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unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de Rosana - SP JULIANE SERRANO MOÇO LAMPIASI LEVANTAMENTO E ANÁLISE DO PERFIL DO ALBERGUISTA DO LITORAL NORTE PAULISTA: São Sebastião e Ubatuba ROSANA SÃO PAULO. 2009

LEVANTAMENTO E ANÁLISE DO PERFIL DO ALBERGUISTA DO LITORAL NORTE PAULISTA: São Sebastião e Ubatuba

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Trabalho de Conclusão de Curso apresentado por JULIANE SERRANO MOÇO LAMPIASI.Resumo:Este trabalho teve o intuito de realizar o levantamento e a análise de perfil dos hóspedes dos Albergues da Juventude associados à Hostelling International no Litoral Norte Paulista, assim como o levantamento de sua infra-estrutura. Os Albergues da Juventude participantes desta pesquisa foram os da praia de Camburi, localizada em São Sebastião e o de Ubatuba. Tal objetivo foi abordado por meio de questionários com perguntas ligadas ao biossocial, às expectativas e às motivações da viagem destes hóspedes. A realização desta pesquisa se deu durante os meses de dezembro a maio, podendo assim atingir a chamada alta temporada e ainda um período da baixa temporada. Por meio dos resultados obtidos foi possível a realização de gráficos e tabela comparativa para um maior entendimento e análise do perfil deste hóspede.

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  • unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO

    Campus de Rosana - SP

    JULIANE SERRANO MOO LAMPIASI

    LEVANTAMENTO E ANLISE DO

    PERFIL DO ALBERGUISTA DO

    LITORAL NORTE PAULISTA: So

    Sebastio e Ubatuba

    ROSANA SO PAULO. 2009

  • JULIANE SERRANO MOO LAMPIASI

    LEVANTAMENTO E ANLISE DO

    PERFIL DO ALBERGUISTA DO

    LITORAL NORTE PAULISTA: So Sebastio e Ubatuba

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao

    Curso de Turismo Unesp/Rosana, como requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel em

    Turismo.

    Orientador: Prof Dr. Srgio Domingos de

    Oliveira

    ROSANA- SO PAULO

    2009

  • JULIANE SERRANO MOO LAMPIASI

    LEVANTAMENTO E ANLISE DO

    PERFIL DO ALBERGUISTA DO

    LITORAL NORTE PAULISTA: So Sebastio e Ubatuba

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao

    Curso de Turismo Unesp/Rosana, como requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel em

    Turismo.

    Orientador: Prof. Dr. Srgio Domingos de

    Oliveira

    Data de aprovao: ___/___/____

    MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA:

    Presidente e Orientador: Prof. Dr, Srgio Domingos de Oliveira

    UNESP Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita

    Membro Titular: Prof. Dr. Llio Galdino Rosa UNESP Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita .

    Membro Titular: Prof. Msc. Cludia Corra de Almeida Moraes

    UNESP Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita

    Local: Universidade Estadual Paulista

    UNESP

  • AGRADECIMENTOS

    Principalmente aos meus pais e minha famlia, pelo apoio, torcida, confiana e

    incentivo constante durante toda a graduao.

    Aos amigos presentes durante a graduao, principalmente Gabriela Almeida, Rafael

    Ikawa, Gabriel Firmino, Patrcia Sete, Patrcia Pessoa e Maria Miola que comigo

    compartilharam sorrisos, conselhos, risadas e lgrimas, me apoiando sempre. Aos amigos

    sempre presentes: Kallel, Giseli, Artur, La, Karina e Luciane que sempre torceram por mim.

    s novas amigas e companheiras de trabalho que me incentivaram, me ouviram e me

    agentam diariamente: Gabriela Costabile e Aline Machado. E queles que aqui no foram

    citados, mas que fizeram parte de toda a graduao e da minha vida.

    Ao professor e orientador Srgio Domingos de Oliveira, pela pacincia e disposio

    em ajudar, no somente durante a realizao deste trabalho, como tambm durante toda a

    graduao. professora Cludia Corra de Almeida Moraes pela pacincia e disposio em

    ajudar sempre.

    E finalmente, ao pessoal dos albergues de Camburi, Ubatuba, Maresias e Ilhabela que

    foram pacientes e me auxiliaram da melhor forma possvel.

  • RESUMO

    Este trabalho teve o intuito de realizar o levantamento e a anlise de perfil dos hspedes dos

    Albergues da Juventude associados Hostelling International no Litoral Norte Paulista, assim

    como o levantamento de sua infra-estrutura. Os Albergues da Juventude participantes desta

    pesquisa foram os da praia de Camburi, localizada em So Sebastio e o de Ubatuba. Tal

    objetivo foi abordado por meio de questionrios com perguntas ligadas ao biossocial, s

    expectativas e s motivaes da viagem destes hspedes. A realizao desta pesquisa se deu

    durante os meses de dezembro a maio, podendo assim atingir a chamada alta temporada e

    ainda um perodo da baixa temporada. Por meio dos resultados obtidos foi possvel a

    realizao de grficos e tabela comparativa para um maior entendimento e anlise do perfil

    deste hspede.

    Palavras chave: Turismo, Albergues da juventude, Litoral Norte Paulista

  • ABSTRACT

    This study was designed to study and analyze the guests profile of the Hostels affiliate to

    Hostelling International from the northern coast of So Paulo. The hostels participants in this

    study were the hostels of Camburi, located in So Sebastio and Ubatuba. The objective was

    reached through a questionnaire with questions related to the biosocial, expectations and

    motivations of these guests travel. This research took place during the months of December (2008) to May (2009). Through the results it was possible to make comparative charts and

    tables for a greater understanding and analysis of the profile of these guests.

    Keywords: Tourism, Hostels of youth, Northern coast of So Paulo.

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    APAJ Associao Paulista de Albergues da Juventude

    FBAJ Federao Brasileira de Albergues da Juventude

    IYHF International Youth Hostel Federation

    OMT- Organizao Mundial de Turismo

    EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

    UH Unidade Habitacional

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 : Mapa de localizao do Litoral Norte Paulista..............................................32

    Foto 1 : Recepo Camburi Hostel.................................................................................34

    Foto 2 : Recepo Camburi Hostel................................................................................34

    Foto 3 : Quarto coletivo Camburi Hostel........................................................................35

    Foto 4 : Quarto casal Camburi Hostel.............................................................................35

    Foto 5 : Sala de jogos Camburi Hostel............................................................................35

    Foto 6 : Piscina Camburi Hostel.....................................................................................35

    Foto 7 : Recepo- Piscina Ubatuba Hostel....................................................................36

    Foto 8 : Quarto coletivo Ubatuba Hostel........................................................................36

  • LISTA DE TABELA E GRFICOS

    Grfico 1: Nacionalidade dos visitantes.........................................................................37

    Grfico 2: Sexo dos visitantes........................................................................................37

    Grfico 3: Estado Civil dos visitantes............................................................................38

    Grfico 4: Formao dos visitantes................................................................................38

    Grfico 5: Idiomas citados pelos visitantes....................................................................39

    Grfico 6: Transporte utilizado na viagem.....................................................................39

    Grfico 7: Companhia....................................................................................................40

    Grfico 8: Perodo de Permanncia nos Albergues........................................................40

    Grfico 9: Assiduidade...................................................................................................41

    Grfico 10: Hostels com pretenso de visita..................................................................41

    Tabela 1: Tabela comparativa de dados coletados.........................................................42

  • SUMRIO

    INTRODUO ...................................................................................................................... 10

    1.2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 11

    1.3. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 11

    1.4. PROCEDIMENTOS E MTODOS .............................................................................. 12

    CAPTULO 2: A DEMANDA PARA OS MEIOS DE HOSPEDAGEM E SUA

    SEGMENTAO DE MERCADO. ..................................................................................... 14

    2.1. TURISMO ..................................................................................................................... 14

    2.1.1. O Deslocamento Humano ...................................................................................... 14

    2.1.2. Tipos de Turismo ligados Juventude .................................................................... 16

    2.2. MEIOS DE HOSPEDAGEM ........................................................................................ 18

    2.3. ALBERGUES DA JUVENTUDE: HOSTELLING INTERNATIONAL ........................ 21

    2.4. DEMANDA TURSTICA E SEGMENTAO DE MERCADO ............................... 25

    2,.4.1. Os 4 Ps: Produto, Ponto, Preo e Promoo - Jerone Mccarthy: ........................... 25

    2.4.2. Os 4 Cs: Cliente, Convenincia, Comunicao e Custo - Lauterborn. ................. 26

    2.4.3. Os 4 As: Anlise, Adaptao, Ativao e Avaliao - Richers............................... 26

    CAPITULO 3: APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS COLETADOS .............. 30

    3.1. APRESENTAO DA REA ..................................................................................... 30

    3.1.1. Litoral Norte Paulista .............................................................................................. 30

    3.2. IDENTIFICAO DE PERFIL DO ALBERGUE ....................................................... 32

    3.2.1. Infra-estrutura dos Albergues .................................................................................. 32

    Fonte: Albergue da Juventude Tribo Ubatuba Hostel Fonte: Albergue da Juventude

    Tribo Ubatuba Hostel ........................................................................................................ 35

    3.3. LEVANTAMENTO DE PERFIL DOS VISITANTES HOSPEDADOS NOS

    ALBERGUES DA REDE HOSTELLING INTERNATIONAL NO LITORAL NORTE

    PAULISTA ........................................................................................................................... 36

    3.2.1. Resultados das Pesquisas respondidas pelos hspedes ........................................... 36

    CONSIDERAES FINAIS ................................................................................................. 44

    REFERNCIAS ..................................................................................................................... 47

    APNDICES ........................................................................................................................... 53

    APNDICE A MODELO QUESTIONARIO I - PORTUGUS ...................................... 54

    APNDICE B MODELO QUESTIONARIO II - INGLS .............................................. 55

    APNDICE C MODELO QUESTIONARIO III .............................................................. 56

  • 10

    INTRODUO

    De acordo com a Organizao Mundial do Turismo - OMT (SANCHO, 2003), o

    turismo ocorre quando h o deslocamento e a permanncia de pessoas em locais fora do

    ambiente de residncia de visitantes por motivo de lazer, de negcios ou outros propsitos.

    Para que seja classificado como turismo, este deve ocorrer por um perodo inferior a um ano

    consecutivo.

    Partindo-se da premissa de que o turismo acontece quando ocorre o deslocamento e a

    permanncia na localidade visitada igual ou maior a 24 horas torna-se necessrio a prestao

    de servios para o turista como: hospedagem, alimentao, transporte, entretenimento, entre

    outros.

