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1 III ENCONTRO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS DO AMAPÁ AMAPÁ EM DESENVOLVIMENTO LIVRO DE RESUMOS 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2014 Campus Universitário Marco Zero do Equador Rod. Juscelino Kubitschek, KM-02 - Jardim Marco Zero CEP 68.903-419 - Macapá - AP - Brasil

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III ENCONTRO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS DO AMAPÁ AMAPÁ EM DESENVOLVIMENTO

LIVRO DE RESUMOS 11 A 14 DE NOVEMBRO DE 2014

Campus Universitário Marco Zero do Equador

Rod. Juscelino Kubitschek, KM-02 - Jardim Marco Zero – CEP 68.903-419 - Macapá - AP - Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ Profa. Dra. Eliane Superti

Reitora

Profa. Dra. Adelma das Neves Nunes Barros Vice-reitora

Prof. Ms. Marcos Paulo Torres Pereira

Pro-reitor de Graduação

Prof. Dr. Marco Antonio Augusto Chagas Diretor de Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Profa. Ms. Alzira Marques Oliveira

Coordenadora do Curso de Ciências Ambientais

Profa. Ms. Regina Celis Ferreira Coordenadora do evento

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá

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Sumário APRESENTAÇÃO.................................................................................................................. 5

COMITÊ CIENTÍFICO ............................................................................................................ 6

APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS EM HORTALIÇAS POR AGRICULTORES DE MONTE DOURADO, PARÁ ................................................................................................................. 7

CONDIÇÕES SANITÁRIAS DO PORTO DE SANTANA: PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................................... 12

VARIAÇÃO ESPACIAL-SAZONAL DE PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOSDA ÁGUA (COLIFORMES TOTAIS E FECAIS - Escherichia coli) NO RIO JARI-AP ............................. 17

PROPOSTA EXPERIMENTAL DE MISTURAS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SOLOS DE MACAPÁ-AP. .................................................................................................... 23

CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE EFLUENTES DE ESGOTOS SANITÁRIOS PARA FINS DE TRATAMENTO ................................................... 26

A COMPONENTE DRENANAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SANEAMENTO BÁSICO: MAPEAMENTO DE ÁREAS DE ALAGAMENTO UTILIZANDO TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO .................................................................................................... 31

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DA AMAZÔNIA LEGAL E SUAS PERSPECTIVAS DE IMPLEMENTAÇÃO NO ESTADO DO AMAPÁ ................................... 36

ESTUDO DA QUALIDADE AMBIENTAL DAS ÁREAS DE RESSACA DE MACAPÁ ............ 41

TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO – PROCESSO DE FILTRAÇÃO NA COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO AMAPÁ ................................................................ 48

TRATAMENTO DE LIXIVIADOS NO ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ . 53

ESTUDO SOBRE O DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO DE RESIDÊNCIAS LOCALIZADAS EM COMUNIDADES RURAIS ........................................... 59

USO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PARA FINS MEDICINAIS EM LARANJAL DO JARI, AMAPÁ ................................................................................................................................ 64

ASPECTOS AMBIENTAIS DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM LARANJAL DO JARI, AMAPÁ ................................................................................................................ 70

MESOFAUNA EDÁFICA EM SISTEMA ILP E ILPF NO CERRADO DO AMAPÁ ................. 75

O CONHECIMENTO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PARQUE NACIONAL MONTANHAS DO TUMUCUMAQUE E SUA BIODIVERSIDADE ...... 80

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FORMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP ............................................................................................................................................ 83

USO DA BIOMASSA NA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: A PARTIR DA UTILIZAÇÃO GÁS DO LIXO (GDL) DE ATERRO SANITÁRIO .................................................................. 88

O IMPACTO DA EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA NA SEGURANÇA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA .......................................................................................................................... 94

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS CAUSADOS POR MUDANÇAS DOS PADRÕES MORFOLÓGICOS E FLUVIAIS NO BAIXO ARAGUARI-AP ................................................ 97

CARACTERIZAÇÃO DE VENTO PARA A CIDADE DE MACAPÁ-AP NO PERÍODO DE 2008-2013 ......................................................................................................................... 104

O FENÔMENO DA HIDROCORIA NA PERSPECTIVA DA HIDRODINÂMICA EM RIO DE VÁRZEA DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO ............................................................................. 107

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGIA DA ÁGUA POTÁVEL EM SANTANA-AP .................................................................................................................... 114

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APRESENTAÇÃO

Até bem recentemente, o principal slogan reivindicado pelo Amapá, no contexto nacional e mundial, era o de ser o Estado mais preservado do Brasil. O fato de possuir 73% de seu território constituído por unidades de conservação e terras indígenas demonstrava ser o seu mais importante diferencial quando comparado aos demais Estados integrantes da federação. A irrisória participação do Estado no PIB nacional se justificava aparentemente em função de sua propalada vocação ecológica. A mineração, a produção de cavaco de eucalipto, as polpas de frutas e outras pequenas atividades produtivas representam os principais itens da pauta de exportações amapaense.

O pagamento pela prestação de serviços ambientais, o aproveitamento sustentável da biodiversidade e o ecoturismo apresentam-se com possibilidades de desenvolvimento econômico dentro da configuração fundiária estadual, que se caracteriza majoritariamente pelo elevado percentual de áreas protegidas.

Contudo, em pouco tempo, o Estado passou a despontar em função de outras potencialidades de relativa importância para o conjunto da economia nacional e mundial.

1) O avanço do cultivo de soja no cerrado amapaense estimulado pelo interesse de grandes grupos empresariais. A área plantada de grãos passou de 2,4 mil para 10 mil hectares entre os anos de 2012 e 2013 e, a produção de grãos passou de 7,6 mil toneladas para 25 mil toneladas no mesmo período, segundo o jornal Valor Econômico (14.04.2014).

2) O porto de Santana passou à condição de entreposto comercial de considerável importância para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste brasileiro, notadamente a soja do Estado de Mato Grosso.

3) A realização da 11ª Rodada de Licitações de Petróleo e Gás, na qual o consórcio formado pela Total E&P (40%), Petrobras (30%) e BP (30%) arrematou o bloco Foz do Amazonas Marítimo 57 (FZA-M-57), pagando R$ 345,9 milhões – o maior bônus pago por um único bloco na história dos leilões, de acordo com informações da ANP.

4) O Governo do Estado Amapá divulgou no mês de maio deste ano, a decisão de investir na criação de uma Zona de Processamento de Exportação - ZPE, com a finalidade de aproveitar a rota de escoamento de produtos para exportação. A efetivação de mais um Regime Aduaneiro Especial no Amapá contribuirá também, em grande medida, para a verticalização de cadeias produtivas locais.

O desenvolvimento dessas atividades modificará profundamente o perfil econômico do Estado, assim como também sua configuração social e ambiental. Concomitante ao recorrente debate sobre Áreas Protegidas no Amapá, passamos a discutir exploração de petróleo e gás, o plantio de soja, o escoamento da produção de grãos, e outras atividades produtivas e comerciais advindas da expansão do agronegócio.

