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Junho 2007

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro

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4 CIDADE, Junho de 2007

O perigo mora em casa

Casos de dengue aumentam em Cabo Frio

Tem uns querendo construir, e outros

querendo preservar

Política

Orçamento em discussão

Cada deputado tem direito a alocar até R$ 600mil, para projetos de seu interesse, noprimeiro orçamento da administração SérgioCabral

Vela

9.º Festival UFRJmar é sucesso na

Praia das Palmeiras

Meio Ambiente

Convivendo com a natureza

Eles são o reduto de espécies nativas da faunae da flora e, sob o título de Unidades deConservação, são considerados a categoriaque oferece a maior possibilidade de uso pelopúblico em geral. Os Parques Municipais sãopatrimônios naturais que representamecossistemas de importante valor ecológico,paisagístico e cultural.

Álcalis em debate na Alerj

Especial

Tambores do jongo ecoam em Cabo

Frio

Antiga e encantadora dança de escravos pedepassagem na Região dos Lagos

Indústria

Ambientes com exclusividade

Indústria moveleira de Cabo Frio une otalento local com eficiência e qualidade

Cultura

Música de gente grande

Opinião

Morro de São João, o marco da região!

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40

16

28Capa

Guerra ambiental e

imobiliária no topo de BúziosJunho, 2007Número 14

www.revistacidade.com.br

O badalado balneário enfrenta o crescimentodesordenado e contradições sobre ocupação emáreas de preservação permanente

Macaé

Brasil Offshore

Setor petrolíferomundial tem encontromarcado em Macaé

Desenvolvimento

Asas pra que te

quero

A partir de julho, oAeroporto Internacional deCabo Frio poderá receberaeronaves de todos ostamanhos e origens

19

Região

Pesca só

para não

profissionais

34

Educação

Mudando o

padrão

Secretaria de Educação deCabo Frio tem o maiororçamento do município einveste em nova estruturapara as escolas municipais

4244

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Capa: Filmers 9900 / Gonzalo. Colagem de Alexandre da Silva

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5CIDADE, Junho de 2007

C y l F a r n e y C a t a r i n o d e S á

ENTR

EVISTA

O

5CIDADE, Junho de 2007

botânico, com nome de galã-cantor

da bossa nova, pesquisador do

Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

não anda nada satisfeito com os

descaminhos das questões ambientais na

Região dos Lagos. Para Cyl Farney, a

corrida turística desenfreada vem

descaracterizando os ambientes naturais

dos municípios com destaque para

Armação dos Búzios e Cabo Frio, que

guardam hoje muito pouco de sua rara

vegetação nativa (as florestas secas sobre

os morros e baixadas, e as restingas mais

diversificadas do país) tendo praticamente

apenas as três áreas que estão aos

cuidados da Marinha do Brasil,

preservadas integralmente.

Doutor em Ecologia pela UFRJ,

pesquisador do JBRJ no Programa Zona

Costeira, com trabalho focalizado na

região denominada “Centro de

Diversidade de Plantas Cabo Frio”, Cyl

revolta-se especialmente contra

empreendimentos, que chegam com

promessas de desenvolvimento

sustentável, e acabam utilizando mão-de-

obra temporária engrossando periferias

sem infra-estrutura básica e destruindo a

paisagem natural local, justamente o

produto de venda desses

empreendedores. Para ele, nenhuma APA

criada na Região dos Lagos é respeitada,

o que faz com que duvide da eficácia da

criação dessas áreas, e aponta como

solução a intervenção do governo federal,

já que as esferas estadual e municipal são

ineficientes na proteção desses locais.

Niete Martinez / Fotos PapiPress

Búzios e Cabo Frio estão disputando um

campeonato. Estão concorrendo para ver

quem depreda mais

Cyl Farney Catarino de Sá

Botânico, pesquisador do JBRJ,

doutor em Ecologia

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6 CIDADE, Junho de 2007

Nossa vegetação típica é claramente

diferenciada. Existe um motivo para isso?

“Aqui chove muito pouco, então asplantas respondem a essas características.Por exemplo, a vegetação dos morros e bai-xadas dessa área de baixa pluviosidade,além de guardar uma flora especial, cres-ce sobre solo muito raso e pedregoso, e nãocresce muito. Eventualmente tem uma ár-vore um pouco maior aqui ou ali, mas aquiem Cabo Frio (Morro do Mico, Piaçava) es-sas florestas apresentam altura média entre5 e 7 m. As plantas também são de diâme-tros pequenos e crescem muito ramificadasdesde o solo ou próximo.

Esse fenômeno é característico apenas

desta região?

“Não, isso é uma característica re-lacionado ao clima. Esse padrão podese repetir em outros locais, como porexemplo na caatinga. Mas das espéciesque aqui existem poucas se repetem lá.Na minha Tese de Doutorado, descobrique 10% dessa flora têm relações coma Caatinga. O vento nordeste, tambémajuda a moldar a vegetação e dar esseformato. Choveu muito em janeiro, vo-cê olha para os morros agora, eles ain-da estão verdes. Pode voltar em agos-to, que já vai estar tudo acinzentado.Aqui as plantas estão adaptadas a essasintempéries.

Nas áreas oceânicas, as condiçõessão outras, porque além disso estãoembaixo do vento frontal, então não temcomo desenvolver floresta. São aque-les locais mais abrigados do vento nor-deste, onde a vegetação é adensada,atarracada, anã e responde aquelas ca-racterísticas, com as mesmas espéciesque são peculiares. Por exemplo, temum cacto muito bonito, azulado que éendêmico daqui, só ocorre de Arraial aBúzios (Pilosocereus ulei). Só existeaqui. É um cacto belíssimo. Quandovocê passa pela frente da Ilha do Japo-nês por exemplo, eles estão do lado esquer-do no morro.”

Qual a quantidade de plantas que o senhor

tem catalogadas, e que são endêmicas

desta região?

“Existem algumas espécies endêmicas.Tem mais ou menos umas vinte plantasdessa região, incluindo também algumasde restinga, as que estão nos morros, comopau-brasil, que é uma planta rara, e quetem muito aqui em Cabo Frio. Quer dizer,tem muito entre aspas, em muitas áreas ela

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não existe mais. Há outras espécies en-dêmicas, que não são conhecidas pela po-pulação, são mais conhecidas na esferados pesquisadores. Podemos dizer que estaregião é tão rica como áreas da Serra dosÓrgãos, apesar do ambiente seco daqui.Listamos mais de 500 espécies até o mo-mento para as florestas secas e mais de 800para as restingas, e entre estas existem aque-las que conseguem viver nos dois locais.”

Como está sendo tratada essa questão?

“É desesperador! Terminei uma Tesede Doutorado em fevereiro de 2006, e umcapítulo desta tese abordou a questão daconservação. Todas as unidades de conser-

vação que existem aqui, que é um lugarconhecido como Centro de Diversidade dePlantas, reconhecido a nível mundial, e umdos 14 mais importantes do Brasil, são fa-lhas. Temos dois tipos de categorias deunidades de conservação: as de proteçãointegral e as que chamam de uso sustentá-vel. Essa categoria é um perigo, porque nãoexiste nada funcionando que tenha sidoconhecido como sustentável até hoje. Te-nho uma colega que diz que é mais fácilum camelo passar num buraco de agulhado que uma unidade de uso sustentável do

tipo APA (área de preservação ambiental)dar certo. Nós temos aqui três APAs esta-duais na Região: Sapeatiba, criada em1990, Massambaba, de 1986, e a do PauBrasil, criada recentemente. Uma áreariquíssima do ponto de vista da flora, dafauna, arqueológico, paleontológico e ge-ológico e que não tem nada protegido defato. A proteção e o desenvolvimento sus-tentável devem levar em conta essas coi-sas, e não, utilizar todas as áreas para re-creação e destacar essas riquezas como sefosse parte de um parque de diversões”

Como estão essas APAs?

“Estão mal. O Jardim Botânico fazparte do conselho gestor da APA do PauBrasil, e eu tive o prazer, ou o desprazer,não sei mais, de emitir um parecer jus-tificando a necessidade de sua criação,não sei se fiz um bem ou um mal. E aíentra essa história do mega-empreen-dimento em cima desta unidade de con-servação, onde uma zona de ocupaçãocontrolada foi delimitada num localonde não existe nenhuma alteração im-própria. Isso é uma perversidade muitogrande, e aponta para uma questão mo-ral grave, que dispensa outros comen-tários. A pessoa que trabalhou fazendoa elaboração do plano de manejo paraessa área também é a pessoa que assinao Estudo de Impacto Ambiental para oempreendimento. Na análise do Estu-do de Impacto Ambiental o Jardim Bo-tânico verificou que não foi apresenta-do um mapeamento da vegetação, en-tão como opinar ? Como dizer se tal ouqual local da área seja de uma ZOC oude uma APP é alterada ? No momentoem que o Conselho se reúne regular-mente para discutir o zoneamento che-gam demandas de toda a sorte e ordem,eu espero que daqui para frente consi-gamos andar com a revisão e trabalhar-mos com metodologia e não como umbalcão de atendimento e de aprovações

de interesses. Só foi realizada uma únicareunião da Câmara de Revisão do Zonea-mento em 2006, às vésperas da audiênciapública do Loteamento Reserva Peró. En-fim, não existe nada preservado de fato. Ofato é que essas áreas ainda não foram ocu-padas, e precisamos cuidar delas o maisrápido que pudermos”

O senhor acha que falta educação

ambiental?

“Falta educação política. Falta visão deconjunto. Falta visão de município . O que

Se a Ilha de Cabo Frio não tivesse a

Marinha tomando conta , já tinham feito

uma ponte para atravessar o Boqueirão,

e faziam um eco-resort por lá

Esta região é tão rica como áreas

da Serra dos Órgãos, apesar do

ambiente seco daqui

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sobrou de mata nessa região são fragmen-tos muito pequenos e que devem ser cui-dados o mais rapidamente possível poisdeverão sumir nos canaviais inevitáveis dacorrida do etanol para abastecer a Agrisa.Por exemplo, vamos voltar para a orla. Oque sobrou do município de Cabo Frio, ti-rando Unamar, onde existe uma área mui-to grande da Marinha e a Ilha de Cabo Frioe outras ilhas litorâneas, essas são as uni-dades de conservação. Não tem ninguémmorando lá.

O maior predador seria a construção civil?

“Certo. Se a Ilha de Cabo Frio não ti-vesse a Marinha tomando conta , já tinhamfeito uma ponte para atravessar oBoqueirão e faziam um eco-resort por lá.Se é que já não pensaram na idéia faraôni-ca! Ou na Ilha do Papagaio, ou na Ilha daÂncora. Então, na questão da orla, o únicopedaço de praia nativa do município estáentre as Conchas e o Peró. Dispor dessaárea para ocupação é passar um atestadode burrice aos munícipes de Cabo Frio, éprivar o município de uma das mais belase ricas paisagens do sudeste do Brasil, cujasimagens podem ser vendidas nas propagan-das do município. Existem diversas áreaspróximas e que podem ser ocupadas porresorts, ilhas da fantasia, hotéis e que nãoterão impacto direto sobre os remanescen-tes de flora e fauna. Este é o desafio - umdesses empreendimentos transformar umaárea degradada de fato, e Cabo Frio têmvárias, num oásis e explorar isso como umfato, um ganho. É claro que isso pode serfeito num local do centro nervoso de CaboFrio desde que o empreendedor adquira di-versos imóveis do centro da cidade. Mas,os impactos serão outros (trânsito por e-xemplo!) e dar emprego de fato aos mu-nícipes”

A prefeitura de Búzios, autorizou um

desmembramento em área tombada pelo

Inepac, na Praia do Forno. O que vai

acontecer com aquela vegetação,

considerada rara?

“Para o município, será uma perdaenorme. Para o país idem, porque a genteestá permitindo que uma vegetação muitarara, patrimônio do povo brasileiro seja di-lapidado, jogado fora, em nome do direitoprivado. Que direito é esse ?”

É possível transplantar essa vegetação?

“Não! Não com a diversidade que exis-te. Não tem tecnologia nem dinheiro paraisso. Eles querem pegar meia dúzia de es-pécies, e não é só isso. Tem o aspecto vi-

sual, cultural. Você chega numa encosta da-quela que visitamos com o Inepac, o DRM,IBAMA…E perde o fôlego! Vendem otransplante de árvores e arbustos comosolução. Veja o resultado ocorrido com otransplante mudas numa encosta da Praiado Forno: despencou tudo na rua ! Ficouum belo serviço na paisagem!”

O que tem de peculiaridade nessa área

específica?

“Tem a ocorrência dessa espécie decacto, tem outras espécies endêmicas, e a

dente da república nada, mas para a huma-nidade vale muito.”

Não se tem conhecimento, na região, de

nenhuma ação de educação específica

sobre as nossas plantas. É um defeito nosso

ou é geral?

“Não sei das iniciativas locais. Talveza gente esteja pecando. De que forma agente poderia ajudar mais? Eu sempre mecoloco em disponibilidade para falar emescolas, grupos, assim como o pessoal doDRM tem feito. Por vezes, a gente ficameio desanimado, quando volta aqui, de-pois de três, quatro meses, e as mudançassão tão drásticas que dá vontade de mudarde local de trabalho. E é o que tenho feito,estou colocando meu foco de trabalho emoutras áreas do sudeste do Brasil, mas nadaé mais diversificado no litoral brasileirodo que esta região onde as florestas estacio-nais que vinham do interior terminavamaqui.

Você ficou meio desencantado?

“Não é isso. O Brasil tem um litoralmuito grande, mas essa política de turis-mo é um troço muito perverso. Que negó-cio de turismo é esse que destrói toda umacultura local e impõe seu gosto, sua arqui-tetura, sua comida? Hoje eu vi algo baca-na. Estava trabalhando lá no Arraial e en-contrei dois caras, já adultos, que estavamcatando cambuí, que é uma frutinha local,que pouca gente conhece. Essas pessoasestavam coletando um material num localque eles descobriram há pouco tempo.Aqui nessa restinga existe essa cultura, depegar o cambuí, a pitanga. Então, uma sé-rie de informações culturais estão sendoperdidas com esse excesso de turismo.

Estive há pouco tempo no norte daBahia, e fiquei espantado com o litoral,com os mega-resorts (Costa do Sauípe,Iberostar, Vile Galé, Village Imabssahy epor aí vai). O Brasil não precisa disso, écoisa de gente deslumbrada.

E isso está modificando a paisagem

daquela área?

“Muda tudo. Porque o cara chega numdeterminado local, compra uma área enor-me de terra, tira todo mundo dali, ou, senão tem gente, o discurso é a promoção dedesenvolvimento sustentável . A estratégiaé contratar por seis meses, depois sai man-dando sistematicamente embora, e essestrabalhadores vão engrossar as periferiasmarginalizadas, porque a mão de obra ne-cessária para esses resorts é qualificada,de outro lugar.”