    Entre equipamentos e servios que o turismo oferece os meios de hospedagem so de

    suma importncia para sua existncia. fundamental que haja opes para que os turistas

    possam descansar e pernoitar.

    Atualmente existem meios de hospedagem para diferentes segmentaes de demanda e

    a demanda considerada por Plog alocntrico e mesocntrico hospeda-se quase sempre em

    meios de hospedagem alternativos (GIARETTA, 2003).

    Meios de hospedagens alternativos surgem procurando atender diversos pblicos que

    por razes sociais e econmicas, por exemplo, no so beneficiados pelas hospedagens

    tradicionais j existentes. Um exemplo de hospedagem alternativa so os albergues da

    juventude.

    Os Albergues da Juventude foram criados com o intuito de tornar acessvel maioria

    da populao uma hospedagem, possibilitando assim no s a viagem em si, mas tambm a

    integrao de pessoas e o convvio social.

    Vrios Albergues da Juventude no possuem uma pesquisa detalhada sobre sua

    demanda. Por isso, este trabalho visa o conhecimento do tipo de turista hospedado nos

    Albergues da Juventude filiados rede Hostelling International no Litoral Norte Paulista,

    existentes at o inicio de julho de 2008, quando se iniciou esta pesquisa. Foram encontrados

    trs municpios com Albergues da Juventude, Ilhabela, Ubatuba e So Sebastio (Maresias e

    Camburi).

    Inicialmente pretendamos pesquisar os albergues supracitados, porm somente

    conseguimos dados que atendessem a pesquisa em dois albergues, em So Sebastio o da

    Praia de Camburi e o de Ubatuba.

  • 11

    Turistas que se hospedam em meios de hospedagem alternativos e que tambm

    realizam viagens organizadas de maneira independente ainda so assuntos poucos

    pesquisados no Brasil. Embora haja diversos estudos internacionais sobretudo em pases em

    que esse segmento estimulado por autoridades governamentais, a exemplo da Austrlia.

    No Brasil, a existncia deste tipo de turismo no ainda to significante, porm estes

    podem ser importantes para o desenvolvimento econmico, j que em outros pases este

    segmento responsvel pelo mesmo (OLIVEIRA, 2005).

    1.2. OBJETIVOS

    Este trabalho tem como Objetivo Geral identificar e analisar o perfil dos hspedes dos

    Albergues da Juventude no Litoral Norte Paulista, mais especificamente nas praias de

    Ubatuba e Cambur.

    Os objetivos especficos so:

    Identificar os albergues associados Hostelling International localizados no

    Litoral Norte at julho de 2008.

    Levantar a estrutura oferecida aos hspedes dos albergues associados

    Hostelling International localizados no Litoral Norte at julho de 2008.

    Analisar sob o aspecto biossocial, turstico e motivacional a composio dos

    hspedes dos Albergues, hospedados no perodo de dezembro de 2008 a maio

    de 2009.

    1.3. JUSTIFICATIVA

    Um dos motivos que levaram a pesquisar sobre este tema foi o conhecimento da

    existncia do pblico backpacker em Maresias So Sebastio. Quando fazamos estgio em

    uma pousada em Maresias (dezembro de 2007), tivemos a oportunidade de observar que o

    Albergue da Juventude que fica ao lado, recebia muitos hspedes com o perfil semelhante ao

    do turista backpacker. Esta permanncia constante deste tipo de viajante nos despertou a

    curiosidade em conhecer melhor os freqentadores de Albergues da Juventude.

    Entramos em contato com a Hostelling International para saber se haviam j realizado

    pesquisas sobre os Albergues localizados no Litoral Norte de So Paulo e a resposta foi para

    que procurssemos os prprios albergues. Entramos em contato com o proprietrio do

    Albergue da Juventude de Ubatuba e este nos informou que no havia uma pesquisa

    especfica. Decidimos ento realiz-la.

  • 12

    A pesquisa do perfil dos visitantes importante para se avaliar as oportunidades de um

    mercado para a venda de produtos e servios, ou seja, importante para a definio de

    potencial de mercado. A identificao do perfil do pblico visitante destes albergues

    contribuir de forma positiva, j que por meio destes resultados os proprietrios dos

    Albergues da Juventude podem realizar planejamentos e estratgias de marketings dirigidos

    especificamente a este pblico e na formatao dos produtos.

    1.4. PROCEDIMENTOS E MTODOS

    Primeiramente, por meio de levantamento bibliogrfico, foi realizada uma reviso da

    literatura existente sobre Albergues da Juventude, incluindo livros, teses, dissertaes, artigos

    e newsletters de instituies ligadas ao turismo. Por este ser um assunto ainda pouco estudado

    no Brasil, a grande parte das referncias bibliogrficas estrangeira ou retirada de obras

    nacionais que citam autores estrangeiros.

    Aps esta primeira fase de pesquisa bibliogrfica, foi realizada uma visita aos

    Albergues da Juventude participantes da pesquisa para conhecimento da infra-estrutura

    oferecida para os turistas. Durante esta visita, j foi disponibilizado 150 questionrios para

    cada Albergue da Juventude participante da pesquisa para serem aplicados aos seus hspedes.

    A metodologia de investigao utilizada pode ser classificada como uma pesquisa

    quantitativa-descritiva, j que foram aplicados questionrios pessoais. O instrumento de coleta

    utilizado foi um questionrio com 18 perguntas contendo questes de formatos diversos

    abertas, mistas, fechadas e de mltipla escolha de carter socioeconmico, assim como

    preferncias, tempo de viagem e permanncia, meio de transporte utilizado, agrupamento da

    viagem, freqncia de visitao e pretenses de viagem. O questionrio foi disponibilizado

    em dois idiomas, em portugus e em ingls, j que a grande maioria dos turistas internacionais

    domina o idioma ingls. Modelos destes questionrios podem ser encontrados em apndice

    neste trabalho.

    O nmero de questionrios respondidos s foi suficiente para a anlise em dois dos

    Albergues da Juventude participantes da pesquisa, no da praia de Camburi em So Sebastio e

    no de Ubatuba. No total foram entrevistadas 58 hspedes no perodo de dezembro de 2008 e

    maio de 2009, passando assim pelas chamadas alta e baixa temporadas. A escolha da

    amostragem foi intencional para obteno de nmeros de resultados similares, porm como j

    anteriormente citado este no foi o ocorrido. A anlise dos resultados foi realizada atravs de

    uma tabulao dos dados coletados, permitindo a elaborao de grficos. A tabela construda

  • 13

    apresenta o resultado individual obtido em cada Albergue da Juventude participante da

    pesquisa, facilitando assim a comparao de dados, j os grficos foram construdos a partir

    da mdia dos resultados obtidos pelas pesquisas.

    Disponibilizou-se, ainda, um questionrio especfico, tambm composto de perguntas

    abertas sobre estrutura fsica, servios oferecidos e marketing utilizado na captao e

    promoo do Albergue para os todos os Albergues da Juventude ligados rede Hostelling

    International localizados no Litoral Norte Paulista participantes da pesquisa.

    As localidades nas quais se inserem os Albergues da Juventude foram escolhidas,

    justamente por nelas estarem localizados os nicos albergues ligados rede Hostelling

    International no Litoral Norte Paulista at o incio da pesquisa. Como j citado anteriormente,

    por falta de dados, foi possvel apenas o estudo em apenas dois deles, os albergues de

    Camburi: Camburi Hostel e o albergue de Ubatuba: Tribo Hostel.

    O presente trabalho est dividido em 3 (trs) captulos, sendo o primeiro referente a

    problemtica, metodologia, justificativa e objetivos da pesquisa. O segundo captulo conta

    com a discusso bibliogrfica, fundamentao terica da pesquisa, apresentando dados

    bibliogrficos, histrico e pesquisas j realizadas sobre os albergues da juventude e demanda

    turstica. O terceiro captulo refere-se apresentao e anlise dos dados obtidos atravs das

    pesquisas realizadas, tanto nos albergues, como nos visitantes e hspedes destes.

  • 14

    CAPTULO 2: A DEMANDA PARA OS MEIOS DE HOSPEDAGEM E SUA

    SEGMENTAO DE MERCADO.

    2.1. TURISMO

    A definio de turismo , ainda contemporaneamente, um tema muito debatido, j que

    difcil defini-lo de uma forma significativa e que seja aceita por todos os estudantes e

    pesquisadores da rea. H diversas conceituaes e a definio oficialmente aceita a

    estabelecida pela OMT (Organizao Mundial de Turismo), que classifica como turismo:

    atividades de deslocamento e permanncia em locais fora de seu ambiente de residncia, por

    perodo inferior a um ano consecutivo, por razes de lazer, negcios ou outros propsitos.

    A OMT ainda classifica como turistas aqueles visitantes que permanecem, no mnimo,

    24 horas na localidade visitada e tem como motivao o lazer; frias; sade; estudos; esportes,

    religies; famlias, entre outros. Aqueles que permanecem na localidade por um perodo

    menor que 24 horas so considerados visitantes, excursionistas.

    De acordo com Goeldner, Ritchie e McInosh (2002, p.23), o turismo :

    um composto de atividades, servios e setores que proporcionam uma

    experincia de viagem: estabelecimentos de transporte, hospedagem,

    alimentao, compras, entretenimento, locais para atividades e outros

    servios de hospitalidade disponveis para indivduos ou grupos que estejam

    viajando para longe de onde vivem.

    Partindo-se deste conceito de que o turismo acontece quando ocorre o deslocamento e

    a permanncia na localidade visitada igual ou maior que 24 horas, necessrio ento, para a

    ocorrncia do turismo, a disponibilizao de outros servios como: hospedagem, alimentao,

    transporte, entretenimento, entre outros.

    O turismo, por ser uma rea ampla e que conta com diversos tipos de servios, como

    citado anteriormente, gera emprego para milhes de pessoas, sendo reconhecido como o

    segmento que mais gera postos de trabalho no mundo (LAGE e MILONE, 1996).

    2.1.1. O Deslocamento Humano

    Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002) afirmam que a curiosidade e o desejo dos

    homens para com o desconhecido uma caracterstica natural dos seres humanos. A vontade

    de conhecer outros lugares, outras culturas, outras pessoas est presente na natureza humana

    desde sempre e esta s tende a aumentar, principalmente, hoje em dia, onde o contato com

  • 15

    outras culturas e pessoas, mais acessvel, seja via televiso, internet ou outro meio qualquer

    de comunicao.

    O deslocamento por parte da humanidade um costume que data da antiguidade.

    Vallen e Vallen (2003) afirmam que se estima que migraes de nmades tenham acontecido

    por cerca de 20 mil anos, primeiramente pela busca de alimentos e para escapar de perigos.