Outros segmentos econômicos também podem ser incluídos no dinamismo da nova conjuntura, como é o caso da expansão do setor da construção civil. A construção de três Usinas Hidrelétricas no Estado, a execução do Programa Minha Casa Minha Vida do governo federal, e a proliferação de projetos de Condomínios Habitacionais, principalmente às margens das rodovias JK e Duca Serra, entre os municípios de Macapá e Santana indicam o cenário atual.

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O III Encontro de Ciências Ambientais do Amapá (III ECAAP) promoveu o I Colóquio de Ciências Ambientais do Amapá, que permitiu a professores e alunos de diversas instituições de ensino do Amapá de divulgarem resumos expandidos de seus trabalhos dentro de 6 áreas temáticas: Desenvolvimento local; Desenvolvimento econômico e Impactos ambientais; Instrumentos de Gestão, Saneamento e políticas ambientais; Desenvolvimento econômico, sustentabilidade, vulnerabilidade e sociedade; Políticas públicas, meio ambiente e desenvolvimento; Educação, sociedade e meio ambiente

Este livro de resumos traz os trabalhos apresentados no I Colóquio que, em conjunto com o III ECAAP, cumpriram o objetivo de provocar a discussão sobre a nova dinâmica econômica do Amapá, entendendo que o desenvolvimento das forças produtivas representa uma oportunidade objetiva para o fortalecimento de nosso reduzido sistema econômico, mas que precisam ser conduzidos com o necessário compromisso socioambiental.

COMITÊ CIENTÍFICO Prof. Dr. Alan Cavalcanti da Cunha Profa.Msc. Alzira Marques Oliveira Prof. Msc. Charles Chelala Prof. Dr. Marcelo José de Oliveira Profa. Msc. Elizandra Matos Cardoso Prof. Msc. Eldo Silva dos Santos Prof. Msc. Herondino dos Santos Filho Prof. Dr. José Julio Toledo Profa. MSc. Regina Célis Martins Ferreira

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APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS EM HORTALIÇAS POR AGRICULTORES DE MONTE DOURADO, PARÁ

Thiago José Carvalho Moreira (Bolsista PIBICJr/CNPq/IFAP, Curso técnico em Meio Ambiente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari); Vinícius Batista Campos (Prof. DSc.,

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari) [email protected]

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo identificar a forma e os efeitos do uso de agrotóxicos pelos produtores de hortaliças do distrito de Monte Dourado, município de Almeirim, Pará, para verificar as técnicas de manuseio e aplicação dos agrotóxicos, as formas de descartes das embalagens vazias e analisar a maneira de aquisição dos agrotóxicos. Aplicou-se um questionário aos produtores. Os resultados demonstraram que o uso indiscriminado de agrotóxicos nesta localidade coloca em risco toda uma população que reside no entorno dos locais de cultivo, dos trabalhadores que manipulam estes produtos e sua família, além do prenúncio de acidentes ambientais e contaminação do alimento produzido. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS Atualmente considera-se a era da globalização, onde a alta tecnologia científica e próspera em diversos setores se afronta com a falta de alimentos no mundo. Na busca de soluções rápidas e de controle ao ataque de pragas e doenças da agricultura, o uso de agrotóxicos ainda é o método mais utilizado devido ao resultado imediato das aplicações, principalmente em hortaliças, além das circunstâncias práticas e econômicas. Apesar de todas as vantagens que o controle químico possa ter, quando temos acesso às informações de danos causados ao ser humano e ao meio ambiente, pode-se questionar se a forma e o conteúdo da aplicação de agrotóxicos e pesticidas estão sendo feitos de forma correta. Existem dados estatísticos de casos de morte, sequelas e doenças causadas por intoxicações, embora em muitos casos, também exista a falta de cuidado e segurança nas aplicações e ignorância daqueles que direta ou indiretamente estão envolvidos com o comércio e uso desses produtos. A ausência de cuidado no preparo das caldas é danosa tanto ao homem quanto ao meio ambiente. Normalmente as caldas são preparadas próximas às fontes de captação de águas como fontes, rios, nascentes, poços e lagos e como as concentrações dos produtos químicos são muito altas, podem ocorrer respingos e escorrimentos que atingem o operador, as máquinas, o solo e o sistema hídrico. A contaminação acaba atingindo também aqueles que não são alvo da aplicação, mas todos aqueles que necessitam da água e do solo para sua sobrevivência. Para que a segurança do homem, dos seres vivos e do meio ambiente seja preservada, existem normas que regulamentam o uso e os cuidados no manuseio de agrotóxicos. O produtor deverá sempre tomar nota do dia da aplicação do agrotóxico e o dia da comercialização das hortaliças, conhecido por tempo de carência, evitando que sejam enviados para o mercado alimentos contaminados com a presença de agrotóxicos. A comercialização de hortaliças com resíduos acima do limite tolerado pelo Ministério da Saúde poderá ocorrer na apreensão e destruição do produto, além de aplicação de multa e processo (BASF, 2012). De acordo com Waichman (2008), a situação de analfabetismo ou baixa escolaridade predominante entre os agricultores, fato significativo na região Norte, torna as informações contidas nas etiquetas dos agrotóxicos difíceis de serem entendidas. Além disso, fatores como a falta de utilização dos EPIs, de treinamento, de conhecimento dos perigos dos pesticidas durante sua manipulação e de desrespeito aos prazos de carência apontados por Waichman et al. (2003), tem contribuído para uso incorreto de agrotóxicos expondo os agricultores, consumidores e o ambiente ao envenenamento.

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O manejo de agrotóxicos, principalmente na produção de hortaliças por ser a maior destinação desses produtos, realizados em meio à falta de orientações, mas condicionados a um modo particular de uso, tem levado à ampliação de riscos de contaminação seja do agricultor, seja dos consumidores e dos recursos hídricos (Almeida, 2006). Nesse sentido, objetivou avaliar o uso de agrotóxicos na produção de hortaliças no distrito de Monte Dourado, Almeirim, Pará. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada entre Agosto de 2013 e Janeiro de 2014, no distrito de Monte Dourado, município de Almeirim, Pará (Figura 1), com produtores de hortaliças, os quais abastecem o município de Laranjal do Jari – AP, com os referidos produtos. O estudo realizou uma abordagem qualitativa, caracterizado pela investigação de fenômenos na sua condição natural. Conforme Minayo (2007), a abordagem qualitativa atua no campo da subjetividade e do simbolismo e considera comportamento dos sujeitos, as relações entre ele e as ações humanas como portadores de significado, permitindo assim uma compreensão contextual de fenômenos de natureza social.

Figura 1. Localização do município de Almeirim, destacando o distrito de Monte Dourado.

Extraído de Amorim et al. (2010).

