68
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL ASSOCIAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO Trichuris Trichiura, PRODUÇÃO DE CITOCINAS E DOENÇAS ALÉRGICAS DAS VIAS RESPIRATÓRIAS (ASMA) EM CRIANÇAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, PERNAMBUCO JULIANA PRADO GONÇALES RECIFE 2015

JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

  • Upload
    dodang

  • View
    222

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

ASSOCIAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO Trichuris Trichiura, PRODUÇÃO DE

CITOCINAS E DOENÇAS ALÉRGICAS DAS VIAS RESPIRATÓRIAS (ASMA) EM

CRIANÇAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, PERNAMBUCO

JULIANA PRADO GONÇALES

RECIFE

2015

Page 2: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

JULIANA PRADO GONÇALES

ASSOCIAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO PELO Trichuris Trichiura, PRODUÇÃO DE

CITOCINAS E DOENÇAS ALÉRGICAS DAS VIAS RESPIRATÓRIAS (ASMA) EM

CRIANÇAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE, PERNAMBUCO.

Dissertação de mestrado apresentada a banca

avaliadora do Programa de Pós-Graduação em

Medicina Tropical do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco,

para obtenção do título de mestre.

Orientadora: Drª. Valdênia Maria Oliveira de Souza

RECIFE

2015

Page 3: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária: Adelaide Lima, CRB4-647

G635a Gonçales, Juliana Prado. Associação entre a infecção pelo trichuris trichiura, produção de citocinas e

doenças alérgicas das vias respiratórias (asma) em crianças da Região Metropolitana do Recife, Pernambuco / Juliana Prado Gonçales. – Recife: O autor, 2015.

67 f.: il. tab.; 30 cm.

Orientadora: Valdênia Maria Oliveira de Souza. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CCS.

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, 2015. Inclui referências, apêndices e anexos.

1. Trichuris. 2. Asma. 3. Imunomodulação. 4. TH2. 5. Citocinas. I. Souza, Valdênia Maria Oliveira de (Orientadora). II. Título.

618.9883 CDD (23.ed.) UFPE (CCS2015-144)

Page 4: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE)

Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ)

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (CCS)

Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical (PPGMEDTROP)

RELATÓRIO DA BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DA MESTRANDA

J U L I A N A P R A D O G O N Ç A L E S

No dia 27 de fevereiro de 2015, às 09h00, na Sala do Depto. de Medicina Tropical do CCS/UFPE -, os

Membros Doutores: a Profa. Dra. Vlaudia Maria Assis Costa (Presidente da Banca – UFPE), a

Profa. Dr. Virgínia Maria Barros de Lorena (CPqAM/FIOCRUZ) e o Prof. Dr. André de Lima

Aires (UFPE), como componentes TITULARES da Banca Examinadora da mestranda JULIANA

PRADO GONÇALES sobre a sua Dissertação intitulada “ASSOCIAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO

PELO Trichuris Trichiura, PRODUÇÃO DE CITOCINAS E DOENÇAS ALÉRGICAS DAS

VIAS RESPIRATÓRIAS (ASMA) EM CRIANÇAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO

RECIFE, PERNAMBUCO”, a qual foi orientada pelo Prof. Dr. Valdênia Maria Oliveira de

Souza (UFPE). Ao final da arguição de cada membro da Banca Examinadora e resposta da mestranda,

as seguintes menções foram publicamente fornecidas.

Profa. Dra. Vlaudia Maria Assis Costa

Profa. Dra. Virgínia Maria Barros de Lorena

Prof. Dr. André de Lima Aires

Page 5: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

REITOR

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Francisco de Sousa Ramos

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Nicodemos Teles de Pontes Filho

COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

MEDICINA TROPICAL

Valdênia Maria Oliveira de Souza

VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

MEDICINA TROPICAL

Vera Magalhães da Silveira

CORPO DOCENTE

Ana Catarina de Souza Lopes

Ana Lúcia Coutinho Domingues

Célia Maria Machado Barbosa de Castro

Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto

Fábio André Brayner dos Santos

Heloísa Ramos Lacerda de Melo

Maria Amélia Vieira Maciel

Maria Rosângela Cunha Duarte Coêlho

Marli Tenório Cordeiro

Ricardo Arraes de Alencar Ximenes

Valdênia Maria Oliveira de Souza

Vera Magalhães da Silveira

Vlaúdia Maria Assis Costa

CORPO DOCENTE COLABORADOR

Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque

Rejane Pereira Neves

Page 6: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

Dedico este trabalho a minha mãe, Irma pelo incentivo

constante e pelo amor incondicional ofertado.

E minha filha Ellen por sempre me dar forças para

seguir em frente. A vocês sou eternamente grata!

Page 7: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me concedido discernimento e sabedoria para que eu conseguisse

trilhar esse caminho.

A minha mãe pela dedicação e apoio incondicional e por me ensinar a nunca desistir.

A minha filha por sempre me dar forças e por compreender minha ausência em muitos

momentos.

A minha orientadora Drª. Valdênia Maria Oliveira de Souza pela oportunidade,

paciência e conhecimentos compartilhados.

A todas as crianças e responsáveis que participaram deste trabalho e contribuíram para

sua realização.

Ao Dr. Décio Medeiros pela colaboração e conhecimentos ofertados.

Ao Wheverton Ricardo, Érica Fernandes e Cássia Nobrega pela contribuição para o

desenvolvimento deste trabalho.

A todos do setor de Imunologia do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami

(LIKA) que contribuíram direta ou indiretamente para este trabalho.

Aos funcionários do Laboratório de Esquistossome Experimental do Centro de

Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/FIOCRUZ) pelo auxilio e conhecimento compartilhado.

Aos meus amigos Alan Montezano, Deborah Guimarães, Viviane Martha, Georgea

Cahu e Eduarda Mangueira pelo amor, paciência e apoio.

A CAPES pelo auxilio e incentivo a pesquisa.

Page 8: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

“Don't be afraid of your fears.

They're not there to scare you.

They're there to let you know

that something is worth it.”

C. JoyBell C.

Page 9: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

RESUMO

A prevalência de doenças alérgicas, como rinite e asma, é menor em países subdesenvolvidos,

onde há uma maior exposição a agentes infecciosos, como os helmintos. A relação entre

infecções com T. trichiura e a prevalência das doenças alérgicas e reatividade cutânea ainda

não está estabelecida. Os estudos divergem quanto à alteração (potencializar ou reduzir) do

quadro clínico e/ou testes cutâneos, bem como, a carga parasitária da população estudada. O

estudo teve como objetivo verificar se existe diferença entre a ocorrência de asma alérgica,

prick test, níveis séricos das citocinas IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α e anticorpos IgE anti-ascaris

em crianças com infecção ativa por T. trichiura. Para isto, crianças com ou sem asma foram

definidas pelo questionário ISAAC, foram realizados o prick-test, parasitológico

(Hoffman/Kato Katz) e coleta de sangue, que foi submetido a cultura (estimulada com PHA) e

o sobrenadante coletado para a dosagens das citocinas (CBA). A prevalência de crianças com

parasitológico positivo foi de 16,9 % (61/361 crianças), entre essas 27,9 % (17/61) foram

positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris

trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O grupo de pacientes infectados, com ou sem asma,

produziram níveis significantemente elevados para todas as citocinas em relação ao grupo

controle. Além disso, o grupo dos pacientes infectados sem asma apresentou um tendência

maior de produção de IL-6, TNF-alfa e IL-10 que os com asma; os pacientes infectados e

asmáticos apresentaram uma menor reatividade no Prick Test quando comprado aos asmáticos

não infectados. Então, a infecção por T. trichiura parece modular positivamente os níveis das

citocinas TNF-α, IL-10 e IL-6, mas em pacientes asmáticos estes níveis tendem a ser

controlados. As reações de hipersensibilidade cutânea imediata parece ser menos frequente

em asmáticos quando infectados. Os dados levantam a possibilidade de uma modulação

mútua entre asma e tricuríase, favorecendo um estado de maior cronicidade de ambas

entidades de doença.

Palavra-chave: Trichuris. Asma. Imunomodulação. Th2. Citocinas.

Page 10: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

ABSTRACT

The prevalence of allergic diseases such as rhinitis and asthma is smaller in developing

countries, where there is a greater exposure to infectious agents, such as helminths. The

relationship between infection with T. trichiura and the prevalence of allergic diseases and

skin reactivity is not yet established. Studies differ as to the nature of the change (increase or

reduce) in the clinical condition and/or skin tests, as well as the parasite load of the studied

population. The study aimed to determine whether there are differences between the

occurrence of allergic asthma, prick test, serum levels of IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α and anti-

Ascaris IgE antibodies in children with active infection by T. trichiura. For this purpose,

children with and without asthma were defined by the ISAAC questionnaire, prick-test and

parasitological (Hoffman/Kato Katz) were performed and blood samples were collected,

which were then subjected to culture (stimulated with PHA) and the collected supernatant for

cytokines measurements (CBA). The prevalence of children with positive parasitological was

16.9% (61/361 children), and among these 27.9% (17/61) were positive for Trichuris

trichiura infection (12/17) or co-infected with Trichuris trichiura/Ascaris lumbricoides

(5/17). The group of infected patients, with or without asthma, produced significantly high

levels for all cytokines in the control group. Furthermore, the group of patients infected

without asthma showed a greater tendency of IL-6,TNF-α and IL-10 production than those

with asthma; infected and asthmatic patients had a lower reactivity in Prick Test when

compared to those with asthma who were uninfected. Thus, the infection with T. trichiura

positively modulates the levels of TNF-α, IL-10 and IL-6 cytokines, but these levels in

asthmatic patients tend to be controlled. The immediate hypersensitivity skin reactions

appears to be less common in asthmatics when infected. The data raise the possibility of a

mutual modulation between asthma and trichuriasis, favoring a state of chronic course on both

disease entities.

Keyword: Trichuris. Asthma. Immunomodulation. Th2. Cytokines.

Page 11: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

FIGURA 1 Esquema do ciclo biológico do Trichuris trichiura............................................ 17

TABELA 1 Características do grupo controle de acordo com idade, sexo, prick test, IgE

anti-ascaris...........................................................................................................

35

TABELA 2 Características do grupo de infectados de acordo com idade, sexo, prick test,

IgE anti-ascaris....................................................................................................

35

TABELA 3 Associação do prick test e IgE anti-ascaris entre as crianças

asmáticas..............................................................................................................

35

TABELA 4 Mediana das concentrações de IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, TNF-α e valores

absolutos de neutrófilos e eosinófilos em crianças asmáticas e não asmáticas

infectadas por Trichuris trichiura e controles.....................................................

36

Page 12: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APCs “Antigen-presenting cell” – Célula Apresentadora de Antígeno

TCR “T cell receptor” – Receptor de Célula T

MHC “Major histocompatibility complex” – Complexo Principal de Histocompatibilidade

Treg cell “Regulatory T cell” – Célula T Regulatória

IFN-γ Interferon - γ

STAT4 Transdutor e Ativador de sinal de Transcrição - 4

STAT6 Transdutor e Ativador de sinal de Transcrição - 6

IL-4 Interleucina-4

IL-5 Interleucina-5

IL-6 Interleucina-6

IL-9 Interleucina-9

IL-10 Interleucina-10

IL-12 Interleucina-12

IL-13 Interleucina-13

IL-17 Interleucina-17

IL-22 Interleucina-22

IL-25 Interleucina-25

IL-33 Interleucina-33

ILC-1 “Innate lymphoid cell” – Linfócitos Inatos tipo 1

ILC-2 “Innate lymphoid cell” – Linfócitos Inatos tipo 2

ILC-3 “Innate lymphoid cell” – Linfócitos Inatos tipo 3

MBP Proteína Básica Principal

TGF-β “Transforming Growth Factor Beta” – Fator de transformação do crescimento beta

FcεRI “High affinity immunoglobulin E receptor”

HRB Hiper-reatividade brônquica

MIP-1α “Macrophave Inflammatory Protein 1 alpha”

TNF-α “Tumor necrosis fator alpha” - Fator de necrose tumoral alpha

IgG Imunoglobulina G

IgE Imunoglobulina E

VEGF “Vascular endotelial growth fator” – Fator de crescimento endotelial vascular

ISAAC “International Study of Asthma and Allergies in Childhood”

CBA “Cytometric Bead Array”

OPD “Ortho-phenylenediamine” - Orto-fenilenodiamina

Prick Test Teste de Hipersensibilidade Cutâneo

ELISA Imunoensaio Enzimático

PHA “Phytohaemagglutinin” - Fitohemaglutinina

CPqAM Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães

LIKA Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami

Page 13: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

SUMÁRIO

1. Introdução.......................................................................................................................... 14

2. Revisão de Literatura......................................................................................................... 16

2.1 Aspectos gerais da infecção por T. trichiura...................................................................... 16

2.2. Resposta Imune aos Helmintos.......................................................................................... 18

2.3 Imunopatogênese da Asma................................................................................................ 22

2.4 Interações entre as infecções por T. trichiura e a asma alergia.......................................... 24

3. Objetivos............................................................................................................................ 27

3.1 Objetivo Geral.................................................................................................................... 27

3.2 Objetivos Específicos......................................................................................................... 27

4. Materias e Métodos............................................................................................................ 28

4.1 Desenho do Estudo............................................................................................................. 28

4.2 Área do Estudo................................................................................................................... 28

4.3 População e grupos de estudo............................................................................................ 28

4.4 Critérios de Inclusão e Exclusão........................................................................................ 29

4.5 Coleta das amostras de fezes e realização do parasitológico............................................. 29

4.6 Aplicação do Questionário ISAAC.................................................................................... 30

4.7 Realização do Teste Cutâneo............................................................................................. 30

4.8 Coleta de sangue e realização do Leucograma................................................................... 31

4.9 Dosagem de IgE anti-Ascaris por Imunoensaio Enzimático Indireto)............................... 31

4.10 Cultura de Células.............................................................................................................. 31

4.11 Determinação dos níveis das citocinas por Cytometric Bead Array (CBA)...................... 32

4.12 Análise Estatística.............................................................................................................. 32

4.13 Fluxograma......................................................................................................................... 33

5. Resultados.......................................................................................................................... 34

Page 14: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

6. Discussão............................................................................................................................ 37

7. Conclusão........................................................................................................................... 40

Referências......................................................................................................................... 41

Apêndice A - Gráficos das citocinas.................................................................................. 47

Apêndice B - Artigo em inglês........................................................................................... 50

Anexos................................................................................................................................ 62

Page 15: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

14

1. INTRODUÇÃO

A prevalência de doenças alérgicas, como rinite e asma, é menor em países

subdesenvolvidos, onde há uma maior exposição a agentes infecciosos, como os helmintos

(PONTE et al, 2007). Um estudo com base populacional demonstrou que infecções por

geohemiltos (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancylostomidae) inibem a

reatividade do teste cutâneo e a prevalência de sibilância (BIGGELAAR et al, 2004).

Entretanto, estudo realizado por PALMER et al, 2002, demonstrou que as infecções por A.

lumbricoides aumentaram a reatividade do teste cutâneo, enquanto um ensaio clínico

realizado por COOPER et al, 2005, sugeriu que as infecções por geohelmintos (A.

lumbricoides, T. trichiura e Ancylostomidae) não influenciam no teste cutâneo e nos

sintomas da asma. Estes dados demonstram que a reatividade do teste alérgico cutâneo

(“prick test”) e os sintomas de doenças alérgicas são controversos.

