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Letramento Digital nas Escolas: aprendendo com exemplos. Resenha da Obra: Learning in the Cloud: How (and Why) to transform schools with Digital Media. (Mark Warschauer) Ana Maria Menezes No passado, a função primordial da escola era ensinar suas crianças a serem capazes de ler e escrever. A leitura e escrita eram consideradas as ferramentas essenciais para a aprendizagem. Segundo Knobel e Lankshear (2006), durante os anos 50 e posteriormente na década de 90, associava-se a capacidade de crescimento econômico de um país com o grau de letramento da população. Ser letrado então, era ser capaz de saber como funciona o sistema de uma língua. Com o passar dos anos, o termo “Letramento” emergiu como palavra-chave nas questões educacionais abarcando outras nuances como a criticidade e a capacidade de empoderamento. Uma nova visão sobre letramento surgiu com a influência de estudos sócio-culturais. Além de propiciar a leitura e a escrita, a educação abraçava mais uma função, a compreensão do mundo em que vivemos. Influenciados pelos estudos de Paulo Freire, a escola buscaria então não somente ensinar a ler palavras mas também a ler o mundo, a tentar levar os alunos a uma visão critica das circunstâncias em que vivemos. Seguindo esta mesma linha de pensamento, podemos observar o aparecimento de diferentes tipos de letramentos como letramento cultural, letramento

Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

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resenha do livro Learning in the Cloud: How (and Why) ti transform schools with Digital Media.

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Letramento Digital nas Escolas: aprendendo com exemplos.Resenha da Obra: Learning in the Cloud: How (and Why) to transform schools with Digital Media. (Mark Warschauer)

Ana Maria Menezes

No passado, a função primordial da escola era ensinar suas crianças a serem

capazes de ler e escrever. A leitura e escrita eram consideradas as

ferramentas essenciais para a aprendizagem. Segundo Knobel e Lankshear

(2006), durante os anos 50 e posteriormente na década de 90, associava-se a

capacidade de crescimento econômico de um país com o grau de letramento

da população. Ser letrado então, era ser capaz de saber como funciona o

sistema de uma língua.

Com o passar dos anos, o termo “Letramento” emergiu como palavra-chave

nas questões educacionais abarcando outras nuances como a criticidade e a

capacidade de empoderamento. Uma nova visão sobre letramento surgiu com

a influência de estudos sócio-culturais. Além de propiciar a leitura e a escrita, a

educação abraçava mais uma função, a compreensão do mundo em que

vivemos. Influenciados pelos estudos de Paulo Freire, a escola buscaria então

não somente ensinar a ler palavras mas também a ler o mundo, a tentar levar

os alunos a uma visão critica das circunstâncias em que vivemos. Seguindo

esta mesma linha de pensamento, podemos observar o aparecimento  de

diferentes tipos de letramentos como letramento cultural, letramento de

empoderamento, letramento critico, multiletramentos e outros (KNOBEL &

LANKSHEAR, 2006).

Com o surgimento dos computadores e da internet, percebeu-se mais uma

necessidade, a de inserir os alunos no mundo digital. Os mesmos autores,

Knobel e Lankshear (2006), pontuam que o surgimento do conceito

“Letramento Digital” se deu atrelado ao medo de uma exclusão digital , “digital

divide”, entre aqueles que têem ou não acesso ao mundo da informação

digitalizada. No entanto, a busca pelo Letramento Digital não é tão simples. As

primeiras tentativas de inclusão digital normalmente se dão por meio da

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aquisição de computadores para as escolas, seja criando laboratórios de

informática ou instalando um computador por sala, muitas vezes utilizado pelo

próprio professor. 

Seria o simples acesso aos computadores garantia da inclusão dos alunos

nesse mundo digital? A realidade tem se mostrado mais complexa. A

integração de novas tecnologias como a internet à educação pode significar

bem mais do que a ferramenta “da moda” a serviço dos professores; na

verdade, esse mundo virtual vem assinalando mudanças maiores no modo de

busca de informação , e consequentemente na educação.

Entretanto, se admitimos a importância do letramento digital, ou seja, da

necessidade de habilitar nossos alunos a compreender e fazerem-se

compreender no mundo virtual é fundamental olharmos cuidadosamente para o

letramento dos próprios professores. Sem o envolvimento dos professores na

discussão dessa nova realidade, a integração de tecnologia e educação pode

resultar no "vinho velho em novas garrafas", utilizando a tecnologia para dar

uma nova roupagem ao ensino tradicional, ou até mesmo na recusa por parte

dos professores em modificar sua própria prática (KNOBEL e LANKSHEAR,

2006).