Foram utilizados como estratégia para seleção dos produtores os critérios estabelecidos a seguir: 1) estabelecimento dedicado à produção de hortaliças; 2) uso de agrotóxicos no processo produtivo; 3) comercialização de produtos junto ao comércio local e regional de alimentos. A partir desse passo, foram selecionados, aleatoriamente, totalizando seis produtores estudados. Os dados foram obtidos em visitas in loco. Após o agendamento com os produtores rurais, foram informados o tema e os aspectos éticos da pesquisa, sendo que o consentimento verbal dos entrevistados é um requisito para realização da pesquisa. A opção pelo aceite verbal, ao invés de escrito, está associada à possibilidade de rejeição, por possuir assinatura e nome do produtor. Foram aplicados questionários semiestruturados, adaptado de Waichman (2008) e Lima et al. (2011), contendo 38 questões divididas em três partes. Na primeira parte estão sendo arguidos sobre o perfil do entrevistado e utilização dos agrotóxicos; em seguida, a forma de

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descarte de embalagens vazias e, por fim, sobre possíveis contaminações vinculadas ao uso de agrotóxicos. A entrevista foi realizada de forma espontânea, utilizando-se de uma linguagem acessível, visando um momento descontraído, permitindo assim que aspectos subjetivos da pesquisa contextualizem a realidade. Foram fornecidas duas cópias, uma para o entrevistador e uma para o entrevistado. Além das entrevistas foi realizado, em todas as propriedades visitadas, o uso de imagens fotográficas e observações nas áreas cultivadas. As informações referentes à classificação toxicológica, no tocante a uso recomendado, classe, ingrediente ativo, grupo químico e periculosidade ambiental, foram obtidas segundo Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários – AGROFIT, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 1998) e ao Sistema de Informações de Agrotóxicos – SIA (ANVISA, 2009). Os dados coletados vêm sendo tabulados e analisados pelo método estatístico descritivo. RESULTADOS/DISCUSSÃO Em relação à escolaridade, 67% dos entrevistados possuíam o ensino fundamental incompleto, 17% o ensino fundamental completo e apenas 16% ensino médio completo. Em termos proporcionais, estudos indicam que no meio rural o índice de analfabetismo é bastante elevado no Brasil, atingindo cerca de 30 % da população da zona rural (RAMOS et al., 2004). Essa realidade compromete, principalmente nos casos deficitários de assistência técnica, a interpretação das informações contidas nas embalagens de agrotóxicos, interferindo negativamente no manuseio. Do total de entrevistados, apenas 17% realizavam a leitura dos dados disponibilizados nos rótulos dos agrotóxicos, enquanto apenas 83% não utilizavam dessa prática para aplicar esses agroquímicos. Além disso, os significados das tarjas de agrotóxicos, também é uma preocupação tanto a saúde do aplicador quanto para os problemas ambientais provenientes do uso inadequado. Dos entrevistados, 33,3% relataram compreendê-las, entretanto, cerca de 67% não sabem diferenciar os significados das tarjas por suas cores. A falta de entendimento do significado das faixas foi observada também por Castelo Branco (2003), o qual observou que 23% dos agricultores de uma área rural do Distrito Federal, não compreendiam o significado da faixa vermelha dos rótulos, bem como, desconheciam os termos ingrediente ativo ou grupo químico. Waichman et al. (2007), ao entrevistarem pequenos agricultores do estado do Amazonas, contataram que os mesmos não foram capazes de distinguir a toxicidade dos agrotóxicos pelo sistema de codificação de cores. A aplicação de agrotóxicos é tarefa realizada por metade dos horticultores entrevistados no final da tarde, entre 16 e 18 horas, no entanto vale ressaltar que a outra metade disseram não ter uma hora certa para realizar tal atividade, demonstrando uma falta de orientação e treinamento no correto manuseio desses produtos. Dos pesticidas utilizados, todos os entrevistados utilizam inseticidas (100%), 50% usam fungicidas e apenas 16,67% dispõe de herbicidas para controle de plantas indesejáveis (Figura 2). Para aqueles que não combatem as plantas invasoras quimicamente, foi registrado o uso de enxada como controle. Durante a escolha do agrotóxico utilizado nas hortaliças, a maioria dos produtores (67%) optam pela eficiência do produto, 17% pelo conjunto preço + eficiência + toxicidade e 16% priorizam o preço e a eficiência (Figura 3). Segundo Lima et al. (2011), durante a escolha do agrotóxico, no momento da compra, 64,0% dos produtores de hortaliças de Roraima consideram como mais importante o aspecto eficiência no controle da praga, estando o fator toxicidade do produto (segurança) numa categoria secundária. Tal fato pode ser explicado pelo desconhecimento da maioria dos produtores (53,33%), do significado das cores das tarjas nas embalagens dos agrotóxicos.

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Figura 2. Tipos de agrotóxicos usados pelos horticultores entrevistados.

Figura 3. Critério(s) de escolha no momento da aquisição dos agrotóxicos pelos horticultores

entrevistados. No tocante a equipamento de proteção individual (EPI), cerca de 67% dos entrevistados tem conhecimento acerca dos EPI’s e, desses, nenhum utilizam de forma completa. Separadamente foi mencionado o uso de luvas, botas, máscaras e chapéu. Delgado e Paumgartten (2004) ao entrevistarem 52 agricultores do município de Paty do Alferes, Rio de Janeiro, verificaram que 92% dos entrevistados não faziam uso EPIs durante a preparação e aplicação das caldas. Os motivos citados pelos autores foram semelhantes aos verificados no presente estudo, destacando-se calor e desconforto. Quanto aos aspectos relacionados ao descarte das embalagens vazias dos agrotóxicos, foi verificado que apenas 16,67% dos entrevistados dão o destino adequado a essas. Todavia, àqueles que procedem de maneira incorreta, a maioria queima (50%), juntam ao lixo doméstico (33,3%), enterram (16,67%) e ainda usam como recipiente (16,67%) (Figura 4). Esses dados são justificados pelo fato de apenas 16,67% relataram receber orientação no ato da compra.

Figura 4. Formas de descarte de embalagens vazias de agrotóxicos pelos horticultores entrevistados. De acordo com Moreira et al. (1996), um dos problemas mais sérios da utilização dos agrotóxicos nas culturas é o destino das embalagens vazias. Tais autores observaram

