Literatura Brasileira I - Lírica - UFES - APOSTILA (parte I)

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    1/93

    Literatura Brasileira 1: LiricaSexta-feira -feira/07h-llh

    EMENTA OFICIAL DO CURSO:Estudo de obra(s) representativa(s) da poesia lirica brasileira, feito em paralelo ou nao com obra(s) de

    outra(s) literatura(s), a partir de urn corpus criativo apropriado a questao.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    2/93

    SINOPSE E OBJETIVOS DO CURSO

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    3/93

    A partir da poesia modernista praticada ainda nos anos 1920/30, tentaremos,no primeiro modulo do curso e de forma esquem atica, tracar planes e linhas mestrasde questoes que est abelecam padroes analiticos da poesia brasileira praticada desdeent ao, nao esquecendo suas referencias historic as e intertextuais relativas a divers osperiodos.

    Claro est a que, na escolha das obras e autores que 0 curso apresenta, ficaramde fora muitos e importantes poetas, sabemos, contudo, que qualquer selecaoapresentaria este problema. Entretanto, leva-se em consideracao a possibilidade denos mantermos fie is . ao desejo de tracar urn modesto perfil analitico da poesiabrasileira a partir do seculo xx tomando-se como ponto central a nocao de eu liricoencenado pOI'cada poeta em sua epoca especifica dentro da modernidade e, tambem,os mais recentes, na pos-modernidade.o eu Iirico - desde Cecilia Meireles ate os mais atuais - passa por inumerastransformacoes e mutacoes, focos, caminhos e descaminhos e, especialmente, saoestes caminhos e descaminhos tracados no poema que tentaremos especificar, estudare analisar a partir do estudo, como dissemos, das nocoes de eu lirico e,especificamente, de eu.

    Tracar urn panorama - ainda que breve e esquenuitico, dado 0 tempodestinado ao curso - do eu na poesia hrasileira a partir do modernismo e tamhemtentar compreender as linhas mestras da poesia atual. Sendo assim, 0 curso apresentanitidos horizontes intertextuais de analise, trabalhando com poetas recentes da Iiricabrasileira, poetas consagrados do modernismo e momentos posteriores ainda

    3

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    4/93

    PROGRAMACAo

    '~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    5/93

    ~ B IBLIOGRAFIALiteniria

    1. Liteniria (autores estudados)ANDRADE, Carlos Drummond de. [poesia]. Textos de: Poesia e prosa. Organizada pelo autor. Rio deJaneiro: Nova Aguilar, 1983.FONTELA, Orides. [Poesia]. Textos de: Poesia Reunida [1969-1996]. Sao Paulo: Cosac Naif: Rio deJaneiro: 7 Letras, 2006 .. MARQUES, Case Lontra. [Poesia]. Textos de: Mares inacabados. Vit6ria: Flor&Cultura, 2008; Campode ampliaciio. Sao Paulo: Lumme Editor@, 2009; A densidade do ceu sobre a demolictio. Rio de Janeiro:Confraria do Vento, 2009; Saber 0 sol do esquecimento. Vit6ria: Aves de Agua, 2010.MEIRELES, Cecilia. [Poesia]. Textos de: Obra poetica. Rio de Janeiro: Jose Aguilar Ed. 1967.MELO NETO, Joao Cabral de. [Poesia]. Textos de: Obra completa. Rio de Janeiro: Jose Aguilar, 1967.RIBEIRO, Dora. [Poesia]. Textosde: Ladrilho de palavras. Campo Grande: Ed. do Autor, 1984;Comecar e 0jim Rio de Janeiro: 7 Letras, 1990; Bicho do mato. Rio de Janeiro: 7 Letras, 1990; Taquararachada. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2002; 0poeta niio existe. Lisboa: Angelus novus, 2005; A teoria dojardim . Sao Paulo: Cia das Letras, 2009.2. Liteniria (Roemas escolhidos Rara estudo)CEciLIA MEIRELESTexto Llterario 1MElRELES, CEciLIA. Cancan excentrica. In: Obra poetica (Vaga musica). Rio de Janeiro: JoseAguilar Ed. 1967, p. 178-179.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    6/93

    Texto Literario 8ANDRADE, Carlos Drummond de. Jose. In: Poesia e pros a (Jose). Organizada pelo autor. Rio deJaneiro: Nova Aguilar, 1983, p. 264-265.

    JOAO CABRAL DE MELO NETOTexto Literario 9MELO NETO, Joao Cabral de. 0 engenheiro. In: Obra completa (0Engenheiro). Rio de Janeiro: NovaAguilar, 1994, p.69-70.Texto Literario 10MELO NETO, Joao Cabral de. Psicologia da composicao. In: Obra completa (Psicologia dacomposicao). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.93-97.Texto Literario 11MELO NETO, Joao Cabral de. Catar feijao, In: Obra completa (A educacao pela pedra), Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1994, p. 346.

    Texto Literario 12MELO NETO, Joao Cabral de. Tecendo a manha. In: Obra completa (A educacao pela pedra). Rio deJaneiro: Nova Aguilar, 1994, p. 345.ORIDES FONTELATexto Literario 13FONTELA, Orides. Fala. In: Poesia Reunida [1969-1996]. Sao Paulo: Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7Letras, 2006, p. 31.Texto Llterario 14

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    7/93

    CASE LONTRA MARQUES

    Texto Literario 21MARQUES, Case Lontra. [Manter 0 desconforto diante de toda fronteira]. In: Mares inacabados.Vit6ria: Flor&Cultura, 2008, p.87.

    Texto Llterario 22MARQUES, Case Lontra. [De qualquer forma, estas pedras nao suportariam tanto tempoj.In: Maresinacabados. Vit6ria: Flor&Cultura, 2008, p,15.Texto Literario 23MARQUES, Case Lontra. Passos pela agua. In: Campo de ampliaciio. Sao Paulo: Lumme Editor, 2009,p.53-64.Texto Literario 24MARQUES, Case Lontra. Composlcao 1. In: Saber 0 sol do esquecimento. Vit6ria: Aves de Agua, 2010,p.13-17.

    2. Bibliografia critica (textos escolhidos para estudo e/ou consulta)Cecilia MeirelesANDRADE, Mario et alii. Fortuna critica. In: .In: Obra poetica. Rio de Janeiro: Jose Aguilar, 1967, p.47-73.COUTlNHO, Afranio, Cecilia Meireles. In: A literatura no Brasil Vol. 5. Rio de Janeiro: Jose Olympio;Niter6i: EDUFF, 1986, p. 121-128.DAMASCENO, Darcy. Poesia do sensivel e do imaginario. In: Obra poetica. Rio de Janeiro: JoseAguilar, 1967, p. 13-45.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    8/93

    Dora RibeiroLIMA, Luiz Costa. A via ironica do sensualismo abstrato (Dora Ribeiro). In: lntervencoes. Sao Paulo:Edusp, 2002, p.207 -214.MARQUES, Ivan. Caminho as avessas. Sao Paulo. Revista Cult, 3010312010.PECHE, MARCOS. A poeta Dora Ribeiro lanca 'a teoria do jardim', Rio de Janeiro: Jornal do Brasil,20111/2009.

    Case Lontra MarquesBRANDAo, Luis Alberto. Livro movente, vida versatil, In: MARQUES, Case. Mares inacabados.Vit6ria: Flor&Cultura, 2008, p.7-10.MACIEL, Maria Esther. No prisma das palavras. In: MARQUES, Case Lontra. Campo de ampliaciio.Sao Paulo: Lumme Editora, 2009, p. 13-16.MORAES, Alexandre. Movimentos de invencao. In: MARQUES, Case Lontra. Campo de ampliaciio.Sao Paulo: Lumme Editora, 2009, p. 67-69.

    BARTHES, Roland. Aula. Trad. Leyla Perrone-Moyses, Sao Paulo: Cultrix, 1982.BARTHES, Roland. 0 rumor da lingua. Trad. Antonio Goncalves. Lisboa: Edicoes 70, 1987.BARTHES, Roland. Critica e verdade. Trad. Leyla Perrone-Moyses et alii. Sao Paulo: Perspectiva, 1982.BARTHES, Roland. Ensaioscriticos. Trad. Antonio Massano e Isabel Pascoal. Lisboa: Edicoes 70, 1977.BLACHOT, Maurice. 0espaco literario. Trad. Alvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.BAUMAN, Zygmunt. 0mal-estar da p6s-modernidade. Trad. Mauro Gama et alii. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.BAUMAN, Zygmunt. Amor liquido. Sobre afragilidade dos locos humanos. Trad. Carlos Medeiros. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 2004. ~BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalencia. Trad. Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.COMPAGNON, Antoine. A obstinacao de escrever. In: SEIXO, Maria Azira (org.) et alii. Leituras de RolandBarthes. Lisboa: Dam Quixote, 1982.DELEUZE, Gilles. Logica do sentido. Trad. Luiz Roberto Salinas. Sao Paulo: Perspectiva, 1974.FREUD, Sigmund. 0mal-estar na civilizacdo, Trad. Jose Octavio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro: Imago, 1982.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    9/93

    -VERIFICA4;OESI - VERIFICA~AO ESCRITA 1Todos os alunos deveriio apresentar-se para a Ver ificociio Escrita 1(presencial) em sala de aula normal, na data previamente indicada no decorrer do curso.A Verificacao Escrita 1 const.ituir-se-a de duas questoes. Na prirneira,sera pedidaanalise de texto literario (nao discutido/analisado em sala deaula anteriormente) de autor estudado no curso e, na segunda questiio,sera pedido algum tipo de cornentario referente a dados teoricos eloucriticos vistos no curso.A este item avaliativo sera atribuido urn maximo de 10,0 (dez) pontos.Aten!:iio: por motivos diversos, a Verificaciio Escrita 1 niio sera comconsulta livre.u-VERIFICA~AO ESCRITA 2Todos os alunos deveriio apresentar-se para a Verificaciio Escrita 2(presencial) em sala de aula normal, na data previarriente indicada.A verificacao Escrita 2' constitui-se, tarnbern, de duas questoes. Naprirneira, sera pedida analise de texto literario (nao discutido em sala deaula anteriormente) de autor estudado no curso e, na segunda, sera

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    10/93

    fOATEN(:AO: Nao serao aceitos quaisquer trahalhos copiados, plagiados,retocados, adulterados ou levemente modificados, etc. ("copy/paste") dogoogle.

    IV - PARTICIP A(:Ao CRITICA PRESENCIALSerao levados em consideracao na nota final do aluno os seguintespontos: a) participacao crftica, te6rica e hihliografica do aluno durante 0curso; b) participacao presencial do discente durante 0 periodo letivo; c)preparacao e prontidao de leituras observadas pelo professor durante 0curso.A este criterio avaliativo poderd ser atribuido ate um maximo de 1,5 (ume meio) pontos, caso 0 aluno necessite e sua nota comporte.Os alunos com mais de 25% de faltas dcverao discutir com 0 professorsobre 0 assunto.

    ..../1

    NOTA FINALNF = Media aritmetica das notas da VEl + VE2 + TFParticipacao critica presencial

    3 +

    CRITERIOS GERAIS DE AVALIA

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    11/93

    TEXTOS LITERAR IOS 1t

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    12/93

    CECILIA rvfEIRELES:1 Texto 1l'vlE IRELES, CECILIA . Cancao excentrica. In : Obrs poetics (Vagaituisice). Rio de Janeiro: Jose A guilar Ed. 1967, p. 178-179.Texto 2IvIEIRELES, CECIL IA . U rn. In : Obrs poetics (Doze noturnos deHolanda). Rio de Janeiro : Jose A guilar Ed. 1967, p. 433.I'exto 3v1E IRELES, CECIL IA . Mar absolute. In : Obrs poetics (Msr sbsoluto euiiros poemas). R io de Janeiro : Jose A .guilar Ed. 1967, p. 255-257.'exto 4lE IRELES, CECILIA . Auto-retrato. In : Obrs poetics (Msr absoluto e'JtIDS po emas). R io de Janeiro: Jose A .guilar Ed. 1967, p. 261-263.:xto 5

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    13/93

    ANDO A' PROC1.JKA:d'e espa9b'~:;':; ,_parao,desenho da ."'ida.~';, '';;';)Ernllumeros'rne: eITlbarago ' .e pereo serrrpre '.~.IDedida~;"'i ',~,Se penso encontrar saida,erri vez de abr-ir urn. corrrpasso ,projero-zne num. abr aco~gero uma clespedida,

    .'("

    "Se volta sabre 0mel;l,passo,:e ja dis'tarrcie.perdida~/:: ..H ,Meu corag:ao,' coisa de a < ; : 0 ,come ca a 'a.cbar-:umcansa~o"esta proeura de espacopara 0 dese nfio cia vida. :Ja por e.xausta :e descridarifio me animo a urnbteve tr aco :saudosa do, que rrao faco,. do quefaQo~ .ar-repe.ncli da .

    -,-'

    , 3',Jr~?.: ".,._, .

    { ( ( l \. ( t l \ \ \.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    14/93

    C U ; e r~~. t/dm J~1~ 1;~tn r L L0n ..~~ 0 I~ ~ Llr}n ~ ' Y' W 'T tM : iJ ./ Y, J_ A , .-ib wmc:, \/x . , _ :V 'Y l0

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    15/93

    MAR~ABSOLUTO

    MAR ABSOLUTODESDE SEMPRE 0 mar.rrtultidoes passadas me ern ptrrr av arn. a a barco esquecido.

