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Leitura e Produção de Textos Profa. Fábia Marucci Aula 4: Modos de Organização do Texto (Tipologias Textuais) TEXTO I RESPOSTAS DE FORMANDOS NO ENADE 2012 TÊM ERROS DE PORTUGUÊS COMO ‘EGNORÂNCIA’ E ‘PRECAREA’ Estudantes que estão concluindo ensino superior cometem equívocos grosseiros de ortografia e construção frasal. Inep diz que há rigor na correção RIO - Não é apenas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que os estudantes cometem erros absurdos de ortografia. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), alunos que estão se formando no ensino superior cometem desvios tão ou mais graves como “egnorancia”, “precarea” e “bule” (bullying). Esses e outros exemplos foram repassados por uma corretora do Enade 2012, que avaliou concluintes de cursos como Direito, Comunicação Social, Administração, Ciências Econômicas, Relações Internacionais e Psicologia. A professora entregou o material pessoalmente ao GLOBO, mas, por ter assinado contrato de sigilo com o Ministério da Educação (MEC), não pode ser identificada. A docente procurou o jornal depois de ler, também no GLOBO, a reportagem, publicada no dia 18 de março, mostrando que redações que receberam nota 1.000 no Enem tinham erros como “trousse”, “enchergar” e “rasoável”. Em dez respostas à segunda questão discursiva, há erros, sobretudo, de estrutura frasal, imprecisão vocabular e fragmentação de sentido. Segundo a professora, mesmo corrigidos equívocos de pontuação, regência, ortografia e concordância, esses textos continuariam errados. A questão pedia que, a partir da análise de charges e da definição de violência formulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o candidato redigisse um texto sobre a violência atual, contemplando três aspectos: tecnologia e violência (3 pontos); causas e consequências da violência na escola (3 pontos); proposta de solução para a violência na escola (4 pontos). Um formando escreveu: “A violencia e causada muitas vezes pela falta de cultura e pela egnorancia dos seres humanos, cuja a tecnologia sao duas grandes preocupação para a sociedade, causando violencia nas escolas”. Outro estudante respondeu: “Hoje o sistema de segurança publica a inda e muito precarea no Brasil precisa ater mais infraestrutura para a segurança da sociedade em geral”. 35

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Leitura e Produção de Textos Profa. Fábia Marucci

Aula 4: Modos de Organização do Texto (Tipologias Textuais)

TEXTO IRESPOSTAS DE FORMANDOS NO ENADE 2012 TÊM ERROS DE

PORTUGUÊS COMO ‘EGNORÂNCIA’ E ‘PRECAREA’

        Estudantes que estão concluindo ensino superior cometem equívocos grosseiros de ortografia e construção frasal.       Inep diz que há rigor na correção

RIO - Não é apenas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que os estudantes cometem erros absurdos de ortografia. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), alunos que estão se formando no ensino superior cometem desvios tão ou mais graves como “egnorancia”, “precarea” e “bule” (bullying).

Esses e outros exemplos foram repassados por uma corretora do Enade 2012, que avaliou concluintes de cursos como Direito, Comunicação Social, Administração, Ciências Econômicas, Relações Internacionais e Psicologia. A professora entregou o material pessoalmente ao GLOBO, mas, por ter assinado contrato de sigilo com o Ministério da Educação (MEC), não pode ser identificada. A docente procurou o jornal depois de ler, também no GLOBO, a reportagem, publicada no dia 18 de março, mostrando que redações que receberam nota 1.000 no Enem tinham erros como “trousse”, “enchergar” e “rasoável”.

Em dez respostas à segunda questão discursiva, há erros, sobretudo, de estrutura frasal, imprecisão vocabular e fragmentação de sentido. Segundo a professora, mesmo corrigidos equívocos de pontuação, regência, ortografia e concordância, esses textos continuariam errados.

A questão pedia que, a partir da análise de charges e da definição de violência formulada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o candidato redigisse um texto sobre a violência atual, contemplando três aspectos: tecnologia e violência (3 pontos); causas e consequências da violência na escola (3 pontos); proposta de solução para a violência na escola (4 pontos).

Um formando escreveu: “A violencia e causada muitas vezes pela falta de cultura e pela egnorancia dos seres humanos, cuja a tecnologia sao duas grandes preocupação para a sociedade, causando violencia nas escolas”. Outro estudante respondeu: “Hoje o sistema de segurança publica a inda e muito precarea no Brasil precisa ater mais infraestrutura para a segurança da sociedade em geral”.

Um terceiro redigiu: “As escolas tem que orienta e ajuda estas crianças que são violêntas e pratica o bule por enquanto são crianças por que só assim elas terão chacer de melhora e ser uma pessoa melhor e mas calma”. Em outra resposta, constava: “Esperamos que com a oportunidade de farias formação academica possa futuramente acabar ou diminuir este comportamnento do sr humano”.