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EVISTA

Usar a paisagem disponível

é muito fácil, difícil é criar a

paisagem

Todas as unidades de

conservação que existem aqui -

um lugar conhecido como

Centro de Diversidade de

Plantas, reconhecido a nível

mundial, e um dos 14 mais

importantes do Brasil - são

falhas

fisionomia local que é marcada pelos ven-tos, é o conjunto paisagístico. Você cheganum lugar daqueles e fica assim… Ca-ramba !!! Essa coisa, não tem como mediro valor! O valor daquela área é o que ela épor si só. Quanto vale uma área com ro-chas de 2,5 bilhões de anos que testemu-nhou a abertura do oceano atlântico? Parao prefeito nada, para o secretário nada, parao governador nada e talvez para o presi-

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9CIDADE, Junho de 2007

A pessoa que manda destruir uma

floresta tem como expectativa de vida,

no máximo cem anos. Não deveria ter o

poder de destruir algo que deveria ficar

para sempre

O senhor acha que nosso destino poderá ser

esse?

“Acho que o município tem de saberpara onde quer caminhar. A cabeça de CaboFrio está no aeroporto. A grande aposta éque o aeroporto vai mudar Cabo Frio. Elepode ser uma estratégia para o desen-volvimento. Por que tem que ser iguala Acapulco, Malibu? Por que não podeser do jeito Cabo Frio? Por que insis-tem em colocar coqueiros da Bahia naPraia do Forte? Dá pena de ver aque-les coqueiros lá. Aqui é um local ondeas árvores não são muito generosas,são baixas. Isto é falta de educação,falta de cultura, falta de leitura e deobservação além de senso crítico e buscade informações nos locais corretos.

Qual a cidade com mais problemas

ambientais?

“Búzios e Cabo Frio estão disputandoum campeonato. Estão concorrendo paraver quem depreda mais. Búzios tem umaárea muito menor, mas só tem doze anos

de história, e já está concorrendo para atin-gir tudo aquilo que Cabo Frio fez em 500anos. Estão se empenhando ao máximo emdestruir tudo o que há de interessante. Porque encontram animais, jacarés, cobras, nomeio na rua? Será que é porque não so-

brou nenhuma área alagada por lá? A Praiade Manguinhos foi toda cercada, murada,desmatada, cheia de espécies ameaçadasde extinção. Parece um condomínio deMiami. Tiraram toda a mata, mas ninguémvê, porque está murado. É impressionantetambém como a gente não consegue en-quadrar esses administradores que dão es-sas autorizações.”

A legislação é fraca para coibir essas

ações?

“Eu acho que sim. A pessoa que estánum cargo público que tem o poder de de-cisão de mandar destruir uma floresta emnome do direito privado, essa criatura, que

tem como expectativa de vida de nomáximo cem anos, não deveria ter opoder de destruir algo que deveria fi-car para sempre. Usar a paisagem dis-ponível é muito fácil, difícil é criar apaisagem, aí ninguém quer. O MAC(Museu de Arte Contemporânea), emNiterói, é muito bonito sim! O MACou a paisagem ? Tire a paisagem, e oMAC fica sendo o MAC simplesmen-

te.”

O senhor acha que deveríamos ter mais

áreas tombadas?

“Sim! Porque se depender de nossas au-toridades, não vai sobrar pedra sobre pe-dra.”

Colaboração: Renato Silveira

9CIDADE, Junho de 2007

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10 CIDADE, Junho de 2007

m surto de dengue preocupa o po-der público e os moradores de CaboFrio. Do início de janeiro deste ano

até o dia 18 de maio foram registrados636 casos de dengue clássica na cidade.No mesmo período do ano passado, onúmero foi bem menor: 111 casos. Deacordo com a chefe da Saúde Coletiva,Dra. Sandra Browne, desde 1996 (quan-do aconteceu a maior epidemia de den-gue na cidade, com 4.500 casos regis-trados) a situação nunca foi tão grave.

Combater

Segundo o biólogo e diretor da Vigi-lância Sanitária, Geraldo Lima, 38% dascasas do município são de veranistas epermanecem fechadas. Os moradores dacidade, que impedem a vistoria dos agen-tes de saúde, também são obstáculos.

De acordo com o diretor, um esque-ma foi montado para tentar diminuir osfocos do mosquito. “Nosso intuito écombater a larva do mosquito, porque afase adulta do Aedes aegypti, é difícil decombater”, diz Geraldo.

Em Cabo Frio, oito equipes visitamas casas, com o intuito de vistoriar, tra-tar e orientar os moradores. Seis agentes

de saúde também fiscalizam pon-tos estratégicos, onde a incidênciaé maior, como por exemplo: cemi-térios e ferros velhos. Além destesprofissionais, três grupos traba-lham em locais de difícil acessocomo telhados e duas pessoas apli-cam o fumacê (fumaça composta de óleomineral e veneno) manualmente, em locaisonde haja denúncia.

Ainda segundo o biólogo, dois carrosfumacês, trabalham por escalas nas ruas dacidade.

Outra alternativa criada pela Vigilân-cia Sanitária foi fazer uma campanha deconscientização nas escolas estaduais, mu-nicipais e particulares. “Distribuímos pan-fletos explicativos e conversamos com osestudantes. Eles são grandes formadoresde opinião e influenciam nas atitudes dospais”, afirma o Diretor.

O mosquito

De acordo com o biólogo, o mosquitopode voar mais de 400 metros. A fêmeasobrevive até 45 dias e é capaz de pôr até1000 ovos. Até a fase adulta, ela leva de 7a 14 dias.

A doença

A doença é classifica de duas formas:a dengue clássica e a dengue hemorrágica.

A dengue clássica tem duração decinco a sete dias, mas, o período de resta-belecimento pode durar semanas. Deacordo com a Dra. Sandra Browne, al-gumas das manifestações clínicas maiscomuns são: febre alta, dor de cabeça emuscular, dor óssea, perda de apetite,abatimento, náuseas, vômitos, coceira eexantema (pintas vermelhas pelo corpo).Podem ocorrer também hemorragias.Ainda de acordo com a médica, algumasmanifestações dependem da idade.

“A dengue hemorrágica tem os sin-tomas semelhantes ao da dengue clássi-ca, mas com agravamento. As manifes-tações hemorrágicas são internas e ex-ternas, além de colapso circulatório. Estetipo de dengue pode levar ao óbito entre12 e 24 horas, ou a uma recuperação rá-pida”, diz a Médica.

Em casos como estes, o indicado éprocurar o pronto socorro imediatamen-te e fazer todos os exames indicados pelomédico.

Casos de dengue aumentam em Cabo Frio

O PERIGO MORA EM CASA

Graciele Soares

U Div

ulga

ção

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11CIDADE, Junho de 2007

Secretário de Meio Ambiente deArmação de Búzios, MarceloHaddad, conversou com CI-

DADE durante o 3º Encontro daANAMMA - Associação Nacional deÓrgãos Municipais de Meio Ambien-te - que aconteceu em Niterói no dia23 de maio. Quando perguntado de suaposição sobre possíveis propostas paraalterações na Resolução 303 doCONAMA, ele afirmou que esta é umadas leis que mais sofreu questionamen-tos e que não vê possibilidades de mu-danças no momento.

“A resolução é conseqüência deuma lei federal, não é uma coisa queum secretário ou um conjunto de se-cretários de meio ambiente vá mudar,isso já foi exaustivamente discutido.A questão do Código Florestal é mui-to sólida. A Resolução 303 é uma leiantiga mas que está bem atualizada nosdias de hoje.”

Quando questionado se a resolu-ção atendia ao município de Armaçãodos Búzios ele fez questão em desta-car que “a lei não é para atender a umasecretaria de uma determinada cidadee sim aos bens de terceiros. Foi redi-gida em 1965 quando não tinha umapressão tão grande quanto a questãodo meio ambiente, mas que hoje é umarealidade”.

Marcelo Haddad também foi cate-górico ao falar sobre o que vem acon-tecendo em Armação dos Búzios. “Nósestamos tendo muitas pressões, o queé natural, isso faz parte do jogo. Temuns querendo construir, tem outrosquerendo preservar. Se tem uma lei,eu gosto de prezar a lei. No dia quetiver outra lei, eu vou prezar”, con-cluiu.

Tem uns querendo construir,

e outros querendo preservar

MARCELO HADDAD

Eu gosto

de prezar

a lei

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ipre

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Juliana Vieira

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12 CIDADE, Junho de 2007

eterminar onde e como o Governo doEstado deverá empregar suas verbase dotações é a tarefa que os 70 depu-

tados estaduais desempenharam entre 21e 25 de maio. Foram apenas cinco dias paraque os parlamentares elaborassem e apre-sentassem emendas ao projeto original daLei de Diretrizes Orçamentárias (LDO),enviado à Assembléia Legislativa do Es-tado do Rio de Janeiro (Alerj) , pelo go-vernador Sérgio Cabral (PMDB).

A elaboração da LDO 2008 chegoucom um complicador a mais: um recadode Sérgio Cabral lembrando que o gover-no passa por uma situação financeira difí-cil e que, por conta disso, manterá umapolítica fiscal rigorosa em todo seu man-dato. Por outro lado o presidente da Co-missão de Orçamento, Finanças, Fiscali-zação Financeira e Controles da Alerj, de-putado Edson Albertassi (PMDB), assegu-ra que a atual proposta do Poder Executi-vo não apresenta mudanças significativasem relação aos orçamentos apresentadospela ex-governadora Rosinha. Este anomarca a estréia de Sérgio Cabral como ela-borador do orçamento estadual.

O governador voltou a enumerar comoprioridades as áreas de educação, seguran-ça pública, saúde, saneamento básico emeio ambiente, mas isso não garante queos deputados estaduais se limitem a essasáreas. Afinal, este é um dos momentos emque os parlamentares podem e fazememendas que possam beneficiar suas ba-ses eleitorais.

Em 2006, por exemplo, os deputadosda Região dos Lagos, Paulo Melo (PMDB)e Glauco Lopes (PSDB), apresentaram 93e 639 emendas à LDO, respectivamente.Já o ex-deputado José Bonifácio não apre-sentou nenhuma. Um levantamento reali-zado pela própria ALERJ mostrou que arealização dos Jogos Pan-Americanos doRio de Janeiro fez com que os deputadoselegessem o esporte como prioridade, com

Cada deputado tem direito a alocar até R$ 600mil para projetos de seu interesse, no primeiroorçamento da administração Sérgio Cabral

Orçamento em

GLAUCO LOPES

Emendas atendem a quase

todas as cidades do Estado

P o l í t i c a

a construção de quadras poliesportivas ecampos de grama sintética ficando no topodas emendas, seguida pela construção decreches.

Expectativa para as novas emendas

A apresentação de emendas é um mo-mento aguardado pelos deputados, tantoque eles encaram a sua elaboração de ma-neira distinta. O tucano Glauco Lopes, queostentou o título de recordista durante doisanos, conta que tem uma equipe que tra-balha exclusivamente nas emendas .

“Não sou deputado de uma cidade só epor isso minhas emendas atendem a quasetodas as cidades do Estado. Para que istoaconteça de maneira eficaz, ouço prefei-tos, câmaras de vereadores e população,afinal ninguém melhor para conhecer asdificuldades dos seus municípios que aspessoas que residem nele “, contou GlaucoLopes.

O ex-prefeito de Cabo Frio, Alair Cor-rêa (PMDB), declara que também realiza-rá as emendas de acordo com os pedidosde prefeitos. Quando procurado por CIDA-DE, o deputado informou que já havia en-viado correspondência a prefeitos de 12municípios solicitando suas reivindica-ções. Os 12 municípios que serão agracia-dos por Alair Corrêa são, segundo o parla-mentar, os locais onde ele teve a maiorconcentração de votos. Da Região dos La-gos estarão na lista de emendas de Alair osmunicípios de Cabo Frio, São Pedro daAldeia, Iguaba Grande e Arraial do Cabo.

Paulo Melo na liderança

Faltando três dias para o início do pra-zo estabelecido pela Alerj para receber asemendas, o deputado Paulo Melo era oúnico a ter todas as suas prontas. As 78emendas de Melo beneficiam os municí-pios de Araruama, São Pedro da Aldeia,Maricá, Saquarema, Armação dos Búziose Iguaba Grande. Para Saquarema foramdestinadas 21 emendas, para Araruama fo-ram 20, Iguaba Grande 17, Armação dos

PAULO MELO

78 emendas

Juliana Vieira

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13CIDADE, Junho de 2007

Governador SÉRGIO CABRAL FILHO

Primeiro orçamento prioriza

educação, segurança pública,

saúde, saneamento básico e meio

ambiente

Búzios 12 e 4 para Maricá e São Pedro daAldeia.

Vale destacar o pedido de implantaçãode um quartel da Polícia Militar em Arma-ção dos Búzios, a construção de uma es-cola-pólo na zona rural de Iguaba Grande,obras de drenagem com construção de ga-lerias no bairro Porto do Carro em SãoPedro da Aldeia, a ampliação e reforma doHospital Regional de Araruama, a cons-trução de um terminal rodoviário emSaquarema e ainda o desenvolvimento deações voltadas para a despoluição da La-goa de Araruama, benéfica para toda a re-gião.

Acordo garantiu R$ 600 mil

para cada deputado

Em 2006 os deputados fizeram umacordo com a, na época, equipe de transi-ção do governador eleito, Sérgio Cabral,que destinou uma verba de R$ 600 mil paracada um dos 70 deputados apresentarememendas. Com o acordo, os deputados fo-ram responsáveis pelo gasto de R$ 42 mi-lhões do orçamento do Estado em 2007 .

Segundo a Alerj, os municípios quemais receberam emendas foram Rio de Ja-neiro, com 161 emendas, Macaé, com 90,e Nova Iguaçu, com 67. Uma curiosidadeé que no ano passado, 13 parlamentares nãoapresentaram nenhuma emenda à Lei deDiretrizes Orçamentárias, dos 13 a maio-ria não se reelegeu. Apenas AlessandroMolon (PT) e Noel de Carvalho (PMDB)- hoje Secretário de Estado de Habitação -conseguiram êxito nas urnas e fugiram àregra.

