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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA DETECÇÃO E ISOLAMENTO DE NOROVÍRUS EM COLÔNIAS DE RATOS DE LABORATÓRIO (Rattus norvergicus)”. CAMPINAS 2016

JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA€¦ · JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA “DETECÇÃO E ISOLAMENTO DE NOROVÍRUS EM COLÔNIAS DE RATOS DE LABORATÓRIO (Rattus norvergicus)”.Dissertação

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA

“DETECÇÃO E ISOLAMENTO DE NOROVÍRUS EM COLÔNIAS DE RATOS DE

LABORATÓRIO (Rattus norvergicus)”.

CAMPINAS

2016

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JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA

“DETECÇÃO E ISOLAMENTO DE NOROVÍRUS EM COLÔNIAS DE RATOS DE

LABORATÓRIO (Rattus norvergicus)”.

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências.

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO FERREIRA COSTA

COORIENTADOR: PROFA. DRA. DULCINÉIA MARTINS DE ALBUQUERQUE

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA, E ORIENTADO PELO PROF. DR. FERNANDO FERREIRA COSTA.

CAMPINAS

2016

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Ana Paula de Morais e Oliveira - CRB 8/8985

Moreira, Joselia Cristina de Oliveira, 1982- M813d Detecção e isolamento de norovírus em colônias de ratos de laboratório

(Rattus norvergicus) / Joselia Cristina de Oliveira Moreira. – Campinas, SP:

[s.n.], 2016.

MorOrientador: Fernando Ferreira Costa.

MorCoorientador: Dulcinéia Martins de Albuquerque. MorDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas,

Faculdade de Ciências Médicas.

Mor1. Norovirus. 2. Ratos. I. Costa, Fernando Ferreira,1950-. II.

Albuquerque, Dulcinéia Martins. III. Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Detection and isolation of norovirus in laboratory rat

colonies (Rattus norvergicus) Palavras-chave em inglês: Norovirus Rats Área de concentração: Fisiopatologia Médica

Titulação: Mestra em Ciências Banca examinadora: Fernando Ferreira Costa

Mário Ângelo Claudino

Delma Pegolo Alves Data de defesa: 21-12-2016 Programa de Pós-Graduação: Fisiopatologia Médica

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

JOSELIA CRISTINA DE OLIVEIRA MOREIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO FERREIRA COSTA

COORIENTADOR:PROFA. DRA. DULCINÉIA MARTINS DE ALBUQUERQUE

MEMBROS:

1. PROF. DR. FERNANDO FERREIRA COSTA

2. PROFA. DRA. DELMA PEGOLO ALVES

3. PROF. DR. MÁRIO ÂNGELO CLAUDINO

Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Médica da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 21/12/2016

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DEDICATÓRIA

À minha família que esteve ao meu lado durante esta jornada,

compartilhando momentos de alegria e me apoiando e incentivando nos momentos

difíceis para que eu nem ao menos sonhasse em desistir.

A vocês família, razão do meu viver, dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a este Deus maravilhoso que me sustentou, honrou e colocou

em minha vida estas pessoas maravilhosas a quem vou agradecer.

Ao meu marido Anderson Moreira pelo amor e compreensão dedicados a

mim; suportando as minhas ausências e ansiedades com toda paciência.

À minha mãe Joana Bento Batista de Oliveira pela dedicação

incondicional, pela força e estímulo; meu exemplo de vida e mulher.

Ao meu pai José Rosa de Oliveira, meus irmãos Tiago e Paulo Henrique

pelo apoio de sempre.

Ao meu filho do coração Lucas Batista pelos momentos de alegria e

descontração. E à minha Lívia que mesmo na barriga da mamãe já me faz realizada

e me dá forças pra seguir em frente.

Ao meu orientador Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa que aceitou me

orientar sem mesmo me conhecer, meu muito obrigado.

À minha co-orientadora Dulcinéia Martins de Albuquerque, esta

profissional excepcional, inteligente e dedicada a qual aprendi a admirar e a

respeitar, mais que obrigada, você ajudou a iluminar meus caminhos.

À idealizadora deste projeto, Daniele Masselli Rodrigues Demolin uma

mulher guerreira, a companheira de todas as horas, de todos os momentos, a

profissional, a amiga e uma irmã. Com você aprendi tudo o que sei meu muitíssimo

obrigado

Ao meu irmão do coração Robson da Silva Pontes, por sempre estar

presente na minha vida, amizade assim poucos podem dizer que tem.

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À minha amiga Clarice Yukari Minagawa Issei, uma companheira que

levarei para sempre em meu coração, obrigada por sempre estar disposta a me

ajudar e orientar em momentos difíceis.

À Euma da Cunha Ramos que em tão pouco tempo tornou-se tão

importante em minha vida.

À Jéssica Stoppa Viana, por ser mais que uma simples estagiária, por ser

uma amiga sempre cuidando de mim.

Aos meus companheiros de equipe do laboratório Lenira Aparecida

Guaraldo de Andrade e Silvio Rogério Cardoso dos Santos pela compreensão de

sempre.

Ao diretor do CEMIB/UNICAMP Prof. Dr Rovilson Gilioli pelo apoio no

desenvolvimento deste projeto.

Aos meus colegas de trabalho do Centro Multidisciplinar para a

Investigação Biológica - Cemib/Unicamp, meu muito obrigado por me acolherem e

me apoiarem. Por todas as áreas que passei fui sempre muito bem recebida.

Ao André Benevides Pires da informática do CEMIB, pela ajuda em

diversos momentos.

Ao Marcos Alexandre Finzi Coratti pela ajuda no início deste projeto e

mais, por me apresentar à equipe do Laboratório do prof. Fernando (Hemocentro).

A esta equipe sensacional do Laboratório de Hemoglobinopatias do Prof.

Fernando e da Dra. Dulcinéia que sempre me recebeu muito bem e me acolheu

como membro da equipe.

Ao André Schwambach Vieira que sempre esteve disposto a me ajudar,

seja qual fosse minha necessidade.

Aos alunos Alexandre Hilário Matos, Amanda Morato do Canto e Beatriz

Bertelli que me ajudaram no Western Blotting.

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À Dioze e à Sandra Brambila que me ajudaram cedendo reagentes.

Às meninas do LNBio, Renata Rocha de Oliveira e Sami Yokoo que me

auxiliaram com a ultracentrífuga mesmo sem me conhecer.

À Izi do Núcleo de Medicina Experimentalpela ajuda com as fotos de

fluorescência.

Ao Francisco de Assis da Silva (Chico) do Parque Ecológico, pela ajuda

com os ratos silvestres.

A todos pela ajuda inestimável, meu mais profundo obrigado.

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RESUMO

Norovírus (NoV) é um agente infeccioso de amplitude mundial, sendo o principal

responsável por causar surtos de gastroenterites virais em crianças, idosos e

indivíduos imunocomprometidos. Assim como em humanos, a infecção por NoV

também ocorre em diversos modelos animais: camundongos, cães, gatos, bovinos e

suínos. Recentemente, o vírus foi identificado em ratos de laboratório (Rattus

novergicus), mas até o momento, não há relatos de seu isolamento em cultura

celular ou de metodologias para detecção deste vírus em amostras de ratos. Diante

disso, este estudo tem por objetivo realizar o isolamento celular de NoV de colônias

de ratos e implantar técnicas de diagnóstico molecular, semi-nested RT-PCR e a

técnica sorológica de IFI para monitoramento sanitário deste agente. Para o

isolamento do vírus, suspensões de fezes de ratos convencionais foram inoculadas

em células permissivas de macrófago RAW 264.7, até a observação de efeito

citopático. A reação de semi-nested RT-PCR foi estabelecida com primers

específicos para a região conservada do capsídeo (VP1) e utilizada para

confirmação do isolamento viral. A implantação destas metodologias auxiliou no

estabelecimento de um programa de monitoramento sanitário e na determinação da

prevalência molecular (12%) e sorológica (11,45%) deste vírus nas colônias de rato

de biotérios brasileiros. Análises moleculares dos isolados virais demonstraram uma

identidade de nucleotídeos de 98% com a mesma região das cepas padrão de rato,

resultando no depósito da primeira cepa brasileira de NoV de rato no GenBank

KU169124, bem como o estabelecimento das metodologias de diagnóstico para

norovírus.

Palavras Chave: Norovírus, Ratos.

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ABSTRACT

Norovirus (NoV) is a high prevalent viral agent of worldwide and responsable to

cause outbreaks of gastroenteritis in children, elderly and immunocompromised

individuals. As well as in humans the NoV infection occurs in several animal models:

mice, dogs, cats, cattle and pigs. Recently, the virus was identified in laboratory rats

(Rattus novergicus), so far there are no reports of its isolation or establishment of

diagnostic methods for the detection of this virus in rat samples. This study aimed to

isolate NoV of rat colonies and the establishment of a semi-nested RT-PCR and

Indirect Immunofluorescence to monitoring this agent. For virus isolation,

suspensions of feces were inoculated in a permissive cell line RAW 264.7 until

presentation of citopatic effects. The semi-nested reaction was established using

specifics primers to conserved region of the capside protein (VP1) and used to

confirm the viral isolation. These methodologies contributed in the establishing of a

health monitoring program and determining the molecular (12%) and serologic

(11.45%) prevalence of this virus in the rat colonies of Brazilian animal facilities.

Molecular analysis showed 98% of nucleotide identity between our isolate and the

same region of rat prototype, resulting in the deposit of our isolate in the GenBank

KU169124 and the establishment of diagnostic methodologies.

Keywords: Norovirus, Rats.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Árvore filogenética. Classificação dos Norovírus. ........................................... 20 Figura 2: Estrutura e organização do genoma dos Norovírus. ....................................... 21

Figura 3: RAW 264.7 normal. .............................................................................................. 47 Figura 4: Efeito citopático de norovírus de rato em células RAW 264.7. 48

Figura 5: Efeito citopático de norovírus em células RAW 264.. ..................................... 48

Figura 6: Eletroforese em gel de agarose 2% corado com GelRedTM, dos produtos amplificados pela semi-nested RT-PCR. ........................................................................... 50

Figura 7: Cromatograma e sequência consenso de isolado celular...........................51

Figura 8: Depósito da cepa de norovírus de rato no GenBank. ..................................... 52 Figura 9: Ensaio de placa ..................................................................................................... 53

Figura 10: Western Blotting 54

Figura 11: Eletroforese em gel de agarose 2% corado com GelRed TM dos produtos amplificados pela semi nested.. .......................................................................................... 55

Figura 12: Detecção de norovírus em amostras de fezes de rato. ................................ 56

Figura 13: Detecção de norovírus de rato em biotérios brasileiros ............................... 56

Figura 14: Alinhamento das sequências de nucleotídeos das cepas protótipo de norovírus. ................................................................................................................................ 58 Figura 15: Árvore filogenética de norovírus. ..................................................................... 60

Figura 16: Reação de Imunofluorescência indireta .......................................................... 62

Figura 17: Reação de Imunofluorescência indireta de amostras negativas. .............. 62

Figura 18: Detecção de anticorpos específicos contra NoV de rato por Imunofluorescência Indireta. ................................................................................................ 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Primers utilizados para identificação molecular .............................................. 39 Tabela 2: Primer utilizado na PCR controle ...................................................................... 40

Tabela 3: Sequências referência utilizadas neste estudo ............................................... 43 Tabela 4: Amostras positivas isoladas de RAW 264.7 em diferentes passagens. ..... 50

Tabela 5: Cálculo de Unidades Formadoras de Placa (PFU/mL) .................................. 53

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Matriz de identidade.......................................................... 59.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

CEMIB - Centro Multidisciplinar para a Investigação Biológica na Área da Ciência de

Animais de Laboratório

ICLAS - International Concil for Laboratory Animal Science

FELASA - Federation of European Laboratory Animal Science Association

PEP Program - Performance Evaluation Program for Diagnostic Laboratories

CDC - Centers for Disease Control and Prevention

NoV - Norovírus

NoVs - Noroviroses

MNV - Norovírus murino

HuNoV - Norovírus humano

SPF - Specific Pathogen Free

SFB - Soro Fetal Bovino

AANE - Aminoácidos não essenciais

PBS - Phosphate Buffered Saline

AA - Aminoácidos

DEPC - Dietilpirocarbonato

DMEM - Dulbecco´s Modified Eagle Medium

kDa - kilodalton

ECP - Efeito Citopático

HBGAs - Histo-blood group antigens

FUT- Fucosil transferases

IFN - Interferon

IL10 - Interleucina 10

VPg - Viral protein genome-linked

SRSV - Small Round Structured Virus

ORF - Open Reading Frames

RAG - Recombination Activating Gene

STAT-1 - Signal Transducer and Activator of Transcription 1

MFIA - Multiplexed Fluorescence Immuno Assay®

IFI - Imunofluorescência Indireta

PFU - Plaque Forming Unit

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17

1.1 Histórico ......................................................................................................................... 17

1.2 Estrutura e classificação ................................................................................................. 18

1.3 Transmissão e patogenia dos Norovírus ......................................................................... 20

1.4 Estabilidade e inativação dos Norovírus ........................................................................ 22

1.5 Norovírus Murino ........................................................................................................... 22

1.6 Norovírus em Cultura Celular ........................................................................................ 24

1.7 Imunidade ....................................................................................................................... 25