— Os critérios são benevolentes, mandam não pesar a mão para manter média 5. Precisa se dar à opinião pública a ideia de que o ensino está melhorando. Mas não está. As faculdades formam profissionais analfabetos funcionais. Esse é o final do filme — diz a corretora.

Em nota, o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep) rebate com veemência as críticas, afirmando que “são completamente infundadas as suspeições levantadas pela suposta corretora de que ocorreu orientação para ‘aliviar’ nas correções”. De acordo com o órgão, responsável pela aplicação da prova, “isso não acontece, nem aconteceu, no Enade, Enem, ou em qualquer outro exame sob

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responsabilidade do Inep/MEC”. O comunicado esclarece ainda quaisquer erros tão grosseiros como os citados nesta reportagem certamente teriam “baixíssima avaliação”.

Segundo o Inep, as correções do Enade 2012 são feitas por bancas constituídas de um professor doutor como presidente e membros com titulação de doutorado ou mestrado, vinculados há, pelo menos, cinco anos a instituições de ensino superior. “São cerca de 500 profissionais do mais alto nível que podem atestar a seriedade do exame e das correções”, diz a nota.

De acordo com o órgão, “o rigor das avaliações do Enade se expressa nas medidas de supervisão e regulação adotadas pelo MEC, com base nos indicadores de qualidade como o índice geral de cursos (IGC) e o conceito preliminar de curso (CPC). Na nota do CPC, o desempenho dos estudantes representa 55% do total”. O resultado do Enade não impossibilita que os estudantes se formem, a menos que eles não compareçam à prova.

Pós-doutor em Linguística Aplicada e professor da UFRJ e da Uerj, Jerônimo Rodrigues de Moraes Neto considera gravíssimo o exercício de qualquer profissão sem o conhecimento da língua portuguesa:

— As profissões nas quais esses alunos se formam não geram à sociedade os resultados a que se destinam. Advogado que não entende cliente não consegue, na petição, se fazer entender pelo juiz. Não tem condições de interpor recursos.

Este ano, apenas 10,3% dos 114.763 participantes que prestaram o Exame de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram aprovados. É o pior resultado desde que passou a ser aplicado no formato unificado, em 2010. E, como mostrou pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios, erros de português são o principal motivo de reprovação em processos seletivos de estágio. No estudo, que avaliou 7.219 alunos de níveis superior e médio, 28,8% perderam oportunidades por isso. Para corrigir as deficiências, universidades oferecem cursos de reforço. Na opinião de Moraes Neto, esse tipo de curso é excelente, mas o cerne da questão é a formação do professor de Português:

— O ponto crucial reside na formação do professor de Português, que deverá ensinar o aluno a falar, escrever e ler, mediante conhecimento do sistema linguístico da língua portuguesa.

Para a professora Cibele Yahn de Andrade, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, nivelar o ensino superior é necessário. Mas, para ela, o centro do problema está nos ensinos fundamental e médio.

— Não é possível superar essas deficiências acumuladas, de modo satisfatório, em curto prazo. São habilidades que deveriam ser adquiridas ao longo da vida escolar, na sequência de atividades de leitura e escrita diversificadas e com desafios crescentes.

(Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/respostas-de-formandos-no-enade-2012-tem-erros-de-portugues-como-egnorancia-precarea-8114717#ixzz2QXZbrDbq. Acesso em 1/ 9/2015)

Texto II

O clarinete

Um elemento clássico e imprescindível num concerto, o clarinete, com seu timbre aveludado, é o instrumento de sopro de maior extensão sonora, pelo que ocupa na banda de música o lugar do violino na orquestra.

O clarinete que possuo foi obtido após o meu nascimento, doado como presente de aniversário por meu bisavô, um velho músico, do qual carrego o nome sem tê-lo conhecido. O

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clarinete é feito de madeira, possui um tubo predominantemente cilíndrico formado por cinco partes dependentes entre si, em cujo encaixe prevalece a cortiça, além das chaves e anéis de junção das partes, de meta. Sua embocadura é de marfim com dois parafusos de regulagem, os quais fixam a palheta bucal.

Sua cor é confundivelmente marrom, havendo partes onde se encontra urna sensível passagem entre o castanho-claro e o escuro. Possuindo cerca de oitenta centímetros e pesando aproximadamente quatrocentos gramas, é facilmente desmontável, o que lhe confere a propriedade de caber numa caixinha de quarenta e cinco centímetros de comprimento e dez de largura.

