27
ARGUMENTOS Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes 79 LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO Marina Morais de Andrade 1 Vitor Eduardo Schincariol 2 Introdução A partir da década de 1990, com o fim da Guerra Fria, o aumen- to dos fluxos de capital, a internacionalização do sistema financeiro e com o aumento na velocidade das comunicações é possível observar a crescente participação de entes federados na arena internacional. Assim, a partir deste momento muitos autores analisam a projeção internacional de movimentos sociais, organizações não governamentais, empresas mul- tinacionais, entre outros atores não estatais, que ganham voz e espaço nas negociações e nos grandes foros. Dentre estes novos atores, um grupo de estudiosos concentrados ao Norte geopolítico busca entender a interna- cionalização de governos subnacionais, ou seja, governos de outros níveis que não o nacional. Os autores que trabalham este tema atribuem à globalização e ao 1 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC 2 Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e So- ciais da UFABC

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

79

LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL

MUNICIPAL: O CASO DE SÃO PAULO

Marina Morais de Andrade1

Vitor Eduardo Schincariol2

Introdução

A partir da década de 1990, com o fim da Guerra Fria, o aumen-to dos fluxos de capital, a internacionalização do sistema financeiro e com o aumento na velocidade das comunicações é possível observar a crescente participação de entes federados na arena internacional. Assim, a partir deste momento muitos autores analisam a projeção internacional de movimentos sociais, organizações não governamentais, empresas mul-tinacionais, entre outros atores não estatais, que ganham voz e espaço nas negociações e nos grandes foros. Dentre estes novos atores, um grupo de estudiosos concentrados ao Norte geopolítico busca entender a interna-cionalização de governos subnacionais, ou seja, governos de outros níveis que não o nacional.

Os autores que trabalham este tema atribuem à globalização e ao

1 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais da UFABC2 Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas e So-ciais da UFABC

Page 2: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

80

crescimento da interdependência as causas para a crescente internaciona-lização de cidades, províncias, landërs, estados, municipalidades etc.. Por outro lado, estas unidades subnacionais têm crescentemente se envolvido de maneira ativa em questões e espaços internacionais, buscando apoio para o desenvolvimento local em fontes de financiamento internacional, se inserindo em redes de cidades vistas como movimentos de articulação internacional para fazer ganhar voz as reivindicações locais e mantido contato com seus pares estrangeiros ou mesmo governos nacionais com o intuito de promover suas relações comerciais.

Tendo isto em vista, este trabalho se focará em uma discussão teó-rica acerca das motivações para a internacionalização dos governos subna-cionais com o objetivo de gerar novas reflexões teóricas para estes estudos e servir, posteriormente, como ferramenta analítica para análises empíri-cas.

Paradiplomacia

A inserção dos governos subnacionais nas relações internacionais é conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis Soldatos para designar a ação internacional de regiões, estados e muni-cípios, ou seja, unidades de governos não-centrais ou subnacionais, nas relações internacionais, sendo denominado pelo autor como o fenômeno da “muitas vozes” na política externa. Noé Cornago Pietro (2004, p. 252) a define como,

[…] o envolvimento de um governo subnacional nas relações internacionais, por meio do estabelecimento de contatos, formais e informais, permanentes ou pro-visórios (‘ad hoc’), com entidades estrangeiras públi-cas ou privadas, objetivando promover resultados so-cioeconômicos ou políticos, bem como qualquer outra dimensão externa de sua própria competência consti-

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 3: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

81

tucional.

De acordo com Soldatos (1990), este fenômeno pode ser consi-derado novo em termos quantitativos e qualitativos, representando, res-pectivamente, o crescente número de interações e a maior capacidade de mobilização dos governos subnacionais em torno dos seus objetivos. De maneira geral, os autores que abordam o tema acreditam que a ação in-ternacional das unidades subnacionais se dá como uma alternativa para promover o desenvolvimento local através de outras fontes na ausência do estado-nação como, por exemplo, com recursos externos, na transferência de know how, entre outros.

Segundo os autores da paradiplomacia, esta teria surgido no Brasil como ferramenta para promover o desenvolvimento local, em uma época de descentralização do regime político do país no fim do autoritarismo. Com o esgotamento do milagre econômico, a União brasileira teria per-dido a capacidade de responder às demandas locais como agente único promotor do desenvolvimento. “Ocorre um processo de transferência des-sa responsabilidade para os níveis locais, que se veem constrangidos a enfrentar o desafio de sua própria sobrevivência nos planos econômico, político e social” (CASTELLS; BORJA, p.1996). E, com isso, o modelo tradicional burocrático de gestão municipal teria entrado em crise, e se faria necessário um novo tipo de Estado Local (ROMERO, 2004).

A Constituinte Brasileira de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, reafirmaria esta mudança ao conceder maiores competências ao poder local (PRAZERES, 2004). O que ocorreu foi uma mudança de sta-tus dos municípios elevando-os ao de entes federados (ONUKI, 2005) fa-zendo com que se tornassem atores imbuídos de maior autonomia e, por conseguinte, de maiores responsabilidades perante o desenvolvimento lo-cal. Diante deste processo histórico, a inserção internacional teria surgido como uma alternativa à solução das demandas locais neste novo modelo

Page 4: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

82

de gestão. Muitos municípios teriam começado a buscar oportunidades no ambiente internacional para impulsionar o desenvolvimento local.

A Carta Magna de 1988 e as transformações políticas ocorridas no país com o fim do regime militar propor-cionaram um espaço cada vez maior para que tais entes federados brasileiros desenvolvessem iniciativas exter-nas, visando novas perspectivas de cooperação cultural e científica, bem como parcerias para o desenvolvimen-to econômico e comercial (BRIGAGÃO, 2005, p. 11).