1.8 Vacina para Norovírus .................................................................................................... 27

1.9 Norovírus em Ratos ........................................................................................................ 28

2- OBJETIVOS ........................................................................................................................ 31

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 31

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 31

3- MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 32

3.1 Obtenção do Material Biológico..................................................................................... 32

3.1.1 Linhagem celular. .................................................................................................... 32

3.1.2 Amostras de fezes para isolamento de Norovírus em células ................................. 33

3.1.3 Amostras de fezes para teste na reação semi-nested RT-PCR ................................ 33

3.1.4 Amostras de plasma ................................................................................................. 33

3.1.5 Preparo da suspensão de fezes ................................................................................. 33

3.2 Isolamento viral .............................................................................................................. 34

3.2.2 Ensaio de placa ........................................................................................................ 34

3.2.3 Preparo da agarose 3% ............................................................................................ 35

3.2.4 Inóculo viral ............................................................................................................. 35

3.2.5 Precipitação em cloreto de cálcio ............................................................................ 36

3.2.6 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-Page) ................................................. 36

3.2.7 Western Blotting ...................................................................................................... 37

3.3 Extração de RNA Viral................................................................................................... 37

3.3.1 Kit QIAmp® Viral RNA mini kit ............................................................................. 37

3.3.2 TRIzol™ .................................................................................................................. 38

3.3.3 Desenho do primers ................................................................................................. 38

3.4 Reações Moleculares ...................................................................................................... 39

3.4.1 Transcrição Reversa (RT-PCR) e Semi-Nested RT-PCR ....................................... 39

3.4.2 PCR controle ............................................................................................................... 40

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3.4.3 Purificação ............................................................................................................... 40

3.4.4 Clonagem da sequência de DNA ............................................................................. 41

3.4.5 Ligação .................................................................................................................... 41

3.4.6 Transformação ......................................................................................................... 41

3.4.7 Plaqueamento .......................................................................................................... 41

3.4.8 Extração de DNA plasmidial ................................................................................... 42

3.4.9 Sequenciamento ....................................................................................................... 42

3.4.10: Análise do sequenciamento .................................................................................. 42

3.4.11 Medidas para minimizar riscos de contaminação nas reações moleculares .............. 44

3.5 Reações sorológicas ........................................................................................................ 44

3.5.1 Produção de soros policlonais anti-NoV em ratos................................................... 44

3.5.2 Produção de lâminas para Imunofluorescência Indireta .......................................... 45

3.5.3 Reação de Imunofluorescência Indireta (IFI) .......................................................... 45

4 Resultados .............................................................................................................................. 47

4.1 Isolamento viral .............................................................................................................. 47

4.2 Ensaio de placa ............................................................................................................... 52

4.3 Precipitação com cloreto de cálcio e Western Blotting .................................................. 53

4.5.1 Produção de soros policlonais ................................................................................. 61

4.5.2 Imunofluorescência Indireta (IFI) .......................................................................... 61

5 Discussão ............................................................................................................................... 64

6. Conclusões ............................................................................................................................ 71

5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 72

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17

1 INTRODUÇÃO

Norovírus (NoV) são vírus muito contagiosos e geneticamente diversos,

que afetam uma grande parcela da população mundial. A suscetibilidade a estes

vírus é evidenciada em pessoas de todas as idades, principalmente em crianças

menores de cinco anos e idosos, que geralmente precisam de hospitalização e

cuidados especiais1,2.

A infecção por NoV acontece no intestino delgado, caracterizada

pelo encurtamento das microvilosidades que provocam lesões na mucosa do

intestino, causando a diarréia. Outras alterações como o aumento no número de

linfócitos T citotóxicos intraepiteliais, mudanças típicas de apoptose nas células

epiteliais também são descritas durante a infecção em humanos3.

O vírus ainda tem sido descrito em humanos e animais, sendo conhecido

por causar diversas doenças e lesões que acometem ampla variedade de espécies

hospedeiras, tornando-se assim, um patógeno de importância pública. Desta forma o

estudo da doença causada por este vírus, se tornou incontestável, mas a falta de um

sistema de cultivo celular para os norovíurs humanos (HuNoV) tem dificultado o

esclarecimento da patologia causada por NoV 4.

Embora a biologia molecular tenha trazido avanços significativos para o

diagnóstico da doença causada por NoV, a descoberta do norovírus murino (MNV),

único NoV capaz de se replicar em cultura celular, possibilitou o melhor

entendimento da doença causada por esse vírus.

1.1 Histórico

Epidemias de gastroenterites virais em seres humanos foram

primeiramente descritas em 1929 por Zahorsky 5. Inicialmente denominada de

“winter vomiting disease”, esta doença, até então desconhecida, caracterizava-se

por episódios súbitos de vômitos e diarréia que se apresentavam nos períodos mais

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18

frios. Suspeitava-se da presença de um agente viral como causador da doença,

porém seu isolamento e identificação não foram possíveis pelos métodos

tradicionais de cultura celular 6.

Este agente viral foi descrito em 1968, quando pacientes, voluntários

foram desafiados com filtrado fecal obtidos de um grupo de estudantes, afetados por

um surto de gastroenterite na cidade de Norwalk, Ohio, EUA. A partícula viral foi

inicialmente denominada de “Norwalk-like virus” ou “small round structured virus”

(SRSV), os quais são vírus não cultiváveis, conhecidos atualmente como Norovírus7.

Em 1972, Kapikian e colaboradores descreveram a etiologia desta

síndrome pela utilização da imunomicroscopia eletrônica. Esta técnica foi a primeira

ferramenta usada para identificar o NoV tornando-se também importante para

caracterização de outros vírus entéricos, embora tenha se mostrado uma técnica

demorada e pouco sensível 8,9.

Além da imunomicroscopia eletrônica, os ensaios imunológicos

desenvolvidos durante o final da década de 1970 e durante os anos 80 também

tiveram grande importância dentre as metodologias adotadas para a detecção do

NoV. O progresso da biologia molecular permitiu a clonagem e sequenciamento

completo de seu genoma, o que tornou possível os avanços no estudo de sua

infecção 10.

Desde então este vírus tem sido descrito em humanos e animais, sendo

conhecido por causar diversas doenças e lesões que acometem ampla variedade de

espécies hospedeiras 4.

1.2 Estrutura e classificação

Norovírus pertence à família Caliciviridae, que segundo a classificação

proposta pelo Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV) estão incluídos em

quatro gêneros: Vesivirus, Lagovirus, Sapovius, Nebovirus e Norovirus 11,12. Outros

gêneros, provisoriamente nomeados como Valovirus (suínos) e virus Tulane-like

(macaco rhesus) foram propostos para compor esta mesma famíia 13.

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19

Dentre os Calicivirus, membros dos gêneros Sapovirus e Norovirus são

considerados os agentes patogênicos de maior importância, apresentando um clado

filogenético distinto, onde os membros compartilham cerca de 98% da identidade

dos aminoácidos para a sequência completa da proteína do capsídeo.14,15,16.

A análise filogenética da sequência de aminoácidos dividiu o gênero

Norovirus em seis genogrupos (G), onde os GI, GII e GIV são os responsáveis por

Noroviroses (NoVs) humanas 17,18,19, GII infecta suínos 20, GIII infecta bovinos 21

enquanto gatos, camundongos e cães pertencem aos genogrupos IV, V e VI 22, 23, 24

respectivamente de acordo com a figura 1.

Todos os membros desta família apresentam capsídeo icosaédrico, com

diâmetro entre 27 e 40 nm, genoma de RNA fita simples, linear com polaridade

positiva, poliadenilado na extremidade 3’ e com 7,5 kilobases (Kb) de tamanho

(figura 2). Na extremidade 5’ apresentam uma proteína ligada covalentemente,

denominada VPg (genome-linked viral protein). A VPg está presente tanto no RNA

genômico quanto no subgenômico, o qual é transcrito para codificar as proteínas

estruturais do vírus 18,25, 26.

O genoma contém três regiões abertas de leitura (Open Reading Frames

– ORF), que são responsáveis por codificar as proteínas estruturais e não

estruturais. A ORF1 codifica uma poliproteína de 195 kDa não estrutural que é

clivada por uma 3C-like proteinase 25, 27, 28. A ORF2 codifica a proteína viral VP1 de

cerca de 60 kDa,responsável pela formação da estrutura do capsídeo viral 29. A VP1

pode ser dividida em dois domínios: domínio S, na região amino terminal (N-

terminal), que é a mais conservada entre os Calicivirus, formando o envoltório

icosaédrico do capsídeo. Domínio P na região carboxi-terminal (C-terminal), onde se

formam a sequência mais variável, da proteína que contribui para a especificidade

das linhagens. A ORF3 codifica para uma proteína viral de 20 kDa, denominada VP2

e cuja função é promover a estabilidade da proteína do capsídeo 30.

Todos os genogrupos de NoV apresentam 3 ORFs, com exceção do MNV que

apresenta uma ORF adicional denominada ORF4. Esta foi identificada sobreposta à

ORF2 e caracterizada por produzir uma proteína chamada VF1 (fator de virulência

1), a qual está relacionada à todas as diferentes cepas de MNV. A função desta

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20

nova ORF ainda não está totalmente esclarecida, mas sabe-se que está relacionada

a apoptose celular e à modulação da resposta a infecção 31.

Fonte: Adaptação, Vinjé, J. 2015

Figura 1: Árvore filogenética. Classificação dos Norovírus.

1.3 Transmissão e patogenia dos Norovírus

Estima-se que por ano cerca de 23 milhões de internações e 200.000

mortes em todo o mundo sejam causadas por este agente. Segundo o CDC (Center

for Disease Control and Prevention) somente nos Estados Unidos 50.000

internações e 300 mortes por ano são causadas por surtos de noroviroses 32. Desta

forma, este vírus foi classificado como um patógeno emergente entre os humanos,

dentre os quais crianças, idosos, imunocomprometidos e transplantados são os mais

susceptíveis 33.

Genogrupo I

Humano

Genogrupo III

Bovino

Genogrupo II

Humano e Suíno

Genogrupo VI

Canino

Genogrupo IV

Humano, felino, canino

Genogrupo V

Murino

Genogrupo VII

Canino

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21

A transmissão em humanos e animais ocorre predominantemente pela via

oral-fecal 19 e a contaminação fecal em alimentos, água, fômites e o contato direto

(pessoa-pessoa) são responsáveis pela ocorrência da maioria dos surtos de

gastroenterite determinados por este vírus 34. A patogenia da infecção por NoV ainda

não está totalmente esclarecida, embora estudos epidemiológicos continuem sendo

realizados para sua melhor determinação.

Fonte: Adaptado, Donaldson et al., 2010.

Fonte: Adaptado, Karst et al., 2015.

Figura 2: Estrutura e organização do genoma dos Norovírus. A. Genoma do vírus. B.

Estrutura do capsídeo viral. C. Organização genomica de norovírus murino, único NoV que apresenta

a ORF 4 responsável pela produção da proteína VF1.

C

A

B

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22

1.4 Estabilidade e inativação dos Norovírus

Os membros da família Calicivírus apresentam uma densidade de 1,33 a

1,41g/mL determinada por ultracentrifugação em cloreto de césio 5. Suas partículas

virais são estáveis a 56ºC e mantém sua infectividade em pH 2,7 por até três horas.

Quando mantidos a 4ºC diminuem minimamente seu poder de infecção, mas a

maioria são inativados em temperaturas de 63º a 72ºC 25.

Irradiações ionizantes e não ionizantes, altas concentrações de

hipoclorito, glutaraldeídos e compostos fenólicos são capazes de inativar alguns

calicivírus, embora não haja relatos específicos da eficiência deste método para o

norovírus murino (MNV). Devido à falta de modelos de cultura celular para os

Norovírus humanos, estudos para a determinação da estabilidade e inativação

destes vírus tornaram-se um fator de grande limitação, mas atualmente, devido a

estudos com cultura de células utilizando a cepa protótipo de NoV murino (MNV-1)

foi possível testar a resistência a uma grande variedade de tratamentos químicos e

físicos 35.

1.5 Norovírus Murino

O Norovírus murino (MNV) foi descrito pela primeira vez em 2003, em

camundongos knockout para os genes RAG2, gene ativador de recombinação

(recombination activating gene) e STAT-1 (signal transducer and activator of

transcription 1), genes tradutores de sinais e ativadores de transcrição. Estes

animais desenvolviam uma doença sistêmica causada até então por um patógeno

desconhecido, mas que poderia ser transmitido por inoculações intracerebrais

sucessivas. Tanto as linhagens RAG2/STAT1-/- e camundongos knockout para

receptores αβγ interferon (IFNαβγR-/-) quando infectados eram capazes de sucumbir

à infecção após 30 dias. Sinais clínicos de encefalite, vasculite, pneumonia e

hepatite também foram descritos nestes animais 23.

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23

Métodos de diagnóstico baseados na análise da sequência de

nucleotídeos de outros NoVs foram realizados para confirmar e identificá-lo como

MNV-1 23. Desde então, MNV-1 foi considerado um patógeno entérico, altamente

virulento em linhagens imunodeficientes capaz de provocar infecção sistêmica, com

sinais de inflamação em tecidos como: pulmão, fígado, baço e peritônio 5, 36.

Em camundongos imunocompetentes, o vírus é capaz de induzir uma

infecção persistente com excreção de partículas virais infecciosas por períodos

prolongados 37.

