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Literatura tradicional portuguesa Provérbios Contos tradicionais Adivinhas Fábula Lendas Lengalengas Trava-línguas

Literatura tradicional - CRA Valle de Valverdecravalledevalverde.centros.educa.jcyl.es/aula/archivos/repositorio... · Assim como vires o tempo de Santa Luzia ... qu em de mim bem

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Literatura

tradicional

portuguesa Provérbios

Contos tradicionais Adivinhas Fábula

Lendas Lengalengas Trava-línguas

Provérbios (Sentença moral ou conselho da sabedoria popular)

PROVÉRBIOS TEMÁTICOS AMIZADE A conselho amigo, não feches o postigo.

Amigo deligente é melhor que parente.

Amigo disfarçado, inimigo dobrado.

Amigo que não presta e faca que não corta: que se percam,

pouco importa.

Amigo verdadeiro vale mais do que dinheiro.

Amigo, vinho e azeite o mais antigo.

Amigos, amigos, negócios à parte.

Ao bom amigo, com teu pão e teu vinho.

Boa amizade, segundo parentesco.

Ao rico mil amigos se deparam, ao pobre seus irmãos o

desamparam.

Ao rico não devas e ao pobre não peças.

Ao rico não faltes, ao pobre não prometas.

Aquele que me tira do perigo, é meu amigo.

Em tempo de Figos, não há amigos.

Os amigos são para as ocasiões.

Queres um conselho, pede-o ao velho.

Quem seu amigo quiser conservar, com ele não há-de

negociar.

Quem te avisa, teu amigo é.

Quem tem amigos, não morre na cadeia.

AMOR Amor com amor se paga.

Amor de pais não há jamais.

Amor querido, amor batido.

Amores arrufados, amores dobrados.

As sopas e os amores, os primeiros são os melhores.

Não há amor como o primeiro.

Quem bem ama não esquece.

Quem tem amores, tem dores.

ANIMAIS A cavalo dado não se olha o dente.

A chuva e o frio, metem a Lebre a caminho.

A ave de rapina não canta.

A cadela, com pressa, pariu os cachorros cegos.

A galinha da vizinha é sempre melhor que a minha.

Antes quero asno que me leve, que cavalo que me derrube.

Às vezes não se respeita o burro, mas a argola a que ele está

amarrado.

Ave que canta demais não sabe fazer o ninho.

Ave só não faz ninho.

Albarda-se o burro à vontade do dono.

As cadelas apressadas parem cães tortos.

Boi luzidio nunca tem fastio.

Boi velho com os ossos lavra.

Burro com fome, cardos come; burro que geme, carga não

teme.

Burro velho não toma andadura; e se a toma, pouco dura.

Burro velho, mais vale matá-lo que ensiná-lo.

Burro velho, não aprende línguas.

Cão de raça não usa coleira.

Cão que ladra não morde.

Casa de pombo, casa de tombo.

Cabrito de um mês, queijo de três.

Cu de cão e nariz de gente, nunca está quente.

Cuidados e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém.

Cavalo amarrado também pasta.

Cavalo que voa não quer espora.

Gado de bico, nunca deixou ninguém rico.

Gaivotas em terra, temporal no mar.

Galinha cantadeira é pouco poedeira.

Galinha do mato não quer capoeira.

Galinha que canta, faca na garganta.

Galinhas de S. João, no Natal ovos dão.

Galo cantador é pouco galador.

Galo que acompanha pato morre afogado.

Chove, chove, galinha foge.

Depois do burro morto, cevada ao rabo.

Cada macaco no seu galho, cada maluco com a sua mania.

ÉPOCAS do ANO

A cada Bacorinho, vem seu S. Martinho (11/11).

A chuva de S. João, bebe o vinho e come o pão.

A nuvem passa, mas a chuva fica.

Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.

Ande por onde andar o Verão, há-de vir no S. João.

Assim como vires o tempo de Santa Luzia ao Natal, assim estará o ano mês a mês até final.

Até ao lavar dos cestos é vindima.

Até ao Natal um saltinho de pardal.

Até S. Pedro abre rego e fecha rego.

Até S. Pedro tem a vinha medo.

Atrás de mim virá, quem de mim bem dirá.

Azeite de cima, mel do fundo e vinho do meio.

Aí por Sant'ana, limpa a pragana.

Ano de nevão, ano de pão.