A instalação dos aeroportos internacionais nas grandes cidades brasileiras, a ocorrência de eventos internacionais, o estabelecimento de parcerias externas e a crescente movimentação do capital estrangeiro le-variam as prefeituras a investirem em suas relações internacionais. Atual-mente existe uma gama de municípios brasileiros que possuem Secretarias Municipais de Relações Internacionais (SMRI´s). A institucionalização de um órgão municipal voltado para este tipo de política na administração local poderia proporcionar, através de um corpo de funcionários especia-lizados na área de Relações Internacionais, novas parcerias, planejamento das ações de âmbito internacional, projeção política, atração de investi-mentos, articulação dos objetivos de cada governo com as oportunidades oferecidas pelo ambiente internacional.

Através de redes de cidades, da cooperação técnica internacional ou da captação internacional de recursos, muitos departamentos de relações internacionais conseguiriam angariar recursos financeiros, conhecimentos técnicos e know how para o financiamento de projetos e o aprimoramento das políticas públicas municipais. Além disso, cada vez mais, as cidades encontrariam novos espaços para a atuação na arena internacional, sendo que as políticas desenvolvidas pelos municípios, neste âmbito, poderiam amparar ou fortalecer sua ação como promotor do desenvolvimento local.

O autor Michael Keating (2004) vincula as causas do fenômeno da inserção internacional de regiões, podendo ser aplicada às cidades tam-

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 5: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

83

bém, ao processo globalizante e afirma que a participação das localidades no cenário internacional poderia partir de três motivações principais for-talecidas pela globalização: política, cultural e econômica. A motivação política estaria vinculada às aspirações a separação de uma localidade do Estado a que pertence, como também ao crescimento de Regimes Interna-cionais de Livre Comércio, firmados pelo Estado, colocando os governos subnacionais sob a sua jurisdição e invadindo as competências do governo local. A motivação cultural estaria ligada às razões de origem histórica que fariam com que dois territórios distantes possuíssem semelhanças histó-ricas que os vinculassem e que ganhariam mais destaque com o processo globalizante. A última motivação, econômica, de todo modo, seria consi-derada a mais estimulante para a ação paradiplomática. De acordo com Michael Keating (2004, p. 3):

As national economies have faced the challenges of globalization, centralized regional development po-licies have declined. Regions have emerged as a key level of economic transformation and innovation and are increasingly pitched into competition in global ma-rkets without the protection of the national state. [..]Where economic development is concerned, regions go into the international arena for inward investment; for markets, and for technology.3

É também relevante observar que o próprio Direito Internacional só reconhece como sujeitos de direito, para celebrar tratados e assumir com-promissos internacionais, os Estados. Este debate em torno da legalidade destas ações em nome do reconhecimento da autoridade dos atores subna-cionais, tanto no caso brasileiro como para além dele, pode ser compreen-3 “Como as economias nacionais têm enfrentado os desafios da globalização, as políticas centralizadas de desenvolvimento regional têm diminuído. As regiões surgiram como um nível fundamental de transformação econômica e inovação e são cada vez mais lançadas a concorrência nos mercados globais sem a proteção do Estado nacional. [..] Quando o desenvolvimento econômico está em causa, as regiões vão para a arena inter-nacional para o investimento estrangeiro; para os mercados e para a tecnologia.” (KEA-TING, 2004, p. 3)

Page 6: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

84

dido à luz do estatuto dos novos atores nas Relações Internacionais, firma-do pela teoria neoliberal. Na verdade os autores pioneiros na abordagem da paradiplomacia, Panayotis, Michelmann, Kincaid, entre outros, ampliaram o escopo de novos atores, apresentado pelo neoliberalismo na disciplina de relações internacionais, para incluir os governos subnacionais.

A teoria neoliberal vem de reformulações da corrente liberal. Os expoentes do neoliberalismo são Robert Keohane e Joseph Nye, cuja obra mais relevante, Power and Interdependence: World Politcs in Transition, lançada em 1977, aborda a impossibilidade de “[...] estudar as relações internacionais olhando apenas para o comportamento dos Estados” (NO-GUEIRA; MESSARI, 2005, p. 82). Na obra em questão, os autores explo-ram o conceito de interdependência, calcado na noção de efeitos recípro-cos capazes de gerar custos para os atores envolvidos.

Os autores definem a nova configuração da ordem mundial com o termo Interdependência Complexa, admitindo a existência de múltiplos canais de comunicação e negociação; a diversidade de atores; a existên-cia de uma agenda múltipla; de fronteiras difusas entre o doméstico e o internacional; e, por fim, pela presença de diferentes atores nos processos transnacionais.

A paradiplomacia sob o olhar da teoria do sistema-mundo

Após situar os conceitos utilizados pelos teóricos da paradiplomacia na abordagem neoliberal das Relações Internacionais, nesta sessão buscar-se-á questionar a validade destes conceitos, o de globalização e interde-pendência, a partir das reflexões extraídas da teoria do Sistema-Mundo. Portanto, a intenção é expor a teoria do Sistema-Mundo, em contraposição a visão exposta anteriormente, sob a perspectiva dos seus dois autores se-minais Immanuel Wallerstein (2006) e Giovanni Arrighi (1997, 2007).

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 7: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

85

A Teoria do Sistema-Mundo faz parte do arcabouço teórico das Re-lações Internacionais e Economia Política Internacional e tem por objeti-vo explicar as dinâmicas relações do sistema moderno. Esta abordagem foi construída tendo por influência três principais linhas pensamento: o estruturalismo de Fernand Braudel, pertencente à escola dos Annales, os conceitos de Karl Marx e os escritos da Teoria da Dependência concebidos na América Latina. As reflexões do Sistema-Mundo surgem na década de 1970 propondo ser uma forma crítica de analisar o status quo, por consi-derarem os paradigmas dominantes à época mais como barreiras para en-tender a realidade social do que ferramentas para analisá-la (WALLERS-TEIN, 2006).