    Agora. recordo que. falavarnda revolta dos ventos,de linhos, de cordas, de fenos,de sereias dadas a costa.E 0 rosto de meus av6s estava caidopelosmares do Oriente, corn seus corais e per ola s ,e pelos mares doN orte, duros degelo.Entaa, e comigoque falam,SOU eu que devo ir ,.porque .naoha rnais niriguem,nao,nao haver a mais riiriguern, ...tao decidido a arn ar e a obe de ce r a seu s rnortos.E tenho de praeurar meus tios rcmotos afogadbs ..Tenho de Ieva.r-Ihes r e.de.s de, rezas,. campos convertidos ern velas,barcas sobrenaturaiscom peixes me nsageir ose saritos nauticos ..E fieotonta,acordada de repcnte nas prai as turnultuosas,E apressarn-me, e nao+rne dcixam-: sequer,mirar a. [rosa-dos-ventos .. Para adiante! PeIo mar largo!Livrando a corpo da : Iicao fr agil da areia!mart - Disciplina burnana para a errip resa d a[vida! "

    \_ \.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    16/93

    256. CECILIA J1.4EIRELES IMeu sangue eriteride-se corn essaaA solidez da terra, rno noto na,par ece-rios fraca ius ao.Queremos a Ilusfio grande do mar,rnult ip lica.d a ern su as rn al ha s de per igo.Qtrer'ern os a sua sol idao robusta,urna sol id ao para todos os lados,Ulna ausericia humana que se opfie ao rnesq[forrn igar do rnune faz 0 tempo Inteirico, livre das lutas de ca.d ao alerito he.roi co do rna r tern seu polo secr eto,que os homens seritern, seduzidos e mcdrosos.O mar e so mar, desprovido dematanclo-se e r e.cuper ando-se,corr endo corn o urn touro azul

    apcgos,por sua propr

    [so rn br:e arrernctendo com. bravura contra nirrg uern.:e sendo depois a pura sombra de si rnesrno ,por si IlleS1l10 'vericido, E 0seu grande exercicio.Nao precisa do desti no fixo da terra,ele que, ao rnesrno ternpo ,e 0 d aricarino e a sua darica.Tern urn rei no de met amorf'ose, paraseu COl'pO e 0 sen proprio jogo,esua eternidade Iud ican ao apenas gr atu ita : 111as perfcita.Baralha seus altos co ntr astes :cavalo epico, an ernoria" SlJaVC,eritr ega-se todo, despr eza tudo,sustent a no seu prodigioso ritmoja rd i ns, estrelas, ca ud a s, ariterras, olhos,mas e desf olh a do, cego, nu, dono ap en as de 51,dasua terininante gr an doza despojada.'Nao so-esqu ece que e agua, ao desdobr ar suasagua'de t0cfas as possibilidades,I11as sern fi'aqueza rrerrh.u.m.a.

    a s s i r n como agua fa.la-rne.. j\dra":l11ebuzios, como Iernbr an ca de.e .estrelas ericadas, como corrvite ao rn eu destino.me chama para que siga por cirnavdeje,par: dentro de si.:r,para que me corrvert a riele rnesmo: .:ft 0 seu. [maximo dam.Inc quer arras tar C0l1l0 rneus tios outrora,nero lentamente coriduz.ida,como mens avos, de ser erios olhos certeiros.

    Aceita-me apenas convertida ern sua' natureza:pl:istica, fluida, disponivel, .igual a. e~e, ~m const~ntt:; ~oliloq~io,...sern exrgencras de prInCIpiO e firn ,desprendida de terra e ceu.E eu, que viera cautelosa,par p,rocurar gente passa,da,suspelto que me eriga ner,que hi outras ordens, que nao for am bern ouvidas;que urn a outra boca falava: rrao sorrierrte a de an-. . [tigos mortos,e a mar a que rne rn arrd arn n ao e apenas estc I11ar.

    e apenas este m ar quc reboa n as minhas vi-[dr a.ca s,mas outro, que se parece com elecomo se parecern os vultos' dos sorrhos dorrnidos.E entre agua e estr ela estudo a solid ao.E recorda minha h er a noa de cord as e ancoras;e encontro tudo sob re-h urna.no. 'E este rn ar visivel levanta para rnirnuma face espantosa.E te tr a i-se, ao diz.er-rrie. 0 que pr eciso.E e logo urn a peqllena concha ferv ilh arite,nodoa liquida e iristavel , ..celula azul surnindo-sereino de urn outre m ar :do Mar Absoluto.

    257

    \ '- \ \ \. \_ I,_ \. \ \. \.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    17/93

    260 CECiLfA 2"'~ElRELES I OBRAque aeonteeimentos ser ao pro duz.idosern rn im e ern ti?'Nfio hi resposta.Sabern-se os nascirnentosquando ja for am sofridos.Tao poueo sorrios, ._- e tantocorn tao longos eeos!Nossas viagens tern eargas

    eausamos,ocult as, de deseo[cidosUlna lei que nosntre 0desejo de iir rer ario,age irrvisivel e abrigam ais que 0 itinerar io e 0 d esejo ,

    Que te dir ei, se me irrte rro gas?As nuvens falarn?Nao. As nuvens toearn-se, pass arn , desmanehan1:'sAs vezes, perisa-se que dernor am , p ar ece que -est ..[parad as . . .- Conf'u nd irarn-se.E ate se julga que dentro de las andamOh, aparericia ... Pode talvez andarVoz sern pouso, no te m p o surdo.'Nao aeuso riern perd oo,Que f'arernos, en-antes entre as inv encfies dosEu n ao estava presente, quando formarmna voz tao fr agi l dos passaros.Quando as nuvens cornec ar arn a ex istir ,qual de nos estava prese.nre?

    PRAZO DE VIDA1"10 MEW do muncIo faz frio,faz frio no rriei o do rnu n d o,muito frio.

    261Mandei arrna r 0 rneuVolverernos ao marmeu navio!No rn eio das agu as faz frio.Faz frio no rneio d as agu asmuito frio; ,Marinheiro serei sornbr io,por minha pr ovisao dc rn ago as.Tao sornbr io lNo meio da vida fazfrio,faz frio no 'rneio da vida.Muito frio.o universo ficou vazio,porque a rnao do arnor f01 partidano vazio.

    d~AU~. J.'Ir:.).~.!vl\L/SE ME CONTEMPLO, ~\} L - v . . ~tantas rrre vcjo, Jo (fP' I J I " " . b .- tfl-que nao entendo ~,:,.~uof'~quem sou, no tempo v- o: \ ndo pcnsarncnto. f: Y .~/1.rVou desprcnc1endoclos que teriho,aleas, .enredos ...E e tudo -irneriso ..Forrnas, dcsenhoque tivc, e esqueco lFalas, dcscjoe movirnerito- a quc tr eme.ndor-vago segr Sdoidcs, sern medo?!Sombnis conhe

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    18/93

    ) )))))))) j)))))) ')))))262 CECILIA. kfEIRELES I

    Con1.0 prccedorne u sonho inteiro,e apos me perco,sem rn ais go ver no ?'!NelTI rrie larnentoriern esmoreco :no meu .silericioha esf'or co e geriioe suave exemplode rna is si le nc io,Nao permane

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    19/93

    ))))))))))))436 CECiLIA MEIRELES NOrvRNOS DA ,HOLANDA

    cristais e 0lumeerguido e movelcaule de cera das flo res unipetalas?,tarribern parec iarn vivas as sorrib ras . d.esli-, [zarites

    nOS limpidos, impecaveis, para sern pre .vaz.ios espe-" ,:' [lhos,brilhantes jardins ficticios,' de enganoso portico.

    }:

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    20/93

    ) )))))))))))))))))))))))))))))))) ))))))))438 CECfL[J lkfEIRELES:/

    Pobre rosto quase ern Ciiiia,tr ansf'orm ad o rro mevo eir-oem flor de sal e de vento,com sen perfil estrangeiro.o mar do Norte estri perto,pelas dunas abr ac ado.E ve passar esse rostode si rriesrno deslerrtbrado.Entre as esfr-el as e a 11..1[t,passa p e lo rnar do NorteUIn breve rosto sern datas,curta petala de morte.Passa ja de olhos fechados.Jnterrrrinaveis cortinas,-silericio da ag ua n as flor es,versoes de coisas divinas.

    "NOTURNOSD4HOLANDA 439a s ideias ~lesmanchayam-se em gal~TiaG,;9~scuras,rque a norte passava cada v"ez m ais longe,'itu:~it2u:n~u~~osO;u~%~~s~~1~ve~(}ento i':!f~;~enerali_

    [zado.

    SEIS

    E el.l roe sentia a proa da noite,eD-volta naquele sopro melanc6lico,~l{lVio da Irurna na rcflexao.,E desejava rnergu lhar, descer por aquela torrente[de sornb ra,"sentir os sorihos, ard enternente,eIIl cada casa, em cada quarto,entrc os cabel os esparsos nos largos travesseiros.Mas 0sonho e urn a propriedade iuefavel ie nero se poderia sentir a sua exa.lacfio,como nas flores, ao rnerios, essa rrot icia., que e 0[perfume,all seu movimento,corno,asvezes, na pequena palavra que se confessa,napequena Iagrirna que, as vezes, cai,

    E A NOITE PASSAVA sabre palacios e torres.M~s tudo era' iderrtico a planicie,pots a rioite voa rrruito longe,e as altitudes ficam esma ecid as.Sun, a noire podia ser urn barco rrneriso,com urn vago sen ti.m errt o de tristezaencrespando-Ibe nos flancos silenciosaespumae bordando-lhe a passageln de susp.iros..Porque tudo nao era igua.l,-_ ah! COITlO se scntia que tudo jarn ais seriaapesar da distfiricia, da altura, do sitericio ...-- porem tudo era equivalente,equi valente e provisorio : ,espada, rmrsi ca, ci fra, Iagrirna; passo,l_onas dun as. '.E ao IneSn1.O:tempo era belo,~ a uniforme, ap ar e rrte fr aterrridarleInclil1ava ttrd o nurn rmarrirrre sono

    DaO pertence~ n.ern as cabeeas ador-[rrrec id.as ..porque a noite os absorve, leva, anula,au continua, transfere, confunde,Iorige, a lta, poderosa, inumana.

    SETETUDO JAZ; dilu.ido e cint.il ante, rrum a profunda nevoa.Nada, POTelU, se perdeou esquece, embora tao Iia-[mentedisperso riessa grandeza.Gastarn-se as irn agen s=e os sfrnbolos; rn as a esserrcia[resi ste.

    sirios vibr am, com as helices, os cfinti.cos[e os gritos,som, riaqueles silenciosos corr ed.cr es,Iuz b ab ita mil esconderijos,

    ;, '

    i'

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    21/93

    1 ' Y 1 i 1 1 e~~ ' wYYno1tv~~ ( i ) ~XO VrJ;1 .i~ 'V fl ,~

    (

    MOTIVOEu CANTO porque 0 instante ex.istee a rn.inha vida esta corrrpleta.Nao sou alecre rrern sou triste:_,sou poeta.Trrn ao das cois.as i.fug.idi as,

    Ir ,

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    22/93

    CARLOS DRUl\ I IMOND DE ANDRADE

    Texto L iterario 7A J.'\l"DR L\D E, C arlos Drummond de. Poesia. In : Poesis e prosa (AlgumaPocsia). Organizada pelo autor. R io de Janeiro : Nova A guilar, 1983 , p . 85 .

    Texto Literario 8ANDAADE, Carlos D rummond de. Poema de sete faces. In: Poesis eprosa (41guma poesis). Organ izada pelo auto r. R io de Janeiro : Nova/\g uilar, 19 83 , p. 70 .Tex to L iterario 9i\NDRA .DE , Carlos D rummond de. A maq u ina do mundo. In : Pocsis eprosa (Claro enigma). Organizada pelo autor. Rio de Janeiro : NovaA guilar, 198 3, p . 303-307.Texto Literario 10A J.'\JDR A.D E, C arlos D rummond de. E legia. In : Pocsie e prosa (Fazendeirodo sr). Organizada pelo autor. R io de Janeiro : Nova Aguilar, 1983 , p . 321.

    ...-"._

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    23/93

    EOESiA / ALGU1;-1A POESIA

    POESIAGASTEI urn a hor a pensando urn versoque a pena nao quer escrever.No entan to ele esta ca dentroInquicto, vivo.Elc est a ca dentroe nao quer sair.Mas a poesia deste momentainunda mirih a vida inteira.

    FESTi\' 1'JO BREJOi\ SAP ARIA desesper adacoax a coaxa coaxa.o brejo 'libra que nem caix ade guerra. Os sapos estao danados.A lua gorda apareceue clareou 0 br ejo todo.