Em relação aos estudos que relacionam a infecção por T. trichiura, RODRIGUES et

al, 2008, demonstraram uma prevalência reduzida na reatividade do teste cutâneo em crianças

em idade escolar (10-13 anos) infectados com o helminto. Outro estudo realizado por

ALCÂNTRA-NEVES et al, 2010, demonstrou que a infecção por T. trichiura em pré-

escolares (2-4 anos), resultou em uma sibilância precoce sendo considerado um fator de risco

para a asma. Em 2010, um estudo randomizado duplo-cego, utilizando ovos de Trichuris suis

para o tratamento de doença de rinite alérgica, em pacientes adultos dinamarqueses, obteve

uma melhora nos sintomas da doença nas 27 semanas de tratamento em relação ao grupo

placebo (BAGGER et al, 2010).

A relação entre infecções com T. trichiura e a prevalência das doenças alérgicas e

reatividade cutânea ainda não está estabelecida. Os estudos divergem quanto à alteração

(potencializar ou reduzir) do quadro clínico e/ou testes cutâneos, bem como, a carga

parasitária da população estudada. O aspecto imunorregulatório das infecções por T. trichiura,

como o perfil Th2 (IL-4, IL-5 e IL-13, IgE) e de células T regulatórias (IL-10 e TGF-β), não

tem sido avaliado, e pode ter impacto sobre a asma e reações alérgicas atópicas (HELMBY et

al, 2009).

O presente estudo teve como objetivo verificar a correlação entre a infecção por T.

trichiura, a asma alérgica, a reatividade do teste cutâneo, os níveis séricos de citocinas (IL-4,

IL-6, IL-10 e TNF-α) e a dosagem de anticorpos IgE anti-ascaris em crianças da área urbana

do Recife. Sendo esta infecção comum em comunidades carentes no Estado, pretende-se,

Page 16: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

15

então, verificar se a infecção ativa por T. trichiura pode ser considerado um fator protetor

para as manifestações de doenças alérgicas.

Page 17: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

16

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos Gerais da Infecção por T.trichiura

Estima-se que mais de um bilhão de pessoas, em todo mundo, estejam infectadas por

pelo menos uma espécie de geohelmintos, principalmente, no países em desenvolvimento,

sendo o Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e ancilostomídeos os mais frequentes

(FONSECA et al, 2010). As infecções por T. trichiura sozinha infecta quase 800 milhões de

pessoas no mundo, onde a maioria dos infectados são crianças em idade escolar (WHO,

2006), podendo essas crianças apresentar sinais de desnutrição, atraso no crescimento retardo

mental e déficits educacionais (BETHONY et al, 2006). A grande desigualdade

socioeconômica observada no Brasil, juntamente com o processo desordenado da urbanização

levam a população a viver em condições precárias, sem saneamento básico e infraestrutura, o

que propicia a transmissão das helmintíases.

A maioria das infecções são assintomáticas, sendo as consequências patológicas

causadas pelo parasita ao hospedeiro: diarreia, a má absorção, desnutrição, anemia,

dificuldade de aprendizagem, falta de concentração, problemas no desenvolvimento ósseo; os

casos mais graves estão ligados com a alta carga parasitária, imunidade e fatores nutricionais

do indivíduo, podendo ocorrer obstrução intestinal, hemorragia, prolapso retal e formação de

abcesso (STEPHENSON et al., 2000; REY, 2008).

A susceptibilidade as infecções por helmintos variam muito, mas está principalmente

relacionada com as condições econômicas da população, sendo que as maiores prevalências

ocorrem em áreas a qual o saneamento básico e a educação são deficientes e em regiões

tropicais, devido a temperatura e a umidade favorecer o ciclo de biológico do parasita,

entretanto, é possível ocorrer em outras regiões devido a imigração (COOPER et al. 2008;

NORMAN et al. 2010).

Devido à similaridade de hábitat fora do hospedeiro com o parasito Ascaris sp. a

distribuição de T. trichiura segue o mesmo padrão, sendo muito comum co-infecções. As

maiores prevalências, em crianças, são encontradas principalmente na China, Índia e outros

países asiáticos; América Latina; Caribe e Oriente Médio (STEPHENSON et al., 2000).

Um Estudo realizado por Fonseca et al, 2010, no norte e nordeste, demonstrou uma

prevalência de 36,5 % para infecção por geo-helmintos de 2.523 crianças estudadas, onde A.

lumbricoides foi a espécie mais frequente (25,1%), seguido por T.trichiura (12,2%) e

ancilostomídeos (12,2%). Seixas et al., 2011, em um estudo realizado na Bahia com 200

Page 18: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

17

crianças demonstraram uma prevalência de 94%, onde 25% estavam infectados por

A.lumbricoides e 10% por T.trichiura, destes 188 pacientes infectados 39% eram

monoparasitados e 22% poliparasitados.

O T.trichiura tem o ciclo de vida direto, habitando o trato intestinal do hospedeiro

aonde a transmissão ocorre passivamente através dos ovos ingeridos pelo hospedeiro em

decorrência da contaminação por fezes. O desenvolvimento das larvas ocorre estritamente no

intestino. (BRADLEY & JACKSON, 2004)

Figura 1: Esquema do ciclo biológico do Trichuris trichiura.

Legenda: 1 – Ovos contidos nas fezes ganham o solo. 2 – desenvolvimento dos ovos no solo. 3 – Ovos se tornam

embrionados. 4 – Ovos infectantes. Após a ingestão, os ovos passam para o intestino delgado aonde ocorre a eclosão das

larvas. 5 - Maturação e estabelecimento no intestino. 6- Os vermes adultos vivem no ceco e migram para o cólon intestinal

aonde se fixam. A fêmea começa a eliminar os ovos entre 60 a 70 dias após a infecção que pode chegar a 20.000 ovos por

dia. Fonte: modificado de CDC. http://www.dpd.cdc.gov/dpdx

A fêmea elimina cerca de 3.000 a 20.000 ovos por dia. O embrião contido no ovo se

desenvolve no ambiente para se tornar infectante dependendo das condições ambientais,

Page 19: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

18

sendo que temperaturas muito elevadas ou muito baixas não permitem o desenvolvimento dos

ovos. Porém, em condições ambientais ideais de temperatura (25ºC – 34ºC) e umidade (77%)

os ovos de T.trichiura podem se desenvolver e permanecer viáveis por um longo período

(NEVES, 2011).

Ao serem ingeridos, os ovos chegam ao intestino grosso sem migrar para qualquer

outro órgão, posteriormente, as larvas deixam os ovos e se fixam à mucosa tornando vermes

maduros em 1-3 meses (REY, 2008).

2.2 A resposta imune aos helmintos

Depois de milhões de anos de evolução, o sistema imunológico se desenvolveu para

combater diversos tipos de patógeno, sendo dividido em sistema imune inato e adaptativo. O

inato é responsável por agir rapidamente contra uma vasta gama de antígenos encontrados

frequentemente, reconhecendo estruturas compartilhadas por classes de organismos e que não

estão presentes no hospedeiro, enquanto que o adaptativo reconhece pequenas diferenças nos

antígenos para promover uma resposta mais especifica, tendo a capacidade de manter a

memória dos antígenos a qual o hospedeiro já foi exposto em algum momento (LI et al., 2011;

ABBAS et al., 2011).

Para que se inicie uma resposta do sistema imune é necessário que ocorra a

apresentação de antígenos específicos de cada patógeno invasor, para apresentar o antígeno ao

sistema imune, as células apresentadoras de antígenos (APCs) promovem o acoplamento do

receptor de células T (TCR) com o complexo peptídeo – MHC-II (complexo principal de

histocompatibilidade classe II) desencadeando a expansão clonal e diferenciação das células T

CD4. Este processo de diferenciação, de modo geral, resulta em respostas imunes altamente

polarizadas com secreção de citocinas e quimiocinas (ABBAS et al., 2011).

As células T auxiliares naive podem diferenciar-se em quatro subgrupos principais:

Th1, Th2, células T regulatórias (Treg) e Th17 (WEAVER & HATTON, 2009). A população

de células Th1 produzem grandes quantidades de interferon- γ (IFN-γ) e interleucina-12 (IL-

12), sendo esta resposta responsável por debelar patógenos intracelulares, enquanto a resposta

do tipo Th2 está relacionada com patógenos extracelulares, como as infecções helmínticas.

(LI et al., 2011)

Page 20: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

19

Muitos fatores podem influenciar a diferenciação para uma resposta Th1 ou Th2, mas

as citocinas IL-12 e IL-4, respectivamente, são apontadas como o principal indutor destas

respostas, agindo como um transdutor e ativador da transcrição de sinal 4 e 6

(STAT4/STAT6) o que leva à uma expressão genética e, subsequente, diferenciação da

população específica (MULLEN et al., 2001; O 'SHEA et al., 2011)

As respostas imunes nas infecções por helmintos são múltiplas devido ao fato dos

parasitas serem antigenicamente muito complexos e com uma grande diversidade metabólica,

como também, o fato de terem a capacidade de sobreviver muitos anos dentro do hospedeiro

devido sua capacidade de imunomodulação do sistema imune ou a outros mecanismos de

escape (MACHADO et al., 2004).

Helmintos são patógenos indutores da resposta Th2 que incluem células inatas que

respondem ou secretam as citocinas IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13. Estas células inatas incluem

eosinófilos, basófilos, mastócitos, macrófagos alternativamente ativados (M2) e linfócitos

inatos do tipo 2 (ILC-2) (NUSSBAUM et al., 2013). Os macrófagos M2 tem uma baixa

expressão de IL-12 e uma levada expressão de IL-10 e tem como função promover um

ambiente antiinflamatório e imunossuprimido, participando na reparação tecidual, enquanto

os macrófagos-M1 tem expressão baixa de IL-10 e função pró-inflamatória (BISWAS et al.,

2010).

Os ILCs foram divididos em três subtipos: ILC-1 que secretam IFN-γ; ILC-2 secretam

IL-5 e IL-13 e o ILC-3 secretam IL-17 e IL22 (SPITS et al., 2013). Os macrófagos M1 e ILC-

1 em conjunto com as células Th1 mediam a imunidade protetora para vírus, bactérias e

tumores, enquanto que os macrófagos M2 e ILC-2 juntamente com as células Th2

desempenham um papel importante na expulsão do parasita. Apesar de toda indução

ocasionada pelos macrófagos M2, ILC-2 e células Th2, o parasita ainda pode persistir no

hospedeiro refletindo as potentes propriedades imunes da maioria dos helmintos, incluindo a

produção de moléculas imunomoduladoras que inibem a função das células T ou das APCs,

como também, podem promover a indução das células Treg (FINLAY et al., 2014).

A IL-4 liga-se ao IL-4R e IL-13R, resultando na ativação de STAT6, na realidade,

ambos os receptores partilham uma mesma subunidade (IL-4Ra) sendo um componente

crítico na resposta contra os helmintos. A IL-4 promove a mudança de classe de isótipo nas

células B o que resulta na produção de imunoglobulina G específica contra o parasita (IgG) e

IgE, como também, estimulam os macrófagos M2 que secretam uma variedade de compostos

anti-helmínticos que reduzem a viabilidade dos parasitas (RODRIGUEZ-SOSA et al., 2002;

ANTHONY et al., 2006; ANTHONY et al., 2007). Os M2 possuem uma alta expressão de

Page 21: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

20

arginase-1 que promove a diminuição da L-arginina no microambiente, privando, os

helmintos deste aminoácido essencial (ANTHONY et al., 2 006).

Enquanto a IL-4 desempenha um papel importante na resposta imune do tipo Th2, essa

citocina não é necessária para a expulsão do parasita, porém, a IL-13, IL-4Rα e STAT6 são

essenciais para esta função (URBAN et al., 1998). A IL-13 está associada com a mediação

das alterações no órgão/tecido alvo, estando envolvida com a indução da hiperplasia das

células caliciformes, produção de muco e contração do musculo liso, auxiliando na

eliminação do parasita (ANTHONY et al., 2007). Cliffe et al., 2005, demonstram, em ratos

infectados com T.muris, que a IL-13 aumenta a atividade das células epiteliais no intestino o

que auxiliaria a expulsão do parasita.

A interleucina-5 (IL-5) promove a ativação dos eosinófilos que tem como função

atacar os helmintos liberando mediadores, como a proteína básica principal (MBP) ou através

de citotoxicidade celular dependente de anticorpos (FINLAY et al., 2014). Kelly et al., 2010,

utilizando proteína purificada em um estudo in vitro, demonstrou a capacidade tóxica que a

MBP tem sobre um grande número de parasitas.

Outras duas citocinas, interleucina-6 (IL-6) e interleucina-9 (IL-9), têm sido

associadas com as infecções helmínticas tendo um papel importante tanto na susceptibilidade

quanto na resistência à infecção por helmintos. A IL-6 é uma citocina pleiotrópica com

amplas funções, tendo um papel importante na ativação e diferenciação dos macrófagos,

linfócitos e células B, como também, regula ativamente a inflamação aguda e crônica (NAKA

et al., 2002).

Pasare et al, 2004, mostraram que a produção de IL-6 em células dendríticas ativadas

inibem a função das células T regulatórias (Treg), enquanto que Wan et al., 2007

demonstraram uma expansão nestas células Treg por decorrência da produção da IL-6. Um

estudo realizado por Smith & Maizels em 2014, apontou a IL-6 como sendo um fator

determinante para a susceptibilidade à infecção helmíntica, modificando o fenótipo das

células Treg e limitando a capacidade de resposta protetora Th2.

Já a IL-9 é pertencente à família das citocinas de cadeia γ exercendo efeitos gerais em

vários tipos celulares, como: eosinófilos, células T e células epiteliais, sendo esta citocina

associada a resposta do tipo Th2 (NOELLE et al., 2010; WILHELM et al., 2012). As células

Th9 se desenvolvem a partir das células T CD4 + naive sob a influência conjunta da IL-4 e

TGF-β, produzindo IL-9 e IL-10, como também, co-expressam IL-17 (DARDALHON et al.,

2008; VELDHOEN et al., 2008; BERIOU et al., 2012). Estudos apontam que as células Th9

desempenham um papel importante nas alergias e na asma (SOROOSH et al., 2009), na auto-

Page 22: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

21

imunidade (OUYANG et al., 2013) e na atopia (YAO et al., 2011), bem como, a IL-9 tem

sido implicada na resistência à infecção intestinal por helmintos (FAULKNER et al., 1997;

RICHARD et al., 2000)

Para que o sistema imune consiga promover a expulsão do parasita é necessário a

presença de células Th2, porém a IL-25 ou a IL-33 podem induzir produção suficiente de IL-

13, em nuócitos, a fim de promover o estímulo das células caliciformes para que ocorra a

expulsão do parasita do intestino (NEILL et al., 2010), mas, para que essa resposta do sistema

inato seja sustentada é necessária a ativação das células T CD4+ durante a infecção helmíntica

crônica. (LOKE et al., 2007).

O ambiente imunoregulado impede a eliminação do parasita, porém protege também,

o hospedeiro contra inflamações excessivas. Estudos apontam que este ambiente

imunoregulado induzido pelos helmintos possa ter um impacto sobre as respostas

imunológicas de infecções concomitantes e, talvez, alterar a progressão da doença.

(MATERA et al., 2008).

Correale et al., 2008 demonstram um aumento produção de IL-10 em pacientes com

infecção helmínticas e esclerose múltipla com melhora dos sintomas clínicos desses pacientes.

Em 2010, um estudo randomizado duplo-cego utilizando ovo Trichuris suis para o tratamento

de rinite alérgica em pacientes de 18-65 anos na Dinamarca, obteve uma melhora nos

sintomas da doença nas 27 semanas de tratamento em relação ao grupo placebo (BAGER et

al., 2010).

A infecção por T. trichiura/T. muris desvia para uma resposta de perfil misto, onde

ambas citocinas de resposta Th1, como as de Th2, são observadas. Já foi demonstrado que o

desenvolvimento inadequado da resposta Th1 pode levar a infecção crônica pelo parasita,

assim como, altos níveis de IFN- γ, IL-12 e IL-18, foram associados com a infecção (ELSE et

al., 1999; KLEMENTOWICZ et al., 2013). Além disso, Hayes et al., 2007, demonstraram que

o TNF-α promove uma resposta Th1 mais forte, associando esta citocina com uma melhora da

resposta imune Th1 e Th2 durante a infecção.