Como professora em serviço e formadora de professores, tenho percebido uma

grande ansiedade por parte dos professores que admitem a necessidade de

uma mudança no ensino, contudo não sabem como transformar essa grande

discussão em prática docente.

Warschauer em seu livro "Learning in the Cloud" (2011), se propõe a

responder duas questões fundamentais : Como e por que  transformar escolas

através do uso da mídia digital?

Este trabalho tem como objetivo desenvolver uma resenha crítica do livro

"Learning in the Cloud: How (and Why) to transform schools with Digital

Media.1" localizando-o dentro da grande discussão sobre Letramentos Digitais.

1 Aprendendo na Nuvem: Como (e porque) transformar as escolas com Mídia Digital. (minha tradução)

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Por conseguinte, pretendo discorrer inicialmente sobre o surgimento e a

proposta dos Novos Letramentos para então me deter com mais detalhe no

campo do Letramento Digital. Em seguida, descreverei os capítulos do livro de

Warschauer buscando construir uma avaliação  crítica sobre o conteúdo da

obra.

NOVOS LETRAMENTOS

Para discorrer sobre a proposta dos novos letramentos, busco fundamentar-me

em Knobel e Lankshear (2006). Segundo os autores, antes de 1970, o termo

Letramento estava relacionado a programas não-formais de instrução de

adultos que não sabiam ler e escrever.

Nos anos 70, Letramento tornou-se foco de discussões e emergiu como

palavra-chave no contexto da educação formal, passando a substituir termos

como “leitura e escrita” na linguagem educacional.

Nas décadas de 80 e 90, com a consolidação do termo Letramento no campo

da educação formal, educadores acreditavam que a educação deveria envolver

também aspectos culturais e críticos. Essa tentativa de atender a necessidades

em várias áreas pode ser percebida no surgimento de diferentes conceitos

como “letramento cultural”, “letramento crítico”, “multiletramentos”, “”letramento

de empoderamento” e outros conceitos semelhantes.

O “Letramento Cultural” tem relação com o tipo de conteúdo e conhecimento

necessários para os jovens participarem ativamente e criticamente da vida em

sociedade. Knobel e Lankshear (2006) mencionam o modelo desenvolvido por

Green (1988) que afirma que o Letramento deve ser visto como possuindo 3

dimensões: a operacional, a cultural e a crítica. Dimensões essas que

englobariam a língua, o significado e o contexto.

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Acredita-se que os aprendizes de hoje precisam de novos conhecimentos

culturais e operacionais com o intuito de dominarem a linguagem que daria

acesso às novas práticas sociais.

Os “novos” Letramentos, então, relacionam-se com a necessidade de

capacitação da população às novas linguagens. Por um lado seria um novo

modo de compreender e pesquisar sobre Letramento, considerando-os um

fenômeno social. Por outro, refere-se à própria “natureza” dos novos

letramentos, ou seja, a essência desses novos letramentos seria de alguma

forma diferente dos letramentos convencionais estudados no passado.

Nos dias atuais, um novo Letramento tem sido estudado e apontado como uma

grande promessa na educação, o “Letramento Digital”. Para auxiliar-me a

construir um panorama histórico do conceito baseio-me em Marcelo Buzato

(2010) , Doug Belshaw (2011) , Knobel & Lankshear (2006) e na entrevista de

Barlow em 1995 feita por Tunbridge.

LETRAMENTO DIGITAL

Doug Belshaw, em sua tese de doutorado “What is digital literacy? A pragmatic

investigation”2, constrói um histórico do conceito “Letramento Digital” que julgo

interessante para a compreensão do tópico em questão.

Segundo Belshaw (2011), em 1969, John Debes utilizou o termo “Letramento

Visual” para designar as competências visuais que o ser humano pode

desenvolver ao ver algo. Observa nesse caso uma relação entre o termo com a

definição de letramento tradicional que considerava a importância da

decodificação de códigos da linguagem, agora códigos visuais.

Paralelamente, surgiram termos como “Letramento tecnológico” afirmando a

necessidade dos aprendizes de saberem usar determinada tecnologia. Nos

anos 80, com a chegada dos computadores, o termo “Letramento de

computadores” referia-se às habilidades e conhecimentos necessários para a

2 O que é Letramento Digital? Uma investigação pragmática (minha tradução).

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sobrevivência dos cidadãos em uma sociedade que depende da tecnologia.

Outro conceito similar, o de “Letramento TIC (Tecnologia de informação e

comunicação) “ apontava o uso da tecnologia digital pelo aprendiz para

acessar, gerenciar, integrar, avaliar e criar informações a fim de operar numa

sociedade do conhecimento. Nos fins da década de 90, Paul Gilster (1997)

utiliza o termo “Letramento Digital”, em livro do mesmo nome, suscitando

discussões sobre o conceito.

