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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO Autor: Frederico Amado ATUALIZAÇÃO DA 10ª PARA 11ª EDIÇÃO Observação: Texto incluído: aparece em fonte vermelha Exclusão de texto: aparece tachado Omissis – (...): indica que há texto sequencial que não foi alterado Texto em fonte preta: texto existente na 10.ª edição p. 38 4.9. Precedência da Fonte de Custeio ou Contrapartida Por esse princípio, “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total1 . É também conhecido como Princípio da Preexistência ou Antecedência da Fonte de Custeio ou ainda Princípio da Contrapartida. Este princípio surgiu no Brasil através da Emenda 11/1965, que alterou a Constituição de 1946, sendo aplicável naquela época aos benefícios da previdência e da assistência social. De fato, o que essa norma busca é uma gestão responsável da seguridade social, pois a criação de prestações no âmbito da previdência, da assistência ou da saúde pressupõe a prévia existência de recursos públicos, sob pena de ser colocado em perigo todo o sistema com medidas irresponsáveis. Por conseguinte, antes de criar um novo benefício da seguridade social ou majorar/estender os já existentes, deverá o ato de criação apontar expressamente a fonte de custeio respectiva, através da indicação da dotação orçamentária, a fim de se manter o equilíbrio entre as despesas e as receitas públicas. Vale frisar que nem mesmo os casos fortuitos ou de força maior terão o condão de excepcionar esta norma principiológica. A regulamentação da regra de contrapartida consta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000 - LRF) nos artigos 17 e 24, se aplicável a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas. De efeito, de acordo com a LRF, nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5 o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do seus artigo 17, que exige: a) os atos que criarem ou aumentarem despesa deverão ser instruídos com a estimativa e

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO

Autor: Frederico Amado

ATUALIZAÇÃO DA 10ª PARA 11ª EDIÇÃO

Observação: Texto incluído: aparece em fonte vermelha

Exclusão de texto: aparece tachado Omissis – (...): indica que há texto sequencial que não foi alterado

Texto em fonte preta: texto existente na 10.ª edição

p. 38

4.9. Precedência da Fonte de Custeio ou Contrapartida

Por esse princípio, “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado,

majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”1. É também conhecido

como Princípio da Preexistência ou Antecedência da Fonte de Custeio ou ainda Princípio da

Contrapartida.

Este princípio surgiu no Brasil através da Emenda 11/1965, que alterou a Constituição de 1946,

sendo aplicável naquela época aos benefícios da previdência e da assistência social.

De fato, o que essa norma busca é uma gestão responsável da seguridade social, pois a criação

de prestações no âmbito da previdência, da assistência ou da saúde pressupõe a prévia existência

de recursos públicos, sob pena de ser colocado em perigo todo o sistema com medidas

irresponsáveis.

Por conseguinte, antes de criar um novo benefício da seguridade social ou majorar/estender

os já existentes, deverá o ato de criação apontar expressamente a fonte de custeio respectiva,

através da indicação da dotação orçamentária, a fim de se manter o equilíbrio entre as despesas e

as receitas públicas.

Vale frisar que nem mesmo os casos fortuitos ou de força maior terão o condão de excepcionar

esta norma principiológica.

A regulamentação da regra de contrapartida consta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC

101/2000 - LRF) nos artigos 17 e 24, se aplicável a benefício ou serviço de saúde, previdência e

assistência social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e

aos pensionistas.

De efeito, de acordo com a LRF, nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social

poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos

do § 5o do art. 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do seus artigo 17, que exige:

a) os atos que criarem ou aumentarem despesa deverão ser instruídos com a estimativa e

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demonstrar a origem dos recursos para seu custeio;

b) Para efeito do atendimento acima, o ato será acompanhado de comprovação de que a

despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo

de metas fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser

compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de

despesa2;

c) Considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas,

ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição;

d) A despesa não será executada antes da implementação das medidas referidas acima, as

quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.

Por outro lado, a exigências acima (art. 17, da LRF) arroladas são dispensadas nas seguintes

hipóteses:

I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação

pertinente;

II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

O Princípio da Precedência da Fonte de Custeio foi um dos fundamentos utilizados pela

Suprema Corte para impedir a majoração das pensões por morte concedidas anteriormente à

edição da Lei 9.032/95. Colaciona-se abaixo passagem do RE 415.454, de 08.02.2007:

p. 50

5.7. Benefício do amparo assistencial do idoso ou deficiente carente (BPC/LOAS)

(...)

Por sua vez, havia um maior detalhamento deste benefício assistencial pela Portaria Conjunta

SNAS/SPPS/INSS nº 2, de 19 de setembro de 2014. No entanto, este ato foi revogado e substituído

pela Portaria Conjunta MDSA/INSS nº 1 de 03/01/2017. Posteriormente, a citada portaria restou

substituída pela Portaria Conjunta MDS nº 3 DE 21/09/2018, que atualmente rege o benefício.

p. 51

(...)

A exigência de inscrição do idoso e do deficiente no CadÚnico se justifica para aumentar a

fiscalização a fim de permitir o cruzamento de dados, a prevenção e repressão de fraudes, sendo

que benefício só será concedido ou mantido para inscrições no CadÚnico que tenham sido

realizadas ou atualizadas nos últimos dois anos.

O Governo Federal havia fixado como data máxima de inscrição ou regularização do

2 A comprovação, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo

utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do

plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

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CadÚnico de idosos e deficientes beneficiários do BPC/LOAS o dia 31 de dezembro de 2018, sob

pena de suspensão do benefício.

No entanto, por força de tutela provisória concedida em dezembro de 2018, essa exigência foi

suspensa por liminar proferida nos autos da ACP 5031291-14.2018.4.03.6100/SP, de âmbito

nacional:

“Diante de todo o exposto, DEFIRO a liminar, inaudita altera pars, determinando que a

União Federal se abstenha de interromper o pagamento dos benefícios assistenciais de prestação

continuada aos seus beneficiários por falta de cadastro no CadÚnico até 31/12/2018, com efeitos

em todo o território nacional, até que se desincumba de elaborar e implementar plano efetivo

de publicidade e informação, que leve em conta as peculiaridades dos beneficiários, bem como

que fiscalize seus efetivo cumprimento pelos Municípios”.

Posteriormente, para respeitar o Princípio da Legalidade, coube à MP 871/2019 inserir

essa regra no artigo 20 da Lei 8.742/93: “§ 12. São requisitos para a concessão, a manutenção

e a revisão do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF e no Cadastro

Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único, conforme previsto em

regulamento”.

Entende-se que essa disposição da MP 871/2019 não prejudica a tutela provisória em comento,

pois o seu fundamento foi a violação ao Princípio da Publicidade, e não ao Princípio da

Legalidade.

Ademais, a MP 871/2019 ainda inseriu o §13º ao artigo 20 da Lei 8.742/93, com vigência em

90 dias após a sua publicação:

“§ 13. O requerimento, a concessão e a revisão do benefício ficam condicionados à

autorização do requerente para acesso aos seus dados bancários, nos termos do disposto no

inciso V do § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001."

Assim, pelo texto legal, é necessário que o idoso e o deficiente renunciem à sua sigilação

bancária para a concessão e revisão do BPC/LOAS, regra de validade duvidosa em razão da

proteção constitucional da privacidade.

É certo que é necessária uma fiscalização cada vez mais eficiente no BPC/LOAS e o constante

cruzamento de dados para evitar ou desfazer fraudes assistenciais, que são muito comuns Brasil

afora. Mas nos parece que a prévia renúncia ao sigilo bancário como condição para concessão ou

manutenção do BPC sem nenhum indício de irregularidade vai de encontro ao texto

constitucional.

Na análise do requerimento do benefício, o INSS confrontará as informações do CadÚnico,

referentes à renda, com outros cadastros ou bases de dados de órgãos da administração pública

disponíveis, prevalecendo as informações que indiquem maior renda se comparadas àquelas

declaradas no CadÚnico.

p. 52

(...)

Por sua vez, formou-se forte corrente jurisprudencial que vinha flexibilizando o rol do artigo

16, da Lei 8.213/91, a fim de incluir outras pessoas na composição da família para fins de aferição

da renda. Nesse sentido, colaciona-se decisão da lavra da Turma Nacional de Uniformização de

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Jurisprudência dos Juizados Federais3:

“EMENTA PROCESSO CIVIL – ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DA

PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITOS LEGAIS. CONCEITO DE

FAMÍLIA. 1. Ao apurar o grupo familiar do requerente, o juiz não está

adstrito ao rol do art. 16 da Lei n. 8.213/91, que, neste caso, é meramente

exemplificativo, podendo, diante do caso concreto, ser alargado ou

diminuído, de acordo com a sua eqüitativa apreciação, e tendo em visto o art.

5º da Lei n. 11.340/2006. 2. Caso de retorno dos autos ao juízo de origem para,

diante do caso concreto, fazer a adequação do julgado. 3. Recurso conhecido e

provido em parte”.

No entanto, o atual posicionamento da TNU é de que o rol de família fixado em lei é taxativo:

• Processo 0141368-93.2015.4.02.5168 - 03/04/2018 - “Somente após a data da publicação

da Lei nº. 12.435/2011 (7.7.2011), o conceito de família a que se refere o caput do art. 20 da

Lei nº. 8.742/93 passou a compreender o requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na

ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados

solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. O mesmo se diga com

relação a nova redação conferida ao artigo 16 da Lei 8.213/91 conferida pela Lei 13.146/2015.

6 - Diante do exposto, conheço do incidente e dou parcial provimento para reiterar a tese

consolidada de que o grupo familiar deve ser definido a partir da interpretação restrita

do disposto no art. 16 da Lei nº. 8.213/91 e no art. 20 da Lei nº. 8.742/93, devolvendo os

autos à Turma Recursal de origem, a fim de que profira decisão adequada ao entendimento

uniformizado. (PEDILEF 00536973820094013400, Relator Juiz Federal Fernando Moreira

Gonçalves, TNU, DOU 24.02.2017)”.

Todavia, com o advento da Lei 12.435/2011, foi alterado o artigo 20, §1º, da Lei 8.742/93,

considerando-se que a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e,

na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados

solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto.

p. 118

(...)

Ademais, o beneficiário poderá apresentar requerimento de suspensão do BPC em caráter

especial em decorrência do ingresso no mercado de trabalho por meio do preenchimento do

Formulário Único de Alteração da Situação do Benefício:

IMAGEM

Vale registrar que nada impede que o beneficiário do BPC/LOAS recolha ao RGPS na

condição de segurado facultativo. Isso permitirá a sua inclusão previdenciária e dos seus

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dependentes, ressaltando que o BPC não pode ser acumulado com qualquer benefício da

seguridade social, exceto pensões com natureza indenizatórias.

Assim, será possível ao titular do BPC obter aposentadoria por idade, se realizada a carência

de 15 anos, observada a renúncia ao BPC, ou mesmo instituir pensão por morte a algum

dependente.

Nesse sentido, de acordo 29 da Portaria Conjunta MDS nº 3 DE 21/09/2018, “a contribuição

do beneficiário como segurado facultativo da Previdência Social não acarretará a suspensão

do pagamento do BPC”, razão pela qual há expressa permissão administrativa da tese aqui

proposta.

Ademais, o artigo 8º do citado ato regulamentar ainda prevê que “o salário de contribuição

não integra a renda mensal bruta familiar quando o requerente do BPC, o beneficiário ou os

demais membros do grupo familiar contribuírem como segurados facultativos do Regime Geral

da Previdência Social – RGPS”.

Ouso ainda ir além sem medo. Nada impede que o idoso titular do BPC seja segurado

obrigatório do RGPS ao exercer atividade laboral remunerada, desde que a renda familiar

se situe dentro dos limites da miserabilidade, observada toda a polêmica existente sobre o seu

critério de caracterização.

Isso porque, para o idoso, não é condição de concessão do BPC o não exercício de atividade

laboral remunerada, mas apenas a miserabilidade familiar e a idade mínima de 65 anos de idade.

No caso do deficiente é diferente, pois o artigo 21-A da Lei 8.742/93 prevê que o benefício

de prestação continuada será suspenso pelo INSS quando a pessoa com deficiência exercer

atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, exceto na

condição de aprendiz pelo limite de dois anos.

Uma novidade surgiu no BPC/LOAS para beneficiar as crianças como microcefalia

decorrente de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. De acordo com o artigo 18 da Lei

13.301/2016, “fará jus ao benefício de prestação continuada temporário, a que se refere o art. 20

da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, pelo prazo máximo de três anos, na condição de

pessoa com deficiência, a criança vítima de microcefalia em decorrência de sequelas neurológicas

decorrentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti”, sendo que “o benefício será concedido

após a cessação do gozo do salário-maternidade originado pelo nascimento da criança vítima de

microcefalia”.

p. 122

(...)

Lamentavelmente, entende-se que essa súmula analisou o tema com base na legislação

revogada, ou seja, antes das inovações da Lei 12.453 e 12.470/2011, que alteraram a definição de

deficiente, agora não mais considerado o incapaz para o trabalho e a vida independente, e sim

como aquele que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou

sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e

efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, assim como

impedimentos de longo prazo como aqueles que produzam os efeitos referidos pelo prazo mínimo

de 02 anos.

Felizmente, em novembro de 2018, o enunciado foi devidamente atualizado pela Turma

Nacional:

Súmula 48 - Para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada, o

conceito de pessoa com deficiência, que não se confunde necessariamente com situação de

incapacidade laborativa, é imprescindível a configuração de impedimento de longo prazo com

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duração mínima de 2 (dois) anos, a ser aferido no caso concreto, desde a data do início sua

caracterização (ALTERADA NA SESSÃO DE 21.11.2018).

A TNU acabou validando a previsão da LOAS de que o impedimento de longo prazo deve

durar ao menos dois anos para a caracterização da deficiência, o que aparentemente não infringe a

Convenção de Nova Iorque sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada pelo

Decreto presidencial 6.949/2009:

“Artigo 1

Propósito

O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o exercício pleno e

eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com

deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.

Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza

física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem

obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais

pessoas”.

A Convenção não estabeleça qual a duração do impedimento de longo prazo, cabendo a cada

nação signatária fazê-lo com razoabilidade, o que foi feito pelo legislador brasileiro.

Veja-se a decisão da TNU:

Acórdão

Número

0073261-97.2014.4.03.6301

Classe

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (Turma)

Relator(a)

RONALDO JOSE DA SILVA

Relator para Acórdão

SERGIO DE ABREU BRITO

Origem

TNU

Órgão julgador

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO

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Data

21/11/2018

Data da publicação

27/11/2018

Ementa

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. RECURSO

REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (TEMA 173). SEGURIDADE SOCIAL -

BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA -

IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO - LEI N. 12.470/11 - EXIGÊNCIA DE PRODUÇÃO

DE EFEITOS PELO PRAZO MÍNIMO DE DOIS ANOS PARA A SUA CONFIGURAÇÃO.

CONTAGEM DO PERÍODO DE IMPEDIMENTO DESDE O INÍCIO DE SUA

CARACTERIZAÇÃO. PARÂMETRO OBJETIVO FIXADO PELO LEGISLADOR, POR

DETERMINAÇÃO DO ART. 203, V, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

COMPATIBILIDADE COM O CONCEITO DE PESSOA

COM DEFICIÊNCIA CONTIDO NA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS

DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (CONVENÇÃO DE NOVAYORK). INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO.

No mesmo sentido, respectivamente, o TRF da 2ª Região e o TRF 1ª Região através da Câmara

Regional de Minas Gerais:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ARTIGO 20 §10 DA LEI Nº

8.742-93. SENTENÇA DE IMPROCEDENCIA. IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO. I -

Com o objetivo de atender Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência (Convenção de Nova York, de 30.03.2007) o artigo 20 da Lei nº 8.742-93

para prever que "considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas

barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de

condições com as demais pessoas"; definindo que impedimento de longo prazo é " aquele que

produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos". II - Conquanto a

mencionada convenção internacional, ao tratar da definição daquelas que podem ser

consideradas como pessoas com deficiência (artigo 1º da convenção, reproduzido ipsis

litteris no § 2º do artigo 20 da Lei nº 8.742-93) não tenha fixado qualquer critério de

natureza temporal para a caracterização do impedimento de longo prazo, não se pode

olvidar que ao definir o prazo de 2 anos, procurou o legislador fixar, diante do conceito

jurídico indeterminado previsto na convenção, critério objetivo e razoável para aferição

do caráter duradouro dos impedimentos que acometem a pessoa com deficiência III - A

pretensão feita no sentido da ausência de qualquer parâmetro temporal para a definição do

estado de deficiência apto a autorizar o deferimento do benefício previsto no caput do artigo

20 da Lei nº 8.742- 93, contrariaria a literalidade da norma internacional invocada pela própria

autora e apelante DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, (artigo 1º

da Convenção de Nova York), a prever expressamente que pessoas com deficiência são

aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou

sensorial. IV - Desprovimento da apelação” (Processo 0033194-65.2013.4.02.5101, de

5/4/2016).

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“APELAÇÃO E REMESSA NECESSÁRIA. CONSTITUCIONAL. ASSISTÊNCIA

SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. REQUISITOS DA CONSTITUIÇÃO DA

REPÚBLICA, ART. 203, INCISO V, DA LEI N. 8.742/93, ARTS. 16, 20 E 21 DA LEI N.

8.213/91. LEI N. 12.435/2011. LEI N. 12.470/2011. RENDA PER CAPITA INFERIOR A ¼

DO SALÁRIO MÍNIMO. JULGAMENTO REGIME RECURSO REPETITIVO.

REQUISITO DE MISERABILIDADE E INCAPACIDADE. NÃO COMPROVADOS.

SENTENÇA MANTIDA. SUCUMBÊNCIA MANTIDA. 1. Para fins de concessão do

benefício assistencial, considera-se pessoa com deficiência aquela que

tem impedimentos de longo prazo, assim estimado aquele que produza efeitos de no

mínimo 2 (dois) anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em

interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade

em igualdade de condições com as demais pessoas, consoante disposto no art. 20, § 2º e § 10º,

da Lei n. 8.742/93, alterado pela Lei n. 12.435, de 07/07/2011, e posteriormente pela Lei n.

12.470 de 31/08/2011. A nova redação adequou-se às disposições

da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu

Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30/03/2007, com status de norma

constitucional - art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, tendo em vista a aprovação do

Decreto Legislativo n. 186, de 09/07/2008 e a promulgação do Decreto n.6.949, de

25/08/2009. À luz da nova redação, o portador de incapacidade enquadra-se como deficiente,

pois sofre impedimento de longo prazo que obstrui ou dificulta sua participação em igualdade

de condições com as demais pessoas. O disposto no art. 21-A, caput e § 1º, da LOAS, incluído

pela Lei n. 12.470/2011, dispõe: O benefício de prestação continuada será suspenso pelo

órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada. Assim, a

transitoriedade da incapacidade não é óbice à concessão do benefício assistencial, visto que o

critério de definitividade da incapacidade não está previsto no aludido diploma legal (STJ,

AREsp 855.844/SP, Ministra Assusete Magalhães, DJ de 02/05/2016; AREsp 487604/PR,

Ministro Benedito Gonçalves, DJ de 26/09/2014). 2. O Superior Tribunal de Justiça decidiu,

em julgamento de recurso representativo da controvérsia (art. 543-C do CPC - (REsp

1.112.557/MG, Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJ de 20/11/2009),

que a renda per capita familiar não é a única forma de se aferir a incapacidade da pessoa para

prover sua própria manutenção ou tê-la provida por sua família, podendo ser demonstrada a

condição de miserabilidade do beneficiário por outros meios de prova, quando a renda per

capita do núcleo familiar for superior a ¼ do salário mínimo. Ressalta-se que, em respeito aos

princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per

capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente

de tratar-se de benefício assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o

disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. 3. O laudo pericial de fls. 111/113

comprova, de forma conclusiva, que a autora, 64 anos, pois nascida em 22/06/1953 (fl.24), é

portadora de desmaios, CID R 56, mas que não se encontra incapacitada para o trabalho. 4.

Em relação à renda per capita familiar, segundo o Relatório Social (fls. 96/98), o grupo

familiar é composto pela parte autora, um de seus filhos, e seu marido. A casa é alugada pelo

valor de R$200,00 mensais, possui uma sala, uma cozinha, três dormitórios e um banheiro.

Apresenta satisfatórias condições de habitabilidade, ou seja, segurança, proteção,

organização, serviços como água encanada, energia elétrica e conforto (com geladeira,

televisor de tamanho médio, tanque elétrico, fogão a gás), sendo que a renda do grupo familiar

é de um salário mínimo, aproximadamente, advinda do trabalho do filho. 5. Assim, forçoso

concluir que não restaram comprovados os requisitos de miserabilidade e de incapacidade,

indispensáveis à concessão do benefício assistencial requerido. Logo não merece reparo a

sentença recorrida. 6. Apelação da parte autora não provida. 7. "Somente nos recursos

interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será possível o

arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC"

(enunciado Administrativo STJ nº 7). Mantida a sucumbência fixada, ficando suspensa a

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exigibilidade, ante a justiça gratuita deferida (processo 0052537-31.2015.4.01.9199, de

19/3/2018).

De acordo com o STJ (Informativo 608), “a partir da edição das Leis n. 12.435/2011 e

12.470/2011, que trouxeram alterações à Lei n. 8.742/93, passou-se a exigir que a deficiência

tivesse caráter mais duradouro, mas o diploma legal em comento não fixou o grau de incapacidade.

Assim, com o objetivo de que esse dispositivo legal guarde perfeita sintonia com o espírito da

norma magna, sem encurtar o seu alcance, deve ser ele interpretado, no que diz respeito à

incapacidade, no sentido de considerar a deficiência física, para fins de reconhecimento do direito

à Assistência Social, conjuntamente com outros aspectos relevantes, tais como, a condição

profissional e cultural do beneficiário. Na hipótese, observa-se que o benefício foi negado ao

fundamento de que o beneficiário deveria apresentar incapacidade absoluta, de sorte que não se

permita ao requerente do benefício o desempenho de qualquer atividade da vida diária e para o

exercício de atividade laborativa. Ocorre que tal exigência não está prevista em lei, pois esta não

elenca o grau de incapacidade, não cabendo ao intérprete a imposição de requisitos mais rígidos

do que aqueles previstos na legislação para a concessão do benefício”. REsp 1.404.019-SP, Rel.

Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 27/6/2017, DJe 3/8/2017.

p. 124

(...)

Esse benefício não gerará gratificação natalina nem instituirá pensão por morte,

tendo índole personalíssima, devendo ser revisto, pelo menos, a cada 02 anos, para ser

verificada se as condições de concessão persistem, podendo ser cassado a qualquer

momento, desde que não mais satisfeitas às condições legais (caráter precário).

Excepcionalmente, o falecimento de idoso ou deficiente beneficiário do BPC/LOAS

poderá gerar a instituição de pensão por morte no RGPS nas seguintes situações

peculiares:

A) Se o INSS não concedeu o melhor benefício, tendo havido erro administrativo ao

não conceder o benefício previdenciário cabível na época do requerimento administrativo,

a exemplo do cabimento de aposentadoria por idade ao segurado especial idoso ou de

aposentadoria por invalidez do segurado deficiente;

B) Se o beneficiário do BPC/LOAS também era segurado do RGPS na data do óbito, a

exemplo dos recolhimentos na condição de segurado facultativo perpetrados pelo idoso ou

deficiente.

Não raro, se demonstrado com segurança o erro administrativo, plenamente cabível a

conversão do BPC/LOAS em aposentadoria com o consequente deferimento da pensão por

morte.

Veja-se a correta jurisprudência:

“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. INACUMULABILIDADE

COM BENEFÍCIO DE AMPARO ASSISTENCIAL. POSSIBILIDADE

DE CONVERSÃO DESTE EM APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. JULGADO

ANULADO. NECESSIDADE DE REABERTURA DA INSTRUÇÃO PROBATÓRIA.

INCIDENTE PROVIDO EM PARTE. 1. O benefício de renda mensal vitalícia, instituído

pela Lei nº 6.179/74 e posteriormente substituído pela Lei nº 8.742/93, é inacumulável

com qualquer benefício previdenciário, ressalvado o direito à opção. 2. Havendo

elementos que permitam o entendimento de pretensão de conversão de amparo

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assistencial em aposentadoria rural por idade, esta sim, cumulável com pensão por

morte de rurícola, impõe-se a reabertura da instrução probatória, para melhor

aplicação do direito à espécie. 3. Pedido de Uniformização de Jurisprudência provido em

parte” (TRU 1ª Região, processo 0031222-68.2007.4.01.3300, de 10/4/2012).

“PREVIDENCIÁRIO. ALEGAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE ERRO ADMINISTRATIVO

AO CONCEDER BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO

CONTINUADA AO IDOSO AO PASSO QUE LHE DEVERIA TER SIDO

DEFERIDO BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. CONCLUSÃO DE QUE A

AUTORA OSTENTAVA QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL (RURAL)

QUANDO DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO ASSISTENCIAL CONJUNTO

PROBATÓRIO FAVORÁVEL À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA

POR INVALIDEZ COM A INCIDÊNCIA DO ADICIONAL DE 25%. AUTORA DOENTE

RENAL CRÔNICA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA REFORMADA. RECURSO DA

PARTE AUTORA PROVIDO PARA DETERMINAR A CONCESSÃO

DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM O ADICIONAL DESDE A DATA DE

CONCESSÃO EQUIVOCADA DO LOAS. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL” (Turma

Recursal de Sergipe, processo 0500375-14.2016.4.05.8501, de 27/7/2016).

De acordo com a TNU, “nada obstante se trate de benefício de natureza personalíssima,

o óbito daquele que postula benefício assistencial de prestação continuada não gera a

automática extinção do feito sem a resolução de seu mérito, devendo ser analisado o direito

dos herdeiros ou sucessores ao recebimento dos valores residuais, compreendidos no

período que vai da data do requerimento do benefício até o óbito do postulante”

(informativo 9 – processo 0003238-80.2011.4.03.6318, de 14/9/2016).

p. 134

(...)

No entanto, outra norma alterou de maneira substancial o seguro-desemprego. Trata-se da

Lei 13.134/2015, fruto de conversão da Medida Provisória 665, de 30 de dezembro de 2014,

que produziu modificações na Lei 7.998/90 e 10.779/03.

De acordo com a TNU, “os requerimentos para concessão de seguro-desemprego formulados

durante a vigência da Medida Provisória n. 665/2014 devem ser analisados de acordo com os

critérios definidos no referido diploma legal, sendo descabida a aplicação retroativa dos critérios

mais brandos da Lei de conversão n. 13.134/2015, em respeito à preservação dos princípios da

segurança jurídica e do Estado de Direito através da estabilização das alterações legislativas”

(Informativo 23/2018 - Processo n. 5002621-03.2015.4.04.7212).

Posteriormente, restou consignada a tese em representativo de controvérsia:

REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA – DEFINIÇÃO DE TESE - TEMA N. 186 -

PUIL n. 5004956-73.2016.4.04.7110/RS – “Apreciando o pedido sob o regime dos

representativos de controvérsia, a TNU fixou a seguinte tese: Os requerimentos para

concessão de seguro-desemprego, cuja dispensa sem justa causa tenha ocorrido entre

30/12/2014 e 16/06/2015 período de vigência da Medida Provisória n. 665/2014 – devem ser

analisados de acordo com os requisitos definidos pela referida medida provisória”.

Assim, são beneficiários do seguro-desemprego:

• Trabalhador despedido sem justa causa ou indiretamente (é a que ocorre quando o

empregado solicita judicialmente a dispensa do trabalho, alegando que o empregador não está

cumprindo as disposições do contrato);

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(...)

p. 137

Para o empregado doméstico, o pescador artesanal e o resgatado o valor de cada parcela

será de um salário mínimo. Já para o segurado empregado deverá ser calculado o salário médio

dos últimos três meses e aplicada a tabela abaixo4:

Faixas de Salário Médio Valor da Parcela

Até R$ 1.531,02 Multiplica-se salário médio por 0.8 (80%)

D

De R$ 1.531,03 até R$

2.551,96

O

O que exceder a R$ 1.531,02 multiplica-se por 0.5

(50%) e soma-se a R$ 1.224,82

Acima de R$ 2.551,96 O valor da parcela será de R$ 1.735,29

invariavelmente

O benefício será suspenso nas seguintes hipóteses: admissão do trabalhador em novo emprego;

início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto o

auxílio-acidente e pensão por morte; início de percepção de auxílio-desemprego.

p. 145

(...)

Nos termos do Decreto 8.967/2017, não será devido o benefício do seguro-desemprego

quando houver disponibilidade de alternativas de pesca nos Municípios alcançados pelos

períodos de defeso, previsão regulamentar que parece transbordar o texto normativo, pois

esta hipótese de não concessão do SDPA não consta da Lei 10.779/2003. Coube à Portaria

Interministerial MDIC/MMA nº 54/2018 trazer a relação de municípios nos quais não existe

alternativa de pesca, existindo direito ao SDPA para aqueles que exerceram suas atividades

pesqueiras nos municípios listados no referido ato.

Por fim, o INSS poderá condicionar o recebimento do seguro-desemprego, durante o

período de defeso, ao pescador profissional artesanal que exerça sua atividade exclusiva, à

comprovação da matrícula e da frequência do trabalhador segurado em curso de formação

inicial e continuada ou de qualificação profissional, com carga horária mínima de cento e

sessenta horas, nos termos do § 1º do art. 3º da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990.

(...)

p. 148

Caberá ao STF, no julgamento do RE 566.471/RN em repercussão geral, decidir se há o dever

de o Estado fornecer medicamento de alto custo a portador de doença grave sem condições

financeiras para comprá-lo.

No julgamento do tema 106 em tese repetitiva no REsp 1.657.156-RJ, Rel. Min. Benedito

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Gonçalves, Primeira Seção, por unanimidade, julgado em 25/04/2018, decidiu o STJ que a “

concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença

cumulativa dos seguintes requisitos: (I) comprovação, por meio de laudo médico fundamentado

e circunstanciado expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou

necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos

fármacos fornecidos pelo SUS; (II) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento

prescrito; e (III) existência de registro na ANVISA do medicamento” (Informativo 625):

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Inicialmente cumpre ressaltar que a questão de fornecimento de medicamentos já possui

ampla jurisprudência nesta Corte Superior de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, que tem

entendido que o inciso I do art. 19-M da Lei n. 8.080/1991, incluído pela Lei n. 12.401/2011,

permite que seja deferido o fornecimento de medicamento não incorporado em atos

normativos do SUS. Dos julgados existentes é possível extrair alguns requisitos necessários

para que o pleito seja deferido. O primeiro requisito consiste na demonstração da

imprescindibilidade ou necessidade do medicamento no tratamento, por meio de laudo médico

circunstanciado e fundamentado, devidamente expedido por médico que assiste o paciente, da

imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o

tratamento da moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS. Quanto à questão, consta das

Jornadas de Direito da Saúde, realizadas pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ, algumas

diretrizes sobre a comprovação da imprescindibilidade do medicamento, sendo que no

enunciado n. 15 da I Jornada de Direito da Saúde asseverou-se que o laudo médico deve

conter, pelo menos, as seguintes informações: "o medicamento indicado, contendo a sua

Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, a Denominação Comum

Internacional (DCI); o seu princípio ativo, seguido, quando pertinente, do nome de referência

da substância; posologia; modo de administração; e período de tempo do tratamento; e, em

caso de prescrição diversa daquela expressamente informada por seu fabricante, a justificativa

técnica". O segundo requisito consiste na devida comprovação da hipossuficiência daquele

que requer o medicamento, ou seja, que a sua aquisição implique o comprometimento da sua

própria subsistência e/ou de seu grupo familiar. Não se exige, pois, comprovação de pobreza

ou miserabilidade, mas, tão somente, a demonstração da incapacidade de arcar com os custos

referentes à aquisição do medicamento prescrito. Por fim, o terceiro requisito a ser

considerado é que o medicamento pretendido já tenha sido aprovado pela Agência Nacional

de Vigilância Sanitária - ANVISA. Esta exigência decorre de imposição legal, tendo em vista

o artigo 19-T, inciso II, da Lei n. 8.080/1991, o qual dispõe que são vedados, em todas as

esferas de gestão do SUS a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de

medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro na Anvisa.

De acordo com o STJ, “o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS é de

responsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer

dessas entidades tem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo de demanda que

objetiva a garantia do acesso à medicação para pessoas desprovidas de recursos financeiros”

(2ª Turma, AgRg no Ag 1.107.605, de 03.08.2010).

p. xxxxx

Essa determinação de ressarcimento foi questionada no STF através da ADI/MC 1.931, mas

a Suprema Corte reconheceu a validade da norma ao denegar a medida cautelar, conforme narrado

no seguinte julgado:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

RESSARCIMENTO AO SUS. ARTIGO 32 DA LEI N. 9.656/98.

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CONSTITUCIONALIDADE. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do

julgamento da ADI n. 1.931-MC, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de

28.5.04, decidiu pela constitucionalidade do ressarcimento ao SUS instituído

pela Lei n. 9.656/98. Agravo regimental a que se nega provimento (RE 597261

AgR, de 23.06.2009)”.

Informativo 890- Planos e seguros privados de assistência à saúde e ressarcimento ao SUS

É constitucional o ressarcimento previsto no art. 32 da Lei 9.656/1998 (1), o qual

é aplicável aos procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados

pelo SUS e posteriores a 4.6.1998, assegurados o contraditório e a ampla defesa,

no âmbito administrativo, em todos os marcos jurídicos.

Com esse entendimento, o Plenário negou provimento a recurso extraordinário no

qual discutida a validade de débitos cobrados a título de ressarcimento ao SUS em

decorrência de despesas referentes a atendimentos prestados a beneficiários de

planos de saúde.

A Corte registrou que eventual questão envolvendo a possibilidade de fixação de

tabelas de ressarcimento dentro dos limites mínimo e máximo instituídos pelo §

8º do art. 32 da Lei 9.656/1998 deveria ser resolvida no campo da análise

infraconstitucional. Isso porque eventual conflito entre normas de 1º e 2º graus

reflete, no máximo, ofensa reflexa à Constituição, impassível de análise na via do

recurso extraordinário.

Por outro lado, é certo que o ressarcimento previsto na norma em questão somente

pode envolver procedimentos médicos, hospitalares ou ambulatoriais custeados

pelo SUS depois da entrada em vigor da Lei 9.656/1998 — 4.6.1998 —, desde

que assegurado o exercício do contraditório e da ampla defesa em todos os

interstícios amparados por sucessivas reedições de medidas provisórias. RE

597064/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 7.2.2018.

A União deverá aplicar na saúde os recursos mínimos fixados em lei complementar, que ainda

não havia sido editada, razão pela qual o tema era regulado pelo artigo 77, do ADCT, da

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Constituição5. Já nos casos dos demais entes políticos, a CRFB já prevê diretamente os recursos

a serem aplicados, no artigo 198, §2º, incisos II e III6.

p. 223

(...)

Outrossim, é possível que haja a substituição gradativa da contribuição previdenciária

patronal pela COFINS, total ou parcialmente, observada a não cumulatividade7, com o

propósito de desonerar as folhas de salários das empresas.

Esta disposição constitucional, fruto da Emenda 42/2003, já foi parcialmente regulamentada

em alguns segmentos por normas especiais, muito embora não tenha alterado as regras da Lei

8.212/91.

Na atualidade os artigos 7º e 8º da lei 12.546/2011, alterada pela lei 13.161/2015 tratam do

tema, tendo as alíquotas sido majoradas e a substituição se tornado facultativa, cabendo à

instrução normativa 1.436, da lavra da secretaria da receita federal do brasil, de 30 de dezembro

de 2013, alterada em 05 de dezembro de 2014 e em 1º de dezembro de 2015, regulamentá-la.

Houve a redução a zero das contribuições de 20% previstas nos incisos i e iii do artigo

22 da lei 8.212/91, compensada pela majoração da contribuição sobre a receita ou faturamento

em 4,5%, 3% e 2,5%, a depender do segmento.

Na atualidade os artigos 7º e 8º da Lei 12.546/2011, alterada pela Lei 13.161/2015 tratam do

tema, tendo as alíquotas sido majoradas e a substituição se tornado facultativa cabendo à

Instrução Normativa 1.436, da lavra da Secretaria da Receita Federal do Brasil, de 30 de dezembro

de 2013, alterada em 05 de dezembro de 2014 e em 1º de dezembro de 2015, regulamentá-la.

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Posteriormente, nova alteração foi perpetrada pela IN RFB 1.812/2018.

Houve a redução a zero das contribuições de 20% previstas nos incisos I e III do artigo 22 da

Lei 8.212/91, compensada pela majoração da contribuição sobre a receita ou faturamento em

1,0%, 2,5%, 3,0% e 4,5%, a depender do segmento.

(...)

p. 224

(...)

O tema vem regulamentado pelos artigos 26 e 27, da Lei 8.212/91, sendo definidos os

concursos de prognósticos como todos os concursos de sorteios de números, loterias, apostas,

inclusive aquelas realizadas em reuniões hípicas, no âmbito federal, estadual, distrital e municipal.

As alterações normativas no artigo 26 da Lei 8.212/91 pela Lei 13.756, de 12/12/2018,

implicaram nas seguintes modificações:

A) Deixou de ser repassada à seguridade social a receita líquida dos concursos de prognósticos;

B) Agora a legislação prevê que será destinada à seguridade social uma alíquota da

contribuição corresponde ao percentual em cada modalidade lotérica;

C) A alíquota será definida em outra lei;

D) A base de cálculo da contribuição equivale à receita auferida nos concursos de

prognósticos, sorteios e loterias.

Quando o Poder Público for o organizador, será repassada à seguridade social a renda líquida,

apurada após deduzidos os custos com o pagamento de prêmios, impostos e gestão, ressalvada

uma parcela destinada ao crédito educativo.

Excepcionalmente, no caso da TIMEMANIA, apenas 3% da renda líquida será destinada à

saúde (Fundo Nacional de Saúde) e 1% à seguridade social como um todo8.

Por outro lado, quando o particular for autorizado a organizar as apostas, a exemplo dos

prados de cavalos, serão destinados 5% do seu movimento global à seguridade social9.

De resto, frise-se que apenas a União poderá criar loterias, por se tratar de tema legiferante

privativo do ente central, conforme entende pacificamente o STF:

(...)

p. 235

Por fim, insta destacar que o STJ entende que inexiste direito adquirido à imunidade,

devendo as entidades assistenciais cumprir novos requisitos instituídos em lei para o seu gozo,

conforme se denota da passagem de julgado abaixo transcrito, que reflete a atual posição da Corte

Superior:

“[...] 2. O STJ firmou entendimento de que: a) inexiste direito adquirido a

regime jurídico-fiscal, de modo que a imunidade da contribuição

previdenciária patronal assegurada às entidades filantrópicas, prevista no

art. 195, § 7º da Constituição, tem sua manutenção subordinada ao

atendimento das condições previstas na legislação superveniente; b) é legítima

a exigência prevista no art. 3º, VI, do Decreto 2.536/1998, no que se refere à

demonstração de aplicação de um mínimo de 20% da receita bruta anual em

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gratuidade. Precedentes do STJ.

3. Aplicação da Súmula 352/STJ: "A obtenção ou a renovação do

Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) não

exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes .

(EDcl no REsp 733.375, de 14.10.2008)” (g.n.).

Ademais, a concessão do CEBAS não constitui uma entidade como beneficente, ostentando

natureza declaratória, o que permite a concessão da imunidade com efeitos retroativos:

SÚMULA N. 612 - STJ

O certificado de entidade beneficente de

assistência social (CEBAS), no prazo de sua

validade, possui natureza declaratória para fins

tributários, retroagindo seus efeitos à data em que

demonstrado o cumprimento dos requisitos

estabelecidos por lei complementar para a fruição

da imunidade. Primeira Seção, aprovada em

09/05/2018, DJe 14/05/2018.

Outra regra de imunidade é a existente no inciso I do § 2º do artigo 149 da Constituição

Federal, alterado pela Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembro de 2001, ao prever que

as contribuições sociais não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação, o que

obviamente inclui as contribuições para a seguridade social especialmente as contribuições

previdenciárias incidentes sobre a produção rural comercializada de produtor rural pessoa física

e pessoa jurídica.

p. 249

(...)

Contudo, em desrespeito ao legislador constitucional, o desemprego involuntário não está

coberto pelo RGPS10, não sendo o seguro-desemprego um benefício previdenciário, que é

regido pela Lei 7.998/90 e pago pelo Ministério do Trabalho e Emprego com recursos do Fundo

de Amparo ao Trabalhador (com a extinção do Ministério do Trabalho, desde 2019 o Ministério

da Economia assumiu a área trabalhista, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência

e Trabalho).

Mas frise-se que a natureza jurídica do seguro-desemprego é um tema polêmico na doutrina

previdenciária brasileira, existindo abalizadas vozes que sustentam se tratar de um benefício

previdenciário, como a posição do colega Procurador Federal Miguel Horvath Júnior11.

A própria Advocacia-Geral da União, no Parecer CONJUR/MTE/Nº 256/2010, admitiu

expressamente que o seguro-desemprego é um benefício previdenciário, justamente em razão de o

artigo 201, III, da Constituição, elencar o desemprego involuntário como risco social a ser coberto

pela Previdência Social, conforme já estudado no Título I desta obra.

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Como se trata de um plano básico, o RGPS não objetiva pagar benefícios com valores altos aos

seus beneficiários, tendo como teto atualmente o valor de R$ 5.839,45 (valor atualizado para

todo o ano de 2019 – Portaria ME nº 9, de 15/1/2019) , cabendo aos segurados que queiram

obter uma renda maior na inatividade contratar um plano complementar privado.

(...)

p. 252

Eis as demais mudanças:

• o Conselho de Recursos da Previdência Social passou a se chamar Conselho de Recursos

do Seguro Social e passou para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário;

• o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS foi transferido do Ministério do Trabalho e

Previdência Social para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário;

• a Superintendência Nacional de Previdência Complementar - PREVIC, o Conselho

Nacional de Previdência Complementar e a Câmara de Recursos da Previdência

Complementar foram transferidos para o Ministério da Fazenda;

• o Conselho Nacional de Previdência Social passou a se chamar de Conselho Nacional de

Previdência;

• a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – DATAPREV foi

redesignada para Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência – DATAPREV;

• o Conselho Nacional de Previdência e a Empresa de Tecnologia e Informações da

Previdência - DATAPREV, foram transferidos para o Ministério da Fazenda;

• o INSS é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e, quanto às

questões previdenciárias, segue as diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho Nacional

de Previdência;

• a competência sobre Previdência e Previdência Complementar será exercida, de imediato,

pelo Ministério da Fazenda, com apoio das estruturas que atualmente dão suporte a elas.

Posteriormente, em 2019, a área previdenciária passou a ser do novel Ministério da

Economia, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, com até duas

secretarias. Em 2019, a supervisão ministerial do INSS passou para o Ministério da

Economia (Decreto federal 9.660/2019).

Em 2019, com a reforma ministerial, o CRSS voltou a se chamar Conselho de

Recursos da Previdência Social – CRPS, agora integrante da estrutura do Ministério da

Economia.

Atualmente, após a reforma ministerial de 2019, o Instituto Nacional do Seguro Social –

INSS passou a ser vinculado ao Ministério da Economia, assim como os seguintes órgãos

previdenciários:

- o Conselho Nacional de Previdência Complementar;

- a Câmara de Recursos da Previdência Complementar;

- o Conselho Nacional de Previdência;

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- o Conselho de Recursos da Previdência Social.

Por pertinência temática, neste Capítulo serão estudados apenas o Conselho Nacional de

Previdência, o Conselho de Recursos da Previdência Social e o INSS, pois estes atuam no Regime

Geral de Previdência Social, descabendo analisar por hora os órgãos atuantes na previdência

complementar.

Vale frisar que o Ministério da Previdência Social se uniu ao Ministério do Trabalho em 2015,

fruto da reforma ministerial para conter gastos administrativos da União, passando a se chamar

Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, como já havia acontecido anteriormente no

Brasil, nos termos da MP 696/2015, convertida na Lei 13.266/2016.

Posteriormente, com o advento da Lei 13.341/2016, a pasta previdenciária restou transferida

para o Ministério da Fazenda, tendo sido o Ministério do Trabalho e Previdência Social

transformado em Ministério do Trabalho.

Mas com a extinção do Ministério do Trabalho, desde 2019 o Ministério da Economia

assumiu a área trabalhista, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e

Trabalho.

p. 288

(...)

O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá

exceder ao prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não, podendo ser prorrogado por até

noventa dias, consecutivos ou não, quando comprovada a manutenção das condições que o

ensejaram.

Vale ressaltar que a contratação não poderá ter prazo superior a três meses, prorrogável, na

forma do artigo 9º, inciso I, letra “b”, do Regulamento da Previdência Social.

Entende-se por empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade

consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores,

devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos.

(...)

p. 295

(...)

Assim sendo, caso nesse período remoto não tenha havido recolhimento a nenhum regime

previdenciário, o período de exercício de mandato eletivo somente poderá ser computado no

RGPS se for paga a indenização previdenciária, instituto que ainda será estudado nesta obra.

De acordo com a TNU (Informativo 32/2018 - PUIL n. 0005130-72.2011.4.03.6302/SP),

“fixada a tese no sentido de que o exercente de mandato eletivo estadual ou municipal em período

anterior à publicação da Lei n. 10.887/2004, não vinculado a regime próprio de previdência social,

deve comprovar os recolhimentos de contribuições sociais para o Regime Geral da Previdência

Social (RGPS), ressalvada a hipótese de pagamentos de contribuições efetuadas com

fundamento na Lei n. 9.506/97 e não repetidas pelo ente público”.

Assim, a Turma Nacional possui decisão que se alinha a esta obra, pois admite sem

necessidade de complementação as contribuições vertidas pelo titular de mandato eletivo sob a

égide da Lei 9.506/97 que não foram alvo de repetição pelo ente público.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Especialmente no caso dos vereadores, era muito comum o exercício do mandato eletivo de

forma gratuita. Neste caso, como a Lei Orgânica de Previdência Social (Lei 3.807/60) não os

colocava como segurados obrigatórias, pois não exerciam atividade remunerada, este período não

será considerado pelo RGPS sem que haja prova de efetivo recolhimento de contribuições

previdenciárias.

(...)

p. 297

(...)

Além destas hipóteses genéricas de segurados empregados, outras são contempladas em

regulamentação específica no artigo 9º, I, do Decreto 3048/99, a exemplo do:

• bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a

Lei nº 11.788, de 25 de setembro de 2008;

• servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem

como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos

termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

• servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas

autarquias e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão

declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

• servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem

como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para

atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos

do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

• servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas

autarquias e fundações, ocupante de emprego público12;

• escrevente e do auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro

a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime

Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de

novembro de 1994;

• trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art.

14-A da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de

natureza temporária por prazo não superior a dois meses dentro do período de

um ano.

De acordo com o INSS, (art. 8º, §2º, da IN 77/2015), somente será admitida a filiação do

cônjuge ou companheiro como empregado quando contratado por sociedade em nome coletivo

em que participe o outro cônjuge ou companheiro como sócio, desde que comprovado o efetivo

exercício de atividade remunerada.

De outro giro, decidiu a TNU, em incidente representativo de controvérsia, (PUIL n. 5003697-

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34.2016.4.04.7210/SC), que o fato de se tratar de vínculo empregatício mantido entre

cônjuges casados sob regime de comunhão de bens (parcial ou universal) não impede o

reconhecimento da qualidade de segurado empregado, contanto que comprovado o efetivo

recolhimento das contribuições sociais pertinentes ao período (na época própria ou

ulteriormente) que se pretende aproveitar para fins de concessão de benefício

previdenciário (Informativo 30/2018).

Logo, a TNU rejeitou a normatização do INSS, pois não existe essa vedação de modo expresso

na legislação trabalhista ou previdenciária, mas afastou com razoabilidade a presunção de

recolhimento da contribuição previdenciária, adotando tese intermediária com os seguintes

fundamentos:

“18. Na relação empregatícia entabulada entre cônjuges casados sob regime de comunhão

de bens, não se pode perder de perspectiva que o não cumprimento da obrigação legal de

recolher as contribuições previdenciárias do segurado empregado acaba, na prática,

redundando em benefício do casal: "poupa-se” o valor que haveria, ope legis, de ser repassado

à Previdência Social. A valer a presunção do recolhimento, em casos tais, o segurado

empregado acabaria tirando duplo proveito: afora essa "economia”, ainda poderia utilizar-se

de um presumido, de um fictício recolhimento de contribuição social para lograr o benefício

previdenciário ambicionado. Somando-se a isso, é inegável a constatação de que o vínculo

marital esmaece sobremaneira a hipossuficiência do segurado empregado frente ao seu

cônjuge empregador, hipossuficiência essa que está no cerne do raciocínio presuntivo recém

explanado.

19. Como se percebe, a existência de vínculo conjugal entre o segurado empregado e seu

empregador encerra circunstância cuja importância não pode ser menoscabada, sendo

impróprio colocar tal relação de emprego lado a lado, para fins previdenciários, à relação

empregatícia entre duas pessoas que não mantêm liame marital. Essa desequiparação, em se

cuidando de casamento sob regime de comunhão de bens, assume robustez ainda mais

saliente, na medida em que o cônjuge se beneficiaria duplamente, como visto, com o

inadimplemento das contribuições previdenciárias.

20. Portanto, se de um lado não se pode negar a possibilidade da caracterização de um

segurado empregado pelo simples fato de o vínculo empregatício ter sido mantido com o seu

cônjuge com quem casado sob regime de comunhão de bens, de outro lado não se deve

reconhecer uma presunção de recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias.

Com essa ressalva, de uma só tacada, minora-se significativamente o espaço para fraudes e

prestigia-se o caráter contributivo do sistema”.

Mas é certo que existe jurisprudência que admite a validade do vínculo de emprego entre

cônjuges sem afastar a presunção de recolhimento da contribuição previdenciária:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA . CERTIDÃO DE TEMPO DE

SERVIÇO. Verificada a relação de emprego entre cônjuges casados pelo regime da

comunhão universal de bens, não há óbice ao cômputo do respectivo período , como

tempo de serviço, para efeito de expedição da correspondente certidão” (TRF 4ª

Região, AMS 1998.04.01.036917-2,de 15/10/98).

A relação de emprego entre cônjuges não é algo comum, sendo, por si só, suspeita, merecendo

uma investigação diferenciada, máxime quando o patrimônio de empregador e do empregado

acaba sendo um só.

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Por outro lado, não se pode presumir como fraudulento o vínculo, máxime quando recolhidas

as contribuições de modo tempestivo. Daí que foi razoável o posicionamento adotado pela TNU.

Note-se, por fim, que o titular de cargo efetivo de ente político que não tenha regime

próprio13 estará vinculado automaticamente ao RGPS14, na condição de segurado empregado,

na forma do artigo 12, da Lei 8.213/9115.

p. 307

(...)

Aliás, prova disso é que há produtores rurais cujo imóvel não supera a 4 módulos fiscais e

que não são filiados como segurados especiais, quer pela contratação permanente de

trabalhadores, quer pela renda anual gerada pela venda da produção ser vultosa, incompatível com

o regime de subsistência.

E veja que o próprio texto da Lei 8.213/91 aduz que é segurado especial o “produtor, seja

proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou

arrendatário rurais, que explore atividade agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos

fiscais”

O texto legal não chega ao ponto de vedar a filiação do segurado especial quando o

prédio rústico possuir dimensão superior a 4 módulos fiscais, e sim limita a exploração da

atividade agropecuária em área de até 4 módulos fiscais.

Existe uma linha de jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais que tem tomado por

absoluto o critério de área de até 4 módulos fiscais para a filiação do produtor rural na condição

de segurado especial:

(...)

p. 310

(...)

Por seu turno, caso se trate de atividade rural agroextrativista, o enquadramento da pessoa

natural como segurado especial independerá da dimensão da área, a exemplo da coleta da

castanha do Pará.

De acordo com o acertado posicionamento da TNU, “fixada a tese no sentido de que a mera

obtenção de CTPS pelo segurado não constitui presunção do abandono da atividade rural e

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migração para atividade urbana” (Informativo 31/2018 - PUIL n. 0038966-

63.2016.4.03.6301/SP).

Outrossim, será considerado como segurado especial o pescador artesanal que, de acordo com

o artigo 9º, §14, do RPS, aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da

pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: I - não utilize embarcação; ou

utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, a teor

do Decreto 8.424/2015.

(...)

p. 314

Esta é a mesma linha de raciocínio do STJ:

“INFORMATIVO 507 – DIREITO PREVIDENCIÁRIO. SEGURADO

ESPECIAL. TRABALHO URBANO DE INTEGRANTE DO GRUPO

FAMILIAR. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. N.

8/2008-STJ).

O fato de um dos integrantes da família exercer atividade incompatível com o

regime de economia familiar não descaracteriza, por si só, a condição de segurado

especial dos demais componentes. A legislação previdenciária estabeleceu a

possibilidade de um dos membros do grupo familiar exercer atividade estranha ao

regime de subsistência (arts. 11, VII, § 9º, da Lei n. 8.213/1991 e 9º, § 8º, do Dec.

n. 3.048/1999). Assim, a lei descaracteriza como segurado especial apenas o

integrante da família que se desvinculou do meio rural. O trabalho urbano de um

dos membros do grupo familiar não descaracteriza, por si só, a situação de

segurados especiais dos demais integrantes, devendo ser averiguado pelas

instâncias ordinárias se o trabalho rural é dispensável para a subsistência do

grupo familiar. Dessa forma, a extensão de prova material em nome de um cônjuge

ao outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho urbano, devendo a

prova material ser apresentada em nome próprio. Precedentes citados: AgRg no

REsp 1.218.286-PR, DJe 28/2/2011; AgRg no REsp 1.221.591-PR, DJe 28/3/2011;

AgRg no REsp 1.118.677-SP, DJe 29/3/2010; AgRg no REsp 885.695-SP, DJe

1º/12/2008; AgRg no Ag 1.239.770-SP, DJe 17/2/2012; AgRg no REsp 1.104.311-

SP, DJe 12/5/2011; AgRg no REsp 1.224.486-PR, DJe 26/9/2011; AgRg no REsp

1.296.889-MG, DJe 21/3/2012; AgRg no REsp 1.237.972-PR, DJe 5/3/2012; AgRg

no Ag 1.239.770-SP, DJe 17/2/2012; AgRg no REsp 1.103.205-SP, DJe 1º/7/2011,

e AgRg no REsp 1.104.311-SP, DJe 12/5/2011.REsp 1.304.479-SP, Rel. Min.

Herman Benjamin, julgado em 10/10/2012”.

Com base nisto, a PGF editou o Parecer Referencial 8/2018/DEPCONT/PGF/AGU:

“EMENTA: PARECER REFERENCIAL. PORTARIA AGU Nº 488/2016.

JURISPRUDÊNCIA ITERATIVA DO STJ. RESP REPETITIVO Nº 1.304.479/SP.

TRABALHO URBANO DE UM DOS MEMBROS DO GRUPO FAMILIAR.

DESCARACTERIZAÇÃO DO TRABALHADOR RURAL COMO SEGURADO

ESPECIAL. NECESSIDADE DE ANÁLISE DO CASO CONCRETO.

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I. A Procuradoria-Geral Federal, com fundamento no artigo 3º, inciso I e parágrafo único, da

Portaria AGU nº 488, de 27 de julho de 2016, autoriza os Procuradores Federais a, ressalvadas

as hipóteses previstas no artigo 12 da mencionada Portaria e outras questões de ordem fática

e jurídica não abrangidas pelo acórdão proferido no REsp Repetitivo nº 1.304.479/SP, abster-

se de recorrer e desistir dos recursos já interpostos, quando a decisão judicial estiver em

conformidade com a jurisprudência do STJ fixada no aludido recurso representativo de

controvérsia, no sentido de que: O trabalho urbano de um dos membros do grupo familiar

não descaracteriza, por si só, os demais integrantes como segurados especiais, devendo ser

averiguada a dispensabilidade do trabalho rural para a subsistência do grupo familiar, incumbência esta das instâncias ordinárias (Súmula 7/STJ). II. No tocante ao dever de

contestar ou à possibilidade de acordo quanto à referida pretensão deduzida contra o INSS,

remanesce a necessidade de análise do caso concreto pelo Procurador Federal oficiante no

processo, de acordo com as provas material e testemunhal apresentadas”.

Por sua vez, de acordo com a 3ª Seção do STJ, no julgamento do Recurso Especial 267.665/PR,

publicado em 28.02.2012, “no caso de comprovação de que o marido exerceu atividade urbana

durante o período de carência ou recebe aposentadoria por tempo de contribuição decorrente de

vínculo urbano, a presunção relativa em benefício da autora, que adviria dos documentos em

nome de seu cônjuge, não se dessume”.

p. 323

(...)

Nos termos do posicionamento do STJ (tema 554 – repetitivo – REsp 1321493, de 10/10/2012),

“aplica-se a Súmula 149/STJ ('A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da

atividade rurícola, para efeitos da obtenção de benefício previdenciário') aos trabalhadores rurais

denominados 'boias-frias', sendo imprescindível a apresentação de início de prova material. Por outro

lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição de trabalhador campesino, a

apresentação de prova material somente sobre parte do lapso temporal pretendido não implica

violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a reduzida prova material for

complementada por idônea e robusta prova testemunhal”.

Em decorrência dessa tese repetitiva do STJ, a PGF editou o Parecer Referencial

00004/2018/DEPCONT/PGF/AGU:

“EMENTA: PARECER REFERENCIAL. PORTARIA AGU Nº 488/2016.

JURISPRUDÊNCIA ITERATIVA DO STJ. RESP REPETITIVO Nº 1.321.493/PR.

PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL (ART. 55, § 3º, DA LEI 8.213/1991)

PARA CONFIGURAR TEMPO DE SERVIÇO RURAL PARA FINS

PREVIDENCIÁRIOS NO CASO DO TRABALHADOR DENOMINADO 'BOIA-

FRIA'. IMPOSSIBILIDADE. MITIGAÇÃO DA PROVA MATERIAL.

POSSIBILIDADE. I. A Procuradoria-Geral Federal, com fundamento no artigo 3º, inciso I e parágrafo único, da

Portaria AGU nº 488, de 27 de julho de 2016, autoriza os Procuradores Federais a, ressalvadas

as hipóteses previstas no artigo 12 da mencionada Portaria e outras questões de ordem fática

e jurídica não abrangidas pelo acórdão proferido no REsp Repetitivo nº 1.321.493/PR, abster-

se de recorrer e desistir dos recursos já interpostos, quando a decisão judicial estiver em

conformidade com a jurisprudência do STJ fixada no aludido recurso representativo de

controvérsia, no sentido de que: Aplica-se a Súmula 149/STJ ('A prova exclusivamente

testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de

benefício previdenciário') aos trabalhadores rurais denominados 'boias-frias', sendo

imprescindível a apresentação de início de prova material. Por outro lado, considerando a

inerente dificuldade probatória da condição de trabalhador campesino, a apresentação de

prova material somente sobre parte do lapso temporal pretendido não implica violação da

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Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a reduzida prova material for complementada

por idônea e robusta prova testemunhal. II. No tocante ao dever de contestar ou à possibilidade de acordo quanto à referida pretensão

deduzida contra o INSS, remanesce a necessidade de análise do caso concreto pelo Procurador

Federal oficiante no processo, de acordo com as provas material e testemunhal apresentadas”.

De acordo com o INSS (art. 54, da Instrução Normativa INSS 77/2015), considera-se

início de prova material, para fins de comprovação da atividade rural, entre outros, os seguintes

documentos, desde que neles conste a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício

da atividade rurícola e seja contemporâneo ao fato nele declarado:

I - certidão de casamento civil ou religioso;

II - certidão de união estável;

III - certidão de nascimento ou de batismo dos filhos;

IV - certidão de tutela ou de curatela;

V - procuração;

VI - título de eleitor ou ficha de cadastro eleitoral;

VII - certificado de alistamento ou de quitação com o serviço militar;

VIII - comprovante de matrícula ou ficha de inscrição em escola, ata ou boletim

escolar do trabalhador ou dos filhos;

IX - ficha de associado em cooperativa;

X - comprovante de participação como beneficiário, em programas

governamentais para a área rural nos estados, no Distrito Federal ou nos

Municípios;

XI - comprovante de recebimento de assistência ou de acompanhamento de

empresa de assistência técnica e extensão rural;

XII - escritura pública de imóvel;

XIII - recibo de pagamento de contribuição federativa ou confederativa;

XIV - registro em processos administrativos ou judiciais, inclusive inquéritos,

como testemunha, autor ou réu;

XV - ficha ou registro em livros de casas de saúde, hospitais, postos de saúde ou

do programa dos agentes comunitários de saúde;

XVI - carteira de vacinação;

XVII - título de propriedade de imóvel rural;

XVIII - recibo de compra de implementos ou de insumos agrícolas;

XIX - comprovante de empréstimo bancário para fins de atividade rural;

XX - ficha de inscrição ou registro sindical ou associativo junto ao sindicato de

trabalhadores rurais, colônia ou associação de pescadores, produtores ou outras

entidades congêneres;

XXI - contribuição social ao sindicato de trabalhadores rurais, à colônia ou à

associação de pescadores, produtores rurais ou a outras entidades congêneres;

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XXII - publicação na imprensa ou em informativos de circulação pública;

XXIII - registro em livros de entidades religiosas, quando da participação em

batismo, crisma, casamento ou em outros sacramentos;

XXIV - registro em documentos de associações de produtores rurais,

comunitárias, recreativas, desportivas ou religiosas;

XXV - Declaração Anual de Produto – DAP, firmada perante o INCRA;

XXVI - título de aforamento;

XXVII - declaração de aptidão fornecida para fins de obtenção de financiamento

junto ao Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar –

PRONAF; e

XXVIII - ficha de atendimento médico ou odontológico.

A Medida Provisória 871/2019 previu que o Ministério da Economia manterá sistema de

cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e poderá

firmar acordo de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com

outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal para a manutenção

e a gestão do sistema de cadastro (inserção do art. 38-A e 38-B na Lei 8.213/91).

A novidade é que o sistema preverá a manutenção e a atualização anual do cadastro do

segurado especial e conterá as informações necessárias à caracterização da condição de segurado

especial, devendo ser feita até 30 de junho do ano subsequente.

Vencida esta data, o texto legal prevê que “o segurado especial só poderá computar o período

de trabalho rural se efetuado em época própria o recolhimento na forma prevista no art. 25 da Lei

nº 8.212, de 1991”.

Dessa forma, mantém-se, em regra, a filiação automática do segurado especial sem a

necessidade da demonstração efetiva do recolhimento da contribuição previdenciária sobre a

produção rural ou pesqueira.

Por outro lado, caso o a atualização anual não seja promovida no CNIS até o dia 30 de junho

do ano seguinte ao da prestação da atividade rural ou pesqueira, será necessária a prova do

recolhimento da contribuição prevista no artigo 25 da Lei 8.212/91 para o registro do período no

CNIS.

Por sua vez, é vedada a atualização anual após o prazo de 5 anos, contados a partir de 30

de junho do ano subsequente à prestação do serviço rural ou de pesca.

Assim, pela literalidade do texto da MP 871/2019, se o segurado especial não registrar o

período de 2019 até 30 de junho de 2025, não mais poderá fazê-lo.

Trata-se de duro dispositivo que, se de um lado deve prevenir fraudes rurais, do outro impedirá

o registro de carência de segurados especiais que laboram sem a devida inscrição no CNIS por

desconhecimento da legislação.

A partir de 1º de janeiro de 2020, a comprovação da condição e do exercício da atividade

rural do segurado especial ocorrerá exclusivamente pelas informações constantes do CNIS. Para

períodos até 31/12/2019, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural

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por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas credenciadas e por outros órgãos

públicos, na forma prevista no Regulamento.

São entidades públicas credenciadas para ratificar a autodeclaração do segurado especial as

Entidades Executoras do Pronater. Na hipótese de haver divergência de informações, para fins

de reconhecimento de direito com vistas à concessão de benefício, o INSS poderá exigir a

apresentação dos documentos que atestem o exercício da atividade rural ou pesqueira.

