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C3 Campo Grande-MS | Quarta-feira, 2 de setembro de 2020 ARTES&LAZER Atividades estão sendo transmitidas desde o dia 1º pelo Facebook 4º “Arte da Palavra” traz 40 artistas das mais variadas regiões no modelo virtual Audiovisual Acervo Literatura Marinete Pinheiro/Divulgação Fotos: Arquivo pessoal Leo Ribeiro Entre as mudanças provo- cadas pelo novo coronavírus, o universo literário não poderia ficar de fora dos setores que se reinventam e continuam a produzir mesmo durante a pandemia. É o exemplo da 4ª edição do “Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras”, que ganha uma versão inédita com uma programação on-line, reu- nindo performances artísticas e oficinas de criação. Com par- ticipação de representantes de 24 estados de todas as regiões, por Mato Grosso do Sul, Fábio Quill leva para o maior cir- cuito literário do país sua obra “Amálgama”. “O Arte da Palavra é uma experiência rica em qualquer período, levar o nosso tra- balho a diversos estados e cidades do país, conhecendo suas diversas culturas e di- ferentes saberes certamente enriquece qualquer autor”, explica Fábio Quill. Entre os artistas da palavra serão 40 escritores, poetas, ra- ppers, slammers, contadores de histórias e outros profis- sionais em apresentações vir- tuais gratuitas. No Arte da Palavra são realizados três circuitos: autores, criação li- terária e oralidades. Circuitos O primeiro reúne duplas de escritores de localidades dis- tintas para troca de experiên- cias e ideias com o público sobre temas comuns às suas obras. Oralidades tem como foco ex- pressões verbais da palavra, como narração de histórias, saraus, performances, slams e repentes. Já a criação literária oferece oficinas com variados temas, como incentivo à prática do exercício das manifestações artísticas. A programação segue no ar até dezembro. Participando do circuito de autores, Quill destaca que: “por conta da pandemia, este ano o projeto foi reformulado para uma edição on-line, ainda que perca algo que considero maravilhoso, que é estar em uma mesa com pessoas à volta trocando experiências, o evento é sem dúvida um marco Com mais de 10 mil itens em seu acervo, entre fotografias, filmes, vídeos, cartazes, discos de vinil, objetos e registros sonoros, o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS-MS) recebeu como doação, nesse mês de agosto, quatro câmeras Betacam SP da empresa Lujje Soluções de Campo Grande. Coordenadora do Museu, Marinete Pinheiro conta que a amiga Danielle Girelli entrou em contato perguntando sobre o interesse do MIS em receber doações. “Então organizamos para buscar e ficamos imen- samente gratas, as câmeras serão utilizadas nas ações educativas do MIS. E divulgar essa doação é fundamental para que a população entre em contato para doar itens que remetem a memória de MS, nosso acervo e 100% de doação”, revela. Destacando que é feita uma avaliação com cada item des- tinado ao MIS, Marinete diz: “sabemos que muitas pessoas têm itens como objetos, fotos, discos, etc., e não querem mais guardar mas ao mesmo tempo não sabem o que fazer”. Filmadoras Betacam (de- finidas pela utilização de tira magnética) é uma família de formatos de videotapes profis- sionais de meia polegada (1/2”), que foram criadas pela Sony em 1982. Todos os formatos utilizam a mesma largura e forma de fita. Em razão da evolução no armazenamento de imagens, que passaram de fitas a suporte digital, menores e com maior capacidade de ar- mazenamento, essas preciosas câmeras foram substituídas e hoje abrilhantam o acervo do museu. Doações Pessoas ou empresas que queiram doar algum item para o acervo do MIS podem obter mais informações pelo e-mail: [email protected] ou te- lefone 3316-9178. O MIS está localizado no 3º andar do prédio da FCMS, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559. (LR com assessoria) Folhapress Cada vez mais atenta aos mercados regionais, a Netflix não tem deixado o público brasileiro na mão. Seu volume de produções nacionais é cada vez maior e, agora, a gigante do streaming se aventura também pela nossa literatura. Estreia em breve na plata- forma sua primeira adaptação de uma ficção policial brasi- leira, “Bom Dia, Verônica”, de Raphael Montes e Ilana Casoy. Lançado em 2016 sob o pseu- dônimo de Andrea Killmore, o thriller vendeu 10 mil cópias em sua primeira tiragem. Agora, a história de sua protagonista, a escrivã Ve- rônica, chega às telas no dia 1º de outubro, em forma de série. Tainá Müller vive a personagem do título, que, diante de casos enigmáticos que têm as mulheres como suas vítimas, decide desafiar o modus operandi da delegacia onde trabalha e mergulhar em investigações perigosas. Uma delas a leva a Janete (Camila Morgado), uma mu- lher simples casada com um serial killer cruel e sádico. A vilania é incorporada por Eduardo Moscovis, mais uma parte do elenco formado ainda por Elisa Volpatto, Silvio Guin- dane, César Melo, Adriano Garib e Antônio Grassi. Nomes conhecidos da litera- tura policial, Montes e Casoy integram a sala de roteiristas da adaptação. Ele tem um vasto currículo na ficção, com traduções em mais de 20 pa- íses, graças a títulos como “Suicidas” e “Dias Perfeitos”, ambos pela Companhia das Letras. Já ela, criminóloga, se debruçou sobre casos reais famosos, como o da família Von Richthofen e o do assassinato de Isabella