Nesta teoria a unidade de análise deixaria de ser o Estado nacional e passaria a ser o Sistema-Mundo, que em sua forma moderna seria carac-terizado por uma economia-mundo, isto é, uma zona que cruza unidades integradas que respondem a regras sistêmicas, neste caso, capitalistas, as quais regeriam as relações internacionais desde o século XVI. A teoria busca explicar, em termos gerais, que o mundo capitalista geraria uma divisão internacional do trabalho hierarquizada fazendo com que países ocupassem posições de centro e periferia de acordo com seus diferentes modos de produção.

Nesta divisão o centro monopolizaria os processos de produção considerados essenciais e com maior valor agregado na economia-mundo, em dado contexto histórico, e os produtos de menor valor agregado seriam produzidos pela periferia. Este mecanismo funcionaria como uma forma de manter o status quo da divisão internacional do trabalho, gerando trocas desiguais que favoreceriam, através da transferência da mais-valia, isto é, dos lucros reais de países da periferia para o centro, a manutenção do jogo de poder vigente. Centro e periferia seriam, portanto, dois conceitos rela-cionais que coexistiriam, ou seja, não teriam significados independentes

Page 8: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

86

(WALLERSTEIN, 2006).Vale esclarecer que a economia capitalista pressuporia a acumula-

ção de capital sem fim e, para tanto, os Estados econômica, política e mili-tarmente fortes seriam importantes ou mesmo essenciais aliados políticos das empresas na criação de monopólios ou oligopólios, para ajudarem a manter o objetivo de acumulação sem fim (WALLERSTEIN, 2006).

Além disso, a teoria do Sistema-Mundo defende a existência de Ciclos de Acumulação de capital. Os Ciclos Sistêmicos de Acumulação (CSA) se repetiriam na história do capitalismo mundial e seriam “caracte-rizados por uma forte concentração de capital numa região geográfica que exerceu a hegemonia sobre o sistema mundial de seu tempo.” (AREND, 2012, p. 04). Considera-se a existência de quatro hegemonias desde a ori-gem do sistema: a genovesa, a holandesa, a britânica e a estadunidense.

Os Ciclos de Acumulação capitalista possuiriam duas fases: a de ex-pansão material e a de expansão financeira e estagnação. Na primeira fase de expansão material, determinado tipo de produção central, se expandi-ria na economia-mundo servindo, através de investimentos produtivos, ao objetivo de acumulação sem fim. Quando esta fase de expansão acabasse e os países centrais não tivessem mais para onde expandir seu mercado e sua produção, os custos cresceriam e os lucros diminuiriam, levando à fase de estagnação do ciclo. Neste ínterim, como não seria possível alcançar os níveis anteriores de lucro o capital abandonaria o sistema produtivo e recorreria ao sistema financeiro, onde a especulação seria capaz de gerar lucros e ainda alguma acumulação de capital. Neste momento, a hegemo-nia já mostraria sinais de decadência. A fase de transição hegemônica e de ciclos abriria espaço para a emergência de um novo modo de produção a ser monopolizado pelo centro e também para o surgimento de uma nova hegemonia localizada territorialmente. É desta maneira, que o objetivo de acumulação sem fim levaria ao esgotamento de modelos produção e ge-

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 9: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

87

raria danos irreparáveis à saúde do próprio sistema, colocando fim a um ciclo, ou, em longo prazo, ao sistema.

Na década de 1970, início da fase de estagnação do presente ciclo, segundo Arrighi (2007), teria sido possível observar o declínio da hege-monia estadunidense e a instauração de um “caos sistêmico” na economia-mundo, através dos movimentos especulativos no mercado financeiro. Foi neste momento em que emergiu a teoria do Sistema-Mundo e o discurso da globalização. Este último viria substituir o discurso hegemônico anterior que defendia desenvolvimentismo, o qual fazia sentido como um modo de superar a polarização global existente até a Guerra-Fria (WALLERSTEIN, 2006). A globalização seria uma forma de convocar o Terceiro-Mundo à abertura de suas fronteiras e ao livre fluxo de capital, sob o respaldo da ideologia neoliberal, agora adaptada às novas demandas do capitalismo.

Partindo da teoria do Sistema-Mundo, portanto, é possível ques-tionar a forma como a teoria neoliberal analisa as dinâmicas mundiais. Primeiramente, destaca-se que se Robert Keohane é um cientista políti-co estadunidense formado em Harvard, por outro lado, Joseph Nye, tam-bém cientista político, esteve envolvido diretamente com a formulação da política externa estadunidense por diversos momentos, atualmente atua como membro da Coalizão de Orientadores para o Projeto de Segurança Nacional e já serviu na administração Clinton como Secretário Adjunto de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional. Assim, é possível questionar se a teoria da Interdependência Complexa, fundamentada por Keohane e Nye, partindo dos Estados Unidos para o globo, poderia estar disseminando uma visão de mundo conveniente ao governo estadunidense e suas intenções.

Além disso, ao defender a existência de efeitos recíprocos gerados por tal interdependência, pressupõe-se a existência de certa igualdade de poder entre os Estados. Desta maneira, estaria ausentando às relações in-

Page 10: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

88

ternacionais o jogo de interesses de classes e de poder, transmitindo a ideia de que temos um Sistema Internacional, atualmente, mais democrático. No caso da paradiplomacia, ao se admitir a inserção de novos atores e a ausên-cia de hierarquia entre os temas da agenda das negociações internacionais, seria possível questionar se esta perspectiva teórica não estaria omitindo as dinâmicas reais motivadoras deste fenômeno.

Até a década de 1970, época em que os autores da teoria do Sis-tema-Mundo caracterizam como início da fase da estagnação do presente ciclo de hegemonia estadunidense, o capital teria estado a procura de al-tos lucros que não eram mais gerados pelo sistema produtivo e os países latino-americanos teriam se aproveitado da abundância de capital a juros acessíveis para contrair empréstimos para financiar seu desenvolvimento e industrialização. É importante lembrar que as principais fontes de finan-ciamento privado deste período estavam sediadas nos Estados Unidos da América (EUA).

