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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE CAMPINAS FORO DE CAMPINAS 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA Avenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Bloco A Sala 133, Jd. Santana - CEP 13088-901, Fone: (19) 3756-3628, Campinas-SP - E-mail: [email protected] Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às 19h00min DECISÃO Processo Digital nº: 1033291-35.2014.8.26.0114 Classe - Assunto Mandado de Segurança - Anulação de Débito Fiscal Impetrante: Usitec Usinagem Técnica Industria e Comércio Ltda Impetrado: PROCURADOR CHEFE DA PROCURADORIA REGIONAL DE CAMPINAS Juiz(a) de Direito: Dr(a). Viviani Dourado Berton Vistos. Trata-se de mandado de segurança impetrado pela empresa Usitec Usinagem Técnica Indústria e Comércio Ltda. por onde alega que, em razão do atraso no pagamento de tributos devidos ao fisco estadual, a autoridade coatora inscreveu em dívida ativa os valores devidos. Ocorre que a dívida foi acrescida de juros de mora que excedem o índice federal. Requereu, portanto, a suspensão da exigibilidade unicamente dos juros de mora exigidos que excedam a taxa SELIC. Em relação aos juros, prevê o artigo 161, do Código Tributário Nacional, que o crédito não pago deve ser acrescido de juros de mora que serão estipulados por lei. Ou seja, o Código Tributário Nacional atribuiu ao legislador a possibilidade de estipulação dos juros moratórios, que assim o fez quando instituiu a SELIC por meio da Resolução n.º 1.124, do Conselho Monetário Nacional, autorizado pela Lei n.º 9.065/95 e Lei Estadual 10.175/98, segundo reiterada jurisprudência (TJSP 13.ª Câm. Direito Público Apel 990.10.189313-4 Rel. Des. Luciana Bresciani j. 23 de junho de 2010). Ademais, diante do amplo amparo 7I MQTVIWWS TEVE GSRJIVÎRGME EGIWWI S WMXI LXXTWIWENXNWTNYWFVIWEN MRJSVQI S TVSGIWWS I S G×HMKS %(' )WXI HSGYQIRXS JSM EWWMREHS HMKMXEPQIRXI TSV :-:-%2- (396%(3 &)6832 ',%:)7 JPW

Liminar Juros MS Campinas(2)

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Page 1: Liminar Juros MS Campinas(2)

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICAAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Bloco A Sala 133, Jd.Santana - CEP 13088-901, Fone: (19) 3756-3628, Campinas-SP - E-mail:[email protected]ário de Atendimento ao Público: das 12h30min às 19h00min

DECISÃO

Processo Digital nº: 1033291-35.2014.8.26.0114Classe - Assunto Mandado de Segurança - Anulação de Débito FiscalImpetrante: Usitec Usinagem Técnica Industria e Comércio LtdaImpetrado: PROCURADOR CHEFE DA PROCURADORIA REGIONAL DE

CAMPINAS

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Viviani Dourado Berton

Vistos.

Trata-se de mandado de segurança impetrado pela

empresa Usitec Usinagem Técnica Indústria e Comércio Ltda. por onde alega que, em

razão do atraso no pagamento de tributos devidos ao fisco estadual, a autoridade coatora

inscreveu em dívida ativa os valores devidos. Ocorre que a dívida foi acrescida de juros de

mora que excedem o índice federal.

Requereu, portanto, a suspensão da exigibilidade

unicamente dos juros de mora exigidos que excedam a taxa SELIC.

Em relação aos juros, prevê o artigo 161, do

Código Tributário Nacional, que o crédito não pago deve ser acrescido de juros de mora

que serão estipulados por lei. Ou seja, o Código Tributário Nacional atribuiu ao legislador

a possibilidade de estipulação dos juros moratórios, que assim o fez quando instituiu a

SELIC por meio da Resolução n.º 1.124, do Conselho Monetário Nacional, autorizado pela

Lei n.º 9.065/95 e Lei Estadual 10.175/98, segundo reiterada jurisprudência (TJSP 13.ª

Câm. Direito Público Apel 990.10.189313-4 Rel. Des. Luciana Bresciani j. 23 de

junho de 2010).