    85

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    24/93

    ~:

    POE:rvlj\_:D.ESETE FACES

    QUANDO NAseI, u r n anjo tortedesses que vivem na sornbradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.As casas espiam os homensque corr ern .atras de mulheres ....\ tarde talvez fosse azul,nao houvesse tantos desejos.o bonde passa cheio de pernas:pernas br ancas pretas amarelas.Para que tanta perna, men Deus,P .- lhor em mens 01... os

    p e r C T 1 Jn +C>VJ...b \ . . - C . \ meu coracao.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    25/93

    VI / _ /1 IvlAQUI1VA DO lv!U2\lD'OA }\1AQUINi~ DO lvlUt-TDO

    E COMO ell palmilhasse vagamenteurn a estrada de Minas, pedregosa,e no feeho da tarde urn SIno roueose misturasse ao sorn de meus sapatosque era pausado e seco; eaves pairassemno ceu de churnbo, e suas formas pretaslentamente se fossem diluindon a escuridao m aior, 'linda dos montese de men pr6prio ser desenganado,

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    26/93

    304 oniist :: D DE ANDRADEcorividando-os a todos, ern coor te,a se aplicarern sobr e 0 pasto ineditoda natureza m itica das coisas,assirn m e disse, ernb or a voz algumaOll sopro ou ceo ou simoles ner cussaoA J..atestasse que alguern, sobr e a moritanha,a outr o alguern, noturrio e rniser avel,ern co16quio se esta va dirigindo:"0 que procur aste em ti ou fora deteu scr r estrito c riunca se mostrou,meSD10 afctan do dar-se ou se rendendo,e a cada instante mais se r etr aind c,clha, repar a, ausculta: essa riqueza~ _., / ~ . I'. sobrante a toea perota, essa ciencia

    l"!' r 1"1 . h /.'subnme e IOrIIllG2.Vel, rn as A errn etica,essa total o~.rn11e_10~n ,1:::J uiriC'~ _ _ - -. C -. .i ,J .. .t" ''': ';_ A~ L- '''~ JJ :_ '_ V LtC!... Y . J . . . _ . , _ d ,

    nexo or rmerro e singular,ncm con cebes rn ais, pois tao esquivo

    esse

    se r ev elou ante a pesquisa ardent e

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    27/93

    POES!.!:! / CLL'i RO E1YIGivlAe a memorra des deuses, e 0 sclenesentirnento de rnort e, que flor esceno caul e da existericia mais glor iosa,tudo seapresentou n esse r elaricee I11e chamonpara sen reino augusto,afin al submetido a vista hurnana,Mas, como eu relutasse em respondera tal apelo assim maravilhoso,pois a fe se .abr and ar a, e mesmo 0 anscro,a esperanca m ais minima - esse anelode ver desvanccida a treva espessaque entre os raios do sol inda se filtra;como refuntas crencas convocadaspresto e fr emente n ao.ise produzissema de novo tingir a neutr a faceque vou pelos camirihos dernonstr ando,e como se outro ser, nao mais aquele

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    28/93

    / FAZEiVDbIRO-DO AR 321ELEGIA

    GANHEI (perdi) meu dia.E baixa .a coisa friatambern charnad a noire, e 0 frio ao frioem bruma se entr elaca, num suspire.E me pergunto e me respirena fuga deste dia que era milpara mim que esperavaos gr and es s6is violentos, me sentiatao rico c1este diae H i se foi secrete, ao ser ro frio.Perdi miriha alma a flor do dia ou ja perder abern antes sua vaga pedraria?Mas quando me perdi, se estou perdidoantes de haver nascidoe me nasci votado a perdade frutos que riao tenho nern colhia?Gastei meu dia. 1'J cl e me perdi.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    29/93

    T AT7DA.~.L ..L r: l ~ / \......

    OS AMANTES se am am cruelrnentee com se am arem tanto riao se veern.Urn se beija no outro, r efletido.Dois amantes que sao? Dois inirnigos.Amantes sao meninos estragadospelo mimo de amar: e nao vpercebernquanta se pulverizarn no enl acar-se,e corno a cu e era mundo valve a nada..N ada, ninguern . Amor, pur o fantasm aque as de leve, assim cobra

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    30/93

    DRU/vily!OND Dr.; AiVDRADE -/ FOESIA E PROS,

    ross' tE AGORA, Jose?\ r ,'J.. testa acauou,a luz ap agou,o povo SUlTI1U,a noite esf r iou,e agora,

    sua lavra de our o,seu terno de vidr o,sua incoerencia,seu odic - e agora?

    e agora,voce, que e sem nome,Que zomba dos outros,';oce que faz versos,que ama, protesta?p ~-01-::-; T ose?-' ~ t :::> ~ , """ ---- "

    J "ncservoce? Com a chave n a rn a rqu er abrir a porta,nao existe porta;quer n1QITer no mar,mas mar secou;quer irpara Minas,Minas n ao hi mars.Jose, e agora?

    esta SelTI discurso,estavsern 'f carinho,ja nao pode beber,ia nao vuorle fum a rC!..t.._; _ 1 - ' - \ ' . . . . . ~ . . . , . _. ~ _ ._ _ ., _ a . .. .. .," " ,,~ 1cusprr ]8; riao pone," J}Oi tc csfr ":.......l.."" " ....,~_ ._~_ > . - l . ,

    Se -" gr itasse,oceAse voce gemesse,

    se voce tocassea valsa viencrise,se voce dorrnisse,se voce cansasse,

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    31/93

    rOAO CABRAL DE rv1ELO NETOTexto Literario 13NIELO NETO, [oao Cabral de. Poema. IE: Obrs complete (Pedra dosono). Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p.43.Texto Literario 14NIELO NETO, [oao Cabral de. engenheiro. In: Obrs complete (0Engenheiro). Rio de Janeiro: Nova A.guilarJ 1994, p.69-70.Texto Literario 15NIELO NETO, [oao Cabral de. Psicologia da composl

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    32/93

    POESIA / PLORA. DO SaNa

    POElvlAMcus olhos tern .telescopiosespiando a rua,espiaridominha alma1 -. '1iorige de rrurnrru metros.Iv rulheres vao e vern nadandoem rios invisiveis ..Autornoveis como peixes cegoscornpoem minhas visocs rnecanicas.Ha vinte anos nao digo a palavraque sernpre. espero. .de.mim.

    _L

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    33/93

    '7dentro de minhas roupas, per dido 'i ialern do sonho e da rua?

    POESIA. / 0NGENHEIRO

    Das roupas que vao crescendocomo se levassern nos bolsosdoces geografias, pensamentosde alern closonho e clarua?Alguern a cada momen tovern morrer no longe horizontede men quarto, on de esse alguerne vento, barco, continente.Alguern me diz toda a noitecoisas em voz que nao ouco ..L )Falemos na viagern, eu lembro.Alguern me fala na viagem.

    p , _ , _ MULHER SENTADA

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    34/93

    r>

    70 JOAO CABI~,\L DE IvLELO l'-TETO / OBR.ti~COMPLETA" , "?'1 j/!'J,/": 0 lapis, 0 esquadr o, 0 papel;/"" 0 desenho, 0 projeto, 0 numero:o engenheiro pensa 0 rnundo justo,

    murido que nenhurn veu encobre(Ern certastardesn6s subiarnosao edificio. A cidade diaria,como LUll jornal que todos liarn,ganhava urn pulmao de cirnento e vldr o.)A agua) 0 vento, a claridadede urn lado o rio,no alto as nuvens,situavam na natureza 0 edificio

    1 d f . 1crescen oo ' e suas ..:orc;:asslmples.

    Os PRIl\iIOSIVleusorimos todos1.

    \

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    35/93

    POESLA / PSICOLOGL\ DA COMPOSIC;:AO

    PSICOLOGIA DA C01VIPOSI\=AOA Antonio Rangel Bandeira

    ISaio de meu poernacomo quem lava as rnaos.Algumas conchas torriararn -se,oue 0 sol da atericao,cristalizou; alguma palavraque desabrochei, como a.urn passaro.Talvez algurna conchadessas (ou passaro ) lernbre,

    0

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    36/93

    ~ ._ i ..

    94 JOAO CAGRAL D.EIV1ELO NETO / OBR/\. COMPLET

    corno nao hi fugaGnada lembra 0 fluirde 111eUempo, ao ventoque nele sopra 0 tempo.III

    Neste papelpode teu sal. .virar cinza;_pode 0 lirnaovirar pedra; ..o sol da pele,o trigodo ..corpo. .virar cinza(Terrie, 'porisso,a j overn manhasobre as floresvespera.)

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    37/93

    (0 descuido ficara abertode par em par;urn sonho passou) deixandofiapos, logo arvor es instantaneascoagulando a preguiya.)

    95OESIA/ PSICOLOGIA DA COlvlPOSIC;:AO

    v-. - : . : ' .

    Vivo COIn certas palavras,abelhas dornesticas ..Do dia aberto(branco guarda-sol)esses lucidos [USGS retiramo fio de mel(do dia que abr iutambern como flor)que na noite(poco onde vai tornbar

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    38/93

    JOAO CABRA.L DE [viELO NETO / OBRA COMPLETA

    aranha;corno omais extremodesse fio fragil, que se rOlnpeao peso, sempre, das 1113.05enormes.

    VII

    E mineral 0 papelonde escreveraverse; 0 versoque e possivel nao fazer.Sao mineralsas flo res e as plantas,as frutas, osbichosquando em, estado de palavra.E minerala linha do horizo nte,nossos nomes, essas coisas

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    39/93

    POESIA / PSICOLOGIA DA COMPOSrC;:AO

    Cultivar 0 desertocomo urn D0111aras avessas:

    "' "

    entao, nada rnaisdestila; evapora;onde foi macaresta umaforne;onde foi palavra(potros au touroscontidos) resta a severaforma do vazio.

    97

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    40/93

    POESIA /

    1'"""

    r=.

    PEDR.A

    Certo poema imaginou que a daria aver(quando dentro dadanca) COlTI a chama:imagern ponca e pequena para conte-Ia,conter sua chama e seu mais-que-charna.E embora 0 poerna estime que a imagernnao conteria tudo dessa chama sozinha,que por si se ateia (se e quando quer),de quanto 0mais-que-chama nao estima;pois vale 0 duplo de uma qualquer chama:estas s6 dancam da cintura para cima.

    TECENDO A .rv1ANHAUm gala sozinho nao tece uma rnanha:ele precisara sen1pre de outros galas.De urn que apanhe esse grito que elee 0 lance a outre; de urn outro galaqlle apanhe 0 grito que Ul11gala antese 0 lance a outre; e de outrosgalos

    345

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    41/93

    J oxo CABRAL DE Ivlao NITO / OBRA COMPLETA

    o arquiteto:o que abre para 0 homern(tudo se sanearia desde casas abertas)'portas por-onde, jamais portas-contra;por onde, livres: ar 1uz razao certa.

    2

    Ate que" tantos livreso arnedrontando,renegou dar a viver no claro e aberto.Onde vaos de abrir, ele foi amurandoopacos de fechar; onde vidro, concreto;ate refechar 0 homem: na capela utero,com confortos de rnatriz, outra vez feto.

    lJl\iIA OURI~ASe 0 de longe esbocalhe chegar perto,se fecha (convexo integral de esfer a),se erica (belica e rnultiespinhenta):e, esfera e espinho, se ourica a esper a.i ,~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    42/93

    POESIA A EDUCV;:AO PEL\ PEDRA

    C _J'" / 1-,erto, toda palavra boiara no papei,;:iguaeongelada, par ehumboseu verbo:pais para catar esse feijao; soprar nele,e jogar fora a leve e oco, palha e eeo.

    2

    Ora, nesse catar feijao entra um risco:a de que entre osgraospesados entreurn grao qualquer, pedra au indigesto,urn grao imastigavet de quebrar dente.Certo nao, quando ao eatar palavras:a pedra da a frase seu grao mais vivo:obstrui a leitura fluviante, flutual,aeula a aten cao,isca -a com 0 risco.) ,

    GTAS COVAS DE GUADIXo cigano desliza por encima da terranao podendo acima dela, sobrepairado;Ihe repugna, ele que POLlCO a cultiva,o halito sexual da terra sob 0 arado.

    3 J ~ - 7

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    43/93

    . . . - , : 1,,~

    v 1. - - , c , ,r--{",l~'!/"',~

    j'"" , ;~r=-;g,-..~rr-;- I"'! Ir>1j"""

    r-,;r-.~

    ORlDES FONTELATexto 13FONTEu\ Orides. Transposicao. In: Pocsis Rcunids [1969-1996J . SaoPaulo: Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006 , p. 11.Texto 14FONTELA, Orides. Fala. In: Poesia Reunida [1969-1996] . Sao Paulo:Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006 , p . 31.Texto 15FONTELA, Orides. Destruicao. In: Poesia Reunida [1969-1996J . SaoPaulo: Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006 , p . 36 .

    Texto 16FONTELL\, Orides. Notfcia. In: Pocsis Reunida [1969-1996] . Sao Paulo:Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006 , p . 41.Texto 17FONTELA, Orides. Fluxo. In: Poesis Rcunids [1969-1996] . Sao Paulo:Cosac Naif: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2 00 6, p .6 2.

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    44/93

    " .. _:\":._" .. ,\;l ( ( ( ( ( ( ( ( ( (

    TRANSPOSI

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    45/93

    FALA

    TLldosed. difkil de dizer:a palavra realnunca e suave.Tudo sed duro:luz impiedosaexcessiva vivcnciaconscicncia dcmais do scr,

    Tudo sed.capaz de ferit. Sedagressivamente. real.Tao real que nos despe daca.

    Nao ha piedade nos signose nern no arno r: 0scre excessivamente lucidoe a palavra e densa enos fere.(Toda palavra e cruddade.)

    : ; - , _

    [311

    ((, ( ((((((( (((

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    46/93

    DESTRUIc;:Ao

    viola~aode um s6 silenciolucido.

    TORRES

    A co is a contra a co isa: Construir rorres abstratasporem a luta e reaL Sabre a lutanossa visao se constr6i. 0e~l.nos do cr.i para sem.pre_

    _ - .~----a inutil cru~ldadecla analise_ 0ruelsaber que clespecla

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    47/93

    A entradaestreita abobadae sobr ia sornbria

    Nao mais sabemos do barco~~;~--hernprc um nauEr.ago:urn que sobre~ive .....ao barco e a sirnesrno_ - - - - - _ . _ ...- .para talh;]_[ ria rochaa sol idfio.

