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IMPRESSO ESPECIAL 1.74.18.2252-9-DR/SPI Unicamp CORREIOS FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT www.unicamp.br/ju ornal U ni camp da Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012 - ANO XXVI - Nº 533 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA J Um conversor para a energia eólica Arranjo de Radamés é objeto de estudo Aprimorando o ‘novo’ etanol Leite desnatado tem pouca ‘gordura boa’, aponta pesquisa Página 9 Falta de segurança é ameaça a artistas circenses Página 9 Foto: Antonio Scarpinetti Foto: Antoninho Perri Foto: Reprodução Imagem: sxc.hu Página 3 Página 4 Página 12 P arat y está aqui O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Artes e Ciências (Lepac), ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), vem desenvolvendo projetos sociais, de educação ambiental e de compensação de carbono, entre outros, no município de Paraty (RJ). O Lepac é coordenado pelo professor Carlos Fernando Salgueirosa Andrade, do Instituto de Biologia (IB). Páginas 5 a 7

JU533

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Jornal da Unicamp, edição 533, 30 de julho de 2012.

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Page 1: JU533

IMPRESSO ESPECIAL1.74.18.2252-9-DR/SPI

UnicampCORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADOPODE SER ABERTO PELA ECTwww.unicamp.br/ju

ornal UnicampdaCampinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012 - ANO XXVI - Nº 533 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

J

Um conversor paraa energia eólica

Arranjo de Radamés é objeto de estudo

Aprimorando o‘novo’ etanol

Leite desnatado tem pouca ‘gordura boa’, aponta pesquisaPágina 9

Falta de segurançaé ameaça a artistas circensesPágina 9

Foto: Antonio Scarpinetti

Foto: Antoninho Perri Foto: ReproduçãoImagem: sxc.hu

Página 3 Página 4 Página 12

Paratyestá aqui

O Laboratório de Estudos e Pesquisas em Artes e Ciências (Lepac),ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), vem desenvolvendo projetos sociais, de educaçãoambiental e de compensação de carbono, entre outros, no município de Paraty (RJ). O Lepac é coordenado pelo professor Carlos Fernando Salgueirosa Andrade, do Instituto de Biologia (IB). Páginas 5 a 7

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Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 20122

UNICAMP – Universidade Estadual de CampinasReitor Fernando Ferreira CostaCoordenador-Geral Edgar Salvadori De DeccaPró-reitor de Desenvolvimento Universitário Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da SilvaPró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários João Frederico da Costa Azevedo MeyerPró-reitor de Pesquisa Ronaldo Aloise PilliPró-reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita NetoPró-reitor de Graduação Marcelo KnobelChefe de Gabinete José Ranali

Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zefe-rino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju. E-mail [email protected]. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Coordenador de imprensa Eustáquio Gomes Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab ([email protected]) Chefi a de reportagem Raquel do Carmo Santos ([email protected]) Reportagem Carmo Gallo Netto, Isabel Gardenal, Luiz Sugimoto, Maria Alice da Cruz, Manuel Alves Filho, Patricia Lauretti e Silvio Anunciação Editor de fotografi a Antoninho Perri Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Coordenador de Arte Luis Paulo Silva Editoração Joaquim Daldin Miguel Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Patrícia Lauretti e Jaqueline Lopes Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon Everaldo Silva Impressão Pigma Gráfi ca e Editora Ltda: (011) 4223-5911 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3327-0894. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju

Quarteto intercontinental discute estratégia para

segurança energéticaCEAv participa de workshop que reúne “think tanks” de quatro continentes

JOSÉ AUGUSTO GUILHON ALBUQUERQUE

Para contribuir em uma iniciativa que seus organizadores consideram um “qua-drílogo” estratégico, o GIBSA – sigla para Alemanha, Índia, Brasil e África do Sul em inglês – fui convidado, como representan-te do Grupo de Estudos Brasil-China do CEAv, para expor sobre a participação da América do Sul nas questões de impacto sobre a ordem internacional, com o tema “América do Sul, criadora de caso ou que-bra-galho?”. O workshop reuniu, nos dias 26 e 27 de junho, no Rio de Janeiro , espe-cialistas da Fundação Hanns Seidel, filiada ao Partido Social Cristão da Bavária, prin-cipal financiadora do projeto; do Institute of Peace and Conflict Studies, da Índia; do Institute for Security Studies, da África do Sul, e do Centro Brasileiro de Relações In-ternacionais, um “think tank” fundado por ex-diplomatas brasileiros.

As discussões envolveram desde temas mais abrangentes, como os limites para con-ciliar as agendas internacionais entre múlti-plos países interessados, ou como o histórico de atuação dos países incluídos no GIBSA nas discussões sobre mudança climática, até análises comparativas sobre o contexto da se-gurança energética nos países do quarteto e o lugar da geopolítica de energia em um mun-do sustentável.

Um aspecto controverso, que motivou o debate no workshop, foi o da enorme dis-crepância entre as expectativas criadas nas discussões sobre meio ambiente e mudan-ças climáticas – que envolvem uma verda-deira revolução nos costumes, e não ape-nas decisões governamentais – e a natureza do processo negociador, que é limitado a pequenos avanços, alcançados por consen-so. Outro foi a impossibilidade prática de conciliar todas as posições, uma vez que as partes são muito numerosas e as diferen-ças de perspectivas são gigantescas, o que sugeriria, como melhor opção, a busca de acordos limitados entre pequenos “clubes” com visões convergentes.

As discussões comparativas mostraram muitas disparidades entre os GIBSAs, e não apenas em termos de dimensões territoriais, de população e de estágio da economia. A Alemanha, mais rica e detentora do melhor desempenho em inovação tecnológica, é totalmente dependente em petróleo, prin-cipalmente da Rússia, um fornecedor nem sempre confiável, que não percebe a questão energética como um problema de seguran-ça, mas sim de comércio. Por outro lado, é o país que mais avançou na transição para uma matriz energética menos agressiva ao meio ambiente e mais apoiada em recursos renováveis.

O Brasil, por sua vez, é o menos sujeito a insegurança energética, por causa de seu imenso potencial hídrico, combinado com alta eficiência na produção e conversão de biomassa em diversas formas de energia. Por outro lado, o país apresenta níveis alarman-tes de ineficiência e de desperdício.

Outro aspecto comparativo importante levantado foi a divergência geográfica entre produção e consumo de energia. O consumo de petróleo, que é o núcleo definidor da ma-triz energética global, concentra-se pratica-mente no hemisfério Norte, predominante-mente na América Setentrional e na Europa Ocidental, enquanto a produção se distribui sobretudo em áreas de consumo muito infe-rior, como a Ásia, o Oriente Médio, a África e a América do Sul (Venezuela), geralmente regiões pouco estáveis politicamente.

Esse quadro geopolítico está mudando rapidamente, na medida em que o consumo fora do eixo do Atlântico Norte está cres-cendo de maneira exponencial, graças ao que se convencionou chamar de Sécu-lo da Ásia. Por outro lado, a América do Sul apresenta hoje o maior poten-cial de crescimento da oferta de pe-tróleo, graças inclusive às promes-sas do pré-sal, pois apresenta a melhor relação entre produção e reservas, isto é, as reservas são desproporcionalmente maiores do que a produção atual.

Um fato novo, nessa distribuição geo-política de produção e consumo, é o rápido crescimento da importação de petróleo sul-americano pela Ásia – leia-se da Venezuela e do Brasil para a China. Caso continue se desenvolvendo, esse processo diminuiria a insegurança chinesa com relação à instabi-lidade política de seus maiores fornecedores – o Oriente Médio. Curiosamente, se assim for, o aumento da dependência brasileira de exportações de commodities para a China poderia tornar-se um elemento de alavanca-gem dos interesses brasileiros nas suas rela-ções econômicas com aquele país.

Essa vantagem comparativa do Brasil esbarra, entretanto, em suas desvantagens competitivas. Como poderia o país, sem drásticas mudanças em seu processo pouco consistente de decisão estratégica e sem au-mentar a eficiência da gestão pública de sua infraestrutura, hoje incompatível com sua participação na economia global? Os obs-táculos a serem superados para tornar a in-fraestrutura de transportes e portuária mais eficiente, e para equipar a indústria para a produção dos três milhões de barris diários de seu potencial estimado, são imensos.

Se vier a superar esses obstáculos, o Brasil poderá liderar, na

América do Sul, a tran-sição para uma matriz energética mais limpa e menos instável politica-mente, porque tem um setor bem desenvolvido de energia de fontes re-nováveis, e um enorme potencial de petróleo.

José Augusto Guilhon Albuquerque, filósofo

e cientistas político, é fellow do Centro de

Estudos Avançados (CEAv) da Unicamp

Foto: Everaldo Luís Silva

Imagem

: sxc

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ARTIGOARTIGO

Plataforma em águas brasileiras: país tem enorme potencial de petróleo

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MANUEL ALVES [email protected]

3Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012

Tese de doutoramento de Sarita Cândida Rabelo, intitulada “Avaliação e otimização de pré-tratamentos e hidrólise enzimática para a produção de etanol de segunda geração”, de-fendida na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, analisou os desafios e perspectivas da produção de etanol de segun-da geração no Brasil, aprofundando as avalia-ções de uma solução inovadora proposta no seu mestrado para a etapa do pré-tratamento. O estudo, orientado pelos professores Aline Carvalho da Costa e Rubens Maciel Filho, buscou aprimorar as etapas do processo pro-dutivo, através do emprego de novas tecnolo-gias. “No trabalho, nós utilizamos o conceito de biorrefinaria, cuja proposta é aproveitar os resíduos gerados pela produção do etanol ce-lulósico para a fabricação de outros produtos, como o biogás”, explica a autora, que contou com bolsa de estudo concedida pela Funda-ção de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A pesquisa de Sarita Rabelo recebeu o Prêmio Capes de Tese 2011 na área de Engenharias II.

No trabalho, Sarita Rabelo analisou três etapas da produção do etanol de segunda geração, aquele obtido a partir do bagaço de cana (biomassa): pré-tratamento, hidrólise enzimática e fermentação. Na primeira, Sari-ta Rabelo empregou o peróxido de hidrogênio alcalino e o hidróxido de cálcio para o pré-tratamento do bagaço. “Ambos os reagentes apresentaram bom desempenho, possibili-tando a liberação de açúcares fermentescíveis [fermentáveis] a partir do bagaço de cana. Desta forma, foi possível produzir em torno de 240 a 250 litros de etanol por tonelada de biomassa, após as etapas de hidrólise e fer-mentação”, informa a professora Aline Car-valho da Costa. Em relação à segunda fase, Sarita Rabelo otimizou a carga enzimática e avaliou o impacto do aumento na concentra-ção de sólidos. Na terceira, aperfeiçoou a fer-mentação dos licores resultantes da hidrólise. Estes estudos foram necessários para estabe-lecer as condições de processo.

O passo seguinte foi produzir o biogás a partir dos resíduos obtidos durante o proces-so. Para tanto, a lignina, uma macromolécula oriunda do bagaço, liberada no processo de pré-tratamento, foi recuperada. A etapa de produção de biogás foi realizada pela autora da tese na França, no Institut National de la Recherche Agronomique (INRA). “Essa par-ceria com os pesquisadores franceses, através de um projeto conjunto INRA/Fapesp, foi importante, visto que o conceito que per-meou o estudo foi o do aproveitamento de todas as frações do bagaço de cana e, de um forma geral, de resíduos agrícolas. O objeti-vo é aproveitar ao máximo a matéria-prima e subprodutos, transformando-os em produtos úteis e de valor agregado. Com o etanol de segunda geração, este conceito é fundamen-tal para o sucesso do processo. Há vários pro-dutos que podem ser obtidos a partir dele”, explica a professora Aline Carvalho da Costa.

De acordo com a docente da FEQ, o etanol celulósico precisa ser competitivo se compa-rado à energia conseguida através da queima do bagaço, processo chamado de cogeração. “A tese da Sarita demonstrou que, para uma tonelada de bagaço, é possível produzir uma quantidade de etanol que corresponde a 33% do valor energético obtido com a queima des-sa biomassa. Isso não quer dizer, porém, que a produção do álcool seja inviável economi-camente. Em termos econômicos, pode ser melhor produzir etanol, embora ele propor-cione menos energia em termos absolutos. Se considerarmos o aproveitamento de todos os resíduos gerados pelo processo, é possível atingir uma recuperação de energia da ordem de 65%, como demonstraram os testes reali-zados. Esta recuperação pode ser ainda maior se a vinhaça, outro dos subprodutos, também for usada para produzir biogás”, detalha a professora Aline Carvalho da Costa.

Segundo a professora, um ponto impor-tante a ser considerado em relação à produ-ção comercial do etanol de segunda geração é o preço. “Tecnicamente, nós já somos ca-pazes de produzir o combustível em escala laboratorial. Agora, precisamos avançar em

Vem aí a 2ª geração Pesquisadores da FEQ aprimoram as etapas de produção do “novo” biocombustíveldo etanol

direção à escala piloto e, poste-riormente, à industrial. O desa-fio é atingir esses objetivos com preços viáveis e mantendo os vo-lumes já alcançados”, considera a docente da FEQ. Na opinião do professor Rubens Maciel, no campo científico os entraves a serem superados estão relacio-nados justamente com algumas melhorias na metodologia de produção. O desenvolvimento de processos para a produção de etanol de segunda geração, afir-ma, envolvem etapas que pre-cisam ser otimizadas de forma integrada, para que haja rentabi-lidade econômica, atendendo aos conceitos de sustentabilidade.

Por isso, afirma o docente da FEQ, o conceito de biorrefinaria é importante. “Temos que pensar em todas as etapas do processo produtivo, desde a produção da matéria-prima até o uso de todas as frações do material lignocelulósico, incluin-do a integração energética e consumo de água e reagentes. O desenvolvimento de processos para o etanol de segunda geração gera uma oportunidade de pesquisa e de modelo de ne-gócio que aumentará a competitividade do eta-nol de primeira geração. Assim, deve-se pen-sar de forma integrada para a produção deste biocombustível e de outros produtos de valor agregado. Estes podem ser produzidos a partir do bagaço de cana, em um conceito similar ao que é feito com o uso do petróleo, onde outros produtos químicos são gerados além dos com-bustíveis normalmente utilizados (gasolina, óleo diesel, GLP)”, comenta o professor.

Para Rubens Maciel Filho, se existe um país que reúne condições favoráveis para a produção em larga escala do etanol de se-gunda geração, este é o Brasil. “O processo de produção do etanol de primeira geração está bem consolidado no país. Então, se nós resolvermos os desafios tecnológicos já mencionados, nós aumentaremos substan-cialmente a produção do biocombustível, sem a necessidade de ampliarmos a área plantada de cana-de-açúcar. Nenhum outro lugar no mundo apresenta essas vantagens, uma vez que o acoplamento dos processos de produção do etanol, de primeira e segun-da gerações, traz vantagens competitivas significantes. Então, reforçando, se existe um local onde o etanol celulósico pode vir a ser comercial, esse local é o Brasil”, defende.

Conforme o docente, se os obstáculos apontados forem de fato superados, deve ser possível obter entre 30 a 40 litros de álcool a mais por hectare de cana plantado. “Isso significa que o etanol de segunda geração apresenta potencial e perspectivas para ser, sim, economicamente viável e sustentável”. Àqueles que dizem que o processo de produ-ção desse “novo” combustível é muito caro, Rubens Maciel responde com uma analogia. De acordo com ele, se alguém dissesse, há 50 anos, que o petróleo seria extraído da forma como é nos dias que correm, provavelmente todos considerariam que a empreitada seria inviável. “No que se refere ao petróleo, anti-

gamente nós empregávamos uma quantidade de energia para recuperar 100. Hoje, empre-gamos uma para recuperar dez. Ora, nessa proporção de um para 10 o etanol já pode ser considerado competitivo”, analisa Rubens Maciel, acrescentando que a produção de ál-cool combustível contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, visto que a cana utiliza o dióxido de carbono (CO2) para poder se desenvolver.

Questionado sobre quando as primeiras plantas pilotos poderiam entrar em operação no Brasil para testar a produção do etanol de segunda geração em escala ampliada, e assim permitir uma análise econômica mais preci-sa, o coorientador da tese diz que isso deve acontecer dentro de 18 a 24 meses. Rubens Maciel lembra que o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), onde Sarita Rabelo trabalha atualmente e onde ele e a professora Aline Carvalho da Costa atuam como pesquisadores de labo-ratório associados, já conta com esse tipo de estrutura, que está em fase de homologação. “Quando a unidade entrar efetivamente em operação, nós teremos como avaliar as várias rotas de produção do etanol de segunda gera-ção, o que nos permitirá discriminar aquelas mais viáveis economicamente”, adianta.

Instalado em Campinas, o CTBE desen-volve cinco programas de pesquisa voltados às áreas agrícolas, industrial, avaliação tec-nológica, sustentabilidade e ciência básica. São aproximadamente 85 profissionais, en-tre biólogos, físicos, químicos, engenheiros e técnicos, que vêm trabalhando com diferen-tes temas relacionados ao etanol, inclusive o de segunda geração, em colaboração com universidades e institutos de pesquisa, entre eles a Unicamp. O Programa de Avaliação Tecnológica, por exemplo, elaborou uma es-tratégia de mensuração do sucesso dos seus desenvolvimentos tecnológicos. Para isso, o Centro construiu uma plataforma de simu-lação computacional, chamada Biorrefinaria

Sarita Rabelo, autora da tese: bagaço de cana serve de matéria-prima para a produção do álcool de segunda geração

Os professores Rubens Maciel e Aline Carvalho da Costa, orientadores da pesquisa: trabalhando para viabilizar a produção do etanol celulósico

Virtual de Cana-de-açúcar (BVC), capaz de avaliar a integração de novas tecnologias em toda a cadeia produtiva da cana/etanol.

A professora Aline Carvalho da Costa as-sinala que o etanol de segunda geração tem a mesma qualidade e valor energético do que o de primeira geração. “Ambos são a mesma molécula. Se analisarmos os dois quimica-mente, vamos ver que é impossível determi-nar qual veio da fermentação do caldo da cana e qual veio do hidrolisado do bagaço”, garan-te. Em relação ao biogás que pode ser obtido a partir do aproveitamento dos resíduos, a autora da tese considera que ele pode vir a ser aproveitado pelas próprias usinas sucroalcoo-leiras para movimentar seus equipamentos, no lugar da energia proporcionada pela quei-ma do bagaço. “O eventual excedente pode ser vendido para a concessionária de energia”, diz Sarita Rabelo. Segundo a orientadora do trabalho, o biogás é similar ao gás natural. “É um combustível que tem uma série de apli-cações, inclusive para abastecer veículos. Na França, o produto é usado para movimentar os ônibus que operam no sistema de trans-porte público”, informa.

Tão importante quanto contribuir para o desenvolvimento de novos conhecimentos e tecnologias, pesquisas como a voltada à produção do etanol de segunda geração são fundamentais para o treinamento e formação dos alunos de pós-graduação da FEQ, como enfatizam Rubens Maciel e Aline Carvalho da Costa. “A formação de recursos humanos qualificados é a nossa principal missão. Nes-se sentido, temos tido bastante sucesso. Nos-sos alunos não estão encontrando dificulda-des para arranjar boas colocações no mercado de trabalho”, destacam os professores.

PublicaçõesRABELO, S.C.; CARRERE, H.; MA-

CIEL FILHO, R.; COSTA, A.C. Produc-tion of bioethanol, methane and heat from sugarcane bagasse in a biorefinery concept. Bioresource Technology, v. 102, p. 7887-7895, 2011.

RABELO, S.C.; AMEZQUITA FON-SECA, N.A.; ANDRADE, R.R.; MACIEL FILHO, R.; COSTA, A.C. Ethanol pro-duction from enzymatic hydrolysis of su-garcane bagasse pretreated with lime and alkaline hydrogen peroxide. Biomass & Bioenergy, p. 2600-2607, 2011.

FUENTES, L.L.G.; RABELO, S.C.; MACIEL FILHO, R.; COSTA, A.C. Kine-tics of Lime Pretreatment of Sugarcane Bagasse to Enhance Enzymatic Hydroly-sis. Applied Biochemistry and Biotechno-logy, v. 163, p. 612-625, 2011.

PatenteRABELO, S.C.; MACIEL FILHO, R.;

COSTA, A.C. Processo de pré-tratamento e hidrólise de biomassa vegetal lignocelu-lósica e produto para a produção indus-trial de álcoois. 2008. PI0802559-2 A2

Fotos: Antoninho Perri

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O

Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho (sentado, à esq.), autor da tese, e o professor Ernesto Ruppert Filho (à dir.), orientador: tecnologia nova

PublicaçãoTese: “Controle de potências ativa e reativa de gera-dores de indução trifásicos de rotor bobinado para aplicação em geração eólica com a utilização de con-troladores baseados no modelo matemático dinâmi-co do gerador”Autor: Alfeu Joãozinho Sguarezi FilhoOrientador: Ernesto Ruppert FilhoUnidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)

Dados coletados por Alfeu Sguarezi até a apre-sentação de sua tese de doutorado, em novembro de 2010, dão conta de que a Associação Europeia de Energia Eólica havia estabelecido como metas a ins-talação de 4.000 MW de energia eólica na Europa até o ano 2000 e de 11.500 MW até 2005. Tais me-tas foram cumpridas em 1996 e 2001, respectiva-mente, sendo que para 2010 ela era de 40.000 MW. Na época, o parque eólico existente nos Estados Unidos era da ordem de 4.600 MW, com um cres-cimento anual em torno de 10%. Já o parque eólico instalado no mundo era de 31.234 MW, havendo a expectativa de uma capacidade instalada de mais de 1.200 GW em 2020, ou seja, de que 12% da energia gerada no planeta venham do vento.

No Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, elaborado pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), a capacidade total estimada do país é de gerar 143,5 GW: 75 GW na região Nordeste; 29,7 GW no Sudes-te; 22,8 GW no Sul; 12,8 GW no Norte; e 3,1 GW no Centro-Oeste. Segundo Sguarezi, em novembro de 2010 existiam 46 centrais em operação, com ca-pacidade instalada de 840 MW, sendo que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tinha aprovado mais 82 empreendimentos eólicos cujas construções não haviam sido iniciadas e que agregariam ao siste-ma elétrico nacional cerca de 2.730 MW. A meta esta-belecida pelo governo é de 10 GW para 2020, suprin-do 6,7% das necessidades energéticas brasileiras.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeó-lica) coloca o Brasil entre os quatros países que mais crescem no setor – perdendo apenas para China, Es-tados Unidos e Índia – e estima que, em 2015, já será o 10º produtor de energia eólica no mundo. O Atlas Brasileiro não apresenta avaliações sobre a poten-cialidade energética dos ventos na plataforma conti-nental no nosso litoral (7.367 km), nem considera os avanços nas tecnologias offshore proporcionados pela prospecção de petróleo e gás natural no oceano, onde se verifica constância dos regimes de vento.

Tanto otimismo trazido pelos ventos se deve em boa parte ao Programa de Incentivo às Fontes Alter-nativas (Proinfa), que está atraindo o interesse da ini-ciativa privada para o setor elétrico brasileiro. Criado pelo Governo Federal em abril de 2002, com o objeti-vo de ampliar a participação das fontes alternativas na matriz elétrica, o Proinfa prevê, numa primeira fase, a instalação de 3.300 MW de potência no sistema inter-ligado: 1.423 MW de usinas eólicas, 1.192 MW de pe-quenas centrais hidrelétricas e 685 MW de biomassa.

TODOS OS PRÓS (E CONTRAS)

De acordo com Ernesto Ru-ppert Filho, nos seminários que

tem frequentado, as autoridades do Ministério das Minas e Energia desta-cam que a expansão da geração eólica é uma decisão já tomada pelo governo. “Nossos recursos hidráulicos ainda são razoáveis, mas vão acabar, mesmo que já estejamos aproveitando pequenas que-das e usinas de fio d’água (na superfí-cie). Uma importante energia do futuro é a eólica, até porque temos muito ven-to. Há cada vez mais concorrências, com investimentos do setor privado e a pos-sibilidade de ligação com as concessio-nárias. Parques eólicos estarão por to-dos os lugares e já temos grandes áreas no Nordeste, inclusive com a possibili-dade de avançar para o mar (offshore).”

Em um dos capítulos da tese, Sguare-zi observa que a energia produzida pelo vento é considerada tecnicamente apro-veitável quando sua densidade é igual ou maior a 500 watts por metro quadrado, a uma altura de 50 metros, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. No Nordeste, por exemplo, a veloci-dade fica acima de 10 m/s. “Mas também não é uma questão de quanto mais vento melhor, pois se densidade e velocidade foram muito grandes, será preciso desli-gar o sistema para não danificá-lo”.

O autor da pesquisa enumera outras vantagens da geração eólica, como o fato de as turbinas não necessitarem de água para produção de energia elétrica, o que possibilita sua instalação em re-giões secas. “O regime de vento é com-plementar ao regime hidrológico, espe-cificamente no Nordeste. Além disso, com menos chuva, há mais vento. Mais um detalhe é que à noite venta mais, podendo haver outra complementari-dade, então com a energia do sol.”

O pesquisador considera ainda o tem-po reduzido para construção do parque eólico, a construção modular que facilita sua expansão, a possibilidade de usar o terreno para agricultura ou pecuária e a não emissão de gases poluentes que ge-ram efeito estufa. Mas também aponta desvantagens, como a necessidade de grandes áreas devido à baixa densidade de energia contida nos ventos, as intensi-dades variáveis e intermitentes, a polui-ção visual, o ruído da rotação das pás e o alto custo inicial de implantação.

A energia eólica no Brasil e no mundo

A favor do ventoFEEC desenvolve metodologia de controle de conversores eletrônicos para geradores eólicos

PATENTE E PUBLICAÇÕESA tese de doutorado está disponível na Biblioteca

Digital da Universidade, ao passo que o dispositivo controlador de potência com o sistema de comuni-cação sem fio já teve um pedido de patente subme-tido ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) pela Inova – Agência de Inovação da Unicamp. O trabalho mereceu dois artigos na revista IEEE Tran-sactions on Sustainable Energy (do Institute of Elec-trical and Electronics Engineer), e outro na Electric

Power Components and Systems. Tam-bém foi capítulo do livro “Wind

Energy Management”.

LUIZ [email protected]

desenvolvimento de uma metodologia de con-trole de conversores eletrônicos para gerado-res eólicos, na Faculdade de Engenharia Elé-

trica e de Computação (FEEC) da Unicamp, conquistou menção honrosa no Prêmio Capes

de Teses 2011 anunciado neste mês, na área de Enge-nharias IV. O trabalho de Alfeu Joãozinho Sguarezi Fi-lho, orientado pelo professor Ernesto Ruppert Filho, surge num momento de grande incentivo à geração eólica por parte do governo brasileiro. E no momen-to, também, em que a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) já coloca o Brasil entre os quatros países que mais crescem no setor, perdendo somente para China, Estados Unidos e Índia.

“As concessionárias de energia elétrica desejam que geradores independentes usando fontes limpas, como a eólica e a fotovoltaica, sejam ligados à rede, mas desde que o sistema apresente um controle de potência. Isso significa que não se deve gerar apenas potência ativa, mas também potência reativa, contri-buindo para o controle da tensão dentro dos limites corretos”, afir-ma Ernesto Ruppert Filho. “Hoje, a maioria dos geradores eólicos que estão ligados à rede elétrica gera somente potência ativa. É onde entra este trabalho premiado pela Ca-pes, que chega na hora certa.”

O professor da FEEC explica que enquan-to a potência ativa é enviada pela rede elétrica para ser consumida em cargas industriais, comer-ciais, públicas e residenciais, a potência reativa é trocada entre os equipamentos como motores, gera-dores, transformadores, linhas e cargas com o sistema elétrico gerador, transmissor e distribuidor de energia elétrica, que são dotados de componentes que con-trolam o nível de tensão no sistema. “As pás da héli-ce acionam a turbina que faz funcionar o gerador, mas elas giram de acordo com a velocidade e densidade do vento, que é intermitente. É preciso condicionar esta velocidade, produzindo uma tensão de amplitude e fre-quência adequadas nos terminais do gerador. O con-versor desenvolvido serve para controlar essa tensão – que também tem frequência variável – e a potência que o gerador envia para a rede.”

Alfeu Sguarezi propõe na tese o uso de três tipos de controladores de potências ativa e reativa do cha-mado gerador de indução trifásico com rotor bobina-do (GIRB) para uso em parques eólicos. “Trata-se de uma tecnologia nova. A maioria dos parques brasilei-ros possui geradores síncronos, que apresentam de-ficiências. Meu trabalho contribui para a consolidação do sistema com o GIRB e traz vantagens em relação a outros tipos de geradores. Países como Dinamarca, Estados Unidos e Alemanha já adotam os converso-res. Aqui, só agora algumas empresas tentam instalar o GIRB, mas recorrendo a tecnologia diferente, que pode ter desempenho pior.”