Com pouco mais de um século, este clarinete permanece calado, latente, sem produzir sons nem músicas, pois, não herdei o dom de meu bisavô e nunca me interessei por este tipo de instrumento, mas, quem sabe se daqui a alguns anos não aparecerá um novo João Rodolfo, que herde ao mesmo tempo, de seus bisavô e tataravô, respectivamente, o instrumento e o dom.

João Rodolfo Cavalcanti A. de Araújo(https://www.algosobre.com.br/redacao/descricao-com-exemplos.html, Data de acesso 1/9/2015 )

1. Diga o tema tratado por cada um dos textos acima.

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2. Leia a parte conceitual abaixo e diga: em cada texto acima, predomina um modo de

organização. Qual? Justifique.

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Tipos textuais

Dependendo do tipo de texto que se queira produzir, o desenvolvimento dos parágrafos precisará atender a algumas características específicas. Há quatro tipos básicos de textos, amplamente utilizados em nosso dia-a-dia. Em linhas gerais, são eles:

* NARRAÇÃO: quando se deseja contar (ou relatar) um fato que tenha ocorrido;

* DESCRIÇÃO: quando se deseja mostrar os detalhes (ou características) que se referem a um lugar, objeto ou pessoa;

* DISSERTAÇÃO: quando se deseja apresentar uma noção, opinião ou idéia;

* ARGUMENTAÇÃO: quando se deseja defender um ponto de vista e tentar convencer outra pessoa.

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Narrar, descrever, dissertar e argumentar são, portanto, os quatro processos fundamentais de redação que fazem parte da comunicação do dia-a-dia e, por isso, são muito utilizados na prática da escrita. Vejamos como isto se dá em termos práticos, através do exemplo que se segue:

Na rua onde você mora, realiza-se semanalmente uma feira. Você decide escrever sobre isso. Dependendo do enfoque que você queira dar ao seu texto, o processo de elaboração vai ter de ser diferente.

a. Se você quer mostrar ao leitor como é a feira (isto é, o que existe nela, que produtos são vendidos, como são as barracas, etc.), vai ter de recorrer à descrição;

b. Se você quer contar ao leitor algum fato que tenha acontecido na feira (vamos supor, um assalto, um desentendimento entre fregueses, etc.), terá de recorrer à narração;

c. Mas se você decidir analisar a presença da feira em sua rua de modo mais profundo e escrever sobre a importância da feira para sua comunidade (proporcionar o encontro entre os vizinhos, a aquisição de alimentos mais frescos e em conta, etc.), neste caso, teremos de recorrer à dissertação, para que você possa expor suas idéias;

d. Por fim, pode-se ainda abordar este tema sob um outro enfoque. Digamos que você deseja provar a superioridade da feira, enquanto atividade econômica, em relação às redes de supermercados, por exemplo. Neste caso, vai recorrer à argumentação, com o intuito de convencer o leitor de sua opinião.

Mas atenção: é difícil que um texto apresente apenas um destes processos de construção em sua elaboração. O mais comum é que eles coexistam, isto é, que um texto apresente dois ou mais destes processos simultaneamente.

Há mais algumas características, sobre estes quatro tipos de textos, que podemos destacar:

Descrever é caracterizar. Ao descrever, você explica com suas palavras o que percebeu de um fato ou objeto, buscando passar para o leitor, o mais fielmente possível, a visão que você teve do elemento que busca descrever. Portanto, o texto descritivo costuma fazer uso constante da adjetivação, para enriquecer os detalhes e ajudar a compor os cenários e/ou personagens;

Narrar é contar. Ao narrar, você conta um fato acontecido, com quem aconteceu, onde, quando, como, por quê, etc. Por dar ênfase às ações ocorridas, na narração é constante o uso de verbos, notadamente os de ação;

Dissertar é dar sua opinião sobre um fato ou tema. Neste caso, o autor deve procurar desenvolver uma idéia central, explicando seus pontos de vista, propondo novos aspectos ao tema central, até chegar ao seu principal objetivo, ou seja, concluir de modo claro e coerente seu pensamento;

Argumentar é defender um ponto de vista, buscando convencer o leitor a assumi-lo também. É nesse aspecto de sedução do leitor que consiste a diferença básica entre textos dissertativos e argumentativos. Bons exemplos

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de textos argumentativos são os discursos políticos, em que se busca aliciar o leitor ou ouvinte para que assuma determinada posição ideológica.

Gêneros Textuais x tipos textuais

Tipos textuais Gêneros textuais

Designam uma seqüência definida pela  natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas.

São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal.