De efeito, são requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do

Pronater:

I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão

rural;

II - estar legalmente constituída há mais de 5 (cinco) anos, exceto entidades públicas;

III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento;

IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade

exigidas para a atividade;

V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais

competentes, quando for o caso;

VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento.

Com propriedade, de acordo com o artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício

de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de diversos documentos, tendo sido

alterado o inciso IV e revogado o inciso III:

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,

quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada

pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

de 2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou

organizações públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(DAP) é o documento que identifica os beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

Eis as informações governamentais a respeito da DAP16:

16 http://www.mda.gov.br/sitemda/saf/dap

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Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP)

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (DAP) é o instrumento utilizado para identificar e qualificar as Unidades

Familiares de Produção Agrária (UFPA) da Agricultura Familiar e suas formas

associativas organizadas em pessoas jurídicas.

Consideram-se beneficiários de DAP a UFPA composta por: agricultores/as familiares,

pescadores artesanais, aquicultores, maricultores, silvicultores, extrativistas,

quilombolas, indígenas, assentados da reforma agrária e beneficiários do Programa

Nacional de Crédito Fundiário.

A UFPA será identificada por uma única DAP Principal, categorizada em: Grupo “A” ou

“A/C”, Grupo “B” ou Grupo “V”. Para essa identificação e categorização da UFPA, deve-

se observar os seguintes critérios:

• A emissão será vinculada ao município do estabelecimento da UFPA;

• A área do estabelecimento deve ser de até quatro módulos fiscais;

• A atividade agrária ser desenvolvida em ambiente rural ou urbano;

• A gestão do estabelecimento deve ser estritamente familiar;

• A renda proveniente da exploração do estabelecimento deve ser igual ou superior àquela

auferida fora do estabelecimento;

• A UFPA deve utilizar, no mínimo, metade da força de trabalho familiar no processo

produtivo e de geração de renda.

As DAP emitidas a partir de 27 de agosto de 2018 terão validade de 1 ano. Para emissão

da DAP, o/a beneficiário/a deverá juntar a documentação pertinente e procurar:

• Os Sindicados e Associações de Trabalhadores da Agricultura Familiar ou Sindicatos

Rurais;

• Os escritórios das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão;

• Associações e colônias de pescadores artesanais e aquicultores (para seu público

específico);

• Escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

A emissão da DAP é gratuita não podendo os emissores credenciados cobrarem

quaisquer custas pela sua emissão.

Coube à Portaria 1, de 13/4/2017, da lavra da Secretaria Especial de Agricultura dispor sobre

as competências, condições e procedimentos específicos para a emissão, validação, suspensão,

cancelamento e exercício do controle social da DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Eis as modalidades de DAP’s:

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- DAP principal – utilizada para identificação e qualificação da Unidade Familiar de

Produção Rural;

- DAP acessória – utilizada para identificação dos filhos(as), dos(as) jovens e das mulheres

agregadas à uma Unidade Familiar de Produção Rural e devem, obrigatoriamente, estar

vinculadas a uma DAP Principal;

- DAP jurídica – utilizada para identificar e qualificar as Formas Associativas da Agricultura

Familiar organizadas em pessoas jurídicas;

- DAP última versão – a DAP mais recente emitida e registrada na base de dados da SAF;

- DAP válida – aquela cujos dados utilizados no processo de identificação e qualificação das

Unidades Familiares de Produção Rural passaram por análise de consistência, garantindo a

condição de agricultores(as) familiares e não sofreram qualquer impugnação posterior que

motivasse sua suspensão ou cancelamento;

- DAP ativa – a que possibilita o acesso dos(as) agricultores(as) familiares às políticas

públicas dirigidas a essa categoria de produtores(as) rurais e, é assim denominada, desde que

combine dois atributos: DAP última versão e DAP válida;

- DAP suspensa – aquela temporariamente desabilitada na base de dados da SAF para fins de

acesso às políticas públicas destinadas à agricultura familiar devido a necessidade de atualização

cadastral ou para verificação/conferência das informações declaradas;

- DAP cancelada – aquela que foi efetivamente cancelada na base de dados da SAF por

solicitação do próprio beneficiário, do Agente Emissor da DAP, indicação do Controle Social da

DAP, dos próprios órgãos de controle externo e interno e demais casos. O cancelamento da DAP

pode ser efetuado com ou sem o bloqueio do CPF dos titulares, conforme o caso.

A perda da qualidade de segurado especial ocorrerá no primeiro dia do mês em que o

segurado especial deixar de exercer a atividade campesina ou pesqueira de subsistência,

observado o período de graça (artigo 15, da Lei 8.213/91), conforme determina do artigo 12,

§1117, I, da Lei 8.212/91.

Destarte, considerado a expressa determinação legal, durante 12 meses após deixar de exercer

a atividade de subsistência na pesca ou no campo, o segurado especial conservará a sua qualidade,

haja vista a regra do artigo 15, II, da Lei 8.212/91.

(...)

p. 335

Com base no artigo 1418, da Lei 8.212/91, o segurado facultativo é a pessoa natural que não

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trabalha e objetiva uma proteção previdenciária, filiando-se ao RGPS mediante a inscrição

formalizada e o ulterior pagamento da contribuição previdenciária. Logo, as pessoas que

desenvolvam atividade laboral remunerada que gere a filiação como segurados obrigatórios não

poderão obviamente ser segurados facultativos.

Com base no artigo 11, do Decreto 3.048/99, a filiação na qualidade de segurado facultativo

representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro

recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a

competências anteriores à data da inscrição.

Ademais, após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em

atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.

Vale destacar que qualquer pessoa domiciliada legalmente no Brasil e que não se enquadre como

segurado obrigatório poderá se filiar como segurado facultativo, quer brasileiro, quer estrangeiro.

Contudo, se a pessoa for domiciliada no exterior, apenas os brasileiros terão direito de se filiar

como segurados facultativos do RGPS.

p. 341

(...)

No mesmo caminho, a jurisprudência majoritária dos Tribunais Regionais Federais, a

exemplo de precedente da 2ª Região:

“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. NÃO PREENCHIMENTO DOS

REQUISITOS LEGAIS DO BENEFÍCIO. PERDA DA QUALIDADE DE

SEGURADO DO DE CUJUS. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO.

[...]

IV – Por outro lado, enquadrando-se o falecido na condição de contribuinte

individual, necessário se faz a comprovação de sua filiação à Previdência com

o efetivo recolhimento das respectivas contribuições, por iniciativa própria,

para que se considere a sua qualidade de segurado, o que não ocorreu, na

espécie, concluindo-se que o de cujus não ostentava a qualidade de segurado da

Previdência quando do óbito e, portanto, inexiste o direito ao recebimento de

pensão por morte a seus dependentes. Ressalte-se que o direito à pensão só

permaneceria se o falecido houvesse preenchido os requisitos para aposentadoria,

o que também não ocorreu, na hipótese. ( AC 200602010148599, de 11.12.2007)”.

Para espancar qualquer dúvida, coube à MP 871/2019 inserir o §7º no 17 artigo da Lei

8.213/91: “não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual

e de segurado facultativo”.

O dispositivo, no entanto, somente se aplica ao contribuinte individual autônomo, não

possuindo aplicabilidade ao contribuinte individual que labora para pessoa jurídica a contar de

abril de 2003 (Lei 10.666/03, art. 4º), pois este passou a ter presunção normativa de dependência

econômica.

Contudo, registre-se a existência de corrente doutrinária minoritária que sustenta a filiação

dos contribuintes individuais com o mero exercício de atividade laboral remunerada,

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independentemente de contribuições vertidas ao sistema, apesar da responsabilidade tributária

ser dos próprios segurados, a exemplo da opinião de Carlos Alberto Pereira de Castro e João

Batista Lazzari19.

p. 347

(...)

Logo, se um contribuinte individual que trabalha por conta própria não recolhe as contribuições

previdenciárias, não se filiará ao RGPS. Ao falecer, como não era segurado, os seus dependentes

não terão direito à pensão por morte, pois não será possível o recolhimento das contribuições em

atraso e a inscrição após a morte do segurado.

Para espancar qualquer dúvida, coube à MP 871/2019 inserir o §7º no 17 artigo da Lei

8.213/91: “não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual

e de segurado facultativo”.

O dispositivo, no entanto, somente se aplica ao contribuinte individual autônomo, não

possuindo aplicabilidade ao contribuinte individual que labora para pessoa jurídica a contar de

abril de 2003 (Lei 10.666/03, art. 4º), pois este passou a ter presunção normativa de dependência

econômica.

Nos termos do artigo 32 da Instrução Normativa INSS 77/2015, a comprovação do exercício de

atividade do segurado contribuinte individual e aqueles segurados anteriormente denominados

“empresários”, “trabalhador autônomo” e o “equiparado a trabalhador autônomo”, far-se-á:

(...)

p. 354

(...)

Sobre os estados que possuem um salário mínimo acima do nacional, colaciona-se notícia

publicada no site G1 no dia 04 de janeiro de 2019:

Veja os valores do salário mínimo por estado:

Acre: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Alagoas: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Amapá: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Amazonas: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Bahia: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Ceará: governo ainda não definiu se vai seguir o federal ou estabelecer um valor mais elevado.

Distrito Federal: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Espírito Santo: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Goiás: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Maranhão: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Mato Grosso: governo informou ainda não ter definição.

Mato Grosso do Sul: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Minas Gerais: governo ainda não respondeu.

Pará: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Paraíba: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Paraná: o estado tem, estipulado por decreto de março de 2018, um salário mínimo regional

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próprio que varia entre R$ 1.247,40 e R$ 1.441. Segundo o governo, o novo decreto está em

pauta e deve ser assinado em 1º de fevereiro.

Pernambuco: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Piauí: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Rio de Janeiro: não segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal. Ainda não foi

definido o piso estadual para 2019. Vigora atualmente no estado o piso adotado em 2018, com

seis faixas de rendimento, que vão de R$ 1.193,36 a R$ 3.044,78.

Rio Grande do Norte: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Rio Grande do Sul: tem piso regional, geralmente reajustado em março. O último reajuste foi

em 2018, de R$ 1.175,15 para R$ 1.196,47.

Rondônia: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Roraima: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Santa Catarina: Piso estadual será definido até março. O salário mínimo regional definido para

2018 varia entre R$ 1.110 e R$ 1.271 entre as quatro faixas salariais, que vão desde agricultura

até indústrias de vestuário, químicas e metalúrgicas, por exemplo.

São Paulo: Piso estadual para 2019 ainda será definido. O valor atual é de 1.108,38 (faixa I) e

R$ 1.127,23 (faixa II).

Sergipe: segue o valor do salário mínimo fixado pelo decreto federal.

Tocantins: governo informou que "está sendo feito um estudo" para avaliar se vai seguir valor

fixado pelo decreto federal.

Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do mês,

o salário-de-contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, pois

proporcionalmente alcançará a um salário mínimo considerando a jornada integral no mês.

(...)

p. 359

Suponha-se que um contribuinte individual preste serviços a uma empresa sem vínculo

empregatício e receba R$ 300,00 em um mês, tendo sido esta a única remuneração mensal que

percebeu. Forçá-lo a pagar a contribuição previdenciária sobre um salário mínimo viola a

Constituição Federal, pois deveria ser uma mera faculdade do contribuinte individual fazê-lo, sob

pena de não consideração da contribuição previdenciária mensal.

De acordo com a TNU, “a qualidade de segurado do contribuinte individual que presta

serviço a empresa depende da complementação pelo segurado prestador do serviço da

contribuição vertida pela empresa tomadora do serviço, nos termos do artigo 5º da Lei n.

10.666/2003. Assim, as contribuições efetuadas abaixo do salário mínimo e não complementadas

pelo segurado não podem ser consideradas a ponto de conferir qualidade de segurado ao

contribuinte individual, isto porque essa caracterização exige o efetivo recolhimento das

respectivas contribuições previdenciárias” (Informativo 27/2018 - PUIL n. 0002624-

26.2011.4.02.5050/ES).

No que concerne ao contribuinte individual que trabalha por conta própria, o artigo 28, da Lei

8.212/91, é omisso a respeito, pois não prevê a situação daquelas pessoas que trabalham de

maneira autônoma e sequer conseguem reunir um salário mínimo por mês.

(...)

p. 362

Vale registrar que o adicional noturno, o adicional de insalubridade e de periculosidade

pagos pela empresa são verbas que possuem natureza remuneratória em decorrência do trabalho

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à noite, nocivo à saúde e periculoso, devendo, destarte, incidir contribuição previdenciária.

Nesse sentido, o STJ:

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OMISSÃO. ALEGAÇÕES

GENÉRICAS. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO.

TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS, HORAS-EXTRAS E ADICIONAIS

PERMANENTES.

1. Não se conhece de recurso especial por suposta violação do art. 535 do CPC se

a parte não especifica o vício que inquina o aresto recorrido, limitando-se a

alegações genéricas de omissão no julgado, sob pena de tornar-se insuficiente a

tutela jurisdicional.

2. Integram o conceito de remuneração, sujeitando-se, portanto, à

contribuição previdenciária o adicional de horas-extras, adicional noturno,

salário-maternidade, adicionais de insalubridade e de periculosidade.

Precedentes (AgRg no AREsp 69958, de 12/06/2012).

A verba conhecida como Hora Repouso Alimentação (HRA), integrava a composição do

salário de contribuição do segurado empregado pelo tempo que ficasse à disposição da empresa.

O tema ainda é divergente no STJ:

1ª Turma – INDENIZATÓRIO: “TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL.

RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973.

APLICABILIDADE. OFENSA AO ART. 535 DO CPC/73. DEFICIÊNCIA DE

FUNDAMENTAÇÃO. APLICAÇÃO, POR ANALOGIA, DO VERBETE

SUMULAR N. 284/STF. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A

DENOMINADA HORA REPOUSO ALIMENTAÇÃO - HRA, PREVISTA

NO ART. 3º, II, DA LEI N. 5.811/72. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA NÃO

CARACTERIZADA. VERBA QUE OSTENTA CARÁTER

INDENIZATÓRIO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO

CARACTERIZADO. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na

sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da

publicação do provimento jurisdicional impugnado. Aplica-se, in casu, o Código

de Processo Civil de 1973. II - A jurisprudência desta Corte considera que,

quando a arguição de ofensa ao dispositivo de lei federal é genérica, sem

demonstração efetiva da contrariedade, aplica-se, por analogia, o óbice do verbete

sumular n. 284/STF. III - A Lei n. 5.811/72 assegura ao empregado sujeito ao

regime de revezamento de oito horas o direito ao pagamento em dobro

da hora de repouso e alimentação suprimida em decorrência da necessidade de

garantir-se a normalidade das operações ou de atender a imperativos de segurança

industrial, referentes à prestação de serviços nas atividades que relaciona em seu

art. 1º. IV - A seu turno, a CLT estabelece que, no trabalho contínuo, cuja duração

exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de intervalo

para repouso ou alimentação de, no mínimo, uma hora (art. 71, caput), cabendo

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ao empregador remunerar o empregado, por eventual descumprimento dessa

determinação, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor

da hora normal de trabalho (art. 71, § 4º). V - A HRA reveste natureza jurídica

autenticamente indenizatória, pois seu escopo é recompor direito legítimo do

empregado suprimido em virtude das vicissitudes da atividade laboral, assumindo

perfil de genuína compensação, de verdadeira contrapartida a que o empregador

está obrigado, por lei, a disponibilizar ao obreiro, em virtude da não fruição do

direito ao intervalo para refeição e repouso que lhe é garantido, imprescindível

ao restabelecimento do seu vigor físico e mental. VI - As atividades listadas no

art. 1º da Lei n. 5.811/72 denotam elevado grau de agressão à integridade física

do empregado, de modo que a perpetuação da jornada laboral sem a pausa

necessária constitui, ipso facto, prejuízo e/ou dano ao trabalhador, ordinariamente

recomposto por prestação de insígnia indenizatória. VII - Não se pode negar que

o propósito da lei, ao onerar o empregador pela supressão do intervalo para

descanso e nutrição do seu empregado, seja justamente desencorajá-lo de tornar

essa prática perene ou reincidente. Isso considerado, seria rematado contrassenso

admitir que o Estado pudesse auferir vantagem, consistente no incremento da sua

arrecadação, mediante alargamento da base de cálculo do tributo, oriunda,

exatamente, de conduta que busca desestimular e coibir, em clara ofensa ao

princípio da confiança nos atos estatais que predica, dentre outras questões, o

impedimento de atos contraditórios. VIII - O emprego do verbo "remunerar", na

anterior redação do § 4º, do art. 71, da CLT, não credenciava a conclusão segundo

a qual a HRA ostentaria índole salarial, guardando, com mais rigor técnico,

correlação semântica à forma coloquial "pagar". IX - O Recurso Especial não

pode ser conhecido com fundamento na alínea c, do permissivo constitucional.

Isso porque a parte recorrente, além de ter deixado de proceder ao cotejo analítico

entre os arestos confrontados, com o escopo de demonstrar que partiram de

situações fático-jurídicas idênticas e adotaram conclusões discrepantes,

limitando-se a transcrever ementa de julgado, não indicou os dispositivos legais

que teriam sido interpretados de forma divergente pelos acórdãos contrapostos,

atraindo a aplicação, neste último caso, do enunciado sumular n. 284/STF. X -

Recurso Especial conhecido em parte e, nessa extensão, improvido” ( RECURSO

ESPECIAL – 1619117, de 19/6/2018).

2ª Turma – REMUNERATÓRIO: “TRIBUTÁRIO. DECISÃO DE

ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DESTA

CORTE. HORA REPOUSO ALIMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA DE

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. I - O

entendimento do Tribunal de origem está em consonância com a orientação do

Superior Tribunal de Justiça. II - Na esteira do entendimento firmado na Segunda

Turma do STJ, "a 'Hora Repouso Alimentação - HRA (...) é paga como única e

direta retribuição pela hora em que o empregado fica à disposição do

empregador", configurando, assim "retribuição pelo trabalho ou pelo tempo à

disposição da empresa e se submete à contribuição previdenciária, nos termos do

art. 28 da Lei 8.212/1991" (STJ, EDcl no REsp 1.157.849/RS, Rel. Ministro

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HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 26/05/2011). III - No

mesmo sentido: AgRg no REsp 1.536.286/BA, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 22/10/2015; REsp 1.144.750/RS, Rel.

Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 25/05/2011;

AgRg no REsp 1449331/SP, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES,

SEGUNDA TURMA, julgado em 05/05/2016, DJe 13/05/2016; AgInt nos EDcl

no REsp 1531301/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA

TURMA, julgado em 15/09/2016, DJe 11/10/2016) IV - Agravo interno

improvido” (AINTARESP - AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM

RECURSO ESPECIAL – 1122223, de 7/8/2018).

Ao que parece, a HRA é indenizatória por força da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista), que

modificou o §4º do artigo 71 da CLT: “A não concessão ou a concessão parcial do intervalo

intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o

pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50%

(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho”.

A verba denominada “quebra de caixa” possui natureza remuneratório, compondo o salário de

contribuição. Cuida-se de quantia em análise servir para "compensar" eventuais diferenças de

caixas, nos termos do artigo 462, caput, e § 1º, da CLT

(...)

p. 374

(...)

Vale registrar, inclusive, que a CLT veda que a empresa pague a verba de alimentação

em dinheiro (art. 457, §2º, modificado pela Lei 13.467/2017).

Saliente-se que a Receita Federal firmou posição administrativa pela incidência de

contribuição previdenciária sobre o cartão alimentação:

“Solução de Consulta nº 288 - Cosit

Data 26 de dezembro de 2018

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA. INCIDÊNCIA.

A parcela paga em pecúnia aos segurados empregados a título de auxílio- alimentação

integra a base de cálculo para fins de incidência das contribuições sociais previdenciárias a

cargo da empresa e dos segurados

empregados.

VINCULAÇÃO À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 353, DE 17 DE

DEZEMBRO DE 2014. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO IN NATURA.

A parcela in natura do auxílio-alimentação, a que se refere o inciso III do art. 58 da

Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, abrange tanto a cesta básica, quanto as refeições

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fornecidas pelo empregador aos seus empregados, e não integra a base de cálculo das

contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa e dos segurados empregados.

VINCULAÇÃO À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 130, DE 1º DE JUNHO DE

2015. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO PAGO EM TÍQUETES-ALIMENTAÇÃO OU CARTÃO

ALIMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA.

O auxílio-alimentação pago mediante tíquetes-alimentação ou cartão-alimentação

integra a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa

e dos segurados empregados”.

D) As importâncias recebidas a guisa de aviso prévio indenizado, férias e terço

indenizados, licença-prêmio indenizada, incentivo à demissão e multa de 40% sobre

o FGTS, pois ostentam natureza indenizatória;

A Lei 8.212/91 é silente no que concerne ao aviso prévio indenizado integrar ou não o salário

de contribuição. Até o advento do Decreto 6.727/2009, o Regulamento previa que o aviso

prévio indenizado não compunha o salário de contribuição. No entanto, o citado dispositivo foi

revogado (artigo 214, §9º, inciso V, letra F), passando o Regulamento a também silenciar a

respeito, em uma tentativa frustrada de o Poder Executivo da União de fazer incidir contribuição

previdenciária sobre o aviso prévio indenizado.

(...)

p. 381

(...)

O) As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata

o art. 3620 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965;

No entanto, essa parcela foi extinta desde o advento da Lei 12.865/2013, que expressamente

revogou o artigo 36 da Lei 4.870/65.

P) O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a

programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à

totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da

CLT;

(...)

p. 384

(...)

Isso porque, com a mudança do artigo 457 da CLT pela reforma trabalhista, os abonos mesmo

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que habituais não mais integram o salário do empregado, que a partir de agora é formado apenas

pela importância fixa estipulada, as gratificações legais e de função e as comissões pagas pelo

empregador.

Z) bolsa-atleta

Outrossim, também não incide contribuição sobre os valores recebidos a título de bolsa-

atleta, em conformidade com a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004, por força da Lei 13.756/2018.

Trata-se de verba INDENIZATÓRIA destinada prioritariamente aos atletas praticantes do

esporte de alto rendimento em modalidades olímpicas e paraolímpicas.

O rol acima referenciado é meramente exemplificativo, podendo ser composto por outras

parcelas indenizatórias não previstas no artigo 28, §9º, da Lei 8.212/91, pois a legislação não

teria como prever todas as parcelas de cunho indenizatório percebidas pelos segurados.

(...)

p. 385

(...)

Parcelas excluídas da composição do salário de contribuição

Presumidas por lei como indenizatórias

– Os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-

maternidade.

– As ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da

Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973 (hipóteses de transferência provisória ou

permanente).

– A parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação

aprovados pelo extinto Ministério do Trabalho (Programa de Alimentação do

Trabalhador).

– As importâncias recebidas a guisa de aviso prévio indenizado, férias e terço

indenizados, licença-prêmio indenizada, incentivo à demissão e multa de 40%

sobre o FGTS.

– As importâncias referentes aos ganhos eventuais e os abonos expressamente

desvinculados do salário; indenização por tempo de serviço, anterior a 05 de

outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo

de Serviço.

– A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria.

– A ajuda de custo (desde que limitada a 50% da remuneração mensal do

empregado), em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de

mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Parcelas excluídas da composição do salário de contribuição

Presumidas por lei como indenizatórias

– As diárias para viagens.

– A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de

estagiário para de acordo com a Lei 11.788/2008.

– A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de

acordo com lei específica (Lei 10.101/2000).

– O abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao

Servidor Público-PASEP.

– Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela

empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua

residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija

deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo

extinto Ministério do Trabalho.

– A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do

auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados

da empresa.

– As parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira,

de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965.

– O valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a

programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível

à totalidade de seus empregados e dirigentes.

– o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação

básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades

desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de

empregados, nos termos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, desde que

não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que o valor mensal do

plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não

ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou

o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do

salário-de-contribuição, o que for maior.

– O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios

fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos

respectivos serviços.

– O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso

creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite

máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas

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Parcelas excluídas da composição do salário de contribuição

Presumidas por lei como indenizatórias

realizadas.

– O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico,

próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas

com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas

médico-hospitalares e outras similares.

– A importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao

adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

– Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais.

– O valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT (inobservância do prazo

legal para o pagamento das verbas rescisórias).

– O valor correspondente ao vale-cultura.

– Abonos e prêmios.

- Bolsa-atleta.

p. 391

(...)

Destaque-se que os segurados deverão estar matriculados mediante a sua inscrição, recebendo

um NIT – Número de Identificação do Trabalhador perante a Previdência Social21.

Vale frisar que, por força do Princípio da Solidariedade e da regra do artigo 12,

§4º, da Lei 8.212/91, o aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que

estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime

é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às

contribuições previdenciárias para fins de custeio da Seguridade Social, mesmo sem

poder gozar de nova aposentadoria neste regime previdenciário.

Essa regra é constitucional de acordo com o posicionamento do STF:

“RE 447923 AgR-segundo / RS - RIO GRANDE DO SUL SEGUNDO AG.REG. NO

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CELSO DE MELLO

Julgamento: 26/05/2017 Órgão Julgador: Segunda Turma. E M E N T A:

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RECURSO EXTRAORDINÁRIO – EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA DO TRABALHADOR APOSENTADO QUE RETORNA À

ATIVIDADE (LEI Nº 8.212/91, ART. 12, § 4º, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI

Nº 9.032/95) – CONSTITUCIONALIDADE – DECISÃO QUE SE AJUSTA À

JURISPRUDÊNCIA PREVALECENTE NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

– CONSEQUENTE INVIABILIDADE DO RECURSO QUE A IMPUGNA –

SUBSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS QUE DÃO SUPORTE À DECISÃO

RECORRIDA – AGRAVO INTERNO IMPROVIDO”.

4.1. Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico

Na forma do quanto previsto no artigo 20, da Lei 8.212/91, a contribuição

previdenciária desses segurados terá alíquotas progressivas, que variarão em faixas de acordo

com o salário de contribuição, de forma não cumulativa, conforme a seguinte tabela com valores

atualizados para o ano de 2019 : TABELA DE CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS

EMPREGADO, EMPREGADO DOMÉSTICO E TRABALHADOR AVULSO, PARA

PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO A PARTIR DE 1º DE JANEIRO DE 2019:

SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO

(R$)

ALÍQUOTA PARA FINS DE RECOLHIMENTO AO

INSS

até 1.751,81 8%

de 1.751,82 até 2.919,72 9%

de 2.919,73 até 5.839,45 11 %

A previsão normativa das alíquotas não cumulativas é injusta e desproporcional. Significa que

se o segurado mudar para a faixa de 8% para 9 ou 11% será aplicada a alíquota maior pelo total

do salário de contribuição, e não apenas sobre o que exceder a faixa anterior. Deveria o artigo

20 da Lei 8.212/91 ter adotado o sistema de faixas.

p. 397

No caso dos empregados e avulsos, as empresas deverão fazer o recolhimento até o dia 20 ao

do mês subsequente ao da competência ou, se não for dia útil bancário, no imediatamente anterior,

conforme inovação da Lei 11.933/200922, ao passo que o empregador doméstico terá até o dia 15

do mês seguinte ao da competência para recolher a contribuição descontada do empregado

doméstico, ou o dia útil imediatamente posterior.

No entanto, por força da reforma trabalhista (MP 808/2017), restou inserida regra

previdenciária na CLT (art. 911-A) direcionada ao segurado empregado que prevê que, para fins

previdenciários, o recolhimento sobre salário de contribuição com valor nominal inferior a um

salário mínimo não será considerado para fins de manutenção da qualidade de segurado e para

fins de cômputo de carência, acaso o empregado não promova o recolhimento da diferença para

atingir a um salário mínimo.

Dessa forma, se um segurado empregado recebeu salário mensal de R$ 600,00 em uma

competência, este terá que recolher 8% sobre a diferença desse valor e do salário mínimo em

vigor até o dia 20 do mês seguinte para considerá-la para fins de carência e manutenção da

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qualidade de segurado.

A MP 808/2017 vigorou somente até o dia 23 de abril de 2018, tendo decaído por ausência

de votação no Congresso Nacional. Daí que as informações suso postas se limitam até essa

data, restaurando-se o regime jurídico anterior.

No entanto, o prazo para recolhimento da contribuição previdenciária do empregador

doméstico foi antecipado para o dia 7 (sete) pela LC 150/2015, que será antecipado se no dia 7

não for um dia útil, nos termos da Portaria Interministerial 822, de 30 de setembro de 201523, que

disciplina o regime unificado de pagamento de tributos, de contribuições e dos demais encargos

do empregador doméstico (Simples Doméstico).

Também nesse sentido a Lei 13.202/2015 alterou o artigo 30 da Lei 8.212/91, prevendo que

quando no dia 7 não houver expediente bancário, a data do pagamento será antecipada para o

primeiro dia útil anterior.

p. 404

Já existem inúmeras demandas judiciais em que o INSS rejeitou a validação dos

recolhimentos perpetrados por segurados facultativos à razão de 5% sobre um salário mínimo por

inexistência de inscrição no CADÚNICO ou então pela percepção de remuneração do segurado

no período.

A TNU, tem tese representativa de controvérsia, não concedeu efeitos retroativos à inscrição

no CadÚnico, mas apenas prospectivos:

EMENTA. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE

INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO

JULGADO COMO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (TEMA 181).

SEGURADO FACULTATIVO DE BAIXA RENDA. COMPROVAÇÃO DA

CONDIÇÃO DE BAIXA RENDA. INSCRIÇÃO NO CADÚNICO. REDUÇÃO DA

ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE

VALIDAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS ANTES DA INSCRIÇÃO.

INCIDENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. O OBJETO EM DISCUSSÃO CINGE-SE À ANÁLISE DO DIREITO À

VALIDAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES EFETUADAS PELA SEGURADA, NA

MODALIDADE FACULTATIVO DE BAIXA RENDA, ANTES

DA DATA DO REGISTRO NO CADASTRO ÚNICO DE PROGRAMAS SOCIAIS

DO GOVERNO FEDERAL.

2. O CONTRIBUINTE FACULTATIVO BAIXA RENDA, DESTINATÁRIO DA

ALÍQUOTA DE 5%, É AQUELE QUE SE DEDICA AO TRABALHO DOMÉSTICO EM

SUA RESIDÊNCIA, PERTENCENTE À FAMÍLIA DE BAIXA RENDA E INSCRITO

NO CADASTRO ÚNICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO FEDERAL -

CADÚNICO, CUJA RENDA MENSAL SEJA DE ATÉ 2 (DOIS) SALÁRIOS MÍNIMOS,

ART. 21, §2, II "B", E §4º, DA LEI Nº 8.212/91.

3. AS CONDIÇÕES SOCIECONÔMICAS, QUE INTERFEREM NO CUMPRIMENTO

DOS REQUISITOS E, DE CONSEQUÊNCIA, NO DIREITO À ALÍQUOTA

DIFERENCIADA, PODEM SOFRER ALTERAÇÕES COM O PASSAR DO TEMPO,

RAZÃO POR QUE O CADASTRO REPRESENTA UM CRITÉRIO SEGURO PARA SUA

AFERIÇÃO, NO MOMENTO EM QUE É FEITO.

4. DAÍ PORQUE A OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DE INSCREVER-SE

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PREVIAMENTE NO CADASTRO ÚNICO NÃO PODE SER INTERPRETADA COMO

UMA MERA EXIGÊNCIA DE ORDEM BUROCRÁTICA. E MAIS, NÃO PODE OPERAR

EFEITOS RETROATIVOS.

5. FIXADA TESE JURÍDICA REPRESENTATIVA DA CONTROVÉRSIA

(TEMA 181): "A PRÉVIA INSCRIÇÃO NO CADASTRO ÚNICO, PARA

PROGRAMAS SOCIAIS DO GOVERNO FEDERAL - CADÚNICO, É REQUISITO

ESSENCIAL PARA VALIDAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

VERTIDAS NA ALÍQUOTA DE 5% (ART. 21, § 2º, INCISO II, ALÍNEA "B", E § 4º,

DA LEI 8.212/91), E OS EFEITOS DESSA INSCRIÇÃO NÃO ALCANÇAM AS

CONTRIBUIÇÕES FEITAS ANTERIORMENTE".

A Turma Nacional de Uniformização, por maioria, decidiu CONHECER E NEGAR

PROVIMENTO ao incidente de uniformização, nos termos do voto do Juiz Federal Erivaldo

dos Santos. Incidente de Uniformização julgado como representativo da controvérsia,

conforme art. 17, VII, do RITNU (Tema 181).

Brasília, 21 de novembro de 2018.

O que a TNU não decidiu é se o INSS deve ou não facultar ao segurado (especialmente de

boa-fé) a complementação da alíquota de 5% para 11% com efeitos retroativos, o que pode ser a

diferença entre conceder ou negar um benefício por incapacidade ou mesmo uma pensão por

morte quando o risco social (incapacidade ou morte) se operou durante o pagamento da

contribuição de 5% do salário-mínimo sem que o segurado facultativo possuísse inscrição no

CadÚnico.

Entende-se ser razoável essa abertura de complemento com efeitos retroativos, exceto nas

situações em que restar demonstrada a má-fé do segurado.

Por sua vez, as validações são perpetradas somente no momento do requerimento do

benefício, de modo que a análise do atendimento dos requisitos legais para enquadramento como

facultativo de baixa renda tem sido posterior aos recolhimentos já realizados nessa categoria, o

que gera enorme insegurança jurídica, pois após anos de recolhimento o segurado corre o risco

de ter invalidados os recolhimentos, o que reforça a necessidade de urgente alteração da atual

sistemática.

p. 415

Ou seja, se a empresa não pagar as remunerações mensais ou adiantá-las, mesmo assim incidirá

a contribuição previdenciária patronal, pois se realiza a sua hipótese de incidência não só com as

parcelas pagas, mas também com as devidas ou creditadas.

De acordo com o artigo 457, §14, da CLT, inserido pela MP 808/2017, que disciplina o regime

das empresas que cobram as gorjetas, quando as empresas forem inscritas em regime de

tributação federal diferenciado, deverão lançá-la na respectiva nota de consumo, facultada a

retenção de até vinte por cento da arrecadação correspondente, mediante previsão em convenção

coletiva ou acordo coletivo de trabalho, para custear os encargos sociais, previdenciários e

trabalhistas derivados da sua integração à remuneração dos empregados, hipótese em que o valor

remanescente deverá ser revertido integralmente em favor do trabalhador.

Outrossim, quando não inscritas em regime de tributação federal diferenciado, deverão lançá-

la na respectiva nota de consumo, facultada a retenção de até trinta e três por cento da arrecadação

correspondente, mediante previsão em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, para

custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados da sua integração à

remuneração dos empregados, hipótese em que o valor remanescente deverá ser revertido

integralmente em favor do trabalhador.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

A MP 808/2017 vigorou somente até o dia 23 de abril de 2018, tendo decaído por ausência

de votação no Congresso Nacional. Daí que as informações suso postas se limitam até essa

data, restaurando-se o regime jurídico anterior.

Por força da Lei 13.189/2015, irá incidir contribuição previdenciária sobre o valor da

compensação pecuniária a ser paga no âmbito do Programa de Proteção ao Emprego

(PPE). Este programa foi redesignado para Programa Seguro-Emprego pela Medida Provisória

761/2016.

p. 441

A opção será manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a folha de

salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência subsequente ao início da

atividade rural, e será irretratável para todo o ano-calendário.

Por força da Lei 13.606/2018, não integra a base de cálculo da contribuição a produção rural

destinada ao plantio ou reflorestamento, nem o produto animal destinado à reprodução ou criação

pecuária ou granjeira e à utilização como cobaia para fins de pesquisas científicas, quando

vendido pelo próprio produtor e por quem a utilize diretamente com essas finalidades e, no caso

de produto vegetal, por pessoa ou entidade registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento que se dedique ao comércio de sementes e mudas no País. Em regra, a

responsabilidade tributária pelo recolhimento desta contribuição será do adquirente da produção,

e não do produtor rural pessoa física, exceto nas hipóteses do artigo 30, incisos X24 e XII25, da Lei

8.212/91, até o dia 20 do mês subsequente ao da operação ou consignação, ou, se não for dia útil

bancário, no imediatamente anterior.

p. 446

No entanto, com o falecimento do Ministro Teori Zavascki e a entrada do Ministro Alexandre

de Moraes no STF, o suso posicionamento foi revertido, tendo o STF por 6 x 5 validado a regra

do artigo 25 da Lei 8.212/91 (da inconstitucionalidade à constitucionalidade):

Informativo 859 - Contribuição social do empregador rural sobre a receita

da comercialização da produção

É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador

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rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita

bruta obtida com a comercialização de sua produção.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, deu provimento a recurso

extraordinário em que se discutia a constitucionalidade do art. 25 da Lei

8.212/1991, com a redação dada pelo art. 1º da Lei 10.256/2001, que reintroduziu,

após a Emenda Constitucional 20/1998, a contribuição a ser recolhida pelo

empregador rural pessoa física sobre a receita bruta proveniente da

comercialização de sua produção, mantendo a alíquota e a base de cálculo

instituídas por leis ordinárias declaradas inconstitucionais em controle difuso pelo

Supremo Tribunal Federal (STF).

O Colegiado observou que a Lei 9.528/1997 incluiu no “caput” do art. 25 da Lei

8.212/1991 a contribuição do empregador rural pessoa física, cuja base de cálculo

é a receita bruta proveniente da comercialização da produção. Como a receita

bruta não figurava no elenco do art. 195, I, da Constituição Federal (CF) como

uma base de cálculo possível para a incidência de contribuições sociais, o STF,

em dois precedentes, concluiu pela inconstitucionalidade do emprego dessa base

de cálculo, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, nos termos

do art. 195, § 4º, da CF.

Entretanto, com a Emenda Constitucional 20/1998, que incluiu a receita ao lado

do faturamento como uma materialidade passível de ser tributada para fins de

financiamento da seguridade social (CF, art. 195, I), passou a ser possível a

instituição de contribuição patronal do empregador rural pessoa física com base

na receita bruta proveniente da comercialização da produção. Assim, a Lei

10.256/2001 reincluiu a figura do empregador rural pessoa física na disciplina já

existente e em vigor para o segurado especial — produtor rural que não tem

empregados.

A Corte ressaltou que a norma impugnada, ao incluir um novo sujeito passivo no

dispositivo de uma lei que já existia e já definia claramente os elementos do fato

gerador, a base de cálculo e a alíquota, violou o princípio da legalidade.

Ademais, ao dar tratamento diferenciado para o produtor rural, o empregador rural

pessoa física e o empregador urbano pessoa física, a lei em questão não ofendeu

o princípio da isonomia, pois, se assim fosse, em nenhuma hipótese seria possível

desonerar a folha de salários como política tributária.

Vencidos os ministros Edson Fachin (relator), Rosa Weber, Ricardo

Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello, que negavam provimento ao

recurso.

Pontuavam que o art. 1º da Lei 10.256/2001, ao recolocar o empregador rural

pessoa física na condição de contribuinte do tributo, sem dispor expressamente

sobre os demais elementos da regra-matriz de incidência tributária, de modo a

aproveitar do binômio base de cálculo/fato gerador e da alíquota já prevista para

a figura do segurado especial, teria vulnerado a CF.

Não seria possível conceber técnica legislativa que permitisse o aproveitamento

das alíquotas e bases de cálculo de contribuição social com inconstitucionalidade

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reconhecida pelo STF.

Consignavam que a Emenda Constitucional 20/1998 em nada teria alterado essa

conclusão, pois inviável reputar a validade de uma norma legal anteriormente

considerada inconstitucional, em decorrência de uma alteração formal da CF.

Além disso, haveria inconstitucionalidade material da norma impugnada também

por patente violação ao princípio da isonomia, em virtude de injustificado

tratamento diferenciado conferido aos empregadores pessoa física, a depender da

ambiência do labor, se urbano ou rural.

Frisavam que também procederia a afirmação de que o empregador rural pessoa

física seria duplamente tributado, em razão da incidência simultânea de

contribuições sociais, o que atrairia a vedação ao “bis in idem”. RE 718874/RS,

rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,

julgamento em 29 e 30.3.2017. (RE-718874).

“Informativo 903 - DIREITO TRIBUTÁRIO – LIMITAÇÃO AO PODER DE

TRIBUTAR E DE CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR RURAL

PESSOA FÍSICA

O Plenário, por maioria, ao concluir julgamentos iniciados por meio eletrônico,

rejeitou oito embargos de declaração opostos do acórdão no qual fixada a seguinte

tese de repercussão geral (Tema 669): “É constitucional formal e materialmente a

contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei

10.256/2001, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua

produção” ( Informativo 859).

Os embargantes alegavam não terem sido observados os precedentes firmados nos

Recursos Extraordinários 363.852/MG e 596.177/RS e haver fato superveniente apto a

alterar o que resolvido, consubstanciado na edição da Resolução 15/2017 (1) pelo Senado

Federal, com base no art. 52, X (2), da Constituição Federal (CF).

Na hipótese do não acolhimento, requeriam a modulação temporal da eficácia da decisão

embargada, sob o argumento de ter havido superação de jurisprudência desta Corte e

existir impactos econômico e social, ressalvando-se da aplicação dos seus efeitos os fatos

anteriores aos declaratórios ou, ao menos, anteriores a 30.3.2017, quando finalizada a

apreciação do recurso extraordinário.

O Colegiado assentou inexistir obscuridade, dúvida, contradição ou omissão no

pronunciamento embargado. Os recorrentes pretendiam, com os embargos, um novo

julgamento do mérito do recurso extraordinário.

Lembrou que os precedentes referidos foram afastados e isso, amplamente discutido.

Ambos tinham como premissa básica a necessidade de edição de lei complementar,

porque fixados por interpretação e análise de casos anteriores à Emenda Constitucional

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(EC) 20/1998. Com o advento da EC, a obrigatoriedade foi alterada e, com fundamento

nela, editada a Lei 10.256/2001.

Ocorreu a mudança da legislação, e não da jurisprudência. A possibilidade de cobrança

com apoio no novo ordenamento jurídico construído a partir da EC 20/1998 e da Lei

10.256/2001 não havia sido analisada antes. O Supremo Tribunal Federal (STF)

expressamente repeliu a alegação de inconstitucionalidade superveniente por serem

quadros normativos diversos.

Ademais, a Corte negou pedido de aplicação de fato superveniente. A Resolução 15/2017

foi editada sem qualquer nexo de causalidade com o que resolvido neste recurso

extraordinário. O Senado Federal embasou-se no RE 363.852/MG, em que declarada a

inconstitucionalidade incidental da legislação anterior. Não se aplica o fato à situação dos

autos, até porque o art. 52, X, somente permite a suspensão pelo Senado do que declarado

incidentalmente inconstitucional pelo Supremo. No julgado atual, houve declaração de

constitucionalidade.

O Plenário considerou incabível a modulação requerida. Isso porque não houve alteração

jurisprudencial nem declaração de inconstitucionalidade a ensejá-la. O STF reconheceu a

constitucionalidade de lei vigente e eficaz desde 2001. Sem a modulação, tem-se o

respeito à igualdade dos contribuintes e à legislação. Prestigia-se a boa-fé e a segurança

jurídica. Eventual modulação — sem a declaração de inconstitucionalidade e sem a

alteração jurisprudencial — estaria a incentivar o contribuinte, a partir de qualquer

modificação legislativa, a tentar obter liminar em vez de pagar seus tributos. Além disso,

feriria a boa-fé e a segurança jurídica daqueles que há 17 anos contribuem e cumprem a

lei. Os poucos que obtiveram liminares teriam anistia total de uma lei jamais declarada

inconstitucional.

Os eventuais reflexos de decisão do STF a reafirmar a constitucionalidade podem ser

discutidos no campo político-normativo. Quanto aos reflexos deste recurso

extraordinário, o próprio Congresso Nacional editou a Lei 13.606/2018, que disciplinou

detalhadamente o Programa de Regularização Tributária Rural (PRR), inclusive dando

uma ampla e parcial anistia a todos os devedores. A modulação pretendida, além de não

ser possível juridicamente, via reflexa, afastaria a incidência da Lei 13.606/2018.

Vencidos os ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Marco Aurélio, que acolheram os

embargos para modular os efeitos da decisão de constitucionalidade. Reputaram ser

hipótese de mudança da orientação jurisprudencial do STF [CPC, art. 927, § 3º (3)]. A

ministra Rosa Weber concluiu ter havido a alteração pelo menos na percepção da

sociedade. RE 718874 ED-primeiros a oitavos/RS, rel. Min. Alexandre de Moraes,

julgamento em 23.5.2018. (RE-718874).”

No mais, equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de

produtores rurais, formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um

deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços,

exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e

documentos.

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p. 440

A alíquota da contribuição era de 2,5% sobre a receita bruta proveniente da

comercialização da sua produção26, sofrendo um acréscimo de 0,1% para financiamento das

prestações por acidente do trabalho (contribuição SAT), o que perfazia um total de 2,6%,

sendo do próprio produtor rural pessoa jurídica a responsabilidade pelo seu recolhimento.

No entanto, a Lei 13.606/2018 alterou o artigo 25, da Lei 8.870/94. Após veto presidencial

à alteração, o Congresso Nacional derrubou o veto e reduziu a contribuição do empregador

rural pessoa jurídica de 2,6% para 1,8% no total:

Art. 25. A contribuição devida à seguridade social pelo empregador, pessoa jurídica, que se

dedique à produção rural, em substituição à prevista nos incisos I e II do art. 22 da Lei nº

8.212, de 24 de julho de 1991, passa a ser a seguinte: (Redação dada pela Lei nº

10.256, de 9.7.2001)

I - 1,7% (um inteiro e sete décimos por cento) da receita bruta proveniente da

comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 13.606, de

2018)

II - um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização de sua

produção, para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho.

Ademais, não integra a base de cálculo da contribuição citada a produção rural destinada ao

plantio ou reflorestamento, nem o produto animal destinado à reprodução ou criação pecuária ou

granjeira e à utilização como cobaia para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo

próprio produtor e por quem a utilize diretamente com essas finalidades e, no caso de produto

vegetal, por pessoa ou entidade registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

que se dedique ao comércio de sementes e mudas no País.

Tal qual o produtor rural pessoa física, o empregador rural pessoa jurídica enquadra-se como

contribuinte individual, devendo também verter as suas contribuições previdenciárias como

segurado obrigatório do RGPS.

p. 448

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TABELA SIMPLIFICADA DAS CONTRIBUIÇÕES SUBSTITUTIVAS DA

PARTE PATRONAL

INCIDENTES SOBRE AS REMUNERAÇÕES DOS EMPREGADOS E

AVULSOS

Beneficiári

os

Alíq

uota Base de cálculo

Responsabilid

ade pelo

recolhimento

Prazo

Associaçõe

s

desportiva

s que

mantém

times de

futebol

profissiona

l

5%

Receita bruta decorrente

dos espetáculos desportivos

de que participem em todo

território nacional; qualquer

forma de patrocínio,

licenciamento de uso de

marcas e símbolos,

publicidade, propaganda e

de transmissão de

espetáculos desportivos

Entidade

promotora do

espetáculo;

empresa

pagadora

Até 02 dias

úteis após a

realização do

evento

esportivo; até

o dia 20 do

mês

subsequente

ao da

competência

Produtor

rural

pessoa

física

1,3%

Receita bruta proveniente

da comercialização

da sua produção

Em regra, a

responsabilida

de tributária

pelo

recolhimento

será do

adquirente da

produção

Até o dia 20

do mês

subsequente

ao da operação

ou

consignação

Produtor

rural

pessoa

jurídica

1,8%

Receita bruta proveniente

da comercialização

da sua produção

Será do próprio

produtor rural

Até o dia 20

do mês

subsequente

ao da

operação ou

consignação

p. 448

8. SUBSTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS

REMUNERAÇÕES PELA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A RECEITA OU

FATURAMENTO DAS EMPRESAS

Conforme estudado no Título I, a teor do artigo 195, §13, da Constituição, é possível que

haja a substituição gradativa da contribuição previdenciária patronal pela COFINS, total

ou parcialmente, observada a não cumulatividade, com o propósito de desonerar as folhas de

salários das empresas.

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Esta disposição constitucional, fruto da Emenda 42/2003, já foi parcialmente regulamentada

em alguns segmentos por normas especiais, muito embora não tenha alterado as regras da Lei

8.212/91.

Na atualidade os artigos 7º e 8º da Lei 12.546/2011, alterada pela Lei 13.161/2015 tratam do

tema, tendo as alíquotas sido majoradas e a substituição se tornado facultativa cabendo à

Instrução Normativa 1.436, da lavra da Secretaria da Receita Federal do Brasil, de 30 de dezembro

de 2013, alterada em 05 de dezembro de 2014 e em 1º de dezembro de 2015, regulamentá-la.

Posteriormente, nova alteração foi perpetrada pela IN RFB 1.812/2018.

Houve a redução a zero das contribuições de 20% previstas nos incisos I e III do artigo 22 da

Lei 8.212/91, compensada pela majoração da contribuição sobre a receita ou faturamento em

1,0%, 2,5%, 3,0$ e 4,5%, a depender do segmento.

A opção pela mencionada tributação substitutiva será manifestada mediante o pagamento da

contribuição incidente sobre a receita bruta relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira

competência subsequente para a qual haja receita bruta apurada, e será irretratável para todo o

ano calendário.

p. 498

Apesar disso, o TRF da 5ª Região não vem admitindo a compensação de créditos de

contribuições previdenciárias patronais com tributos federais de outra natureza, aduzindo que “os

valores recolhidos indevidamente, a título de contribuição previdenciária patronal, apenas

poderão ser compensados com débitos alusivos a tributos dessa mesma espécie, face à previsão

constante no parágrafo único do art. 26 da Lei nº. 11.457/07, que veda a aplicação da autorização

prevista no art. 74, da Lei nº. 9.430/96 às contribuições previstas no art. 11, parágrafo único,

alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’, da Lei nº. 8.212/91”27.

O tema restou pacificado com o advento da revogação do parágrafo único do artigo 26 da Lei

11.457/2007 pela Lei 13.670/2018, passando a ser possível a aludida compensação tributária.

Nesse sentido, a Instrução Normativa 1.810/2018 da Receita Federal passou a permitir a

compensação de créditos tributários federais com débitos de contribuição previdenciária.

No mais, por força do artigo 170-A, do CTN, é vedada a compensação mediante o

aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito

em julgado da respectiva decisão judicial.

p. 498

15. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO

A Certidão Negativa de Débito – CND da seguridade social é um ato administrativo que

comprova a inexistência de débitos perante a União, tendo sido unificada para todos os tributos

federais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e exigível da empresa e do

proprietário nas hipóteses do artigo 47, da Lei 8.212/91:

I – da empresa:

a) na contratação com o Poder Público e no recebimento de benefícios ou

incentivo fiscal ou creditício concedido por ele;

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b) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel ou direito a ele

relativo;

c) na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel de valor superior a

R$ 60.281,11 (valor atualizado para ao ano de 2019) incorporado ao ativo

permanente da empresa;

d) no registro ou arquivamento, no órgão próprio, de ato relativo a baixa ou

redução de capital de firma individual, redução de capital social, cisão total ou

parcial, transformação ou extinção de entidade ou sociedade comercial ou civil e

transferência de controle de cotas de sociedades de responsabilidade limitada;

II – do proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de construção civil, quando

de sua averbação no registro de imóveis, salvo no caso do inciso VIII do art. 30.

p. 506

17. DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

De acordo com o artigo 92, da Lei 8.212/91, a infração de qualquer dispositivo desta Lei para

a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade

da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez

milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento.

Este artigo é regulamentado pelos artigos 282 e 283 do Decreto 3.048/99, já com os

valores atualizados para o ano de 2019 pela Portaria anual do Ministério da Economia :

“Art. 282. A seguridade social, por meio de seus órgãos competentes, promoverá

a apreensão de comprovantes de arrecadação e de pagamento de benefícios, bem

como de quaisquer documentos pertinentes, inclusive contábeis, mediante

lavratura do competente termo, com a finalidade de apurar administrativamente

a ocorrência dos crimes previstos em lei.

Parágrafo único. O Instituto Nacional do Seguro Social e a Secretaria da Receita

Federal estabelecerão normas específicas para:

I - apreensão de comprovantes e demais documentos;

II - apuração administrativa da ocorrência de crimes;

III - devolução de comprovantes e demais documentos;

IV - instrução do processo administrativo de apuração;

V - encaminhamento do resultado da apuração referida no inciso IV à autoridade

competente; e

VI - acompanhamento de processo judicial.

Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de

1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade

expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa

variável de R$ 2.411,28 a 241.126,88 , conforme a gravidade da infração,

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aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes

valores:

I - a partir de R$ 2.411,28 nas seguintes infrações:

a) deixar a empresa de preparar folha de pagamento das remunerações pagas,

devidas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com este

Regulamento e com os demais padrões e normas estabelecidos pelo Instituto

Nacional do Seguro Social;

b) deixar a empresa de se matricular no Instituto Nacional do Seguro Social,

dentro de trinta dias contados da data do início de suas atividades, quando não

sujeita a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;

c) deixar a empresa de descontar da remuneração paga aos segurados a seu serviço

importância proveniente de dívida ou responsabilidade por eles contraída junto à

seguridade social, relativa a benefícios pagos indevidamente;

d) deixar a empresa de matricular no Instituto Nacional do Seguro Social obra de

construção civil de sua propriedade ou executada sob sua responsabilidade no

prazo de trinta dias do início das respectivas atividades;

e) deixar o Titular de Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais de comunicar

ao Instituto Nacional do Seguro Social, até o dia dez de cada mês, a ocorrência ou

a não-ocorrência de óbitos, no mês imediatamente anterior, bem como enviar

informações inexatas, conforme o disposto no art. 228;

f) deixar o dirigente dos órgãos municipais competentes de prestar ao Instituto

Nacional do Seguro Social as informações concernentes aos alvarás, “habite-se”

ou documento equivalente, relativos a construção civil, na forma do art. 226; e

g) deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos

segurados a seu serviço;

h) deixar a empresa de elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico

abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este,

quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento; e

II - a partir de R$ 24.112,64 nas seguintes infrações:

a) deixar a empresa de lançar mensalmente, em títulos próprios de sua

contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as

contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa

e os totais recolhidos;

b) deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à

Secretaria da Receita Federal os documentos que contenham as informações

cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles

estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à fiscalização;

c) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial

de exigir documento comprobatório de inexistência de débito, quando da

contratação com o poder público ou no recebimento de benefício ou de incentivo

fiscal ou creditício;

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d) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial

de exigir o documento comprobatório de inexistência de débito, quando da

alienação ou oneração, a qualquer título, de bem imóvel ou direito a ele relativo;

e) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial

de exigir a apresentação do documento comprobatório de inexistência de débito

na alienação ou oneração, a qualquer título, de bem móvel incorporado ao ativo

permanente da empresa, de valor superior a R$ 60.281,11;

f) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial

de exigir documento comprobatório de inexistência de débito no registro ou

arquivamento, no órgão próprio, de ato relativo a baixa ou redução de capital de

firma individual, redução de capital social, cisão total ou parcial, transformação

ou extinção de entidade ou sociedade comercial ou civil e transferência de controle

de cotas de sociedades de responsabilidade limitada;

g) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia

extrajudicial de exigir documento comprobatório de inexistência de débito do

proprietário, pessoa física ou jurídica, de obra de construção civil, quando da

averbação de obra no Registro de Imóveis;

h) deixar o servidor, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia extrajudicial

de exigir documento comprobatório de inexistência de débito do incorporador,

quando da averbação de obra no Registro de Imóveis, independentemente do

documento apresentado por ocasião da inscrição do memorial de incorporação;

i) deixar o dirigente da entidade da administração pública direta ou indireta de

consignar as dotações necessárias ao pagamento das contribuições devidas à

seguridade social, de modo a assegurar a sua regular liquidação dentro do

exercício;

j) deixar a empresa, o servidor de órgão público da administração direta e indireta,

o segurado da previdência social, o serventuário da Justiça ou o titular de serventia

extrajudicial, o síndico ou seu representante, o comissário ou o liquidante de

empresa em liquidação judicial ou extrajudicial, de exibir os documentos e livros

relacionados com as contribuições previstas neste Regulamento ou apresentá-los

sem atender às formalidades legais exigidas ou contendo informação diversa da

realidade ou, ainda, com omissão de informação verdadeira;

l) deixar a entidade promotora do espetáculo desportivo de efetuar o desconto da

contribuição prevista no § 1º do art. 205;

m) deixar a empresa ou entidade de reter e recolher a contribuição prevista no §

3º do art. 205;

n) deixar a empresa de manter laudo técnico atualizado com referência aos agentes

nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou emitir

documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo

laudo; e

§ 1º Considera-se dirigente, para os fins do disposto neste Capítulo, aquele que

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tem a competência funcional para decidir a prática ou não do ato que constitua

infração à legislação da seguridade social.

§ 2º A falta de inscrição do segurado sujeita o responsável à multa de R$ 2.411,28,

por segurado não inscrito.

§ 3º As demais infrações a dispositivos da legislação, para as quais não haja

penalidade expressamente cominada, sujeitam o infrator à multa de R$ 2.411,28”.

p. 530

Logo, o contribuinte individual, quer autônomo, quer prestando serviços à pessoa jurídica,

não terá deferido pelo INSS benefício por acidente de trabalho, e sim benefício comum, o mesmo

ocorrendo com o segurado facultativo, que sequer trabalha.

Revendo a sua jurisprudência de modo técnico, o STJ vem pronunciando a competência da

Justiça Federal nas demandas envolvendo contribuinte individual autônomo:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONFLITO NEGATIVO DE

COMPETÊNCIA. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BENEFÍCIO POR

INCAPACIDADE. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.

LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA EXCLUDENTE. NATUREZA

PREVIDENCIÁRIA DO BENEFÍCIO. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 19 DA

LEI 8.213/1991. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. JUÍZO

SUSCITADO.

1. No caso, tramita ação previdenciária em que ser requer a condenação do INSS

ao pagamento de benefício previdenciário por incapacidade, em que o autor

ostenta a qualidade de segurado contribuinte individual.

2. O segurado contribuinte individual integra o rol dos segurados obrigatórios do

Regime Geral de Previdência Social. O artigo 12, V, da Lei 8.212/1991 e o artigo

9º, V, do Decreto 3.048/1999, com a redação dada pela Lei 9.876/1999, elencam

quem são os segurados contribuintes individuais. São igualmente segurados

contribuintes individuais, o médico-residente, por força da Lei 6.932/1981 com a

redação dada pela Lei 12.514/2011; o cônjuge ou companheiro do produtor que

participe da atividade rural por este explorada; o bolsista da Fundação

Habitacional do Exército, contratado em conformidade com a Lei 6.855/1980 e o

árbitro de competições desportivas e seus auxiliares que atuem em conformidade

com a Lei 9.615/1998.

2. Consoante artigo 19 da Lei 8.213/1991, somente os segurados empregados,

incluídos os temporários, os segurados trabalhadores avulsos e os segurados

especiais fazem jus aos benefícios previdenciários por acidente do trabalho. O

ordenamento jurídico fez incluir o segurado empregado doméstico no rol do artigo

19, em observância à Emenda Constitucional 72 e à Lei Complementar 150/2015.

3. O artigo 109, I, da Constituição Federal de 1988, ao excetuar da competência

federal as causas de acidente do trabalho, abarcou tão somente as lides

estritamente acidentárias, movidas pelo segurado contra o INSS.

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4. O acidente sofrido por trabalhador classificado pela lei previdenciária

como segurado contribuinte individual, por expressa determinação legal, não

configura acidente do trabalho, não ensejando, portanto, a concessão de

benefício acidentário, apenas previdenciário, sob a jurisdição da Justiça

Federal.

5. Conflito negativo de competência conhecido para declarar a competência da

Justiça Federal (CC 140943, 1ª Seção, 8/2/2017).

7. PRESCRIÇÃO DOS BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS

De acordo com o artigo 104, da Lei 8.213/91, as ações referentes à prestação por acidente do

trabalho prescrevem em cinco anos, contados da data:

p. 554

Sobre o tema, o STJ decidiu não ser possível a configuração simultânea de duas uniões

estáveis, devendo um dos relacionamentos ser tratado como sociedade de fato, pois também

existe o dever de lealdade entre os companheiros28:

“Direito civil. Família. Paralelismo de uniões afetivas. Recurso especial. Ações

de reconhecimento de uniões estáveis concomitantes. Casamento válido

dissolvido. Peculiaridades. – Sob a tônica dos arts. 1.723 e 1.724 do CC/02, para

a configuração da união estável como entidade familiar, devem estar presentes,

na relação afetiva, os seguintes requisitos: (i) dualidade de sexos; (ii)

publicidade; (iii) continuidade; (iv) durabilidade; (v) objetivo de constituição de

família; (vi) ausência de impedimentos para o casamento, ressalvadas as

hipóteses de separação de fato ou judicial; (vii) observância dos deveres de

lealdade, respeito e assistência, bem como de guarda, sustento e educação dos

filhos. – A análise dos requisitos ínsitos à união estável deve centrar-se na

conjunção de fatores presente em cada hipótese, como a affectio societatis

familiar, a participação de esforços, a posse do estado de casado, a continuidade

da união, a fidelidade, entre outros. – A despeito do reconhecimento – na dicção

do acórdão recorrido – da “união estável” entre o falecido e sua ex-mulher, em

concomitância com união estável preexistente, por ele mantida com a recorrente,

certo é que já havia se operado – entre os ex-cônjuges – a dissolução do

casamento válido pelo divórcio, nos termos do art. 1.571, § 1º, do CC/02,

rompendo-se, em definitivo, os laços matrimoniais outrora existentes entre

ambos. A continuidade da relação, sob a roupagem de união estável, não se

enquadra nos moldes da norma civil vigente – art. 1.724 do CC/02 –, porquanto

esse relacionamento encontra obstáculo intransponível no dever de lealdade a

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ser observado entre os companheiros. – O dever de lealdade “implica franqueza,

consideração, sinceridade, informação e, sem dúvida, fidelidade. Numa relação

afetiva entre homem e mulher, necessariamente monogâmica, constitutiva de

família, além de um dever jurídico, a fidelidade é requisito natural” (Veloso,

Zeno apud Ponzoni, Laura de Toledo. Famílias simultâneas: união estável e

concubinato. Disponível em http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=461.

Acesso em abril de 2010). – Uma sociedade que apresenta como elemento

estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de fidelidade – que integra o

conceito de lealdade – para o fim de inserir no âmbito do Direito de Família

relações afetivas paralelas e, por consequência, desleais, sem descurar que o

núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a busca da realização de seus

integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. – As uniões afetivas plúrimas,

múltiplas, simultâneas e paralelas têm ornado o cenário fático dos processos de

família, com os mais inusitados arranjos, entre eles, aqueles em que um sujeito

direciona seu afeto para um, dois, ou mais outros sujeitos, formando núcleos

distintos e concomitantes, muitas vezes colidentes em seus interesses. – Ao

analisar as lides que apresentam paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às

peculiaridades multifacetadas apresentadas em cada caso, decidir com base na

dignidade da pessoa humana, na solidariedade, na afetividade, na busca da

felicidade, na liberdade, na igualdade, bem assim, com redobrada atenção ao

primado da monogamia, com os pés fincados no princípio da eticidade. –

Emprestar aos novos arranjos familiares, de uma forma linear, os efeitos

jurídicos inerentes à união estável, implicaria julgar contra o que dispõe a

lei; isso porque o art. 1.727 do CC/02 regulou, em sua esfera de abrangência,

as relações afetivas não eventuais em que se fazem presentes impedimentos

para casar, de forma que só podem constituir concubinato os

relacionamentos paralelos a casamento ou união estável pré e coexistente.

Recurso especial provido”.

Vale registrar que, com o advento da MP 871/2019, restou inserido no artigo 16 da Lei

8.213/91 um quinto parágrafo que aduz: “a prova de união estável e de dependência econômica

exigem início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente

testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto

no Regulamento”.

Assim, resta afastado o Princípio do Livre Convencimento Motivado e adotada a tarifação de

prova para dar mais segurança jurídica, considerando a existência de casos habituais de falsos

testemunhos e para preservar o Erário contra algumas situações de fraude na prova da união

estável.