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completo descaso entre tomaticultores da região agrícola de Viçosa, onde 60,0% das embalagens eram deixadas no campo e as sobras de produtos, tanto nos frascos originais quanto nos tanques dos pulverizadores, não eram adequadamente descartadas. Melo et al. (2012) também relataram que as embalagens desses produtos quando não são descartadas de modo adequado acarreta sérios danos ambientais, bem como à saúde dos produtores e dos consumidores. CONCLUSÕES O uso indiscriminado de agrotóxicos nesta localidade coloca em risco toda uma população que reside no entorno dos locais de cultivo, dos trabalhadores que manipulam estes produtos e sua família, além do prenúncio de acidentes ambientais e contaminação do alimento produzido. Os agricultores de Monte Dourado reconheceram a possibilidade de intoxicação após o uso inadequado de agrotóxicos no campo e seu impacto no meio ambiente. Porém, eles nem sempre transformam seus conhecimentos e suas experiências pessoais em atitudes e práticas mais seguras, como o uso adequado de EPI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. Elementos para pensar a transição agroambiental: as lógicas da mudança técnica na agricultura familiar. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n.14, p.33-45, 2006. AMORIM, P.; MORGADO, R.; VIOLATO, A.N.; BITTENCOURT, P.; LENTINI, M.; PALMIERI, R. Diagnóstico econômico-ambiental no município de Almeirim, Pará. Instituto Floresta Tropical. Fundação Floresta Tropical; Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), 132p. 2010. ANVISA. Sistema de Informações sobre Agrotóxico – SIA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA, Instituto Brasileiro de Meio-Ambiente-IBAMA, MAPA-MS. 2009. Disponível em: <http:www.4.anvisa.gov.br/AGROSIA>. Acesso em: 18 set.2013. BASF. Manual do uso correto de produtos fitossanitários. Disponível em: www.agro.basf.com.br/UI_pdf/Piblicacoes/usocorretobasf.pdf. Acesso em 30 de novembro de 2012. CASTELO BRANCO, M. Avaliação do conhecimento do rótulo dos inseticidas por agricultores em uma área agrícola do Distrito Federal. Horticultura Brasileira, v. 21, n.03, p. 570-573, 2003. DELGADO, I. F.; PAUMGARTTEN, F. J. R. Intoxicações e usos de pesticidas por agricultores do Município de Paty do Alferes, Rio de Janeiro, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 180-185, 2004. LIMA, A.C.S.; SOUZA, C.Z.F.; OLIVEIRA, A.H.C.; ALVES, J.M.A.; CORREIRA, R.G. Diagnóstico fitossanitário e de práticas associadas ao uso de agrotóxicos nas hortas em ambiente protegido em Boa Vista – Roraima. Revista Agro@mbiente, v. 5, n. 2, p.124-133, 2011. MAPA. Agrofit - Uso adequado de agrotóxico. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. DAS/DDIV/CFA 001/98. FAEAB. CD-ROM. 1998. MELO K. C.; SOUSA, R. E. M.; ANASTASSIOY, C. A.; GÓES, K. O. C.; SILVA, A. A.. Análise socioeconômica e ambiental dos produtores familiares do município de Juína/MT e suas dificuldades. In: ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, 21. Anais…, Uberlândia, 2012. MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec/Abasco, 2007. RAMOS, M.N.; MOREIRA, T.M.; SANTOS, C.A. Referências para uma política nacional de educação do campo: caderno de subsídios. Brasília: MEC, GTPEC, 2004. WAICHMAN, A. V. Uma proposta de avaliação integrada de risco do uso de agrotóxicos no estado do Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v. 38, n. 01, p. 45-50, 2008. WAICHMAN, A. V.; RÖMBKE, J.; NINA, N. C. S. Agrotóxicos: elemento novo na Amazônia. Ciência Hoje, v. 32, n. 190, p. 70-73, 2003.

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CONDIÇÕES SANITÁRIAS DO PORTO DE SANTANA: PROPOSTA DE ADEQUAÇÃO AMBIENTAL

Ranielly Coutinho Barbosa (Acadêmica, Curso de Bacharelado em Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Professor Dr., Curso de Bacharelado em Ciências Ambientais, Universidade

Federal do Amapá). [email protected]

RESUMO O saneamento ambiental quando aplicado corretamente se apresenta como relevante método de manutenção da qualidade e salubridade ambiental. E deve ser aplicado em diversas atividades humanas, como a atividade portuária e toda a área que envolve as imediações de um porto. As diversas problemáticas ambientais que podem ser ocasionadas pela ausência de medidas de gestão ambiental que visem não só a qualidade ambiental, mas também a qualidade de vida das populações que residem nas proximidades podem trazer prejuízos econômicos, sociais e ambientais. O Porto de Santana, localizado no estado do Amapá, é um quadro da ausência de medidas de gestão ambiental, com graves problemas relacionados à deficiência em Saneamento Ambiental. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS O fator ambiental em uma área portuária é de alta relevância, mas por vezes este é deixado de lado. As atividades que ocorrem em um porto podem ocasionar graves impactos ambientais, seja pela realização inadequada, seja pela falta de fiscalização dos setores responsáveis, ou ainda pela ausência de medidas de gestão ambiental dentro desta área, que propiciaria uma adequação da atividade portuária a qualidade dos recursos naturais, dos quais essas atividades fazem uso direta ou indiretamente. Em municípios onde se localizam portos, o planejamento de usos do seu território e recursos não é uma tarefa nada fácil. As chamadas áreas portuárias enfrentam por um lado, as pressões de âmbito local, como invasões de áreas de preservação ambiental, déficit crescente na infraestrutura, principalmente de saneamento básico e habitação, desemprego e subemprego, entre outras. Por outro lado, enfrentam pressões político-econômicas da esfera estadual e federal induzidas pelos macroprojetos de desenvolvimento (OLIVEIRA et al., 2013). Os portos de reconhecimento nacional, como o Porto de Santos, por exemplo, recebe importante aporte de recursos por parte do governo federal o que pode auxiliar na adequação destes as necessidades pertinentes a questão ambiental. No entanto, portos de caráter mais regional/local, que nestas esferas apresentam forte influência, por vezes devido a seu menor papel na economia nacional não possuem um significativo aporte de recursos oriundo do governo federal. Com isso, é comum que estes portos não estejam de acordo com as normas ambientais vigentes e necessárias para que suas atividades possam ser executadas de forma eficiente sem graves prejuízos ao meio ambiente e a comunidade que se localiza nas proximidades da área portuária. Com base no exposto, este relatório toma como referencia a área portuária do Porto de Santana, segundo munícipio mais populoso do estado do Amapá, em estado de quase conurbação com a capital do estado, Macapá. Este Porto é considerado o mais importante do estado, com atraques de navios, ponto de embarque/desembarque de passageiros de barcos rumo ao interior do estado vizinho, Pará, e até mesmo fluxo de carga de minérios extraídos do interior do estado e exportados para outros países. Em área próxima ao Porto de Santana, se localizam assentamentos irregulares, esta comunidade denominada Baixada do Ambrósio. De acordo com (ROBACHER, 2013). o trecho de terras inundáveis, conhecido como Baixada do Ambrósio, em Santana, no Amapá, é um assentamento espontâneo com cerca de 800 domicílios, em uma área de aproximadamente 112.000m² às margens do rio Amazonas. A ocupação irregular desta área próxima ao Porto, por uma população caracterizada como de baixa renda e geralmente migrantes de outras cidades, apresenta graves problemas sociais e de saúde, além do ambiental. Ainda segundo ROBACHER (2013), na Baixada do

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Ambrósio aparecem dois agravantes no modo de vida adotado: a marginalidade e a falta de saneamento básico. Assim, as residências em palafitas não contam com sistema algum de saneamento básico, e os resíduos são liberados diretamente no solo inundado, poluindo a área. A situação só não é pior devido ao rio Amazonas que, por sofrer influência diária de maré, “varre” o solo captando os resíduos. Portanto este relatório visa a apresentação das principais problemáticas do saneamento ambiental encontradas no Porto de Santana e a proposta de medidas que deveriam estar sendo efetivadas pela prefeitura e setores competentes, para adequar as atividades do porto à qualidade ambiental e de vida para os moradores locais. Isto baseado em outras experiências já realizadas em outros portos brasileiros e seguindo a legislação referente. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado através de pesquisa em bibliografia especializada, de estudos de casos em outros portos brasileiros, onde a questão da gestão ambiental foi adotada. Foi realizada visita à campo na área portuária de Santana visando identificar os principais problemas envolvendo o saneamento ambiental na área. Também foi realizada a pesquisa em Legislação referente ao setor portuário e todos os demais onde são afetados direta ou indiretamente por este. RESULTADOS/DISCUSSÃO A área portuária de Santana enfrenta graves problemas devido à ausência de medidas de saneamento ambiental. Um agravante é a infraestrutura do porto, bastante antiga, que já enfrentou problemas de desabamento e assoreações. Até mesmo o atraque de barcos é prejudicado por sua infraestrutura deficitária, sem uma adequada área de recepção para o atraque de barcos e navios (Figura 1).