Próximo Passo

Para a concretização das emendas,além da LDO, será necessário aprovar,também, a LOA - Lei de Orçamento Anu-al - o que acontece no segundo semestredo ano. Em relação à LDO, a Lei não tratade verbas e sim das necessidades. O depu-tado Glauco Lopes informa que “o impor-tante, nesta fase, é lembrar das carênciasque o município pode ter”. Só na próximafase, quando a LOA for apresentada, é quecaberá apresentar os projetos especifica-dos, as áreas beneficiadas e as verbas ne-cessárias. Aí começa tudo de novo ...

discussão

ALAIR CORRÊA

Atenção aos prefeitos

Cés

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ente

Page 14: Junho 2007

14 CIDADE, Junho de 2007

conteceu de 22 a 25 de maio a 9.ª edi-ção do Festival UFRJmar, realizadopela Universidade Federal do Rio de

9.º Festival UFRJmar é sucesso

na Praia das PalmeirasTexto e Fotos PapiPress Janeiro. Mais de 550 alunos, 150 técnicos

e professores dos mais diversos cursos eunidades da UFRJ levaram à comunidadede Cabo Frio inúmeras atividades, queaconteceram em 3 pólos distintos: Praia do

Forte, Praia das Palmeiras e Segundo Dis-trito

A Praia das Palmeiras confirmou a vo-cação do lugar para eventos dessa nature-za, superando as expectativas de partici-A

V e l a

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15CIDADE, Junho de 2007

pação de público. Todas as oficinas fica-ram todo o tempo cheias.

Tainá Peçanha Tavares, 12 anos, alu-na do Colégio Santos Anjos Custódio veiovelejar. Apesar do frio, enfrentou a filapara experimentar o esporte junto com ascolegas. Gabriela de Souza, que nunca ti-nha velejado, confessou estar “morrendode medo”, mas mesmo assim quis partici-par: “vou assim mesmo, tem instrutor”,confiou.

Claudia Gondin da Fonseca , estudan-te do quarto ano de Engenharia Naval,Coordenadora da oficina de vela do pólodas Palmeiras, diz que Cabo frio já fazparte do roteiro do Festival, que acontecede seis em seis meses. “Aqui o projeto ésempre muito bem recebido, por isso sem-pre incluímos a cidade”, diz.

A estudante também elogiou a locali-zação do pólo na Praia das Palmeiras.“Antes a gente velejava na Ilha do Japo-nês, mas não tinha muita participação po-pular, era muito fraco por ser de difícilacesso. Aqui é melhor. Tem espaço para ainfra-estrutura, dá para colocar várias ati-vidades, venta bastante e não tem onda. Émuito bom. Aqui todo mundo vem e oscolégios participam”, explica a Coorde-nadora.

Oficinas ficaram cheias

durante os três dias do Festival

CLÁUDIA GONDIN

FONSECA

Coordenadora da

oficina de vela

Aqui todo

mundo vem

Caiaque

Recreação

Artesanato

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16 CIDADE, Junho de 2007

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om a presença confirmada do gover-nador Sérgio Cabral, a Feira e Confe-rência Internacional da Indústria

Offshore de Petróleo e Gás – a BrasilOffshore, evento que inseriu Macaé no ce-nário petrolífero mundial – será promovi-da de 19 a 22 de junho no Macaé Centro.

Consolidada como a terceira maior fei-ra de óleo e gás do mundo, a BrasilOffshore chega em sua quarta edição comexpectativa de superar os números de 2005,quando 508 expositores participaram dafeira, que ocupou um espaço de 24.175metros quadrados no Macaé Centro e con-tou com 35.950 visitantes.

Neste ano, a área de exposição seráampliada para 27 mil metros quadrados eterá um dia a mais e uma hora a mais pordia. Organizada pela Media Group do Bra-sil (MG do Brasil), com apoio da prefeitu-ra de Macaé, a feira vai reunir todas asmultinacionais do petróleo e gás que ope-ram no Brasil, terá conferências organiza-das pelo Instituto Brasileiro de Petróleo eGás (IBP) e rodadas de negócios promo-vidas pela Organização Nacional da Indús-tria do Petróleo (Onip) e pelo Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas (Sebrae).

De acordo com o secretário de Indús-tria, Comércio, Desenvolvimento e Ener-gia, Alexandre Gurgel, a prefeitura deMacaé vai montar um estande quecontextualiza o município como a capitalnacional do petróleo, para mostrar aspotencialidades da cidade para o arranjoprodutivo do petróleo e gás, e fora dele.

Todas as gigantes multinacionais dopetróleo e gás já confirmaram presença naBrasil Offshore como Petrobras, Schlum-berger, Tenaris Confab, Vetco, BakerHughes. Comitivas internacionais tambémestarão presentes como a Câmara de Co-mércio Alemã e sua similar escocesa. “Játemos presente, como expositores empre-sas da Noruega, China, França, Alemanha,EUA, Reino Unido, entre outras - informao Diretor da Media Group do Brasil, EricHenderson.

Setor petrolíferomundial temencontro marcadoem Macaé

BRASIL

OFFSHORE

Centro de Convenções Jornalista Roberto

Marinho (Macaé Centro)

Martinho Santafé

C

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17CIDADE, Junho de 2007

Programação melhor

Nas conferências, haverá um enrique-cimento na programação do conteúdo téc-nico e na abrangência da qualidade das pa-lestras nacionais e internacionais. Já as ro-dadas de negócios serão uma oportunida-de para que empresas de porte médio e pe-queno façam negócios com âncoras domercado.

- O petróleo é a mola mestra da econo-mia do município e a principal matrizenergética. Somos a capital nacional dopetróleo e a Brasil Offshore reúne empre-sas da indústria offshore de petróleo e gás,entre fabricantes, fornecedoras e importa-doras de produtos e serviços relacionadosao setor – observou o prefeito RivertonMussi.

Segundo Riverton, a grande importân-cia da feira é que seu foco é voltado para aoperação. “Na Brasil Offshore, o empre-sário faz bons negócios, pois está dentrode um grande canteiro de produção com

A primeira edição da Brasil Offshore foi realizada em ju-nho de 2001, na área externa da Unidade de Ensino Descen-tralizada de Macaé (Uned), ligada ao Cefet-Campos. Na épo-ca, o relacionamento do poder público municipal com repre-sentantes dos setores produtivos e de serviços da área de pe-tróleo era bastante precário. O apoio da Prefeitura ao eventoe os contatos mantidos com empresários durante a feira ser-viram para estreitar as relações com a área empresarial, fatoque ainda rende bons frutos para a cidade.

Um deles surgiu na forma do Centro de Convenções “Jor-nalista Roberto Marinho” (Macaé Centro), o segundo do Riode Janeiro em dimensões, só suplantado pelo Riocentro. Naverdade, o Macaé Centro foi construído em função da BrasilOffshore, pois sem um local apropriado a segunda edição da

RIVERTON MUSSI - Prefeito de Macáe

Na Brasil Offshore, o

empresário faz bons negócios,

pois está dentro de um grande

canteiro de produção

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ilhoênfase no negócio. Além disso, a feira vai

aumentar a arrecadação no comércio, nãosó no impacto direto, mas indireto, à me-dida que novas empresas passam a estabe-lecer parcerias com o município”, disse.

O secretário Alexandre Gurgel, ressal-tou que a Brasil Offshore tem garantido aMacaé uma referência de pólo de desen-volvimento regional. “ A feira beneficia acidade com a chegada de novas empresas,novas oportunidades de geração de empre-go e renda, além da movimentação da redehoteleira, de restaurantes, e toda a cadeiaprodutiva de serviços”, ressaltaram Gurgel.

Brasil Offshore une poder público e setor produtivo

feira poderia ir para o Rio de Janeiro ou Vitória. Por outrolado, os organizadores acertaram o alvo quando escolhe-ram a cidade para sediar o evento, pois aqui estão os ge-rentes da Petrobras que definem o que a estatal vai ou nãocomprar para manter suas plataformas operando. É umafeira essencialmente de negócios, enquanto a Rio Oil &Gás serve mais como vitrine de produtos e marcas.

Outra conseqüência do evento foi o vertiginoso cresci-mento da rede hoteleira em Macaé, que passou a ser a mai-or do interior fluminense. Meses antes da feira, todas asvagas dos principais hotéis já estão reservadas. Além dis-so, a Brasil Offshore movimenta milhões de dólares na ci-dade, afetando positivamente o comércio de bares e res-taurantes.

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18 CIDADE, Junho de 2007

Cartas para o Editor

Praia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015

E-mail:[email protected]

ACABO DE ESCREVER UMA CARTA ÀOuvidoria da Prefeitura Muncipal de CaboFrio sugerindo uma campanha de educaçãono trânsito em nossa cidade. Propus que elaseja veiculada através de todos os meios decomunicação - jornais, revistas, televisão, rá-dio - e, principalmente nas escolas públicase particulares de todos os graus.A locomoção louvável, saudável, econômi-ca e totalmente dentro da conservação domeio ambiente por meio da bicicleta, é tam-bém um fator de desproteção total para ospedestres e motoristas. Andam todos na con-tra mão, nas calçadas, nos calçadões, colocan-do em risco até mesmo suas próprias vidas aonão praticarem as regras básicas de trânsito.Duvido que algum motorista desta cidade nãotenha levado, no mínimo um susto com al-gum ciclista vindo na contramão.Vamos lançar uma campanha de proteção àvida!Roseli Davila(Cabo Frio / RJ)

FIQUEI LISONJEADA AO VER MINHAfoto estampada em sua tão conceituada re-vista, mas lamento informar que eu CláudiaMárcia da S. Guimarães Rocha não sou apessoa que a matéria diz, pois não concilioMedicina e Literatura, (o único médico daminha casa é o meu esposo). Sou uma sim-ples Gerente de uma clinica ortopédica emCabo Frio e estou terminando minha facul-dade de Fisioterapia na Universidade Veigade Almeida, que faz parte da minha cami-nhada como missionária G12 e Presidente doProjeto OMDA, tão conhecido por V. Sa.. Cláudia Márcia da S. Guimarães Rocha(Cabo Frio / RJ)

PARABÉNS PELO SUCESSO QUE A RE-vista Cidade esta fazendo. Sinal de um ex-celentre trabalho de equipe e competência deseus profissionais.Dany Cozzi(Cabo Frio)

MUITO OPORTUNA A DISCUSSÃO SOBRE O SEGUNDODistrito de Cabo Frio. Quem mora em Cabo Frio não sabe que olugar existe e quem mora aqui não vai a Cabo Frio nunca, amenos que precise resolver alguma coisa na prefeitura. Porqueo povo do lugar, quando precisa de alguma coisa, sempre vaipara Casimiro ou Rio das Ostras.Já estava na hora dos governos tomarem alguma providênciapara atender a população que é cabo-fiense e não recebe nadadas benfeitorias que são feitas no centro da cidade. O antigoprefeito gastava todo o dinheiro dos royalties, que só existempor causa da orla de Tamoios e Santo Antônio, no centro e comshows e nunca fez nada pela população daqui. Nem as praias dolugar, que são a fonte de todo esse montão de dinheiro, apare-cem no site da prefeitura. É como se o lugar não existisse.Agora vemos algumas obras, mas não chega nem perto do que obairro precisa.Algemiro Martins Santana(Santo Anônio - Cabo Frio/RJ)

SORRIA!Embora a vida não lhe dê prazerSorria!para assim sobreviverSorria!Entre pedras e espinhosSorria!Mesmo se estiver sozinhoSorria!Na escuridaão e na luzEm qualquer situaçãoO mistério do sorrisoÉ o pulsar do CoraçãoJorge Fernando(Palmeiras - Cabo Frio / RJ)

COMO VOCÊS DÃO MUITA ATENÇÃOao Meio Ambiente eu queria pedir que a re-vista Cidade fizesse uma matéria sobre o lixãode Baía Formosa. Os prefeitos sempre pro-metem que vão fazer aterro sanitário e nuncacumprem. Enquanto isso os moradores dasproximidades do lixão sofrem com o maucheiro que exala de lá. Muitas crianças e tam-bém os idosos da redondeza estão com pro-blemas respiratórios por causa disso e nin-guém toma uma providência.Agradeço se publicar esta carta e desculpefalar assim.Valdeci Almeida da Silva(Cabo Frio/RJ)

www.revistacidade.com.brJunho, 2007

C a r t a s

Publicação MensalNSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensGraciele SoaresJuliana VieiraJuliana LatosinskiLoisa MavignierMartinho SantaféRenato SilveiraThiago FreitasTomás BaggioOctávio Perelló

FotografiasCesar ValenteFilmers 9900PapiPress

ColunistaOctávio Perelló

Produção GráficaAlexandre da [email protected]

PublicidadePatrícia CardinotTel: (22) [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfica e Editora S.A

Tiragem5.000 exemplares

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, IguabaGrande, São Pedro da Aldeia,Cabo Frio, Arraial do Cabo,Búzios, Rio das Ostras, Casimirode Abreu, Macaé, Rio de Janeiro eBrasília.

Os artigos assinados são de respon-sabilidade de seus autores.

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19CIDADE, Junho de 2007

A partir de julho, o AeroportoInternacional de Cabo Frio poderáreceber aeronaves de todos os tamanhose origens, e promete ser um pólo dedesenvolvimento para toda a região

D e s e n v o l v i m e n t o

ASAS

PRA QUE

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PRA QUE

TE QUERO

A partir de julho, o AeroportoInternacional de Cabo Frio poderáreceber aeronaves de todos os tamanhose origens, e promete ser um pólo dedesenvolvimento para toda a região

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20 CIDADE, Junho de 2007

a pista antiga, de 1.700 metros de comprimen-to por 30 metros de largura, a dificuldade dosaviões era decolar com o tanque de combustí-

vel cheio. Os 2.560 metros de comprimento por 45metros de largura, nas medidas atuais, são suficien-tes para o impulso necessário, e as negociações paraa chegada de vôos nacionais e internacionais estãoem plena atividade. A Gol Linhas Aéreas já mon-tou guichê e confirmou a linha Buenos Aires -Cabo Frio, que vai chegar uma vez por semana.Outra linha confirmada é a Belo Horizonte - CaboFrio, pela Total Linhas Aéreas. Em vista, estãovôos partindo de cidades como São Paulo,Brasília, Porto Alegre, Santiago do Chile e Lis-boa, em Portugal.

“Estou levando a novidade para os nossos par-ceiros no exterior”, diz o secretário de Turismo deCabo Frio, Gustavo Beranger, que foi à Argentinano final do mês passado.

Na opinião de Gustavo, o aeroporto vai aumen-tar a quantidade de cidades que emitem turistas paraa Região dos Lagos em todas as épocas do ano. Hoje,ele diz, os visitantes do final de semana vêm de umraio máximo de 300 quilômetros.

“Ninguém quer viajar muitas horas para passardois dias na cidade. O aeroporto vai permitir quemais pessoas venham de lugares mais distantes.Quem mora no interior de São Paulo, por exemplo,dificilmente vem num fim de semana. Se um vôode Buenos Aires chega aqui em menos de três ho-ras, isso permite que a pessoa tome o café da manhãem casa e almoce na Praia do Forte”, afirma o se-cretário.