Nardoni. “Bom Dia, Verônica”, pri- meira e por enquanto única colaboração da dupla, surgiu como uma provocação. Leitor de Casoy, Montes a conheceu em um festival literário e flertou com a ideia de assi- narem uma ficção juntos. Ela aceitou e, então, eles come- çaram a definir os elementos que precisariam estar pre- sentes na trama. “Cada um tinha coisas que queria abordar. Ele visivel- mente queria uma personagem mulher, e eu poderia falar disso de forma bem real. Minha in- tenção era falar sobre mulheres invisíveis, como a Verônica, que é uma escrivã. Em muitos dos casos que eu pesquisei foram elas, as escrivãs, que me aju- daram, porque elas tomam nota e observam tudo”, diz Casoy. Empoderamento no audiovisual No atual cenário audiovi- sual, em que testemunhamos uma ampliação da diversidade e um empoderamento das vozes femininas, “Bom Dia, Verônica” pareceu a escolha perfeita para uma nova série do streaming. Afinal, a história fala sobre os horrores, em diferentes es- calas, dos quais as mulheres são vítimas ao mesmo tempo em que apresenta uma heroína para combater esses mesmos problemas. Feminicídio é uma palavra que surge de forma recorrente durante a investigação de Ve- rônica, mas o machismo está impregnado em toda a jornada da protagonista, que precisa provar sua competência en- quanto observa colegas de delegacia pondo vítimas do “boa noite, Cinderela” em si- tuações vexatórias. “Eu acho que essa é uma série feminina – o feminismo é um dos seus aspectos, mas não é o único”, explica Casoy. “A gente quis fazer uma Verô- nica que é uma heroína, sim, porque ela nunca abandona uma vítima pelo caminho. Mas ela não é perfeita. E, nesse mundo policial em que ela vive, existem muitos clichês de preconceito contra a mulher.” E a fim de tornar a trama ainda mais próxima da reali- dade, Casoy e Montes fizeram questão de impregná-la com elementos bem brasileiros. Uma das vítimas do serial killer de Eduardo Moscovis, por exemplo, é uma jovem de uma cidade pequena que deixa a família para trás para tentar a vida em São Paulo. “Sendo especialista em serial killers, eu sabia que seria cobrada neste sen- tido quando eu criasse uma ficção, e o Raphael estava de acordo comigo quando eu disse que queria trazer um universo brasileiro para essa temática”, explica Casoy. Eles tecem críticas a um sistema corrupto e ineficaz. “O ‘bom dia’ do título é o despertar da Verônica, que estava invisível como escrivã, para esse sis- tema que não abraça determi- nados casos, para um sistema legal falho”, concordam. em meu processo como autor e estou empolgado para visitar essas cidades ainda que em ambiente virtual”. De acordo com o analista de Cultura do Sesc, Henrique Rodrigues, o projeto coloca a produção literária nacional em evidência com uma pro- gramação diversificada. “A seleção de artistas para o Arte da Palavra é realizada em curadoria coletiva, com representantes do Sesc de todo o país, de modo a con- templar todas as diversidades possíveis, seja de gênero, ge- ográfica, étnica, etária e es- tética. Desse modo, o projeto acaba se tornando um re- trato da pluralidade literária do Brasil. Não será possível percorrer as cidades, mas queremos reproduzir o for- mato presencial das edições anteriores nas plataformas digitais”, aponta. Estando ao lado de Patrícia Galelli, de Santa Catarina, no circuito, ele conta que: “desde que recebemos a notícia que seríamos parceiros nesse pro- jeto temos nos falado com fre- quência, trocamos publicações e até iniciamos um projeto juntos. A Patrícia tem uma escrita que nos leva em alguns locais que não esperávamos quando começamos a ler seus textos, e esses lugares podem criar em nós diversos tipos de sentimentos e sensações”. “O projeto é justamente por conta da pandemia. Quando soubemos que não iríamos mais viajar (e naquele momento não existia nem essa ideia do evento virtual) a Patrícia sugeriu visi- tarmos as cidades em contos e ilustrações, começamos, mas demos uma parada por conta de... por conta da doidera q está sendo essa pandemia mesmo”, revela Fábio Quill. Das cidades ele detalha que estão inclusos: nos dias 29 e 30 de setembro, Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte; 8 de outubro, Belém, no Pará; 27 de outubro, Ma- dureira, no Rio de Janeiro; 12 de novembro, Feira de Satana, na Bahia; e 18 de novembro, Cuiabá, em Mato Grosso. Apostando ainda em toda a diversidade nacional, o cir- cuito traz outros nomes de peso, como o ambientalista e escritor mineiro Ailton Krenak, uma das maiores lide- ranças do movimento indígena brasileiro; Mailson Furtado, poeta cearense, vencedor do Jabuti de Livro do Ano e Po- esia, com seu livro de es- treia escrito à mão; Claudia Lage, escritora e roteirista; Carlos Eduardo Pereira, que usou sua experiência como cadeirante para escrever o elogiado “Entre os Dentes”; Aline Bei, poeta paulistana que conquistou o público com “O Peso de Pássaro Morto”; o cordelista Daniel Gonçalves da Silva, neto de Patativa do Assaré; entre muitos outros. SERVIÇO: Essa iniciativa está aberta para o público conferir desde o dia 1° de setembro, pelo Facebook do Arte da Palavra (facebook.com/artedapalavrasesc). Fábio Quill Artista criador da obra "Amálgama" representa MS e estará junto de Patrícia Galelli (SC) MIS recebe doações de filmadoras dos anos 90 ‘Bom Dia, Verônica’ vira série com tom feminista e um serial killer à brasileira Reprodução