    CARAMUJO ROTA

    ~\ A superffcieHium rurno intact o, urna..,_ .. __ .-_ ..-.abs~ll. lt; aric.lez_ _ . . . . .--_._ .. _.,_ -,. -na ave que repousa. l '1A~-.~.r-ep~uso ..~ a r;t~: nJ.oh_~maisnecessidade de voo.

    suave convcxanjio rcvela seu dentro:apenas brilha.

    gruta. NOTicIA

    A seqLicnciarampa enovdadase es trei ta nurn pasrnolabirfntico.

    o rimlimite Int irnonada e aIem de si mesmoponto ultimo.

    A safdri.c a volta.

    ( l ( ( c c ( ~ ( ( ( ( ( ( ( ( (((((((((((( ((

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    48/93

    TOALHAPORTA

    Pano branco.Integralmcnte branco. o cstranho

    bat e:na amplitude interiornao ha resposta.

    (l\1ateria! masSuspensona brancura). E 0 estranho (0 ir rnao ) que bate

    mas nunca haver.iresposta:

    BrancoQue as Eormas nascern ... ah,tao braneo

    muito alem 0palsdo a'colhimento

    para receber 0sanguede todasas co ts as.

    (

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    49/93

    "-.,, ,)'" .,J".o J

    DORA R IB EIROTexto 30RIBE IRO , Dora.[todas as vezes q ue viver]. In : Bicho do mato. Poemasreunidos (Comccer eo Em). Rio de janeiro: 7 Letras, 2000 , pAS.Texto 3 IR IBEIRO , Dora. [na poesia]. In : Bicbo do mato. Poemas rcunidos{Comccer eo Em) . Rio de janeiro : 7 Letras, 2000 , p.4S .Texto 32R IBE IRO} Dora. [sonhei urn olho ab erto]. In : A tcoria do jsrdirn . SaoPaulo : C ia das L etras, 2009 , p. 33 .T exto 33R IBEIRO , Dora. [eu]. In : A tcoiis do jsrdim . Sao Paulo : C ia das Letras,2009 , p . S O .Texto 34R IBEIRO , Dora. [Venho do tempo]. In: A tcoris do jsrdim . S ao P aulo:C ia das Letras, 2009 , p.83 .

    y ) ) 5 ) ) ) ) ) ) ') '\ ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) '\ ) ) ) ') ') ) ) ) ) ) ) ) )) ) )

    I //

    r - , " - - ,~ v., ~~._ '- .~ "' " :.~, .~ ..~.~, \ ~-".~~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    50/93

    basta urn erugma

    de e 0 retrato de um tempoa ansia de esculpir no marrnore

    o conragioa op i niao sern ra izcs

    nada Ihe pertencenos possuimos gestos e palavrastransfigura a nossa vontade.a boa e a rna

    sobre nos exerce a sua forcaresistimosque decifri-Io e morrer

    Cabec;:a de medusatuas cobras abracarn 0murrdo

    aproveitando as franjas do passado

    tuas maos alargamcom falsidade

    os beeos da nos sa alegriafacera mills pura do silencio que ha em nos

    as hisrorias passam pelas masmesmo sem palavras

    sao elas 0teu material ricccssario para imagini-las

    todas as vezes quepcnsarei na beleza que h a

    vrverno excesso

    no poema e oa p aixaoirnaginarei tarn bern a disrancia

    pe d r a c e r r c ir aque acumula repe tico es de uma so lmagerne explica 0crcrrio equilibrio da dissocia~ao

    fantasia em pedra ou hipcrb o!eo clesejo e _ sernpre outro

    porclLle e incessanre a sua duplicacao

    \\f\'"'. \. "- < "\}' .'\ .~'i. "'......,

    \ 'Ll\'

    ) ) ). ) ) ) ) ) )Ai :l.ncoras de pcdra

    )'C_ ) ') ') ') ')) .J ) ) ) ) ) ) ) )

    ')~ " " " \.., .'.~ \ : . , . , . '~v.,.,

    t. tradi[(ore

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    51/93

    e a pr opo rcao desre anjo que era marmoree desandou em row

    ens inern-rne 0descansoo avesso

    0 estreiro s ins tan res. ' " .CjLlerOurn recheio de pedra

    agora cjue estes olhos cairarn em paixaoe Iirararn 0nada sem regresso

    n. poeslaa palavra s o ressoa depoisprirnciro [ala para denrro

    numa fidelidade propria das coisas sem corneconem fim

    aquIcomo nas ruas

    ha caos etraosparenCl:lS. poucas saidas c uma s o entrada

    "wir sind nich t eioig""nous ignorons I'unrtc"

    a nossa incornp cecnsao e incompleta

    a sua mUSICleriche de agu;l os rncus versos

    fazendo-os vib rar clesordenaclamente

    a arteria que vibrasobre urn fundo negro

    possui sornenre a si mesma

    1Jma ideia dispararadaquebra lentarnente a simerria do nosso uruv crso

    e a sera do rempo apontapara 0estado inicial cia beleza

    \t ..J\........

    .~~

    ). )' ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )"~ ... ~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    52/93

    a tua cidade e interminaveJUlna peJe aberta aos carninhos

    extensao do calculoceIebrado entre nos e 0 rnundopara reforrnar de luz a raizde cheiros ou de medos

    a tua cidade e vlsfvelfeita de tenitorios migrantescIausula de chuvamiuda e doceque ja nao cai

    sonhei urn olho aberroao rnundosem tampa possivel

    dava para 0 teu jardimpanteIstacorp a embriagadode silencto e restos de rrnisicade gaivotas

    urn olho e POllCOurn olho e surdo a historiaque cone sem pedirsequer a ausencia de mim

    um olho e pouco

    ) ) ) )'(, '$, ' l i l i / , .~~

    )))))))))))) )))))))))))))

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    53/93

    euja sem retrato para serartistsencontrei 0 inferno

    Ioi encontro esperadosem novidadequase encomendado

    a expiacaoque ali corriecourevelou que osamantes deviarn apenasfalar a lingua do veneno

    10i ter perdidoa capacidade de consonancia:ver apenas os fragment osde que todas as historias ecoisas domundosao Ieitas

    ""','

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    54/93

    I I II H2 ',',:'

    ttl e s uma palavrapara ser pensada ria sornbrana esteira do cansacono colo de urna palmeirainventada

    venho do tempodas rorrias crescentes01h05 e corpo abertospara 0ja rdim

    talvez na bacia ondese banharn ideiasdesfeitas elapsos de memoriaarranjados pelafisiologia

    era 56 en costar na rededo seu frutoe a distanciaentre 0 ceu e a terrarnudava de COr

    veriho do tempo da rornacerta e rnetaforicamaca aleitadora deprazeres permitidose das ideias alagadasem vermclho

    tu es uma palavra. i > ~ ~ ) ! ~ 0 ~ t i t i ; ~ : " ' ",todos

    ? ,

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    55/93

    - - - , 1 ( ; 1 )~".~)---,~~, . . . . - . . . . "

    CASE LONTRA MARQUESTexto 40MAROUES, Case Lontra. [Manter 0 desconforto diante de todafronteiraJ. In: Meres inscsbedos. Vitoria: Flor&Cultura, 2008, p,87.Texto.41MARQUES, Case Lontra. [De qualquer forma, .estas pedras naosuportariarn tanto tempo J.In: Meres inscsbsdos. Viloria: Flor&Cultura,2008,p,15.

    Texto 42NlARQUES, Case Lontra. Passes pela agua. In: Campo de smpliscio. SaoPaulo: Lurnrne Editor, 2009, p. 53-64.Texto 43J\iIARQUES, Case Lontra. Incisao dentro da cegueira. In: A dens/dade doceu sabre a demoh'r;aa. Rio de Janeiro: Confraria do Vento, 2009, p.27-39.Texto 44

    ) ), ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ).~ .&, '~, ,'~ ") ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )V:; :" " ~Jti ' ~'i:Jj.V .

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    56/93

    Durante 0 vibrar das narin as, aclivinho pelo 'tatoo halite salpicado. no p esco co : a ponta da pupila, tao atentaquanto urn cacto, desrnonta 0 sol de novo simulaclona dispensa da distracao. Aquele inseto

    por enquanto concreto alcancara em breveo cristalda abstracao. Mantenho a voz sempre

    l! vista, silenciando silabas ao saberda saliva; 0suor, perturbadoramente espesso, prorroga

    o percurso pela medula. Urn mover

    de asasbasta paraclarearo pariico instaladono pulma ocomo uma falta

    expost.a. Multiplicaremoso tempocom vi~i~ntas marieirasde inventara .mesma palavra.

    14

    De qualqu er forma, estas pedras nao supo rtari arnt.anto tempoem contato com olhares nadacardeais; certa m etafora, planando, abriu urna frestano ceu da desorientacao, depotsdesapareceu atraves da vidraca aindaprec ari a. Quando 0 Iabio incha como uma imagerninfeccionada, desconfiodos dentes mas - sobretudo - daquela palavrarna is uma vez reinventada. A const rucao da marthacontinua tao salida quantamn trauma. Da direcao da cidade, em meioa muita brita, vem uma claridade que 0 poema,

    podendo coriseguir, nao sabera evitar. A construcaoda mariha segue tao 'ver satrlquanta uma vertigern. Tentareifalar antes que 0 silencio clesloque outra breve vertebra.

    15

    ) ) ) ) ) ) J ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) \ ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )) ) ) ) J ) ./'\4J 1~~ ~ i~.,:~'~ .~ 'i~ ~, .~ '~ ~.~'.~ . . . - . . : . t I :~ . . . . . . . . 1 ; : : . . . . .~' ! - .. ~ '4 1 1 ' . p ...

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    57/93

    Cada pedaco do labio ocupa urn ponto especificono canto esquerdo do olho. Aquia abstracao debate braces contra a transitor iedadedaimagem. Ate que a noi te caiicom 0 peso da propria saliva. Poucaspalpebras sobraram desde a ultima absti .nencia.

    Manter 0 desconforto d.iarrte de todafrorrteira, sem contudorecusar a disp ersao, concisa, do verso lavradosem pressa, ap esar de uma quase

    azia. Brevesmortes persistem atrasde urn mesmohoje, de urn identico aqui. Prefiro,

    no errtanto, este janeiro a brotar do calorexpelido pela fala. Ag~

    que e~c:()ntrei para ondevoltar, p:s~endoap~ria~ ter passos de prosseguir.

    86 87

    ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) J ) ) ) ) J . . 2 > J . . - ) ') ) J ) , , 2 - ~2J,. . . ...:.. ) )~ ", "~.,. "'~ w ,< ~ > : a - -,", :'.1':',;.,,_.;{.:-,.. '.urna inanicao: quando P A SS OS P ELA AGUA

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    58/93

    as vidros evidendamatensao dasarteries, -- depois

    de reaquecermos

    as casasque

    (por cautela)

    emudecem - a intensidade

    emtnctsoesdisseminadaspelaterra se firma

    ao fluir

    ! - .iI

    Nao quis reunir no colo as tetras do grito, como secolecionasse gravetos para, debrucado na terra pobre,confeccionar urn facho de fogueira onde queimar, nocalor cujo corpo recusa qualquer conforto, urn r }~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    59/93

    \ . \ . . r : ."\ n~,~~ .

    os proprios atalhos. Depois de se erguer de uma quedaseca, um cao veio beber a memoria

    Em vez de expulsa-la das orbitas, pretendoprorrogarsua presenca; contra asrnigalhas

    do meu rosto. Par enquanto, guardo, no atrita de paralisia quese acumulam

    provocado pela lingua, um vestigio, imper-ceptivel, de fogo: por enquanto, nao me rnovo - nemdurante uma risada raLa- do pouco

    .na camisa, habitarei- de outra forma -esta hora: mesmoque presencie, em mim, alguma viga

    que apreendo dos caes que se desprendem

    da sua carcac;:a.Carregoa ruir. Ao velarminhadar, ainda mastigo -

    a dor que amanheceu nos olhos, por mais

    que envergue a arvore de onde colho,juntoa s suascinzas -

    , Icomo a um pomo, um punhado

    a mao que planta os meus passes. do po expelido pelasfabricasque emergem, no horizonte,

    alavancadas

    da agua. Interrogar54

    }

    esta obstinacaosera destecer 0 peso

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    60/93

    que irnpoea vtdaurna.atjtquilacaotediosamente ..

    . consentida,apesarde nao

    se saber dissolveras dedos

    que dao decomer.it quietude

    a crescersabre outro

    que a v c s z : diana,

    maisveemente

    que a paisagem

    desdobrada

    pelarespiracao

    dos animais

    quese sujam

    no chaoda enchente.

    ))))))) }))))))))

    3

    ) ) .) ))) ) ) ) )4

    Passa outra noite pelos pontos onde

    )

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    61/93

    Escolherei urn nome para os destrocos rnantidos no tremor"dos braces, enquantorestaurarnos caminhos soterrados na lama perfurada

    por veredas que fincam> na medula do leito -..estacas solidas, porernesqualidas; nao procuro, no entanto, urn nomemedito - tanto mais avido

    quanta rnais esteril: escolhereium nome paraos destrocos - urn nome que sabereiviver - semconseguir, contudo, articular sua urgencia.

