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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA
PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM CIRURGIA DO APARELHO
DIGESTIVO
RAIMUNDO RODRYGO DE SOUSA NOGUEIRA LEITE
LESÃO PÓS-OPERATÓRIA DAS VIAS BILIARES: REVISÃO DE LITERATURA
FORTALEZA
2019
RAIMUNDO RODRYGO DE SOUSA NOGUEIRA LEITE
LESÕES PÓS-OPERATÓRIAS DAS VIAS BILIARES: REVISÃO DE LITERATURA
Monografia apresentada como
pré-requisito para a conclusão da
residência médica em
Cirurgia do Aparelho Digestivo
no Hospital Geral de Fortaleza.
Orientador: OLAVO NAPOLEÃO DE ARAÚJO JÚNIOR
FORTALEZA
2019
Dedico este trabalho em primeiro lugar à Deus, por nos oferecer saúde e
sabedoria; aos meus Pais, Lairton e Auricélia pelo amor e carinho incondicional
mesmo distantes; aos meus irmãos, Déborah e Edson pelo carinho; em especial
à minha esposa Cecília e aos meus filhos Eduardo e Helena pelo amor a mim
oferecido e a paciência e compreensão à distância devido o tempo dedicado ao
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Olavo Napoleão de Araújo Junior pelos ensinamentos, pela amizade,
pelo apoio integral em todos os momentos e por acreditar na Cirurgia do Aparelho
Digestivo, tornando-se o pioneiro nesta residência no Hospital geral de Fortaleza.
A todos os cirurgiões que contribuíram o serviço de Cirurgia digestiva do
Hospital Geral de Fortaleza, em especial ao Dr. José Eudes Bastos Pinho, pelo seu
caráter e ensinamentos; ao Dr. Cassio Cortez Santos, pela sua técnica e seu
destacado conhecimento.
Aos meus colegas de residência, Alan Leal, Rodrigo Sales e Marcos Machado
que compartilharam vitórias e angústias ao longo desses dois últimos anos.
.
Aos funcionários e pacientes do Hospital Geral de Fortaleza.
"If I have seen further, it is by standing on the shoulders of giants."
Isaac Newton, 1676
RESUMO
A lesão das vias biliares como complicação pós - operatória em colecistectomia
consiste na entidade mais mórbida ocasionada por esse procedimento. Apesar da baixa
incidência, menos de 1%, devido ao grande volume de colecistectomias em todo o
mundo, a quantidade de pacientes acometidos é considerável. O treinamento do
Cirurgião do Aparelho Digestivo deve ser integral, para assim evitar injúrias biliares,
diagnosticar precocemente quando presentes e principalmente estar preparado para
tratar lesões através de procedimentos cirúrgicos além de conhecer e utilizar da maneira
mais racional o arsenal multidisciplinar que se dispõe atualmente no manejo desta
patologia, como endoscopia e radiologia intervencionista .
Palavras - chave: lesão iatrogênica de via biliar; estenose de via biliar; icterícia
pós – colecistectomia;
ABREVIAÇÕES
Lesão de Via biliar – LVB
Colecistectomia Videolaparoscópica – CVDL
Colecistectomia Aberta – CAB
Cirurgião do Aparelho Digestivo - CAD
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................... 08
2. OBJETIVOS................................................................................... 10
3. METODOLOGIA............................................................................. 11
4. DISCUSSÃO.................................................................................. 12
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 17
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 18
1- INTRODUÇÃO
A colelitíase consiste em uma patologia benigna com elevada prevalência e cujo
tratamento quando indicado consiste na sua retirada cirurgicamente – colecistectomia.
A complicação mais grave relacionada ao procedimento cirúrgico consiste na Lesão da
via biliar (LVB). Apresenta baixa incidência, entretanto quando presente pode evoluir
com elevada morbidade pós – operatória imediata - necessidade de procedimentos
endoscópicos; procedimentos percutâneos; cirurgias complexas derivativas e potenciais
complicações sépticas) ou tardia - estenoses de anastomoses biliodigestivas; colangite
recorrente e em último estágio cirrose biliar secundária.