Em 1973 e 1979 ocorreram as crises do petróleo, as quais gera-ram inflação e recessão na economia estadunidense. Diante da situação o governo dos EUA decidiu aumentar unilateralmente as taxas de juros, fazendo com que, por consequência, aumentasse exorbitantemente o endi-vidamento de todos os países que haviam se beneficiado da época anterior para financiar o crescimento nacional com capital internacional.

Em 1983, a crise da dívida e a busca por novos empréstimos levou o Brasil, assim como outros países latino-americanos, a assinar com o Fun-do Monetário Internacional (FMI) um acordo que previa a liberalização da economia nacional e o controle do déficit público como contrapartida à concessão de empréstimos.

Em 1989, ao fim da Guerra Fria, se reuniram em Washington fun-cionários do governo estadunidense e de organismos internacionais, em caráter acadêmico, com a finalidade de avaliar as reformas que vinham

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 11: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

89

sendo realizadas na América Latina. Esta reunião resultaria no Consenso de Washington, o qual ficaria conhecido por agrupar recomendações, antes esparsas, para as reformas na América Latina como condição para coope-ração financeira.

As recomendações do Consenso de Washington desmoralizariam o desenvolvimentismo proposto pela Comissão Econômica para América Latina e o Caribe da ONU (CEPAL), baseado na participação ativa do Estado como regulador e empresário na economia nacional, e receitariam medidas neoliberais para o ajustamento macroeconômico.

As dez medidas do receituário neoliberal eram as seguintes: 1) dis-ciplina fiscal, equilíbrio das finanças para combate à inflação, eliminando o déficit publico; 2) priorização dos gastos públicos; 3) reforma tributá-ria, acentuando o peso dos impostos indiretos; 4) liberalização financeira, permitindo instituições estrangeiras atuarem em igualdade com as nacio-nais; 5) regime cambial competitivo; 6) liberalização comercial, redução das taxas de importação e estímulo à exportação; 7) políticas para atração de investimento direto estrangeiro, de maneira a eliminar as restrições; 8) privatização; 9) desregulação, reduzindo o controle da economia e flexibi-lizando a legislação trabalhista; e, por fim, 10) a adoção da legislação de propriedade intelectual. Esta lista de reformas implicaria em uma drástica redução do estado, abertura à importação de bens e serviços e à entrada de capitais de risco.

De acordo com Paulo Nogueira Batista (1994), diplomata brasilei-ro, as recomendações do Consenso de Washington teriam sido pensadas levando em conta apenas as necessidades de capital dos credores, sem con-siderar a capacidade de pagamento dos países devedores, os quais teriam sido compelidos a emitir moedas, gerar endividamento interno e aumentar as taxas de juros, se tornando exportadores líquidos de capital. Com o ser-viço da dívida consumindo muitos recursos internos, equilibrar as contas

Page 12: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

90

nacionais era uma tarefa difícil.A tese do estado mínimo estava explícita em tais recomendações.

As privatizações, vindas com os ideais de eficiência na gestão, se por um lado, asseguravam a esses estados recursos não inflacionários e não tribu-tários, por outro, enfraqueciam o papel do estado em áreas estratégicas. A abertura não negociada e unilateral não levaria em conta os oligopólios existentes no comércio internacional, o comércio intrafirmas e a, conse-quente, desindustrialização e desempregos que seriam causados, de ma-neira a perpetuarem as vantagens comparativas. Os investimentos estran-geiros diretos se constituiriam uma forma de endividamento e também de transferência das decisões empresariais para o exterior. Aproprie-dade intelectual garantiria o monopólio dos países desenvolvidos.

Enfim, os resultados da reforma se restringiram à estabilização monetária e ao equilíbrio fiscal, sendo que na dimensão social restou um legado de miséria, desigualdade social, desemprego e inúmeras tensões sociais. Em âmbito local os resultados foram sentidos fortemente. Batista (1994, p. 12) revela que o então assessor da presidência do Banco Intera-mericano de Desenvolvimento (BID) disse à época que

[...] para levar a cabo as reformas sociais de que ne-cessita a América Latina não se voltaria, porém, a con-fiar no Estado. Muito pelo contrário. Tratar-se- ia de descentralizar ao máximo o setor público, pela munici-palização dos recursos oficiais e pela mobilização das organizações não-governamentais, sabidamente estran-geiras em sua maioria. [...] para garantir a governa-bilidade e as reformas liberais, seria necessário, nada menos nada mais, que ‘desagregar o Estado’.

Portanto, a descentralização estatal pautou de maneira geral os de-bates das reformas liberais das décadas de 1980 e 1990. A descentralização foi recomendada à época pelas agências de financiamento internacionais,

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 13: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

91

pelas teorias liberais e até mesmo participativas. Entretanto, é possível resgatar as palavras da autora Marta Arretche (1996) que procura desmis-tificar o fato de que a realização da democracia depende do nível de go-verno em que a decisão é tomada e salienta que esta tem mais relação com a natureza das instituições responsáveis pelo processo de decisão e com a possibilidade de que os princípios democráticos eleitos possam ser tradu-zidos em instituições concretas.

Neste contexto de liberalização é possível observar alguns impac-tos deste movimento, por exemplo, na cidade de São Paulo. Na década de 1990, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) iniciou uma política de desfinanciamento das empresas públicas estaduais e municipais, tendo em vista que estas, a partir de então, deveriam com-provar capacidade de endividamento para adquirir empréstimos da União. Concomitantemente o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) passaram a financiar privatizações de empresas estaduais e municipais (ARRETCHE, 2002), como o caso da Eletropaulo, privatizada por multi-nacional em 1995.

A partir da liberalização também é possível situar o que Saskia Sas-sen denominou cidade global. Para a autora as cidades-globais com-põem uma rede global de lugares estratégicos que estão no mercado das altas finanças, possuem uma economia de serviços especializada e uma crescente internacionalização da produção manufatureira, entre outros aspectos (SASSEN, 2004). Sassen afirma que a globalização econômica marca uma transformação na organização territorial da atividade econômi-ca e do poder político.