Além da resposta Th1, a resposta Th2 é o principal tipo de resposta presente na

infecção por T.trichiura/muris, as citocinas IL-4 e Il-13 são as principais citocinas que atuam

na resposta frente a este parasita, estando associadas com a resistência e expulsão do mesmo

(GRENCIS et al., 2001).

As citocinas regulatórias, IL-10 e TGF-β, também estão associadas com a infecção por

este parasita, Schopf et al., 2002 demonstraram que em ratos com deficiência de IL-10 a

infecção por T.muris foi severa ou até mesmo fatal, como também, Collison et al., 2010,

Page 23: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

22

detectaram em ratos infectados por este parasita, altos níveis de ambas as citocinas. Em

conjunto as células regulatórias e as citocinas tem um papel importante na modulação da

resposta efetora e na sobrevivência e expulsão do parasita.

2.3 Imunopatogênese da Asma

A asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiper-reatividade das vias

aéreas inferiores e por limitação reversível do fluxo de ar, sendo desencadeada pela ativação

dos mastócitos do trato respiratório induzida por aeroalérgenos, em sua maioria, resultando

em uma constrição dos brônquios e secreção aumentada de muco, sendo caracterizada pela

presença de um grande número de linfócitos Th2, eosinófilos, neutrófilos. Manifesta-se,

clinicamente, por episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, aperto no peito e tosse

(ASBAI/SBPT/SBP 2006; JANEWAY et al., 2002;)

A reação inflamatória é dependente dos linfócitos T CD4+ que secretam

preferencialmente citocinas do tipo 2 (IL-4, IL-5, IL-9, IL-13) sendo responsáveis pelo

desenvolvimento do quadro asmático (YSELL & GROUX, 2000; FIREMAN, 2003;

MUCIDA et al., 2003). Esta reação alérgica pode ocorrer em dois momentos, no inicial, a

qual ocorre a ligação da IgE aos receptores FcεRI presentes em basófilos e mastócitos que são

responsáveis pela liberação de mediadores inflamatórios; e no tardio ocorre migração de

células inflamatórias, como eosinófilos e linfócitos, para o tecido causando dano tecidual,

produção de muco e hiper-reatividade brônquica (HRB) (GONZALO et al., 1996; FIREMAN,

2003). O microambiente inflamatório é formado pelas citocinas, quimiocinas (eotaxina, MIP-

1α, entre outras), moléculas de adesão e seus receptores (VLA, ICAM e VCAM) (ANWAR et

al., 1994; WALSH et al., 1996; GONZALO et al., 1996).

A eosinofilia presente está associada com a produção da IL-5, sendo esta responsável

pela diferenciação, recrutamento e ativação dos eosinófilos, os produtos secretados

contribuem para o dano tecidual e como consequência a HRB e o remodelamento pulmonar

(HUMBLES, 2004). Já a IL-4 está associada com a polarização dos linfócitos para o padrão

Th2 e mudança de isótipo da imunoglobulina, e como isso, influencia as reações

imunológicas envolvidas na asma (HAILE et al., 1999).

A IgE possui um papel importante, já que é capaz de ativar mastócitos e basófilos, os

mastócitos ao serem ativados liberam mediadores como histaminas, triptases, prostaglandinas

Page 24: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

23

e leucotrienos, contribuindo para indução, como também, manutenção do processo

inflamatório de fase tardia (BRADDING, 2003).

Além das células do perfil Th2, a subpopulação de células Th17 ativadas, são capazes

de produzirem, também, citocinas pró-inflamatórias (IL-17, TNF-α, IL-1β e IL-6) e

quimiocinas (CXCL1, CXCL2 e CXCL-8) sendo importantes para a inflamação mediada por

neutrófilos presentes na inflamação aguda observada na asma alérgica (HOSHINO et al.,

2000; PRAUSE et al., 2004; HASHIMOTO et al., 2005). A IL-17 induz, igualmente a il-6, a

produção de muco, como também, aumenta a expressão do fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF) (HONORATI et al., 2004).

De acordo com a literatura, a prevalência da doença vem aumentando

progressivamente na última década, estima-se que cerca de 300 milhões de pessoas tenham a

doença, sendo responsável por 1 em cada 250 mortes, em todo o mundo (AKINBAMI et al.,

2012). De modo geral, os maiores índices de prevalência são encontrados em países

desenvolvidos, como Austrália, Estados Unidos e Canadá, enquanto as menores taxas são

encontradas em países ainda em desenvolvimento (ISAAC 1998). No Brasil a prevalência

média de sintomas entre crianças de 6-7 e 13-14 anos é de 24% e 19%, respectivamente

(SOLE et al., 2006).

A hipótese da higiene atribui esse aumento da prevalência a uma falha na

imunorregulação causada pela diminuição da exposição a certos organismos que coexistiam

com os hospedeiros definitivos ao longo da história evolutiva dos mamíferos (ROOK, 2007).

No Brasil é uma importante causa de morbidade e mortalidade com alto custo para os serviços

de saúde, porém os dados para quantificar esse impacto e os fatores de riscos envoltos na

doença ainda são escassos (COOPER et al., 2009).

Dentre os inúmeros fatores podem influenciar a asma alérgica, estão as infecções por

geohelmintos, principalmente Ascaris lumbricoides, T. trichiura e ancilostomídeos, sendo que

essas infecções estão amplamente distribuídas em países de clima quente e úmido (COPPER

et al., 2009). A prevalência global estimada é de 1,5 bilhões; 1,3 bilhões e 900 milhões,

respectivamente, com cerca de 2 bilhões de pessoas estão infectadas com pelo menos um

desses parasitas (BROOKER & HOTEZ et al., 2010).

Alguns estudos forneceram dados sugerindo que as infecções por helmintos podem

influenciar as doenças alérgicas, evidenciando que as infecções podem aumentar o risco de

manifestações asmáticas (LEONARDI-BEE et al., 2006; PEREIRA et al., 2007; SILVA et al.,

2008), enquanto outro demonstrou uma associação inversa (COPPER et al., 2006).

Page 25: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

24

A influência dessas infecções sobre a asma pode depender de fatores ambientais,

intensidade da infecção, capacidade individual de reconhecimento de moléculas e o papel do

parasita na imunomodulação dos mediadores para inibir o processo inflamatório.

2.4 Interações entre as infecções por T. trichiura e a asma alérgica

Existem muitas semelhanças entre as respostas inflamatórias alérgicas com a resposta

imune induzida por helmintos, caracterizada pela presença de células do perfil Th2 que

secretam IL-13 e IL-4 estimulando células pró-inflamatórias (mastócitos e eosinófilos) a

liberarem outros medicadores (heparina, lipídios reativos, triptase e quinases) que levam ao

aumento da permeabilidade vascular, aumento na produção de muco e contração do músculo

liso (HOPKIN, 2009).

Os helmintos estão em constante ataque por uma gama de mecanismos com o objetivo

de expulsá-lo do hospedeiro. Para evitar que isso ocorra é necessário o desenvolvimento de

mecanismos por parte do parasita para estabelecer um ambiente não inflamatório e, assim, a

sobrevivência. Para aumentar esta sobrevivência o parasita modula a resposta imunológica

para um tipo menos apropriado, como interferir no equilíbrio das respostas Th1/Th2,

produção de citocinas reguladoras (IL-10 e TGF – β) promovendo supressão nas respostas de

células T e B, como também mimetiza proteínas do hospedeiro, levando a tolerância

(BRADLEY & JACKSON, 2004; HOPKIN, 2009).

Como os mecanismos supressores não são direcionados somente ao parasita, eles

podem afetar o desenvolvimento das reações alérgicas em pacientes com infecção ativa por

geohelmintos (MATERA et al., 2008). Tem sido proposto que a supressão ocasionada por

infecções helmínticas é mais importante em crianças do que em adultos e mesmo após a

eliminação da infecção esse perfil supressor é mantido (RODRIGUES et al., 2008). Além

disso, Guadalupe et al., 2009, demonstraram que as infecções helmínticas maternas afetariam

diretamente a imunidade infantil.

O mecanismo exato pelo qual o parasita modula a resposta imunológica ainda não

está totalmente esclarecido, porém, existe quatro fatores que podem determinar o efeito que o

helminto causa sobre a alergia: 1. Tempo - a duração da primeira infecção é um dos fatores

mais importantes, infecções mais duradoras podem estar mais propensas a induzir efeitos

moduladores no sistema imune, esse efeito supressor é mais importante nos primeiros anos de

Page 26: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

25

vida e as infecções posteriores parecem não afetar nesse fenótipo já programado na infância

(COOPER et al., 2006; COOPER, 2009). 2. Intensidade da Infecção – altas cargas parasitárias

podem promover uma supressão maior do que baixas cargas parasitárias que podem ter o

efeito oposto (COOPER, 2009). 3. Genética – a capacidade de induzir os mecanismos de

imunomodulação podem estar relacionados com a genética do hospedeiro, onde aqueles

indivíduos susceptíveis a doenças atópicas podem ser mais propensos a desenvolver reações

alérgica à helmintos e outros alérgenos, como também, podem ser geneticamente mais

resistente a infecção (PEISONG et al., 2005; MOLLER et al., 2007; COOPER, 2009). 4.

Parasita – diferentes helmintos podem ter efeitos distintos sobre o risco de doenças alergias e

atópicas (LEONARDI-BEE et al., 2006; COOPER, 2009).

Há mais de uma década pesquisadores tentam estabelecer uma relação entre infecções

com helmintos e a intensidade e prevalência das doenças alérgicas (LYNCH et al., 1993;

DOLD et al., 1998; SCRIVENER et al., 2001). Cooper et al., 2003, concluiu em seu estudo

que as infecções parasitárias protegeriam contra à sensibilização alérgica, mas não seria

protetor em relação ao sibilos e rinite, onde a infecção por Ascaris e Trichuris estariam

associados a redução da prevalência de alergia no prick test, mas não nos sintomas alérgicos,

em crianças no Equador.

Um outro estudo realizado na Indonésia comparou a intensidade da infecção por

helmintos em crianças em idade escolar e concluíram que a intensidade da infecção seria um

fator importante na proteção para as doenças alérgicas (YAZDANBAKHSH & WAHYUNI et

al., 2005). Em estudo realizado na África por Haileamlak et al., 2005, demonstraram uma

associação entre as infecções parasitárias e a dermatite (atópica), onde as infecções por

Trichuris aumentariam o risco em desenvolver a doença.

Os estudos envolvendo Trichuris ainda são controversos, RODRIGUES et al, 2008,

demonstrou uma prevalência reduzida na reatividade do teste do cutâneo em escolares (10-13

anos) com infecção ativa por Trichuris Trichiura, assim como, MONCAYO et al., 2012,

apontou que não existe associação entre a infecção ativa por geohelmintos e os sibilos.

Entretanto, ALCÂNTARA-NEVES et al., 2010, demonstrou que a infecção por T.

trichiura em pré-escolares (2-4 anos), resultou em uma sibilância precoce sendo considerado

um fator de risco para a asma. Em 2010, um estudo randomizado duplo-cego utilizando ovo

Trichuris suis para o tratamento de rinite alérgica em pacientes de 18-65 anos na Dinamarca,

obteve uma melhora nos sintomas da doença nas 27 semanas de tratamento em relação ao

grupo placebo (BAGER et al., 2010).

Page 27: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

26

As infecções por helmintos produzem moduladores potentes da resposta inflamatória

do hospedeiro que os protegem contra morte ou expulsão. A identificação desses fatores e

uma compreensão dos mecanismos que levam a modulação, pode resultar no

desenvolvimento de novos tratamentos antiinflamatórios.

Page 28: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

27

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Verificar a associação entre a asma alérgica, reatividade do teste cutâneo para

alérgenos respiratórios, níveis séricos das citocinas IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α e anticorpos IgE

anti-ascaris em crianças com infecção ativa por Trichuris trichiura quando comparadas com

crianças sem infecção por Trichuris trichiura, na região urbana do Recife.

3.2 Objetivos específicos

Comparar entre crianças com infecção ativa por Trichuris trichiura e crianças sem

infecção por Trichuris trichiura, quanto a:

Asma Alérgica;

Reatividade positiva do teste cutâneo para alérgenos respiratórios;

Níveis de anticorpos IgE anti-ascaris;

Níveis de citocinas IL-4, IL-6, IL-10 e TNF-α;

Contagem de Eosinófilos.

Page 29: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

28

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1 Desenho do estudo

Foi realizado um estudo de caso-controle para verificar a associação da asma alérgica,

reatividade do teste cutâneo para alérgenos respiratórios, níveis séricos das citocinas IL-4, IL-

6, IL-10, TNF-α e anticorpos IgE anti-ascaris, onde o caso foram os crianças com infecção

ativa e asma alérgica e o controle paciente com asma alérgica sem a infecção ativa.

4.2 Área do estudo

O estudo foi realizado na Ilha de Itamaracá- PE pertencente a região metropolitana do

Recife, localizada a aproximadamente 48 km da capital Pernambucana. A população é

estimada em 24.413 habitantes. Possui uma área de 66.684 km², com densidade populacional

de 364.37 hab./km², sendo o clima da região é tropical chuvoso, com verão seco (IBGE,

2014). O Índice de Desenvolvimento Humano do município é de 0,653, sendo similar ao do

estado de Pernambuco (0,616).

4.3 População e grupos do estudo

Foram cadastradas 655 crianças com idade entre 2-14 anos, onde 361 crianças

realizaram o exame parasitológico. As crianças que apresentaram parasitológico negativo

foram classificadas entre asmáticas e não asmáticas pelo questionário ISAAC e divididas em

dois grupos controles (não infectados com asma e não infectados sem asma).

Os pacientes asmáticos foram definidos a partir da resposta positiva para a questão 2

do questionário ISAAC e os pacientes com infecção por T.trichiura foram definidos através

do parasitológico.

Os grupos serão divididos de acordo com a presença ou não de asma e infecção ativa:

1. Infecção Ativa por T. trichiura e Asma alérgica;

2. Infecção Ativa por T. trichiura e sem Asma alérgica;

3. Sem infecção Ativa por T. trichiura e com Asma alérgica;

4. Sem Infecção Ativa por T. trichiura e sem Asma alérgica.

Page 30: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

29

4.4 Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão do estudo:

Indivíduos com idade entre 4-14 anos;

Ambos os sexos;

Para o grupo dos casos foi utilizado somente crianças com infecção por

Trichuris trichiura e co-infectadas com T.trichiura + A.lumbricoides.

Critérios de exclusão:

Idade superior a 14 anos de idade;

< 4 anos;

Adolescentes gestantes;

Tratamento com anti-helmíntico realizado até seis meses antes da primeira

coleta de fezes;

Apresentarem positividade para protozoários patogênicos e outros parasitas na

amostra de fezes coletada;

Pacientes com outras doenças respiratórias (hipertrofia adenoideanas,

insuficiência respiratória crônica causada por: fungos, bactérias e vírus)

concomitante com asma ou rinite.

4.5 Coleta das amostras de fezes e realização do parasitológico

A coleta do material fecal da população do estudo foi realizada mediante a distribuição

de recipientes numerados que serão recolhidos em prazo máximo de 24 horas. No momento

em que os recipientes foram distribuídos foi informado ao responsável pelo paciente o

objetivo da pesquisa (de maneira clara) e as instruções necessárias para a coleta de fezes e

sangue (jejum mínimo de 4 horas). No dia seguinte, foi recolhida a amostra de fezes e

realização da coleta de sangue (10mL), através de punção na veia cubital. Foram coletados

5mL de sangue em tubos com heparina para dosagens de anticorpos o questionário (ISAAC)

foi aplicado logo após a coleta de sangue.