A incidência de LVB ao longo dos anos apresentou mudança principalmente com
o surgimento da técnica laparoscópica, havendo aumento de 0,2% para 0,6%. A
correlação de LVD com colecistectomia aberta (CAB) e colecistectomia
videolaparoscópica (CVDL) é complexa, podendo ser encontrados resultados
conflitantes na literatura. Trabalhos do início da década de 1990 evidenciam elevadas
taxas de LVB em CVL provavelmente relacionadas à curva de aprendizado e pior
qualidade de material laparoscópico em relação à atualidade. Estudos atuais
evidenciam que a CVL é segura apresentando resultados semelhantes em coortes com
CAB.
Os fatores de risco para LVB são diversos e podem estar relacionados a
dificuldade técnica em identificar os elementos do triângulo de calot (ducto cístico, ducto
hepático e bordo hepático) por processo inflamatório intenso, a variações anatômicas
ou a condições técnicas desfavoráveis (material inadequado e equipe reduzida e pouco
treinada). Existem atitudes que em conjunto contribuem para uma maior segurança
operatória e consequente menor risco de LVB, destacando-se operar com equipe com
pelo menos dois cirurgiões com treinamento em colecistectomia para qual a técnica
esteja sendo realizada; uso reduzido de eletrocautério próximo a via biliar principal;
evitar clipagens às cegas- principalmente em hemorragias; usar colangiografia intra -
operatória se houver dúvida com relação à anatomia cirúrgica; realizar dissecção fundo-
cística em colecistectomias abertas antes de se ligar as estruturas dissecadas como
ducto cístico e artéria cística. Entretanto o fator que individualmente promove maior
redução de LVB consiste no uso da visão crítica de segurança (critical view), que
consiste em só clipar ou ligar a via biliar após o a dissecção completa do triangulo de
cato e visualização segura de todas as suas estruturas;
As manifestações clínicas serão observadas no grupo de pacientes nos quase
não foi identificado a LVB no intra-operatório – 75%, variando de acordo com o
mecanismo de lesão - secção ou ligadura da via biliar. Nos paciente com secção total
ou parcial da via biliar a apresentação pode ser por acúmulo de bile em leito sub-
hepático (“bilioma”) cursando com dor abdominal, icterícia leve e graus variáveis de
complicações inflamatório - infecciosas ou por extravasamento difuso de bile na
cavidade cursando com dor abdominal e sinais de sepse, muitas fezes com exame físico
indolor pouco doloroso pelo baixo potencial irritativo peritoneal da bile. Quando há
ligadura da via biliar principal a clínica de estone biliar progressiva se instala com
icterícia, colúria e acolia fecal, geralmente indolor com laboratório evidenciando
hiperbilirrubinemia, elevação leve de transaminases e significativo aumento de enzimas
canaliculares. Pode complicar com colangite aguda.
O tratamento das LVB ira depender do mecanismo de lesão – secção ou
ligadura; do momento do diagnóstico - intra - operatório ou pós – operatório; das
condições clínicas do paciente; da capacidade e treinamento da equipe cirúrgica em
cirurgia hepatobiliar; e das condições técnicas na qual foi diagnosticada a lesão –
material, disponibilidade de exames e suporte pós – operatório.
2- OBJETIVOS
Através de revisão bibliográfica discutir sobre lesão de via biliar pós -
colecistectomia, enfatizando a mudança na sua incidência após a introdução da
laparoscopia, além das principais nuances que o Cirurgião do Aparelho Digestivo deve
estar preparado para conduzir tal patologia.
3- METODOLOGIA
Foi realizado uma revisão de literatura no Pubmed e Scielo utilizado como
palavras – chave lesão de via biliar, lesão iatrogênica de via biliar, lesão inadvertida de
via biliar pós – colecistectomia. Foi selecionado artigos, incluindo relatos de caso, artigos
de revisão e artigos originais. Utilizado imagens ilustrativas de oriundas de literatura e
de arquivo pessoal de autor.