Ano de neve, paga o que deve.

Chuva de Ascensão dá palhinhas e pão.

Chuva de S. João (24/06) talha o vinho e não dá pão.

Chuva em Dia das Candeias (02/02), ano de ribeiras cheias.

Carnaval na eira, Páscoa à lareira.

Em dia de S. Matias (22/2), começam as enxertias.

Candelária (02/02) chovida, à candeia dá vida.

MESES DO ANO

JANEIRO

Comer laranjas em Janeiro é dar que fazer ao coveiro.

Em Janeiro saltinho de carneiro.

Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a chorar, se

vires nevar, põe-te a cantar.

Em Janeiro uma hora por inteiro e, quem bem olhar, hora e

meia há-de achar.

Em Janeiro, cada ovelha com seu cordeiro.

Em Janeiro, nem galgo lebreiro, nem açor perdigueiro.

Em Janeiro, seca a ovelha no fumeiro.

Em Janeiro, sete capelos e um sombreiro.

Em Janeiro, um porco ao sol e outro ao fumeiro.

Chuva em Janeiro e não frio, dá riqueza no estio.

Calças brancas em Janeiro, sinal de pouco dinheiro.

A Pescada de Janeiro, vale um carneiro.

Janeiro fora, cresce uma hora.

Janeiro geoso e Fevereiro chuvoso fazem o ano formoso.

Janeiro molhado, se não cria o pão, cria o gado.

Janeiro molhado, se não é bom para o pão, não é mau para o

gado.

Janeiro quente, traz o Diabo no ventre.

Pintainho de Janeiro, vai com a mãe ao poleiro.

Poda-me em Janeiro, empa-me em Março e verás o que te faço.

Quem em Janeiro lavrar, tem sete pães para o jantar.

Janeiro tem uma hora por inteiro.

Da flor de Janeiro, ninguém enche o celeiro.

Verdura de Janeiro, não vai a palheiro.

Vinho verde em Janeiro, é mortalha no telheiro.

Seda em Janeiro, ou fantasia ou falta de dinheiro.

Sapato branco em Janeiro é sinal de pouco dinheiro.

Se queres ser bom milheiro, faz o alqueire em Janeiro.

Se o sapo canta em Janeiro, guarda a palha no sendeiro.

Se queres ser bom alheiro, planta alhos em Janeiro.

FEVEREIRO

Em Fevereiro, chega-te ao lameiro.

Em Fevereiro, chuva; em Agosto, uva.

Fevereiro é dia, e logo é Santa Luzia.

Fevereiro enxuto, rói mais pão do que quantos ratos há no

mundo.

Fevereiro quente, traz o diabo no ventre.

Fevereiro recouveiro, afaz a perdiz ao poleiro.

Ao Fevereiro e ao rapaz, perdoa tudo quanto faz.

Aproveite Fevereiro quem folgou em Janeiro.

Água de Fevereiro, mata o Onzeneiro.

Neve em Fevereiro, presságio de mau celeiro. O tempo em Fevereiro enganou a Mãe ao soalheiro.

Pelo S. Matias (25/02) começam as enxertias.

Para parte de Fevereiro, guarda lenha de Quinteiro.

Quando não chove em Fevereiro, nem prados nem centeio.

Por S. Matias (22/02), noites iguais aos dias.

Se a Senhora das Candeias (02/02) rir, está o Inverno para vir.

MARÇO

Em Março, esperam-se as rocas e sacham-se as hortas.

Em Março, tanto durmo como faço.

Bodas em Março é ser madraço.

Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a

pedir.

Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um

maço. Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz. Podar em Março é ser madraço.

Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.

Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.

Quem em Março come sardinha, em Agosto lhe pica a

espinha.

Quem poda em Março, vindima no regaço. Temporã é a castanha que por Março arrebenta.

ABRIL

Em Abril águas mil.

Em Abril queima a velha o carro e o carril.

Em Abril cada pulga dá mil.

Em Abril lavra as altas, mesmo com água pelo machil.

Em Abril, vai onde deves ir, mas volta ao teu covil.

Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.

Abril, Abril está cheio o covil.

No princípio ou no fim, costuma Abril a ser ruim.

Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira,

anda todo o ano em canseira.

MAIO

Boa cepa, Maio a deita.

Em princípio de Maio, corre o lobo e o veado.

Em Maio queima-se a cereja ao borralho.

Em Maio, já a velha aquece o palácio.

Em Maio, nem à porta de casa saio.

Chovam trinta Maios e não chova em Junho.

As favas, Maio as dá, Maio as leva.

Quem em Maio não merenda, aos finados se encomenda.

Quem em Maio relva, não tem pão nem erva.

Quando Maio chegar, quem não arou tem de arar.

Uma água de Maio e três de Abril valem por mil.

Tantos dias de geada terá Maio, quantos de nevoeiro teve

Fevereiro.

JUNHO

Chuva de Junho, peçonha do mundo.

Junho calmoso, ano formoso.

Junho floreiro, paraíso verdadeiro.

Junho, dorme-se sobre o punho.

Junho, foice em punho.

Para Junho guarda um toco e uma pinha, e a velha que o dizia

guardados os tinha.

Dia de S. Barnabé (11/6), sega-se a palma do pé.

Nevoeiro de S. Pedro, põe em Julho o vinho a medo.

No S. João, a sardinha pinga no pão.

S. João (24/06) e S. Miguel (29/09) passados tanto manda o

amo como o criado.

Sol de Junho, madruga muito.

Tem o porco meão pelo S João (24/06).

JULHO

Água de Julho, no rio não faz barulho.

Julho quente, seco e ventoso, trabalha sem repouso.

Pelo Santiago (25/07), cada pinga vale um cruzado.

No dia de Santiago (25/07) pinta o bago.

No dia de Santiago (25/07) vai à vinha e prova o bago.

Quem em Julho ara e fia, Ouro cria.

AGOSTO

Em Agosto, antes vinagre do que mosto.

Em Agosto, nem vinho nem mosto.

Em Agosto, sardinhas e mosto.

Agosto tem a culpa, e Setembro leva a fruta.

Se queres o marido morto, dá-lhe couve em Agosto.

Quem não debulha em Agosto, debulha com mau rosto.

O mês de Agosto será gaiteiro, se for bonito o 1º de Janeiro.

No dia de S. Lourenço (10/08) vai à vinha e enche o lenço.

Por Santa Maria de Agosto repasta a vaca um pouco.

Quando chove em Agosto, não metas teu dinheiro em mosto.

Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno.

Sê em Agosto cuidadoso e aguilhoa o preguiçoso.

SETEMBRO

Em Setembro, ardem os montes, secam-se as fontes.

Nuvens em Setembro: chuva em Novembro e neve em

Dezembro.

Por S. Mateus faz conta das ovelhas que os borregos são teus.

S. Miguel (29/09) passado, todo o amo é mandado.

S. Miguel (29/09) soalheiro, enche o celeiro.

Tempo de Santa Luzia, cresce a noite, minga o dia.

Setembro, ou seca as fontes ou leva as pontes.

OUTUBRO

Em Outubro sê prudente: guarda pão, guarda semente.

Em Outubro, o fogo ao rubro.

Em Outubro, paga tudo.

Outubro meio chuvoso, torna o lavrador venturoso.

Outubro quente traz o diabo no ventre.

Outubro suão, negaças de Verão.

Quando Outubro for erveiro, Guarda para Março o palheiro.

Por S. Simão e S. Judas (28/10) colhidas são as uvas.

Simão (Outubro) favas no chão.

Se em Outubro te sentires gelado, lembra-te do gado.

NOVEMBRO

Em Novembro, prova o vinho e planta o cebolinho.

Cava fundo em Novembro para plantares em Janeiro.

No dia de S. Martinho (11/11) vai à adega e prova o vinho.

No dia de S. Martinho (11/11), mata o teu porco e prova o teu

vinho.

No dia de S. Martinho (11/11): lume, castanhas e vinho.

Pelo S. Martinho (11/11) todo o mosto é bom vinho.

Pelo S. Martinho, deixa a água pró moinho.

Quem bebe no S. Martinho (11/11), faz de velho e de menino.

Queres pasmar o teu vizinho? Lavra e esterca p'lo S. Martinho.

Se o Inverno não erra caminho, têmo-lo pelo S. Martinho.

Tudo em Novembro guardado; em casa ou arrecadado.

DEZEMBRO

Em Dezembro, treme de frio cada membro.

Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.

Dezembro frio, calor no estilo.

Dia de S. Silvestre (31/12), quem tem carne que lhe preste.

ÁGUA

Água detida é má para a bebida.

Água e vento são meio sustento.

Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura.

Águas da Ascensão, das palhas fazem Grão.

Águas passadas não movem moinhos.

Águas verdadeiras, por S. Mateus as primeiras.

Água detida é má para a bebida.

A quem Deus quer dar vida, a água da fonte é mezinha.

A quem é de vida a água lhe é medicina.

Água e vento são meio sustento.

Água fervida alimenta a vida.

Água fria sarna cria; água quente nem a são nem a doente.

Água que não soa não é boa.

Água quente saúde para o ventre.

Águas paradas, cautela com elas.

Ao doente forte a água é medicina.

FAMÍLIA

Filho de burro não pode ser cavalo.

Filho de peixe sabe nadar.

Filho és pai serás, assim como fizeres assim acharás.

Filho que pais amarguram, jamais conte com ventura.

Filho sem dor, mãe sem amor.

Filhos criados, trabalhos dobrados.

Filhos das minhas filhas, meus netos são; filhos dos meus filhos serão ou não.

Pai rico, filho nobre, neto pobre.

Pais galegos, filhos barões, netos ladrões.

Pais impertinentes fazem filhos desobedientes.

Quem tem filhos tem cadilhos.

RELIGIÃO

Fia-te na Virgem e não corras e logo vês o trambolhão que levas.

A Morte abre a porta da Fama e fecha a da Inveja.

Ao Diabo e à mulher nunca falta que fazer.

Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo.

Dá Deus nozes a quem não tem dentes.

Fala-se no diabo e aparece-lhe o rabo.

Cada um por si, Deus por todos.

PALAVRAS

A palavra é de prata e o silêncio é de ouro.

A apressada pergunta, vagarosa resposta.

A boca do ambicioso só se fecha com terra da sepultura.

A ignorância e o vento são do maior atrevimento.

A pedra e a palavra, não se recolhe depois de deitada.

As palavras são como as cerejas, vêm umas atrás das outras.

As palavras voam, a escrita fica.

A vozes loucas, orelhas moucas.

As obras falam, as palavras calam.

Da discussão nasce a luz.

Palavra de Rei, não volta atrás.

Palavras de mel, coração de fel.

Palavras, leva-as o vento.

HÁBITOS ALIMENTARES /

SOCIAIS

A boda e a baptizado não vás sem ser convidado.

Barriga cheia, companhia desfeita.

Almoço cedo, faz carne e sebo; almoço tarde, nem sebo nem carne.

Bocado comido não faz amigo.

Boda molhada, boda abençoada.

Anda quente, come pouco, bebe assaz e viverás.

Aquilo que sabe bem ou é pecado ou faz mal.

Come como são e bebe como doente.

Come para viver, pois não vives para comer.

Come que a hora de comer é a da fome.

Das grandes ceias estão as covas cheias.

De fome ninguém morreu, mas sim de muito que comeu.

Gota é mal de rico; cura-se fechando o bico.

Mais cura a dieta que a lanceta.

Moças, quem vos deu tão ruins dentes? Água fria e castanhas quentes.

Morre o peixe pela boca.

Não comas cru, nem andes com o pé nu.

Por cima de comer nem um escrito ler.

Ter mais olhos que barriga.

A carne de um ano e o peixe de dez.

A laranja de manhã é ouro, à tarde prata e à noite mata.

Azeite de oliva todo o mal tira.

Carne de ontem, peixe de hoje, vinho do outro verão fazem o homem são.

Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a doente.

Comer verdura e deitar má ventura.

Comer pinhões antes de chover dá sezões.

Dia de São Silvestre, não comas bacalhau que é peste.

Livre-te de fruta mal sazonada que é peste disfarçada.

O coelho e a perdiz, uma mão na boca e outra no nariz.

Pão durázio, caldo de uvas, salada de carne e deixa a medicina.

Peixe não puxa carroça.

Pela boca morre o peixe.

Porco fresco e vinho novo, cristão morto.

Um copo de vinho por dia mantém o médico à distância.

Uvas, pão e melão é sustento de nutrição.

Come pouco e bebe pouco, e dormirás como um louco.

Comer e coçar, o mal é começar.

Comida fina em copos grossos faz mal aos ossos.

Com papas e bolos se enganam os tolos.

Com teu amo não jogues as peras, porque ele come as maduras e deixa-te as verdes.

Haja saúde e dinheiro para vinho. Isso é birra: quem toma tabaco espirra. Tabaco e aguardente transformam os sãos em doentes. Vinho, mulheres e tabaco põem o homem fraco.

Vinho sobre melancia faz pneumonia. Andar, ventura até à sepultura. Espírito são em corpo são. O corpo não deita raízes.

A fome é a melhor cozinheira.

A fome é boa mostarda.

A fome é o melhor tempero.

A fome faz sair o lobo do mato.

A barriga não tem fiador.

A cada boca uma sopa.

A melhor Cozinheira é a azeiteira.

AMBIENTE / LAR / HABITAÇÃO

A velho, muda-lhe o ar e vê-lo-ás acabar.

Casa onde não entra o sol entra o médico.

Onde entra o sol não entra o médico.

Come caldo, vive em alto, anda quente, viverás longamente.

Dia frio e dia quente fazem andar o homem doente.

Livra-te dos ares, que eu te livrarei dos males.

Tarde fria, dia quente, põem um homem doente.

Casa sem luz, tumba de vivos.

Deus te dê saúde e gozo e casa com quintal e poço

Na casa se vê quem tem maleitas.

Quem quiser medrar viva perto de serra ou perto do mar.

Se a tua casa é húmida abre conta na botica.

HIGIENE / SAÚDE

Mijar claro - dar uma figa ao médico. O rabo sempre cheira ao que larga. Pés quentes, cabeça fria, boa urina - merda para a medicina. Quem bem urina escusa medicina. Quem grande peido dá do cu se atreve. Se queres que o teu filho engorde e cresça, lava-lhe o corpo e rapa-lhe a cabeça. Tripa cheia nem foge nem peleja.

Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

Coração alegre é melhor que botica.

Mais vale prevenir que remediar.

Melhor é curar gafeira que casa inteira.

Nem com cada mal ao médico, nem com cada dúvida ao letrado.

O homem velho é médico de si.

Para longa vida regra e medida no beber e na comida.

Pés quentes, cabeça fria, coração bom, ventre desembaraçado e desprezar medicina.

Pés quentes, cabeça fria, cu aberto, boa urina - merda para a medicina.

Só se sabe o que é a saúde quando se está doente.

Vale mais uma onça de cautela que uma arroba de botica.

Vive o pastor com a sua rudeza e morre o físico que a física reza.

De longos sonos e grandes ceias estão as sepulturas cheias

Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer.

Levanta-te às seis, almoça-te às dez, jantarás às seis, deita-te às dez: viverás dez vezes dez.

O braço quer peito e a perna quer leito

Quatro horas dorme um santo, cinco o que não é santo, seis o estudante, sete o caminhante,

oito o porco e nove o morto

Se queres enfermar, ceia e vai-te deitar.

Se queres enfermar, lava a cabeça e vai-te deitar.

DINHEIRO

Dinheiro compra pão, mas não compra gratidão. Dinheiro e santidade, a metade da metade.

Dinheiro emprestado, anda mal parado.

Dinheiro emprestaste, inimigo criaste.

Dinheiro esquecido, nem é pago nem agradecido.

Dinheiro não traz felicidade.

A quem do seu foi mau despenseiro, não fies o teu dinheiro.

Mais vale a saúde que o dinheiro.

Não há dinheiro que pague a saúde.

TRABALHO

Bendita a ferramenta que pesa mas alimenta.

Dá ofício ao vilão, conhecê-lo-ão.

Deus ajuda a quem trabalha, que é o capital que menos falha.

Há mais aprendizes que mestres.

Mais vale bom administrador do que bom trabalhador.

Mais vale um bom mandador que um bom trabalhador.

Mão de mestre não suja ferramenta.

Mãos de oficial, envoltas em sandal.

O boi pega no arado mas não por seu grado.

O trabalho dá saúde.

O trabalho não mata ninguém.

Para homem dado ao trabalho não há dia grande.

Quando o mestre canta boa vai a obra.

Quem ao moinho vai enfarinhado sai.

Quem não tem ofício não tem benefício.

Quem não trabuca não manduca.

Quem sabe de luta, luta; e quem não sabe, labuta.

Trabalho de menino é pouco, quem não o aproveita é louco.

Trabalho é meio de vida e não de morte.

Se o trabalho dá saúde que trabalhem os doentes.

Sete ofícios, catorze desgraças.

Trabalhar é bom pró preto.

Trabalhar para aquecer, é melhor morrer de frio.

MAIS VALE…

Mais vale prevenir, que remediar.

Mais vale burro vivo do que sábio morto.

Mais vale cair em graça, do que ser engraçado.

Mais vale cão vivo, que leão morto.

Mais vale inveja que pena.

Mais vale ir, do que mandar.

Mais vale lavrar o nosso ao longe do que o alheio ao perto.

Mais vale pão duro, que figo maduro.

Mais vale penhor na arca, do que fiador na praça.

Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto.

Mais vale prudência que ciência.

Mais vale quem Deus ajuda do que quem muito madruga.

Mais vale recusar com graça, do que dar com grosseria.

Mais vale só, que mal acompanhado.

Mais vale tarde do que nunca.

Mais vale um cavalo com uma cela, do que três celas sem cavalo.

Mais vale um farto, que dois famintos.

Mais vale um gosto na vida, que três reis na algibeira.

Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar.

Mais vale um que saiba mandar, do que cem a trabalhar.

Mais vale um sim tardio do que um não vazio.

Mais vale um toma do que dois te darei.

Mais vale um vizinho à mão, do que ao longe o nosso irmão.

Adivinhas ENIGMA que consiste num jogo de

palavras, com vista a encontrar uma solução.

Ainda antes de a mãe nascer, já anda o filho a correr. A chama e o fumo

Alto está, alto mora, ninguém o vê, todos o adoram. Deus

Altos castelos, lindas janelas, abrem e fecham, ninguém mora

nelas.

Olhos

Ando para trás e para frente, quase sempre a passar, muitas

vezes com o rabo quente, mas nada quer queimar.

Ferro de engomar

Aproveitam e desperdiçam tudo o que vão fazer, pois os dedos

pêlos olhos, todos lhe querem meter.

Tesoura

Branca como a neve, preta como a paz, fala e não tem boca.

Ainda não tem pés.

Carta

Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco, mas um

dá sessenta passos, enquanto o outro dá cinco.

Ponteiros do

relógio

É bom para se comer, mas não se come assado nem cru, nem

cozinhado, o que é?

Prato

É muito bom para o pequeno almoço e também para o lanche se

queres crescer muito também o beber ao deitar.

Leite

É uma caixinha, de bem querer, não há carpinteiro, que a saiba

fazer?

Noz

É uma senhora muito esbelta, que com finos véus se aperta,

quem tiver que desapertar, muitas lágrimas há-de chorar.

Cebola

É usado lá na China, mas que não fosse, não quebrava a sua sina,

de aparecer em loiça fina, com coreia e muito doce.

Arroz

Em si a lua se espelha e o sol reflecte também, quando a gente se

aproxima olhando-a nos vemos bem.

Água

É varinha de condão, que ao tocar numa caixinha, faz luz na

escuridão.

Fósforo

Eu tenho, princípio e fim, mas também é verdade, que muito

embora completa, eu fico sempre metade.

Meia

Eu trabalho noite e dia, se me derem de comer, nos dentes quero

água, e na boca de comer.

Moinho

Faça sol ou faça frio, ele tem sempre onde morar, veio do mundo

senhorio, mas como o pai e o tio não pode a casa alugar.

Caracol

Faço os olhos bonitos e os coelhos são doidos por mim, cresço de

pé e sirvo para pratos sem fim.

Cenoura

Foi feita para impedir, também para deixar passar, meu dono

pode-me abrir que esse nunca vai roubar.

Porta

Não sou bonita, mas tenho cabeleira, a minha cabeça é de pau, e

sou das limpas estimada.

Escova

Não sou bonito por trás, mas sou bonito pela frente, pois estou

sempre a mudar, porque imito muita gente.

Espelho

Não tem pernas mesmo assim, não tem braços e onde mexe,

deixa tudo num sarilho.

Vento

O pescador à pesca diz: mar; o carneiro no monte diz: me; o

caçador à caça diz: lá; e o pobre à porta diz: dá.

Marmelada

O que é que é que vem do monte, dá voltas à casa, e arruma-se a

um cantinho.

Vassoura

O que é que fazem todos ao mesmo tempo: velhos, novos e

crianças?

Envelhecer

O que é, que é que quanto mais rota está, menos buracos tem? Rede

O que é, que é, que nasce grande e morre pequeno? Lápis

Ó que lindos amores eu tenho, ó que lindos, ó que ingratos,

andam por dentro das botas e por fora dos sapatos.