Mas o que é Letramento Digital? Gilster (1997) acredita ser a habilidade de

compreender e utilizar a informação de múltiplos formatos a partir de várias

fontes. Knobel e Lankshear (2006) trazem que segundo o Serviço de Testes

Educacionais americano, letramento digital é a habilidade de utilizar a

tecnologia digital e ferramentas de comunicação apropriadamente para a

solução de problemas. No entanto, o letramento digital que buscamos hoje,

envolve também o letramento crítico do cidadão por meio da tecnologia digital.

Marcelo Buzato (2010) fala na importância de refletirmos sobre uma

apropriação tecnológica que tem como meta transformações sociais, na

medida em que habilita o cidadão para uma nova realidade onde é valorizada

a participação, o conhecimento distribuído, a partilha de conteúdos, a troca

colaborativa, e o hibridismo.

Buzato (2010) fala ainda sobre a apropriação participativa, em que ao

participarem de atividades em que demandam o uso da tecnologia, as pessoas

adaptam e modificam seu significado por meio da interação.

A questão que se coloca é, para que aprendizes tornem-se atores sociais por

meio da apropriação, participação e transformação, é fundamental olharmos

como instituições escolares, seus diretores e professores abordam a

tecnologia.

Recentemente, mudanças importantes têm ocorrido na sociedade

impulsionadas pelo desenvolvimento e utilização de tecnologias digitais. Essas

mudanças vieram acompanhadas de diferentes modos de pensar e ver o

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mundo. Uma nova mentalidade surgiu e novos letramentos despontaram.

Knobel e Lankshear (2006) afirmam que ainda não sabemos como lidar com os

novos letramentos no contexto educacional.

Podemos observar dois mundos distintos, o mundo escolar que ainda é

dominado pelos letramentos convencionais enquanto os novos letramentos já

estão presentes nas vidas dos alunos “fora da sala de aula”.

Knobel e Lankshear (2006) descrevem duas mentalidades , “mindsets”,

observadas no contexto atual que se mostram relevantes no cenário da

integração entre tecnologia e educação. A primeira mentalidade é a de que

muitas mudanças ocorrem mas em sua essência o mundo continua o mesmo.

A segunda mentalidade é a de que o mundo contemporâneo se mostra

diferente de várias formas e continua mudando. Mudanças tais que estão

relacionadas com o desenvolvimento das tecnologias digitais assim como

novos modos de ser e agir possibilitadas por estas tecnologias. Os autores

Knobel e Lankshear (2006) complementam dizendo que aqueles que adotam a

primeira mentalidade podem ser chamados de “newcomers”3 e aqueles que

vivem a segunda mentalidade seriam os “insiders”4.

Essas diferentes mentalidades, coexistem e influenciam diretamente como

cada governo, instituição e professor se relaciona com a tecnologia no âmbito

escolar. Barlow em entrevista (TUNBRIDGE, 1995) sugere que sem uma

mentalidade apropriada, as pessoas passam a abordar as ferramentas e

ambientes digitais inapropriadamente. Como interpretamos e respondemos ao

mundo depende muito de nossa posição seja como um novato ou como

alguém familiarizado com o mundo digital. Um professor “newcomer”

provavelmente utilizará a tecnologia para fazer o que sempre fazia, dando uma

nova roupagem à educação tradicional. Um professor “insider” , em

contrapartida, estará mais aberto a enxergar novas possibilidades para a sala

de aula incentivando a autonomia na busca de conhecimento, o

compartilhamento de informação, a criatividade e a experimentação.

3 “novato” (tradução minha)

4 “familiar” (tradução minha)

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Iniciativas de integração de tecnologia à educação tendo como princípio as

diferentes mentalidades , primeira e segunda, descritas por Knobel e

Lankshear (2006), são trazidas por Warschauer (2011) como exemplos com os

quais podemos aprender o que fazer e o que não fazer ao trazermos a

tecnologia para o contexto educacional.

APRENDENDO NA NUVEM

O preâmbulo, escrito por Chris Dede, professor de Tecnologias Educacionais

em Harvard, descreve o que podemos esperar da obra escrita por Warschauer.

Segundo Dede, a obra “Learning in the Cloud” discute porque “a sabedoria

convencional” sobre investimentos em tecnologia educacional é falha, propõe

como alternativa um modelo conceitual baseado em pesquisas e traz

evidências detalhadas da praticidade e força deste modelo.