Durante as reformas, o Aeroporto Internacionalde Cabo Frio ganhou novas salas de embarque edesembarque com capacidade para 300 pessoas esegundo andar com lanchonete (snack bar) e res-taurante. A área em volta do aeroporto, chamada deSítio Aeroportuário, passa a ser monitorada porcâmeras e seguranças, além de ter seis quilômetrosde cercas de proteção. A inauguração será neste mês,mas ainda não tem dia e hora marcados pois depen-de da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va, que confirmou presença no evento.

Especialistas costumam dizer que uma das

maiores qualidades de uma cidade turís-

tica é ter bons acessos. Nos últimos anos,

a Região dos Lagos se esforçou para faci-

litar a chegada dos visitantes, através de

melhores estradas e receptivo para os tran-

satlânticos. Agora, Cabo Frio se prepara

para inaugurar a segunda maior pista de

pouso do Estado do Rio de Janeiro.

CORONEL JORGE SCHETTINI

Administrador

Agora vamos triplicar

o nosso recebimento

de cargas

GUSTAVO BERANGER

Secretário de Turismo de

Cabo Frio

Estou levando a

novidade para os

nossos parceiros no

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D e s e n v o l v i m e n t o

Tomás Baggio

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21CIDADE, Junho de 2007

Alternativa ao Galeão

Um dos argumentos para a reforma do aeropor-to foi torná-lo uma alternativa ao Galeão, no Rio deJaneiro. Hoje, se houver problemas na maior pistado Estado, as aeronaves são direcionadas para SãoPaulo ou Belo Horizonte, e os passageiros voltamao Rio por terra. Além disso, o Aeroporto Internaci-onal de Cabo Frio está localizado entre Macaé eItaboraí, duas cidades estratégicas na produção dopetróleo brasileiro.

Ampliar a pista custou trinta milhões de reais,dinheiro que veio da Prefeitura (cinco milhões paraa desapropriação das terras da Álcalis), Governo doEstado (seis milhões), Aeronáutica (quatorze mi-lhões) e da empresa administradora Costa do Sol(cinco milhões).

“No ano passado, as empresas que operam noaeroporto recolheram vinte e dois milhões de reaisem ICMS (imposto que vai para o Governo do Es-tado) e dois por cento desse valor volta para o mu-nicípio. Isso porque estávamos operando apenascom os aviões de carga”, explica o coronel JorgeSchettini, administrador desde que o aeroporto foiinaugurado.

“Agora vamos triplicar o nosso recebimento decargas”, completa o secretário de Desenvolvimen-to, Indústria e Comércio, Antônio Carlos Trindade.

A aposta é alta. Antônio Carlos diz que o aero-porto vai dar uma “reviravolta no turismo” e queCabo Frio “vai deslanchar”.

“Estamos em contato com empresários portu-gueses que estão interessados em investir na redehoteleira. Eles estarão aqui em novembro, para umcongresso em Búzios com pernas em Cabo Frio.Queremos negociar uma linha Lisboa - Cabo Frio”,revela Trindade.

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Aeroporto de

Cabo Frio atenderá

toda a Região

Obras acelaradas

em 1998

Em resumo, este era o Aeroporto de Cabo Frio após oito meses de empreitada,acelerada no último mês, para ser concluída antes da mudança do titular no gover-no do Estado. A inauguração, no dia 28 de dezembro de 1998, foi seguida pelaconcessão do aeroporto para a prefeitura, feita pelo Governo do Estado. Dois diasdepois, terminava o mandato do então governador Marcelo Alencar.

“Havia, sim, um receio de que a chegada do Garotinho (como governador) pu-desse atrapalhar esse acordo. Mas depois percebemos que isso não aconteceria. Foio Garotinho que alfandegou e internacionalizou o aeroporto”, conta Ricardo Azeve-do, o Cacá, na época secretário deProjetos Especiais e hoje secretáriode Comunicação da prefeitura.

Mas foi por pouco que Cabo Frioconseguiu ampliar a pista do aero-porto. Nos bastidores, políticos eempresários de Macaé tentavam amesma verba da Aeronáutica, impe-dida por um problema ambiental:nas proximidades do aeroporto deMacaé existe um mangue em Áreade Proteção.

UMA PISTA DE 1.700 METROS E UMA CASA

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a data em que se comemora o DiaMundial do Meio Ambiente, 5 de ju-nho, o município de Cabo Frio inau-

gura o Parque Municipal Ecológico Dor-mitório das Garças, a primeira unidade deconservação da cidade instalada, de fato,pela prefeitura. Alvo de investimentos peloatual governo municipal, o local, conside-rado um santuário ecológico, quase desa-pareceu em função de um processo de de-gradação ambiental, provocado por umasérie de fatores. O principal e talvez o maisgrave, é atribuído ao despejo de materialquímico em função da dragagem do prin-cipal canal da Lagoa Araruama, realizadaa partir do ano de 2001.

Juliana Latosinski / Fotos César ValenteÁguas passadas, segundo o secretário

municipal de Meio Ambiente e Pesca, Al-cebíades Terra. De acordo com ele, desdejaneiro de 2005, o parque se tornou objetodo programa de Recuperação Ambiental domunicípio e, desde então, foram tomadasmedidas para a estagnação do processo dedegradação e realizadas ações para a recu-peração do ecossistema do local.

“Se existisse uma palavra para definiro resultado que obtivemos com o trabalhorealizado no Dormitório das Garças, estaseria dedicação. E claro, vontade política.Sem as duas, não teríamos alcançado nos-so objetivo maior, o de devolver à comu-nidade e à natureza esse santuário ecoló-gico”, declarou o secretário.

O trabalho ao qual Alcebíades se refe-re foi comandado pelo biólogo José

Henrique de Moura, diretorda secretaria, que junta-mente com oito estagiáriosdo curso de Biologia, rea-lizou a limpeza do parquee o plantio de mais de oitomil mudas da planta man-gue-negro, doadas pelaFundação Educacional Re-gião dos Lagos, que ajudamna retenção da poluição de

superfície do canal, com o movimento dasmarés. Uma outra parceria com a Petrobrasrealiza o cultivo de outras mudas no HortoMunicipal.

“Foi um trabalho de “formiguinha”.Quando o projeto de recuperação do par-que começou, a paisagem que tínhamos eraassustadora, parecia que havia acontecidoum incêndio devastador, em nada lembra-va o local que servia de abrigo para umapopulação de cerca de 1.400 garças bran-cas e outras espécies de pássaros e plan-tas”, lembra Alcebíades.

Em seus 215 mil m², o Parque Munici-pal Ecológico Dormitório das Garças pos-sui uma importância especial por represen-tar um ecossistema de manguezal situadodentro da maior lagoa hipersalina do pla-neta em estado permanentemente aberto.

Eles são o reduto de espécies nativas da fauna e da florae, sob o título de Unidades de Conservação, são consi-derados a categoria que oferece a maior possibilidade deuso pelo público em geral. Os Parques Municipais sãopatrimônios naturais que representam ecossistemas deimportante valor ecológico, paisagístico e cultural.

N

Convivendo com a natureza

Dormitório das Garças - Cabo Frio

Santuário em recuperação

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23CIDADE, Junho de 2007

Abriga uma população de cerca de 1.400garças brancas, uma população decolhereiros (visitantes sazonais), além demais 39 espécies de aves, como as garçasazuis, que estão em extinção e as garçasrosas. Ao final da tarde, em bandos, as gar-ças de toda a região chegam ao manguezalpara passar a noite.

Segundo o secretário, o objetivo da pre-feitura é tornar o Parque Dormitório dasGarças um pólo permanente de educaçãoambiental. Um auditório com capacidadepara 40 pessoas vai funcionar como umespaço adequado para a realização de cur-sos e palestras ligadas ao meio ambiente.

“Não queremos enfocar, somente, opotencial turístico que este local represen-ta para o município. Vamos realizar um tra-balho com a comunidade, especialmentecom os alunos de escolas municipais loca-lizadas no entorno, para que os cidadãosconheçam a importância que o parque temem vários aspectos e a partir disso, pas-sem a monitorá-lo e preservá-lo”, afirmouAlcebíades.

Para a revitalização do local, o secretá-rio informou que foram investidos R$ 600mil na construção da unidade, que contatambém com um mirante para se assistir achegada e a partida das aves, o pórtico,onde os visitantes terão informações téc-nicas e poderão adquirir lembranças coma marca do Dormitório das Garças; umasala de administração e dois banheiros comacessibilidade a deficientes físicos.

Mais investimentos

Na Região dos Lagos, se o conceito debeleza natural for levado em consideração,não são poucos os lugares que merecemser tratados como Unidades de Conserva-ção. No entanto, para receberem esse títu-lo, essas áreas precisam atender a algumascaracterísticas, como a relevância ecoló-gica, paisagística e histórica do local e tam-bém serem declaradas como tal pelo po-der público municipal e receberem o reco-nhecimento nas esferas estadual e federal.A partir disso, as Unidades de Conserva-ção são distribuídas em diversas categori-as de manejo, de acordo com o grau deproteção exigido por cada ecossistema.

Em Cabo Frio, o capítulo do MeioAmbiente da Lei Orgânica Municipal,promulgada em 1990, identifica cinco áre-as como Unidades de Conservação: Par-que Municipal Dormitório das Garças,Parque Municipal da Boca da Barra, Par-que Municipal Mico Leão Dourado (2°Distrito), Parque Municipal da Praia do

M e i o A m b i e n t e

Forte, Parque Municipal das Dunas e Par-que Municipal da Gamboa. Desses, somen-te o Dormitório das Garças foi realmenteimplantado, 17 anos após a criação da Lei.

“A Lei Orgânica do município descre-ve de forma abrangente o compromisso dopoder público com a preservação do meioambiente e a recuperação de áreas degra-dadas. Foi promulgada em cinco de abrilde 1990 e ignorada desde então. Inclusiveo Fundo Municipal de Meio Ambiente,que, em cumprimento à Constituição Fe-deral, destina entre outras verbas, 20% dosroyalties do petróleo para implementaçãode projetos de recuperação ambiental, e aíse inclui a Educação Ambiental”, criticaa ambientalista Margarida Pereira.

Embora aplauda o trabalho realizadopela prefeitura no projeto de revitalizaçãodo Dormitório das Garças, Margarida res-salta que ainda há muito por ser fazer, es-pecialmente na questão da EducaçãoAmbiental da população.

“Pode-se imaginar o que seria ou o quepoderá ser Cabo Frio com seus parques de-limitados, regulamentados, implementadosos planos de manejo e integrados no coti-diano da cidade, em forma de Lazer, Cul-tura, História, Arqueologia e Ecologia.Além do potencial turístico e da geraçãode emprego e renda. Isso seria maravilho-so, um ganho para as futuras gerações”,ressaltou ela, acrescentando a importânciada difusão da Lei Orgânica municipal paraa comunidade.

Alcebíades Terra declarou, no entanto,que a prefeitura já possui um plano deações para contemplar os outros ParquesMunicipais. Um caso considerado urgentepelo secretário é do Parque da Boca da Bar-ra, que possui uma importância bastantesignificativa nos aspectos paisagístico ehistórico. Além da beleza por ser localiza-do na entrada do Canal do Itajuru, no localjá foram identificados oito sítios arqueo-lógicos. Segundo ele, apesar de ser consi-derado um Parque Municipal, o local temproprietários e invasores e vem sofrendotambém um processo de degradação porcausa do trânsito desordenado de veículose o uso irregular da área para o lazer.

“Não sou radical a ponto de querer im-pedir que a população freqüente o local. Pelocontrário, sou a favor da utilização do Par-que para fins de lazer, mas que isso seja fei-to de forma organizada, respeitando o meioambiente do local e não degradando”, disseo secretário de Meio Ambiente.

Uma comissão técnica, envolvendo assecretarias de Meio Ambiente, Planeja-mento, Turismo, a Procuradoria Geral do

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24 CIDADE, Junho de 2007

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Parque da Boca da Barra

Invasões e mau uso estão

degradando o local

ALCEBÍADES TERRA - Secretário de Meio

Ambiente de Cabo Frio

Quando o projeto (Dormitório das

Garças) começou, a paisagem que

tínhamos era assustadora

MARGARIDA PEREIRA - Ambientalista

A Lei Orgânica do município

foi promulgada em cinco de

abril de 1990 e ignorada desde

então

Município e entidades como o IPHAN(Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional) e a AMA (Associação doMeio Ambiente) Cabo Frio, foi criada paraa discussão de um plano de manejo para oParque Municipal.

“Já temos um projeto elaborado peloarquiteto Rafael Trindade e o objetivo des-sa comissão é colocar em prática as açõesprevistas nele. Entretanto, tomaremos me-didas urgentes como a redemarcação daárea do Parque o ordenamento do trânsitoe estacionamento de veículos no local, paratravarmos o processo de degradação”, in-formou Alcebíades, completando que o quese busca para esta área é uma modalidadede turismo sustentável, sempre em confor-midade com a capacidade-suporte do am-biente utilizado.

Localizado dentro da APA (Área deProteção Ambiental) do Pau Brasil, o Par-que Muncipal da Boca da Barra visa a pre-servação de um ecossistema natural (MataAtlântica) de grande relevância ecológicae beleza cênica. Seus bens arqueológicose históricos possibilitam a realização depesquisas científicas e o desenvolvimentode atividades de educação ambiental, re-creação e turismo ecológico. Apresentauma vegetação com alto grau de endemis-mo, sendo considerada um dos 14 centrosde biodiversidade do Brasil. Nesta regiãode zona costeira podem ser encontrados:mangues, brejos e restingas, além de sig-nificativas populações de pau-brasil. So-bre os morros, uma vegetação caracterís-tica, só possível devido ao clima único daregião e à sua origem geológica.

De olho no segundo distrito

O Parque Municipal do Mico Leão Dou-

rado, no 2° Distrito de Cabo Frio, ainda teráde esperar para receber investimentos daprefeitura. Apesar de ter um plano de mane-jo pré-formulado, a implantação efetiva doParque foi adiada pela prefeitura. AlcebíadesTerra explica que a área da Unidade terá deser redermarcada, já que uma parte foi inva-dida e tornou-se um bairro, com cerca de 2mil edificações construídas.

“Na área restante, existem 80 casasconstruídas e que deverão ser desapropri-adas. Mas, este projeto foi adiado, pelo me-nos por enquanto, por causa do esvazia-mento dos cofres públicos”, concluiu o se-cretário.

M e i o A m b i e n t e

O parque está situado dentro do domí-nio da Mata Atlântica, apresentando ecos-sistemas de mangues, matas ciliares, flores-tas densas e meio lacustre (rios e lagoas).Tem como objetivos a conservação dos ma-nanciais e a proteção da vegetação de MataAtlântica e toda fauna e flora associadas,especialmente o mico-leão-dourado, espé-cie com ocorrência restrita a esta região.