Em 2006, três novas cepas de NoV foram descobertas e denominadas

MNV-2, MNV-3 e MNV-4. Estas diferem da cepa protótipo, MNV-1, pois são capazes

de induzir infecção persistente em camundongos imunodeficientes 38.

MNV se caracteriza por ser um dos patógenos mais prevalentes em

animais de laboratório 39. Dados de um levantamento sorológico realizado nos

Estados Unidos e Canadá entre 2003 e 2005 comprovaram que aproximadamente

30% de amostras de soros apresentaram anticorpos para MNV, sugerindo que este

agente é altamente prevalente e endêmico em colônias de camundongos 35. Após

isso, outros estudos foram realizados em muitos países, utilizando diversas

metodologias tanto sorológicas 40, 41, 42 quanto moleculares 34,43 para determinar a

prevalência de MNV. Estes estudos também encontraram resultados semelhantes,

caracterizando MNV como um patógeno prevalente em camundongos de laboratório,

mantidos em diferentes condições sanitárias 29.

Camundongos infectados excretam partículas virais infecciosas nas fezes

por um longo período. Sendo assim a transmissão pode ocorrer não apenas pela via

oral fecal como também pela “maravalha” contaminada 5, 37. O vírus ainda é capaz

de alterar a produção de interferon para escapar do sistema imune de seu

hospedeiro explicando assim a grande letalidade em animais imunodeficientes. 44.

Após a descoberta de MNV em 2003, muitos avanços puderam ser

realizados, pois este vírus é o único NoV que se replicava “in vitro”. Esta

característica foi fundamental para a determinação da patogenia do vírus, visto a

incapacidade de cultivar o norovírus humano. Deste modo, a identificação da

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24

primeira linhagem celular de macrófagos e células dendríticas permissiva, RAW

264.7, foi de grande importância para a propagação do vírus “in vitro”, tornando-se

assim a um modelo de estudo das doenças causadas por NoV 45.

1.6 Norovírus em Cultura Celular

Durante muitos anos o único NoV que se replicava “in vitro” era o MNV,

motivo pelo qual ele passou a ser o modelo mais acessível, capaz de elucidar os

mecanismos de infecção e replicação dos norovírus humanos (HuNoV), uma vez

que este não é capaz de se replicar in vitro 35.

A primeira descrição de NoV em cultura celular aconteceu em 2004 por

Wobus et al., que descreveu o tropismo deste vírus por linhagens de células

hematopoiéticas como os macrófagos e células dendríticas. Até então, pensava-se

que o fato de NoV causar doença entérica indicasse que a infecção ocorresse no

intestino delgado, mas estudos relataram que a replicação de MNV não acontece

nos enterócitos. Os macrófagos e células dendríticas quando infectados com MNV

desenvolvem células com morfologia anormal, apresentando aumento do núcleo,

grânulos e células vesículadas ao longo do citoplasma, podendo alterar a atividade

de tradução da célula45.

Embora avanços incontestáveis tenham sido realizados através do estudo

de MNV, a comunidade científica continuou a procurar por um sistema de

propagação in vitro para HuNoVs. Ao longo dos anos muitos estudos tentaram

cultivar o vírus humano, pesquisadores tentaram inclusive infectar macrófagos,

células dentríticas humanas e células epiteliais que revestem o intestino, mas não

obtiveram sucesso.46,47.

Testes com MuNoVs em células B mostraram o antígeno viral em placas

de Peyer de camundongos infectados. Isso levou pesquisadores a tentarem o cultivo

de HuNoVs nas mesmas condições, para testar um sistema de cultura celular

baseado no cultivo e infecção de células B de humanos 48.

Este estudo foi muito promissor e levou pesquisadores a investir neste

tipo de cultura, pois foi observado aumento do número de cópias do genoma viral

em cultura de células B. Ao contrário de outros estudos que focaram sem sucesso

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25

no GI.1, este estudo utilizou a cepa GII.4 Sidney de HuNoVs, mas o diferencial foi

utilizar fezes não processadas e não filtradas como inóculo 49.

Alguns estudos têm demonstrado que bactérias comensais presentes nas

fezes atuam como cofator de infecção e utilizam as HBGAs (Histo blood group

antigen), antígenos de superfície celular, como fator de fixação, assim como um

receptor de células B para a entrada viral 50.

A replicação do vírus nas células B foi evidenciada pelo aumento do

número de cópias e título viral, sugerindo que NoV faz transcitose ou seja,

atravessam o epitélio intestinal acessando as células alvo do sistema imune,

incluindo imunidade adaptativa e inata 19,49.

Recentemente, outro grupo tentou isolar NoV em pacientes deficientes e

não deficientes em células B, mas obtiveram resultados positivos em 60% de ambos

os casos, indicando que a infecção por HuNoV pode se desenvolver mesmo na

ausência de células B 51. Estes resultados mostram divergências entre laboratórios e

sugerem que um sistema de cultivo para HuNoV ainda precisará de mais estudos

para determinar um método de cultura reprodutível para o HuNoV 52.

1.7 Imunidade

Informações sobre imunidade em humanos têm sido obtidas através de

estudos realizados com voluntários que foram desafiados com Norwalk vírus

sucessivamente. Estes apresentaram dois tipos de imunidade: Imunidade de longa

duração e imunidade de curta duração 17.

Na imunidade de longa duração os indivíduos desafiados com o vírus

tiveram comportamentos diferentes após a segunda infecção com NoV. Em

indivíduos que tiveram sintomatologia da doença na primeira infecção a re-infecção

aconteceu após o período de 31 a 34 meses, enquanto que em indivíduos que não

apresentaram sintomas após a primeira infecção, este período variou entre 27 a 42

meses. Quanto à imunidade de curta duração, vírus-específica, aquela que segue

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26

um padrão tradicional da doença, o indivíduo que foi exposto ao vírus uma vez, se

torna resistente à reinfecção por um período de 6 a 14 semanas.

Pessoas e animais infectados por NoV podem desenvolver uma resposta

de anticorpos antivirais e periféricos das mucosas, desta forma, componentes da

resposta imune adaptativa contribuem para o controle e clearance da infecção por

NoV 19. Anticorpos específicos do tipo IgG são encontrados em períodos mais

longos de excreção, enquanto que anticorpos do tipo IgA e IgM em períodos curtos

de tempo 53.

Estudos experimentais utilizando a cepa protótipo MNV-1 mostram que a

duração da infecção e a manifestação da doença podem variar de acordo com o tipo

de animal. Camundongos imunocompetentes infectados por MNV fazem uma

importante resposta imune do tipo humoral produzindo anticorpos policlonais,

permitindo o monitoramento sorológico. Camundongos deficientes em células T e B,

com ausência dos receptores para interferon α, β e γ, acabam por fazer infecção

persistente, pois são incapazes de fazer a eliminação viral, indicando deste modo

que, componentes da imunidade inata são essenciais para a resistência à infecção

por MNVs 54.

A infecção destas células hematopoéticas provoca a secreção de uma

citocina imunomoduladora importante chamada Interferon (IFN), ela é uma via de

sinalização que alerta quanto à presença de MNV e regulamenta milhares de genes.

O vírus pode alterar a produção de IFN para escapar do sistema imune de seu

hospedeiro, explicando assim a grande letalidade em animais imunodeficientes. Isso

comprova que a presença de MNV em biotérios de experimentação pode causar

confusão na interpretação de resultados em pesquisas. Alguns autores sugerem que

determinar os mecanismos pelos quais o IFN controla a infecção é fundamental para

compreendermos como funciona o sistema imune contra NoV 55. Estudos realizados

com MNV em camundongos deficientes para interferon do tipo I demonstram que

este tipo de interferon previne lesões sérias e letais, pois controla a disseminação de

MNV em tecidos periféricos 56.

Dentre os fatores importantes amplamente estudados estão as Histo-

blood group antigens (HBGAs) que fazem parte de um grupo complexo de

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27

carboidratos que podem se ligar à glicoproteínas ou lipoproteínas presentes nos

fluidos corporais como: sangue, saliva, conteúdo intestinal, leite materno e células

epiteliais. Estudos indicam que nem todas as pessoas são susceptíveis a certos

genótipos de NoV e isto pode estar ligado à presença destas HBGAs nos

enterócitos, como um fator determinante para certos genótipos 53.

HuNoV reconhecem as HBGAs que são expressas nas superfícies da

mucosa intestinal. A síntese de HBGAs, especificamente do sistema ABH e Lewis

requer o uso de enzimas fucozil e glicosil transferases controladas por FUT2, FUT3

e genes do sistema ABO. Indivíduos com dois alelos FUT2 mutados e desprovidos

de antígenos do tipo H em seu intestino ou células epiteliais, são chamados não

secretores. Indivíduos secretores do antígeno H do tipo 1 são susceptíveis a

infecção por NoV, enquanto os não secretores são resistentes. 56. Embora dados

relativos à imunidade tenham fornecido informações importantes para o estudo de

NoV, ainda é preciso entender melhor os mecanismos de infecção causada por este

vírus, bem como a natureza da resposta imune que protege o indivíduo de uma

infecção mais virulenta.

1.8 Vacina para Norovírus

Atualmente há uma grande procura pelo desenvolvimento de uma

vacina contra NoV, principalmente em países desenvolvidos, os mais afetados por

este vírus, chegando a investir milhões em combate e prevenção 57. No entanto, a

falta de um sistema de cultura celular para HuNoV, e a grande quantidade de cepas

virais, tem limitado o desenvolvimento de uma vacina efetiva 58. Desde a criação da

vacina contra rotavírus nos Estados Unidos, o NoV passou a ser o agente viral que

causa maior taxa de hospitalizações e de mortalidade nesse país 59. Visto isso, uma

empresa privada americana tentou desenvolver uma vacina utilizando antígeno do

GI de NoV, contendo adjuvantes e quitosana mucoaderentes. Esta vacina foi testada

em voluntários pela via intranasal e inicialmente causou um nível de proteção

moderada contra o vírus Norwalk. Outras tentativas de uma vacina eficiente

utilizaram uma combinação de antígenos de GI e GII.4, mas não obtiveram taxas

suficientes de imunização 60. .

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28

Estudos recentes têm sido realizados com a intenção de desenvolver

uma vacina combinada (com partículas de norovírus e rotavírus), para prevenir

gastroenterites infantis. Quanto à proteção de grupos especiais como idosos,

militares e viajantes de cruzeiros que também são regularmente expostos ao vírus,

seria necessário uma vacina específica para NoV. Embora em ambos os casos esta

vacina precise ser científica e financeiramente viável à população 61.

1.9 Norovírus em Ratos

Após a identificação de MNV e sua alta prevalência em camundongos de

laboratório no mundo todo 37,40,43,62, pesquisadores passaram a procurar evidências

de NoVs em colônias de ratos, visto que, este modelo animal também é muito

utilizado na pesquisa biomédica atual.

A possibilidade de que um NoV pudesse infectar ratos mobilizou também

biotérios comerciais de alto padrão como a Charles Rivers nos Estados Unidos, a

iniciar em 2003 a procura por NoV nesta espécie 63. Para isso conjuntos de primers

degenerados foram sintetizados e as amostras de rato foram testadas para a

presença de NoV. Embora a amostragem tenha sido ampla, não foi possível a

detecção do vírus nas amostras de rato 35.

Em 2005, Hsu e colaboradores tentaram a identificação e caracterização

deste vírus em colônias de ratos da linhagem Sprague Dawley. Para isolar o vírus,

testes sorológicos foram realizados, utilizando MNV (norovírus murino) como

antígeno. Os testes foram realizados mediante estudos previamente relatados, onde

reações sorológicas cruzadas de NoVs podem acontecer entre as diferentes

espécies hospedeiras, como por exemplo, entre humanos e suínos 64.

Os resultados sorológicos obtidos pelas técnicas de Dot blot, Ensaio de

fluorescência multiplexado (MFI) e Imunofluorescência Indireta (IFI) sugeriram que

há um NoV capaz de infectar ratos de laboratório, pois, os animais podiam fazer a

soro conversão, apresentando anticorpos séricos contra o NoV presente nos

camundongos (MNV). Embora os testes sorológicos tenham sido promissores, o

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29

cultivo deste norovírus “in vitro” e a obtenção de uma sequência de nucleotídeos

específica para ratos, não foi possível 37.

Somente em 2012, pesquisadores japoneses anunciaram uma linhagem

de NoV obtida de roedores selvagens. Neste estudo pesquisadores verificaram a

presença de MNV em roedores silvestres do gênero Apodemus speciosus e Rattus

rattus. Para isso, 47 amostras foram testadas por RT-PCR, seguidos de um nested-

PCR. Das amostras testadas, 7 foram positivas para NoV em A. speciosus e 1 em R.

rattus. Os resultados destas reações foram confirmados por sequenciamento onde

se observou homologia significativa do NoV presente nos ratos com a cepa padrão

de MNV-1 isolada de camundongos. Análises filogenéticas revelaram que a

distribuição destas amostras se agrupava de acordo com cada região e/ou país

analisada, indicando que a diversidade de MNV poderia estar ligada com a

distribuição da espécie hospedeira 65.

Este resultado confirma a hipótese de que roedores selvagens revelariam

associações de variantes de MNV em populações selvagens de espécies–

específicas, sugerindo que NoV tenha um ancestral comum ou uma característica

que poderia ser compartilhada com outros genogrupos 66.