A dispersão das atividades econômicas em âmbito global tão pro-palada esconde o fato de que essa dispersão geográfica ocorre através de estruturas corporativas extremamente integradas que concentram e contro-

Page 14: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

92

lam o poder e a renda da cadeia que se estabelece. Esta concentração de funções representa um fator estratégico na economia global e se localiza em particular nas cidades-globais, sendo que, a partir dos anos 1990, se expandem para cidades do sul, em forma de filiais.

La globalizacion econômica hace que las juridicciones locales rivalicen entre sí por atraer industrias que ope-ran nacional o transnacionalmente. La posibilidad de mudarse a las jurisdicciones que tengam menores exi-gencias regulatoria ejerce presiones descendentes sobre el nivel de las regulaciones en todas las jurisdicciones […] (SASSEN, 2004, p. 386).4

As inovações legais assim, em caráter desregulamentação/reforma/integração global abririam espaço maior para a movimentação financeira em alta velocidade, instaurando esse modus operandi na economia mun-dial. Assim o papel regulatório dos Estados sobre as movimentações trans-nacionais se reduziria não apenas porque se trata de uma economia global, mas também porque as empresas que operam em seu território fazem par-te de uma rede parcialmente estabelecida em territórios nacionais. Teria ocorrido uma reacomodação da autoridade que transformou a capacidade dos governos e os regimes legais com a sua liberalização ou “‘estadunidi-zación’ de la normatividad”. A desregulamentação, portanto, não poderia ser simplificada na diminuição do Estado, mas em um mecanismo de ne-gociação da justaposição com o mercado.

A partir deste cenário, também pode ser citado Cornago Pietro (2004) que, ao tratar de casos da Ásia-Pacífico, teria percebido que “o processo de liberalização econômica que caracterizou essa região durante as últimas décadas tem importantes implicações nas economias locais e

4 “A globalização econômica faz com que as jurisdições locais criem rivalidades entre si para atrair indústrias que operem em nível nacional ou transnacional. A possibili-dade de se mudar para as jurisdições que tenham menores exigências regulatórias exerce pressões descendentes sobre o nível da regulação de todas as jurisdições [...]” (SASSEN, 2004, p. 386).

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 15: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

93

regionais, fomentando o envolvimento de governos subnacionais em ques-tões internacionais” (PIETRO, 2004, p. 260). O autor ainda afirma que no caso chinês, no início da fase de transição para o capitalismo, foi possível observar um aumento da relação entre as províncias e o ambiente exter-no, reduzindo, ao mesmo tempo, a relação interprovincial e aumentando a competitividade entre elas.

Após analisar a paradiplomacia no contexto pós-soviético, na re-gião da Ásia-Pacífico e na América Latina, Pietro (2004, p. 273) conclui que a “governança subnacional vem adquirindo uma dimensão claramente internacional [...] [e que] Seria razoável afirmar, portanto, que o crescente envolvimento subnacional em questões internacionais é uma característica estrutural do sistema político mundial”.

Adiciona-se a isto, em consonância com as elucidações acerca do Sistema-Mundo, as reflexões de Milton Santos, reconhecido geógrafo bra-sileiro, que traz importantes contribuições acerca da globalização e seus impactos nos territórios. Santos (1993, p.71) afirma que a globalização faz com que os espaços geográficos se tornem “mundializados”. Ao passo que avança o processo de globalização, tornam-se caracterizados pela forma-ção de um meio técnico, científico e informacional, pela intensificação da especialização produtiva espacial, pela crescente tensão entre localidade e totalidade. Os espaços nacionais acabam por transformar-se em espaços da economia internacional, isto é, subsistemas do espaço global, que devi-do ao seu elevado nível de tecnicidade e racionalidade, se constituem em espaços de fluxo, dos quais somente os atores hegemônicos conseguem usufruir a partir das redes internacionais que constituem.

O autor acredita ainda que “[…] cuanto más se afirma el mundo en el lugar, tanto más este último se convierte en único.”5 (SANTOS, 1993, p. 75), disseminando um tipo de regulação do espaço a serviço dos atores

5 “Quanto mais o mundo está indicada no site, mais o último torna-se único.” (Santos, 1993, p. 75)

Page 16: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

94

hegemônicos. Por conta disso, Santos (1993) considera a globalização um fenômeno débil, que circula os recursos de informação de maneira a privi-legiar os atores hegemônicos.O grande número de empresas multinacionais, que se instalaram nas gran-des cidades dos países subdesenvolvidos era visto, de maneira geral, como elemento difusor do “progresso” nestas localidades, por trazer empregos e novas tecnologias. Todavia, Santos (2001) enxerga a chegada destes In-vestimentos Externos Diretos (IED) como o início da instauração de um processo de desequilíbrio, em que o poder público local passa a ter que se submeter aos interesses do capital privado internacional,

O caso de São Paulo

Neste contexto de liberalização é possível observar alguns impac-tos deste movimento global na cidade de São Paulo. É preciso lembrar, entretanto, os legados deixados pelas décadas anteriores. Campanario e Komarick (1993) afirmam que o crescimento industrial brasileiro promo-vido desde a década de 1950 se concentrou na região metropolitana de São Paulo e foi promovido por setores trasnacionalizados.

Na década de 1990, o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) iniciou uma política de desfinanciamento das em-presas públicas estaduais e municipais, tendo em vista que estas, a partir de então, deveriam comprovar capacidade de endividamento para adquirir empréstimos da União. Concomitantemente o Banco Nacional de Desen-volvimento (BNDES) e parte dos recursos do Fundo de Garantia do Traba-lhador S (FGTS) passaram a financiar privatizações de empresas estaduais e municipais (ARRETCHE, 2002), como o caso da Eletropaulo, privatiza-da em 1995.