    58

    tombariamoscorn a cabeca despejada

    sabre a nuca,nurnexercicio

    que desenvolveriamos proxirnosdo apuro

    de urna petala

    decepada;nossa noite - aquela que

    conhecemos,

    apesar do queainda

    nao tatearnos;aquelaque esquecemos,

    apesar dos fatosque

    ' \ l ' . ' ",>,

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    62/93

    TEXTOS CRITICOS

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    63/93

    CECILiA rvlElRELESTex to c rftic o 1COUTIN H O, A franio , Cecilia Meireles. In : A literatura noBrasilVol. 5.R io de Janeiro: Jose O lym pio ; N iter6 i: ED UFF, 1986 , p . 121-128.Texto crftico 2DAl'v1A SC ENO, D arcy. Poesia do sensfvel e do imaginario. In: Obrspoetics. R io de Janeiro : Jose A guilar, 1967, p . 13 -45 .Texto crftico 3iu1\JDR AD E, M ario et alii. Fortuna critica. In : . In : Obrapoetics. R io deJaneiro : Jose A guilar, 19 67, p . 4 7-73 .

    '. : . ." -. ,. .to d a a garna de metros p o rtu gu ese, poe ela . e s s edorn a ser vic o de Ulna 'incc)ntida dnsia d e 'pdfeir;Zio,para o ferecer-n os a n obre e v olu p tuosa men.sag ernde se u canto, urn canto pu ro de vag a mu sic alid ad e

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    64/93

    e d ensa esp iri tualiciad e,, A .presen .te ed iciio restring e-s e a p r o d uciio po etica:Eririqu ccern-ria, como portadas a cada Lrm dos 'livros,xilo gr av uras da artist a chilena Graciela F'u ens alida,es p . e c i a l r n c n te c o n f e c c i o n a d a s para a p rirneira ed i c i i o .Ser6 desriecessdrio r essaltar 0 'valor d essas grav uras,[lao soment e pelo seu/ asp ecto tecnico, senaotan,-v e ( n ; pela feliz cap taciio da atmosfera de mist eriosa.f-;spirilualidade e didf ana beleza ida poesiade Cecilia'M'eireles. '""A 'AJortede Cecilia .Meir el.es c'ausou urn irnpact ona co n.sci e n.cia Litera ria brasil eir a, corisid erad a queera a rnaio r ex p ressiio jerninin.a da poesia riacionalain.da surg ida. Niio ocor re u com ela 0'que eco-rn u rm com rn.u itos escriroresr=uni hi ato de decli ni on et p o p u l a r i d a d e A 0 co n t r a r t o , SLier ' f a r r i a p a r e c eantes h.av er-s e consolidad o e am pliado rconsagr an dolima [i gura e urn a obr a das mais altas e mais requin-i~lda:i'das Let ras brasileiras, " ... Ao reedita-ld, pois,esta Edit/ira ass o cia-s e ao coro

    icridn.irne de vozes que a ap'Iau.dern e arnarn a suapo esia, ex p re ssiio a mats g enui na da alma br asileira,

    A. C.

    , : .,.\

    . - ,." '",,' ~~ . '

    - ,

    POESIA DO SENS.iVEL E 1)0DARCY DA-MASGENO

    1/ ]-;'lLIA(;AO ESTti;TICACEciLIA NIEIRELES surge para a litcr atur a br aaileir aem 1922, apresentada pelo grupo de escritores cato-licos que entre 1919 e 1927, atr aves das r evistasArv ore Nova, Terra de SoL e Festa, defendiam arenovagao de nossas letr as n a base _do equil.ibr io edo pensarnento filos6fico. Seu apar ecirne.nto coiri- ,:cide comel- eclosao "do -movirnento modernista, doqual pr etend eram aquelcs escr itor es r epr esent.ar u.m(:~te.ndertci a, mal gr ado a' diversid ade de pontos de vistanoenfocamento do fenorueno liter ario por parte dosgrupos concorrentes.A aproxirnacao errtr e Cecilia Meir eles eos jovenscongregaclos em torno de Tassoda Silveira e .An-

    dr ade Murici, ernbor a nao implicanclo cornprornisso:deorc!eul dou trin ari a, delineava a Ieicao espiritualde sua ar t e, irrspir ad.a em elevaclo misticismo, e aceri-,tuava a vcornunhao de juizos Iiter arios, expressa na,adrnir acao por Cruz e Sousa e 005 poetas simbolistas.N urn clos ed itor iais de Fest a car acter iz.ou Tasso claSilveir~ os ideais da confraria:

    , ..

    Os da correnteespiritualisfQ (que eu p ref'er ira ch am.asserntotalista) n ao enc on tr ar ao , t.alvez, 'tao viva corr esp orrde nc iano consciente popular. E isto por qu.e pcnsarnento que osmie,nta, ia, s,ig,nii~ica,',u, , a ela,bOI,.a

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    65/93

    ves de Klaxon. Os pon tos capi ta is que a deter.miria- ,.'; .tematica e fonnal,' que Iigava Cecilia, Me ir el es e .osvarn e que, ainda em 1927, quando cia revistaFesta, epigonos do SimbolisI~no, cecleu Iugar apluralidad~constitu iarn seu programa rniriirno, isto e , pens arnerit o ,. de motives e it eleicao de certos metros; 0 voc abul a[ i l o sofico , t r a d i c d o e u . n . i v e r .s a l i d a d e , contr ariavarn 0 rio tipico substi ruiu-se pOI' um lexico m ais v ar iad o ,.Iiberalisrno de id eias, a .rupt ur a corn 0passado lite- ,,;, e os preceitos espiritualistas de. peJ1Sa7~1Cnto [ilos o-r ar io e 0carritercnacion aliza nte do rriovim,entomo- fico, tradiciio e universalidadevleram smgularmentederrrist a. A dif'ereric a entre asduas teriderici as res- concretizar-se no menos ortocloxo dos renovadores.salta tarn bern na m;dcrac;ao. dosespiritualistas a res-peito d as soluco es forma is, como se inf'er e de outroeditorial de Festa:

    .. ' se clos r.itrn os rnoder n ist as pu d ermo s fazer urn instru-rn en to m a is sonoro e serisfv el do' que os que jei possuimqs,de expressao total daquela ansieclade, sera soh corid icaoden ao per der'rn.os de vista que e ainda essamesm.a a.ns ieda deque palpita, ern, sua f'orrn a ru dirncnt ar rio instinto de to'd ob n oss o povo, e em suas modalidad~s rriais el ev ad as , noesp ir ito de ar t istas e pensadores que urn pormenor de' formaexclui de to d as as cor r erit es modernistas.Como seve, a r erio va ca o pregada, pel os escr itor es

    cat6licos era sobretudode natureza ideo16gica; mas,airid a a ssirn , n a o pr esciridi a de ericadeamento comantecedentes cul tur ais. No tocanteao aparelhamentbmetr ico , jul gavam-se val idos 0$ intrumentos her da-dos, a eles jurrtarid o-se. o verso livre, decaderitista.c u j a s q u a l i d a d e s r it m i c a s 0 d if e r e n c a v a r n b a s t a r i t e dohornonirno proposto pelos rriodern.is tas de Klaxoli:Isso esplica 0 fato de que, ernbor a marrejan do tmctrostradicionais, Cecilia, Meireles fosse apo ntad a, quandoda publ icacao doseus prirneiros livros,como ex.errrplod.as=possibilid ades r enov ador astc ue se 'atr ibu ia 3> cor-..rente'espiritualista. Mas 0 estudo aour-ado de "Biila-das Para EI-Rei e N'u n ca Mais , .. e Poelnados]'ide'-mase~idencia~ia urn a natureza artistica:> :rnuito afi~Iiada,' airid a, .'.com 0 rno virne nto sin'lbolista,eclija,speculiar id.ades, '. se pressagicidoras de 'urn novo esti.lopbe~rco, ,;eF ' , : . , . Ha ligeir ezas enf'errn asde lu as da Dinanlarca, .. '

    )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) )

    a atirud e cisrnarerit a, a dif'usao. do ser nairrealidade,a pe.rsorrificacao :A. alma das fl o r-es. suave e ta.cit a , perfuma

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    66/93

    a so lit ud e rieb ul os a e ir re al do arnbiente .. ,tern as a que poderiarnos ain da junt ar 0 exo tisrno de"Serrl Frn":

    Era 'urn a vez urna d oriz el anos bons ternpos do rei Guntar",e "D21 FlOI' de Oiro":Barbara flor, 6 flor de esc a.nd al oso nh o re volt o de orientaltens sug est ces de op io e de sa~dalo. , .A ~-iq~leza clas !3ala{!a~ Para EI-R.ei encontra-se,-porexceJ~ncla, no vew rn istrco, a que div.ern irespei.to cer-tos trtulos de poemas ("Dolorosa";"De N ossa' Se-nhc:'ra", "D,os Cra_vos Roxos", "Oferenda") " a :' ripo-Iogia C,mAOll]s, freiras ) e a simb61ica floral. (a.cuce-nas, cnsanternos, cravo? roxos) :Quando se a cen dern, silenciosos os conv~~tosE as. fr e iras toroam fonnas bJ'aI~cas de' a

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    67/93

    e da rn ai or si gnific acrio na poesia rieo-simbolista. .Ernb or a errtr erno str arido ainda os anti.gos vinculosesp iritu ais da autora, N'u nca M ais ... desp.rovia-se do"ascetico recolhi rnerrto , do fluxo serrtirn erital e da en-fe.rmi ca inqui et ac.ao da obra precedente, desnuclandoem seus versos urna alma a que se ache gar a a de-sencanto,a r erruricia e a iridifer enca.. A conscierici a da fugacidade do tempo _ n101am estr a do Iir isrn o ceci liano _. apo nt a pe1a primeira'lei em algumas pec;as do Iivr o ;. a .consider acao dci-. v~da como sonho, a melancoli a, urn toque verl ai-nrario na pintura de ambientespenumbrosos corrrp le-tarn a car act.eriz.acao da tern atica de Nurica Mais ....que do arig ul o expressive denota dosb asta me.nto daadjetiv ac ao , ab a nd ono do forrnular io sirnbolista ecleica o de urn furido lexico no qu alvpod ernos rver a,~enese cl~ Iin gua gern poetic a a ser exer ci.tad a a par-trr de Vzagern. .

    o par a lel isrno for m al, que ern Balad as Para EI-Rei se desenvolvia ern conjurrtos estr6ficos .de terce-to e distico (cf. 0 exernp lo acirna ) , n a.o reincide elnN uric a Mais ... > ODele sera absoluta a unifor'mid ad ede es tr of ac ao corn 0 errrpre go ja dequadras, ja detcr cetos. ~Aversificacao, poroutro lado, erribor a rraorelegando oalexandrino de corte terriario, r epo'usarapor excel.e~:lCiano Y,erso de oito silabas,preferencia1-rnente utrhzaclo, alias, em todos os livros de CeciliaMeir el es. . '._A nota denunciaclora da.. .influericia sofrida pelo.Poe.ta ern seu acercarn.ent o dogrupo de. A rvore Novaencontr a-sc entretanto na segunda parte da col etanea- -Po erna d.os Po em as -'-, ern. que sur gem os ritm.osbreves da cornposicao longilinea. 0terna runico, de-purac;ao transcendente do assunto biblico,. t orn a 0Iugar, das paisagens iriter.i ore s, das evocacoes. e.,.daS. P~'oj~9i5es .anfmicas, _para" elev ar-se-ccorno ,espiraL,d~~up1Tcae ofer enda. 'Nesse conjunto;o ..que d.e.crn aisirnpor tarlte 'existe p ar a.covestudo rda personalid;idecar.~

    )))) )) ) ) ) ))))))))))

    dessa poe sia. ,A evoluc;ao que, nos anos iInediatos aD. ap arecr-mente desses d.ois livros, se process a no Iirisrn o dCecilia IVfeireles, iria .leva-Ia por caminlios solitariosa regioes ate en.tao desconhecidas da noss2i'literatura.Os poemas e1aborados entre 1925 e. 1929, .abando-nados em. sua maior parte nos jornais e r evrs tas emquese publicaram" deixavam ja entender ness~.poe-sia , como agudarnente observou Andrade Muncl,a rnais escarpadae selvagem solitude de alma, a m aisatonal rnusica poet.ic a da . ger ac ao.E conlpletava 0rne srno cr itico :Nenhum vestigia do sen esplendor visual, nessa p oesiade veernente austeridade: s6 e s6 0 ardor perdido de deses:'

    perarica, misticismo num universo vazio.TRADIC;AO E UNIVERSALIDADE

    A pr erniac ao ern 1938, pe1a Academia Bjas ile.irade Letr as, de V'iag em, signi~cau 0 recoDheciment.ode 'urn empenho ITl.Onaca1no estudo da nossatradl-c;ao literariae' n a assirnilacao dos recurs os expressi- ..vos darte verbal. COIn e,sse livro illgressava CeciliaMeireles ria pr irne ir a linha dos poetas brasileirqs, aomesmo terrip o que se distinguia como a {mica fi gurauniversalizante do n"lovimento rnode rnista.A natureza da materia poe tica trabalhacla ern Via-gem, Ievou rrrui.to s a n ao pouco~ equivocos, dos .quaiso rn ais freqliente. talvez tenha sid o 0 de se cons id er a ra autor a m ai.s iberica do que br asileir a. Ora, r efl.e-tindo ern seus versos 0 fruto de ar dua , dernor ada.vepersistente aprendizagem, es~a obr a surgia entre nOE! ,'_ ', ~pl.IIn.morne_?-tQ ern. ql:e a .In.aror p,arte d?s poetas ..!nQ - ~;'\dermstas naose h avia airid.a d espr end.ido das} edes J} lque .Ihcs lanc ara a' pr6pria atividadereIloyadora;os.vicios expressivos, 0 aned6tico eo liacionalisI1.10 su~~sisti am em' quase tod.os. Da.L que 0 subito rornpi-

    ," i '~.,: y 1 . .