Vale registrar que se cuida de regra processual inerente à prova da condição de dependente,

de modo que possui aplicação imediata a todos os processos pendentes de decisão para óbitos

anteriores à vigência da alteração normativa, pois somente regras de direito material não possuem

retroação.

Conquanto o tema esteja pacificado até o momento nos Tribunais Superiores, crê-se que é curial

se fazer a distinção entre o cônjuge enganado e o consciente da relação paralela. Com

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propriedade, a prática do foro na Seção Judiciária na Bahia mostra que na maioria das hipóteses

de relação concubinária o cônjuge traído tem ciência do outro relacionamento e normalmente o

aceita tacitamente, quer por questões financeiras, quer por dependência emocional ou mesmo

por práticas machistas tradicionais da nossa sociedade.

p. 573

Contudo, ao que parece, essa exigência regulamentar se afigurava ilegal, pois o artigo 55, §3º,

da Lei 8.213/91, apenas exige início de prova material para a comprovação de tempo de serviço,

e não de dependência econômica ou parentesco.

Inclusive, esta é a posição do STJ:

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.

PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. COMPROVAÇÃO.

AGRAVO IMPROVIDO. 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal, no

âmbito da Quinta e da Sexta Turma, já consolidou entendimento no sentido

de que não se exige início de prova material para comprovação da

dependência econômica de mãe para com o filho, para fins de obtenção do

benefício de pensão por morte. 2. Agravo improvido” (AGREsp 886,069, de

25.09.2008).

“INFORMATIVO 527- DIREITO PREVIDENCIÁRIO. COMPROVAÇÃO

DA UNIÃO ESTÁVEL PARA EFEITO DE CONCESSÃO DE PENSÃO

POR MORTE.

Para a concessão de pensão por morte, é possível a comprovação da união

estável por meio de prova exclusivamente testemunhal. Ressalte-se,

inicialmente, que a prova testemunhal é sempre admissível caso a legislação não

disponha em sentido contrário. Ademais, a Lei 8.213/1991 somente exige prova

documental quando se tratar de comprovação do tempo de serviço. Precedentes

citados: REsp 778.384-GO, Quinta Turma, DJ 18/9/2006; e REsp 783.697-GO,

Sexta Turma, DJ 9/10/2006. AR 3.905-PE, Rel. Min. Campos Marques

(Desembargador convocado do TJ-PR), julgado em 26/6/2013”.

Este também é o posicionamento da TNU, que no dia 23 de agosto de 2012 publicou a Súmula

63:

“Súmula 63 – A comprovação de união estável para efeito de concessão de

pensão por morte prescinde de início de prova material”.

Isto foi modificado com o advento da MP 871/2019, tornando a posição Regulamentar válida

e afastando a jurisprudência citada. Isso porque restou inserido no artigo 16 da Lei 8.213/91 um

quarto parágrafo que aduz: “a prova de união estável e de dependência econômica exigem início

de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal,

exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no

Regulamento”.

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Assim, resta afastado o Princípio do Livre Convencimento Motivado e adotada a tarifação de

prova para dar mais segurança jurídica, considerando a existência de casos habituais de falsos

testemunhos e para preservar o Erário contra algumas situações de fraude.

Vale registrar que se cuida de regra processual inerente à prova da condição de dependente,

de modo que possui aplicação imediata a todos os processos pendentes de decisão para óbitos

anteriores à vigência da alteração normativa, pois somente regras de direito material não possuem

retroação.

A percepção pelos pais do segurado falecido de remuneração ou de benefício previdenciário

anterior já constituem indícios contrários à comprovação de dependência econômica, máxime

quando os valores são superiores a um salário mínimo.

p. 575

3.3. Classe III

Nesta terceira e última classe se encontra o irmão, de qualquer condição, menor de 21 (vinte

e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta

ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Para receber o benefício, é curial

que inexistam dependentes nas classes superiores, assim como se demonstre a concreta

dependência econômica.

Vale registrar que, com o advento da MP 871/2019, restou inserido no artigo 16 da Lei

8.213/91 um quinto parágrafo que aduz: “a prova de união estável e de dependência econômica

exigem início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente

testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto

no Regulamento”.

Este inciso III do artigo 16, da Lei 8.213/91, sofreu mais de uma modificação com o advento da

Lei 13.135/2015, mas nem todas entraram em vigor no dia da sua publicação operada em 18/6/2015

(art. 6º, da Lei 13.135), que passará a ter a seguinte redação no futuro:

III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido

ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos

termos do regulamento.

Nota-se que foi retirada a emancipação como causa de antecipação da maioridade previdenciária

(vigência em 18/6/2015); foi retirada a exigência de incapacidade civil do irmão com

deficiência mensal ou intelectual, e excluída a necessidade de interdição judicial (vigência em

18/6/2017); foi inserido como dependente o irmão com deficiência grave, nos termos do

regulamento (vigência em 180 dias, a contar de 18/6/2015).

p. 580

A emissão da CTC pelos órgãos gestores dos Regimes Próprios deverá observar os ditames

da Portaria MPS 154/200829, só podendo ser expedida para ex-servidor. Concedido o

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benefício, caberá ao órgão concessor comunicar o fato, por ofício, ao regime previdenciário

emitente da CTC, para os registros e providências cabíveis, podendo haver revisão da CTC

pelo ente federativo emissor, inclusive para fracionamento de períodos, desde que

previamente devolvida a certidão original.

p. 584

ANEXO IV

(TIMBRE DO ÓRGÃO OU ENTIDADE EMITENTE)

DECLARAÇÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO AO RPPS

PARA APLICAÇÃO DE ACORDOS INTERNACIONAIS DE

PREVIDÊNCIA SOCIAL

ÓRGÃO EXPEDIDOR: CNPJ:

DADOS PESSOAIS

NOME:

RG: ÓRGÃO EXPEDIDOR: DATA DE

EXPEDIÇÃO:

CPF: TÍTULO DE ELEITOR: PIS/PASEP:

DATA DE

NASCIMENTO:

NOME DA MÃE:

ENDEREÇO:

DADOS FUNCIONAIS

APOSENTA NÃO SIM DATA DA APOSENTADORIA:

que corresponde ao tempo bruto de dias de vínculo ao RPPS de data a

data, inclusive o dia adicional dos anos bissextos, descontados os períodos de faltas,

suspensões, disponibilidade, licenças e outros afastamentos sem remuneração

declaração expressa do servidor responsável pela emissão da certidão, indicando o tempo

líquido de efetiva contribuição em dias e o equivalente em anos, meses e dias, considerando-

se o mês de 30 (trinta) e o ano de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias

relação das

remunerações de contribuição por competência, a serem utilizadas no cálculo dos proventos

da aposentadoria, apuradas em todo o período certificado desde a competência julho de

1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, sob a forma de

anexo

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DO:

CARGO EFETIVO:

ÓRGÃO DE LOTAÇÃO:

DATA DE ADMISSÃO: MATRÍCULA:

DADOS DO BENEFÍCIO:

BENEFPICIO A SER REQUERIDO:

PERÍODO DE CONTRIBUIÇÃO AO RPPS

DE: ___/___/____ A ___/___/____:

FONTE DE INFORMAÇÃO:

DECLARO que até esta data o servidor conta, de efetivo exercício prestado neste

Órgão, o tempo líquido de contribuição de ____ dias, correspondente a ____ anos,

____ meses e ____ dias.

Lavrei esta Declaração, que não contém

emendas nem rasuras.

____________________________

Assinatura e carimbo do servidor

Nome/Matrícula/Cargo

Visto do Dirigente do Órgão

_____________________________

Assinatura e carimbo do dirigente

Nome/Matrícula/Cargo

LOCAL E DATA:

OBSERVAÇÕES / OCORRÊNCIAS:

UNIDADE GESTORA DO RPPS

HOMOLOGO a presente Declaração de Tempo de Contribuição ao RPPS e declaro

que as informações nela constantes correspondem à verdade.

Local e data: __________________

Assinatura e carimbo do Dirigente da UG

A Portaria MPS 154/2008 foi ainda modificada pela Portaria MF 393/2018, sendo previsto

que, até que leis complementares federais disciplinem as aposentadorias especiais previstas no §

4º do art. 40 da Constituição Federal, a informação na CTC sobre o tempo de contribuição

reconhecido como tempo especial está restrita às hipóteses de:

I - servidor com deficiência, com amparo em decisão judicial;

II - exercício de atividades de risco, conforme Lei Complementar nº 51, de 20 de

dezembro de 1985, ou com amparo em decisão judicial; e

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III - exercício de atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a

integridade física, nos limites da Súmula Vinculante nº 33 ou com amparo em decisão

judicial.

De acordo com o entendimento administrativo do INSS, que decorre de regra do Decreto

3.048/99, se o segurado estiver em gozo de abono de permanência em serviço, auxílio-acidente

e auxílio-suplementar e requerer CTC referente ao período de filiação ao RGPS para efeito de

aposentadoria junto ao RPPS, poderá ser atendido em sua pretensão, porém o benefício será

encerrado na data da emissão da respectiva certidão30.

Entende-se que esse dispositivo pode não ser válido. No caso de segurado do RGPS que é

titular de auxílio-acidente, por exemplo, não tem base legal a previsão regulamentar no que se

refere ao tempo de contribuição prestado após a data de início do benefício, pois este não foi

considerado para a concessão do benefício.

Já o tempo de contribuição que precede à DIB do benefício, é razoável a previsão

regulamentar, pois considerado para a sua concessão.

Nos termos do artigo 473, da IN INSS 77/2015, a CTC relativa ao militar, tanto o integrante

da Força Armada quanto o militar dos Estados e do Distrito Federal, por ter regras constitucionais

previdenciárias diferenciadas do servidor titular de cargo efetivo, não se submete às normas

definidas na Portaria MPS nº 154, de 15 de maio de 2008.

No caso de CTC militar, serão aplicadas as regras do artigo 198 do RLSM e Portaria nº

060/DGP, de 12 de setembro de 2000 – (Normas para a Emissão de Certidão de Tempo de Serviço

Militar para Militares da Ativa e Inativos e para Civis):

PROCEDIMENTOS PARA EMISSÃO DE CERTIDÃO

a. Mediante apresentação do Certificado de Reservista ou da Carta Patente A expressão

"Válido como Certidão de Tempo de Serviço Militar" constante nesses documentos, de acordo

com o previsto no Decreto nº 83 936, de 06 de setembro de 1979, dispensa a expedição de

certidão específica no âmbito da Administração Militar.

b. Mediante requerimento pelo interessado

1) No caso de requerimento de direitos de reservista ex-combatente

a) O requerimento deve ser dirigido ao Diretor de Inativos e Pensionistas a quem cabe deferir

ou não de acordo com o que prevê a Port Nº 034/DGP, de 21 Jul 99, Normas para Emissão de

Certidão de Tempo de Serviço Militar de Ex-combatente da 2ª Guerra Mundial.

b) A OM onde der entrada um requerimento pleiteando direitos de reservista ex-combatente

deverá: - verificar, preliminarmente,se o requerente está amparado pela legislação em vigor,

a saber: Dec 61.705, de 13 Nov 1967; Dec 5315, de 12 Set 1967; Port Min 019-GB, de 12 Jan

1968; Port 034/DGP, de 21 Jul 1999 e Normas Técnicas da DIP; - constatando que há amparo

legal, encaminhar o requerimento de acordo com as normas em vigor; - constatando que não

há amparo legal, determinar o arquivamento do mesmo de acordo com a nota sobre

encaminhamento de requerimentos publicada no Boletim do DGP nº 051, de 22 Dez 1999.

2) Nos demais casos

a) O requerimento será dirigido ao Cmt da OM onde der entrada, observados os

procedimentos quanto a tramitação do requerimento e o modelo previsto no Anexo "A" destas

Normas.

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b) No caso de OM que não possua autonomia administrativa, as atribuições previstas para o

Cmt serão cumpridas pelo escalão enquadrante da mesma, providenciando o Cmt daquela as

comunicações e os registros necessários ou conseqüentes.

c) Deverão ser anexados ao requerimento os seguintes documentos: - para o militar da ativa

ou da reserva: cópia da carteira de identidade militar; - para o civil: cópia da carteira de

identidade civil - as cópias deverão ser autenticadas na própria OM onde der entrada o

requerimento.

d) O militar, da ativa ou inativo, deverá dar entrada do requerimento junto à OM em que serve

ou está vinculado.

e) O civil deverá dar entrada com seu requerimento, na OM mais próxima à sua residência.

f) O Cmt, Ch ou Diretor da OM que receber o requerimento deverá: - despachar o pedido,

quando a OM for detentora de todas as informações para a emissão da CTSM; - quando o

interessado tiver prestado serviço militar em mais de uma OM, solicitar, obrigatoriamente, os

dados necessários à emissão da CTSM às demais OM onde o mesmo tenha servido,

observando que: - no caso de TSM passado em Tiro de Guerra (TG) ou Escola de Instrução

Militar (EsIM) , as informações deverão ser solicitadas à Região Militar que tenha jurisdição

sobre o Tiro de Guerra ou Escola de Instrução Militar. - no caso de TSM passado como aluno

de Curso de Formação de Reservista (CFR) em Colégio Militar, informações deverão ser

solicitadas ao Cmt do Colégio Militar onde tenha sido realizado; - no caso de TSM passado

como aluno do IME, no Curso de Formação de Oficiais (CFO) ou no Curso de Formação e

Graduação (CFG), as informações deverão ser solicitadas ao IME; - no caso de Tempo de

Serviço Militar (TSM) passado como aluno nos demais OFR, as informações deverão ser

solicitadas ao próprio OFR ou à OM que o enquadrar; - no caso de o requerente houver

prestado Serviço Militar em organização extinta, transformada ou tornada sem efetivo, as

informações necessárias à expedição da certidão deverão levar em consideração o Catálogo

de Acervos Documentais do Arquivo Histórico do Exército para o andamento do processo.

c. A OM que tiver que prestar informações para confecção de CTSM deverá fazer constar os

seguintes dados a respeito do interessado e baseados em pesquisa nos assentamentos do

mesmo ou assuntos publicados em Boletim Interno da OM: - nome por extenso, filiação e

identidade; - data e motivo da inclusão (incorporação, matrícula, convocação etc); - data de

pronto para o serviço; - data e motivo da exclusão (licenciamento, demissão, movimentação

etc); - data de desligamento; - para o fim do inciso III do Art 137 do Estatuto dos Militares

(E/1): período (data de início e fim) passado como aluno em OFR, CFR, TG, EIM ou de CFO

ou CFG do IME e o tempo de serviço correspondente já calculado de acordo com a legislação

em vigor; - para o fim do inciso V do Art 137 do (E/1): período de férias não gozadas,

enquadrado em um dos casos previstos nos parágrafos 4º ou 5º do Art 63 do E/1 fazendo

constar a data e documento que publicar o ato homologatório, quando este for previsto; - para

o fim do inciso VI do Art 137 do Estatuto dos Militares (E/1): período passado em guarnição

especial de Categoria "A" (data de apresentação pronto e de desligamento), a partir da

vigência da Lei nº 5.774, de 23 de dezembro de 1971 complementada pela Lei 7.698, de 20

de dezembro de 1988; - para o fim do inciso IV do Art 137 do Estatuto dos Militares (E/1):

período passado em gozo de licença especial - para o fim do parágrafo 4º do Art 137 do

Estatuto dos Militares (E/1): período (data de início e fim) passado em Licença para

Tratamento de Saúde de Pessoa da Família (LTSPF); em Licença para Tratar de Interesse

Particular (LTIP); como desertor; em cumprimento de pena de suspensão do exercício do

posto, graduação, cargo ou função por sentença transitada em julgado; e/ou em cumprimento

de pena restritiva da liberdade, por sentença transitada em julgado.

d. Certidão 1) A certidão será expedida pela OM onde der entrada o requerimento do

interessado, exceto no caso do reservista ex-combatente, e observando o modelo previsto no

Anexo "B" destas Normas. 2) Não constará da CTSM qualquer tempo de serviço passado fora

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do Exército.

3) Para a confecção da CTSM, além das orientações constantes do Anexo "B", deverá ser

observado o seguinte:

a) a CTSM abrange todo o período passado pelo interessado no Exército e, quando este tiver

prestado serviço militar em mais de uma OM, na CTSM não deverá haver referência a tempo

de serviço passado em cada OM;

b) a OM expedidora deverá considerar todas as informações que detiver e as recebidas como

resposta às consultas que fizer;

c) o tempo de serviço passado em OFR a ser computado na emissão da CTSM será o calculado

pelo mesmo ou pela OM que o enquadrar;

d) quando o militar tiver sido movimentado de uma para outra OM, o período passado entre

o desligamento de uma OM e a apresentação pronto para o serviço na outra deverá ser

computado como efetivo serviço, exceto quando ocorrer uma das situações previstas no

parágrafo 4º do Art 137 do E/1;

e) verificar se há ocorrência de superposição de contagem de tempo de serviço;

f) fazer a contagem dos abatimentos previstos no parágrafo 4º do Art 137 do E/1, computados

dia-a-dia;

g) a contagem dia-a-dia prevista no "caput" do Art 136 do E/1, deverá considerar o dia a mais

existente nos anos bissextos;

g) realizar a apuração do tempo de efetivo serviço de acordo com o previsto no Art 136 do

E/1;

h) os acréscimos não deverão ser computados como tempo de efetivo serviço, devendo constar

da CTSM para que sejam considerados somente para a inatividade, de acordo com os

parágrafos 1º e 2º do Art 137 do E/1. 4) A CTSM será entregue ao interessado, mediante

recibo deste, na OM onde deu entrada o seu requerimento.

Eis o modelo de CTC militar:

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Contudo, excepcionalmente, não será admitida a contagem recíproca do tempo

de contribuição do segurado facultativo e do contribuinte individual que optaram

por recolher 11% sobre o salário de contribuição de um salário mínimo, ou 5%

sobre um salário mínimo no caso do contribuinte individual enquadrado como

MEI que fizer o recolhimento simplificado ou o segurado facultativo de baixa

renda com atividades domésticas em sua residência, conforme faculta § 2º, do

artigo 21, da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei 12.470/2011, exceto se

recolhida retroativamente a qualquer tempo a complementação de 9% ou de 15%,

com os respectivos encargos legais.

p. 587

Por sua vez, o STJ vem validando essa exigência:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CONTAGEM

RECÍPROCA DO TEMPO DE ATIVIDADE RURAL. INDENIZAÇÃO.

NECESSIDADE. 1. A jurisprudência da Terceira Seção do Superior Tribunal

de Justiça é firme no sentido de que ser imperiosa a indenização ao Regime

Geral de Previdência Social do período exercido na atividade rural, anterior

à filiação obrigatória, para cômputo em regime próprio de servidor público.

2. Agravo regimental improvido” (AGREsp 958.190, de 04.08.2008).

Informativo 624 - RECURSOS REPETITIVOS

ROCESSO REsp 1.682.678-SP, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por

unanimidade, julgado em 25/04/2018, DJe 30/04/2018 (Tema 609)

RAMO DO DIREITO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

TEMA Tempo de serviço. Servidor público. Contagem recíproca.

Trabalho rurícola prestado em período anterior à vigência da

Lei n. 8.213/1991. Direito à expedição de certidão. Cômputo do

tempo. Exigência de recolhimento das contribuições

previdenciárias. Indenização na forma prevista pelo art. 96,

IV, da Lei n. 8.213/1991. Tema 609.

DESTAQUE

O segurado que tenha provado o desempenho de serviço rurícola em período anterior à

vigência da Lei n. 8.213/1991, embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para

mera averbação nos seus assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido tempo

rural, no respectivo órgão público empregador, para contagem recíproca no regime estatutário

se, com a certidão de tempo de serviço rural, acostar o comprovante de pagamento das

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respectivas contribuições previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o

dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

De início, tem-se que, reconhecido o tempo de serviço rural, não pode o Instituto Nacional do

Seguro Social – INSS se recusar a cumprir seu dever de expedir a certidão de tempo de serviço.

O direito à certidão simplesmente atesta a ocorrência de um fato, seja decorrente de um

processo judicial (justificação judicial), seja por força de justificação de tempo de serviço

efetivada na via administrativa, sendo questão diversa o efeito que essa certidão terá para a

esfera jurídica do segurado. No entanto, ainda que seja direito do segurado a expedição de

certidão comprobatória do tempo de serviço rurícola prestado anteriormente à vigência da Lei

n. 8.213/1991, o cômputo do tempo laborado, para efeito de contagem recíproca, não se revela

de forma automática. Destarte, apesar de o art. 94 da Lei n. 8.213/1991 assegurar a contagem

recíproca, a legislação, a seguir, em seu art. 96, exigiu fossem recolhidas as contribuições

previdenciárias, na forma de indenização, até mesmo para fazer cumprir o mandamento da

compensação de regimes. Registre-se que o tratamento entre regimes diferenciados (RPPS e

RGPS) não pode ser igual, porque possuem fontes de custeio e formas de cálculo dos

benefícios diversos. Ainda que assim não fosse, o caso é de contagem recíproca, o que difere

em tudo da mera contagem de tempo dentro de um mesmo regime de Previdência. Assim, na

forma da jurisprudência consolidada do STJ, "nas hipóteses em que o servidor público busca

a contagem de tempo de serviço prestado como trabalhador rural para fins de contagem

recíproca, é preciso recolher as contribuições previdenciárias pertinentes que se buscam

averbar, em razão do disposto nos arts. 94 e 96, IV, da Lei 8.213/1991".

Este também é posicionamento do STF, noticiado por intermédio do Informativo 587:

“Contagem Recíproca do Tempo de Serviço Rural e Recolhimento de

Contribuições

Conforme disposto no § 9º do art. 201 da CF (“Para efeito de aposentadoria, é

assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na

atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se

compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.”), a contagem recíproca

do tempo de serviço rural pressupõe ter havido o recolhimento das contribuições

previdenciárias. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, indeferiu mandado de

segurança impetrado contra ato do Tribunal de Contas da União – TCU, que julgara ilegal a

aposentadoria do impetrante, pelo fato de ter sido computado o tempo de serviço rural sem a

comprovação do recolhimento das contribuições ao INSS. Vencidos os Ministros Dias Toffoli,

Eros Grau e Ayres Britto que concediam a ordem. Tendo em conta que o impetrante comprovara

que fora trabalhador rural e que, naquele período, a legislação impunha a contribuição sobre a

produção da venda da propriedade rural, do produtor rural, reputavam que, no caso concreto, o

TCU exigira uma prova impossível de o impetrante fazer, porque isso não era obrigação dele,

mas do produtor rural. Precedente citado: MS 26919/DF (DJE de 23.5.2008). MS 26872/DF,

rel. Min. Marco Aurélio, 19.5.2010. (MS-26872)”

p. 590

Este também é o posicionamento do STJ:

“RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO

FEDERAL. CELETISTA. ATIVIDADE INSALUBRE. CONVERSÃO DE

REGIME. TEMPO DE SERVIÇO. CONTAGEM RECÍPROCA.

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POSSIBILIDADE. 1. Os servidores públicos federais que trabalhavam em

condições consideradas insalubres antes da edição da Lei 8.112/90 têm direito

à contagem especial de tempo de serviço prestado nessa situação, nos termos

da legislação vigente à época. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido”

(AGREsp 963.475, de 06.05.2008).

Com o advento da MP 871/2019, o artigo 96 da Lei 8.213/91 foi ampliado com as seguintes

regras:

a) é vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição - CTC com o registro exclusivo

de tempo de serviço, sem a comprovação de contribuição efetiva, exceto para o segurado

empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso;

b) a CTC somente poderá ser emitida por regime próprio de previdência social para ex-

servidor;

c) é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por regime próprio de

previdência social sem a emissão da CTC correspondente, ainda que o tempo de contribuição

RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio ente instituidor;

d) é vedada a desaverbação de tempo em regime próprio de previdência social quando o tempo

averbado tenha gerado a concessão de vantagens remuneratórias ao servidor público em atividade.

A hipóteses inseridas no artigo 96 da Lei 8.213/91 já constavam da Portaria MPS 154/2008

(art. 2º, 11, 12 e 15), tendo sido inseridas na Lei 8.213/91 para respeitar o Princípio da Legalidade,

afastando o argumento de inovação regulamentar indevida.

No entanto, a hipótese da letra A merece ser ajustada, pois o contribuinte individual prestador

de serviços à pessoa jurídica deveria ter sido inserido, posto que possui presunção se recolhimento

da contribuição previdenciária desde a competência abril/2003 (art. 4º, Lei 10.666/2003).

O cancelamento da averbação (desaverbação) de tempo de contribuição do RGPS no RPPS é

possível antes da concessão da aposentadoria pela autoridade administrativa, exceto se o servidor

obtiver alguma vantagem remuneratória decorrente da aludida averbação.

Somente é possível a contagem recíproca com a emissão da CTC, pois é necessário um largo

controle para prevenir fraudes (uso em duplicidade) e para calcular a compensação financeira de

um regime ao outro.

Eventual judicialização do tema deve envolver, a princípio, tanto o INSS (responsável pela

emissão da CTC e que vai gerar compensação financeira do RGPS ao RPPS futuramente) quanto

a entidade pública a que pertence o servidor (irá gerar averbação com efeitos funcionais),

podendo, no entanto, haver aquiescência de um destes entes, a depender do ponto controvertido

da lide.

Nesse sentido, a correta jurisprudência:

TRF-2 - APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO APELREEX 200551010179041 RJ

2005.51.01.017904-1 (TRF-2)

Data de publicação: 18/02/2011

Ementa: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS

FEDERAIS, EX-CELETISTAS. AVERBAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ANTERIOR À

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

LEI Nº 8.112 /90. ATIVIDADE INSALUBRE. UNIÃO FEDERAL

E INSS. LITISCONSORTES PASSIVOS NECESSÁRIOS. ART. 47 DO CPC .

REMESSA PROVIDA. RECURSO DA UNIÃO FEDERAL JULGADO PREJUDICADO.

Ao INSS compete a expedição de certidão com contagem ficta do período trabalhado em

condições especiais de acordo com a legislação previdenciária, isto é, o art. 130 do Decreto

nº 3.048 , de 6 de maio de 1999. Embora a averbação seja realizada no assentamento do

servidor para a aposentadoria estatutária, é a autoridade previdenciária que deve expedir a

certidão com a contagem ficta do período em que o servidor esteve vinculado ao Regime

Geral da Previdência Social, sendo necessária, também, reconhecer a competência da UNIÃO

FEDERAL –MINISTÉRIO DA SAÚDE, pois efetuará a devida averbação do tempo de

serviço nos assentamentos funcionais do servidor. -Desta forma, trata-se de

litisconsórcio passivo necessário, na forma do art. 47 , do Código de Processo Civil , tendo

em vista as obrigações distintas de cada um. -Remessa provida para, anular a sentença,

devendo os autos retornarem à Vara de origem para o regular prosseguimento do feito,

incluindo o INSS no pólo passivoda demanda e prejudicado o recurso da União Federal.

TRF-4 - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA AMS 21639 RS

2004.71.00.021639-0 (TRF-4)

Data de publicação: 24/10/2007

Ementa: SERVIDOR PÚBLICO. CÔMPUTO ESPECIAL DE TEMPO DE SERVIÇO

PRESTADO SOB CONDIÇÕES INSALUBRES NO REGIME CELETISTA. EXPEDIÃO

DE CERTIDÃO E AVERBAÇÃO DO TEMPO

ESPECIAL. INSS. LITISCONSORTEPASSIVO NECESSÁRIO. Necessária a

presença do INSS em lide que discute a conversão do tempo de serviço laborado em

exposição a agente nocivo, em virtude da competência para reconhecimento do direito e

da responsabilidade decorrente da compensação financeira entre os regimes

previdenciários.

É plenamente possível que um segurado obtenha mais de uma aposentadoria por regimes

diversos, desde que preencha os requisitos de cada uma e sem a utilização simultânea de

tempo de serviço ou de contribuição da mesma atividade, observado o teto do subsídio dos

Ministros do STF, por força do artigo 40, §11, da Constituição.

p. 592

Logo, as contribuições pagas ainda no RPPS valem para efeito de carência do RGPS, pois

inexiste proibição legal nesse sentido, que precisa ser urgentemente editada.

Inclusive, o artigo 26 do Decreto 3.048/99, expressamente, admite que o tempo de

contribuição para o RPPS seja considerado para fins de período de carência no RGPS:

§ 5º “Observado o disposto no § 4º do art. 13, as contribuições vertidas para regime próprio

de previdência social serão consideradas para todos os efeitos, inclusive para os de carência

(Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999)”.

Ao que parece, pois existem indeferimentos, o INSS não estende essa regra ao tempo de

contribuição militar, rejeitando a contagem recíproca deste para fins de carência. Não é razoável

dar tratamento distinto ao período militar, pois inexiste distinção legal na Lei 8.213/91.

Nesse sentido, o correto posicionamento da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região:

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.

TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. CÔMPUTO PARA FINS DE CARÊNCIA.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

POSSIBILIDADE. ARTIGO 55, INCISO I, §2º, LEI 8.213/91. O tempo de serviço militar,

além de expressamente computar como tempo de serviço/contribuição, nos termos do artigo

55, I, da Lei 8.213/91, e artigo 60, IV, do Decreto 3.048/99, também deve ser considerado

para fins de carência. Incidente de Uniformização conhecido e provido”. (IUJEF

2008.72.64.000249-8, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator Ivori Luís

da Silva Scheffer, D.E. 02/07/2009)

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.

TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. CÔMPUTO PARA FINS DE CARÊNCIA.

POSSIBILIDADE. 1. Os institutos da carência e de tempo de serviço/contribuição não se

confundem. A carência se caracteriza tanto pela existência da relação jurídica de filiação

quanto da relação jurídica de custeio. O tempo de serviço/contribuição se caracteriza pela

relação jurídica de filiação, mediante o exercício de atividade abrangida pela previdência

social, que pode ou não ter caráter contributivo. 2. O artigo 63 da Lei nº 4.375/64 (Lei do

serviço Militar), ao tratar dos direitos garantidos aos convocados, prescreve que os

prestadores do serviço militar inicial terão o direito de contar esse tempo para fins de

aposentadoria. 3. O artigo 100 da Lei nº 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos da União),

reconhece que o tempo de serviço prestado às Forças Armadas é tempo de serviço público

federal, computado para todos os efeitos, de modo que, mediante o instituto da contagem

recíproca, o artigo 3º da Lei 9.796/99 garante a compensação financeira ao Regime Geral de

Previdência Social pela União Federal, ente público ao qual o militar estava vinculado. 3.

Como a prestação de serviço militar inicial não é uma faculdade do cidadão, mas sim

uma obrigação imposta constitucionalmente, não é razoável admitir que o convocado

tenha que ser sacrificado com possível exclusão previdenciária decorrente da não

contagem para fins de carência daquele período em que esteve servindo à Pátria. 4. O

tempo de serviço militar, além de expressamente computar como tempo de

serviço/contribuição, nos termos do artigo 55, I, da Lei 8.213/91, e artigo 60, IV, do Decreto

3.048/99, também deve ser considerado para fins de carência. 5. Incidente conhecido e

provido”. (IUJEF 2007.70.95.001932-7, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região,

Relator Rony Ferreira, D.E. 17/09/2008).

Tendo em vista a extinção da paridade remuneratória entre ativos e inativos para os servidores

ingressos após a vigência da EC 41/2003, aliado ao fato de que a aposentadoria no serviço

público demanda idade mínima, o que não ocorre no RGPS, é possível que comecem a surgir

casos de servidores públicos que se filiem ao RGPS visando à contagem recíproca para obter a

aposentação por tempo de contribuição.

p. 606

Vale frisar que durante os lapsos de tempo do período de graça não haverá cômputo de tempo de

contribuição ou de período de carência (tema pacífico), por inexistir contribuição vertida, servindo

apenas para conservar a qualidade de segurado, assegurando proteção previdenciária aos segurados e

seus dependentes por derivação.

O segurado em gozo de benefício previdenciário previsto na Lei 8.213/91 irá conservar a

qualidade de segurado sem limite de prazo, mesmo que inexista o recolhimento da contribuição

previdenciária, ressaltando que no RGPS apenas incide contribuição sobre o salário-maternidade,

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único benefício considerado como salário de contribuição.

Somente após a cessação do benefício previdenciário, é que começará a correr o período de graça

do segurado, acaso não recolhida nova contribuição previdenciária.

De acordo com a TNU, mesmo que o benefício seja concedido provisoriamente por decisão

judicial posteriormente revogada, terá o condão de conservar a qualidade de segurado: “A TNU

firmou a tese de que o período de percepção de benefício previdenciário, concedido por força de

tutela provisória, pode ser utilizado para efeitos de manutenção da qualidade de segurado”

(Informativo 23/2018 - Processo n. 5002907-35.2016.4.04.7215).

Ainda de acordo com a Turma Nacional, (PUIL n. 5076345-22.2014.4.04.7100/RS –

Informativo 27/2018), “o período de aviso prévio que foi indenizado deve ser projetado como

de manutenção da qualidade de segurado empregado, de modo que o período de graça inicie

apenas após o término dessa projeção”.

Entende-se que essa decisão somente é acertada se houve efetivo recolhimento de contribuição

previdenciária sobre o aviso prévio indenizado, conforme já estudado na parte de custeio, pois nesse

período não há exercício de atividade laboral remunerada, sendo verba de natureza indenizatória.

Questão tormentosa é saber se o seguro-desemprego se enquadra no artigo 15, inciso I, da Lei

8.213/91, ante a sua duvidosa natureza jurídica (previdenciária ou assistência), vez que não é regulado

pela Lei 8.213/91 e pago com recursos do FAT.

Existe precedente da TNU favorável ao INSS neste tema:

“PREVIDENCIÁRIO. QUALIDADE DE SEGURADO. PERÍODO DE GRAÇA.

DESEMPREGO. PRETENSÃO DE QUE O TERMO INICIAL DE CÔMPUTO DO

PERÍODO DE GRAÇA SE DÊ APÓS A CESSAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE SEGURO-

DESEMPREGO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.

Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001. 2.

Em relação à natureza jurídica do seguro desemprego, em que pese haja alguma discussão

doutrinária a respeito, prevalece o entendimento de que se trata de benefício de natureza

previdenciária. 3. O reconhecimento da natureza previdenciária do seguro-desemprego

não implica, todavia, na possibilidade de gozo cumulativo e sucessivo das regras inscritas

nos incisos I e II do art. 15, da LB, seguidas da prorrogação de que trata o §2°. 4. Em

tese, poderia o recorrente valer-se ou da norma inscrita no inciso I ou daquela prevista no

inciso II cumulada, apenas para essa segunda hipótese, conforme expressa dicção legal, com

a prorrogação do período de graça por mais doze meses, em função do desemprego. Todavia,

por ser mais benéfico ao segurado, comumente utiliza-se a segunda das opções acima

ventiladas. 5. Excepcionalmente a jurisprudência admite a aplicação cumulativa dos prazos

previstos nos incisos I e II do art. 15, mas apenas em hipóteses em que há a presunção de

impossibilidade de exercício de atividade remunerada – como nos casos de incapacidade

laborativa ou de maternidade, por exemplo. Não é o caso do segurado em gozo de seguro-

desemprego. 6. A interpretação proposta pelo recorrente representaria benesse não prevista

em lei e sem supedâneo na jurisprudência dominante. As regras extensivas da qualidade de

segurado, previstas nos parágrafos 1° e 2° do art. 15 da Lei de Benefícios constituem exceção

à regra geral estabelecida no caput e incisos do mesmo art. 15. Normas excepcionais

interpretam-se restritivamente. 7. Incidente conhecido e improvido, para o fim de se fixar a

tese de que não é possível a aplicação cumulativa e sucessiva dos prazos previstos nos incisos

I e II do art. 15 da Lei n° 8.213/91 na hipótese de percepção de seguro-desemprego”

(PEDILEF 00011987420114019360, de 31/5/2013).

Embora admita a natureza previdenciária do seguro-desemprego, a TNU não admitiu a aplicação

da regra do inciso I do artigo 15 da Lei 8.213/91, pois já existe previsão de prorrogação em 12 meses

do período de graça pela demonstração do desemprego.

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Todavia, conforme aduzido, trata-se de tema controvertido. Colaciona-se precedente da lavra do

TRF da 5ª Região que somente iniciou o cômputo do período de graça após o pagamento da última

parcela do seguro-desemprego:

“PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA.

SENTENÇA PROCEDENTE EM AÇÃO DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL.

QUALIDADE DE SEGURADO DO DE CUJUS DEMONSTRADA. RECEBIMENTO DE

SEGURO-DESEMPREGO. CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO QUE ESTENDE O

PERÍODO DE GRAÇA PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1. A pensão por morte é

o benefício pago aos dependentes do segurado que falecer, conforme previsão do art. 201, V,

da Constituição Federal. 2. Nos termos do art. 16 da Lei nº. 8.213/91, é beneficiário da pensão

por morte, na condição de dependente do segurado, a companheira, considerando-se esta

como a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado, restando

presumida sua dependência econômica em relação ao de cujus. 3. No caso em apreço, restou

caracterizada a existência de união estável da autora com o de cujus, porquanto foi

colacionada aos autos sentença procedente transitada em julgado, em Ação de

Reconhecimento de União Estável, proferida pela 1º Vara Cível e Criminal de Propriá, em

09/08/2011. 4. Com efeito, o art. 15 da lei nº 8.213/91 prevê o que a doutrina denomina

"período de graça", o interregno no qual, mesmo após a cessação do exercício de atividade

laborativa determinante do vínculo obrigatório e/ou contribuição previdenciária, mantém-se

a qualidade de segurado. Conforme disposto no supracitado dispositivo legal o segurado pode

manter a qualidade de segurado por até 36 meses se restar comprovado o pagamento de mais

de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da

qualidade de segurado e o desemprego. 5. Da consulta ao site do Ministério do Trabalho, vê-

se que o falecido recebeu parcelas do seguro desemprego no período de 10/04/2008 a

08/08/2008, pelo que se tem prorrogado em mais doze meses o período de graça instituído no

artigo 15, II da Lei nº 8.213/91, nos termos do parágrafo 2º do mesmo artigo. 6. Cumpre

destacar que, em relação à natureza jurídica do seguro desemprego, em que pese alguma

discussão doutrinária a respeito, prevalece o entendimento de que se trata de benefício

de natureza previdenciária, que tem por finalidade prover a assistência financeira

temporária ao trabalhador desempregado involuntariamente. Assim, a contagem da

perda da qualidade de segurado só deverá começar a partir da última parcela, tendo em

vista, na espécie, o falecido ter recebido o benefício em questão. 7. Desta feita, aplica-se

ao caso a incidência da regra de prorrogação do prazo de manutenção da qualidade de

segurado de 12 para 24 meses, com contagem do período de graça a partir de agosto de

2008, quando findo o seguro desemprego. Por conseguinte, é mister reconhecer que no dia

do seu falecimento, em 16/05/2010, o instituidor mantinha qualidade de segurado. 8. Dessarte,

comprovada a condição de segurado do falecido, bem como demonstrada a condição de

dependente da autora, há de ser deferida a pensão por morte pleiteada. 9. Apelação do INSS

improvida” (Apelação Civel – 563969, de 13/6/2014).

Para o segurado obrigatório do RGPS, o período de graça básico será de até 12 meses após

a cessação das contribuições previdenciárias. Neste caso, será possível uma prorrogação de 12

meses, caso o segurado tenha pagado mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que

acarrete a perda da qualidade de segurado.

(...)

De acordo com a interpretação do INSS, o período de graça de 12 meses para o segurado

obrigatório será prorrogado para até 24 meses, se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições

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mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado, observando que, na hipótese

desta ocorrência, a prorrogação para 24 (vinte e quatro) meses somente será devida quando o segurado

completar novamente 120 contribuições mensais sem perda da qualidade de segurado31.

De acordo com a TNU, “firmada a tese de que se incorpora definitivamente ao patrimônio

jurídico do segurado(a) a extensão do período de graça previsto no §1º do art. 15 da Lei nº

8.213/91 quando houver contribuído por mais de 120 meses sem interrupções que importem

a perda da qualidade de segurado(a)” (Informativo 28/2018 - PUIL n. 0001377-

02.2014.4.03.6303/SP).

Deste modo, na visão da Turma Nacional, uma vez pagas mais de 120 contribuições sem a perda

da qualidade de segurado, esta prorrogação em 12 meses do período de graça é direito adquirido do

segurado, mesmo que posteriormente haja perda da qualidade de segurado com posterior refiliação.

Outrossim, poderá ocorrer mais uma prorrogação de 12 meses para o segurado desempregado,

desde que comprovada essa situação por registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho (com a

extinção do Ministério do Trabalho, desde 2019 o Ministério da Economia assumiu a área

trabalhista, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho), a exemplo da

percepção do seguro-desemprego, que o pressupõe, independentemente da prorrogação referida

anteriormente.

Logicamente, esta prorrogação apenas poderá beneficiar o segurado empregado e o empregado

doméstico, pois apenas nestes casos haverá um verdadeiro desemprego. Mesmo assim, apenas os

segurados empregados que possuam vínculo empregatício farão jus ao elastecimento em 12 meses,

pois há casos de inexistência de vínculo empregatício, a exemplo do servidor titular de cargo em

comissão (relação estatutária, e não celetista) e do titular de mandato eletivo.

p. 613

Assim, se o segurado estiver no fim do período de graça sem ter contribuído, mas obtiver o direito

ao benefício por incapacidade ainda com a qualidade de segurado, será reaberto novo período de graça

de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez (ou 24 meses se ele

possui mais de 120 contribuições sem a parda da qualidade de segurado).

Veja-se a redação favorável ao segurado no artigo 137, da Instrução Normativa INSS 77/2015:

“Art. 137. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuição:

I - sem limite de prazo, para aquele em gozo de benefício, inclusive durante o período de

recebimento de auxílio-acidente ou de auxílio suplementar;

II - até doze meses após a cessação de benefícios por incapacidade, salário maternidade

ou após a cessação das contribuições, para o segurado que deixar de exercer atividade

remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem

remuneração, observado que o salário maternidade deve ser considerado como período de

contribuição;

III - até doze meses após cessar a segregação, para o segurado acometido de doença de

segregação compulsória;

IV - até doze meses após o livramento, para o segurado detido ou recluso;

V - até três meses após o licenciamento, para o segurado incorporado às Forças Armadas para

prestar serviço militar; e

VI - até seis meses após a cessação das contribuições, para o segurado facultativo, observado

o disposto no § 8º deste artigo.

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§ 1º O prazo de manutenção da qualidade de segurado será contado a partir do mês seguinte

ao das ocorrências previstas nos incisos II a VI do caput.

§ 2º O prazo previsto no inciso II do caput será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses,

se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção

que acarrete a perda da qualidade de segurado, observando que, na hipótese desta ocorrência,

a prorrogação para 24 (vinte e quatro) meses somente será devida quando o segurado

completar novamente 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem perda da qualidade de

segurado.

§ 3º Aplica-se o disposto no inciso II do caput e no § 2º deste artigo ao segurado que se

desvincular de RPPS, desde que se vincule ao RGPS. § 4º O segurado desempregado do RGPS terá o prazo do inciso II do caput ou do § 1º deste

artigo acrescido de doze meses, desde que comprovada esta situação por registro no órgão

próprio do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, podendo comprovar tal condição, dentre

outras formas:

I - comprovação do recebimento do seguro-desemprego; ou

II - inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, órgão responsável pela

política de emprego nos Estados da federação.

§ 5º O registro no órgão próprio do MTE ou as anotações relativas ao seguro-desemprego

deverão estar dentro do período de manutenção da qualidade de segurado de doze ou 24 (vinte

e quatro) meses, conforme o caso, relativo ao último vínculo do segurado.

§ 6º A prorrogação do prazo de doze meses, previsto no § 4º deste artigo, em razão da situação

de desemprego, dependerá da inexistência de outras informações que venham a

descaracterizar tal condição, ou seja, exercício de atividade remunerada, recebimento de

benefícios por incapacidade e salário maternidade, dentro do período de manutenção de

qualidade de segurado.

§ 7º O segurado facultativo, após a cessação de benefícios por incapacidade e salário-

maternidade, manterá a qualidade de segurado pelo prazo de doze meses. § 8º O segurado obrigatório que, durante o gozo de período de graça [12 (doze), 24 (vinte e

quatro) ou 36 (trinta e seis) meses, conforme o caso], se filiar ao RGPS na categoria de

facultativo, ao deixar de contribuir nesta última, terá direito de usufruir o período de graça de

sua condição anterior, se mais vantajoso.

§ 9º O segurado obrigatório que, durante o período de manutenção da qualidade de

segurado decorrente de percepção do benefício por incapacidade, salário maternidade

ou auxílio-reclusão, se filiar ao RGPS na categoria de facultativo, terá direito de usufruir

do período de graça decorrente da sua condição anterior, se mais vantajoso. § 10º Para o segurado especial que esteja contribuindo facultativamente ou não, observam-se

as condições de perda e manutenção de qualidade de segurado a que se referem os incisos I a

V do caput”.

É preciso conhecer as normas do INSS, pois centenas delas são mais favoráveis aos segurados,

conquanto se saiba que existam normas desfavoráveis também. Eis os pontos favoráveis deste artigo

137 da IN INSS 77/2015:

a) Reinício do cômputo do período de graça de 12 ou 24 meses para o segurado que recebeu

benefício por incapacidade ou salário-maternidade (a percepção destes benefícios interrompe

o curso do período de graça);

b) Aplicação do período de graça do segurado obrigatório ao segurado facultativo após a

cessação de benefício por incapacidade ou salário-maternidade (aumentou de 6 para 12

meses);

c) Extensão das regras do período de graça no caso de segurado que migrou do RPPS ao

RGPS, considerando o período de contribuições no Regime Próprio.

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Há casos em que o direito ao auxílio-doença é reconhecido, mas sem efeitos financeiros. Trata-se

da situação em que o segurado requereu o benefício após 30 dias de incapacitado, quando já

estava recuperado.

p. 624

Desta forma, os efeitos da MP 664/2014 foram desconstituídos pela Lei de Conversão,

cabendo ao INSS rever de ofício as negativas de auxílios-reclusão e pensões por morte em

razão da não integralização de carência de 24 recolhimentos durante a sua vigência (de

1/3/2015 a 17/6/2015 neste ponto).

Posteriormente, a MP 871/2019 passou a exigir período de carência de 24 contribuições mensais

para a concessão do benefício do auxílio-reclusão ao dependente do segurado preso em regime

fechado de baixa renda.

A inserção de período de carência de 24 contribuições mensais para o auxílio-reclusão é

fruto da MP 871/2019 (essa tentativa já foi feita pela MP 664/2014 e foi derrubada no Congresso

Nacional no ano de 2015 na lei de conversão 13.135), operando-se somente para prisões a

contar de 18/1/2019 (lei do tempo rege o ato jurídico).

O tema foi regulado no Memorando-Circular Conjunto nº 2

/DIRBEN/PFE/DIRAT/INSS, de 28/1/2019:

“Assunto: Alterações nas regras dos benefícios de auxílio-reclusão, pensão por morte,

auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, previstas na Lei nº

8.213/91, decorrentes da Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019.

1. As alterações contidas neste memorando-circular conjunto deverão ser aplicadas aos fatos

geradores ocorridos a partir de 18 de janeiro de 2019, data da publicação da Medida Provisória nº

871.

3. Para o benefício de auxílio-reclusão concedido em razão de recolhimento à prisão

posterior a 18 de janeiro de 2019, aplicam-se as seguintes regras:

a) somente gerará direito ao benefício quando o segurado estiver recluso em regime fechado;

b) será exigida a carência mínima de vinte e quatro meses do instituidor que possuir

qualidade de segurado, conforme art. 25 da Lei nº 8.213/91;

c) inacumulável com benefícios recebidos pelo instituidor que esteja em gozo de pensão por

morte e salário-maternidade, além dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de

permanência em serviço”.

Contudo, nas hipóteses das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial, para

os filiados ao RGPS até 24.07.1991, existe uma regra de transição para a integralização da

carência, pois no regime anterior exigia-se apenas 60 contribuições mensais.

p. 629

Com a Lei 13.135/2015, a pensão por morte e o auxílio-reclusão voltaram a ter o período

de carência sempre dispensado, tendo sido restaurado o inciso I do artigo 26 da Lei 8.213/91.

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Inclusive, este é o entendimento do próprio INSS veiculado no Memorando Circular Conjunto nº

39/DIRBEN/DIRAT/INSS:

“Memorando - Circular Conjunto nº 39/DIRBEN/DIRAT/INSS

Em 30 de julho de 2015.

Aos Superintendentes-Regionais, Gerentes-Executivos, Gerentes de Agências

da Previdência Social.

Especialistas em Normas e Gestão de Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço de

Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço/Seção de Atendimento e Chefes de

Serviço/Seção de Reconhecimento Inicial.

Assunto: Adequação provisória do Sistema PRISMA. Lei nº 13.135/15.

1. Com o objetivo de reduzir o represamento de benefícios de pensão por morte

e auxílio-reclusão cuja decisão aguarda adequação dos sistemas às alterações

decorrentes da Lei nº 13.135/15, informamos que será disponibilizada, nesta

data, à noite, uma versão inicial, que visa liberar exigências atualmente

existentes no Prisma, adequando parcialmente às regras previstas na Lei nº

13.135/15.

2. Dentre as adequações provisórias que serão disponibilizadas no PRISMA,

ressaltamos:

a) para benefício com data de óbito/reclusão a partir de 1º/03/2015, não mais

se exigirá a carência de vinte e quatro contribuições sem perda da qualidade

de segurado”.

No entanto, a inserção de período de carência de 24 contribuições mensais para o auxílio-

reclusão é fruto da MP 871/2019 (essa tentativa já foi feita pela MP 664/2014 e foi derrubada

no Congresso Nacional no ano de 2015 na lei de conversão 13.135), operando-se somente para

prisões a contar de 18/1/2019 (lei do tempo rege o ato jurídico).

A aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença terão, em regra, carência de 12

contribuições mensais, salvo as exceções legais.

p. 641

Desta forma, durante a vigência da MP 767/2017 (até 26/6/2017), tendo havido a perda da

qualidade de segurado, para a concessão de um auxílio-doença ou de uma aposentadoria por

invalidez que exija a carência, é necessário que o segurado conte com 12 recolhimentos mensais

após a refiliação e que a incapacidade seja superveniente ao cumprimento da carência.

A TNU manteve a aplicação das MP’s 739 e 767 para as incapacidades verificadas durante

a sua vigência: “Apreciando o recurso sob o rito dos pedidos representativos de controvérsia,

a TNU fixou a seguinte tese: constatado que a incapacidade do(a) segurado(a) do Regime

Geral da Previdência Social (RGPS) ocorreu ao tempo da vigência das Medidas Provisórias

739/2016 e 767/2017, aplicam-se as novas regras de carência nelas previstas” (Informativo

28/2018 - REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA – TEMA N. 176 - PUIL n. 5001792-

09.2017.4.04.7129/RS).

Outrossim, para a concessão do salário-maternidade para a segurada especial, segurada

facultativa e contribuinte individual, será necessário o recolhimento de 10 contribuições após a

refiliação e antes da ocorrência do parto ou adoção.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

p. 644

Por exemplo, a segurada contribuinte individual partiu em 26 de junho de 2017, último dia

da vigência da MP 767. Neste caso não será aplicada nem a regra de 1/3 e nem a regra de 1/2 da

carência. Outra segurada contribuinte individual pariu no dia seguinte, 27 de junho de 2017,

primeiro dia da vigência da Lei 13.457/2017, aplicando-se, destarte, a regra de ½ da carência.

ATENÇÃO:

Mas nova novidade sobre o tema restou inaugurada, sendo criado um quinto regime jurídico

pela MP 871/2019, que extinguiu a regra de ½ da carência ao alterar a redação do artigo 27-

A da Lei 8.213/91: “Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos

benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de

auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social,

com os períodos integrais de carência previstos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25”.

Assim, a luz do Princípio do Tempus Regit Actum, para incapacidades (auxílio-doença e

aposentadoria por invalidez), partos, adoções e mortes (salário-maternidade originário e derivado)

e prisões (auxílio-reclusão) a contar de 18 de Janeiro de 2019, caso tenha havido perda da

qualidade de segurado com ulterior refiliação à previdência social, as contribuições vertidas

durante a 1ª filiação não poderão ser consideradas para fins de carência dos citados benefícios

durante a 2ª filiação, devendo todo o período de carência ser cumprido apenas após a

refiliação à previdência social, vedado o cômputo das contribuições vertidas anteriormente à

perda da qualidade de segurado.

O tema foi regulado no Memorando-Circular Conjunto nº 2

/DIRBEN/PFE/DIRAT/INSS, de 28/1/2019:

“Assunto: Alterações nas regras dos benefícios de auxílio-reclusão, pensão por morte,

auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, previstas na Lei nº

8.213/91, decorrentes da Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019.

1. As alterações contidas neste memorando-circular conjunto deverão ser aplicadas aos fatos

geradores ocorridos a partir de 18 de janeiro de 2019, data da publicação da Medida Provisória nº

871.

6. No requerimento de benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de

salário-maternidade e de auxílio-reclusão, havendo a perda da qualidade de segurado, deverá a

partir da data da nova filiação à Previdência Social, cumprir todo o período exigido para fins de

carência, conforme alteração do art. 27-A da Lei nº 8.213/91”.

Podemos enfim sintetizar os seis regimes jurídicos para a carência da aposentadoria por

invalidez, auxílio-doença e salário-maternidade originário e derivado:

REGIME 1- INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES ATÉ

7/7/2016: REGRA DE 1/3;

REGIME 2- - INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES DE

8/7/2016 À 4/11/2016: CARÊNCIA INTEGRAL APÓS REFILIAÇÃO (MP 739);

REGIME 3- - INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES DE

5/11/2016 À 5/1/2017: REGRA DE 1/3;

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

REGIME 4- - INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES DE

6/1/2017 À 26/6/2017: CARÊNCIA INTEGRAL APÓS REFILIAÇÃO (MP 767);

REGIME 5- - INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES A PARTIR

DE 27/6/2017 ATÉ 17/1/2019: REGRA DE ½ (LEI 13.457/2017);

REGIME 6- INCAPACIDADES, NASCIMENTOS, ADOÇÕES E MORTES A PARTIR

DE 18/1/2019: CARÊNCIA INTEGRAL APÓS REFILIAÇÃO (MP 871/2019).

Carência Prestação

180

contribuições Aposentadoria por idade, especial e por tempo de contribuição.

24

contribuições Auxílio-reclusão.

12

contribuições Aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, em regra.

10

contribuições

Salário-maternidade da contribuinte individual, segurada

especial e facultativa.

Sem carência

Salário-família; auxílio-acidente; pensão por morte; auxílio-

reclusão; serviço social; reabilitação profissional; salário-

maternidade da empregada, avulsa e doméstica; aposentadoria

por invalidez e auxílio-doença decorrentes de acidentes de

qualquer natureza, moléstia ocupacional ou doença grave

listada pela Previdência Social e Ministério da Saúde.

É muito comum no meio previdenciário que se confundam os institutos do período de

carência e do tempo de contribuição que, embora possuam similitudes, podem ser claramente

diferenciados a partir de uma análise técnica.

O principal traço comum é que o recolhimento da contribuição previdenciária

tempestivamente realiza tanto o tempo de contribuição quanto o período de carência.

No entanto, é possível apontar as seguintes diferenças:

a) No caso dos segurados que são responsáveis pelo recolhimento da sua contribuição

previdenciária (segurado facultativo e contribuinte individual que trabalha por conta

própria), o recolhimento em atraso é computado como tempo de contribuição, mas não

será considerado para efeitos de carência, referentes às competências anteriores à primeira

paga em dia e as posteriores se houver perda da qualidade de segurado (art. 27, inciso II,

da Lei 8.213/91);

b) O período de carência sempre será contado a partir do dia 1º da respetiva competência. Já

o tempo de contribuição inicia o seu cômputo somente a contar do dia da filiação, não

retroagindo ao dia primeiro;

c) Existem benefícios previdenciários que exigem a carência, mas não o tempo de

contribuição, a exemplo da aposentadoria por idade. Já outros exigem simultaneamente a

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carência e um tempo mínimo de contribuição, como a aposentadoria por tempo de

contribuição e a aposentadoria especial. Há também os benefícios que dispensam a

carência, como o auxílio-acidente e o salário-família;

ed) A conversão de tempo especial em comum somente é prevista normativamente para o

tempo de contribuição, e não para o período de carência, conforme será visto (art. 57, §5º,

da Lei 8.213/91);

e) O período rural anterior à Lei 8.213/91 é computado para fins de tempo de contribuição,

mas não é considerado para fins de período de carência (art. 55, §2º, da Lei 8.213/91).

Suponha-se que Odorico seja um contribuinte individual que trabalhe por conta própria e que

tenha recolhido 35 anos de contribuições previdenciárias. No entanto, por ser uma pessoa relapsa,

todos os recolhimentos foram intempestivos, pois efetuados fora do prazo legal (até o dia 15 do

mês seguinte de cada competência ou dia útil posterior se no dia 15 não houver expediente

bancário) com perda da qualidade de segurado.

Nesta situação hipotética, na visão do INSS, Odorico não fará jus à aposentadoria por tempo

de contribuição, pois conquanto possua o equivalente a 35 anos de contribuição, não terá realizado

a carência, haja vista que nenhuma contribuição foi arrecadada no prazo.

Outro caso para ilustrar. Larissa é contribuinte individual que trabalha por conta própria e há

anos não recolhe nenhuma contribuição previdenciária. Se ela recolher de vez as 12

contribuições em atraso, estas serão consideradas como um ano de contribuição, mas não

servirão para a integralização do período de carência.

p. 646

De acordo com a literalidade do texto normativo, “as somas de idade e de tempo de

contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:

I - 31 de dezembro de 2018;

II - 31 de dezembro de 2020;

III - 31 de dezembro de 2022;

IV - 31 de dezembro de 2024; e

V - 31 de dezembro de 2026”.

Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem

idade mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra

progressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação facultativa

do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher e 35 anos

homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja a:

(...)

Suponha-se que uma mulher em 2023 ou 2024 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58

anos de idade (30 + 58=88). Ela preencherá a regra aludida.

Assim, para quem reuniu todos os requisitos até 30/12/2018 será aplicada a regra 85/95,

mesmo que o requerimento administrativo se dê após essa data. Já para os que não

preencheram a pontuação até 30 de Dezembro de 2018, serão aplicada a regra 85/86.

De acordo com a literalidade do texto normativo, as somas de idade e de tempo de

contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:

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I – 31 de dezembro de 2018 (86/96);

II – 31 de dezembro de 2020 (87/97);

III – 31 de dezembro de 2022 (88/98);

IV – 31 de dezembro de 2024 (89/99); e

V – 31 de dezembro de 2026 (90/100).

Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem

idade mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra

progressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação

facultativa do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher

e 35 anos homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja à pontuação acima

enumerada.

À luz do direito adquirido, ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção

com base na tabela acima e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a

aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento dos requisitos.

Como exemplo, suponha-se que um segurado homem que em 2015, 2016, 2017 ou 2018 (até

30/12) conte com 37 anos de tempo de contribuição e idade de 58 anos (37 + 58=95). Neste caso

ele preencherá esta regra e poderá se aposentar sem o fator previdenciário (não se aplicará o fator

quando for para reduzir a renda, mas apenas para majorar).

Suponha-se que uma mulher em 2023 ou 2024 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58

anos de idade (30 + 58=88). Ela preencherá a regra aludida.

Para o segurado que adquiriu o direito a partir de 31/12/2018, a pontuação restou

modificada para 86 (mulheres) e 96 (homens), incluindo frações. Eis alguns exemplos da

regra 86/96 (aquisição do direito entre 31/12/2018 e 30/12/2020):

MULHERES

IDADE TEMPO DE

CONTRIBUIÇÃO

PONTUAÇÃO TOTAL

56 anos 30 anos 86

55,5 anos 30,5 anos 86

55 anos 31 anos 86

54,5 anos 31,5 anos 86

54 anos 32 anos 86

HOMENS

IDADE TEMPO DE

CONTRIBUIÇÃO

PONTUAÇÃO TOTAL

61 anos 35 anos 96

60,5 anos 35,5 anos 96

60 anos 36 anos 96

59,5 anos 36,5 anos 96

59 anos 37 anos 96

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No entanto, há uma regra especial para o professor exclusivo do ensino básico. O tempo

mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de

efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de,

respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade

com o tempo de contribuição.

p. 661

Atualmente, em ordem alfabética crescente, é possível apontar a existência dos seguintes

indicadores mais importantes de vínculos no CNIS (listagem exemplificativa) extraídos da prática

previdenciária:

INDICADOR DO CNIS SIGNIFICADO

AEXT-IND ACERTO DE VÍNCULO EXTEMPORÂNEO

INDEFERIDO

AEXT-VP ACERTO DE VÍNCULO EXTEMPORÂNEO

DEFERIDO PARCIALMENTE

AEXT-VT ACERTO DE VÍNCULO EXTEMPORÂNEO

DEFERIDO TOTALMENTE

ASEF-DEF PERÍODO DE SEGURADO ESPECIAL

INDÍGENA

GFIP

INDICADOR DE REMUNERAÇÃO DE CI

PRESTADOR DE SERVIÇO DECLARADA EM

GFIP

IEAN (15), IEAN (20) ou

IEAN (25)

INDICADOR DE REMUNERAÇÕES QUE

POSSUEM INDICAÇÃO DE EXPOSIÇÃO A

AGENTE NOCIVO

IGFIP-INF Indicador de GFIP meramente informativa

(depende de comprovação da atividade)

ILEI123 Indicador de contribuição recolhida com

fundamento na Lei Complementar 123

IMEI

RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA NA CONDIÇÃO DE

MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

IREC-CIRURAL Recolhimento com código de Contribuinte

Individual Rural sem homologação

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IREC-FBR Recolhimento de segurado facultativo de baixa

renda

IREC-INDPEND Recolhimentos com indicadores e/ou pendências

IREC-LC123 ou

IRECOL(ILEI123)

RECOLHIMENTO PELA LEI

COMPLEMENTAR 123

IREC-LC123-SUP

RECOLHIMENTO PELA LEI

COMPLEMENTAR 123 EM VALOR SUPERIOR

AO SALÁRIO MÍNIMO

IRECOL/GFIP

INDICADOR DE SOMATÓRIO DE

CONTRIBUIÇÕES FEITAS EM GUIA DE

RECOLHIMENTO E GUIA GFIP

IRECOl

RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO

PREVIDENCIÁRIA POR MEIO DA GUIA DE

RECOLHIMENTO

ISALMIN CONTRIBUIÇÃO LIMITADA AO SALÁRIO

MÍNIMO

PADM-EMPR

VÍNCULO COM DATA DE ADMISSÃO

ANTERIOR AO INÍCIO DA ATIVIDADE DO

EMPREGADOR

PDT-NASC-FIL-INV

IDADE DO FILIADO MENOR QUE A

PERMITIDA E PDT-NASC-FIL-MENOR-INV –

IDADE DO FILIADO MENOR APRENDIZ

MENOR QUE A PERMITIDA

PEMP-IDINV TIPO EMPREGADOR INVÁLIDO

PEMP-CAD FALTA DE INFORMAÇÕES CADASTRAIS DO

CNPJ OU CEI

PREC-COD1821 Recolhimento com código de pagamento 1821 –

Titular de Mandato Eletivo

PREC-CSE Recolhimento GPS de Segurado Especial Pendente

Comprovação

PREC-FACULTCONC

RECOLHIMENTO OU ATIVIDADE DE

CONTRIBUINTE FACULTATIVO

FACULTATIVO CONCOMITANTE COM

OUTRO TIPO DE FILIAÇÃO

PREC-FBR RECOLHIMENTO FACULTATIVO BAIXA

RENDA NÃO VALIDADO

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PREC-FBR-ANT Recolhimento facultativo baixa renda anterior a

comp. 09/2011

PREC-LC123-ANT Recolhimento com código da LC 123 anterior à

competência 04/2007

PREC-MENOR-MIN RECOLHIMENTO ABAIXO DO VALOR

MÍNIMO

PREC-PMIG-DOM RECOLHIMENTO DE EMPREGADO

DOMÉSTICO SEM REGISTRO DE VÍNCULO

PREM-EMPR Remuneração antes do início da atividade do

empregador

PREM-EXT

REMUNERAÇÃO DE CONTRIBUINTE

INDIVIDUAL PRESTADOR DE SERVIÇO

INFORMADA EXTEMPORANEAMENTE

PREM-FVIN Remunerações posteriores ao fim do vínculo de

trabalho

PREM-RET

Remuneração de prestador de serviço declarada em

GFIP mas que não é considerada para previdência

por ser anterior a 04/2003 ou não possui a

declaração do campo “valor retido” se posterior a

esse período

PRES-EMPR

DATA DE RESCISÃO ANTERIOR AO INÍCIO

DA ATIVIDADE DO EMPREGADOR

PEXT PENDÊNCIA DE VÍNCULO EXTEMPORÂNEO

NÃO TRATADO

PRPPS REGIME PREVIDENCIÁRIO RPPS

PSE-NEG PERÍODO NEGATIVO DE SEGURADO

ESPECIAL

PSE-PEN PERÍODO PENDENTE DE SEGURADO

ESPECIAL

PSE-POS PERÍODO POSITIVO DE SEGURADO

ESPECIAL

PVIN-IRREG VÍNCULO IRREGULAR

PVIN-MIL VÍNCULO COM AFASTAMENTO PARA

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO MILITAR

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PVIN-OBITO

DATA DE INICIO DO VINCULO

EMPREGATÍCIO POSTERIOR À DATA DE

ÓBITO DO SEGURADO

Vale registrar que os vínculos marcados com o indicar PEXT até 31/12/2018 tiveram a marca

retirada do CNIS de modo automático, se a fonte de informação foi a GFIP ou RAIS,

considerando o objetivo de facilitar as concessões eletrônicas seguras:

Vínculo criado por fonte RAIS ou FGTS

entregue até 31/12/1998

O vínculo será contemporâneo

Vínculo criado por fonte RAIS entregue a partir

de 01/01/1999 (sem fonte GFIP)

O vínculo será totalmente extemporâneo, exceto se

possuir RPPS.