O material fecal foi transportado para o Laboratório de Esquistossomose do CPqAM-

Fiocruz, e as amostras foram submetidas às técnicas de Hoffman e Janer e Kato-Katz exame

Page 31: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

30

direto das fezes para a pesquisa de cistos de protozoários, bem como ovos e larvas de

helmintos, com leitura de 3 lâminas.

A inclusão dos moradores que aderirem ao projeto foi vinculada a assinatura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO I).

4.6 Aplicação de questionário ISAAC

Após a coleta das amostras de sangue foram aplicados os questionários do protocolo

ISAAC, módulo asma e rinite, validados no Brasil (SOLÉ et al. 1998; VANNA et al. 2001).

Os questionários foram preenchidos na presença da pesquisadora principal e/ou dos auxiliares

de pesquisa, devidamente treinados e especialmente instruídos para evitar explicações que

poderiam interferir nas respostas (LUNA et al., 2011) (ANEXO II).

4.7 Realização do teste cutâneo

Para realização do teste cutâneo, foi explicado aos pacientes os procedimentos de

realização do exame e sua importância. A superfície volar medial do antebraço foi avaliada

para exclusão de lesões dérmicas e realizar-se-á a assepsia com álcool 70%. Colocar-se-á os

extratos de alérgenos (gota única), utilizando-se o conta-gotas, a uma distância de

aproximadamente 2 cm, e com um PUNTOR®: (dispositivo plástico que limita o grau de

penetração na pele) inocular os alérgeno na região sub-cutânea dos pacientes. Após 3 minutos,

retira-se o excesso de extrato com papel toalha, evitando-se contaminar os testes vizinhos.

Faz-se leitura 15 a 20 minutos após a puntura. O teste cutâneo de leitura imediata para

alérgenos inalantes é composta por: Dermatophagoides pteronyssimus, Dermatophagoides

farinae, Blomia tropicalis, Periplaneta americana, Blatela germanica, epitélio de cão, epitélio

de gato, mistura de fungos e Aspergilus sp, além de controle positivo (histamina 10 mg/mL) e

negativo (excipiente) (IPI-ASAC). A detecção de pápula de induração com pelo menos 3 mm

em seu diâmetro médio caracterizará o teste positivo.

Page 32: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

31

4.8 Coleta de sangue e realização do Leucograma

As amostras de sangue, utilizadas nas dosagens sorológicas e ensaio molecular, foram

encaminhadas ao setor de Imunologia do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami

(LIKA). As amostras foram então centrifugadas a 5.000 r.p.m. durante 10 minutos e o plasma

será separado e armazenado sob-refrigeração a -80 ºC para posterior dosagem dos parâmetros

avaliados.

Para o Leucograma as amostras de sangue foram coletadas em tubos estéril a vácuo

com anticoagulante (EDTA) sendo processadas no mesmo dia da coleta em aparelho de

automação. As lâminas foram coradas utilizando-se técnicas de May-Grunwald-Giemsa e

submetidas à análise e contagem por microscopia óptica e avaliação dos níveis totais e

diferenciais de leucócitos (BRITO et al., 2012).

4.9 Dosagem de IgE anti-Asc por Imunoensaio Enzimático Indireto

As placas de 96 poços (Nunc MaxiSorp, Roskilde, Denmark) foram sensibilizadas por

3 horas, 25°C, com 15 g/mL de antígeno solúvel de Ascaris diluídos em tampão carbonato

bicarbonato (50L/poço). Em seguida as placas foram lavadas três vezes com tampão de

lavagem PBS-T (Tween 0,05%) e os poços foram então bloqueados com 100L/poço de PBS-

T contendo 3% de leite “overnight” a 4°C. As placas novamente foram lavadas três vezes com

PBS-T e foram adicionados os soros dos pacientes na diluição de 1:10 diluídos em PBS

0,01M e incubados a 37ºC por 1h. Um novo ciclo de lavagens foi realizado e em seguida se

adicionou o anti-IgE humano conjugado a peroxidase, produzidos em cabra (Sigma, cód:

A9667). Após nova lavagem com PBS-T (3x), a revelação foi realizada com OPD (Ortho-

phenylenediamine, Sigma Chemical, St. Louis, Mo., USA) dissolvido em tampão tris-citrato

0,1M (pH 5,5) e H2O2. As placas foram lidas no leitor de ELISA (OD450).

4.10 Cultura de células

As culturas de sangue total foram realizadas em tubos de polipropileno de 14 mL (BD

SystemTM). Foram utilizados 500µL de sangue total em 1 mL de meio RPMI 1640 com

glutamina (2mM), gentamicina 50mg/mL(Sigma), 10mM HEPES (Sigma) e 5% soro fetal

bovino (Cultilab). As células foram estimuladas separadamente com Phytohaemagglutinin

(PHA) ou apenas com meio de cultura e incubadas por 24 horas, a 37ºC em estufa de CO2.

Page 33: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

32

Após esse período, o sobrenadante foi coletado e armazenado. A detecção das citocinas com o

mitógeno foi maior do que as condições sem estimulo (dados não mostrados).

4.11 Determinação dos níveis das citocinas por Cytometric Bead Array (CBA)

As amostras de sobrenadante de cultura armazenadas a –80 ºC foram descongeladas à

temperatura ambiente e submetidas detecção das citocinas IL4, IL-6, IL-10 e TNF-α por

citometria de fluxo através de partículas (bead) ligadas com PE padrão, (BD Bioscienses) por

meio da técnica:“Cytometric Bead Array” (CBA). O procedimento foi realizado conforme a

descrição do manual de instrução do BD™ Cytometric Bead Array (CBA) for Human

Th1/Th2 Cytokine Kit II.

4.12 Análise Estatística

Para a análise das citocinas, primeiramente foi verificado a existência da associação

entre os grupos utilizando o teste não paramétrico de Krustal-Wallis e posteriormente, o teste

não paramétrico Mann-Whitney para comparar as medianas entre os grupos. Para comparar a

positividade do prick test, IgE anti-ascaris, sexo, idade e distribuição da asma foi realizado o

Teste Exato de Fisher ou o teste do Qui-Quadrado. Todas as análises foram realizadas

utilizando o programa GraphPrism 5.0.

Page 34: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

33

4.12 FLUXOGRAMA

Parasitológico

Assinatura do TCLE

Informações sobre a pesquisa

Entrega do material para coleta fecal

Coleta da amotra de fezes

Teste cutâneo Coleta de sangue

Aplicação do ISAAC

Dosagem IgE

Anti-asc

Leucograma

Processamento e

armazenamento

Cultura celular Coleta de sangue

Dosagem do nível das citocinas

Page 35: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

34

5. RESULTADOS

A prevalência de crianças com parasitológico positivo foi de 16,9 % (61/361 crianças),

entre essas 27,9 % (17/61) foram positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou

co-infectadas por Trichuris trichiura/Ascaris lumbricoides (5/17). Das 31 crianças

selecionadas para controle, 51,60% (16/31) eram asmáticas e 48,40% (15/31) não asmáticos,

de acordo com os critérios utilizados. Dos pacientes asmáticos 81,25% (13/16) apresentaram

positividade para o Prick Test, enquanto nos não asmáticos essa positividade foi de apenas

7,7% (1/13), sendo assim estatisticamente significante (p= 0.0001).

A média de idade das crianças asmáticas (não infectadas) foi de 7,2 anos e das não

asmáticas de 9,25 anos. Quanto ao IgE anti-ascaris não houve diferença estatística entre os

dois grupos. Os dados referentes a sexo, idade, reatividade do teste cutâneo (Prick Test) e IgE

anti-ascaris foram apresentados na tabela 1. Das 17 crianças do grupo de casos, 52,9 % (9/17)

foram classificadas com asmáticas e 47,1% (8/17) como não asmática. Os dados referentes a

sexo, idade, carga parasitária, reatividade do teste cutâneo e IgE anti-asc foram apresentadas

na Tabela 2.

Nas crianças infectadas a média de idade foi de 8,7 anos, com predomínio de

crianças do sexo feminino (77,77%), entre o grupo das crianças asmáticas, sendo a associação

entre sexo estatisticamente significante (p=0.01). As crianças asmáticas apresentaram uma

prevalência de 44% para a reatividade positiva do PrickTest, enquanto que as não asmáticas

essa prevalência foi de 37%, sendo que a associação do prick test neste grupo não foi

estatisticamente significante (p=0.63).

Ao associar a positividade do Prick Test entre os indivíduos asmáticos (infectados e

não infectados) não foi possível estabelecer uma relação estatisticamente significante, porém

apresentou uma maior prevalência entre as crianças não infectadas. O IgE anti-ascaris,

apresentou um resultado semelhante, mas a prevalência foi similar entre os dois grupos

(Tabela 3).

Page 36: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

35

Tabela 1

Características do grupo controle de acordo com a idade, sexo, prick test, IgE anti-ascaris

*p obtido através do teste exato de Fisher.

#

p obtido através do Qui-quadrado

Tabela 2

Características do grupo dos infectados de acordo com a idade, sexo, prick test, IgE anti-

ascaris.

*p obtido através do teste exato de Fisher

Tabela 3

Associação do prick test e IgE anti-ascaris entre as crianças asmáticas

*p obtido através do teste exato de Fisher

Asmático Não Asmático p

N° 16/31 (51,60%) 15/31 (48,40%)

Idade # 0.5936

≤ 7 anos 9/16 (56,25%) 7/15 (46,66 %)

≥8 anos 7/16 (43,75%) 8/15 (53,33 %)

Sexo # 0.8705

Feminino 7/16 (43,75%) 8/15 (53,33 %)

Masculino 9/16 (56,25%) 7/15 (46,66 %)

Prick Test* 13/16 (81.25%) 1/13 (7.7%) 0.0001

IgE Anti-asc # 6/16 (37,5%) 7/15 (46,6%) 0.6052

Asmáticos Não Asmáticos p*

N° 9/17 (52,90%) 8/17 (47,1%)

Idade 0.6372

≤ 7 anos 4/9 (44,44%) 5/8 (62,5%)

≥8 anos 5/9 (66,66%) 3/8 (37,5%)

Sexo 0.01

Feminino 8/9 (77,77%) 2/8 (25,00 %)

Masculino 1/9 (22,23%) 6/8 (75,00 %)

Prick Test 4/9 (44,44%) 3/8 (37,50%) 0.6372

IgE Anti-asc 6/9 (66,66%) 2/8 (46,6%) 0.1534

Carga Parasitária 0.6199

Alta 2/9 (22,22%) 3/8 (37,50 %)

Baixa 7/9 (77,78%) 5/8 (62,5 %)

Infectados Não Infectados p*

Prick Test 4/9 (44,44%) 13/16 (81,25%) 0.087

IgE Anti-asc 6/9 (66,66%) 10/16 (62,50%) 1.000

Page 37: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

36

Para a análise das citocinas os grupos foram agrupados em asmáticos e não asmáticos

com análise das medianas dos valores obtidos através da dosagem por CBA do sobrenadante

de cultura estimulado com PHA. Em todas as citocinas ocorreram maior produção, quando

comparadas entre os infectados asmáticos com os não infectados asmáticos, bem como, os

infectados não asmáticos com os não infectados sem asma, sendo estatisticamente significante

em todas as análises.

Quando comparamos os valores de neutrófilos e eosinófilos entre os grupos de

asmáticos e não asmáticos (com e sem infecção), somente os eosinófilos do grupo dos não

asmáticos apresentaram uma associação estatisticamente significante. Ao relacionar as

citocinas entre o grupo dos infectados (com e sem asma) verificamos uma associação positiva

( p <0.01) somente para a IL-10, apesar da TNF-α apresentar uma tendência ao aumento em

crianças não asmáticas ( p<0.1). Os valores de p, mediana, e valor mínimo-máximo das

citocinas, neutrófilos e eosinófilos estão demonstrados na Tabela 4.

Tabela 4

Mediana das concentrações de IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α e valores absolutos de neutrófilos e

eosinófilos em crianças asmáticas e não asmáticas infectadas por Trichuris trichiura e

controles.

*p<0.05 quando comparado ao grupo controle.

**p<0.05 quando comparado ao grupo de

infectados não asmáticos. O valor de p foi obtido através da análise das medianas por Mann-

Whitney

Asmáticos Não Asmáticos

Infectados

(n = 9)

Controles

(n = 16)

p* Infectados

(n = 8)

Controles

(n = 15)

p*

IL-4 5,19

(0-8,15)

0

(0-5,11)

0.0001 6,57

(5,08-8,49)

0

(0-5,06)

0.0001

IL-6 2.553

(56,35-23.551)

29,02

(2,45-2.218)

0.0044 5.055

(5.010-27.830)

46,43

(0-3.551)

0.0002

IL-10** 23,82

(5,9-394,33)

0

(8,93-19,39)

0.0004 60,19

(58,15-227,40)

0

(0-67,09)

0.0006

TNF-α 12,52

(10,95-1.461)

0

(0-16,77)

0.0005 93,91

(28,84-158,73)

0

(0-82,78)

0.0017

Neutrófilos 3.312

(1.454-6.577)

4.377

(2.358-7.207)

0.7656 3.113

(1.792-5.101)

5.017

(1.360-7.732)

0.0587

Eosinófilos 439

(376-4.430)

890

(558-2245)

0.2572 502

(256-4.430)

229

(89-455)

0.0279

Page 38: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

37

6. DISCUSSÃO

Atualmente, os estudos divergem quanto a relação da infecção helmíntica e a asma

alérgica, principalmente em pacientes infectados com T. trichiura e co-infectados. As

citocinas podem promover a supressão ou indução nas respostas celulares, refletindo nas

manifestações alérgicas no hospedeiro (BRADLEY & JACKSON, 2004; HOPKIN, 2009).

Neste estudo, foi avaliada a produção de IL-4, IL-6, TNF-α e IL-10, reatividade do teste

cutâneo para aeroalérgenos, IgE anti-ascaris, eosinófilos e neutrófilos em crianças asmáticas

com infecção ativa por T. trichiura e/ou co-infectados T. trichiura/A. lumbricoides.

O estudo contou com um número pequeno de crianças infectadas com T. trichuris

quando comparado com outros estudos (RODRIGUES et al., 2008MONCAYO et al., 2010;

ALCÂNTRA-NEVES et al., 2010). É sabido que a diminuição da prevalência das

helmintíases, como também do T. trichiura, vem sendo relatada devido à estratégia do

Ministério da Saúde brasileiro em realizar tratamento em massa nas crianças de escolas

públicas. Este fato pode explicar a baixa prevalência de infectados obtidos, que difere de

outros estudos que não são de zona urbana, onde há falhas na estratégia de tratamento em

massa (VASCONCELOS et al., 2011; SILVA et al., 2014).

Então, a fim de evitar perdas de pacientes, não foi realizado um pareamento entre sexo

e idade a fim de evitar a influência destas variáveis nos resultados. Pode ser observada maior

prevalência do sexo feminino entre os asmáticos infectados e do sexo masculino no grupo

apenas de infectados. Embora saibamos da necessidade de maior número de crianças, nós não

acreditamos numa influência do sexo em nossos resultados, visto que a média de idade foi de

8,7 anos. Nesta fase, não há influência dos hormônios femininos e a marcha atópica

(fenômeno de progressão com a idade da asma que ocorre no sexo masculino) é mais evidente

na adolescência (SPERGEL, 2005; RAMIREZ-DEL-POZO et al., 2012). Então, se faz

necessário um estudo de acompanhamento a fim de comprovar estas considerações.