    2() .. .".

    CECILIA MEJl~ELES I OIJRAj'JOETIC>J .merrtc do pano de boca', "abr irid o aos olhossurpre;,.sOstlIn cen ario de rnais vastos horizontes, fosse t.o-.rnadocorno acontecirnento ins6lito, sem coriexao corna c.oraju nt ur a cultural de errtao.

    GERAI~ /lJOl

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    68/93

    .Mas, ao contr ario : Viagem estava ria.o s6 dentrode Iinh as tra.di cio na is, corn o tamb ern aspiravaa ser---e. 0 oi ---- a prirrrei r a obra acirn a.de _fron te.irasque haja ap are cido 1'10 rrioder nisrno. Curripria-se.aiel aapr.cceptiva dos espir itualistas, quando r eclarnavarnpaTera r enovacao de rross as Tetr ascncacicarnentocorna tr adicac, su.sterir aculo filosofico e iritericao de un i-vers ali d ade. ~.Mais que a ternatica explor ada ou a revalorizac.aodo sistema versificat6rio,. influia 110S equivocos c i t - . . .jul garn ento 0 tccido' .filo'sofi co da autora1quc Ihed eterrni.nava a a.scetic a tdi.sci.pl iria."e Ihe 'propLlnha .iri-

    daga coes essenciais, C L l j , , ! - S respostas era .forcoso bus-car. Algumas d essas .ind a.gacoes perdurariarnnos Ii-vros poster ior es, coristrtuirrdo urn veio id~:S;g6tavelpar a sua poesia; outr as, se sol ucionad asvcustar iurn, 0.prec;:o de am ar gur a e desencanto. A brevidac1e davida, a inc.orrrpr eensa o b.um a.na, a . descr enc a reli giosaganh arn desde entao maior -rel evo e se Tazem motivode continua refl exao. .Viclgern. vale pela r evela.c ao definitiva de urn a na~t~lreza artfsti ca ern sua plenitude e'de um estilo=poe-trco em seu ponto de p er fe ica o. N Iirrha cornpr'een-d'id a entre esse Iivr o e Re trato 'N aturalexibe-se urnp ainel rtern atico de rena arnp litude vem nossapoesiamoderna .. A pfur al.idade tde as suritos cliz 'bern dointe-resse Irurn a'no da autor a e coritr ari a jufzos nern SelTI-:-pie dec.orr en.te s de acurado exame d a obr a poetica ;do m e s r r r o . modo" as. m ais humildes r n a r r i f e s ta.coe.svd avida, os se.res .rnais dirninutos, os episoclios 'mais -sin-gelos: sao' .rnotivo de elevada reflexao 'pot parte dequenf,' s'usterrta.d o porexigente fi loso fi a.: busca-ienrrudo turria H ', ;; :" , ., :_ ' \ ~ : ~';121:: f'-';']1' ,~:.r ._~{ ~~""", ~jij ~ ~ , . t j ! J . t ' t : : ; ; . [ - \ ' ~ ; : J l j?l~'J~~:",.jJ:"J~;;,:~:~~~j';_'r.,~.._,_~~,c.JL.:(."~Jdcl:~J.l,o...C.l~l.l?r.. . l : O l~oe_ta, V.l\.'.lflcada.s p o . r. ~feIto ....' ? I : ' . ' " 1evantamento r igor.oso da v ida ern tocl,:-s< .. :de. [IT/te.seric an.ta tor ias. Se 0 c.orrterrip lar e 0 arduo' nifestayoes, 0 ser organico e 0 lDorganlc;o;"l ' '(:~e;rC~,:l0 d : L "ap.e,ens~Lo, e. se 0 arn or , polarizando.-os,~ e a p'larita , a p ed ra e a luz., rnorltanha,. ceu , torest~t~

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    69/93

    C., : . . . , dl L .'' -~ . .r:OIJ/tC.lllP.la.~lor. ,e. C ) U .jet o cointe.ITlPla.do" O.Cil.lTICl 1 ,1 . : . tndo cube no circulo enonne qu~ d~)lnlDan~ ?S olriosd esse exe-rclcJO. deve ser 0 de exrge n te dlsclphna:o~' do contempladoL Dai ccr.ta teDclenCl:l descntl\,:a (me.-nf a go dos seritidos. a f'ru ica.o, o gozodb coriracto ! lhor diriamos: representativa) .de sua poesia, quenao pod em nunca atingir os limite; da turb ac ao , do I ~ : exige a presenya de elementos c,oncretos Ill.eSIDO/n~sa.rroubo, da cegueira, por maiorq ..ue seja .. 0 d.eslurn- ... '.:.:.' pec;:as intil1listas .onde se cris~alJzam ,e,sul~Jos, a:J_l.r,nl~br arn errt o no choque CODl. a realidade. Decorrido 0 1) cos. 0 trabalho da terra, voo do -passaro, a Cll.cLn-pr irne ir o mornento de contacto com as .coisas e rieu- .~~ ya ao sol, _ a / n::lUIher a

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    70/93

    ')') I I

    rihan do 0,,:)valor es sin.taticos 1.1111astr o conceitual defi eniTetanto, o f'errorncrin e mais cornplexo e SlJCl inter-:Lir~; e intehgcnte cepti.cismo __ ' o que de resto' e Iretac;ao ~se pr occssa po r fcl.ses: Dis~e'n.dida a m?la d.acoostcltado ern todo 0 ci clo. ", I reinvenc;aolexlca, a ruptura cia al ia.nca de clOIS ele-. l.~a:l]bern_ o amor-perfeito ascende na poesiade . i l d mentos conceituais ("~i.gLla" - 1 - "cor" =";igua azul"C~cllia ~1Y[euE~le:s c~tegoria de sim1;:lolo;valiosos, con- > azul) produz a const elacao de cargas sen}an tic astU0, sao os dildos In1pressivos que se colhenJ nesta nos respectivos campos sensoriais:passagern, onde a flor e evocada e1n seu fanac'lo es- - GU \. (.>' 1) dl. . 11 ._I~.. d '. L . .1 A f azu, on a, 11"10etl, escorrerpen 01. ( ~" '1 ). . eanlpo tac tiiVeluclo de divin os te ares

    hoje sed a secae ibolida' COR C> azul ) , cor azul), colorirpreser va os vestlgiossola;es . (c arn p o vis ual )de que era feita a sua vida:fragil cora

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    71/93

    ') ') ))

    , ~c , sugestao do rnovirne.nt o .suave , curvillneo:ass6ciac;6es visuais e aud it ivas, 'que se de spcr tarn' i n a ~:~~t[Uri~~:t,~~..; r ~ : ~ ~ ; n ? c l ' ; ,~ "s~:dt ~~;q~(~~t~~,m1rum:or., da a.gu a pr ecip itada : .,1

    . . . M'u it os viajantes contelnplaram" deste ao aceJerado:a fluida rnusica r " a orvalhada Lon cos: adeuses pclas var and asd as gr a nd es m osc as de e.smeral d a % percTem:-:se; e VaG fugirid.o e~ m,aqnare,c h e g a n d o eDJ. T1IQ:,oroso -j o r r o . ' ,. c a s c a ta s c e l e r e s .de e 's c a d a s _ ~ _ 6E,voca cao purarn ente Vl'Su al e. Clue n asce nao da .' ;;; . 1 ". ru O' COl'Tlapr ovei ta rnerito :;-- '-' u. da cornposrcao eInyar/o~esc.r '. . . c."., .. , ..obser vaca.o deponilenores, mas d a corrternpl acao do ] C:6ricomitant~ cla crorn atrc a ver bal:objeto inteirci surge no'verso se.gui nte : As palavras que escutava

    Adernava triste , 0 caval o marta o'.~ er arn pass aros no escu ro . ."., pass ar as de' VQZ ta o clara,gran de, pesaclo, iriu.ti l, 0 cOrpq do animal figura um., voz de descnho tao pLUO!, , ,.7.barco que tarn bern pendesse;'abatido, sern que, en-tr e tarito , dos dois objetos r e l acioriados se enuricie 0.segundo, evocado , Defeito e conseguido merce .de ,

    sirigul ar ecoriornia e se desenvolve na estrof e ime-;. 'd iata , n a qual 0 elemento suger ido - navio -~ venl.:,' I'cl.ar'arrien te ex.pr e sso ern coristr uca o comparativa: . .:.:....,'..,.....E vi am-se unscavalas vivos,altos como esbeltos navios,gal op ando 'nosares finos,

    COIl1 felizes perf is de sonho. ?'A pesada inutiliclade do cavalo rnor to co ntr apo s j ca Iev ez;a, a rn ob ilid ade, a e sb eltez de barco dos ca- .v alos v v ivos e 0afilado dos perfis, qual a.ere.as proas,_:~Nao termiriaria aqui, na tur alrn e.nte, a analise do.

    poern a, porquanto,nas passagens ac irna , procuralnos.:apenas recolher alguns' dados exemplificadores do!;a.pur o.rvisua l dcrP'oet a. Observe-se, a proposito, a ten.:.~""derrci.a para a -representaca.o gr afica.vpelo fr e qtierite ,ernpr ego .de.: adjetivoscomo nitido, 'exato( fntegro~J, ~'.clara, .o.uv.de substantives comodesenh"O, C0J71passO, J'geonutria> para a pl astrcid ad e, pelo s .motivosvcon.s- ~~tantes ;dos . "r etr ato s" e. das "est.atu as". Do sirrip lesjdebuxo :,;.:::, , " ;

    Longos cortin3.closde aereo marfim,_'. so is, de arnb os osanj os a ca ir ... 5

    lad os,

    a inc r u s t a c a o d e . c a r n a f e u :Inclina. 0 perfil arn a donos veludos do silencio .e ap a ga s6bre"esse qua dro"asve1as do pens a rnerito . . 8

    vEii'o"Poeta jogand'ocolnlinrras; som.bras,niassas ec1aridades,co1110 0 deseribista, ovar qui teto ou': 0gr av ad o r ...A expressaoem "Cantar30tude da u~,ao

    mais alta dessepenc1orei1contramosos Galos:,' (Retrata N atural ), ern-v ir-de clerne ntos .se nsrvets e co nce itu ais:

    Nos: es t a r ern o s ri a rn ortecom aquel e su ave co nt or node urna concha dent.rodaaguCl:A atr ibuicao , a rnortevd e cer.ta car acter isti ca fisic,:,a .fluidez, corifuride-se COlD o '; esta do de., arriol.eci-.il;ento da sensibili21ade; I1Ulllnl~~,?:,instave.,l,) ipCOD;~.~~tente.,se desf az q .ser, per rna nec enclovap erras; ,ne~s.~"Fragilidac1c" " (Retfato..Na 'tU t-41)::. . c, ~ .

    . ,5 "1'vlelodia. Par a Cravo""(Retrato ..'Natural) ." .". ':6 "Cantata Vesperal" (Re-

    =trcito eN at ural),.7 "M'el otfia . Piar a -: Cr avo"(RetratoN atu ral i , . .8... "Inc1ina Ud, Perfil'." (Re-.t r a t o N ' a t u i a l - ) ; ' 'v.

    ) ") " ) ") ) ))))))) ')))))))))))))))))))) ) ) ) ) ) )

    . .