Pesquisas têm sido realizadas na tentativa de entender a relação

zoonótica de NoV com diversos tipos de hospedeiros, visto que todos os isolados do

vírus em humanos são inseridos nos genogrupos I, II e IV, enquanto outros

hospedeiros como bovinos e camundongos, no GIII e GV 30.

Smith e colaboradores (2012) relataram uma diferença de 22% a 23% na

sequência de nucleotídeos do genoma completo de MNV entre as diferentes

espécies hospedeiras de camundongos, encontrados em pet shops, mantidos por

criadores domésticos, assim como camundongos mantidos em laboratório. Desta

forma a alta variabilidade genética deste vírus torna muito difícil sua detecção em

outras espécies hospedeiras como: hamsters, gerbil, cobaias, chinchila e ratos,

mesmo utilizando primers específicos para diferentes regiões do genoma do vírus 66.

No segundo semestre de 2012, foram descritas duas sequências

genômicas de NoV, isoladas de amostras de fezes de Rattus norvergicus em Hong

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30

Kong. O genoma completo é de aproximadamente 7.541 bases de tamanho,

contendo 53.9% de C e G e 91.4% de identidade entre as duas sequências. Com

organização típica de NoV, divididos em três regiões abertas de leitura (ORFs). A

ORF1 engloba uma poliproteína de 1.700 aminoácidos (aa), as proteínas do

capsídeo (VP1) contêm 548 aa, enquanto a menor proteína não estrutural (VP2)

apresenta 218 aa 67. Até o presente momento, não há relatos na literatura

descrevendo outros isolados de NoV em ratos, ou métodos de diagnóstico para

detecção e determinação da prevalência deste vírus nas colônias de ratos de

laboratório. Deste modo, levando em consideração que NoV é um patógeno de

amplitude mundial, e que a presença deste vírus no modelo animal utilizado pode

interferir nos resultados de pesquisas científicas, este estudo tem por finalidade o

isolamento de NoV em cultura celular, para estabelecer e implantar técnicas de

identificação, molecular (semi-nested RT-PCR) e a técnica sorológica de

Imunofluorescência indireta (IFI), para o diagnóstico de norovírus em ratos de

laboratório de diferentes biotérios brasileiros.

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31

2- OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Isolar Norovírus de colônias de ratos, mantidos em biotérios brasileiros, a

fim de estabelecer metodologias de diagnóstico molecular e sorológico, junto ao

Laboratório de Controle de Qualidade Sanitária do Centro Multidisciplinar para a

Investigação Biológica na área da Ciência em Animais de Laboratório-

CEMIB/UNICAMP.

2.2 Objetivos Específicos

Isolar o Norovírus “in vitro” a partir de amostras fecais obtidas de colônias de

ratos convencionais, por meio da inoculação de suspensão de fezes destes animais

na linhagem celular permissiva RAW 264.7;

Padronizar a técnica de semi-nested RT-PCR para detectar Norovírus em

amostras fecais de ratos;

Implantar a técnica de Imunofluorescência Indireta para detecção de

anticorpos séricos contra Norovírus de rato;

Avaliar a prevalência de infecção por Norovírus em colônias de ratos de

diferentes biotérios brasileiros.

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32

3- MATERIAIS E MÉTODOS

Todos os experimentos foram realizados no Laboratório do Controle de

Qualidade Animal (LCQS) do CEMIB/UNICAMP. Visto que o Laboratório é uma

referência no monitoramento sanitário de colônias de ratos e camundongos de

biotérios do Brasil e da América Latina e desde 2006 está credenciado ao ICLAS

(International Concil for Laboratory Animal Science) e é acreditado pelo programa

"Laboratory Animal Quality Network". Este programa de avaliação dos laboratórios

de diagnóstico (PEP Program - Performance Evaluation Program for Diagnostic

Laboratories) tem como objetivo principal supervisionar a sensibilidade e

especificidade dos testes adotados no monitoramento sanitário de colônias de

animais de laboratório. Todos os agentes emergentes e reemergentes monitorados

pelo laboratório estão de acordo com as recomendações e lista de exclusão da

FELASA (Federation European Laboratory Animal Science Association).

3.1 Obtenção do Material Biológico

Todos os procedimentos adotados neste estudo foram submetidos e

aprovados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade

Estadual de Campinas (CEUA-UNICAMP) sob o número 2901-1.

Os materiais biológicos foram obtidos da seguinte maneira:

3.1.1 Linhagem celular.

A linhagem celular RAW 264.7, proveniente de macrófagos murinos

transformados pela injeção intraperitoneal do vírus de Leucemia de Abelson (A-

MuLV) foi utilizada para o isolamento do vírus, propagação em lâminas teflonadas,

teste de Imunofluorescênica Indireta (IFI) e produção do antígeno viral. Para a

realização dos experimentos, a monocamada confluente de células RAW 264.7 foi

mantida em meio DMEM, (Nutricell, SP, Brasil), suplementado com 10% de soro

fetal bovino (SFB, Nutricell SP, Brasil), 50µg/mL de Gentamicina (Sigma-Aldrich,

Missouri, USA), aminoácido não essencial 100 x concentrado (AANE, Cultilab, SP,

Brasil) e 20mM de L-glutamina (Sigma-Aldrich, Missouri, USA).

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33

Para os repiques celulares foi utilizado um raspador de células (TPP,

Suíça). A monocamada confluente foi raspada e homogeneizada. A suspensão

celular foi distribuída em novas garrafas de cultura contendo DMEM suplementado.

As garrafas de cultura celular foram mantidas a 37o C em atmosfera úmida contendo

5% CO2 e observadas diariamente em microscópio invertido (Reichert Jung, Biostar,

NY, USA) até a formação da monocamada de células.

3.1.2 Amostras de fezes para isolamento de Norovírus em células

Para o isolamento do vírus foram utilizadas 13 amostras de fezes de

rato, mantidos em colônias de 11 biotérios convencionais e 2 amostras de fezes de

ratos selvagens.

3.1.3 Amostras de fezes para teste na reação semi-nested RT-PCR

As amostras de fezes foram coletadas de 108 ratos

imunocompetentes, com diferentes idades, provenientes de 23 Biotérios brasileiros,

mantidos sob sistema de barreiras ou de forma convencional. As amostras recém-

coletadas foram acondicionadas em tubos estéreis e estocadas a -80oC até o

momento do uso.

3.1.4 Amostras de plasma

As amostras foram coletadas de 96 ratos de diferentes linhagens, com

idades entre quatro e oito meses e provenientes de 12 biotérios diferentes. O plasma

coletado foi inativado a 56ºC por 30 minutos, e diluídos na proporção 1:5 em tampão

PBS 0,01M para posterior análise pela reação de imunofluorescência indireta.

3.1.5 Preparo da suspensão de fezes

As amostras de fezes foram pesadas em balança semi-analítica e

ressuspendidas em 1,0mL de tampão PBS 0,01M estéril, de maneira a ficarem na

concentração teste de 20%. Após isso as amostras foram homogeneizadas para

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34

total dissolução do material fecal. Em seguida, foram centrifugadas á 10.000 rpm por

10 minutos e estocadas até o momento do uso.

3.2 Isolamento viral

3.2.1 Isolamento do vírus em cultura celular

As suspensões de fezes destinadas à tentativa de isolamento viral

foram previamente centrifugadas e filtradas em membrana de acetato de celulose de

porosidade de 0,45µM (Millipore, Bedford-MA), e 1,0 mL destas suspensões foram

inoculadas nas garrafas de cultura, com monocamada celular confluente por

aproximadamente 90 minutos e mantidas em estufa 37°C, contendo 5% de CO2 para

adsorção viral. Após este período foi adicionado meio de cultivo com 2% SFB

(Nutricell, SP, Brasil), 50µg/mL de Gentamicina (Sigma-Aldrich, Missouri, USA) e as

garrafas novamente mantidas em atmosfera úmida, a 37ºC e com tensão de 5% de

CO2. As células foram acompanhadas diariamente até a observação de efeito

citopático (ECP). Assim que o ECP foi evidenciado em no mínimo 50% do tapete

celular, as garrafas foram congeladas e descongeladas por 3 vezes para provocar a

lise celular. Em seguida centrifugadas a 5.000 rpm por 10 minutos à 4ºC. O

sobrenadante obtido foi congelado a -20ºC para realização de passagens sucessivas

em células RAW 264.7. Alíquotas de cada passagem foram feitas para posterior

extração de RNA viral e confirmação do isolamento do vírus 68.

3.2.2 Ensaio de placa

Este protocolo foi padronizado seguindo o recomendado por Gonzalez-

Hernandes et al., 2012 com modificações. Todos os testes foram realizados em

duplicata 69.

Para realizar o ensaio de placa foram selecionadas garrafas com tapete

confluente, mantidas em meio completo, suplementado como descrito acima. As

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35

células foram repicadas e 2 mL desta suspensão contendo 1X106 células viáveis

foram adicionados em placas de 6, 12 e 24 poços. Estas foram incubadas a 37°C

em estufa com tensão de 5% de CO2 até atingir cerca de 70% de confluência.

3.2.3 Preparo da agarose 3%

Foram pesados 3g de agarose ultrapura (Uniscience, Brasil) e

adicionado em 100 mL de água deionizada, em seguida autoclavado por 20 min a

121°C. Após a esterilização a solução foi mantida em banho-maria a 42°C até o

momento do uso.

3.2.4 Inóculo viral

Após o preparo da solução de agarose 3%, foram feitas diluições do

inóculo viral (vírus proveniente das passagens seriadas em células RAW 264.7 e

positivas no semi-nested RT-PCR) que correspondem a 10-1, 10-2 e 10-3. O meio foi

retirado de cada poço assepticamente e 1 mL de cada diluição do vírus foi

acrescentado. As placas foram novamente incubadas por um período de 90 minutos,

para adsorção viral. Após este período foram acrescentados 2 mL em cada poço de

uma solução na proporção 1:1 contendo, agarose 3% e meio de cultura DMEM

contendo, 2% de SFB (Nutricell, SP, Brasil), 50µg/mL de Gentamicina (Sigma-

Aldrich, Missouri, USA), AANE 100x concentrado (Sigma-Aldrich, Missouri, USA) e

20mM de L-glutamina (Sigma-Aldrich, Missouri, USA). Após solidificação, as placas

foram novamente incubadas nas mesmas condições acima e acompanhadas

diariamente em microscópio invertido por no máximo 72 horas.

A visualização das placas foi feita através de vermelho de fenol 0,33%.

(0,33g do corante + 100 mL de PBS 0,01M e autoclavado). Para a visualização das

placas foram adicionados 2 mL do corante e incubado por 1 hora, após este período

foi possível visualizar e contar as unidades formadoras de placa.

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36

O cálculo do título viral segue a seguinte fórmula: Número de placas de

cada poço (duplicata), nas diferentes diluições, multiplicado pelo valor da diluição. O

resultado é dado em PFU/mL.

3.2.5 Precipitação em cloreto de cálcio

Para concentração das partículas virais, o sobrenadante celular

contendo o antígeno viral, foi submetido ao protocolo de precipitação com cloreto de

cálcio. Para isso, adicionou-se cloreto de cálcio dihidratado 50 mM (MERCK) ao

sobrenadante contendo o antígeno viral, sob agitação constante, a 4ºC overnight. No

dia seguinte o material precipitado foi centrifugado a 12,000 rpm por 30 min a 4ºC e

o sobrenadante ressuspendido em 500µL de tampão TNE pH 7,4 (Tris 0,01M, EDTA

0,001M e NaCl 0,1M) e estocado a -80ºC até o momento do uso.

3.2.6 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-Page)

A verificação da presença da proteína alvo foi realizada através de gel

de poliacrilamida (SDS-Page). Para o gel de resolução a concentração adotada foi

de 8% de acrilamida e bis-acrilamida, enquanto que a concentração do gel de

empilhamento foi de 4%. Todas as amostras foram previamente aquecidas a 100ºC

por 5 min em banho-maria. Em um dos poços do gel, foi aplicado 5µL de marcador

de peso molecular pré-corado (Kaleidoscope Precision plus proteinTM Bio-Rad,

EUA). A corrida eletroforese foi realizada em cuba vertical 120V por 1 hora. Após a

corrida as proteínas foram transferidas para a membrana de nitrocelulose (Bio-Rad,

EUA) umidecida. A transferência foi realizada em cuba a seco (Amersham

Biosciences Multiphort II, GE Healthcare Life Sciences, Uppsala, Suécia) a 3500V

por 2 horas. Em seguida, a membrana foi incubada por 2h em uma solução de leite

em pó desnatado a 5%, em temperatura ambiente, para bloquear os sítios de

ligação não específicos das proteínas.

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37

3.2.7 Western Blotting

Após o bloqueio a membrana foi lavada 3 vezes por 5 minutos com tampão

PBS-Tween 20 0.1% e incubada em anticorpo primário, diluídos na concentração de

1:500, por 12h a 4°C. Novamente a membrana foi lavada com o tampão e incubada

com o anticorpo secundário conjugado com

peroxidase (goat anti- IgG de rato, Sigma-Aldrich, Missouri, USA) na concentração

de 1:10.000, por 2 horas, em temperatura ambiente. Um ensaio de

quimiluminescência (SuperSignal, West Pico Chemiluminescent Substrate, Pierce,

Rockford-EUA) foi realizado para identificar a imunorreatividade das bandas,

utilizando fotodocumentador G-BOX, software GeneSnap e Software GeneTools

(Syngene, MD, USA) para análise por densiometria.