Na década de 1990 os reflexos da liberalização do Estado brasileiro

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 17: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

95

se fazem sentir a nível local em muitas medidas adotadas pela prefeitura de São Paulo, revelando a incorporação deste ideário neoliberal pelo Estado local. Em 1993 na cidade de São Paulo é criada pelo Prefeito Paulo Maluf a Secretaria de Privatizações e Parcerias. Em 1999 o prefeito Celso Pitta promulga o Decreto nº 38.151 criando o Programa Municipal de Desesta-tização. Este decreto foi revogado em 2001 pela Prefeita Marta Suplicy.

Ainda neste ínterim, em 2007 a lei 14.517/07 institui o Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPP) e cria a Companhia São Paulo de Parcerias, que através da lei 15.838/13 se transforma na São Pau-lo Negócios. O Programa de PPP visa regulamentar a parceria entre poder público de São Paulo e o setor privado a respeito de obras e serviços. A Companhia São Paulo de Parcerias, vinculada a Secretaria de Finan-ças ficaria responsável por viabilizar o programa e gerir os ativos a ela transferidos. Por não ter conseguido realizar nenhuma parceria, o escopo de atividades da Companhia foi ampliado em 2013 transformando-se na São Paulo Negócios com novos objetivos sociais, dentro deles destaca-se para este trabalho: 1) articular com entes públicos e privados estrangeiros para promoção de negócios no município; 2) potencializar a imagem in-ternacional de São Paulo como pólo de negócios; e 3) atrair investimentos estrangeiros e incentivar a expansão das empresas aqui instaladas (São Paulo, 2013).

A SP Negócios atualmente promove incentivos fiscais para a ins-talação de empresas privadas na Zona Leste e também está administrando a contratação de empresa privada para estudos técnicos e modelagem de projetos para modernização, expansão e manutenção da infraestrutura da Iluminação Pública do Município de São Paulo.

Em 2007 também foi criada pela lei nº 14.649/07 uma sociedade por ações, a Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilizações de Ativos (SPDA), órgão de administração pública indireta do município, com

Page 18: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

96

o objetivo de auxiliar o Executivo a promover o desenvolvimento social e econômico da cidade e “na otimização do fluxo de recursos financeiros para o financiamento de projetos prioritários, bem como na administração do pagamento de dívidas do Município.” (São Paulo, 2007). Para realizar as funções da SPDA a companhia está autorizada a buscar empréstimos e financiamentos nacionais e internacionais.

Tendo em vista a criação de uma política de relações internacionais ou até mesmo da supracitada identidade internacional, em termos de polí-ticas públicas, alguns municípios brasileiros passaram, inclusive, a insti-tucionalizar Secretarias Municipais de Relações Internacionais (SMRI´s) através da aprovação de projetos de lei, para contar com uma equipe espe-cializada nesta nova área. Em princípio, a institucionalização de um órgão municipal voltado para as relações internacionais na administração local pode proporcionar, de maneira mais efetiva e contínua, novas parcerias, planejamento das ações de âmbito internacional, participação mais ativa nas redes internacionais de cidades, projeção política internacional, atra-ção de investimentos e, possivelmente, ao longo do tempo, uma maior compreensão acerca das dinâmicas internacionais que atingem o seu ter-ritório, bem como um programa de políticas públicas em relações interna-cionais inserido no projeto de governo da cidade.

A cidade de São Paulo, que foi escolhida como estudo de caso para essa proposta, possui uma Secretaria Municipal de Relações Internacio-nais criada no governo da Prefeita Marta Suplicy (2001-2005) em 2001. A criação desta secretaria representa um marco institucional em relação a crescente importância que a política neste âmbito tem adquirido para cidade.

São Paulo é uma megalópole caracterizada por ser o centro finan-ceiro da América Latina e possuir uma população de 11.253.503 habitan-tes, segundo o Censo de 2010 (Ibge, on line), representando atualmente

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 19: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

97

mais de 10% do PIB do país. A presença dos aeroportos e rodoviárias em sua região metropolitana possibilitou a cidade receber, em 2010, 11,7 mi-lhões de visitantes, sendo 10,1 milhões de turistas nacionais e 1,6 milhão de estrangeiros. A capital paulista se destaca por possuir, na área dos ne-gócios, 63% dos grupos internacionais instalados no Brasil, no campo da saúde, o maior e mais renomado complexo hospitalar da América Latina, o Hospital das Clínicas, e da educação, 46 faculdades e 26 universidades. São Paulo reúne as principais redes hoteleiras nacionais e internacionais, é conhecida como a capital sul-americana de feiras de negócios e está entre os 15 principais destinos para eventos internacionais do mundo, tendo em vista que realiza 90 mil eventos por ano (São..., 2011, on line).

Diante da grande dimensão econômica revelada por estes números, a cidade de São Paulo possui uma dimensão numérica maior do que muitos países e na área dos negócios internacionais é a cidade brasileira que mais se destaca, assim se justifica a sua escolha para o presente estudo. Neste contexto, ao entender sua natural inserção no ambiente internacional no contexto atual e os impactos, tanto positivos quanto negativos, produzi-dos, facilmente se compreende a necessidade de um planejamento para a atuação internacional da cidade, através do planejamento de uma política pública voltada para esta área, que possibilite o governo municipal admi-nistrar essa relação.