Não faz parte da tese, mas Alfeu Sguarezi, atu-almente docente da Universidade Federal do ABC, está às voltas com outra pesquisa em que busca inte-grar o controle de potência do gerador eólico com a eletrônica das redes de comunicação sem fio aplica-das a redes inteligentes (smart grids), novidade que alguns países começam a implantar. “Com as redes inteligentes é preciso haver uma integração das di-versas fontes de energia. Juntamente com os pro-fessores Carlos Capovilla e Ivan Casella, da UFABC, procuramos viabilizar uma conexão de alto desempe-nho entre o gerador e o elo final das redes inteligen-tes. A ideia é otimizar o uso dos recursos energéticos conforme as necessidades de momento, como por exemplo, controlando a potência reativa.”

Foto: Everaldo Luís Silva

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5Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012

ciência e preservação a

ParatyExtensão da Unicamp leva

Compensação de carbono, reflorestamento, educação ambiental e projetos sociais e sustentáveis do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Artes e Ciências (Lepac), ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), colaboram para o desenvolvimento e a conservação de município fluminense

A vista mais privilegiada do Vale do Cabral, situado a oeste do Estado do Rio de Janeiro, certamente é a que se tem da janela de Domingos Ramos dos Santos, 72 anos – o calejado ‘seo’ Domingos. De sua casa, no alto da monta-nha, vislumbra-se em profundidade a bela baía de Paraty, que em toda a sua extensão possui cerca de 50 praias. De lá, contempla-se mata atlântica nativa por todo o lado. A exceção é uma área de 200 hectares pertencente ao Qui-lombo do Cabral, comunidade de aproximadamente 400 pessoas que tem, na figura de ‘seo’ Domingos, o líder e patriarca. “Filhos são dez. Agora, os netos, eu tenho que pegar a calculadora”, brinca, aos risos.

É nesta área que o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Artes e Ciências (Lepac) da Unicamp ambiciona im-plantar corredores ecológicos para recuperar o local, além de desenvolver um projeto agroflorestal sustentável e par-ticipativo para os quilombolas. Os recursos viriam da ini-ciativa pioneira Carbono Compensado, desenvolvido pelo laboratório da Unicamp instalado no município de Paraty.

A compensação de carbono é uma das principais al-ternativas para diminuir o efeito estufa, que tem sido relacionado nos últimos anos às emissões de poluentes, entre os quais o dióxido de carbono (CO²). Pousadas, embarcações, empresas, indústrias e demais estabele-cimentos do município podem compensar o carbono aderindo ao programa da Unicamp, que faz o cálculo das emissões, organiza o plantio de árvores e certifica os parceiros.

“A proposta é criar corredores biológicos no Quilom-bo do Cabral, a mais tradicional e maior área degradada do município. Identificamos fragmentos de mata atlân-tica que não estão ligados entre si. Faríamos, então, o plantio de árvores nesta área. E, próximo às casas dos quilombolas, a ideia é desenvolver um sistema agroflo-restal, com o plantio de árvores e plantas que interessem à comunidade, como banana, mandioca, açaí e pupunha. Queremos, evidentemente, que os quilombolas se en-volvam. Estamos, no momento, buscando financiamento

de empresas parceiras que podem compensar suas emissões parti-cipando do programa”, explica o coordenador do Lepac, Carlos Fer-

nando Salgueirosa Andrade, biólogo e docente do Insti-tuto de Biologia (IB) da Unicamp.

Em longo prazo, a recuperação do local, com quase 50% de sua área degradada, deve envolver o plantio de aproximadamente 140 mil árvores, calcula o professor. “Mas não pretendemos somente plantar árvores. Trata-se de um conjunto de operações para recuperar arboria-mente as áreas degradadas do Quilombo do Cabral. Para cada árvore plantada, nós temos que fazer um acompa-nhamento por três anos para consolidar o plantio. Temos que acompanhar o vigor delas e fazer o controle de pra-gas. Outra técnica é apoiar o desenvolvimento de novas plantas que já estão nascendo”, explica.

O projeto do Lepac para o Quilombo do Cabral conta com as parcerias do Instituto Chico Mendes de Conserva-ção da Biodiversidade (ICMBio); da Embrapa Agrobiolo-gia, localizada no município fluminense de Seropédica; da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Paraty (Seduma); do Instituto Florestal (IF) e da em-presa Carbono Florestal, que produz mudas certificadas.

Historicamente degradado, o quilombo dista sete quilômetros da rodovia Rio-Santos, a BR-101, que liga Paraty a Angra dos Reis. Em breve, o Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve conce-der a cinco famílias locais os títulos definitivos de posse das terras, anima-se ‘seo’ Domingos. Ele tam-bém é um entusiasta do projeto do Lepac para o local. “Eu estou recebendo como um prêmio esta ideia da Unicamp. Vai melhorar muito, porque vai ‘refres-car’ o local, aumentar a água… Não temos proble-ma com água por enquan-to, mas a tendência é ter-mos ao longo do tempo. Na natureza, tudo nasce e morre devagar”.

Criança em construção típica do Quilombo do Cabral, e Domingos Ramos dos Santos na casa de farinha:

para líder comunitário, projeto da Unicamp “é um prêmio”

REFLORESTANDO O QUILOMBO

Continua nas páginas 6 e 7

SILVIO ANUNCIAÇÃ[email protected]

Fotos: Antonio Scarpinetti

O professor do IB Carlos Fernando Salgueirosa Andrade, coordenador do Lepac: corredor biológico para atenuar os efeitos da degradação

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Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 201276

envolve toda a comunidademaré estava excelente para o cama-rão, mas não era dia de pesca para o caiçara Rubens da Silva. Abati-do por uma forte gripe, Rubinho costurava calmamente sua rede

no barco “Gisele”, enquanto aguardava a che-gada de turistas para um passeio pelas ilhas de Paraty.

Apesar da “maré boa”, o caiçara, que tem mais de 25 anos de pesca, se queixa da fal-ta de peixes na costa. “Da época em que eu pescava, quando tinha 15 anos, para hoje em dia, mudou muito. Aqueles cardumes de budião, salema, sargo, esses peixes de pedra que hoje a gente só vê nos programas de televisão, tinham direto aqui. Eu não sei o que aconteceu, mas acabaram para nós... Até aquelas estrelas da pedra, se você procu-rar, vai encontrar muito pouco”, lamenta. O jeito, conforma-se Rubinho, é recorrer ao tu-rismo, que estava fraco às vésperas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que lotou a cidade com turistas de todo o mundo no início de julho.

Atento ao público que o evento interna-cional traria, o marinheiro Elton Dutra de Medeiros caprichava na limpeza do seu bar-co “RPM”, ancorado ao lado de “Gisele”. Ao contrário de Rubinho, Elton tem concentra-do suas atividades nos últimos anos muito mais no turismo do que na pesca. Ele foi o primeiro dono de embarcação turística a ade-rir ao Programa Carbono Compensado do Lepac. O marinheiro compensou as emissões do seu barco replantando 40 mudas nativas em uma área degradada de Paraty, o único município do Brasil a fazer compensação de carbono de suas embarcações.

Paraty é também cidade piloto da cam-panha global Passaporte Verde, iniciativa in-ternacional das Nações Unidas incorporada pelo governo federal para estimular o turis-mo sustentável. A campanha, que chancelou o Carbono Compensado do Lepac, visa orien-tar os turistas sobre a proteção e cuidados ao meio ambiente.

“Moramos num local com várias áreas de preservação ambiental, que é exatamen-te o que atrai o turista para cá. A primei-ra coisa que os turistas estrangeiros falam quando vêm a Paraty é que conseguimos preservar muito bem nossas matas e o con-junto arquitetônico. Além de contribuir para o meio ambiente, a Compensação do Carbono traz muita visibilidade, principal-mente para o turismo”, argumenta Elton, que é vice-presidente da Associação dos Barqueiros Particulares.

O Programa Carbono Compensado já possibilitou o plantio de 8 mil árvores no município, com a certificação de mais de uma dezena de embarcações, empresas e instituições de Paraty. “O mercado de car-bono ganhou vulto mundial com a determi-nação do Protocolo de Kyoto de que os pa-íses desenvolvidos teriam de reduzir suas emissões de gases de efeito de estufa. Os países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, não são obrigados a redu-

zir suas emissões, mas têm participado do chamado mercado voluntário”, contextua-liza o docente Carlos Andrade.

A iniciativa Carbono Compensado teve início em 2009, a partir de uma disciplina de educação ambiental do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp ministrada pelo professor Andrade no Lepac. O foco inicial do progra-ma foi o plantio de árvores às margens da BR-101, num projeto já existente no município. “A partir de 2001, com o apoio da Prefeitura e da SOS Mata Atlântica, a cooperativa de jardineiros locais e moradores voluntários começaram a realizar plantios em trechos da rodovia, de modo a criar uma faixa de pro-teção para a mata remanescente, evitando queimadas. O projeto foi coordenado pelo engenheiro agrônomo e conselheiro do Le-pac Sílvio Velloso, da empresa Flora Paraty, uma das principais parceiras nossas. A esti-mativa até o momento é que as duas iniciati-vas tenham culminado no plantio de mais de 20 mil mudas”, explica Andrade.

De acordo com ele, dados do Corpo de Bombeiros local indicam que a arborização do trecho da rodovia tem surtido efeito, di-minuindo as queimadas. Os números forne-cidos pela corporação apontam uma queda significativa – de 100 queimadas, em 2005, para 26 até o primeiro semestre deste ano. “O plantio de árvores às margens da estrada evita, pelo sombreamento, a existência do ca-pim seco, vegetação na qual o fogo encontra condições muito fáceis de se alastrar. Temos trabalhado também com a educação ambien-tal, instalando placas de conscientização para os usuários da rodovia e envolvendo alunos das escolas da região e moradores de comu-nidades adjacentes à estrada”, relata.

A Secretaria de Desenvolvimento Ur-bano e Meio Ambiente de Paraty foi uma das primeiras instituições a compensar suas emissões. Atualmente, o Lepac for-nece bolsas a estudantes e pesquisadores que desejam atuar no Programa, por meio de parceria com o Instituto Arruda Bote-lho. “Nós queremos conhecer o impacto poluidor das emissões de CO² na região e, ao mesmo tempo, oferecer uma alternativa para compensar estas emissões. E a certifi-cação é justamente o reconhecimento em forma de estímulo”, ressalta o docente.

Empresas, escritórios e até mesmo resi-dências podem aderir ao programa, infor-ma. “Nossos bolsistas obtêm informações do estabelecimento e das atividades, como consumo de energia, produção de lixo, entre outras. A partir disso, são feitos os cálculos de quanto carbono a empresa ou atividade emite anualmente, e quantas ár-vores são necessárias plantar para efetuar a compensação”, esclarece.

No momento atuam no projeto os alunos da Unicamp Vanessa Myho Makiyama, do Instituto de Artes (IA), e Thierry Marcondes e Yuri Riberti, da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Também são bolsistas os biólogos e pesquisadores Jaime Lima Roda-coski e Manoela Brazil. Os trabalhos dos bol-sistas serão apresentados no 2º Congresso Paulista de Extensão Universitária, que será realizado em agosto na cidade de São Paulo.

Compensação de carbono

Pesquisadores, docentes, estudantes, instituições e empresas interessadas em participar e apoiar os projetos e programas do Laboratório podem entrar em contato com o conselho gestor por meio do endereço http://www.preac.unicamp.br/lepac/

PARA SABER MAIS

Além das ações ambientais, o Lepac desenvolve outras atividades no município, como o Projeto Arte e Cidadania nas Ruas de Paraty. Com a participação da comunidade e da artista plástica local Adriana Cruz, foram promovidas inter-venções em bairros da periferia, com a criação de murais e pinturas em espaços públicos da cidade.

O Laboratório de Extensão da Unicamp foi criado e idea-lizado, inicialmente, como um Centro de Pesquisa em Cons-trução Naval e Artes, ligado ao Instituto de Artes (IA) da Unicamp. Seu mentor foi o professor Álvaro de Bautista, construtor naval, artista plástico e docente do IA.

A partir de 2008, o Lepac passa a se vincular à Pró-Rei-toria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac). O pré-dio do Laboratório foi cedido em comodato pelo arquiteto e empresário Tymur Klink, irmão do navegador Amir Klink. O local também abriga as sedes do Instituto para a Pesca, Diversidade e Segurança Alimentar (FIFO) e do Laboratório de Capacitação de Pescadores Artesanais (Capesca), ambos coordenados pela pesquisadora da Unicamp Alpina Begossi.

O Lepac é administrado por um conselho gestor com re-presentantes da Unicamp, da comunidade e do poder públi-co de Paraty.

LABORATÓRIO É ADMINISTRADO POR CONSELHO GESTOR

SILVIO ANUNCIAÇÃ[email protected]

ABIODIVERSIDADE Preservação é a palavra de ordem em Pa-

raty. Fundada em 1667 ao redor da Capela Nossa Senhora dos Remédios, a cidade de-tém um dos mais relevantes patrimônios arquitetônicos do país, com conjunto de ca-sarios convertido a monumento nacional em 1966. No plano ambiental, o município é re-coberto por mata atlântica primária, com rica diversidade de animais e espécies.

O pesquisador Carlos Andrade explica que a região entre Paraty e Angra dos Reis está entre as 34 hotspots de biodiversidade do mundo, eleitas pela organização Con-servation International (CI). O conceito de hotspots foi criado pelo ecólogo inglês Norman Myers para determinar as áreas prioritárias para preservação da biodiver-sidade no planeta.

“O município é preservadíssimo”, resu-me Andrade, citando a quantidade de uni-dades de conservação e áreas de proteções atuantes na cidade. “Nós temos a Área de Proteção Ambiental [APA] de Cairuçu, a Reserva Ecológica da Juatinga, o Parque Na-cional da Serra da Bocaina e o Parque Esta-dual da Serra do Mar, além de um escritório do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade”, revela.

A atuação do Lepac permitiu, segundo o docente, a conquista de assentos importan-tes no conselho de algumas destas unidades de preservação, como na APA de Cairuçu e no recém-criado Comitê da Região Hidrográ-fica da Baia de Ilha Grande. De caráter de-liberativo, o Comitê foi empossado no final de fevereiro último pelo secretário estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc. O Conselho é o nono e último criado no âmbito estadual.