Tornozelos

O seu sabor é muito azedo e a casca amarela, se o quiseres saber

tens de lhe juntar açúcar.

Limão

Pai alto, mãe redonda, filhos pretos, netos brancos. Pinheiro, pinha, pinhão

Pelo muito bem que faço não posso ser dispensada, se persisto

aborreço, se falto sou desejada.

Chuva

Pequeninas e verdinhas encontram-se escondidas dentro de uma

casca muito comprida.

Ervilhas

Pode ser bom companheiro, e também um bom amigo, conta-me

a lição que der e trás guardado consigo.

Livro

Qual é a coisa, qual é ela, comprida como uma estrada, mas cose

em mão fechada?

Novelo de linhas

Qual é a coisa, qual é ela, que anda léguas e léguas com um

pedaço de carne na boca?

Sapato

Qual é a coisa, qual é ela, que é vermelha, avermelhada e

caminha bem no mato e não caminha na estrada?

Fogo

Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais alta está, melhor se

lhe chega?

Água do poço

Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais cresce, menos se vê? Noite

Qual é a coisa, qual é ela, que quanto mais se olha, menos se vê? Sol

Qual é a coisa, qual é ela, que se faz para andar e não anda? Estrada

Qual é coisa, qual é ela, mal chega a casa está logo à janela? Botão

Qual é coisa, qual é ela, que entra pela porta e sai pela janela? O vento

Qual é o bicho, qual é, sem osso nem espinha? Minhoca

Que cidade portuguesa é "olfacto de cão”? Faro

Que é que é, tem um palmo de pescoço, tem barriga e não tem osso?

Garrafa

Que é que é, uma caixinha redondinha bem feita, para rebolar, todos a podem abrir, ninguém a pode fechar?

Ovo

Que é, que é, que cai e fica em pé? Gato

Que é, que é, que quanto mais quente está, mais fresco é? Pão

Que é, que é, que se parece com a pessoa, mas ela não é? Fotografia

Que é, que é, que tem um dente e chama por toda a gente? Sino

Sai da sala e vai para a cozinha. Abanando o rabo como uma

bailarina.

Vassoura

Sempre quietas, sempre agitadas, dormindo de dia, de noite

acordadas.

Estrelas

Somos duas irmãs gémeas, despidas ou enfeitadas, nunca nos podemos ver e nunca andamos zangados.

Orelhas

Semente preta, em terra mimosa, onde poisa deixa uma rosa. Pulga

Só a faz quem já a tem, pois quem não a tem não a faz, se a tem pode não fazer, se a fizer, já não a faz.

Barba

Somos mais de mil irmãos, negrinhas como carvão, mas não

viemos de África, nem lá temos geração.

Formigas

Somos três irmãos diferentes, nenhum de nós bebe ou come, no

entanto é nossa missão dar de comer a quem tem fome.

Colher, garfo e

faca

Sou adorado por todos, porque a todos faço bem, sirvo também de relógio, aos que relógios não têm.

Sol

Sou branco como a neve, doce, como mel, se me puseres no leite, saberá muito melhor.

Açúcar

Sou gigante e gigantão, tenho doze filhos no meu coração, de cada filho trinta netos, metade brancos, metade pretos.

Ano, meses, dias, noites

Sou mais vasto do que o mar e ninguém me pode ver, todo o mundo é meu luar, sem mim não podes viver.

Ar

Sou pintada por fora, sou pintada por dentro, tenho olhos para ver e uma boca para abrir, transparente é o meu sangue todo o ano

uso chapéu, e de noite posso ficar iluminada, adivinha quem sou?

Casa

Sou redondo e sou de leite, sou de vaca, de cabra ou de ovelha, uns gostam muito de mim, mas há outros nem do cheiro.

Queijo

Sou vermelho, muito vermelho, quando ficas corado, dizem que estás um...?

Tomate

Tanto o rico como o pobre me hão-de ter, tenho dentes e não como, mas ajudo a comer.

Garfo

Tenho dentes e não como e p’ra comer eu fui feito, lido sempre com comida, mas comer…não vejo jeito.

Garfo

Tenho camisa e casaco, sem remendo, nem buraco, estoiro como um foguete, se alguém no lume me mete.

Castanha

Tenho olhos e não vejo, tenho boca e não falo, ando e não tenho

pernas.