4- DISCUSSÃO
A colelitíase consiste em uma patologia bastante comum, acometendo até 20%
população adulta. O tratamento é indicado na colecistite aguda, quando há sintomas,
após complicações resolvidas (pancreatite aguda, colangite ou coledocolitíase) ou em
pacientes assintomáticos com alguns critérios (cálculos maior que 2,0 centímetros ou
menores que 0,5 cm; vesícula em porcelana; presença de pólipo associado). A
terapêutica é realizada através de CAB ou CVDL, sendo portando uma cirurgia bastante
realizada e difundida em todo o mundo.
A LVB pós - colecistectomia é a mais temida e grave complicação relacionada a
este procedimento. Apresentava uma taxa de 0,2% a 0,3% na era aberta, com aumento
significativo (em torno de 0,9%) com a implementação da laparoscopia (SALAMA et al
– 2014). Com início no final dos anos 1980 e difusão na década de 1990, a CVDL
consiste na técnica padrão - ouro e mais realizada em todo mundo. Apesar do
incremento inicial na taxa de LBV, a redução progressiva ao longo dos anos, levou a
uma taxa de complicação muito próxima a da CAB, fato que mantém como técnica de
escolha devido os benefícios comparados a cirurgia aberta, como menor morbidade peri
– operatória.
A lesão da árvore biliar pós – colecistectomia consiste em complicação cirúrgica
grave com graus variados de morbidade. A identificação precoce da lesão, seja por
mecanismo de ligadura ou secção, assim como o adequado manejo terapêutico desta
é fundamental no sucesso do tratamento não só em curto prazo, reduzindo abordagens
cirúrgicas, tempo de internação e mortalidade como em longo prazo, diminuindo a taxa
de colangite de repetição e cirrose biliar secundária que pode levar em estágios
avançados a necessidade de transplante hepático.
A primeira CVDL foi realizada por Phillipe Mourret em 1987, com rápida difusão
entre os cirurgiões de todo o mundo, tornando-se a primeira cirurgia no aparelho
digestivo amplamente praticada no conceito minimamente invasiva. Apesar do tempo
operatório maior no início de sua realização, a CVDL logo apresentou resultados
favoráveis com relação à estética, dor, início de dieta e tempo de hospitalização.
A incidência de LVB sofreu significativa alteração no decorrer da década de 1990
com o advento da cirurgia laparoscópica. Houve incremento inicial na taxa de LVB com
redução ao passar dos anos devido à melhoria do instrumental cirúrgico laparoscópico
assim como a maior expertise dos cirurgiões com a maior familiarização com a nova
técnica. Apesar da redução da frequência de complicações em CVDL, a taxa de LVB
(0,4% a 0,6%) neste grupo de paciente permanece mais elevada que comparado aos
submetidos a CAB (0,1% a 0,2% ).
Dentre outros argumentos, os autores apresentam como principais responsáveis
por esta maior taxa em cirurgias laparoscópicas a menor experiência do cirurgião,
condições locais desfavoráveis (vesícula esclero - atrófica, variações anatômicas e
sangramento) e tempo cirúrgico prolongado. Com o aumento do número de cirurgia
realizado pelo cirurgião há redução nas complicações, provavelmente por aquisição de
habilidade, assim como após ultrapassar cem cirurgias videolaparoscópicas é relatado
elevação na taxa de LVB, provavelmente relacionado à realização de cirurgias em
pacientes mais complexos com condições locais desfavoráveis que no início da curva
de aprendizado submetesse à técnica aberta.
Em estudo prospectivo realizado entre 2007 e 2013 no Hospital São José na
cidade de Porto, Portugal, foi avaliado 520 pacientes submetidos à colecistectomia por
colecistite aguda, sendo 412 (79,2%) por técnica videolaparoscópica e 108 (20,8%) por
via aberta, apresentou taxa de mortalidade (0,7% vs 3,7% - p= 0,0369), complicações
perio – peratórias (7,7% vs 17,5% - p= 0,0055) e lesão de via biliar principal (0,9% vs
1,8% - p= 0,6091) – (TEIXEIRA JR et al.)