Warschauer inicia seu livro afirmando que um dos setores mais lentos em

integrar a tecnologia tem sido o da educação primária e secundária. O autor

menciona que fora da escola, ninguém faz pesquisa, analisa dados ou

desenvolve trabalhos sem o uso de computadores e da internet, no entanto, o

mesmo não se dá com frequência no ambiente escolar. É possível ensinarmos

nossos alunos a desenvolver os mesmos trabalhos de maneira mais eficiente

auxiliando-os a fazer uso das ferramentas digitais corretas.

O autor afirma que as mudanças já estão ocorrendo. Mais e mais, o número de

computadores por alunos tem diminuído. Os netbooks com preços mais

acessíveis , os programas de livre acesso, como o Linux e a crescente

digitalização de materiais didáticos tem acelerado tais mudanças. Entretanto,

Warschauer afirma que o simples acesso a ferramentas digitais não produz

aprendizagem automaticamente. Para transformar a educação é preciso mais

do que colocar um computador nas mãos de uma criança. A transformação

educacional requer objetivos claros do que é possível alcançar com a mídia

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digital, um currículo apropriado, uma metodologia, a avaliação sobre objetivos

atingidos e uma infraestrutura social e técnica para apoiar tal iniciativa.

Segundo o autor, o livro tem como objetivo explicar como, por meio do uso de

mídias digitais, os alunos podem tornar-se mais livres em buscar conteúdo

educacional dentro e fora da escola, como também ficar mais conectados aos

objetivos, redes, conteúdos que permitirão seu sucesso como aprendizes.

Afirma que o livro tem uma abordagem especial, primeiramente por buscar uma

reflexão sobre a integração da tecnologia partindo de várias pesquisas e

estudos publicados pelo autor e por outros pesquisadores e finalmente, por

combinar uma visão positiva do que pode ser alcançado com a tecnologia

aliada a uma perspectiva realista de como colocar isso em prática.

“Music is not in the piano”5

Alan Kay (1991, apud Warschauer, 2011)

Na introdução, o autor apresenta dois exemplos de escolas americanas que

implementaram programas de integração de tecnologia. Inicia com o programa

desenvolvido pelas escolas “Littleton Public Schools” , fora de Denver, onde

seus alunos utilizam blogs, wikis e outras mídias sociais para desenvolver a

habilidade de escrita e fortalecer seu senso de conexão com a escola. O

programa desenvolvido entre 2008 e 2009 foi marcado pela formação dos

profissionais envolvidos, diretores e professores, o cuidado na escolha do

software apropriado aos objetivos curriculares e netbooks de baixo custo com

programas de livre acesso. O programa foi pilotado durante um ano e sendo

posteriormente avaliado positivamente , mais recursos foram levantados para

expandir o programa para outras séries escolares.

Traz então um exemplo não tão bem sucedido do programa desenvolvido nas

escolas “Birmingham Public Schools” no Alabama. Neste caso, o programa não

foi iniciado pelo distrito escolar mas pelo prefeito . O prefeito Larry Langford

conseguiu recursos para a aquisição de 15.000 computadores que foram

distribuídos aos alunos no ano de 2009. O próprio autor chegou a visitar uma

5 A música não está no piano (minha tradução).

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das escolas e pôde perceber pessoalmente os problemas enfrentados: falta de

investimento em capacitação dos profissionais envolvidos, computadores que

logo estragaram ou tinham defeitos, pouco incentivo para o uso dos

computadores durante as aulas, pouco envolvimento dos professores no

programa e problema de acesso à internet na escola. Birmingham aprendeu a

lição da forma mais difícil, errando. Assim como a música não está no piano,

ensino, aprendizagem e conhecimento também não estão no computador.

A seguir, no capítulo entitulado Objetivos, Warschauer fala dos três objetivos

normalmente defendidos para o uso da tecnologia na educação e as

armadilhas que cada um deles pode carregar. De acordo com o autor, quando

os objetivos para o uso da tecnologia são construídos em base errôneas,

podemos acabar nos afastando de onde de fato almejávamos chegar. Os três

objetivos principais são: usar tecnologia para (1) melhorar o desempenho

acadêmico dos alunos, (2) propiciar novas formas de aprendizagem

necessárias no século XXI e (3) promover equidade educacional e social.

Considerando o primeiro objetivo de utilizar a tecnologia para melhorar o

desempenho acadêmico dos alunos, a experiência mostra que a busca por

melhoras em percentual em testes educacionais padronizados tem levado ao

grande enfoque no que é mais relevante nos testes, esquecendo , no entanto,

outras habilidades também igualmente importantes. O famoso efeito retroativo

pode ser percebido como reflexo em programas de computadores focados na

prática e na repetição de conteúdos, com o intuito de preparar alunos para

testes educacionais (Warschauer, 2011). Corremos o risco de ao invés de

estarmos preparando alunos para a vida, estarmos na verdade preparando-os

para testes.