Sendo assim, foi possível observar que os níveis de produção de citocinas pro-

inflamatórias e reguladoras, IL-6, TNF-α e IL-10, e a reatividade do teste cutâneo para

aeroalérgenos foi menor em crianças asmáticas com infecção ativa por T. trichiura e/ou co-

T.trichiura/A.lumbricoides.

Para o TNF-α, ambos os grupos, asmáticos e não asmáticos, apresentaram maiores

níveis desta citocina quando infectados. Este aumento pode estar associado com a infecção

helmíntica, visto que o TNF-α juntamente com a IL-13 são responsáveis por promoverem a

secreção de MUC2 e RELMβ que auxiliam diretamente na expulsão do parasita (HAYES et

Page 39: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

38

al., 2007). Em acordo com nossos achados, outros estudos relataram o aumento de TNF-α em

pacientes infectados com T. trichiura ou T. muris (TURNER et al., 2002). Além disso, aqui,

os pacientes infectados apresentaram baixa carga parasitária e Stefan et al., 2002

demonstraram relação inversa onde altas cargas parasitárias estão relacionadas com uma

redução na secreção de TNF-α.

Apesar do TNF-α ser uma citocina pró-inflamatória presente em pacientes asmáticos

(HOSHINO et al., 2000), foram detectados níveis baixos em pacientes asmáticos (AL-

DAGHRI et al., 2014). Aqui, níveis semelhantes de TNF-α foram também observados em

pacientes controles (sem infecção) asmáticos em relação ao não asmático. Contudo, pacientes

asmáticos e infectados apresentaram menores níveis de TNF-alfa (embora não significativos)

que os não asmáticos e infectados, podendo então, a manifestação alérgica estar influenciando

negativamente nos níveis de TNF-α.

De modo semelhante ao TNF-α, foi detectada mais IL-6 nos pacientes infectados com

uma tendência maior de produção nos pacientes quando não asmáticos. Em conjunto, estes

achados sugerem uma menor produção de citocinas pro-inflamatórias nestas condições:

tricuríase/ascaridíases junto com asma.

A função imunossupressora da IL-10 é apontada, em pacientes infectados e portadores

de doenças crônicas (esclerose múltipla e rinite alérgica) como causa de melhora clínica da

doença (CORREALE et al., 2008; BAGER et al., 2010; REYES et al., 2011; VLUGT et al.,

2012). No nosso estudo, a tricuríase levou a maiores níveis de IL-10 nos indivíduos sejam

asmáticos ou não. Contudo, foi possível observar menores níveis de IL-10 nos pacientes

infectados asmáticos do que quando infectados não asmáticos. Então, a tricuríase nos

asmáticos não levou ao aumento desta citocina. É possível que nos indivíduos com asma os

níveis menores de IL-10 estejam associados a fatores genéticos dos pacientes, como a

presença de polimorfismos genéticos que levam à menor síntese e níveis séricos desta citocina

(SALES et al., 2012; FIGUEIREDO et al., 2013).

Em conjunto, estes dados parecem excluir a participação da IL-10 na tendência de

diminuição da IL-6 e TNF-α observada. De fato, para as infecções por geo-helmintos a IL-10

parece não atuar nesta imunomodulação, e sim, a possível ação das T regulatórias via contato

ou TGF-β (SOUZA et al., 2013; MATERA et al., 2008).

Com relação a IL-4, ocorreu produção maior de IL-4, bem como, de eosinófilos

quando observamos as crianças não asmáticas e infectadas. Dados esses que corroboram os já

publicados em que a IL-4 e eosinófilos participam da resposta imune ao parasita (BElKAID et

al., 2006) caracterizando um perfil Th2. Embora a IL-5 tenha um papel no aumento de

Page 40: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

39

eosinófilo circulantes, a IL-4 também está envolvida com a ativação destas células

(DAVOINE & LACY, 2014). A IL-4, também modula positivamente as manifestações

alérgicas (HAILE et al., 1999), porém ao analisar as duas entidades de doenças juntas (asma +

infecção) não houve uma maior produção desta citocina e de eosinófilos circulantes, quando

comparados aos indivíduos apenas com a infecção.

Apesar de a literatura relatar a influência da IgE anti-Asc como sendo um fator de

risco, onde altos títulos estão associados com a piora da asma (FAULKER et al., 2002;

ALCÂNTARA-NEVES et al., 2010), nós não observamos diferença neste parâmetro entre os

grupos. Da mesma forma, não houve diferença entre a presença de sintomas alérgicos e a

infecção helmíntica, achados estes semelhantes ao encontrado em outros estudos (COOPER et

al., 2003; MONCAYO et al., 2012). Contudo, a reatividade do teste cutâneo foi mais

frequente nos pacientes não infectados e asmáticos, sendo possível associar a presença da

infecção com a diminuição da reatividade do Prick Test. Esses achados corroboram com os

estudos Rodrigues et al., 2008; Moncayo et al., 2010, que relataram uma prevalência reduzida

no Prick Test em pacientes infectados por T. trichiura com baixa carga parasitária. Estes

autores sugerem a participação de células T regulatórias, induzida pelo parasita, na redução do

prick-test. Estas células teriam um efeito supressor em tecidos distantes, como a pele, e

interfeririam negativamente na ativação dos mastócitos. Os autores sugerem ainda que a

primeira infecção pelo parasita poderia programar o sistema imunológico para um perfil

menos alérgico e as infecções posteriores mediariam a fase efetora.

Em resumo, a infecção por T. trichiura parece modular positivamente os níveis das

citocinas TNF-α, IL-10 e IL-6, mas em pacientes asmáticos estes níveis tendem a ser

controlados. As reações de hipersensibilidade cutânea imediata parecem ser menos frequentes

em asmáticos quando infectados. Apesar da necessidade de ampliar o estudo, no que diz

respeito ao número de pacientes e parâmetros imunológicos, os dados levantam a

possibilidade de uma modulação mútua entre asma e tricuríase, favorecendo um estado de

maior cronicidade de ambas entidades de doença.

Page 41: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

40

7. CONCLUSÃO

1. A infecção por T. trichiura induz maiores níveis de citocinas TNF-α, IL-10 e IL-6,

mas em pacientes asmáticos são modulados negativamente;

2. Ocorreu produção maior de IL-4, bem como, de eosinófilos quando observamos as

crianças apenas infectadas, caracterizando um perfil Th2. Nas crianças asmáticas e

infectadas, observamos a produção maior apenas de IL-4, mas não de eosinófilos, em

comparação as asmáticas sem infecção;

3. As reações de hipersensibilidade cutânea imediata são menos frequentes em asmáticos

quando infectados;

4. Não foi observado influência do IgE anti-Asc nos grupos estudados.

Page 42: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

41

REFERÊNCIAS

AKDIS M, PALOMARES O, VEEN W, et al. TH17 and TH22 cells: A confusion of

antimicrobial response with tissue inflammation versus protection. J Allergy Clin

Immunol. v.129(6), p.1438-49, 2012.

AKINBAMI, L.J; MOORMAN J.E, BAILEY, C & LIU, X. Trends in asthma prevalence,

healthcare use, and mortality in the United States, NCHS data brief, Hyattsville, MD:

National Center for Health Statistics. NCHDataBrief-CDC. No (9), 2012.

ALCÂNTRA-NEVES N., BADARO SJ, SANTOS M.C.A. The presence of sérum anti-

Ascaris lumbricoides IgE antibodies and of Trichuris trichiura infection are risk factors for

wheezing and/or atopy in preschool-aged Brazilian Children. Respiratory Research. v.11,

2010.

AL-DAGHRI NM, ALOKAIL MS, DRAZ HM. Th1/Th2 cytokine pattern in Arab children

with severe asthma. Int J Clin Exp Med. v.15(8), p.2286-91, 2014.

ANTHONY R.M, RUTITZKY L.I, URBAN J.F. Protective immune mechanisms in helminth

infection. Nat Rev Immunol. v.7(12), p. 975-87,2007.

ANTHONY R.M, URBAN J.F ALEM F, et al. Memory T(H)2 cells induce alternatively

activated macrophages to mediate protection against nematode parasites. Nat Med. v.12(9),

p.955-60, 2006.

ANWAR AR, WALSH GM, CROMWELL O, et al. Adhesion to fibronectin primers

eosinophils via alpha 4 beta 1 ( VLA-4). Immunology. v.82(2), p.222-8, 1994.

BAGER, P; ARNVED J, RONBORG, S; et al. Trichuris suis ova for allergic rhinitis: a

randomized double-blind, placebo-controlled clinical trial. J. Allergy Clin. v.125, p.124-

130,2010.

BELKAID Y, SUN CM & BOULADOUX N. Parasites and immunoregulatory T cells. Curr

Opin Immunol. v. 18, p.406–412, 2006.

BERIOU G, BRADSHAW EM, LOZANO E, et al. TGF- beta induces IL-9 production from

human Th17 cells. J Immunol. v.185, p.46–54, 2012.

BETHONY J, BROOKER S, ALBONICO M, et al (2006). Soil-transmitted helminth

infections: ascariasis, trichuriasis, and hookworm. Lancet v.367, p.1521–1532.

BETTELLI E, CARRIER Y, GAO W, et al. Reciprocal developmental pathways for the

generation of pathogenic effector TH17 and regulatory T cells. Nature. 2006 May

11;441(7090):235-8

BISWAS SK, MANTOVANI A. Macrophage plasticity and interaction with lymphocyte

subsets: cancer as a paradigm. Nat Immunol. v.11, p.889–896, 2010.

BRADLEY, J.E & JACKSON, J.A. Immunnity, immunoregulation and the ecology of

trichuriasis and ascaris. Parasite Immunology (2004). 26, 429–441.

Page 43: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

42

BRADLEY, J.E & JACKSON, J.A. Immunnity, immunoregulation and the ecology of

trichuriasis and ascaris. Parasite Immunology. v.26, p.429–441, 2004.

BROOKER, S & HOTEZ, P. The Global Atlas of Helminth Infection: Mapping the Way

Forward in Neglected Tropical Disease Control. PLoS Negle Trop Dis. v.4: e779, 2010.

COOPER P.J, AYRE G, MARTIN C, et al. . Geohelminth infections: a review of the role of

IgE and assessment of potential risks of anti-IgE treatment. Allergy. v.63, p. 409-417, 2008.

COOPER P.J; RODRIGUES L.C; CRUZ A.A & BARRETO, M.L. Asthma in Latin America:

a public health challenge and research opportunity. Allergy. v.64, p.5-17, 2009.

COOPER P.J; RODRIGUES L.C; CRUZ A.A & BARRETO, M.L. Asthma in Latin America:

a public health challenge and research opportunity. Allergy. v.64, p.5-17, 2009.

COOPER PJ, CHICO ME, BLAND M, et al. Allergic symptoms, atopy, and geohelminth

infections in a rural area of Ecuador. Am J Respir Crit Care Med. v.168, p.313-7, 2003.

COOPER, P.J. Interactions between helminth parasites and allergy. Curr Opin Allergy Clin

Immunol. v.9(1), p. 29–37,2009.

COOPER, P.J; BARRETO, M &RODRIGUES, L.C. Human allergy and intestinal helminth

infections: a review of the literature and discussion of a conceptual model to investigate the

possible causal association. Br Med Bull. v.79-80, p.203–218, 2006.

CORREALE J, FAREZ M, RAZZITTE G. Helminth infections associated with multiple

sclerosis induce regulatory B cells. Annals of Neurology. V. 64(2), p. 187–199, 2008.

DARDALHON V, AWASTHI A, KWON H, et al. IL-4 inhibits TGF-beta-induced Foxp3+ T

cells and, together with TGF-beta, generates IL-9+ IL-10+ Foxp3(−) effector T cells. Nat

Immunol. v.9, p.1347–1355, 2008.

DAVOINE F, LACY P. Eosinophil cytokines, chemokines, and growth factors: emerging

roles in immunity. Front Immunol. v.10(5), 2014.

FAULKNER H, HUMPHREYS N, RENAULD J.C, et al. Interleukin-9 is involved in host

protective immunity to intestinal nematode infection. Eur J Immunol. v.27, p.2536–2540,

1997.

FAULKNER H, TURNER J, KAMGNO J, et al. Age- and Infection Intensity–Dependent

Cytokine and Antibody Production in Human Trichuriasis: The Importance of IgE. J Infect

Dis. v. 185(5), p.665-72,2002.

FIGUEIREDO C.A., BARRETO M.L, ALCANTARA-NEVE N.M. Coassociations between

IL-10 polymorphisms, IL-10 production, helminth infection, and asthma/wheeze in na urban

tropical population in Brazil. J Allergy Clin Immunol. v.131(6), p.1683-90,2013.

FINLAY C.M, WALSH K.P, MILLS K.H. Induction of regulatory cells by helminth

parasites: exploitation for the treatment of inflammatory diseases. Immunol Rev. v.259(1), p.

206-30, 2014.

Page 44: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

43

FIREMAN P. Understanding asthma pathophysiology. Allergy and Asthma Proceedings. v.

24(2), p.79-83, 2003.

FONSECA, E. O. L.; TEIXEIRA, M.G.; BARRETO M.L, et al. Prevalência e fatores

associados às geo-helmintíases em crianças residentes em municípios com baixo IDH no

Norte e Nordeste brasileiros. Cad. Saúde Pública, v. 26, n. 1, 2010.

GONZALO JA, LLOYD CM, KREMER L, et al. Eosinophil recruitment to the lung in a

murine model of allergic inflammation. The role of T cells, chemokines and adhesion

receptors. The jornal of Clinical Investigation. v.10, p. 2332-45, 1996.

GUADALUPE, I; MITRE, E; BENITEZ, S; et al. Evidence for in utero sensitization to

Ascaris lumbricoides in newborns of mothers with ascariasis. J Infect Dis. v.199(12),

p.1846–1850, 2009.

HAILE S, LEFORT J, JOSEPH D, et al. Mucous-cell metaplasia and inflammatory-cell

recruitment are dissociated in allergic mice after antibody- and drug-dependent cell depletion

in a murine model of asthma. Am J Respir Cell Mol Biol. v. 20, p. 891-902,1999.

HAILEAMLAK A, DAGOYE D, WILLIAMS H, et al. Early life risk factors for atopic

dermatitis in Ethiopian children. J Allergy Clin Immunol. v.115, p.370-6, 2005.

HASHIMOTO T, AKIYAMA K, KOBAYASHI N, et al. Comparison of IL-17 production by

helper T cells among atopic and nonatopic asthmatics and cotrol subjects. Int Arch Allergy

Immunol. v.137 (1), p.51-4, 2005.

HAYES KS, BANCROFT AJ, GRENCIS RK. The role of TNF-alpha in Trichuris muris

infection II: global enhancement of ongoing Th1 or Th2 responses. Parasite Immunol. v.

29(11), p.583-94, 2007.

HONORATI MC, CATTINI L, FACCHINI A. A IL-17, IL-1β and TNF-α stimulate VEGF

production by dedifferentiated chondrocytes. Osteoarthritis Cartilage. v.12 (9), p.683-91,

2004.

HOPKIN, J. Immune and genetic aspects of asthma, allergy and parasitic worm infections:

evolutionary links. Parasite Immunology. v.31(5), p.267-73, 2009.

HOSHINO H, LAAN M, SJOSTAND M, et al. Increased elastase and myeloperoxidase

activity associated with neutrophil recruitment by IL-17 in airways in vivo. J Allergy Clin

Immunol. v.105 (1):, p.143-9, 2000.

HUMBLES A.A, LLOYD C.M, MCMILLAN S.J, et al. A critical role for eosinophils in

allergic airways remodeling. Science. v.305, p.1776-9, 2004.

LEONARDI-BBE, J; PRITCHARD, D & BRITTON, J. Asthma and current intestinal

parasite infection: systematic review and meta-analysis. Am J Respir Crit Care Med. v.174,

p. 514-523, 2006.

