23
JUSTIÇA RESTAURATIVA e EDUCAÇÃO: a qualidade da presença

JUSTIÇA RESTAURATIVA e EDUCAÇÃO: a qualidade da …§a... · vivência da dor, a realização da cura, para todos os envolvidos, e para a própria sociedade, com a superação

Embed Size (px)

Citation preview

JUSTIÇA RESTAURATIVA e

EDUCAÇÃO: a qualidade da presença

“De quem se aproximar de mim um palmo, eu me aproximarei um côvado; e daquele que se aproximar de mim um côvado, eu me aproximarei uma braça, e de quem se aproximar de mim andando, eu irei a ele correndo, e aquele que vier a mim com pecados equivalentes ao mundo inteiro, eu receberei com perdão equivalente.” - Mishkat al-masabih

**

Este Mistério chamado Justiça

• O rabino Yannai costuma dizer: “Não há nenhuma maneira de

explicarmos a prosperidade dos malvados ou o sofrimento dos

justos. Tudo que nos é pedido, entretanto, é que procuremos – nós

mesmos – a justiça. A realidade é mais complexa do que

gostaríamos que fosse. Se ficarmos insistindo para que tudo tenha

um sentido, terminaremos desesperados. A realidade não pode ser

embrulhada com papéis coloridos e atada com fita dourada do

moralismo. A realidade é maior do que nossa visão do bem e do mal,

do que está certo ou errado. A realidade é o que é. Não o que

imaginamos que deveria ser. Onde pudermos lutar pela justiça,

lutemos. Onde somos confundidos por uma verdade além de nossa

compreensão, ainda assim procuremos fazer o melhor”.

Do livro: “A sabedoria dos mestres judeus” **

Justiça e suas antinomias

Alguns critérios de julgamento:

A cada qual a mesma coisa.

A cada qual segundo seus méritos.

A cada qual segundo suas obras.

A cada qual segundo suas necessidades.

A cada qual segundo sua posição.

A cada qual segundo o que a lei lhe atribui.

As novas percepções das ciências apontam para o surgimento de um novo paradigma, o qual tem como características a percepção da desmaterialização da matéria (ex: matéria mais como processo do que como coisa); da impermanência (do vazio quântico); da presença da consciência (vida e inteligência estão presentes no tecido do universo inteiro); e da interconexão.

As bases deste paradigma consubstanciam-se nas teorias científicas surgidas no séc. XX (no campo da Física: Teoria da Relatividade, Teoria Quântica, Teoria Holográfica e Teoria Geral dos Sistemas; no campo da Biologia: Teoria dos Campos Morfogenéticos; no campo da Psicologia: Teoria da Sincronicidade, o inconsciente coletivo e a existência de arquétipos - elementos dinâmicos e transpessoais da psique -, Psicologia Transpessoal; no campo da Parapsicologia: "psicokinesis", experiência extra sensorial etc

Como pensar uma Justiça que ao responder à

desarmonia social possibilita um “religar” com o

valor justiça. Um “religar”que se inicia com a ofensa

e que, por meio de um processo ritual, por meio de

atos simbólicos, permite a aceitação da realidade, a

vivência da dor, a realização da cura, para todos os

envolvidos, e para a própria sociedade, com a

superação do trauma e reinicio da vida, sem

realimentar o ciclo de desequilibrio.

A sacralidade da vida

Leonardo Boff e Dalai Lama - Espiritualidade: aquilo que

produz uma mudança interior.

Se o caminho da Justiça e da Educação não produz em nós

qualquer transformação em direção aos valores acima

apontados, não é justiça o que está sendo criado.

Espiritualidade, Educação e Justiça são experiências vivas –

expressa em atos . - Templos/Fóruns/Escolas.

A restauração do valor justiça pelo aprendizado

A partir da “qualidade de presença” nas nossas

vivencias possibilita-se aprendizados: não há só

coisas e fatos. Começa a existir a irradiação das

coisas e o sentido que vem dos fatos. (Leonadordo Boff).

O que significa? Qual sentido? Qual direção aponta?

Em que me faz crescer? O que cura? etc

Conflitos oportunidade para crescer, para termos

consciência das causas de nossas condutas, das

consequencias de nossas escolhas e ações, para

aceitar nossos limite, nossa humanidade.

Caminho da transformação individual e coletiva

A busca da realização da justiça como valor,

entendida como caminho de transformação da

desarmonia em harmonia, pressupõe processos de

transformação individual e coletiva.

Dinamica na qual a justiça é desvelada mais como

processo de transformação do que um ato de equidade

– uma operação simbólica que leva ao equilibrio, à

harmonia, mediante a transmutação da

individualidade humana, e não como um ato externo

de conciliação.

Com o mesmo foco a Educação: promover a

autonomia do sujeito – capacidade relacional

consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

Aprender a ser, aprender e conviver.

Processo vivencial – de valores

Estar atento que quase invariavelmente se recai na velha

armadilha: fala-se de violência como se ela fosse algo que só

ocorre fora de nossas mentes e corações; como algo que se

conhece pela televisão ou pelos jornais; como se ela estivesse

apenas no exterior, bem distante do espaço e tempo, ou como

se estivesse só no outro.