    .. :.. ~

    )

    28 CECI LIA, 'MEIl('EiJES'~! O B I ? ; ; : : p ' o ;:;[c]tItl&jjy~,l.;.c;ifI~'~;li' ' " ; , . 1 1 , ' ) ' 1 ' < c : } ' 1 1 Y > ( ; , ) : i J ' J l J : e ! f l ~ ~ + ; : ' ~ ~ j " ~ j C ' ~ ! 1 ~.~ ~ ~ ~ , ; ; ; ; ~ ~ "C ? : v e q , ~~:li:~~~~::~~~il f i ~ r n a ,k l ~ < l j ~ b . e ~ ~ : T > \ . ) ~ ;~~~~::t~(;!~.~.u:~~~~~:.' ~ . 3 ~ r . " ~ . " ' _ ., entend1mento. 1 dllstcHI1dndo as T10l1H,lS del C01l1T.lJ'1l-

    r\SSOCIA

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    72/93

    o rurrror de su as pcnas' ,era urn sussurr o de fOli'tes~' !',"br an cas em tar des rnor erra.s. ..9

    N'as a.ssociac oes a que se .pr est a a im agern v{sual,) dado gj'arnaticalrnente acessono, embora esse, doria poesia de Cecilia Meireles, rn ai s fr eqirente.s sao ' p o n t o de vista da cxpr essa o poetica, seja 0os conjuntos visuais-aud itivo s. N esteexem.plo .a irna-rI expressivo e, por tarito , 0 que, po r seu aspectogern visual clecorrecle' irnpr essao auditiva : rado, solicita urn correspo nde.nte 16gico:a voz .refrata-se nos r ios do ceu,c o m . o n i l a g u a p u r a s e r efra ta a r n a o .:'A r epr esentac.ao visual C'"'L-cfrai;_:ao")da irnpressao

    UJD. el.ernen to auclitivo'- 0 rurnor d as as as d a ...: auditiva ("canto") e, a 'urn tCITl.!:JOue 'plasti ca , di-pomba _ origina urn correspondente rnetafo rico do j: rianlica, pais Ira n a irn agerx sugesrao orid ul ator ia,rnesrno carripo sensorial. (suss~ll!ode .jOt~tes), 'q\':Le:~ O'scilante, favor ecid a pclos elernerrtos circunstanciaisse vi sua liz.a cr ornaticarn errte pela a.dje tiv acao (fon~; 1.1tilizados (agua p ur a; rios do ceu) - e.'emcnt6stes brancas); estabelcce-se entao UID coritr aste de Ilquidos,instciveis por ex.ce.lerici a. Mais do que. eri-irnageris visuais : [o ntes brahas .ern~tardes rnorerias . xutografisnio, revela 0efeito nervosa vibr aca.o, d.esdermageris visuais : o 1110tiVOi.nici al, geraclor --- a 111ao que se r efr ata

    fontes branc as em tardes rnoren as. na agua ' transpar erite - ao elem errto ger ado , detipo auditive '.-. voz ern rriod ulac ao var iavel --', oT'arn bern em: qual se visualiza (retorno, pois, ao campo gerador)... E e urn longo cometa valerido-se ainda d a figur acao (rios do ceu =aresa v.aer e a fra nj a.. da . sua '.voz.. , 10 .em movirn e.nto ," sopros que det errni narn a vari acao

    a irna gern yisualdecqrre de;,impr~ssaoauditiva; esta, d e timbre e intensidade d a voz )'.antes, de se.. cor por ific ar pr'e dicativarriente em meta- .:De certo modo, 0 pr ocedirn ento e sem elh ante aofora (Zanga cometa), ja se ccmfigurara' nurn a repre- destes versos:serit acao visual (aer ea [ranja.). , .De ~lueonda sai tu a voz ,,MCiSIpode a in1ag.en1,visual.. ser ponto 'd . e. .par tida '1... ' . ' d " 1 ~ 1ue amoa vem urm ca e tre rnu a,para as. ass o ci acfies. Em certo:passo de "A .Mcniria : I i . . - - corpo de crist aI,,Enfern1a" (ViClgem) tirn objeto nltid amerite delineaclo~t - co.racao de est re la . .. ? 11pr'ojet a-se na iInaginac;~o cio Ieitorp or.vmeio auditive : ' J .Aqui, a irn agern on da e concebic1a nao pr opr i-A ...rr...ao...dam.eni .'~.a e,.n.f.r.'.n..ta .:e.'..r.atou-.se .. f k u n . b e . m . : . '. .na ....ag.11.a .. u .r . a , .I........'.'erite em' campo visual, rn as tacti l (rno lez.a, rn a-como, outr as vezes, sua voz, riesses riosdo .ce.u... .,,'. ciez ) , l1elainluindo t arribe rn serisac oes de urnid ade.'"EnY que pese a simplicidacle

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    73/93

    (_Viagen1)', oride a fr a se, de or d cn ac a o dir et a, e mo- Ii[ j_ lrnni.[ -J ' io~ "'~ que (eve serllnPlCO e .TI-, ...no to na, obsid.iarrte :~y . eli , '1 ( . l ' )...I.. ; { < ~ , - _ . . ' . , onde u rn rnrs to au' itrvo vis u ai OUVltU 0 run no1-15. UITla agua clara que cai sabre pedr as escuras"" /. (I' .do) t / . (f rio ). . provoca sens aco es optica llnpl{; 0 e. enrllca, .. ':10e que, s o p elo .SOlD, deixa vel' como e fr ia, I 1 - 1 bit1 i : ' . t _ . , : . , _ ' . c u j a i r r e ali d a d e , s e d . e s p r enc e c a e x p r e s s a . o c L1. rtatrvaAl ern do contraste cr om ati co (jogo visual, por- 1(4 (que deve ser ... ). Do mesrno 1110do no poernatanto ) , desper tarn-se nesse s versos sens acoes audi- \ "Excursao", assirn cornecado:ti v a ,e termic a ; mas 0 ef ei to que procura e consegue Estou ven d o a qu Sle c a m in .h .ooPoeta n ao est a no mero acurrrulo de irnp resso es; "4 cheiroso cia ma dr ugad a :sim namodalidade de ex.pr es sao , Embora seja 'agua~" Reconstitui-se no carn po cla rnernoriauma sen-dardz 0 elern errto poet ico furid am ent al, a' irnpesso a- / 1 d 1l7 sac;:ao, visual, cuja fideJidade e testem un .iaoa pc aIidade do prirrieir o ver bo - haver - se sobr epo e " identificac;:ao de outr a, olfativa t carnirih o=ch ciro so i ,ern prirrc ipi o ,a quaiquer d.e not ac.ao de natureza sen- mas a dualic1ade do feriorne.no se decluz da coriti-501'i(;11, corrfer irrdo a o enunciado urnicar ater abstr a- rruac a.o dos versos, onde 0 que iriicialmerite par eciato. 0disc urso e rn ai s intelectual, di garno-lo assim, ocorrencia p re.serite (Estou vendo) se revelou re-que sensual, isto e, ex.pr essa antes um fato cons- trospeccao, fatolD.tekctual,e teve sua cir cuns tariciatatado pela int eli gericia , do que denunciado pelos temporal verd ade ira pro_jetada. 'rio pas.sado, pelo em-sent ido s, a.pesar de as idcia.s jque 0cornpfiern serem pre go das fonnas 'verb a is no i.rriperfeito :tod a s de origem sensorial: a gu a, claridade, pedras,escur eza; sorior i.dade, frialdade. A denotacao do fato(queda de agu a ) se faz .de modo evocativo, noplano d a rriern ori, mas se tr arispo e para 0 present(:,.(1-16., em vez de "1--Iavia7'). Deparamos assirn umcaso de vi sual iz.aca o , n ao de visa o , ern vir tud e de 0fato se co nfi gur ar fora d a ar e a dos sentidos; estes,entretanto, se irn pr ess iorrarn por fo rc a da evoc aca o,atualizadora do passado. De outro Iado, 0 erripre goabstr ato do, verbo v er (deixa vel' =permite supor ,p ensar ) co n tr ib ui para essa oscil ac ao de pl a nos in-telcct.ual .e sensive1. Ohserve-se firialmente..' que aestr utur a irnaginistica do segundo versoe .susterrtadaporrum.a falsa irnpr essao aud itiv a : visualizadoque eo objeto gerador' do som, ~:ste riao .pode serreal;el1tt~tanto r epr'esent a-se. na .irnagin~c;aodoPoeta .co- I :-. ; I to. 'verdadeiro,evocand,6 irnediatan1ente uma jrripr es ...~ . . ' . ' . 'aC ) ern zona sensorial diversa (fria.ldade) e ligando-Ai::predicativarnenteao objeto ,gerador; (agua clara) .t;

    ., ; \ \ \ 'I '\ \ '\ 'I , \ ) 1 ) , ) ) )

    pelos I11Uros, escor riarnflores moles da orvalh ada ;na cor do Cell, rrvuit.o fin a,v ia-s e a noite aca b e.du.o car ater obsedante da ievocucao e rnarcado pelamono tonia an af orica :Estou ven do aquel e caminho ...EstOLl peris a ndo na folhagem _..Est ou diantedaquela porta,._

    e frisado pe lo d ern oristr ativo sempre rriesrno (aquelec(lJninho. " _aq u.eles . p assos. " aq uela porta ... ),corno aleitura do po'ern a pe.rmite ver. r .E ainda do livro 'V'iag ern um a poesia ("Inverno",)que descobre clararncrite a te.nd.Sncia de Cecilia .Mei-fe.les par.ac~atalis~r-e1enlent?S se.nS?ric:i~:..e. ext1'ai.r.... I , . . . ." i ~ '. ..J.. ..dessa operac;ao. ef'eitos da ma ior expr esslVlciade.',Em::--'l",_b . 0., 1'.a. mais c.oncei.tual do que J?ossa pa.recera.', um. z .t .' ' .. " . . . . . . . .Ieitura desprevel1lda,' a p e.ca e el abor ada .cornvt al"'.magnifid~ncia, com tal se.nsua lisrno de elocucao, que" >

    ' ) ' > )))) )) ) )) ) )

    L~i:l~i;l~_ i r ;. i ; _ _ , ~ ~ . ~ ffu r - ; . . ' ~t1' ~ ~~-.,.. ~ " l i, ~, .. ~ . ~ "t t" l? ',,- ; - .J -ft "t~,v.. ;>,.~ -"! 9.,,!! -"P-> \ 1 ' " ~ ~ ~ ~ '~ , _ -.., ./i'6 ~ "" .~ v :. : : , , 1 ~ " {' fi c/ I . ~ "tJJv , {J lJ 1 ~ ,, _, tw ~ {)}II ~~'? '1t~ ' ' f ,~}~;_ t~:pt=~1i' {~t'1-:f.\~"" : : f ~ d i P..; l r "_~;1 "i'ri' ~1!I(: ~~~~fty~~( : :

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    74/93

    A prirn avera foi tao clara, , .' '.sinedoque: imp licit.a -- "vozes" >' "boca" -~ e ex- '\que se vrr arn .nova s estrel as, . plldtan:lente --- "boca" > "Labio s". Exeru.plo : 0versoe soararn no cr istal dos mares de "Par tid a", ell1 Vaga lkf{lsica: . "Iabios az uis de outras ' s ere ias. rn.eus olh os que pens 31Tl, rrre u l ab io que c.an ta?

    r; ,$omente ap'os essa oper aca.o --_. troca sucessiva do~' idributopela coisa e d a 'coisa pela parte -_.- p ode 0I'ioeta chegar a aliaric a que, erribor a msolit a, era ad-Crista] c l e Iisur a e tr ansp arericia em cujo interior . ...missive1 (coricrecao - 1 - cor incaracterl.stica) e apre-sepercebe 0 latej ar da vida, 0 poema exibe nos sei:ltava, sob aspecto de dado exclu sivarne nte visualversos transcritos 0 rn ai.or intricado de estr ias sen-;~ (labios ar.uis), 'urn composto auditive-visual ("vozessor iais. A.tentando no prime iro quar te to , vemos < ) : , i l ! azuis")/ - . I . . . . . .. ' ..:. . ..' Ai: . l' ib '1' 1 d d u ~xpressi vid.ade dos ele.men tos seris iveis rlecorr er de ~_ . r rruttd a assim a POSSI 1.lC a ea apncaca.o cr.o-urn a carg a ern oc io nal que se Iiberta de particul a matica, perdur ar ia sern erribar go no e.spir ito do .Iei-i.nteris iva (prirnavera tao clara.i e contagia as ora- \' tor aestranheza ante 0fato de c air nocarn.po de;

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    75/93

    " , . ' ( [ ) d ~ n ,bj!li\~h Chegamos por esse r a ciociriio a seguinte Ior mu- 0 ruralisDJ.o ellcarrilba-se pOl' profundos v iriculosl ~ i. iN i ' 1 '. '>"~ ! l l i : ! l l ; ac a.o do enurrei ado : pantelstlcoSo. .\~.'."'.'.,:.;';.',.!.fj",lit,J..." .' lin l'b Se c "Luar" (Viczoern) nos r ev e l a Una ,

    o . r soaraUl nos lllares crist.a . os a -ios azuis. 0 " bf . . .~ . l l ; ; f t , Dotu'T.na vec:ret"a'l, "'.r.)ro\.,lncia", no J)leSHIO Iivr o , J..e-f . , ; . r ! I U . " ~ ' ~ \ ( . Dai a desrn o nta gern do sutil m ec anisrno do dis- con~titui, 3.base da evocac;:ao, 0 vilarejo roceiro comt\ijll.. cursopoetico breve e 0 p r az.o, pois JOa nos darn os Loti d 'vida hu m 1r . ; . ; . : ~ l l ' . i l , . . . conta de que urn pr ocedirn ento ret6rico final _ a suas tint as nat ur ais e 0 anec OlCOt -a. 1.. c . 1 .r aria ;C t ! " ' ; ' " . i 1 i ' , . ' , ' . pinceladas de luz tr aduz.crn 0, en, 'L1SH1Srno co con-

    I( I b ip ala ge ,-- funciona COII'O fulcr o da s 1 ' gu r ac o es, I ' . " ~ I ~ : ; i l l \ l f consta';;tes neOSsoVaerarrrSlOSn:c.rl's.Lta.. d'os maT'es' "~"~ tacto cor~o~ ~ ~ ~ n : ~ ~ ~ l : l a ~ " ~ ~ ~ ~ ~ \ ~ d : r e n t eurora" < I l l 0 teee n a fina seda doarrozal..