Literatura 4º “Arte da Palavra” traz 40 artistas das mais variadas … · 2020. 9. 2. · e com maior capacidade de ar-mazenamento, essas preciosas câmeras foram substituídas

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Page 1: Literatura 4º “Arte da Palavra” traz 40 artistas das mais variadas … · 2020. 9. 2. · e com maior capacidade de ar-mazenamento, essas preciosas câmeras foram substituídas

C3Campo Grande-MS | Quarta-feira, 2 de setembro de 2020ARTES&LAZER

Atividades estão sendo transmitidas desde o dia 1º pelo Facebook

4º “Arte da Palavra” traz 40 artistas das mais variadas regiões no modelo virtual

AudiovisualAcervo

Literatura

Marinete Pinheiro/Divulgação

Fotos: Arquivo pessoal

Leo Ribeiro

Entre as mudanças provo-cadas pelo novo coronavírus, o universo literário não poderia ficar de fora dos setores que se reinventam e continuam a produzir mesmo durante a pandemia. É o exemplo da 4ª edição do “Arte da Palavra – Rede Sesc de Leituras”, que ganha uma versão inédita com uma programação on-line, reu-nindo performances artísticas e oficinas de criação. Com par-ticipação de representantes de 24 estados de todas as regiões, por Mato Grosso do Sul, Fábio Quill leva para o maior cir-cuito literário do país sua obra “Amálgama”.

“O Arte da Palavra é uma experiência rica em qualquer período, levar o nosso tra-balho a diversos estados e cidades do país, conhecendo suas diversas culturas e di-ferentes saberes certamente enriquece qualquer autor”, explica Fábio Quill.

Entre os artistas da palavra serão 40 escritores, poetas, ra-ppers, slammers, contadores

de histórias e outros profis-sionais em apresentações vir-tuais gratuitas. No Arte da Palavra são realizados três circuitos: autores, criação li-terária e oralidades.

CircuitosO primeiro reúne duplas de

escritores de localidades dis-tintas para troca de experiên-cias e ideias com o público sobre temas comuns às suas obras. Oralidades tem como foco ex-pressões verbais da palavra, como narração de histórias, saraus, performances, slams e repentes. Já a criação literária oferece oficinas com variados temas, como incentivo à prática do exercício das manifestações artísticas. A programação segue no ar até dezembro.