Ademais, diante do amplo amparo

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICAAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Bloco A Sala 133, Jd.Santana - CEP 13088-901, Fone: (19) 3756-3628, Campinas-SP - E-mail:[email protected]ário de Atendimento ao Público: das 12h30min às 19h00min

jurisprudencial, que se verifica inclusive com a decisão do E. Tribunal de Justiça do Estado

de São Paulo, possível entender pela inconstitucionalidade da taxa de juros aplicada pelo

Fisco:INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE - Arts. 85 e 96 da LeiEstadual n° 6.374/89, com a redação dada pela Lei Estadual n° 13.918/09- Nova sistemática de composição dos juros da mora para os tributos emultas estaduais (englobando a correção monetária) que estabeleceu taxade 0,13% ao dia, podendo ser reduzida por ato do Secretário da Fazenda,resguardado o patamar mínimo da taxa SELIC - Juros moratórios ecorreção monetária dos créditos fiscais que são, desenganadamente,institutos de Direito Financeiro e/ou de Direito Tributário - Ambos osramos do Direito que estão previstos em conjunto no art. 24, inciso I, daCF, em que se situa a competência concorrente da União, dos Estados edo DF - §§ Io a 4° do referido preceito constitucional que trazem adisciplina normativa de correlação entre normas gerais e suplementares,pelos quais a União produz normas gerais sobre Direito Financeiro eTributário, enquanto aos Estados e ao Distrito Federal competesuplementar, no âmbito do interesse local, aquelas normas STF que,nessa linha, em oportunidades anteriores, firmou o entendimento de queos Estados-membros não podem fixar índices de correção monetáriasuperiores aos fixados pela União para o mesmo fim (v. RE n" 183.907-4/SP e ADI n° 442) - CTN que, ao estabelecer normas gerais de DireitoTributário, com repercussão nas finanças públicas, impõe o cômputo dejuros de mora ao crédito não integralmente pago no vencimento, anotandoa incidência da taxa de 1% ao mês, "se a lei não dispuser de mododiverso" - Lei voltada à regulamentação de modo diverso da taxa de jurosno âmbito dos tributos federais que, destarte, também se insere no planodas normas gerais de Direito Tributário/Financeiro, balizando, noparticular, a atuação legislativa dos Estados e do DF - Padrão da taxaSELIC que veio a ser adotado para a recomposição dos créditostributários da União a partir da edição da Lei n° 9.250/95, não podendoentão ser extrapolado pelo legislador estadual - Taxa SELIC que, porsinal, já se presta a impedir que o contribuinte inadimplente possa serbeneficiado com vantagens na aplicação dos valores retidos em seu poderno mercado financeiro, bem como compensar o custo do dinheiroeventualmente captado pelo ente público para cumprir suas funções -Fixação originária de 0,13% ao dia que, de outro lado, contraria arazoabilidade e a proporcionalidade, a caracterizar abuso de naturezaconfiscatória, não podendo o Poder Público em sede de tributação agirimoderadamente - Possibilidade, contudo, de acolhimento parcial daarguição, para conferir interpretação conforme a Constituição, emconsonância com o julgado precedente do Egrégio STF na ADI n° 442 -Legislação paulista questionada que pode ser considerada compatível coma CF, desde que a taxa de juros adotada (que na atualidade engloba acorreção monetária), seja igual ou inferior à utilizada pela União para omesmo fim Tem lugar, portanto, a declaração de inconstitucionalidadeda interpretação e aplicação que vêm sendo dada pelo Estado às normasem causa, sem alterá-las gramaticalmente, de modo que seu alcancevalorativo fique adequado à Carta Magna (art. 24, inciso I e § 2o) -Procedência parcial da arguição (TJSP Órgão Especial Arguição de

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULOCOMARCA DE CAMPINASFORO DE CAMPINAS2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICAAvenida Francisco Xavier de Arruda Camargo, 300, Bloco A Sala 133, Jd.Santana - CEP 13088-901, Fone: (19) 3756-3628, Campinas-SP - E-mail:[email protected]ário de Atendimento ao Público: das 12h30min às 19h00min

Inconstitucionalidade n° 0170909-61.2012.8.26.0000 Rel. Des. PauloDimas Mascaretti j. 27 de fevereiro de 2013).

Destarte, estão presentes os requisitos legais para

o acolhimento do pedido inaudita altera pars. Defiro a liminar tão somente em relação aos

valores dos juros, que devem corresponder ao limite da Taxa SELIC. Retificadas as CDAs

nesse sentido, possível a execução dos valores.

Intime-se e Notifique-se a autoridade impetrada

para o cumprimento da liminar e para as informações.

Em seguida, ao MP.

Int.

Campinas, 28 de outubro de 2014.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA