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JORNAL DA AJURIS Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul Ano XIV Nº 269 Julho/agosto 2010 Somos Todos Mari Páginas 2 e 13 Justiça gaúcha recupera espaço no STJ Baile dos 66 anos da AJURIS Páginas 24 e 25 RS lança campanha Eleições Limpas Página 3 Páginas 14 e 15

Justiça gaúcha recupera espaço no STJ

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Page 1: Justiça gaúcha recupera espaço no STJ

JORNAL DA AJURISAssociação dos Juízes do Rio Grande do Sul

Ano XIV Nº 269Julho/agosto 2010

Somos Todos MariPáginas 2 e 13

Justiça gaúcha recupera espaço no STJ

Baile dos 66 anos da AJURISPáginas 24 e 25

RS lança campanha Eleições LimpasPágina 3

Páginas 14 e 15

Page 2: Justiça gaúcha recupera espaço no STJ

JORNAL DA AJURIS

Expediente

Associação dos Juízes do Rio Grande do SulPresidente: João Ricardo dos Santos CostaVice-presidente Administrativo: Benedito Felipe Rauen FilhoVice-presidente de Patrimônio e Finanças: Pio Giovani DreschVice-presidente Cultural: Dulce Ana Gomes OppitzVice-presidente Social: José Antônio Azambuja Flores

Jornal da AJURISEdição: Elaine Carrasco Reg. Prof. 7535Diretora de Comunicação: Maria Lucia Boutros Buchain Zoch RodriguesSubdiretor de Comunicação Social: Cláudio Luís MartinewskiConselho de Comunicação Social: Carlos Alberto Etcheverry, João Armando Bezerra Campos, Túlio de Oliveira Martins e Leoberto Narciso BrancherJornalista-chefe: Ivana Ritter Equipe de jornalismo: Carolina Grigol, Elaine Carrasco, Fabiana Betat e Maurício MacedoFoto da capa: Carolina GrigolEditoração eletrônica: Margit MelchiorsTiragem 2.000 exemplaresEndereço: Rua Celeste Gobbato, nº 81 – Praia de Belas – Porto Alegre/RS – CEP 90110-160 – Telefone: 51 3284-9100 Fax: 51 3284-9141E-mail: [email protected] – Site na Internet: www.ajuris.org.br

Editorial

título era esse, e a mensagem começava assim:“Mariana, minha caçula, ou simplesmente Mari,

tem 27 anos, é casada, formada em Direito e trabalha como assessora na Procuradoria do Estado em Santa Cruz do Sul. Ela teve uma recidiva da leucemia que a

acometeu no início do ano passado, está internada no Hospital Mãe de Deus e precisa de um transplante de medula óssea. A má notícia é que, fora do âmbito familiar, a probabilidade de encontrar um doador compatível é de uma em cem mil. A boa, é que este doador existe em algum lugar e nós vamos encontrá-lo.”

No final da tarde do domingo, 29 de agosto, o colega Breno Brasil Cuervo lançava, nas pastas públicas dos magistrados do Rio Grande do Sul, a senha desafiadora de uma grande operação de solidariedade, para a qual estamos todos convocados.

Em seguida, os colegas Gerson Martins da Silva, Fernando Vieira dos Santos e Juliano Rossi se manifestaram e sugeriram que se fizesse, no Curso de Atualização de Magistrados dos dias 1º a 3 de setembro, um cadastramento de doadores, em unidade móvel a ser levada para a Escola da Magistratura. Pouco depois, Carlos Eduardo Richinitti informava que o ônibus onde se fazia a coleta estaria na Expointer nesses dias, e sugeria que se buscasse um micro-ônibus para conduzir os colegas ao próprio Hemocentro.

Breno reservou cem atendimentos para os dias 1º e 2, o Tribunal de Justiça cedeu o ônibus, mas havia no ar um clima de ceticismo: não era esperar demais que juízes vindos de diversas comarcas do Estado se dispusessem a perder os pequenos intervalos do curso para irem de ônibus até o Partenon, e lá coletarem sangue para o cadastro de doadores?

Pois o ceticismo era infundado: mais de sessenta juízes e funcionários da Ajuris e da Escola da Magistratura se deslocaram de ônibus para o Hemocentro; contabilizadas também as pessoas que compareceram individualmente ao local, pronunciando o nome de Mariana, o número

ultrapassou os cem em dois dias. Outros tantos foram aos bancos da Santa Casa e do Hospital de Clínicas.

Enquanto isso, quase 3% da população de Santa Cruz compareceu, em dia de muita chuva, à unidade móvel que foi à cidade por iniciativa da família e amigos de Mari. Já há mobilização semelhante em Venâncio Aires e Rio Pardo. Em Porto Alegre, juízes e servidores do Foro do Partenon igualmente organizam uma ida ao Hemocentro.

Antes, ainda na terça-feira, 31 de agosto, os juízes e funcionários do Fórum de Carazinho, ao saberem da campanha, foram até a unidade móvel do Hemocentro de Passo Fundo, que estava na cidade, e no dia cadastrou mais de 300 doadores.

Recém iniciada, a campanha já obteve a adesão da Associação dos Magistrados Brasileiros e de várias associações estaduais de magistrados. Começa também a repercutir na imprensa, e Mariana recebe mensagens de apoio de diferentes lugares do Brasil.

Mas a luta recém inicia. A meta são cem mil doadores; a meta é um doador para Mariana. Como diz o cartaz de campanha, Minha cura pode estar em você. Mas a cura não é só de Mari, a solidariedade não é só para Mari: Mari é o nome e o rosto da nossa solidariedade, mas o cadastramento de cada um de nós representa também uma resposta solidária à esperança de tantas outras Maris, que aguardam pela medula escondida. (Veja como colaborar com a campanha na página 13)

- - - - - - - - - - - - - -Muito havia a registrar neste editorial: a

posse do Ministro Sanseverino, magistrado que alia conhecimento jurídico e sensibilidade social; a campanha Eleições Limpas – não vendo meu voto, organizada pela AMB em parceria com o TSE; as eleições da AMB; o importante parecer do colega Aymoré. Tudo está contemplado no jornal, mas não havia como deixar de falar de Mari.

Pio Giovani Dresch Vice-presidente de Patrimônio e Finanças

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JORNAL DA AJURIS

Juízes gaúchos promovem campanha Eleições Limpas

Magistrados estaduais se reunirão em Aracaju

A campanha Eleições Limpas – Não Vendo Meu Voto, coordenada no Rio Grande do Sul pela Associação dos Juízes (AJURIS), foi lançada no Estado no dia 2 de setembro. A iniciativa é desenvolvida nacionalmente pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Os juízes eleitorais gaúchos servirão de instrumento para a conscientização do eleitor sobre a importância de um pleito transparente, sendo incentivados a promover audiências públicas para informar a comunidade o que está na Lei Eleitoral. O presidente da AMB, Mozart Valadares Pires, destaca como atingir este objetivo: “Dizendo ao cidadão o que é possível, o que é e o que não é permitido pela legislação durante o processo eleitoral, e a quem ele pode se dirigir para denunciar aquele que está afrontando a Justiça Eleitoral e as suas regras”, explica.

A campanha Eleições Limpas também pretende combater o abuso do poder econômico, e as irregularidades no financiamento eleitoral, que comprometem a lisura do processo. “Temos de lutar por uma disputa igual, com as mesmas condições para todos os candidatos. E esperamos que o eleitorado repudie e denuncie, para ajudar na transparência

do pleito”, salienta Mozart.Em 3 de setembro, foi realizado o Dia Nacional das

Audiências Públicas. É a terceira vez que a AMB promove esta campanha. “Em 2008, foram mais de 1,5 mil audiências públicas espalhadas pelo País. A mobilização resultou num movimento popular que deu início à Lei da Ficha Limpa. Consideramos que este é um passo para moralizar a vida pública e a nossa democracia”, destaca o presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa.

“Queremos que a campanha passe pelas regiões Metropolitana, Norte, Central, Sul, Missões, Serra e Litoral”, afirma o assessor da Presidência da AJURIS, Rodrigo Bortoli, que coordena a mobilização no Estado.

O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, apresentou sua manifestação de esperança. “Estamos aprofundando a nossa democracia, e o povo brasileiro está aprendendo a votar. Essa nova conscientização do eleitorado, a meu ver, vai levar a uma qualificação maior dos integrantes do Congresso Nacional”, conclui o ministro.

Entre os dias 11 e 13 de novembro, a Magistratura estadual de todo o Brasil estará reunida em Aracaju (SE), para participar do IV Encontro Nacional de Juízes Estaduais (ENAJE). O evento, que este ano tem como tema central Justiça e o Desenvolvimento Sustentável, será realizado no Hotel Parque dos Coqueiros.

A expectativa da comissão organizadora é a de que magistrados de todos os Estados participem do encontro.“Além da qualidade de vida e da diversidade cultural que temos, não podemos deixar de destacar a hospitalidade do povo sergipano, que sempre encanta seus visitantes. Também estamos dedicando especial atenção à programação do evento, para que o IV ENAJE seja um momento de debate de temas jurídicos atuais, bem como uma excelente oportunidade para que os participantes conheçam nosso Estado e desfrutem do melhor que temos a oferecer”, afirma Marcelo Augusto Costa Campos, que integra a comissão organizadora do encontro.

O papel do Poder Judiciário no Desenvolvimento Sustentável

será o tema da palestra de abertura do IV ENAJE, que está a cargo do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cezar Peluso. Além dele, outros nomes de destaque já confirmaram presença. O painel Direito Eleitoral ficará a cargo do presidente do TSE, Ministro Ricardo Lewandowski.

No último dia, um show humorístico abre as atividades. Logo em seguida, o Ministro do STF Carlos Ayres Britto, que é sergipano, proferirá a palestra Ética, Justiça e Desenvolvimento Sustentável. No fim da manhã, está marcado o debate sobre Eleições AMB 2010. O jornalista Heraldo Pereira será o mediador.

As inscrições promocionais para o IV ENAJE estão disponíveis até o dia 30 de setembro. O valor é de R$ 300,00, que pode ser pago em até duas parcelas. Quem aproveitar a promoção ainda concorre ao sorteio de dois netbooks HP 1040 BR, que será feito em 5 de outubro, na sede da AMB, em Brasília. Mais informações no site www.amb.com.br/enaje.