Rua

Tenho olhos mas não vejo, mesa debaixo da terra. Podes comer-me assada, frita ou cozida.

Batatas

Tenho uma casa com doze damas, cada uma tem três quartos,

todas elas têm meias e nenhuma tem sapatos.

Horas

Uma senhorinha, muito assenhorada, nunca sai de casa, está

sempre molhada.

Língua

Lengalengas Texto lúdico de extensão variável,

geralmente rimado, facilitando assim a memorização.

A casa do João

Aqui está a casa

que fez o João.

Aqui está o saco do grão e feijão

que estava na casa

que fez o João.

Aqui está o rato

que furou o saco de grão e feijão

que estava na casa

que fez o João.

Aqui está o gato

que comeu o rato

que furou o saco de grão e feijão

que estava na casa

que fez o João.

Aqui está o cão

que mordeu o gato

que comeu o rato

que furou o saco de grão e feijão

que estava na casa

que fez o João.

Glin-glin

Glin-glin, que tens ao lume?

Glin-glin, tenho papas.

Glin-glin, dá-me delas.

Glin-glin, não tenho sal.

Glin-glin, manda-o buscar.

Glin-glin, não tenho por quem.

Glin-glin, por João Branco.

Glin-glin, não pode, está manco.

Glin-glin, quem o mancou?

Glin-glin, foi um pau.

Glin-glin, que é do pau?

Glin-glin, o lume o queimou.

Glin-glin, que é do lume?

Glin-glin, a água o apagou.

Glin-glin, que é da água?

Glin-glin, o boi a bebeu.

Glin-glin, que é do boi?

Glin-glin, foi moer o trigo.

Glin-glin, que é do trigo?

Glin-glin, a galinha o comeu.

Glin-glin, que é da galinha?

Glin-glin, foi pôr ovos.

Glin-glin, que é dos ovos?

Glin-glin, o frade os comeu.

Glin-glin, que é do frade?

Glin-glin, foi dizer missa.

Glin-glin, que é da missa?

Glin-glin, já está dita.

Glin-glin, que é da campainha?

Glin-glin, está aqui! Está aqui!

Sola sapato

Sola, sapato,

Rei, rainha

Foi ao mar

Buscar sardinha

Para a mulher

do juiz

Que está presa

Pelo nariz;

Salta a pulga

Na balança

Que vai ter

Até à França,

Os cavalos

A correr

As meninas

A aprender,

Qual será

A mais bonita

Que se vai

Esconder?

As Vogais

Vem lá o A Menina gordinha

Redondinha Ao pé

Que vem o E Que vivo que é!

Depois o I E ri

Com o seu chapelinho No caminho

De pópó, vem o O E gira na mó

Por fim vem o U No seu comboio A fazer U-u-u-u

Lengalenga dos dedos

Pequenino

seu vizinho

pai de todos

fura bolos

e mata piolhos.

Este diz: quero pão

este diz: que não há

este diz: que Deus dará

este diz: que furtará

este diz: alto lá!

A criada lá de cima

É feita de papelão,

Quando vai fazer a cama

Diz assim ao patrão:

Sete e sete são catorze,

Com mais sete vinte e um,

Tenho sete namorados

E não gosto de nenhum

1,2,3

1,2,3 Acerta o passo Inês

Damos meia volta Damos outra vez

Damos outra vez Ó menina Carlota

1,2,3 Damos todos meia volta

Arre burrinho

Arre burrinho

Sardinha assada

Com pão e vinho

Arre burrinho

De Nazaré

Uns a cavalo

Outros a pé

Arre burrinho

Para Azeitão

Que os outros

Já lá vão

Carregadinhos

De feijão

Bichinha gata

Bichinha gata Que comeste tu? Sopinhas de leite

Onde as guardaste? Debaixo da arca

Com que as tapaste? Com o rabo do gato Sape, sape, sape!

O que está…

O que está na varanda? Uma fita de ganga. O que está na janela? Uma fita amarela. O que está no poço? Uma casca de tremoço. O que está na pia? Uma casca de melancia. O que está na chaminé? Um gato a coçar o pé. O que está na rua? Uma espada nua. O que está atrás da porta? Uma velha morta. O que está no ninho? Um passarinho. Dá-lhe bolachas e deixa-o quentinho.

(Pesquisa realizada por diferentes alunos.)