Esses resultados evidenciam um melhor resultado na prática da CVDL com
menor complicação peri - operatóra, como já seria esperado, mas evidencia um dado
interessante que consiste na menor incidência de LVB no grupo operado por
videolaparoscopia. Apesar de estatisticamente insignificante, faz refletir uma possível
mudança de paradigma nas LVB, na qual o risco de lesão por VDL seria menor que por
técnica aberta, tendo como hipóteses para tal o maior treinamento e evolução da
expertise cirúrgica com maior habilidade do cirurgião para realizar cirurgias
minimamente invasivas cada vez mais complexas; a evolução do material de
vídeolaparoscopia tornam mais precisos os procedimentos; e a mudança do perfil de
treinamento dos novos cirurgiões, notadamente a partir da década de 2000, na qual há
um treinamento cada vez mais intenso na realização de CVDL e consequente maior
número de casos operados ao longo da vida cirúrgica, podendo levar além de uma
melhora nos resultados da cirurgia por vídeo uma piora nos resultados por via aberta.
Essas observações são sugeridas pela prática, mas necessitam de estudos
complementares para serem confirmadas.
O diagnóstico realizado através da capacidade do cirurgião em identificar LVB é
fundamental, pois interfere no prognóstico dos pacientes. Mais de 75% das LVB não
são diagnosticadas no momento da cirurgia, mas sim no pós – operatório, apresentando
– se clinicamente de maneira distinta dependendo do mecanismo de lesão, secção com
fístula biliar ou ligadura com estenose de árvore biliar.
As secções parciais ou totais de ramos principais ou acessórios da via biliar
podem se apresentar com clínica de abcesso localizado, quando o “bilioma” fica restrito
ao leito hepático, com febre, dor em hipocôndrio direito, leucocitose, entretanto sem
peritonite difusa e sepse precoce ou com clínica de peritonite e sepse precoce,
geralmente nas primeiras 24 a 72 horas, quando há vazamento difuso de bile para toda
a cavidade. No caso da ligadura de via biliar a clínica é mais insidiosa, geralmente dias
a semanas, caracterizada por dor em hipocôndrio direito e icterícia colestática
progressiva.
A partir das manifestações clínicas supracitadas os exames complementares
tem função mais estadiadoras e para planejamento terapêutico que diagnóstico, pois a
sintomatologia geralmente é bem sugestiva. A Ultrassonografia pode evidenciar o nível
de obstrução biliar ou líquido livre quando estes presentes. A tomografia
computadorizada de abdome além de fornecer as informações contidas na
ultrassonografia com mais detalhes, pode através da injeção de contraste endovenoso
fornecer informações importantíssimas a respeito de lesões vasculares associadas que
podem estar presentes e interferem no prognóstico do paciente. A Colangiorressonância
- CLRN consegue representear com detalhes a árvore biliar ajudando o cirurgião a
planejar a sua tática cirúrgica, porém sem oferecer informações sobre a vascularização.
A Colangiopancretografia Edoscópica Retrógrada - CPRE assim como os
procedimentos percutâneos por radiointervenção são mais invasivos, oferecendo
imagens da árvore biliar semelhantes à CLRN, porém com a possibilidade de ser
terapêutica com realização de papilotomia e ou passagens e próteses; A Abordagem
Percutânea da Via biliar tem grande utilidade quando não é possível a visualização da
via biliar proximal com CPRE, seja por transecção ou ligadura da via biliar proximal.
CPRE evidenciando ligadura completa de ducto colédoco. A segunda imagem evidencia uma CLRN com estenose cicatricial pós ligadura completa de ducto colédoco. Ambas imagem pertencem a casos do próprio autor.
A- Imagem evidenciando estenose de hepaticojejuno anastomose em y de roux; B- anastomose pérvea após dilatação e aposição de stent através de radiointervenção transparietohepática.
As LVB podem ser classificadas através da classificação de Bismuth -1982, mais usada em estenoses tardias que em lesões agudas. As lesões tardias podem ser ocasionadas por ligaduras ou clipagens via biliar, com reação inflamatória e subsequente estenose. Apesar de mais antiga, tem uma boa correlação com o resultado final após reparo cirúrgico, sendo bastante útil na decisão do cirurgião quanto à melhor técnica a ser utilizada. A classificação de Strasberg engloba a classificação de Bismuth (tipos E1 a E5), acrescentando vazamentos de bile oriundos do ducto cístico ou do leito vesicular; descreve possíveis lesões relacionadas a ductos anômalos- tipos (A, B e C); o tipo D representa a lesão da via biliar principal.