Figura 1. Estrutura do Porto de Santana. Ao longo de todo o porto a presença de grande número de ocupações irregulares, não somente com residências, mas também de pequenos comércios, tendas de vendas de diferentes artigos, de pessoas de baixa renda que buscam se aproveitar da proximidade com o porto para obter renda. No entanto, estas “vendas” contribuem na deposição inadequada de resíduos sólidos, ocasionando o aumento da degradação sanitária da área, atraindo a presença de animais característicos de áreas com problemas com deposição inadequada de resíduos sólidos, como urubus (Foto 2).

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Figura 2. Comércios nas proximidades do porto e presença de urubus. A presença de atividades no Porto de Santana relacionadas a minérios, como o carregamento de navios com produtos de extração mineral, agravam a questão ambiental na área portuária de Santana, com o risco de contaminação tanto da água, como do solo, devendo este fato ser mais um dos alvos da gestão ambiental que necessita ser aplicada na área, visando o desempenho das atividades regulares do porto em conformidade com parâmetros de qualidade de saneamento ambiental e qualidade de vida da população local (Figura 3).

Figura 3. Necessidade de obras de manutenção no porto, estrutura degradada e antiga. As atividades relacionadas ao porto, como deslocamento de barcos, navios, despejo de água de lastro, dragagens de canais, obras de manutenção, devem ser realizadas de acordo com padrões e normas ambientais. Em referência a isto, existem as Agendas Ambientais Portuárias, que se constitui em um documento que estabelece as diretrizes e orientações para adequação desse Subsetor às conformidades ambientais e sua inserção no âmbito do Gerenciamento Costeiro (ANTRA, 2011). Segundo a Agencia Nacional de Transportes Aquaviários, dentre os principais objetivos de uma Agenda Ambiental Portuária estão: promover o controle ambiental da atividade portuária; implantar unidades de gerenciamento ambiental nos portos organizados e regulamentar os procedimentos da operação portuária, adequando-os aos padrões ambientais. Dentro do primeiro objetivo – promover o controle ambiental da atividade portuária estão identificar os impactos, identificar responsabilidades e formas de atuação e controle (preventivo e corretivo), e promover a atividade portuária em conformidade com o estabelecido na legislação ambiental. E neste objetivo estão as linhas de ação: realizar o inventário de portos e instalações portuárias existentes; regulamentar o licenciamento ambiental dos portos e instalações portuárias e implementar o licenciamento ambiental de toda atividade e/ou empreendimento portuário (ANTRA, 2011). Ainda se tem a Agenda Ambiental local que visa um caráter que contemple as particularidades de cada região, envolvendo os principais atores que compõem interesses no meio ambiente portuário. Estes atores são: governos estadual e municipal; agentes reguladores e fiscalizadores; agentes regulados, como prestadores de serviços; comunidades portuárias e outras comunidades locais. Podem ocorrer conflitos ambientais em áreas portuárias, estes podem surgir dos impactos diretos e indiretos nos recursos naturais provenientes das atividades do porto, surgindo a necessidade de interação com instituições e grupos de entorno. Um exemplo é o uso da área de canais por onde trafegam navios, também para outros fins e utilizados por outros atores, como para pesca e para turismo. Diferenças de significados e percepções dos conjuntos naturais e construídos estão na base dos conflitos socioambientais, aqui entendidos como disputas entre grupos humanos que utilizam de formas distintas os recursos do ambiente (Barragán Muñoz, 1995; Little, 2001). A política ambiental para os portos pouco se utiliza e estimula medidas de negociação entre as partes em casos de conflitos ambientais.

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A adoção de medidas de gestão ambiental em portos pode vir a auxiliar também no setor econômico. A observância de requisitos ambientais leva a usar menor quantidade de recursos, evitar desperdícios, enfim, traz uma série de desdobramentos que são também aumentos de eficiência econômica (Porter e Van der Linde, 1999). Isto se concretiza na busca pela ecoeficiência (produzir mais consumindo menos) - neste caso, reduzindo a demanda por serviços ambientais, pela retirada de materiais, água, energia da natureza, e também por meio de redução na geração de resíduos a serem assimilados pelo ambiente (Almeida, 2002; Barbieri, 2004). Outro fator que pode ocasionar sérios problemas ambientais é o processo de dragagem (tem a função de retirar obstáculos para a passagem de embarcações ou para atracação das mesmas) e a disposição do material em outros locais, contribuem grandemente para a deterioração dos ambientes estuarino e marinho adjacente, pela ressuspensão de partículas e contaminantes na coluna de água. Quando isso ocorre em ambiente oxidante, o problema é agravado pela solubilização de diversos metais pesados, comprometendo os organismos aquáticos e o pescado (SILVA; FIGUEIREDO, 2002). Sendo necessário o controle químico ou de eventuais contaminações advindas do processo de dragagem e de disposição dos sedimentos em outros locais, por parte do setor de saneamento e pela companhia gestora do porto. Uma problemática que envolve a disposição do material da drenagem em outros locais é devido este material estar contaminado. Neste caso a contaminação do ambiente nas proximidades do porto pode ser ocasionado pelos barcos e navios que nele transitam, como também pelos aglomerado urbanos localizados em seu entorno. Esses contaminantes tendem a se acumular nos sedimentos e na biota, podendo atingir níveis que comprometem a saúde pública e a sobrevivência das espécies. (IN SILVA; FIGUEIREDO, 2002). Diante de todo o exposto, para se colocar em prática todos os procedimentos necessários para uma adequação ambiental das atividade portuárias, deve-se seguir as regulamentações impostas pela Legislação Brasileira, dentre estas estão: as Resoluções do Conselho Nacional do Meio ambiente (CONAMA); a Política nacional de Meio Ambiente (PNMA); Lei 8.630/1993 – Lei de Modernização dos Portos Lei dos Portos); Lei 9.433/1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos; Lei 9.966/2000 – Lei do Óleo; etc. CONCLUSÕES Os portos são importantes portais de escoamento da produção de uma região, principalmente na Região Amazônica, onde os rios representam uma das principais fontes de acesso a determinadas localidades. O porto de Santana, mesmo aparentemente pouco importante, na verdade é o principal porto do Estado do Amapá, propiciando o escoamento para exportação de importantes ativos para a economia do estado como o minério e também sendo a principal porta de entrada e saída de pessoas, visto que este estado não tem ligação terrestre com outros estados e a viagem em barcos, ainda se configura como a principal opção para uma população em sua maioria de baixa renda. Diante da relevância do Porto de Santana dentro do cenário econômico e social do Estado do Amapá, este porto possui graves problemas relacionados a ausência de saneamento ambiental, ocasionando impactos ambientais tanto para o ecossistema, quanto para a comunidade local. Portanto recomenda-se efetivar medidas de gestão ambiental que visem sanar os problemas ambientais derivados das atividades portuárias, com a adoção de várias orientações já utilizadas em outros portos brasileiros, dentre estas está a Agenda Ambiental Portuária, e para a consolidação desta gestão e manutenção o mais apropriado é a implantação das normas da série ISSO 14000. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS, Agendas Ambientais Portuárias. Série Cartilhas Ambientais Portuárias. Brasília – DF, 2011.