Seminário Justiça Previdenciária - Os Rumos da

Previdência Pública Brasileira

Agende-se – 14 e 15 de outubro

Em parceria com a AJURIS, a AMB realizará o Seminário

Justiça Previdenciária - Os Rumos da Previdência Pública

Brasileira. O evento está marcado para os dias 14 e 15 de

outubro, no hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre.

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Eleições 2010 artazes e santinhos colados por todos os lados, cavaletes obstruindo passeios públicos, e o que é pior: eleitores recebendo incontável número

de mensagens pela internet. Para a magistrada Vera Lúcia Fritsch Feijó, acostumada à jurisdição eleitoral no interior, esta eleição é diferente por se tratar de disputa para escolha do presidente da República, governadores, deputados estaduais e federais. A ela coube o desafio de fiscalizar o pleito de 2010 com o poder de polícia que lhe é atribuído no exercício do cargo, de forma a reprimir de imediato qualquer ilegalidade constatada. “A penalização fica a cargo do TRE”, esclarece a magistrada.

InternetEntre as novidades apontadas

por Vera Lúcia está a permissão da propaganda pela internet, desde que sejam respeitados alguns limites. O candidato poderá dispor de site na internet, e o endereço tem de ser comunicado à Justiça Eleitoral, e deve estar hospedado em provedor estabelecido no Brasil. A propaganda também poderá ser veiculada em site do partido político ou coligação, por mensagens eletrônicas – desde que ofereça dispositivo para descadastramento, se assim o eleitor o desejar – e os endereços devem ser cadastrados individualmente. É proibida a compra, doação, ou cessão de cadastros.

Também está proibida a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, em sites de pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos) e oficiais, ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O responsável pela divulgação da propaganda e – quando comprovado seu prévio conhecimento – o beneficiário, ficam sujeitos à multa no valor de 5 mil a 30 mil reais.

A Justiça Eleitoral pode determinar a suspensão, por 24 horas, do acesso a todo conteúdo informativo dos sites da internet que deixarem de cumprir as disposições da Lei. Em caso de reiteração de conduta, é duplicado o período de suspensão. Deve ser informado no site,

O desafio de fiscalizar a propaganda eleitoral

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JORNAL DA AJURIS

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JORNAL DA AJURIS

que este se encontra temporariamente inoperante, por desobediência à legislação eleitoral.

Propaganda móvelAs placas móveis, cavaletes e bonecos

deverão ser retirados diariamente. Os materiais poderão ficar expostos das 6h às 22h. O candidato ou partido tem que ter uma infraestrutura que garanta esse recolhimento. “Quem deixar de recolher após o horário determinado, corre o risco de ser denunciado. E uma vez que isso aconteça, o material é recolhido e não mais devolvido”, adverte a magistrada, garantindo que já foram feitas reuniões com o DMLU, que estará responsável pelo recolhimento. As propagandas nos semáforos estão proibidas, devido ao risco de desviar a atenção dos motoristas.

Propaganda na imprensa escrita É permitida, até a antevéspera das

eleições, a divulgação paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet, do jornal impresso. O tamanho dos anúncios está limitado a 1/8 do jornal padrão, e ¼ de revista e tablóide no total do período e em até dez edições. Deve constar, de forma visível, o valor pago pela inserção.

Estão os responsáveis pelos veículos de divulgação e os partidos, coligações ou candidatos beneficiados, sujeitos

à multa de 1 mil a 10 mil reais, ou o equivalente ao valor da divulgação da propaganda paga, se este for maior.

Direito de respostaÉ l ivre a manifestação do

pensamento, mas é vedado o anonimato na campanha eleitoral realizada na internet.

É garantido o direito de resposta a candidato, partido ou coligação, quando atingidos – mesmo de forma indireta – em propaganda eleitoral na internet e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. Neste caso, a divulgação da resposta deve ser publicada no mesmo veículo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até 48 horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido. A resposta deve ficar disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva.

O responsável pela divulgação da propaganda e – quando comprovado seu prévio conhecimento – o beneficiário, ficam sujeitos à multa no valor de 5 mil a 30 mil reais.

Doação pela internetPessoas fís icas = 10% dos

rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição

Pessoas jur íd icas = 2% do faturamento bruto do ano anterior à eleição.

É exigido o recibo em formulário eletrônico.

O site pode conter mecanismo até mesmo para doação por cartão de crédito, sendo necessária a identificação do doador e a emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação.

EleitorAs mudanças na legislação eleitoral

também atingem o eleitor. A partir deste ano, é preciso apresentar o título com o documento de identidade com foto. Os dois documentos são obrigatórios. Quem perdeu o título, poderá solicitar um novo até o dia 23 de setembro.

A boa notícia é que quem pretenda viajar no período do pleito poderá votar, pelo menos, para presidente da República, caso esteja em outra capital do País. Para isso, basta se informar sobre as seções disponíveis na capital em que se encontrará, e solicitar pessoalmente, na sua seção eleitoral, que seja enviada autorização para o voto. Atenção: o procedimento só vale para a escolha do presidente, e para o eleitor que estiver em outra capital. Não vale para as cidades do interior.

O direito de votar na prisão“O primeiro pleito em que detentos temporários puderam votar, no Rio Grande

do Sul, foi em 2006. Como titular à época, da Zona Eleitoral 159, cuja abrangência territorial incluía o Presídio Central de Porto Alegre, coube a mim a tarefa de fiscalização. Um desafio e tanto, mas com a parceria de outras instituições, como o ministério Público, Susepe e Brigada Militar, tudo esteve a contento”, relembra o juiz eleitoral Ícaro Carvalho de Bem Osório.

O magistrado recorda que então a preocupação não era com a logística, já que a instalação das urnas com prévia criação das seções era um trabalho puramente burocrático. “Tratava-se da maior – e pior – casa prisional do Estado. Tenho fotos transitando lá dentro com colete à prova de balas, e sempre acompanhado de policiais militares”, conta o magistrado, dizendo que, para a sua surpresa e tranquilidade, tudo transcorreu de forma harmoniosa, com exemplar trabalho dos policiais militares na organização e condução dos presos votantes.

“Os presos que se manifestaram foram unânimes em aprovar a ideia. Sentiram-se valorizados, o que em tese contribui para a ressocialização, até porque eles não estão com seus direitos eleitorais suspensos, o que só acontece com decisão condenatória definitiva”, aprova o juiz, ressaltando que foi um episódio ímpar na sua carreira, e cuja lembrança guarda com orgulho.

A iniciativa será retomada este ano. Terão direito a voto os presos que não estão condenados e que se cadastraram no prazo. Somente no Presídio Central, 950 detentos estão aptos a votar.

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Juiz Ícaro Osório (C) em visita aos presídios em 2006

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JORNAL DA AJURIS

campanha Eleições Limpas originou-se do escândalo do mensalão. A falta de fiscalização permitia que aparecessem financiamentos injustificados, não comprovados, de que nem a Justiça Eleitoral tinha controle. É assim que Gervásio Santos, candidato

à sucessão na AMB, com apoio da AJURIS, fala sobre uma das mais importantes campanhas de conscientização na esfera eleitoral já realizada no País. “A proposta surgiu de uma preocupação da magistratura brasileira com a ética, não apenas legislativa, mas do Executivo e com o Judiciário também”, continua.

Em 2006, uma parceria com o TSE permitiu alterações no controle das contas dos candidatos , criando-se uma resolução específica sobre prestação de contas e impondo penalidades quando estas deixavam de ser apresentadas ou comprovadas. Este ano a criação da lei da Ficha Limpa, coroa com êxito a iniciativa.

“Uma entidade como a AMB, para que possa fazer a defesa de natureza corporativa, precisa galgar capital político que se adquire discutindo temas de natureza corporativa e os seus reflexos na sociedade”, alerta o candidato, explicando que quando

Candidato à sucessão na AMB visita AJURIS

se refere à expressão “capital político” está falando em credibilidade.

Na sua visita à AJURIS em julho deste ano, falou de alguns pontos que norteiam sua proposta para comandar a maior entidade de magistrados em solo brasileiro: a AMB.

Ele foi recepcionado pela Diretoria da AJURIS e cumpriu agenda em Porto Alegre durante dois dias.

A AJURIS“A AJURIS tem uma história que é reconhecida em todos

os recantos do Brasil.Quando se fala em magistratura independente e autonomia

do Judiciário, automaticamente remete-se à AJURIS. A associação é um ícone do associativismo brasileiro.

Esse papel de vanguarda deixou de ser ocupado nos últimos dois anos no cenário nacional e a eleição do João Ricardo tem, paulatinamente, recuperado essa posição. Diante disso não há como pensar um projeto novo sem pensar numa parceria com a magistratura gaúcha, e, posteriormente, com a própria AJURIS. Reconheço a importância desta entidade para o associativismo nacional”.

O TJRS“O Judiciário do RS, inclusive o TJ, é reconhecido como vanguardista. Muitas teses que se espalharam pelo País nasceram da criatividade

de magistrados gaúchos de todas as instâncias.

O TJRS tem reconhecimento nacional, como demonstra o fato de um de seus membros ter sido escolhido para compor o STJ”, disse referindo-se ao Ministro Sanseverino.

“É um Tribunal admirado pela magistratura brasileira pela forma ética e transparente com que são trabalhadas as questões relacionadas à jurisdição e à Administração”.

Propostas para o futuro“No nosso projeto,

a AJURIS ocupará uma posição central. Além da

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Gervásio apresenta propostas de campanha a magistrados

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presidência que vem regularmente sendo ocupada por magistrados gaúchos, a indicação para o cargo de secretário-geral sairá da entidade gaúcha. A Escola Nacional da Magistratura – ENM, que tem papel fundamental em discutir os temas acadêmicos de nosso interesse, também permanecerá sob a direção do desembargador Eládio Lecey, não só pela sua competência e experiência, mas como forma de prestigiar o próprio Estado. A proposta é aumentar a participação da Escola, dotá-la de mais condições para fazer um trabalho ainda mais amplo e garantir capilaridade necessária para fomentar o debate acadêmico no seio da magistratura”.

Projetos AJURIS e AMB“A retomada da luta pela Previdência Pública, é uma

questão importante e está diretamente relacionada com as prerrogativas da magistratura.

Assegurar uma aposentadoria integral ao magistrado é mais do que um benefício social, mas representa estabilidade na carreira, para que ele possa se dedicar com exclusividade à tarefa diária de julgar de forma independente, o que só se consegue com estabilidade.

Não se consegue trabalhar com absoluta independência quando existe a preocupação com o futuro.