Quanto ao segundo objetivo de utilizar tecnologia com o intuito de propiciar

novas formas de aprendizagem condizentes ao século XXI, Warschauer afirma

que primeiramente devemos repensar o que é aprender. O poder competitivo

dos países não pode mais ser em fabricar e vender commodities e sim em

quão eficiente é em produzir produtos, serviços, e tecnologias que são novos,

especiais e inovadores. O valor dos produtos não está mais no tempo em que

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leva para produzí-lo mas no conhecimento envolvido em relação ao design e a

novas formas de interações sociais. Se quisermos promover uma mudança, a

educação deve levar em consideração estes pontos para então buscar auxiliar

os alunos a desenvolverem habilidades necessárias para o futuro.

Mas quais seriam essas habilidades?

Patnership21, uma organização composta por grandes empresas de

tecnologia, editoras , empresas de jogos e grupos educacionais acreditam que

as habilidades do futuro são: habilidades de aprendizagem e inovação,

habilidades de informação, mídia e tecnologia e habilidades para a vida e

carreira, além dos conteúdos fundamentais ( matemática , ciências, leitura,

línguas, etc.). Warschauer critica a grande ênfase em habilidades tecnológicas

que podem ser efêmeras.

Levy e Murnane (2004, apud Warschauer, 2011) refutam o pensamento de que

no mercado de trabalho atual procuram-se pessoas com habilidade em solução

de problemas apenas, sem demandar um conhecimento mais aprofundado.

Estudando o mercado atual, Levy e Murnane, dois economistas, observaram

que duas áreas em que a demanda de trabalho tem crescido: o pensamento

expert, e a comunicação complexa. Segundo eles, o pensamento expert refere-

se a um tipo avançado de reconhecimento de padrões e solução de problemas

que advém de um conhecimento profundo em uma área específica. Já a

comunicação complexa, seria a habilidade de falar e escrever analiticamente e

convincentemente sobre assuntos complexos que demandam o domínio

profundo de um conhecimento.

O terceiro objetivo da integração da tecnologia, o de promover equidade

educacional e social é movido pela divisão digital percebida entre os que têm

ou não acesso à tecnologia e ao mundo digital. O autor menciona uma grande

disparidade entre o desempenho educacional dos americanos ricos e dos

pobres, exacerbada ainda mais por essa divisão digital. Para promover então

essa equidade de acesso às possibilidades educacionais e sociais do mundo

digital, diferentes governos têm investido na inserção de computadores nas

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escolas, seja em laboratórios de informática ou em sala de aula. No entanto,

Warschauer aponta por meio de exemplos e resultados de pesquisas que a

solução para a questão da divisão digital não é apenas tecnológica mas

também econômica, social e educacional. Não é suficiente colocar

computadores nas salas de aula ou nas mãos dos alunos se não promovermos

intervenções educacionais bem elaboradas. A presença física dos

computadores na escola é uma parte importante da empreitada, contudo, é

uma pequena parte. O mais importante, segundo o autor, é a elaboração de

uma intervenção educacional que promova a melhora do desempenho de todos

que ofereça principalmente instrução, apoio e scaffolding para aqueles que

mais necessitam.

No capítulo seguinte, Warschauer descreve ambientes educacionais e recursos

digitais utilizados por várias escolas para oferecer o apoio e a sustentação

necessários tendo em vista a equidade educacional desejada.

Warschauer inicia o capítulo Ferramentas com uma citação que ilustra o

assunto a seguir. “Technology must be like oxygen: ubiquitous, necessary and

invisible.6” (Chris Lehman, 2010 apud Warschauer, 2011).

De acordo com Warschauer, pesquisas dentro e fora de escolas demonstram

que mídias digitais auxiliam no desenvolvimento de 4 funções críticas na

aprendizagem, chamadas pelo autor de 4 Cs: conteúdo, comunidade,

construção e composição. Para uma melhor compreensão de como cada uma

dessas funções auxilia a aprendizagem, é interessante analisarmos a

experiência de aprendizagem fora do ambiente escolar. Primeiramente, os

aprendizes bem-sucedidos fora do ambiente escolar usam computadores e a

internet como forma de acesso a conteúdo individualizado, diferenciado, rico e

interativo relacionado com tópicos de seu interesse. Eles também aprofundam

seu conhecimento sobre o tópico com o apoio de uma comunidade e pouco a

pouco com a colaboração de mentores e parceiros, constroem conteúdos a

serem compartilhados com os outros. Finalmente, eles estão envolvidos com a

composição de textos em blogs, wikis, redes de fãs e outros sites.