Ocorrem também nesta área o maca-co-bugio, a preguiça de coleira, a borbole-ta-da-praia, diversas espécies de répteis,peixes e uma avifauna variada. Tem comodiferencial grande biodiversidade e um ele-vado grau de endemismo.

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25CIDADE, Junho de 2007

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27CIDADE, Junho de 2007

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28 CIDADE, Junho de 2007

Guerra ambiental e

imobiliária no topo de

C a p a

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29CIDADE, Junho de 2007

Loisa Mavignier

O badalado balneário enfrenta o crescimentodesordenado e contradições sobre ocupaçãoem áreas de preservação permanente

O Código Municipal do Meio Ambiente de Armação dos Búzios chega à Câmara de

Vereadores para análise e votação com a missão de proteger o patrimônio natural e

disciplinar a expansão urbana no município.

A cidade vive um clima confuso em função das ocupações irregulares e licenças para

construções em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como topos de morros e

costões rochosos.

Ong’s denunciam, o Ministério Público investiga, secretarias municipais assumem

posições divergentes e o mercado imobiliário está nervoso com a possibilidade de

criação de mais restrições para a construção civil, com a nova lei.

á, no momento, em Armação dos Bú-zios, uma verdadeira ‘guerra’ ambien-tal e imobiliária provocada pelo cres-

cimento desordenado, agravado em con-seqüência da elaboração do Código doMeio Ambiente do Município. O Código,quando aprovado na Câmara de Vereado-res, terá a missão de restringir os empre-endimentos em áreas de preservação e ga-rantir um desenvolvimento sustentávelpara o município.

De um lado, ambientalistas, entidadese associações levantam a bandeira em de-fesa do patrimônio natural provocando oMinistério Público Estadual e Federal a in-vestigar supostas construções irregularesnos topos de morros, costões rochosos eÁreas de Preservação Permanente (APP);de outro, o mercado imobiliário especu-lando e sempre ávido por empreendimen-tos no município.

Na prefeitura o tema ocupação de áre-as de preservação e licenças de constru-ção, no momento, parece ser tabu, já quenem o prefeito Antonio Carlos Pereira daCunha (PMDB), o Toninho Branco, nemos secretários municipais, do Meio Ambi-ente e Pesca e o de Planejamento, atende-ram aos pedidos de entrevista para a revis-ta CIDADE.

O Código Municipal do Meio Ambi-ente encaminhado pelo prefeito ToninhoBranco à Câmara de Búzios no dia 04 demaio deste ano, começou a ser analisadopelos vereadores, e, num futuro breve, po-derá restringir as construções de imóveisem áreas tombadas pelo Instituto Estadualdo Patrimônio Cultural (Inepac),

A cidade não pára de atrair novos em-preendimentos.. O Plano Diretor de Búzi-os, aprovado na Câmara no início de 2006,reconhece que é crescente a ocupaçãodesordenada do solo, com invasão de áre-as públicas, áreas verdes de proteçãoambiental, entre outras.

Em meio a tantas controvérsias, asdiscussões sobre questões ambientais emBúzios agora avançam a passos largoscom a intervenção do Ministério Públi-co, a vigilância das organizações não go-vernamentais (ong’s), o tombamento deáreas pelo Instituto Estadual do Patri-mônio Cultural (Inepac), a fiscalizaçãoda Fundação Estadual de Engenharia doMeio Ambiente (Feema) e do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente (Ibama).E por iniciativas da própria Prefeitura,como a elaboração do Código Ambientaldo município.

No município, as posições divergentesem relação à ocupação urbana ficam visí-veis quando a secretaria do Meio Ambien-te cerceia novas obras em APPs, até mes-mo em cumprimento à sua atribuição ad-ministrativa; e a secretaria de PlanejamentoUrbano, responsável pela liberação de li-cenças de construção, incentiva a expan-são.

Em 2007 o Código Municipal do MeioAmbiente irá disciplinar de uma vez portodas a ocupação em Búzios. O projeto deLei Complementar levou um ano para che-gar à Câmara de Vereadores, após a apro-vação do Plano Diretor da Cidade, que es-tabelecia prazo de noventa dias para isso.Um atraso que, para a oposição ao prefei-to no legislativo, teria o objetivo de favo-recer o mercado imobiliário.

H

Búzios

Condomínio em construção

na Praia do Forno

Pap

iPre

ss

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30 CIDADE, Junho de 2007

C a p a

os próximos 60 dias a Câmara de Ve-readores de Búzios tem a tarefa de a-valiar e votar o Código do Meio Am-

biente do Município que, dentre outras atri-buições, trata dos princípios, normas e re-gras relativos à conservação, à defesa, àmelhoria, à recuperação e ao controle am-biental na cidade. O código elaborado pelaprefeitura e previsto na Lei Orgânica e noPlano Diretor do Município, se aprovado, edevidamente aplicado, poderá não apagar asseqüelas de uma herança distrital sem oucom quase nenhuma restrição ao uso e ocu-pação do solo, mas, com certeza, dificultaráos abusos ambientais nos 8 quilômetros depenínsula, morros e praias buzianas.

Com seus 123 capítulos o Código Am-biental chegou ao legislativo em 04 demaio de 2007, exatamente no momento emque a cidade fervilha de denúncias sobreocupação irregular em Áreas de Preserva-ção Permanente (APP), e quando aprova-do pela maioria dos nove vereadores, iráexercer seu poder de polícia urbanística,especialmente quanto ao controle deloteamentos e condomínios; licenciamentoe fiscalização de obras públicas e de bensimóveis com bases nas diretrizes da legis-lação federal do Meio Ambiente.

Além de passar pela avaliação das cin-co comissões legislativas antes de ir à vo-tação em plenário, o Código será discuti-do com a comunidade em audiências pú-

Vereadores

analisam

Código

Ambiental

de Búzios

GENILSON DRUMOND - Presidente da Câmara

Nunca houve planejamento e isso fez com que chegássemos a esse ponto

Código irá disciplinarocupação urbana nobalneário

Texto e fotos Loisa Mavignier blicas, e poderá receber emendas e sofreralterações. Cada comissão legislativa tem15 dias, com direito a prorrogação, se ne-cessário, para dar o seu parecer sobre aproposta do Executivo antes de o projetochegar à redação final.

O presidente da Câmara de Búzios,vereador Genilson Drumond de Pina(PMDB), sugere que durante a avaliaçãolegislativa do Código Ambiental nenhumalicença para loteamentos ou construçãoseja emitida pela prefeitura, por meio dassecretarias de Planejamento Urbano e doMeio Ambiente e Pesca. “Nunca houve pla-nejamento e isso fez com que chegásse-mos a esse ponto”, lamenta ele, referindo-se às áreas desmatadas, construções emcostões, topo de morro e outras ações de-sordenadas ao longo dos anos.

Genilson exemplifica a falta de plane-jamento urbano citando a praia Rasa, ondeos imóveis impedem a visão do mar. Elereconhece que é difícil bloquear a expan-são urbana numa cidade turística atraentecomo Búzios, mas entende que é precisofazê-lo “dentro do possível” porque omunicípio não tem estrutura para um cres-cimento populacional acelerado.

“Frear o crescimento é quase impossí-vel. A Câmara sabe da responsabilidadeque tem e quer ser o mais justa possívelnessa questão. Tem que ter uma definiçãoclara sobre ocupação urbana, até mesmopara conter esse crescimento em benefíciodo município, dos buzianos e dos turistas,

já que a cada ano a cidade vai perdendo oseu bem mais precioso que é a beleza na-tural”, ressalta Genilson..

Segundo o presidente, até o momento,as informações que tem sobre possíveisembargos de obras em áreas de preserva-ção ambiental são extra-oficiais. Ele con-sidera o Plano Diretor de Búzios é um dos“melhores e mais restritivos” do País eacredita que a Lei Complementar do Có-digo Ambiental virá para somar com o mu-nicípio. Mas antes de ser votado será am-plamente debatido com as entidades civise ambientalistas.

Atraso premeditado

Em tom mais duro, o vereador Messi-as Carvalho da Silva (PDT), 1º secretárioda Mesa Diretora da Câmara de Búzios epresidente da Comissão de Constituição eJustiça, a primeira a avaliar o Código Mu-nicipal do Meio Ambiente, diz que o pro-jeto deveria ter chegado ao legislativo hámuito tempo, já que o Plano Diretor do mu-nicípio foi aprovado em maio de 2006 e aprefeitura teria um prazo de 90 dias paraencaminhá-lo aos vereadores. “Entendoque esse atraso foi premeditado. Precisoude um ano para elaborar o Código Am-biental, por quê?”, alfineta o vereador.

O vereador lembra que na época daaprovação do Plano Diretor de Búzios, oExecutivo teria defendido o Direito de Pro-tocolo no tocante à construção de imóveis.Ou seja, mesmo aprovada uma lei, uma vezprotocolado um projeto imobiliário ele

N

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31CIDADE, Junho de 2007

VEREADOR MESSIAS CARVALHO

Entendo que esse atraso foi

premeditado. Precisou de um

ano para elaborar o Código

Ambiental, por quê?

manecer intocado. Vemos muitos empre-endimentos em áreas consideradas de pre-servação, mas oficialmente não podemosquantificar isso sem uma legislação muni-cipal que legitime o que é ou não é APP”,explica Messias.

Segundo o entendimento do vereador,“as Áreas de Proteção Permanente, emtese, não pode ser ocupada. Digo, em tese,porque muitas já estão. A situação é com-plexa, como vamos tratar disso?”, questi-ona, garantindo ainda que, em meio às di-vergências, o consenso na Câmara é en-volver a sociedade nessa discussão.

Na elaboração do Código Municipal doMeio Ambiente de Búzios, a prefeitura temde considerar – a legislação ambiental fe-deral, com destaque para o capítulo doMeio Ambiente da Constituição Federal;o Código Florestal lei 4771/65 e suas alte-rações; o decreto 99274/90 que institui aPolítica Nacional do Meio Ambiente; a lei6938/81, associada a Resolução CONAMA237/97, que estabeleceram normas para olicenciamento ambiental; e a lei que insti-tui o Sistema Nacional de Unidades deConservação (SNUC), lei 9985/2000.

continuaria valendo em detrimento de fu-turas restrições legais. “Derrubamos (aCâmara) esse artigo no projeto do PlanoDiretor”, afirma Messias, ressaltando que,a questão ambiental é complexa e exigiráuma análise minuciosa dos vereadores.

Na avaliação de Messias, além do as-pecto ambiental de que trata o Código doMeio Ambiente é preciso analisar as ques-tões de cunho social e o direito de propri-edade. O vereador lembra que o Departa-mento de Recursos Minerais (DRM-RJ)fez o mapeamento técnico dos morros,costões, lagoas, áreas alagadas e dunas deBúzios onde foram apontadas as APPs,estudo que, junto com as leis ambientaisfederais, e na falta do Código Municipaldo Meio Ambiente, já serviria para nortearas ações municipais em relação à ocupa-ção e uso do solo. Na confrontação de ma-pas, o estudo constatou que a delimitaçãode topos de morros feita pela prefeitura erabem menor do que a definida pelo DRM.

“Em Búzios tem topo de morro comvalor imobiliário. O Código vai definir ograu de ocupação que se pode dar a essasáreas. Temos de identificar o que deve per-

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32 CIDADE, Junho de 2007

s vésperas da aprovação de seu CódigoAmbiental, Armação dos Búzios vê-se àsvoltas com uma série de denúncias de cri-

mes ambientais e ocupações irregulares do solo,deixando claro que sem uma legislação espe-cífica e muita fiscalização, o paraíso turísticoque atrai milhares de visitantes durante todo oano pode transformar-se em breve num infer-no.

E as denúncias de irregularidades vão des-de invasão de áreas públicas para construçãode pontos comerciais à criação de condomíni-os em Áreas de Preservação Permanente, aschamadas APPs. Alguns casos já encontram-se nas mãos do Poder Judiciário. A luta prome-te ser longa.

O Instituto Estadual do Patrimônio Artísti-co e Cultural - INEPAC - deu o pontapé inicialdenunciando a criação de um “condomíniovoluntário” na Praia do Forno em uma APP,numa região considerada não edificável. A de-núncia, encaminhada ao Judiciário eLegislativo, já foi objeto de pronunciamentodo vereador Alexandre Martins (PDT), mas asituação é mais séria do que aparenta.

De acordo com o vereador, além do desres-peito à moratória decretada na cidade, suspen-dendo os empreendimentos imobiliários por umperíodo, a legislação foi alterada com o intuitode beneficiar o empreendimento, com desres-peito a pareceres de arquitetos do próprio Go-verno Municipal.

“Prepararam uma lei em agosto de 2005,deixando o terreno pronto para que dessementrada no projeto em dezembro do mesmo ano.A aprovação veio cinco meses depois, mesmocom parecer contrário de técnicos do própriogoverno” afirmou o parlamentar.

De acordo com o vereador, o tal “parecercontrário” dos arquitetos da prefeitura foramdescartados pela assinatura final do secretáriode Planejamento, que se valeu da nova lei paraaprovar o empreendimento. A briga agora está

Denúncias

e abusos

na ArmaçãoRenato Silveira / Fotos PapiPress

C a p a

À

Área na Praia do Forno, tombada

pelo Inepac, onde foi autorizado

um loteamento pela prefeitura.

Mapa do bairro da Ferradura mostra

que as áeras ocupadas estavam

destinadas a ruas e jardins.

Área 1

Área 2

Obra em topo de morro

no bairro da Ferradura,

sem licença ambiental.

Ruy

Bor

ba F

ilho

/ JP

H

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33CIDADE, Junho de 2007

na Justiça, para saber qual lei vale mais: a mo-ratória, a APP ou a nova, criada a toque de cai-xa?

Ferradura Reloteada

A invasão de áreas públicas para constru-ção de pousadas e similares também pareceestar na ordem do dia da península. Segundo aAssociação de Moradores e Caseiros da Praiada Ferradura - AMOCA -, essa é a situação quevem ocorrendo no Condomínio Atlântico, cujaplanta inicial, feita à época em que o municí-pio ainda era distrito de Cabo Frio, deixou devaler a partir de mudanças feitas em cartório.

De acordo com o presidente da entidade,Romero Medeiros, toda uma área pública demais de 600 mil m2, já deixou de existir, e issojá está sendo cobrado pelo Ministério Público,que acatou a denúncia da associação.

“Agora, estão construindo uma pousada queinvade, de acordo com a planta inicial, além deuma área pública, que deveria ser destinada apraças e parques, um pedaço da rua e o cantei-ro lateral. Um verdadeiro abuso. Ainda há umoutro pedaço de esquina que virou lote, empadrões menores que os permitidos pela Leide Zoneamento, que fixou em no mínimo 1.200m2. O tal terreno tem apenas 896” apontou.