    Seguidos, pelas exploraes a procura de novas terras, como os exploradores: Marco Polo,

    Cristovo Colombo, Ferno de Magalhes, entre outros.

    Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002), explanam que o Egito, com as construes das

    Pirmides, tumbas, esfinges por volta do ano 1600 a.C., j no Imprio Novo, atraam muitas

    pessoas interessadas em conhecer tais construes.

    Segundo os mesmos autores acima citados, a roda permitiu o surgimento de carroas

    pesadas que pudessem ser puxadas por bois. Para tal meio de transporte era necessrio uma

    estrada e a histria desta est relacionada concentrao de populaes em cidades

    poderosas, mesmo porque quem mais se utilizava dessas estradas construdas eram militares,

    funcionrios do governo e caravanas.

    Os romanos comearam a construir estradas em torno de 150 a.C. e podiam viajar at

    160 km por dia. Eles tambm viajavam, de acordo com Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002),

    para conhecer templos famosos na regio do Mediterrneo, especialmente as Pirmides e os

    monumentos do Egito. A Grcia e a sia Menor eram destinaes famosas, oferecendo os

    Jogos Olmpicos, os banhos medicinais e resorts litorneos, as produes teatrais, os festivais,

    as competies atlticas e outras formas de diverso e entretenimento.

    A combinao romana de imprio, estradas e necessidades de superviso desse

    imprio, de suas riquezas, lazer, atraes tursticas e o desejo de viajar, criaram uma demanda

    por hospedagens e outros servios de viagem a existir como uma forma inicial de turismo.

    Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002) afirmam que diversas eram as motivaes de

    viagens, pessoas comuns viajavam aos santurios dos Deuses da cura; Estadistas, generais e

    outras figuras poderosas viajavam em busca do aconselhamento dos orculos, buscando

    orientao antes de tomar atitudes importantes. Homens de negcios, doentes e pessoas em

    busca de aconselhamento formavam grande parte dos viajantes dos sculos V e IV a.C.

    Historicamente a organizao do turismo e seu desenvolvimento esto ligados a

    importantes fenmenos socioculturais, decorrentes da prpria evoluo do capitalismo

    moderno.

    Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002), afirmam que as viagens organizadas, da forma

    como conhecemos atualmente, so, de tempos mais recentes. A primeira viagem turstica de

  • 16

    que se tem registro na histria foi realizada em 1841, na Inglaterra, por Thomas Cook. Cook

    organizou uma viagem de ida e volta no trajeto Leicester -Oughrough - Leicester, reunindo

    540 clientes, com a finalidade de participarem de uma conveno de ex-alcolatras. Cook no

    obteve nenhum lucro com a organizao e venda do seu primeiro produto turstico, mas o

    potencial do negcio foi logo notado. Em 1845, Cook decidiu dedicar-se exclusivamente a

    organizar excurses e foi assim que surgiu a primeira operadora turstica da histria.

    Thomas Bennet foi o primeiro especialista em pacotes individuais de viagens. Bennet

    organizava passeios para visitantes ingleses na Noruega. Em 1850, estabeleceu uma empresa

    na condio de organizador de viagens e fornecia itinerrios, transporte, provises e um kit

    de viagem para viajantes individuais (GOELDNER, RITCHIE e MCINTOSH, 2002).

    Ainda de acordo com Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002), a partir do sculo XIX, o

    setor cresceu como atividade econmica at a Primeira Guerra Mundial, onde passou por um

    perodo de estagnao. Com o final da guerra, o automvel passou a ser utilizado como um

    meio de transporte mais popular, fazendo com que, no perodo compreendido entre Grandes

    Guerras, parte da populao passasse a viajar com certa freqncia.

    O desenvolvimento tecnolgico trouxe equipamentos e atividades especificas, de

    acordo com Campos e Gonalves (2006), que fizeram o lazer se tornar um bem de consumo,

    gerando assim um novo mercado.

    Durante a Segunda Guerra Mundial, o turismo sofreu, novamente, uma

    estagnao. Ao final das batalhas, houve grande desenvolvimento dos meios

    de transporte, j que houve a utilizao de avio como meio de transporte de

    civis e de comunicao, o que fez com que a atividade turstica surgisse

    novamente, principalmente na Europa e na Amrica do Norte (ITO apud

    AOQUI, 2005).

    O ps-guerra apresentou inmeras mudanas culturais que foram responsveis por um

    novo estilo de vida que favoreceu o desenvolvimento do turismo. Um exemplo dessas

    mudanas que criaram um quadro favorvel s viagens foram s conquistas sociais dos

    trabalhadores, como frias remuneradas e dcimo terceiro salrio. A evoluo tecnolgica,

    dos meios de comunicao originou, na dcada de 60, a exploso do turismo como fenmeno

    de massa (CAMPOS e GONCALVES, 2006).

    2.1.2. Tipos de Turismo ligados Juventude

    Diferentes so os tipos de turismo. Giaretta (2003), afirma que estes tipos de turismo

    podem ser classificados quanto motivao ou objetivos da viagem; quanto procedncia dos

  • 17

    viajantes; quanto ao volume da demanda; quanto s formas de organizao ou ainda quanto

    faixa etria.

    Turismo recreativo, de lazer, cultural, de sade, religioso, esportivo e de eventos so

    exemplos de classificao do turismo quanto motivao; turismo de massa e de minorias so

    exemplos de classificao quanto demanda; turismo individual, organizado, ecolgico e

    social so exemplos de classificao quanto forma de organizao.

    Em relao ao turismo classificado por idade, turismo da juventude aquele em que se

    encaixa o perfil de backpackers e alberguistas, ambos estudados neste trabalho e que pode ser

    definido como:

    Turismo praticado por um grupo homogneo de jovens, com as

    caractersticas marcadas por perodo etrio, estilo de vida e estado de

    esprito, que desencadeia uma srie de sub-segmentos divididos em vrios

    tipos de turismo, entre eles, educativo (estudantil, intercmbios, cursos no

    exterior); associativo fomentado por associaes como Albergues da

    Juventude; Clube dos Escoteiros, Associao Crist de Moos e de Moas;

    turismo social, promovido por organizaes que facilitam o acesso de jovens

    que ficaram excludos da prtica do turismo convencional; e turismo de

    natureza (ecoturismo, aventura, esportes radicais, alternativo) (GIARETTA,

    2003, p.8).

    O turismo associativo, de acordo com Giaretta (2003), aquele desenvolvido por

    associaes que tem como objetivo organizar e fomentar o turismo por meio de centrais de

    divulgao, reservar e informar o conhecimento tcnico e mercadolgico para novos

    empreendimentos, alm de ofertar para certa demanda. Os albergues da juventude,

    freqentemente relacionados ao pblico jovem, so considerados uma forma de turismo

    associativo.

    Turismo estudantil, de acordo ainda com Giaretta (2003), so todas as viagens e

    excurses praticadas por estudantes com a finalidade de complementar e ampliar

    conhecimentos para sua vida profissional, e as viagens de colao de grau, realizadas para

    comemorar a concluso de uma etapa da vida estudantil.

    O Turismo alternativo, tambm relacionado ao pblico jovem, aquele considerado

    independente, uma viagem planejada com itinerrios que podem ser mudada livremente,

    realizada por um nmero pequeno de pessoas a destinos remotos (JONES apud GIARETTA,

    2003, p 61).

  • 18

    2.2. MEIOS DE HOSPEDAGEM

    O EMBRATUR estabelece o significado de meios de hospedagem:

    Considera-se meio de hospedagem o estabelecimento que satisfaa,

    cumulativamente, as condies bsicas: licenciado pelas autoridades competentes,

    administrado e explorado comercialmente por empresa hoteleira que se disponha a

    prestar servios de hospedagem e oferecer alojamento para uso temporrio do

    hspede, em unidades habitacionais especficas, alm de servios de portaria-

    recepo, guarda de bagagem e de objetos de uso pessoal dos hspedes,

    conservao, manuteno, arrumao e limpeza das reas, instalaes e

    equipamentos (VIEIRA, 2003).

    O segmento de hospedagem um dos negcios mais antigos do mundo. De acordo

    com Duarte (1996 apud CARMO & JESUS, p.5) a hotelaria teve a funo inicial bsica de

    alojar aqueles que, por estarem fora de seus lares, necessitavam de um quarto, uma cama e um

    bom banho.

    De acordo com Candeia (2004) ningum sabe ao certo como e quando surgiu a

    atividade hoteleira.

    a primeira noticia sobre a criao de um espao destinado especificamente

    hospedagem vem de alguns sculos antes da era crist, quando na Grcia Antiga,

    no santurio de Olmpia, eram realizados jogos olmpicos. Para esses eventos,

    foram construdos o estdio e o pdio, onde se homenageavam os vencedores e

    ficava a chama olmpica. Mais tarde, foram acrescentados os balnerios e uma

    hospedaria, com cerca de 10 mil metros quadrados, com o objetivo de abrigar os

    visitantes. Essa hospedaria teria sido o primeiro hotel que se tem notcia.

    (CANDEIA, 2004, p. 12)

    Candeia (2004) ainda afirma que a sociedade grega e principalmente a romana tiveram

    uma grande influncia na evoluo hoteleira e na indstria da hospitalidade, j que muitos dos

    seus cidados viajavam, propiciando assim o surgimento de abrigos para viajantes. O estimulo

    criao das hospedarias, ainda de acordo com Candeia (2004), resultou do fato de os meios

    de transportes no percorrerem mais de 60 quilmetros dirios.

    Em seus primrdios, os quartos de hspedes eram de domiclios particulares e depois

    vieram as hospedarias e quartos nos monastrios. De acordo com Chon e Sparrowe (2003) h

    muito tempo quando os comerciantes sumrios que viajavam de uma regio a outra na

    Mesopotmia, para vender gros, necessitavam de abrigo, comida e bebida. Entre a ascenso e

    a queda dos imprios, na Mesopotmia, na China, no Egito e mais tarde, em outras partes do

    mundo, as rotas de comrcio se expandiram assim como os estabelecimentos de hospedagem.

  • 19

    Chon e Sparrowe (2003) ainda afirmam que as estalagens, tavernas, hospedarias, como

    eram chamados antigamente, eram encontrados em beiras de estradas conhecidas dos

    viajantes e tinham como produtos bsicos daquela poca a hospedagem e alimentao.

    Com a queda do Imprio Romano, os nmeros de viagens diminuram, j que as

    estradas no eram consideradas seguras e as hospedarias praticamente extinguiram-se.

    Candeia (2004) afirma que por este motivo a hospedagem passou a ser oferecida pelos

    monastrios e outras instituies religiosas, bem mais seguras e confiveis.

    Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002) afirmam que durante os sculos IV e XI, a Igreja

    Catlica Romana manteve a indstria viva atravs do estimulo s viagens dos peregrinos aos

    monastrios e catedrais da Europa, onde foram construdas estradas e mantidas pelos clrigos

    dos monastrios locais existentes. Giaretta (2003) descreve que os alojamentos construdos

    nas igrejas no eram cobrados e ofereciam um lugar para comer e dormir.

    Candeia (2004) alega que as viagens na tornaram-se mais seguras e o comrcio

    aumentou gradualmente na Europa, e os monastrios permaneceram como os principais

    estabelecimentos de hospedagem, tanto para os viajantes negcios, quanto para os viajantes

    lazer. Foi no sculo XVII, que se consolidou na Europa um meio de transporte de suma

    importncia e influncia na expanso hoteleira: as carruagens puxadas por cavalos, chamadas

    diligncias. Durante quase 200 anos, esses veculos circularam pelas estradas europias,

    garantindo um fluxo constante de hspedes par as pousadas e hotis (Candeia, 2004, p.14).

    A inveno da estrada de ferro em 1825 provocou mudanas nas opes de

    hospedagem, j que as viagens de trem diminuram a durao da jornada e melhoraram o

    conforto, facilitando assim a viagem das pessoas.

    no final do sculo XIX , os hospedes tinham se tornado mais exigentes e surgiram

    ento hotis de grande luxo, como os famosos Savoy, Ritz, Claridge, Carlton e

    outros acompanhando a tendncia dos fabulosos trens e navios de passageiros da

    poca (CANDEIA, 2004, p 15).

    A natureza das viagens mudou mais uma vez com a introduo dos jatos comerciais,

    em 1958. Os hotis dos centros da cidade entraram em decadncia quando o aeroporto se

    tornou o novo ponto para o desenvolvimento de hotis, motis e restaurantes. Novos resorts

    foram construdos em locais facilmente acessveis por via area.

    De acordo com Proserpio (2007), atualmente a tendncia no setor de hospedagem tem

    se afastado dos hotis independentes e familiares e tem avanado no sentido de redes e

    franquias, que vem crescendo e expandindo-se mais e mais a cada ano.

  • 20

    J em relao aos meios de hospedagens ligados ao pblico jovem, pblico a ser

    estudado nesse trabalho, Giaretta (2003) afirma que no Brasil, as hospedagens voltadas para a

    juventude tomam o nome de repblicas ou albergues. Em nvel internacional, a mais ampla

    e conhecida das associaes hoteleiras destinadas a esse segmento o Albergue da

    Juventude (Hostelling International), que possui uma srie de hotis associados, espalhados

    pelo mundo, com caractersticas que atendem s necessidades de seus hspedes,

    especialmente nas despesas, j que suas dirias so bastante acessveis.

    Albergues da Juventude so constantemente utilizados ainda por turistas backpackers,

    segmento esse que se enquadra em diferentes tipos de classificao. De acordo com Kotler

    (2004) uma das formas mais utilizadas para classificar os turistas est baseada no aspecto

    organizacional da viagem, podendo ser em grupo ou independente. Os turistas backpackers

    pertencem ao grupo dos viajantes independentes, j que, de acordo com Swarbrooke e Horner

    (2002), no adquirem pacotes de viagens, desejam manter os gastos ao menor nvel possvel,

    tendem a escapar dos locais tursticos tradicionais e no possuem tempo determinado para o

    trmino da viagem, j que, na maior parte das vezes, este turista jovem e tem perodo de

    frias mais longo.

    De acordo com a pesquisa de Sol (1975 apud AOQUI, 2005, p. 78) os backpackers

    podem ser considerados turistas alocntricos. Estes so aqueles que preferem regies ainda

    no desenvolvidas turisticamente, novas experincias e descobertas, destinos diferentes,

    atividades originais durante sua estada, alojamentos simples e flexibilidade na organizao da

    viagem.

    Swarbrooke e Horner (1999 apud OLIVEIRA, 2005, p. 400) defendem que os

    backpackers podem ser considerados como um verdadeiro segmento de mercado do turismo

    internacional:

    (...) populares entre os jovens de diversos pases desenvolvidos,

    especialmente nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Holanda, na Alemanha,

    na Austrlia e no Japo, o comportamento dos viajantes dessas diferentes

    nacionalidades so bastante similares. Isto ocorre em funo deste grupo

    possuir uma mdia paralela de viagem que so os guias de viagem, tipo

    Lonely Planet e Rough Guide. Assim, os turistas backpackers lem os

    mesmos guias, freqentam os mesmos meios de hospedagem e visitam as

    mesmas atraes.

    De acordo com a pesquisa realizada por Oliveira (2008) sobre o perfil dos turistas

    internacionais no Brasil, apesar de o mochileiro no buscar apenas os albergues da juventude

  • 21

    como forma de hospedagem, estes so os meios de hospedagem possuem caractersticas que

    se enquadram no conceito do turista backpackers.

    2.3. ALBERGUES DA JUVENTUDE: HOSTELLING INTERNATIONAL

    Os albergues da juventude surgiram em uma tentativa de desenvolver o turismo, por

    meio de uma rede de hospedagem econmica que tivesse como objetivo atender ao maior

    nmero possvel de jovens e viajantes com tarifas mais econmicas.

    os Albergues da Juventude Internacionais existem para ajudar jovens a viajar,

    conhecer e amar a natureza e apreciar os valores culturais das pequenas

    cidades e grandes metrpoles. Estes variam de regio para regio, mas as

    caractersticas gerais so as mesmas, ofertam dormitrios, toaletes separados

    por sexo, sala de estar e cozinha e so regidos por uma filosofia mundial

    (TROTTA apud GIARETTA, 2003, p.78).

    De acordo com divulgaes da prpria rede, a rede Hostelling International a maior

    rede de hospedagem do mundo. A rede conta com mais de 4 mil albergues em 70 pases, 300

    mil leitos e cerca de 3,7 milhes de associados, contribuindo com U$ 1,5 bilho por ano para

    a economia do turismo mundial.

    Todos os Albergues da Juventude afiliados rede Hostelling International devem

    manter o mesmo padro de servio e infra-estrutura. Todos afiliados rede possuem quartos

    coletivos, alguns mais recentes tambm oferecem quarto para casal e/ou famlia, possuem sala

    de TV e cozinha comunitrias, alguns ainda possuem reas de lazer com piscina, quadras

    esportivas e jogos. A IYHF (International Youth Hostel Federation) estabelece regras para o

    bom andamento dos Albergues da Juventude pertencentes rede. Os Albergues da Juventude

    credenciados devem seguir normas e critrios internacionais, que so adaptados pelas

    Federaes Nacionais de acordo com a realidade de cada pas.

    Anualmente, cada Federao inspeciona os Albergues da Juventude de seu pas para

    que se verifique o nvel da qualidade do estabelecimento. Caso as normas no estejam sendo

    adequadamente cumpridas, os mesmos podero ser descredenciados da Rede (FEDERAO

    BRASILEIRA DOS ALBERGUES DA JUVENTUDE, 2005).

    Apesar de existir o mesmo padro de servio, os empreendimentos no so

    heterogneos, h Albergues da Juventude funcionando no mundo inteiro em propriedades

    desde casas adaptadas at antigos castelos, barcos atracados, etc. Como demonstrado por

    Giaretta (2003), faz parte da filosofia da Federao Internacional de Albergues da Juventude o

    respeito cultura local, mas sempre procurando atender a um padro de qualidade mundial.

  • 22

    De acordo com divulgaes da prpria rede, esta e formada por, em cerca, quatro mil

    empreendimentos espalhados por setenta pases, cinco continentes, com uma oferta de

    trezentos e quarenta e um mil e quatrocentos e quarenta leitos. No Brasil existem sessenta e

    cinco albergues da juventude, localizados em dezoito estados e no Distrito Federal, somando

    trs mil e quinhentos e quarenta e quatro leitos.

    No Brasil, os Albergues da Juventude so classificados nas categorias: muito bom

    (cinco estrelas); bom (trs estrelas) e regular (duas estrelas) e esta classificao feita atravs

    da pontuao recebida em relao ao cumprimento das normas estabelecidas de conforto dos

    Albergues da Juventude, estrutura fsica, atendimento, funcionamento da recepo,

    atendimento aos princpios filosficos e prestao de servios exigidos pela demanda.

    De acordo com Giaretta (2003, p.103), os albergues da juventude tm como filosofia

    a busca de uma relao harmoniosa do ser humano consigo mesmo, com o outro e com a

    comunidade. Estes tm ainda como misso a promoo do intercmbio cultural. Esta relao

    do ser humano com o outro e o intercmbio cultural pode ser visto facilmente nos albergues,

    seja nos quartos coletivos, onde o indivduo tem que aprender a dividir seu espao com

    turistas de outras partes do mundo, como tambm na cozinha comunitria ou ainda na troca de

    informaes feita por eles nas reas comuns, por exemplo.

    Segundo o Embratur (1987), albergue da juventude :

    meio de hospedagem peculiar de turismo social, integrado ao movimento

    alberguista nacional e internacional, que objetiva proporcionar acomodaes

    comunitrias de curta durao e baixo custo com garantia de padres

    mnimos de higiene, conforto e segurana.

    Para o Embratur, os albergues da juventude so considerados como uma forma de

    turismo social por este ser um meio de hospedagem mais econmico, de baixo custo e mais

    simples, apenas com a infra-estrutura bsica, do que outros tipos de hospedagens tursticas.

    A hospedagem alternativa, meio em que se insere os albergues da juventude, so, de

    acordo com Giaretta (2003, p. 64):

    meios de hospedagem no-convencionais que complementa a oferta de leitos

    nos destinos tursticos, e tem como caracterstica ser mais econmica que a

    hospedagem convencional, apresentando grande variao quanto sua

    prestao de servios. de propriedade de pequenos empreendedores e

    conta com um leque composto de: albergues da juventude, camping,

    acampamentos, residncias estudantis, alojamentos esportivos, quartos em

    residncia da populao local, pousadas, nibus-leito, estabelecimentos

    religiosos, alojamentos de clube de campo, etc.

  • 23

    Este meio de hospedagem ainda pode ser considerado de carter associativo, j que

    est ligado associaes e federaes de pases que so afiliados Federao Internacional

    de Albergues da Juventude. Os albergues da juventude ainda podem ser caracterizados como

    hospedagem alternativa, extra-hoteleira, j que a maioria de seus freqentadores considerada

    um turista alternativo (GIARETTA, 2003).