3.3 Extração de RNA Viral

3.3.1 Kit QIAmp® Viral RNA mini kit

A extração do RNA total foi realizada pela utilização do Kit QIAmp® Viral

Mini kit (QIAgen® Inc., Valencia, California), conforme protocolo descrito pelo

fabricante.

Em resumo, um volume de 140µl de suspensão fecal foi adicionado à

560µl do tampão AVL e homogeneizados por 15 segundos. Essa preparação foi

incubada por 10 minutos e em seguida foram adicionados 560µl de Etanol P.A. a

este volume e centrifugado. Um volume de 500µl do Tampão AW1 foi adicionado e

novamente centrifugado. Nas etapas seguintes, 500µL do tampão AW2 foram

adicionados à coluna e duas centrifugações foram realizadas. O líquido que passou

pela coluna foi descartado. O RNA retido na coluna foi eluído em 50µL do tampão de

eluição AVE, e então mantido a -80oC até o momento do uso.

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38

3.3.2 TRIzol™

As amostras de sobrenadantes de células RAW 264.7 infectadas com

suspensão de fezes 20% foram submetidas à extração pelo TRIzol™ (Invitrogen,

Carlsbad,CA,USA). Sendo assim, 900µL de TRIzol™ foram adicionados para cada

300µL de amostra e esta mistura foi incubada por 5 minutos à temperatura ambiente

e em seguida 240µL de clorofórmio gelado foi adicionado, incubando-se por mais 5

minutos à temperatura ambiente. Após centrifugação a fase aquosa foi coletada e o

RNA precipitado com isopropanol gelado (v:v) por 10 minutos. Após nova

centrifugação o sobrenadante foi descartado e o precipitado ressuspendido em 1,0

mL de etanol 75%. Após homogeneização foi realizada nova centrifugação e o RNA

foi ressuspendido em 35µL de água tratada com DEPC (Dietilpirocarbonato), e

aquecido por 55ºC por 10 minutos.

3.3.3 Desenho do primers

Duas sequências de primers foram obtidas através do alinhamento do

genoma completo de MNV-1 (número de acesso no GenBank: AY228235) e

norovírus de rato (JX486101 and JX486102) em uma região do capsídeo (VP1)

altamente conservada. As sequências foram utilizadas para diferentes finalidades: 1-

para testar amostras de fezes e 2- amostras provenientes de células infectadas e

submissão ao GenBank de acordo com a tabela 1.

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Tabela 1: Primers utilizados para identificação molecular

Primer Sequências 5’- 3’ Localização* Tamanho do amplificado

Conjunto I Primeira reação

F-AAATTTTGTCCAGTGYCCCCTT R-AACCACCTTGCCAGCAGTAA

5271 – 5292 5469 – 5450

199pb

Conjunto I Semi-nested

F-TTCACCGTCTCCCCAAGAA R-AACCACCTTGCCAGCAGTAA

5299 – 5317 5469 – 5450

171pb

Primeira reação Conjunto II

F-TTGTKAATGAGGATGAGTGATG R-AACCACCTTGCCAGCAGTAA

5823 – 5843 5469 – 5450

374pb

Semi-nested Conjunto II

F-CGACACCCAAGGTGCCTC R-AACCACCTTGCCAGCAGTAA

5795 - 5813 5469 – 5450

344pb

* Alinhamento entre JX486101 e AY228235.

IUB CODE: Y= C ou T

K= G ou T

3.4 Reações Moleculares

3.4.1 Transcrição Reversa (RT-PCR) e Semi-Nested RT-PCR

A reação de transcrição reversa foi realizada utilizando OneStep RT-PCR

Kit (QIAgen® Inc., Valencia, California) de acordo com protocolo recomendado pelo

fabricante. A reação consiste de: 0,2μM de cada primer, 1X tampão OneStep RT-

PCR, 0,4mM of dNTP, RNase Inhibitor 10U/μL, 1X tampão Q-solution e 1μL de

enzima. A reação foi realizada em volume de 25µL como segue: Transcrição reversa

50°C por 30min; ativação da DNA polimerase 96°C por 2min, seguida de 40 ciclos

de amplificação, denaturação de 95°C por 30s, 55°C por 30seg, extensão 72°C por

1min. O produto da primeira reação (2 μL) foi utilizado para a semi-nested nas

mesmas condições descritas acima. Todas as reações foram feitas em termociclador

GenePro 96G (BioER, Binjiang, China). A eletroforese foi realizada a 80V em gel de

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agarose 2%, corado com GelRed™(Biotum Inc. Hayward, CA, USA) juntamente com

marcador de peso molecular de DNA com 100pb (Thermo Fisher Scientific Inc.,

Carlsbad, CA, USA) por 50 minutos em cuba horizontal. Os fragmentos foram

visualizados e documentados no equipamento Geldoc-ItTMImaging System (UVP,

(Cambridge, UK).

3.4.2 PCR controle

As amostras foram submetidas a uma PCR controle para um gene

constitutivo. A região escolhida foi um fragmento da GAPDH (gliceraldeído-3-fosfato

desidrogenase), por se tratar de uma enzima que está relacionada à glicólise, esta é

expressa por todas as células de mamíferos.

A reação foi padronizada com conjunto de primers específicos (tabela

2) e volume final de 15µl nas seguintes condições: 95º C 2 minutos, seguidos de 35

ciclos de 94ºC 15 segundos para ativação da DNA polimerase, anelamento 57ºC por

15 segundos e extensão de 72ºC por 15 segundos. A concentração dos reagentes

usados foi: tampão 1x, 2,0mM MgCl2, 0,2µM de cada primer. 0,2 µM dNTP e 1,5U de

DNA polimerase (Biotools, B&M Labs, SA) .

Tabela 2: Primer utilizado na PCR controle

Primer

Sequências 5’- 3’

Tamanho amplificado

GAPDH

F-CCTGCCAAGTATGATGACATCAA R-AGCCCAGGATGCCCTTTAGT

90pb

3.4.3 Purificação

Após amplificação, as bandas visualizadas em gel de agarose 2%

foram selecionadas para a purificação com o Kit Gel Extraction Kit SIGMA

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41

(GenEluteTM, St. Loius, USA) conforme protocolo descrito pelo fabricante. Em

resumo, um volume de três vezes o peso do gel do tampão Gel Solubilization

Solution foi acrescentado à amostra e homogeneizado por 15 segundos e a mistura

incubada por 10 minutos a 60ºC. Enquanto isso foi adicionado às colunas 500µL do

tampão Column Preparation Solution. Depois disso foi adicionado um volume de 500

µL de isopropanol 100%. A seguir a amostra foi centrifugada e depois, um volume de

700µl do Tampão Wash Solution foi adicionado e novamente centrifugado e o RNA

eluído em 50µL do tampão Elution Solution. As amostras foram mantidas a -80ºC até

o momento do uso.

3.4.4 Clonagem da sequência de DNA

Para clonagem das sequências foi utilizado o Kit pGEM®- T Easy

Vector Systems (Promega, Madson, USA) conforme protocolo descrito pelo

fabricante.

3.4.5 Ligação

A ligação foi realizada da seguinte maneira: 5µL de tampão 2X Rapid

Ligation Buffer, 1µL do vetor pGEM T Easy vector (50ng), 1 µL de T4 DNA ligase

(3U/ µL) e 3µL do produto da PCR (150ng). Incubação de uma hora a 4ºC.

3.4.6 Transformação

A transformação foi realizada utilizando a célula bacteriana

competente de alta eficiência JM109 (Pomega, Madison, CA). Para a transformação

2µL da reação de ligação acima foram adicionados a 50µL de célula competente e

incubadas em banho de gelo por 20 minutos. Após este período foram submetidos a

um choque térmico, 50 segundos a 42ºC e incubadas novamente em banho de gelo

por 2 minutos. Nova incubação foi realizada a 37ºC por 1 hora e 30 minutos em

900µL de meio LB sob agitação constante de 150 RPM.

3.4.7 Plaqueamento

Para o plaqueamento foram utilizados 100µL da solução de

transformação. O plaqueamento foi realizado em meio LA agar contendo: ampicilina

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50mg/mL, IPTG 1mM e X-Gal 20mg/mL e incubados a 37ºC. No dia seguinte as

colônias brancas foram selecionadas e incubadas a 37ºC overnight em meio LB com

agitação constante.

3.4.8 Extração de DNA plasmidial

Para extração do plasmídeo foi utilizado o Kit QIAprep mini prep®.

(QIAgen® Inc., Valencia, California), conforme protocolo descrito pelo fabricante. As

colônias bacterianas foram centrifugadas e o precipitado foi ressuspendido em

250µL de tampão P1, 250µL do tampão P2, misturar e 350µL do tampão N3 e em

seguida centrifugadas por 10 minutos. O sobrenadante foi transferido para a coluna

e centrifugado. Foram adicionados 500µL do tampão PB e nova centrifugação, em

seguida adicionados 750 µL do tampão PE e centrifugadas novamente. Para eluir o

DNA 50µL de tampão EB foi adicionado e estocado a -80ºC até o momento do uso.

3.4.9 Sequenciamento

Para confirmação da presença do NoV os produtos amplificados

obtidos pela reação de semi-nested RT-PCR e clonados, foram sequenciados em

ambas as direções utilizando Big-Dye®-Terminator v.3.1 Cycle Sequencing Kit

(Applied Biosystems,Austin, Texas, USA) conforme protocolo disponibilizado pelo

fabricante com modificações. A eletroforese capilar foi realizada no equipamento ABI

3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA) e as sequências

geradas foram analisadas pelo software Sequencing Analysis Software *v.* 5.4

(Applied Biosystems, Foster City, CA,USA).

3.4.10: Análise do sequenciamento

Os cromatogramas foram visualizados no Bioedit Sequence Alignment

Editor Program 7.2.570 (Carsbald, USA) e comparados às sequências depositadas no

NCBI Entrez Nucleotide (www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez). As sequências

consenso foram criadas através dos softwares Assembler tool (http://www.hpa-

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43

bioinformatics.org.uk/cgiBin/assembly_tool/seq_assemble.cgi) e CodonCode aligner.

Os isolados obtidos neste estudo foram alinhados por Clustal W algorithm

(Heidelberg, Germany) (1000 bootstrap analysis) no Bioedit software e comparados

com as sequências referência obtidas no GenBank de acordo com a tabela 3.

Tabela 3: Sequências referência utilizadas neste estudo

GENOGRUPO E

ESPÉCIE

SEQUÊNCIAS PROTÓTIPOS Nº DE ACESSO DO

GENBANK

Rato Rn/GV/HKU_CT2/HKG/2011 JX486101

Rato Rn/GV/HKU_KT/HKG/2012 JX486102

GI (Humano) Hu/GI.1/CHA6A003_20091104/2009/USA KF039737

GII (Suíno) Swine/GII/OH-QW125/03/US AY823305

GII (Humano) Hu/NLV/GII/Neustrelitz260/2000/DE AY772730

GIII (Bovino) Bo/Newbury2/1976/UK AF097917

GIV(Felino) cat/GIV.2/CU081210E/USA/2010 JF781268

GIV (Humano) Hu/GIV.1/LakeMacquarie/NSW268O/2010/AU JQ613567

GV (Murino) Mu/NoV/GV/MNV1/2002/USA AY228235

GV(Murino) Murinenorovirus2 (MNV-2) DQ223041

GV (Murino) Murine norovirus 3 (MNV-3) DQ223042

GV (Murino) Murine norovirus 4 (MNV-4) DQ223043

GV (Murino) Murine norovirus 5 (MNV-5) EF650480

GV (Murino) Murine norovirus 6 (MNV-6) EF650481

GV (Murino) Murine norovirus 7 (MNV-7) GQ180108

GV (Murino) MNV/Brasilia-DF/Pr+Ob/2012 KF976714

GVI(Canino) dog/GVI.1/HKU_Ca035F/2007/HKG FJ692501

Outgroup Sapporo virus-Manchester polyprotein X86560

Outgroup Norwalk virus M87661

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44

3.4.11 Medidas para minimizar riscos de contaminação nas reações

moleculares

O Laboratório de Controle de Qualidade Sanitária Animal (LCQS) possui a

infraestrutura necessária para a realização de técnicas moleculares para fins de

diagnóstico. Cinco salas diferentes são destinadas a reações moleculares: 1-para

extração de ácidos nucleicos, 2- preparo dos reagentes, 3- sala template para

adição do DNA e RNA e 4- sala de termocicladores e eletroforese. No caso das

reações nested e semi-nested PCR o produto amplificado da primeira reação era

acrescentado à segunda em uma quinta sala. No entanto, é importante ressaltar que

cada ambiente utilizado possui aventais, luvas, ponteiras com barreiras, tubos e

placas DNase e RNase free, todos descartáveis e não há trânsito de materiais entre

estas salas.

3.5 Reações sorológicas

3.5.1 Produção de soros policlonais anti-NoV em ratos

A produção de soros hiperimunes foi realizada de acordo com o

protocolo descrito por Hsu et al., 2005. O protocolo de produção de anticorpos

policlonais foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação

Animal da Universidade Estadual de Campinas (CEUA-UNICAMP) sob o número

2901-1.