Vínculo criado por fonte GFIP entregue entre

01/01/1999 e 31/12/2008

O vínculo será contemporâneo

Vínculo criado por GFIP entregue após 31 de

dezembro de 2008

São mantidas as mesmas regras para o cálculo da

extemporaneidade

Vínculo com extemporaneidade tratada pelo

INSS antes das novas regras (confirmada,

parcialmente confirmada ou não confirmada)

O tratamento feito pelo INSS prevalece sobre as

novas regras

Isso porque os novos critérios levam em consideração o entendimento de que as alterações

promovidas no Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, por meio do Decreto nº 6.722 de 30 de

dezembro de 2008, produzem efeitos para informações inseridas no CNIS após a sua publicação,

sendo sua aplicação pelo INSS, para informações anteriores a essa data, de caráter discricionário,

respaldado por consulta efetuada à PFE/INSS em processo próprio32.

O acesso ao CNIS para o público externo é fornecido atualmente por meio do sistema Meu

INSS, disponível em http://servicos.inss.gov.br/. Esta plataforma disponibiliza o acesso a vários

serviços do INSS, através de uma senha de uso pessoal.

p. 664

É direito dos segurados o acesso às informações do CNIS, o que pode ser feito diretamente

pela internet, no sítio da DATAPREV, após o cadastramento de uma senha pessoal33.

A Medida Provisória 871/2019 previu que o Ministério da Economia manterá sistema de

cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS e poderá

firmar acordo de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com

outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal para a manutenção

e a gestão do sistema de cadastro (inserção do art. 38-A e 38-B na Lei 8.213/91).

A novidade é que o sistema preverá a manutenção e a atualização anual do cadastro do

segurado especial e conterá as informações necessárias à caracterização da condição de segurado

especial, devendo ser feita até 30 de junho do ano subsequente.

32 Memorando-Circular nº 20-2018/DIRBEN/INSS.

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Vencida esta data, o texto legal prevê que “o segurado especial só poderá computar o período

de trabalho rural se efetuado em época própria o recolhimento na forma prevista no art. 25 da Lei

nº 8.212, de 1991”.

Dessa forma, mantém-se, em regra, a filiação automática do segurado especial sem a

necessidade da demonstração efetiva do recolhimento da contribuição previdenciária sobre a

produção rural ou pesqueira.

Por outro lado, caso a atualização anual não seja promovida no CNIS até o dia 30 de junho do

ano seguinte ao da prestação da atividade rural ou pesqueira, será necessária a prova do

recolhimento da contribuição prevista no artigo 25 da Lei 8.212/91 para o registro do período no

CNIS.

Por sua vez, é vedada a atualização anual após o prazo de 5 anos, contados a partir de 30

de junho do ano subsequente à prestação do serviço rural ou de pesca.

Assim, pela literalidade do texto da MP 871/2019, se o segurado especial não registrar o

período de 2019 até 30 de junho de 2025, não mais poderá fazê-lo.

Trata-se de duro dispositivo que, se de um lado deve prevenir fraudes rurais, do outro impedirá

o registro de carência de segurados especiais que laboram sem a devida inscrição no CNIS por

desconhecimento da legislação.

A partir de 1º de janeiro de 2020, a comprovação da condição e do exercício da atividade

rural do segurado especial ocorrerá exclusivamente pelas informações constantes do CNIS. Para

períodos até 31/12/2019, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural

por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas credenciadas e por outros órgãos

públicos, na forma prevista no Regulamento.

São entidades públicas credenciadas para ratificar a autodeclaração do segurado especial as

Entidades Executoras do Pronater. Na hipótese de haver divergência de informações, para fins

de reconhecimento de direito com vistas à concessão de benefício, o INSS poderá exigir a

apresentação dos documentos que atestem o exercício da atividade rural ou pesqueira.

De efeito, são requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do

Pronater:

I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão

rural;

II - estar legalmente constituída há mais de 5 (cinco) anos, exceto entidades públicas;

III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento;

IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade

exigidas para a atividade;

V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais

competentes, quando for o caso;

VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento.

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Com propriedade, de acordo com o artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício

de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de diversos documentos, tendo sido

alterado o inciso IV e revogado o inciso III:

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,

quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada

pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

de 2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou

organizações públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(DAP) é o documento que identifica os beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

Eis as informações governamentais a respeito da DAP34:

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP)

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (DAP) é o instrumento utilizado para identificar e qualificar as Unidades

Familiares de Produção Agrária (UFPA) da Agricultura Familiar e suas formas

associativas organizadas em pessoas jurídicas.

Consideram-se beneficiários de DAP a UFPA composta por: agricultores/as familiares,

pescadores artesanais, aquicultores, maricultores, silvicultores, extrativistas,

quilombolas, indígenas, assentados da reforma agrária e beneficiários do Programa

Nacional de Crédito Fundiário.

A UFPA será identificada por uma única DAP Principal, categorizada em: Grupo “A” ou

“A/C”, Grupo “B” ou Grupo “V”. Para essa identificação e categorização da UFPA, deve-

se observar os seguintes critérios:

• A emissão será vinculada ao município do estabelecimento da UFPA;

• A área do estabelecimento deve ser de até quatro módulos fiscais;

34 http://www.mda.gov.br/sitemda/saf/dap

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• A atividade agrária ser desenvolvida em ambiente rural ou urbano;

• A gestão do estabelecimento deve ser estritamente familiar;

• A renda proveniente da exploração do estabelecimento deve ser igual ou superior àquela

auferida fora do estabelecimento;

• A UFPA deve utilizar, no mínimo, metade da força de trabalho familiar no processo

produtivo e de geração de renda.

As DAP emitidas a partir de 27 de agosto de 2018 terão validade de 1 ano. Para emissão

da DAP, o/a beneficiário/a deverá juntar a documentação pertinente e procurar:

• Os Sindicados e Associações de Trabalhadores da Agricultura Familiar ou Sindicatos

Rurais;

• Os escritórios das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão;

• Associações e colônias de pescadores artesanais e aquicultores (para seu público

específico);

• Escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

A emissão da DAP é gratuita não podendo os emissores credenciados cobrarem

quaisquer custas pela sua emissão.

Coube à Portaria 1, de 13/4/2017, da lavra da Secretaria Especial de Agricultura dispor sobre

as competências, condições e procedimentos específicos para a emissão, validação, suspensão,

cancelamento e exercício do controle social da DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Eis as modalidades de DAP’s:

- DAP principal – utilizada para identificação e qualificação da Unidade Familiar de

Produção Rural;

- DAP acessória – utilizada para identificação dos filhos(as), dos(as) jovens e das mulheres

agregadas à uma Unidade Familiar de Produção Rural e devem, obrigatoriamente, estar

vinculadas a uma DAP Principal;

- DAP jurídica – utilizada para identificar e qualificar as Formas Associativas da Agricultura

Familiar organizadas em pessoas jurídicas;

- DAP última versão – a DAP mais recente emitida e registrada na base de dados da SAF;

- DAP válida – aquela cujos dados utilizados no processo de identificação e qualificação das

Unidades Familiares de Produção Rural passaram por análise de consistência, garantindo a

condição de agricultores(as) familiares e não sofreram qualquer impugnação posterior que

motivasse sua suspensão ou cancelamento;

- DAP ativa – a que possibilita o acesso dos(as) agricultores(as) familiares às políticas

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públicas dirigidas a essa categoria de produtores(as) rurais e, é assim denominada, desde que

combine dois atributos: DAP última versão e DAP válida;

- DAP suspensa – aquela temporariamente desabilitada na base de dados da SAF para fins de

acesso às políticas públicas destinadas à agricultura familiar devido a necessidade de atualização

cadastral ou para verificação/conferência das informações declaradas;

- DAP cancelada – aquela que foi efetivamente cancelada na base de dados da SAF por

solicitação do próprio beneficiário, do Agente Emissor da DAP, indicação do Controle Social da

DAP, dos próprios órgãos de controle externo e interno e demais casos. O cancelamento da DAP

pode ser efetuado com ou sem o bloqueio do CPF dos titulares, conforme o caso.

O salário de benefício possui limites mínimos e máximos, não podendo ser

inferior a um salário mínimo nem superior ao teto do salário de contribuição

da data de início do benefício, atualizado para R$ 5.839,45 (valor atualizado

para todo o ano de 2019 – Portaria ME nº 9, de 15/1/2019), desde 01.01.2019.

No entanto, caso o salário de benefício seja limitado em um caso concreto ao teto legal, na

hipótese de a média aritmética dos salários de contribuição superar o limite máximo, deverá ser

promovida a sua readequação no primeiro reajuste pelo INSS, observado o novo valor máximo,

como ocorreu com os novos tetos inaugurados pelas Emendas 20/1998 (R$ 1.200,00) e 41/2003

(R$ 2.400,00).

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p. 715

Embora seja óbvio, coube à Lei 13.457/2017 expressar isto ao modificar o §1º do artigo 101

da Lei 8.213/91, passando a gozar de previsão normativa expressa que a mencionada isenção de

perícia do sexagenário aposentado por invalidez é condicionada ao não retorno ao trabalho.

Outrossim, a Lei 13.457/2017 criou outra situação de isenção de perícia para os aposentados

por invalidez, após estes completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando

decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-

doença que a precedeu. No entanto, esta hipótese que constava do artigo 101, §1º, inciso I da

Lei 8.213/91 foi expressamente revogada pela MP 871/2019.

Assim, os aposentados por invalidez com 55 anos ou mais de idade e com menos de 60

anos poderão ser chamados para a perícia administrativa objetivando a reavaliação das

condições do benefício, mesmo que já estejam em gozo há mais de 15 anos.

Outrossim, a Lei 13.457/2017 criou outra situação de isenção de perícia para os aposentados

por invalidez, após estes completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando

decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-

doença que a precedeu.

Portanto, são duas hipóteses alternativas que ensejarão a isenção de perícia do aposentado por

invalidez que não retornou ao trabalho remunerado, salvo para fins de verificação do auxílio-

acompanhante de 25%:

A) Ter completado 60 anos de idade ou;

B) Ter completado 55 anos de idade, desde que tenha percebido ao menos 15 anos de

benefício por incapacidade laborativa.

A perícia referida terá acesso aos prontuários médicos do periciado no Sistema Único de

Saúde (SUS), desde que haja a prévia anuência do periciado e seja garantido o sigilo sobre os

dados dele.

Ademais, é assegurado o atendimento domiciliar e hospitalar pela perícia médica e social do

INSS ao segurado com dificuldades de locomoção, quando seu deslocamento, em razão de sua

limitação funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus desproporcional e

indevido, nos termos do regulamento.

p. 716

Assim sendo, passou a existir previsão normativa expressa para que o INSS promova a revisão

administrativa de aposentadoria por invalidez concedida judicialmente, salvo nas situações

elencadas no artigo 101 da Lei 8.213/91.

Por outro lado, a perícia poderá ser feita no aposentado maior de 60 anos para fins de prova

no processo judicial de curatela ou para avaliação do auxílio-acompanhante de 25% sobre a renda

da aposentadoria, se o segurado necessitar da assistência permanente de terceira pessoa, podendo

este acréscimo ser cancelado se cessado o pressuposto legal mesmo após o segurado ter atingido

60 anos de idade.

Vale frisar que a revisão administrativa decorrente de concessão judicial da aposentadoria por

invalidez é regida pela Portaria INSS/AGU 04, de 10 de setembro de 2014, que revogou

expressamente a famosa Orientação Interna INSS/PFE/DIRBEN 76/2003, que disciplinou o tema

por mais de uma década.

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p. 718

Não será convocado para realização de perícia o aposentado por invalidez que tenha completado

60 (sessenta) anos de idade, exceto nas hipóteses do § 2º do art. 101 da Lei nº 8.213/1991.

Outrossim, a Lei 13.457/2017 criou outra situação de isenção de perícia para os aposentados por

invalidez, após estes completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando decorridos

quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a

precedeu. No entanto, esta hipótese que constava do artigo 101, §1º, inciso I da Lei 8.213/91

foi expressamente revogada pela MP 871/2019.

Assim, os aposentados por invalidez com 55 anos ou mais de idade e com menos de 60

anos poderão ser chamados para a perícia administrativa objetivando a reavaliação das

condições do benefício, mesmo que já estejam em gozo há mais de 15 anos.

A conclusão da perícia médica poderá ensejar os seguintes procedimentos administrativos,

conforme determina o art. 71 da Lei nº 8.212/1991, facultando-se ao segurado a interposição de

recurso administrativo:

I – constatada a persistência de incapacidade temporária que enseje a manutenção do

auxílio doença, o benefício será mantido pelo prazo necessário à recuperação da

capacidade, observadas as mesmas regras aplicáveis aos benefícios mantidos

administrativamente pelo INSS;

II – constatada a existência de incapacidade total e permanente do segurado para o trabalho,

o benefício de auxílio doença concedido ou reativado judicialmente será convertido em

aposentadoria por invalidez;

III – constatada a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, que

resultaram sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que

habitualmente exercia, o auxílio-doença será cessado e concedido o auxílio-acidente;

IV – reconhecida a incapacidade parcial ou total para o trabalho e sendo possível a

reabilitação profissional, o segurado deverá ser encaminhado para avaliação de

elegibilidade junto ao Programa de Reabilitação Profissional, observada a manutenção

prevista no inciso V;

V – constatada a ausência de incapacidade laboral atual do segurado, observado o disposto

no art. 9º, o benefício será cessado, aplicando-se às cessações do benefício de

aposentadoria por invalidez o disposto no art. 47 da Lei nº 8.213/1991;

Identificada dúvida jurídica por parte do INSS, devidamente fundamentada, poderá ser

submetida consulta à Procuradora Federal Especializada junto ao INSS, observados os atos

normativos próprios.

p. 725

Desta forma, a Súmula 576 terá apenas uma aplicação residual, ou seja, quando for

desnecessária a decisão administrativa de indeferimento da aposentadoria por invalidez, a

exemplo da omissão do INSS em dar uma resposta dentro do prazo normativo ou a recusa de

protocolo do requerimento administrativo.

Nesse sentido, a PGF editou o Parecer Referencial

27/2017/GEOR/PREV/DEPCONT/PGF/AGU:

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“EMENTA: PARECER REFERENCIAL. PORTARIA AGU Nº 488/2016.

JURISPRUDÊNCIA ITERATIVA DO STJ. RESP REPETITIVO Nº 1.369.165/SP.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO

ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL PARA A IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO CONCEDIDO NA VIA JUDICIAL. CITAÇÃO VÁLIDA DO INSS.

I. A Procuradoria-Geral Federal, com fundamento no artigo 3º, inciso I e parágrafo único, da

Portaria AGU nº 488, de 27 de julho de 2016, autoriza os Procuradores Federais a, ressalvadas

as hipóteses previstas no artigo 12 da mencionada Portaria e outras questões de ordem fática

e jurídica não abrangidas pelo acórdão proferido no REsp Repetitivo nº 1.369.165/SP, abster-

se de recorrer e desistir dos recursos já interpostos, quando a decisão judicial estiver em

conformidade com a jurisprudência do STJ fixada no aludido recurso representativo de

controvérsia, no sentido de que: ausente o prévio requerimento administrativo, o termo inicial

para a implantação da aposentadoria por invalidez concedida judicialmente deverá ser a data

da citação válida.

II. Permanece, contudo, o dever de apresentação de contestação quanto à referida pretensão

deduzida contra o INSS, porquanto a discussão objeto do REsp Repetitivo nº 1.369.165/SP

envolve aspectos processual e probatório, que somente estarão amadurecidos após a fase

instrutória do processo, máxime depois da produção da prova médico-pericial.

III. Ademais, a autorização para não recorrer/desistir dos recursos já interpostos nos

casos de decisões judiciais em conformidade com o decidido no REsp Repetitivo nº

1.369.165/SP não abrange as ações que tenham sido ajuizadas após a conclusão do

julgamento do RE nº 631.240/MG (ocorrida em 03.09.2014) sem comprovação de que o

autor tenha realizado o prévio requerimento administrativo do benefício, bem como não

deve ser aplicada nas situações em que a sua observância resulte na contrariedade aos

preceitos insculpidos na Orientação Judicial Conjunta DEPCONT-PGF/PFE-INSS nº

03/2014 e na Orientação Judicial Conjunta DEPCONT-PGF/PFE-INSS nº 01/2015,

qualquer que seja a data do ajuizamento da ação judicial”.

O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que necessitar da assistência

permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (auxílio-acompanhante), se assim

comprovado em perícia médica do INSS.

p. 730

Este entendimento da TNU foi confirmado na sessão de 18 de fevereiro de 2016, no

julgamento do processo 5000107-25.2015.4.04.7100.

Inicialmente, o STJ rejeitava a extensão do auxílio-acompanhante à aposentadoria por idade

e tempo de contribuição (REsp 1.533.402-SC, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 1º/9/2015,

DJe 14/9/2015 e REsp 1475512, de 15/12/2015) em ambas as Turmas da 1ª Seção.

No entanto, o tema obteve uma enorme reviravolta na 1ª Seção do STJ que acolheu a

tese em sede de recurso repetitivo (tema 982):

Informativo 634 - RECURSOS REPETITIVOS

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PROCESSO REsp 1.648.305-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Rel. Acd.

Min. Regina Helena Costa, Primeira Seção, por maioria, julgado

em 22/08/2018, DJe 26/09/2018 (Tema 982)

RAMO DO DIREITO DIREITO CONSTITUCIONAL, DIREITO PREVIDENCIÁRIO

TEMA Aposentadoria por invalidez. "Auxílio-acompanhante".

Adicional de 25%. Art. 45 da Lei n. 8.213/1991. Assistência

permanente de terceiro. Comprovação. Necessidade. Extensão

a outras espécies de aposentadoria. Possibilidade. Tema 982.

DESTAQUE

Comprovadas a invalidez e a necessidade de assistência permanente de terceiro, é devido o

acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), previsto no art. 45 da Lei n. 8.213/1991, a todos

os aposentados pelo RGPS, independentemente da modalidade de aposentadoria.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Inicialmente, insta salientar que a melhor exegese do art. 45 da Lei n. 8.213/1991 autoriza o

alcance do "auxílio-acompanhante" às demais modalidades de aposentadoria previstas no

Regime Geral de Previdência Social, uma vez comprovadas a invalidez e a necessidade de

ajuda permanente de outra pessoa para atividades cotidianas, tais como higiene ou

alimentação. Sob o prisma da dignidade da pessoa humana, do tratamento isonômico e da

garantia dos direitos sociais, previstos, respectivamente, nos arts. 1º, III, 5º, caput, e 6º, da

Constituição da República, tanto o aposentado por invalidez, quanto o aposentado por idade,

tempo de contribuição ou especial, são segurados que podem, igualmente, encontrar-se na

condição de inválidos, a ponto de necessitar da assistência permanente de terceiro. Sublinhe-

se, ademais, que o Brasil é signatário da Convenção Internacional de Nova Iorque sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2007, admitida com status de emenda

constitucional, promulgada pelo Decreto n. 6.949/2009, que em seu art. 1º ostenta o propósito

de "(...) promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos

humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o

respeito pela sua dignidade inerente", garantindo, ainda, em seus arts. 5º e 28, tratamento

isonômico e proteção da pessoa com deficiência, inclusive na seara previdenciária. Posto isso,

ao instituir a possibilidade de acréscimo pecuniário de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o

valor do benefício, o qual pode vir, inclusive, a sobrepujar o teto de pagamento dos benefícios

do Regime Geral de Previdência Social, o legislador ordinário não se orientou apenas pelo

fato gerador da aposentadoria por invalidez, mas, precipuamente, pela proteção do risco social

consubstanciado no indispensável amparo ao segurado, atribuindo-lhe o auxílio de terceira

pessoa, buscando, assim, diminuir o impacto financeiro sobre o valor de seus proventos com

a contratação de assistência permanente. O segurado que recebe aposentadoria por tempo de

contribuição, por idade ou especial acometido de limitações físicas e/ou mentais e que recebe

1 (um) salário-mínimo, encontra-se em situação de risco social da mesma maneira que o

aposentado por invalidez, porém com a circunstância agravante de que, como não recebe o

adicional de "grande invalidez", terá que custear as despesas extras com a contratação de ajuda

de terceiro, o que, por óbvio, será feito em detrimento de outras necessidades básicas como

alimentação e moradia, e, em última análise, do chamado "mínimo existencial", um dos

principais efeitos da aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana. Ademais,

ressalte-se que o art. 45 da Lei n. 8.213/1991 não exige que a ajuda de outra pessoa seja

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imprescindível desde o início da percepção do benefício, revelando que, na hipótese de o

segurado ter se aposentado por invalidez e, apenas posteriormente, passar a necessitar desse

socorro, o adicional será aplicável. Logo, em caso de invalidez superveniente do segurado

aposentado com fundamento em outro fato gerador, o indivíduo tornar-se-á pessoa portadora

de deficiência, devendo ser, igualmente, contemplado com o adicional do referido artigo, caso

seja imprescindível o auxílio de outra pessoa. Remarque-se que o fato gerador do adicional

em exame é a necessidade de assistência permanente de outra pessoa, a qual pode estar

presente ou não no momento do requerimento administrativo da aposentadoria por invalidez,

bem como sua concessão pode ter ou não relação com a moléstia que deu causa à concessão

do benefício originário, o que reforça seu caráter assistencial. Da mesma maneira, consoante

a alínea "c" do parágrafo único do art. 45 da Lei n. 8.213/1991, o pagamento do adicional

cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte,

circunstância própria dos benefícios assistenciais que, pela ausência de contribuição prévia,

são personalíssimos e, portanto, intransferíveis aos dependentes. Devido à sua natureza

assistencial, outrossim, não há previsão legal de fonte de custeio específica para o "auxílio-

acompanhante" recebido pelos aposentados por invalidez. Dessarte, não há falar, igualmente,

em fonte específica para às demais modalidades de aposentadoria, porquanto tal benefício é

garantido pelo Estado, independentemente de contribuição à Seguridade Social, nos termos

do art. 203 da Constituição da República.

A tese não é acolhida na via administrativa pelo INSS, que objetiva a sua reforma no âmbito

do STF com base na regra de contrapartida, considerando que se trata de extensão judicial e não

legislativa.

A recuperação da capacidade laborativa pelo aposentado por invalidez poderá gerar o

pagamento de um “prêmio” por seu esforço, pois o segurado ainda receberá algumas parcelas do

benefício por alguns meses, sendo intitulado pela doutrina de mensalidades de recuperação.

De efeito, quando a recuperação ocorrer dentro de 05 anos, contado da data do início da

aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício

cessará após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria

por invalidez, para segurado empregado doméstico, trabalhador avulso, segurado especial,

contribuinte individual e segurado facultativo.

No caso do segurado empregado, a cessação do pagamento será imediata, caso ele tenha

direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da

legislação trabalhista.

Por outro lado, quando a recuperação ocorrer após os referidos 05 anos, ou, mesmo antes,

se for parcial ou se o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do

qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade, da

seguinte forma:

a) no seu valor integral, durante 06 meses contados da data em que for verificada a

recuperação da capacidade;

b) com redução de 50%, no período seguinte de 06 meses;

c) com redução de 75%, também por igual período de 06 meses, ao término do qual cessará

definitivamente.

Vale registrar que o ato administrativo do INSS que pronuncia a recuperação do aposentado

por invalidez e fixa as parcelas das mensalidades de recuperação pode ser questionado

judicialmente, de logo, acaso o segurado entenda que inexiste recuperação.

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Não se exige que o segurado aguarde a cessação de todas as parcelas da mensalidade de

recuperação para ajuizar demanda, pois já existe um ato jurídico que pode ser alvo

imediatamente de controle judicial, pois a espera pode se revelar prejudicial para o

segurado, especialmente com a redução progressiva das parcelas.

Considerando que a natureza jurídica do pagamento das mensalidades de recuperação é de

aposentadoria por invalidez, deve incidir a regra do artigo 55, II, da Lei 8.213/91 para fins de

cômputo como tempo de contribuição.

Nesse sentido, a acertada jurisprudência:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.

RECONHECIMENTO DE TEMPO E SERVIÇO. CÔMPUTO DE PERÍODOS EM

GOZO DE BENEFÍCIOS ACIDENTÁRIOS. MENSALIDADE DE

RECUPERAÇÃO. PREENCHIDOS OS REQUISITOS PARA APOSENTAÇÃO.

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. APELO DO INSS PARCIALMENTE

PROVIDO. - A questão em debate consiste na possibilidade de se reconhecer o

tempo de serviço especificado na inicial, em que a parte autora esteve em gozo de benefícios

da previdência social para, somados aos demais lapsos de trabalho incontroversos, propiciar

a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. - Consta dos autos que a parte autora

percebeu auxílio-doença por acidente de trabalho no período de 02/05/2001 a 19/01/2005 e

aposentadoria por invalidez acidentária de 20/01/2005 a 14/08/2007. - Quanto aos períodos

em que os segurados estiveram em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez

acidentários, poderão ser computados como tempo de serviço sejam intercalados ou não com

períodos de atividade laborativa, tal como se depreende do inciso IX, do artigo 60, do Decreto

nº 3.048/99. - No que se refere ao direito ao recebimento e cômputo das

chamadas mensalidades de recuperação, tem-se que no caso em tela deve ser aplicado o

disposto no artigo 47, inciso II, da Lei nº 8.213/91, uma vez que a recuperação do autor

ocorreu após o período de 05 (cinco) anos, contado após o início do auxílio-doença que

antecedeu sem interrupção a aposentadoria por invalidez. Dessa forma, evidente o direito da

parte autora às mensalidades de recuperação. - Considerando que durante o

período de percepção da mensalidade de recuperação o segurado mantém a

condição de aposentado, tal lapso também deve ser computado como

tempo de contribuição. - Feitos os cálculos, somando os lapsos em que esteve em gozo dos

benefícios acidentários, incluídos os 18 meses referentes às mensalidades de recuperação, aos

períodos de labor incontroversos constantes da contagem e resumo de documentos para

cálculo de tempo de contribuição juntada aos autos em apenso, tendo como certo que somou

mais de 35 anos de trabalho, faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição, eis que

respeitando as regras permanentes estatuídas no artigo 201, §7º, da CF/88, deveria cumprir,

pelo menos, 35 (trinta e cinco) anos de contribuição” (TRF da 3ª Região, APELAÇÃO

CÍVEL – 2287656, de 7/5/2018).

Saliente-se que o empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato

de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício,

assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao

empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho35.

Vale registrar que a jurisprudência vem sendo bastante flexível no que concerne ao pedido de

concessão de benefícios previdenciários, podendo o Poder Judiciário deferir benefício diverso do

requerido.

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p. 743

Eis a correta posição da TNU:

“PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR

IDADE HÍBRIDA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. IDADE

E PERÍODO DE CARÊNCIA. TEMA 131 DA TNU. ANULAÇÃO DO

JULGADO. QUESTÃO DE ORDEM N. 20. INCIDENTE PROVIDO. 1.

Prolatado acórdão pela Turma Recursal de Santa Catarina, o qual manteve a

sentença que julgou improcedente o pedido em função da parte autora não ter

demonstrado que o último vínculo de trabalho era rural. 2. Interposto incidente de

uniformização pela Ré, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001.

Alega, em síntese, a divergência do julgado com o posicionamento predominante

que afasta a exigência do exercício da atividade rural imediatamente anterior ao

cumprimento do requisito etário, podendo ser aceito o exercício da atividade

urbana. 3. Incidente admitido na origem, sendo os autos encaminhados à TNU e

distribuídos a este Relator, por ocasião do mutirão. 4. Nos termos do art. 14, § 2º,

da Lei nº 10.259/01, o pedido de uniformização nacional de jurisprudência é

cabível quando houver divergência entre decisões sobre questões de direito

material proferidas por turmas recursais de diferentes regiões ou em contrariedade

à súmula ou jurisprudência dominante da Turma Nacional de Uniformização ou

do Superior Tribunal de Justiça. 5. No caso dos autos, tanto a sentença como o

acórdão recorrido entenderam que o exercício da atividade urbana no período

imediatamente anterior ao requerimento do benefício impede a sua concessão. De

outro lado, o acórdão paradigma aponta a para a desnecessidade de que a atividade

laborativa que precede o requerimento administrativo ou o preenchimento do

requisito etário seja exclusivamente a atividade rural, podendo ser aceita para a

concessão da aposentadoria por idade híbrida a atividade urbana. Nesse cenário,

resta claro a dissonância jurisprudencial entre o acórdão recorrido e o paradigma.

6. Conheço, pois, do incidente e passo ao exame do mérito. 7. A TNU afetou a

matéria aos temas Representativos de Controvérsia, tema 131, cuja tese firmada é

a seguinte: “Para a concessão da aposentadoria por idade híbrida ou mista,

na forma do art. 48, § 3º, da Lei n. 8.213/91, cujo requisito etário é o mesmo

exigido para a aposentadoria por idade urbana, é irrelevante a natureza

rural ou urbana da atividade exercida pelo segurado no período

imediatamente anterior à implementação do requisito etário ou ao

requerimento do benefício. Ainda, não há vedação para que o tempo rural

anterior à Lei 8.213/91 seja considerado para efeito de carência, mesmo que

não verificado o recolhimento das respectivas contribuições.” 8. Incidente

conhecido e provido para reafirmar a tese no sentido de que, para fins de concessão

de aposentadoria por idade híbrida é indiferente que a atividade desempenhada

pelo trabalhador quando do preenchimento do requisito etário ou do requerimento

administrativo seja o trabalho rural ou urbano. Por consequência, o feito deve

retornar ao juízo a quo para a consequente análise das provas, conforme a Questão

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de Ordem nº 20/TNU, fiel a tese apresentada” (PEDILEF

50014771320144047217, DOU de 23/3/2017).

Entrementes, ao julgar o tema 168 em incidente de uniformização representativo de

controvérsia, a TNU rejeitou o cômputo do tempo rural remoto não contributivo na

formação da carência da aposentadoria por idade híbrida (Processo nº 0001508-

05.2009.4.03.6318/SP):

TEMA 168 - “Para a concessão do benefício de aposentadoria por idade híbrida, não é

possível somar ao período de carência, urbano ou rural, o tempo de serviço prestado

remotamente na qualidade de trabalhador rural sem contribuição. Para fins dessa tese,

entende-se por tempo remoto aquele que não se enquadra na descontinuidade admitida

pela legislação, para fins de aposentadoria rural por idade, a ser avaliada no caso

concreto” (tese firmada na sessão de 26/10/2018).

Eis a publicação da notícia no site oficial do CJF:

Turma Nacional decide sobre tempo rural remoto na aposentadoria por idade

híbrida36

Decisão TNU

Publicado: 24/08/2018 19h08 Última modificação: 24/08/2018 19h08

Entendimento foi firmado em representativo da controvérsia, na sessão de 17 de agosto

Ao julgar um pedido de concessão do benefício de aposentadoria por idade híbrida (urbana e

rural), a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) decidiu,

por maioria, que só é possível somar ao tempo de contribuição o tempo de serviço rural sem

contribuições que esteja no período imediatamente anterior ao implemento da idade do

segurado, ou à data do requerimento administrativo, ainda que de forma descontínua, até

totalizar o número de meses equivalente à carência do benefício. O entendimento foi firmado

na sessão ordinária do dia 17 de agosto, em São Paulo (SP).

A aposentadoria por idade híbrida é devida a quem tem idade, mas não preenche

individualmente os requisitos para a aposentadoria por idade urbana ou para a aposentadoria

por idade rural. Por isso, na aposentadoria por idade híbrida, a lei autoriza mesclar a atividade

rural com a urbana, somando-se o período de contribuição ao tempo de serviço rural, para o

cômputo da carência do benefício. O processo chegou à TNU por meio do Instituto Nacional

do Seguro Social (INSS), que recorreu contra acórdão da Turma Recursal de São Paulo, que

reconheceu o direito de uma beneficiária da Previdência ao cômputo de tempo de labor rural

em regime de economia familiar, antigo e descontínuo, para compor a carência necessária

para a aposentação por idade.

Na TNU, o relator, juiz federal Ronaldo José da Silva, conheceu do incidente de

uniformização, mas negou provimento à pretensão do INSS. A interpretação do magistrado

reafirmou a tese do Tema 131 da TNU, com acréscimo de entendimento sobre eventual

descontinuidade do labor rural, assentando que seria possível o cômputo de período rural

remoto, ainda que descontínuo, prestado em qualquer época, mesmo anterior à Lei n.

36 https://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2018/agosto/turma-nacional-decide-sobre-tempo-rural-remoto-na-

aposentadoria-por-idade-hibrida

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8.213/91, laborado em regime de economia familiar ou como trabalhador rural, para fins de

carência com o escopo de obtenção do benefício da aposentadoria por idade híbrida, prevista

no art. 48, §3º, da Lei n. 8.213/91.

Porém, o julgamento foi interrompido na sessão do dia 21 de junho e retomado no dia 17 de

agosto com o voto-vista da juíza federal Carmen Elizangela Dias Moreira de Resende, que

seguiu a divergência apresentada pela juíza federal Luísa Hickel Gamba, que discordava do

relator e que foi acompanhada pela maioria do Colegiado, dando provimento ao incidente de

uniformização.

Gamba considerou que o fato de o labor rural ter ocorrido antes da edição da Lei n. 8.213/91

não representa qualquer óbice para seu cômputo para fins de concessão da aposentadoria por

idade híbrida, desde que não seja considerado remoto. O tempo remoto seria aquele que não

se enquadra na descontinuidade admitida pela legislação e que não está no período

imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento administrativo da

aposentadoria por idade.

“É claro que, com o passar do tempo, esses períodos já começaram a ser caracterizados como

remotos nos pedidos de concessão que tenham sido formulados recentemente. Nesse ponto, a

utilização desses períodos encontra óbice na exigência legal de imediatidade para que o

período rural sem contribuição possa substituir o requisito carência, não possuindo qualquer

relação com o fato de serem eventualmente anteriores à edição da Lei n. 8.213/91”, afirmou

a juíza federal em seu voto.

Outro ponto destacado pela magistrada, é que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda não

enfrentou a matéria sob o enfoque específico da contagem do tempo rural remoto, não

imediato ou descontínuo. “O que existe são reiterados julgados no mesmo sentido das teses

firmadas no Tema 131 desta Turma, que, naturalmente, observou a jurisprudência daquela

Egrégia Corte”, afirmou.

Ainda de acordo com Luísa Hickel Gamba, no processo analisado, verificou-se que a Turma

Recursal de São Paulo determinou a concessão do benefício de aposentadoria por idade

híbrida sem indagar sobre o requisito da imediatidade do período rural sem contribuição

(03/10/1957 a 26/07/1971) para fins de cômputo da carência. Por este motivo, o Colegiado da

TNU determinou o retorno dos autos para a Turma de origem a fim de adequar o julgado com

base nessa interpretação. O processo foi analisado à luz dos representativos de controvérsia

(Tema 168), para que o mesmo entendimento seja aplicado a casos com a mesma questão de

direito.

Processo nº 0001508-05.2009.4.03.6318/SP

A tese é bem confusa e acabou por restringir bastante o cômputo do período rural na carência

da aposentadoria por idade híbrida do segurado que possui período rural remoto não

contributivo e deseja integralizar os 15 anos de carência com a soma de ambos.

A tese aduz que se entende por tempo remoto aquele que não se enquadra na descontinuidade

admitida pela legislação, para fins de aposentadoria rural por idade, a ser avaliada no caso

concreto, sendo que a vedação de consideração de carência se refere apenas ao não contributivo,

onde parece se enquadrar o segurado especial (período pós Lei 8.213/91) e o trabalhador rural

filiado à Previdência Social Rural (período pré Lei 8.213/91).

Na decisão, a Turma Nacional aduziu que, na carência da aposentadoria por idade híbrida, só

é possível somar ao tempo de contribuição o tempo de serviço rural sem contribuições que esteja

no período imediatamente anterior ao implemento da idade do segurado, ou à data do

requerimento administrativo, ainda que de forma descontínua.

É certo que a legislação admite a carência rural em períodos contínuos ou descontínuos, sendo

omissa a decisão sobre os limites da descontinuidade admitida para cômputo de carência,

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presumindo-se que devem ser utilizados os períodos de graça do segurado especial.

Por outro lado, o impedimento citado não abarca o período rural remoto contributivo, a

exemplo dos períodos laborados no RGPS na condição de empregado ou trabalhador avulso rural.

De seu turno, o Superior Tribunal de Justiça não possui decisão específica sobre o tema, sendo

certo que em algum momento irá se manifestar a respeito, certamente em sede de recurso especial

no rito comum, pois o incidente no JEF pressupõe decisão da TNU contra precedente do STJ, que

ainda não existe neste quesito.

Outrossim, a legislação não trata deste tema de modo expresso, o que torna ainda mais

complexa a análise da decisão da TNU, mormente porque parece ser mais restritiva que a posição

adotada nas Agências do INSS, embora não se tenha localizado um ato da Autarquia a respeito.

Outra questão que deve ser enfrentada é a extensão da aposentadoria por idade híbrida aos

garimpeiros e pescadores artesanais, haja vista que a Lei 11.718/2008 apenas se referiu aos

trabalhadores rurais, sendo que aqueles também possuem direito à redução em cinco anos na

idade, acaso integralizem carência de 180 recolhimentos mensais nessa condição.

p. 747

Vale registrar que a jurisprudência dominante vem admitindo o reconhecimento de

tempo rural anterior ao início de prova material mais remoto, desde que complementado

por testemunhas idôneas.

No julgamento do REsp1.348.633/SP, sob o rito do art. 543-C do CPC (recursos

repetitivos), a 1ª Seção do STJ, em 28/08/2013, reconheceu o tempo de serviço

rural mediante apresentação de um início de prova material sem delimitar o

documento mais remoto como termo inicial do período a ser computado, contanto

que corroborado por testemunhos idôneos. No caso julgado, Arnaldo Esteves

Lima, Ministro Relator, concluiu que as provas testemunhais juntadas para

complementar o início de prova material, tanto do período anterior ao mais antigo,

quanto posterior ao mais recente, eram válidas. Para ele, mesmo que não haja

nenhum documento que comprove a atividade rural anterior à certidão de

casamento do segurado, ocorrido em 1974, os testemunhos colhidos em juízo

sustentam a alegação de que ele trabalha no campo desde 1967.

Posteriormente, o STJ editou em 22 de junho de 2016 a Súmula 577:

Súmula 577 - “É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao

documento mais antigo apresentando, desde que amparado em convincente prova

testemunhal colhida sob o contraditório”.

Em decorrência dessa tese repetitiva do STJ, a PGF editou o Parecer Referencial

00003/2018/DEPCONT/PGF/AGU:

“EMENTA: PARECER REFERENCIAL. PORTARIA AGU Nº 488/2016.

JURISPRUDÊNCIA ITERATIVA DO STJ. RESP REPETITIVO Nº 1.348.633/SP.

RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL ANTERIOR AO

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DOCUMENTO APRESENTADO COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL.

POSSIBILIDADE. I. A Procuradoria-Geral Federal, com fundamento no artigo 3º, inciso I e parágrafo único, da

Portaria AGU nº 488, de 27 de julho de 2016, autoriza os Procuradores Federais a, ressalvadas

as hipóteses previstas no artigo 12 da mencionada Portaria e outras questões de ordem fática

e jurídica não abrangidas pelo acórdão proferido no REsp Repetitivo nº 1.348.633/SP,

reconhecer a procedência do pedido, abster-se de contestar e de recorrer, e desistir dos

recursos já interpostos, quando a pretensão deduzida contra o INSS ou a decisão

judicial estiver em conformidade com a jurisprudência do STJ fixada no aludido recurso

representativo de controvérsia, no sentido de que: para os segurados especiais previstos no

artigo 11, inciso VII, da Lei n. 8.213/91, é possível o reconhecimento de tempo de serviço

rural anterior ao documento apresentado como início de prova material, desde que (i) o início

de prova material seja válido e (ii) exista prova testemunhal robusta e coesa colhida nos

próprios autos sob o manto do contraditório e apta a ampliar a eficácia probatória do aludido

início de prova material.

II. Para fins do disposto no item I, são requisitos para a validade do início de prova material:

a) a concretização em ao menos um dos documentos aceitos pela legislação de regência (Lei

n. 8.213/91, art. 106), pela jurisprudência pacificada a respeito ou pela Súmula nº 32 da AGU;

b) a contemporaneidade a uma parte do período de trabalho rural pretendido; e c) a

inexistência de exercício de trabalho incompatível com o labor rurícola (como o de natureza

urbana) no intervalo de lida campesina que se busca reconhecer”.

No plano da interpretação do INSS, o tema é regulamentado pelos artigos 47 até 54 da Instrução

Normativa 77/2015, que disciplina a comprovação de exercício de atividade rural do segurado

especial.

p. 748

Nos termos do artigo 54, da Instrução Normativa INSS 77/2015, considera-se início de prova

material, para fins de comprovação da atividade rural, entre outros, os seguintes documentos,

desde que neles conste a profissão ou qualquer outro dado que evidencie o exercício da atividade

rurícola e seja contemporâneo ao fato nele declarado:

I - certidão de casamento civil ou religioso;

II - certidão de união estável;

III - certidão de nascimento ou de batismo dos filhos;

IV - certidão de tutela ou de curatela;

V - procuração;

VI - título de eleitor ou ficha de cadastro eleitoral;

VII - certificado de alistamento ou de quitação com o serviço militar;

VIII - comprovante de matrícula ou ficha de inscrição em escola, ata ou boletim

escolar do trabalhador ou dos filhos;

IX - ficha de associado em cooperativa;

X - comprovante de participação como beneficiário, em programas

governamentais para a área rural nos estados, no Distrito Federal ou nos

Municípios;

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XI - comprovante de recebimento de assistência ou de acompanhamento de

empresa de assistência técnica e extensão rural;

XII - escritura pública de imóvel;

XIII - recibo de pagamento de contribuição federativa ou confederativa;

XIV - registro em processos administrativos ou judiciais, inclusive inquéritos,

como testemunha, autor ou réu;

XV - ficha ou registro em livros de casas de saúde, hospitais, postos de saúde ou

do programa dos agentes comunitários de saúde;

XVI - carteira de vacinação;

XVII - título de propriedade de imóvel rural;

XVIII - recibo de compra de implementos ou de insumos agrícolas;

XIX - comprovante de empréstimo bancário para fins de atividade rural;

XX - ficha de inscrição ou registro sindical ou associativo junto ao sindicato de

trabalhadores rurais, colônia ou associação de pescadores, produtores ou outras

entidades congêneres;

XXI - contribuição social ao sindicato de trabalhadores rurais, à colônia ou à

associação de pescadores, produtores rurais ou a outras entidades congêneres;

XXII - publicação na imprensa ou em informativos de circulação pública;

XXIII - registro em livros de entidades religiosas, quando da participação em

batismo, crisma, casamento ou em outros sacramentos;

XXIV - registro em documentos de associações de produtores rurais,

comunitárias, recreativas, desportivas ou religiosas;

XXV - Revogado pela IN INSS 85/2016;

XXVI - título de aforamento;

XXVII - declaração de aptidão fornecida para fins de obtenção de financiamento

junto ao Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar –

PRONAF; e

XXVIII - ficha de atendimento médico ou odontológico.

A Medida Provisória 871/2019 previu que o Ministério da Economia manterá sistema de

cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e poderá

firmar acordo de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com

outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal para a manutenção

e a gestão do sistema de cadastro (inserção do art. 38-A e 38-B na Lei 8.213/91).

A novidade é que o sistema preverá a manutenção e a atualização anual do cadastro do

segurado especial e conterá as informações necessárias à caracterização da condição de segurado

especial, devendo ser feita até 30 de junho do ano subsequente.

Vencida esta data, o texto legal prevê que “o segurado especial só poderá computar o período

de trabalho rural se efetuado em época própria o recolhimento na forma prevista no art. 25 da Lei

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nº 8.212, de 1991”. É vedada a atualização anual após o prazo de 5 anos, contados a partir

de 30 de junho do ano subsequente à prestação do serviço rural ou de pesca.

A partir de 1º de janeiro de 2020, a comprovação da condição e do exercício da atividade

rural do segurado especial ocorrerá exclusivamente pelas informações constantes do CNIS. Para

períodos até 31/12/2019, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural

por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas credenciadas e por outros órgãos

públicos, na forma prevista no Regulamento.

São entidades públicas credenciadas para ratificar a autodeclaração do segurado especial as

Entidades Executoras do Pronater. Na hipótese de haver divergência de informações, para fins

de reconhecimento de direito com vistas à concessão de benefício, o INSS poderá exigir a

apresentação dos documentos que atestem o exercício da atividade rural ou pesqueira.

De efeito, são requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do

Pronater:

I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão

rural;

II - estar legalmente constituída há mais de 5 (cinco) anos, exceto entidades públicas;

III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento;

IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade

exigidas para a atividade;

V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais

competentes, quando for o caso;

VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento.

Com propriedade, de acordo com o artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício

de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de diversos documentos, tendo sido

alterado o inciso IV e revogado o inciso III:

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,

quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada

pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

de 2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou

organizações públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

Por sua vez, aduz a autarquia previdenciária que não será exigido que os documentos referidos

sejam contemporâneos ao período de atividade rural que o segurado precisa comprovar, em

número de meses equivalente ao da carência do benefício, para a concessão de benefícios no valor

de salário mínimo, podendo servir como início de prova documento anterior a este período,

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na conformidade do Parecer CJ/MPS nº 3.136, de 23 de setembro de 2003.

p. 752

Nesse sentido, mais uma vez, é interessante colacionar passagem do Parecer 3.136/2003, da

lavra da Consultoria Jurídica do extinto Ministério da Previdência Social:

“27. Em suma, não poderiam ser aceitas como início de prova material as simples

declarações (i. é, as produzidas sem base em outros dados concretamente

aferíveis), mesmo que emanadas de autoridades (sindicais ou mesmo estatais),

pois, em essência, elas equivalem à transcrição de testemunhos (e, pior,

testemunhos tomados por pessoas não compromissadas nem advertidas sobre

deveres de não faltar com a verdade, longe da presença de qualquer agente de

Administração ou da Justiça, em prejuízo do contraditório, da imediação e dos

demais princípios que cercam de garantias as audiências de inquirição de

testemunhas)”.

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(DAP) é o documento que identifica os beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

Eis as informações governamentais a respeito da DAP37:

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP)

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (DAP) é o instrumento utilizado para identificar e qualificar as Unidades

Familiares de Produção Agrária (UFPA) da Agricultura Familiar e suas formas

associativas organizadas em pessoas jurídicas.

Consideram-se beneficiários de DAP a UFPA composta por: agricultores/as familiares,

pescadores artesanais, aquicultores, maricultores, silvicultores, extrativistas,

quilombolas, indígenas, assentados da reforma agrária e beneficiários do Programa

Nacional de Crédito Fundiário.

A UFPA será identificada por uma única DAP Principal, categorizada em: Grupo “A”

ou “A/C”, Grupo “B” ou Grupo “V”. Para essa identificação e categorização da UFPA,

deve-se observar os seguintes critérios:

37 http://www.mda.gov.br/sitemda/saf/dap

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• A emissão será vinculada ao município do estabelecimento da UFPA;

• A área do estabelecimento deve ser de até quatro módulos fiscais;

• A atividade agrária ser desenvolvida em ambiente rural ou urbano;

• A gestão do estabelecimento deve ser estritamente familiar;

• A renda proveniente da exploração do estabelecimento deve ser igual ou superior àquela

auferida fora do estabelecimento;

• A UFPA deve utilizar, no mínimo, metade da força de trabalho familiar no processo

produtivo e de geração de renda.

As DAP emitidas a partir de 27 de agosto de 2018 terão validade de 1 ano. Para

emissão da DAP, o/a beneficiário/a deverá juntar a documentação pertinente e procurar:

• Os Sindicados e Associações de Trabalhadores da Agricultura Familiar ou Sindicatos

Rurais;

• Os escritórios das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão;

• Associações e colônias de pescadores artesanais e aquicultores (para seu público

específico);

• Escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

A emissão da DAP é gratuita não podendo os emissores credenciados cobrarem

quaisquer custas pela sua emissão.

Coube à Portaria 1, de 13/4/2017, da lavra da Secretaria Especial de Agricultura dispor sobre

as competências, condições e procedimentos específicos para a emissão, validação, suspensão,

cancelamento e exercício do controle social da DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Eis as modalidades de DAP’s:

- DAP principal – utilizada para identificação e qualificação da Unidade Familiar de

Produção Rural;

- DAP acessória – utilizada para identificação dos filhos(as), dos(as) jovens e das mulheres

agregadas à uma Unidade Familiar de Produção Rural e devem, obrigatoriamente, estar

vinculadas a uma DAP Principal;

- DAP jurídica – utilizada para identificar e qualificar as Formas Associativas da Agricultura

Familiar organizadas em pessoas jurídicas;

- DAP última versão – a DAP mais recente emitida e registrada na base de dados da SAF;

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- DAP válida – aquela cujos dados utilizados no processo de identificação e qualificação das

Unidades Familiares de Produção Rural passaram por análise de consistência , garantindo a

condição de agricultores(as) familiares e não sofreram qualquer impugnação posterior que

motivasse sua suspensão ou cancelamento;

- DAP ativa – a que possibilita o acesso dos(as) agricultores(as) familiares às políticas

públicas dirigidas a essa categoria de produtores(as) rurais e, é assim denominada, desde que

combine dois atributos: DAP última versão e DAP válida;

- DAP suspensa – aquela temporariamente desabilitada na base de dados da SAF para fins de

acesso às políticas públicas destinadas à agricultura familiar devido a necessidade de atualização

cadastral ou para verificação/conferência das informações declaradas;

- DAP cancelada – aquela que foi efetivamente cancelada na base de dados da SAF por

solicitação do próprio beneficiário, do Agente Emissor da DAP, indicação do Controle Social da

DAP, dos próprios órgãos de controle externo e interno e demais casos. O cancelamento da DAP

pode ser efetuado com ou sem o bloqueio do CPF dos titulares, conforme o caso.

O INSS também fazia uma entrevista para verificar a condição de rurícola, sendo elemento

indispensável à comprovação do exercício da atividade rural e da forma como ela foi exercida,

inclusive para confirmação dos dados contidos em declarações sindicais e de autoridades, com

vistas ao reconhecimento ou não do direito ao benefício pleiteado, sendo obrigatória a sua

realização, independente dos documentos apresentados.

Com efeito, nos termos do artigo 112 da Instrução Normativa INSS 77/2015, a entrevista era

indispensável à comprovação do exercício de atividade rural, com vistas à confirmação das

seguintes informações:

I - da categoria (segurado especial, contribuinte individual ou empregado);

II - da forma de ocupação (proprietário, posseiro, parceiro, meeiro, arrendatário,

comodatário, dentro outros);

III - da forma de exercício da atividade (individual ou de economia familiar);

IV - da condição no grupo familiar (titular ou componente) quando se tratar de

segurado especial;

V - do período de exercício de atividade rural;

VI - da utilização de assalariados;

VII - de outras fontes de rendimentos; e

VIII - de outros fatos que possam caracterizar ou não sua condição.

Excepcionalmente, a entrevista será dispensada nas seguintes situações:

I - para o indígena;

II - para as categorias de empregado e contribuinte individual que comprovem

essa condição;

III - nas hipóteses previstas de migração de períodos positivos de atividade de

segurado especial.

No entanto, as entrevistas dos segurados especiais sofreram enorme mitigação com o advento

do Memorando-Circular Conjunto nº 30/DIRBEN/DIRAT/INSS, de 13/9/2017, que noticiou a

aprovação da Portaria Conjunta nº 1/DIRBEN/DIRAT/INSS.

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De acordo com a citada Portaria, conforme disposto nos itens 31 a 33 do Parecer/CJ nº 3.316,

não será necessária realização de entrevista rural para comprovação da atividade na categoria

de segurado especial, nos casos em que a documentação apresentada esteja em nome do

requerente do benefício.

Nesse sentido, operou-se a substituição da entrevista rural pelo formulário de requerimento

de comprovação de atividade do segurado especial, que integrará o cadastro do segurado

especial, em conformidade com os art. 38-A e 38-B da Lei nº 8.213/91 e artigos 329-A e 329-B

do RPS, no qual será oportunizado ao segurado a prestação de todas as informações que eram

fornecidas por ele na ocasião da entrevista rural.

Além disso, há informação de que o cruzamento de dados com aqueles constantes nos bancos

de dados do poder público já vem ocorrendo, garantindo maior segurança na concessão dos

benefícios.

A obtenção dos dados previstos no art. 112 da Instrução Normativa nº 77/INSS/PRES, de 21

de janeiro de 2015, para a comprovação da atividade de segurado especial do grupo familiar, em

consonância com o Parecer/CJ nº 3.136 deverá ser realizada com a utilização dos modelos dos

anexos II e III da Portaria Conjunta nº 1/DIRBEN/DIRAT/INSS.

A coleta dos dados será realizada:

I – Pela Entidade que tenha celebrado Acordo de Cooperação Técnica – ACT para

Recepção Remota de Requerimentos, sendo dispensada a emissão de parecer

conclusivo pelo servidor do INSS;

II – Pelo servidor do INSS, nos casos em que o requerimento não esteja abrangido

por Acordo de Cooperação Técnica – ACT para Recepção Remota de

Requerimentos, sendo dispensada a emissão de parecer conclusivo, por se tratar

de ato declaratório.

Para confirmação das informações declaradas, bem como para homologação da declaração do

sindicato ou colônia é indispensável a confrontação com as obtidas nos bancos de dados de bases

governamentais constantes no CNIS e demais sistemas corporativos da Previdência Social.

De acordo com a Súmula 05, da TNU, em aplicação ao Princípio do Tempus

Regit Actum, “a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o

advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode

ser reconhecida para fins previdenciários”.

Em regra, nos termos do artigo 50, da Lei 8.213/91, a renda mensal inicial

(RMI) da aposentadoria por idade será de 70% do salário de benefício, acrescida

de 1% a cada grupo de 12 contribuições mensais, no máximo de 100% do salário

de benefício.

Destarte, salvo no caso da tabela de transição, como a carência para o benefício é de 15 anos de

recolhimentos tempestivos, a RMI equivalerá a 85% do salário de benefício.

p. 759

Nos moldes do artigo 240, parágrafo único, da Instrução Normativa INSS 77/2015, a

comprovação do exercício da atividade de magistério é suficiente para o reconhecimento do período

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trabalhado para fins de concessão de aposentadoria de professor, presumindo-se a existência de

habilitação.

De acordo com o entendimento do extinto Ministério da Previdência Social, não há previsão na

legislação previdenciária de necessidade de habilitação do professor para a redução de cinco anos no

seu tempo de contribuição, razão pela qual o INSS não poderá exigi-la38.

Considera-se, também, como tempo de serviço para aposentadoria por tempo de

contribuição de professor os períodos39:

I - de Serviço Público Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal;

II - de afastamento em decorrência de percepção de benefício por incapacidade, entre

períodos de atividade de magistério, desde que à data do afastamento o segurado estivesse

exercendo atividade de docente;

III - de afastamento em decorrência de percepção de benefício por incapacidade

decorrente de acidente de trabalho, intercalado ou não, desde que, à data do afastamento, o

segurado estivesse exercendo atividade de docente;

IV - os períodos de descanso determinados pela legislação trabalhista, inclusive férias e

salário-maternidade;

V - de licença prêmio no vínculo de professor;

VI - de professor auxiliar que exerce atividade docente, nas mesmas condições do

titular.

Entende-se que a aposentadoria por tempo de contribuição do professor deveria contar com

um custeio adicional das empresas, pois é antecipada em cinco anos de contribuição, em aplicação

ao Princípio da Precedência da Fonte de Custeio e da Equidade do Custeio da Seguridade Social,

assim como ocorre com a aposentadoria especial, posto que, em média, a Previdência Social irá

permanecer pagando o benefício por mais anos do que aos demais segurados.

p. 777

O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá

optar pela não incidência do fator previdenciário no cálculo de sua aposentadoria, quando o total

resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de

requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem,

observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a

oitenta e cinco pontos, se mulher, observado o tempo mínimo de contribuição de trinta anos.

De acordo com a literalidade do texto normativo, as somas de idade e de tempo de

contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em:

I – 31 de dezembro de 2018 (86/96);

II – 31 de dezembro de 2020 (87/97);

III – 31 de dezembro de 2022 (88/98);

IV – 31 de dezembro de 2024 (89/99); e

V – 31 de dezembro de 2026 (90/100).

Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem

39 Art. 242, Instrução Normativa INSS 77/2015.

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idade mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra

progressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação

facultativa do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher

e 35 anos homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja à pontuação acima

enumerada.

À luz do direito adquirido, ao segurado que alcançar o requisito necessário ao exercício da opção

com base na tabela acima e deixar de requerer aposentadoria será assegurado o direito à opção com a

aplicação da pontuação exigida na data do cumprimento dos requisitos.

Como exemplo, suponha-se que um segurado homem que em 2015, 2016, 2017 ou 2018 (até

30/12) conte com 37 anos de tempo de contribuição e idade de 58 anos (37 + 58=95). Neste caso

ele preencherá esta regra e poderá se aposentar sem o fator previdenciário (não se aplicará o fator

quando for para reduzir a renda, mas apenas para majorar).

Suponha-se que uma mulher em 2023 ou 2024 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58

anos de idade (30 + 58=88). Ela preencherá a regra aludida.

Para o segurado que adquiriu o direito a partir de 31/12/2018, a pontuação restou

modificada para 86 (mulheres) e 96 (homens), incluindo frações. Eis alguns exemplos da

regra 86/96 (aquisição do direito entre 31/12/2018 e 30/12/2020):

MULHERES

IDADE TEMPO DE

CONTRIBUIÇÃO

PONTUAÇÃO TOTAL

56 anos 30 anos 86

55,5 anos 30,5 anos 86

55 anos 31 anos 86

54,5 anos 31,5 anos 86

54 anos 32 anos 86

HOMENS

IDADE TEMPO DE

CONTRIBUIÇÃO

PONTUAÇÃO TOTAL

61 anos 35 anos 96

60,5 anos 35,5 anos 96

60 anos 36 anos 96

59,5 anos 36,5 anos 96

59 anos 37 anos 96

No entanto, há uma regra especial para o professor exclusivo do ensino básico. O tempo

mínimo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo

de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio será de,

respectivamente, trinta e vinte e cinco anos, e serão acrescidos cinco pontos à soma da idade

com o tempo de contribuição.

p. 780

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Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais

como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado

alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito em

época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a correlação

entre a atividade da empresa e a profissão do segurado40.

Embora já se entendesse que a prova material precisava ser contemporânea ao período

probando, a MP 871/2019 inseriu a expressão em negrito: “§ 3º A comprovação do tempo de

serviço para fins do disposto nesta Lei, inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial,

observado o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando for baseada em início de prova

material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na

ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no Regulamento”.

Trata-se de uma exceção pontual ao Princípio do Livre Convencimento Motivado a fim de

conferir maior segurança jurídica à prova do tempo de contribuição no Direito Previdenciário,

pois é certa a ocorrência cotidiana de falsos testemunhos na esfera administrativa e judicial.

p. 853

atividade considerada especial41.

Questão polêmica é saber se o fornecimento de equipamento de proteção individual ou

mesmo coletivo pela empresa ao segurado exclui ou não o enquadramento da atividade

especial.

No que concerne aos agentes nocivos qualitativos, não se há de falar da existência de EPI eficaz

em determinadas situações, sendo este o posicionamento do INSS, inclusive.

De acordo com o Manual de Aposentadoria Especial do INSS, edição 2017, os agentes

químicos relacionados no Anexo 13 da NR-15 continuarão sendo analisados de forma

qualitativa e, caso não constem no Grupo 1 da LINACH, a utilização de EPC e/ou EPI

poderá ser considerada para atenuação/eliminação da exposição.

Isso porque a própria autarquia federal entende que os agentes Grupo 1 da LINACH

não podem ter a nocividade atenuada por EPI ou EPC, sendo estes ineficazes (página 22):

“Ainda, com relação aos agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos do Grupo 1 da

lista da Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos – LINACH que possuam

o Chemical Abstracts Service – CAS e que constem no Anexo IV do Decreto nº 3.048, de

1999, a utilização de EPC e/ou EPI não elide a exposição aos agentes comprovadamente

cancerígenos, mesmo que considerados eficazes. Tal entendimento será considerado para

período trabalhado a partir de 8 de outubro de 2014, data da publicação da Portaria

Interministerial MTE/MS/MPS nº 9, de 2014, com base na Nota Técnica n°

00001/2015/GAB/PRFE/INSS/SAO/PGF/AGU”.

Outrossim, o Manual de Aposentadoria Especial do INSS considera ineficaz o EPI para os

seguintes agentes:

a) Vibração (página 97);

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b) Agentes Biológicos (página 112);

c) Associação de Agentes (página 116).

Já no que tange aos agentes nocivos quantitativos, é necessária uma avaliação caso a caso para se

atestar a eficácia do EPI. Em tese, se eficaz, inexiste especialidade no tempo de contribuição.

p. 902

É plenamente possível que o primeiro perceba o auxílio-doença e o segundo não, caso este

possa compatibilizar a sua enfermidade com o exercício do seu trabalho, desde que não haja

vedação clínica de que o tratamento seja processado sem a interrupção do labor.

Importante:

Com razoabilidade, a Medida Provisória 871/2019 previu que não será devido o auxílio-

doença para o segurado recluso em regime FECHADO (esta regra não engloba regime aberto

ou semi-aberto), tendo em vista que o preso estará sob a proteção do Estado, que deverá atender

às suas necessidades básicas e tem custos que a sociedade já arca.

Ademais, acaso o segurado esteja em gozo de auxílio-doença no momento da segregação

prisional, o benefício deverá ser suspenso por até sessenta dias. Vencidos os sessenta dias, se o

segurado ainda estiver preso, o auxílio-doença será cancelado.