Com a ocupação imobiliária dos costõesrochosos, Búzios está se transformando numa“favela de ricos”, radicaliza o presidente daAssociação Protetora de Afloramento Rocho-so e Litorâneo de Búzios – a Aparli-Búzios,também secretário municipal de Habitação,Manuel Eduardo da Silva, o Marreco.

Marreco conta que numa noite de lua da-quele ano, ele e um amigo tentavam matar umpeixe na pedra no costão da Ferradura quandoum segurança de uma área, já loteada, confun-dindo-os com ladrões, teria disparado tiros emsua direção. “Fiquei indignado. O buziano e oturista não têm mais liberdade de acesso a al-guns pontos do costão, saíram lotando tudo.Estão privatizando o costão rochoso. Queremospreservar o que temos direito. Não estamos bri-gando contra as pessoas que querem construir,mas defendendo a natureza como fonte de ren-da de Búzios, que vive do turismo”, explica.

Com a ocupação

imobiliária dos costões

rochosos, Búzios está

se transformando

numa “favela de ricos

Vereador Alexandre Martins

“Aprovação (do Planejamento),

mesmo com pareceres contrários

de técnicos do governo municipal”

Romero Medeiros

Presidente de AMOCA

“Estão construindo uma

pousada sobre área pública”

Área 2 - Ferradura:

Esquina é transformada em lote de

896 m² , onde a lei determina

metragem mínima de 1.200m²

Àrea 1

Construção de pousada

ignora ruas e meio fios

Manuel Eduardo da Silva - Secretário de Habitação

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34 CIDADE, Junho de 2007

esde o acidente ambiental ocorridono mês de janeiro, quando umabrusca baixa de oxigênio na Lagoa

de Araruama, provocou a morte de to-neladas de peixes de diversas espécies,a situação dos 2.400 pescadores cadas-trados na Colônia Z 6, é incerta. Com aproibição da pesca por três meses, mui-tos estão em situação difícil, já que oseguro-desemprego não foi aplicado nes-se caso.

A proibição, que vence no dia 8 des-te mês, coincidiu com o período dedefeso do camarão, o que fez com queHaroldo Pinheiro, presidente da Colônia,tentasse fazer garantir o direito ao segu-ro utilizando essa lei, mas isso não foipossível.

“A informação que recebemos é queo pescador da lagoa não tem direito aodefeso do camarão, o que até ano passa-do não era verdade. E o pior é que a pes-ca de linha está liberada informalmente,é só dar uma volta na orla da lagoa paraverificar isso. Mas o IBAMA só repri-me o pescador profissional”, queixou-se.

A pesca amadora na orla é uma rea-lidade. Os praticantes dizem desconhe-cer a proibição da pesca. É o caso dePedro (preferiu identificar-se apenas as-

HAROLDO PINHEIRO - presidente da Colônia

de Pesca Z-6

O IBAMA só reprime o pescador

profissional

sim), que praticava seu lazer na maiortranquilidade na orla aldeense.

“Não sabia que a pesca estava proi-bida.Tem bastante peixe na lagoa, não pre-cisavam tomar uma decisão tão radical”,acredita.

Os maiores prejudicados com a diver-são dos leigos já não sabem mais como agir.De acordo com Marlon da Rocha Guima-rães, presidente da Associação de Pesca-dores Artesanais e Amigos da Praia da Pi-tória, em São Pedro da Aldeia, muitos já es-tão saindo com seus barcos à noite, na clan-destinidade, para garantir o pão de cada dia.

“A gente recomenda para eles não faze-rem isso, mas não podemos proibir. Ou-tros, como eu, já estão fazendo bicos forada pesca, para garantir uma graninha, jáque a ajuda do governo não veio”, recla-mou.

A chefe do escritório regional do Iba-ma, Lísia Barroso, admite que devido àsinúmeras atribuições, sua equipe não dáconta de executar uma fiscalização eficazna lagoa.

- O IBAMA/Cabo Frio fez algumasoperações de fiscalização durante o perío-do de vigência deste defeso. Mas com ape-nas dois fiscais e um analista ambiental,sem uma embarcação apropriada e com tre-ze municípios da Região dos Lagos e dasBaixadas Litorâneas, não dá para atendera todas as demandas”, explicou.

MARLON DA ROCHA GUIMARÃES

presidente da Associação de Pescadores

Artesanais e Amigos da Praia da Pitória

Fazendo bicos fora da pesca

LÍSIA BARROSO - Chefe do Ibama Cabo Frio

Não dá para atender a todas as

demandas

PESCA

Renato Silveira / Fotos César Valente

D

Só para não

profissionais

R e g i ã o

Praia da Pitória - São Pedro da Aldeia

Barcos parados durante o defeso

Arquivo

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35CIDADE, Junho de 2007

presidente da Comissão de Tra-balho da Assembléia Legislativado Estado do Rio de Janeiro

(Alerj), deputado Paulo Ramos (PDT),propôs na sexta-feira (18/5), que o Ban-co Nacional de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNDES) receba osrepresentantes da Companhia Nacio-nal de Álcalis para ouvir uma expla-nação dos problemas e do plano de sa-neamento da empresa. O objetivo doparlamentar é facilitar as relações en-tre o banco e a empresa, que passa pordificuldades financeiras.

“A idéia surgiu aqui, durante a au-diência pública. Vou ser um interme-diário no assunto. O representante daÁlcalis terá oportunidade de expor,com a apresentação de números e grá-

Álcalis em debate na Alerj

Juliana Vieira ficos, a real situação dessa empresa tradi-cional. O encontro no BNDES transmiteuma credibilidade política, pois existeuma grande possibilidade do financiamen-to dessa dívida por parte do BNDES”, afir-mou Ramos. Para a reunião marcada parao dia primeiro de junho na sede doBNDES, foram convidados o senadorFrancisco Dornelles (PP-RJ), o prefeitode Arraial do Cabo, Henrique Sérgio Mel-man, o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi,e o secretário estadual de Desenvolvimen-to Econômico, Energia, Indústria e Ser-viços, Júlio Bueno.

O vice-presidente da Companhia deÁlcalis, Emerson Jasmim, considera quesejam necessários U$ 50 milhões para ototal saneamento das dívidas da empresa,dinheiro que poderia vir por meio de umempréstimo do BNDES. “O desempregotem sido muito grande, existem diversasfamílias na região que dependem da em-

presa. Neste primeiro encontro, demosum passo importante na luta dessesfuncionários”, salientou Jasmim. O re-presentante do BNDES, José Eduar-do Pessoa, presente no debate, se dis-pôs a colaborar com a causa da em-presa. “O BNDES está de portas aber-tas para ouvir os anseios dos funcio-nários. Nós temos um compromissocom a sociedade. É importante essedebate para saber da possibilidade deajudar e participar deste reerguimentoda empresa”, disse.

A Álcalis, fundada em 1943, é aúnica produtora de barrilha (carbona-to de sódio) da América do Sul. ParaPaulo Ramos, a privatização da empre-sa ocorrida em 1992, foi nefasta para aempresa. “Sempre fui contra a priva-tização. Quando eu vou a Álcalis, eume lembro da era Vargas. É triste ver-mos a situação atual”, concluiu Ramos.

O

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36 CIDADE, Junho de 2007

través de um amplo trabalho de pes-quisa e resgate feito pela AssociaçãoCultural Tributo à Arte e à Liberdade

(Tribal), uma das mais antigas e popularesdanças folclóricas do Brasil, o jongo, estávoltando à vida em Cabo Frio, onde emoutrora já teve raízes fincadas. Ao som dostradicionais tambores que fazem parte des-sa dança, mais de 20 pessoas participaramda última oficina de jongo, promovida emmaio pelo grupo, na Casa dos 500 Anos,localizada no bairro Portinho.

A oficina foi ministrada por Dona Su,jongueira e viúva de Mestre Darcy, um dosmais importantes percussores do jongo noRio de Janeiro, em especial no morro daSerrinha, em Madureira, local este ondetambém nasceu e foi criada Dona Su –menos conhecida como Norma Sueli Pe-reira Arcanjo.

Com 53 anos de idade, 20 deles dedi-cados ao jongo, Dona Su representa hojeum legado de conhecimentos, deixadospelo marido, sobre essa manifestação cul-tural, que tem o poder de hipnotizar quemse põe a admirar os toques, cantos e pas-sos que dela são característicos.

“É a primeira vez que vejo e achei en-cantador. A música, os toques dos tambo-res, a dança como um todo parece nos en-volver em uma atmosfera bastante especi-

Tambores

do jongo

ecoam em

Cabo Frio

Antiga e encantadora dança deescravos pede passagem naRegião dos Lagos

E s p e c i a l

Thiago de Freitas

al”, diz a técnica em ad-ministração, ElisângelaCarvalho, de 24 anos, queassistiu à oficina.

Para Dona Su, o jongorepresenta uma arte de re-sistência devido às origensnegras que possui, vinculada à escravos tra-zidos da África para o Brasil no períodocolonial.

“Sem o jongo, a vida para mim não se-ria a mesma. É através dele que nos faze-mos fortes, mostrando nossa cultura. É umaarte de resistência, de alegria, como gos-tava de dizer o Darcy. E enquanto tiversangue correndo nessas veias (aponta parao braço) estarei cantando, tocando e dan-çando jongo com meus meninos e meni-nas”, afirmou Dona Su, falando também arespeito do grupo Jongados da Vida, fun-dado pelo velho jongueiro durante umaoficia de quatro meses, ministrada por elea alunos do Instituto de Filosofia e Ciênci-as Sociais (IFCS), ligado a UniversidadeFederal do Estado do Rio de Janeiro(UFRJ), em 2000.

O antropólogo Rodrigo Folhes, de 31anos, é fruto desse trabalho de MestreDarcy, e ainda hoje ajuda Dona Su na mis-são de dar continuidade ao que ele come-çou. Mestre Darcy morreu em 2001.

“Acho que o Mestre Darcy deu umagrande contribuição para que essa artefosse preservada e difundida, conseguin-do abrir espaço para ela na sociedade,nos teatros e casas de show etc. Em CaboFrio, vejo que a Tribal está também fa-zendo um importante trabalho para tra-zer de volta algo que já foi tradicionalaqui”, analisou Rodrigo, que revelou ain-da a melhor lembrança que guarda do an-tigo mestre jongueiro: “ele tocando tam-bor, claro ”.

Segundo André Amaral, o Gaúcho, quetambém participou do trabalho de pesqui-sa da Tribal sobre o jongo - além de outrasdanças e tradições artísticas, entre elas aciranda – essa arte já foi, de fato, uma cul-tura enraizada em Cabo Frio, durando pro-vavelmente do início a meados do século20. O jongo costumava acontecer em frenteao Convento Nossa Senhora dos Anjos, noLargo de Santo Antônio; outro grupo o re-alizava no Largo de São Benedito, no bair-ro Passagem.

A

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37CIDADE, Junho de 2007

“Descobrimos, a-través do baú do Hil-ton Massa (escritor deCabo Frio), que o jon-go já foi popular nes-ses locais. Procuramosum parente de mem-bros de um desses gru-pos, mas ele não sou-be falar a respeito”,conta André, acrescen-tando que o grupo pre-

tende, futuramente, trabalhar na pesquisae resgate de mais outras danças folclóri-cas, como o tambor de crioula, o cateretê,tambor de mina entre outras. Uma novaoficina de jongo está prevista para novem-bro deste ano.

“Saravá, jongueiro velho,

dá licença pra eu cantar”

Esse é um dos versos de uma cantiga,na qual fica claro o respeito que os maisnovos precisam ter pelos mais velhos nasrodas de jongo. Rituais e tradições de umadança repleta de encantos e misticismos.

Os antigos dizem que o jongo é a “dan-ça das almas”. Em volta da fogueira, sem-pre à noite, os velhos jongueiros eram ca-pazes de realizar encantamentos com ospassos misteriosos e os cantos enigmáti-cos, em linguagem cifrada, compreendidosapenas pelos versados na mandinga.

O jongo é tido como irmão mais velhodo samba. É uma das mais ricas manifes-tações da cultura afro-brasileira. Originá-rio dos batuques e danças de roda trazidos

Arq

uivo

do Congo e de Angola pelos negros da na-ção Bantu, o jongo é uma dança comuni-tária de origem rural que data da época daescravidão e que se espalhou por MinasGerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio deJaneiro, áreas de marcante presença de es-cravos bantos. Com a decadência da lavou-ra cafeeira do Vale do Paraíba e a aboliçãoda escravatura, um grande contingente denegros dirigiu-se para as zonas urbanas dacidade do Rio de Janeiro. Na bagagem,trouxeram a tradição da dança dos ances-trais.

Com a especulação imobiliária, a polí-tica de higiene sanitária e a reforma urba-na da capital federal empreendida pelo pre-feito Pereira Passos, no início do séculoXX, contingentes significativos de negros

Tribal: Agitadores culturais resgatam tradições com alegria e arte

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38 CIDADE, Junho de 2007

foram expulsos dos cortiços do centro dacidade e subiram os morros. Com eles foio jongo, para os morros de São Carlos,Mangueira, Salgueiro e Serrinha. Neste úl-timo, principal reduto de jongueiros da ci-dade, nasceu, em 1932, Darcy Monteiro, oMestre Darcy do Jongo, filho de PedroMonteiro e da mãe-de-santo e jongueiraVovó Maria Joana Rezadeira.

Diz-se que antigamente só os mais ve-

lhos podiam dançar o jongo, poiseram os únicos que conheciam osfundamentos contidos em seuspontos. Nos dias de festa, os jon-gueiros acendiam uma fogueira eiluminavam o terreiro com to-chas. Do outro lado, montavamuma barraca para dançar o “ca-lango”, arrasta-pé ao som de san-fona e pandeiro. Os tamboreseram postos junto ao fogo, queaquecia os couros, dando-lhes aafinação necessária para ecoar.Durante a noite, a dança era in-terrompida quantas vezes fossemnecessárias para que os tambores,“roucos”, fossem novamenteaquecidos.

Os tambores do jongo, feitosde um único tronco de árvore es-cavado, são chamados de caxam-bu. O de som mais grave é tam-bém chamado de tambu, e o desom mais agudo, candongueiro.A dança do jongo é de roda e cos-tuma ser dançada com os pés des-calços. Um casal por vez se diri-ge ao centro, girando no sentidoanti-horário e às vezes ensaiandouma umbigada – no jongo, aumbigada é de longe.

A música tematiza situaçõesdo cotidiano, cantadas de impro-

viso em relação com pontos tradicionaisque são respondidos em coro pelos parti-cipantes, numa combinação empolgante debatuque, canto, dança, religiosidade e brin-cadeira. Pontos de “demanda” e “visaria”,muitos deles centenários, além de improvi-sos e disputas entre os cantadores, compõemo repertório dos jongueiros, que se alternamcom os casais no centro da roda formada apartir da disposição dos tambores.