LYNCH, N.R.; HAGEL, I.; PEREZ, M.; et al. Effect of anthelmintic treatment on the

allergic reactivity of children in a tropical slum. J Allergy Clin Immunol. v.92, p.404-411,

1993.

Page 45: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

44

MACHADO P.R, ARAÚJO M.L.A.S, CARVALHO L, et al. Mecanismos de resposta imune

às infecções. An bras Dermatol. v.79(6), p.647-664, 2004.

MATERA, G; GIANCOTTI, A; SCALISE, S; et al. Ascaris lumbricoides – Induced

suppression of total and specific IgE responses in atopic subjects is interleukin independent

and associated with an increase of CD25(+) cells. Diagn Microbiol Infect Dis. v.62(3), p.80-

6, 2008.

MOLLER, M; GRAVENOR, M.B; ROBERTS, S.E; et al. Genetic haplotypes of Th-2

immune signaling link allergy to enhanced protection to parasitic worms. Hum Mol Gen v.16,

p.1828–1836, 2007.

MONCAYO A.L, VACA M, OVIEDO G, et al. Risk factors for atopic and non-atopic asthma

in a rural area of Ecuador. Thorax. v.6, p. 409-416, 2010.

MONCAYO, A.L; VACA, M; OVIEDO, G; et al. Effects of geohelminth infection and age

on the associations between allergen-specific IgE, skin test reactivity and wheeze: a case-

control study. Clin Exp Allergy. v.34, p. 60-72, 2012.

MUCIDA DS; KELLER AC; FERNVIK EC; RUSSO M. Unconventional Strategies for the

Supression of Allergic Asthma. Current Drug Targets Inflammation and Allergy. v.2,

p.187-95, 2003.

MULLEN A.C, HIGH F.A, HUTCHINS A.S. Role of T-bet in Commitment of TH1 Cells

Before IL-12-Dependent Selection. Science. v.292, p. 1907-1910, 2001.

NAKA T, NISHIMOTO N, KISHIMOTO T. The paradigm do IL-6: from basic science to

medicine. Arthristis Res. v.4, p. 233-42, 2002.

NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 11 ed. São Paulo: Atheneu, 2011.

NOELLE R.J, NOWAK E.C. Cellular sources and immune functions of interleukin-9. Nat

Rev Immunol.v.10, p.683–687, 2010.

NORMAN FF, AYALA AP, PÉREZ-MOLINA JÁ, et al. 2010. Neglected Tropical Diseases

outside the Tropics. PLoS Negl Trop Dis. v. 4 (7): e762.

NUSSBAUM J.C, VAN DYKEN S.J, VON MOLTKE J, et al. Type 2 innate lymphoid cells

control eosinophil homeostasis. Nature. v.10, p. 245-8, 2013.

O’SHEA J.J, LAHESMAA R., VAHEDI, G, et al. Genomic views of STAT function in

CD4+ T helper cell differentiation. Nat Rev Immunol. v.11, p. 239–250, 2011.

OUYANG H, SHI Y, LIU Z, et al. Increased interleukin9 and CD4+IL-9+ T cells in patients

with systemic lupus erythematosus. Mol Med Report. v.7, p.1031–1037, 2013.

PEISONG, G; MAO, X.Q; ENOMOTO, T; et al. An asthma-associated genetic variant of

STAT6 predicts low burden of ascaris worm infestation. Genes Immun. v.5, p. 58–62, 2005.

PEREIRA, M.U; SLY, P.D & PITREZ, P.M. Nonatopic asthma is associated with helminth

infections and bronchiolitis in poor children. Eur Respir J. v.29, p.1154-1160, 2007.

Page 46: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

45

PRAUSE O, BOZINOVSKI S, ANDERSON GP, LINDEN A. Increased matrix

metalproteinase-9 concetration and activity after stimulation with interleukin-17 in mouse

airways. Thorax. v. 59 (4), p.313-7, 2004.

RAMIREZ-DEL-POZO ME, GOMEZ-VERA J, LOPEZ-TIRO J. Risk factors associated

with the development of atopic march. Case-control study. Rev Alerg Mex. v. 59(4),2012.

REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

REYES J.L, ESPINOZA-JIMENEZ A.F, GONZALEZ M.I, et al. Taenia crassiceps infection

abrogates experimental autoimune encephalomyelitis. Cell Immunol.v.267, p. 77–87, 2011.

Richard M, Grencis RK, Humphreys NE, Renauld JC, Van Snick J. Anti-IL-9 vaccination

prevents worm expulsion and blood eosinophilia in Trichuris muris-infected mice. Proc Natl

Acad Sci U S A. v. 97, p.767–772, 2000.

RODRIGUES L.C, NEWLAND P, CUNHA S.S, et al Early infection with Trichuris

trichiura and allergen skin test reactivity in later childhood. Clin Exp Allergy. v.38(11),

p.1769-77,2008.

RODRIGUEZ-SOSA M, DAVID JR, BOJALIL R., et al. Cutting edge: susceptibility to the

larval stage of the helminth parasite Taenia crassiceps is mediated by Th2 response induced

via STAT6 signaling. J immunol. v. 168(7), p. 3135-9, 2002.

SALES IRF, FERNANDES ES, PEIXOTO DM, et al. Associação dos polimorfismos nos

genes da IL-4, IL-5, IL-13 e IL-10 e a asma infantil: uma revisão sistemática. Rev. Bras.

Alerg. Imunopatol. v. 35(3), p.89-97, 2012.

SCHÖN M.P. The plot thickens while the scope broadens: a holistic view on IL-17 in

psoriasis and other inflammatory disorders. Exp Dermatol. v. 23(11), p. 804-14, 2014.

SCRIVENER, S; YEMANEBERHAN, H; ZEBENIGUS, M; et al. Independent effects of

intestinal parasite infection and domestic allergen exposure on risk of wheeze in Ethiopia: a

nested case-control study. Lancet. p.1493–1499, 2001.

SILVA AMB, BOUTH RC, COSTA KS, et al. Occurrence of intestinal parasites in riverine

communities in the City of Igarapé Miri, Pará State, Brazil. Rev Pan-Amaz Saude. v.5(4),

2014

SILVA, E.R; SLY P.D & PEREIRA, M.U. Intestinal helminth infestation is associated with

increased bronchial responsiveness in children. Pediatr Pulmonol. v.43, p.662-665, 2008.

SOUZA, V.; MEDEIROS, D.; SALES, I., et al. Ascaris lumbricoides infection in urban

schoolchildren: Specific IgE and IL-10 production. Allergologia et Immunopathologia, v.

42, p. 206-211, 2013.

SPERGEL JM. Atopic March:Link to upper airways. Curr Opin Allergy Clin Immunol.

v.5(1), p. 17-21,2005.

STEPHENSON L.S, HOLLAND C.V, COOPER E.S. The public health significance of

Trichuris trichiura. Parasitology. v.121 Suppl:S73-95, 2000.

TURNER J, FAULKNER H, KAMGNO J, et al. A comparison of cellular and humoral

immune responses to trichuroid derived antigens in human trichuriasis. Parasite Immunol.

v.24, p.83–93, 2002.

Page 47: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

46

URBAN J, NOBEN-TRAUTH N, DONALDSON D.D, et al. IL-13, IL-4R alpha, and Stat6

are required for the expulsion of the gastrointestinal nematode parasite Nippostrongylus

brasiliensis. Immunity. v.8, p.255–264, 1998.

VAN DER VLUGT L.E, LABUDA L.A, OZIR-FAZALALIKHAN A, et al. Schistosomes

induce regulatory features in human and mouse CD1d(hi) B cells: inhibition of allergic

inflammation by IL-10 and regulatory T cells. PLoS One 7(2), 2012.

VASCONCELOS IAB, OLIVEIRA JW, CABRAL FRF, et al. Prevalencia de parasitoses

intestinais entre crianças de 4-12 anos no Crato, Estado do Ceará. Acta Scientiarum. Health

Sciences. v. 33(1) p. 35-41, 2011.

WALSH GM, SYMON FA, LAZAROVILS AL, et al. Integrin alpha 4 beta 7 mediates

human eosinophil interation with MAdCAM-1,VCAM-1 and fibronectin. Immunology.

v.89(1), p.112-9, 1996.

WEAVER C.T, HATTON R.D. Interplay between the TH17 and TReg cell lineages: a (co-

)evolutionary perspective. Nature Reviews Immunology. v.9, p. 883-889, 2009.

WEISKIRCHEN R, TACKE F. Cellular and molecular functions of hepatic stellate cells in

inflammatory responses and liver immunology. Hepatobiliary Surg Nutr. v. 3 (6), p.344-63,

2014

WHO (2006). Preventive chemotherapy in human helminthiasis: coordinated use of

anthelminthic drugs in control interventions: a manual for health professionals and

programme managers.

WILHELM C, TURNER JE, VAN SNICK J, STOCKINGER B. The many lives of IL-9: a

question of survival? Nat Immunol. v.13, p.637–641, 2012.

YAO W, TEPPER RS, KAPLAN MH. Predisposition to the development of IL-9-secreting T

cells in atopic infants. J Allergy Clin Immunol. 2011; 128:1357–1360.

YAZDANBAKHSH M, WAHYUNI S. The role of helminth infections in protection from

atopic disordens. Curr Opin Allergy Clin Immunol. v.5, p.386-91,2005.

YSSEL H; GROUX H. Caracterization of T cell subpopulations involved in the pathogenesis

of asthma and allergic diseases. International Archives of Allergy and Immunology.

v121(1), p.10-8, 2000.

Page 48: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

47

APÊNDICE A

Gráfico das dosagens das citocinas por CBA.

Pacientes Asmáticos

IL-4 - Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

2

4

6

8

10

IL-6 - Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

5000

10000

15000

20000

IL-10 - Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

100

200

300

400

500

TNF-a - Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

500

1000

1500

2000

Todos as análises foram realizadas por Mann Whitney

p < 0.0001 p < 0.0044

p < 0.0004 p < 0.0001

Page 49: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

48

Pacientes Não Asmáticos

IL-4 - Não Asmático

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

2

4

6

8

10

IL-6 - Não Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

10000

20000

30000

IL-10 - Não Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

200

400

600

TNF-a - Não Asmáticos

Infe

ctad

o

Não

Infe

ctad

o

0

50

100

150

200

Todos as análises foram realizadas por Mann Whitney

p < 0.0001 p < 0.0002

p < 0.0006 p < 0.0017

Page 50: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

49

Pacientes Infectados

IL-4 Infectados

Asm

átic

os

Não

Asm

átic

os

0

2

4

6

8

10

IL-6 - Infectados

Asm

áticos

Não

Asm

áticos

0

10000

20000

30000

IL-10 - Infectados

Asm

átic

os

Não

Asm

átic

os

0

200

400

600

TNF-a - Infectados

Asm

átic

os

Não

Asm

átic

os

0

100

200

300

400

p < 0.1139 p < 0.1828

p < 0.01 p < 0.13

Todos as análises foram realizadas por Mann Whitney

Page 51: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

50

APÊNDICE B

Article in English

ASSOCIATION BETWEEN THE Trichuris trichiura ACTIVE INFECTION,

CYTOKINE PRODUCTION AND ALLERGIC RESPIRATORY DISEASES

(ASTHMA) IN CHILDREN OF THE METROPOLITAN REGION OF RECIFE,

PERNAMBUCO

Juliana Prado Gonçales1, Valdênia Maria Oliveira Souza

1

1Immunology Section - Keizo Asami Immunopathology Laboratory (LIKA) - Federal

University of Pernambuco, Recife - PE / Brazil.

[email protected]

Abstract

The prevalence of allergic diseases such as rhinitis and asthma is smaller in developing

countries, where there is a greater exposure to infectious agents, such as helminths. The

relationship between infection with T. trichiura and the prevalence of allergic diseases and

skin reactivity is not yet established. Studies differ as to the nature of the change (increase or

reduce) in the clinical condition and/or skin tests, as well as the parasite load of the studied

population. The study aimed to determine whether there are differences between the

occurrence of allergic asthma, prick test, serum levels of IL-4, IL-6, IL-10, TNF-α and anti-

Ascaris IgE antibodies in children with active infection by T. trichiura. For this purpose,

children with and without asthma were defined by the ISAAC questionnaire, prick-test and

parasitological (Hoffman/Kato Katz) were performed and blood samples were collected,

which were then subjected to culture (stimulated with PHA) and the collected supernatant for

cytokines measurements (CBA). The prevalence of children with positive parasitological was

16.9% (61/361 children), and among these 27.9% (17/61) were positive for Trichuris

trichiura infection (12/17) or co-infected with Trichuris trichiura/Ascaris lumbricoides

(5/17). The group of infected patients, with or without asthma, produced significantly high

levels for all cytokines in the control group. Furthermore, the group of patients infected

without asthma showed a greater tendency of IL-6,TNF-α and IL-10 production than those

with asthma; infected and asthmatic patients had a lower reactivity in Prick Test when

compared to those with asthma who were uninfected. Thus, the infection with T. trichiura

positively modulates the levels of TNF-α, IL-10 and IL-6 cytokines, but these levels in

asthmatic patients tend to be controlled. The immediate hypersensitivity skin reactions

appears to be less common in asthmatics when infected. The data raise the possibility of a

mutual modulation between asthma and trichuriasis, favoring a state of chronic course on both

disease entities.

Keyword: trichuris, helminths, asthma, immunomodulation, Th2, cytokines.

Page 52: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

51

1. Introduction

According to the literature, the prevalence of allergic disorders has been increasing

progressively over the past decade. It is estimated that approximately 300 million people have

the disease, accounting for one in every 250 deaths worldwide (Akinbami et al., 2012). The

hygiene hypothesis attributes this increase in prevalence to a failure in immunoregulation

caused by decreased exposure to certain organisms coexisted with the definitive hosts

throughout the evolution of mammals (Rook, 2007).

Among the many factors can influence allergic asthma are STH infections, particularly

Ascaris lumbricoides, T. trichiura and hookworms, and these infections are widespread in

countries with hot and humid weather (Copper et al., 2009). The estimated overall prevalence

is 1.5 billion; 1.3 billion and 900 million, respectively, with about 2 billion people are

infected with at least one of these parasites (Brooker and Hotez et al., 2010).

As already reported (Bradley and Jackson, 2004; Matera et al.,2008; Rodrigues et al.,

2008; Hopkin, 2009) the parasite is able to survive for years in the host by modulating the

immune response to establish a favorable environment for their survival, with production of

regulatory cytokines. As the suppressor mechanisms are not directed only to the parasite, they

can affect the development of allergic diseases in patients with active infection STH.

However, this relationship is not yet fully understood, particularly in patients infected by

T.trichiura.

This study aims to determine the correlation between infection with T. trichiura,

allergic asthma, skin test reactivity to respiratory allergens, serum cytokine levels (IL-4, IL-6,

IL-10 and TNF-α) and the dosage of anti-allergen IgE antibodies in children in Recife

metropolitan area.

2. Methods and Materials

2.1 Study Design and Population

We conducted a case-control study in the Metropolitan Region of Recife,

approximately 18 km of the Pernambuco capital. The population is estimated at 4,046,845

inhabitants. It has an area of 3.995.9 square kilometers, and the climate is rainy tropical, with

dry summer. We studied 655 children aged 2-13 years recruited from kindergartens and

schools, of which 361 children underwent parasitological examination. Children with negative

Page 53: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

52

parasitological were ranked among asthmatic and asthma by ISAAC questionnaire and

divided into two control groups (not infected with asthma and not infected without asthma).

2.2 Parasitological Analysis

Samples were subjected to Hoffman, Pons and Janer, Kato -Katz techniques and direct

examination of stool for the presence of protozoan cysts and helminth eggs and larvae, with

reading 3 blades.