Por outro lado, acaso seja posto em liberdade dentro de sessenta dias, o benefício será

reativado com efeitos financeiros somente a partir da data de soltura. Por força do Princípio do

Tempus Regit Actum, esta regra somente se aplica às incapacidades laborais (DII – Data de Início

da Incapacidade) que desencadeadas a partir de 18 de Janeiro de 2019, data de vigência da novel

regra.

Logo, essa regra somente se aplica à DII a contar da vigência da MP 871 (18/1/2019), pois a

legislação em vigor na data de início da incapacidade é que forma o estatuto jurídico do auxílio-

doença. De outro giro, acaso a DII seja até o dia 17/1/2019, a prisão em regime fechado não

vai impedir a manutenção ou concessão do auxílio-doença.

O tema foi regulado com muito acerto no Memorando-Circular Conjunto nº 2

/DIRBEN/PFE/DIRAT/INSS, de 28/1/2019:

“Assunto: Alterações nas regras dos benefícios de auxílio-reclusão, pensão por morte,

auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, previstas na Lei nº

8.213/91, decorrentes da Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019.

1. As alterações contidas neste memorando-circular conjunto deverão ser aplicadas aos fatos

geradores ocorridos a partir de 18 de janeiro de 2019, data da publicação da Medida Provisória nº

871.

5. O requerimento de auxílio-doença efetuado por segurado recluso não gerará direito ao

benefício quando estiver cumprindo a pena em regime fechado, conforme §§1º ao 5º do art. 59

incluídos na Lei nº 8.213/91 pela Medida Provisória nº 871.

5.1. Quando o segurado já estiver em gozo de auxílio-doença na data do recolhimento à

prisão, em regime fechado, terá o benefício suspenso por até sessenta dias a contar da data da

prisão.

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5.2. Caso o segurado seja colocado em liberdade antes do prazo previsto no subitem

5.1, o benefício será restabelecido a partir da data da soltura ou alteração do regime de

reclusão; 5.3. Se o segurado estiver recluso por período superior a sessenta dias, o benefício

deverá ser cessado ao término deste prazo.

5.4. Caso a data do início da incapacidade seja fixada até 17 de janeiro de 2019, terá

direito ao benefício de auxílio-doença, mesmo que seja requerido após a vigência da Medida

Provisória publicada em 18 de janeiro de 2019, tendo em vista que esta somente se aplica a

fatos geradores ocorridos após sua publicação”.

Para simplificar o regime intertemporal em favor dos nossos gloriosos leitores, eis uma tabela

didática:

DII até 17/1/2019 Prisão em regime fechado não suspende nem

impede a concessão de auxílio-doença

DII a partir de 18/1/2019 Prisão em regime fechado suspende e impede

a concessão de auxílio-doença

Vale registrar que deve o Poder Judiciário avaliar todos os requisitos legais para a concessão

de um benefício previdenciário, mesmo que algum pressuposto já tenha sido reconhecido pelo

INSS na via administrativa, vez que eventual erro da Administração Pública não deve ser

perpetuado judicialmente em razão do Princípio da Legalidade e do dever-poder de autotutela,

observado o prazo do artigo 103-A, da Lei 8.213/91.

Destarte, caso o INSS reconheça a qualidade de segurado por equívoco, mas negue o auxílio-

doença por ausência de incapacidade laboral, deverá o Poder Judiciário avaliar todos os

requisitos, inclusive existência da qualidade de segurado, devendo, se for o caso, negar o

benefício mesmo que reconhecida a incapacidade laboral, haja vista que um erro não deve

justificar outro no âmbito do Direito Público jungido ao Princípio da Legalidade.

p. 910

A Lei 13.135/2015 abriu a porta para a terceirização da perícia médica do INSS, até

então privativa para os peritos-médicos previdenciários, servidores efetivos. Isso porque Nos

casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio

competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das

atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderia , sem

ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução

descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de

cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação

técnica, sob sua coordenação e supervisão, com órgãos e entidades públicos ou que integrem

o Sistema Único de Saúde (SUS).

No entanto, esta regra que constava do §5º do artigo 60 da Lei 8.213/91 foi

expressamente revogada pela MP 871/2019, razão pela qual a aludida delegação não possui

mais amparo normativo.

A regulamentação se deu por meio do Decreto 8.691, de 14 de março de 2016, no que

concerne os benefícios por incapacidade laborativa, mais precisamente sobre perícia médica e

atestados médicos particulares.

Como verdadeira novidade, abriu-se a possibilidade de concessão de auxílio-doença sem

perícia médica do INSS, fundamentado em documentação médica do segurado, hipótese em

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que o benefício será concedido com base no período de recuperação indicado pelo médico

assistente, nas seguintes hipóteses: I - nos pedidos de prorrogação do benefício do segurado

empregado; ou II - nas hipóteses de concessão inicial do benefício quando o segurado,

independentemente de ser obrigatório ou facultativo, estiver internado em unidade de saúde.

No caso de concessão judicial, em decorrência do INSS ter negado o benefício na esfera

administrativa, se por questões clínicas a perícia judicial não conseguir definir a data de início da

incapacidade, a data de início do benefício será a data de juntada do laudo pericial.

Ademais, a data de início do pagamento na hipótese de ausência de requerimento administrativo

será a data da juntada do laudo pericial judicial que comprovar a incapacidade temporária do

segurado42.

p. 943

Por sua vez, havendo a perda da qualidade de segurado e fixada a DII após ter cumprido um

terço da carência exigida, caberá a concessão do benefício se, somadas às anteriores, totalizarem,

no mínimo, a carência definida para o benefício.

No entanto, lembre-se que a regra de 1/3 foi revogada pela Medida Provisória 767/2017,

convertida na Lei 13.457/2017, tendo sido substituída pela regra de 1/2. E que a regra de ½ foi

revogada pela MP 871, a partir de 18/1/2019 (para DII a partir desta data).

Caso o benefício do auxílio-doença seja negado pelo INSS por ausência de incapacidade

laborativa poderia o segurado ofertar um Pedido de Reconsideração (PR), a teor do artigo 304

da Instrução Normativa INSS 77/2015.

p. 957

Há uma regra especial no artigo 18, §§ 3º e 4º, da Lei 13.301/201643 para o salário-

maternidade na gestação de crianças vítimas de microcefalia em decorrência de sequelas

neurológicas decorrentes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Neste caso, a duração do

salário-maternidade será de 180 dias.

O salário-maternidade podia ser requerido no prazo de cinco anos, a contar da data do fator

gerador (parto, adoção ou guarda judicial para fins de adoção), nos termos do artigo 354, da

Instrução Normativa INSS 77/2015, haja vista que ultrapassado o lapso de 05 anos se operava a

prescrição quinquenal.

Isso porque, no caso de adoção ou parto, a Lei 8.213/91 originalmente não previu um prazo

específico para que o benefício seja requerido (embora devesse), devendo ser aplicada a

prescrição quinquenal.

Entretanto, por força da MP 871/2019, para partos e adoções a partir de 18/1/2019 (Tempus

Regit Actum), restou inserido na Lei 8.213/91 o artigo 71-D, que dispõe: "Art. 71-D. O direito

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ao salário-maternidade decairá se não for requerido em até cento e oitenta dias da

ocorrência do parto ou da adoção, exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso

fortuito, conforme disposto no Regulamento."

A justificativa desse dispositivo que constituiu um prazo de caducidade para requerer o salário-

maternidade é que a função do benefício é substituir a renda do segurado ou segurada de modo

imediato, permitindo o afastamento do labor para dedicação total à criança que nasceu ou foi

adotada (ou guarda para fins de adoção).

Daí que a concessão do benefício após 180 dias do nascimento, adoção ou guarda para fins de

adoção retira a função emergencial do benefício, que acaba se mostrando desnecessário, à exceção

de algum motivo fortuito ou de força maior que impeça o requerimento do salário-maternidade,

cabendo ao Regulamento no futuro prever essas hipóteses.

Certamente um caso que deve ser previsto para suspender o curso do prazo de cento e oitenta

dias é a situação de uma mãe que pariu mas teve sérias complicações pós-parto que geraram a sua

internação por alguns meses, impedindo o agendamento do benefício.

Eis o regime jurídico intertemporal:

Fato gerador até 17/1/2019 Requerimento em até 5 anos, sob pena de

prescrição

Fator gerador a partir de 18/1/2019 Requerimento em até 180, salvo caso fortuito

ou de força maior, sob pena de decadência

Vale frisar que o requerimento administrativo do salário-maternidade terá o condão de

suspender o curso do prazo de prescrição, que voltará a correr pelo prazo residual após a

notificação do indeferimento administrativo definitivo do benefício.

Nesse sentido, a TNU:

“INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO

QÜINQÜENAL. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO

PRAZO. ART. 4º DO DECRETO N. 20.910/32. PRECEDENTE DO STJ.

INCIDENTE CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Pedido de concessão de

salário-maternidade. 2. Sentença de improcedência do pedido, sob fundamento

de ocorrência da prescrição qüinqüenal entre a data do fato gerador do benefício

(parto) e a data de ajuizamento da ação. 3. Manutenção da sentença pela Turma

Recursal do Ceará, acrescentando, ainda, que o pedido administrativo do

benefício apenas suspende o prazo prescricional enquanto perdurar a análise da

autarquia até a comunicação do indeferimento. 4. Incidente de uniformização de

jurisprudência, interposto pela parte autora, com fundamento no art. 14, § 2º, da

Lei nº 10.259/2001. 5. Alegação de que o acórdão recorrido é divergente da

posição adotada pela Turma Recursal da Bahia no julgamento do recurso nº

2005.33.00.765537-0, onde entendeu que a prescrição é interrompida pelo

protocolo do requerimento administrativo, passando então a contar novo lustro

prescricional. 6. Incidente não admitido pela Presidência da Turma Recursal do

Ceará ao argumento de que seu seguimento importaria em reexame da matéria de

fato. 7. Deve ser conhecido o presente incidente, vez que o cerne da controvérsia

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estabelecida, contagem de prazo prescricional, não guarda qualquer relação com

matéria de fato. 8. Por outro lado, a questão não requer maiores digressões. O

Decreto nº 20.910, de 06 de janeiro de 1932, que estabelece a prescrição

qüinqüenal das dívidas, direitos ou ações contra a Fazenda federal, estadual ou

municipal, previu em seu art. 4º que “não corre a prescrição durante a demora

que, no estudo, no reconhecimento ou no pagamento da dívida, considerada

líquida, tiver as repartições ou funcionários encarregados de estudar e apurá-la”.

Em que pese o caput não especifique se esse “não corre a prescrição” se refere à

suspensão ou à interrupção, o parágrafo único sana eventuais dúvidas aos

prescrever que “a suspensão da prescrição, neste caso verificar-se-á pela entrada

do requerimento do titular do direito ou do credor nos livros ou protocolos das

repartições públicas, com designação do dia, mês e ano” (grifei). Outrossim, o

Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 294032/PR, entendeu que

o requerimento administrativo de benefício previdenciário suspende o prazo

prescricional, e não o interrompe como pretende a parte autora. Transcrevo o

aresto: “PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PRESCRIÇÃO.

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO PRAZO. Tendo

havido, por parte da beneficiária, apresentação de requerimento administrativo

pleiteando o pagamento de pensão por morte, permanece suspenso o prazo

prescricional, até que a autarquia previdenciária comunique sua decisão à

interessada. Recurso conhecido e provido. (REsp 294.032/PR, Rel. Ministro

FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2001, DJ 26/03/2001,

p. 466)” (grifei). 9. Incidente de uniformização de jurisprudência conhecido

e improvido, para manter o acórdão proferido pela Turma Recursal do

Ceará que reconheceu a prescrição qüinqüenal, bem como que tal prazo é

apenas suspenso pelo protocolo do requerimento administrativo do

benefício, assim permanecendo enquanto perdurar a análise do pedido pela

Administração, retomando-se a contagem com a comunicação do

indeferimento, nos termos acima. 10. Sugestão ao e. Presidente desta Turma

Nacional de Uniformização para que imprima ao julgamento desde feito a

sistemática do art. 7º, VII, ‘a’, do RITNU (PEDILEF 05022347920084058102,

de 17/4/2013).

Suponha-se que uma criança tenha nascido em 2/1/2010, considerando o regime jurídico antes

da MP 871/2019. Em 2/1/2014, a sua mãe, segurada especial, requereu na via administrativa o

salário-maternidade, momento no qual restou suspenso o transcurso do prazo de prescrição, que

já havia corrido por 4 anos.

O benefício foi indeferido pelo INSS e a segurada interpôs recurso administrativo ao Conselho

de Recursos da Previdência Social que teve provimento negado, sendo a segurada notificada em

15/2/2016 do indeferimento administrativo consolidado.

Neste dia 15/2/2016 voltou a correr o curso do prazo prescricional (falta 1 ano para atingir a

prescrição de 5 anos, pois já haviam corrido 4 anos – de 2/1/2010 a 2/1/2014), ocorrendo a

prescrição em 15/2/2017, prazo máximo a ser observado para o ajuizamento de ação judicial.

Entende-se que a mesma sistemática se aplica aos fatos geradores a partir de 18/1/2019, tendo

o requerimento administrativo a eficácia de suspender o curso da prescrição, desde que o

requerimento não seja apresentado após 180 dias do parto, adoção ou guarda para fins de adoção,

salvo caso fortuito ou de força maior, pois neste caso incidiria antes a caducidade do direito.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Em casos excepcionais, é possível que o salário-maternidade seja pago por mais de 120 dias.

Mediante atestado medido específico, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto

podem ser aumentados de mais duas semanas.

p. 960

Logo, desde a Lei 12.873/2013, ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar

ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo

período de 120 (cento e vinte) dias, benefício a ser pago diretamente pelo INSS, mesmo em se

tratando de segurado(a) empregado(a).

Embora a Lei 13.509/2017 (art. 392-A44, CLT) tenha estendido a licença-maternidade para a

adoção ou guarda para fins de adolescente em favor da empregada, o benefício previdenciário

salário-maternidade ainda não foi estendido, ônus que certamente ficará a cargo da empresa.

Em que pese a regra constitucional da contrapartida, é possível encontrar decisões judiciais

estendendo o benefício do salário-maternidade à adoção de adolescentes:

“RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-

MATERNIDADE. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO EM CASO DE ADOÇÃO DE

MAIOR DE 12 ANOS. IMPOSSIBILIDADE DE DISTINÇÃO ENTRE ADOTANTES DE

CRIANÇAS E DE ADOLESCENTES. MELHOR INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 71-A

DA LEI 8.213/91. PROTEÇÃO ESPECIAL DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL À CRIANÇA

E AO ADOLESCENTE. 1. O benefício de salário-maternidade é devido também ao adotante

de pessoa com mais de 12 (doze) anos, uma vez que o Estatuto da Criança e

do Adolescente distingue crianças de adolescentes apenas para fins de adequar medidas

protetivas, não para restringir direitos. 2. A melhor interpretação do artigo 71-A da Lei

8.213/91 concede o benefício, indistintamente, à adoção ou à obtenção de guarda

judicial, tanto de criança com menos de 12 anos quanto do adolescente com mais de 12

anos, diante da proteção especial que a Constituição Federal concede a tais pessoas. 3.

Recurso Inominado Improvido. ACORDAM os Juízes da 2ª Turma Recursal de Santa

Catarina, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto

do(a) Relator(a) (2ª Turma Recursal de Santa Catarina, processo 5001217-40.2017.4.04.7213,

de 24/1/2018).

No entanto, ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica, não poderá ser

concedido o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo de adoção ou

guarda, ainda que os cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio de

Previdência Social.

Portanto, será concedido apenas um salário-maternidade por adoção, cabendo ao casal a

escolha de quem irá perceber o benefício, caso ambos os adotantes sejam segurados do RGPS.

Na hipótese de um adotante ser um segurado do RGPS e o outro do RPPS, somente poderá ser

concedido um benefício de salário-maternidade.

Na hipótese de revogação ou cassação da guarda para fins de adoção, o pagamento do

benefício de salário-maternidade deve ser cessado na data da decisão judicial45.

A guarda sem fins de adoção consignado no termo não gera direito ao benefício em

questão. De acordo com o TRF da 3ª Região, “o Decreto 3.048/99, em seu art. 93-A,

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regulamentando o benefício de salário-maternidade, dispõe ser ele devido à segurada da

Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança, não sendo

devido quando o termo de guarda não contiver a observação de que é para fins de adoção.

Também o art. 42, do Estatuto da criança e do adolescente, proíbe a adoção de criança por

ascendente. Destarte, à avó não é dado pleitear o benefício em questão, sendo vedado o emprego

de analogia, sob pena de o Judiciário usurpar função que não lhe é própria. Corolário lógico, o

pedido deve ser julgado improcedente, por ausência de amparo legal”46.

Vale registrar que de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente se considera

criança, a pessoa até doze anos de idade incompletos. Logo, a alteração perpetrada não garantiu

o pagamento do salário-maternidade para as seguradas ou segurados que adotarem adolescentes,

assim considerada aquela pessoa entre doze e dezoito anos de idade.

Vale registrar a existência de decisão liminar na ACP 5051528­83.2017.4.04.7100 de âmbito

nacional, da Seção Judiciária de Porto Alegre (RS), para que o INSS se abstenha de exigir carência

para concessão de auxílio doença às seguradas gestantes cuja gravidez seja comprovada

clinicamente como de alto risco e haja recomendação médica para afastamento do trabalho por mais

de 15 (quinze) dias consecutivos em razão dessa condição clínica. Com base na reforma trabalhista

(Lei 13.467/2017), que alterou a CLT (art. 394-A), foi previsto que, sem prejuízo de sua

remuneração, nesta incluído o valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser

afastada de:

I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, enquanto durar a gestação;

II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou mínimo, quando apresentar

atestado de saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento

durante a gestação;

III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, quando apresentar atestado de

saúde, emitido por médico de confiança da mulher, que recomende o afastamento durante a

lactação.

De acordo com o §3º do citado artigo da CLT, “quando não for possível que a gestante ou a

lactante afastada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades em local salubre na

empresa, a hipótese será considerada como gravidez de risco e ensejará a percepção de

salário-maternidade, nos termos da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o

período de afastamento”.

Essa disposição havia sido afastada pela MP 808/2017, que teve a sua vigência encarrada sem

a conversão em lei, sendo posteriormente restaurada.

Trata-se de uma situação ainda não regulamentada pela Previdência Social que antecipa e

estende o prazo (sem fixação do número de dias) do salário-maternidade quando a empregada

gestante não puder ser afastada de ambiente insalubre, a exemplo de uma empresa em que todos

os locais são insalubres e não há onde realocá-la durante a gestação ou lactação.

Houve uma oneração previdenciária em uma situação que seria mais prudente que o ônus

recaísse nos ombros da empresa quando o prazo do salário-maternidade, nessa situação,

ultrapassar a 120 dias.

O salário-maternidade passou a ser devido em favor das seguradas especiais a partir de 28

de março de 1994, com o advento da Lei 8.861/94, com carência de 12 meses. Todavia, a partir

46 APELAÇÃO CÍVEL 2099979, de 28/4/2017.

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de 29 de novembro de 1999, a carência foi reduzida para 10 meses, através da Lei 9.876/99,

razão pela qual o parágrafo único, do artigo 39, da Lei 8.213/91, foi tacitamente revogado,

prevalecendo o artigo 25, inciso III, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.876/99, por

ser norma posterior, sendo este o posicionamento administrativo do INSS47.

p. 991

Deverá ser pago o auxílio-acidente durante o período de graça, haja vista que o segurado

mantém todos os direitos previdenciários. Para se adaptar a essa determinação legal, o §7º, do

artigo 104, do RPS, foi corretamente modificado por intermédio do Decreto 6.722/2008.

É comum que os profissionais confundam o auxílio-acidente com o auxílio-doença. No

entanto, existem diversas diferenças entre os citados benefícios, sendo as principais apontadas

no quadro abaixo:

AUXÍLIO-ACIDENTE AUXÍLIO-DOENÇA

– É indenizatório – Substitui o salário de contribuição ou

a remuneração do segurado

– É recebido junto com a remuneração

pelo labor do segurado (não exige

afastamento do trabalho)

– Exige incapacidade laboral para o

trabalho habitual por mais de 15 dias

seguidos (afastamento do trabalho)

– É de 50% do salário de benefício

– É de 91% do salário de benefício,

limitado à média dos 12 últimos

salários de contribuição

– Pode ser inferior a um salário mínimo

– Não pode ser inferior a um salário

mínimo, salvo no caso de atividades

concomitantes

– Dispensa sempre a carência – Exige, em regra, carência de 12

contribuições mensais

– Apenas é devido ao empregado,

empregado doméstico, trabalhador

avulso e segurado especial (benefício

restrito)

– É devido a todos os segurados

(benefício irrestrito)

QUADRO SINTÉTICO – AUXÍLIO-ACIDENTE

Cabimento

Será devido, como indenização, ao segurado quando, após

consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer

natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da

capacidade para o trabalho que habitualmente exercia ou

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

QUADRO SINTÉTICO – AUXÍLIO-ACIDENTE

impossibilidade de desempenho da atividade que exercia a época

do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo

de reabilitação profissional.

Beneficiári

os

Apenas o segurado empregado, o empregado doméstico, o

trabalhador avulso e o segurado especial (art. 18, §1º, da Lei

8.213/91).

Carência Não há.

Valor 50% do salário de benefício.

Outras

informaçõ

es

a) É o único benefício previdenciário exclusivamente indenizatório.

b) O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da

cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer

remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada

sua acumulação com qualquer aposentadoria.

c) A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a

concessão do auxílio-acidente, quando, além do reconhecimento

de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar,

comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o

trabalho que habitualmente exercia.

d) O STJ entende que não é imprescindível que a moléstia seja

irreversível para a concessão deste benefício (REsp 1.112.866,

de 25.11.09).

p. 995

No entanto, conforme visto, o STF reviu a sua posição, a fim de garantir o direito à pensão

por morte em favor do homem para os óbitos a contar do dia 5 de outubro de 1988 e, recentemente,

até para óbitos anteriores à Constituição de 1988.

O cônjuge separado de fato apenas fará jus à pensão por morte se demonstrar a dependência

econômica, inclusive em concorrência com eventual companheiro (a), a exemplo da apresentação

de sentença judicial em vigor no dia do óbito fixando alimentos de família que eram pagos pelo

segurado falecido.

ATENÇÃO

Uma importante novidade surgiu com o advento da MP 871/2019 (art. 76, §3º, da Lei

8.213/91). É que, na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento,

obrigado por determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-

companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente

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na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício”

(para óbitos a partir de 18/1/2019).

Dessa forma, na hipótese de sentença do juiz estadual que fixou alimentos de família com

caráter temporário para cônjuges e companheiros, o período de pagamento da pensão por morte

não ultrapassará o lapso final fixado na aludida decisão judicial, podendo ser cessada antes por

outra causa de cancelamento do benefício.

Por outro lado, para os óbitos ocorridos até 17/1/2018, essa regra não será aplicável, pois o

regime jurídico do benefício é formado pela lei em vigor no dia da morte do segurado.

De acordo com o Regulamento da Previdência Social e o entendimento do INSS, a pensão

por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha ocorrido antes da

emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos, desde que reconhecida ou comprovada,

pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado.

p. 1002

Por outro lado, não havia retroação se algum dependente já houvesse se habilitado, pois o

INSS não poderá pagar em duplicidade se não sabia da existência do menor que não se habilitou

a bom tempo. Nesse sentido, o STJ:

“Informativo 566- DIREITO PREVIDENCIÁRIO. HABILITAÇÃO

TARDIA DE PENSIONISTA MENOR. Ainda que o beneficiário seja

"pensionista menor", a pensão por morte terá como termo inicial a data do

requerimento administrativo - e não a do óbito - na hipótese em que,

postulado após trinta dias do óbito do segurado, o benefício já vinha sendo

pago integralmente a outro dependente previamente habilitado. A

jurisprudência prevalente do STJ é no sentido de que, comprovada a absoluta

incapacidade do requerente, faz ele jus ao pagamento das parcelas de pensão por

morte desde a data do óbito do segurado, ainda que não haja postulação

administrativa no prazo de trinta dias (REsp 1.405.909-AL, Primeira Turma, DJe

9/9/2014; REsp 1.354.689-PB, Segunda Turma, DJe 11/3/2014). Isso porque, nos

termos do art. 79 da Lei 8.213/1991, está claro que tanto o prazo de decadência

quanto o prazo de prescrição previstos no art. 103 da referida Lei são inaplicáveis

ao pensionista menor, situação esta que só desaparece com a maioridade, nos

termos do art. 5º do Código Civil. Contudo, o dependente menor que não pleiteia

a pensão por morte no prazo de trinta dias a contar da data do óbito do segurado

(art. 74 da Lei 8.213/1991) não tem direito ao recebimento do referido benefício

a partir da data do falecimento do instituidor, na hipótese em que a pensão houver

sido integralmente paga a outros dependentes que já estavam previamente

habilitados perante o INSS. Com efeito, a habilitação posterior do dependente

menor somente deverá produzir efeitos a contar desse episódio, de modo que não

há que falar em efeitos financeiros para momento anterior à sua inclusão (art. 76

da Lei 8.213/1991). Ressalta-se, inclusive, que admitir o contrário implicaria em

inevitável prejuízo à autarquia previdenciária, que seria condenada a pagar

duplamente o valor da pensão. Precedente citado: REsp 1.377.720-SC, Segunda

Turma, DJe 5/8/2013. REsp 1.513.977-CE, Rel. Min. Herman Benjamin,

julgado em 23/6/2015, DJe 5/8/2015”.

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No mesmo sentido a TNU:

Informativo 16/2017

Processo n. 0504863-60.2012.4.05.8401

No caso de habilitação tardia, o menor impúbere tem direito às prestações

vencidas desde o óbito do instituidor, se o benefício de pensão por morte não fora

concedido a outro dependente integrante do mesmo núcleo familiar.

ATENÇÃO!

Mas o tema foi alvo de alteração normativa promovida no artigo 74, inciso I, da Lei 8.213/91

promovida pela MP 871/2019: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida em

até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou em até

noventa dias após o óbito, para os demais dependentes.

Dessa forma, para os óbitos ocorridos a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso

de beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante

legal não ofereça requerimento administrativo em até 180 dias do óbito, o INSS não pagará os

atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do requerimento

administrativo.

Por outro lado, para as mortes ocorridas até 17/1/2019 (Princípio do Tempus Regit Actum)

segue com validade o regramento de que os efeitos da pensão por morte em favor do

absolutamente incapaz devem retroagir ao dia do óbito, desde que não haja outro dependente

habilitado.

Essa regra da MP 871/2019 vem gerando muita discussão. Inicialmente, poderia ter sido

ressalvada a existência de caso fortuito ou de força maior para impedir o cômputo do prazo de

180 dias, como ocorreu com o salário-maternidade.

Imagine uma situação de uma criança órfã que ainda não tem um tutor judicialmente nomeado

para requerer em nome do infante o benefício de pensão por morte. Não é razoável correr o prazo

de 180 dias nesta hipótese antes da habilitação do representante judicial.

Outra crítica é o caráter curto do lapso de tempo de 180 dias, o que suscita a discussão sobre

a sua constitucionalidade. É que existe a proteção constitucional do menor de idade no artigo 227

da Constituição, inclusive com direitos previdenciários em proteção especial.

Certamente o alargamento desse prazo para, ao menos, um ano, atenderia com mais

compatibilidade o estatuto constitucional de proteção previdenciária especial em favor de crianças

e adolescentes.

Na hipótese de morte presumida, a pensão por morte será devida desde a prolação da

respectiva decisão judicial, valendo ressaltar que “o reconhecimento da morte presumida, com o

fito de concessão de pensão previdenciária, não se confunde com a declaração de ausência regida

pelos diplomas cível e processual. In casu, obedece-se ao disposto no artigo 78, da Lei

8.213/91”48.

De acordo com o STJ, “o art. 78 da Lei 8.213/91 dispõe que a concessão da pensão provisória

pela morte presumida do segurado decorre tão somente da declaração emanada da autoridade

judicial, depois do transcurso de 6 meses da ausência. Dispensa-se pedido administrativo

para recebimento do benefício”. (AgRg no REsp 1309733, de 2/8/2012).

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p. 1006

Vale registrar que este artigo deverá ser atualizado pela Lei 13.183/2015, pois para as mortes

a partir de 5 de novembro de 2015 a retroação dos efeitos financeiros do benefício correrá quando

o requerido se der em até 90 dias do óbito.

Outrossim, para os óbitos ocorridos a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso

de beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante

legal não ofereça requerimento administrativo em até 180 dias do óbito, o INSS não pagará os

atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do requerimento

administrativo, sendo necessária proceder esta atualização.

Ademais, a concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação

de outro possível dependente, e qualquer inscrição ou habilitação posterior que importe em

exclusão ou inclusão de dependente só produzirá efeito a contar da data da inscrição ou

habilitação.

Isso quer dizer que o INSS não poderá aguardar a habilitação de todos os dependentes para

conceder o benefício, devendo, de logo, deferir ao primeiro que se habilitar, promovendo a

inserção posterior de outros eventuais dependentes que requerem o benefício.

No entanto, por cautela, é interessante aguardar os 90 dias após a morte, pois neste caso o

INSS deverá pagar os atrasados desde o óbito, podendo ter que pagar duas vezes a cota se algum

dependente se habilitou anteriormente com pagamento efetivado.

De acordo com a TNU (processo 5011918-72.2012.4.04.7201, Informativo 16/2017),

“quando o rateio de pensão por morte em razão de a superveniente inclusão de novo beneficiário

operar-se com efeitos retroativos, a redução no valor da cota do pensionista mais antigo não lhe

acarreta a obrigação de devolver o valor recebido a maior no período anterior ao desdobramento

do benefício. Assim, acaso já tenham sido descontados valores a esse título sobre a cota recebida,

eles devem ser devolvidos”.

ATENÇÃO:

Outra novidade da MP 871/2019 (inseriu os §§ 3º e 4º no artigo 74 da Lei 8.213/91, com

vigência somente após 120 dias de sua publicação) é que, acaso ajuizada a ação judicial para

reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória ao

benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros

dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da decisão

judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Eis os dispositivos literais para uma melhor análise:

“§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá

requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para

fins de rateio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até

o trânsito em julgado da decisão judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor

da ação”. (Vigência postergada para 120 dias após 18/1/2019).

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§ 4º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º, o valor retido, corrigido pelos índices

legais de reajustamento, será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo

com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefícios."

Esse dispositivo parece ser protetivo da Previdência Social e do suposto dependente que busca

o seu reconhecimento judicial em ação perante o Juízo de Família para, em seguida, instaurar

processo administrativo visando à concessão de pensão por morte.

Suponha-se que um segurado tenha falecido na pendência de ação estadual de investigação de

paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante poderá

requerer a habilitação provisória no benefício de pensão, sendo reservada a sua cota-parte pelo

INSS, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o reconhecimento

da qualidade de dependente.

Anteriormente ao advento desta regra, considerando que a prova de filiação depende do

registro público, certamente o pedido administrativo sequer seria recebido na agência por falta de

documento essencial, ou, se protocolizado, seria prontamente indeferido por ausência de prova da

filiação (certidão de nascimento).

Acaso a dependência seja negada na ação judicial, a exemplo de exame negativo de DNA que

afastou a paternidade do segurado falecido, serão liberados os valores reservados aos demais

dependentes, com a incidência da correção monetária.

No entanto, parece que essa exigência de coisa julgada para a liberação da cota de pensão do

dependente com reconhecimento judicial afronta a Constituição Federal, sendo restrição ilegítima

ao poder jurisdicional.

Ademais, é certo que a formação de coisa julgada poderá levar muitos anos, com possibilidade

de recursos se houver lide no processo estadual movido contra os demais descendentes do

falecido, gerando efeitos irreparáveis à subsistência do dependente que não possuir outra fonte de

rendimento, podendo chegar até à mendicância.

Daí que, se após a revelação de exame de DNA afirmativo de paternidade, o juiz de família

conceder tutela provisória determinando a expedição do registro de nascimento, essa medida

judicial seria barrada pela MP 871/2019, o que não se afigura razoável e constitucional.

Destarte, a expressão “o trânsito em julgado da” deve ser excluída da lei de conversão ou

nulificada judicialmente, pois deve ser cabível tutela provisória de urgência por se tratar de verba

alimentar nas situações em que o suposto dependente não possua outra fonte de rendimento.

Vale registrar que, pela abertura do texto dos §§ 3º e 4º do artigo 74 da Lei 8.213/91, inseridos

pela MP 871/2019, as novas disposições normativas poderiam ser aplicadas na hipótese de

ajuizamento de ação judicial para o reconhecimento de união estável perante o INSS como

incidente processual, na hipótese em que o pedido principal da ação seja a concessão da pensão

por morte.

Sucede que nesta hipótese o novo regramento seria prejudicial ao suposto(a) companheiro(a),

que certamente não irá optar por este caminho, que é facultativo, pois o transcrito §3º prevê que,

uma vez “ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá

requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão por morte”.

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Daí a opção de escolha por este procedimento, que no caso de reconhecimento incidental de

união estável na ação de concessão de pensão por morte, ser prejudicial ao suposto companheiro

ou companheira, posto que é vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da

decisão judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação.

Ademais, não é crível que o suposto dependente, após ter a negativa administrativa da pensão

por morte pelo INSS e depois de ajuizar ação judicial unicamente para discutir a existência de

união estável, vá retornar novamente ao INSS para requerer a sua habilitação provisória ao

benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros

dependentes, máxime quando teria que esperar a coisa julgada favorável para passar a receber o

benefício ante a discutível vedação de concessão de tutela provisória.

Assim sendo, embora o regramento possa se amoldar a esta segunda hipótese, evidente que

foi pensado na MP 871/2019 para o primeiro exemplo colocado acima (ação estadual para

reconhecimento de paternidade ou maternidade).

De acordo com o artigo 77, §2º, da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 13.135/2015 e pela Lei

13.146/2015, a pensão por morte cessará:

I - pela morte do pensionista;

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela

emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido

ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (redação dada pela

Lei 13.146/2015 – vigência em 3 de janeiro de 2016)

III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;

IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência

grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento (este inciso

vigorará em 18/6/2017).

Note-se que pelas modificações perpetradas pela Lei 13.146/2015, a emancipação (a contar dos

16 anos de idade) voltou a ser causa de antecipação da maioridade previdenciária do irmão do

segurado, mas com a ressalva de que não haverá cancelamento da pensão por morte se houver

invalidez ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

p. 1014

Sustenta corretamente a autarquia previdenciária que a apuração das dezoito contribuições

utilizará o cálculo em contribuições, em meses de atividade rural ou em contribuições e meses de

atividade do empregado doméstico, conforme a última atividade do segurado, não sendo exigido

e o cumprimento de 1/3 após perda da qualidade de segurado (regra de ⅓ substituída pela regra

de ½ – Lei 13.457/2017), quando for o caso, tendo em vista não se tratar de período de carência,

não se havendo em sequer cogitar da aplicação da regra do artigo 24, parágrafo único, da Lei

8.213/91.

Com o advento da MP 871/2019, operou-se a revogação da regra de ½ da carência. Isso

porque restou modificado o artigo 27-A da Lei 8.213/91, que passou a contar com a seguinte

redação: “Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios

de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-

reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com os

períodos integrais de carência previstos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25”.

Ainda para a interpretação administrativa da Previdência Social, o período de vínculo de

casamento/união estável deve ser de dois anos ininterruptos, anteriores ao óbito; pode ser somado o

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período de união estável ao período de casamento, quando este for imediatamente posterior àquele;

em se tratando de requerente ex-cônjuge/ex-companheiro, que recebia pensão alimentícia ou ajuda

econômica sob qualquer forma, deverá ser comprovado o período de pelo menos dois anos de

casamento ou união estável iniciada antes da dissolução da união.

p. 1016

Nesse sentido, de acordo com Memorando-Circular nº 9 /DIRBEN/INSS, de 30/3/2017, deve

ser observado o seguinte procedimento:

Fato gerador ocorrido entre

14/01/2015 e 28/02/2015

Fato gerador ocorrido a partir de

01/03/2015

- Se comprova, no mínimo, dois anos de

casamento/união estável – direito à

pensão vitalícia

- Se comprova menos de dois anos de

casamento/união estável – direito à

pensão por quatro meses

- Se comprova dezoito meses de

contribuição do instituidor e, no mínimo,

dois anos de casamento/união estável –

direito de manutenção da cota, conforme

idade do dependente (tabela).

- Se comprova menos de dezoito meses

de contribuição ou menos de dois anos de

casamento/união estável – direito à

pensão por morte por quatro meses.

Na revisão dos benefícios cujo fato gerador esteja compreendido entre 14/01/2015

e 28/02/2015, deve ser observado se comprova o tempo mínimo de

casamento/união estável e, naquela cujo o fato gerador seja a partir de 01/03/2015,

deve ser observado, além do tempo mínimo de união, se possui os dezoito meses

de contribuição.

8. Em ambos os casos, o resultado da revisão poder ser:

a) benefício mantido sem extinção de cota ou com data futura para extinção;

b) benefício mantido com extinção de cota com data de extinção retroativa;

c) benefício com indícios de irregularidade na concessão.

Vale relembrar que, com o advento da MP 871/2019 restou inserido no artigo 16 da Lei

8.213/91 um quinto parágrafo que aduz a prova de união estável e de dependência econômica

exigem início de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova

exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito,

conforme disposto no Regulamento.

A Lei 13.135/2015 admitiu expressamente que o tempo de contribuição a Regime Próprio de

Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais,

acaso o segurado não possua 18 recolhimentos no Regime Geral de Previdência Social.

p. 1018

Notem que o assunto ficou bem mais complexo do que antes e que o texto do artigo 77,

da Lei 8.213/91 não ajuda muito, pois é bastante confuso. Por tudo isto, vamos sintetiza r as

novas regras na tabela abaixo a respeito da pensão por morte para cônjuges, companheiros e

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companheiras:

Regra 1

Se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito)

contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem

sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado,

a pensão por morte será paga por apenas 4 (quatro) meses (regra

geral).

Regra 2

Se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições

mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da

união estável, a pensão terá a seguinte duração, sendo vitalícia apenas

se o pensionista tiver 44 anos de idade no dia da morte: 1) 3 (três)

anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos,

entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez)

anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15

(quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20

(vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de

idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade

(regra geral).

Regra 3

Se o óbito decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença

profissional ou do trabalho, mesmo que não haja 2 anos de casamento

ou união estável ou não tenham sido recolhidas 18 (dezoito)

contribuições mensais pelo segurado até o dia da morte, a pensão terá

a seguinte duração, sendo vitalícia apenas se o pensionista tiver 44

anos de idade no dia da morte: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte

e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte

e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29

(vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e

40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e

um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta

e quatro) ou mais anos de idade. Logo, neste caso especial, a pensão

não durará apenas 4 meses (regra especial).

Regra 4

Para o pensionista inválido ou com deficiência, a pensão por morte

apenas será cancelada pela cessação da invalidez ou pelo afastamento

da deficiência. Se não houver recuperação do pensionista, portanto,

será vitalícia, mesmo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito)

contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem

menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. Caso o pensionista

inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os

prazos anteriores apresentados (regra especial).

Conforme visto, uma importante novidade surgiu com o advento da MP 871/2019 (art. 76, §3º,

da Lei 8.213/91). É que, na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento,

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obrigado por determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-

companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente

na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício”

(para óbitos a partir de 18/1/2019).

Dessa forma, na hipótese de sentença do juiz estadual que fixou alimentos de família com

caráter temporário para cônjuges e companheiros, o período de pagamento da pensão por morte

não ultrapassará o lapso final fixado na aludida decisão judicial, podendo ser cessada antes por

outra causa de cancelamento do benefício.

Por outro lado, para os óbitos ocorridos até 17/1/2018, essa regra não será aplicável, pois o

regime jurídico do benefício é formado pela lei em vigor no dia da morte do segurado.

Eis as confusas regras do artigo 77, §§ 2º e 2º-A, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei

13.135/2015, que foram decifradas na tabela acima:

§ 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará: (Redação dada pela Lei

nº 13.135, de 2015)

I - pela morte do pensionista;

II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao

completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência

intelectual ou mental ou deficiência grave; (redação dada pela Lei 13.183/2015)

III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; (Redação dada pela

Lei nº 13.135, de 2015)

IV - pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro

ou companheira, nos termos do § 5º. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de

2014) (Vigência) (Vide Lei nº 13.135, de 2015)

V - para cônjuge ou companheiro: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento

da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das

alíneas “b” e “c”; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18

(dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido

iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; (Incluído pela

Lei nº 13.135, de 2015)

c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do

beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18

(dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do

casamento ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; (Incluído pela Lei

nº 13.135, de 2015)

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; (Incluído

pela Lei nº 13.135, de 2015)

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; (Incluído

pela Lei nº 13.135, de 2015)

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; (Incluído pela

Lei nº 13.135, de 2015)

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. (Incluído pela Lei

nº 13.135, de 2015)

§ 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os

prazos previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado

decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do

trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições

mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável”.

Uma questão tormentosa é a delimitação do conceito de acidente de qualquer natureza,

pois neste caso restará afastada a faixa de 4 meses de pagamento da pensão por morte temporária

para cônjuges e companheiros, mesmo que o matrimônio/união não tenha durado dois anos até a

morte ou não tenham sido vertidas 18 contribuições previdenciárias até o dia que o segurado

“abotoou o paletó”.

Teremos que construir uma definição à luz do bom senso e do artigo 30 do Decreto 3.048/99:

“Parágrafo único. Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de

origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos, químicos e biológicos), que

acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução

permanente ou temporária da capacidade laborativa”.

Logo, a definição considera dois elementos cumulativos à configuração do acidente de

qualquer natureza:

a) acidente com origem traumática;

b) Acidente decorrente de fatores externos (exógenos).

Evidente que o acidente é um acontecimento inesperado ou fortuito, que é danoso ao segurado

da previdência social, pois poderá causar lesões com incapacitação ou mesmo a morte em casos

mais graves.

Daí que um segurado que recebeu um tiro de arma de fogo durante um assalto ou mesmo

uma “bala perdida” e vem a óbito nos parece caracterizado um acidente de qualquer

natureza. Isso porque a morte decorreu de um trauma exógeno, imprevisível e prejudicial

ao segurado.

Logo, é acertada a seguinte decisão da TNU (Informativo 27/2018):

PUIL n. 0508762-27.2016.4.05.8013/AL – “Fixada a tese no sentido de que a morte do

segurado instituidor da pensão, vítima do crime de homicídio, caracteriza acidente de

qualquer natureza para os fins do 77, § 2º-A, da LBPS, na redação que lhe foi conferida pela

Lei n. 13.135/15”.

De acordo com o entendimento da Previdência Social, se a data do requerimento do benefício

do cônjuge/companheiro(a) for posterior ao prazo final de duração da pensão por morte/auxílio-

reclusão (04 meses ou 03, 06, 10, 15 ou 20 anos, conforme o caso), não fará jus ao benefício, em

razão do início do pagamento ser fixado na data de entrada do requerimento, conforme inciso II

do art. 74 da Lei nº 8.213/1991 e, consequentemente, posterior à data da cessação da

cota/benefício (ressalvado o direito do incapaz), reputando-se correta esta posição do INSS.

p. 1025

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Entretanto, registre-se que o mesmo entendimento não se aplica ao contribuinte individual

que trabalha para uma pessoa jurídica a partir da competência de abril de 2003, pois neste caso

existe presunção de recolhimento da contribuição por força do artigo 33, §4º, da Lei 8.212/91,

tendo em vista que a responsabilidade tributária pelo desconto e arrecadação da contribuição é da

empresa, a teor do artigo 4º, da Lei 10.666/03.

Nessa linha, colaciona-se a Súmula 52, da TNU, publicada no dia 18 de abril de 2012:

“Súmula 52- Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a

regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte

individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam

ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços”.

No mesmo sentido o STJ, inclusive em tese repetitiva:

“Em relação ao recolhimento post mortem das contribuições previdenciária, esta Corte vem

firmando orientação no sentido de que é imprescindível o recolhimento das contribuições

respectivas pelo próprio segurado quando em vida para que seus dependentes possam receber

o benefício de pensão por morte. Desta forma, não há base legal para uma inscrição post

mortem ou para que sejam regularizadas as contribuições pretéritas, não recolhidas em vida

pelo de cujus.” (REsp1.346.852, de 21/05/2013).

REsp Repetitivo nº 1.110.565/SE, no sentido de que: “é devida a pensão por morte aos

dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os

requisitos legais para a obtenção de aposentadoria antes de seu falecimento, mas não se

admite, para o preenchimento dos respectivos requisitos legais, o

recolhimento post mortem de contribuições previdenciárias”.

Para espancar qualquer dúvida, coube à MP 871/2019 inserir o §7º no 17 artigo da Lei

8.213/91: “não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual

e de segurado facultativo”.

O dispositivo, no entanto, somente se aplica ao contribuinte individual autônomo, não

possuindo aplicabilidade ao contribuinte individual que labora para pessoa jurídica a contar de

abril de 2003 (Lei 10.666/03, art. 4º), pois este passou a ter presunção normativa de dependência

econômica.

Vale registrar que para o segurado contribuinte individual e o segurado facultativo, a legislação

previdenciária impôs durante determinado período que o valor nominal mínimo do salário de

contribuição será de um salário mínimo, regra que foi estendida ao segurado empregado com a MP

808/2017 (alterou a CLT49), a partir da competência novembro de 2017 (Tempus Regit Actum).

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

A MP 808/2017 vigorou somente até o dia 23 de abril de 2018, tendo decaído por ausência

de votação no Congresso Nacional. Daí que as informações suso postas se limitam até essa

data, restaurando-se o regime jurídico anterior.

Forçoso concluir que, no caso de contribuinte individual autônomo ou mesmo de segurado

facultativo, os recolhimentos com salário de contribuição abaixo de um salário mínimo não

podem ser considerados para a manutenção da qualidade do segurado falecido, sendo inválidos

recolhimentos de complementação perpetrados após o óbito.

p. 1039

Os avós não são previstos no artigo 16 da Lei 8.213/91 como dependentes. No entanto,

existe precedente do STJ bastante excepcional que concedeu pensão por morte aos avós

que possuíam a posição de pais do segurado que ficou órfão desde cedo.

“PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ENUNCIADO

ADMINISTRATIVO 2/STJ. PENSÃO POR MORTE. REGIME GERAL DE

PREVIDÊNCIA SOCIAL. ÓBITO DO NETO. AVÓS NA CONDIÇÃO DE

PAIS. ROL DO ARTIGO 16 DA LEI 8.213/1991 TAXATIVO. ADEQUAÇÃO

LEGAL DA RELAÇÃO JURÍDICA FAMILIAR. ARTIGO 74 DA LEI

8.213/1991. DIREITO À PENSÃO RECONHECIDO. RECURSO ESPECIAL

CONHECIDO E PROVIDO.

1. A questão recursal gira em torno do reconhecimento do direito dos avós do

segurado falecido receberem pensão por morte, nos termos dos artigos 16 e 74

da Lei 8.213/1991, em razão de terem sido os responsáveis pela criação do neto,

falecido em 11/11/2012, ocupando verdadeiro papel de genitores.

2. O benefício pensão por morte está disciplinado nos artigos 74 a 79 da Lei de

Benefícios, regulamentados pelos artigos 105 a 115 do Decreto 3.048/1999. É

devido exclusivamente aos dependentes do segurado falecido, com o intuito de

amenizar as necessidades sociais e econômicas decorrentes do evento morte, no

núcleo familiar.

3. O benefício pensão por morte é direcionado aos dependentes do segurado,

divididos em classes, elencados no artigo 16 da Lei 8.213/1991, rol considerado

taxativo. A qualidade de dependente é determinada pela previsão legal e também

pela dependência econômica, ora real, ora presumida. A segunda classe de

dependentes inclui apenas os pais.

4. No caso concreto, são incontroversos os fatos relativos ao óbito, a qualidade

de segurado, a condição dos avós do falecido similar ao papel de genitores, pois

o criaram desde seus dois anos de vida, em decorrência do óbito dos pais naturais,

e, a dependência econômica dos avós em relação ao segurado falecido.

5. O fundamento adotado pelo Tribunal a quo de que a falta de previsão legal de

pensão aos avós não legitima o reconhecimento do direito ao benefício

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

previdenciário não deve prevalecer. Embora os avós não estejam elencados no

rol de dependentes, a criação do segurado falecido foi dada por seus avós, ora

recorrentes. Não se trata de elastecer o rol legal, mas identificar quem

verdadeiramente ocupou a condição de pais do segurado.

6. Direito à pensão por morte reconhecido” (REsp 1574859, 2ª Turma,

8/11/2016).

QUADRO SINTÉTICO – PENSÃO POR MORTE

Cabimento Óbito do segurado da Previdência Social que deixar dependentes.

Beneficiári

os

Os dependentes, observada a ordem preferencial das classes do

artigo 16, da Lei 8.213/91, ressaltando que a classe I tem

presunção de dependência econômica

Carência Dispensada.

Valor

O mesmo da aposentadoria percebida pelo instituidor ou da que

teria direito se aposentado por invalidez (100% do salário de

benefício).

Outras

informaçõe

s:

a) A condição de dependente será aferida no momento do óbito, e

não posteriormente.

b) Será decida do óbito, quando requerida em até cento e oitenta

dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou

em até noventa dias após o óbito, para os demais dependente;

no caso de morte presumida, após a decisão judicial.

c) Havendo mais de um dependente da mesma classe, será

dividida em partes iguais, excluídos os da classe inferior.

d) Com a morte, a cessação da invalidez, a emancipação ou a

maioridade, a cota da pensão será revertida para o outro

dependente, não se transmitindo para os dependentes de classe

inferior.

e) De acordo com o artigo 114, II, do RPS, a emancipação por

colação de grau em curso superior antes dos 21 anos não faz

cessar a pensão por morte.

f) Súmula 340, STJ: A lei aplicável à concessão de pensão

previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do

segurado.

g) Súmula 336, STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na

separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte

do ex-marido, comprovada a necessidade econômica

superveniente.

h) Súmula 416, STJ- É devida a pensão por morte aos dependentes

do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade,

preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

QUADRO SINTÉTICO – PENSÃO POR MORTE

até a data do seu óbito.

10. AUXÍLIO-RECLUSÃO

Regulamentação básica: artigo 80, da Lei 8.213/91; artigo 2º, da Lei 10.666/2003; artigos

116/119, do RPS (Decreto 3.048/99).

Código de concessão: 25 – Auxílio-reclusão.

Trata-se de benefício previdenciário devido aos dependentes de segurado

recolhido à prisão em regime fechado, desde que o segregado não esteja recebendo

remuneração da empresa, aposentadoria de qualquer espécie, pensão por morte,

salário-maternidade, abono de permanência em serviço (benefício extinto) ou

auxílio-doença, nos termos do artigo 80 da Lei 8.213/91 modificado pela MP

871/2019.

As novidades inseridas pela MP 871/2019, válidas para as prisões a partir de 18/1/2019 (a lei do

tempo rege o ato jurídico), é que se o segurado preso estiver em gozo de salário-maternidade ou de

pensão por morte o auxílio-reclusão não poderá ser instituído em favor dos seus dependentes.

Por sua vez, a MP 871/2019 deveria ter retirado a expressão “auxílio-doença” do caput do

artigo 80 da Lei 8.213/91, pois a citada alteração normativa previu a suspensão desse benefício

com prisão em regime fechado do segurado de baixa renda, de modo que o auxílio-doença terá o

pagamento sobrestado.

No entanto, inicialmente de modo ilegal , pois inovava para prejudicar, o artigo 383, §3º, da

Instrução Normativa INSS 77/2015 aduz que “o segurado recluso, ainda que contribua como

facultativo, não terá direito aos benefícios de auxílio-doença, salário-maternidade e aposentadoria

durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão, permitida a opção pelo benefício

mais vantajoso”, sendo que inexiste impedimento legal da concessão do salário-maternidade

enquanto perdurar o auxílio-reclusão dos dependentes da reclusa.

Essa regra (artigo 383, §3º, da Instrução Normativa INSS 77/2015) passou a ser válida para

as prisões em regime fechado a contar de 18/1/2019, diante da modificação citada no texto do

artigo 80 da Lei 8.213/91, que inseriu o salário-maternidade em seu texto.

Para as incapacidades ocorridas até 17/1/2019, caso o segurado, ao tempo da reclusão, seja

recebedor de benefício por incapacidade, caberá a concessão do auxílio-reclusão aos dependentes

quando cessar o benefício, sendo a data de início do auxílio-reclusão fixada na data do fato

gerador (reclusão), mas sem efeitos financeiros durante o período de percepção do auxílio-doença.

Com razoabilidade, a Medida Provisória 871/2019 previu que não será devido o auxílio-

doença para o segurado recluso em regime FECHADO (esta regra não engloba regime aberto

ou semi-aberto), tendo em vista que o preso estará sob a proteção do Estado, que deverá atender

às suas necessidades básicas e tem custos que a sociedade já arca.

Ademais, acaso o segurado esteja em gozo de auxílio-doença no momento da segregação

prisional, o benefício deverá ser suspenso por até sessenta dias. Vencidos os sessenta dias, se o

segurado ainda estiver preso, o auxílio-doença será cancelado.

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Por outro lado, acaso seja posto em liberdade dentro de sessenta dias, o benefício será

reativado com efeitos financeiros somente a partir da data de soltura.

Por força do Princípio do Tempus Regit Actum, esta regra somente se aplica às incapacidades

laborais (DII – Data de Início da Incapacidade) que desencadeadas a partir de 18 de Janeiro de

2019, data de vigência da novel regra.

Embora não esteja expresso no artigo 80 da Lei 8.213/91, para prisões em regime fechado a

partir de 18/1/2019, acaso o segurado de baixa renda esteja recebendo auxílio-reclusão da

condição de dependente de segurado no momento da segregação prisional, ele não deverá instituir

auxílio-reclusão.

Isso porque o auxílio-reclusão possui o mesmo regramento da pensão por morte, salvo

expressa exceção em sentido contrário ou por incompatibilidade de adaptação, sendo que a

remissão do artigo 80 da Lei 8.213/91 à pensão por morte se estende ao auxílio-reclusão.

Com o advento da Emenda 20/98, houve uma restrição da proteção social do auxílio-reclusão,

passando a ser exigido que o segurado preso seja enquadrado como baixa renda, conforme

nova redação do artigo 201, inciso IV, da CRFB.

Vale ressaltar que o STF ratificou que para a instituição deste benefício, o baixa renda deverá

ser o segurado, e não os seus dependentes, pois existiam decisões da TNU50 e dos TRF’s da 3ª51

e 4ª52 Regiões em sentido contrário.

Eis o entendimento da Suprema Corte:

“EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO DOS

CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO

AOS SEGURADOS PRESOS DE BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO

INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA

DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I –

Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição, a renda do segurado preso

é que a deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do benefício e

não a de seus dependentes. II – Tal compreensão se extrai da redação dada ao

referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo daqueles

alcançados pelo auxílio-reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para

apurar a efetiva necessidade dos beneficiários. III – Diante disso, o art. 116 do

Decreto 3.048/1999 não padece do vício da inconstitucionalidade. IV – Recurso

extraordinário conhecido e provido”53 (g.n.).

Conforme atualização feita para o ano de 2019 , será instituidor do auxílio-reclusão o

segurado que receber remuneração mensal de até R$ 1.364,43 , na forma do artigo 13, da

Emenda 20/199854, sendo considerado antes do advento da MP 871/2019 o seu último salário

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de contribuição antes do encarceramento.

No entanto, o STJ já flexibilizou o limite constitucional de baixa renda no julgamento do

Recurso Especial 1479564 pela 1ª Turma, julgado em 06/11/2014. No caso concreto, a segurada

reclusa teve como último salário de contribuição uma remuneração de R$ 10,82 acima do limite

da baixa renda. Argumentou o STJ que a semelhança do caso com a jurisprudência firmada pelo

STJ em relação ao Benefício de Prestação Continuada permite ao julgador flexibilizar também o

critério econômico para deferimento do auxílio-reclusão, ainda que o salário de contribuição do

segurado supere o valor legalmente fixado para configurar baixa renda:

“RECURSO ESPECIAL. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-

RECLUSÃO. POSSIBILIDADE DE FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO

ECONÔMICO ABSOLUTO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO

PREVIDENCIÁRIA. PREVALÊNCIA DA FINALIDADE DE PROTEÇÃO

SOCIAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. RECURSO ESPECIAL DO INSS A

QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. O benefício de auxílio-reclusão destina-se diretamente aos dependentes de

segurado que contribuía para a Previdência Social no momento de sua reclusão,

equiparável à pensão por morte; visa a prover o sustento dos dependentes,

protegendo-os nesse estado de necessidade.

2. À semelhança do entendimento firmado por esta Corte, no julgamento do

Recurso Especial 1.112.557/MG, Representativo da Controvérsia, onde se

reconheceu a possibilidade de flexibilização do critério econômico definido

legalmente para a concessão do Benefício Assistencial de Prestação

Continuada, previsto na LOAS, é possível a concessão do auxílio-reclusão

quando o caso concreto revela a necessidade de proteção social, permitindo

ao Julgador a flexiblização do critério econômico para deferimento do

benefício, ainda que o salário de contribuição do segurado supere o valor

legalmente fixado como critério de baixa renda.

3. No caso dos autos, o limite de renda fixado pela Portaria Interministerial,

vigente no momento de reclusão da segurada, para definir o Segurado de

baixa-renda era de R$ 710,08, ao passo que, de acordo com os registros do

CNIS, a renda mensal da segurada era de R$ 720,90, superior aquele limite

4. Nestas condições, é possível a flexibilização da análise do requisito de renda

do instituidor do benefício, devendo ser mantida a procedência do pedido,

reconhecida nas instâncias ordinárias” (REsp 1.479.564-SP, Rel. Min.

Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 6/11/2014).

A Turma Nacional seguiu o mesmo posicionamento do STJ: “A TNU fixou a tese, em sede

de recurso representativos de controvérsia, no sentido de que é possível a flexibilização do

conceito de “baixa-renda” para o fim de concessão do benefício previdenciário de auxílio-

reclusão desde que se esteja diante de situações extremas e com valor do último salário-de-

contribuição do segurado preso pouco acima do mínimo legal – “valor irrisório”

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(Informativo 23/2018 – processo 0000713-30.2013.4.03.6327).

Conforme voto do Relator, “retomando o caso concreto, da leitura do voto condutor, que

confirmou a sentença de improcedência, fundada no entendimento de legalidade estrita de que o

último salário-de-contribuição do segurado, antes de ser recolhido ao sistema prisional,

ultrapassou em menos de R$ 70,00 (setenta reais) o valor limite para ser considerado segurado

de baixa renda”.

O que a jurisprudência precisa definir é um limite de rompimento do limite de baixa renda,

pois já existem decisões no JEF de primeiro grau flexibilizando valores em torno de R$ 300,00.

Na hipótese de inexistir salário de contribuição na data do recolhimento à prisão, será

considerado o último salário de contribuição do segurado, conforme o entendimento do INSS55

que adota o texto do Regulamento da Previdência Social:

“Art. 116. O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por

morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão que não receber

remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, aposentadoria

ou abono de permanência em serviço, desde que o seu último salário-de-

contribuição seja inferior ou igual a R$ 360,00” (valor originário quando do

advento da Emenda 20/1998).

Ressalvado o posicionamento contrário da autarquia previdenciária, entende-se que se no

momento da segregação prisional o segurado se encontrava no período de graça por ter deixado

de exercer labor remunerado, deverá ser deferido o auxílio-reclusão, mesmo que o último salário

de contribuição seja superior ao valor máximo de baixa renda.

p. 1044

Finalmente, em 23 de setembro de 2014, o entendimento sustentado nesta obra foi acolhido

pelo Superior Tribunal de Justiça em aplicação ao Princípio do Tempus Regit Actum:

“PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO

DESEMPREGADO OU SEM RENDA. CRITÉRIO ECONÔMICO.

MOMENTO DA RECLUSÃO. ÚLTIMO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE.

1. A questão jurídica controvertida consiste em definir o critério de rendimentos

ao segurado recluso em situação de desemprego ou sem renda no momento do

recolhimento à prisão. O acórdão recorrido e o INSS defendem que deve ser

considerado o último salário de contribuição, enquanto os recorrentes apontam

que a ausência de renda indica o atendimento ao critério econômico.

2. À luz dos arts. 201, IV, da Constituição Federal e 80 da Lei 8.213/1991 o

benefício auxílio-reclusão consiste na prestação pecuniária previdenciária de

amparo aos dependentes do segurado de baixa renda que se encontra em regime

de reclusão prisional.

3. O Estado, através do Regime Geral de Previdência Social, no caso, entendeu

por bem amparar os que dependem do segurado preso e definiu como critério para

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a concessão do benefício a “baixa renda”.

4. Indubitavelmente que o critério econômico da renda deve ser constatado no

momento da reclusão, pois nele é que os dependentes sofrem o baque da perda do

seu provedor.

5. O art. 80 da Lei 8.213/1991 expressa que o auxílio-reclusão será devido quando

o segurado recolhido à prisão “não receber remuneração da empresa”.

6. Da mesma forma o § 1º do art. 116 do Decreto 3.048/1999 estipula que “é

devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado quando não houver salário-

de-contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida

a qualidade de segurado”, o que regula a situação fática ora deduzida, de forma

que a ausência de renda deve ser considerada para o segurado que está em período

de graça pela falta do exercício de atividade remunerada abrangida pela

Previdência Social.” (art. 15, II, da Lei 8.213/1991).

7. Aliada a esses argumentos por si sós suficientes ao provimento dos

Recursos Especiais, a jurisprudência do STJ assentou posição de que os

requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento

do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum.

Nesse sentido: AgRg no Resp 831.251/RS, Rel. Ministro Celso Limongi

(Desembargador convocado do TJ/SP), Sexta Turma, DJe 23.5.2011; REsp

760.767/SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJ 24.10.2005, p. 377; e

Resp 395.816/SP,

Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Sexta Turma, DJ 2.9.2002, p. 260. 8. Recursos

Especiais providos”. (REsp 1.480.461-SP, Rel. Min. Herman Benjamin,

julgado em 23/9/2014).

Posteriormente, a TNU passou a aderir ao posicionamento do STJ na sessão de 18/2/2016:

“PROCESSO: 0045092-42.2010.4.03.6301

Para fins de pedido de concessão de auxílio-reclusão, deve ser considerada a

legislação vigente à época do evento prisão, sendo devido o benefício aos

dependentes do segurado que na data do efetivo recolhimento não possuir salário

de contribuição, desde que mantida a qualidade de segurado”.

Em seguida o STJ firmou tese repetitiva a respeito:

Informativo 618- RECURSOS REPETITIVOS

PROCESSO REsp 1.485.417-MS, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira

Seção, por unanimidade, julgado em 22/11/2017, DJe 02/02/2018

RAMO DO DIREITO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

TEMA Auxílio-reclusão. Segurado desempregado ou sem renda. Critério

econômico. Momento de reclusão. Ausência de renda. Último

salário de contribuição afastado.

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DESTAQUE

Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei n. 8.213/1991), o critério de aferição de

renda do segurado que não exerce atividade laboral remunerada no momento do recolhimento

à prisão é a ausência de renda, e não o último salário de contribuição.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

A questão jurídica controvertida consiste em definir qual o critério de rendimentos ao

segurado recluso que está em situação de desemprego ou sem renda no momento do

recolhimento à prisão. O INSS defende que deve ser considerado o último salário de

contribuição, enquanto que os segurados apontam que a ausência de renda deve ser ponderada.

De início, consigna-se que o benefício auxílio-reclusão consiste na prestação pecuniária

previdenciária de amparo aos dependentes do segurado de baixa renda que se encontra em

regime de reclusão prisional e tem previsão no art. 201, IV da Constituição Federal e no art.

80 da Lei n. 8.213/1991. O Estado, através do Regime Geral de Previdência Social, no caso,

entendeu por bem amparar os que dependem do segurado preso, e definiu como base para a

concessão do benefício a "baixa renda". Indubitavelmente o critério econômico da renda deve

ser constatado no momento da reclusão, pois nele é que os dependentes sofrem o baque da

perda do provedor. Nesse aspecto, observa-se que o art. 80 da Lei n. 8.213/1991 é claro ao

assentar que o auxílio-reclusão será devido quando o segurado recolhido à prisão "não receber

remuneração da empresa", o que abarca a situação do segurado que está em período de graça

pelo desemprego (art. 15, II, da Lei n. 8.213/1991). Da mesma forma, o § 1º do art. 116 do

Decreto 3.048/1999 estipula que "é devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado

quando não houver salário-de-contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde

que mantida a qualidade de segurado". Esse dispositivo legal deixa evidente que a qualidade

de segurado é imprescindível, até porque não se trata de benefício assistencial, mas

previdenciário. Aliado a esses argumentos, ressalta-se que a jurisprudência do STJ assentou

posição de que os requisitos para a concessão do benefício devem ser verificados no momento

do recolhimento à prisão, em observância ao princípio tempus regit actum.

Caberá ao STF dar a última palavra sobre este tema em sede de repercussão geral:

ARE 1163485 RG / SP - SÃO PAULO

REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO

Relator(a): Min. MINISTRO PRESIDENTE

Julgamento: 15/11/2018 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - meio eletrônico

“EMENTA Recurso extraordinário com agravo. Previdenciário. Benefício de auxílio-

reclusão. Requisitos legais para a concessão. Aferição de renda. Matéria

infraconstitucional. Ausência de repercussão geral. É infraconstitucional, a ela se

aplicando os efeitos da ausência de repercussão geral, a controvérsia sobre os critérios

legais de aferição da renda do segurado, para fins de percepção do benefício do auxílio-

reclusão”.

ATENÇÃO:

Mas tudo isso foi modificado pela MP 871/2019, regramento que deve ser aplicado às prisões

a contar de 18/1/2019. A regulamentação da caracterização da baixa renda do segurado preso

passou a constar do artigo 80 da Lei 8.213/91, modificando a sistemática do Decreto 3.048/99,

restando abandonado o critério do último salário de contribuição antes da prisão e adotando a

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média dos 12 últimos salários de contribuição antes do recolhimento prisional nos últimos

12 meses antes da segregação prisional.

Eis os dispositivos inseridos no artigo 80 da Lei 8.213/91:

“§ 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda aquele que,

na competência de recolhimento à prisão tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º,

de valor igual ou inferior àquela prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de

dezembro de 1998, corrigido pelos índices aplicados aos benefícios do RGPS.

§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa

renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses

anteriores ao mês do recolhimento à prisão”.

Assim, se nos últimos 12 meses antes da prisão do segurado este possuir 12 ou menos salários

de contribuição, deve ser promovida a média aritmética simples de todos os existentes no período.

Suponha-se que um segurado foi preso em fevereiro de 2019 e possua, nos últimos 12 meses,

apenas 3 salários de contribuição nos seguintes valores:

a) R$ 1.200,00;

b) R$ 1.300,00;

c) R$ 1.450,00.

Neste caso, a média dos três salários de contribuição existentes nos 12 últimos meses que

precederam a prisão em regime fechado foi de R$ 1.316,67, sendo abaixo do limite normativo

estabelecido para o ano de 2019 para baixa renda (R$ 1.364,43).

Embora o critério de aferição de baixa renda seja mais justo, pois reflete a média dos salários

de contribuição dos últimos 12 meses antes da prisão, ainda existem brechas que permitem manter

a citada jurisprudência do STJ, pois não restou regulada a situação do segurado que não possui

12 salários de contribuição antes da prisão.

Isso porque é possível que o segurado esteja no período de graça de 24 ou 36 meses no

momento da prisão ou mesmo esteja em gozo de auxílio-doença por mais de 12 meses (com a

segregação prisional, o auxílio-doença será suspenso) ou mesmo se auxílio-acidente e não tenha

salário de contribuição registrado no último ano antes da prisão.

Daí que, acaso o STJ mantenha a linha jurisprudencial, em inexistindo salário de contribuição

nos últimos 12 meses antes da segregação prisional, certamente vai considerar o segurado sem

renda e determinará a concessão do benefício do auxílio-reclusão aos seus dependentes.

Aliás, diante do atual texto normativo inaugurado pela MP 871/2019, o próprio INSS

entende que, caso não haja salário de contribuição nos últimos 12 meses antes da prisão do

segurado, deve ser caracterizada a baixa renda e concedido o auxílio-reclusão do segurado

preso em regime fechado.

O tema foi regulado no Memorando-Circular Conjunto nº 2

/DIRBEN/PFE/DIRAT/INSS, de 28/1/2019 (item 3.6):

“Assunto: Alterações nas regras dos benefícios de auxílio-reclusão, pensão por morte,

auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade, previstas na Lei nº

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8.213/91, decorrentes da Medida Provisória nº 871, de 18 de janeiro de 2019.

1. As alterações contidas neste memorando-circular conjunto deverão ser aplicadas aos

fatos geradores ocorridos a partir de 18 de janeiro de 2019, data da publicação da Medida

Provisória nº 871.

3. Para o benefício de auxílio-reclusão concedido em razão de recolhimento à prisão

posterior a 18 de janeiro de 2019, aplicam-se as seguintes regras:

a) somente gerará direito ao benefício quando o segurado estiver recluso em regime

fechado;

b) será exigida a carência mínima de vinte e quatro meses do instituidor que possuir

qualidade de segurado, conforme art. 25 da Lei nº 8.213/91;

c) inacumulável com benefícios recebidos pelo instituidor que esteja em gozo de pensão

por morte e salário-maternidade, além dos benefícios de auxílio-doença, aposentadoria ou

abono de permanência em serviço.

3.1. Para fins de comprovação do efetivo recolhimento à prisão, deverá ser apresentada

certidão judicial que ateste o regime de reclusão, inclusive para os requerimentos realizados

a partir de 18 de janeiro de 2019, cujo fato gerador tenha ocorrido antes da vigência da Medida

Provisória nº 871.

3.2. Para a manutenção do benefício, permanece obrigatória a apresentação de prova de

permanência na condição de presidiário, para tanto poderá ser apresentada a certidão judicial,

de acordo com o subitem 3.1, ou atestado/declaração do estabelecimento prisional.

3.3. Há previsão de obtenção de informações sobre o recolhimento à prisão por meio de

celebração de convênios com os órgãos públicos responsáveis pelo cadastro dos presos.

Assim, quando houver, substituirá a necessidade de apresentação da certidão judicial e a prova

de permanência na condição de presidiário.

3.4. A aferição da renda mensal bruta, para enquadramento do segurado como de baixa

renda, ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses

anteriores ao mês do recolhimento à prisão.

3.5. A média apurada na forma descrita no subitem 3.4 deve ser igual ou inferior ao valor

fixado como baixa renda por portaria interministerial, sendo considerada a portaria vigente

no fato gerador.

3.6. Quando não houver salário-de-contribuição no período de 12 meses anteriores

à prisão será considerado segurado de baixa renda.

3.7. Quando o recolhimento à prisão ocorrer antes de 18 de janeiro de 2019, o benefício

de auxílio-reclusão deverá ser mantido nos casos de cumprimento de pena no regime semi-

aberto, ainda que a progressão do regime fechado para o semi-aberto ocorra na vigência da

Medida Provisória nº 871/2019.

3.8. Aplicam-se ao auxílio-reclusão as alterações relativas à pensão por morte”.

Uma questão não apreciada pelo INSS é a situação do segurado preso em regime fechado em

gozo de auxílio-doença (que deve ser suspenso se a DII for a partir de 18/1/2019) ou de auxílio-

acidente (que vai continuar ativo com a prisão) e que não possua nenhum salário de contribuição

nos últimos 12 meses que precedem à data da prisão, ocorrida a contar de 18/1/2019.

Imagine que um segurado recebia há 3 anos um auxílio-doença no valor de R$ 4.000,00 e que

foi suspenso no dia da sua prisão em regime fechado em 1º de fevereiro de 2019. Nesse período

de percepção do benefício por incapacidade, o segurado não possuía nenhum salário de

contribuição, pois afastado do labor e sem promover recolhimentos.

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Nesta situação, forçoso concluir que mesmo o valor do auxílio-doença superar em muito o

limite de baixa renda, deve ser concedido o auxílio-reclusão, posto que inexiste salário de

contribuição nos últimos 12 meses antes da prisão, haja vista que nenhum benefício

previdenciário integra o salário de contribuição, à exceção do salário-maternidade.

Isso demonstra as imperfeições contidas nessa passagem da MP 871/2019 e que merecem ser

corrigidas no Congresso Nacional durante a votação da lei de conversão. Eis os pontos a serem

alterados:

a) Devem ser apurados os 12 últimos salários de contribuição antes da prisão, mesmo que

inexistam recolhimentos no último ano, e não no período de doze meses anteriores ao mês do

recolhimento à prisão;

b) O valor do auxílio-doença ou auxílio-acidente deve ser considerado para a aferição de baixa

renda.

Ressalte-se que o décimo terceiro salário e o terço de férias não deverão ser considerados no

cômputo do último salário de contribuição do segurado preso, bem como a remuneração recebida

em decorrência do pagamento de horas extraordinárias integrará o último salário de

contribuição56.

Vale ressaltar que o auxílio-reclusão apenas será pago nas condenações impostas sob regime

fechado , não sendo devido o benefício na hipótese de regime aberto, na forma do artigo 116,

§5º, do RPS, haja vista a determinação do detento trabalhar fora do estabelecimento prisional,

consoante o artigo 36, do Código Penal, apenas sendo recolhido no período noturno e durante os

dias de folga.

ATENÇÃO:

Por força da MP 871/2019, regramento que deve ser aplicado às prisões a contar de 18/1/2019,

o regime prisional semi-aberto não mais enseja a concessão do auxílio-reclusão (regime

aberto sempre gerou auxílio-reclusão).

Eis a tabela intertemporal:

Prisão até 17/1/2019 Regime semi-aberto dá direito ao auxílio-

reclusão

Prisão a partir de 18/1/2019 Regime semi-aberto não dá direito ao

auxílio-reclusão

Com base no Código Penal, são colacionadas as regras dos regimes de prisão após o trânsito

em julgado da sentença condenatória:

Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.

A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime

fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou

estabelecimento similar;

c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,

segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de

transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime

fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8

(oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,

desde o início, cumpri-la em regime aberto.

§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância

dos critérios previstos no art. 59 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209,

de 11.7.1984)

§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do

cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto

do ilícito praticado, com os acréscimos legais. (Incluído pela Lei nº 10.763, de

12.11.2003)

Regras do regime fechado

Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame

criminológico de classificação para individualização da execução. (Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso

noturno. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões

ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da

pena. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras

públicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Regras do regime semi-aberto

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o

cumprimento da pena em regime semi-aberto. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia

agrícola, industrial ou estabelecimento similar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos

profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior. (Redação dada

pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Regras do regime aberto

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do

condenado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar

curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno

e nos dias de folga. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime

doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa cumulativamente

aplicada. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Por sua vez, o cumprimento de pena em prisão domiciliar não impede o recebimento do

benefício de auxílio-reclusão pelo(s) dependente (s), se o regime previsto for o fechado , assim

como a monitoração eletrônica do instituidor do benefício de auxílio-reclusão não interfere no

direito do dependente ao recebimento do benefício, uma vez que tem a função de fiscalizar o

preso, desde que mantida a prisão domiciliar57(com adaptações à MP 871/2019).

No mesmo sentido o STJ (Informativo 614) com as nossas adaptações:

PRIMEIRA TURMA

PROCESSO REsp 1.672.295-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, por

unanimidade, julgado em 17/10/2017, DJe 26/10/2017

RAMO DO

DIREITO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

TEMA Auxílio-reclusão. Prisão domiciliar. Reconhecimento

administrativo. Instrução normativa n. 85/2016.

DESTAQUE

Os dependentes de segurado preso em regime fechado ou semiaberto fazem jus ao

auxílio-reclusão ainda que o condenado passe a cumprir a pena em prisão

domiciliar.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

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Inicialmente, salienta-se que nos termos dos arts. 80 da Lei n. 8.213/1991, 116, §

5º, e 119 do Decreto n. 3.048/99, o auxílio-reclusão será devido durante o período

em que o apenado estiver recluso, seja em regime fechado ou semiaberto. Na esteira

desse entendimento, tanto a doutrina quanto a jurisprudência vinham exigindo que

o segurado estivesse recluso em estabelecimento prisional para a concessão do

benefício previdenciário a seus dependentes. Porém, o Tribunal de origem firmou

a seguinte orientação: "o que importa, para autorizar a cessação do auxílio-

reclusão, não é o regime de cumprimento da pena a que está submetido o segurado,

mas sim a possibilidade de ele exercer atividade remunerada fora do sistema

prisional, o que não só se dá quando aquele é posto em liberdade, mas também

quando a execução da pena for realizada em regime prisional aberto ou o segurado

estiver em liberdade condicional. (...) Portanto, o fato de o segurado ser colocado

em prisão domiciliar - a qual, registre-se, não descaracteriza a condição de recluso

do condenado, porquanto de prisão e de cumprimento de pena igualmente se trata

(CPP, art. 317) - não afasta, por si só, a possibilidade de concessão do auxílio-

reclusão aos seus dependentes, a menos que seja autorizado ao segurado em prisão

domiciliar a possibilidade de exercer atividade remunerada." Frise-se, ainda, que a

irresignação da autarquia federal contra tal posicionamento encontra dissonância

na sua própria orientação interna, já que, por meio da Instrução Normativa n. 85 de

19/02/2016, que alterou a IN 77/PRE/INSS de 21/01/2015, foi disposto que o

cumprimento de pena em prisão domiciliar não impediria a percepção do benefício,

se o regime previsto for o semiaberto ou fechado. Com efeito, se o Instituto de

Previdência Social, em interpretação favorável da Lei de Benefícios, está a

reconhecer um direito pré-existente, deve dar-lhe cumprimento, e não contestá-lo

judicialmente, sob pena de praticar ato incompatível com o direito de recorrer.

Apesar da omissão regulamentar, será cabível o benefício nos casos de prisão cautelar

(temporária, em flagrante e preventiva), pois o segurado baixa renda não poderá exercer atividade

laborativa para sustentar os seus dependentes, conforme se pronuncia a jurisprudência58, tendo

essas prisões equivalência ao regime fechado.

Também deverá ser pago o benefício na hipótese de medida socioeducativa de

internação do adolescente enquadrado como segurado de baixa renda, conforme

entendimento administrativo do INSS59, previsto no artigo 112, inciso VI, da Lei 8.069/90, pois

se equipara à situação de recolhimento à prisão em regime fechado.

Isso porque se equipara à condição de recolhido à prisão, a situação do maior de dezesseis e

menor de dezoito anos de idade que se encontre internado em estabelecimento educacional ou

congênere, sob custódia do Juizado da Infância e da Juventude.

No entanto, a internação a partir de 18/1/2019 do adolescente de baixa renda não dará ensejo

à concessão ou manutenção do auxílio-reclusão dos seus dependentes quando permitida a

realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade (Lei 8.069/90, art. 121,

§1º), pois equivale ao regime prisional semi-aberto ao permitir atividades externas que podem ser

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remuneradas.

Outrossim, a conversão da internação em regime de semi-liberdade60 gerará o cancelamento

do auxílio-reclusão para internações a contar de 18/1/2019, a exemplo do vencimento do prazo

máximo de 3 anos da internação.

Por outro lado, na hipótese de prisão civil por dívida decorrente de prestação alimentícia, não

será pago o auxílio-reclusão, pois esta segregação é um meio de coerção para o pagamento dos

alimentos, não sendo punitiva, embora a normatização do INSS seja omissa a respeito e exista

certa controvérsia doutrinária.

Em regra, a DIB (data de início do benefício) será a data do encarceramento. Contudo, se o

requerimento administrativo protocolizado pelos dependentes for posterior a 90 (noventa) dias da

dada da prisão, o termo inicial dos efeitos financeiros será a data de entrada do pedido na

Previdência Social.

Esta regra se aplica às prisões ocorridas a contar do dia 5 de novembro de 2015, quando

iniciou a vigência da Lei 13.183/2015, que alterou a regra do artigo 74, I, da Lei 8.213/91, que

modificou o termo inicial dos efeitos financeiros da pensão por morte e se comunicou ao auxílio-

reclusão.

Para as segregações prisionais perpetradas até o dia 4 de novembro de 2015, por força da

aplicação do Princípio do Tempus Regit Actum, continua sendo aplicável o prazo anterior de trinta

dias.

ATENÇÃO:

Mas o tema foi alvo de alteração normativa promovida no artigo 74, inciso I, da Lei 8.213/91

por intermédio da MP 871/2019: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida em

até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou em até

noventa dias após o óbito, para os demais dependentes. Essa regra se aplica ao auxílio-reclusão,

que é pago nas mesmas condições da pensão por morte.

Dessa forma, para as prisões ocorridas a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso de

beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante legal

não ofereça requerimento administrativo do auxílio-reclusão em até 180 dias do óbito, o INSS

não pagará os atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do

requerimento administrativo.

Outra novidade da MP 871/2019 (inseriu os §§ 3º e 4º no artigo 74 da Lei 8.213/91, aplicável

ao auxílio-reclusão, que é pago nas mesmas condições da pensão por morte) é que, acaso

ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a

sua habilitação provisória ao benefício de auxílio-reclusão, exclusivamente para fins de rateio dos

60 Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de

transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de

autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

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valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em

julgado da decisão judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Suponha-se que um segurado tenha sido preso na pendência de ação estadual de investigação

de paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante

poderá requerer a habilitação provisória no benefício de auxílio-reclusão, sendo reservada a sua

cota-parte pelo INSS, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o

reconhecimento da qualidade de dependente.

Considerando que o regramento da pensão por morte se aplica ao auxílio-reclusão no que

couber, entende-se que se o dependente for absolutamente incapaz o pagamento deverá retroagir

à data da prisão, mesmo que requerido após noventa dias desta, aplicando-se por analogia a regra

de que a prescrição não corre contra os absolutamente incapazes (para as prisões até 17/1/2019

– MP 871/2019).

Nesse sentido, já decidiu acertadamente o Tribunal Regional Federal da 3ª Região que “o

termo inicial do benefício deve ser fixado na data da prisão (06.06.2006), vez que o autor era

absolutamente incapaz, à época, contra quem não fluía o trintídio previsto pelo art. 116, §4º, do

Decreto nº3.048/99”61.

O mesmo entendimento foi perfilhado pela TNU e STJ:

“PREVIDÊNCIA SOCIAL. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFICIÁRIO MENOR

IMPÚBERE À DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO

ADMINISTRATIVO. EFEITOS FINANCEIROS A CONTAR DA DATA DE

ENCARCERAMENTO E NÃO DA DATA DE ENTRADA DO

REQUERIMENTO. INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO INCISO II DO

ARTIGO 74 DA LEI 8.213/1991 AOS MENORES ABSOLUTAMENTE

INCAPAZES. REPRESENTATIVO DA TNU NO PEDILEF 0508581-

62.2007.4.05.8200/PB. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

O requerente pediu, em 15/09/2008, a concessão de auxílio-reclusão pelo

encarceramento de seu pai, em 28/05/2005, sendo-lhe deferido da data do

requerimento e não da data do fato gerador, aplicando-se ao caso o disposto no

artigo 74, II, da Lei 8.213/1991, dada a sistemática aplicável do quanto disposto

em questão de pensão por morte ao caso desta espécie de benefício. Acórdão da

Turma Recursal paraense por maioria de votos. A TNU consolidou seu

entendimento no julgamento do representativo pedido de uniformização

0508581-62.2007.4.05.8200/PB, da lavra do Juiz Federal Antônio Fernando

Schenkel do Amaral e Silva, em Sessão de 16/08/2012, determinando que não

se aplica o dispositivo aos absolutamente incapazes,dada a sua natureza

prescricional. São devidas as prestações desde o encarceramento, em

28/05/2005. Ante o exposto, voto por conhecer do Pedido de Uniformização da

Interpretação de Lei Federal e dar-lhe provimento para reafirmar a tese exposta

no Pedilef 0508581-62.2007.4.05.8200/PB, aplicado aos casos de auxílio-

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reclusão, para julgar procedente a pretensão do jovem autor da demanda, devendo

ser pagas as diferenças de 28/05/2005 a 15/09/2008, conforme apurado em

liquidação” (PEDILEF 00241832920084013900, de 04/06/2014).

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

DEPENDENTE ABSOLUTAMENTE INCAPAZ. MENOR IMPÚBERE.

TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO: DATA DA RECLUSÃO. O PRAZO

PRESCRICIONAL NÃO CORRE CONTRA O INCAPAZ. INTELIGÊNCIA

DOS ARTS. 198, I, DO CÓDIGO CIVIL C/C OS ARTS. 79 E 103, PARÁG.

ÚNICO DA LEI 8.213/1991. RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR

PROVIDO. 1. O termo inicial do benefício de auxílio-reclusão, quando devido

a dependente absolutamente incapaz, é a data da prisão do segurado. 2. É

firme o entendimento desta Corte de que os prazos decadenciais e prescricionais

não correm em desfavor do absolutamente incapaz. Ademais, não se poderia

admitir que o direito do menor fosse prejudicado pela inércia de seu representante

legal” (1ª Turma, REsp 1393771, de 30/11/2017).

Com o advento da Instrução Normativa INSS 77/2015 (art. 381, §3º), parece que o INSS

adotou este entendimento na via administrava, pois determina a aplicação, no que couber, do

artigo 364 ao auxílio-reclusão, que prevê que a pensão por morte deverá ser paga desde o óbito

para o absolutamente incapaz, mesmo que requerida após 30 dias do óbito (atuais noventa dias).

Isso para as prisões anteriores à vigência da MP 871/2019 (até 17/1/2019).

Uma importante novidade surgiu com o advento da MP 871/2019 (art. 76, §3º, da Lei

8.213/91), aplicável ao auxílio-reclusão, que é pago nas mesmas condições da pensão por morte.

É que, na hipótese de o segurado preso estar, na data de seu falecimento, obrigado por

determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-

companheira, o auxílio-reclusão será devido pelo prazo remanescente na data do óbito, caso

não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício” (para prisões a partir de

18/1/2019).

Preceitua o artigo 119, do RPS, ser vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura

do segurado. Contudo, esse dispositivo regulamentar aparentemente carece de base legal quando

o benefício é requerido ainda durante a reclusão, pois o que importa é a data de entrada do

requerimento administrativo ou judicial do benefício.

Nessa trilha, o correto entendimento da jurisprudência:

“AUXÍLIO-RECLUSÃO. COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS LEGAIS.

DEPENDENTES DO SEGURADO. SOLTURA POSTERIOR NÃO RETIRA

DOS DEPENDENTES O DIREITO AO BENEFÍCIO DURANTE O PERÍODO

EM QUE O SEGURADO PERMANECEU PRESO. A DEMORA DA

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL NÃO PODE PREJUDICAR A PARTE QUE

A ELA NÃO DEU CAUSA. 1 – Restou demonstrada a qualidade de segurado

(trabalhador urbano nos doze meses anteriores à prisão) e dos seus dependentes,

perante o INSS, bem como a prisão preventiva e a condenatória do segurado. 2 –

Preenchidos os requisitos legais, posterior soltura do segurado não implica

em perda de direito dos seus dependentes às parcelas vencidas, durante o

período da prisão. 3 – Correção monetária, desde cada vencimentos e juros

moratórios de 6% ao ano, desde a citação do INSS. Cálculos conforme o

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Provimento nº 24/97 do TRF da 3ª Região. 4. Apelação a que se dá provimento”62

(g.n.).

“PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. PRISÃO ANTERIOR À LEI

8.213/91. ESPOSA. 1. A regra que regula a concessão do auxílio-reclusão é a

vigente na época do recolhimento do segurado à prisão, que, no caso, eram os

Decretos nºs 83.080/79 e 89.312/84. 2. Demonstrada a qualidade de segurado do

esposo da autora e o cumprimento da carência de 12 meses, além do recolhimento

à prisão e a condição de dependente, condena-se o INSS ao pagamento do auxílio-

reclusão no período de 05/85 a 11/88. 3. O fato de a ação ter sido ajuizada anos

após a soltura do segurado, em nada altera o direito de sua dependente

quanto ao pagamento do auxílio-reclusão referentemente ao período em que

estava ele na prisão”63 (g.n.).

No entanto, considerando que a data de início do benefício do auxílio-reclusão é a data de

entrada do requerimento administrativo quando requerido após 90 dias da segregação prisional

do segurado, se o dependente somente postulá-lo administrativa ou judicialmente após a soltura

o benefício deve ser negado, sendo correta nesta hipótese a aplicação do artigo 119 do

Regulamento.

p. 1050

Desta forma, o INSS deve rever de ofício os auxílios-reclusão concedidos em valor não

integral no período de vigência desta regra da MP 664/2014 (prisões de 1/3/2015 a 17/6/2015),

pagando as parcelas vencidas respectivas.

O auxílio-reclusão dispensava sempre a carência (antes da MP 871/2019), a teor do artigo

26, I, da Lei 8.213/91, tendo sido frustrada a tentativa da MP 664/2014 de inserir carência, pois

não aprovada na Lei 13.135/2015.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos

da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto

nesta Lei”.

Desta forma, o INSS deve reviu de ofício o indeferimento dos auxílios-reclusão motivados

pela não integralização de carência de 24 recolhimentos mensais, no período de vigência desta

regra da MP 664/2014 (prisões de 1/3/2015 a 17/6/2015), pagando as parcelas vencidas

respectivas.

ATENÇÃO:

A inserção de período de carência de 24 contribuições mensais para o auxílio-reclusão é

fruto da MP 871/2019 (essa tentativa já foi feita pela MP 664/2014 e foi derrubada no Congresso

Nacional no ano de 2015 na lei de conversão 13.135), operando-se somente para prisões a

contar de 18/1/2019 (lei do tempo rege o ato jurídico).

Eis a tabela intertemporal:

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Prisão até 17/1/2019 Sem carência

Prisão a partir de 18/1/2019 Carência de 24 recolhimentos mensais

Considerando que o auxílio-reclusão é pago nas mesmas condições da pensão por morte,

conclui-se que, no que couber, as mudanças promovidas pela Lei 13.135/2015 na pensão por

morte se estenderam ao auxílio-reclusão.

A Lei 13.135/2015 em muito modificou a MP 664/2014, tendo as novas regras entrado em

vigor em 18 de junho de 2015. As alterações sobre o prazo para percepção da pensão por morte

alcançaram os cônjuges, companheiros e companheiras, e não os demais dependentes, nada

mudando para o filho, os pais e os irmãos. Estas mudanças são aplicáveis ao auxílio-reclusão,

devendo ser devidamente adaptadas.

Em regra, se a prisão ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições

mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos

antes do óbito do segurado, o auxílio-reclusão será pago por apenas 4 (quatro) meses ao cônjuge,

companheiro ou companheira.

Logo, se o segurado foi preso com apenas 5 contribuições vertidas ou com menos de 2 anos

de casamento ou união estável, o auxílio-reclusão durará, no máximo, por apenas 4 meses,

podendo ser cessado antes pela soltura do preso.

A Lei 13.135/2015 admitiu expressamente que o tempo de contribuição a Regime Próprio de

Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais,

acaso o segurado não possua 18 recolhimentos no Regime Geral de Previdência Social no dia da

prisão.

Por sua vez, transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do

dependente na data da prisão do segurado, se a segregação prisional ocorrer depois de vertidas

18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou

da união estável, o auxílio-reclusão terá a seguinte duração máxima (pode ser menor se o

segurado for solto antes, obviamente), sendo de prazo indefinido apenas se o dependente tiver 44

anos de idade ou mais no dia da prisão do segurado:

1) até 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) até 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) até 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) até 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) até 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) prazo indefinido, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

No entanto, há uma regra especial para o dependente cônjuge ou companheiro(a) inválido ou

com deficiência, pois neste caso o auxílio-reclusão apenas será cancelado pela cessação da invalidez

ou pelo afastamento da deficiência, salvo se houver soltura anterior. Se não houver recuperação do

dependente, portanto, será de prazo indefinido o auxílio-reclusão enquanto perdurar a prisão,

mesmo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento

ou a união estável tiverem menos de 2 (dois) anos antes da prisão do segurado. Caso o

dependente inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os prazos anteriores

apresentados, salvo se a soltura ocorrer primeiro.

Considerando que para as prisões em regime fechado concretizadas a partir 18/1/2019 a MP

871/2019 passou a exigir período de carência de 24 contribuições mensais, evidente que o

segurado que foi preso e ainda não contava com 18 contribuições mensais não terá integralizado

o período de carência de 24 contribuições mensais e imediatamente o benefício será indeferido,

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ao invés de ser limitado a 4 parcelas mensais para o seu cônjuge ou companheiro..

O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com a certidão do efetivo

recolhimento à prisão, sendo obrigatória, para a manutenção do pagamento do benefício, a

apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário (atestado trimestral), sob

pena de suspensão.

A certidão judicial e a prova de permanência na condição de presidiário poderão ser

substituídas pelo acesso à base de dados, por meio eletrônico, a ser disponibilizada pelo

Conselho Nacional de Justiça, com dados cadastrais que assegurem a identificação plena do

segurado e da sua condição de presidiário (novidade da MP 871/2019).

Para que os dependentes do segurado façam jus ao benefício, será naturalmente preciso que o

preso seja segurado, ou seja, esteja contribuindo ao fundo do RGPS ou, ao menos, se encontre

durante o período de graça.

Vale salientar que o exercício de atividade remunerada do segurado recluso em cumprimento

de pena em regime fechado ou semiaberto, gerando contribuições na condição de contribuinte

individual ou segurado facultativo, não acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-

reclusão para seus dependentes, na forma do artigo 2º, da Lei 10.666/03.

Entretanto, neste caso, o segurado recluso não terá direito aos benefícios de auxílio-doença e

de aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão, ainda que, nessa

condição, contribua como contribuinte individual ou facultativo, permitida a opção, desde que

manifestada, também, pelos dependentes, ao benefício mais vantajoso.

ATENÇÃO:

Com razoabilidade, a Medida Provisória 871/2019 previu que não será devido o auxílio-

doença para o segurado recluso em regime FECHADO (esta regra não engloba regime aberto

ou semiaberto), tendo em vista que o preso estará sob a proteção do Estado, que deverá atender

às suas necessidades básicas e tem custos que a sociedade já arca.

Essa regra se aplica para as incapacidades (DII) a contar de 18/1/2019 em respeito ao

Princípio do Tempus Regit Actum.

Com propriedade, caso o segurado, ao tempo da reclusão, seja recebedor de benefício por

incapacidade, caberá a concessão do auxílio-reclusão aos dependentes quando cessar o benefício

(para prisões até 17/1/2019). Nessa hipótese, a data de início do auxílio-reclusão será fixada na

data do fato gerador (reclusão) e a data do início do pagamento deverá observar que:

I - para reclusão ocorrida até 10 de novembro de 1997, véspera da publicação da

MP nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528, de 1997, será fixada no dia seguinte à

data da cessação do auxílio-doença, qualquer que seja o dependente;

II - para reclusão ocorrida a partir de 11 de novembro de 1997, a DIP será fixada:

a) no dia seguinte à data da cessação do auxílio-doença, desde que requerido até

trinta dias da reclusão;

b) na data da entrada do requerimento, se requerido após trinta dias da reclusão,

ressalvado o direito dos absolutamente incapazes, para os quais será fixada no dia

seguinte à data de cessação do auxílio-doença64.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Mas o tema foi alvo de alteração normativa promovida no artigo 74, inciso I, da Lei 8.213/91

por intermédio da MP 871/2019: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida em

até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou em até

noventa dias após o óbito, para os demais dependentes. Essa regra se aplica ao auxílio-reclusão,

que é pago nas mesmas condições da pensão por morte.

Dessa forma, para as prisões ocorridas a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso de

beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante legal

não ofereça requerimento administrativo do auxílio-reclusão em até 180 dias do óbito, o INSS

não pagará os atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do

requerimento administrativo.

Se o detento tiver recolhido contribuições previdenciárias na condição de segurado facultativo

ou contribuinte individual (note-se que o Regulamento desde o ano de 2009 apenas coloca o preso

como segurado facultativo), na hipótese de sua morte, o valor da pensão devida a seus dependentes

será obtido mediante a realização de cálculo, com base nos novos tempos de contribuição e salários

de contribuição correspondentes, nele incluídas as contribuições recolhidas enquanto recluso,

facultada a opção pelo valor do auxílio-reclusão.

Vale salientar que a atual redação do RPS prevê que o preso apenas poderá se filiar ao RGPS

como segurado facultativo, mesmo que exerça atividade remunerada, o que aparentemente viola o

artigo 2º, da Lei 10.666/03, conforme anteriormente estudado no capítulo que versou sobre os

segurados da Previdência Social.

De acordo com o entendimento administrativo do INSS, o segurado recluso, ainda que

contribua como facultativo, não terá direito aos benefícios de auxílio-doença, salário-maternidade

e aposentadoria durante a percepção, pelos dependentes, do auxílio-reclusão, permitida a opção

pelo benefício mais vantajoso65.

Entende-se que a vedação de concessão de salário-maternidade em razão do segurado preso

filiado como segurado facultativo perceber o auxílio-reclusão é ilegal, pois não amparada no artigo

80, da Lei 8.213/91, que não veda a percepção de salário-maternidade pela detenta juntamente com

o auxílio-reclusão dos seus dependentes.

Na hipótese de fuga, o benefício será suspenso e, se houver a recaptura do segurado, será

restabelecido a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a

qualidade de segurado.

Ou seja, com a fuga será iniciado o período de graça e se a recaptura se efetivar após a perda da

condição de segurado, não mais será devido o auxílio-reclusão aos dependentes, lembrando que o

período de graça será de 12 meses após o livramento, a teor do artigo 15, IV, da Lei 8.213/91.

p. 1055

Destaque-se que na hipótese de falecimento do preso, deverá o INSS converter

automaticamente o auxílio-reclusão em pensão por morte, assim que for apresentada a

respectiva certidão de óbito.

QUADRO SINTÉTICO – AUXÍLIO-RECLUSÃO

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Cabimento

Será devido aos dependentes do segurado baixa renda recolhido à

prisão em regime fechado, que não receber remuneração da empresa

nem estiver em gozo de auxílio-doença, pensão por morte, salário-

maternidade, abono de permanência em serviço ou aposentadoria.

Beneficiári

os Os dependentes do segurado baixa renda.

Carência 24 contribuições mensais.

Valor O mesmo da pensão por morte.

Outras

informaçõ

es

a) A DIB será a data do recolhimento, salvo se requerido após 90

(noventa) dias. Para o absolutamente incapaz, a DIB será a data

do recolhimento, salvo se requerido após 180 dias.

b) O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com

certidão do efetivo recolhimento à prisão, sendo obrigatória,

para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração

de permanência na condição de presidiário (atestado trimestral).

c) Só será cabível para o regime fechado, medida socioeducativa

de internação e nas prisões cautelares (exclui o regime aberto,

semiaberto e a prisão civil).

d) Art. 117, § 2º do RPS – no caso de fuga, o benefício será

suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido

a contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda

mantida a qualidade de segurado.

e) Art. 117, § 3º do RPS – se houver exercício de atividade dentro

do período de fuga, o mesmo será considerado para a verificação

da perda ou não da qualidade de segurado.

f) Art. 118, do RPS – falecendo o segurado detido ou recluso, o

auxílio-reclusão que estiver sendo pago será automaticamente

c o n v e r t i d o e m p e n s ã o p o r m o r t e .

g) O baixa renda deverá ser o segurado, e não o dependente,

conforme ratificado pelo STF, no RE 587.365, de 25.03.2009

(Informativo 540).

TABELA DOS BENEFÍCIOS – BENEFICIÁRIOS, RENDA MENSAL E

CARÊNCIA

Benefícios Beneficiários Renda mensal Carência

Aposentado

ria por

invalidez

Todos os segurados 100% do salário de benefício

12

contribuiç

ões

mensais

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

TABELA DOS BENEFÍCIOS – BENEFICIÁRIOS, RENDA MENSAL E

CARÊNCIA

Benefícios Beneficiários Renda mensal Carência

(regra)

Aposentado

ria por

idade

Todos os segurados

70% do SB, acrescido de 1%

a cada grupo de 12

contribuições mensais (fator

previdenciário facultativo).

Segurado especial - 01

salário mínimo

180

contribuiç

ões

mensais

Aposentado

ria por

tempo de

contribuiçã

o

Todos os segurados,

exceto o segurado

especial (em regra) e o

contribuinte

individual/facultativo

que optaram pelo

recolhimento

simplificado

100% do SB (fator

previdenciário obrigatório),

salvo na regra 85/95

180

contribuiç

ões

mensais

Aposentado

ria especial

por agentes

nocivos

Empregado, trabalhador

avulso e contribuinte

individual filiado à

cooperativa de trabalho

ou de produção

100% do SB

180

contribuiç

ões

mensais

Aposentado

ria especial

do

deficiente

Todos os segurados,

exceto o segurado

especial (em regra) e o

contribuinte

individual/facultativo

que optaram pelo

recolhimento

simplificado

100% do SB com fator

previdenciário facultativo

180

contribuiç

ões

mensais

Auxílio-

doença Todos os segurados 91% do SB

12

contribuiç

ões

mensais

(regra)

Salário-

família

Apenas os seguintes

segurados de baixa

renda: empregado,

R$ 46,54 ou R$ 32,80 por

filho ou equiparado menor de

14 anos ou inválido de

Não há

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

TABELA DOS BENEFÍCIOS – BENEFICIÁRIOS, RENDA MENSAL E

CARÊNCIA

Benefícios Beneficiários Renda mensal Carência

empregado doméstico,

avulso, aposentado por

invalidez, idade e

demais aposentados com

idade mínima de 65 anos

(homens) ou 60 anos de

idade (mulheres)

qualquer idade

Salário-

maternidad

e

Todas as seguradas

Empregada e avulsa: última

remuneração mensal.

Doméstica: último salário de

contribuição. Segurada

especial: um salário mínimo.

Demais: um doze avos da

soma dos doze últimos

salários de contribuição.

Não há

para a

empregada

,

doméstica

e avulsa.

Para as

demais, 10

contribuiç

ões

mensais

Auxílio-

acidente

Empregado, empregado

doméstico, trabalhador

avulso e segurado

especial

50% do SB Não há

Pensão

por morte Dependentes

o valor mensal da pensão por

morte será de cem por cento

do valor da aposentadoria

que o segurado recebia ou

daquela a que teria direito se

estivesse aposentado por

invalidez na data de seu

falecimento.

Não há

Auxílio-

reclusão

Dependentes dos

segurados de baixa renda

A mesma da pensão por

morte.

4

contribuiç

ões

mensais

p. 1062

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da

Pessoa com Deficiência e entrou em vigor no dia 3 de janeiro de 2016, o artigo 93 da Lei 8.213/91

teve a sua redação modificada, passando a prever que a dispensa de pessoa com deficiência ou

de beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de

mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente

poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário

reabilitado da Previdência Social, assim como incumbirá ao Ministério do Trabalho (com a

extinção do Ministério do Trabalho, desde 2019 o Ministério da Economia assumiu a área

trabalhista, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho) estabelecer a

sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e

as vagas preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência

Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos

empregados ou aos cidadãos interessados, sedo que, para a reserva de cargos será considerada

somente a contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de

que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de

1o de maio de 1943.

Em termos históricos, o marco legal da criação dos Serviços de Reabilitação Profissional

no Brasil foi o Decreto nº 7.036, de 10 de novembro de 1944, ainda no governo de Getúlio Vargas.

O dispositivo legal regulamentava a execução dos Serviços, disciplinando que as ações seriam

desenvolvidas mediante a prática da fisioterapia, da cirurgia ortopédica e reparadora, e também

do ensino profissional em escolas profissionais especiais. Torna-se oportuno referir que na época

de sua criação, a RP era executada através das Instituições Previdenciárias, os Institutos de

Aposentadoria e Pensão - IAPs; isto porque a Previdência Social no Brasil foi instituída não só

com a competência de dar assistência pecuniária ao trabalhador quando na impossibilidade do

trabalho, mas também com a atribuição de prestar atendimento em saúde66.

De acordo com o Manual Técnico de Procedimentos da Área de Reabilitação

Profissional do INSS, Volume I (2016), a Reabilitação Profissional deve estar pautada em

princípios, concepções, conceitos e estratégias metodológicas que compreendam o trabalhador

integrado ao seu meio ambiente físico, social, cultural e familiar, com vistas à garantia de direitos

básicos.

Desta maneira, este Referencial Teórico da Reabilitação Profissional parte dos seguintes

pressupostos:

a) Todo trabalhador tem direito a um trabalho saudável, compatível com suas capacidades

e potencialidades;

b) A Reabilitação Profissional depende de políticas macroeconômicas que privilegiem a

vida, o trabalho, a saúde e o meio ambiente;

c) A Reabilitação Profissional é uma ação de Seguridade Social Ampliada, compreendida

como o conjunto de ações integradas de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas

a assegurar Saúde, Previdência, Assistência Social, Educação, Direitos Humanos, Cultura,

Esporte, Trabalho e Emprego;

d) As instituições públicas e privadas, empregadores e trabalhadores, possuem papéis

específicos e são responsáveis pelas condições de saúde e de segurança nos ambientes e processos

de trabalho, bem como pela inclusão social e profissional da pessoa com deficiência e dos

segurados reabilitados;

e) Os serviços e programas de (re)habilitação deverão ser prestados precocemente,

incentivando a participação e a inclusão na comunidade e em todos os aspectos da vida social,

por meio de profissionais devidamente capacitados, e do uso de tecnologia assistiva;

66 Manual Técnico de Procedimentos da Área de Reabilitação Profissional do INSS, Volume I (2016),

página 23.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

f) O território precisa ser considerado enquanto espaço de referência para o processo de

(Re)habilitação Profissional, inclusive em sua dimensão complexa, culturalmente regionalizada,

e de acesso a bens e serviços essenciais para composição de rede;

g) O processo de (Re)habilitação Profissional é uma ação interdisciplinar e deve acontecer

por meio de equipes multiprofissionais, com vistas a ampliar a percepção individual e a dimensão

coletiva, considerando o trabalho como elemento fundante na construção do ser social;

h) A Reabilitação Profissional deve contribuir para a prevenção de riscos ocupacionais e

para a promoção à saúde nos ambientes e processos de trabalho, por meio de ações integradas de

vigilância em saúde e do estímulo à participação dos trabalhadores e ao controle social;

i) A equipe de Reabilitação Profissional deve reconhecer as capacidades e potencialidades

de cada trabalhador, considerando suas dimensões subjetivas, inclusive determinantes

econômicos, históricos e sociais, por meio da valorização da escuta, da empatia e do apoio, em

detrimento do definir, decidir e eleger pelo outro;

j) O reabilitando é um sujeito ativo, capaz de encontrar soluções para suas circunstâncias,

dotado de vontade própria e deve ser apoiado no exercício de sua autonomia e no processo de

(re)habilitação profissional;

k) No processo de (Re)habilitação, o acesso à informação é um direito fundamental e deve

estar pautado na ética, na acessibilidade, na celeridade, na uniformização e na transparência de

processos de trabalho e protocolos;

l) A Reabilitação Profissional deve se pautar na Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF, da Organização Mundial da Saúde – OMS,

aprimorando procedimentos e instrumentos técnicos que permitam agregar à abordagem

morfofisiológica do avaliado, os aspectos psicossociais e profissionais, inclusive identificando

barreiras que restrinjam a participação social dos reabilitandos, bem como os facilitadores que

possam superar essas barreiras; e

m) A (Re)habilitação Integral é uma ação intersetorial que requer a articulação de ações e

projetos que envolvam as áreas da Saúde, Previdência, Assistência Social, Educação, Direitos

Humanos, Cultura, Esporte e Trabalho e Emprego67.

No entanto, de Norte a Sul do Brasil não são poucas as queixas dos segurados e advogados

sobre a qualidade e efetividade do serviço previdenciário de reabilitação profissional, de modo

que é necessária uma mudança de gestão administrativa com investimentos neste importante

segmento do seguro social.

QUADRO SINTÉTICO – HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO

PROFISSIONAL

Objetivo

Proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para

o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a

(re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para

participar do mercado de trabalho e do contexto em que vivem.

Beneficiári

os

Todos os segurados e dependentes, assim como as pessoas portadoras

de deficiência.

Carência Inexiste.

67 Páginas 20 e 21.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

QUADRO SINTÉTICO – HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO

PROFISSIONAL

Outras

informaçõ

es

a) A reabilitação profissional compreende: I) o fornecimento de

aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para

locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional

puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à

habilitação e reabilitação social e profissional; II) a reparação ou a

substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior,

desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade

do beneficiário; III) o transporte do acidentado do trabalho,

quando necessário.

b) A prestação de que trata o artigo anterior é devida em caráter

obrigatório aos segurados, inclusive aposentados e, na medida

das possibilidades do órgão da Previdência Social, aos seus

dependentes.

c) Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e

profissional, a Previdência Social emitirá certificado individual,

indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo

beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para

a qual se capacitar.

d) Na forma do artigo 140, §1º, do RPS, não constitui obrigação da

previdência social a manutenção do segurado no mesmo emprego

ou a sua colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando

o processo de reabilitação profissional com a emissão do

certificado.

p. 1068

Contudo, com o advento da Lei 8.686/1993, cada ponto foi fixado em Cr$ 13.320.000,00,

correspondente a R$ 435,35, a partir de 01.01.2018, por força da atualização anual perpetrada

pela Portaria Conjunta dos extintos Ministério da Fazenda com o Ministério da Previdência

Social.

De acordo com a Lei 10.877/04, poderá haver um acréscimo de 35% no valor do

benefício, desde que se realize:

I – 25 anos, se homem, e 20, se mulher, de contribuição para a Previdência

Social, independente do regime;

II – 55 anos de idade, se homem ou 50 anos de idade, se mulher, e contar pelo

menos 15 anos de contribuição para a Previdência, independente do regime.

Outrossim, o benefício ainda poderá acrescer em 25%, desde que o beneficiário seja maior

de 35 anos de idade, se necessitar de assistência permanente de outra pessoa e tenha recebido

pontuação superior ou igual a seis.

Com o advento da Lei 13.638/2018, a partir de 1º de janeiro de 2016, o valor da pensão

especial instituída pela Lei nº 7.070, de 20 de dezembro de 1982, será revisto, mediante a

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

multiplicação do número total de pontos indicadores da natureza e do grau de dependência

resultante da deformidade física, constante do processo de concessão, pelo valor de R$ 1.000,00

(um mil reais).

Nos termos da Portaria ME 9, de 15/1/2019, o valor a ser multiplicado pelo número total de

pontos indicadores da natureza do grau de dependência resultante da deformidade física, para fins

de definição da renda mensal inicial da pensão especial devida às vítimas da síndrome da

talidomida, observada a Lei nº 13.638, de 22 de março de 2018, é de:

I - R$ 1.000,00 (um mil reais ), entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de dezembro de 2016;

II - R$ 1.065,80 (um mil e sessenta e cinco reais e oitenta centavos), entre 1º de janeiro de

2017 e 31 de dezembro de 2017;

III - R$ 1.087,86 (um mil e oitenta e sete reais e oitenta e seis centavos), entre 1º de janeiro de

2018 e 31 de dezembro de 2018;

IV - R$ 1.125,17 (um mil cento e vinte e cinco reais e dezessete centavos), a partir de 1º

de janeiro de 2019. Após o pagamento efetuado pelo INSS, a União transferirá cotas trimestrais ao Fundo do

RGPS para ressarcimento, haja vista este benefício não ser tecnicamente previdenciário com

o advento do atual ordenamento constitucional, à luz do Princípio da Contributividade.

p. 1078

Também será suspenso o pagamento do salário-família se o segurado (empregado e avulso)

não apresentar o atesto de vacinação (anual) ou de frequência escolar (semestral) do filho ou

menor equiparado de 14 anos ou inválido de qualquer idade.

Da mesma forma, deverá ser cessado o pagamento da pensão por morte na hipótese de

reaparecimento do segurado presumidamente morto, na forma do artigo 78, §2º, da Lei 8.213/91.

Ainda há a situação da pensão por morte temporária para cônjuges e companheiros, nos casos

estudados, assim como do filho e irmão maior de 21 anos não emancipado, salvo invalidez ou

deficiência mental ou intelectual.

Por sua vez, o exercício de atividade laboral remunerada durante o recebimento do salário-

maternidade implica na suspensão do benefício, tanto na gestação, na adoção de criança ou o

salário-maternidade derivado, nos termos do artigo 71-C, da Lei 8.213/199168.

Isso porque o benefício substituiu a remuneração do(a) segurado(a), em razão de ficção legal

de incapacidade laboral temporária para cuidar da criança recém nascida ou adotada durante o

prazo do benefício por 120 dias.

Salvo direito adquirido formado antes do advento da Lei 9.528/97, o auxílio-acidente deverá

ser cancelado quando da concessão de aposentadoria ao segurado, independentemente de sua

espécie, nos moldes do artigo 86, §2º, da Lei 8.213/9169.

Em decorrência do dever-poder de autotutela, há previsão no artigo 11, da Lei 10.666/03,

para que a Previdência Social e o INSS mantenham programa permanente de revisão da

concessão e da manutenção dos benefícios da previdência social, a fim de apurar irregularidades

e falhas existentes.

Se houver indício de irregularidade na concessão ou na manutenção de benefício, a

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Previdência Social notificará o beneficiário para apresentar defesa, provas ou documentos de

que dispuser, no prazo de 10 dias. Caso o beneficiário não compareça nem apresente defesa, será

suspenso o benefício, com notificação ao beneficiário.

Posteriormente, decorrido o prazo concedido pela notificação postal, sem que tenha havido

resposta, ou caso seja considerada pela Previdência Social como insuficiente ou improcedente a

defesa apresentada, o benefício será cancelado, dando-se conhecimento da decisão ao

beneficiário.

Vale frisar que, de acordo com o artigo 1º, da Lei 11.720/2008, o recadastramento de

segurados da Previdência Social, por qualquer motivo, não poderá ser precedido de prévio

bloqueio de pagamento de benefícios.

Coube à Medida Provisória 871/2019 instituir um programa permanente de revisão da

concessão e da manutenção dos benefícios geridos pelo INSS, a fim de apurar irregularidades

ou erros materiais, em decorrência do dever-poder de autotutela, modificando o artigo 69 da Lei

8.212/91.

O objetivo é identificar erros e fraudes passíveis de revisão administrativa em respeito ao

Princípio da Legalidade, respeitado o prazo decadencial de 10 anos (art. 103-A da Lei 8.213/91),

salvo comprovada má-fé do beneficiário.

Eis o procedimento a ser observados pelos agentes do INSS:

a) Na hipótese de haver indícios de irregularidade ou erros materiais na concessão, na

manutenção ou na revisão do benefício, o INSS notificará o beneficiário, o seu representante legal

ou o seu procurador para, no prazo de dez dias, apresentar defesa, provas ou documentos dos

quais dispuser, preferencialmente por rede bancária ou notificação por meio eletrônico ou por

via postal, por carta simples, considerado o endereço constante do cadastro do benefício, hipótese

em que o aviso de recebimento será considerado prova suficiente da notificação;

b) A defesa poderá ser apresentada por canais de atendimento eletrônico definidos pelo INSS,

podendo o benefício ser suspenso na hipótese de não apresentação da defesa no prazo de dez dias;

c) O benefício será suspenso na hipótese de a defesa ser considerada insuficiente ou

improcedente pelo INSS, que deverá notificar o beneficiário quanto à suspensão do benefício e

lhe conceder prazo de trinta dias para interposição de recurso ordinário perante a Junta do CRPS;

d) Se não for possível realizar a notificação citada, o INSS poderá suspender cautelarmente o

pagamento de benefícios nas hipóteses de suspeita de fraude ou irregularidade constatadas por

meio de prova pré-constituída, sendo o pagamento do benefício reativado após a apresentação da

defesa até a conclusão da análise pelo INSS;

e) Decorrido o prazo de trinta dias após a suspensão do benefício sem que o beneficiário, o

seu representante legal ou o seu procurador apresente recurso administrativo junto aos canais de

atendimento do INSS ou a outros canais autorizados, o benefício será cessado.

De efeito, apurada irregularidade recorrente ou fragilidade nos procedimentos reconhecidas

pelo INSS ou pelos órgãos de controle (a exemplo do TCU), os procedimentos de análise e

concessão de benefícios serão revistos, de modo a reduzir o risco de fraude e concessão irregular.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Aqueles que receberem benefícios realizarão anualmente a comprovação de vida nas

instituições financeiras, por meio de atendimento eletrônico com uso de biometria ou por qualquer

meio definido pelo INSS que assegure a identificação do beneficiário, observadas as seguintes

disposições:

I - a prova de vida e a renovação de senha serão efetuadas por aquele que receber o benefício,

mediante identificação por funcionário da instituição, quando realizada nas instituições

financeiras;

II - a prova de vida poderá ser realizada pelo representante legal ou pelo procurador do

beneficiário legalmente cadastrado no INSS ou na instituição financeira responsável pelo

pagamento;

III - a prova de vida de segurados com idade igual ou superior a sessenta anos será objeto de

prévio agendamento, que será disciplinado em ato do Presidente do INSS;

IV - o INSS disporá de meios, incluída a realização de pesquisa externa, que garantam a

identificação e o processo de fé de vida para pessoas com dificuldades de locomoção e idosos

acima de oitenta anos que recebam benefícios; e

V - o INSS poderá bloquear o pagamento do benefício encaminhado às instituições financeiras

até que o beneficiário atenda à convocação, permitida a liberação do pagamento automaticamente

pela instituição financeira.

Ainda foi previsto pela MP 871/2019 um Programa Especial para Análise de Benefícios

com Indícios de Irregularidade, com o objetivo de analisar processos que apresentem indícios

de irregularidade e potencial risco de realização de gastos indevidos na concessão de benefícios

administrados pelo INSS, com duração até 31 de dezembro de 2020 e podendo ser prorrogado até

31 de dezembro de 2022 por ato fundamentado do Presidente do INSS.

O objeto é revisar os benefícios por incapacidade mantidos sem perícia pelo INSS, por

período superior a seis meses, e que não possuam data de cessação estipulada ou indicação de

reabilitação profissional, assim como outros benefícios de natureza previdenciária e assistencial.

São considerados processos com indícios de irregularidade integrantes do Programa

Especial aqueles com potencial risco de gastos indevidos e que se enquadrem nas seguintes

hipóteses, sem prejuízo das disposições previstas no ato de que trata o art. 9º:

I - potencial acúmulo indevido de benefícios indicado pelo Tribunal de Contas da União ou

pela Controladoria-Geral da União;

II - potencial pagamento indevido de benefícios previdenciários indicados pelo Tribunal de

Contas da União e pela Controladoria-Geral da União;

III - processos identificados na Força-Tarefa Previdenciária, composta pelo Ministério

Público Federal, pela Polícia Federal e pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do

Ministério da Economia;

IV - suspeita de óbito do beneficiário;

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V - benefício de prestação continuada previsto na Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993,

com indícios de irregularidade identificados em auditorias do Tribunal de Contas da União, da

Controladoria-Geral da União e em outras avaliações realizadas pela administração pública

federal; e

VI -processos identificados como irregulares pelo INSS.

2. AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PREVIDENCIÁRIA

É certo que a Administração Pública tem o dever de anular os seus próprios atos quando

eivados de vícios legais não passíveis de convalidação, em atenção ao interesse público primário,

independentemente de provocação, aplicando de ofício o Princípio da Legalidade, na forma da

Súmula 473, do STF70.

Entrementes, caso a retirada do ato administrativo do mundo jurídico interfira na esfera

patrimonial de terceiros, é curial o exercício prévio do contraditório antes da autotutela pelo Poder

Público, conforme já se pronunciou a Suprema Corte71.

Em termos gerais na Administração Pública federal, salvo comprovada má-fé, nas hipóteses

em que o ato administrativo ilegal gere efeitos patrimoniais aos administrados, há prazo

decadencial para que seja procedida a sua anulação de ofício, que é de 05 anos, a contar da

percepção do primeiro pagamento, na forma do artigo 54, da Lei 9.784/99.

p. 1080

Nos termos do artigo 573, da IN INSS 77/2015, modificado pela IN 88/2017, na revisão

administrativa o termo inicial do período prescricional será fixado para a Previdência Social, a

partir da data da expedição de comunicação ao interessado acerca do despacho decisório de

procedimento revisional e/ou apuratório, sendo a prescrição é interrompida pela expedição de

comunicação ao interessado acerca do despacho decisório de procedimento revisional e/ou

apuratório.

De acordo com a Súmula 19, do Conselho de Recursos da Previdência Social,

“transcorrido mais de dez anos da data da concessão do benefício, não poderá haver

sua suspensão ou cancelamento na hipótese de o interessado não mais possuir a

documentação que instruiu o pedido, exceto em caso de fraude ou má-fé.”

A TNU aduz não incidir prazo decadencial para a cessação de auxílio-acidente, quando o

segurado passou a receber aposentadoria, cuja acumulação é vedada após a vigência da Lei

9.528/97, ressalvado o direito adquirido.

Informativo 29/2018 - PUIL n. 5051825-36.2016.4.04.7000/PR - Reafirmada a tese de

que não incide o prazo decadencial do art. 103-A da Lei n. 8.213/91 para a cessação do

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auxílio-acidente na hipótese de acumulação indevida deste benefício com qualquer

aposentadoria no âmbito do RGPS.

Eis passagem da fundamentação da decisão:

“16. Na espécie, o ato de concessão do auxílio-acidente não constituiu ato inválido. Não fora

apontado qualquer vício no ato administrativo de concessão do aludido benefício. Assim, de

anulação não se trata. Portanto, não há que se falar em decadência do direito de anular o ato

administrativo em comento. 17. Em verdade, o que ocorre, na espécie, é que o ato de

concessão do benefício de aposentadoria por idade em favor da parte autora teve o condão de

retirar os efeitos do ato concessivo do auxílio-acidente, em virtude da incidência da regra do

§ 2o do art. 86 da Lei n. 8.213/91, que veda o recebimento acumulado dos dois benefícios.

Tem-se, na hipótese, a denominada contraposição, que se traduz na retirada dos efeitos de um

ato administrativo em virtude da edição de outro ato com efeitos contrapostos. Enfim, com a

concessão da aposentadoria por idade veda-se a produção de efeitos do ato concessivo do

auxílio-acidente. Em outras palavras, o ato de concessão de aposentadoria cessa os efeitos do

ato administrativo de concessão do auxílio-acidente. 18. Destarte, não incide na espécie a

regra de decadência contida no art. 103-A uma vez que não se trata de anulação de ato

administrativo de concessão de benefício previdenciário”.

A regra de decadência decenal para a autotutela não é compatível com os benefícios

por incapacidade laboral no que concerne à avaliação médica, pois se sujeitam à cláusula

rebus sic stantibus. A mesma sistemática se aplica ao BPC/LOAS do deficiente.

Isso porque, modificado o estado clínico, estará alterada a situação fática ensejadora do

benefício, havendo uma fungibilidade de mão dupla entre recuperação plena/auxílio-

doença/auxílio-acidente/aposentadoria por invalidez.

Tanto que na aposentadoria por invalidez há a previsão legal da perícia bienal e a

estabilização do benefício somente se dá quanto o segurado completar 60 anos de idade, salvo

retorno ao labor remunerado e avaliação de auxílio acompanhante.

Dessa forma, plenamente cabível a revisão administrativa de aposentadoria por invalidez após

completados dez anos de concessão, desde que o segurado conte com menos de 60 anos de idade.

De efeito, o artigo 103-A da Lei 8.213/91 prevê que “o direito da Previdência Social de anular

os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em 10

(dez) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”.

Sucede que a revisão administrativa de aposentadoria por invalidez não visa a anular ato ilegal

da nossa Previdência Social, e sim reavaliar modificações no estado clínico no segurado que

podem gerar as seguintes decisões, em tese:

a) manutenção da aposentadoria por invalidez;

b) manutenção temporária da aposentadoria por invalidez na forma de mensalidades de

recuperação;

c) conversão de aposentadoria por invalidez em auxílio-acidente;

d) conversão de aposentadoria por invalidez em auxílio-doença;

e) cessação do benefício.

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De acordo com o atual posicionamento do STJ este prazo decadencial será aplicado aos

benefícios concedidos antes da vigência da Lei 9.784/99 (Lei do Processo Administrativo

Federal), que no seu artigo 54 instituiu um prazo de 05 anos para o exercício do poder-dever de

autotutela.

p. 1090

Por outro lado, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua

vontade, passaram a ser enquadrados no artigo 4º do Código Civil como relativamente incapazes,

mesmo que não possuam exprimir a sua vontade em nenhum grau de modo definitivo.

Não houve regra de transição na Lei 13.146/2015 na mudança das pessoas que não podem

exprimir a sua vontade de absoluta para relativamente incapazes, tendo agora como efeitos

jurídicos previdenciários (assim como no Direito Civil) o início do curso do prazo prescricional.

A questão intertemporal de transição inexiste legalmente, mas precisa ser construída pela

doutrina e jurisprudência para decidir os inúmeros casos reais do dia a dia.

Propõe-se nesta obra que o termo inicial da prescrição se dê apenas em 3/1/2016, data da

vigência da Lei 13.146/2016, não sendo constitucional que o prazo prescricional corra em

período em que a pessoa sem capacidade de exprimir a sua vontade era absolutamente

incapaz.

Suponha-se que José é interditado desde o ano de 2005 e não possui nenhum discernimento

para manifestar a sua vontade, possuindo um representante legal judicialmente nomeado (curador).

Com a advento da Lei 13.146/2015, a partir de 3/1/2016 (data da sua vigência) ele passou de

absoluta para relativamente incapaz, devendo o curso do prazo prescricional ser iniciado somente

nesta data.

Até o momento, desconhece-se ato da Previdência Social que tenha sido editado para regular

a questão intertemporal de transição posta acima.

Especificamente falando do benefício de pensão por morte ou auxílio-reclusão, em que deve

ser aplicada a legislação em vigor no dia do óbito ou prisão do segurado, acaso o fato gerador dos

benefícios se dê até 2/1/2016 deve ser afastada a prescrição, pois o beneficiário era absolutamente

incapaz na época.

De acordo com o STJ, a propositura de ação coletiva pelo Ministério Público tem o condão de

interromper a prescrição em relação às demandas privadas com o mesmo objeto:

“PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ART. 535 DO

CPC NÃO CONFIGURADA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE

SERVIÇO. REVISÃO. TEMPO RURAL. TEMPO ESPECIAL.

INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL. OCORRÊNCIA.

PRECEDENTES. 1. A solução integral da controvérsia, com fundamento

suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. Os Embargos Declaratórios

não constituem instrumento adequado para a rediscussão da matéria de mérito. 2.

Devidamente comprovado, nos termos da legislação aplicável, o tempo de serviço

rural, procede o pedido de revisão de aposentadoria por tempo de

serviço/contribuição, com o consequente recebimento das prestações vencidas. 3.

O STJ consolidou o entendimento de que a citação válida, excepcionando-se as

causas do art. 267, II e III, do Código de Processo Civil, interrompe a prescrição.

4. De acordo com a jurisprudência do STJ, a Ação Civil Pública ajuizada pelo

Ministério Público objetivando a nulidade dos atos normativos expedidos no

sentido de não admitir prova de tempo de serviço rural em nome de terceiros

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interrompeu a prescrição quinquenal das ações individuais propostas com a

mesma finalidade (art. 219, caput e § 1º do CPC e art. 203 do CCB). 5. Recurso

Especial não provido”. (STJ, REsp 1449964/RS, Rel. Ministro HERMAN

BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 13/10/2014).

Uma questão que vem gerando polêmica há alguns anos, desde o advento do Código Civil de

2002, é qual o prazo prescricional a ser adotado contra o Poder Público nas ações de

indenização.

p. 1110

Entende-se que o novo posicionamento da TNU é equivocado, pois é nítida a existência de

decadência para a impugnação de indeferimento de benefício previdenciário na parte final do

artigo 103, caput, da Lei 8.213/91.

Inclusive, a 2ª Turma do STJ adota este posicionamento:

“Processo

AgRg no REsp 1371313 / PR

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL

2013/0057740-0

Relator(a)

Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

Órgão Julgador

T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento

16/06/2015

Data da Publicação/Fonte

DJe 05/08/2015

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ART. 103, PARÁGRAFO

ÚNICO, DA LEI 8.213/1991. INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO.

NEGATIVA EXPRESSA DO INSS. DECADÊNCIA.

1. Hipótese em que o autor apresentou o primeiro requerimento administrativo em

15.5.1996. A 16ª Junta de Recursos da Previdência Social, por meio da Resolução

7472/96, de 8.8.1996, negou provimento ao recurso contra decisão do INSS que

indeferiu o pedido de aposentadoria especial protocolizado pelo recorrido.

Assim, transformou-se em definitiva a decisão indeferitória do benefício

previdenciário em âmbito administrativo, uma vez que não se conheceu do

recurso interposto para a Turma do Conselho de Recursos da Previdência Social

protocolizado em 15.4.1997, por ter sido intempestivo (fls. 41-43, e-STJ).

2. Cinge-se a controvérsia à decadência do direito de revisão do ato de concessão

pelo segurado. Segundo dispõe o art. 103, caput, da Lei 8.213/1991: “É de dez

anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou

beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia

primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for

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o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no

âmbito administrativo”.

3. Aplica-se o prazo de decadência instituído pela Medida Provisória 1.523-

9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, ao direito de revisão dos benefícios a contar

do dia em que a parte tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no

âmbito administrativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997).

Precedente: Resp 1.309.529/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção,

Dje 4.6.2013, submetido ao rito dos recursos repetitivos.

4. O benefício previdenciário objeto de revisão foi indeferido em definitivo

administrativamente antes de 28.6.1997, o que torna esta a data inicial da

contagem do prazo. Já a presente ação, visando à sua revisão, somente veio a

ser ajuizada em 5.11.2007, quando, portanto, já configurada a decadência”.

Conforme será visto no próximo item, essa questão foi superada com o advento da MP

871/2019, sendo nítido que agora consta mais claramente do artigo do artigo 103 da Lei 8.213/91

a existência de decadência de 10 anos para questionar o ato de indeferimento de benefício

previdenciário, ficando a discussão apenas para questões interporais.

3.4. Ampliação das situações de decadência pela Medida Provisória 871/2019

Desde 18 de Janeiro de 2019, o texto do artigo 103 da Lei 8.213/91 foi alterado pela MP

871/2019 para ampliar as situações de decadência decenal:

"Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a

revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício, do ato de

deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de dez anos, contado:

I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data

em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou

II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento,

cancelamento ou cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou

indeferimento de revisão de benefício, no âmbito administrativo”.

O texto possui um excesso de núcleos no novo caput e péssima técnica legislativa, com

sete situações reguladas para a incidência da decadência decenal:

a) revisão do ato de concessão;

b) (revisão do ato de) indeferimento;

c) (revisão do ato de) cancelamento;

d) (revisão do ato de) cessação de benefício;

e) ato de deferimento;

f) (ato de) indeferimento;

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g) (ato de) não concessão de revisão de benefício.

A primeira dúvida na interpretação da nova redação é saber se a expressão “revisão” se

aplica apenas ao ato de concessão ou se estende aos demais núcleos do dispositivo (e quais

seriam), que também parece ser repetitivo. Acaso a expressão “revisão” somente se conecte ao

ato de concessão, a extensão do artigo é plena e acaba com qualquer pretensão contra o INSS após

consumado o prazo decenal de decadência.

A segunda dúvida é identificar os pontos de inovação do dispositivo em comparação ao

regramento anterior para fins intertemporais, pois as novidades farão com que o prazo de dez anos

de decadência somente se inicie em 18/1/2019, data de vigência da MP 871, embora se apliquem

aos benefícios anteriores, na linha do quando definido pelo STF anteriormente (RE 626.489,

julgado em 16 de outubro de 2013).

Já os pontos que não constituam inovação não estarão sujeitos ao regramento intertemporal,

seguindo normalmente o seu curso com termo inicial anterior à vigência da MP 871/2019.

É certo que a situação da incidência da decadência sobre o ato de concessão de benefício

previdenciário objetivando a revisão da renda mensal já estava disciplinada na redação anterior.

Contudo, conforme item anterior, é controverso se incidia decadência decenal nos casos de

indeferimento de benefício pelo INSS, sendo este ponto de necessário enfrentamento para a

identificação do critério intertemporal.

Isso porque, se for uma inovação (posição da TNU, Súmula 81, que restringia), o termo

inicial do prazo decadencial para questionar o ato do INSS que indeferiu benefício para as

concessões anteriores ao advento da MP 871/2019 será a sua vigência, operada em 18/1/2019. E

isso se estende aos benefícios cancelados ou cessados.

A decadência decenal para questionar ato de deferimento de benefício nitidamente é uma

novidade nas situações de teses não revisionais, a exemplo da tese da readequação do salário de

benefício pelos novos tetos inaugurados pelas Emendas 20/1998 e 41/2003.

Isso porque, pelo texto anterior, somente incidia decadência para questionar ato de

concessão visando a aplicação de tese para a revisão de renda mensal, não englobando pedidos

que não importassem em reforma do ato de concessão, a exemplo da tese (atualmente rejeitada

pelo STF) da desaposentação, que é um ato de renúncia da aposentadoria, e não uma revisional

de renda mensal.

Um ponto de inovação legal, sem dúvida, é a fixação do termo inicial da decadência de

dez anos na “data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto”, que busca

alcançar situações de revisões de renda e afins decorrentes de fato superveniente à época da

concessão, a exemplo de elevação de renda de benefício decorrente de lei posterior que preveja

efeitos retroativos.

Um ponto que permanece controvertido, pois não tratado nem antes e nem depois da MP

871/2019, é a extensão ou não da decadência de dez anos aos benefícios da assistência social.

Tanto a redação anterior quanto a atual se referem a “segurado ou beneficiário” e a “benefício”.

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A expressão benefício é ampla, podendo ser previdenciários ou assistenciais. Já segurado

é termo previdenciário pela contributividade. Já a palavra “beneficiário”, por sua amplitude,

também pode abarcar a assistência social.

Diante do silencio normativo que persiste e considerando que a Lei 8.213/91 dispõe sobre

“os Planos de Benefícios da Previdência Social”, e não da Assistência Social, entende-se que a

extensão da decadência decenal aos benefícios assistenciais precisaria de expressão previsão

legal, pois é regra restritiva de direitos, o que ainda não existe.

Aliás, a própria MP 871/2019, quando quis estender regra previdenciária ao benefício

assistencial, o fez de modo expresso, através da modificação no texto do artigo 115, inciso II, da

Lei 8.213/91, que passou a permitir descontos nos benefícios para “pagamento administrativo ou

judicial de benefício previdenciário ou assistencial indevido, ou além do devido, inclusive na

hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial, nos termos do disposto no

Regulamento”.

Enfim, peço desculpas aos leitores por ter levantado neste tópico mais dúvidas do que

certezas, mas estou certo de que muitas vezes a grande função da doutrina construtiva é apresentar

um senso crítico para induzir o profissional previdenciarista a uma reflexão plena.

Torço para que esse texto seja aperfeiçoado na lei de conversão da MP 871/2019, pois do

jeito que está posto irá gerar grande judicialização que demorará muitos anos para firmar todas as

teses sobre a sua interpretação, devendo a norma ser a mais clara possível, o que lastimavelmente

não ocorreu.

4. REAJUSTAMENTO DA RENDA MENSAL INICIAL

De acordo com o regramento atual, contido no artigo 41-A, da Lei 8.213/91, o valor dos

benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do

salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último

reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, que toma por base o rendimento

de famílias com renda de um a oito salários mínimos, nas regiões metropolitanas do país, sendo

o índice legal utilizado desde 2003.

p. 1120

6. DESCONTOS LEGALMENTE AUTORIZADOS

Apenas poderão ser abatidos dos benefícios previdenciários os débitos do segurado ou

dependentes autorizados pela legislação previdenciária.

De acordo com o artigo 115, da Lei 8.213/91, poderão ser descontados:

I – contribuições devidas pelo segurado à Previdência Social;

II - pagamento administrativo ou judicial de benefício previdenciário ou

assistencial indevido, ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do

benefício pela revogação de decisão judicial, nos termos do disposto no

Regulamento (redação dada pela MP 871/2019);

III – Imposto de Renda retido na fonte;

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IV – pensão de alimentos decretada em sentença judicial;

V – mensalidades de associações e demais entidades de aposentados legalmente

reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.

VI – pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações

de arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades

de arrendamento mercantil, públicas e privadas, quando expressamente

autorizado pelo beneficiário, até o limite de 35% do valor do benefício, sendo

5% destinados exclusivamente para a amortização de despesas contraídas

por meio de cartão de crédito ou a utilização com a finalidade de saque por

meio do cartão de crédito, assim considerado o valor líquido após o abatimento

das parcelas acima referidas72, restrito às aposentadorias

e pensões73, sendo irrevogável e irretratável a autorização de desconto efetuada

pelo titular do benefício74;

O tema é disciplinado pelo artigo 552 e seguintes da Instrução Normativa INSS 77/2015, que

prevê que a consignação é uma forma especial ou indireta de pagamento, meio pelo qual o

devedor, titular de benefício, possui para extinguir uma obrigação de pagamento junto ao INSS

e/ou a terceiros, comandada por meio de desconto em seu benefício, podendo ser descontos

obrigatórios, eletivos e por determinação judicial.

São considerados descontos obrigatórios aqueles determinados por lei:

I - as contribuições à Previdência Social;

II - os pagamentos de benefícios indevidos ou além do devido;

III - o Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF; e

IV - pensão de alimentos.

Por outro lado, são considerados descontos eletivos aqueles que dependem de expressa

vontade do titular do benefício, entre outros:

I - consignação em aposentadoria ou pensão por morte, para pagamento de operações

financeiras contratadas pelo titular do benefício em favor de instituição financeira,

conforme estipulado em normativos específicos; e

II - as mensalidades de associações e de demais entidades de aposentados legalmente

reconhecidas, desde que autorizadas por seus filiados.

Eis mais algumas regras da Autarquia:

a) o limite para consignação de débitos junto ao benefício, obrigatórios, eletivos ou por

determinação judicial, quando acumulados, é de 100% do valor da renda mensal do benefício,

devendo ser observados, para os casos de consignações decorrentes de empréstimos bancários e

de valores recebidos indevidamente, os limites estabelecidos pelos normativos vigentes;

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b) As consignações de caráter obrigatório prevalecem sobre as de caráter eletivo, sendo que,

entre as obrigatórias, observar-se-á a cronologia da implantação, salvo disposição em contrário;

c) Os pagamentos retroativos, por não versarem obrigações mensais de valor fixo insuscetíveis

de cobrança confiscatória, não se sujeitam a qualquer limite percentual no tocante à quitação de

débitos do beneficiário para com o INSS, podendo ser, para tanto, retidos em sua integralidade;

d) O acréscimo do valor de consignação, decorrente do aumento da margem do benefício,

somente ocorrerá mediante anuência expressa do beneficiário;

e) Na forma da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, são isentos de desconto do IRRF os

valores a serem pagos aos beneficiários que estão em gozo de: 1. auxílio-doença, auxílio-

acidente, aposentadoria por invalidez decorrente de acidente em serviço;

f) Também são isentos de desconto do IRRF benefícios concedidos a portadores de moléstia

profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira,

hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,

espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte

deformante), contaminação por radiação, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Fibrose

cística (mucoviscidose), hepatopatia grave e Síndrome de Talidomida75;

g) De acordo com o disposto no § 1º do Decreto nº 4.897, de 25 de novembro de 2003, também

estão isentas de Imposto de Renda as aposentadorias e pensões de anistiados;

h) Os benefícios mantidos no âmbito dos Acordos de Previdência Social estão sujeitos a regras

do Imposto de Renda Retido na Fonte, por ocasião do efetivo crédito, obedecendo às instruções

expedidas pela Receita Federal do Brasil e aos Acordos Internacionais existentes com cada país,

para evitar a bitributação e evasão fiscal;

i) O recolhimento de Imposto de Renda dos benefícios vinculados a empresas acordantes será

efetuado pela mesma, excetuando- se aqueles previstos no Acordo, cabendo à empresa a emissão

dos respectivos comprovantes, que fornecerá ao beneficiário a sua declaração anual de

rendimentos.

Em caso de concorrência, vale ressaltar que os débitos do beneficiário em decorrência do

pagamento de benefício além do devido terão preferência sobre os créditos consignados em favor de

instituições financeiras em razão de empréstimos contratados pelo aposentado ou pensionista.

Vale ressaltar que o STJ vinha divergindo sobre a possibilidade de devolução das parcelas

pagas a título de benefícios previdenciários em consequência de decisões judiciais precárias

posteriormente revertidas.

A 3ª Seção do STJ entendia que as parcelas recebidas em processo judicial, a

título de benefício previdenciário, em decorrência de antecipação de tutela

posteriormente revogada, eram irrepetíveis, em nome do Princípio da Segurança

Jurídica e da Boa-fé:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

NO RECURSO ESPECIAL. POSTULAÇÃO DE EFEITOS INFRINGENTES.

PENSÃO POR MORTE. VALORES RECEBIDOS POR FORÇA DE TUTELA

ANTECIPADA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO DA TERCEIRA SEÇÃO.

75 Neste caso, a isenção deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos

Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

DISPOSITIVOS DA LEI DE BENEFÍCIOS QUE REGEM HIPÓTESES

DIVERSAS. PRECEDENTES DA QUINTA E SEXTA TURMAS. ALEGADA

OFENSA À CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97). NÃO-

OCORRÊNCIA. PRECEDENTES DO STF E STJ. EMBARGOS ACOLHIDOS.

1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, à unanimidade,

sedimentou o entendimento sobre o tema para assentar que, em se tratando

de verba alimentar percebida por força de tutela antecipada, posteriormente

revogada, aplicável a jurisprudência consagrada por este Tribunal, pautado

pelo princípio da irrepetibilidade dos alimentos. 2. O "art. 115 da Lei nº

8.213/91 regulamenta a hipótese de desconto administrativo, sem necessária

autorização judicial, nos casos em que a concessão a maior se deu por ato

administrativo do Instituto agravante, não agraciando os casos majorados por força

de decisão judicial" (AgRg no REsp 1.054.163/RS, Sexta Turma, Rel. Min.

MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 30/6/08). 3. Não caracteriza ofensa

à reserva de plenário a interpretação dispensada por órgão fracionário de Tribunal

a dispositivo de lei que, mediante legítimo processo hermenêutico, tem sua

incidência limitada a determinadas hipóteses. 4. Embargos de declaração

acolhidos, com excepcionais efeitos infringentes, para negar provimento ao recurso

especial (EDREsp 996.850, de 04.11.2008)”.

Nesse sentido, a antiga posição da TNU, quando vigorava a Súmula 51:

“Súmula 51- Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela,

posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da

natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento”. (SÚMULA CANCELADA EM 2017)

p. 1134

Nas hipóteses previstas nesta Portaria está dispensada a cobrança de valores que, após a

atualização monetária dos créditos consolidados de um mesmo devedor, não alcancem o montante

previsto no art. 3º-A da Portaria AGU nº 377, de 25 de agosto de 2011, incluído pela Portaria

AGU nº 193, de 10 de junho de 2014, observadas eventuais atualizações futuras (for igual ou

inferior a R$ 10.000,00).Questão controvertida é quando a sentença revoga tutela provisória,

mas é omissa quanto à necessidade ou não de devolução das verbas pagas pelo INSS ao

beneficiário da previdência social, transitando em julgado com essa omissão.

Por força de decisão proferida na Ação Civil Pública 0005906-07.2012.403.6183 de

âmbito nacional, ficou o INSS obrigado a abster-se de cobrar, administrativamente, valores

atinentes aos benefícios previdenciários e assistenciais concedidos por meio de decisão liminar,

tutela antecipada e sentença, reformadas por outra e ulterior decisão judicial, excetuadas as

hipóteses de execução judicial quanto à possibilidade de pedido de liquidação e cobrança

expresso nos próprios autos do processo judicial76.

ATENÇÃO

A novidade sobre o tema foi a alteração normativa promovida pela MP 871/2019, pois agora

a Lei 8.213/91 prevê expressamente que é devido o desconto administrativo no benefício

previdenciário ou assistencial decorrente de recebimento de parcela indevida, inclusive na

hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial.

76 Memorando-Circular Conjunto nº 48 /DIRBEN/PFE/INSS.

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Agora existe um elemento novo para a jurisprudência avaliar este tema: existe previsão legal

expressa para descontar do benefício na via administrativa parcelas decorrentes de tutela

provisória revogada.

A inserção de benefícios assistenciais no texto também constitui uma novidade, pois

anteriormente os descontos administrativos existiam apenas para os previdenciários.

Na esfera administrativa, caso o pagamento do benefício além do devido tenha decorrido de erro

da Previdência Social, será feito o parcelamento em favor do beneficiário, não podendo cada

parcela ultrapassar 30% do valor do benefício, no número de meses necessário ao pagamento do

débito.

p. 1138

Por força da Lei 13.494/2017, que inseriu o parágrafo terceiro no artigo 115, da Lei 8.213/91,

a legislação previdenciária passou a prever expressamente que serão inscritos em dívida ativa pela

Procuradoria-Geral Federal os créditos constituídos pelo INSS em razão de benefício

previdenciário ou assistencial pago indevidamente ou além do devido, hipótese em que se aplica

o disposto na Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, para a execução judicial.

Logo, o fundamento da transcrita decisão do STJ encontra-se superado, pois agora há base

legal para a aludida inscrição em Dívida Ativa.

Em seguida, a MP 871/2019 estendeu esse regramento à hipótese de revogação de tutela

judicial: “§ 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Geral Federal os créditos

constituídos pelo INSS em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial pago

indevidamente ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela

revogação de decisão judicial, nos termos do disposto na Lei nº 6.830, de 22 de setembro de

1980, para a execução judicial”.

Outrossim, será objeto de inscrição em dívida ativa, em conjunto ou separadamente, o terceiro

beneficiado que sabia ou deveria saber da origem do benefício pago indevidamente em razão de

fraude, dolo ou coação, desde que devidamente identificado em procedimento administrativo de

responsabilização.

Demais disso, a alienação ou a oneração de bens ou rendas, ou o início de um desses processos,

por beneficiário ou responsabilizado inscrito em dívida ativa, nas hipóteses citadas acima, será

presumida fraudulenta e caberá ao regulamento disciplinar a forma de atribuir publicidade aos

débitos dessa natureza.

Com base no artigo 31 da MP 871/2019, os valores creditados indevidamente em razão de

óbito, em favor de pessoa natural falecida, em instituições integrantes do sistema financeiro

nacional, por pessoa jurídica de direito público interno, deverão ser restituídos, a exemplo de

créditos de benefícios previdenciários e assistenciais geridos pelo INSS.

Por força da MP 871/2019, é possível penhorar bem de família para a cobrança de crédito

constituído pela Procuradoria-Geral Federal em decorrência de benefício previdenciário ou

assistencial recebido indevidamente por dolo, fraude ou coação, inclusive por terceiro que sabia

ou deveria saber da origem ilícita dos recursos.

A Previdência Social entende que deverá haverá a devolução dos valores percebidos

indevidamente mesmo de boa-fé, para preservar o Erário. Nesse sentido, colaciona-se passagem

do Parecer/CONJUR/MPS 616/2010, aprovado pelo Ministro da Previdência Social em

23.12.2010:

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Questão 15. A boa-fé do segurado é fator impeditivo de restituição de valores de

benefícios equivocadamente concedidos ou majorados administrativamente, por

força de errônea interpretação da norma?

88. No âmbito do RGPS, para que fique delineada a situação de pagamento de

benefício indevido, no todo ou em parte, é necessário que o fato fique comprovado

em sede de processo administrativo no qual deve ser assegurada ampla defesa e

contraditório ao beneficiário, por força da garantia constitucional ao devido

processo legal (art. 5º, inciso LIV, da Constituição).

89. Por outro lado, a legislação em vigor não permite o perdão da dívida ao

segurado recebedor do benefício indevido, mesmo se ficar caracterizada sua boa-

fé. Permite-se apenas o parcelamento do débito ou a sua consignação, quando o

beneficiário for recebedor de outro benefício do INSS. É o que se extrai da leitura

do art. 115, inciso II e § 1º, da LBPS.

90. O Regulamento da Previdência Social, no seu art. 154, contém alguns

parâmetros mais detalhados sobre como proceder o ressarcimento do erário.

Também é possível descontar do benefício previdenciário a pensão de alimentos, que

será implantada77:

a) em cumprimento de decisão judicial em ação de alimentos;

b) nos termos constantes da escritura, mediante ofício ou apresentação da escritura

pública;

c) nos termos dos acordos extrajudiciais referendados pelas Defensorias Públicas e

Ministério Público, através de ofício do órgão, acompanhado do instrumento de acordo.

A pensão alimentícia, que não se caracteriza como benefício previdenciário, cessará nas

seguintes situações78:

I - por óbito do titular da pensão alimentícia;

II - pela cessação do benefício de origem; ou

III - por determinação judicial ou escritura pública.

No que concerne aos empréstimos que os beneficiários (aposentados e pensionistas) do RGPS

poderão contratar e cujo desconto será promovido pela própria autarquia previdenciária, o tema é

regulado pela Instrução Normativa INSS 28, de 16 de maio de 2008.

O empréstimo será realizado com instituição financeira que tenha celebrado convênio com

o INSS/Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – DATAPREV, para esse

fim. Nos termos da Resolução INSS 640/2018, ficam estabelecidos os parâmetros para realização

de consignação em benefício e o preceito de fixar a consignação em um percentual de até 30% do

valor da renda do benefício. Excepcionalmente poderá ser consignado percentual menor que 30%,

desde que observadas as seguintes situações:

77 Memorando-Circular Conjunto nº 53-2018/DIRBEN/PFE/INSS - Esclarecemos que a Data do Início do Pagamento

– DIP será a determinada pelo juízo ou a constante da escritura pública ou acordo extrajudicial e o seu cumprimento

será imediato por parte deste Instituto, a partir da data do recebimento do ofício ou da apresentação da escritura pública

ou acordo extrajudicial. Na ausência de fixação expressa da DIP, a mesma será fixada na data do recebimento da

demanda. 78 Artigo 525, da IN INSS 77/2015.

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I - para benefícios com renda mensal de até dois salários mínimos e idade do titular

a contar de 70 (setenta) anos, o percentual de desconto será de 10% (dez por cento);

II - para benefícios com renda mensal de até seis salários mínimos e idade do titular

menor do que 21 (vinte e um) anos e a contar de 53 (cinquenta e três) anos, o percentual

de desconto será de 20% (vinte por cento);

III - para benefícios com renda mensal de até seis salários mínimos e idade do

titular igual ou maior que 21 (vinte e um) anos e inferior a 53 (cinquenta e três) anos, o

percentual de desconto será de 25% (vinte e cinco por cento); e )

IV - para benefícios cuja renda mensal seja acima de seis salários mínimos, o

percentual de desconto será de 30% (trinta por cento), independente da idade do titular

do benefício.

Desde o início de 2019, o início criou uma trava para os empréstimos consignados, que só

poderão ser contratados após decorridos o prazo de seis meses da concessão da aposentadoria e

da pensão por morte.

Com o advento da Medida Provisória 680, de 10 de julho de 2015, este limite de 30% foi

elevado para 35%, sendo 5% destinados exclusivamente para a amortização de despesas

contraídas por meio de cartão de crédito.

Com a conversão da MP 680 da Lei 13.172/2015, a citada margem de 5% também poderá ser

utilizada para a finalidade de quitar despesas de saque por meio do cartão de crédito.

A taxa de juros não poderá ser superior a 2,5% ao mês, devendo expressar o custo efetivo do

empréstimo, sendo o máximo admitido de 60 parcelas mensais e sucessivas, vedada a cobrança

de Taxa de Abertura de Crédito e proibido o estabelecimento de prazo de carência para o início

do pagamento das parcelas.

Existem muitos problemas nessas operações decorrentes de fraudes. Não raro os aposentados

ou pensionistas são vítimas de estelionato, especialmente quando a contratação é feita por terceiros

em seu nome de maneira irregular, sendo o suposto beneficiário surpreendido com o desconto em

folha sem ter recebido o empréstimo que realmente não contratou.

p. 1146

Simplesmente não poderá a autarquia previdenciária deferir pleitos sem expressa previsão na

legislação previdenciária, pois apenas os particulares poderão pautar a sua conduta quando não

há proibição legal, não ocorrendo o mesmo com a Administração Pública, que deverá aplicar a

lei de ofício.

De efeito, a única hipótese em que o INSS defere a desaposentação é na situação do

artigo 181-B do Decreto 3.048/99, que pontifica que o segurado poderá desistir do seu pedido

de aposentadoria desde que manifeste esta intenção e requeira o arquivamento definitivo do

pedido antes da ocorrência do primeiro de um dos seguintes atos:

I - recebimento do primeiro pagamento do benefício; ou

II - saque do respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Programa de

Integração Social.

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No entanto, o pagamento do PIS/PASEP por crédito automático pelo banco, sem

requerimento do interessado79, não impede a desistência das aposentadorias por idade,

tempo de contribuição e especial, na forma do artigo 181 – B do Regulamento da Previdência

Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999 e art. 800 da Instrução Normativa nº 77/PRES/INSS,

de 21/01/2015, visto que a finalidade da Medida Provisória foi beneficiar os participantes do

PIS/PASEP e não restringir direitos previdenciários, conforme o Memorando-Circular nº 32

/DIRBEN/INSS de 29/8/2018.

Ainda de acordo com o INSS, nos casos de requerimento de desistência de aposentadorias

quando já houve recebimento do PIS/PASEP por crédito automático pelo banco, não existe

necessidade de exigir a devolução de valores recebidos, visto que tal exigência seria de

competência do Conselho Diretor do PIS/PASEP, cabendo apenas emitir ofício à Caixa

Econômica Federal ou Banco do Brasil informando o cancelamento da aposentadoria, caso o

segurado conte com menos de sessenta anos de idade.

É curial que seja previamente estudado o impacto no Fundo do RGPS das desaposentações,

a fim de se atender ao Princípio do Equilíbrio Financeiro e Atuarial, sob pena de se colocar em

risco todo o sistema.

p. 1170

Destaca-se a vedação à retroação de nova interpretação desfavorável ao segurado ou seu

dependente, de modo a não prejudicar a continuidade dos benefícios já concedidos, à luz do

Princípio da Segurança Jurídica.

Por força da MP 871/2019, que inseriu quatro artigos na Lei 8.213/91 (124, de A até D), o

INSS implementará processo administrativo eletrônico para requerimento de benefícios e serviços

e disponibilizará canais eletrônicos de atendimento (INSS “digital”), facilitando o atendimento, o

requerimento, a concessão, a manutenção e a revisão de benefícios por meio eletrônico e

implementará procedimentos automatizados, de atendimento e prestação de serviços por meio de

atendimento telefônico ou de canais remotos, podendo ainda ser celebrados acordos de

cooperação, na modalidade de adesão, com órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios para a recepção de documentos e apoio administrativo às atividades do

INSS que demandem serviços presenciais.

Ademais, para o exercício de suas competências, o INSS terá acesso a todos os dados de

interesse para a recepção, a análise, a concessão, a revisão e a manutenção de benefícios por ele

administrados, em especial: I - os dados administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal

do Brasil do Ministério da Economia; II - os dados dos registros e dos prontuários eletrônicos do

Sistema Único de Saúde - SUS, administrados pelo Ministério da Saúde; III - os dados dos

documentos médicos mantidos por entidades públicas e privadas, sendo necessário, no caso destas

últimas, a celebração de convênio para garantir o acesso; e IV - os dados de movimentação das

contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, instituído pela Lei nº 5.107, de 13

de setembro de 1966, mantidas pela Caixa Econômica Federal.

A administração pública federal desenvolverá ações de segurança da informação e

comunicações, incluídas as de segurança cibernética, de segurança das infraestruturas, da

qualidade dos dados e da segurança de interoperabilidade de bases governamentais, e efetuará a

sua integração, inclusive com as bases de dados e informações dos Estados, dos Municípios e do

Distrito Federal, com o objetivo de atenuar riscos e inconformidades em pagamentos de

79 Medida Provisória nº 813/2017, convertida na Lei nº 13.677/2018, que alterou a Lei Complementar nº 26/1975.

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benefícios sociais.

A MP 871/2019 trouxe uma proteção ao servidor de boa-fé do INSS. É que o servidor

responsável pela análise dos pedidos dos benefícios Lei motivará suas decisões ou opiniões

técnicas e responderá pessoalmente apenas na hipótese de dolo ou erro grosseiro.

A seguir serão estudadas separadamente as fases do processo administrativo

previdenciário, com base especialmente nas disposições constantes na Lei 8.213/91, na Lei

9.784/99, no Decreto 3.048/99, no Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência

Social e na Instrução Normativa INSS PRES 77/2015.

p. 1227

No caso do segurado especial, este deverá comprovar a atividade campesina ou pesqueira para

subsistência no período equivalente à carência do benefício postulado, através do início de prova

material.

Nos termos do artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício de atividade rural

será feita, alternativamente, por meio de:

I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social;

II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando

for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo Instituto

Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de

2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou organizações

públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

V – bloco de notas do produtor rural;

VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, de que trata o § 7o do art. 30 da Lei

no 8.212, de 24 de julho de 1991, emitidas pela empresa adquirente da produção,

com indicação do nome do segurado como vendedor;

VII – documentos fiscais relativos a entrega de produção rural à cooperativa

agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como

vendedor ou consignante;

VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social

decorrentes da comercialização da produção;

IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente

da comercialização de produção rural; ou

X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo Incra.

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

Para ser aceita, a declaração sindical deveria ser homologada pelo INSS no mérito e na forma,

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caso houvesse início de prova material contemporânea complementada com testemunhos, sendo

utilizado um modelo disponibilizado pela Previdência Social.

A Medida Provisória 871/2019 previu que o Ministério da Economia manterá sistema de

cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e poderá

firmar acordo de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com

outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal para a manutenção

e a gestão do sistema de cadastro (inserção do art. 38-A e 38-B na Lei 8.213/91).

A novidade é que o sistema preverá a manutenção e a atualização anual do cadastro do

segurado especial e conterá as informações necessárias à caracterização da condição de segurado

especial, devendo ser feita até 30 de junho do ano subsequente.

Vencida esta data, o texto legal prevê que “o segurado especial só poderá computar o período

de trabalho rural se efetuado em época própria o recolhimento na forma prevista no art. 25 da Lei

nº 8.212, de 1991”.

Dessa forma, mantém-se, em regra, a filiação automática do segurado especial sem a

necessidade da demonstração efetiva do recolhimento da contribuição previdenciária sobre a

produção rural ou pesqueira.

Por outro lado, caso o a atualização anual não seja promovida no CNIS até o dia 30 de junho

do ano seguinte ao da prestação da atividade rural ou pesqueira, será necessária a prova do

recolhimento da contribuição prevista no artigo 25 da Lei 8.212/91 para o registro do período no

CNIS.

Por sua vez, é vedada a atualização anual após o prazo de 5 anos, contados a partir de 30

de junho do ano subsequente à prestação do serviço rural ou de pesca.

Assim, pela literalidade do texto da MP 871/2019, se o segurado especial não registrar o

período de 2019 até 30 de junho de 2025, não mais poderá fazê-lo.

Trata-se de duro dispositivo que, se de um lado deve prevenir fraudes rurais, do outro impedirá

o registro de carência de segurados especiais que laboram sem a devida inscrição no CNIS por

desconhecimento da legislação.

A partir de 1º de janeiro de 2020, a comprovação da condição e do exercício da atividade

rural do segurado especial ocorrerá exclusivamente pelas informações constantes do CNIS. Para

períodos até 31/12/2019, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural

por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas credenciadas e por outros órgãos

públicos, na forma prevista no Regulamento.

São entidades públicas credenciadas para ratificar a autodeclaração do segurado especial as

Entidades Executoras do Pronater. Na hipótese de haver divergência de informações, para fins

de reconhecimento de direito com vistas à concessão de benefício, o INSS poderá exigir a

apresentação dos documentos que atestem o exercício da atividade rural ou pesqueira.

De efeito, são requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do

Pronater:

I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão

rural;

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II - estar legalmente constituída há mais de 5 (cinco) anos, exceto entidades públicas;

III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento;

IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade

exigidas para a atividade;

V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais

competentes, quando for o caso;

VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento.

Com propriedade, de acordo com o artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício

de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de diversos documentos, tendo sido

alterado o inciso IV e revogado o inciso III:

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,

quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada

pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

de 2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou

organizações públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(DAP) é o documento que identifica os beneficiários do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

Eis as informações governamentais a respeito da DAP80:

Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP)

A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar (DAP) é o instrumento utilizado para identificar e qualificar as Unidades

Familiares de Produção Agrária (UFPA) da Agricultura Familiar e suas formas

associativas organizadas em pessoas jurídicas.

Consideram-se beneficiários de DAP a UFPA composta por: agricultores/as familiares,

pescadores artesanais, aquicultores, maricultores, silvicultores, extrativistas,

80 http://www.mda.gov.br/sitemda/saf/dap

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

quilombolas, indígenas, assentados da reforma agrária e beneficiários do Programa

Nacional de Crédito Fundiário.

A UFPA será identificada por uma única DAP Principal, categorizada em: Grupo “A”

ou “A/C”, Grupo “B” ou Grupo “V”. Para essa identificação e categorização da UFPA,

deve-se observar os seguintes critérios:

• A emissão será vinculada ao município do estabelecimento da UFPA;

• A área do estabelecimento deve ser de até quatro módulos fiscais;

• A atividade agrária ser desenvolvida em ambiente rural ou urbano;

• A gestão do estabelecimento deve ser estritamente familiar;

• A renda proveniente da exploração do estabelecimento deve ser igual ou superior àquela

auferida fora do estabelecimento;

• A UFPA deve utilizar, no mínimo, metade da força de trabalho familiar no processo

produtivo e de geração de renda.

As DAP emitidas a partir de 27 de agosto de 2018 terão validade de 1 ano. Para

emissão da DAP, o/a beneficiário/a deverá juntar a documentação pertinente e procurar:

• Os Sindicados e Associações de Trabalhadores da Agricultura Familiar ou Sindicatos

Rurais;

• Os escritórios das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão;

• Associações e colônias de pescadores artesanais e aquicultores (para seu público

específico);

• Escritórios regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

A emissão da DAP é gratuita não podendo os emissores credenciados cobrarem

quaisquer custas pela sua emissão.

Coube à Portaria 1, de 13/4/2017, da lavra da Secretaria Especial de Agricultura dispor sobre

as competências, condições e procedimentos específicos para a emissão, validação, suspensão,

cancelamento e exercício do controle social da DAP - Declaração de Aptidão ao Pronaf (Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).

Eis as modalidades de DAP’s:

- DAP principal – utilizada para identificação e qualificação da Unidade Familiar de

Produção Rural;

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- DAP acessória – utilizada para identificação dos filhos(as), dos(as) jovens e das mulheres

agregadas à uma Unidade Familiar de Produção Rural e devem, obrigatoriamente, estar

vinculadas a uma DAP Principal;

- DAP jurídica – utilizada para identificar e qualificar as Formas Associativas da Agricultura

Familiar organizadas em pessoas jurídicas;

- DAP última versão – a DAP mais recente emitida e registrada na base de dados da SAF;

- DAP válida – aquela cujos dados utilizados no processo de identificação e qualificação das

Unidades Familiares de Produção Rural passaram por análise de consistência , garantindo a

condição de agricultores(as) familiares e não sofreram qualquer impugnação posterior que

motivasse sua suspensão ou cancelamento;

- DAP ativa – a que possibilita o acesso dos(as) agricultores(as) familiares às políticas

públicas dirigidas a essa categoria de produtores(as) rurais e, é assim denominada, desde que

combine dois atributos: DAP última versão e DAP válida;

- DAP suspensa – aquela temporariamente desabilitada na base de dados da SAF para fins de

acesso às políticas públicas destinadas à agricultura familiar devido a necessidade de atualização

cadastral ou para verificação/conferência das informações declaradas;

- DAP cancelada – aquela que foi efetivamente cancelada na base de dados da SAF por

solicitação do próprio beneficiário, do Agente Emissor da DAP, indicação do Controle Social da

DAP, dos próprios órgãos de controle externo e interno e demais casos. O cancelamento da DAP

pode ser efetuado com ou sem o bloqueio do CPF dos titulares, conforme o caso.

Inicialmente, deverá ser promovida a identificação do segurado especial:

p. 1315

No mais, vem sendo admitida a apresentação judicial do contrato de honorários para destaque

quando da expedição da requisição de pequeno valor ou do precatório, desde que fixado em

percentual não abusivo.

Isso porque se trata de direito do advogado previsto no artigo 22 do Estatuto da OAB:

“§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o

mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos

diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que

já os pagou”.

Caso seja em percentual acima de 30%, deve o juiz limitar o destaque. Nesse sentido, o

enunciado 125 do FONAJEF:

Enunciado FONAJEF 125 – “É possível realizar a limitação do destaque dos honorários

em RPV ou precatório”.

p. 1433

Com o advento do CPC/2015, vem se entendendo de modo prevalente que a nova sistemática

dos prazos processuais contados em dias úteis se estendeu ao rito do JEF, tanto que a Portaria

CJF 393/2016, de 19/4/2016, previu que “na contagem de prazo em dias, computar-se-ão somente

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os dias úteis” (art. 6º-A).

No mesmo sentido o FONAJEF:

Enunciado nº 175 – Por falta de previsão legal específica nas leis que tratam dos

juizados especiais, aplica-se, nestes, a previsão da contagem dos prazos em dias

úteis (CPC/2015, art. 219) (Aprovado no XIII FONAJEF).

Para espancar qualquer dúvida a respeito, coube à Lei 13.728/2018 inserir na Lei

9.099/95 o artigo 12-A:

“Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a

prática de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-

se-ão somente os dias úteis.”

p. 1498

Os prazos na Turma Nacional de Uniformização correrão da publicação dos atos na imprensa

oficial, da intimação pessoal ou da ciência por outro meio eficaz previsto em lei, sendo que, na

contagem de prazo em dias, computar-se-ão somente os dias úteis.

Para espancar qualquer dúvida a respeito, coube à Lei 13.728/2018 inserir na Lei

9.099/95 o artigo 12-A:

“Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a

prática de qualquer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-

se-ão somente os dias úteis.”

De acordo com a TNU, no julgamento do pedido de uniformização 0017298-

58.2007.4.04.7195, de 06.09.2011, “a circunstância de o acórdão recorrido contrariar, ao mesmo

tempo, decisões de Turmas da mesma Região e decisões de Turmas de Regiões diversas, bem

como a jurisprudência do STJ, impõe a interposição simultânea dos Incidentes de Uniformização

Regional e Nacional, cujos prazos são simultâneos. A interposição do Incidente de Uniformização

Nacional apenas após o julgamento do Regional impõe o reconhecimento de sua

intempestividade”.

p. 1764

Entende-se por unidade gestora a entidade ou órgão integrante da estrutura da Administração

Pública de cada ente federativo, que tenha por finalidade a administração, o gerenciamento e a

operacionalização do RPPS, incluindo a arrecadação e gestão de recursos e fundos

previdenciários, a concessão, o pagamento e a manutenção dos benefícios81, facultada aos entes

federativos a constituição de fundos integrados de bens, direitos e ativos com finalidade

previdenciária.

Na esfera federal, essa unidade gestora será composta por um colegiado, com participação

paritária de representantes e servidores dos Poderes da União, cabendo-lhes acompanhar e

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fiscalizar a sua administração82.

Há uma tendência política de aproximar as normas dos Regimes Próprios às do

Regime Geral de Previdência Social, sendo esse movimento visível na redação do

§12, do artigo 40, da CRFB, ao prever que o regime de previdência dos servidores

públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e

critérios fixados para o regime geral de previdência social. Logo, em caso de

omissão, se houver compatibilidade, foi autorizada pela Constituição a utilização das

normas das Leis 8.212/91 e 8.213/91 ao RPPS.

O artigo 94, da Lei 8.213/91, assegura a contagem ao RPPS do tempo de contribuição prestado

no RGPS e vice-versa (contagem recíproca). Contudo, não será considerado no RPPS o tempo de

contribuição do contribuinte individual que trabalhe por conta própria e do segurado facultativo

que recolham 11% ou 5% sobre o salário mínimo, salvo se houver a complementação com os

encargos legais, bem como o período prestado pelo trabalhador rural antes da Lei 8.213/91, salvo

se indenizado, nos termos nos termos do artigo 127, V, do RPS.

p. 1767

A respeito dos efeitos da averbação, por segurado de Regime Próprio de Previdência Social,

de tempo de contribuição com filiação ao Regime Geral de Previdência Social para viabilizar a

contagem recíproca, assim como sobre o exame da juridicidade do pedido de desaverbação desse

tempo, com vistas a futura concessão de benefício previdenciário em outro regime, vale destacar

as razoáveis e técnicas conclusões da Nota Técnica no MTPS 12/2015/CGNAL/DRPSP/SPPS:

“a) A contagem recíproca de tempo é direito constitucional garantido aos

segurados dos diversos regimes de previdência social. Quanto ao tempo com

vínculo ao RGPS, a averbação pode ocorrer com ou sem a emissão de CTC, não

podendo haver consequências distintas nas duas hipóteses. A averbação

automática do tempo prestado pelo servidor ao próprio ente, com vínculo ao

RGPS, também corresponde à contagem recíproca, caso em que há a dispensa de

CTC e a exigência de certidão específica para fins de compensação financeira, a

ser emitida pelo RPPS como regime instituidor.

b) As questões relacionadas à averbação automática são tema de amplitude

nacional, tendo em vista a definição de Regime Jurídico Único pelos entes

federados depois da Constituição de 1988 e da criação de RPPS, gerando vínculos

previdenciários ininterruptos do segurado ao RGPS e a RPPS. A transformação

dos empregos públicos em cargos estatutários gerou, como consequência, além do

cômputo do tempo para fins previdenciários, o pagamento de diversas vantagens

financeiras dependentes dessa contagem.

c) A redução do tempo de contribuição no âmbito de um mesmo regime

previdenciário, em razão da desaverbação, causa desequilíbrio financeiro e

atuarial a esse regime, agravado pela garantia constitucional do piso das

aposentadorias não inferior ao salário mínimo, podendo tornar insustentável a

manutenção dos RPPS em pequenos Municípios. Essa situação afeta também o

equilíbrio do RGPS, visto que muitos benefícios são pagos com tempo de

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contribuição exíguo e a segurado que ainda se encontra amparado em RPPS.

d) Assim como na averbação de tempo de atividade privada, na migração

compulsória do regime trabalhista para o estatutário, o segurado mantém o direito

de optar pelo aproveitamento do tempo do RGPS em outro regime previdenciário,

desde que não esteja em gozo de benefício e se não tiver recebido vantagens

remuneratórias decorrentes da averbação, segundo julgados de Tribunais de

diversos Estados e o que preveem os arts. 452 e 441 da IN INSS/PRES nº 77/2015.

e) Quando o cômputo do tempo de emprego público transformado em cargo por

meio de Lei gerou, além da contagem para finalidades previdenciárias,

consequências de cunho funcional, com o pagamento de parcelas financeiras

diversas decorrentes de direitos e vantagens estatutários previstos na legislação de

cada ente, é possível que a Administração indefira o pedido de desaverbação.

f) Há entendimentos jurisprudenciais de diversos tribunais, como o TJDFT, TJMG,

TJES, TJSP, TJMS e TJRJ no sentido de que a averbação de tempo é irreversível

se gerou efeitos financeiros. Foram identificadas também decisões judiciais no

sentido de que a desaverbação pode ser realizada desde que haja o ressarcimento

dos valores auferidos em função da anterior averbação, a exemplo de acórdãos

colacionados nesta Nota proferidos pelo TRF da 5ª Região, TJSP e TJMG. No

entanto, deve ser registrada a existência de um único precedente do TJRS que

destoa do entendimento majoritário, posicionando-se favoravelmente à

desaverbação, com fundamento na possibilidade da desaposentação reconhecida

pelo STJ, sem necessidade de o interessado restituir os ganhos já auferidos no

regime estatutário antes da desaverbação, entendendo suficiente que haja a

interrupção do pagamento das vantagens a partir da exclusão do tempo. Mesmo

nesse caso, a desaverbação ainda gerará efeitos financeiros, que, embora sejam ex

nunc, significará redução da remuneração do servidor a partir da desaverbação e,

consequentemente, do valor do benefício a ser concedido pelo RPPS.

g) O procedimento de concessão de aposentadoria pelo INSS a segurado de RPPS,

com o cômputo do tempo com vínculo anterior ao RGPS, que foi averbado

automaticamente no RPPS, equivale à desaverbação. A extração do tempo inicial em

que o segurado laborou em cargo público com vínculo ao RGPS, com a finalidade

de obter aposentadoria pelo INSS, enquanto mantido o vínculo ao RPPS, poderia

gerar a concessão de outra aposentadoria irregular no mesmo cargo, por implemento

de idade, voluntária, compulsória ou até por invalidez no RPPS. Significa que, com

contribuições decorrentes de um único cargo – parte do tempo com vínculo ao RGPS

e parte com vínculo ao RPPS – o segurado obteria dois benefícios previdenciários

que seriam recebidos concomitantemente, situação esta que não encontra respaldo

no ordenamento jurídico. Mesmo quando os benefícios são concedidos com

proventos proporcionais ao tempo de contribuição, quando a remuneração e a base

de contribuição possuem valor próximo ou correspondente ao do salário-mínimo, a

proporcionalização não gerará nenhum efeito prático no valor do benefício onerando

os dois regimes. É possível a utilização pelo INSS (desaverbação) do tempo anterior

decorrente de emprego público (e não de cargo público) averbado no RPPS desde

que esse tempo não tenha gerado a concessão de vantagens remuneratórias, conforme

as conclusões das alíneas “d”, ‘e” e “f” desta Nota Técnica.

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h) Nos RPPS, o vínculo previdenciário se estabelece por cargo

constitucionalmente acumulado, com cobrança de contribuições e concessão de

benefícios separadamente. Por outro lado, o vínculo com o RGPS (antiga

Previdência Social Urbana) é único, tanto para as atividades concomitantes

exercidas no serviço público, quanto na atividade privada. Quando a remuneração

relativa a uma atividade do segurado atingir o limite de contribuições no RGPS,

não haverá contribuição relativa a quaisquer outras atividades. i) Se as múltiplas

atividades no RGPS correspondem a único vínculo previdenciário, compondo um

único salário de contribuição mensal, gerando uma só aposentadoria ou uma só

CTC, não se admite que haja o desmembramento desse tempo para

aproveitamento em dois cargos públicos. Portanto, o tempo com vínculo ao

RGPS, ainda que decorrente de múltiplas atividades (públicas ou privadas),

somente poderá ser averbado em um único cargo no RPPS.

j) Significa que, quando houve o acúmulo legal de dois empregos públicos, com

vínculo ao RGPS, que foram ambos posteriormente convertidos em cargos com

amparo em RPPS e o ente procede à averbação automática, o cômputo do tempo

em atividades concomitantes, vinculadas ao RGPS, para fins de benefícios

previdenciários no RPPS, somente deve ser averbado em um dos cargos. Quanto

ao outro, a contagem de tempo deve iniciar a partir do vínculo ao RPPS. No RGPS,

é possível fracionar períodos de tempo e não o salário de contribuição em um

mesmo período. Trata-se de uma característica decorrente da forma de vinculação

e contribuição dos segurados do RGPS que não prevê tratamento diferenciado a

segurado que migrou para o RPPS.

k) O descumprimento dessa regra impede o recebimento da compensação

financeira relativa a um dos cargos, pois a compensação exige que haja o

reconhecimento, pelo regime de origem, do vínculo previdenciário ocorrido

quanto ao tempo utilizado na concessão de benefícios com fundamento da

contagem recíproca. O INSS não poderá reconhecer múltiplos vínculos ao RGPS

em um mesmo período de tempo.

l) A excepcional permissão para que os entes federativos substituam o INSS na

tarefa de computar o tempo de vínculo do seu servidor ao RGPS está circunscrita

unicamente ao tempo em que o empregado/servidor prestou serviço ao mesmo

ente, passando, posteriormente a ser amparado em RPPS no mesmo ente. Em

outras palavras, quando houve apenas a alteração do regime previdenciário sem

perda do vínculo funcional.

m) A averbação automática, uma descentralização da competência de

reconhecimento de tempo, que dispensa a CTC, não se aplica quando o vínculo

do servidor com a Administração é extinto em decorrência de exoneração,

demissão ou posse em outro cargo inacumulável. Em tais situações, não é

possível a emissão, pelo RPPS, de CTC computando o tempo de vínculo ao

RGPS, sendo cabível apenas a emissão da declaração prevista no art. 21 da

Portaria MPS nº 154/2008. Logo, nas hipóteses em que há o desligamento do

servidor do RPPS, o tempo de emprego público anterior à transformação em

cargo, ou o tempo de cargo com vínculo ao RGPS, somente poderá ser

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certificado pelo INSS. O ente que houver efetuado a averbação automática

deverá certificar apenas o período de vínculo ao seu RPPS, ou seja, o tempo em

relação ao qual é responsável pela compensação financeira.

n) Diante da complexidade das normas vigentes no âmbito dos diferentes regimes

previdenciários e da dificuldade encontrada pelos entes federativos em conhecer

todas as atividades desempenhadas simultaneamente ao exercício do cargo

público recomenda-se aos entes que, em caso de dúvida sobre a averbação do

tempo do RGPS, busquem informações adicionais no INSS ou solicitem ao

segurado que requeira a CTC.

o) Paralelamente, sugere-se que sejam revistas e confirmadas as averbações já

efetuadas, as concessões nos casos de acumulação de cargos e as CTC emitidas

pelo RPPS, de forma a corrigir, tempestivamente, eventuais irregularidades. E

quando o ente tiver ciência de que houve a concessão de aposentadoria pelo

INSS, computando parte do tempo de cargo público regido por Estatuto,

correspondente ao período anterior à criação do RPPS, em que os titulares desses

cargos estavam vinculados ao RGPS, deverá ser declarada a vacância desse

cargo mediante o devido processo legal, assegurados o contraditório e a ampla

defesa”.

A jurisprudência da TNU e do STJ vem admitindo a contagem recíproca de vínculos

concomitantes ao RGPS antes da criação do regime jurídico único, mesmo na hipótese de

averbação automática ao RPPS.

TNU PEDLEF 50022719-04.2013.4.04.7003/PR DJ 22/02/2018.

“PEDIDO NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO.

CONTAGEM RECÍPROCA. ATIVIDADES CONCOMITANTES VINCULADAS

AO RGPS. ALTERAÇÃO DO REGIME JURÍDICO TRABALHISTA DE UMA

DAS FUNÇÕES PARA ESTATUTÁRIO. POSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DAS

ATIVIDADES NO RGPS E NO RPPS. ACÓRDÃO EM CONFRONTO COM A

JURISPRUDÊNCIA DESTA TNU. INCIDENTE PROVIDO”.

STF - “DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO EM REGIMES

JURÍDICOS DISTINTOS. CONTAGEM RECÍPROCA: POSSIBILIDADE.

ACÓRDÃO RECORRIDO HARMÔNICO COM A JURISPRUDÊNCIA DO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO AO QUAL SE NEGA

SEGUIMENTO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base na al. a do inc.

III do art. 102 da Constituição da República contra o seguinte julgado do Tribunal

Regional Federal da Quinta Região: “PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR

IDADE. CARÊNCIA. MAGISTÉRIO. REGIME PRÓPRIO E REGIME GERAL DA

PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS). SIMULTANEIDADE DE VÍNCULOS.

CONTRIBUIÇÃO PARA AMBOS OS REGIMES DE PREVIDÊNCIA. CONCESSÃO

DO BENEFÍCIO PELA LEI Nº 8.213/91. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. ART. 20, PARÁGRAFO 4º, DO CPC. I. Apelação contra sentença

que concedeu aposentadoria por idade ao autor, considerando, para contagem do tempo

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mínimo de carência, o período em que o demandante trabalhou junto a EMATER, como

celetista e que não foi aproveitado para concessão de benefício previdenciário estatutário

junto à UFRN. II. O autor, no período de 01/08/1978 a 09/09/1993, trabalhou na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como Professor Adjunto, sob a égide da

CLT e com vínculo ao RGPS até 11.12.1990, data da edição da Lei nº 8.112/90, que

instituiu o regime jurídico único no âmbito da União. Com a mudança do regime jurídico,

assegurou-se a averbação automática do período celetista. III. Entre 01/03/1969 a

24/01/1990, o autor trabalhou na EMATER, regido pela CLT e vinculado ao RGPS. Deste

vínculo, foi averbado o período de 01/03/1969 a 31/07/1978 para concessão de

aposentadoria estatutária - UFRN. IV. O autor requer o reconhecimento da contagem do

período em que laborou na EMATER (01/08/0978 a 24/01/1990) para cumprimento da

carência exigida para a concessão de aposentadoria por idade, junto ao INSS. V. Não se

vislumbra óbice para reconhecimento do tempo de serviço pleiteado, uma vez que

as contribuições referentes ao período em que o autor laborou na UFRN, o qual

coincide com o trabalhado na EMATER (01/08/1978 a 24/01/1990), foram utilizadas

para concessão da aposentadoria estatutária (regime próprio de previdência). VI. A

averbação do período celetista não representa impedimento à concessão da

aposentadoria requerida, por tratar-se de tempo de serviço prestado à UFRN.

Ademais, a parte autora não pretende fazer uso do tempo de serviço laborado para

o ente público, mas, apenas do trabalhado na EMATER, para o qual contribuiu

regularmente. Precedentes: PROCESSO: 200884000069670, APELREEX4889/RN,

RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira

Turma, JULGAMENTO: 27/05/2010, PUBLICAÇÃO: DJE 16/06/2010 - Página 130;

APELREEX 00055405320124058400, Desembargador Federal Francisco Wildo, TRF5

- Segunda Turma, DJE - Data:22/11/2012 - Página:170. VII. Os honorários fixados pelo

magistrado de primeiro grau encontram-se em harmonia com o art. 20, §4º do CPC e com

a jurisprudência desta Corte. VIII. Apelações improvidas” (doc. 2). Os embargos de

declaração opostos foram rejeitados. 2. O Recorrente alega ter o Tribunal de origem

contrariado o art. 40, § 10, da Constituição da República. Afirma que “os períodos ora

em discussão não foram utilizados para fins de aposentadoria por tempo de serviço

perante o INSS pelo fato de que a lei não permite o cômputo de período em duplicidade

para o mesmo regime ou para regimes diversos. Assim, se referidos períodos

concomitantes não puderam ser utilizados no RGPS também não poderão ser utilizados

no regime próprio de previdência social. O fato de o autor ter contribuído por ambas as

atividades concomitantes não justifica o seu cômputo em regime diverso, pois o que gera

a obrigação de contribuir não é a contraprestação da previdência, mas o exercício de

atividade remunerada abrangida pelo Regime Geral de Previdência Social. (…) Assim

sendo, em virtude do Princípio da Unicidade da Filiação, aquele que exerce duas ou mais

atividades sujeitas ao RGPS tem direito a apenas um benefício, operando-se o cálculo

com base nas diferentes contribuições. É que se o vínculo com o RGPS é único, como

consequência, o benefício substituidor do salário-de-contribuição também deve ser

apenas um – regra da inacumulabilidade das prestações” (doc. 2). Apreciada a matéria

trazida na espécie, DECIDO.

3. Razão jurídica não assiste ao Recorrente.

4. O acórdão recorrido harmoniza-se com a jurisprudência deste Supremo Tribunal

no sentido da possibilidade de contagem recíproca do tempo de serviço prestado em

regimes jurídicos distintos para efeito de aposentadoria: “PROCESSUAL CIVIL.

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO

EXTRAORDINÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUSÊNCIA DE

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PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. SERVIDOR PÚBLICO

ESTADUAL. CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO

NAS INICIATIVAS PÚBLICA E PRIVADA PARA FINS DE APOSENTADORIA.

VIABILIDADE. AUTOAPLICABILIDADE DO ART. 202, § 2º, DA CONSTITUIÇÃO

FEDERAL. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA

PROVIMENTO” (RE 354.960-AgR, Relator o Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma,

DJe 14.5.2013, grifos nossos). “Agravo regimental no agravo de instrumento. Contagem

recíproca do tempo de serviço prestado na administração pública e na atividade privada.

Possibilidade. Art. 202, § 2º, da Constituição Federal. Autoaplicabilidade. Precedentes.

1. É pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido da autoaplicabilidade do art. 202, §

2º, da Constituição Federal, que dispõe sobre a contagem recíproca de tempo de serviço

prestado para efeito de contribuição na administração pública e na atividade privada. 2.

Agravo regimental não provido” (AI 336.460-AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli,

Primeira Turma, DJe 29.9.2011). “Agravo regimental em agravo de instrumento. 2.

Contagem recíproca do tempo de serviço prestado em regimes jurídicos diferentes para

efeito de aposentadoria. 3. Art. 201, § 9º, da CF/88 (antigo art. 202, § 2º, da CF/88). 4.

Precedentes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento” (AI 386496-AgR, Relator

o Ministro Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJe 20.5.2011). Nada há, pois, a prover

quanto às alegações do Recorrente. 5. Pelo exposto, nego seguimento a este recurso

extraordinário (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento

Interno do Supremo Tribunal Federal). Publique-se. Brasília, 14 de novembro de 2014.

Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora” (RE 844186, Relator(a): Min. CÁRMEN

LÚCIA, julgado em 14/11/2014, publicado em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-

227 DIVULG 18/11/2014 PUBLIC 19/11/2014).

Daí, o servidor público terá a vantagem de desaverbar um período para obter aposentadoria

pelo Regime Geral de Previdência Social, se for mais vantajoso no caso concreto, mantendo o

outro vínculo para a obtenção de aposentadoria no RPPS.

Embora generalistas, as decisões são corretas, desde que a desaverbação de um dos períodos

de RGPS averbados em RPPS observe o seguinte:

a) o tempo de contribuição averbado não tenha sido considerado para a concessão de

vantagens pecuniárias ao servidor público e;

b) tenha havido recolhimento de contribuição previdenciária, pois é possível que haja

limitação ao teto previdenciário em um dos vínculos e no outro não incida contribuição

previdenciária.

Com o advento da MP 871/2019, o artigo 96 da Lei 8.213/91 foi ampliado com as seguintes

regras:

a) é vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição - CTC com o registro exclusivo

de tempo de serviço, sem a comprovação de contribuição efetiva, exceto para o segurado

empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso;

b) a CTC somente poderá ser emitida por regime próprio de previdência social para ex-

servidor;

c) é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por regime próprio de

previdência social sem a emissão da CTC correspondente, ainda que o tempo de contribuição

RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio ente instituidor;

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d) é vedada a desaverbação de tempo em regime próprio de previdência social quando o tempo

averbado tenha gerado a concessão de vantagens remuneratórias ao servidor público em atividade.

A hipóteses inseridas no artigo 96 da Lei 8.213/91 já constavam da Portaria MPS 154/2008

(art. 2º, 11, 12 e 15), tendo sido inseridas na Lei 8.213/91 para respeitar o Princípio da Legalidade,

afastando o argumento de inovação regulamentar indevida. Outra razão é vincular estados e

municípios que se recusavam em adotar esse regramento.

No entanto, a hipótese da letra A merece ser ajustada, pois o contribuinte individual prestador

de serviços à pessoa jurídica deveria ter sido inserido, posto que possui presunção se recolhimento

da contribuição previdenciária desde a competência abril/2003 (art. 4º, Lei 10.666/2003).

O cancelamento da averbação (desaverbação) de tempo de contribuição do RGPS no RPPS é

possível antes da concessão da aposentadoria pela autoridade administrativa, exceto se o servidor

obtiver alguma vantagem remuneratória decorrente da aludida averbação.

Somente é possível a contagem recíproca com a emissão da CTC, pois é necessário um largo

controle para prevenir fraudes (uso em duplicidade) e para calcular a compensação financeira de

um regime ao outro.

Sobre o tema, colaciona-se parte final da Nota Informativa SEI nº

1/2019/CONOR/CGNAL/SRPPS/SPREV-ME:

“IV - CONCLUSÕES

41. Os incisos VI, VII e VIII do art. 96 da Lei nº 8.213/1991, inseridos pela MP n° 871/2019,

contêm comandos legais a serem obedecidos pelos RPPS de todos os entes da federação (União,

Estados, Distrito Federal e Municípios).

Conforme esclarecimentos contidos nesta Nota Informativa conclui-se que:

a. Não é permitido aos RPPS emitir CTC a servidor ainda em exercício do cargo no qual se

requer a certificação.

b. A contagem recíproca e averbação de tempo pelos RPPS, inclusive para fins de concessão

de abono de permanência ou outras vantagens financeiras, somente será feita mediante CTC

emitida pelo RGPS, não sendo mais admitida a averbação automática pelo ente instituidor.

c. O tempo regularmente averbado automaticamente antes da publicação da MP não exigirá a

emissão de CTC para a concessão de benefícios funcionais ou previdenciários ou mesmo

compensação financeira. d. Não se admite a desaverbação de tempo que foi averbado

(automaticamente ou mediante CTC) e que tenha gerado o pagamento de vantagens

remuneratórias ao servidor.

42. Essas medidas visam evitar distorções na contagem recíproca de tempo entre os RPPS e

o RGPS, que causavam o pagamento indevido de benefícios em prejuízo da manutenção do

equilíbrio financeiro e atuarial desses regimes. A propósito, a Exposição de Motivos

Interministerial da MP justifica as alterações no art. 96 da lei nº 8.213/1999 pelo objetivo de evitar

práticas inadequadas envolvendo os RPPS, que podiam resultar na concessão indevida de

benefícios tanto pelos regimes próprios como pelo RGPS, com efeitos negativos ao equilíbrio

financeiro e atuarial dos regimes previdenciários”.