Ratos livres de patógenos especificados (SPF) de 6 linhagens

diferentes: Wistar, Lewiss, SHR, Ficher 344, Sprague Dawley e WabNot, com 45

dias de idade, foram obtidos do Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica

na Área da Ciência de Animais de Laboratório (CEMIB/UNICAMP). Os animais

foram mantidos no biotério de experimentação do Laboratório de Controle de

Qualidade Sanitária Animal do CEMIB/UNICAMP, onde grupos de 3 animais foram

mantidos em microisoladores multi-espécies, em estantes ventiladas específicas

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45

para a espécie. Estes receberam água, maravalha e ração esterilizadas em

vapor úmido sob pressão à temperatura de 121°C por 30 minutos.

Os ratos foram inoculados pela via gastroesofágica com 0,2mL de

norovírus de rato. No 30° dia após inoculação, foram sacrificados em câmara de

CO2. O sangue coletado por punção cardíaca e centrifugado a 5000 rpm por 10

minutos para a separação plasma. Os soros foram diluídos na proporção 1:5,

inativados a 56°C e estocado a 20°C até o momento do uso. O mesmo protocolo foi

utilizado para a infecção experimental, mas neste caso utilizando MNV de

camundongo como antígeno para saber se as amostras reagem de forma cruzada

entre as espécies.

3.5.2 Produção de lâminas para Imunofluorescência Indireta

No preparo de lâminas para reação de imunofluorescência indireta, foi

utilizado o protocolo descrito por Gilioli et al., 2003 71. Em resumo as células RAW

264.7 foram cultivadas em lâminas multitestes teflonadas (Dinatech,USA). Sobre a

monocamada celular confluente, foram adicionados 30 µL da suspensão viral na

diluição 1:3. Em seguida, as lâminas foram mantidas em estufa a 37°C, com tensão

de 5% de CO2, por um período de 90 minutos, para a adsorção viral. Após este

período, foi adicionado meio de manutenção DMEM contendo 2% SFB. A

observação de efeito citopático (ECP) foi realizada diariamente. Após a visualização

do ECP, o meio de manutenção foi retirado de forma asséptica, por meio de uma

bomba de vácuo de pressão negativa. As lâminas secaram à temperatura ambiente

e em seguida foram fixadas em acetona gelada por 20 minutos, identificadas e

estocadas a -80oC até o momento do uso.

3.5.3 Reação de Imunofluorescência Indireta (IFI)

A reação de imunofluorescência indireta foi realizada de acordo com o

protocolo descrito por Kraft & Meyer, 198672.

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O teste protocolo foi utilizado para analisar as 96 amostras de soro de

ratos, provenientes dos diferentes Biotérios brasileiros (produção, experimentação e

convencionais) e amostras de animais imunizados para obtenção de soros controle

positivo da reação.

Para a avaliação destas amostras, 25µl dos soros testes foram diluídos

1:5 em tampão PBS 0,01M e foram adicionados em cada poço e incubados à

temperatura ambiente, em câmara úmida, por 20 minutos e da mesma forma as

amostras de soro controle negativo e positivo, originárias dos animais imunizados

previamente, foram adicionados. As lâminas foram submetidas a lavagens com

tampão PBS 0,01M. Em seguida, 25µL de conjugado de carneiro anti-rato IgG,

(Sigma-Aldrich, MIssouri, USA), marcado com fluoresceína diluído a 1:160 em

solução PBS - Azul de Evans foi acrescentado em cada poço para contrarstar

células positivas e negativas (onde esta última apresenta coloração avermelhda) e

novamente as lâminas foram incubadas. Em seguida foram montadas em lamínula

de vidro utilizando solução de glicerina tamponada alcalina (0,5M, pH: 8,5).

As leituras foram realizadas em microscópio binocular de fluorescência de

epi-iluminação (ZEISS, Alemanha) modelo Standart 20, lâmina de mercúrio HBO

50W para luz ultravioleta, barreira de 450 a 490nm, filtros de excitação BG 38 e

aumento final de 400 vezes. As amostras de soro foram classificadas como

positivas, negativas e inespecíficas (fluorescência não específica).

Todos os soros testes também foram testados para a presença de

anticorpos específicos contra outros patógenos, como: Coronavírus (RCV),

Adenovírus tipo 1, Adenovírus tipo 2, Rotavírus, Reovírus tipo 3 (Reo-3), vírus da

pneumonia (PVM), vírus minuto do rato (RMV), Rat theilovirus (RTV), Sendai,

Citomegalovírus (RCMV); para as bactérias Mycoplasma pulmonis e Clostridium

piliforme e o parasita Toxoplasma gondii.

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47

4 Resultados

4.1 Isolamento viral

As células normais RAW 264.7 (figura 3) foram infectadas com

suspensão de fezes de rato 20% provenientes de 13 amostras de fezes (11

provenientes de biotérios convencionais e 2 de ratos selvagens). De cada uma

destas amostras foram feitas 4 passagens “cegas” sucessivas em células RAW

264.7, totalizando 52 amostras a serem analisadas.

As células infectadas apresentaram efeito citopático (ECP) sugestivo de

infecção por NoV três dias após a infecção (figura 4). O ECP foi caracterizado pela

presença de células vesiculadas, contendo grânulos e aumento do núcleo. Estas

características são as mesmas observadas na infecção das células RAW 264.7 com

o NoV que infecta camundongos (MNV), como mostram as figuras 5 A e 5 B.

Figura 3: RAW 264.7 normal, aumento de 400X (fonte: acervo pessoal do autor)

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Figura 4: Efeito citopático de norovírus de rato em células RAW 264.7. ECP 3dpi. Aumento de 400X

(fonte: acervo pessoal do autor)

Figura 5: Efeito citopático de norovírus em células RAW 264.7 infectadas com suspensão de fezes

de rato e camundongo. A- células infectadas com suspensão de fezes de rato 20%. B- células

infectadas com suspensão de fezes de camundongo à 20%. Aumento de 400X (fonte: acervo pessoal

do autor).

A B

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Para confirmação do isolamento do vírus, todas as alíquotas de

sobrenadante de células infectadas, foram submetidas à extração de RNA, tanto por

kit comercial quanto pelo método de TRIzol™, visando avaliar e padronizar o melhor

protocolo de extração. Neste caso, após dosagem do RNA, ambos os protocolos se

mostraram efetivos para as amostras provenientes do sobrenadante de cultura

celular.

Inicialmente, tentou-se a padronização de uma reação de RT-PCR

convencional, mas nenhuma destas amostras foi positiva nesta reação. Após isso

estabeleceu - se uma reação mais sensível, um semi-nested RT-PCR. Conjuntos de

primers foram confeccionados e avaliados em diferentes condições. A padronização

das reações foi realizada com RNAs das amostras de cultura celular, que

apresentaram ECP característico e posteriormente, a condição selecionada foi

aplicada às amostras dos isolados laboratoriais. Dois conjuntos de primers foram

testados para estas amostras, cujo produto final foi de 171pb e 344pb. O conjunto

com maior tamanho de amplificado (344pb) foi mais eficiente para as amostras

provenientes de cultura celular, portanto, nós optamos por utilizá-lo. As amostras

amplificadas foram então sequenciadas e a presença do NoV foi confirmada e o

isolado submetido ao GenBank.

Dentre as 52 amostras (correspondentes às passagens celulares) cerca

de 70% apresentaram ECP. Estas foram então testadas pelo semi-nested RT-PCR,

onde, apenas 5 foram positivas para norovírus (figura 6). Quanto às amostras

provenientes de ratos selvagens estas se apresentaram todas negativas.

Para melhor identificação destas amostras elas foram nomeadas como:

LCQS ct1 a LCQS ct5, sendo importante ressaltar que estas amostras representam

5 biotérios convencionais e apresentaram-se positivas em diferentes passagens

celulares (tabela 4).

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Figura 6: Eletroforese em gel de agarose 2% corado com GelRedTM

, dos produtos amplificados pela

semi-nested RT-PCR (344pb) para a região VP1 do capsídeo do NoV em amostras de células

infectadas com suspensão de fezes de rato. Coluna PM: Padrão de peso molecular 100pb (Thermo

Fisher Scientific Inc., Carlsbad, CA, USA), colunas de 1 a 6: amostras de células infectadas, coluna

7: controle negativo (água DEPC), coluna 8: controle positivo de reação (plasmídeo). As amostras

que apresentaram à banda na posição correspondente a 344pb (indicadas por seta) foram positivas

para a presença do NoV. Fonte: acervo pessoal do autor.

Tabela 4: Amostras positivas isoladas de RAW 264.7 em diferentes passagens.

Identificação LCQS ct1 LCQS ct2 LCQS ct3 LCQS ct4 LCQS ct5

1º passagem X

2º passagem X X X

3º passagem X

4º passagem

Embora bandas específicas tenham sido visualizadas no gel de agarose

na reação de semi-nested RT-PCR, as amostras foram clonadas e sequenciadas a

fim de determinar a sequência nucleotídica do NoV de rato e confirmar o isolamento

do vírus. As sequências consenso foram obtidas através dos softwares CodonCode

aligner (figura 7) e Assembler tool e comparadas as sequência padrão de rato

PM 1 2 3 4 5 6 7 8

344pb

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51

(acesso n° JX486102 e JX486102) depositadas no GenBank. A análise molecular da

região sequenciada mostrou uma identidade de nucleotídeos com as cepas padrão

de 98%, confirmando o isolamento de norovírus de rato. Em seguida a sequência foi

depositada no GenBank sob o número de acesso KU169124 (figura 8).

Figura 7: Cromatograma e sequência consenso de isolado celular LCQS ct1, obtido pelo softwer

Codon Code Aligner.

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52

Figura 8: Depósito da cepa de norovírus de rato no GenBank acesso n° KU169124

Outras técnicas como ensaio de placa e Western Blotting foram

utilizadas para complementação do resultado do isolamento viral.

4.2 Ensaio de placa

Este método foi utilizado para quantificação das partículas virais dos

isolados celulares. Para esta reação foram selecionadas as 5 amostras positivas no

semi-nested RT-PCR (LCQS ct1 a LCQS ct5). As amostras foram testadas em

duplicata nas diluições padrão de. 10-1 10-2 e 10-3 (figura 9). Dentre as 5 amostras

selecionadas apenas 2 (LCQS ct1 e LCQS ct4) apresentaram unidades formadoras

de placas em duas das diluições previamente adotadas 10-1 e 10-2 (tabela 5 ).

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53

Figura 9: Ensaio de placa: amostras inoculadas em duplicata nas diluições padrão 10-1

, 10-2

e 10-3

.

Tabela 5: Cálculo de Unidades Formadoras de Placa (PFU/mL)

LCQS ct1 PFU/mL LCQS ct4 PFU/mL

diluição 10-1 10+ 11= 21 21x10-1 10+8 = 18 18x10-1

diluição 10-2 1+3 = 4 4x10-2 2+ 2 = 4 4x10-2

diluição 10-3 0 0 0 0

4.3 Precipitação com cloreto de cálcio e Western Blotting

Após a concentração das partículas virais pela precipitação com cloreto

de cálcio, o sobrenadante celular contendo o antígeno viral foi submetido ao SDS-

Page e posterior Western Blotting.

A reação de Western Blotting revelou uma banda específica de

aproximadamente 60 kDa (figura 10). A amostra de soro de rato utilizada para o

blotting foi fortemente positiva na reação de IFI, assim esta banda sugere à presença

de proteínas específicas do capsídeo de norovírus.

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54

Figura 10: Western Blotting: Coluna PM: Marcador de peso molecular de proteína pré-corado

(Kaleidoscope Precision plus proteinTM

Bio-Rad, EUA), coluna 1: tampão de reação, coluna 2:

amostra de sobrenadante de células normais não infectadas, coluna 3 a 7: amostras de

sobrenadantes de células positivas no semi nested RT-PCR, Coluna 8 e 9: amostras de

sobrenadante de células infectadas com MNV: As amostras que representam a banda na posição

correspondente a aproximadamente 60kDa (indicadas pelas setas) correspondem a proteínas do

capsídeo de NoV. Fonte: acervo pessoal do autor.

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4.4 Reações Moleculares

4. 4.1 Semi-nested RT-PCR

Foram selecionadas 108 amostras de fezes de ratos, provenientes de 23

biotérios brasileiros e amostras de fezes de quatro ratos selvagens para avaliação

por semi-nested RT-PCR do conjunto de primers cujo produto final era de 171pb

(figura11), pois durante a padronização, este se mostrou mais sensível para este tipo

de amostra.

Figura 11: Eletroforese em gel de agarose 2% corado com GelRed TM

dos produtos amplificados

pela semi nested RT-PCR (171pb) para região do capsídeo do NoV (VP1), de amostras de fezes.

Coluna PM: Padrão de peso molecular 100pb (Thermo Fisher Scientific Inc., Carlsbad, CA, USA),

coluna de 1 a 11: amostras de fezes de rato, coluna 12: controle negativo de reação (água DEPC),

coluna 13: controle positivo de reação (plasmídeo). Fonte: Acervo pessoal do autor.