    ..r . f . . 1 1 1 1 . : l t ; Iab ios azuis de outr as ser eias. aer eos desenhos de o rvalhol... :\.2J ; ~ ; i l l t A rec on duca.o dos v a lor es adjetivos aos r espe ctiv os \~. 'e convulsion:l-se a iabulac;ao, nela acendenclo-se; \ 1 ! l l , , { : subordinantes restabelece a 16gica do pensarnento , p.ejos de I:Jrocligio:U . ; ~ i ! j i 1 : ! ~ I ' Frente a do is atributos - ",cristalinos" e "azuis" -, ".. 6 v erd es sornb r as, cl ar idades v er des ,' f , : J IIH ! ! - pertencentes umcampoauditivo e outro 3.0 visual, ,. que esmer8Jclilssensiveis hei nutriclo,' . ' . f ' I I ; . ~ ' l l . t l . . nada m ais cabe seria o reint e.gra-Ios em suas 6rbitas :" pnra sabre 0 rneu cor acao verterdes. \ ' ~ i \ t "l5.bios "v ozes") cristalinos" e "rn ares azuis" " I ~ : Inirra depfimaveras' e de olvidos? l3O, . ' . , . ; " ' . ' I ! ( ; , ; ~ . !.. ! , \ , t r f l . . . Rcco mpoe-se desse .modo 0 esquema 16gico S - 1 - i\'; ',"Lel~l~branc;:a Rural" (Tjaga M.l:t.sica), ponto alto'. .~ i ] I r " " - S' -j-- A', que p errni tiu a Iu.pala ge S -~- A' - S' .:- do :biico1ismo, registai.lm procedlIuento singular dei : \ ; , i \ l h - f - - A, ou vsej a, "vozes cristalinas" - "mares az.uis ", .; apr~e.hsao 'd.a realiclade, que se r=. d a parte para. : ') '1 ' 1 ' \: re.tor icarn ente expr esso por 16bi05 ClZUlS - "luares.' 0ii'cielo:' Erases cur t as , r itrrio arrastado, const atac aoU i f f de crista]". . grad a ti va dana tur ez a earn pestr e

    ~ .. : . : ,i " : , .~ , . , . , , . , . ~ : : . > ~ ; . ' . ' I : ' ~ " ' I " ) ! " 1 1 ' . [ ' tCof,mplexiidadesf"de tal clt~~o reap ar ecern na segunda.. Chao verde e mole. Ch eiros de selvt8. Babas de lcdo.;, r estr ore, one e OS:1.0S ;:11..1" i.ti vo.s-v iu ais de: A encosta bar re nr a aceita 0 frio, toea n ua., 0 Car ros' de bois, fa las ao vento, hr acos, foices.I .o. mUSlcas Iirripid as,

    ' : ' , ' 11 t d d d Ad Os pass a r . i n hos b e b e r n U D eeLl pingos d e c ' h u v a ., ,/ I . r arican 0sons e our o e e se a ..., . . . :. , I . 1 , ; I /. , ' I I ' 1 1 e 1 . d d cl tri . d ' 'Atl'tucle sensual. visao f isi c a do rnu n d o ClfC.'un-; j J U ! ' r C]l, er er iarn ernora 0 estr mc arn erito , mais emo-.-'- .; ~ ! I ! r ado airid a se d ess a irna gern Yrltirn a -. "sons de se d a." dan te , que se co ntr apfie aatitude iritelectu al to m ad a" f ( , 1 1 - , 1)OS ade.n tr ar arn o s pelo campo da pe rcepciio tac~" e r n "Campo" (!vEal' .Absoluto e O'utro s Po emas i , 011-. i ~ [ l l til (voz lisa, branda e rn a.ci a como se d a , "voz se- d~ ums6pro ho r aciano de arn avel irivocacao pe1'-';\~II d.osa") .i.",pas,~ os versos longos, de va garosa c ad e nc ia :. . . ~ \ I ~ ! 1 ':.cVem vel' 0 d ia cr esce r entre oehao e 0 Ct~U,\ ' ~ ~ l ANATU.REZA 0 aroma clos verdes camp.os ir senclo orvalhona alta lu a.\ . . .m ~ . ~t 1 A vi sao da n atur eza I'S, ic a n ao e', n a po esra; d~e', ' " " . ' . : w ~ ; . 'M:i d C' l'J' S . ~ ,' f I ' i l l ' ~L '~ '12 ' . ell. ruga a no .aUI- ' urpresa .';' . . . .\ I I ' I , : . ' . \ - Cecilia Merr el.es, ap enas pormenorizada; tarribern p~~' ' . ~ 1 ~ 1 . ~ ~ P O "lvfarAbsoluto e 0"1-' Lu.to e Dutros)'1 rior a rnica. .Adern.ais da rn eticul id d . t " ' " t 0 Po las)li!.iHL' .1 l1.0S1 .a e na Inven Cj,-/L rs. ..'..err .~ '

    l.a1n-

    ') ) ') ') )) ))) )) )) } ) ) ) ) ) ) ) )))))))))))))) )

    Ao oLinlismo trradiante do contacLo a n.atu-'reza fisica, arno rosarnente apre eud ida, sl1cede,COnlC)ITl /CONS[DERAC-'AO

    ___ ~. --:'_ ,~.'~~ ,~ ~':j!r$""'?~'T~~tT:.'t~r ~~ ~ i i i A 1 . 't!~;1 ~~~-~~vf : J f j J1 t ii !- ~ ~ _ ' v . J t l J I36 CEClZl;ll\7jEj]c(l~LES.j ,OBRA POET1CA;~iNT. C;ER__!~ / rOESIADOo: bois deitaclos olh arn a frerrt.e e. a lange, atentarnente,til~lf>?~~~i~Jol~~ .. c~l~r~~.""?"..1~~~ . ~1~t~I~1.O.~~1~.~~~t~i.b.~f~.a~: i~ (Neste descanso imenso, quern te di a que viveste ern turnul: a, I ~ t iC hou ve urn, suspiro ern teu l{lbio, ou vaga l agr im a ern teus fl

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    76/93

    nao poderia d eixar de ser , a tomada ~le posic;ao''dainteligencia frente a realidade. ]'vlagnetlzaclo pela~e-Ieza do rrrun do, 0 esp ir it o indagador, co rno 0 1Je11O-tropO, ',descreve urna orbita. que segue 0 sol; r:~'1S,como obeliotropo,avanc;a lentanlente. parareglOescrepusculare-s, onde a periurnbra e sole-ira do des-conhecido.A corisider acao das co isa..s resulta ria coriscicn-cia de que a vida e urn Iluxo constante e 0 tempotudo .corroi; a constatacao da tr ansitor.ie.d ade emergecomo 0 v erme an te.cipad.or do podre que um diahade ser 0 apetecivel fr uto da vida. Dar que as, des-:cargas dos sentidos se sobreponha aindagac;ao, aanalise, a atitude inteli gente. .Do conflito entre a realidade que foge e a alrnaque aspira a preservci-la decorre 0 estado espiritualque atr aves do tempo .e. sob re rud.o no seculo XV~Icaracterizou 0 barroqulsmo, lastreando-se do senti-rn erito de rnelancolia ante a irnpossibiliciade de rna-rrutericao cbs coisas. A procur ar-se ria poesia .de .Cecilia lvfeireles a origern dos fi16es mais ricos, apon-tariamos ,segl.u:amente ria rnin a b arroc a. Mas ha que'distinguir.Se 0barroquisrno co.mpo rta.va 0desorbit arnen to, airistigac ao da sede jarn ais d.esal.ter ad a, a a nsi a de per-pe tuar 0 que, p or natureza, era p rec ario, tarriberncomportava a conte nsa.o , 0 esquivarnento a posse eao goz.o, por saber esre a fru.to acid o e as coisasvestirern cores erigarios as. Assirn, sofr endo arnbos domesmo mal, d ois espiritos irmao s e litigantes se Ie-varitarn no complexo do barro quismo rpara def'rontar, ,1 ' . r eal id ade : "urn; gong6rico, saberido-a .colorida ;epassageira, a cla se a tir a COlTl gozo enraivecido;pres,:,~"c..sente o n ad a que no bojo cte tud o v e s t a em gerrne e ..-;......" , r . : ' ; ' , . : - , ' .prefer e-a tan givel, deix ando cegar-sep~~la su'a,jl.1z;'antra, quevedesco, r ef'oge a exalt ac ao ; consider a. a ..realidad e ern sua .futur a a.pare ric ia polvorosa. e es-

    J ') ) ') ') ) ) } ) ) )

    [dedos? f,~'.]YrOIlCI am as ruas d eser tas e g,~ seus avid os habi tantes Iic ar a rn so te .rr ad.os p e l a s paix o es que os c o ns um iarn. ......................... - . - - - - -Em tua mao quieta pous arfio borboletas srlenciosas. ~:~ ~ , : ~ , : ~ ; : ~ ~ ~ : , ~ : ~ : :: ~ f ~ : ~ : e e : ~ ~ : : ~ l ; ~ : ~ ~ : f : : : ~ ~ f ; l ; n ~ ~ ' 1e 0 seu per furne te erivolvera como UTII largo ceu , I~~i;l~~'d '~ . i6~ [~ '~ (~~~a~l't~~~~:~~l:~S' . d~~~~;~~h~r'~.~6~ .1

    [blanco das gaI

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    77/93

    I ) I 1

    [)ela pocsi a de C?ecilia~eireles in~r::mIete-se o. veio ',~ licli:ld~ das corsas, a precariedacledo rnund.o , a ins-barroco de conteudo 1TIaJS melaricolico, ou seJ a, o. i f tabilidade da Lor turia, a" vaidade huruan.a, a in satis-Cl.ue::,eclesco. Isso?ant~c~12a a afir.nJ.agao. d~ que a o \ I . fa

  • 5/10/2018 Literatura Brasileira I - Lrica - UFES - APOSTILA (parte I)

    78/93

    ) ) ) ) )

    , 1 . ' , 1 m do terna era TeconbecJc1,unente rrioraliz.arite ; busc ava-a.u.so.rn.a.n o a c~pa ma~~quen l.~: ' 1 _ se, pela imagern. d a _ J 5 Jsa, Iernbr ar raos honle1.1s a cur-Da c ogi t a ~ 1 i c ~ ; ; : k : ; a l : ~=>: o s ri o s, 'i!.~ ~ e : ~ ~ ~ a , ; ; ~ a ' ji~~~I ~ t ~ ;~ e " ; ( ~i~~~'~'~S r ~ s ~ , 1~~~:~:

    M'ud arn-se os tempos, rn udarn-se as 'vontades, ~ e lT I ! v i a r A bs o lut o e ~Ou t r o s Po e r n a s , G \ ~-eflexao, so-il sorribr ia r eflcxao queveclesca: ~ bre chegar a conclusoes menos rnelancohcas, decorr eT'o do trd.s sf 10 lleva el, aii o breve, Ii naturalIll.ente de 'urn irnp ulso Ia.ud.at.orio. Belez.a ef~-

    a dar n ern sempre -resrgn ada, de saber-se 0hornern ~ : > . ~ . : . D1eraque seja , a rosa, errib o.ra surd.a rao can1iob e al.hei ap6da terr a e poeir a do terrip o ro -espeta~ulo do .Ia si rriesrna, eterniz.a-se no verso que a ce era,con-rrrurid o. . - 1 trastando conl. 0p rec ar io do r o sto que a. coritenipl a -,Na poesia de Ce cilia Meireles 0 tema e tr at a.do enela se refl ete (1,0, 2,0 e 3,0 "rrrot.ivos."}. Dasob d ifer crrtes aspectos, OI-a irriplica urn a adrn oes- considerac;:ao da flor , que rno rr e ern formas e vivetagao:' ,,' em perfume, tir a-se a Iicao que apr oveit a aos h'o-

    mens: ser e deixar de se r e sern pr e urn. modo devida; feitos perfume e Iernbr attc a, perduramos noque de n6s ,se perde, (4,0 "motivb"), S~ a cont~rn-pla ca.o , sendo arn or , nos toca de eterni da de ; so alernbr anc a r-esurrre e perpetua quanta se consorne(5.0 "rnoti vo") .Guarclando a leveza cla.ssica dos ep igr arrras, tais.cornposicoes r ec.erid ern a amcrio epi curisrrio , se. bernriel as procure antes 0 Poeta captar urn Ia mpejo debeleza, que usufr uir 0 espe.ta cu lo e as prendas doreal. 0luxuriante clos meios expr e.ssiv os, no qual seeoncertalD todos os sentidos, conjuga-se, adequada-mente a posi cao este tica assumida pelo artist a n.aespecul acao da r ealid ad e, corn 0 pendor reflexive.. Ess a dualidade de serisivel e coriceitual e fr e.qiie.nten a poesiade Cecilia Meir elcs. Continuo Iatejar , aeonsciencia da fugacidade na o apenas se torna m ol.a'b_-iestra do lirismo,' como, pOI' ansioso esforco deapr eensa o do Iugidio.: busca DO concreto as. amarr as; l -'dos fios imaginati-Vos. Dai pOI' vezes 0 en galanarnen-

    ,~-tddo discurso me~IDo nestafase1 de corisid eracao do ":..~.:mlJndo fisico ; dai a pr o cura de esteios.;It:1i : r a o eriurici ado po etico rrresrno q'uarid o

    Escuta 0 gal op e cert eir o: dos -diassaltando as rox as barrehas.da aurora; 21ora ex.pr irn e arrsi ed ad e :

    Apressa-te, arn o r , que arn arih a eu mor'r o: 22j{ l se tr ad uz po r m elarrcolic a ironia:

    Re16gios cer te iros :a no iv a " j a d.esc e ,e est a pr o nt.a :' a rn o r ta , _ . 23desg ar r a eJ11 d.eses p er ado arnar'gor :

    Qu.er o 'lim d ia para ch or ar.Mas a vida vai tao depress a!24ja se

    .Mcree da rrrul tipl icidad e de associaco es a 'que 0to'pico' se pr esta," coristelarn-s e ern torrio dele' rnoti-vos re to r ic o s .tr adi cio n ais; de -quea_";pec