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Almeida, 2002; Barbieri, 2004 In.; CUNHA, I. A. Fronteiras da gestão: os conflitos ambientais das atividades portuárias. RAP Rio de Janeiro 40(6) :1019-40, Nov. /Dez. 2006. CUNHA, I. A. Fronteiras da gestão: os conflitos ambientais das atividades portuárias. RAP Rio de Janeiro 40(6) :1019-40, Nov. /Dez. 2006. OLIVEIRA, D. S.; DOMINGUES, M. V. D. R.; ASMUS, M. L.; ABDALLAH, P. R. Expansão Portuária, Desenvolvimento Municipal e Alterações Ambientais no Brasil: Desafios para a gestão costeira. Revista da Gestão Costeira Integrada 13(1):79-87 (2013) Journal of Integrated Coastal Zone Management 13(1):79-87 (2013) Porter e Van der Linde, 1999 In.; CUNHA, I. A. Fronteiras da gestão: os conflitos ambientais das atividades portuárias. RAP Rio de Janeiro 40(6) :1019-40, Nov. /Dez. 2006. ROBACHER, L. A. Requalificação urbana e ambiental na área habitacional da zona portuária Baixada do Ambrósio, Santana, Amapá. Inc. Soc., Brasília, DF, v. 6 n. 2, p.32-41, jan./jun. 2013 SILVA, O. R.; FIGUEIREDO, P. J. M. Considerações Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Portuária: uma análise da interface porto-estuário. REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA • V. 11, Nº 20 – pp. 99-104, 2002.

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VARIAÇÃO ESPACIAL-SAZONAL DE PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOSDA ÁGUA (COLIFORMES TOTAIS E FECAIS - Escherichia coli) NO RIO JARI-AP

Carlos Henrique Medeiros de Abreu (Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical,

Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Amapá)

[email protected]

RESUMO Foram quantificados e analisados os parâmetros Coliformes totais (CT) e fecais (E. coli) em 80Km do Rio Jari/AP, através de 4 coletas trimestrais (2013/2014) em 8 sítios localizados entre cachoeira de Santo Antônio e as proximidades de Vitória do Jari. As coletas seguiram as recomendações da APPHA (2003). Após a análise de laboratório os resultados foram comparados com os limites do CONAMA 357/2005 e submetidos à análise de correlação Spearman (p<0,05) com a sazonalidade. Os resultados mostraram que 75% dos valores de CT foram acima de 1000NMP/100ml e que em 100% das amostras de E. Coli, os valores diferiram de zero. Pôde-se concluir que houve correlação positiva entre os parâmetros e a sazonalidade, porém os resultados não indicaram relação espacial entre os sítios de coleta e os parâmetros. INTRODUÇÃO A qualidade da água em uma bacia hidrográfica depende do comportamento hidrológico da bacia, onde a variação sazonal (chuvoso ou seco) da precipitação, pode ser um dos principais fatores que modificam a composição e características químicas, físicas, biológicas da água e a dinâmica de transporte de nutrientes (SIPAUBA-TAVARES GUARIGLIA, 2007). Devido a localização geográfica como afluente do Baixo Rio Amazonas, a Bacia do Jari, apresenta um clima do tipo equatorial úmido, com precipitações médias da ordem de 230 mm/ano e temperatura média próxima aos 27oC (LUCAS et al., 2010). Por apresentar tais características, apresenta variações sazonais e interanuais de precipitação, provocando freqüentes enchentes na cidade de Laranjal do Jari, em média a cada 4-6 anos (OLIVEIRA; CUNHA, 2014). Oliveira e Cunha (2014) mostraram que há diversos tipos de uso e ocupação do solo na bacia do Jari|, especialmente no seu baixo curso. Nos ambientes urbanos e em parte da zona rural a montante de Laranjal do Jari, o despejo de esgotos sem tratamento é um dos fatores que influenciam a qualidade microbiológica da água. O maior risco deste fenômeno, é a contaminação da águas contendo patógenos potencialmente perigosos para a saúde humana, se ingeridos ou utilizados na preparação de alimentos. Esse tipo de contaminação pode ser detectado através de análise microbiológica (OSBILD, 2008). Os coliformes totais incluem coliformes fecais e Escherichia coli e são associados ao despejo de esgotos ou de animais em corpos de água. Estes microrganismos podem ser prejudiciais à saúde humana se encontrados em grandes quantidades (AHUJA, 2009). Neste contexto o objetivo da pesquisa é quantificar a variação espacial-sazonal da qualidade microbiológica da água neste trecho do Rio Jari considerando as contribuições naturais difusas de montante da bacia hidrográfica e as contribuições pontuais urbanas das cidades de Laranjal do Jari e Vitória do Jari-AP. A hipótese a ser testada é que tanto a contribuição natural quanto a pontual dependem somente da variação sazonal da precipitação, mas não da flutuação espacial no trecho estudado. MATERIAL E MÉTODOS

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A Bacia do Rio Jari banha os municípios amapaenses de Laranjal do Jari, Vitória do Jari, Mazagão, Pedra Branca do Amapari, além do município de Almeirim, localizado ao norte do Estado do Pará (SILVEIRA, 2014).Neste trecho foram realizadas quatro campanhas de coleta de acordo com a Tabela 1. Após a coleta e análise das amostras, os dados foram tratados estatisticamente, para verificar se há correlação entre a variação sazonal e espacial da concentração de Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes (Escherichia coli). Os parâmetros analisados foram selecionados a partir da Resolução 357/2005 do CONAMA para classificação dos corpos d’água classe II. Foram quantificadas as concentrações de Coliformes Totais (CT) e Coliformes Termotolerantes (Escherichia coli), a partir do método do Substrato Cromogênico com reagente COLILERT/IDEXX (CUNHA et al., 2012). Foram selecionados oito sítios amostrais de coleta com a utilização do GPS do modelo Garmin eTrex ao longo do Rio Jari (Figura 1). Os sítios de coleta foram escolhidos considerando possíveis locais despejos de esgoto não tratado, próximos da cidade de Laranjal do Jari e Vitória do Jari. De montante para jusante, o ponto de partida da coleta foi a cachoeira de Santo Antônio (localizado próximo à futura Usina Hidrelétrica de Santo Antônio - UHESA) até as proximidades da cidade de Vitória do Jari. Os três sítios iniciais possuem um distanciamento da ordem de 10 Km, e o restante dos sítios amostrais apresentam um distanciamento de cerca de 8 Km cada, totalizando aproximadamente 80 km de percurso.