Ao analisar as grandes cidades de países subdesenvolvidos indus-trializados, na obra “Metrópole Corporativa Fragmentada: o caso de São Paulo”, Santos (1990) cunha o termo “metrópole corporativa fragmenta-da”. Na “metrópole corporativa” o “poder público [é] chamado a exercer um papel ativo na produção da cidade, beneficiando a população, mas, principalmente, as empresas hegemônicas, obedecendo à mais restrita ra-cionalidade capitalista.” (MAGALHÃES, 2011, p. 157). Na obra em ques-tão, o autor

Page 20: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

98

[...] revela, de forma geral, que a estruturação do espaço urbano paulistano remete à maneira pela qual o poder público realiza o seu trabalho de gestão, sempre vincu-lado a atender às exigências do capital privado, trans-formando São Paulo numa cidade corporativa que se fragmenta em várias partes desarticuladas, tanto social como economicamente. (Magalhães, 2011, p. 158)

De acordo com Wanderley (2006) a cidade de São Paulo poderia ser carac-terizada como uma grande metrópole, megametrópole e uma cidade global periférica ou emergente,

porque determinados componentes indicados por Cas-tells e Sassen estão presentes em São Paulo, porém eles comparecem numa situação subordinada e assimétrica, quer como potencialidades em certos aspectos (expan-são do terciário, bancos internacionais, comércio mun-dial etc.), mas que não podem ser equiparados às cida-des de Nova York, Londres e Tóquio (e mesmo outras), quer apresentando baixa intensidade em outros aspectos (sedes de conglomerados, aeroporto internacional, tec-nologia avançada etc.). (WANDERLEY, 2006, p.196)

Tendo em vista as exposições feitas sobre a abordagem paradiplo-mática em contraste com as anteriores, é importante observar que a maio-ria dos autores que tratam a questão da paradiplomacia, além de partir do pressuposto da existência de uma interdependência, também pressupõe a crise do Estado centralizado e desenvolvimentista como impulso para as ações paradiplomáticas. A ideia de descentralização da política externa como correspondente a uma maior eficiência, que o Estado central foi in-capaz de gerar, compõe grande parte do discurso vigente. O fato é que a descentralização estatal pautou de maneira geral os debates das reformas liberais das décadas de 1980 e 1990, responsáveis por criar uma corres-pondência, quase que generalizada entre as pessoas, sobre a igualdade en-tre descentralização das políticas e democracia. A descentralização foi re-

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 21: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

99

comendada à época pelas agências de financiamento internacionais, pelas teorias liberais e até mesmo participativas. Entretanto, é possível resgatar a autora Marta Arretche (1996) que procura desmistificar o fato de que a realização da democracia depende do nível de governo em que a decisão for tomada e salienta que esta tem mais relação com a natureza das institui-ções responsáveis pelo processo de decisão, dependendo da possibilidade de que os princípios democráticos eleitos possam ser traduzidos em insti-tuições concretas.

Conclusões e aportes para futuros estudos

De tal modo, a partir das questões levantadas na sessão anterior, é possível observar que os governos locais, foco deste trabalho, estão mer-gulhados em novas situações demográficas, econômicas e sociais, dentro de uma preexistente estrutura normativa do território, produzidas pelo em-bate entre “[...] um dinheiro globalizado e as instâncias político- adminis-trativas do Estado brasileiro” (SANTOS, 2001, p. 96). O capital interna-cional já criou raízes nas metrópoles dos países subdesenvolvidos que já produzem efeitos de desarticulação econômica, social e territorial nessas sociedades.

As reflexões colocadas neste artigo sugerem outros caminhos para analisar a inserção internacional das cidades e podem se constituir impor-tantes pontos norteadores de futuras investigações, especialmente, àquelas que tiverem caráter empírico. Assim, tal como esperado no inicio deste artigo, a intenção de trazer novos insights para o estudo da internacio-nalização de cidades foi alcançada e acredita-se que este trabalho inicial cumpriu a sua função de verificar a possibilidade de utilizar a Teoria do Sistema-Mundo como aporte teórico para tratar o tema proposto, bem como o fato de trazer questões, atores e processos negligenciados, até en-

Page 22: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

100

tão, pelas análises que partiram da teoria neoliberal. É uma nova proposta, um olhar alternativo para um fenômeno ascendente.

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 23: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

101

Referências

ARRETCHE, Marta. Mitos da Descentralização: Maior Democracia e efi-ciência nas Políticas Públicas?. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 11, n.31, p. 44-66, 1996.

ARRETCHE, Marta. Relações federativas nas políticas sociais. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n.80, p. 25-48, 2002.

ARRIGHI, Giovani. A Ilusão do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1997. ARRIGHI, Giovani. Adam Smith em Pequim. São Paulo: Boitem-po, 2007.

BATISTA, Paulo Nogueira. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. Caderno da dívida externa, n. 69, PE-DEX, São Paulo: Peres, 1994.

BRIGAGÃO, Clóvis (Coord.). Relações Internacionais Federativas no Brasil: Estados e Municípios. Rio de Janeiro: Gramma/Fundação Ford, 2005.

CAMPANÁRIO, Milton; KOWARICK, Lúcio. São Paulo: do milagre à crise. As desventuras da cidadania. Lua Nova, São Paulo: Cedec, n° 28/29, pp. 249-264, 1993.

CASTELLS, Manuel; BORJA, Jordi. As cidades como atores políticos. Novos Estudos do Cebrap, São Paulo, n.45, p, 152-166, julho de 1996.

CASTELO BRANCO, Álvaro. A paradiplomacia como forma de inserção dos entes não centrais no cenário internacional. Brasília : O Autor, 2006.

CASTELO BRANCO, Álvaro. Paradiplomacia & entes não-centrais no cenário internacional. . Curitiba : Jurua, 2009.

CEZÁRIO, Gustavo de Lima. Atuação Global Municipal: Dimensões e Institucionalização. Brasília: CNM, 2011.

Page 24: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

102

CORNAGO PIETRO, Noe: O outro lado do novo regionalismo pós-sovi-ético e da Ásia- Pacífico: a diplomacia federativa além das fronteiras do mundo ocidental. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão sub-nacional e as relações internacionais. São Paulo:

EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004..

DUCHACEK, Ivo Duchacek. Perforated sovereignties: towards a tipology of new actors in International Relations. In:MICHELMANN,H. J.; SOL-DATOS, P. Federalism and International Relations. The role of subnational units. Oxford: Clarendon Press, 1990.