2.3 Prick Test

Skin testing was performed on the right forearm of each child using standardized

extracts (IPI ISAC Brasil®) of Dermatophagoides pteronyssinus, Blomia tropicalis, Blattella

germanica, Periplaneta americana, fungi and the cat and dog fur. Salt and 10 mg/ml

histamine solution were used as negative and positive controls, respectively. The reactions

were read after 15 minutes and an average size of wheal 3mm or greater was considered

positive.

2.4 Cell Culture

Whole blood cultures were performed in polypropylene tubes of 14 ml (BD

SystemTM). 500μL whole blood were used in 1 ml RPMI 1640 with glutamine (2 mM),

gentamicin 50 mg/ml (Sigma), 10mM HEPES (Sigma) and 5% fetal bovine serum (Cultilab).

Cells were separately stimulated with Phytohaemagglutinin (PHA) or with only culture

medium and incubated for 24 hours at 37ºC in CO2 incubator. After this period, the

supernatant was collected and stored. Detection of cytokines with the mitogen was higher

than the conditions with no stimulation (data not shown).

2.5 Anti-IgE Asc

Dosing was performed using the indirect enzyme immunoassay technique "inhouse".

The 96-well plates (NuncMaxiSorp, Roskilde, Denmark) were coated overnight, 4°C with 40

μg/ml soluble Ascaris antigen diluted in carbonate bicarbonate buffer (50μL/well), after

washing, were then blocked with 100 μL/well of PBS-T-BSA and incubated at 37°C. A new

washing cycle is performed and then it was added 50μL of sample already diluted. After a

further incubation and washing, it was added anti-IgE human conjugated to peroxidase

produced in goat (Sigma A9667). After further incubation buffer was added to the developer

Page 54: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

53

(comprising OPD - Ortho-phenylenediamine, Sigma Chemical, St. Louis, Mo., USA, diluted

in tris-buffered citrate and H2O2). Plates were read at two absorbance times the cut-off.

2.6 Determination of Cytokine

Determination of cytokine levels was performed using a Cytometric Bead Array

(CBA) for Human Th1/Th2 Cytokine Kit II (BD Bioscienses). Patients were considered

positive with value equal to or higher than 4.9 pg/mM (IL-4), 4.5 pg/mL (IL-10), 2.4 pg/mL

(IL-6) and 3.8 pg/mL (TNF-α)

2.7 Definition of Asthma

Classification was carried out through the questionnaires ISAAC, asthma and rhinitis

module, validated in Brazil (Solé et al 1998;. Vanna et al., 2001). Questionnaires were filled

by the child's legal guardian.

2.8 Statistical Analysis

For statistical analysis we used the Mann-Whitney test, Fisher's exact test, chi-square.

All analyzes were performed using the GraphPrism 5.0.

3. Results

The prevalence of children with positive parasitological was 16.9% (61/361 children),

among these 27.9% (17/61) were positive for infection with Trichuris trichiura (12/17) or co-

infected with Trichuris trichiura/Ascaris lumbricoides (5/17). Of the 31 children selected for

control, 51.60% (16/31) were asthmatic and 48.40% (15/31) without asthma, according to the

criteria used. Of asthmatic patients 81.25% (13/16) were positive for Prick Test, while in non-

asthmatic this positivity was only 7.7% (1/13), so statistically significant (p = 0.0001).

The average age of asthmatic children (uninfected) was 7.2 years and the non-

asthmatic 9.25 years. As for the anti-Ascaris IgE, there was no statistical difference between

the two groups. Data regarding gender, age, skin test reactivity (Prick Test) and IgE anti-

Ascaris were presented in Table 1. Of the 17 children in the case group, 52.9% (9/17) were

classified as asthmatic and 47.1% (8/17) as non-asthmatic. Data regarding gender, age,

parasite load, skin test reactivity and IgE anti-asc were presented in Table 2.

In children infected average age was 8.7 years, with female children predominant

(77.77%) among the group of asthmatic children, and the association between sex statistically

Page 55: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

54

significant (p= 0.01). Asthmatic children showed a prevalence of 44% for positive reactivity

Prick Test, whereas among non-asthmatic this prevalence was 37%, and the association of

prick test in this group was not statistically significant (p=0.63).

By associating the Prick Test positivity among asthma patients (infected and

uninfected), it was not possible to show a statistically significant relationship, but it had a

higher prevalence among uninfected children. The IgE anti-Ascaris, showed a similar result,

but the prevalence was similar between the two groups (Table 3).

For the analysis of cytokines, groups were grouped in asthmatic and non-asthmatic

with analysis of median values obtained from dosing by CBA culture supernatant stimulated

with PHA. In all cytokines occurred higher production compared between asthmatic patients

infected with non-asthmatics infected as well as non-asthmatics infected with uninfected

without asthma, being statistically significant in all analyzes.

Comparing the values of neutrophils and eosinophils among asthmatic and non-

asthmatic groups (with and without infection), only the non-asthmatic group of eosinophils

showed a statistically significant association. By linking cytokines among the group of

infected (with and without asthma), it was observed a positive association (p <0.01) only for

IL-10, despite TNF-α showing a tendency to increase in non-asthmatic children (p <0.1) . The

p values, median, minimum, and maximum value of cytokines, neutrophils and eosinophils

are shown in Table 4.

4. Discussion

Currently, studies differ as the relationship between helminth infection and allergic

asthma, particularly in patients infected with T. trichiura and co-infected. The cytokines may

promote the suppression or induction in cellular responses, reflecting allergic manifestations

in the host (Bradley and Jackson, 2004; Hopkins, 2009). This study evaluated the IL-4, IL-6,

TNF-α and IL-10, the skin test reactivity to aeroallergens, Ascaris anti-IgE, neutrophils and

eosinophils in asthmatic children with active infection by T. trichiura and/or co-infected T.

trichiura/A.lumbricoides.

The study included a small number of children infected with T. trichiura when

compared to other studies (Rodrigues et al, 2008; Moncayo et al, 2010; Alcantra-Neves et al.,

2010). It is known that the reduction of the prevalence of helminth infections, as well as the T.

trichiura has been reported due to the Brazilian Ministry of Health's strategy to conduct mass

treatment in public school children. This may explain the low prevalence of infected obtained,

Page 56: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

55

which differs from other non-urban areas studies where there are gaps in mass treatment

strategy (Vasconcelos et al., 2011; Silva et al., 2014).

So, in order to avoid loss of patients a pairing of gender and age was not carried out in

order to avoid the influence of these variables on the results. It was observed higher

prevalence of females among the infected asthmatic and of males in the group only infected.

Although we are aware of the need for more children, we do not believe in the influence of

gender on our results, as the average age was 8.7 years. At this stage, there is no influence of

the female hormones and the atopic march (progression phenomenon at the age of asthma that

occurs in males) is more evident in adolescence (Sergel et al., 2005; Ramirez-Del-Pozo et al.,

2012). So, a follow-up study is needed to prove these considerations.

Therefore, it was possible to observe that the production levels of pro-inflammatory

cytokines and regulatory, IL-6, TNF-α and IL-10, and the reactivity skin test for inhalant

allergens was lower in asthmatic children with active infection by T. trichiura and/or co-

T.trichiura /A.lumbricoides.

For TNF-α, both groups, asthmatics and non-asthmatics, had higher levels of this

cytokine when infected. This increase may be associated with the helminth infection, whereas

TNF-α together with IL-13 are responsible for promoting the secretion of MUC2 and RELMβ

which assist directly in the expulsion of the parasite (Hayes et al., 2007). In accordance with

our findings, further studies reported an increase in TNF-α in patients infected with

T.trichiura or T.muris (Turner et al., 2002). Moreover, here, the infected patients had low

parasite load and Stefan et al., 2002 demonstrated an inverse relationship where high parasitic

loads are related to a reduction in TNF-α secretion.

Although TNF-α is a pro-inflammatory cytokine present in patients with asthma

(Hoshino et al., 2000), low levels were detected in asthmatics (Al-Daghri et al., 2014). Here,

similar levels of TNF-α were also observed in control patients (without infection) asthmatics

compared to non-asthmatic. However, asthma and infected patients had lower TNF-alpha

levels (although not significant) to asthmatics and non-infected, which can then be allergic

manifestation negatively influencing the TNF-α levels.

Similarly to TNF-α, IL-6 was detected more in infected patients with an increased

tendency production in patients non-asthmatic. Together, these findings suggest a lower

production of pro-inflammatory cytokines in these conditions: trichuriasis/ascariasis with

asthmas.

Immunosuppressive function of IL-10 is pointed in infected patients and those with

chronic diseases (multiple sclerosis and allergic rhinitis) as cause of clinical improvement of

Page 57: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

56

the disease (Correale et al., 2008; Bager et al., 2010; Reyes et al., 2011; Van der Vlugt et al,,

2012.) In our study, trichuriasis led to higher IL-10 levels in individuals whether they are

asthmatic or not. However, it was observed lower levels of IL-10 in asthmatic patients

infected than non-asthmatics infected. Thus the trichuriasis in asthmatics did not lead to

increase in this cytokine. It is possible that in individuals with asthma, lower levels of IL-10

are associated with genetic factors of patients, as the presence of genetic polymorphisms lead

to reduced synthesis, and serum levels of this cytokine (Sales et al., 2012; Figueiredo et al.,

2013).

Together, these data seem to exclude the involvement of IL-10 in the downward trend

of IL-6 and TNF-α observed. Indeed, for infections by soil-transmitted helminths IL-10

appears to not act in this immunomodulation, but actually the possible actions of T regulatory

via contact or TGF-β (Souza et al., 2013; Matera et al., 2008).

It is worth mentioning that the cytokine IL-6 has been described as an important factor

in controlling innate immune responses and cellular, for its effects on the differentiation of

distinct cell subsets as Th17 and Treg and thus mediate pro-inflammatory responses or anti-

inflammatory, respectively (Schon; Weiskirchen and Tacke, 2014). In the presence of TGF-β

and IL-6 is induced to Th17 lymphocyte profile; whereas in the absence of IL-6, TGF-β

promotes the generation of Treg lymphocytes (Bettelli et al., 2006; Akdis et al., 2012.). Then,

lower IL-6 levels could favor greater generation of T regulatory in infected asthma group.

This fact deserves to be investigated as well as TGF-β levels in patients and controls.

Regarding IL-4, there was a increased production of IL-4, as well as eosinophils when

we observe children without asthma and infected. These data corroborate those already

published in which IL-4 and eosinophils participate in the immune response to the parasite

(Belkaid et al., 2006) featuring a Th2 profile. Although IL-5 plays a role in the increase of

circulating eosinophils, IL-4 is also involved in activation of these cells (Davoine and Lacy,

2014). IL-4, also positively modulates the allergic manifestations (Haile et al., 1999), but

when analyzing the two entities joints diseases (asthma + infection) there was no increased

production of this cytokine and circulating eosinophils when compared to individuals, only

with the infection

Although the literature report the influence of anti-Asc IgE as a risk factor where high

titers are associated with worsening of asthma (Faulker et al., 2002; Alcântra-Neves et al.,

2010), we did not observe any difference in this parameter between the groups. Similarly,

there was no difference between the presence of allergy symptoms and helminth infection,

these findings similar to that found in other studies (Cooper et al., 2003; Moncayo et al.,

Page 58: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

57

2012.).However, the reactivity of the skin test was more frequent in asthmatic patients and

uninfected being possible to associate the presence of infection with decreased reactivity

Prick Test. These findings corroborate the study Rodrigues et al., 2008; Moncayo et al., 2010,

which reported a low prevalence in Prick Test in patients infected by T. trichiura with low

worm burden. These authors suggest the participation of T regulatory cells induced by the

parasite, in reducing the prick test. The cells would have a suppressive effect on distant tissues

such as skin and interfere negatively with the activation of mast cells. The authors also

suggest that the first parasite infection could program the immune system to a less allergic

profile and subsequent infections mediate the effector phase.

5. Conclusion

The infection with T. trichiura positively modulates levels of the cytokines TNF-α, IL-

10 and IL-6, but these levels in asthmatic patients tend to be controlled. The immediate

hypersensitivity skin reactions appears to be less common in asthmatics when infected.

Despite the need to expand the study, with regard to the number of patients and

immunological parameters, the data raise the possibility of a mutual modulation between

asthma and infection by T. trichiura, favoring a more chronic state of the two disease entities.

Referências

Akdis M, Palomares O, Veen W, et al. 2012.TH17 and TH22 cells: A confusion of

antimicrobial response with tissue inflammation versus protection. J Allergy Clin

Immunol. 129(6), 1438-49.

Akinbami, L.J; Moorman J.E, Bailey, C & Liu, X. 2012. Trends in asthma prevalence,

healthcare use, and mortality in the United States, NCHS data brief, Hyattsville, MD:

National Center for Health Statistics. NCHDataBrief-CDC. No (9).

Alcântra-Neves N., Badaro SJ, Santos M.C.A. 2010. The presence of sérum anti-Ascaris

lumbricoides IgE antibodies and of Trichuris trichiura infection are risk factors for wheezing

and/or atopy in preschool-aged Brazilian Children. Respiratory Research. 11.

Al-daghri NM, Alokail MS, Draz HM. 2013. Th1/Th2 cytokine pattern in Arab children with

severe asthma. Int J Clin Exp Med. 15(8), 2286-91.

Bager, P; Arnved J, Ronborg, S; et al. 2010. Trichuris suis ova for allergic rhinitis: a

randomized double-blind, placebo-controlled clinical trial. J. Allergy Clin.125,124-130.

Belkaid Y, Sun CM & Bouladoux N. 2006. Parasites and immunoregulatory T cells. Curr

Opin Immunol. 8, 406–412.

Page 59: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

58

Bettelli E, Carrier Y, Gao W, et al. 2006. Reciprocal developmental pathways for the

generation of pathogenic effector TH17 and regulatory T cells. Nature. 11;441(7090):235-8.

Bradley, J.E & Jackson, J.A. 2004. Immunnity, immunoregulation and the ecology of

trichuriasis and ascaris. Parasite Immunology. 26, 429–441.

Brooker, S & Hotez, P. 2010. The Global Atlas of Helminth Infection: Mapping the Way

Forward in Neglected Tropical Disease Control. PLoS Negle Trop Dis. 4: e779.

Cooper P.J; Rodrigues L.C; Cruz A.A & Barreto, M.L. 2009. Asthma in Latin America: a

public health challenge and research opportunity. Allergy. 64, .5-17.

Cooper PJ, Chico ME, Bland M, et al. 2003. Allergic symptoms, atopy, and geohelminth

infections in a rural area of Ecuador. Am J Respir Crit Care Med. 168, .313-7.

Cooper, P.J. 2009. Interactions between helminth parasites and allergy. Curr Opin Allergy

Clin Immunol. 9(1), 29–37.

Correale J, Farez M, Razzitte G. 2008. Helminth infections associated with multiple sclerosis

induce regulatory B cells. Annals of Neurology. 64(2), 187–199.

Davoine F, Lacy P. 2014. Eosinophil cytokines, chemokines, and growth factors: emerging

roles in immunity. Front Immunol. 10(5).

Faulkner H, Turner J, Kamgno J, et al. 2002. Age- and Infection Intensity–Dependent

Cytokine and Antibody Production in Human Trichuriasis: The Importance of IgE. J Infect

Dis. 185(5), 665-72.

Figueiredo C.A., Barreto M.L, Alcantara-Neve N.M. 2013. Coassociations between IL-10

polymorphisms, IL-10 production, helminth infection, and asthma/wheeze in na urban

tropical population in Brazil. J Allergy Clin Immunol. 131(6),1683-90.

Haile S, Lefort J, Joseph D, et al. 1999. Mucous-cell metaplasia and inflammatory-cell

recruitment are dissociated in allergic mice after antibody- and drug-dependent cell depletion

in a murine model of asthma. Am J Respir Cell Mol Biol. 20, 891-902.