NarraçãoDescriçãoArgumentaçãoInjunçãoExposição

Carta pessoal, comercial, bilheteDiário pessoal, agenda, anotaçõesRomanceResenhaBlogE-mailBate-papo (Chat)Redes SociaisVídeo-conferênciaSecond Life (Realidade virtual)FórumAula expositiva, virtualReunião de condomínio, debateEntrevistaLista de comprasPiadaSermãoCardápioHoróscopoInstruções de usoInquérito policialTelefonema etc.

http://esperancanaeducacao.blogspot.com.br/2009/10/generos-textuais-x-tipos-textuais.html

Mais atividades

3. Leia os textos a seguir e identifique os gêneros e a tipologia textual predominante.

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a)

b)

c)

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d)

e)

4. Observe os fatos abaixo. Você deverá (redigir um a dois parágrafos): a) descrever, b)narrar, c)dissertar com exposição, OU d)dissertar com posicionamento e justificativa.

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FATO 1.

Fonte: http://uceff.com.br/noticia_mostra.php?idnoticia=2182 acessso em 2/2016.

ENADE. Exame Nacional de Desempenho Acadêmico

FATO 2. http://conversadebalcao.com.br/wp-content/uploads/2013/03/dicaeconomia2.jpg

FATO 3: Aumento da violência e da criminalidade.

FATO 4: Os limites entre a saúde e a estética.

Fato 5: Feminicídio e violência contra a mulher.

Observações finais:

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 Narração . A narrativa deve tentar elucidar os acontecimentos, respondendo às seguintes perguntas essenciais:

O QUÊ? - o(s) fato(s) que determina(n) a história;QUEM? - a personagem ou personagens;COMO? - o enredo, o modo como se tecem os fatos;ONDE? - o lugar ou lugares da ocorrência QUANDO? - o momento ou momentos em que se passam os fatos; POR QUÊ? - a causa do acontecimento.

Observe como se aplicam no texto de Manuel Bandeira esses elementos:

Tragédia brasileira

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade.Conheceu Maria Elvira na Lapa — prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria.Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.Misael não queria escândalo. Podia dar urna surra, um tiro, urna facada. Não fez nada disso: mudou de casa.Viveram três anos assim.Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e inteligência , matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

Manuel Bandeira

O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional. Quem? Misael e Maria Elvira. Como? O envolvimento inconsequente de um homem de 63 anos com uma prostituta. Onde? Lapa, Estácio, Rocha, Catete e vários outros lugares. Quando? Duração do relacionamento: três anos. Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira.

Quanto à estruturação narrativa convencional, acompanhe a sequência de ações que compõem o enredo:

Exposição: a união de Misael, 63 anos, funcionário público, a Maria Elvira, prostituta; Complicação: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael a buscar nova moradia para o

casal; Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas pelo comportamento

desregrado de Maria Elvira, acarretam o descontrole emocional de Misael; Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com seis tiros.

(https://www.algosobre.com.br/redacao/narracao-com-exemplos.html Acesso em 1/9/2015)

Dissertação

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O QUE É DISSERTAÇÃO?

Dissertação é um texto que se caracteriza pela exposição, defesa de uma idéia que será analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas idéias. Organiza-se, geralmente, em três partes:

Introdução - onde você explicita o assunto a ser discutido, com a apresentação de uma idéia ou de um ponto de vista que pretende defender.

Desenvolvimento ou argumentação - em que irá desenvolver seu ponto de vista. Para isso, deve argumentar, fornecer dados, trabalhar exemplos, se necessário.

Conclusão - em que dará um fecho coerente com o desenvolvimento e com os argumentos apresentados. Em geral, a conclusão é uma retomada da idéia apresentada na introdução, agora com mais ênfase, de forma mais conclusiva, onde não deve aparecer nenhuma idéia nova, uma vez que você está fechando o texto.

O texto dissertativo argumentativo destina-se ao chamado "leitor universal", ou seja, a qualquer pessoa que tenha acesso a ele. Devem ser textos abrangendo conceitos amplos, genéricos, evitando particularizar situações. As construções mais adequadas, procurando evitar-se a 1 pessoa do singular, seriam:

                "Notamos que grande parte dos brasileiros..."                "Observa-se que uma parcela da população..."

(http://www.mundovestibular.com.br/articles/1416/1/O-QUE-E-DISSERTACAO/Paacutegina1.html acesso em 5/9/2015)

5. Proposta de produção:

Quando a criatura encantada lhe disse que ele teria direito a apenas um único desejo, ele, muito esperto, soube instantaneamente o que pediria.

— Se é assim, quero ter o dom de poder realizar todos os meus desejos, bastando para isso apontar apenas o meu dedo.

— Que assim seja, mestre! — disse a criatura com um sorriso irônico.

Crie uma narrativa na qual esse trecho seja inserido coerentemente.

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