E s p e c i a l

Tribal apresenta Oficina

do Jongo para Cabo Frio

And

ré A

mar

al

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39CIDADE, Junho de 2007

G e n t e

Colaboração: Maryane Medeiros

Expressivos Anos

O aniversariante, Maestro Ruy Capdeville, viveu um dia repleto

de comemorações no dia 19 de maio último. Pela amanhã, foi

homenageado com a inauguração de uma Escola Municipal

que levou o seu nome, na Vila do Sol, em Cabo Frio.

Depois, prosseguiu comemorando, e festejou, junto com o seu

aniversário de expressivos anos, os 32 anos do Coral

Cantavento.

Boa,

redonda,

e todo mundo ama

A Distribuidora de Bebidas

Marbela comemorou seus

20 anos de atividade com

um super evento no Clube

Costa Azul, em Cabo Frio.

Funcionários, diretores,

amigos e familiares

festejaram, junto com o

aniversário da empresa, a

chegada da marca Brahma,

que passa a ser

comercializada pela

Marbela, que já detinha a

distribuição da Skol,

Antártica e Bohemia.

O cabista Damião Teixeira Sobrinho, mais

conhecido como Gaguinho, comemora 49 anos

a serviço de um dos mais tradicinais clubes de

Cabo Frio, o Clube do Canal.

Gaguinho, que acompanha a terceira geração

de sócios, é o “faz-tudo” do clube.

Super Gerente

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40 CIDADE, Junho de 2007

abe aquela cozinha maravilhosa quevocê viu em um cenário de novela?Ou aquele quarto para o seu filho ado-

lescente, que precisa de muita coisa empouco espaço? Ou então o sonhado escri-tório de trabalho, onde se pode juntar oconforto à praticidade? Pois tudo isso estáao seu alcance aqui pertinho, em Cabo Frio,na primeira fábrica de móveis exclusivosda Região dos Lagos, a D&C, cujo propri-etário, Ricardo Guadagnin, com 23 anosde indústria moveleira, aposta na exclusi-vidade e na qualidade de seus produtos,para conquistar uma clientela exigente ede bom gosto.

Em Cabo Frio há 7 anos, Ricardo con-ta que a princípio, trabalhava com fábri-cas famosas como Rudnick e outras, mashá cerca de dois anos descobriu que a Re-gião já necessitava de um trabalho maisexclusivo, com produção caseira e de qua-lidade.

“O nosso cliente procura um diferen-cial, e aqui ele encontra além disso, a qua-

lidade dos produtos, tanto no acabamentocomo no visual, sem falar na rapidez naentrega, o que surpreende a maioria de-les”, explicou.

Essa rapidez, que faz com que produ-tos anteriormente entregues com prazosentre 30 e 40 dias, sejam reduzidos paraapenas 10 dias úteis, vem agradando a cli-entela local.

“E não é só isso. Além da rapidez naentrega, possibilitada por termos uma fá-brica aqui mesmo em Cabo Frio, podemosdar assistência técnica imediata, caso al-gum problema surja no ambiente solicita-do”, festeja Ricardo.

Para garantir a rapidez e a qualidadedos produtos da D&C, Ricardo conta com13 funcionários, além de dois designers,responsáveis pela produção dos ambien-tes expostos na loja da Teixeira e Souza.

“Num programa de computador comperspectiva em 3D, o cliente tem a exatanoção de como ficará o ambiente deseja-do. Além disso, fazemos visitas técnicasao local, e uma visita exclusiva após a re-alização do serviço para checarmos o re-

Ambientes com exclusividadeIndústria moveleira de Cabo Frio une o talento local com eficiência e qualidade

Renato Silveira / Fotos César Valente sultado final”, explicou o arquiteto AndréLuiz de Lacerda.

A altas qualidade dos produtos da D&Cjá chamou a atenção de grupos empresari-ais como Sebrae e Firjan, que conferiramà indústria o prêmio Top Empresarial con-ferido à pequenas empresas que se desta-cam em seu ramo de atividade em nossoEstado.

“Consideramos esse prêmio e o nossocrescimento no mercado como resultadode um trabalho que abrange cuidados emtodas as áreas. Nosso material de trabalho,por exemplo, é ecologicamente correto.Estamos ampliando nossa divulgação epublicidade, e temos até um site que é owww.lojadec.com.br”, explicou.

Toda essa exclusividade e até mesmoo luxo oferecido pela D&C pode assustaro consumidor comum, que imaginará se-rem os produtos “areia demais para o seucaminhão”. Mas podem relaxar. Além dospreços acessíveis à vista, eles também po-dem ser parcelados em até 15 vezes, den-tro de planos oferecidos pela casa. A ga-rantia é de dois anos.

Novos formatos dão aproveito

inteligente aos cantos de

armários das cozinhas

S

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41CIDADE, Junho de 2007

I n d ú s t r i a

Beliches

com novas

configurações

RICARDO GUADAGNIN

Por termos uma fábrica

aqui mesmo em Cabo Frio,

podemos dar assistência

técnica imediata

Quartos projetados

para espaço

de 3 x 3 metros

Linha de movéis levam em

conta os espaços

reduzidos das construções

modernas, e necesidades

do dia-a-dia atual

A altas qualidade dos produtos já chamou a atenção

de grupos empresariais como Sebrae e Firjan, que

conferiram à indústria o prêmio Top Empresarial

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42 CIDADE, Junho de 2007

om um orçamento de R$ 80 milhões/ano, a Secretaria deEducação de Cabo Frio administra uma verba quase trêsvezes maior que todo o município de Iguaba Grande (R$ 29

milhões em 2006). Essa quantia, nada desprezível, vem modifi-cando o setor, tanto na parte física, onde está prevista a constru-ção de 8 escolas-padrão (três já estão em funcionamento), quan-do na parte pedagógica, setor em que o município foi bem avali-ado pelo MEC no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico- IDEB - , ficando em 8º lugar em todo o Rio de Janeiro, com anota 3,9, de um ideal de 6.

Suzana Maria dos Santos é diretora da Escola Municipal Ma-noel Mendes, no Guarani, uma das três do novo padrão já emfuncionamento. Voltada para o público pré-escolar, a escola pos-

Mudando o padrãoSecretaria de Educação de Cabo Frio tem o maiororçamento do município e investe em nova estruturapara as escolas municipaisRenato Silveira / Fotos César Valente sui 9 salas de aula, com 18 turmas divididas em dois turnos, e

possui uma infra-estrutura bem diferente da co-irmã do bairrovizinho.

“Vim de uma escola em casa alugada, e esse novo padrão émuito bom, com boas salas de aula, um bom refeitório, sala demultiusos para leitura, vídeo e recreação, além de um bom espa-ço para lazer”, comemora a diretora

A Prefeitura de Cabo Frio pretende construir, este ano, 8 es-colas no novo padrão. Segundo o secretário de Obras, CarlosSant’anna, os bairros onde elas funcionarão já estão definidos, ealgumas já se encontram em fase final da obra.

“São duas no Guarani, uma no Parque Burle, na Boca doMato, Manoel Corrêa, Jardim Esperança, Jardim Peró, duas noSegundo Distrito” informou, dizendo também que há mais trêsem fase de projeto.

C

O mesmo padrão para

todas as escolas

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43CIDADE, Junho de 2007

E d u c a ç ã o

Segundo o secretário, já foramrealizadas mais de 150 intervençõesreformando e ampliando outras es-colas da rede.

“Vamos construir também umnovo Ruy Barbosa, que é uma es-cola do antigo segundo grau, quemesmo não fazendo parte das obri-gações do município, é uma tarefaque o governo abraça com prazer,pois é uma escola tradicional e é aúnica que atende a esse segmento”,disse

Para o secretário de EducaçãoPaulo Massa, que administra a mai-or verba do município, acima das secretarias de Obras e Saúde,as novas escolas “são apenas um pequeno passo” no salto pre-tendido para a Educação, em Cabo Frio.

“Temos 34 mil alunos na rede, em 75 unidades escolares.Cada um custa cerca de R$ 200 mensais para o município, que émais ou menos o preço de uma escola particular, incluindo aí

uniforme, material escolar e trans-porte para alguns. Administramosuma rede de 2500 funcionários e3500 professores. Temos um bomorçamento, mas um custo de ma-nutenção bem alto também. Lem-brando que a cada ano recebemosmais 2 mil novos estudantes. Mes-mo assim, planejamos para o futu-ro, e isso já está incluído no PlanoDiretor, que todas as escolas domunicípio funcionarão em regimeintegral, a exemplo da Escola daBoca do Mato”, informou.

Segundo o secretário, aos pou-cos o município vai se libertar das escolas alugadas, o que nãoaconteceu ainda porque a política é não deixar nenhum alunofora de sala de aula.

“Temos de obedecer nossa demanda, e por isso necessitamosainda das escolas alugadas, mas aos poucos vamos construindonossa rede e sair do aluguel”, afirmou

SUZANA MARIA DOS SANTOS - diretora da

Escola Manoel Mendes

Vim de uma escola em casa alugada,

e esse novo padrão é muito bom

CARLOS SANT’ANNA - secretário de obras

Mais de 150 intervenções

reformando e ampliando escolas

da rede

PAULO MASSA - secretário de

Educação

Cada ano recebemos mais

2 mil novos estudantes

Escolas em prédios

alugados estão com os

dias contados

Seco

m/C

aboF

rio

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44 CIDADE, Junho de 2007

Maestro Ângelo Budega

Oferecendo a música como opção

para meninos e meninas das

comunidades

Arq

uivo

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45CIDADE, Junho de 2007

bel em Cabo Frio não matou Caim, gerou Alvinho, Ângeloe Alex, músicos como o pai. Das rodas de samba, choro eserestas compartilhadas em família eles iriam guardar a

memória musical que lhes alimentaria a profissão. Memória estaque, cercando a hereditariedade, inclui o tio Maestro Jessé, ir-mão da mãe. Testemunhas não faltam ao talento destes galhosgenealógicos. Alvinho residiu na Itália por muitos anos e atual-mente roda o Brasil e o mundo como violonista da banda da can-tora Alcione, Alex endoidou muito japonês com o seu cavaquinho,e Ângelo, que também deu seus vôos intercontinentais, por mui-to tempo acalentou um projeto genial em sua terra, o Apanhei-teCavaquinho, orquestra de cavaquinho e solo de clarineta forma-da por jovens moradores das comunidades cabo-frienses desco-bertos pelo ouvido apurado do Maestro Ângelo Budega.

Espécie de ramificação espiritual da árvore de Abel, por ondejá passaram mais de quatrocentos meninos e meninas, o projetocompleta doze anos de existência e conta atualmente com cercade cem integrantes. O Maestro faz questão de ressaltar que a tra-jetória é dura: “O Apanhei-te Cavaquinho é fruto de meu pensa-mento acerca de música, mas principalmente é resultado dos la-ços de convivência com estes jovens, grandes seres humanos quefui conhecendo e participando de suas realidades, a duras penaspossibilitando-lhes receber educação musical aberta, sobretudoformando agentes culturais capazes de lidar com o mundo deforma mais promissora. Além de ter sido criado em ambientepródigo em música, eu estudei música, mas o que permeia o meutrabalho com o grupo não é a visão matemática da música, queprivilegia a técnica e a leitura de partitura em detrimento do de-senvolvimento da memória musical que todos temos de formainata e da criatividade.”

Além do incansável empenho pessoal de Ângelo Budega e dacolaboração de eventuais apoiadores, o projeto Apanhei-teCavaquinho contou com o apoio dos governos de José Bonifácio,Alair Corrêa e continua recebendo subvenção do governo do pre-feito Marquinho Mendes. Apoio institucional também já partiude outras esferas como o Iphan (Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional), que através de seu Museu de Arte Reli-giosa e Tradicional viabilizou apresentações do Apanhei-te Ca-vaquinho em sua própria sede e em viagens ao sul do país.

Com importantes apresenta-ções no currículo, estes pre-

coces virtuoses mostram um sólido repertório que abrange deVilla-Lobos a Ernesto Nazaré, passando por Waldir Azevedo,Pixinguinha, entre outros. Recentemente se apresentaram noEncontro Internacional de Harpas, Rio de Janeiro, em raro espe-táculo em que o encontro de harpas e cavaquinho emocionou eminterpretações de clássicos de Tom Jobim. Duas integrantes dogrupo – a cavaquinista Rafaela Senos, de 12 anos, e a clarinetistaDébora Brasil, 16 – participam do quadro Novos Talentos, doPrograma da Xuxa, na Rede Globo. Para o maestro Budega, as

APANHEI-TE CAVAQUINHO

Mais de quatrocentos jovens já passaram pelo projeto

MÚSICA DEGENTE GRANDEOctavio Perelló conquistas demonstram que vale o esforço e a alegria de ver o

Apanhei-te ir e vir. Tem sido uma abertura para aqueles que ja-mais imaginaram ter alguma perspectiva na vida. O reconheci-mento tem a marca do talento do Maestro e dos jovens músicos,que inserem o Apanhei-te em contexto cultural mais amplo. Pelaquarta vez consecutiva foram convidados para o Festival LatinoAmericano de Educação Musical – FLADEM, que este ano serásediado pela cidade de Lima, no Peru – Atenção patrocinadoresem busca de boa imagem para os seus negócios!

Demarcar o ano demil novecentos e

noventa e cinco como o marco inicial do projeto Apanhei-teCavaquinho está correto, porém o lastro embrionário é muito an-terior. Remonta ao ambiente musical do quintal de Abel, quandoos filhos punham os dedos a engatinhar dedilhados nas cordas einiciavam seus sonhos de ir além com os seus projetos de vida. OApanhei-te é o projeto de vida do maestro Ângelo Budega.

Certamente originada do germe das idéias socialistas a res-ponsabilidade social como se aplica é também escape para alivi-ar o imposto de renda e ainda rende bom marketing às empresaspatrocinadoras. Bom para todas as partes envolvidas. Que assimseja enquanto fomente toda e qualquer manifestação de dignida-de humana, seja pela via cultural, esportiva, ou pela assistênciasocial mais direta, tais como os programas de nutrição infantil,de atendimento médico e educacional.

No caso do Apanhei-te Cavaquinho houve um trabalho debase. Retirar meninos e meninas do caminho incerto das ruas,como ocorreu inicialmente, e introduzi-los no mundo da músicanão é tarefa pacífica, há uma boa luta a se travar. O que o Maes-tro Budega se propôs a fazer é mais que dar aulas de música, émais que formar um grupo musical, é se aproximar de universoshumanos distintos e lidar com as suas carências e potencialidades,sempre buscando o engrandecimento humano através da música.É autêntica responsabilidade social.