Participando do circuito de autores, Quill destaca que: “por conta da pandemia, este ano o projeto foi reformulado para uma edição on-line, ainda que perca algo que considero maravilhoso, que é estar em uma mesa com pessoas à volta trocando experiências, o evento é sem dúvida um marco

Com mais de 10 mil itens em seu acervo, entre fotografias, filmes, vídeos, cartazes, discos de vinil, objetos e registros sonoros, o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS-MS) recebeu como doação, nesse mês de agosto, quatro câmeras Betacam SP da empresa Lujje Soluções de Campo Grande.

Coordenadora do Museu, Marinete Pinheiro conta que a amiga Danielle Girelli entrou em contato perguntando sobre o interesse do MIS em receber doações. “Então organizamos para buscar e ficamos imen-samente gratas, as câmeras serão utilizadas nas ações educativas do MIS. E divulgar essa doação é fundamental para que a população entre em contato para doar itens que remetem a memória de MS, nosso acervo e 100% de doação”, revela.

Destacando que é feita uma avaliação com cada item des-tinado ao MIS, Marinete diz: “sabemos que muitas pessoas têm itens como objetos, fotos,

discos, etc., e não querem mais guardar mas ao mesmo tempo não sabem o que fazer”.

Filmadoras Betacam (de-finidas pela utilização de tira magnética) é uma família de formatos de videotapes profis-sionais de meia polegada (1/2”), que foram criadas pela Sony em 1982. Todos os formatos utilizam a mesma largura e forma de fita. Em razão da evolução no armazenamento de imagens, que passaram de fitas a suporte digital, menores e com maior capacidade de ar-mazenamento, essas preciosas câmeras foram substituídas e hoje abrilhantam o acervo do museu.

DoaçõesPessoas ou empresas que

queiram doar algum item para o acervo do MIS podem obter mais informações pelo e-mail: [email protected] ou te-lefone 3316-9178. O MIS está localizado no 3º andar do prédio da FCMS, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559. (LR com assessoria)

Folhapress

Cada vez mais atenta aos mercados regionais, a Netflix não tem deixado o público brasileiro na mão. Seu volume de produções nacionais é cada vez maior e, agora, a gigante do streaming se aventura também pela nossa literatura.

Estreia em breve na plata-forma sua primeira adaptação de uma ficção policial brasi-leira, “Bom Dia, Verônica”, de Raphael Montes e Ilana Casoy. Lançado em 2016 sob o pseu-dônimo de Andrea Killmore, o thriller vendeu 10 mil cópias em sua primeira tiragem.

Agora, a história de sua protagonista, a escrivã Ve-rônica, chega às telas no dia 1º de outubro, em forma de série. Tainá Müller vive a personagem do título, que, diante de casos enigmáticos que têm as mulheres como suas vítimas, decide desafiar o modus operandi da delegacia onde trabalha e mergulhar em investigações perigosas.

Uma delas a leva a Janete (Camila Morgado), uma mu-lher simples casada com um serial killer cruel e sádico. A vilania é incorporada por Eduardo Moscovis, mais uma parte do elenco formado ainda por Elisa Volpatto, Silvio Guin-dane, César Melo, Adriano Garib e Antônio Grassi.

Nomes conhecidos da litera-tura policial, Montes e Casoy integram a sala de roteiristas

da adaptação. Ele tem um vasto currículo na ficção, com traduções em mais de 20 pa-íses, graças a títulos como “Suicidas” e “Dias Perfeitos”, ambos pela Companhia das Letras. Já ela, criminóloga, se debruçou sobre casos reais famosos, como o da família Von Richthofen e o do assassinato de Isabella Nardoni.

“Bom Dia, Verônica”, pri-meira e por enquanto única colaboração da dupla, surgiu como uma provocação. Leitor de Casoy, Montes a conheceu em um festival literário e flertou com a ideia de assi-narem uma ficção juntos. Ela aceitou e, então, eles come-çaram a definir os elementos que precisariam estar pre-sentes na trama.

“Cada um tinha coisas que queria abordar. Ele visivel-mente queria uma personagem mulher, e eu poderia falar disso de forma bem real. Minha in-tenção era falar sobre mulheres

invisíveis, como a Verônica, que é uma escrivã. Em muitos dos casos que eu pesquisei foram elas, as escrivãs, que me aju-daram, porque elas tomam nota e observam tudo”, diz Casoy.

Empoderamento no audiovisualNo atual cenário audiovi-

sual, em que testemunhamos uma ampliação da diversidade e um empoderamento das vozes femininas, “Bom Dia, Verônica” pareceu a escolha perfeita para uma nova série do streaming. Afinal, a história fala sobre os horrores, em diferentes es-calas, dos quais as mulheres são vítimas ao mesmo tempo em que apresenta uma heroína para combater esses mesmos problemas.