Neste sentido, gostaríamos de aprofundar a parceria com os magistrados Eduardo Uhlein e Cláudio Martinewski, que vêm ocupando importante espaço no cenário da Justiça, falando sobre as questões previdenciárias”.

Autonomia das Justiças“É necessário garantir a autonomia das Justiças estaduais.

Para que esta autonomia financeira seja efetiva, é necessário que se faça um amplo debate sobre o orçamento dos Tribunais e sobre os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, como, por exemplo, para discutir as renúncias fiscais que são concedidas pelo Executivo Estadual. Toda vez que isso acontece, reflete na receita do Judiciário”.

Subsídio“O primeiro ponto é estabelecer uma política remuneratória

de médio e longo prazo para a magistratura brasileira. Hoje não temos a majoração. Precisa-se de uma data-base anual para a reposição das perdas.

Se temos o conceito de que o Poder Judiciário é nacional, temos que ter o mesmo tratamento. Hoje, 17

Estados têm estabelecido em lei que,

uma vez havendo majoração do ministro do STF, será aplicado automaticamente o reajuste aos tribunais de Estado; é a chamada automaticidade.

O CNJ diz que o Judiciário é nacional. Se é nacional, é nacional para o ônus, mas para o bônus também. A AMB tem que ser parceira e fazer ver o que o Rio Grande do Sul não pode ser discriminado em relação aos demais Estados”.

CNJ“Preciso destacar a luta da magistratura gaúcha e da

AMB, quando dirigida por Cláudio Baldino Maciel, para evitar a criação desse órgão. A AMB lutou um bom combate. Fez a luta no âmbito do parlamento, e uma vez aprovada a Emenda 45, que criou o CNJ, não se conformou com a derrota política e questionou a constitucionalidade do Conselho junto ao STF, que, por sua vez, acabou por rejeitar a tese defendida pela entidade nacional.

O fato é que ele – O CNJ - existe. A melhor forma de se lidar com isso é reconhecer que ele existe. Não é bom, não é ruim, mas cabe ao movimento associativo impetrar uma nova luta e tentar evitar que este órgão ultrapasse ou invada a jurisdição, e, mais ainda, lutar para que suas resoluções, recomendações e metas, sejam amplamente debatidas com a magistratura do Brasil.

O CNJ precisa democratizar-se internamente, sobretudo porque o Brasil é um país de muitas diversidades, e é impossível tratar questões de forma padronizada para realidades tão distintas”.

Unidade“O grande desafio é tentar garantir a unidade da

magistratura. Para isso não podemos ter nenhum tipo de preconceito. Por exemplo, em questões relacionadas à autonomia financeira do Judiciário, a AMB não pode prescindir da parceria e do diálogo com o Colégio de Presidentes”.

Quem é o candidato que tem o apoio da AJURIS? Gervásio Santos nasceu em São Luís (MA), formou-se na

universidade Federal do Maranhão, fez pós-graduação em Direito Civil na Universidade Estácio de Sá e em Direito Processual Civil na Universidade Federal de Pernambuco. Ingressou na magistratura em dezembro de 1991. É o atual presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), cumprindo o seu segundo mandato, e participou da diretoria da AMB na gestão de Rodrigo Colaço (2005/2007)

JORNAL DA AJURIS

TJRS

Gervásio em visita ao presidente do TJRS, Leo Lima

Page 8: Justiça gaúcha recupera espaço no STJ

JORNAL DA AJURIS

Uma série de reportagens foi inserida nos veículos de comunicação do Rio Grande do Sul e em nível nacional, nos últimos meses. Por intermédio da imprensa foram apresentados projetos do judiciário gaúcho. Magistrados também foram convidados a dar sua opinião sobre algumas iniciativas e temas polêmicos.

Em julho, dados de pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estiveram na pauta da mídia gaúcha do Estado. Os números comprovam a eficiência dos magistrados daqui. Segundo o estudo, em 2008, por exemplo, 89% dos novos casos que ingressaram no 1° grau e Juizados Especiais foram solucionados em até um ano. O levantamento mostra que o RS tem a menor taxa de congestionamento entre os grandes tribunais do país: 62,36%. O assunto foi destaque nos jornais e rádios dos grupos Bandeirantes, RBS, Record, Rede Pampa de Comunicação, e Grupo Sinos, além do Jornal do Comércio e emissoras da região metropolitana de Porto Alegre.

No mesmo período, uma equipe da Rede Globo veio conferir

Há nove anos seguidos no ar, o Sala de Audiência comemora a data com uma reformulação visual. A atração, produzida pelo Departamento de Comunicação da AJURIS, está com novo cenário e nova vinheta de abertura desde julho.

O cenário foi projetado por Carlos Camaquam, conhecido por desenhar para emissoras de televisão do Rio Grande do Sul. Já a vinheta e o design para créditos ficaram a cargo de profissionais da Produtora Lumiere.

Na estreia da nova identidade visual (25/07), o presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, apresentou dados de pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que aponta a Justiça gaúcha como uma das mais eficientes do país. Em agosto, estiveram em pauta os novos impasses nas relações humanas e, como consequência, no campo jurídico, com o uso das tecnologias de reprodução da vida; a resolução do Conselho Federal de Psicologia, que impedia a participação desses profissionais durante audiências com uso do Depoimento sem Dano (DSD); as práticas da Justiça Restaurativa, seus fundamentos, e a forma como se

Judiciário gaúcho é destaque na mídia

Sala de Audiência tem novo conceito visualdá o processo de responsabilização; a estruturação dos Juizados Especializados em Violência Doméstica e Familiar no Rio Grande do Sul e em todo o país; e, a mudança na relação de consumo a partir da nota técnica do Ministério da Justiça, que passou a considerar o aparelho celular um bem essencial.

O Sala de Audiência vai ao ar todo domingo , às 22 horas, na TVE. Acompanhe também pela TV Justiça, na Net e na Sky. A programação completa está no www.ajuris.org.br.

de perto o funcionamento do projeto Justiça para o Século 21, por meio das práticas da Justiça Restaurativa. A iniciativa, que recebe apoio do projeto Criança Esperança, foi apresentada no Jornal Hoje, no dia 26. Para assistir, acesse https://www.cwaclipping.net/res-vide-tv.php?cod=869746&tjrs=6075&cwa_loged=155. Uma outra equipe de televisão, que faz a produção de documentários para a Central Única das Favelas (CUFA), esteve em Porto Alegre para registrar o projeto. A reportagem está em http://www.repositoriodesonhos.com.br/webdocsesperanca/projeto-justi-a-para-o-s-culo-21#.

Magistrados, além disso, concederam entrevistas para o programa Domingo Espetacular da Rede Record, para o Jornal do Almoço na RBS TV, e para o Conversas Cruzadas da TVCOM, em agosto. O Judiciário gaúcho foi pauta também em pelo menos cinco edições do programa Faixa Especial, veiculado na Rádio Gaúcha aos domingos. Juízes participaram de debates no Polêmica, na mesma emissora.

A Oi informa que, por razões de ordem técnica, ocorreu interrupção do tráfego local e/ou interurbano das localidades:

Chuí – das 10h47min às 19h10min do dia 19/06/2010; Torres, Três Cachoeiras, Paraíso – das 09h42min às 11h33min

do dia 19/06/2010; São Pedro das Missões – das 10h39min às 13h20min do dia 23/06/2010; David Canabarro – das

05h37min às 11h34min do dia 22/06/2010. Sistema normalizado após ações de manutenção. A Oi informa que, por

razões de emergência, devido intempéries, ocorreu interrupção do tráfego local e/ou interurbano da localidade: Capivari

do Sul – das 16h15min às 19h06min do dia 23/06/2010. Sistema normalizado após ações de manutenção. A Oi informa

que, por razões de ordem técnica, ocorreu interrupção do tráfego celular nas localidades: São José do Sul – das

14h44min às 18h54min do dia 23/06/2010; Cachoeirinha – das 10h59min às 16h36min do dia 23/06/2010; Chiapetta

– das 13h47min às 17h31min do dia 23/06/2010; Nova Bassano – das 13h40min às 14h29min do dia 23/06/2010;

São Domingos do Sul – das 09h37min às 12h00min do dia 23/06/2010. Sistema normalizado após ações

de manutenção. Para todos os casos não houve meios alternativos para minimizar as conseqüências

advindas da interrupção. A Oi agradece a compreensão de seus clientes e comunica que as localidades já

se encontram com seus serviços plenamente restabelecidos.

COMUNICADO

Sindicato dosTr

abalhadores nas

Indústrias da Pur

ificaçãoe

Distribuição de

Água e em Serviços

de Esgotos do E

stado

do Rio Grande do

Sul - SINDIÁGUA

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EDITAL DE CONVOCAÇÃO

O Presidente do Sin

dicato dos Trabalh

adores nas Indús

trias de Purificaçã

o

Distribuição e Tratamento de Água e Esgoto

do Rio Grandedo Sul -

SINDIÁGUA-RS,

no uso de suas atribuições estatutá

rias vem convocar os

associados deste

Sindicato, integra

ntes da categoria

profissional e inte

ressados,

empregados da C

ompanhia Riogra

ndense de Sanea

mento –Corsan,

para uma

ASSEMBLÉIAGE

RALORDINÁRIA

, a realizar-se no

próximodia 30 de

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de 2010(quarta-

feira), às18hs em

primeiraconvoca

ção, e às18hs e 3

0min.,

em segundaconvoca

ção, tendo como

local o Auditório

do SINDIÁGUA-R

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localizado Travessa

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, 15º andar, com

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Justiça do RS é racional, diz Costa

TCE fará inspeção

na Casa Militar

‘Causos do ECA’ já

no final da inscrição

Aeronave da TAM evita colisão

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JORNAL DA AJURIS

Decisão inédita

m decisão unânime da 21ª Câmara Cível, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

(TJRS) condenou o principal envolvido no delito que resultou na morte da cadela Preta, em Pelotas, a pagar R$ 6.035,04 por danos morais coletivos.

O relator, desembargador Arminio José Abreu Lima da Rosa, avaliou que o caso envolve três dos requisitos que configuram o dano moral coletivo: agressão de conteúdo significante, sentimento de repulsa da coletividade, e fato danoso irreversível ou de difícil reparação. “Quando o apelado fala em ter de se mudar de Pelotas, ou não poder mais frequentar a Faculdade, está trazendo ao processo talvez a mais indicativa manifestação do dano extrapatrimonial coletivo: a expressiva agressão ao patrimônio coletivo e o consequente sentimento de repulsa”, observou Arminio no acórdão.

Segundo ele, os valores atingidos pela conduta do réu

Alberto Conceição da Cunha Neto d izem respeito “a um mínimo de padrão civilizatório, onde se inclui o respeito à vida, inclusive quanto a animais próximos às criaturas humanas, não se podendo aceitar infligir-se a eles tratamento cruel.”

O desembargador ressaltou ainda que a exibição pública da desintegração da cadela, apenas por diversão, foi o que chocou a comunidade, já que o animal era figura conhecida da população local. Mesmo que não fosse, afirmou Arminio, “a violência dos fatos ofende aos sentimentos de compaixão e de piedade.”

O relator também citou decisões da ministra Eliana Calmon, do STJ, e do TJRS, no sentido da possibilidade de configuração de dano moral coletivo. Os desembargadores Francisco José Moesch e Genaro José Baroni Borges acompanharam o voto de Arminio. O julgamento ocorreu no dia 11 de agosto.

Entenda o casoNa noite de 9 de março de 2005, uma cadela prenhe (conhecida pela comunidade pelotense como Preta), foi amarrada ao

para-choque do automóvel de Alberto Conceição da Cunha Neto e arrastada até a morte.O Ministério Público (MP) ingressou com uma Ação Civil Pública alegando que “a prática cruel e selvagem marcou o íntimo

de toda a coletividade”. Foi pedida a condenação do réu para o pagamento de R$ 6.035,04, por danos morais coletivos (referentes aos R$ 5 mil pagos pelos demais acusados, acrescidos de correção monetária), a serem revertidos ao Canil Municipal de Pelotas. A decisão de 1º Grau negou o pedido.

No recurso ao TJRS, o MP argumentou que o crime gerou uma forte comoção social, não apenas no âmbito local, mas também internacionalmente. Foi salientado ainda que a ocorrência de condenação criminal do réu não elimina a possibilidade de indenização.

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EMorte de animal gera

pagamento de danos morais coletivos

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JORNAL DA AJURISJORNAL DA AJURIS

Audiência pública discute viabilização de pagamentosComissão de Finanças da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Freder ico Antunes, real izou audiência pública no Plenarinho da

Casa para discutir a situação do pagamento dos precatórios. O juiz de Direito e diretor da AJURIS, Cláudio Martinewski, que está à frente do processo de conciliação criado pelo Judiciário, foi um dos convidados a compor a mesa, ao lado do representante do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Antônio Vinícius Amaro da Silveira. Também estiveram presentes os representantes do Ministério Público do Estado, da Procuradoria Geral do Estado, da Secretaria da Fazenda e da OAB/RS.

Em seu pronunciamento, Martinewski concordou que o processo de quitação dos precatórios está lento, embora o Rio Grande do Sul seja o segundo Estado, com Minas Gerais, que reiniciou os pagamentos após a Emenda Constitucional nº 62, editada no ano passado. “Os demais Estados ainda não conseguiram fazer as adequações exigidas”, afirmou o magistrado.

A EC 62 alterou o regime de pagamento dos precatórios e foi editada em dezembro do ano passado, dando 90 dias aos entes federados para providenciarem as mudanças. Entre elas, cada Estado precisa optar por uma forma de comprometimento de recursos. O RS optou por aplicar 1,5% da receita líquida.

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Precatórios

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O que diz a Emenda Constitucional nº 62/09

A Emenda Constitucional nº 62 alterou significativamente o regime de pagamento dos precatórios e provocou a paralisação das conciliações.

A nova Emenda instituiu um Regime Especial de pagamento, concedendo aos Estados, Municípios e Distrito Federal, duas opções de forma de pagamento, tendo o ERGS, por meio do Decreto n° 47.063, de 8/3/2010, feito a opção pelo pagamento por meio do comprometimento de 1,5% de sua receita líquida mensal, já tendo, até mesmo, depositado em conta à disposição do Poder Judiciário, aproximadamente 130 milhões, referentes aos meses de janeiro a junho.

Para o ano em curso estima-se que sejam disponibilizados entre 260 a 290 milhões.

Como devem ser utilizados esses recursos

Deste valor, determina a Constituição Federal que 50% deva ser utilizado para o pagamento dos precatórios em ordem cronológica de apresentação, de natureza alimentícia, respeitadas as preferências estabelecidas para os idosos (que tenham 60 anos de idade ou mais na data de expedição do precatório) e para os portadores de doenças graves.

Os outros 50% poderão, a critério dos entes federados, ser utilizados para pagamento por meio de:

a) leilãob) por acordo direto com credores, isto é, conciliação c) pagamentos dos precatórios em ordem crescente de valor.

Histórico dos pagamentos de menor valor

Desde 1999, o Estado fez apenas pequenos e esporádicos pagamentos. Em dezembro de 2008, após o ajuste fiscal efetuado em 2007, o ERGS teve condições de reiniciar os pagamentos, e quitou os 4.200 precatórios de pequeno valor, oriundos da Justiça Comum e da Justiça do Trabalho, com desembolso de aproximadamente 27 milhões.

Os pagamentos já iniciados

O Estado é um dos pioneiros na retomada dos pagamentos com base na nova ordem constitucional. Os pagamentos dos precatórios da ordem preferencial e cronológica já foram reiniciados em 5/7. Na Justiça Estadual, foram pagos 12 precatórios da ordem preferencial, e na Justiça do Trabalho foram pagos 25 precatórios, totalizando aproximadamente 1 milhão e 200 mil reais.

JORNAL DA AJURIS

Audiência pública discute viabilização de pagamentosEntenda melhorTambém foi necessário estabelecer uma

relação de troca de informações entre a Justiça Estadual, a Justiça Federal e a Justiça do Trabalho para, juntas, elaborarem uma lista única de pagamentos que, até então, cada Tribunal tinha a sua, individualmente.

Ficou definido que entre os valores destinados ao pagamento desse débito, 50% serão para os precatórios por ordem cronológica, de natureza alimentar, de forma a priorizar os idosos e as pessoas portadoras de doenças graves. Os outros 50% são os chamados pagamentos por ordem não cronológica, feitos por meio de leilão, acordos, e por ordem crescente de valores.

O assessor da presidência do Tribunal de Justiça gaúcho, Antônio Vinícius Amaro da Silveira, garantiu que o Judiciário é quem tem maior interesse em pagar efetivamente os precatórios. “É verdade que a coisa parece eminentemente burocrática”, admitiu o representante do TJ, lembrando que, de qualquer forma, a partir da EC 62 foi necessário parar para regulamentar os procedimentos e encontrar caminhos que viessem ao encontro das exigências feitas. “O Tribunal de Justiça ainda baixou, uma semana antes do CNJ, o ato normativo nº 25 que vai normatizar os procedimentos no Estado”, disse Vinícius.

A Resolução 115, assinada pelo CNJ no dia 2 de julho, deveria ter sido editada ainda em maio, o que não ocorreu diante da complexidade do tema. “O processo foi um pouco demorado, sim, mas não foi uma situação pontual no Rio Grande do Sul. A partir dele vamos ter condições de deixar o procedimento mais célere e efetivo, como todos nós desejamos”, finalizou.

Os participantes do debate foram unânimes em ressaltar que os pagamentos agora não são questão de governo, mas o cumprimento de uma determinação prevista em lei.

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Aposentadoria

AJURIS obteve uma vitória no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na primeira semana do mês de agosto. A decisão do CNJ a respeito do adicional compensatório contou com a importante colaboração do desembargador Aymoré Roque

Pottes de Mello, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJRS).

Elaborado por ele, um estudo aprofundado da matéria ajudou no esclarecimento da questão e teve caráter decisivo para o julgamento favorável. O presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, entregou o arrazoado ao ministro Gilson Dipp, que formulou um pedido de vista após o voto favorável do relator do processo, o conselheiro Marcelo Neves.

Com relação ao tema, o desembargador Aymoré explica que a Emenda Constitucional (EC) nº 20, de 1998, criou um novo regime previdenciário incorporando juízes, conselheiros dos Tribunais de Conta (TCs) e membros dos Ministérios Públicos (MPs). “De certa forma, a EC 20/98 acabou com o regime de aposentadoria diferenciada dessas três categorias, que estabelecia 30 anos de tempo de serviço, dentre os quais cinco anos de judicatura”, detalha.

Ao mesmo tempo em que uniformizou as regras de aposentadoria para o setor funcional público, a medida acabou dividindo-o em três contingentes distintos, atingindo também membros dos TCs, dos MPs e da magistratura. “Quem ingressou após a entrada em vigor da EC 20/98 já começou a trabalhar com as novas regras. Outros, que já tinham atingido o tempo estabelecido antes, permaneceram com o direito previdenciário. Mas, para um grupo intermediário, foi criado um regime de transição”, lembra.

Desta forma, para os membros homens do regime de transição, a EC 20/98 garantiu a incorporação de 17% como período compensatório (também chamado de tempo ficto) no tempo de serviço. “Ao elevar o tempo de contribuição dos magistrados de 30 para 35 anos, o legislador – através do artigo 8º, parágrafo 3º – conferiu o direito de computar este adicional

compensatório no tempo de serviço, efetivamente prestado até 16 de dezembro de 1998, para quem estava neste regime de transição”, esclarece Aymoré.

A tese central do parecer do desembargador gaúcho é de que o direito compensatório concedido, por não necessitar de regulamentação, teve incidência direta e imediata em 16.12.1998, exaurindo todos os seus efeitos e integrando-se, desde aquela data, ao patrimônio funcional dos juízes que estavam no regime de transição. Sendo assim, o desembargador afirma que a tese não entra em choque com a jurisprudência previdenciária do Supremo Tribunal Federal (STF), que só reconhece a existência de direitos previdenciários adquiridos na forma da lei ou da Súmula 359.

Em 2003, outra EC alterou novamente as regras com o jogo em andamento. A emenda 41/03 revogou o artigo 8º da EC 20, mas não afetou o direito concedido no parágrafo 3º, cuja incidência e exaurimento já havia ocorrido em 16.12.1998. “Assim, embora a emenda 41/03 tenha criado novas modalidades de aposentadoria voluntária para os juízes do regime de transição, o tempo compensatório incorporado na ficha funcional de cada um continuou valendo para atender às novas e rigorosas exigências previdenciárias”, garante.

Dois anos depois, a EC 47/05 criou mais uma hipótese de aposentadoria voluntária, com proventos integrais e com paridade, para o regime de transição (aqueles que ingressaram no serviço público até a publicação da EC 20, mas que não tinham cumprido todos os requisitos previdenciários para obter sua aposentadoria voluntária até 16.12.1998). Com base no total do seu tempo de serviço – que incluía o período compensatório de 17% obtido em 16.12.1998 –, um magistrado da Justiça do Trabalho pediu a sua aposentadoria.

Por razões de segurança jurídica, o Conselho da Justiça do Trabalho protocolou Pedido de Providências no CNJ. Em decisão unânime, o CNJ determinou que o tempo compensatório deve ser aplicado a todos os magistrados do sexo masculino que fazem parte do grupo do regime de transição da EC 20/98.

Estudo garante vitória da AJURIS no CNJ

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Locais de cadastramento para doação de medulaHemocentro da Capital: av. Bento Gonçalves, 3.722 - (51) 3336.6755Passo Fundo: av. Sete de Setembro, 1.055 - (54) 3311.5555Caxias do Sul: rua Ernesto Alves, 2.260 - (54) 3290.4576Santa Rosa: rua Boa Vista, 401 - (55) 3511.4343Pelotas: av. Bento Gonçalves, 4.569 - (53) 3222.3002Cruz Alta: rua Barão do Rio Branco, 1.445 - (55) 3326.3478Alegrete: rua Gen. Sampaio, 10 - (55) 3426.4127Santa Maria: Alameda Santiago do Chile, 35 – bairro N. S. de Lourdes - (55) 3221.5262Palmeira das Missões: rua Nassib Nassif esquina Gal. Osório, 351- (55) 3742.1480

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JORNAL DA AJURIS

dia 10 de agosto de 2010 ficou marcado como uma data especial para a magistratura gaúcha. Com a posse de Paulo de Tarso Vieira Sanseverino como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Poder Judiciário do Rio Grande do Sul começou a

recuperar um espaço institucional que já detinha no passado dentro do próprio STJ. “Fui o nome da vez, mas tenho certeza de que temos outros desembargadores no Tribunal de Justiça (TJRS) que também poderiam cumprir este papel”, afirmou o ministro com exclusividade para o Jornal da AJURIS.

“É um momento de profunda alegria para nós por termos, novamente, um representante do TJRS no STJ”, destaca o presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, que acompanhou a solenidade de posse, em Brasília. Em 13 de julho, a Associação e a Escola Superior da Magistratura (ESM) prestaram uma homenagem ao ministro, que reuniu várias autoridades no auditório da ESM.

Sanseverino passa a ser agora o único ministro do STJ oriundo do Tribunal gaúcho. Antes dele, Athos Gusmão Carneiro (1989-1994) e Ruy Rosado de Aguiar Júnior (1994-2003) também ocuparam o cargo, após deixar a Corte estadual.

Aos 51 anos de idade, o ministro, nascido na Capital, assume o posto mais alto da carreira de 24 anos como magistrado. Já chega com uma alta carga de trabalho. “Recebi 10 mil processos”, conta.

A prioridade inicial é analisar os processos mais antigos, que fazem parte da Meta 2 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Não apenas por isso, mas sim por respeito às partes é que quero analisar esses processos que vem desde 2005.”

Ele destaca as diferenças entre o TJRS – um tribunal de revisão – e o STJ, que é uma jurisdição especial. “Temos que identificar se o recurso que foi interposto aqui deve mesmo ser encaminhado como recurso especial, já que são hipóteses bem restritas, situações bem específicas para que isto ocorra”, explica.

O magistrado revela, no entanto, que ainda precisa de um tempo para se adaptar à nova função. “Fiquei 11 anos no TJRS. Lá, conhecia bem o sistema informatizado e o mecanismo de trabalho. Agora, por aqui, o período inicial é mais para a adaptação”. Sanseverino acrescenta que a estrutura do STJ é excelente, tanto na parte de pessoal, como de tecnologia. “Até o final deste ano já estarei totalmente adaptado”, garante.

Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (Pucrs), Sanseverino é mestre e doutor em Direito Privado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Magistrado de carreira desde 1986, exerce também o magistério na ESM da AJURIS, onde foi diretor no biênio 2006-2007.

A escolha do ministro gaúcho foi feita pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A nomeação saiu publicada no Diário Oficial da União de 27 de julho. Antes disso, ele passou por uma sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, no dia 7 do mesmo mês, quando foi aprovado.

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Justiça gaúcha recupera espaço no STJSanseverino concorreu ao cargo de ministro do STJ com

outros 48 integrantes de Tribunais de Justiça. Depois disso, integrou uma lista tríplice, que contava com os desembargadores Marcus Vinícius de Lacerda Costa, do TJ do Paraná, e Jones Figueiredo Alves, do TJ de Pernambuco.

Ao todo, o STJ conta, agora, com quatro ministros nascidos neste Estado. Além de Sanseverino, também são gaúchos os ministros Ary Pargendler (que assume a Presidência do STJ no dia 3 de setembro), Gilson Dipp e Fátima Nancy. O ministro Teori Zavaski é considerado um gaúcho “por opção”, já que nasceu em Santa Catarina.

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Homenagem prestada pela AJURIS e ESM

(Da esq/dir) João Ricardo, Leo Lima, Sanseverino e Vasco Della Giustina

Ministro Ari Pargendler cumprimenta Sanseverino

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JORNAL DA AJURISJORNAL DA AJURIS

Paulo de Tarso Vieira Sanseverino chega ao STJ para ocupar a vaga da ministra Denise Arruda, que se aposentou em abril. O gaúcho vai integrar a Terceira Turma, que compõe a Segunda Seção, responsável por julgar as demandas de direito privado. “É minha principal área de atuação, tanto na jurisdição, como também na minha formação acadêmica. Sou professor de Direito Civil, na área de contratos e responsabilidade civil, e nessa mesma área fiz o meu mestrado e o meu doutorado”, lembra.

O ministro considera o Poder Judiciário brasileiro como o melhor da América Latina. Isto porque os juízes são submetidos a um concurso público bastante difícil. “O ingresso na carreira da magistratura, mediante concurso público, é a garantia da nossa imparcialidade. O juiz brasileiro é extremamente independente, e isso é um dos pontos fundamentais para se ter um Judiciário de qualidade.”

Afirma, entretanto, que um dos principais problemas é a morosidade. “É a grande reclamação feita pela população, e com razão”. Na visão dele, algumas ações podem até demorar, em razão do alto grau de complexidade, mas a maioria delas não tem essa necessidade. “O sistema processual brasileiro prevê uma quantidade de recursos e instâncias sem sentido.”

Sanseverino ressalta, porém, que as medidas que vêm sendo tomadas nos últimos anos estão surtindo efeito. “Inclusive aqui no STJ, com os recursos repetitivos e também com o processo eletrônico, uma medida extremamente importante, pois agiliza a tramitação de todo processo, até mesmo internamente”, comenta.

Junto ao ministro gaúcho, o Pleno do STJ também empossou a ministra Maria Isabel Diniz Galloti Rodrigues, de 46 anos, que atuava como desembargadora federal desde 2001. Ela ingressou no lugar do ministro Fernando Gonçalves, também aposentado.

Na solenidade de posse, o presidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha, saudou a chegada dos novos colegas. “Oriundos de segmentos distintos do Judiciário, ambos trazem o conhecimento e a experiência que só detêm aqueles que, no exercício de uma função, doam-se de corpo, alma e espírito.”

Ministro vai julgar demandas de Direito Privado

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medicina moderna tem condições de oferecer melhores

resultados em seus tratamentos, hoje, em razão da

avançada tecnologia disponível para elaborar diagnósticos

com precocidade. É possível afirmar que as mais sérias doenças que

afetam as mulheres são totalmente passíveis de serem diagnosticadas

com tempo suficiente para que o tratamento tenha boa margem

de êxito. Não é diferente no que se refere ao universo das doenças

cardiovasculares, urológicas e neurológicas. Ganha relevância a

participação do paciente em seu tratamento ou na opção pela

terapia, de forma que quanto mais cuidadoso for o indivíduo com

sua saúde, mais simples e toleráveis serão os tratamentos postos a

sua disposição.

Nesta linha de pensamento, o DAS/AJURIS vem buscando

estabelecer parcerias com serviços médico-diagnósticos que

oportunizem aos seus associados prevenção, o que, somada uma vida

recheada de hábitos saudáveis como a abstenção de fumo, a prática

regular de exercícios, o controle da pressão arterial, sem descuidar do

lazer e da consulta periódica de seu médico, garantem uma vida com

qualidade a todos, por mais rigorosos que sejam os invernos.

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Ressarcimentos de Odontologia

Caro associado!

Racionalizando os exames odontológicos, lembramos que o DAS/AJURIS dispõe laboratórios credenciados, todos atendendo pelo valor da tabela de credenciamento. Para utilização basta apresentar a carteira de associado. Os

endereços encontram-se em nossa home page. www.ajuris.org.com/das.Direção do DAS/AJURIS

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m grande público se fez presente para acompanhar o Seminário pelo Fim da Violência contra a Mulher, promovido pela AJURIS. O

evento foi realizado no auditório da Escola Superior da Magistratura, no dia 13 de agosto, e contou com a presença da ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Política para as Mulheres, ligada à Presidência da República.

Na conferência de abertura, a ministra falou sobre as formas de implantação da Lei Maria da Penha no Brasil. Nilcéa também apresentou um panorama das iniciativas implantadas pelo Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mulher, que desde 2007 vem concentrando as ações em quatro eixos estratégicos. “O primeiro deles é a implementação da Lei Maria da Penha. Depois temos os direitos sexuais e reprodutivos, e o combate ao tráfico e à exploração sexual. Por fim, a promoção dos direitos humanos das mulheres que estão no sistema carcerário”, destaca.

A ministra salientou que, em apenas três anos, o pacto conseguiu ampliar os serviços de atendimento às vítimas de violência. “Atualmente, são 901 centros espalhados pelo País”. Nilcéa contou também que 22 Estados já firmaram o pacto com o governo federal, e outros dois estão em processo de adesão. Segundo ela, o Rio Grande do Sul é um dos três que ainda não manifestou intenção de fazer um convênio com a União.

O presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, ressaltou a importância de que o Poder Judiciário crie as estruturas necessárias para dar conta da necessidade crescente no combate. “Temos audiências em Porto Alegre que já estão sendo marcadas para abril de 2012. Até lá, a violência continua acontecendo e uma situação extrema poderá ter se consolidado”, comenta.

Para mobilizar a sociedade no combate ao problema, a AJURIS coordena o Fórum Permanente pelo Fim da Violência contra a Mulher, que envolve entidades e a sociedade civil. A iniciativa foi saudada pela conselheira Morgana Richa, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Precisamos trabalhar em rede, pois a violência contra a mulher é um círculo vicioso que se repete em escala”. A conselheira destacou ainda que o volume de ações é grande. Somente no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre existem 13 mil processos em andamento.

Fórum se reúne com Presidência do TJRS

Pouco antes do início do seminário, o Fórum Permanente pelo Fim da Violência contra a Mulher fez uma visita ao Tribunal de Justiça (TJRS). A audiência foi com o 1º

vice-presidente do TJRS, desembargador José Aquino Flôres de Camargo, que estava no exercício da Presidência. O encontro teve como objetivo reivindicar melhorias na estrutura do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

Atualmente, o Juizado conta com apenas dois magistrados e cinco servidores, para atender a 13 mil processos. O diretor do Departamento de Promoção da Cidadania e de Direitos Humanos da AJURIS, Roberto Arriada Lorea, informou que sete mil deles ingressaram somente neste ano. “Temos 2.293 audiências marcadas, sendo a mais distante para o dia 26 de abril de 2012”, afirma.

Além dele, atua no Juizado a magistrada Madgéli Franz Machado, que também participou da audiência. A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Política para as Mulheres, ligada à Presidência da República, acompanhou a audiência, que teve ainda a presença do presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, e do assessor da Presidência, Eugênio Couto Terra.

O desembargador Aquino lembrou que o TJRS enfrenta dificuldades orçamentárias e carência de servidores. Prometeu, no entanto, procurar soluções para melhorar o funcionamento do juizado.

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Violência contra a mulher é tema de seminário

Ministra Nilcea foi uma das palestrantes do evento

Presidente da AJURIS abriu as atividades

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Seminário

solução dos conflitos pelo diálogo. A proposta da Justiça Restaurativa (JR) reuniu juristas, psicólogos, educadores e pessoas

envolvidas em projetos de cidadania e justiça no Seminário Internacional Brasil/Canadá. O evento, com o tema “Justiça Restaurativa, Inovação e Desenvolvimento”, foi realizado no auditório do Ministério Público, em Porto Alegre.

As professoras e doutoras Brenda Morrison e Elizabeth Elliot, ambas canadenses, e o professor e doutor João Salm, brasileiro que gerencia um projeto intercultural com esse foco em Vancouver, foram os conferencistas. Os pesquisadores atuam no Centro de Justiça Restaurativa (Centre for Restorative Justices/ CRJ) da Escola de Criminologia da Universidade de Simon Fraser, em Burnaby, no Canadá.

Reparação pelo diálogoPara Elizabeth Elliot, a maneira

saudável de se agir de acordo com princípios e valores justos é pensar nas relações pessoais, em não magoar os outros, pela emoção. “A Justiça Restaurativa é feita de emoções. O que se sabe é que quando as pessoas se movem por ameaças, ou pelo medo da punição, muito pouco é construído para reparar o dano causado, pelo contrário, se busca relativizar, diminuir o que foi feito. Por isso, a JR propõe algo diferente: a reparação não pela dor do agressor, mas pelo diálogo”, destacou.

A agente social e professora, que trabalha há 30 anos com Justiça

Criminal, principalmente no contexto de prisões e tribunais, falou sobre Justiça Restaurativa e Capital Social: por que a Justiça Restaurativa é positiva para sociedades democráticas? A plateia, cerca de 500 pessoas, acompanhou ainda um vídeo produzido pelo CRJ do Canadá.

Depois, foi a vez do pesquisador brasileiro João Salm iniciar o debate sobre A Justiça Restaurativa e as organizações. “A JR é múltipla. Prevê a responsabilização e o envolvimento de todas as pessoas atingidas pelo conflito, na busca de uma solução”, reforçou.

Justiça Restaurativa ultrapassa a fronteira brasileira “Todos podem participar, o Judiciário é

apenas uma dessas instituições.” Salm é o segundo participante do programa Interamericano de Educação para Valores e Práticas Democráticas do Departamento de Educação e Cultura da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.

A Justiça Restaurativa e o bullying

A pesquisadora Brenda Morrison falou sobre a Justiça Restaurativa e Escolas. Para Brenda, as práticas podem ser aplicadas nas escolas, até mesmo para a solução de um dos problemas que tem preocupado educadores atualmente: o bullying. “Postura agressiva, baixa autoestima, isolamento... todas as características que podem pertencer tanto ao agressor quanto à vítima são aspectos trabalhados com base na teoria da justiça restaurativa”, esclareceu.

Brenda Morrison é educadora e trabalha tentando engajar os jovens a processos de cidadania. A professora falou ainda sobre Anomia, Justiça e Desenho Institucional: Justiça Restaurativa como uma alavanca da comunidade no Brasil. “A Justiça pertence aos tribunais, mas pertence também às nossas casas, às nossas comunidades, às nossas escolas.”

O coordenador do Núcleo de Estudos sobre Justiça Restaurativa da Escola Superior da Magistratura da AJURIS, o juiz de Direito Leoberto Narciso Brancher, o procurador de Justiça Afonso Armando Konzen, que é coordenador do projeto Justiça Para o Século 21, e a juíza de Direito da Infância e Juventude, Vera Deboni, uma das incentivadoras das práticas restaurativas por meio do programa Justiça Instantânea, também estavam no evento.

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os cenários angustiantes das guerras, onde a estratégia militar poderia representar a vitória sobre o inimigo, é que se deu origem ao que hoje conhecemos como planejamento estratégico, é claro, depois de passar por uma série de refinamentos.

“O Planejamento Estratégico direciona a tomada de decisões administrativas garantindo objetividade e transparência dos escopos da instituição, propicia o alinhamento institucional e a continuidade administrativa”, define a juíza Eliane Nogueira, que que integra o Comitê Diretivo do Planejamento Estratégico do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, com o juiz assessor da Presidência, Antonio Vinícius Amaro da Silveira.

“Não há mais espaço para a descontinuidade administrativa no âmbito dos Tribunais. A mudança bienal da alta administração sem um planejamento a longo prazo, claro e de conhecimento de toda a organização, dá margem aos “pessoalismos” e estabelecimento de prioridades conforme a vontade do administrador, situação incompatível com os anseios atuais da sociedade”, explica a magistrada.

O Planejamento Estratégico também tem especial relevância na vivificação da eficiência administrativa proposta pela Constituição Federal, e alicerça a administração num modelo racional-legal. “Assim, se eficiência é fazer o melhor, ao melhor custo, e tendo em vista a satisfação do administrado/usuário, o planejamento estratégico permite a visualização dessa postura administrativa, apresenta objetivos, metas e indicadores que oportunizarão a observância do cumprimento do preceito constitucional”, continua.

Resumindo, o Planejamento Estratégico seria o processo de elaboração da estratégia, na qual se definiria a relação entre a organização e o ambiente interno e externo, bem como os objetivos organizacionais.

O início do processo

Concretamente, a Modernização da Gestão do Tribunal iniciou em 2008, com a colaboração do Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial , consistente no fornecimento dos instrumentos necessários à viabilização de resultados expressivos, tais como um ganho de R$ 20 milhões por meio do Gerenciamento Matricial de Receitas e

Planejamento Estratégico

TJ/RS define sua gestão para os próximos cinco anos

do Gerenciamento Matricial das Despesas, que contou com o engajamento e colaboração dos magistrados e servidores na redução de despesas e aumento de receitas variadas.

Foi o acompanhamento dos serviços judiciários mediante o Gerenciamento Matricial dos Serviços Judiciários que possibilitou a real visualização da máquina jurisdicional, apontando deficiências e acertos, o que permite a projeção de ações e a definição de projetos mais eficazes por parte da Corregedoria, influenciando diretamente no aumento da vazão processual (processos iniciados X processos finalizados). Em janeiro de 2009, a vazão processual do Estado era de 86%, e em junho de 2010, data da última medição, a vazão já era de 107%

Envolvimento de servidores e magistrados

Desde o início do processo de formatação do Planejamento Estratégico, houve a preocupação do Tribunal de Justiça em possibilitar a participação dos magistrados e servidores, com o intuito de espelhar a percepção e a escolha dos seus integrantes. Dessa maneira, o processo iniciou com um exercício de Reflexão Estratégica, que foi feito por meio de consultas on-line abertas à participação de todos os magistrados e servidores. Nesta etapa foram coletadas 2.729 colaborações. Este exercício também foi estendido a instituições de suma importância na administração

da justiça, como a própria AJURIS, a OAB, a PGE, o Ministério Público, e a Defensoria Pública. Para

coletar a visão da sociedade acerca do Poder Judiciário, foi utilizada a Pesquisa de Satisfação

com a Sociedade, realizada em 2009, quando foram entrevistadas 1.800 pessoas.

Todas essas contribuições foram compiladas e sistematizadas em 462 pontos relevantes. Abordando estes pontos, foram definidos 13 Objetivos Estratégicos, desdobrados em 53 Linhas de Atuação que constituem o Mapa Estratégico do TJRS para os próximos cinco anos, que foi aprovado pelo Órgão Especial em 22 fevereiro de 2010.

O Mapa é o instrumento de planejamento e comunicação

que estabelece os objetivos estratégicos do TJRS e suas

Linhas de Atuação para os próximos cinco

anos.

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Eventos

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O juiz de Direito Mauro Caum Gonçalves foi o brasileiro indicado pela Rede Ibero-Americana de Juízes (REDIJ), para missão de observação no país da América Central. O estudo avaliou a independência judicial de Honduras.

Mauro Caum, que é um dos diretores do Departamento de Promoção da Cidadania e de Direitos Humanos da AJURIS, também atua como membro conselheiro do Brasil na REDIJ. Enquanto esteve em Honduras, o magistrado gaúcho ouviu representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além de integrantes da sociedade civil organizada.