C u l t u r a

Merecido reconhecimento

Autêntica responsabilidade social

Arq

uivo

A

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46 CIDADE, Junho de 2007

A r t i g o

CARPE DIEM E r n e s t o L i n d g r e n

Ernesto Lindgren é sociólogo

rasileiro, este é seu nome, se apro-ximou e estendeu o braço, se intro-metendo entre os que estavam à sua

frente. Colocou o pacote de guardana-pos sobre o balcão e perguntou: “Quan-to é?”. Só mais tarde se deu conta do si-lêncio que se seguiu, e se lembra doconstrangimento quando a atendente feza volta no balcão, pegou seu braço,olhou-o nos olhos e perguntou, “Não estávendo estas pessoas à sua frente?”, se-guindo com “Vá para o final da fila eaguarde sua vez”. Nos anos em que fi-cou no país onde teve a experiência - enão importa qual foi - não repetiu o com-portamento a que se habituara no Brasil.Entendeu, numa única lição, que haviacometido uma violência, a violência denão respeitar o outrem, de não vê-lo, deignorá-lo, de agir como se não existisse,como se não tivesse nem mesmo nasci-do. Se sofresse de amnésia, depois da ex-periência, teria certeza de que não eraum ianomâmi.

Brasileiro entendeu que a noção deviolência envolve os atos que negam outendem a negar a existência de outrem.Para este a sensação é de impotência,a de que sua vida não vale absoluta-mente nada. A sensação de im-potência vendo permanecerimpune o que assalta, mata,estupra, engana. A sensaçãode impotência diante dacorrupção endêmica da qualparticipamos direta ou indiretamente.Quem jamais experimentou a sensaçãoque negue a essência do caráter nacio-nal desse conjunto de indivíduos que sesentem Brasil.

Estamos assustados porque há san-gue no chão. O fato, porém, é que nadadizíamos, nada dissemos, nada dizemos,quando se trata do Brasileiro que se com-porta, numa farmácia, numa padaria,num restaurante, em todos os lugares poronde anda, exatamente como se compor-tou Brasileiro em país que não o nosso e“se deu mal”. Nada se diz quando se tra-ta do Brasileiro que liga o seu rádio emtal volume que se torna impossível aosseus vizinhos ouvirem o seu, a conver-sar sem ser necessário elevar a voz.Quando se trata do Brasileiro que, es-perto, ocupa a vaga onde alguém pre-

tendia estacionar. Quando se trata doBrasileiro que “não está nem ai” para oresto do mundo. Brasileiro, no Brasil,não é mal-educado. É o que sempre foi:violento.

Podemos ser pela paz,podemos fazer mar-chas, promover reu-niões, passeatas,contribuir paraque ONG´sorganizemprogra-m a s

de assistência aos que necessitam. De fa-to, somos pela paz, fazemos marchas,contribuímos. Mas isso não nos impede,dia após dia, onde quer que estejamos,de sermos violentos.

Estamos assustados porque há san-gue no chão. Mas, do que se trata quan-do muitos se ocupam em fazer apelospara o desarmamento dos espíritos, emapontar culpados, em apontar soluçõespara uma condição que não tem soluçãojá que estamos sendo o que somos?

Há no caráter nacional algo que nosfaz assim, carpe diem, aproveitando odia, aqui e agora. Mas não se pergunte oquê. Não queremos saber, mesmo por-que, sabendo, não conseguiremos mu-dar.

B

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47CIDADE, Junho de 2007

Caminho dos Jesuítas

A História dos Jesuítas na região e no caminho percorrido por estes,

passando pela Serra de Sapiatiba até a Serra do Mar é o tema de

Caminho dos Jesuítas (IPEDS, 2007, 50 páginas), da pesquisadora

Dalva Mansur, lançado recentemente na Casa de Cultura Gabriel

Joaquim dos Santos como parte das comemorações ao 390º Aniver-

sário de São Pedro da Aldeia, Editado em formato de revista, com

farta ilustração que reúne mapas antigos e modernos, o livro faz par-

te do projeto Conhecer para Preservar, que conta com o apoio do

Ministério do Meio Ambiente, através dos Projetos Demonstrativos

(MMA-PDA). O objetivo do projeto é fomentar o turismo ecológico e

tem abrangência que transcende a pesquisa e a publicação de livros,

pois em breve será lançado o selo Serra de Sapiatiba para chancelar

os produtos feitos naquela região como queijo e farinha.

No Reino dos Contistas

Depois do lançamento do ótimo Anotações Durante o Incên-

dio, Cíntia Moscovich se supera em O Reino das Cebolas (LP&M

Pocket, 2002, 114 páginas). Hábil narradora, a escritora gaú-

cha, que também é romancista, carrega seu texto de significa-

dos e chancela o conto como forma de expressão narrativa no

momento em que este vem sendo posto à prova, como bem

assinala Luis Antonio de Assis Brasil. Quem verdadeiramente

aprecia o gênero irá se deparar com o vigor destes contos.

Escreva Certo

Os escritores se salvam – entre estes há maior competência

para a produção de textos e revisão mais apurada –, os jorna-

listas nem tanto, pois lutam contra o tempo e incorrem em

muitas agressões à gramática. Diante desta triste realidade,

há luz no fim do túnel. Em tempos de tantas edições de auto-

ajuda, é bom exaltar quem pretenda ajudar à língua portu-

guesa. Escreva Certo, de Édison de Oliveira e Maria Elyse Bernd

(LP&M Pocket, 2007, 145 páginas), nos presta seu auxílio lu-

xuoso. Na mesma linha de trabalho dos professores Sérgio

Nogueira, Pasquale Cipro Neto e Arnaldo Niskier, o livro trata

a gramática com seriedade enquanto a disseca de forma lúdica

e sem traumas.

A liberdade de escrever

Há livros que se tornam referências. Seja roman-

ce, conto, poesia, ensaio, vale o que significa para

o público leitor. Erico Veríssimo desfila uma pra-

teleira cheia que marcou a sua promissora car-

reira. Mas fora dos romances, o escritor está ple-

no em A Liberdade de Escrever: entrevistas sobre

literatura e política; apresentação de Luis Fernando

Veríssimo; organização de Maria Glória Bordini

(Globo, 1999, 210 páginas). Trata-se de uma

compilação de entrevistas concedidas ao longo

dos anos, reunindo seu pensamento e suas ob-

servações acerca de literatura e política. Um dos

raros escritores brasileiros que a exemplo de Jor-

ge Amado pôde viver de literatura, Erico revela

facetas surpreendentes, sólidas idéias e grande

coragem intelectual e humana. Destaque para a

entrevista concedida à Clarice Lispector publicada

na revista Manchete em 1967, em que afirma:

“Não sou profundo”. Destaque também para as

páginas em que são reproduzidos os desenhos e

perfis dos seus personagens, que o escritor siste-

maticamente produzia, revelando um processo pe-

culiar de criação.

L i v r o sOctávio Perelló

47CIDADE, Maio de 2007

LEIA MAIS LIVROS LEIA MAIS LIVROS LEIA MAIS LIVROS LEIA MAIS

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48 CIDADE, Junho de 2007

H

MORRO DE SÃO JOÃO

O MARCO DA REGIÃO

E r n e s t o G a l i o t t oO P I N I Ã O

Ernesto Galiotto

é empresário e ambientalista

á milhares de anos, o Morro de SãoJoão era um vulcão, numa ilha. Ovulcão se extinguiu, o mar recuou

e a Natureza tomou conta, cobrindo-ode Mata Atlântica e, generosamente,ainda desenhou o meandro do Rio SãoJoão, a caminho da foz aos pés da pon-te que divide os dois municípios: de umlado Barra de São João (Casimiro deAbreu) e, de outro, Tamoios (CaboFrio).

Visto de cima, do ângulo da foto, pordetrás do morro percebe-se o zigueza-gue do famoso rio. Mais distante, aofundo, o crescimento da região de Ta-moios - embora desordenado.

Estaria tudo bem, se não houvesse aganância e a agressiva depredação dosHumanos (bichos não agridem a Natu-reza). A imagem evidencia que não hálei para esse tipo de oportunismo.

As manchas de roças e de edifica-ções, tomando de supetão as escarpasdo morro, fingem roças ricas em horta-liças. Pura enganação! São alguns fa-zendeiros, exterminando a Mata Atlân-tica para ampliação de pastagem.

De onde são esses cidadãos? E quaissão as suas desculpas, se existem, paraaqueles que deveriam fiscalizar? Ale-gam que a responsabilidade é empurra-da de um para outro, já que, na verda-de, nenhum dos órgãos fiscalizadoresassume seu objetivo, ou veste a cami-sa, como deveria fazê-lo. No máximo,cumprem obrigação mínima de funcio-nários públicos.

Perceber a distância da atitude fis-cal necessária, não é privilégio da alti-

tude do Mico-Leão-Voador. A visão damáquina fotográfica, todos têm. Bastadirigirem-se ao local para ver a gravi-dade da questão. E poderão ver com osdetalhes que escapam da lente, pois, a3.000 pés de altura, é impossível vi-sualizar os cruéis caçadores que percor-rem o morro, substituindo o prazer decurtir a Natureza, por criminosos tiroscontra a Fauna.

Em doze anos sobrevoando esse tre-cho, percebemos ainda outro aspecto.A parte frontal do morro, vista pela po-pulação dos dois distritos, permanecemenos agredida, enquanto que na facedetrás, como covardes ocultos, estãoaniquilando a Natureza. E as autorida-des estão cegas ou fingindo cegueira.

As agressões têm andamento tãoacelerado, que urge imediata ação fis-cal, com aplicação das leis ambientais,coibindo, multando e cobrando os res-ponsáveis, além de exigir a completa de-volução das áreas degradadas à regene-ração da Natureza.

Como fiscal gratuito do território,reclamamos explicação do Ibama, dasSecretarias de Meio Ambiente, da Serla,da Feema e da Polícia Florestal, sobreo por quê de não haver iniciativa denenhum desses órgãos, para impedir adestruição do marco sagrado da Regiãodos Lagos, sua majestade o Morro deSão João.

Todos nós e a sociedade, merecemossatisfação.

Ern

esto

Gal

iotto

Estão

aniquilando a

Natureza. E as

autoridades

estão cegas

ou fingindo

cegueira

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49CIDADE, Junho de 2007

Uenf planeja usar o Enem

na seleção de candidatos

A Uenf planeja aproveitar osresultados do Enem (ExameNacional do Ensino Médio)no preenchimento de vagasnão cobertas pelo VestibularEstadual.A medida está em discussãono colegiado competente daUniversidade, mas quem vaitentar uma vaga na Uenf em2008 deve se adiantar, porqueas inscrições para o Enem jáestão abertas — o prazotermina em 15/06.As regras do Vestibular estãomantidas, inclusive ocalendário, que prevêinscrições de 11 a 23 de julhopara o 2.° Exame deQualificação.O que está em discussão é apossibilidade de preenchercom os primeiros lugares doEnem as vagasremanescentes, após asreclassificações do Estadual.

Expulso do PT

O ex-vereador de Búzios,Adilson da Rasa, se pergunta:“o que foi que eu fiz?”Por defender uma aliança como antigo prefeito MirinhoBraga (PDT), para as próximaseleições, contrariando o desejoda direção local do PT, Adilsonfoi sumariamente expluso dopartido, sem direito a defesa.“Eu teria vergonha de serexpluso se estivesse metido emalguma falcatrua, mensalões eoutras coisas. Mas, ser explusopor estar discutindo a políticada minha cidade, para mim émotivo de orgulho”, declara.

Arquiteto

O arquiteto Francisco Sales,responsável por um grandenúmero de projetos na cidadede Búzios, dentre eles, a novasede da prefeitura, foiidentificado com sendoengenheiro, em nossa ediçãonúmero 13. Fazemos acorreção ao profissionalatuante e sempre atento atodas as questões queenvolvem o municipio.

Crimes ambientais têm CPI

na Alerj

Foi instalada, na AssembléiaLegislativa do Rio de Janeiro(Alerj), uma ComissãoParlamentar de Inquérito(CPI) para apuração doscrimes cometidos contra omeio ambiente no Estado. ACPI tem na presidência odeputado André do PV e navice-presidência o deputadoPaulo Melo (PMDB). Reconhecimento

O prefeito de Rio das Ostras,Carlos Augusto Baltazar,vive seus dias de glória com oreconhecimento público -que veio sob a forma dematéria publicada narespeitada Revista Exame -da boa gestão dos recursosprovenientes dos royalties dopetróleo em seu município.

Cabo Frio quer Centro de

Convenções

O prefeito Marcos Mendesestá buscando o apoio dogoverno federal para aconstrução do Centro deConvenções de Cabo Frio.A obra, estimada em R$ 40milhões, vai ocupar uma áreade 110 mil metros quadradose será destinado a eventosempresariais e de negócioscom foco, também, para oseventos náuticos.O local escolhido foi o bairrodas Palmeiras, às margens doCanal do Itajuru e da Lagoade Araruama.

Tamoios vai ganhar delegacia

Os moradores do distrito deTamoios, vão ganhar umposto avançado da Delegaciade Cabo Frio, 126ª DP. Aprojeção da delegacia vaifuncionar num prédiodestinado à segurança pública,onde estarão, lado a lado,Guarda Municipal, PolíciaMilitar e Polícia Civil.

Transporte Integrado

O novo sistema de transportecoletivo, a ser implantado emCabo Frio, prevê aintegração completa dosistema, com a construção deum Terminal de Integração(TI) no bairro JardimEsperança e a reformulaçãoda Rodoviária AlexisNovellino. O novo sistemapermitirá ao usuário sair dequalquer bairro distante echegar até o centro da cidadepagando apenas umapassagem.

Memória da Loucura

A Escola de Artes de São Pedro da Aldeia, localizada na Casa dosAzulejos, está apresentando a mostra “Memória da Loucura”.A exposição que resgata os últimos 150 anos de trajetória dapsiquiatria no Brasil fica em cartaz até o dia 17 de junho.A mostra apresenta um panorama histórico dos tempos imperiaisaté a Reforma Psiquiátrica, mostrando as diversas formas detratamento, as personalidades brasileiras mais relevantes na área,as principais correntes estrangeiras que influenciaram nossospsiquiatras e uma seleção de fotografias inéditas dos acervos doshospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro e do Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN e documentoshistóricos do século XIX, do Hospício de Pedro II.

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Lazzarini (1920 - 1987)

Domênico Lazzarini nasceu na Itália, onde iniciou seus estudos de arte e participou de exposições nas cidades de

Pisa, Veneza e Roma. Transferiu-se para o Brasil na década de 50, fixando-se inicialmente em Sorocaba (SP), e se

transferindo, posteriormente, para o Rio de Janeiro. Tem obras expostas nos museus de Belas Artes do Rio de Janeiro,

de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte. de Curitiba e Montividéo.

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Óleo sobre tela - 50 x 40 cm

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