    Giaretta (2003) afirma ainda que os Albergues da Juventude podem ser classificados

    como uma forma de turismo social. O turismo social tem como objetivo assegurar que ele seja

    acessvel a todas as pessoas, segundo Mathieson (1990 apud GIARETTA, 2003, p.27).

    O turista alternativo caracterizado pela fuga do turismo de massa, a preferncia em

    organizar suas prprias viagens e a preocupao para com o meio ambiente.

    Os albergues da juventude se diferenciam por seus clientes, estando

    reservados para jovens. So afiliados IYHF (International Youth Hostel

    Federation) com sede em Londres, que tem como misso: desenvolver a rede

    em todos os pases; estimular o esprito de compreenso entre as naes,

    especialmente facilitando o turismo internacional, por meio dos scios das

    Associaes de Albergues da Juventude; propiciar viagens a todos os jovens

    do mundo (FUSTER apud GIARETTA, 2003, p.78).

    Os albergues da juventude, de acordo com a Federao Brasileira dos Albergues da

    Juventude foram criados com o princpio de ajudar os jovens de limitados recursos

    econmicos a desfrutar da natureza e das cidades do mundo.

    De acordo com Giaretta (2003) o fundador da rede foi o professor alemo Richard

    Schirmann, que por meio de atividades pedaggicas comeou a organizar grupos com os

    jovens para realizar pequenas viagens de estudos. Foi atravs destas viagens que surgiu a

    possibilidade de criar uma alternativa para acomodar os alunos, que no fosse apenas o

    pernoite em hospedarias.

    De acordo com a FBAJ (Federao Brasileira de Albergues da Juventude) ela que

    tem o objetivo de fomentar a implantao do desenvolvimento de albergues da juventude no

    Brasil, bem como divulgar sua rede mundial e cooperar com as Associaes Estaduais de

    Albergues da Juventude. A FBAJ tem entre seus papis a busca de parcerias, oferecimento de

    reservas em seus equipamentos por meio de sistemas de reservas integrado, manuteno da

    qualidade da rede brasileira e ainda tambm, participar dos encontros internacionais da

    Federao Internacional de Albergues da Juventude.

    Ainda de acordo com a Giaretta (2003) o primeiro Albergue da Juventude foi aberto

    em 1912 em um monumento histrico restaurado, contando com banheiros coletivos

    separados por sexo, dormitrios e cozinha que funciona at hoje em Altena, na Alemanha. Os

  • 24

    primeiros albergues da juventude foram estabelecidos nos anos 1920 na Alemanha e em 1985

    j haviam se espalhado por 55 pases. Os albergues da juventude eram tradicionalmente

    geridos sob regras severas e um esprito comunitrio que significava que cada visitante

    tinha tarefas especficas a cumprir. Contudo, em anos recentes, os albergues tm relaxado

    essas regras e melhorado as facilidades e o padro de sua acomodao, em resposta

    competio das pousadas independentes.

    No Brasil, o primeiro contato com o movimento alberguista deu-se por meio de um

    casal de brasileiros, que estudava em Paris, na Frana. Em 1957, o casal levou um grupo de

    brasileiros para fazer uma excurso na Frana e l iam se hospedando em albergues da

    juventude. Quando retornaram ao Brasil, comeou a se fazer palestras e divulgaes sobre o

    movimento alberguista nas Universidades do pas. (GIARETTA, 2003)

    Foi em 1965, de acordo com Giaretta (2003), que o primeiro Albergue da Juventude

    do Brasil foi instalado na cidade do Rio de janeiro. O nome escolhido para o mesmo foi o de

    Residncia Ramos e contava com 36 leitos que funcionou at 1973. Em 1966, instalou-se um

    Albergue da Juventude na cidade de So Paulo.

    Em 1971 o Brasil criou a Federao Brasileira dos Albergues da Juventude e comeou

    a fazer parte do Movimento Alberguista. De acordo com Giaretta (2003, p. 431) o apoio do

    Embratur, a dcada de 1980 foi marcada pelo desenvolvimento do alberguismo no Brasil,

    incorporado com os projetos de turismo social, contando com um Plano Nacional de

    Albergues da Juventude, com equipe tcnica para cuidar da implantao das instalaes por

    todo o pas, inclusive com verba destinada a esta modalidade turstica.

    No ano de 1984, o Brasil foi aceito com membro pleno na Federao Internacional de

    Albergues da Juventude e ento foi criada a APAJ (Associao Paulista dos Albergues da

    Juventude), uma associao civil sem fins lucrativos. No ano seguinte, a associao entrou

    como membro afiliado Federao (GIARETTA, 2003).

    Giaretta (2003) afirma que a dcada de 1990 representou o perodo de consolidao do

    movimento alberguista brasileiro, em decorrncia do apoio da federao internacional, cuja

    meta era consolidar o movimento na Amrica Latina e do apoio do Embratur.

    Para se associar a Hostelling International, a pessoa interessada deve preencher uma

    ficha com seus dados pessoais que pode ser feita pela internet acessando o site da FBAJ

    www.hostel.org.br ou em um dos albergues filiados e pagar uma taxa. Aps realizada a

    inscrio, o associado recebe a carteira que tem validade de um ano e aceita em todos os

    continentes do mundo.

  • 25

    2.4. DEMANDA TURSTICA E SEGMENTAO DE MERCADO

    Na contemporaneidade as empresas tm observado que h a necessidade de identificar

    seus clientes reais e potenciais para conseguir manter-se no competitivo mercado do turismo.

    Para atingir este objetivo preciso conhecer seu pblico o que pode ser conseguido por meio

    de uma pesquisa de segmentao de marketing, levando em considerao a diversidade da

    demanda atual.

    Dias (2003) afirma que uma das definies mais conhecidas de marketing a baseada

    no comportamento humano apresentada por Kotler (1980), onde este definido como

    atividade humana dirigida para a satisfao das necessidades e desejos, atravs dos processos

    de troca.

    Para Ansarah (2002) o marketing o resultado de vrias aes que visam proporcionar

    utilidades que so adquiridas por meio dos bens e servios trocados em sociedade. A

    finalidade geral do marketing, ainda de acordo com a mesma autora de satisfao, ou seja,

    satisfazer os compradores, igualando suas necessidades com o produto que oferece para

    garantir a fidelidade empresa ou aos seus bens e servios.

    Cobra (2005) pesquisou trs autores para verificar como obter um bom sistema de

    marketing e apresenta em seu livro Marketing Turstico, trs estudos:

    2,.4.1. Os 4 Ps: Produto, Ponto, Preo e Promoo - Jerone Mccarthy:

    Para esse estudioso o bom produto o passo mais importante para atender as

    expectativas dos consumidores, na seqncia os pontos de distribuio, como agncias de

    viagens, centrais de reservas, pginas na internet, entre outros. O importante fazer com que

    o produto consiga chegar ao consumidor.

    Usando a promoo de vendas o produto ou servios so divulgados, por meio do uso

    da propaganda que deve persuadir o comprador e estimular a deciso de comprar um

    determinado produto. Tambm pode ser usado um merchandising para criar um cenrio

    propcio e sedutor que estimule o comprador no ponto de venda.

    O ltimo elemento o preo. Esse fator chave de deciso de compra e o vendedor

    deve saber valorizar o produto ofertado para justificar seu preo ou mesmo para estimular a

    compra.

  • 26

    2.4.2. Os 4 Cs: Cliente, Convenincia, Comunicao e Custo - Lauterborn.

    Este autor parte da premissa que o cliente com necessidades e desejos a serem

    satisfeitos muito mais importante que ter um produto ou um servio para ofertar.

    Conhecendo os desejos e necessidades do cliente se pode gerar um servio ou pacote turstico

    sobre medida para ele. A tarefa em manter um cliente satisfeito passa pela criao de diversas

    convenincias para satisfaz-lo e torn-lo fiel. Embora o pressuposto seja: um cliente

    satisfeito um cliente fiel, sabe-se que um cliente nunca estar totalmente satisfeito, ele tem a

    expectativa de sempre receber todas as convenincias possveis e ser atendido com cortesia e

    magia.

    Perde-se um cliente facilmente. A empresa pode ter se esmerado para oferecer uma

    aeronave de primeira linha, funcionrios de bordo bem treinados, um excelente servio de

    bordo, porm ao chegar para fazer o check-in o cliente deparou-se com um overbooking que o

    fez embarcar no prximo vo. Esse cliente mesmo com um bnus de algumas milhas em uma

    prxima viagem, continua insatisfeito. Na prxima vez pensar duas vezes na hora de

    escolher essa companhia area para viajar.

    A comunicao o elo entre o cliente e o servio ou produto. Ela d ao cliente as

    informaes sobre o produto e no caso do produto turstico, tambm ajuda na criao da

    fantasia sobre o produto ou um valor agregado como status que o produto pode causar. A

    comunicao tem o dever de causar envolvimento entre o produto e o servio e o comprador,

    fazendo com que ele sinta-se comprometido com a oferta.

    Os custos, o ltimo ponto, devem ser acessveis aos compradores, no podem estar

    acima das posses e expectativas do comprador.

    2.4.3. Os 4 As: Anlise, Adaptao, Ativao e Avaliao - Richers.

    Anlise de mercado o primeiro ponto na estratgia de marketing. Inicialmente

    preciso saber o que o cliente quer e a partir desse conhecimento desenvolver um servio que

    atenda ao cliente. Outra vantagem da anlise conhecer os concorrentes e minimizar sua

    ao.

    Para Richers (1991), aps a anlise de mercado pode-se desenvolver o desenho, a

    embalagem, os preos e os servios em conformidade com os desejos explcitos e ocultos dos

    consumidores.

    Esse servio distribudo no mercado por meio de uma logstica que o faz chegar at

    ao cliente, pelo esforo de comunicao e pelo esforo de vendas. O primeiro tem o papel de

  • 27

    informar e o segundo de fazer o cliente comprar. Esse processo ele denomina como sendo

    Ativao do Mercado. E a avaliao a tarefa de confrontar o resultado alcanado e os custos

    incorridos.

    Nestes sistemas tm-se as estratgias de marketing, que servem para administr-lo e

    para tanto preciso compreender as variveis da demanda, da deciso, do composto, do

    esforo, da alocao, da estratgia, da resposta de mercado e das metas.

    No mbito administrativo, a estratgia de marketing pode ser compreendida como:

    estratgias constituem o modo pelo qual as operaes de marketing sero

    conduzidas antes da implementao. Diferentemente de como acontece com

    o ambiente externo, a empresa tem controle completo sobe os mtodos de

    marketing que ir empregar para atingir seus objetivos (Weinstein, 1995, p

    55.).