Hayes KS, Bancroft AJ, Grencis RK. 2007. The role of TNF-alpha in Trichuris muris

infection II: global enhancement of ongoing Th1 or Th2 responses. Parasite Immunol.

29(11), 583-94.

Hopkin, J. 2009. Immune and genetic aspects of asthma, allergy and parasitic worm

infections: evolutionary links. Parasite Immunology. 31(5), 267-73.

Hoshino H, Laan M, Sjostand M, et al. 2000. Increased elastase and myeloperoxidase activity

associated with neutrophil recruitment by IL-17 in airways in vivo. J Allergy Clin Immunol.

105 (1),.143-9.

Page 60: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

59

Matera, G; Giancotti, A; Scalise, S; et al. 2008. Ascaris lumbricoides – Induced suppression

of total and specific IgE responses in atopic subjects is interleukin independent and associated

with an increase of CD25(+) cells. Diagn Microbiol Infect Dis. 62(3), 80-6.

Moncayo A.L, Vaca M, Oviedo G, et al. 2010. Risk factors for atopic and non-atopic asthma

in a rural area of Ecuador. Thorax.6, 409-16.

Moncayo, A.L; Vaca, M; Oviedo, G; et al. 2012. Effects of geohelminth infection and age on

the associations between allergen-specific IgE, skin test reactivity and wheeze: a case-control

study. Clin Exp Allergy. 34, 60-72.

Ramirez-Del-Pozo ME, Gomez-Vera J, Lopez-Tiro J. 2012. Risk factors associated with the

development of atopic march. Case-control study. Rev Alerg Mex. 59(4).

Reyes J.L, Espinoza-Jimenez A.F, Gonzalez M.I, et al. 2011. Taenia crassiceps infection

abrogates experimental autoimune encephalomyelitis. Cell Immunol. 267, 77–87.

Rodrigues L.C, Newland P, Cunha S.S, et al. 2008. Early infection with Trichuris

trichiura and allergen skin test reactivity in later childhood. Clin Exp Allergy. 38(11), 1769-

77.

Sales IRF, Fernandes ES, Peixoto DM, et al. 2012. Associação dos polimorfismos nos genes

da IL-4, IL-5, IL-13 e IL-10 e a asma infantil: uma revisão sistemática. Rev. Bras. Alerg.

Imunopatol. 35(3), 89-97.

Schön M.P. 2014. The plot thickens while the scope broadens: a holistic view on IL-17 in

psoriasis and other inflammatory disorders. Exp Dermatol. 23(11), 804-14.

Silva AMB, Bouth RC, Costa KS, et al. 2014. Occurrence of intestinal parasites in riverine

communities in the City of Igarapé Miri, Pará State, Brazil. Rev Pan-Amaz Saude. 5(4).

Souza, V.; Medeiros, D.; Sales, I., et al. 2013. Ascaris lumbricoides infection in urban

schoolchildren: Specific IgE and IL-10 production. Allergologia et Immunopathologia, v. 42,

p. 206-211, 2013.

Spergel JM. 2005. Atopic March:Link to upper airways. Curr Opin Allergy Clin Immunol.

5(1), 17-21.

Turner J, Faulkner H, Kamgno J, et al. 2002. A comparison of cellular and humoral immune

responses to trichuroid derived antigens in human trichuriasis. Parasite Immunol. v.24, p.83–

93.

Van Der Vlugt L.E, Labuda L.A, Ozir-Fazalalikhan A, et al. 2012. Schistosomes induce

regulatory features in human and mouse CD1d(hi) B cells: inhibition of allergic

inflammation by IL-10 and regulatory T cells. PLoS One 7(2).

Vasconcelos IAB, Oliveira JW, Cabral FRF, et al. 2011. Prevalência de parasitoses intestinais

entre crianças de 4-12 anos no Crato, Estado do Ceará. Acta Scientiarum. Health Sciences.

33(1) 35-41.

Weiskirchen R, Tacke F. 2014. Cellular and molecular functions of hepatic stellate cells in

inflammatory responses and liver immunology. Hepatobiliary Surg Nutr. 3 (6), 344-63.

Page 61: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

60

Table1

Characteristics Group control according to the age, sex, skin prick test, IgE anti-Ascaris

*p obtained by Fisher's exact test.

#

p obtained by Chi-square

Table 2

Characteristics of the group infected with age, sex, skin prick test, anti-IgE ascaris.

*p obtained by Fisher's exact test.

Asthmatic Non-Asthmatic p

N° 16/31 (51,60%) 15/31 (48,40%)

Age # 0.5936

≤ 7 years 9/16 (56,25%) 7/15 (46,66 %)

≥8 years 7/16 (43,75%) 8/15 (53,33 %)

Sex # 0.8705

Female 7/16 (43,75%) 8/15 (53,33 %)

Male 9/16 (56,25%) 7/15 (46,66 %)

Prick Test* 13/16 (81.25%) 1/13 (7.7%) 0.0001

IgE Anti-asc # 6/16 (37,5%) 7/15 (46,6%) 0.6052

Asmáticos Não Asmáticos p*

N° 9/17 (52,90%) 8/17 (47,1%)

Age # 0.6372

≤ 7 years 4/9 (44,44%) 5/8 (62,5%)

≥8 years 5/9 (66,66%) 3/8 (37,5%)

Sex # 0.01

Female 8/9 (77,77%) 2/8 (25,00 %)

Male 1/9 (22,23%) 6/8 (75,00 %)

Prick Test 4/9 (44,44%) 3/8 (37,50%) 0.6372

IgE Anti-asc 6/9 (66,66%) 2/8 (46,6%) 0.1534

Parasite load 0.6199

High 2/9 (22,22%) 3/8 (37,50 %)

Low 7/9 (77,78%) 5/8 (62,5 %)

Page 62: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

61

Table 3

Association prick test and IgE anti-Ascaris among asthmatic children

*p obtained by Fisher's exact test.

Table 4

Median concentrations of IL-4, IL-5, IL-6, IL-10, TNF-α and absolute values of neutrophils

and eosinophils in asthmatic and non-asthmatic children infected with Trichuris trichiura, and

controls.

* p <0.05 when compared to the control group. ** p <0.05 when compared to non-asthmatics

infected group. The p value was obtained by analysis of medians by Mann-Whitney

GUIDE FOR AUTHORS

Internacional Journal of Parasitology

https://www.elsevier.com/journals/international-journal-for-parasitology/0020-7519/guide-

for-authors

Infectados Não Infectados p*

Prick Test 4/9 (44,44%) 13/16 (81,25%) 0.087

IgE Anti-asc 6/9 (66,66%) 10/16 (62,50%) 1.000

Asthmatic Non-Asthmatic

Infected

(n = 9)

Controls

(n = 16)

p* Infected

(n = 8)

Controls

(n = 15)

p*

IL-4 5,19

(0-8,15)

0

(0-5,11)

0.0001 6,57

(5,08-8,49)

0

(0-5,06)

0.0001

IL-6 2.553

(56,35-23.551)

29,02

(2,45-2.218)

0.0044 5.055

(5.010-27.830)

46,43

(0-3.551)

0.0002

IL-10** 23,82

(5,9-394,33)

0

(8,93-19,39)

0.0004 60,19

(58,15-227,40)

0

(0-67,09)

0.0006

TNF-α 12,52

(10,95-1.461)

0

(0-16,77)

0.0005 93,91

(28,84-158,73)

0

(0-82,78)

0.0017

Neutrófilos 3.312#

(1.454-6.577)

4.377

(2.358-7.207)

0.7656 3.113

(1.792-5.101)

5.017

(1.360-7.732)

0.0587

Eosinófilos 439#

(376-4.430)

890

(558-2245)

0.2572 502

(256-4.430)

229

(89-455)

0.0279

Page 63: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

62

ANEXO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Título do projeto: INFECÇÃO ATIVA PELO S. mansoni OU GEO-

HELMINTOS E SEU EFEITO SOBRE OS NÍVEIS DE IL-33, ST2 SOLÚVEL E

QUIMIOCINAS EM PACIENTES COM ASMA ALÉRGICA DO MUNICÍPIO DE

JABOATÃO DOS GUARARAPES, PERNAMBUCO.

Durante a leitura do documento abaixo fui informado(a) que posso interromper para

fazer quaisquer perguntas.

O estudo acima citado tem por objetivo estudar os anticorpos e hormônios (citocinas)

envolvidos alergia no sangue de crianças de 5 a 14 anos de idade com asma e com vermes

intestinais. Em outros estudos parece que estes anticorpos e hormônios são diferentes em

crianças alérgicas com e sem parasitos intestinais (vermes) e parece que isto é capaz de

modificar as manifestações das doenças alérgicas nas crianças parasitadas. Também será

avaliado o comportamento destes anticorpos no sangue de crianças não alérgicas, com e sem

vermes, para comparar com as crianças alérgicas.

Foi solicitada a minha permissão para que o menor sob minha guarda

___________________________________________ participe desta pesquisa. Serão

selecionadas crianças residentes no município de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco.

A participação do menor está relacionado a responder um questionário sobre as

doenças alérgicas, coleta de fezes para exame parasitológico, retirada de 10 ml (1 colher de

sopa) de sangue da veia do braço com agulha e seringa descartáveis para medir os anticorpos

e hormônios (citocinas) a cada três meses (até 12 meses). As crianças que tiverem parasitoses

serão tratadas da verminose – a escolha do remédio vai depender do verme encontrado.

Os riscos que as crianças podem ter ao participar desta pesquisa são o de acontecer

hematoma (mancha roxa) no local da retirada de sangue e de ter algum efeito colateral da

Page 64: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

63

medicação (náusea, vômitos, diarréia) para vermes, que são raros e, de qualquer forma deverá

ser tomada, pois os vermes fazem mal à saúde e devem ser eliminados.

De benefício pessoal, a criança terá o tratamento da verminose e será verificado se a

parasitose foi eliminada a cada 3 meses (até completar um ano), e receberei orientações de

higiene e métodos para evitar uma nova infecção. No caso das crianças alérgicas, o tratamento

seguirá normalmente dentro do atendimento no Ambulatório.

A contribuição para o conhecimento das doenças e sua relação (alergias e verminoses)

poderá levar a um melhor tratamento das alergias e das verminoses, mas isto pode não ocorrer

diretamente para o menor sob minha guarda.

As minhas respostas, informações e resultados dos exames serão anotadas

(questionário) e guardadas nos arquivos/pastas e computadores do Laboratório de

Imunopatologia Keizo Asami (LIKA) sob a responsabilidade da Dr.ª Valdênia Souza e MSc.

Wheverton Nascimento.

Uma vez que todo o atendimento será feito durante as visitas regulares dos pacientes

ao tratamento Ambulatorial em postos de saúde, não está previsto pagamento de despesas de

locomoção.

Foi explicado que tenho o direito de recusar a participação do menor sob minha

guarda, ou, se já a tiver dado, retirá-la, sem necessidade de explicação e sem perda de

qualquer direito e de atendimento digno no referido Ambulatório. As informações desta

pesquisa são confidenciais e a identidade do menor será preservada, sem que apareça o nome

do menor em nenhum documento de divulgação dos resultados ou qualquer dado que possa

identificá-lo.

Page 65: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

64

Nome do responsável________________________________________

Assinatura________________________________ Data ___/___/___

Menor___________________________________ Data ___/___/___

Testemunha 1: ______________________________ Data ___/___/___

Testemunha 2: ______________________________ Data ___/___/___

Nome do Intrevistador: ________________________ Assinatura: ______________

Contatos importantes:

Dr.ª Valdênia Souza e MSc. Wheverton Nascimento

Endereço: Av. Professor Moraes Rego, s/n Cidade Universitária, Recife - PE, 50.670-420

Telefones: 2101-2661 / 2101-2515 / 2101-2500

E-mail: [email protected]

[email protected]

Comitê de ética em Pesquisa:

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/FIOCRUZ) - Av. Professor Moraes

Rego, s/n Cidade Universitária, CEP: 50.670-420, Tel: 2101-2500

Digital

Page 66: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

65

ANEXO

Questionário ISAAC

Preencha o espaço indicado com o nome do posto de saúde, o nome da criança, e data

de nascimento. Se você cometer um erro nas respostas de escolha simples, circule os

parênteses e remarque a resposta correta. Marque somente uma opção, a menos que seja

instruído para o contrário. Posto de Saúde:____________________________________________________

Data de hoje: ______ / ______ / ______

Nome da criança:__________________________________________________

Idade da criança:____________ Data de nascimento: _____/_____/_____

(Assinale todas as respostas até o final do questionário)

Sexo da criança: ( ) Maculino ( ) Feminino

Questionário 1

1) Alguma vez no passado, seu(sua) filho(filha) teve sibilos (chiado no peito)?

( ) Sim ( ) Não

Se você respondeu não, passe para a questão número 6

2) Nos últimos 12 (doze) meses, seu(sua) filho(filha) teve sibilos (chiado no peito)?

( ) Sim ( ) Não

3) Nos últimos 12 (doze) meses, quantas crises de sibilos (chiado no peito) seu(sua)

filho(filha) teve?

( ) Nenhuma crise

( ) 1 a 3 crises

( ) 4 a 12 crises

( ) mais de 12 crises

4) Nos últimos 12 (doze) meses, com que frequência seu(sua) filho(filha) teve o sono

perturbado por chiado no peito?

( ) Nunca acordou com chiado

( ) Menos de 1 noite por semana

( ) Uma ou mais noites por semana

5) Nos últimos 12 (doze) meses, seu chiado foi tão forte a ponto de impedir que seu(sua)

filho(filha) conseguisse dizer mais de 2 palavras entre cada respiração?

( ) Sim ( ) Não

6) Alguma vez na vida seu(sua) filho(filha) teve asma?

( ) Sim ( ) Não

7) Nos últimos 12 (doze) meses, teve chiado no peito após exercícios físicos?

( ) Sim ( ) Não

8) Nos últimos 12 (doze) meses, seu(sua) filho(filha) teve tosse seca á noite, sem estar

gripado ou com infecção respiratória?

( ) Sim ( ) Não

Page 67: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

66

Questionário 2

Todas as perguntas são sobre problemas que ocorreram quando você não estava gripado ou

resfriado

1) Alguma vez na vida seu(sua) filho(filha) teve problema com espirros ou coriza (corrimento

nasal), quando não estava resfriado ou gripado?

( ) Sim ( ) Não

Se a resposta foi não, passe para a questão 6.

2) Nos últimos 12 (meses), seu(sua) filho(filha) teve algum problema com espirros, coriza

(corrimento nasal) ou obstrução nasal quando não estava gripado ou resfriado?

( ) Sim ( ) Não

3) Nos últimos 12 (doze) meses, esse problema nasal foi acompanhado de lacrimejamento ou

coceira nos olhos?

( ) Sim ( ) Não

4) Nos últimos 12 (doze) meses, esse problema nasal ocorreu? (Por favor, marque em qual ou

quais meses isso ocorreu).

( ) Janeiro ( ) Maio ( ) Setembro

( ) Fevereiro ( ) junho ( ) Outubro

( ) Março ( ) Julho ( ) Novembro

( ) Abril ( ) Agosto ( ) Dezembro

5) Nos últimos 12 (doze) meses, quantas vezes as atividades diárias do(da) seu(sua)

filho(filha) foram atrapalhadas por esse problema nasal?

( ) Nasal

( ) Um pouco

( ) Moderado

( ) Muito

6) Alguma vez na vida seu(sua) filho(filha) teve rinite?

( ) Sim ( ) Não

Page 68: JULIANA PRADO GONÇALES - repositorio.ufpe.br · positivas para infecção por Trichuris trichiura (12/17) ou co-infectadas por Trichuris trichiura/ Ascaris lumbricoides (5/17). O

67

ANEXO