Tabela 1. Período das coletas de amostras, vazão e precipitação média

Coleta Mês Regime/Estação climática

Previsão de índice pluviométrico

Vazão média Precipitação média

1 Setembro (2013) Seca/Inverno Baixa 649m3/s 56mm 2 Dezembro (2013) Seca/Verão Baixa/Média 320m3/s 144mm 3 Março (2014) Cheia/Verão Alta 1009m3s 350mm 4 Junho (2014) Cheia/Verão Alta/Média 2601 m3/s 231mm

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Figura 1. Bacia Hidrográfica do Rio Jari e os Sítios de coleta ao longo do Rio Jari, localização das principais cidades e localização da UHESA próxima à cachoeira de Santo Antônio. Para avaliar o nível de correlação entre a concentração de CT e E. coli coliformes e a precipitação foi elaborada uma análise com o teste estatístico de correlação de Spearman, não paramétrica (p <0,05 e r - correlação) com uso do Software R-project (R CORE TEAM, 2014). RESULTADOS E DISCUSÃO Os resultados mostram que os valores de CT apresentam valores acima do permitido pelo CONAMA (máxima de 1.000 Coliformes/100 ml de água) em mais de 75% das amostras. Também é possível observar pelos resultados da Figura 2A, com o aumento nos valores de CT, foram maiores no mês de março (maior precipitação). Não foi possível determinar as fontes exatas de contaminação que podem influenciar o aumento dos valores de CT na região, pois os mesmos podem ter origem natural, advinda do solo de florestas, ou por ação antropogênica pontual com despejo de esgotos não tratados oriundos das cidades e vilas da região. Estas fontes de poluição dependem fortemente da variação do ciclo hidrológico (HESPANHOL, 2002; CUNHA et al., 2004; SILVA et al., 2008; MIRANDA et al., 2009; WARD et al., 2013; CUNHA 2013). No entanto, é possível observar que, nos pontos mais próximos à cachoeira de Santo Antônio do Jari (ponto J1,Figura 2B), as concentrações sempre foram maiores ou iguais a 2419,6 coliformes/1000 ml (máxima detecção da técnica), um valor muito além do permitido pelo CONAMA.

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1500

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J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8

CT

Sítios de coleta

CT x Sítios de coleta

CT

Figura 2A: Variação média espacial de CT

1000125015001750200022502500

set/13 dez/13 mar/14 jun/14

CT

Meses de coleta

CT x Sazonalidade

CT

Figura 2B: Variação média sazonal de CT

Em relação às concentrações de E.Coli, o CONAMA e o Ministério da Saúde limitam a quantidade dos seus valores a zero para cada 100ml de água de consumo humano. Na presente pesquisa, todos os resultados mostram que os valores acima do valor permitido em todos os períodos (Figura 3A). E isto ocorreu em todos os pontos de coleta (Figura 3B), tendo o seu aumento principalmente no mês de março e sua maior média encontrada no ponto J7, que está localizado próximo a cidade de Vitória do Jari.

0

10

20

30

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J1 J2 J3 J4 J5 J6 J7 J8

E.C

oli

Sítios de coleta

E.Coli x Sítios de coleta

E.Coli

Figura 3A: Variação média espacial de E.Coli/100ml.

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set/13 dez/13 mar/14 jun/14E.

Co

li

Meses de coleta

E.Coli x Sazonalidade

Ecoli

Figura 3B: Variação média sazonal dos parâmetros E.Coli.

A matriz de correlação de SPEARMAN foi construída incluindo-se todos os períodos e sítios de coleta, de modo que fosse possível correlacionar os parâmetros do estudo e sazonalidade. Observou-se correlação positiva entre os valores de CT e E.Coli com valor de 0,5 com a precipitação (sazonal (Tabela 2). Resultados similares também foram obtidos por Oliveira e Cunha (2014), onde os autores mostram que o nível correlação entre a precipitação e CT foi acima de 0,5. E o nível de correlação entre E.Coli e a precipitação foi acima de 0,7.

Tabela 2: Resultado de correlação da matriz Spearman Parâmetros comparados N de amostras Spearman Nível p (<0,05) Precipitação x E. coli 4 coletas/8 pontos 0,578575402 0,000522786 Precipitação x CT 4 coletas/8 pontos 0,499237597 0,005517474

CONCLUSÃO Conclui-se que a média das concentrações de CT e E. coli encontram-se acima dos valores máximos permitidos pela Resolução CONAMA (357/2005) ao longo de todo o ano climático (sazonal), e em todos os sítios amostrais (espacial). Além disso, observou-se que sua variação ou correlação com a precipitação é positiva, intensificando-se significativamente em épocas chuvosas. Entretanto, ainda não foi possível determinar quais os fatores ou áreas geográficas da origem das fontes de contaminação no trecho de 80 km estudado do Rio Jari. Portanto, há necessidade de estudos mais aprofundados para determinar o comportamento espacial-sazonal das concentrações de CT e E. coli. Estes resultados preliminares, contudo, corroboram com os poucos estudos existentes na bacia, como o de Oliveira e Cunha (2014). Deste modo, com base em estudos prévios de análises de risco, é esperado que no período de maior precipitação os valores de CT e E.Coli se elevem significativamente, independentemente do sítio amostral contido no trecho estudado da presente pesquisa, sendo esta, uma informação relevante para tomada de decisão e projetos, aos gestores da saúde pública, tais como epidemiologia, medicina, vigilância sanitária, saneamento básico e recursos hídricos. REFERÊNCIAS: AHUJA, Satinder. Handbook of water purity and quality.Elsevier Inc. British Library Cataloguing in Publication Data, 2009. CUNHA, A. C.; CUNHA, H. F. A.; BRASIL Jr, A. C. P.; DANIEL, L. A.; SCHULZ, H. E. Qualidade microbiológica da água em rios de áreas urbanas e periurbanas no baixo

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PROPOSTA EXPERIMENTAL DE MISTURAS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SOLOS DE MACAPÁ-AP.

D. K. M. ASSUNÇÃO; M. G. S. MEDEIROS; C. S. MOREIRA; H. O. BARBOSA (GPMS, Curso Técnico em

Edificações, Instituto Federal do Amapá); C. L. DE BARROS; D. DIAS (GPMS, Curso Tecnólogo em Construções de Edifícios, Instituto Federal do Amapá); J. G. M. COELHO (GPMS, Professor do curso Técnico e Tecnólogo,

Instituto Federal do Amapá) [email protected]