LINHAS DE PESQUISAS Toda a biodiversidade existente na região

impõe o estabelecimento de áreas prioritá-rias para a pesquisa, defende o biólogo Edu-ardo Godoy, chefe da APA de Cairuçu, uma das mais atuantes unidades de conservação do município. “Vivemos num momento de correr contra o relógio para as questões ambientais. Queremos sensibilizar pesqui-sadores e estudantes de universidades para atuarem em pesquisas mais aplicadas que possam facilitar as gestões das unidades de conservação”, demanda.

“Uma atividade que se faz muito pou-co aqui, por exemplo, é o monitoramen-to da biodiversidade. Trabalhamos muito com fiscalização, buscando minimizar um impacto ou uma irregularidade ambiental, mas o objeto nós medimos muito pouco. É certo que as instituições de meio ambien-te do Brasil ainda estão se estruturando. Portanto, em algum momento, temos que fazer o monitoramento da biodiversidade e saber, por exemplo, se as espécies bioin-dicadoras estão aumentando ou diminuin-do. Pode até ser que alguns laboratórios de universidades tenham pesquisas sobre isso, mas é tudo muito pontual”, opina.

TURISMO E DESAFIOSAo falar dos desafios ambientais do muni-

cípio, o chefe da APA cita o problema do tra-tamento e da deposição final do lixo da cida-de, lançado em uma área de Mata Atlântica, contaminando manguezais e águas subter-râneas. O fato gerou uma ação civil pública movida contra o município pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. “Este lixão está à beira de um caixetal, que tem a vege-

tação de transição entre a mata atlântica e o manguezal. Todo este chorume está drenan-do para o manguezal, onde são criadas mui-tas espécies de peixes. É um berçário que está sendo impactado diretamente pelo chorume, com lixo residencial, mas com metais pesa-dos também. E, justamente pela falta destas linhas prioritárias de pesquisas, nós estamos perdendo a oportunidade de medir o impacto que o lixão está causando e como que isso vai refletir no ambiente”, critica Eduardo Godoy.

Paraty vive há alguns anos um ciclo do turismo muito intenso, afirma o biólogo chefe da APA de Cairuçu. “Isso começou na década de 1970 e se intensificou com a construção da BR-101. Assim como o mu-nicípio vivenciou o ciclo do ouro e do café, agora é a vez do turismo. Isso gera um pro-cesso de venda de terrenos e especulação sobre a terra. O Estado do Rio de Janeiro está numa bolha imobiliária muito forte. Essa ocupação, que já é desordenada, ten-de a ficar pior se a sociedade não se orga-nizar. Tem agora também a duplicação da BR…”, receia Eduardo Godoy, referindo-se ao projeto em execução do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para duplicar o trecho da Rodovia Rio-Santos entre Paraty e Angra dos Reis.

A partir da década de 1970 alguns em-preendimentos de luxo começaram a ocupar a costa do município, estabelecendo praias “privativas”. O caso mais notório em Paraty é do Condomínio Laranjeiras, construído no distrito de Trindade dentro da Reserva Ecoló-gica da Juatinga.

Outra preocupação futura dos moradores é que a extração da camada do pré-sal na cos-ta do município impulsione novas ocupações desordenadas junto à Serra do Mar. De acor-do com a jornalista Lia Capovilla, membro do conselho gestor do Lepac, o temor principal é com os trabalhadores que terão que se fixar para a prospecção do petróleo. “Há possibi-lidade de um impacto social também, com aumento da população, que virá para este novo setor industrial petroleiro que está se começando a criar aqui na baía. Nós estamos muito preocupados com isso”, acrescenta Capovilla, produtora de conteúdo da em-presa provedora de internet Paraty.com, que mantém parceria com o Lepac.

Continuação da página 5

Fotos: Antonio Scarpinetti

O biólogo Eduardo Godoy: correndo contra o relógio Lia Capovilla: petróleo pode gerar impacto social

Barcos atracados no porto do município: embarcações certifi cadas

O pescador Rubens da Silva: cardumes de peixes de pedra desapareceram

Vista do centro histórico, destacando-se a igreja de Santa Rita, do século 18; ao fundo, a Serra do Mar: patrimônios arquitetônico e ambiental

Condomínio de luxo na Reserva Ecológica de Juatinga: especulação imobiliária preocupa lideranças

Eltron Dutra de Medeiros, que trocou a pesca pelo turismo: adesão ao Programa Carbono Compensado

Sede do Lepac: intervenções em bairros da periferia

Estrutura montada para a Flip: investimento no turismo

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Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 20128

Uma vida pautada A trajetória de João Bosco Stecca, maestro da Orquestra Comunitária da Unicamp

MARIA ALICE DA [email protected]

oão Bosco Stecca é um musicista feliz com a carreira escolhida e na

qual percorreu uma longa trajetória desde que se matriculou no curso de percussão do Conservatório Carlos

Gomes, aos 16 anos de idade. Mas o dia mais feliz de sua semana é a segunda-feira, destinada aos ensaios da Orquestra Comunitária da Unicamp, na Casa do Lago. “Esta orquestra é minha vida. Assistir a esta troca entre músicos experientes – pro-fessores, alunos, mestres, doutores – e jo-vens de 15 anos que começam a traçar o caminho da música é inexplicável”, declara o maestro, enfatizando que foram 11 anos de trabalho árduo, iniciado em 2001, ao lado do professor Paulo Justi, do Instituto de Artes, falecido em 2010.

Em festividades nos coretos de sua cida-de, Itapira (SP), levado pelo seu pai, Alvaro, desde os 5 anos de idade, a inquietação por estar diante de uma banda fazia com que, em poucos minutos, se posicionasse diante dos tambores, o que já indicava o interesse por percussão. Quando chegou a Campinas para concluir o ensino médio na Escola Aní-bal de Freitas, logo se matriculou no conser-vatório, onde foi orientado pelo professor José Ulisses Arroyo, conhecido por Branco, na época percussionista do Coral da Universida-de de São Paulo (USP). Tempo depois, tornou-se percussionista do Coral da Unicamp, na época regido pelo maestro Benito Juarez. Em Campinas, ele atuou no naipe de teno-res do Coral da Unicamp. Depois se espe-cializou em percussão com os professores Claudio Stephan, da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e Luis Almeida da Anunciação (Pinduca), da Orquestra Sinfô-nica Brasileira.

Mas as vibrações neste momento não são emitidas pelo som dos tímpanos, e sim pela emoção em ver a transformação da Comu-nitária em Projeto de Extensão Orquestra Comunitária da Unicamp. “Hoje pertence à Unicamp, de fato, graças à iniciativa do pro-fessor Mohamed Habib, que encaminhou a resolução quando ainda era pró-reitor de Extensão”, alegra-se. Stecca tira alguns se-gundos de fôlego para em seguida relembrar a trajetória ao lado de ilustres instrumentis-tas que se dispuseram, voluntariamente, a transmitir a arte de tocar um instrumento a alunos de diferentes classes sociais. “Hoje, além de estarmos vinculados à Unicamp, re-cebemos apoio do Instituto Robert Bosch, mas muitas campanhas foram criadas para captação de recursos para a manutenção e ampliação da orquestra”.

Maria Olímpia. Este é o nome da mulher que estimulou a transformação de simples aulas de violino em uma camerata e depois numa orquestra com tendência a crescer. Em 2001, depois de ver os filhos criados, a violinista de Pedreira (SP) pediu indicação de nome de professor de violino para reto-mar os estudos com o instrumento. Qual não foi o susto de Stecca e do então indicado professor Arthur Aquiles ao verem estacio-nar próximo à antiga Unibanda, hoje Escola Livre de Música, uma van, da qual desem-barcaram 15 entusiasmados alunos.

Stecca e Justi fizeram então um grupo de cordas com primeiro, segundo e tercei-

ro violinos. Para isso, convidaram dona Elazir, que até hoje, aos

João Bosco Stecca rege a Orquestra Comunitária da Unicamp (abaixo), e na Casa do Lago (acima), onde ocorrem os ensaios: “A música pode mudar a história das pessoas”

84 anos, é integrante assídua dos ensaios e dos concertos desse e outros grupos. Elazir é uma inspiração para jovens instrumentis-tas, tanto que alguns de seus filhos e netos seguiram este caminho. Andréia, por exem-plo, é percussionista da Comunitária. Outra neta, Luana, também acompanhava o grupo como percussionista.

A sonoridade do primeiro concerto de violinos convidou, por si, um violista, mais um. Por que não um violoncelista e outro? A professora Meila Tomé cuidaria desse naipe, mas aí já vieram violistas, contrabaixistas querendo professores. “E por aqui já passou uma lista de músicos e professores voluntá-rios das orquestras sinfônicas da Unicamp e de Campinas”, disse Stecca.

Na Unibanda, Stecca matriculou seus filhos Jones e Júnia na percussão e Joene, na clarineta. Na época, liderava a Banda Anacleto de Medeiros, cujos instrumentis-tas, também animados com o interesse dos alunos da Comunitária, sugeriram a união dos dois grupos. Foi neste momento em que Stecca se viu à frente de uma grande orquestra-escola com proposta de atender, principalmente, a comunidade carente de 13 anos à terceira idade. Aos poucos, o diretor artístico e regente titular Stecca viu se rea-lizando o sonho de ouvir obras importantes serem executadas por pessoas que puderam ampliar seus conhecimentos sobre prática instrumental, prática em conjunto, além de se expressarem por meio da música.

Stecca contou e conta, desde o início, com muitas mãos generosas, as quais faz questão de mencionar. Lembra que o primeiro con-certo da Comunitária, em 18 de junho de 2001, contou com o reforço de professores da OSU. Em 2006, outras mãos se uniram neste grande projeto, com a criação da As-sociação dos Amigos da Orquestra Comuni-tária (Amocamp), também dirigida por ele, para captação de recursos e apoio adminis-trativo ao grupo. Com o tempo, a associa-ção ganhou um site (www.amocamp.org.br) e montou uma estrutura capaz de assistir os integrantes até na aquisição das partituras para estudá-las antes dos ensaios. “Cada instrumentista tem uma senha, com a qual pode aces-sar e imprimir as partituras e chegar ao ensaio conhecendo a peça”, explica. Stecca esclarece que a Amocamp é uma en-tidade civil de utilida-

de pública municipal, sem fins lucrativos, independente da Universidade.

Aos 37 anos de Sinfônica de Campinas, o músico da primeira turma de música da Unicamp hoje se alegra ao receber notícias boas sobre um ex-aluno da Unibanda, da Comunitária ou qualquer outro projeto que tenha participado. “Muitos deles hoje são professores no Projeto Guri, do Governo do Estado de São Paulo, além de terem obtido graduação em música em diferentes Univer-sidades. Isso é gratificante. Mostra como a música pode mudar ou ser o desfecho da história das pessoas. É uma realização para um professor”, comemora Stecca. Não sem antes explicar a receita para esses resulta-dos: “Trabalho, trabalho e muito trabalho. Algumas vezes, as críticas são boas, outras, não. Tem que ter maturidade e não esperar que as oportunidades venham até si”.

A vinculação definitiva da orquestra à Preac, para o maestro, é o reconhecimento de um trabalho de 11 anos. Mas como “so-nhos não envelhecem”, segundo Lô Borges, ele ainda quer ver a Comunitária atuando na iniciação musical de crianças a partir de 4 anos de idade, sem condições de acesso ao aprendizado de música. Em março de 2012, ele fundou ao lado da professora Sarah Sel-les a Orquestra de Flautas Transversais da Unicamp, dentro da Comunitária.

Stecca também foi o idealizador de dois projetos importantes da Comunitária: a gra-vação dos DVDs Concerto das Crianças, que revelou ta-lentos infan-to-juvenis de 6 a 16 anos de ida-de; e o Concerto Especial Maes-tro José Pedro de Sant’Anna Gomes, no qual são resgatadas suas

músicas para camerata, banda e orquestra, em comemoração aos cem anos de faleci-mento. No primeiro, um solo de piano mos-tra porque o pequeno Nathan, de 10 anos, seguiu os caminhos do padrasto, Stecca, e da mãe, Sarah.

A trajetória iniciada nos coretos de Ita-pira e em “bate-latas” e “bate-panelas” do-mésticos ao redor da mãe, Iolanda, é en-riquecida com algumas homenagens. Em 1992, 1999, 2003 e 2008, foi condecorado pela Câmara Municipal de Campinas com a “Medalha Carlos Gomes”, em reconhe-cimento ao trabalho prestado nos campos artístico-musical e sociocultural. Outro re-conhecimento importante para o maestro foi a indicação, em 2006, para ocupar a ca-deira número 4 da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências (Amlac), tendo como patrono o compositor e maestro cam-pineiro José Pedro de Sant’Anna Gomes, ir-mão mais velho do Maestro Antônio Carlos Gomes. A indicação foi um reconhecimento pelo seu trabalho sociocultural na Orques-tra Comunitária da Unicamp e pelo resgate das músicas da família Gomes de Campinas.

Durante sua carreira, Stecca foi convi-dado a alguns eventos internacionais. Em 1995, o maestro apresentou-se para estu-dantes de 1º e 2º graus japoneses durante sua participação na inauguração do Centro de Convenções Internacional de Nagaraga-wa, na cidade de Gifu no Japão, com o Grupo Yanagase – Grupo de Percussão Japonês de Taikôs (tambores japoneses). Também teve a honra de reger o primeiro trompetista da Boston Symphony Orchestra (USA) Charles Schlueter e a Banda Sinfônica de Sumaré no 1º Encontro Internacional da Associação dos Trompetistas do Brasil. Em janeiro de 2004, esteve na Espanha com a Banda Sin-fônica Municipal de Madrid, onde estudou e trabalhou com regentes, compositores e arranjadores da Banda Sinfônica Espanho-la. Em junho de 2009, foi convidado pela Fundação Filarmônica de San Pedro Sula, Cortés, Honduras, América Central a reger como maestro convidado a V Temporada de Concertos da Or-questra de San Pedro Sula.