6 A tecnologia deve ser como o oxigênio: onipresente, necessário e invisível. (minha tradução)

Page 12: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

Todas essas funções podem ser desenvolvidas sem o uso de computadores,

no entanto, Warschauer afirma que cada uma das funções pode ser

desempenhada com mais eficiência com o uso de mídias digitais na medida

em que oferecem aos aprendizes uma vasta quantidade de conteúdos, coloca

as pessoas em contato com comunidades do mesmo interesse, oferece meios

para a construção elaborada de conhecimento e o ambiente e ferramentas para

que aprendizes escrevam, colaborem, recebam retorno, revisem e publiquem

seus trabalhos para um público autêntico.

Segundo o autor, as melhores tecnologias para tal, são aquelas que podem ser

adotadas com o mínimo de impedimentos em relação a custos, manutenção,

facilidade de uso e ao rendimento escolar. De acordo com pesquisas em várias

escolas americanas, programas de um computador por aluno são os mais

eficientes em propiciar o acesso a conteúdos, comunidades de aprendizagem,

construção e composição.

Algumas escolas, optam por laptops, outras por netbooks e mais recentemente

por ipads, cada um oferecendo diferentes propiciamentos para a educação. Os

softwares de livre acesso, as mídias sociais, o armazenamento de dados na

nuvem da web, os tablets e materiais didáticos digitais, possibilitaram a

implementação de vários programas de integração de tecnologia. Warschauer

fala em detalhes sobre os propiciamentos de cada uma dessas tecnologias,

trazendo também resultados de diferentes pesquisas e entrevistas.

No capítulo seguinte Exemplares, Warschauer descreve quatro programas

bem sucedidos em que há a ênfase na aprendizagem autêntica mediada por

mídias digitais e o envolvimento de alunos no desenvolvimento de projetos e

produtos para compartilhamento. Em dois programas, os netbooks são usados

para o desenvolvimento da escrita e nos outros dois, laptops são utilizados na

produção mais ampla de conteúdos. Em todos os programas, o uso de

ferramentas digitais é adequado aos objetivos principais.

Page 13: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

Todos os exemplos apresentados por Warschauer deixam claro como os

computadores em si são uma pequena parte da reforma educacional com a

tecnologia. Em cada um dos programas, o computador foi usado para auxiliar a

aprendizagem devido ao modo como a tecnologia poderia contribuir com um

programa educacional bem elaborado com um currículo inovador, uma

metodologia e métodos avaliativos apropriados.

No capítulo 5, Desenho, Warschauer discute cada um desses elementos

criticamente e em seguida apresenta um modelo de integração de todos os

elementos.

O currículo atual das escolas americanas enfatiza o acúmulo de um grande

número de fatos e habilidades, ou seja, um ensino amplo mas superficial.

Como consequência, os professores estão constantemente correndo contra o

tempo para cobrir o conteúdo ao invés de trabalharem para levar seus alunos

a um raciocínio mais profundo e especializado mais necessário às demandas

da atualidade.

Os esforços em reformar escolas com tecnologia mais bem sucedidos,

pesquisados por Warschauer, são aqueles em que há uma atenção especial no

desenvolvimento do currículo. O autor menciona como exemplo a experiência

utilizando laptops da escola de Littleton onde o currículo foi adaptado e

ajustado ao programa de letramento proposto.

Assim como o currículo precisa de adequação à uma sociedade pós-industrial

de informação, é necessário também uma revisão da metodologia utilizada

pelos professores. As pesquisas mencionadas pelo autor mostram que um bom

aprendizado com tecnologia deriva de uma presença marcante de instrução por

parte do professor. Um bom ensino algumas vezes envolve o papel do

professor como um guia, entretanto, muitas vezes é necessária e desejável a

instrução direta do professor. A esse respeito, Warschauer afirma ainda que

computadores e internet têm o poder de amplificar o trabalho de um bom

professor .

Page 14: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

Um bom professor com tecnologia segundo o modelo descrito por

Warshchauer, desenvolvido por Mishra e Koehler (2010) precisa de

conhecimento do conteúdo, de metodologia e da tecnologia, todos como parte

integrante de um todo, onde uma área influencia a outra. A falha de muitos

programas de treinamento de professores é focar isoladamente no

conhecimento do funcionamento de determinada tecnologia deixando de

construir a devida integração entre o conteúdo a ser ensinado e a metodologia

a ser adotada.

Uma vez alterado o currículo e a metodologia a ser adotada, faz-se necessário

também buscar mudanças no processo avaliativo escolar. De acordo com o

autor, o processo avaliativo deve ser alterado de duas formas: ele deve basear-

se na performance e ser de base formativa.