Dessa forma, 11% das amostras avaliadas foram positivas (12/108) e

89% (96/108) negativas (figura 12). As amostras positivas representam seis

PM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

171-pb

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diferentes biotérios , nos quais 2 são biotérios de produção (SPF) e 4 biotérios

convencionais (figura 13). As amostras de ratos selvagens avaliadas foram

negativas.

Figura 12: Detecção de norovírus em amostras de fezes de rato.

Figura 13: Detecção de norovírus de rato em biotérios brasileiros

11%

89%

Detecção de Norovírus em amostras de fezes de rato

amostras de fezespositivas

amostras de fezesnegativas

26%

74%

Detecção de Norovírus de rato em biotérios brasileiros

biotérios positivos biotérios negativos

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4.4.2 Clonagem e sequenciamento

Todos os amplicons positivos na semi-nested RT-PCR foram

clonados, purificados e sequenciados em ambas as direções. Os clones obtidos

foram denominados de LCQS Unib1 a 12 e a análise das sequências foi realizada

através do software Bioedit. A análise molecular das amostras revelou uma

identidade de nucleotídeos de 98% para o fragmento amplificado quando

comparadas às cepas padrão de rato (JX486101 e JX486102) depositadas no

Genbank.

As sequências consenso obtidas através dos softwares Assembler tool e

CodonCode foram alinhadas pelo Clustal W com as sequências do capsídeo (VP1)

de todas as linhagens protótipos, descritas anteriormente na tabela 3. Este

alinhamento revelou a substituição de uma única base na posição 5334 (C por T) e

na posição 5343 (T por A) de todas as 12 sequências obtidas neste estudo e as

sequencias JX486101 e JX486102 (figura 14). No entando, esta troca não provocou

uma alteração na sequência de aminoácidos ou mudança na estrutura proteica do

vírus (dados não mostrados) caracterizando um polimosfismo.

A comparação das 12 sequências (LCQS Unib 1 a 12) com sequências

padrão de todos os genogrupos de norovírus gerou ainda uma matrix de identidade

que pode ser observada no quadro 1.

Uma árvore filogenética foi gerada, através do software Molecular

Evolutionary Genetic Analysis - MEGA 6 73, utilizando o método neighbor joining,

maximum composite likelihood model (1000 bootstraps) e nucleotide substitution and

pairwise deletion of gaps (figura 15). Dois membros da família Caliciviridae foram

utilizados como grupo externo: Sapporo virus (X86560) e Norwalk virus (M87661).

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Figura 14: Alinhamento das sequências de nucleotídeos das cepas protótipo de norovírus. (A) Eletroferograma de 171 pb das amostras de rato positivas na

reação de semi-nested RT-PCR. (B) Alinhamento da sequência de nucleotídeos do gene da VP1 de norovírus. As sequências de rato isoladas (LCQS Unib

1 a 12) foram alinhadas com GI (NoV Humano), GII (humano e suino), GIII (bovino), GIV (humano e felino), GV (Todos os protótipos de camundongo e a

cepa brasileira de MNV) e o GVI (cachorro). O alinhamento multiplo foi realizado através do algorítimo Clustal W. Os pontos indicam bases idênticas,

enquanto as letras representam nucleotídeos diferentes.

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Quadro 1: Matriz de identidade

SequencesRat LCQS

Unib1

Rat LCQS

Unib2

Rat LCQS

unib3

Rat LCQS

Unib4

Rat LCQS

Unib5

Rat LCQS

Unib6

Rat LCQS

Unib7

Rat LCQS

Unib8

Rat LCQS

Unib9

Rat LCQS

Unib10

Rat LCQS

Unib11

Rat LCQS

Unib12

Rat LCQS Unib1 ID 100,0% 100,0% 91.2% 98.8% 82.5% 98.2% 98.2% 98.8% 84.5% 89.8% 98.2%

Rat LCQS Unib2 100,0% ID 100,0% 91.2% 98.8% 82.5% 98.2% 98.2% 98.8% 84.5% 89.8% 98.2%

Rat LCQS Unib3 100,0% 100,0% ID 91.2% 98.8% 82.5% 98.2% 98.2% 98.8% 84.5% 89.8% 98.2%

Rat LCQS Unib4 91.2% 91.2% 91.2% ID 90.1% 80.3% 92.8% 92.8% 91.2% 79.9% 89,0% 90.6%

Rat LCQS Unib5 98.8% 98.8% 98.8% 90.1% ID 82.4% 97.1% 97.1% 97.6% 83.5% 88.7% 97,0%

Rat LCQS Unib6 82.5% 82.5% 82.5% 80.3% 82.4% ID 81.1% 81.1% 81.5% 70.2% 75.4% 80.9%

Rat LCQS Unib7 98.2% 98.2% 98.2% 92.8% 97.1% 81.1% ID 100,0% 98.2% 83.3% 91.5% 97.7%

Rat LCQS Unib8 98.2% 98.2% 98.2% 92.8% 97.1% 81.1% 100,0% ID 98.2% 83.3% 91.5% 97.7%

Rat LCQS Unib9 98.8% 98.8% 98.8% 91.2% 97.6% 81.5% 98.2% 98.2% ID 83.6% 89.8% 98.2%

Rat LCQS Unib10 84.5% 84.5% 84.5% 79.9% 83.5% 70.2% 83.3% 83.3% 83.6% ID 76.9% 83.1%

Rat LCQS Unib11 89.8% 89.8% 89.8% 89,0% 88.7% 75.4% 91.5% 91.5% 89.8% 76.9% ID 89.3%

Rat LCQS Unib12 98.2% 98.2% 98.2% 90.6% 97,0% 80.9% 97.7% 97.7% 98.2% 83.1% 89.3% ID

JX486101 96.4% 96.4% 96.4% 90.1% 96.4% 82.4% 94.8% 94.8% 95.3% 81.5% 86.5% 94.7%

JX486102 94.3% 94.3% 94.3% 91.2% 94.2% 80.6% 94.8% 94.8% 94.3% 80,0% 87.6% 93.7%

AY228235 74.1% 74.1% 74.1% 74.1% 75,0% 62.9% 74.7% 74.7% 74.1% 62.9% 68.5% 73.5%

DQ223041 74.1% 74.1% 74.1% 74.1% 75,0% 62.9% 74.7% 74.7% 74.1% 62.9% 68.5% 73.5%

DQ223042 63.4% 63.4% 63.4% 63.9% 64,0% 54.3% 63.9% 63.9% 63.4% 55,0% 58.6% 62.9%

DQ223043 62.9% 62.9% 62.9% 63.5% 63.5% 53.8% 63.4% 63.4% 62.9% 54.6% 58.1% 62.5%

EF650480 55.5% 55.5% 55.5% 55.2% 56,0% 46.9% 55.9% 55.9% 55.5% 49,0% 51.4% 55.1%

EF650481 73.7% 73.7% 73.7% 73,0% 74.5% 62,0% 74.3% 74.3% 73.7% 62.6% 68.1% 73.1%

KF976714 74.3% 74.3% 74.3% 73.6% 75.1% 62.5% 74.8% 74.8% 74.3% 63.1% 68.7% 73.7%

GQ180108 76.7% 76.7% 76.7% 73,0% 77.6% 64.5% 76.4% 76.4% 76.7% 64.8% 68.5% 76.1%

AF097917 40.7% 40.7% 40.7% 41,0% 40.3% 33.4% 40.7% 40.7% 40.3% 42.8% 39.6% 40,0%

AY772730 6.6% 6.6% 6.6% 6.4% 6.6% 5.6% 6.6% 6.6% 6.6% 7.3% 6.3% 6.5%

AY823305 6.3% 6.3% 6.3% 6.2% 6.3% 5.5% 6.3% 6.3% 6.4% 6.7% 5.8% 6.2%

FJ692501 6.8% 6.8% 6.8% 6.7% 6.7% 5.8% 6.8% 6.8% 6.8% 7.1% 6.3% 6.6%

KF039737 7.2% 7.2% 7.2% 7.2% 7.1% 6,0% 7.2% 7.2% 7.2% 7.8% 6.6% 7.1%

JQ613567 6.5% 6.5% 6.5% 6.7% 6.5% 5.6% 6.6% 6.6% 6.6% 7,0% 6.3% 6.4%

JF781268 6.4% 6.4% 6.4% 6.5% 6.4% 5.3% 6.5% 6.5% 6.4% 6.7% 6.2% 6.3%

M87661 7.1% 7.1% 7.1% 7.1% 7.1% 5.9% 7.1% 7.1% 7.2% 7.7% 6.6% 7,0%

X86560 5.1% 5.1% 5.1% 5.3% 5,0% 4.7% 5.1% 5.1% 5.2% 5.4% 5.1% 5,0%

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Figura 15: Árvore filogenética de norovírus: A árvore foi construída utilizando as sequências da

proteína do capsídeo (VP1) dos genogrupos GI a GVI e os isolados de rato (LCQS Unib 1 a 12). A

árvore foi gerada através do software MEGA 6.06 (1000 replicatas). as sequências da família

Caliciviridae do vírus Sapporo (X86560) e do vírus Norwalk (M87661) foram utlizadas como grupo

externo.

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61

4.5 Reações sorológicas

4.5.1 Produção de soros policlonais

Visando obter soros hiperimunes para utilização como controle positivo da

reação de IFI, ratos das linhagens Wistar/Unib, Lewis, Fischer 344, Wab Not, SHR e

Sprague Dawley foram inoculados com vírus isolado do rato. Dentre estas linhagens,

apenas as linhagens Wistar/Unib e Sprague Dawley apresentaram uma resposta

efetiva na produção de anticorpos contra NoV indicando assim que as diferentes

linhagens de rato podem apresentar diferenças na resposta imunológica.

Estes animais não apresentaram nenhum sinal clínico da doença durante

o período de 30 dias após a inoculação por via oral. Estes soros positivos foram

utilizados como controle positivo na reação de imunofluorescência indireta.

4.5.2 Imunofluorescência Indireta (IFI)

A análise das amostras de soros pela Imunofluorescência Indireta foi

realizada com o objetivo de determinar a presença de anticorpos anti- NoV em ratos

naturalmente e experimentalmente infectados.

Foram testadas 96 amostras de soros que representam 12 diferentes

biotérios brasileiros (convencionais e SPF) e mais os soros de ratos submetidos à

inoculação.

A reação de IFI para NoV foi caracterizada pela fluorescência

citoplasmática e de células dendríticas como demonstra a figura 16. Todas as

amostras foram classificadas após a leitura como: amostras positivas (fluorescência

característica), negativas (sem fluorescência) e inespecíficas (fluorescência não

característica). Na figura 17 está representada a fluorescência negativa para

norovírus.

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62

Do total das 96 amostras testadas por IFI, 12 demonstraram positividade

para NoV de rato, representando uma prevalência sorológica de 11,45% nos

biotérios brasileiros analisados Figura 18.

Figura 16: Reação de Imunofluorescência indireta. Amostra de soro de rato positiva para norovírus.

Reação caracterizada pela fluorescência citoplasmática das células dendríticas e de macrófagos.

Aumento 400X. (Fonte: acervo pessoal do autor).

Figura 17: Reação de Imunofluorescência indireta. Amostra de soro de rato negativa para norovírus,

esta reação é caracterizada pela coloração avermelhada como indica a seta na figura.

Aumento 400X. (Fonte: acervo pessoal do autor).

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63

Figura 18: Detecção de anticorpos específicos contra NoV de rato por Imunofluorescência Indireta.

11,45% n=12

88,55% n=85

Detecção de anticorpos específicos contra Norovírus por IFI

amostras de soropositivas

amostras de soronegativas

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64

5 Discussão

Desde a sua descoberta, o norovírus tem sido descrito como a maior

causa de surtos de gastroenterite em humanos 74. O vírus é altamente contagioso e

causa anualmente milhares de mortes e hospitalizações em países desenvolvidos 2,

75.

Os estudos com HuNoV têm sido limitados devido à falta de um sistema

efetivo de cultura celular. O avanço das pesquisas e o esclarecimento dos

mecanismos da patogênese viral só puderam ser elucidados após a descoberta do

norovírus murino (MNV) em 200323, uma vez que este era o único que se replicava

in vitro45. Mesmo assim, pesquisadores no mundo todo continuam tentando, mesmo

que sem sucesso o cultivo de HuNoV in vitro 47,76, 77.

Embora o isolamento de HuNoV ainda não esteja estabelecido, avanços

importantes vem sendo descritos Jones e colaboradores (2014) relataram que

HuNoV poderia infectar células B in vivo e in vitro, desde que dados prévios

demonstraram a presença de MNV em células B e nas placas de Peyer nas

linhagens de camundongos deficientes para IFN e IL10. Ao mesmo tempo

camundongos Rag 1-/- deficientes para células B e T apresentaram uma redução no

título viral quando comparadas as linhagens selvagens48.

A partir destes resultados a cepa GII.4, a mais prevalente entre os

norovírus que infectam humanos foi utilizada para à infecção em uma linhagem

humana denominada BJAB (Human Burkitt Lynphoma B Cell Line) imortalizada pelo

vírus Epstein-Barr, onde foi observado o aumento de número de cópias do genoma

viral, sugerindo uma infecção produtiva do vírus48. Neste sentido, estes autores

demonstraram que um sistema de co-cultura de células epiteliais intestinais com

bactérias da microbiota intestinal que expressam HBGAs, facilita a adesão do virus

as bactérias comensais e posterior infecção de células B. Portanto, as bactérias

comensais poderiam servir como cofator de infecção48,49.