Feminicídio é uma palavra que surge de forma recorrente durante a investigação de Ve-rônica, mas o machismo está impregnado em toda a jornada da protagonista, que precisa provar sua competência en-

quanto observa colegas de delegacia pondo vítimas do “boa noite, Cinderela” em si-tuações vexatórias.

“Eu acho que essa é uma série feminina – o feminismo é um dos seus aspectos, mas não é o único”, explica Casoy. “A gente quis fazer uma Verô-nica que é uma heroína, sim, porque ela nunca abandona uma vítima pelo caminho. Mas ela não é perfeita. E, nesse mundo policial em que ela vive, existem muitos clichês de preconceito contra a mulher.”

E a fim de tornar a trama ainda mais próxima da reali-dade, Casoy e Montes fizeram questão de impregná-la com elementos bem brasileiros. Uma das vítimas do serial killer de Eduardo Moscovis, por exemplo, é uma jovem de uma cidade pequena que deixa a família para trás para tentar a vida em São Paulo.

“Sendo especialista em serial killers, eu sabia que seria cobrada neste sen-tido quando eu criasse uma ficção, e o Raphael estava de acordo comigo quando eu disse que queria trazer um universo brasileiro para essa temática”, explica Casoy. Eles tecem críticas a um sistema corrupto e ineficaz. “O ‘bom dia’ do título é o despertar da Verônica, que estava invisível como escrivã, para esse sis-tema que não abraça determi-nados casos, para um sistema legal falho”, concordam.

em meu processo como autor e estou empolgado para visitar essas cidades ainda que em ambiente virtual”.

De acordo com o analista de Cultura do Sesc, Henrique Rodrigues, o projeto coloca a produção literária nacional em evidência com uma pro-gramação diversificada. “A seleção de artistas para o Arte da Palavra é realizada em curadoria coletiva, com representantes do Sesc de todo o país, de modo a con-templar todas as diversidades possíveis, seja de gênero, ge-ográfica, étnica, etária e es-tética. Desse modo, o projeto acaba se tornando um re-trato da pluralidade literária do Brasil. Não será possível percorrer as cidades, mas queremos reproduzir o for-mato presencial das edições anteriores nas plataformas digitais”, aponta.

Estando ao lado de Patrícia Galelli, de Santa Catarina, no circuito, ele conta que: “desde que recebemos a notícia que seríamos parceiros nesse pro-jeto temos nos falado com fre-quência, trocamos publicações e até iniciamos um projeto juntos. A Patrícia tem uma escrita que nos leva em alguns locais que não esperávamos quando começamos a ler seus textos, e esses lugares podem criar em nós diversos tipos de sentimentos e sensações”.

“O projeto é justamente por conta da pandemia. Quando soubemos que não iríamos mais

viajar (e naquele momento não existia nem essa ideia do evento virtual) a Patrícia sugeriu visi-tarmos as cidades em contos e ilustrações, começamos, mas demos uma parada por conta de... por conta da doidera q está sendo essa pandemia mesmo”, revela Fábio Quill.

Das cidades ele detalha que estão inclusos: nos dias 29 e 30 de setembro, Natal e Mossoró, no Rio Grande do Norte; 8 de outubro, Belém, no Pará; 27 de outubro, Ma-dureira, no Rio de Janeiro; 12

de novembro, Feira de Satana, na Bahia; e 18 de novembro, Cuiabá, em Mato Grosso.

Apostando ainda em toda a diversidade nacional, o cir-cuito traz outros nomes de peso, como o ambientalista e escritor mineiro Ailton Krenak, uma das maiores lide-ranças do movimento indígena brasileiro; Mailson Furtado, poeta cearense, vencedor do Jabuti de Livro do Ano e Po-esia, com seu livro de es-treia escrito à mão; Claudia Lage, escritora e roteirista;

Carlos Eduardo Pereira, que usou sua experiência como cadeirante para escrever o elogiado “Entre os Dentes”; Aline Bei, poeta paulistana que conquistou o público com “O Peso de Pássaro Morto”; o cordelista Daniel Gonçalves da Silva, neto de Patativa do Assaré; entre muitos outros.

SERVIÇO: Essa iniciativa está aberta para o público conferir desde o dia 1° de setembro, pelo Facebook do Arte da Palavra (facebook.com/artedapalavrasesc).

Fábio Quill Artista criador da obra "Amálgama" representa MS e estará junto de Patrícia Galelli (SC)

MIS recebe doações de filmadoras dos anos 90

‘Bom Dia, Verônica’ vira série com tom feminista e um serial killer à brasileira

Reprodução