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Foto: Antoninho Perri

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9Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012

Faltam nutrientes em leite desnatado, conclui estudoPesquisa da FEA revela que são baixas as concentrações de ácidos graxos insaturados

bancasNasNas

RAQUEL DO CARMO [email protected]

Análises realizadas em amostras de leite UHT (de cai-xinha) de três marcas comercializadas nos supermercados de Campinas apontam que o leite desnatado não contém concentrações significativas de ácidos graxos insaturados, conhecidos como “gordura boa”, já que não oferecem ris-cos à saúde. Em outras palavras, segundo a farmacêutica e autora da pesquisa de mestrado, Natália Andrade Zancan, isto significa que, ao ingerir o leite desnatado UHT, o con-sumidor está deixando de absorver propriedades nutricio-nais que são essenciais para sua alimentação. “Nos casos de necessidade de uma dieta com restrição de gordura, o ideal seria evitar frituras, pães e outros alimentos com grande teor dos ácidos graxos saturados, ao invés de restringir o leite na forma integral”, aconselha Natália, lembrando que o estudo centrou em quantificar, apenas, o teor de gordura.

É certo que o leite integral possui altas concentrações dos ácidos graxos saturados, considerado o vilão presente nos alimentos. Eles aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, uma vez que podem formar camadas espessas de gordura nas paredes das veias e ar-térias, impedindo assim a passagem do sangue. “Ingerida em grandes quantidades, a gordura saturada pode levar ao infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, a in-gestão do leite integral deve ser de forma equilibrada, em média dois copos por dia”, alerta.

Por outro lado, o fato de concentrar também a gordura insaturada faz do leite UHT integral uma fonte impor-tante de propriedades nutricionais indispensáveis. O pro-

duto é fonte de ácido linoléico conjugado (CLA), um tipo de ácido graxo insaturado e uma das substâncias mais impor-tantes do momento por conter propriedades antiinflamatórias e anticancerígenas, além de ser um aliado na redução da gordura abdominal. Natália chegou a en-contrar quantidades de 65,17 mili-gramas por 100 ml em amostras do leite integral. Em outra amostra a quantidade foi de 47,15 miligramas por 100 ml. Já no leite desnatado e semidesnatado não foram encontra-das concentrações em nenhuma mar-ca. Outra gordura essencial do grupo do ômega 3, denominada EPA, as con-centrações foram mínimas em apenas uma das amostras do leite desnatado – exemplo 0,14 miligramas por 100 ml –, enquanto que no leite integral o achado foi corresponde a 2,42 miligramas por 100ml.

O estudo apresentado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) foi orientado pelo professor Marcelo Alexandre Prado e teve como objetivo quantificar e quali-ficar os ácidos graxos do leite UHT, que são os componen-tes principais das moléculas de lipídeos deste alimento. Natália explica que as pesquisas, em geral, investigam as propriedades do leite antes de passar pelo processamento, conservação e embalagem. “Depois da ordenha da vaca,

PublicaçãoDissertação: “Análise qualitativa e quantitativa de áci-dos graxos de leite UHT de vaca adquiridos em super-mercados da cidade de Campinas/SP”Autora: Natália Andrade Zancan Orientador: Marcelo Alexandre PradoUnidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)Financiamento: CNPq

PublicaçãoDissertação: “Segurança no circo: questão de prioridade”Autor: Diego Leandro FerreiraOrientador: Marco Antonio Coelho Bortoleto Unidade: Faculdade de Educação Físi-ca (FEF)

Acidentes não são registrados e ocorrem com frequência; dissertação vai virar livro

Segurança no circo é tema de pesquisa

o leite é submetido a altas temperaturas para poder ser acondicionado nas caixinhas (princípio do pro-cesso UHT). Neste sentido, é importante verificar as alterações nas propriedades nutricionais após o processamento”, relata.

Para a pesquisa, Natália adquiriu amostras de três marcas de leite de vaca de várias regiões do país e de diferentes épocas do ano. Isto porque existe uma variação muito grande do produto por con-ta das formas de criação, alimentação do animal e clima da região. As análises contemplaram tanto o leite integral como o desnatado e, também, o semidesnatado. Amostras de leite em pó integral foram incluídas nas análises. “O intuito foi com-parar os dados de diversos lotes a fim de obter um levantamento significativo, visto que no lei-te podem ser listados pelo menos 40 tipos de moléculas de ácidos graxos”, explica.

studo de mestrado realizado por Diego Leandro Ferreira e

apresentado na Faculdade de Edu-cação Física (FEF) defende que a se-gurança no circo deve ser considerada um fator primordial, podendo inclusive ser utilizada como uma das formas de avaliação da qualidade artística das atra-ções circenses. A pesquisa apontou que muitos acidentes que ocorrem sem no-tificação e de maneira recorrente e, com algumas ações preventivas, os riscos poderiam ser controlados e, consequen-temente, minimizados. “A comunidade circense fica sabendo dos episódios, mas não existe uma investigação e nem há registro adequado. Por isso, os acidentes se repetem com frequência”, lamenta o professor de educação física.

A pesquisa foi orientada pelo pro-fessor Marco Antonio Coelho Bortoleto e, como resultado, está em fase de ela-boração um livro com procedimentos práticos para prevenção de acidentes nas atividades circenses. A publicação será financiada pelo Ministério da Cul-tura, por meio do Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo / Funarte, e a ex-pectativa é que seja editado em portu-guês, inglês e espanhol. “O estudo está sendo adaptado para o formato de livro

e pretende servir como um manual de diretrizes para a identificação e pre-

venção de riscos, com os respectivos procedimentos, protocolos e medi-

das de segurança”, explica.Durante o mestrado na FEF,

Diego Ferreira fez entrevistas com artistas, professores de circo e montadores (rig-gers), todos com mais de dez anos de experiência na atividade. Além de uma reflexão teórica sobre ris-co, acidente e segurança, foi realizada uma ampla

pesquisa sobre os prin-cipais acidentes ocor-

ridos na prática cir-cense, buscando identificar

as suas causas e características que permitissem entender o estado do proble-

ma. A pesquisa baseou-se fundamentalmen-te em relatos informais e informações dispo-níveis na internet, pois não existe nenhum registro oficial, situação provavelmente moti-vada pela informalidade que ainda recai sobre parte significativa dos profissionais circenses.

Uma das principais propostas do traba-lho foi debater a questão entre os profissio-nais com o objetivo de criar uma “cultura de segurança” no setor. O professor suge-re, por exemplo, que nos editais públicos ou privados para financiamentos de espe-táculos ou festivais de circo, sejam incor-porados os aspectos de segurança como pré-requisito ou parte do projeto. Como resultado, a questão já foi incorporada no edital do Festival Palhaçada que será reali-zado em agosto, em Goiânia.

Seria interessante, observa ele, que fosse feita obrigatoriamente uma avaliação técni-ca sobre segurança. “O panorama atual exi-ge que este tipo de providência seja tomada para se garantir uma maior longevidade e

qualidade da carreira do artista circense, porém, em geral, os editais priorizam as questões de mérito artístico e nem mencio-nam o quesito segurança”, declara.

O globo da morte, o trapézio, a cama elástica, entre outras, consistem em atrações grandiosas, mas sempre com risco iminente. São inúmeras as situações em que o “risco de vida” torna a atividade espetacular. Além dis-so, Ferreira elenca outras situações em que os acidentes também acontecem de forma regu-lar: durante a montagem e desmontagem das estruturas e dos aparelhos. Ferreira lembra ainda que uma das grandes dificuldades é o fato de o circo ser um espetáculo heterogê-neo, podendo acontecer na lona, nas ruas, nas praças, em escolas, em academias e nos locais mais diversos. Logo, o controle da segurança se faz ainda mais complexo.

Nos esportes de aventura, área em que Diego Ferreira atua há mais de uma década, as questões de segurança estão muito mais

sistematizadas e legisladas, se comparado ao âmbito artístico-circense. Porém, foi sua atu-ação com atividades circenses, a qual realiza também há muito tempo, que motivou o de-senvolvimento da pesquisa. Em sua opinião, é um momento de se unir forças para aprimo-rar a segurança. “O conhecimento empírico dos artistas circenses é de enorme importân-cia, mas o conhecimento técnico-científico, seja sobre as novas tecnologias ou procedi-mentos, é fundamental para a promoção de uma arte circense segura”, declara. (R.C.S.)

studo de mestrado

O professor Marco Antonio Coelho Bortoleto: segurança deve ser prioridade

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Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 201210

Painel da semana

Teses do mês

acadêmica

VidaPainel da semana

Vida

Teses do mês

Pró-reitorias reúnem alunos do PAD/PED – As pró-reitorias de Graduação (PRG) e de Pós-Graduação (PRPG) realizam o VI Encontro de alunos do Programa de Apoio Didático e do Programa de Estágio Docente (PAD/PED) no dia 30 de julho, das 14 às 17h30, no Centro de Convenções da Unicamp. O evento tem como objetivo preparar os alunos de graduação e pós-graduação para o exercício de suas atividades, nos referidos programas, para o segundo semestre do ano. Informações: [email protected]. [email protected]

Semana de Engenharia Química – A 15ª Semana de Engenharia Química (SEQ) será realizada de 30 de julho a 3 de agosto. Na segunda-feira (30), a partir das 10 horas, acontece a cerimônia de abertura, com pa-lestra de Jussier Ramalho, um dos maiores palestrantes do Brasil, autor do livro Você é a sua melhor marca e fenômeno do em-preendedorismo brasileiro. A palestra será aberta ao público e acontecerá no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Veja detalhes da programação em http://bit.ly/STNhuj

Faculdade de Educação oferece curso a distância – Estão abertas até 31 de ju-lho as inscrições para o curso de extensão “Utilização de objetos de aprendizagem em sala de aula mediatizado pelas tecnologias digitais”, oferecido pelo Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação (Lantec), da Faculdade de Educação da Unicamp. Gratuito e a distância, o curso é direcionado a professores de espanhol do ensino médio. O programa tem como justifi cativa a carência na divulgação de conhecimentos com relação à utilização de recursos digitais, denominada de objetos de aprendizagem aplicados na educação. Mais informações na página http://lantec.fae.unicamp.br.

Exposição Retratos da Amazônia – O artista plástico Elvis da Silva expõe seus trabalhos de 1 a 30 de agosto, no Espaço das Artes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. Em “Retratos da Amazô-nia”, Elvis retrata em seus quadros a natureza, especialmente a amazônica, região em que viveu por um período aproximado de três anos. A abertura será no dia 1, às 11 horas. O Espaço das Artes fi ca no saguão de entrada do prédio-sede da FCM da Unicamp, à rua Tessá-lia Vieira de Camargo, 126, distrito de Barão Geraldo, Campinas, SP. Aberto de segunda a domingo, das 8h30 às 17h30. Entrada franca. Mais informações pelo telefone 19-3521-8968 ou [email protected].

Galembeck, convidado para o projeto Aulas Magistrais – O professor Fernando Ga-lembeck, do Instituto de Química da Unicamp, abre a programação do segundo semestre do projeto ‘Aulas Magistrais’. No dia 1 de agosto, às 12h30, ele fala sobre o tema “Eletrostática: de 500 AC a 2012 DC”. Sua apresentação será às 12h30, na sala CB05, do Ciclo Básico 1 da Unicamp. Não há necessidade de inscrição para particpar das Aulas Magistrais. O evento é mostrado ao vivo pela TV Unicamp. Saiba mais na página da Pró-Reitoria de Graduação, que organiza a atividade, em http://www.prg.unicamp.br/aulas/index.php/aulas.

Síndrome de Down – Em 1º de agosto, das 8h30 às 18h30, acontece o 3º Fórum Internacional Síndrome de Down, no Centro de Convenções da Unicamp. O evento é uma realização da Fundação Síndrome de Down, com apoio do Ministério da Saúde. Está con-fi rmada a presença de especialistas nacionais e internacionais que debaterão temas como o papel da família, educação inclusiva, saúde mental e envelhecimento, acessibilidade. A programação inclui debates sobre a Con-venção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência. Inscrições e informações www.fsdown.org.br/forum. Mais informações pelo número 19-3249-1886.

UPA recebe inscrições para monitores – Encontram-se abertas as inscrições para os alunos de graduação e pós-graduação da Unicamp, regularmente matriculados, interessados em trabalhar como monitores na recepção da UPA 2012. Os interessados deverão inscrever-se pelo site da UPA até as 23 horas do dia 3 de agosto, no link http://www.upa.unicamp.br/inscricoes-de-monitores.

50 anos da Fapesp na TV Unicamp – O programa Palavras Cruzadas, produzido pela Rádio e TV Unicamp, apresenta nesta semana uma entrevista sobre os 50 anos da Fapesp.

O jornalista Marcus Vinicius Ozores entrevista o diretor científi co da entidade e reitor da Uni-camp, na gestão 2002 a 2005, professor Carlos Henrique de Brito Cruz. A Fapesp, criada pela lei 5.918, de 18 de outubro de 1960, entrou em operação efetivamente, em 23 de maio de 1962, quando da publicação do decreto 40.132. De lá para cá os números do principal órgão de fomento à pesquisa do Estado de São Paulo surpreendem: 112 mil bolsistas; 96 mil auxílios regulares à pesquisa; 1200 projetos de Pesquisa e Inovação em Pequenas e Médias Empresas desde 1997 (dois projetos aprovados por semana). Brito Cruz destaca, na sua entrevista, que a Fapesp, além de ser o principal órgão de fomento à pesquisa no Estado de São Paulo, também tem importância destacada como o modelo para que outros Estados da Federação, utilizassem para criar suas agencias de fomento, tendo a Fapesp como modelo. Palavras Cruzadas vai ao ar em horário alternados durante toda a semana no Canal 10 da Net, em Campinas. Confi ra a programação no site: www.rtv.unicamp.br

Engenharia Elétrica e de Computação – “Mo-delagem 3D para a determinação do compri-mento de arcos elétricos usando imagens estereoscópicas” (doutorado). Candidato: Gilmário Barbosa dos Santos. Orientadora: professora Maria Cristina Dias Tavares. Dia 3 de julho de 2012, às 10 horas, na FEEC.4 de julho

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – “Degradação de ivermectina por processos oxidativos avançados”(doutorado). Candidata: Sandra Maria Dal Bosco. Orientador: profes-sor José Roberto Guimarães. Dia 4 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de teses da FEC.“Por uma indústria mais sustentável: da ecolo-gia à arquitetura” (mestrado). Candidata: Tha-lita dos Santos Dalbelo. Orientador: professor Evandro Ziggiatti Monteiro. Dia 4 de julho de 2012, às 14h30, na Sala CA-22 da FEC.

Engenharia Mecânica – “Estudo da microestru-tura e propriedades mecânicas de estruturas porosas de Ti-6Al-4v produzidas por sinteriza-ção seletiva a laser” (mestrado). Candidato: Edwin Sallica Leva. Orientador: professor João Batista Fogagnolo. Dia 4 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do DEF. “Modelo de implementação de sistema orienta-do à produção enxuta em processos produtivos usando DMAIC - Seis Sigma” (doutorado). Candidato: Adionil José Fumagali Junior. Orientador: professor Antonio Batocchio. Dia 4 de julho de 2012, às 9 horas no auditório DEF, na FEM.

Matemática, Estatística e Computação Cientí-fi ca – “Estimação em pesquisas repetidas em-pregando o fi ltro GLS” (mestrado). Candidata: Angela Luna Hernández. Orientador: professor Luiz Koodi Hotta. Dia 5 de julho de 2012, às 14 horas, na sala 253 do Imecc.

Engenharia Mecânica – “Microestrutura dendrí-tica, macrossegregação e microporosidade na solidifi cação de ligas tenárias Al-Si-Cu” (dou-torado). Candidato: Laercio Gouvea Gomes. Orientador: professor Amauri Garcia. Dia 5 de julho de 2012, às 9h30, no auditório Bloco K.

Geociências – “Análise do uso da terra intraur-bano na cidade de Paulínia (SP)” (mestrado). Candidata: Cinthia de Alemida Galindo. Orien-tador: professor Lindon Fonseca Matias. Dia: 6 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do IG.

Educação Física –“Democracia corinthiana: sentidos e signifi cados da participação dos jogadores” (mestrado). Candidata: Mariana Zuaneti Martins. Orientadora: professora Heloisa Helena Baldy dos Reis. Dia 10 de julho de 2012, às 14h30, no auditório da FEF.

Engenharia Elétrica e de Computação – “De-senvolvimento de um software em ambiente matlab para simulação de campo ultrassônico” (mestrado). Candidato: Reynaldo Tronco Gasparini. Orientadora: professora Vera Lúcia da Silveira Nantes Button. Dia 10 de julho de 2012, às 10 horas, no PE-12.

Geociências –“A importância do catch-up tecnológico na indústria de computadores pessoais dos países de industrialização re-cente” (mestrado). Candidato: Luiz Mariano Julio. Orientador: professor Ruy de Quadros Carvalho. Dia 10 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do IG.

Engenharia Elétrica e de Computação –“De-senvolvimento de dispositivos bolométricos para detecção de radiação infravermelha distante” (doutorado). Candidato: Roberto Ribeiro Neli. Orientador: professor Ioshiaki Doi. Dia 11 de julho de 2012, às 14 horas, no PE-12 CPG, na FEEC.

Geociências –“Conversão de uso das terras e alterações das condições hidrológicas: o caso das bacias do Atibainha e Cachoeira” (doutora-do). Candidato: Vânia Rosa Pereira. Orientador: professor José Teixeira Filho. Dia 11 de julho de 2012, às 9 horas, no auditório do IG.

Alimentos – “Efeito da polimerização por transglutaminase e da proteólise na estrutura e antigenicidade da beta-lactoglobulina” (dou-torado). Candidata: Mariana Battaglin Villas Boas. Orientadora: professora Flavia Maria Netto. Dia 12 de julho de 2012, às 14 horas, no salão nobre da FEA.

Artes – “Modelos de recursividade aplicados à percussão com suporte tecnológico” (douto-rado). Candidato: Cleber da Silveira Campos. Orientador: professor Jonatas Manzolli. Dia 12 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa da Pós-graduação do Instituto de Artes.

Computação –“Detecção de manipulações de cópia-colagem em imagens digitais” (mes-trado). Candidato: Ewerton Almeida Silva. Orientador: professor Anderson de Rezende Rocha. Dia 12 de julho 2012, às 14 horas, no auditório do IC - sala 85 - IC 2.

Ciências Médicas –“Modulação da expres-são de fatores de regeneração de células beta pancreáticas de camundongos NOD (non-obese diabetic) tratados com gangliosí-deos” (mestrado). Candidato: Luis Guilherme Stivanin Silva. Orientador: professor Ricardo de Lima Zollner. Dia 13 de julho de 2012, às 9 horas, no anfiteatro da comissão de pós-graduação da FCM.“Validação de conteúdo dos diagnósticos de enfermagem: Integridade da pele prejudicada, risco de integridade da pele prejudicada e integridade tissular prejudicada” (doutora-do). Candidata: Maria Andreia Silva Ribeiro. Orientadora: professora Maria Helena Baena de Moraes Lopes. Dia 13 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro do Departamento de Rnfermagem da FCM.

Engenharia Química –“Experimentação física do escoamento gás-líquido em coluna de bolhas retangular utilizando a técnica PIV e técnica de Sombras Shadow” (mestrado). Candidata: Diana Isabel Sánchez Forero. Orientador: professor Milton Mori. Dia 16 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de extensão do Bloco E, sala 7.“Simulação tridimensional de uma coluna de bolhas cilíndrica – análise em sistema bifásico por técnica de velocimetria por imagem de partícula (PIV), shadow smaging e simula-ção numérica” (mestrado). Candidata: Maria Fernanda Miiller Lopes. Orientador: professor Milton Mori. Dia 16 de julho de 2012, às 10 horas, na sala de extensão do Bloco E, sala 07.

Engenharia Química – “Cristalização preferen-cial de polimorfo do ácido L-Glutâmico: uma abordagem por controle ótimo” (mestrado). Candidato: Alexandre Khae Wu Navarro. Orientador: professor Flávio Vasconcelos da Silva. Dia 17 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de teses, Bloco D.

Engenharia Mecânica – “Análise da evolução microestrutural e de propriedades mecânicas de ligas Sn-Ag e Sn-Bi para soldagem e recobrimento de superfícies” (doutorado). Candidato: Leonardo Richeli Garcia. Orienta-dor: professor Amauri Garcia. Dia 17 de julho de 2012, às 9h30, na sala de seminários ID2.

Ciências Médicas – “Prevalência do transtor-no de défi cit de atenção e hiperatividade em crianças do primeiro ciclo do ensino fundamen-tal” (doutorado). Candidato: Wantuir Francisco Siqueira Jacini. Orientadora: professora Sylvia Maria Ciasca. Dia 18 de julho de 2012, às 9 horas, no anfiteatro do Departamento de Neurologia da FCM.

Engenharia Mecânica – “Desenvolvimento de um modelo termohidrodinâmico para análise em mancais segmentados” (doutorado). Can-didato: Gregory Bregion Daniel. Orientadora: professora Katia Luccheci Cavalca Dedini. Dia 19 de julho de 2012, às 8 horas, no auditório do DPM.

Alimentos – “Microencapsulação de Lacto-bacillus acidophilus e aplicação em queijo prato” (doutorado). Candidata: Clarice Gebara Muraro Serrate Cordeiro Tenório. Orientadora: professora Mirna Lucia Gigante. Dia 20 de julho de 2012, às 9 horas, no salão nobre da FEA.

Ciências Médicas – “Avaliação do perfil neuropsicológico de pacientes com ataxia espinocerebelar tipo 3: correlações com neuroimagem estrutural, espectroscopia e expansão de CAG” (mestrado). Candidata: Tátila Martins Lopes. Orientador: professor Fernando Cendes. Dia 20 de julho de 2012, às 9 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM.“Efeito imediato do ortostatismo em pacientes internados na unidade de terapia intensiva” (mestrado). Candidata: Melissa Sibinelli. Orien-tador: professor Antonio Luis Eiras Falcão. Dia 20 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro da Comissão de Pós-graduação da FCM.

Geociências –“Geomorfologia antropogê-nica: mudanças no padrão de drenagem do canal principal e delta no baixo curso da bacia hidrográfi ca do rio Jequitinhonha/BA” (doutorado). Candidato: Vinicius de Amorim Silva. Orientador: professor Archimedes Perez Filho. Dia 20 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do IG.

Ciências Médicas – “Análise do perfil de proteínas reguladoras do ciclo celular na iden-tifi cação de malignidade e na caracterização de lesões de padrão folicular” (mestrado). Candidata: Mariana Bonjiorno Martins. Orien-tadora: professora Laura Sterian Ward. Dia 23 de julho de 2012, às 9 horas, no anfi teatro da Comissão de Pós-graduação da FCM.

Engenharia Mecânica –“Uso de água e análise exergética na produção de etanol de primeira e segunda geração a partir da cana-de-açúcar” (mestrado). Candidato: Klever João Mosqueira Salazar. Orientadora: professora Silvia Azuce-na Nebra de Pérez. Dia 23 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do Bloco K.

Biologia – “Balanço de carboidratos e nitrogê-nio na planta: efeito da carga de frutos e sua relação com o desenvolvimento reprodutivo em laranjeira ‘Valência’” (doutorado). Candidata: Verónica Lorena Dovis. Orientador: professor Eduardo Caruso Machado. Dia 24 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de tese da pós-graduação do IB.

Ciências Médicas – “Expectativa de cuidado em idosos da comunidade: dados do Fibra Campinas” (mestrado). Candidata: Déborah Cristina de Oliveira. Orientadora: professora Maria José D’Elboux. Dia 24 de julho de 2012, às 14 horas, no anfiteatro da Comissão de Pós-graduação da FCM.

Computação –“Mecanismo para execução es-peculativa de aplicações paralelizadas por téc-nicas DOPIPE usando replicação de estágios” (mestrado). Candidato: André Oliveira Loureiro do Baixo. Orientador: professor Guido Costa Souza de Araújo. Dia 24 de julho de 2012, às 10 horas, no auditório do IC - Sala 85 - IC 2.

Biologia – “Estudo da utilização de nanotubos de carbono como adjuvante em vacinas de membrana externa de neisseria meningitidis” (mestrado). Candidata: Ives Bernardelli de Mat-tos. Orientador: professor Marcelo Lancellotti. Dia 25 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de tese da CPG do IB.

Ciências Médicas – “Infl uência de polimorfi s-mos genéticos sobre os níveis circulantes das metaloproteinases de matriz extracelular 2 e 9 durante hemodiálise” (doutorado). Candidato: Bernardo Pavinato Marson. Orientador: pro-fessor José Eduardo Tanus dos Santos. Dia 25 de julho de 2012, às 9 horas, no anfi teatro do Departamento de Farmacologia da FCM.“Relação do ciclo vigília-sono com alterações de glicemia e pressão arterial em idosos atendidos pelo programa Estratégia Saúde da Família” (mestrado). Candidata: Dayane Eusenia Rosa. Orientadora: professora Maria Filomena Ceolim. Dia 25 de julho de 2012, às 10 horas, no anfi teatro da comissão de Pós-graduação da FCM.“Logística do atendimento dos serviços pré-hospitalar móvel das concessionárias de rodovias” (mestrado). Candidata: Cleuza Aparecida Vedovato. Orientadora: professora Maria Inês Monteiro. Dia 25 de julho de 2012, às14 horas, no anfi teatro do Departamento de Enfermagem da FCM.

Engenharia Mecânica –“Utilização do mé-todo da integração dupla em problemas de condução térmica unidimensional transitória” (mestrado). Candidato: Fabio Santiago. Orien-tador: professor Luiz Fernando Milanez. Dia 25 de julho de 2012, às 10 horas, no auditório do DEF.

Ciências Médicas – “Validação do instrumento para mensuração do impacto da doença no co-tidiano do valvopata - IDCV em pacientes com insufi ciência cardíaca” (mestrado). Candidato: Simey de Lima Lopes Rodrigues. Orientadora: professora Roberta Cunha Matheus Rodrigues. Dia 26 de julho de 2012, às 9 horas, no anfi -teatro da CPG/FCM.“Validação do instrumento para mensuração do impacto da doença no cotidiano do valvo-pata - IDCV em pacientes com hipertensão arterial” (mestrado). Candidata: Renata Bigatti Bellizzotti Pavan. Orientadora: professora Maria Cecília Bueno Jayme Gallani. Dia 26 de julho de 2012, às 13h30, na sala de víde-oconferência da FCM.“Retorno ao trabalho de mulheres sobreviven-tes de câncer de mama: fatores intervenien-tes” (mestrado). Candidata: Lais Bonagurio Peressim. Orientadora: professora Maria Inês Monteiro. Dia 26 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro do Departamento de Enfermagem da FCM.

Engenharia Química – “Avalição fl uidodinâmi-ca do processo de hidrotratamento de diesel em regime contracorrente com o estudo da fl uidodinâmica computacional - CFD” (mestra-do). Candidato: Sebastián Moreno Cárdenas. Orientador: professor José Roberto Nunhez. Dia 26 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de aula PG 05, Bloco D.“Estudo de híbridos de montmorilonitas organi-camente modifi cadas e ABS compatibilizados com copolímeros SEBS ou SBS” (mestrado). Candidato: Mateus de Lorenzi Cancelier Ma-zzucco. Orientador: professor Julio Roberto Bartoli. Dia 26 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de teses, Bloco D.

Engenharia Mecânica –“Métodos de gestão de projetos aplicados a programas de efi ciência energética da Aneel” (mestrado). Candidata: Carla Tiozo. Orientador: professor Gilberto De Martino Jannuzzi. Dia 26 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do Departamento de Energia.

Ciências Médicas – “Avaliação da capacidade funcional de eosinófi los do sangue periférico de pacientes com a forma juvenil da paracoccioi-domicose” (doutorado). Candidata: Fernanda Gambogi Braga Amarante. Orientadora: pro-fessora Maria Heloísa de Souza Lima Blotta. Dia 27 de julho de 2012, às 9h30, no anfi teatro do Departamento de Farmacologia da FCM.“Tradução, adaptação cultural e validação de EDIN – Échelle Douleur Inconfort Nouveau-né – para a língua portuguesa do Brasil” (mestra-do). Candidata: Flávia de Souza Barbosa Dias. Orientador: professor Sérgio Tadeu Martins Marba. Dia 27 de julho de 2012, às 9h30, no auditório José Martins Filho/Ciped.“Infl uência de polimorfi smos gênicos do me-tabolismo do ácido fólico na susceptibilidade ao adenocarcinoma colorretal esporádico”

(doutorado). Candidato: José Luiz Miranda Guimarães. Orientadora: professora Carmen Silvia Passos Lima. Dia 27 de julho de 2012, às 10 horas, no anfi teatro do Departamento de Cirurgia da FCM.“Percepção das enfermeiras sobre sua prática profi ssional na estratégia de saúde da família” (mestrado). Candidata: Isabela Gianeli Belli. Orientadora: professora Marcia Regina Noza-wa. Dia 27 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro da CPG/FCM.

Economia – “Política econômica, dinâmica setorial e a questão ocupacional no Brasil” (mestrado). Candidato: Leandro Horie. Orien-tador: professor Waldir José de Quadros. Dia 27 de julho de 2012, às 14 horas, na sala 23 (Pavilhão da Pós-Graduação).

ENGENHARIA QUÍMICA“Desenvolvimento e avaliação de metodologias de purifi cação de biolubrifi cantes via destilação molecular de fi lme descendente” (doutorado). Candidato: Henderson Ivan Quintero Perez. Orientadora: professora Maria Regina Wolf Maciel. Dia 27 de julho de 2012, às 9 horas, na sala de defesa de teses, Bloco D.

Matemática, Estatística e Computação Cien-tífi ca – “Formalismos gibbsianos para siste-mas de spins unidimensionais” (mestrado). Candidato: João Tiago Assunção Gomes. Orientador: professor Eduardo Garibaldi. Dia 27 de julho de 2012, às 14h30 na sala 121 do Imecc.

Engenharia Mecânica –“Metodologia de otimi-zação de portfólio e avaliação de lances para leilões combinatórios de novos empreendimen-tos de geração” (mestrado). Candidata: Debora Yamazaki Lacorte. Orientador: professor Paulo de Barros Correia. Dia 27 de julho de 2012, às 14 horas, na sala JD2.“Análise de estrutura aeronáuticas reforçadas por doublers colados” (mestrado). Candidato: Fabrício Fanton. Orientador: professor Paulo Sollero. Dia 27 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do Bloco K.“Caracterização de propriedades mecânicas de materiais utilizados em microssistemas eletromecânicos” (mestrado). Candidato: Mário Eduardo de Barros Gomes e Nunes da Silva. Orientador: professor Luiz Otávio Saraiva Ferreira. Dia 27 de agosto de 2012, às 14 horas, na sala de seminários ID2.

Alimentos – “Estudo da estabilidade de coran-tes azo em alimentos por espectrofotometria UV-visível” (mestrado). Candidata: Gabrielle Dias Rosa Beltramin. Orientador: professor Marcelo Alexandre Prado. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, no auditório do Departamen-to de Ciências de Alimentos (DCA).“Desenvolvimento e validação de método analítico para determinação de resíduos de cloranfenicol em pescado por clae-esi/em/em” (mestrado). Candidato: Pedro Prates Valério. Orientador: professor Marcelo Alexandre Prado. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro do Departamento de Ciência de Alimentos - DCA.

Biologia – “Flora eletrônica de um trecho do litoral norte de Sergipe, Brasil” (mestrado). Candidato: José Elvino do Nascimento Junior. Orientadora: professora Maria do Carmo Esta-nislau do Amaral. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, na sala IB-11 da Pós-graduação do IB.

Ciências Médicas – “Identifi cação do gene causador da Polimicrogíria Perisylviana Bila-teral” (doutorado). Candidata: Simone Sayuri Tsuneda. Orientadora: professora Iscia Tere-sinha Lopes Cendes. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, no anfi teatro da CPG/FCM.“Grau de estenose do canal lombar e gra-vidade da disfunção: estudo caso-controle” (doutorado). Candidato: Wagner Pasqualini. Orientador: professor João Batista de Mi-randa. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, no anfi teatro do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria.“Resposta ao sildenafi l em pacientes com dis-função erétil: estudo de marcadores genéticos e bioquímicos relacionados ao óxido nítrico” (doutorado). Candidata: Jaqueline Jóice Muniz. Orientador: professor José Eduardo Tanus dos Santos. Dia 30 de julho de 2012, às 10 horas, no anfi teatro do Departamento de Farmaco-logia da FCM.“Avaliação de lâminas e cabos de laringos-cópios quanto a carga bacteriana/ fúngica e presença de sangue” (mestrado). Candidata: Ana Claudia Negri de Sousa. Orientadora: professora Maria Isabel Pedreira de Freitas. Dia 30 de julho de 2012, às 13h30, no anfi teatro da CPG/FCM.“Estenose do canal lombar: relação do equilí-brio sagital com avaliação clínica” (doutorado). Candidato: Paulo Tadeu Maia Cavali. Orien-tador: professor João Batista de Miranda. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, no anfi teatro do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM.“Endoscopia digestiva alta na rede pública de saúde. Diagnósticos de lesões do tubo diges-tivo alto em uma população de atendimento primário na região sudoeste do Município de Campinas, São Paulo - Brasil” (mestrado). Candidata: Morgana Terezinha Alves de Quei-roz. Orientador: professor José Murilo Robilotta Zeitune. Dia 30 de julho de 2012, às 15 horas, no anfi teatro do Gastrocentro.

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – “Estudo da drenabilidade de pavimentos aeroportuários através de equipamento do tipo Outfl ow Meter” (mestrado). Candidata: Luciana Moreira Barbosa Ribeiro. Orientador: professor Cassio Eduardo Lima de Paiva. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas na sala CA-22 da FEC.

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11Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 2012

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – “Estudo e implementação de inversor de tensão a três níveis com modulação em largura de pulsos por vetores espaciais aplicado ao controle vetorial de motor síncrono de imãs permanentes” (mestrado). Candidato: Marcos Fernando Espindola. Orientador: professor Ernesto Ruppert Filho. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, na FEEC.

Engenharia Química – “Atenuação térmica inter-na nos grupos geradores de energia utilizando trocadores de calor de água gelada controlada” (mestrado). Candidato: Thadeu Alfredo Farias Silva. Orientador: professor Elias Basile Tam-bourgi. Dia 30 de julho de 2012, às 10 horas, na sala de aula PG 01, Bloco D.“Projeto e avaliação de desempenho de torres de resfriamento de água utilizando redes neurais artifi ciais” (mestrado). Candidata: Jaqueline An-dréa Espósito Jasiulionis. Orientador: professor Roger Josef Zemp. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de teses, Bloco D.

Linguagem – “Análise do discurso humorísti-co: as condições de produção das piadas de Joãozinho” (mestrado). Candidata: Fernanda Góes de Oliveira Ávila. Orientador: professor Sirio Possenti. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de tesesdo IEL.

Engenharia Mecânica – “Introdução de misturas de GNV e hidrogênio (Hidrano) para veículos convencionais no Brasil e seus impactos eco-nômicos, ambientais e energéticos” (doutorado). Candidato: Cristiano da Silva Pinto. Orientador: professor Ennio Peres da Silva. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, na sala de seminários ID2.“Desenvolvimento de bionanocompósitos poli(álcool vinílico)-poliuretano/hidroxiapatita para enxerto maxilo facial” (doutorado). Candi-data: Sabina da Memória Cardoso de Andrade. Orientadora: professora Cecília Amélia de Carvalho Zavaglia. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, na secretaria da FEM.

Química – “1. Estudos visando a síntese as-simétrica da (+)-Napalilactona. 2. Síntese de pirazolidinonas e pirazolonas a partir de adutos de Morita-Baylis-Hillman” (mestrado). Candida-to: José Tiago Menezes Correia. Orientador: professor Fernando Antônio Santos Coelho. Dia 30 de julho de 2012, às 9 horas, na sala E-312.“Aplicações da mobilidade iônica acoplada a espectrometria de massas como uma técnica analítica para o estudo de misturas complexas e separação de isômeros” (mestrado). Candidata: Maíra Fasciotti Pinto Lima. Orientador: professor Marcos Nogueira Eberlin. Dia 30 de julho de 2012, às 14 horas, no Miniauditório.

Biologia – “Estudo de otimização das condições da fermentação para produção de ácido propiô-nico por Propionibacterium acidipropionici utili-zando xarope de cana-de-açúcar” (mestrado). Candidato: Luige Armando Llerena Calderón. Orientador: professor Gonçalo Amarante Gui-marães Pereira. Dia 31 de julho de 2012, às 9 horas, na sala de defesa de teses da CPG do IB.

Ciências Médicas – “Efeitos da restrição proteica gestacional em hipocampo de ratos machos adultos: avaliação da estrutura den-drítica tridimensional, do comportamento e de componentes neuroquímicos” (mestrado). Candidata: Agnes da Silva Lopes Oliveira. Orientadora: professora Patricia Aline Boer. Dia 31 de julho de 2012, às 9h30, no anfi teatro da Comissão de Pós-graduação da FCM.

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo – “Avaliação química e ecotoxicológica de lodos de esgoto visando a utilização na agricultura” (mestrado). Candidata: Noely Bochi Silva. Orien-tador: professor Bruno Coraucci Filho. Dia 31 de julho de 2012, às 9 horas, na sala CA-22 da FEC.

Computação –“Arcabouço para anotação de componentes de imagem” (mestrado). Candi-dato: Émeson Muraro. Orientador: professor Ricardo da Silva Torres. Dia 31 de julho de 2012,

às 14 horas, no auditório do IC, sala 85 - IC 2.

Engenharia Elétrica e de Computação –“Mo-delo de programação da operação de sistemas hidrotérmicos” (doutorado). Candidato: Makoto Kadowaki. Orientador: professor Takaaki Ohishi. Dia 31 de julho de 2012, às 9 horas, na sala PE12 - prédio da CPG-FEEC.“Estudo do aspecto locacional da alocação de custos da transmissão” (mestrado). Candidato: Elias Kento Tomiyama. Orientador: professor Carlos A. Castro. Dia 31 de julho de 2012, às 9 horas, na sala LE48 (sala de reuniões da Congregação da FEEC).“Sensor químico baseado em microponte de im-pedância” (mestrado). Candidato: Luiz Eduardo Bento Ribeiro. Orientador: professor Fabiano Fruett. Dia 31 de julho de 2012, às 16 horas. na sala PE-12 da Pós-graduação da FEEC.

Engenharia Química – “Melhoramento genético da levedura oleaginosa Lipomyces starkeyi por mutagênese aleatória visando a produção de biocombustíveis de segunda geração” (mestrado). Candidata: Eulália Vargas Tapia. Orientadora: professora Telma Teixeira Franco. Dia 31 de julho de 2012, às 9 horas, na sala de extensão, Bloco E.“Fases de membranas fl uidas - L3 a partir de lipídio sintético e pentanol na região diluída – e o respectivo dialisado” (doutorado). Candidata: Claudia Conti Medugno. Orientador: professor Elias Basile Tambourgi. Dia 31 de julho de 2012, às 10 horas, na sala de defesa de tese, Bloco D.“Estudo das características fluidodinâmicas de misturas da madeira de eucalipto e do caroço do fruto do tucumã com inerte visando aplicação em processos de termoconversão” (mestrado). Candidata: Joana Bratz Lourenço. Orientadora: professora Katia Tannous. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de aula PG 05, Bloco D.“Produção de ácido lático a partir do bagaço da cana de açúcar” (doutorado). Candidata: Giselle de Arruda Rodrigues. Orientadora: professora

Telma Teixeira Franco. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de aula PG 04, Bloco D.“Comparação de aditivação em massa ou por recobrimento de fi lme de polipropileno em com-postos orgânicos e ou nanopartículas para proteção e como fi ltro de luz ultravioleta” (mes-trado). Candidato: Jener de Oliveira. Orientadora: professora Leila Peres. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de tese, Bloco D.

Física – “Síntese e caracterização magnética de nanopartículas do tipo dímero de Ag-Fe3O4” (mestrado). Candidato: Gleyguestone Lopes de Macedo. Orientador: professor Kleber Roberto Pirota. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de seminários do DFMC do IFGW.

Linguagem – “A forma fi nal de governo huma-no: o sujeito liberal e a democracia na relação entre os governos Lula e Bush” (mestrado). Candidato: Davi Faria De Conti. Orientadora: professora Suzy Maria Lagazzi. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala dos colegiados.

Matemática, Estatística e Computação Científi -ca – “Um princípio de médias sobre variedades folheadas com folhas compactas” (doutorado). Candidato: Iván Italo Gonzáles Gargate. Orien-tador: professor Paulo Regis Caron Ruffino. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala 253 do Imecc.

Engenharia Mecânica –“Caracterização do escoamento no limite de mobilização de um leito granular cisalhado por um fl uido” (mestrado). Candidata: Fabíola Tocchini de Figueiredo. Orientador: professor Eugênio Spanó Rosa. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, no au-ditório do DE.“Processo de obtenção de furos quadrados utilizando máquinas ferramentas CNC com ferramenta em rotação” (mestrado). Candidato: Marcelo Hirai Castro. Orientador: professor Amauri Hassui. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, no auditório do DEF.

DESTAQUESdo Portal da UnicampDESTAQUES

A grande compra de livros pelo IFCHA Biblioteca Octávio Ianni, do Instituto

de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, concluiu recentemente a execução de um dos maiores projetos de aquisição de livros na história da unidade. Trata-se do projeto FAP-Livros VI, de US$ 1.559.936,50, que foi também o maior fi-nanciamento para este fim aprovado pela Fapesp no Estado de São Paulo. A aquisição de aproximadamente 25 mil títulos, garim-pados em 29 países, permitiu a atualização bibliográfica frente ao mercado editorial internacional, além de reforçar a qualidade de um acervo que está entre os mais im-portantes da América Latina na área de ci-ências humanas.

“Adquirimos uma lista de fontes primá-rias que, pelo que sei, não existe em outro lugar do país”, afirma o professor Michael McDonald Hall, coordenador deste proje-to FAP-Livros. “Procuramos enfatizar as fontes referentes ao Brasil (mas não exclu-sivamente), segundo áreas que achamos necessário reforçar, especialmente sobre a África e depois a Ásia e países da América Latina como México e Argentina. Houve uma compra grande de títulos de história da arte, estudos medievais, filosofia mo-derna e antropologia, mas no geral tenta-mos cobrir todas as áreas em pesquisa e docência do IFCH.”

O destaque da aquisição é a coleção “Brazil’s Popular Groups”, composta por 332 rolos de microfilmes cobrindo o pe-ríodo de 1966 a 2009. Inédita no Brasil e na América Latina, a coleção foi idealizada pela Library of Congress, em Washington, com o objetivo de documentar os movi-mentos populares que surgiram durante a ditadura militar brasileira e com o advento da Nova República em 1985. São boletins, jornais, relatórios, folhetos, cartazes, reso-luções de congressos, manuais educativos e catálogos de publicações, em que todos os estados do país estão representados.

“O Arquivo Edgard Leuenroth [AEL, também do IFCH] já deve ter parte desse material, mas é muito complicado localizar determinado boletim ou jornal em meio a 300 rolos de microfilmes”, observa Michael Hall. “O interessante é que tudo foi filma-do e catalogado pela Biblioteca Nacional norte-americana, havendo então um índice para que o pesquisador encontre rapida-mente o que precisa.”

A “Brazil’s Popular Groups” está orga-nizada em 14 tópicos: crianças e jovens, direitos humanos e direitos civis, educa-

ção/comunicação, negros, índios, outros grupos étnicos, homossexuais e bissexuais, meio ambiente e ecologia, mulheres, polí-tica e partidos políticos, questões urbanas, reforma agrária e questões rurais, trabalho e questões sindicais, e organizações religio-sas e grupos e movimentos ecumênicos.

OUTRAS RARIDADESAtravés do projeto FAP-Livros VI foram

importadas outras 12 coleções raras e es-peciais dos Estados Unidos e da Europa, antes disponíveis somente em bibliotecas e arquivos do exterior e que agora podem ser consultados no IFCH. “O importante é que essa aquisição vai abrir a possibilidade de pesquisas em áreas pouco investigadas no Brasil. Fizemos um enorme esforço, por exemplo, em relação à África, que não está muito bem representada nas bibliotecas brasileiras; é um material complicado de comprar e que vai aumentar a nossa capa-cidade de pesquisa”, diz Michael Hall.

Entre as outras raridades estão relató-rios diplomáticos, despachos e telegramas do governo britânico abordando as relações com países da América Latina, incluindo o Brasil, no período de 1845 a 1956. Outra do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha envolve especificamente a política interna brasileira, de 1824 a 1905.

Uma coleção de panfletos de Robert J. Ale-xander, do início dos anos 1940 até os anos 1980, traz 664 itens referentes ao Brasil, tratando de sindicatos, partidos políticos, direitos humanos e outros assuntos.

Em 642 microfichas estão 233 títulos raros dos séculos 16 ao 18, publicados principalmente em Amsterdã por sefardi-tas (descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha) refugiados da Inquisi-ção. Mais 2.606 microfichas, sobre filosofia e artes liberais no início do período moder-no, incluem obras de metafísica, matemá-tica, ética, política, lógica e retórica, entre outros assuntos. Da Itália vieram arquivos do Instituto Feltrinelli em 20 rolos de mi-crofilme, além de periódicos importantes do socialismo italiano e internacional.

A GARIMPAGEMRegiane Alcântara Eliel, diretora da Bi-

blioteca do IFCH, informa que a aquisição dos 25 mil títulos pelo FAP-Livros VI re-presenta um aumento de mais de 20% no acervo. “É um enorme reforço. E podemos dizer que 99% das obras são em língua es-trangeira, até porque esse projeto é uma oportunidade de atualizar a biblioteca em termos de publicações internacionais – te-mos como adquirir títulos nacionais atra-vés de outras fontes. O francês vem logo

depois do inglês, sendo que houve uma compra grande em alemão, no caso de li-vros de filosofia e história da arte.”

Segundo Regiane Eliel, o projeto exigiu mais de 24 meses de trabalho, incluindo a preparação do projeto e a sua execução. “Os títulos foram selecionados com apoio do docente coordenador da Comissão da Biblioteca (na época, o professor Micha-el Hall), de modo a contemplar todas as linhas de pesquisa do IFCH. Aprovada a lista pela Fapesp, separamos os livros por países e realizamos as compras diretamen-te dos fornecedores, sem intermédio de li-vreiros, visando melhor uso dos recursos. É um desafio encontrar livros antigos e esgotados. O mercado editorial está cada vez mais ágil, mas ao contrário de áreas como as tecnológicas, que precisam de co-nhecimento atualizado, para nós interessa o que é do passado.”

A grande maioria dos títulos adquiridos através do FAP-Livros VI já está disponibili-zada, havendo uma equipe de sete bibliote-cários finalizando a catalogação. O enorme volume de títulos em papel obrigou à im-provisação de uma área anexa para abrigá-los, mas apenas até a inauguração do novo e moderno prédio da Biblioteca do IFCH, com três amplos pavimentos, previsto para ser entregue em setembro. (Luiz Sugimoto)

O professor Michael McDonald Hall, coordenador do projeto, e Regiane Alcântara Eliel, diretora da Biblioteca do IFCH: projeto de fôlego

“Preparação, processamento e caracterização de ligas de titânio de alta resistência baseadas na liga Ti-5553” (mestrado). Candidato: Victor Carvalho Opini. Orientador: professor Rubens Caram Junior. Dia 31 de julho de 2012, às 14 horas, na sala de seminários ID2.

Biologia – “Modulação da agressividade do melanoma por flavinas” (doutorado). Candi-data: Daisy Machado. Orientadora: professora Carmen Veríssima Ferreira Halder. Dia 2 de agosto de 2012, às 14 horas, na sala de defesa de Tese da CPG-IB.

Economia – “Realismo crítico e teoria econô-mica: quatro ensaios sobre metodologia eco-nômica” (doutorado). Candidato: José Ricardo Fucidji. Orientador: professor David Dequech Filho. Dia 2 de agosto de 2012, às 13h30, na sala 23 (Pavilhão da Pós-Graduação).

Engenharia Química – “Síntese e caracteriza-ção de misturas poliméricas condutoras para aplicação em membranas biodegradáveis e dispositivos eletroluminescentes” (doutorado). Candidato: Alex Linardi Gomes. Orientador: professor João Sinézio de Carvalho Campos. Dia 2 de agosto de 2012, às 9h30, na sala de defesa de teses, Bloco D.

Engenharia Elétrica e de Computação – “De-sempenho de geradores distribuídos durante curtos-circuitos considerando requisitos de suportabilidade a afundamentos de tensão” (mestrado). Candidato: Rafael Schincariol da Silva. Orientador: professor Walmir de Freitas Filho. Dia 3 de agosto de 2012, às 9 horas na sala PE12 - Prédio da CPG/FEEC - térreo.

Matemática, Estatística e Computação Científi ca – “Completamentos Pro-p de grupos de dualidade de Poincaré” (doutorado). Candidato: Igor dos Santos Lima. Orientadora: professora Dessislava Hristova Kochloukova. Dia 3 de agosto de 2012, às 14 horas, na sala 253 do Imecc.

Foto: Isaías Teixeira

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m tempos de domínio do samba, uma valsa tem enorme sucesso. É Lábios que beijei, com-posição de J.Cascata e Leonel Azevedo. Des-de a primeira gravação, pela RCA Victor, em 1937, Lábios faz história na música popular

brasileira. O intérprete dos versos tristes que choram a perda da amada é Orlando Silva, o “cantor das multi-dões” e seu arranjador, Radamés Gnatalli. Os historia-dores escrevem que a valsa é uma das primeiras a in-cluir o naipe de cordas, proveniente da música erudita, em composições populares no Brasil. A escolha foi feita por Gnatalli, que na época já era compositor e intérprete consagrado. A carreira de arranjador não foi menos bri-lhante até sua morte, em 1988, e a antiga valsa sempre foi lembrada pelos fãs e críticos como um belo exemplar de toda a inventividade de Radamés. Tal unanimidade pode, no entanto, conter certos equívocos. É o que cons-tata a dissertação de mestrado “Tua imagem permanece imaculada. Radamés Gnattali e seu arranjo para a valsa-canção: ‘Lábios que beijei’”, de Geremias Tiófilo Pereira Júnior, orientada pelo docente Roberto Cesar Pires, do Instituto de Artes (IA) Unicamp.

Músico formado pela Unicamp e também pelo Con-servatório de Tatuí, Geremias sempre traz consigo, além da flauta transversal e da clarineta, seu saxofone. Foi a partir deste instrumento que entrou em contato com o universo de Gnatalli: ouvindo o “Concertino para sa-xofone alto e orquestra”. Como aluno especial da pós-graduação em Música no IA, voltou-se para os arranjos e então decidiu estudá-los no mestrado. Lábios que beijei foi intensamente analisada pelo viés técnico em oposi-ção ao viés histórico. “Eu quis confrontar tudo o que dizem de Lábios com o que pode ser descrito no papel, musicalmente.” Assim, Geremias buscou a partitura da valsa na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Não en-contrando, decidiu fazer por conta própria. A transcrição detalhada do arranjo foi parte da investigação. “Evidente-mente ouvindo a valsa, em razão da qualidade da gravação, posso ter deixado passar algum instrumento. Mas tentei ser o mais fiel possível ao arranjo original”.

O resultado permitiu que o músico levantasse várias hi-póteses. A principal é que, ao contrário do que se supunha, as combinações propostas são, de certa maneira, bastan-te tradicionais, “comuns até”, diz o pesquisador. “Nessa época, Radamés tomou por base os arranjos de Pixingui-nha, que utilizava bastante a flauta transversal, instrumen-to característico do choro, em seus arranjos. Se ele inovou o arranjo brasileiro, em minha opinião não foi nesse mo-mento”, salienta. Mesmo a inclusão das cordas na música popular, Geremias explica que, três anos antes de Lábios, músicos norte-americanos já tinham inovado nesse campo.

Outra ideia posta em comparação é a que as cordas te-riam maior expressão no arranjo de Gnatalli. “Analisei quantos compassos têm as cordas em relação à flauta transversal e pude verificar que os dois instrumentos têm o mesmo peso.” Para o autor, é a flauta transversal quem dialoga com Orlando Silva enquanto as cordas fazem o background de notas paradas, uma base para a melodia. A flauta transversal também seria em menção ao choro e teria ainda, na valsa, a mesma importância primordial que tem a guitarra no fado português. A melodia triste também é reforçada pelo som de dois clarinetes que ope-ram “numa região bem grave, obscura”.

Campinas, de 30 de julho a 5 de agosto de 201212

PATRICIA [email protected]

Segundo Geremias, piano, bateria e contrabaixo fazem a marcação rítmica contínua no arranjo, numa alusão à dor da perda do personagem da canção. As cordas são a sustentação harmônica e o violoncelo chama a atenção em um solo. “É lindo porque o instrumento preenche grande parte do interlúdio instrumental e é tocado numa região aguda, aproveitando o talento de Iberê Camargo Grosso” afirma. Ao todo, são 9 instrumentos utilizados no arranjo.

O autor da dissertação considera que o sucesso que a valsa alcançou, projetando a carreira tanto de Orlando Silva quanto de Radamés (que continuaram por mais 10 anos a parceria), se deve também aos intérpretes dos ins-trumentos: além de Iberê como violoncelista, a primeira gravação de Lábios tem Luciano Perrone na bateria, o vio-linista Romeu Ghipsman e o próprio Gnatalli no piano. Geremias estava em dúvida apenas se na flauta transversal estava Dante Santoro ou Pixinguinha. Ligou e foi atendido por José Menezes, músico do Sexteto de Radamés Gna-talli. Ele confirmou que era mesmo Dante Santoro (que improvisaria menos que Pixinguinha embora a flauta es-tivesse “muito à vontade”, como descreve o pesquisador).

Outras duas entrevistas, com o músico Paulo Moura – falecido em 2010, e Laércio de Freitas, também do Sex-teto, constam na dissertação. O objetivo do autor foi se aprofundar mais na história do arranjo brasileiro, antes de tentar entender Gnatalli em Lábios que beijei.

m tempos de domínio do samba, uma valsa tem enorme sucesso. É m tempos de domínio do samba, uma valsa tem enorme sucesso. É m tempos de domínio do samba, uma valsa

posição de J.Cascata e Leonel Azevedo. Des-

PublicaçãoDissertação: “Tua imagem permanece imaculada. Radamés Gnattali e seu arranjo para a valsa-canção: Lábios que beijei”. Autor: Geremias Tiófilo Pereira JúniorOrientador: Roberto Cesar PiresUnidade: Instituto de Artes (IA)

No vai-da-valsaARRANJADORESRadamés Gnatalli era arranjador da gravadora RCA

Victor, junto com Pixinguinha, na época em que a in-dústria fonográfica começa a se estabelecer no Brasil. A comparação entre os dois no período foi inevitável. Pixinguinha acabou sendo visto como patrimônio e tra-dição, enquanto Radamés era o novo, o inovador.

A dissertação recupera um momento antes, quando os arranjadores eram os músicos que sabiam escrever a partitura de melodias cantadas por músicos que não conheciam exatamente a grafia musical. Há aqueles que saíram do teatro de revista e foram para o rádio, entre eles Anacleto de Medeiros.

Na época de Gnatalli e Pixinguinha, o arranjador tinha um papel importantíssimo porque não apenas escolhia os instrumentos como também determinava quais seriam os intérpretes. “Hoje, com algumas ex-ceções, o arranjador não tem muita autonomia. Quem determina tudo é o produtor. Isso se confirmou com as entrevistas que eu fiz, principalmente com Paulo Mou-ra”, afirma Geremias.

O autor também relembra outros grandes nomes do arranjo, em referências em sínteses biográficas. Ele ressalta, por exemplo, o trabalho do maestro Odmar Amaral Gurgel, o “Gaó”. “Ele tem um nível de perfor-mance muito próximo do Radamés Gnatalli, no entan-to não é lembrado”.

Gnatalli seria quase que um fenômeno midiático, “obviamente sem retirar seus méritos”, observa o pes-quisador. Isso se deve principalmente ao sucesso do programa “Um milhão de melodias”, que estreou em 1943 na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, e foi até 1966, sob a direção de Radamés.

De Lábios que beijei, o autor da pesquisa fez o levan-tamento de outras 23 regravações desde a primeira, em 1937. “Para entender a influência do arranjo de Rada-més Gnatalli até hoje, todas as versões se relacionam

com ele diretamente, destacando as cordas”. Gravações de Ângela Maria em 1956, de Jacob do Bandolin, em 1959, de Caetano Veloso (com Jaques Morelenbaum no violoncelo) são citadas por Geremias como as mais representativas. A mais recente é de Mônica Salmaso em 2011, com piano, voz e flauta transversal.

As conclusões do pesquisador o fazem concordar com outros trabalhos acadêmicos na área da música que colo-cam o arranjo original no mesmo status de uma compo-sição. “Além da composição de Lábios, temos outra com-posição embutida, que é o arranjo de Gnatalli. Conseguir identificar uma música pelo arranjo é algo que deve ser respeitado, como uma composição”.

Pixinguinha (à esq.) e Radamés Gnatalli: arranjadores escolhiam os intérpretes

O músico Geremias Tiófi lo Pereira Júnior: “Hoje, com algumas exceções,

o arranjador não tem muita autonomia”

Foto: Reprodução

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Foto: Antoninho Perri