O país passou, em 2009, por uma crise política. Tudo começou quando o então presidente Manuel Zelaya propôs a realização de uma consulta popular, simultânea com as eleições – previstas para novembro do ano passado –, para decidir sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte. A intenção era fazer uma reforma que permitisse a

Alvorada - palestra sobre o bullying O juiz José Pedro de Oliveira Eckert, da 2ª Vara Criminal de Alvorada, participou da 1ª Semana do Projeto Educar, realizado pelo

Comitê de Voluntariado da Empresa Gerdau durante o mês de julho, apresentando a palestra Conversando sobre o Bullying. Fizeram parte do evento educadores de 13 escolas da rede pública estadual e de uma escola da rede marista, voluntários

da Gerdau, ONG Parceiros Voluntários, entre outros.

Caxias do Sul - Juiz participa de fiscalização em casas de internação de jovens infratores

O juiz Sérgio Fusquine Gonçalves, da Vara da Infância e Juventude de Caxias do Sul, está participando de um projeto-piloto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre as instituições de privação de liberdade de todo o País. O objetivo é verificar a situação dos jovens que cumprem medida de internação.

O trabalho é realizado com base em visitas às casas de internação, juizados e cartórios, quando é feita a análise de todos os processos. Os diretores das instituições também são entrevistados, com a finalidade de coletar dados. Ao término de cada visita, é apresentado relatório descritivo ao CNJ.

Magistrado gaúcho representa o Brasil em Honduras

reeleição em Honduras, o que é proibido pela Constituição hondurenha.

A situação passou a ser tratada como golpe militar quando, ao cumprir mandado de prisão emitido pelo Poder Judiciário, o Exército levou Zelaya para o exílio na Costa Rica. Por se posicionarem contra o que entendiam ser um golpe de Estado, magistrados foram perseguidos e afastados dos cargos.

As audiências foram realizadas nas cidades de Tegucigalpa e San Pedro Sula. A análise da observação, que estuda a violação de possíveis garantias do cidadão e também judiciais já foi entregue por meio de comunicado, e se encontra disponível no site da AJURIS (www.ajuris.org.br).

A missão foi realizada em conjunto com o juiz chileno Daniel Urrutia, que é coordenador da Rede Ibero-Americana de Juízes.

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A 10ª Coordenadoria da AJURIS, em Cruz Alta, promoveu reunião festiva no dia 30 de julho, no Salão de Festas do Foro, ocasião em que se realizava a 30ª Coxilha Nativista no município. Sob o comando do juiz Juliano Rossi, durante a reunião que debateu temas de interesse da magistratura, foi servido um delicioso café colonial.

Estiveram presentes os magistrados de Cruz Alta Fabiane da Silva Mocellin; Andrea Hoch Cenne; Fernanda de Melo Abicht e Ricardo Luiz da Costa Tjader; de Esteio, Jocelaine Teixeira, e de Santa Maria, Rafael Pagnon. A AJURIS foi representada no evento pelo diretor do Departamento de Coordenadorias da entidade, Assis Leandro Machado.

Interior

Cooperativa João-de-Barro é tema de pesquisa científicaA experiência da Cooperativa João-de-Barro, que proporciona trabalho e

renda a egressos dos sistemas socioeducativo e prisional dos municípios de Pedro Osório e Cerrito (RS) e integra o Projeto Trabalho para a Vida, da Corregedoria-Geral da Justiça do Rio Grande do Sul, serviu de objeto de pesquisa científica para dissertação de mestrado em Política Social da Universidade Católica de Pelotas.

A pesquisa centrou-se no estudo do cooperativismo como alternativa de reinserção social para os egressos do sistema prisional, utilizando-se de um case da Cooperativa Social Mista de Trabalhadores João-de-Barro (Cootrajoba).

Além de examinar as contradições históricas entre a sociedade livre e o universo prisional, a investigação destaca o papel decisivo que a Cooperativa ocupa no retorno à vida em liberdade de seus sócios, conferindo-lhes uma nova identidade.

De autoria da assistente social Suleima Gomes Bredow, o trabalho, intitulado “Cooperativismo no Processo de Reinserção Social de Ex-Apenados: Estudo de Caso da Cooperativa Social Mista de Trabalhadores João-de-Barro”, pode ser encontrado na página da Universidade Católica de Pelotas na internet (www.ucpel.tche.br/mps/dissertacoes/Dissertacao_Suleima_Gomes_Bredow.pdf).

O projeto foi coordenado pelo magistrado Marcelo Malizia Cabral até o ano de 2007, passando, depois, seu gerenciamento, ao Conselho da Comunidade de Pedro Osório e Cerrito.

Homenagem em Tramandaí O juiz da Infância e Juventude de Tramandaí, Emerson Silveira Mota, foi homenageado pela Secretaria Municipal de Educação

e pelo Departamento de Cultura do município, durante a 2ª Semana Cultural, realizada em Imbé.O magistrado tem realizado palestras para estudantes, conscientizando-os sobre os direitos e os deveres dos cidadãos.

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Cidadão honorário de Dom PedritoO subdiretor de Comunicação Social e de Previdência da AJURIS, Cláudio Luís Martinewski, será homenageado pela Câmara de

Vereadores de Dom Pedrito no dia 29 de outubro. O Legislativo Municipal concederá o título de Cidadão Pedritense Honorário ao magistrado, pelos serviços prestados à comunidade.

Martinewski foi juiz da única Vara da cidade entre os anos de 1993 e 1997. “É uma grande satisfação ser distinguido com esta honraria”, diz.

Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Direito da PUC-RS, em 1985, dois anos depois Martinewski ingressou como Pretor e, posteriormente, como juiz de Direito, no Poder Judiciário do Rio Grande do Sul.

(Da esq/dir) Ricardo Tjader, Fernanda Abicht, Assis Machado e Rafael Pagnon

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10ª Coordenadoria faz reunião festiva

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á faz tempo que não dou uma passada aqui na esquina – termo que algum colega em tarde feliz cunhou -, mas agora retorno num tema a que chamam futebol,

mas sempre o tive como metafísica. Aliás, uma das melhores frases que já li diz isso: “Dizem que o futebol é uma questão de vida ou morte. Mentira. É muito mais do que isso!”.

Quero contar aos amigos que venho de uma família de sete irmãos. Cinco meninos e duas meninas. O menino mais velho, topo da escadinha, tem 41 anos.. O caçula, rapa do tacho, topa seu dedão nas pedras do seu caminho moleque de dois anos.

Pois bem. Dos sete, só eu saí gremista. Na verdade, huhum, é...., huhum, ... pois é.... confesso, nascido vermelho. Não tive como escolher.... Lembro até hoje do buzinaço do

Fábio Vieira Heerdt Juiz de Direito

MEU TESOURO TEM DEZ ANOS

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octacampeonato de 1976, São Borja, o Inter, e o Grêmio daquela época, não poderiam almejar nada maior... Mas, logo que pude escolher, escolhi o tricolor. Isso aconteceu naturalmente.. Nunca me identifiquei com o vermelho. Curiosamente, percebi que jamais tinha escolhido uma peça sequer – nem gravata – da cor rubra. Então, chegado à capital, fui estudar no Anchieta. Passava a semana na casa de meus tios – José Sperb Sanseverino e Maria Teresa Sanseverino. Convivia então com meus primos, inclusive o Polenta, hoje ministro. O ano era 1980. Não demorou, bati no peito e disse: sou gremista!!! 1981, Grêmio campeão, 1982, Grêmio vice-campeão (roubado), 1983, campeão. Etc.

Meu pai nunca me perdoou. Até ficar velho e aprender que logo tinha que aprender a ser tolerante, pois a hora

descerebrado por estar odiando viver aquele momento.

Termino.Hoje, estudando português com

Júlia, usei um exemplo com nosso time do coração. Disse algo como “o Grêmio vai ser campeão.” Estudávamos o futuro do presente do indicativo. E ela, em sua sabedoria própria de quem vive o amor no coração minuto a minuto, me corrigiu prontamente: “Pai, acho que estás caduco: o Grêmio já é campeão.”

Sabem o que é mais curioso nessa história, amigos? Eu jamais disse para minha filha que ela teria que ser gremista. Eu sei o que é viver numa família em que só existem colorados. Mas, por outro lado, todos os colorados da família sempre tentaram convencê-la a vestir a bela camisa vermelha.

Há duas semanas, na casa de minha mãe, mexendo nos discos de vinil, achei um compacto com músicas do Grêmio campeão do mundo de 1983. Compacto, lembram? Rotação 78...!!?? Tomei nas mãos o disquinho arranhado e empoeirado que tanto tinha escutado naqueles anos em que não tinha ainda “bailado na curva”. Os olhos marejaram, a Júlia percebeu. Então ela me disse algo que só cabia mesmo na poesia pueril e sincera dos seus dez anos; algo que jamais alguém poderia infligir a um coração já decidido; algo que vai além do futebol...:

“Pai, isso pra ti é um tesouro, né?!.”

Sentindo-se cúmplice do meu gremismo, como se tivesse aberto uma janela do meu passado e me surpreendido aos doze anos com um radinho colado ao ouvido, escondido, para que ninguém ouvisse que eu ouvia um jogo do Grêmio, ela esperou que eu respondesse: “Sim!”. Mas a resposta foi:

“Não, filha. Tu és meu único tesouro”.

Mas esta não é uma história sobre futebol, gremismo ou coloradismo. Esta não é uma história sobre metafísica.

Esta é uma história sobre a infinita capacidade de amar que só as crianças têm.

de viver é agora... A hora de dizer “eu te amo” ainda pode não ter passado. Isso ocorreu há um mês. Viajamos juntos e, depois de um cabernet sauvignon, eu brinquei, com o velho e com meus irmãos: “Puxa, vocês não têm pena de mim, 30 anos indo sozinho ao Olímpico, sem companhia, sem ninguém para abraçar!!??”. Vi o rosto granítico do velho, imóvel, e de sua boca ouvi uma sentença tipicamente germânica: “A opção foi tua”! Mas depois veio uma mensagem terna: “Porém, meu filho, eu sofria muito para que tu pudesses ser feliz com tua opção, para que tu encontrasses força para, sozinho, torcer pelo teu time.” Aí, amigos, eu pensei, sim, isso é a vida, a tolerância e o amor, talvez nada mais de sublime supere isso.

Não quero cansá-los. Esta ladainha ruvinhosa é só para contar que, nestes dias obscuros para nós gremistas, tenho recebido o apoio mais carinhoso que poderia esperar: de minha filha Júlia, luz da minha vida, gremista como eu até a raiz de seus lindos cabelos cor de mel. Disse a ela, em desabafo: “Filha, no dia do jogo do Inter, vamos ao cinema bem no horário? Não vamos ouvir fogos, buzinas, vai ser ótimo!” Disse de galhofa e esqueci. De tarde, estou no Foro Central, toca o celular: “Oi, pai, é a Ju. Não esqueceste, né?” “Não esqueci o que filhota?” “Ora, o que! Que hoje vamos ao cinema. Eu também não quero ver o jogo dos moranguinhos”. Bom. Aí não preciso contar que renasceu o Iúra, o Renato, o Dinho, dentro desse maltratado coração tricolor e devolvi: “Claro que não, filha, como eu ia esquecer!?”. E vamos jantar no Apple Bees, e jogar no Megazone. E vai ser uma noite ótima.

Foi uma noite maravilhosa. Saímos do shopping no exato

momento em que o juiz apitou o fim do jogo. Ouvia-se, do Barrashopping Sul, a torcida colorada ensandecida. Fogos espoucavam no breu do céu estrelado da zona sul de Porto Alegre. Júlia compreendeu, em seu enternecimento infantil: “Pai, não fica chateado. Fogos não têm time. Todos são bonitos”. Tive que concordar, me senti um

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66 anos da AJURIS

Aniversário é comemorado com jantar e baile

AJURIS festejou seu aniversário com um baile, na noite de 27 de agosto, realizado no Salão Mercosul do Hotel Sheraton, em Porto Alegre. Animado pelo DJ Pedro Salli Martins, que abriu a seleção musical com New York,

New York, na voz do cantor Frank Sinatra, a festividade entrou madrugada adentro, mesclando diferentes ritmos musicais. O evento marcou os 66 anos da AJURIS, que foi fundada no dia 11 de agosto de 1944.

Antes do baile ter início, foi servido um jantar. Em seguida, o presidente João Ricardo dos Santos Costa, o vice-presidente Social, José Antônio Azambuja Flores, e a diretora Social, Eliziana da Silveira Perez, realizaram o sorteio de brindes entre os participantes. Os premiados foram: o subdiretor dos Departamentos de Comunicação Social e da Previdência da AJURIS, Cláudio Luís Martinewski, que recebeu uma cesta oferecida pelo Sicredi; o juiz João Sedinei Ruaro, que ganhou uma viagem para Montevidéu, no Uruguai (cortesia da agência Demun Viagens e Turismo); e o desembargador Jorge Maraschin dos Santos, agraciado com um jantar no Sheraton. Depois disso, Diretoria, associados e convidados cantaram o tradicional Parabéns a Você.

O desembargador Túlio de Oliveira Martins representou o presidente do Tribunal de Justiça (TJRS), Leo Lima. Também estiveram presentes no evento os vice-presidentes Administrativo, Benedito Felipe Rauen Filho, de Patrimônio e Finanças, Pio Giovani Dresch, e Cultural, Dulce Ana Gomes Oppitz, e o presidente da OAB/RS, Cláudio Lamachia.

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As dificuldades de comunicação e transporte marcaram a primeira metade do século XX no Rio Grande do Sul. As longas distâncias territoriais impediam a maior integração entre os magistrados gaúchos.

Neste cenário, surgiu a ideia de fundação de uma entidade que pudesse superar esses entraves, e criar um sentimento de classe dentro da Magistratura do Estado.

Com este objetivo, na tarde chuvosa do dia 11 de agosto de 1944, desembargadores do Tribunal de Justiça e juízes do Foro de Porto Alegre se reuniram, no Palácio da Justiça, na Capital.

Foi nesta data especial – em que tradicionalmente se comemora a instalação dos primeiros cursos jurídicos no País (em 1827) – que foi fundada a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS). A escolha do primeiro presidente, o desembargador João Solon Macedônia Soares, ocorreu pouco mais de um mês depois, em 20 de setembro de 1944, quando se realizou a assembleia que oficializou a criação da entidade.

Além de promover a integração da Magistratura gaúcha como classe, a AJURIS tem como obrigação zelar pela afirmação das garantias constitucionais e visar a formação e o aprimoramento profissional, bem como prestar assistência aos associados.

A obra do historiador Gunter Axt, AJURIS - 60 anos: o fazer-se da magistratura gaúcha, conta em detalhes este período de fundação da entidade. O livro está disponível na Biblioteca da Escola Superior da Magistratura (ESM).

“Em 66 anos de existência, o permanente e grande desafio de uma gestão é manter a expressão e a importância institucional da AJURIS, construída pela soma de todas as gestões que nos antecederam”, salienta João Ricardo dos Santos Costa, 32º presidente da história da Associação.

Um instrumento de integração da Magistratura gaúcha

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Jantar dos Aposentados reúne mais de 80

convidadosO Departamento de Aposentados da AJURIS realizou jantar

de confraternização no começo do mês de agosto. O evento reuniu cerca de 80 convidados no restaurante Panorama, na Pontifícia Universidade Católica - PUCRS, em Porto Alegre.

“Nem o frio, nem o jogo do Inter e o debate dos presidenciáveis na televisão, conseguiu tirar o brilho do evento”, brinca o diretor Luiz Gaspar Beck da Silva.

Após o jantar, o presidente da AJURIS, João Ricardo dos Santos Costa, apresentou um relato das atividades da entidade e parabenizou Gaspar pela excelente recepção aos convidados.

Sanseverino prestigia coquetel do Departamento

de Pensionistas O coquetel em

comemoração aos 19 anos do Departamento de Pensionistas da AJURIS, contou com a presença ilustre do ministro do STJ, Paulo de Tarso Sanseverino. O ministro fez um

pronunciamento e mencionou a AJURIS, agradecendo a mobilização do presidente João Ricardo dos Santos Costa no meio político, empresarial e sindical por ocasião da sua indicação ao STJ.

Ele também ressaltou o empenho dos desembargadores Leo Lima, presidente do Tribunal de

Justiça, e Vasco Della Giustina, convocado do STJ. “Essa vitória não é só minha, ela é institucional, do Rio Grande do Sul”, concluiu.

Em nome da AJURIS, o presidente da entidade, João Ricardo dos Santos Costa, enfatizou que a nomeação de Sanseverino é fruto do empenho de todos os setores da sociedade, e também de todo o meio jurídico: advogados, promotores e procuradores de Justiça. O dirigente ainda fez questão de destacar que “a presença do desembargador Vasco Della Giustina no STJ foi fundamental para essa conquista”.

A anfitriã do evento realizado no Palácio da Justiça, em Porto Alegre, Eneida Barbosa, recepcionou os 260 convidados, entre pensionistas, aposentados, magistrados e autoridades.

A diretora do Departamento de Pensionistas da AJURIS, agradeceu a presença de todos e destacou a importância do trabalho que vem sendo realizado há 19 anos no Estado.

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untuoso e dono de uma vista de tirar o fôlego, mas longe de abrigar uma movimentada vida da monarquia do século XIX, o castelo de Neuschwanstein foi a casa de um rei solitário e excêntrico, que tinha resistência às solenidades e ao mundo formal. A descrição de

Ludwig II ou Ludwig da Baviera, foi feita pelo Dr. Francisco Marshall, durante o almoço cultural no Studio Clio, realizado no mês de setembro em parceria com o Departamento Cultural da AJURIS.

O Castelo de Neuschwanstein é um palácio alemão construído na segunda metade do século XIX, perto das cidades de Hohenschwangau e Füssen, no sudoeste da Baviera, a escassas dezenas de quilômetros da fronteira com a Áustria. Roteiro este que o Dr. Marshall recomenda que se faça em uma viagem à Europa.

O castelo foi construído por Ludwig, inspirado na obra de seu amigo e protegido, o compositor Richard Wagner. A arquitetura do castelo possui um estilo fantástico que serviu de inspiração ao “castelo da Cinderela”, símbolo dos estúdios Disney. O nome Neuschwanstein significa “novo cisne de pedra”, uma referência ao “cavaleiro do Cisne”, Lohengrin, da ópera com o mesmo nome.

Projeto inicial do Castelo de Neuschwanstein foi feito em guache por Christian Jank e recebeu inúmeras sugestões do monarca, em 1869.

A arquiteturaO complexo do castelo estende-se por 6 mil metros

quadrados, articulados em quatro andares e numerosas torres, com uma altura que atinge os 80 metros. O castelo compreende uma portaria, um caramanchão, a Casa dos Cavaleiros, com uma torre quadrada e um Palas, ou cidadela, com duas torres no extremo oeste. O efeito do conjunto é altamente teatral, tanto no exterior como no interior. A influência do Rei é evidente por todo lado, tendo este demonstrado um entusiástico interesse no desenho e decoração.

O interior do Palas contém a Sala do Trono, seguida pela suíte de Ludwig, pelo Hall dos Cantores, e pela Gruta. Por todo lado, o desenho presta homenagem às lendas alemãs de Lohengrin, o Cavaleiro Cisne. O Castelo de Hohenschwangau,

Cultural

Castelo de Neuschwanstein, a morada de um rei solitário

onde o monarca passou grande parte da sua juventude, tinha decorações destas sagas. Estes temas foram tomados das óperas de Richard Wagner. Muitas das salas interiores permanecem sem decoração; apenas 14 delas foram finalizadas antes da morte do rei.

Apesar do seu aspecto medieval, a construção do Castelo de Neuschwanstein recorreu a moderna tecnologia da época.

Ludwig concentrou suas maiores energias na construção desses paraísos artificiais, que foram três grandiosos castelos: Linderhof, Neuschwanstein, e Herrenchiemsee. Neles perpetuavam a tradição da família real, que tinha construído grandes avenidas em Munique, e castelos por toda a Baviera. Diferente do que se pensa, Ludwig gastou sua fortuna familiar para a construção destes castelos, sem arruinar as arcas do Estado.

TurismoDesde 1886, o Castelo de Neuschwanstein conta com uma

média de 1,3 milhão de visitantes anuais. Cada verão, mais de 6 mil turistas diários acumulam-se nas diferentes áreas que foram previstas para uma única pessoa. O castelo tem alguns inconvenientes, pois o Estado livre da Baviera deve despender cerca de 11,2 milhões de euros por ano para a sua conservação e melhoramento dos serviços para os visitantes, mesmo que isso represente pouco, face aos benefícios que o Castelo gera.

O ReiLudwig da Baviera nasceu em 25 de agosto de 1845 no

Palácio de Nymphenburg. Assumiu o trono aos 18 anos e governou a Baviera de 1864 a 1886, quando morreu em 13 de junho.

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