Embora estes resultados tenham sido promissores, estudos recentes

demonstraram resultados divergentes, sugerindo a necessidade de um sistema de

cultivo efetivo de HuNoV51,52.

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65

A infecção por NoV está associada ainda a várias espécies animais como:

cachorros, gatos, felinos, bovinos e suínos. Na maioria destas espécies a infecção

resulta em uma gastroenterite aguda, com exceção da infecção em camundongos,

que dependendo do status genético da linhagem, pode se observar uma infecção

letal ou subclínica19. Neste sentido, MNV ainda continua sendo o melhor modelo

para os estudos de NoV, uma vez que é o agente mais prevalente em colônias de

camundongos de laboratório35.

Recentemente Tsunesumi e colaboradores (2012) descreveram a

presença de NoV em ratos silvestres do gênero Rattus rattus e Apodemus speciosus

65. Neste mesmo ano Tse e colaboradores66 identificaram dois isolados de NoV de

Rattus novergicus. Os isolados foram depositados no GenBank sob o número de

acesso: JX486101 e JX48610266. Após isso nenhum outro relato de NoV em rato foi

descrito, assim como nenhum método de diagnóstico para a detecção do vírus nas

colônias de ratos mantidos em laboratório. Baseados nestes relatos, este estudo

teve por objetivo isolar norovírus de ratos, mantidos em biotérios brasileiros, a fim de

estabelecer metodologias de diagnóstico molecular e sorológico.

Inicialmente, visando o isolamento do agente viral, células RAW 264.7

permissivas a replicação por MNV 45 foram inoculados com suspensão de fezes de

ratos provenientes de biotérios mantidos sem sistemas de barreiras sanitárias

(convencionais) e ratos selvagens. Após a segunda passagem foi observado à

presença de efeito citopático, caracterizado pela presença de células vesiculadas,

com grânulos e aumento de núcleo 36.

Mediante a presença de ECP característico, inicialmente padronizamos

uma reação de RT-PCR convencional para confirmação do isolamento viral, uma vez

que esta tem sido uma ferramenta eficiente na detecção de viroses causadas por

vírus de RNA 78. Mesmo com a utilização de primers específicos para a região do

gene do capsídeo (VP1), por esta metodologia não foi possível a vizualização de

bandas no gel de agarose, provavelmente devido à baixa concentração de RNA viral

nas amostras analisadas. Sendo assim, foi padronizado um protocolo de semi-

nested RT-PCR, uma reação mais sensível para a detecção de NoV 43.

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66

Quanto aos resultados obtidos na reação de semi-nested RT-PCR, das

cinquenta e duas amostras obtidas de passagens celulares, cinco apresentaram-se

positivas e representam cinco diferentes biotérios brasileiros, confirmando assim o

isolamento viral. Em 2005, Hsu e colaboradores tentaram o isolamento deste vírus

em colônias de ratos da linhagem Sprague Dawley, mas sem sucesso 37. Assim,

este é o primeiro relato do isolamento do norovírus de rato em célula e resultou no

depósito da cepa brasileira no GenBank (acesso n°KU 169124).

Vale a pena salientar que as duas amostras de fezes de ratos selvagens

não se apresentaram positivas em todas as passagens celulares testadas, assim

como aconteceu em outro estudo prévio65.

Para quantificação das partículas infecciosas e fornecimento de títulos

virais reprodutíveis o método de ensaio de placa foi utilizado. Este foi aplicado para

amostras de cultura celular, positivas no semi nested RT-PCR. Dentre as 5 amostras

analisadas apenas duas apresentaram unidades formadoras de placa e em apenas

duas diluições (10-1, 10-2). O número de placas observadas também foi menor

quando comparado àquelas apresentadas pelas diversas estirpes de MNV. Os

baixos títulos virais obtidos podem estar associados a uma possível adaptação deste

vírus em cultura celular.

Uma das limitações deste método é que muitas estirpes não apresentam

as placas e muitas vezes necessitam de outras metodologias como a de TCID 50

para serem quantificadas 79,80. Talvez isto explique o fato de três das amostras de

isolados celulares não terem apresentado unidades formadoras de placas.

Atualmente métodos para a detecção de NoV tem sido desenvolvidos e

bem estabelecidos 34,81,82. Assim, para garantir a correta identificação deste e de

outros patógenos, técnicas de diagnóstico como: RT-PCR 37, qRT-PCR 83 , ELISA

40,41 e ensaio imunoenzimático multiplexado – multiplex 37 tornaram-se ferramentas

importantes nas rotinas de laboratórios de diagnóstico. Além destas técnicas, as

reações nested e semi-nested PCR, têm sido cada vez mais utilizadas, por serem

métodos de diagnósticos mais sensíveis na detecção de baixas concentrações de

vírus de RNA em amostras de fezes e swabs de ambiente 43. Neste sentido, a

reação de semi-nested RT-PCR foi uma ferramenta importante neste estudo não

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67

apenas para a caracterização do isolamento viral, como também para o

estabelecimento de uma rotina de monitoramento sanitário para pesquisa de NoV

em amostras de fezes de rato.

Por meio desta metodologia nós analisamos cento e oito amostras de

fezes provenientes de biotérios brasileiros, que mantém animais sob sistemas de

barreira rigorosos ou sob condições ambientais convencionais. Dentre elas, doze

(11%) apresentaram-se positivas e estas representam seis diferentes biotérios

brasileiros, sendo dois de produção e quatro convencionais. Estes resultados

indicam que NoV está circulando nas colônias de rato dos biotérios brasileiros e

pode infectar inclusive animais mantidos sob sistemas de barreiras sanitárias. O

mesmo pode ser observado em relação ao MNV que infecta camundongos de

laboratório, mantidos em ambas as condições ambientais (com ou sem sistemas de

barreiras sanitárias). De acordo com dados da literatura, a prevalência de MNV em

amostras de fezes de camundongos, pela reação de nested PCR foi estimada em

13,1% 34. Desta forma, o MNV vem sendo descrito como o patógeno mais prevalente

em colônias de camundongos 35, 37,40.

Neste estudo foram avaliadas ainda 4 amostras de fezes de ratos

selvagens, mas, diferentemente do que aconteceu no primeiro relato da ocorrência

de NoV nestes animais, que apresentaram uma positividade de 7% (n=47) 65, nós

não obtivemos nenhuma amostra positiva. Este fato pode ser devido à localização

geográfica, distribuição destes animais no Brasil ou devido à amostragem destes

animais que foi pouco representativa em nosso estudo 66.

Após a clonagem e sequenciamento das amostras positivas na semi-

nested RT-PCR, a análise molecular da mesma região conservada do gene do

capsídeo, revelou uma identidade de nuclotídeos de 98% entre as 12 amostras

obtidas e as sequências referência de rato depositadas no GenBank (JX486101 e

JX486102) 67.

As 12 sequências isoladas das fezes de ratos foram comparadas ainda

com às cepas protótipo de cada um dos genogrupos de NoV (GI a GVI) e em todos

os casos notou-se a substituição de dois nucleotídeos na posição 5334 (T>C) e na

posição 5343 (T>A) em relação aos protótipos de rato já conhecidos (JX486101 e

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68

JX486102). Embora estes polimorfismos não tenham levado à mudanças na

sequência de aminoácidos, eles podem representar uma evolução independente

entre as estirpes de NoV 84.

Sabe-se ainda que a recombinação é um evento comum na família

Caliciviridae e em especial em vírus de RNA de fita simples, que é o caso dos NoVs,

assim novas cepas deste vírus estão sempre aparecendo 85. Desta forma a

genotipagem de NoV a partir de sequências parciais da proteína do capsídeo (VP1)

ou RNA polimerase dependente de RNA não são recomendadas, uma vez que há

alta taxa de recombinação nesta região, na junção ORF1-ORF2 86.

Neste estudo, à análise filogenética baseada no alinhamento das

sequências da VP1 dos isolados de rato permitiu agrupar todas as sequências em

um novo genótipo dentro do genogrupo V. O que foi consistente com relatos prévios

3, 65, 66. Neste caso sugere-se que o NoV de rato possa compreender um novo

genótipo dentro do genogrupo V, denominado de GV.II.

Uma vez determinada a prevalência molecular de NoV de rato, nosso

objetivo foi determinar também a prevalência sorológica. Através do isolamento do

vírus em células RAW 264.7, foi possível a implantação da técnica de IFI para

avaliação da prevalência sorológica deste vírus nas colônias de rato do Brasil. Para

isso, foram avaliadas noventa e seis amostras de soro, provenientes de diferentes

biotérios brasileiros, destas doze apresentaram-se positivas, indicando uma

prevalência de 11,45%. Embora a reação de IFI para NoV de rato tenha se mostrado

específica, ela apresenta uma desvantagem, que é a necessidade de um técnico

altamente treinado para fazer a interpretação dos resultados 87.

Estudos de prevalência de NoV em camundongos também foram

realizados pela técnica de Imunofluorescência Indireta. Um deles realizado em

animais de laboratório na América do Norte demonstrou uma prevalência de 22,1%,

indicando MNV, como o patógeno mais prevalente encontrado em colônias de

camundongos utilizados em pesquisa biomédica 37. Neste contexto, uma vez que

MNV é altamente prevalente em colônias de camundongo 37,40,41 e que muitos

estudos já demonstraram que o vírus pode impactar em resultados experimentais

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69

35,88,89,90, foi imprescindível que este vírus fizesse parte de programas regulares de

monitoramento sanitário.

Com o intuito de identificar a proteína viral e determinar a especificidade

dos anticorpos com a proteína do capsídeo, uma eletroforese de poliacrilamida

seguida de um Western Blotting foram padronizadas. Para isso, cinco amostras de

sobrenadante de célula positivas no semi nested RT-PCR, foram utilizadas como

antígeno e testadas com soros de rato positivos na reação de IFI. Como resultado,

uma banda com tamanho aproximado de 60kDa foi identificada, sugerindo que

pudesse ser uma proteína pertencente ao capsídeo dos norovírus.

Em um estudo prévio realizado em 2005 com soros de rato positivos nas

reações de IFI e MFIA, uma banda em torno de 59kDa foi identificada e considerada

específica uma vez que a mesma membrana também foi testada em amostras de

soro de camundongos experimentalmente infectados com MNV 37. Este resultado

sugere que este novo NoV pode fazer infecção natural em ratos e esta pode ser

produtiva, com soro conversão efetiva nestes animais.

Embora este estudo, tenha sido muito importante na caracterização deste

vírus, ainda não está claro qual o impacto que ele pode causar nas colônias de rato.

Assim, estudos futuros serão necessários para entender melhor a patogênese deste

virus e o impacto que ele pode causar em pesquisas que utilizam ratos como modelo

experimental.

Outro fato que deve ser salientado é que, uma vez que este vírus está

circulando nas colônias de rato, métodos para descontaminação destes animais

precisam ser avaliados e implantados, pois, embora o vírus esteja presente em

maior proporção em biotérios convencionais, biotérios de produção com sitemas de

barreira SPF, também podem ser contaminados.

Isto se deve provavelmente ao fato de que NoV é um vírus estável e muito

pequeno que pode se disseminar facilmente mesmo em condições ambientais

desfavoráveis 35. Neste caso nós sugerimos que a descontaminação destas colônias

possam ser realizadas através de histerectomia ou transferência de embriões 91

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embora existam relatos, de que mesmo estas técnicas precisam ser realizadas mais

de uma vez para promover a total descontaminação da linhagem 92.

Atualmente, a Federação Européia de Animais de Laboratório (FELASA)

93 não recomenda uma rotina de monitoramento sanitário para NoV de rato, uma vez

que a prevalência deste vírus nunca tinha sido demonstrada em ratos de laboratório.

No entanto, com base em nossos resultados, NoV de rato deveria ser incluído em

todos os programas de monitoramento de saúde animal.

Em conclusão, este é o primeiro relato do isolamento de NoV de rato in

vivo e da identificação molecular deste vírus em amostras de fezes de ratos de

laboratório (Rattus norvegicus) no Brasil através do desenvolvimento de uma semi-

nested RT-PCR. Além disso, evidenciamos a prevalência deste agente viral em

colônias de ratos de biotérios brasileiros, pois até o momento havia sido descrito

apenas em outras espécies (Rattus rattus e Apodemus speciosus) 66.

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6. Conclusões

Este é o primeiro relato do isolamento de NoV de rato em cultura

celular;

Este isolado de cultura celular resultou no depósito da cepa

brasileira no GenBank sob o n° de acesso KU169124;

Nós desenvolvemos uma semi-nested RT-PCR sensível, capaz

de detectar de maneira eficiente NoV em amostras de fezes de rato, bem

como determinamos a prevalência molecular de NoV de rato em biotérios

brasileiros mantidos sob sistema de barreiras sanitárias ou convencionais;

Implantamos a reação sorológica de IFI como uma alternativa

eficiente na detecção de NoV de rato, bem como determinamos a prevalência

sorológica do vírus;

Baseado na análise filogenética dos isolados nós sugerimos que

Norovírus do rato seja classificado no GV como um novo genótipo, chamado

GV.II;

Devido à prevalência do vírus, sugerimos a inserção deste

agente na lista de exclusão da FELASA (Federação Européia de Animais de

Laboratório).

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