DUCHACEK, Ivo Duchacek. The International Dimension of Subnatio-nal Self- Government. In: Federated States and International Relations. Publius, v. 14, n. 4, p. 5-31, Autumn, 1984. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/3330188> Acesso em: 5 out 2012.

FERREIRA, José W. São Paulo: o mito da cidade-global. Tese de Douto-rado. São Paulo: FAUUSP, 2003.

HUNTINGTON, Samuel. A terceira onda: a democratização no final do século XX. São Paulo: Ática,1994.

IBGE. Canais: cidades@: São Paulo: São Paulo. 2012. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?codmun=355030>. Acesso em: 30 set. 2012.

KEATING, Michael. Regiones y asuntos internacionales: motivos, oportu-nidades y estratégias. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão sub-nacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

KEOHANE, Robert O.; NYE, Joseph S.. Transgovernmental Relations and International Organizations. World Politics.Cambridge University Press, V.27, n. 1, p.39-62, out. 1974. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/2009925?origin=JSTOR-pdf>. Acesso em:18 de jun de 2014.

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 25: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

103

KINCAID, John. Constituent diplomacy in federal polities and the nation-state conflict and co-operation. In MICHELMANN, Hans; SOLDATOS, Panayotis. Federalism and international relations. The role of subnational units. United Kingdom: Oxford University Press, 1990.

MAGALHÃES, Denise. Resenha: Metrópole Corporativa Fragmentada: O Caso de São Paulo de Milton Santos. Revista de Desenvolvimento Eco-nômico, n 24, pp. 155-158. 2011

MARIANO, Karina; MARIANO, Marcelo. As teorias de integração regio-nal e os Estados subnacionais. Impulso, São Paulo, n.31, p.47-70, 2002.

MARIANO, Marcelo P.; BARRETO, Maria Inês: Questão subnacional e integração regional: o caso do Mercosul. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

MORGENTHAU, Hans. A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz. Brasília, DF: Edunb: IPRI: São Paulo: Imprensa Oficial do Es-tado de São Paulo, 2003. NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais: correntes e debates. Rio de Janeiro: Elsevier. 2005.

OLIVEIRA, Henrique. A Política Externa no Pós-guerra Fria. In: Política Externa Brasileira. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

ONUKI, Janina; OLIVEIRA, Amâncio. Paradiplomacia e as Relações In-ternacionais: a experiência de São Paulo. São Paulo, 2007.

ONUKI, Janina (Coord.). Cidades e Inserção Internacional: A experiência de São Paulo. São Paulo: CAENI, 2005. Relatório Científico.

PRAZERES, Tatiana Lacerda. Por uma atuação constitucionalmente vi-ável das unidades federadas brasileiras ante os processos de integração regional. In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

Page 26: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

104

RODRIGUES, Gilberto. Marco Jurídico para a Cooperação Descentrali-zada: Um estudo sobre o Brasil. Frente Nacional de Prefeitos, São Paulo, 2011. Disponível em: < http://www.portalfederativo.gov.br/pub/Inicio/Co-loquioFederativoCooperacaoInternacional20 11/FNP_MJ_CID_Out2011.pdf> . Acesso em: 01 de julho de 2014.

RODRIGUES, Gilberto. Relações internacionais federativas do Bra-sil. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, Vol.51, n.04, pp.1015-1034, 2008.

ROMERO, María del Huerto. Poder local y relaciones internacionales en contextos de integración regional: El caso de la red de mercociudades y la Reunión Especializada de Municipios e Intendencias (Grupo Mercado Común). In: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

SANTOS, Milton. Los espacios de la globalización. Anales de Geografía de la Universidad Complutense, n 13. Pp. 69-77. Ed. Complutense.1993

SANTOS, Milton. Metrópole corporativa fragmentada: o caso da São Pau-lo. São Paulo: Nobel: Secretaria de Estado da Cultura, 1990.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 5. ed. Rio de Janeiro : Record, 2001.

SÃO PAULO. Dados da Cidade de São Paulo. 2011. Disponível em:

<http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/br/sao-paulo-em-numeros>. Aces-so em: 15 out. 2012.

SÃO PAULO. Lei nº 14.649, de 13 de dezembro de 2007. Autoriza a cons-tituição da Companhia São Paulo de Desenvolvimento e Mobilização de Ativos - SPDA. 2007. Disponível em: http://www.fiscosoft.com.br/l/5euo/lei-do-municipio-de-sao-paulosp-n- 14649-de-20122007. Acesso em: 28 de jan. de 2014.

Liberalização Econômica e Política Internacional Municipal: o caso de São Paulo - Marina Morais de Andrade, Vitor Eduardo Schincariol

Page 27: LIBERALIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA INTERNACIONAL MUNICIPAL ... · PDF fileé conhecida como para diplomacia. Este termo foi proposto por Panayotis ... um órgão municipal voltado

ARGUMENTOSRevista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes

105

SASSEN, Sasken. El Estado y la nueva geografía del poder. VIGEVANI, Tullo et al.(org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo, EDUC; Ed.Unesp; Bauru, EDUSC, 2004.

SOLDATOS, Panayotis. An Explanatory Framework for the Study of Federated States as Foreign-policy Actors. In MICHELMANN, Hans J; SOLDATOS, Panayotis. Federalism and International Relations: The role of subnational units. Oxford University Press, 1990.

VIGEVANI, Tullo.; WANDERLEY, Luiz. Apresentação. IN: VIGEVANI, Tullo et al. (Org.). A dimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: EDUC; UNESP; EDUSC e FAPESP, 2004.

WALLERSTEIN, Immanuel. World System Analysis: An Introduction. London, Duke University Press, 2006.

WANDERLEY, Luiz. São Paulo no contexto da Globalização. Lua Nova, São Paulo, n 69, p. 173-203. 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102- 64452006000400008&script=sci_arttext>. Acesso em: 30 de maio de 2014.

WILLIAMSON, John; KUCZYNSKI, Pedro-Paulo.Depois do Consenso de Washington. São Paulo: Saraiva, 2004