RESUMO Propõe-se neste trabalho o reaproveitamento de resíduo de construção civil (RCC), tendo como objetivo o reaproveitamento de materiais descartados baseado na caracterização física e mecânica de corpos de prova de RCC em mistura com solos do município de Macapá-AP, na qual, neste trabalho, aplica-se um novo método de desenvolvimento de corpos de prova utilizando materiais ecológicos em solos. Serão adotadas três etapas de pesquisa experimentais: triagem dos materiais, caracterização do solo e solo/RCC, compactação e ensaio de Índice Suporte Califórnia (I.S.C.). As vantagens ambientais para o município de Macapá, assim como outras regiões, está na questão do reaproveitamento, em reduzir as matérias-primas bases dos materiais de construção, abater a quantidade de lixo em aterros sanitários e diminuir o volume de detritos e resíduos da construção no município. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS Em Ribeiro (1992), ressalta que “deflagrados os limites do sistema ecológico, a sociedade, os governos e o empresariado começam a se preocupar com os limites do meio ambiente, com sua capacidade de continuar reagindo aos crescentes níveis de impurezas que lhe são acrescidos diariamente”. A Lei nº 12.305/2010, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), passou a regulamentar especificamente a destinação final dos resíduos no país com o objetivo de proteger o meio ambiente e a saúde humana, estabelecendo instrumentos de gestão como os planos de resíduos sólidos e a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Segundo o art. 6 do Plano diretor de desenvolvimento urbano e ambiental de Macapá, da estratégia para proteção do meio ambiente e geração de trabalho e renda, tem como objetivo geral associar a tutela e a valorização do patrimônio ambiental do Município de Macapá com a criação de oportunidades de trabalho e renda para seus habitantes, através da realização de atividades econômicas sustentáveis. Sendo a adequação dos sistemas de saneamento ambiental uma das estratégias, assim como o tratamento do destino final dos resíduos sólidos no Município. Na estratégia referida no caput do Plano diretor de desenvolvimento urbano e ambiental de Macapá, deverão ser priorizadas a resolução de conflitos e a mitigação de processos de degradação ambiental decorrentes de usos e ocupações incompatíveis e das deficiências de saneamento ambiental. Segundo Moraes e Santos (2014), observaram que as consequências do acúmulo e não tratamento dos Resíduos sólidos Urbanos (RSU), é negligencia não somente do poder público local de Macapá, como também pela sociedade. O poder público tem falhado por não desenvolver políticas públicas voltadas para o manejo adequado dos resíduos. A sociedade se prevalece da prerrogativa de que a obrigação é do município, e quando este não cumpre o seu papel, as vias públicas ou terrenos baldios são as alternativas de despejo. Apesar da existência do lixão há décadas na cidade de Macapá, somente agora com a promulgação da lei nº 12.305/2010 que determina a extinção dos lixões até agosto de 2014, é que o município está se mobilizando para construir um aterro sanitário para deposição de seus resíduos, pois até então, não havia nenhuma preocupação quanto ao assunto. Por fim, a implantação de um programa de coleta seletiva pode significar na redução de um percentual significativo dos RSU disposto no aterro do município, refletindo no aumento de visa útil do mesmo, para isso o município precisa elaborar estudo da composição gravimétrica dos RSU de Macapá como forma de subsidiar também a implantação de

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políticas de reciclagem e incentivo ao reaproveitamento de materiais recicláveis (Góes, 2011). O objetivo desse trabalho é propor o reaproveitamento de materiais descartados baseado na caracterização física e mecânica de corpos de prova de solos com resíduos da construção civil (RCC) em mistura com solos do município de Macapá-AP, na qual se aplica um novo método de desenvolvimento de corpos de prova utilizando materiais ecológicos em solos. MATERIAL E MÉTODOS Serão adotadas três etapas da pesquisa experimental: a) Triagem dos materiais. a.1) Escolha de um objeto em estudo. a.2) Triagem de materiais de descarte: polímeros, serragem, gesso cartonado, restos (entulho) de obra. No caso da madeira, serragem, será cominuída através do moinho com almofariz/pistilo motorizado, em uma freqüência de 6 Hz e tempo de 71 minutos. As madeiras apresentaram granulometria passante na peneira de malha quadrada nº 80. Os polímeros serão inicialmente triturado em moinho de facas, e selecionado como granulometria passante na peneira de malha quadrada nº 80. b) Caracterização do solo e solo/RCC. b.1) granulometria, umidade higroscópica (ABNT NBR 7181-84) e densidade real de solo (ABNT NBR 6508-84). b.2) Equivalente de areia (ABNT NBR 12052-92). b.3) determinação dos limites de liquidez (ABNT NBR 6459-84), plasticidade (ABNT NBR 7180-84) e fatores de contração (ABNT NBR 7183-82). c) Compactação e ensaio de Índice Suporte Califórnia (I.S.C.). c.1) Ensaio de compactação de amostras de solo e solo/composto (ABNT NBR 7182-86). c.2) Determinação do Índice de suporte Califórnia de amostras de solo e solo/RCC (ABNT NBR 9895-87). RESULTADOS/DISCUSSÃO Este estudo visa avaliar o comportamento do composto RCC e solos. Uma forma de reaproveitamento na construção civil que na qual os resultados esperados são: A confecção de um novo composto para industriada construção, na qual melhora as propriedades físicas e mecânicas do solo e diminui a inserção de material de jazida na composição do solo. A conscientização sobre os problemas que afetam o meio ambiente que age como fator preponderante, para compatibilização da expansão dos meios de produção de acordo com as condições ambientais ideais. Sobre os aspectos ambientais, Ribeiro (1992, p. 61) relata que “a responsabilidade social das empresas deveriam voltar-se para a eliminação e/ou redução dos efeitos negativos do processo de produção e preservação dos recursos naturais, principalmente os não renováveis, através da adoção de tecnologias eficientes, concomitantemente ao atendimento dos aspectos econômicos”. Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), os gastos com proteção ambiental começam a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente como custos, mas como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva. Assim como para Hunt e Auster (1990) e Hart (1995), melhores performances ambientais e econômicas podem coexistir por meio da incorporação de um novo modelo de organização e de uma cultura empresarial, baseado na ecoeficiência, o que conduzirá a um desenvolvimento sustentável. Ribeiro (1992) comenta que a incorporação do conceito de “desenvolvimento sustentável” pelo meio empresarial pode, se não reverter, ao menos amenizar a degradação do meio ambiente. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, a redução de agressões ambientais passa a ser considerada como meio de eliminação de custos e consequente melhoria do fluxo de rendimentos para as empresas. CONCLUSÕES

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A reutilização de materiais na construção civil trata de transformar os resíduos das obras, normalmente encarados como entulhos, em produtos comerciais que possam ser novamente utilizados. Em solos, torna-se economicamente viável e aplicável, tendo em vista a literatura. Com isso, criar oportunidades de reúso e reciclagem que se traduzam em sustentabilidade social e ambiental. As vantagens ambientais para o município de Macapá, assim como outras regiões, é a questão do reaproveitamento, a qual está em reduzir as matérias-primas bases dos materiais de construção, abater a quantidade de lixo em aterros sanitários e diminuir o volume de detritos e resíduos da construção no município. Estas ações, com certeza, diminuirão a poluição e áreas de descartes, reaproveitando os resíduos e conscientizando as pessoas da importância do ato de reciclar e reaproveitar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ribeiro, M.S. Contabilidade e meio ambiente. 1992. 141 f. Dissertação (Mestrado em Contabilidade) – Curso de Pós-Graduação em Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. Macapá, Prefeitura municipal. Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambiental de Macapá. P.M.M.-SEMPLA, IBAM, 2004. Moraes, D. R.; Dos Santos, P. M. Avaliação do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos do município de Santana/AP e identificação de impactos socioambientais. