estudantil, hostelou casa de algum estudante estrangeiro) e pelomenos uma alimentação por dia. Portanto, o estu-dante paga apenas uma taxa de 120 euros, a sua pas-sagem e eventuais gastos que terá no país.

A DENEM também o promove o Projeto deEstágio em Ação Global (GAP Exchange), o NúcleoBrasil – Cuba (NBC) e os Estágios de Vivência emcomunidades, como Estágio em Defesa da Vida. OGAP Exchange tem o enfoque na discussão de“doenças da pobreza” negligenciadas pelo sistemade organização capitalista e consiste em acordos bi-laterais entre Brasil, França e Peru, cuja primeiraetapa acontecerá no Brasil em julho de 2009 e serásobre a Doença de Chagas. O Núcleo Brasil – Cubaconsiste em um estágio de vivência em Cuba voltadopara a discussão política da revolução cubana e dainternacionalização da experiência socialista. Os es-tágios de vivência em comunidades, como o Estágioem Defesa da Vida que ocorreu ano passado em umacomunidade na Paraíba, são projetos que de formaçãode militantes, organizados em parceria aos movimen-tos sociais populares promovendo o intercâmbio cul-tural, político e vivencial entre os estudantesparticipantes e comunidades. Trata-se de uma expe-riência que envolve a união de pesquisa e extensãocom discussões e reflexões acerca da realidade docampo e do sistema de saúde de nosso país.

Também temos um programa de estágio emprática médica e em pesquisa dos Estágios Nacionais(EN), porém devido às alterações decretadas pelaNova Lei dos Estágios este programa está suspensotemporariamente até que as universidades consigamse adaptar e termos viabilidade jurídica para executá-lo.

Todos os alunos de medicina podem partici-par dos programas de estágio que a DENEM oferece.Porém, para poder receber estudantes em sua facul-dade e participar mais ativamente dos programas edos debates acerca da pauta dos estágios, é necessá-rio que cada CA/DA possua uma Coordenação Localde Estágios e Vivências, o famoso CLEV! Para abriruma CLEV é muito simples, vejam os passos Apresentar o programa de estágios da DENEM para o seu CA/DA epara a Coordenação do seu curso.Enviar uma carta de respaldo do seu CA/DA com os nomes dos Coor-denadores Locais de Estágios e Vivências (sugerimos 2 a 3 pessoaspara serem os coordenadores), respaldando a abertura da CLEV eas pessoas nomeadas para tal função, com a assinatura do repre-sentante legal do CA/DA. Enviar a carta de respaldo escaneada para [email protected]

monia saburre deciestilo [email protected] eenviar um email para a lista da CEV [email protected]. Trata-se de uma lista fechada, então é necessárioenviarem a carta de respaldo anteriormente ao pedido da lista paranós aceitarmos o pedido da sua CLEV.Tentar criar vagas para receber estudantes em sua CLEV. Não é ne-cessário que seja no Hospital Universitário, mas é necessário que umprofessor da sua faculdade seja o tutor do estágio. Também não é im-prescindível que a CLEV receba estudantes, mas trata-se de algomuito importante para o funcionamento do programa em nosso paíse para o desenvolvimento e aprimoramento da CLEV.Qualquer dúvida envie para [email protected] ou diretamente paraos Coordenadores de Estágios e Vivências da DENEM em nível na-cional (CEVs): [email protected], [email protected], [email protected] ou [email protected] também que podem contar com o auxílio dos Coordena-dores Regionais da sua regional, inclusive podem pedir o CD do CLEVcom diversos materiais de capacitação e administração para o seuCoordenador Regional. Caso não saiba quem são e quais os contatosdo seu Coordenador Regional enviem um email [email protected].

saúde. Isso porque garantir saúde é garantir que apopulação tenha acesso ao que é produzido na so-ciedade, como por exemplo música, cinema, esporte,enfim, a arte.Nacionalmente, muita luta vem sendo travada contraesse projeto. Várias entidades estudantis se colo-caram contrários a esse projeto e vem realizando mo-bilizações e manifestações de rua.É importante dar destaque ao fato de a União Na-cional dos Estudantes, através de sua direção ma-joritária (a composição da diretoria da UNE éproporcional), ter levantado a proposta de monopóliosobre a produção e distribuição das carteirinhas deestudantes, um grande absurdo.Por acesso a cultura, arte, cinema, esporte, saúde,dizemos: meia-entrada, eu quero meu direito por in-teiro!

O Encontro Regional dos Estudantes de Medicinada SUL 2 ocorreu em São José do Rio Preto - SãoPaulo nos dias 29,30 e 31 de maio.Como é um encontro do movimento estudantil, or-ganizado pela DENEM através da coordenação re-gional, os temas discutidos tendem a ser nãosomente uma capacitação para os estudantes, massim uma troca de experiências e análise conjunta darealidade do estudante de medicina além de cum-prir um papel importante para organizar as lutas es-tudantis.

O tema do encontro foi “Medicina para que(m)?”no sentido de abordar o mercado de trabalho emmedicina e a formação médica. Muito das discus-sões apontaram para a análise de que ocorreu umareestruturação do trabalho em saúde nos últimos 40anos. Antigamente o médico se formava e abria seuconsultório e exercia o que chamamos de prática li-beral. Nota-se que isso mudou consideravelmente eno cenário atual são raros os médicos recém forma-dos que conseguem abrir seu consultório. Ou jáexiste um aporte familiar que permita isso (geral-mente famílias mais abastadas) ou então o médicoserá obrigado a vender a sua força de trabalho nomercado como qq outro profissional, seja para umplano de saúde ou para o SUS. Vale lembrar queapenas para ser credenciado à UNIMED precisapagar valores que variam de 40 à 80 mil reais , de-pendendo do Estado. Esse processo que vem ocor-rendo com a medicina, podemos chamar deproletarização do médico. Esse termo, apesar deforte, elucida bem o fato de que tudo o que o estu-dante formado possui e possuirá como mecanismode renda é a própria força de trabalho que será ven-dida por um determinado valor.

A análise que fizemos no encontro caminha no sen-tido de entender como essa mudança no mundo dotrabalho tem impactado na formação médica e nasmudanças nas diretrizes curriculares. Entendemosque o que muda antes são as relações de trabalho eestas determinam a educação, e não o contrário. Aconsolidação do SUS como um sistema de saúdedesigual (o pobre fica na fila meses, só tem atendi-mento primário em UBS enquanto quem tem maiscondições usufrui de outros níveis do sistema,como planos de saúde) naquilo que podemos consi-derar “cesta básica da saúde”, ou seja , uma saúdepobre para pobre somado às necessidades das in-dústrias médico-farmaceuticas em vender seus pro-dutos e à interferência das empresas de saúde(planos, seguros, etc) têm moldado as mudançasnas universidades. Dessa forma observa-se flexibi-lização dos currículos, retirada de conteúdos, foca-lização na atenção primária, etc para formar ummédico mais barato para um sistema de saúde debaixa qualidade, com a medicalização da saúde etc

Esse processo não é homogêneo e acontece emmaior ou menor grau de acordo com as resistênciasou não às mudanças. Em universidades tradicionaisvemos ainda a consolidação da formação voltada aultraespecialização visando formar os médicos queatenderão particulares (pessoas mais ricas) e queutilizarão maior densidade tecnológica. Em facul-dades mais recentes o currículo é voltado ao sim-ples e elementar, onde a valorização não está noconteúdo em si, mas sim nas “atitudes” do aluno.Passa existir uma divisão do trabalho. De um ladoum médico ultraespecializado com qualidade capazde empurrar todos os produtos de alto valor dasaúde (imagens, medicamentos, exames, etc) paraos setores mais ricos e de outro um médico debaixa qualidade, barato para atender a maior parteda população.

Isso parece fazer muito sentido também quando ob-servamos a expansão indiscriminada de novas es-colas médicas. Essa expansão segue a lógica degarantir ao mercado (empresários da educação) os

EREM Sul 2Luiz Guilherme de Souza

DANC- UFPRCoordenação Regional Sul 2

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Entre os dias 11 e 14 de junho aconteceu, em Ara-

caju, o XIII EREM da NE1, sediado pelo CAMED-

UFS. Seu tema foi: “Mãos que Constroem:

Mobilização Estudantil Transformando Realidades”.

Com uma programação que incluia temas como

Abertura de Novas Escolas Médicas, Exame de

Ordem, Privatização da Saúde e um turno de vivên-

cia na rede do Sistema Único de Saúde da cidade, o

grande objetivo era sempre chamar atenção do papel

dos estudantes na construção de uma Universidade

socialmente referenciada e num novo modelo de so-

ciedade.

O encontro conseguiu reunir alunos de 7 das 9 esco-

las médicas da regional e, além de um possibiltar a

capacitação dos encontristas, permitiu uma maior ar-

ticulação entre os CA’s/DA’s, possibilitando uma rica

troca de experiências e a grande integração entre os

estudantes.

Agosto:II Congresso de da Regional Centro-Oeste Local: Universidade Anhanguera - UNIDERP,Campo Grande-MSData: 13 a 15 de agosto de 2009

III Congresso Mineiro de Educação MédicaLocal: CEASC-CEM Norte da Unifenas - BHData: 14, 15 e 16 de agosto de 2009

XII Congresso Gaúcho de Educação MédicaLocal: Santa Cruz-RS Data: 27 a 29 de agosto de 2009

Encontro Regional dos Estudantes de Medi-cina da Regional Sudeste 1Local: Petrópolis - RJData: 14 a 16 de agosto

Setembro:Seminário do CENEPESLocal: a ser definido Data: 04 a 07 de setembro de 2009

Outubro:XLVII Congresso Brasileiro de EducaçãoMédica, Local: ExpoCuritiba, Curitiba-PRData: 17 a 20 de outubro de 2009

t Aconteceu na cidade de Rio Grande-RS,entre os dias 11 e 14 de Junho, o XIV Encontro Re-gional dos Estudantes de Medicina da Sul-1, re-unindo estudantes dos estados do Rio Grande doSul e Santa Catarina. Trazendo o tema “A medicinaalém do que se vê”, o EREM debateu a função so-cial da medicina, a organização do trabalho médicoe a sua relação com o setor privado na saúde.

O encontro, sediado pelo DiretórioAcadêmico Francisco Martins Bastos(DAFB/FURG) contou com uma expressiva partic-ipação de estudantes da FURG e dividiu algumasatividades com o EGED – Encontro Gaúcho dosEstudantes de Direito, organizado pela CORED Sulda Federação Nacional dos Estudantes de Direito -FENED. Entre algumas das atividades conjuntas,cabe destacar o debate sobre a Lei dos Estágios,Aborto e Saúde da Mulher, Cotas e Acesso ao En-sino Superior, além de um Painel sobre a Conjun-tura atual da Universidade Brasileira, a qual contoucom representantes do ANDES-SN (AssociaçãoNacional dos Docentes do Ensino Superior – Sindi-cato Nacional), CPERS (Sindicato dos Trabal-hadores em Educação do Rio Grande do Sul ),ABED (Associação Brasileira de Estudos em Dire-ito), além das representações da DENEM e daFENED.

Ao fim do EREM, os centros acadêmicosaprovaram a continuidade dos debates do Encontroatravés da realização de uma campanha da re-gional, a ser trabalhada no segundo semestre de2009. Mantendo o mote do EREM “A medicinaalém do que se vê”, a campanha contará com oseixos Trabalho Médico e Lei dos Estágios, Gênero,Aborto e Saúde da Mulher, Avaliação e Privatiza-ção da Saúde, sendo os últimos dois agregados àscampanhas nacionais da DENEM aprovadas noCOBREM Fortaleza (Janeiro/2009).

XIV EREM Sul-1

Defender a alegria como uma trincheiradefendê-la do escândalo e da rotinada miséria e dos miseráveisdas ausências transitóriase das definitivas

Defender a alegria como um princípiodefendê-la da surpresa e dos pesadelosdos neutros e dos nêutronsdas doces infâmiase dos graves diagnósticos

Defender a alegria com uma bandeiradefendê-la do raio e da melancoliados ingênuos e dos canalhasda retórica e das paradas cardíacasdas endemias e das academias

Defender a alegria como um destinodefendê-la do fogo e dos bombeirosdos suicidas e dos homicidasdas férias e do fardoda obrigação de estarmos alegres

Defender a alegria como uma certezadefendê-la do óxido e da sujeirada famosa ilusão do tempodo relento e do oportunismodos proxenetas do riso

Defender a alegria como um direitodefendê-la de deus e do invernodas maiúsculas e da mortedos sobrenomes e dos lamentosdo azar e também da alegria

Uh Uh NE1!

Mario B

enedetti

Agende-se:

O Encontro Regional dos Estudantes de Me-dicina da Nordeste 2 ocorreu entre os dias 17 e 21 deabril na cidade de Mossoró, Rio Grande do Norte. Oevento foi sediado pelo Centro Acadêmico Carlos Er-nani Rosado, o CACER, da Universidade Estadualdo Rio Grande do Norte.

lucros de abrir um curso de medicina, o qual sabe-mos que tem muita procura e o retorno é certo.Além disso ao se formar muitos médicos reduz ossalários e podemos passar a ter algo ainda inci-piente na medicina: desemprego.

Além do aprofundamento da análise tiramos algunsencaminhamentos (que por se tratar de um encon-tro regional , que tem um carater de iniciar pessoasnovas no ME, são bem limitados):

- Luta contra o exame de ordem e boicote ao examedo Conselho Regional de Medicina de SP (CRE-MESP);- Lutar contra o PL 92 das Fundações Estatais deDireito Privado;- Articular e organizar regionalmente a campanhanacional da DENEM contra as privatizações nasaúde;- Organizar para o 2º semestre o FOREMP (ForumRegional das Escolas Médicas Pagas);- Apoiar as lutas e mobilizações dos estudantes naUNISA e UFSC

EREM- NE 2Paulo Tarcísio NetoCoordenaçao regional NE 2-

UFRN- CANECA

Contando com mais de 200 participantes, oEREM- Mossoró foi apontado por muitos como o“EREM dos Movimentos Sociais”, reafirmando oslaços entre o MEM e os movimentos sociais locais,como os Movimentos Sindicalistas, os MovimentosFeministas e os Movimentos Negros.

Durante o evento, as vivências e diversos es-paços de diálogos tornaram o encontro mais palpávele dinâmico, como, por exemplo, a ida ao HospitalPsiquiátrico local paralelo ao GDT de Saúde Mental,bem como a visita às Salinas da cidade de Mossorójunto às discussões sobre Medicina do Trabalho. O evento, por fim, foi coroado com um Ato Públicoem frente ao Hospital Tarcísio Maia, protestandocontra a realidade local, conivente com o contextonacional, de precarização da estrutura da saúde pú-blica, bem como exigindo o processo de escolariza-ção do hospital, vantajoso para estudantes,profissionais e usuários da saúde local.