Voltar os olhos para dentro.

Paz é um hábito da mente, uma maneira de ser, a vontade

permanente de procurar o sucesso da harmonia. (Spinoza).

Tornamos a desconfiança e a coerção um costume em nossas

mentes, e construímos nossa civilização baseada no equilibrio

do poder.

A dinâmica de resolução do conflito deve possibilitar a real

transformação das pessoas envolvidas – processo como fonte

criadora de consciência para os individuos e coletividade,

permitindo que o tecido social ao ser restabelecido esteja mais

enriquecido com a experiência de conscientização e superação

vivenciadas pelos autores sociais. Para tanto: não violencia.

Cultura predominante: diante da violência e da exclusão com

as quais nos deparamos em nossa sociedade, corremos o risco

de entender como natural ao ser humano a violência e de achar

que não existe forma eficaz de lidar com ela que não seja por

meio de violência.

Cultura do Mêdo

Violência é inevitável

há algo errado com o ser

humano

sem castigo ou punição não

haverá respeito à ordem

existem pessoas boas e más

Maus merecem ser punidos

Cultura da Paz

A violência é evitável

É possível lidar com a

violência sem violência

Que entende que o ser

humano tem uma natureza

solidária e compassiva

Que a paz se aprende

JUSTIÇA RETRIBUTIVA - SISTEMA DE CRIMINAL

dúvidas – promessas não cumpridas

Função dissuassória ou intimidatória

Perspectiva da ressocialização

Complexo e custoso aparato institucional

Não funciona para a responsabilização

Não produz justiça (retaliação)

Não satisfaz a vítima ou repara o dano

Dogmática – Monopólio da Violência Legítima – Não integra.

Risco de retroalimentar a violência – estruturas não visíveis da violência

Justiça Restaurativa

Modelo fundado em experiências ancestrais e espirituais– Numa de suas dimensões, pauta-se pelo encontro da “vítima” e “ofensor”, seus suportes e membros da comunidade, para, juntos, identificarem as possibilidades de resolução de conflitos a partir das necessidades dele decorrentes, notadamente a reparação de danos, o desenvolvimento de habilidades para evitar nova recaída na situação conflitiva e o atendimento, por suporte social, das necessidades desveladas.

Enfoque interdisciplinar e perspectiva pedagógica

Dimensões da Justiça Restaurativa

Se estrutura em 3 eixos: relacional, institucional

e social – não se limita a um procedimento; e

não visa a qualificação da culpa.

Os processos circulares (no fórum, escolas e

comunidade)

Mudanças institucionais – Justiça e Educação

Aglutinação e articulação da comunidade (rede

– sistemas).

Estrutura da JR no Judiciário

Coordenadoria da Infância e Juventude do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo –

Seção Administrativa de Justiça Restaurativa –

Grupo Gestor – Consultoria.

EPM – Formações.

Polo Irradiador

Polo Irradiador e uma metodologia acolhida por uma instituicao que

demonstra interesse em expandir a proposta da Justica Restaurativa no que

se refere a incorporacao dos principios norteadores, bem como com um

feixe de acoes necessarios para sua implementacao, fortalecimento e

consolidacao.

Desta forma, acredita-se no enraizamento dos principios e valores, de

maneira sustentavel da proposta, na regiao. As pessoas como co-autoras na

construcao de uma forma responsavel / restaurativa de atender cidadaos. *

* Material cedido por Monica Mumme

Metodologia de Implementação

Metodologia elaborado, estruturada e sistematizada por Monica

Mumme :

Etapas de implementacao - Polo Irradiador

1. Envolvimento dos gestores para a implementacao;

2. Elaboracao de um plano de trabalho para o enraizamento da JR na

instituicao que assume o papel de realizador e disseminador;

3. Identificacao das parcerias que fortalecem a implementacao; 4. Fomento

a criacao e consolidacao do Grupo Gestor;

5. Disseminacao da proposta da JR na regiao;

6. Criacao de um fluxo interinstitucional dentro da logica restaurativa.*

* Material cedido por Monica Mumme

Fluxos

Inclusao de um procedimento restaurativo, revisitando os

formatos em curso para a construcao da convivencia em seus

diferentes niveis – relacional, institucional e social.

Punicao Responsabilidade

Dialogo entre o que esta posto e o que poder ser modificado

pela concepcao de um outro paradigma.*

* Material cedido por Monica Mumme

Instituicoes

• Disseminar a logica da JR

• Realizar as praticas restaurativas

• Estabelecer a identidade de sua acao restaurativa:

limites e possibilidades

• Criar um fluxo externo – parcerias*

*Material cedido por Monica Mumme

Cidades com Polos irradiadores (já em

funcionamento ou em formação)

1.Capital. 2. Guarulhos.3. Santos.4.São

Vicente.5. Tatui. 6. Adamantina. 7. Laranjal

Paulista. 8. Bragança Paulista. 9. Sorocaba. 10.

Tiete. 11. Itajobi. 12.Socorro. 13. Nova

Odessa.

Parceria Justiça e Educação.

Justiça como a arte do encontro

[email protected]