Classificação de Bismuth para lesões de via biliar; classificação de Strasberg. Ambas imagens retirada do livro Master Techniques in Surgery, HEPATOBILIARY AND PANCREATIC SURGERY 2012. Keith Lillemoe, William Jarnagin
A terapêutica das LBV deve ser realizada em serviços terciários especializados
em cirurgias hepato-bilio-pancreáticas. No caso de pacientes diagnosticados em centros de menor porte, estes devem ser referenciados para hospitais com suporte e equipe treinada para tal. O tipo de tratamento oferecido irá depender do mecanismo de lesão – secção ou ligadura, do intervalo entre a lesão e o diagnóstico, das condições clínicas do paciente e do local no qual este paciente está inserido.
Após identificadas, as LVB devem ser classificadas, através da classificação de
Bismuth ou Strasberg, e tratadas. Caso haja uma lesão diagnosticada no intra-
operatório e a equipe cirúrgica não se sentir tecnicamente capaz de realizar o
procedimento ou se as condições locais (material e instrumental cirúrgico) não forem
adequadas, o correto é drenar a via biliar e encaminhar para um serviço com experiência
em cirrugia hepatobiliopancreática avançada. Caso a equipe cirúrgica tenha treinamento
em cirurgia biliar, o tratamento pode ser realizado. Pequenas lesões (menores que 3
mm) pode ser rafiadas; nas lesões não proximais com diâmetro entre 4 mm e 1,0 cm, a
realização de uma anastomose colédoco-colédoco, espatulada, moldada por dreno em
T (dreno de kehr) após realização de manobra de kocher para reduzir a tensão pode ser
realizada, apesar do elevado risco de estenose; lesões maiores que 1,0 cm e ou
proximais, devem ser corrigidas com hepático –jejuno - anastomose em y de roux;
No grupo de paciente diagnosticado no pós-operatório, a terapia utilizada será
de acordo com o mecanismo de lesão. Na secção com bilioma e sem sepse, a conduta
preconizada consiste em drenagem percutânea inicial seguida de derivação
biliodigestiva em segundo momento; se houver coleperitôneo ou bilioma com sepse, a
abordagem cirúrgica para limpeza de cavidade e drenagem externa para
direcionamento de bile, com correção cirúrgica em segundo momento é a conduta
adequada; quando o mecanismo de lesão for ligadura completa, a programação eletiva
de derivação biliodigestiva (hepático-jejuno anastomose em y de roux) é preconizada;
Hepaticojejuno anastomose termino-lateral, com fio absorvível 4-0,parede posterior separada em paraquedas
– parachutes, e parede anterior continuamente. Mabas imagens pertencem a casos do próprio autor;
Não há consenso quanto ao melhor momento para se realizar a correção
cirúrgica definitiva, apesar de trabalhos com bons resultados em abordagem precoce, a
maioria dos serviços opera entre duas e quatro semanas com menor processo
inflamatório local e melhor delimitação de zona de isquemia em bordo biliar lesado.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A LVB consiste em patologia de relevância para o cirurgião do aparelho digestivo
(CAD). Devido a sua complexidade, com evolução clínica variável e terapêutica
extremamente especializada, sempre será referenciado de cirurgiões gerais para o CAD
ao longo da sua carreira pacientes com essa patologia, devendo esse estar apto para
conduzir de maneira adequada.
A apresentação clínica variável, a dificuldade de métodos complementares de
imagem e ou intervenção (endoscópicos e ou radiológicos), a ausência de uma
classificação completa e reprodutível e a técnica cirúrgica corretiva extremamente
desafiadora, torna o tratamento da LVB ainda desafiador.
Colecistectomia realizada por equipe treinada, com material adequado, sendo
realizado visão crítica de segurança e quando essa não for possível optar por
colecistectomia parcial são fatores que em conjunto podem reduzir a incidência de LVB
seja por CAB ou CVDL.
Quando a lesão estiver estabelecida, deve ser tratada por cirurgiões com expertise
em cirurgia hepatobiliar em hospital terciário.
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