    A estratgia de marketing envolve duas idias bsicas: a seleo dos mercados-alvos e

    a seleo do composto mercadolgico. Na primeira, medem-se oportunidades surgidas nos

    diversos mercados, e na segunda, seleciona-se o composto mercadolgico mais oportuno para

    os variados segmentos de mercado (MORAES, 2000).

    Segundo Moraes (2000), dentro da seleo dos mercados-alvos as empresas possuem

    dois tipos de aes de marketing para se dirigir o mercado: a difuso e a segmentao.

    Enquanto a primeira visa ao estabelecimento de produto nico para todos os tipos de

    consumidores, a segunda entende que o pblico heterogneo e, por esse motivo, os esforos

    devem se concentrar em apenas algumas faixas dessa demanda, com o intuito de poder

    atender plenamente as suas expectativas.

    Segmento de Mercado,

    Agrupamento de indivduos, cujas reaes esperadas aos esforos de

    marketing sero semelhantes durante um determinado perodo de tempo,

    objetivando a determinao de diferenas significativas entre grupos de

    compradores, separando-os em conjuntos diferenciais, de maneira a

    possibilitar empresa a seleo daqueles nos quais parea mais conveniente

    concentrar seus esforos, robustecendo, com isto, a competitividade desta

    empresa em relao s suas concorrentes (GRISI, 1986).

    Para Vaz (1999), as principais bases de segmentao so a segmentao psicogrfica

    (principal personalidade do consumidor, atitudes, crenas, valores, estilo de vida e modo de

    expresso); segmentao comportamental (hbito dos pblicos, costumes, tipos de transporte

    e tipos de acomodao); segmentao demogrfica pessoal (identificao bsica do cidado,

    caractersticas fsicas, caractersticas genticas); segmentao demogrfica socioeconmica

    (formao humanstica da pessoa, convivncia, relacionamento com a sociedade) e

  • 28

    segmentao geogrfica socioeconmica (caractersticas quanto s pessoas num bairro,

    cidade, estado ou pas e aglomeraes ou outras divises).

    Em relao segmentao da demanda turstica, Ignarra (2003) afirma que esta pode

    ser feita atravs de vrios critrios, entre eles:

    Idade: Infantil, Juvenil, Adulto e Terceira Idade;

    Tipos de Acompanhamento: Individual, Casal, Familiar e Grupos;

    Nvel de Renda do Turista: Social (Subsidiado), Popular, Standard e de Luxo,

    mbito Geogrfico: Local, Regional, Interestadual, Intracontinental, Intercontinental;

    Durao da Viagem: Excursionismo, Shortbreak, Curta durao, Mdia durao e

    Longa durao;

    A segmentao ento, como explicada acima da demanda, ou seja, seleciona-se um

    pblico especfico para um determinado produto e esta uma das estratgias de marketing.

    Para Kotler (2004) demanda de mercado para um produto o volume total que pode ser

    comprado por um grupo definido de consumidores, em uma rea geogrfica definida, num

    determinado perodo de tempo, num definido meio ambiente e sob um apropriado esforo

    mercadolgico Segundo o citado autor (2003) para compreender a demanda de servios de

    turismo necessrio se levar em conta diversos fatores: procedncia, o motivo da viagem, o

    meio de transporte utilizado, as caractersticas geogrficas do destino, o ciclo de vida do

    destino, a durao das frias, o perfil do grupo de turistas, o tipo de alojamento buscado, o

    padro de gasto efetuado e at quem organizou a viagem.

    De acordo com Beni (2003) a demanda de turismo pode ser dividida por meio: da

    estratificao socioeconmica dos turistas (turismo de elite, turismo de massa, turismo

    social); da vocao turstica do ncleo receptor (turismo ecolgico, ecoturismo, turismo

    rural, agroturismo, turismos de aventura, climtico, paisagstico, desportivo, cultural, tnico-

    histrico-cultural, temtico, educacional, cvico institucional, religioso, de negcios, de

    incentivos, cientfico, de eventos, urbano, de megaeventos, de sade, esotrico, de recreao,

    habitacional, de habitao, sociofamiliar, da terceira idade, hedonista, alternativo, sexual, de

    jogo, endgeno e virtual); da caracterizao dos fluxos tursticos (trfego e fluxo tursticos).

    A demanda para um destino pode ser caracterizada, de acordo com Goeldner, Ritchie e

    McIntosh (2002), pela propenso de uma pessoa para viajar, que pode ser determinada por seu

    perfil e suas motivaes de viagens, e pela atratividade dos vrios destinos, determinada esta

    pela distncia econmica; distncia cultural; custo de servios tursticos; qualidade do servio

    do destino; a eficcia da propaganda e promoo e sazonalidade.

  • 29

    Os fatores motivacionais em turismo, de acordo com Swarbrooke e Horner (2002),

    podem ser divididos em dois grupos: os que motivam uma pessoa a tirar frias e os que

    motivam uma pessoa a tirar determinadas frias em determinada destinao e determinado

    perodo.

    Cobra (2005) destaca entre os motivos de viagem o cio (concertos, feiras, cinema,

    teatro, casas de shows, gastronomia); a cultura (arqueologia, monumentos histricos, museus,

    santurios); o profissional (negcios); ecoturismo; tradies culturais (festivais, exposies de

    arte, exposies de artesanato, festas folclricas); educao (seminrios, congressos e

    trabalhos de campo); turismo de fronteiras (compras e distraes); parques temticos;

    acontecimentos especiais (frias) e turismo religioso.

    Em relao s motivaes de viagens individuais, Swarbrooke e Horner (2002)

    afirmam que os turistas so sempre diferentes entre si, sendo os principais fatores

    determinantes das motivaes: a personalidade; o estilo de vida, experincias passadas na

    condio de turista; vidas passadas (resultado direto da vida da pessoa at aquela data); as

    percepes de suas prprias foras e fraquezas e a sua imagem (como desejam ser vistas por

    outras pessoas).

    As motivaes de cada turista so diferentes e podem variar entre diversos segmentos

    de mercado. De acordo ainda com Swarbrooke e Horner (2002) os segmentos esto baseados

    em critrios demogrficos e parte das seguintes pressuposies:

    1. Os jovens querem ir a festas, relaxar, beber bastante, fazer sexo, danar e fazer

    novos amigos;

    2. As pessoas mais velhas, presume-se, tem uma preferncia por atividades relaxantes

    como boliche e bingo, e so quase sempre obcecadas por nostalgia;

    3. Os pais preocupam-se com a necessidade de tornar seus filhos felizes. Tambm se

    imagina que de tempos e tempos queiram fugir s suas responsabilidades de pais

    para ficar um pouco a ss.

    Conclui-se que o marketing permite conhecer as necessidades dos clientes e propor

    formas para satisfaz-las, porm este processo se desenvolve por meio de um sistema que se

    estabelece com estratgias e estas podem ser compostas da difuso e da segmentao, sendo

    esta ltima, a seleo de mercados-alvos especficos e assim, a definio de sua demanda que

    leva em conta fatores como procedncia, o motivo da viagem, o meio de transporte utilizado,

    as caractersticas geogrficas do destino, o ciclo de vida do destino, a durao das frias, o

    perfil do grupo de turistas, o tipo de alojamento buscado, o padro de gasto efetuado e at

    quem organizou a viagem e estes dados da demanda sero os abordados neste trabalho.

  • 30

    CAPITULO 3: APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS COLETADOS

    Inicialmente a pesquisa do perfil do Albergue da Juventude e a pesquisa direcionada

    aos seus hspedes foram aplicadas nos quatro Albergues da Juventude existentes no litoral

    norte paulista, afiliados rede Hostelling International, mas os resultados obtidos em dois

    destes foram insuficientes para a realizao da anlise do perfil do hspede, portanto estes

    foram excludos da pesquisa, debilitando, mas no inviabilizando, a anlise do perfil dos

    hspedes dos Albergues da Juventude em geral.

    Foram disponibilizados 150 questionrios compostos de 18 perguntas para cada

    Albergue da Juventude participante da pesquisa para serem aplicados aos seus hspedes. O

    nmero de questionrios respondidos s foi suficiente para a anlise em dois dos Albergues

    da Juventude participantes da pesquisa, no da praia de Camburi em So Sebastio e no de

    Ubatuba. No total foram entrevistadas 58 hspedes no perodo de dezembro de 2008 e maio

    de 2009, passando assim pelas chamadas alta e baixa temporadas.

    Disponibilizou-se, ainda, um questionrio especfico, tambm composto de perguntas

    abertas sobre estrutura fsica, servios oferecidos e marketing utilizado na captao e

    promoo do Albergue para todos os Albergues da Juventude ligados rede Hostelling

    International localizados no Litoral Norte Paulista participantes da pesquisa.

    A seguir, sero apresentados os dados coletados atravs da pesquisa de campo e das

    entrevistas e questionrios realizados com os gestores dos albergues da Juventude ligados

    rede Hostelling International e com seus visitantes, hspedes que freqentaram o albergue

    durante o perodo de dezembro de 2008 a maio de 2009.

    3.1. APRESENTAO DA REA

    3.1.1. Litoral Norte Paulista

    As praias do litoral norte paulista se espalham em torno de vilas de pescadores ou

    pequenas cidades. So Sebastio, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba so as cidades que

    compe este litoral

  • 31

    Figura 1 Localizao Fonte: Google Maps.

    3.1.1.1. So Sebastio

    De acordo com a Prefeitura de So Sebastio, o municpio de So Sebastio foi

    fundado no fim do sculo XVI, onde a regio abrigava engenhos de cana-de-acar e fazendas

    de caf. Atualmente, ainda de acordo com a Prefeitura, sua economia est baseada no turismo,

    nas indstrias de transformao do pescado e, como segundo maior porto do Estado, tambm

    nas atividades porturias. O municpio de So Sebastio composto por diversas praias, entre

    elas: Enseada, Cigarras, Toque-Toque Grande, Toque-Toque Pequeno, Paba, Maresias,

    Boissucanga, Camburi, Barra do Sahy e Juquehy, entre outras. Dentre essas praias, as que

    possuem o Albergue da Juventude afiliados a rede Hostelling International so as praias de

    Maresias e Camburi.

  • 32

    3.1.1.2. Camburi

    A Prefeitura de So Sebastio informa que a praia de Camburi , juntamente com a

    Praia do Camburizinho, um conjunto natural formado pelo encontro do mar com a mata

    atlntica. As duas praias so separadas por uma pequena pennsula e a regio ainda conta

    com a presena de rios e algumas cachoeiras.