A avaliação tendo como foco a performance apresenta como características

realizações do mundo real, relação com contextos autênticos, reais e situações

realistas, requer que alunos apliquem seu conhecimento e habilidades a .novas

situações e naturalmente integram habilidades do século XXI com as grandes

ideias do conteúdo acadêmico.

Várias pesquisas mencionadas por Warschauer demonstram os benefícios da

avaliação formativa que oferece um retorno a alunos e professores que pode

ser utilizado para a melhora do ensino e da aprendizagem. O tipo de

aprendizagem que ocorre após um retorno pode ser facilmente percebida na

experiência de jovens com mídias digitais como jogos, fora do ambiente

escolar. Experiência tal que possibilita aos alunos testarem suas hipóteses e

aperfeiçoarem sua compreensão e performance.

E como aproveitar os propiciamentos das mídias digitais para melhorar o

processo de avaliação formativa? Warschauer esclarece que as mídias digitais

podem sim beneficiar a avaliação formativa por meio de projetos, da escrita e

do retorno dado por programas de computador. Elas podem ser utilizadas para

incentivar a auto-avaliação durante projetos, para facilitar o retorno formativo

da escrita dos alunos, para promover mais instruções e sugestões dos

Page 15: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

professores nos trabalhos dos alunos, para estimular o compartilhamento

público do trabalho desenvolvido por alunos e finalmente, para oferecer aos

alunos oportunidades de aprendizagem por meio de programas

computadorizados, jogos e quizzes online.

Bons professores, com ou sem laptops em sala de aula, consideram seus

objetivos curriculares para então planejar a avaliação e as aulas necessárias.

Warschauer descreve um modelo que integra o currículo, a metodologia e

avaliação desenvolvido em 1998 por Wiggins e McTighe chamado de

“Understanding by design7”.

Esse modelo é baseado no modelo de “planejamento ao contrário” onde

primeiramente o professor identifica as grandes ideias e perguntas essenciais

que espera que seus alunos aprendam com o curso, então desenvolve a

avaliação apropriada que possibilitará ao professor determinar a extensão da

compreensão dos alunos a cerca das grandes ideias e perguntas essenciais,

para finalmente planejar a sequência didática tendo em mente essas ideias,

perguntas e avaliação pretendida.

Os vários exemplos apresentados por Warschauer demonstram que a chave

para a transformação das escolas com o uso de computadores não está na

tecnologia em si e nem em projetos específicos, mas está na combinação de

projetos com mídias digitais, em um currículo com enfoque em profunda

compreensão, em uma metodologia que combina instrução direta com o

monitoramento para promover uma aprendizagem centrada no aluno e em

avaliação que seja performativa e formativa.

Warschauer discute também os benefícios e problemas da educação online

traçando uma diferença entre o aprender via computadores e o aprender com

computadores. Os exemplos bem sucedidos trazidos pelo autor, indicam que

para aprendizagem positiva com computadores ocorrer quando há a

integração entre tecnologia e instrução, é fundamental a presença de

professores altamente habilitados.

7 Compreensão pelo desenho. (minha tradução)

Page 16: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

O autor dedica o capítulo 6, Ambientes, para abordar a questão de como

construir e manter um ambiente de aprendizagem escolar mais eficiente e

sintonizado com as necessidades atuais.

Desenvolver e manter um ambiente de aprendizagem com mídias digitais

envolve uma rede de infra-estrutura sócio-técnica, que inclui tanto uma rede de

ferramentas quanto os relacionamentos que permitirão que as ferramentas

sejam exploradas para os fins desejados.

As ferramentas essenciais nesse caso são computadores e acesso à internet.

As escolas americanas têm trazido os computadores para a sala de aula de

duas maneiras: levantando fundos para aquisição de laptops, netbooks ou

ipads e oferecendo o acesso a cada aluno, ou incentivando os próprios pais

dos alunos a adquirirem os computadores que posteriormente são utilizados

em sala de aula ou em casa.

Outro ponto fundamental e frequentemente esquecido é a Liderança.

Pesquisas demonstram que há uma grande relação entre o índice de Liderança

administrativa e o índice de implementação de programas relacionados a

tecnologia. Warschauer afirma que suas próprias pesquisas apontam que é

necessária uma visão clara do tipo de reforma educacional que é possível

alcançar com a tecnologia e como implementá-la, envolver diretores,

administradores, professores, alunos e pais no processo, ter um planejamento

detalhado para delinear objetivos específicos e ações futuras, oportunidades de

desenvolvimento profissional contínuo para os professores e uma comunicação

constante entre todos os envolvidos.