Conforme Memorando-Circular nº 30 /DIRBEN/INSS, de 19/9/2017, que se fundamenta no

Parecer nº 380/2015/CONJUR-MPS/CGU/AGU, de 10 de julho de 2015, quanto à

responsabilidade pela emissão de Certidão de Tempo de Contribuição – CTC, incumbe à Unidade

Gestora do RPPS o seu fornecimento (regime direto) e, em situações excepcionais, em que a

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responsabilidade pela emissão da CTC seja do Órgão de Origem do servidor, esta deverá ser

homologada pela Unidade Gestora do RPPS, nos termos do art. 2º da Portaria MPS nº 154, de 15

de maio de 2008.

p. 1783

A base de cálculo das contribuições previdenciárias do segurado apenas será formada por parcelas

remuneratórias do labor, devendo ser excluídas as indenizatórias. Nesse sentido, por força do

artigo 4º, §1º, da Lei 10.887/04, aditado e alterado pelas Leis 12.688/2012, 13.328/2016 e

13.464/2017, no que concerne ao servidor federal, entende-se como base de contribuição o

vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em

lei, os adicionais de caráter individual ou quaisquer outras vantagens, excluídas:

Não incidirá contribuição previdenciária sobre as seguintes parcelas recebidas pelo servidor

federal:

I - as diárias para viagens;

II - a ajuda de custo em razão de mudança de sede;

III - a indenização de transporte;

IV - o salário-família;

V - o auxílio-alimentação;

VI - o auxílio pré-escolar;

VII - as parcelas remuneratórias pagas em decorrência de local de trabalho;

VIII - a parcela percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão ou de função

comissionada ou gratificada;

IX - o abono de permanência de que tratam o § 19 do art. 40 da Constituição Federal, o § 5º do

art. 2º e o § 1º do art. 3º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003;

X - o adicional de férias;

XI - o adicional noturno;

XII - o adicional por serviço extraordinário;

XIII - a parcela paga a título de assistência à saúde suplementar;

XIV - a parcela paga a título de assistência pré-escolar;

XV - a parcela paga a servidor público indicado para integrar conselho ou órgão deliberativo, na

condição de representante do governo, de órgão ou de entidade da administração pública do qual

é servidor;

XVI - o auxílio-moradia;

XVII - a Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso, de que trata o art. 76-A da Lei no 8.112,

de 11 de dezembro de 1990;

XVIII - a Gratificação Temporária das Unidades dos Sistemas Estruturadores da Administração

Pública Federal (GSISTE), instituída pela Lei no 11.356, de 19 de outubro de 2006;

XIX - a Gratificação Temporária do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e

Informática (GSISP), instituída pela Lei no 11.907, de 2 de fevereiro de 2009;

XX - a Gratificação Temporária de Atividade em Escola de Governo (GAEG), instituída pela Lei

nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009;

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XXI - a Gratificação Específica de Produção de Radioisótopos e Radiofármacos (GEPR),

instituída pela Lei nº 11.907, de 2 de fevereiro de 2009;

XXII - a Gratificação de Raio X;

XXIII - a parcela relativa ao Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade Tributária e

Aduaneira, recebida pelos servidores da carreira Tributária e Aduaneira da Receita Federal do

Brasil;

XXIV - a parcela relativa ao Bônus de Eficiência e Produtividade na Atividade de Auditoria-

Fiscal do Trabalho, recebida pelos servidores da carreira de Auditoria-Fiscal do Trabalho;

XXV - (Incluído Medida Provisória nº 805, de 2017) (Vigência encerrada)

XXVI - o Bônus de Desempenho Institucional por Perícia Médica em Benefícios por

Incapacidade - BPMBI; e (Incluído pela Medida Provisória nº 871, de 2019)

XXVII - o Bônus de Desempenho Institucional por Análise de Benefícios com Indícios de

Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios - BMOB. (Incluído pela Medida

Provisória nº 871, de 2019)

Por outro lado, o servidor federal ocupante de cargo efetivo poderá optar pela inclusão, na

base de cálculo da contribuição, de parcelas remuneratórias percebidas em decorrência de local

de trabalho e do exercício de cargo em comissão ou de função comissionada ou gratificada, da

Gratificação Temporária das Unidades dos Sistemas Estruturadores da Administração Pública

Federal (GSISTE), da Gratificação Temporária do Sistema de Administração dos Recursos de

Informação e Informática (GSISP), da Gratificação Temporária de Atividade em Escola de

Governo (GAEG), da Gratificação Específica de Produção de Radioisótopos e Radiofármacos

(GEPR), da Gratificação de Raio X e daquelas recebidas a título de adicional noturno ou de

adicional por serviço extraordinário, para efeito de cálculo do benefício a ser concedido com

fundamento no art. 40 da Constituição Federal e no art. 2º da Emenda Constitucional nº 41, de 19

de dezembro de 2003, respeitada, em qualquer hipótese, a limitação estabelecida no § 2º do art.

40 da Constituição Federal.

p. 1845

Desde modo, é mais vantajoso morrer em 1º de janeiro do que em 31 de dezembro do ano

anterior, pois normalmente o teto do RGPS é reajustado a partir de 1º de janeiro, haja vista que o

redutor de 30% incide sobre o valor que exceder ao limite máximo do salário de contribuição do

Regime Geral.

Demais disso, ainda de acordo com a Orientação Normativa MPS 02/2009, em caso de

falecimento de segurado em exercício de cargos acumuláveis ou que acumulava proventos ou

remuneração com proventos decorrentes de cargos acumuláveis, o cálculo da pensão será feito

individualmente, por cargo ou provento.

Na hipótese de cálculo de pensão oriunda de falecimento do servidor na atividade, é vedada

a inclusão de parcelas remuneratórias pagas em decorrência de local de trabalho, de função de

confiança, de cargo em comissão, de outras parcelas de natureza temporária, ou do abono de

permanência de que trata o art. 86, bem como a previsão de incorporação de tais parcelas

diretamente no valor da pensão ou na remuneração, apenas para efeito de concessão do benefício,

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ainda que mediante regras específicas83.

O STF assegurou paridade em regra de transição para a pensão por morte, mas não garantiu a

integralidade, entendimento prejudicial ao dependente do servidor.

p. 1857

Logo, por esta regra de transição, conhecida como regra 95 para os homens ou regra 85 para

as mulheres, desde que o servidor tenha ingressado no serviço público até a data de publicação

(16.12.1998) da Emenda 20 e tenha atingido o tempo mínimo de contribuição para se aposentar

com proventos integrais, contando com 25 anos de serviço público, 15 anos de carreira e 05 anos

no cargo a se aposentar, haverá a redução de um ano de idade para cada ano de contribuição que

extrapolar 35 anos (homem) ou 30 anos (mulher).

Esta regra de transição não traz tratamento diferenciado aos professores do ensino básico.

Daí que, de acordo com o TCU, “no que toca ao fundamento contido no art. 3º da EC 47/2005,

comungo da análise empreendida pela unidade técnica no sentido de que ele não pode ser

aplicado em conjunto com o já discorrido art. 40, §5º, da CF, pois aquele deve ser entendido

como a regra específica para os professores e esse a regra comum para os demais servidores

públicos que estavam em atividade em 16/12/1998” (ACÓRDÃO 2825/2009 - TCU – 2ª

Câmara), negando o registro da aposentadoria.

Entende-se que a Constituição deve ser interpretada de modo teleológico e com arrimo no

Princípio da Unidade, daí ser razoável a redução em cinco anos na idade e tempo de contribuição

do professor do ensino básico nessa regra 85/95.

O tema não foi julgado pelos tribunais superiores e é bastante divergente entre os Tribunais

de Justiça, cabendo ao STF definir o alcance do texto constitucional.

De acordo com o TCU “no preenchimento do requisito tempo mínimo na carreira, para fins

de aposentadoria, somente pode ser considerado o tempo de serviço prestado nos cargos de mesma

atribuição, ainda que em classes distintas. É irregular a soma do tempo de serviço prestado em

carreiras constituídas pelos cargos de Técnico Judiciário e Analista Judiciário para atingir esse

limite mínimo”84.

Suponha-se que um servidor do sexo masculino, nesta situação, conte com 40 anos de

contribuição. Neste caso, ele terá direito a uma redução de 05 anos na idade, podendo se

aposentar com 55 anos de idade, desde que nessa idade tenha 40 anos de contribuição (40 + 55

= 95), sem direito ao abono de permanência, caso opte em permanecer na ativa.

p. 1916

Já a reserva remunerada é outra modalidade de inatividade em que os reformados poderão

executar tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força Armada.

Ainda há previsão da pensão militar, a ser deferida aos beneficiários85 do militar falecido ou

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extraviado paga conforme o disposto em legislação específica (Lei 3.765/1960), sendo que todos

os militares são contribuintes obrigatórios da pensão militar correspondente ao seu posto ou

graduação, com as exceções previstas em legislação específica.

Com o advento do Decreto 9.498/2018, restou centralizada no Ministério do Planejamento

(competência atual do Ministério da Economia) a concessão e a manutenção de aposentadorias e

de pensões do regime próprio de previdência social dos órgãos da administração pública federal

direta integrantes do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – Sipec, a ser completada

até 1/2/2022. O regime previdenciário militar será tratado no capítulo seguinte desta obra.

p. 1939

Pelas novas regras, ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão o seu valor será

distribuído em partes iguais entre os beneficiários habilitados. Por morte ou perda da qualidade

de beneficiário, a respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.

Por força de inovação da MP 871/2019 (óbitos a partir de 18/1/2019 – Princípio do Tempus

Regit Actum), na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por

determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-

companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso

não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício.

Antigamente (óbitos até 17/1/2019) a pensão por morte do servidor federal era paga desde o

óbito do instituidor, independentemente da data do requerimento administrativo, observada

apenas a prescrição quinquenal, que não correrá contra os absolutamente incapazes.

Isso foi modificado pela MP 871/2019, para os óbitos de servidores federais efetivos a partir

da data de sua publicação (18/1/2019). Agora a pensão por morte será devida ao conjunto dos

dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: do óbito, quando

requerida em até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos; ou

em até noventa dias após o óbito, para os demais dependentes.

Note-se que agora não haverá pagamento de atrasados em favor do absolutamente incapaz se

o requerimento não for ofertado em até 180 dias do óbito. Para os demais, em até 90 dias do óbito,

em alinhamento ao regramento do RGPS.

A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível

dependente e a habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só

produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de concessão da pensão ao

dependente habilitado.

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Outra novidade da MP 871/2019 é que, acaso ajuizada a ação judicial para reconhecimento da

condição de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão

por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros dependentes, vedado o

pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da decisão judicial que reconhecer

a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Essa exigência de coisa julgada para a liberação da cota de pensão do dependente com

reconhecimento judicial afronta a Constituição Federal, sendo restrição ilegítima ao poder

jurisdicional.

Ademais, é certo que a formação de coisa julgada poderá levar muitos anos, gerando efeitos

irreparáveis à subsistência do dependente que não possuir outra fonte de rendimento, podendo

chegar até à mendicância.

Daí que a expressão “o trânsito em julgado da” deve ser excluída da lei de conversão ou

nulificada judicialmente, pois deve ser cabível tutela provisória de urgência por se tratar de verba

alimentar nas situações em que o suposto dependente não possua outra fonte de rendimento”.

Suponha-se que um segurado tenha falecido na pendência de ação estadual de investigação de

paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante poderá

requerer a habilitação provisória no benefício de pensão, sendo reservada a sua cota-parte pela

Administração Pública, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o

reconhecimento da qualidade de dependente.

Acaso a dependência seja negada, serão liberados os valores reservados aos demais

dependentes, com a incidência da correção monetária.

De acordo com o artigo 220, da Lei 8.112/90, “não faz jus à pensão o beneficiário condenado

pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor”, devendo haver

condenação transitada em julgado em respeito ao Princípio da Presunção de Inocência.

p. 2027

9. REGULAÇÃO DOS INVESTIMENTOS PELO CONSELHO MONETÁRIO

NACIONAL

Coube à Resolução CMN 3.792/2009 dispor sobre as diretrizes de aplicação dos recursos

garantidores dos planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar.

Posteriormente, esse ato foi Substituído pela Resolução CMN 4.661/2018, que a revogou.

Na aplicação dos recursos dos planos, os administradores da EFPC devem:

I - observar os princípios de segurança, rentabilidade, solvência, liquidez,

adequação à natureza de suas obrigações e transparência;

II - exercer suas atividades com boa fé, lealdade e diligência;

III - zelar por elevados padrões éticos;

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IV - adotar práticas que garantam o cumprimento do seu dever fiduciário em

relação aos participantes dos planos de benefícios, considerando, inclusive, a

política de investimentos estabelecida, observadas as modalidades, segmentos,

limites e demais critérios e requisitos estabelecidos nesta Resolução; e

V - executar com diligência a seleção, o acompanhamento e a avaliação de

prestadores de serviços relacionados à gestão de ativos.

A aplicação dos recursos deve observar a modalidade do plano de benefícios, suas

especificidades, as necessidades de liquidez e os fluxos de pagamentos dos ativos.

A gestão dos recursos de planos administrados por EFPC constituída por instituidor deve ser

feita, nos termos do § 2º do art. 31 da Lei Complementar nº 109, de 2001, por meio de carteiras

administradas ou de fundos de investimento.

A EFPC deve adotar regras, procedimentos e controles internos que garantam a observância

dos limites, requisitos e demais disposições estabelecidas na Resolução 4.6661/2018,

considerando o porte, a complexidade, a modalidade e a forma de gestão de cada plano por ela

administrado.

O fundo de pensão deverá designar administrador ou comitê responsável pela gestão de riscos,

considerando o seu porte e complexidade, conforme regulamentação da Superintendência

Nacional de Previdência Complementar (Previc).

A EFPC, na administração da carteira própria, deve identificar, analisar, avaliar, controlar e

monitorar os riscos de crédito, de mercado, de liquidez, operacional, legal, sistêmico e outros

inerentes a cada operação, devendo adotar regras e implementar procedimentos para a seleção e

o monitoramento de administração de carteiras de valores mobiliários e de fundos de

investimento.

A entidade fechada deve avaliar a capacidade técnica e potenciais conflitos de interesse de

seus prestadores de serviços e das pessoas que participam do processo decisório, inclusive por

meio de assessoramento.

Devem ser observadas as seguintes regras pela EFPC:

deve contratar pessoa jurídica para prestar o serviço de custódia nos termos da

regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários e do Banco Central do Brasil;

os prestadores de serviços terceirizados de administração de carteira, análise e

consultoria de valores mobiliários, contratados pela EFPC, devem ser registrados,

autorizados ou credenciados nos termos da regulamentação da Comissão de Valores

Mobiliários;

a emissão, o registro, o depósito centralizado, a distribuição e a negociação dos ativos

financeiros devem observar a regulamentação estabelecida pelo Banco Central do

Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários, nas suas respectivas áreas de

competência;

os ativos financeiros devem ser admitidos à negociação em mercado organizado,

registrados em sistema de registro, de custódia ou de liquidação financeira ou

depositados perante depositário central, observada a regulamentação do Banco

Central do Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários, nas suas respectivas áreas

de competência;

os ativos financeiros de renda fixa devem ser, preferencialmente, negociados por

meio de plataformas eletrônicas, observada a regulamentação do Banco Central do

Brasil ou da Comissão de Valores Mobiliários, nas suas respectivas áreas de

competência;

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os ativos financeiros devem ser identificados pelo código ISIN – Internacional

Securities Identification Number.

A EFPC deve definir a política de investimento para a aplicação dos recursos de cada plano

de benefício por ela administrado. Os investimentos dos recursos dos planos administrados pela

EFPC devem ser classificados nos seguintes segmentos de aplicação:

I - renda fixa;

II - renda variável;

III - estruturado;

IV - imobiliário;

V - operações com participantes; e

VI - exterior.

A EFPC deve observar, em relação aos recursos de cada plano, o limite de até 100% (cem por

cento) no segmento de renda fixa, e adicionalmente os seguintes limites:

I - até 100% (cem por cento) dos recursos de cada plano em:

a) títulos da dívida pública mobiliária federal interna; e

b) cotas de fundos de investimento admitidas à negociação no mercado secundário por

intermédio de bolsa de valores, nos termos da regulamentação estabelecida pela Comissão de

Valores Mobiliários, cujas carteiras visem refletir as variações e rentabilidade de índice de

referência de renda fixa (Fundo de Índice de Renda Fixa) composto exclusivamente por títulos da

dívida pública mobiliária federal interna;

II - até 80% (oitenta por cento) dos recursos de cada plano em:

a) ativos financeiros de renda fixa de emissão com obrigação ou coobrigação de instituições

financeiras bancárias autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil;

b) ativos financeiros de renda fixa de emissão de sociedade por ações de capital aberto,

incluídas as companhias securitizadoras; e

c) cotas de fundos de investimento admitidas à negociação no mercado secundário por

intermédio de bolsa de valores, cujas carteiras sejam compostas por ativos financeiros que visem

refletir as variações e rentabilidade de índices de referência de renda fixa (Fundo de Índice de

Renda Fixa), nos termos da regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários;

III - até 20% (vinte por cento) dos recursos de cada plano em:

a) títulos das dívidas públicas mobiliárias estaduais e municipais, desde que emitidos antes da

vigência da Lei Complementar nº 148, de 25 de novembro de 2014;

b) obrigações de organismos multilaterais emitidas no País;

c) ativos financeiros de renda fixa de emissão, com obrigação ou coobrigação, de instituições

financeiras não bancárias e de cooperativas de crédito, bancárias ou não bancárias, autorizadas a

funcionar pelo Banco Central do Brasil; d) debêntures emitidas por sociedade por ações de capital

fechado nos termos do art. 2º da Lei nº 12.431, de 24 de junho de 2011;

e) cotas de classe de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC) e cotas de fundos

de investimento em cotas de fundos de investimento em direitos creditórios (FICFIDC), cédulas

de crédito bancário (CCB), certificados de cédulas de crédito bancário (CCCB); e

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f) cédulas de produto rural (CPR), certificados de direitos creditórios do agronegócio

(CDCA), certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e warrant agropecuário (WA);

A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até

70% (setenta por cento) no segmento de renda variável, e adicionalmente os seguintes limites:

I - até 70% (setenta por cento) dos recursos de cada plano em ações, bônus de subscrição em

ações, recibos de subscrição em ações, certificados de depósito de valores mobiliários e em cotas

de fundos de índice referenciados em ações de emissão de sociedade por ações de capital aberto

cujas ações sejam admitidas à negociação em segmento especial, instituído em bolsa de valores,

que assegure, por meio de vínculo contratual entre a bolsa e o emissor, práticas diferenciadas de

governança;

II - até 50% (cinquenta por cento) dos recursos de cada plano em ações, bônus de subscrição

em ações, recibos de subscrição em ações, certificados de depósito de valores mobiliários e em

cotas de fundos de índice referenciados em ações de emissão de sociedades por ações de capital

aberto cujas ações sejam admitidas à negociação em bolsa de valores e que não estejam em

segmento especial;

III – até 10% (dez por cento) dos recursos de cada plano em Brazilian Depositary Receipts

(BDR) classificados como nível II e III, observada a regulamentação estabelecida pela Comissão

de Valores Mobiliários; e

IV - até 3% (três por cento) dos recursos de cada plano em certificados representativos de

ouro físico no padrão negociado em bolsa de mercadorias e de futuros.

A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até

20% (vinte por cento) no segmento de renda estruturado, e adicionalmente os seguintes limites:

I - respeitado o limite máximo de que trata o caput, até 15% (quinze por cento) dos recursos

do plano em cada um dos seguintes ativos financeiros:

a) cotas de fundos de investimento em participações (FIP);

b) cotas de fundos de investimento classificados como multimercado (FIM) e em cotas de

fundos de investimento em cotas de fundos de investimento classificados como multimercado

(FICFIM); e

c) cotas de fundos de investimento classificados como “Ações – Mercado de Acesso”,

observada a regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários; II - até 10% (dez

por cento) dos recursos do plano em certificados de operações estruturadas (COE).

A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até

20% (vinte por cento) no segmento imobiliário no conjunto de:

I - cotas de fundos de investimento imobiliário (FII) e cotas de fundos de investimento em

cotas de fundos de investimento imobiliário (FICFII);

II - certificados de recebíveis imobiliários (CRI); e

III - cédulas de crédito imobiliário (CCI).

A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até

15% (quinze por cento) no segmento de operações com participantes no conjunto de:

I - empréstimos pessoais concedidos com recursos do plano de benefícios aos seus

participantes e assistidos; e

II - financiamentos imobiliários concedidos com recursos do plano de benefícios aos seus

participantes e assistidos.

A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até

10% (dez por cento) no segmento exterior no conjunto de:

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

I - cotas de fundos de investimento e cotas de fundos de investimento em cotas de fundos de

investimento classificados como “Renda Fixa - Dívida Externa”;

II - cotas de fundos de índice do exterior admitidas à negociação em bolsa de valores do

Brasil;

III - cotas de fundos de investimento constituídos no Brasil sob a forma de condomínio aberto

com o sufixo “Investimento no Exterior”, nos termos da regulamentação estabelecida pela

Comissão de Valores Mobiliários, que invistam, no mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) do

seu patrimônio líquido em cotas de fundos de investimento constituídos no exterior;

IV - cotas de fundos de investimento constituídos no Brasil sob a forma de condomínio aberto

com o sufixo “Investimento no Exterior”, nos termos da regulamentação estabelecida pela

Comissão de Valores Mobiliários;

V - Brazilian Depositary Receipts (BDR) classificado como nível I e cotas dos fundos da

classe “Ações – BDR Nível I”, nos termos da regulamentação estabelecida pela Comissão de

Valores Mobiliários; e

VI - ativos financeiros no exterior pertencentes às carteiras dos fundos constituídos no Brasil,

nos termos da regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários, que não

estejam previstos nos incisos anteriores.

A EFPC deve observar, em relação aos recursos de cada plano por ela administrado, os

seguintes limites de alocação por emissor:

I - até 100% (cem por cento) se o emissor for o Tesouro Nacional;

II - até 20% (vinte por cento) em instituição financeira bancária autorizada a funcionar pelo

Banco Central 236 • FUNDOS DE PENSÃO - COLETÂNEA DE NORMAS do Brasil; e

III - até 10% (dez por cento) nos demais emissores.

A EFPC deve observar, considerada a soma dos recursos por ela administrados, o limite de

concentração por emissor:

I - até 25% (vinte e cinco por cento) do capital total e do capital votante, incluindo os bônus

de subscrição e os recibos de subscrição, de uma mesma sociedade por ações de capital aberto

admitida ou não à negociação em bolsa de valores;

II - até 25% (vinte e cinco por cento) do patrimônio líquido de:

a) instituição financeira bancária, não bancária e de cooperativa de crédito autorizada a

funcionar pelo Banco Central do Brasil;

b) FIDC ou FICFIDC; c) fundos de investimento com cotas admitidas à negociação no

mercado secundário por intermédio de bolsa de valores, na forma regulamentada pela Comissão

de Valores Mobiliários, cujas carteiras visem refletir as variações e rentabilidade de índice de

referência de renda fixa ou cotas de fundos de índice referenciados em cesta de ações de emissão

de sociedade por ações de capital aberto;

d) fundo de investimento ou fundo de investimento em cotas de fundo de investimento

classificado no segmento estruturado;

e) FII e FICFII; f) fundos de investimento constituídos no Brasil de que tratam os incisos II,

IV e VI do art. 26; e

g) demais emissores;

III - até 25% (vinte e cinco por cento) do patrimônio separado constituído nas emissões de

certificado de recebíveis com a adoção de regime fiduciário; e

IV - 15% (quinze por cento) do patrimônio líquido:

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a) do fundo de investimento constituído no exterior; e

b) do emissor de debêntures emitidas por sociedade por ações de capital fechado.

A EFPC pode emprestar ativos financeiros de sua carteira observadas as regras sobre o

empréstimo de valores mobiliários por câmaras e prestadores de serviços de compensação e

liquidação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, bem como as medidas

regulamentares adotadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

A entidade fechada pode manter posições em mercados derivativos, diretamente ou por meio

de fundo de investimento, desde que observadas, cumulativamente, as seguintes condições:

I - avaliação prévia dos riscos envolvidos;

II - existência de sistemas de controles internos adequados às suas operações;

III - registro da operação ou negociação em bolsa de valores ou de mercadorias e futuros ou

em mercado de balcão organizado;

IV - atuação de câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação como

contraparte central garantidora da operação;

V - margem requerida limitada a 15% (quinze por cento) da posição em títulos da dívida

pública mobiliária federal, ativos financeiros de emissão de instituição financeira e ações aceitos

pela Clearing; e

VI - valor total dos prêmios de opções pagos limitado a 5% (cinco por cento) da posição em

títulos da dívida pública mobiliária federal, ativos financeiros de emissão de instituição financeira

e ações da carteira de cada plano ou fundo de investimento.

Os fundos de investimento objeto de aplicação por parte das EFPC devem ser registrados na

Comissão de Valores Mobiliários e os investimentos por eles realizados devem observar os

requisitos dos ativos financeiros estabelecidos na Resolução 4.661/2018.

Os investimentos realizados por meio de fundos de investimentos e de fundos de

investimentos em cotas de fundos de investimentos devem ser consolidados com as posições dos

ativos das carteiras próprias e carteiras administradas para fins de verificação dos limites

estabelecidos pelo CMN, exceto:

I - fundo de investimento cujas cotas sejam admitidas à negociação no mercado secundário

por intermédio de bolsa de valores, na forma regulamentada pela Comissão de Valores

Mobiliários, cujas carteiras visem refletir as variações e rentabilidade de índice de referência de

renda fixa ou fundos de índice referenciados em cesta de ações de companhias abertas admitidas

à negociação em bolsa de valores;

II - FIDC e FICFIDC;

III - fundo de investimento ou fundo de investimento em cotas de fundo de investimento

classificado no segmento estruturado;

IV - FII e FICFII; e

V - fundo de investimento ou fundo de investimento em cotas de fundo de investimento

constituído no Brasil classificado nos incisos de I a IV do art. 26 da Resolução CMN 4.661/201886.

86 Art. 26. A EFPC deve observar, em relação aos recursos garantidores de cada plano, o limite de até 10%

(dez por cento) no segmento exterior no conjunto de: I - cotas de fundos de investimento e cotas de fundos

de investimento em cotas de fundos de investimento classificados como “Renda Fixa - Dívida Externa”; II

- cotas de fundos de índice do exterior admitidas à negociação em bolsa de valores do Brasil; III - cotas de

fundos de investimento constituídos no Brasil sob a forma de condomínio aberto com o sufixo

“Investimento no Exterior”, nos termos da regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores

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A EFPC deve observar, em relação aos recursos de cada plano por ela administrado, os

seguintes limites de alocação por emissor:

I - até 100% (cem por cento) se o emissor for o Tesouro Nacional;

II - até 20% (vinte por cento) em instituição financeira bancária autorizada a funcionar pelo

Banco Central do Brasil; e

III - até 10% (dez por cento) nos demais emissores.

EFPC pode emprestar ativos financeiros de sua carteira observadas as regras sobre o

empréstimo de valores mobiliários por câmaras e prestadores de serviços de compensação e

liquidação estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, bem como as medidas

regulamentares adotadas pela Comissão de Valores Mobiliários.

A EFPC pode manter posições em mercados derivativos, diretamente ou por meio de fundo

de investimento, desde que observadas, cumulativamente, as seguintes condições:

I - avaliação prévia dos riscos envolvidos;

II - existência de sistemas de controles internos adequados às suas operações;

III - registro da operação ou negociação em bolsa de valores ou de mercadorias e futuros ou

em mercado de balcão organizado;

IV - atuação de câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação como

contraparte central garantidora da operação;

V - margem requerida limitada a 15% (quinze por cento) da posição em títulos da dívida

pública mobiliária federal, ativos financeiros de emissão de instituição financeira e ações aceitos

pela Clearing; e

VI - valor total dos prêmios de opções pagos limitado a 5% (cinco por cento) da posição em

títulos da dívida pública mobiliária federal, ativos financeiros de emissão de instituição financeira

e ações da carteira de cada plano ou fundo de investimento.

Por meio de carteira própria, carteira administrada e fundos de investimento e fundos de

investimento em cotas de fundo de investimento, é vedado à EFPC:

I - realizar operações de compra e venda, ou qualquer outra forma de troca de ativos entre

planos de uma mesma EFPC;

II - realizar operações de crédito, inclusive com suas patrocinadoras, ressalvados os casos

expressamente previstos;

III - aplicar em ativos financeiros de emissão de pessoas físicas;

IV - aplicar em ativos financeiros de emissão de sociedades limitadas, ressalvados os casos

expressamente previstos nesta Resolução;

V - aplicar em ações e demais ativos financeiros de emissão de sociedades por ações de capital

fechado, ressalvados os casos expressamente previstos nesta Resolução;

VI - realizar operações com ações, bônus de subscrição em ações, recibos de subscrição em

ações, certificados de depósito de valores mobiliários não admitidos à negociação por intermédio

de mercado de balcão organizado ou bolsa de valores autorizada a funcionar pela Comissão de

Valores Mobiliários, exceto nas seguintes hipóteses:

Mobiliários, que invistam, no mínimo, 67% (sessenta e sete por cento) do seu patrimônio líquido em cotas

de fundos de investimento constituídos no exterior; IV - cotas de fundos de investimento constituídos no

Brasil sob a forma de condomínio aberto com o sufixo “Investimento no Exterior”, nos termos da

regulamentação estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários;

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a) distribuição pública de ações;

b) exercício do direito de preferência;

c) conversão de debêntures em ações;

d) exercício de bônus ou de recibos de subscrição;

e) casos que envolvam negociação de participação relevante conforme regulamentação da

Previc; e

f) demais casos expressamente previstos nesta Resolução;

VII - manter posições em mercados derivativos, diretamente ou por meio de fundo de

investimento:

a) a descoberto; ou

b) que gerem possibilidade de perda superior ao valor do patrimônio da carteira ou do fundo

de investimento ou que obriguem ao cotista aportar recursos adicionais para cobrir o prejuízo do

fundo;

VIII - realizar operações de compra e venda de um mesmo ativo financeiro em um mesmo dia

(operações day trade), excetuadas as realizadas em plataforma eletrônica ou em bolsa de valores

ou de mercadorias e futuros devidamente justificadas em relatório atestado pelo AETQ;

IX - aplicar no exterior, ressalvados os casos expressamente previstos nesta Resolução;

X - prestar fiança, aval, aceite ou coobrigar-se de qualquer forma;

XI - locar, emprestar, tomar emprestado, empenhar ou caucionar ativos financeiros, exceto

nas seguintes hipóteses:

a) depósito de garantias em operações com derivativos no âmbito de cada plano de benefícios;

b) operações de empréstimos de ativos financeiros; e

c) depósito de garantias de ações judiciais no âmbito de cada plano administrado pela EFPC;

XII - atuar como incorporadora, de forma direta ou indireta; e

XIII - adquirir terrenos e imóveis.

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APÊNDICE

SÍNTESE DA MINIRREFORMA PREVIDENCIÁRIA

MEDIDA PROVISÓRIA 871/2019

Prof. Frederico Amado

BPC/LOAS

Por força do Decreto 8.805/2016, são requisitos para a concessão, a manutenção e a revisão

do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF e no Cadastro Único para

Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico, sendo que o beneficiário que não realizar

a inscrição ou a atualização no CadÚnico, no prazo estabelecido em convocação a ser realizada

pelo Ministério da Cidadania , terá o seu beneficio suspenso.

Posteriormente, para respeitar o Princípio da Legalidade, coube à MP 871/2019 inserir

essa regra no artigo 20 da Lei 8.742/93: “§ 12. São requisitos para a concessão, a manutenção

e a revisão do benefício as inscrições no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF e no Cadastro

Único para Programas Sociais do Governo Federal - Cadastro Único, conforme previsto em

regulamento”.

Entende-se que essa disposição da MP 871/2019 não prejudica a tutela provisória em comento,

pois o seu fundamento foi a violação ao Princípio da Publicidade, e não ao Princípio da

Legalidade.

Ademais, a MP 871/2019 ainda inseriu o §13º ao artigo 20 da Lei 8.742/93, com vigência em

90 dias após a sua publicação:

“§ 13. O requerimento, a concessão e a revisão do benefício ficam condicionados à

autorização do requerente para acesso aos seus dados bancários, nos termos do disposto no

inciso V do § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001."

Assim, pelo texto legal, é necessário que o idoso e o deficiente renunciem à sua sigilação

bancária para a concessão e revisão do BPC/LOAS, regra de validade duvidosa em razão da

proteção constitucional da privacidade.

É certo que é necessária uma fiscalização cada vez mais eficiente no BPC/LOAS e o constante

cruzamento de dados para evitar ou desfazer fraudes assistenciais, que são muito comuns Brasil

afora. Mas nos parece que a prévia renúncia ao sigilo bancário como condição para concessão ou

manutenção do BPC sem nenhum indício de irregularidade vai de encontro ao texto

constitucional.

PROVA DA UNIÃO ESTÁVEL E DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Isto foi modificado com o advento da MP 871/2019, tornando a posição Regulamentar válida

e afastando a jurisprudência citada. Isso porque restou inserido no artigo 16 da Lei 8.213/91 um

quinto parágrafo que aduz: “a prova de união estável e de dependência econômica exigem início

de prova material contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal,

exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso fortuito, conforme disposto no

Regulamento”.

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Assim, resta afastado o Princípio do Livre Convencimento Motivado e adotada a tarifação de

prova para dar mais segurança jurídica, considerando a existência de casos habituais de falsos

testemunhos e para preservar o Erário contra algumas situações de fraude.

Vale registrar que se cuida de regra processual inerente à prova da condição de dependente,

de modo que possui aplicação imediata a todos os processos pendentes de decisão para óbitos

anteriores à vigência da alteração normativa, pois somente regras de direito material não possuem

retroação.

CONTAGEM RECÍPROCA DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Importante:

Com o advento da MP 871/2019, o artigo 96 da Lei 8.213/91 foi ampliado com as seguintes

regras:

a) é vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição - CTC com o registro exclusivo

de tempo de serviço, sem a comprovação de contribuição efetiva, exceto para o segurado

empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso;

b) a CTC somente poderá ser emitida por regime próprio de previdência social para ex-

servidor;

c) é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por regime próprio de

previdência social sem a emissão da CTC correspondente, ainda que o tempo de contribuição

RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio ente instituidor;

d) é vedada a desaverbação de tempo em regime próprio de previdência social quando o tempo

averbado tenha gerado a concessão de vantagens remuneratórias ao servidor público em atividade.

A hipóteses inseridas no artigo 96 da Lei 8.213/91 já constavam da Portaria MPS 154/2008

(art. 2º, 11, 12 e 15), tendo sido inseridas na Lei 8.213/91 para respeitar o Princípio da Legalidade,

afastando o argumento de inovação regulamentar indevida.

No entanto, a hipótese da letra A merece ser ajustada, pois o contribuinte individual prestador

de serviços à pessoa jurídica deveria ter sido inserido, posto que possui presunção se recolhimento

da contribuição previdenciária desde a competência abril/2003 (art. 4º, Lei 10.666/2003).

O cancelamento da averbação (desaverbação) de tempo de contribuição do RGPS no RPPS é

possível antes da concessão da aposentadoria pela autoridade administrativa, exceto se o servidor

obtiver alguma vantagem remuneratória decorrente da aludida averbação.

Somente é possível a contagem recíproca com a emissão da CTC, pois é necessário um largo

controle para prevenir fraudes (uso em duplicidade) e para calcular a compensação financeira de

um regime ao outro.

PERÍODO DE CARÊNCIA

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

Importante:

Depende de carência a concessão dos seguintes benefícios previdenciários:

I. 10 contribuições mensais – salário-maternidade, para as seguradas

contribuinte individual, especial e facultativa;

II. 12 contribuições mensais – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (em

regra);

III. 24 contribuições mensais – auxílio-reclusão (MP 871/2019);

IV. 180 contribuições mensais – aposentadoria por idade, tempo de contribuição

e especial.

A inserção de período de carência de 24 contribuições mensais para o auxílio-reclusão é

fruto da MP 871/2019 (essa tentativa já foi feita pela MP 664/2014 e foi derrubada no Congresso

Nacional no ano de 2015 na lei de conversão 13.135), operando-se somente para prisões a

contar de 18/1/2019 (lei do tempo rege o ato jurídico).

Assim, a luz do Princípio do Tempus Regit Actum, para incapacidades (auxílio-doença e

aposentadoria por invalidez), partos, adoções (salário-maternidade) e prisões (auxílio-reclusão) a

contar de 18 de Janeiro de 2019, caso tenha havido perda da qualidade de segurado com ulterior

refiliação à previdência social, as contribuições vertidas durante a 1ª filiação não poderão ser

consideradas para fins de carência dos citados benefícios durante a 2ª filiação, devendo todo o

período de carência ser cumprido apenas após a refiliação à previdência social, vedado o cômputo

das contribuições vertidas anteriormente à perda da qualidade de segurado.

Importante

Com o advento da MP 871/2019, operou-se a revogação da regra de ½ da carência. Isso

porque restou modificado o artigo 27-A da Lei 8.213/91, que passou a contar com a seguinte

redação: “Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios

de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-

reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com os

períodos integrais de carência previstos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25”.

Assim, a luz do Princípio do Tempus Regit Actum, para incapacidades (auxílio-doença e

aposentadoria por invalidez), partos, adoções (salário-maternidade) e prisões (auxílio-reclusão) a

contar de 18 de Janeiro de 2019, caso tenha havido perda da qualidade de segurado com ulterior

refiliação à previdência social, as contribuições vertidas durante a 1ª filiação não poderão ser

consideradas para fins de carência dos citados benefícios durante a 2ª filiação, devendo todo o

período de carência ser cumprido apenas após a refiliação à previdência social, vedado o cômputo

das contribuições vertidas anteriormente à perda da qualidade de segurado.

CNIS – SEGURADO ESPECIAL E PROVAS

A Medida Provisória 871/2019 previu que o Ministério da Economia manterá sistema de

cadastro dos segurados especiais no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e poderá

firmar acordo de cooperação com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e com

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

outros órgãos da administração pública federal, estadual, distrital e municipal para a manutenção

e a gestão do sistema de cadastro (inserção do art. 38-A e 38-B na Lei 8.213/91).

A novidade é que o sistema preverá a manutenção e a atualização anual do cadastro do

segurado especial e conterá as informações necessárias à caracterização da condição de segurado

especial, devendo ser feita até 30 de junho do ano subsequente.

Vencida esta data, o texto legal prevê que “o segurado especial só poderá computar o período

de trabalho rural se efetuado em época própria o recolhimento na forma prevista no art. 25 da Lei

nº 8.212, de 1991”. É vedada a atualização anual após o prazo de 5 anos, contados a partir

de 30 de junho do ano subsequente à prestação do serviço rural ou de pesca.

A partir de 1º de janeiro de 2020, a comprovação da condição e do exercício da atividade

rural do segurado especial ocorrerá exclusivamente pelas informações constantes do CNIS. Para

períodos até 31/12/2019, o segurado especial comprovará o tempo de exercício da atividade rural

por meio de autodeclaração ratificada por entidades públicas credenciadas e por outros órgãos

públicos, na forma prevista no Regulamento.

São entidades públicas credenciadas para ratificar a autodeclaração do segurado especial as

Entidades Executoras do Pronater. Na hipótese de haver divergência de informações, para fins

de reconhecimento de direito com vistas à concessão de benefício, o INSS poderá exigir a

apresentação dos documentos que atestem o exercício da atividade rural ou pesqueira.

De efeito, são requisitos para obter o credenciamento como Entidade Executora do

Pronater:

I - contemplar em seu objeto social a execução de serviços de assistência técnica e extensão

rural;

II - estar legalmente constituída há mais de 5 (cinco) anos, exceto entidades públicas;

III - possuir base geográfica de atuação no Estado em que solicitar o credenciamento;

IV - contar com corpo técnico multidisciplinar, abrangendo as áreas de especialidade

exigidas para a atividade;

V - dispor de profissionais registrados em suas respectivas entidades profissionais

competentes, quando for o caso;

VI - atender a outras exigências estipuladas em regulamento.

Com propriedade, de acordo com o artigo 106, da Lei 8.213/91, a comprovação do exercício

de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de diversos documentos, tendo sido

alterado o inciso IV e revogado o inciso III:

“III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou,

quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada

pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (revogado pela MP 871/2019);

IV - Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar, de que trata o inciso II do caput do art. 2º da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

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de 2010, ou por documento que a substitua, emitidas apenas por instituições ou

organizações públicas (redação dada pela MP 871/2019)”;

O objetivo normativo foi retirar a atribuição dos sindicatos rurais de declarar a condição de

segurado especial, passando a tarefa a ser desempenhada pelas instituições do PRONATER,

mediante declaração de aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

INSCRIÇÃO

Para espancar qualquer dúvida, coube à MP 871/2019 inserir o §7º no 17 artigo da Lei

8.213/91: “não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual

e de segurado facultativo”.

O dispositivo, no entanto, somente se aplica ao contribuinte individual autônomo, não

possuindo aplicabilidade ao contribuinte individual que labora para pessoa jurídica a contar de

abril de 2003 (Lei 10.666/03, art. 4º), pois este passou a ter presunção normativa de dependência

econômica.

PROVA TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Importante:

A comprovação do tempo de serviço ou de contribuição, inclusive mediante justificação

administrativa ou judicial, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não

sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior

ou caso fortuito, conforme previsão do artigo 55, §3º, da Lei 8.213/91.

Embora já se entendesse que a prova material precisava ser contemporânea ao período probando,

a MP 871/2019 inseriu a expressão em negrito: “§ 3º A comprovação do tempo de serviço para

fins do disposto nesta Lei, inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial, observado

o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando for baseada em início de prova material

contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na

ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no Regulamento”.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

Outrossim, a Lei 13.457/2017 criou outra situação de isenção de perícia para os aposentados

por invalidez, após estes completarem cinquenta e cinco anos ou mais de idade e quando

decorridos quinze anos da data da concessão da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-

doença que a precedeu. No entanto, esta hipótese que constava do artigo 101, §1º, inciso I da

Lei 8.213/91 foi expressamente revogada pela MP 871/2019.

Assim, os aposentados por invalidez com 55 anos ou mais de idade e com menos de 60

anos poderão ser chamados para a perícia administrativa objetivando a reavaliação das

condições do benefício, mesmo que já estejam em gozo há mais de 15 anos.

AUXÍLIO-DOENÇA

Importante:

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JUSPODIVM – Atualização da 10.ª para a 11ª edição

A Lei 13.135/2015 abriu a porta para a terceirização da perícia médica do INSS, até então

privativa para os peritos-médicos previdenciários, servidores efetivos. Isso porque Nos casos de

impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio competente, assim

como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e de atendimento

adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, celebrar,

nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento

ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de

perícia médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão,

com órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto,

esta regra que constava do §5º do artigo 60 da Lei 8.213/91 foi expressamente revogada pela

MP 871/2019, razão pela qual a aludida delegação não possui mais amparo normativo.

Importante:

Com razoabilidade, a Medida Provisória 871/2019 previu que não será devido o auxílio-

doença para o segurado recluso em regime FECHADO (esta regra não engloba regime aberto

ou semi-aberto), tendo em vista que o preso estará sob a proteção do Estado, que deverá atender

às suas necessidades básicas e tem custos que a sociedade já arca.

Ademais, acaso o segurado esteja em gozo de auxílio-doença no momento da segregação

prisional, o benefício deverá ser suspenso por até sessenta dias. Vencidos os sessenta dias, se o

segurado ainda estiver preso, o auxílio-doença será cancelado.

Por outro lado, acaso seja posto em liberdade dentro de sessenta dias, o benefício será

reativado com efeitos financeiros somente a partir da data de soltura. Por força do Princípio do

Tempus Regit Actum, esta regra somente se aplica às incapacidades laborais (DII – Data de Início

da Incapacidade) que desencadeadas a partir de 18 de Janeiro de 2019, data de vigência da novel

regra.

SALÁRIO-MATERNIDADE

No passado, o salário-maternidade poderia ser requerido no prazo de cinco anos, a contar da

data do parto, haja vista a ausência de fixação de prazo máximo para o seu requerimento, pois

após esse período começará a se operar a prescrição quinquenal progressiva das parcelas. O

mesmo se aplicava à adoção ou guarda para fins de adoção.

Importante:

Entretanto, por força da MP 871/2019, para partos e adoções a partir de 18/1/2019 (Tempus

Regit Actum), restou inserido na Lei 8.213/91 o artigo 71-D, que dispõe: "Art. 71-D. O direito

ao salário-maternidade decairá se não for requerido em até cento e oitenta dias da

ocorrência do parto ou da adoção, exceto na ocorrência de motivo de força maior e ou caso

fortuito, conforme disposto no Regulamento."

A justificativa desse dispositivo que constituiu um prazo de caducidade para requerer o salário-

maternidade é que a função do benefício é substituir a renda do segurado ou segurada de modo

imediato, permitindo o afastamento do labor para dedicação total à criança que nasceu ou foi

adotada (ou guarda para fins de adoção).

Daí que a concessão do benefício após 180 dias do nascimento, adoção ou guarda para fins de

adoção retira a função emergencial do benefício, que acaba se mostrando desnecessário, à exceção

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de algum motivo fortuito ou de força maior que impeça o requerimento do salário-maternidade,

cabendo ao Regulamento no futuro prever essas hipóteses.

Certamente um caso que deve ser previsto para suspender o curso do prazo de cento e oitenta

dias é a situação de uma mãe que pariu mas teve sérias complicações pós parto que geraram a sua

internação por alguns meses, impedindo o agendamento do benefício.

PENSÃO POR MORTE – REGIME GERAL

Importante:

Mas o tema foi alvo de alteração normativa promovida no artigo 74, inciso I, da Lei 8.213/91

promovida pela MP 871/2019: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida em

até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou em até

noventa dias após o óbito, para os demais dependentes.

Dessa forma, para os óbitos ocorridos a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso de

beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante legal

não ofereça requerimento administrativo em até 180 dias do óbito, o INSS não pagará os

atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do requerimento

administrativo.

Importante:

Outra novidade da MP 871/2019 (inseriu os §§ 3º e 4º no artigo 74 da Lei 8.213/91, com

vigência somente após 120 dias de sua publicação) é que, acaso ajuizada a ação judicial para

reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória ao

benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros

dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da decisão

judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Essa exigência de coisa julgada para a liberação da cota de pensão do dependente com

reconhecimento judicial afronta a Constituição Federal, sendo restrição ilegítima ao poder

jurisdicional.

Ademais, é certo que a formação de coisa julgada poderá levar muitos anos, gerando efeitos

irreparáveis à subsistência do dependente que não possuir outra fonte de rendimento, podendo

chegar até à mendicância.

Daí que a expressão “o trânsito em julgado da” deve ser excluída da lei de conversão ou

nulificada judicialmente, pois deve ser cabível tutela provisória de urgência por se tratar de verba

alimentar nas situações em que o suposto dependente não possua outra fonte de rendimento”.

Suponha-se que um segurado tenha falecido na pendência de ação estadual de investigação de

paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante poderá

requerer a habilitação provisória no benefício de pensão, sendo reservada a sua cota-parte pelo

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INSS, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o reconhecimento

da qualidade de dependente.

Acaso a dependência seja negada, serão liberados os valores reservados aos demais

dependentes, com a incidência da correção monetária.

O mesmo se aplica na hipótese de ajuizamento de ação judicial para o reconhecimento de

união estável perante o INSS como incidente processual, na hipótese em que o pedido principal

da ação seja a concessão da pensão por morte.

Importante:

Uma importante novidade surgiu com o advento da MP 871/2019 (art. 76, §3º, da Lei

8.213/91). É que, na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento,

obrigado por determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-

companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente

na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício”

(para óbitos a partir de 18/1/2019).

Dessa forma, na hipótese de sentença do juiz estadual que fixou alimentos de família com

caráter temporário para cônjuges e companheiros, o período de pagamento da pensão por morte

não ultrapassará o lapso final fixado na aludida decisão judicial.

AUXÍLIO-RECLUSÃO

As novidades inseridas pela MP 871/2019, válidas para as prisões a partir de 18/1/2019 (a lei do

tempo rege o ato jurídico), é que se o segurado preso estiver em gozo de salário-maternidade ou de

pensão por morte o auxílio-reclusão não poderá ser instituído em favor dos seus dependentes.

Importante:

Mas tudo isso foi modificado pela MP 871/2019, regramento que deve ser aplicado às prisões

a contar de 18/1/2019. A regulamentação da caracterização da baixa renda do segurado preso

passou a constar do artigo 80 da Lei 8.213/91, modificando a sistemática do Decreto 3.048/99,

restando abandonado o critério do último salário de contribuição antes da prisão e adotando a

média dos 12 últimos salários de contribuição antes do recolhimento prisional.

Eis os dispositivos inseridos no artigo 80 da Lei 8.213/91:

“§ 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda aquele que,

na competência de recolhimento à prisão tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º,

de valor igual ou inferior àquela prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de

dezembro de 1998, corrigido pelos índices aplicados aos benefícios do RGPS.

§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa

renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses

anteriores ao mês do recolhimento à prisão”.

Embora o critério de aferição de baixa renda seja mais justo, pois reflete a média dos salários

de contribuição dos últimos 12 meses antes da prisão, ainda existem brechas que permitem manter

a citada jurisprudência do STJ, pois não restou regulada a situação do segurado que não possui

12 salários de contribuição antes da prisão.

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Isso porque é possível que o segurado esteja no período de graça de 24 ou 36 meses no

momento da prisão ou mesmo esteja em gozo de auxílio-doença por mais de 12 meses (com a

segregação prisional, o auxílio-doença será suspenso) ou mesmo se auxílio-acidente e não tenha

salário de contribuição registrado no último ano antes da prisão.

Daí que, acaso o STJ mantenha a linha jurisprudencial, em inexistindo salário de contribuição

nos últimos 12 meses antes da segregação prisional, certamente vai considerar o segurado sem

renda e determinará a concessão do benefício do auxílio-reclusão aos seus dependentes.

Importante:

Por força da MP 871/2019, regramento que deve ser aplicado às prisões a contar de 18/1/2019,

o regime prisional semi-aberto não enseja a concessão do auxílio-reclusão (regime aberto

sempre gerou auxílio-reclusão).

Importante:

Mas o tema foi alvo de alteração normativa promovida no artigo 74, inciso I, da Lei 8.213/91

por intermédio da MP 871/2019: A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do

segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida em

até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos, ou em até

noventa dias após o óbito, para os demais dependentes. Essa regra se aplica ao auxílio-reclusão,

que é pago nas mesmas condições da pensão por morte.

Dessa forma, para as prisões ocorridas a partir da vigência da MP 871 (18/1/2019), no caso de

beneficiário absolutamente incapaz (menor de 16 anos de idade), acaso o seu representante legal

não ofereça requerimento administrativo do auxílio-reclusão em até 180 dias do óbito, o INSS

não pagará os atrasados, gerando efeitos financeiros somente a partir da data de entrada do

requerimento administrativo.

Importante:

Outra novidade da MP 871/2019 (inseriu os §§ 3º e 4º no artigo 74 da Lei 8.213/91, aplicável

ao auxílio-reclusão, que é pago nas mesmas condições da pensão por morte) é que, acaso

ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a

sua habilitação provisória ao benefício de auxílio-reclusão, exclusivamente para fins de rateio dos

valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em

julgado da decisão judicial que reconhecer a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Suponha-se que um segurado tenha sido preso na pendência de ação estadual de investigação

de paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante

poderá requerer a habilitação provisória no benefício de auxílio-reclusão, sendo reservada a sua

cota-parte pelo INSS, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o

reconhecimento da qualidade de dependente.

Acaso a dependência seja negada, serão liberados os valores reservados aos demais

dependentes, com a incidência da correção monetária.

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O mesmo se aplica na hipótese de ajuizamento de ação judicial para o reconhecimento de

união estável perante o INSS como incidente processual, na hipótese em que o pedido principal

da ação seja a concessão do auxílio-reclusão.

Importante:

O auxílio-reclusão dispensava sempre a carência, a teor do artigo 26, I, da Lei 8.213/91,

tendo sido frustrada a tentativa da MP 664/2014 de inserir carência, pois não aprovada na Lei

13.135/2015. No entanto, a inserção de período de carência de 24 contribuições mensais para

o auxílio-reclusão é fruto da MP 871/2019 (essa tentativa já foi feita pela MP 664/2014 e foi

derrubada no Congresso Nacional no ano de 2015 na lei de conversão 13.135), operando-se

somente para prisões a contar de 18/1/2019 (lei do tempo rege o ato jurídico).

Considerando que o auxílio-reclusão possui carência de 24 recolhimentos mensais para ser

deferido (MP 871/2019 – prisões a partir de 18/1/2019), nota-se que sempre será realizado o

requisito das 18 contribuições mensais, pois, por óbvio, todo segurado que cumpriu a carência de

24 recolhimentos mensais terá antes realizado o pressuposto do cumprimento das 18

contribuições.

Importante:

Uma importante novidade surgiu com o advento da MP 871/2019 (art. 76, §3º, da Lei

8.213/91), aplicável ao auxílio-reclusão, que é pago nas mesmas condições da pensão por morte.

É que, na hipótese de o segurado preso estar, na data de seu falecimento, obrigado por

determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-

companheira, o auxílio-reclusão será devido pelo prazo remanescente na data do óbito, caso

não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício” (para prisões a partir de

18/1/2019).

A certidão judicial e a prova de permanência na condição de presidiário poderão ser

substituídas pelo acesso à base de dados, por meio eletrônico, a ser disponibilizada pelo

Conselho Nacional de Justiça, com dados cadastrais que assegurem a identificação plena do

segurado e da sua condição de presidiário (novidade da MP 871/2019).

Importante:

Com razoabilidade, a Medida Provisória 871/2019 previu que não será devido o auxílio-

doença para o segurado recluso em regime FECHADO (esta regra não engloba regime aberto

ou semi-aberto), tendo em vista que o preso estará sob a proteção do Estado, que deverá atender

às suas necessidades básicas e tem custos que a sociedade já arca.

PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO

Por força da MP 871/2019, que inseriu quatro artigos na Lei 8.213/91 (124, de A até D), o

INSS implementará processo administrativo eletrônico para requerimento de benefícios e serviços

e disponibilizará canais eletrônicos de atendimento (INSS “digital”), facilitando o atendimento, o

requerimento, a concessão, a manutenção e a revisão de benefícios por meio eletrônico e

implementará procedimentos automatizados, de atendimento e prestação de serviços por meio de

atendimento telefônico ou de canais remotos, podendo ainda ser celebrados acordos de

cooperação, na modalidade de adesão, com órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito

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Federal e dos Municípios para a recepção de documentos e apoio administrativo às atividades do

INSS que demandem serviços presenciais.

Ademais, para o exercício de suas competências, o INSS terá acesso a todos os dados de

interesse para a recepção, a análise, a concessão, a revisão e a manutenção de benefícios por ele

administrados, em especial: I - os dados administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal

do Brasil do Ministério da Economia; II - os dados dos registros e dos prontuários eletrônicos do

Sistema Único de Saúde - SUS, administrados pelo Ministério da Saúde; III - os dados dos

documentos médicos mantidos por entidades públicas e privadas, sendo necessário, no caso destas

últimas, a celebração de convênio para garantir o acesso; e IV - os dados de movimentação das

contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, instituído pela Lei nº 5.107, de 13

de setembro de 1966, mantidas pela Caixa Econômica Federal.

A administração pública federal desenvolverá ações de segurança da informação e

comunicações, incluídas as de segurança cibernética, de segurança das infraestruturas, da

qualidade dos dados e da segurança de interoperabilidade de bases governamentais, e efetuará a

sua integração, inclusive com as bases de dados e informações dos Estados, dos Municípios e do

Distrito Federal, com o objetivo de atenuar riscos e inconformidades em pagamentos de

benefícios sociais.

A MP 871/2019 trouxe uma proteção ao servidor de boa-fé do INSS. É que o servidor

responsável pela análise dos pedidos dos benefícios Lei motivará suas decisões ou opiniões

técnicas e responderá pessoalmente apenas na hipótese de dolo ou erro grosseiro.

Coube à Medida Provisória 871/2019 instituir um programa permanente de revisão da

concessão e da manutenção dos benefícios geridos pelo INSS, a fim de apurar irregularidades

ou erros materiais, em decorrência do dever-poder de autotutela, modificando o artigo 69 da Lei

8.212/91.

O objetivo é identificar erros e fraudes passíveis de revisão administrativa em respeito ao

Princípio da Legalidade, respeitado o prazo decadencial de 10 anos (art. 103-A da Lei 8.213/91),

salvo comprovada má-fé do beneficiário.

Eis o procedimento a ser observados pelos agentes do INSS:

a) Na hipótese de haver indícios de irregularidade ou erros materiais na concessão, na

manutenção ou na revisão do benefício, o INSS notificará o beneficiário, o seu representante legal

ou o seu procurador para, no prazo de dez dias, apresentar defesa, provas ou documentos dos

quais dispuser, preferencialmente por rede bancária ou notificação por meio eletrônico ou por

via postal, por carta simples, considerado o endereço constante do cadastro do benefício, hipótese

em que o aviso de recebimento será considerado prova suficiente da notificação;

b) A defesa poderá ser apresentada por canais de atendimento eletrônico definidos pelo INSS,

podendo o benefício ser suspenso na hipótese de não apresentação da defesa no prazo de dez dias;

c) O benefício será suspenso na hipótese de a defesa ser considerada insuficiente ou

improcedente pelo INSS, que deverá notificar o beneficiário quanto à suspensão do benefício e

lhe conceder prazo de trinta dias para interposição de recurso ordinário perante a Junta do CRPS;

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d) Se não for possível realizar a notificação citada, o INSS poderá suspender cautelarmente o

pagamento de benefícios nas hipóteses de suspeita de fraude ou irregularidade constatadas por

meio de prova pré-constituída, sendo o pagamento do benefício reativado após a apresentação da

defesa até a conclusão da análise pelo INSS;

e) Decorrido o prazo de trinta dias após a suspensão do benefício sem que o beneficiário, o

seu representante legal ou o seu procurador apresente recurso administrativo junto aos canais de

atendimento do INSS ou a outros canais autorizados, o benefício será cessado.

De efeito, apurada irregularidade recorrente ou fragilidade nos procedimentos reconhecidas

pelo INSS ou pelos órgãos de controle (a exemplo do TCU), os procedimentos de análise e

concessão de benefícios serão revistos, de modo a reduzir o risco de fraude e concessão irregular.

Aqueles que receberem benefícios realizarão anualmente a comprovação de vida nas

instituições financeiras, por meio de atendimento eletrônico com uso de biometria ou por qualquer

meio definido pelo INSS que assegure a identificação do beneficiário, observadas as seguintes

disposições:

I - a prova de vida e a renovação de senha serão efetuadas por aquele que receber o benefício,

mediante identificação por funcionário da instituição, quando realizada nas instituições

financeiras;

II - a prova de vida poderá ser realizada pelo representante legal ou pelo procurador do

beneficiário legalmente cadastrado no INSS ou na instituição financeira responsável pelo

pagamento;

III - a prova de vida de segurados com idade igual ou superior a sessenta anos será objeto de

prévio agendamento, que será disciplinado em ato do Presidente do INSS;

IV - o INSS disporá de meios, incluída a realização de pesquisa externa, que garantam a

identificação e o processo de fé de vida para pessoas com dificuldades de locomoção e idosos

acima de oitenta anos que recebam benefícios; e

V - o INSS poderá bloquear o pagamento do benefício encaminhado às instituições financeiras

até que o beneficiário atenda à convocação, permitida a liberação do pagamento automaticamente

pela instituição financeira.

DECADÊNCIA DECENAL

Importante:

Por força da MP 871/2019, o artigo 103 da Lei 8.213/91 foi reformulado, passando a contar com a

seguinte redação: "Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou

beneficiário para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de

benefício, do ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de

dez anos, contado: I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira

prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou II - do

dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento, cancelamento ou

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cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de

benefício, no âmbito administrativo”.

O texto é bem confuso. Mas é possível apontar as seguintes novidades, observada a regra

intertemporal:

a) Agora está claro que o ato de indeferimento de benefício previdenciário também está sujeito ao

prazo de decadência de 10 anos, afastando a Súmula 81 da TNU;

b) A pretensão de restabelecimento de benefício previdenciário também se sujeita à decadência de

10 anos;

c) Caso o pedido revisional se dê por fato superveniente, a exemplo de ulterior modificação

normativa, o termo inicial da decadência será a data em que a prestação deveria ter sido paga com o

valor revisto.

É certo que os pontos de inovação serão aplicados aos benefícios anteriores, conforma anterior

decisão do STF em caso análogo, mas o termo inicial da decadência revisional será o dia 1º de março de

2019 (primeiro dia do mês seguinte à competência fevereiro).

DESCONTOS NOS BENEFÍCIOS

Importante:

A novidade sobre o tema foi a alteração normativa promovida pela MP 871/2019, pois agora

a Lei 8.213/91 prevê expressamente que é devido o desconto administrativo no benefício

previdenciário ou assistencial decorrente de recebimento de parcela indevida, inclusive na

hipótese de cessação do benefício pela revogação de decisão judicial.

A inserção de benefícios assistenciais no texto também constitui uma novidade, pois

anteriormente os descontos administrativos existiam apenas para os previdenciários.

Em seguida, a MP 871/2019 estendeu esse regramento à hipótese de revogação de tutela

judicial: “§ 3º Serão inscritos em dívida ativa pela Procuradoria-Geral Federal os créditos

constituídos pelo INSS em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial pago

indevidamente ou além do devido, inclusive na hipótese de cessação do benefício pela

revogação de decisão judicial, nos termos do disposto na Lei nº 6.830, de 22 de setembro de

1980, para a execução judicial”.

Outrossim, será objeto de inscrição em dívida ativa, em conjunto ou separadamente, o terceiro

beneficiado que sabia ou deveria saber da origem do benefício pago indevidamente em razão de

fraude, dolo ou coação, desde que devidamente identificado em procedimento administrativo de

responsabilização.

Demais disso, a alienação ou a oneração de bens ou rendas, ou o início de um desses processos,

por beneficiário ou responsabilizado inscrito em dívida ativa, nas hipóteses citadas acima, será

presumida fraudulenta e caberá ao regulamento disciplinar a forma de atribuir publicidade aos

débitos dessa natureza.

Com base no artigo 31 da MP 871/2019, os valores creditados indevidamente em razão de

óbito, em favor de pessoa natural falecida, em instituições integrantes do sistema financeiro

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nacional, por pessoa jurídica de direito público interno, deverão ser restituídos, a exemplo de

créditos de benefícios previdenciários e assistenciais geridos pelo INSS.

Por força da MP 871/2019, é possível penhorar bem de família para a cobrança de crédito

constituído pela Procuradoria-Geral Federal em decorrência de benefício previdenciário ou

assistencial recebido indevidamente por dolo, fraude ou coação, inclusive por terceiro que sabia

ou deveria saber da origem ilícita dos recursos.

PENSÃO POR MORTE – SERVIDOR FEDERAL - RPPS

Por força de inovação da MP 871/2019 (óbitos a partir de 18/1/2019 – Princípio do Tempus

Regit Actum), na hipótese de o servidor falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por

determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-

companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso

não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício.

Antigamente a pensão por morte do servidor federal era paga desde o óbito do instituidor,

independentemente da data do requerimento administrativo, observada apenas a prescrição

quinquenal, que não correrá contra os absolutamente incapazes.

Isso foi modificado pela MP 871/2019, para os óbitos de servidores federais efetivos a partir

da data de sua publicação (18/1/2019). Agora a pensão por morte será devida ao conjunto dos

dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: do óbito, quando

requerida em até cento e oitenta dias após o óbito, para os filhos menores de dezesseis anos; ou

em até noventa dias após o óbito, para os demais dependentes.

Note-se que agora não haverá pagamento de atrasados em favor do absolutamente incapaz se

o requerimento não for ofertado em até 180 dias do óbito. Para os demais, em até 90 dias do óbito,

em alinhamento ao regramento do RGPS.

A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível

dependente e a habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente só

produzirá efeito a partir da data da publicação da portaria de concessão da pensão ao

dependente habilitado.

Outra novidade da MP 871/2019 é que, acaso ajuizada a ação judicial para reconhecimento da

condição de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão

por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros dependentes, vedado o

pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da decisão judicial que reconhecer

a qualidade de dependente do autor da ação.

Se julgada improcedente a ação citada, o valor retido será corrigido pelos índices legais de

reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas

cotas e o tempo de duração de seus benefícios.

Essa exigência de coisa julgada para a liberação da cota de pensão do dependente com

reconhecimento judicial afronta a Constituição Federal, sendo restrição ilegítima ao poder

jurisdicional.

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Ademais, é certo que a formação de coisa julgada poderá levar muitos anos, gerando efeitos

irreparáveis à subsistência do dependente que não possuir outra fonte de rendimento, podendo

chegar até à mendicância.

Daí que a expressão “o trânsito em julgado da” deve ser excluída da lei de conversão ou

nulificada judicialmente, pois deve ser cabível tutela provisória de urgência por se tratar de verba

alimentar nas situações em que o suposto dependente não possua outra fonte de rendimento”.

Suponha-se que um segurado tenha falecido na pendência de ação estadual de investigação de

paternidade no Juízo de Família ajuizada por um suposto filho menor. Neste caso, o infante poderá

requerer a habilitação provisória no benefício de pensão, sendo reservada a sua cota-parte pela

Administração Pública, evitando prejuízos ao Erário de pagamento em duplicidade acaso haja o

reconhecimento da qualidade de dependente.

Acaso a dependência seja negada, serão liberados os valores reservados aos demais

dependentes, com a incidência da correção monetária.

O mesmo se aplica na hipótese de ajuizamento de ação judicial para o reconhecimento de

união estável perante a Administração Pública Federal como incidente processual, na hipótese em

que o pedido principal da ação seja a concessão da pensão por morte.