    3.1.1.3. Ubatuba

    De acordo com a Prefeitura de Ubatuba, esta regio conhecida no s pelas belas

    praias, mas tambm pelos atrativos de ecoturismo como: trilhas ecolgicas, cachoeiras e

    comunidades indgenas. O municpio de Ubatuba conta com 74 praias, sendo muitas com

    acesso apenas por trilhas. So mais de 70 praias, alm de ilhas, cachoeiras e uma floresta. O

    Parque Estadual da Serra do Mar no Ncleo Picinguaba e o Parque Estadual da Ilha Anchieta

    colaboram para preservao da Mata Atlntica que ainda existe na regio.

    3.2. IDENTIFICAO DE PERFIL DO ALBERGUE

    3.2.1. Infra-estrutura dos Albergues

    Por meio de uma visitao e pesquisa de campo nos albergues da juventude foi

    possvel conhecer a infra-estrutura fsica dos hostels, assim como seus meios de acesso e

    servios oferecidos. A aplicao de questionrios serviu para conhecer e identificar o perfil

    dos albergues a partir da infra-estrutura, dos servios oferecidos, dos recursos humanos

    necessrios para o funcionamento dos mesmos, assim como verificar se o pblico esperado

    pelos gestores dos mesmos, de fato, o pblico existente na regio e freqentadores dos

    albergues.

    3.2.1.1 Albergue de Camburi - Camburi Hostel

    Comeando com o albergue de Camburi, por meio das pesquisas realizadas, os

    resultados obtidos demonstram que o albergue relativamente novo, tendo como data de

    incio das atividades janeiro de 2002. O albergue conta com 13 unidades habitacionais

    (UHs), tendo, no total, 50 leitos. Destas 13 unidades habitacionais apenas 9 possuem

    banheiro privativo. Dentre os servios oferecidos no albergue, podemos encontrar: caf da

  • 33

    manh; piscina; aluguel de bicicletas; cozinha comunitria para uso dos hspedes;

    churrasqueira; salo de festas com mesa de sinuca, pebolim, bar; biblioteca; sala de TV com

    TV a cabo e DVD; organizao de passeios e eventos; parceria com restaurantes que

    entregam refeies e ainda uma extensa rea verde, onde se possvel realizar trilhas.

    O acesso ao albergue de Camburi o mais difcil em relao aos outros trs albergues

    estudados nesta pesquisa. A estrada at o albergue de terra e tem aproximadamente 2,5 km

    de extenso, dificultando assim o acesso ao mesmo. Por existir essa dificuldade, o prprio

    albergue disponibilizou uma van que em horrios previamente determinados transporta os

    hspedes da praia ao albergue e vice-versa.

    A forma de divulgao deste no apenas parecida com a dos outros albergues da

    juventude estudados neste trabalho, como tambm segue a linha das divulgaes de outros

    albergues ligados rede Hostelling International. Este se d atravs dos sites das APAJ

    (Associao Paulista dos Albergues da Juventude) e da FBAJ (Federao Brasileira dos

    Albergues da Juventude), alm de anncios na internet, em guias de praias, guia do

    mochileiro, guia de hotis e pousadas, guia 4 rodas e outros sites da cidade de Camburi. Este

    marketing realizado dirigido, na sua maior parte, para jovens e pessoas interessadas no

    turismo ecolgico e que buscam tranqilidade e descanso.

    Em relao a seus hspedes, a maioria deles, de acordo com o albergue, procede do

    estado de So Paulo e permanecem em mdia 2 noites no albergue. A grande maioria do

    pblico atendido de mulheres que viajam em grupos e ou em famlia. Assim como muito

    dos hspedes deste albergue viaja com carro de passeio prprio e tem idade entre 25 a 45

    anos.

    Foto 1- Recepo Camburi Hostel Foto 2 Recepo Camburi Hostel Fonte: Albergue da Juventude Camburi Fonte:Albergue da Juventude Camburi

  • 34

    Foto 3 Quarto Coletivo Camburi Hostel Foto 4 Quarto Casal Camburi Hostel Fonte: Albergue da Juventude Camburi Fonte: Albergue da Juventude Camburi

    Foto 5- Sala de Jogos Camburi Hostel Foto 6 Piscina Camburi Hostel Fonte: Albergue da Juventude Camburi Fonte: Albergue da Juventude Camburi

    3.2.1.2. Albergue de Ubatuba Pousada Tribo Hostel

    O albergue conta com 37 leitos, sendo que todas unidades habitacionais possuem

    banheiro privativo. Em relao aos servios oferecidos, podemos encontrar: Caf da manh;

    piscina; churrasqueira; TV 29 polegadas com aproximadamente 70 ttulos de DVDs; jogos

    (dardos, gamo, dama, xadrez, cartas), mesa de sinuca; instrumentos musicais; internet e

    wireless para acesso a internet; cozinha coletiva completa; informaes tursticas; biblioteca/

    revistas; jogos para praia (vlei, frescobol, taco, swing); aulas de Skimboard; trilhas de

    quadriciclo; aulas de mergulho; locao de equipamentos para mergulho; trilhas terrestres;

    trilhas sub-aquticas; passeios de Escuna para Ilha de Anchieta; aulas de Percusso.

  • 35

    Os meios de acesso ao hostel esto em bom estado e este se d atravs de carro,

    nibus, moto e bicicleta. A forma de divulgao deste se d da mesma forma j citada

    anteriormente pelos outros albergues, atravs dos sites das APAJ (Associao Paulista dos

    Albergues da Juventude) e da FBAJ (Federao Brasileira dos Albergues da Juventude), alm

    anncios em folders e na internet em guias de praias, guia do mochileiro, guia de hotis e

    pousadas, guia 4 rodas e outros sites da cidade de Ubatuba. Este marketing realizado

    dirigido, na sua maior parte para jovens e mochileiros, a procura do conhecimento e

    integrao com jovens e culturas diferentes.

    Em relao ao estado de origem de seus hspedes, a maioria deles, de acordo com o

    informaes colhidas no albergue, procedem do estado de So Paulo e permanecem em mdia

    2 noites no hostel. O pblico atendido divide-se entre homens e mulheres que viajam em

    grupos e ou sozinhos. A grande maioria dos hspedes deste albergue viaja de nibus e com

    carro de passeio prprio e tem idade entre 18 a 30 anos.

    Foto 6- Ubatuba Hostel Foto 7- Quarto Ubatuba Hostel

    Fonte: Albergue da Juventude Tribo Ubatuba Hostel Fonte: Albergue da Juventude Tribo Ubatuba Hostel

  • 36

    3.3. LEVANTAMENTO DE PERFIL DOS VISITANTES HOSPEDADOS NOS

    ALBERGUES DA REDE HOSTELLING INTERNATIONAL NO LITORAL NORTE

    PAULISTA

    3.2.1. Resultados das Pesquisas respondidas pelos hspedes

    As pesquisas realizadas foram respondidas pelos hspedes dos albergues participantes

    da pesquisa e atravs destas foi possvel verificar que, em relao origem, 95% eram

    brasileiros, 2,5% eram britnicos e 2,5% eram argentinos. Desses 95% brasileiros, 79,3%

    residem no Estado de So Paulo; 3% no Rio de Janeiro; 2,4% em Minas Gerais; 2,3% em

    Santa Catarina; 2% na Bahia e 2% no Mato Grosso do Sul. Os 9% restantes no responderam

    a esta pergunta.

    Grfico 1- Nacionalidade dos Visitantes

    Em relao ao perfil demogrfico dos hspedes entrevistados, as perguntas realizadas

    se referiam ao sexo, idade, estado civil, escolaridade, ocupao, renda mensal e idiomas

    falados. A diferena do nmero de homens e mulheres que responderam pesquisa no foi

    muito grande, sendo 53,3% mulheres e 37,7 homens. 9% no responderam a esta questo.

    Grfico 2 Sexo dos visitantes

  • 37

    Grande parte dos entrevistados era solteira (88,5%), seguido pelos casados e separados

    (ambos: 4,6%) e os vivos (2,3%). J a idade mdia dos entrevistados de, aproximadamente,

    25 anos, tanto homens, como mulheres.

    Grfico 3- Estado Civil dos visitantes

    A grande maioria dos hspedes que responderam pesquisa j possui o ensino

    superior completo (61,5%) e/ou universitria (29,5%). Os 9% restantes dos entrevistados

    apenas possuem o segundo grau completo.

    Grfico 4 Formao dos visitantes

    A renda mensal destes entrevistados gira em torno de R$ 2.500,00 a R$ 3.500,00. Em

    relao lngua falada, como a grande maioria era composta por brasileiros o idioma mais

    citado foi portugus, porm durante a tabulao dos dados foi possvel notar que a maioria

    destes brasileiros assinalou tambm outras lnguas, o que nos leva a mais uma caracterstica

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Superior Completo

    Superior incompleto

    Segundo grau completo

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    Solteiros Casados Separados Vivos

  • 38

    destes hspedes: O domnio tambm por uma segunda lngua, alm do portugus, os outros

    idiomas citados: ingls (69%); espanhol (31%); francs (15%); italiano (8,8%) e alemo

    (4,4%).

    69%

    31%

    4%

    9%

    15%

    Ing ls

    E spanhol

    Alemo

    Italiano

    F rancs

    Grfico 5 Idiomas citados

    Em relao forma da viagem, a grande maioria viajava com carro prprio (64,5%),

    seguido por nibus de linha regular (25,5%) e nibus fretado (10%).

    Grfico 6 Transporte utilizado na viagem

    Em relao companhia: 50% viajavam com amigos; 31,1% viajavam sozinhos;

    13,3% viajavam com a famlia; 5,6% viajavam em excurso. Vale ressaltar que das mulheres

    entrevistadas 56% viajavam com amigos; 32% com a famlia; 8% em excurso e apenas 4%

    delas viajavam sozinhas, enquanto que 38,8% dos homens viajavam com amigos; 33,5%

    sozinhos; 16,6% com a famlia e 11,1% em excurso.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Carro prprio nibus de linha regular

    nibus fretado

  • 39

    Grfico 7 Companhia

    A durao da viagem, a permanncia no albergue, na sua maioria foi de apenas um

    final de semana (60%), seguida de uma semana (22,3%), um dia (13,3%) e mais de uma

    semana (4,4%). 85% dos entrevistados conhecem e ou gostariam de conhecer outras praias da

    regio. Destes 85%, 57,7% pretendem visitar outros albergues da juventude localizados no

    litoral norte paulista.

    Grfico 8 Perodo de permanncia nos Albergues

    Dentre todos os entrevistados, 55,5% visitavam pela primeira vez os albergues da

    juventude, 28,8% visitam anualmente o albergue em questo, 11,1% hospedam-se no albergue

    mais de uma vez ao ano e 4,6% hospedam-se mensalmente no albergue.

    31,1%

    50,0%

    13,4%

    5,6%

    Sozinhos

    Com amigos

    Com familia

    Excurso

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Final de semana

    Uma semana Um dia Mais de uma semana

  • 40

    Grfico 9 Assiduidade

    De todos estes hspedes, 95% alegam que voltariam cidade em outra oportunidade e

    se hospedariam novamente no Albergue da Juventude. Todos os participantes da pesquisa

    ainda afirmaram que gostariam de hospedar-se em outros albergues da regio. Quando

    questionada quais outros Albergues da regio visitariam a resposta obtida foi: 60% Albergue

    de Maresias; 16% Albergue de Ubatuba; 13% Albergue de Camburi e 11% Albergue de

    Ilhabela.

    Grfico 10- Albergues com pretenso de visita

    A tabela a seguir apresenta a porcentagem das respostas obtidas em cada um dos

    albergues, separadamente. Atravs desta, possvel perceber as diferenas e semelhanas nos

    freqentadores de ambos os albergues.

    Primeira vez Anualmente

    mais de uma vez ao ano Mensalmente

    55,5% 28,8%

    11,1% 4,6%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    Camburi Ilhabela maresias Ubatuba

  • 41

    Questes Hostel A (Ubatuba) Hostel B (Camburi)

    Idade (*) 24 anos 28 anos

    Sexo Feminino: 52%

    Masculino: 48%

    Feminino: 57%

    Masculino: 43%

    Estado Civil

    Solteiro: 94%

    Casado: 6%

    Separado:

    Vivo:

    Solteiro: 79%

    Casado: 7%

    Separado: 9%

    Vivo: 5%

    Origem (nacionalidade) Brasileiro(a): 95%

    Estrangeiro (a): 5%

    Brasileiro(a): 95 %

    Estrangeiro (a): 5 %

    Escolaridade

    Superior Completo: 47%

    Superior Incompleto: 47%

    2 Grau Completo: 6%

    Superior Completo: 69%

    Superior Incompleto 20%

    2 Grau Completo: 2%

    Renda* R$ 2.852,00 R$ 4.069,00

    Idioma

    Portugus: 89%

    Ingls: 78%

    Espanhol: 31%

    Francs: 15%

    Italiano: 5%

    Alemo: 5%

    Portugus: 96%

    Ingls: 61%

    Espanhol: 30%

    Francs: 15%

    Italiano: 11%

    Alemo: 3%

    Como Viaja

    Amigos: 47%

    Famlia: 20%

    Sozinho: 20%

    Excurso: 13%

    Amigos: 46%

    Famlia: 15%

    Sozinho: 35%

    Excurso: 4%

    Permanncia

    Um dia: 21%

    Final de Semana: 63%

    Uma semana: 15%

    Mais de uma semana: 1%

    Um dia: 7%

    Final de Semana: 61%

    Uma semana: 27%

    Mais de uma semana: 5%

    Transporte

    Carro Prprio: 42%

    nibus regular: 30%

    nibus fretado: 28%

    Carro Prprio: 80%

    nibus regular: 20%

    nibus fretado:

    Assiduidade

    1 vez: 63%

    Mensalmente: 5%

    Anualmente: 31%

    Mais de uma vez por ano: 1%

    1 vez: 50%

    Mensalmente: 15%

    Anualmente: 26%

    Mais de uma vez por ano: 9%

    Valor Gasto* R$ 302,00 R$ 432,00

    Pretende visitar outra praia

    da regio

    Sim: 73%

    No: 27%

    Sim: 92%

    No: 8%

    Pretende hospedar-se em

    outro Hostel na regio

    Sim: 42%

    No: 58%

    Sim: 73%

    No: 27%

    Qual

    Ubatuba: 22%

    Maresias: 55%

    Camburi: 11%

    Ilhabela: 12%

    Ubatuba: 20%

    Maresias: 63%

    Camburi: 11%

    Ilhabela: 6%

    Voltaria a Cidade\ Hostel Sim: 100%

    No:

    Sim: 100%

    No:

    * - Em mdia

    Tabela 1 Tabela Comparativa de dados coletados Fonte: da autora (2009)

  • 42

    Observando a primeira coluna da tabela contendo os resultados, possvel observar o

    perfil dos hspedes do albergue A. Neste albergue os freqentadores tem em mdia 24 anos

    de idade, so mais jovens que os freqentadores do albergue B e viajam, principalmente, com

    seus amigos. Apesar da pouca diferena entre homens e mulheres, a maioria dos questionados

    formada por mulheres, brasileiras, solteiras e estudantes e/ou recm formadas. Devido a

    grande parte dos hspedes dos albergues da juventude ser composta por brasileiros, a lngua

    mais falada o portugus, porm conforme apontado anteriormente, foi possvel observar que

    a maioria destes brasileiros assinalou tambm outras lnguas, deixando-nos concluir que h

    mais uma caracterstica nestes hspedes: O domnio por uma segunda lngua. A grande

    maioria citou o idioma ingls. O Espanhol juntamente com o Francs so idiomas que

    tambm foram citados com certa freqncia nos questionrios. Um outro aspecto observado

    foi que a maioria que citou o idioma espanhol foram aqueles que no afirmaram dominar o

    idioma ingls, podendo assim nos deixar concluir que, neste contexto, aqueles que no

    possuem conhecimento em ingls, dominam o idioma espanhol. Alemo e Italiano foram

    lnguas citadas em uma freqncia bem menor.

    No Albergue de Ubatuba, a maioria dos entrevistados estava visitando o albergue pela

    primeira vez e permaneceu no mesmo por apenas um final de semana. Estes chegaram at o

    albergue com seu prprio carro e gastaram na localidade, em mdia R$ 302,00 durante sua

    permanncia.

    A maioria dos visitantes do Albergue de Ubatuba pretende visitar outras praias da

    regio, mas no pretendem hospedar-se em um Albergue da Juventude durante esta visita,

    porm todos os questionados afirmaram que voltariam a cidade e ao Albergue de Ubatuba

    novamente em outra oportunidade.

    J no Albergue de Camburi os freqentadores so mais velhos e viajam, em sua

    grande parte, com os amigos ou sozinhos, so tambm brasileiros, solteiros e na sua maioria,

    j formados. Assim como os visitantes do Albergue de Ubatuba, a maioria tambm

    permaneceu no albergue durante um final de semana e viajou com carro de passeio prprio,

    gastando em mdia R$ 432,00 no perodo.

    Ainda no albergue de Ubatuba, metade dos hspedes estava visitando pela primeira

    vez o albergue, seguidos por aqueles que se hospedam no albergue anualmente. Ao contrrio

    dos questionados no albergue de Ubatuba, os visitantes do albergue de Camburi, alm de

    pretenderem visitar as outras praias da regio, ainda pretendem hospedar-se em outros

    albergues da juventude ligados rede Hostelling International existentes no Litoral Norte

    Paulista.

  • 43

    Comparando os dados obtidos nos dois Albergues da juventude, a primeira coisa que

    se nota a respeito das suas respostas a diferena da mdia de idade entre os dois. Em ambos

    os albergues a presena de jovens dominante, confirmando dados j citados por diversos

    autores, que este tipo de hospedagem utilizado, na maior parte das vezes por jovens e que

    buscam no s novas experincias, como tambm do contato com pessoas diferentes.

    A grande maioria dos entrevistados brasileira, j formada na universidade,

    possuidora de renda prpria, de um emprego fixo, que esto viajando com amigos e alm do

    portugus, primeira lngua, citou o ingls como segunda lngua. Mais da metade dos

    entrevistados permaneceu na localidade apenas dois dias, durante o final de semana e estes

    pretendiam viajar ainda pelo litoral, conhecendo as praias ao redor, ainda que no ficando

    hospedados em outro Albergues da Juventude ligados rede Hostelling International.

    A grande maioria viajava pela primeira vez aos albergues e utilizavam carro prprio

    para passeio para chegar ao albergue. A praia mais citada pelos hspedes dos albergues na

    opo de qual mais gostariam de conhecer foi Maresias, localizada em So Sebastio.

  • 44

    CONSIDERAES FINAIS

    Como j mencionado anteriormente, o objetivo deste trabalho foi o da realizao da

    identificao dos albergues associados Hostelling International localizados no Litoral Norte

    at julho de 2008, o conhecimento da estrutura oferecida aos hspedes destes albergues e a

    anlise sob aspecto biossocial, turstico e motivacional destes hspedes.

    Inicialmente, foram apontados quatro albergues da juventude filiados rede Hostelling

    International, localizados no Litoral Norte Paulista, para a realizao das pesquisas de

    identificao de perfil, porm foram coletados dados suficientes para elaborao desta em

    apenas dois deles pela dificuldade dos pesquisados em responderem as pesquisas. Foram

    disponibilizados, nestes albergues, 150 questionrios para serem aplicados em seus hspedes

    no perodo de dezembro de 2008 a maio de 2009, porm o resultado final obtido foi de apenas

    58 questionrios.

    Por intermdio dos dados obtidos e previamente apresentados foi possvel observar

    que a presena de jovens dominante, confirmando dados j apresentados por Giaretta (2003)

    e Oliveira (2005), onde a afirmativa de que este tipo de hospedagem utilizado, na maior

    parte das vezes por jovens em busca no s de novas experincias, como tambm do contato

    com diferentes pessoas e culturas.

    Foi ainda apontado por diversos autores j citados que os Albergues da Juventude so

    meios de hospedagens muito utilizados pelo turista backpacker. A presena dos backpackers

    para o desenvolvimento do turismo brasileiro de grande relevncia, j que apesar destes

    turistas procurarem por hospedagens alternativas e mais econmicas, passam mais tempo na

    localidade, gastando o dinheiro diretamente com a comunidade local e em mais de uma rea

    por estarem em constante movimento, a procura de novas regies e novas experincias alm

    do contato com a comunidade local.

    A presena do backpacker nestas localidades traria no apenas os benefcios

    econmicos j citados, pois estes desenvolvem e impulsionam nas cidades as questes

    socioambientais das microrregies marginalizadas. Observa-se que este tipo de turistas no

    demanda luxo, portanto gastam mais dinheiro em bens produzidos localmente (como comida)

    e com servios (transporte, acomodao em casa de famlia). Ao mesmo tempo gastam menos

    em artigos importados que causam repatriao de dinheiro, como tambm acabam por utilizar

    menos recursos energticos (como banhos frios e ventiladores em vez de banhos quentes e ar-

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    condicionado), sendo assim mais gentis ao ambiente, impactando-o de uma forma menos

    significativa, por isso o estudo da existncia deste