O autor dedica a parte final do capítulo para o papel do ator fundamental na

reforma educacional, o professor. Segundo Becker (2000, apud Warschauer,

2011), os professores tendem a utilizar a tecnologia mais substancialmente em

três condições: quando computadores estão sempre disponíveis em sala de

aula, quando sentem-se seguros e confortáveis com a tecnologia e quando

acreditam no potencial da tecnologia em auxiliar a aprendizagem. Dos três

Page 17: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

fatores, a crença dos professores é a mais difícil de alterar pois envolve a

mudança de normas e crenças moldadas por décadas de experiência em

sociedade.

O que pode ser feito para garantir que os professores integrem a tecnologia em

sua prática docente? Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte,

propõem 5 estratégias para o desenvolvimento profissional de professores em

ambientes escolares de um computador por aluno.

Primeiramente, envolver os professores em cursos que promovam o

conhecimento da interação entre tecnologia, metodologia e conteúdo didático,

envolver professores em pesquisas baseadas em projetos para mais facilmente

compreenderem e adotarem uma metodologia baseada na criação de projetos,

envolver professores na compreensão de novas habilidades do século XXI, e

finalmente envolver professores em redes e comunidades de desenvolvimento

profissional.

Warschauer conclui seu livro resumindo em um quadro os muitos elementos de

implementação que fizeram do programa de Littleton um sucesso. O fato é que

a tecnologia em si não faz a reforma educacional acontecer, mas tende a

amplificar crenças e práticas pré-existentes. Em outras palavras, se uma

instituição escolar e professores acreditam que a aprendizagem se dá por

meio de aulas expositivas, repetição, atividades práticas e desenvolvimento de

habilidades isoladas, provavelmente encontrarão formas de utilizar a tecnologia

para alcançar este mesmo propósito. Já os professores e escolas devotados a

promover uma aprendizagem profunda através de projetos autênticos e

avaliação performativa buscarão utilizar a tecnologia para amplificar estas

práticas também.

Apesar dos desafios que o uso das mídias digitais para uma reforma

educacional serem grandes, o potencial de recompensa é promissor.

Warschauer afirma que as mídias digitais são as ferramentas de comunicação,

análise e pesquisa mais poderosas já existentes na história da humanidade.

Como educadores, temos a grande oportunidade de transformar nossas

Page 18: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

escolas tirando proveito das novas mídias com o propósito de prepararmos os

alunos para uma participação bem sucedida em um mundo que está em

constante mudança.

APRENDENDO COM EXEMPLOS

Professores em serviço , vivendo este momento especial na educação onde

percebem  a necessidade de mudança da própria prática e talvez do papel na

escola, perguntam-se como tirar proveito das mídias digitais para enriquecer a

experiência de aprendizagem. Para muitos, o mundo digital é relativamente

novo dificultando a compreensão das mudanças nas práticas sociais e na

relação com a busca e construção de conhecimento. Outros, mais

familiarizados com as novas mídias, muitas vezes queremos fazer parte da

reforma educacional mas não sabemos como implementar as mudanças

necessárias.

Diversos autores e pesquisadores, mencionados anteriormente neste trabalho,

envolvidos com a discussão dos novos letramentos, falam sobre a necessidade

da reflexão a respeito de uma reforma educacional, no entanto, nos faltavam

exemplos de diferentes iniciativas para que possamos a partir de experiências

negativas e positivas de programas pioneiros na integração da tecnologia com

a educação, encontrarmos nossos próprios caminhos.

Apesar do livro trazer exemplos de programas implementados em escolas

americanas, muito podemos aprender com essas iniciativas. A primeira lição é

que a reforma educacional com computadores não será uma tarefa simples

solucionada apenas com o investimento em computadores para as escolas.

Também não se completará em cinco anos  ou dez (WARSCHAUER, 2011).

Segundo o autor, estamos ainda nos estágios iniciais do que será um longo

processo.

A segunda lição é que a tecnologia por si só não promoverá mudanças

satisfatórias. Os exemplos trazidos por Warschauer, demostram que o

Page 19: Letramento Digital nas escolas: aprendendo com exemplos

processo é mais complexo, envolvendo um currículo inovador, uma

metodologia apropriada e avaliações condizentes.

Como formadora de professores, percebo também os desafios para envolver

os professores neste processo de mudança de prática docente, de papel na

educação e principalmente de crenças.

Warschauer inicia o livro dizendo que sua proposta é diferente por combinar

uma visão tanto realista quanto positiva do que pode ser alcançado com o

auxílio da tecnologia. Longe de ser um conjunto de receitas a seguir, o grande

mérito deste trabalho de Warschauer está em apoiar suas sugestões e

impressões em exemplos reais e vários resultados de pesquisa.

BIBLIOGRAFIA

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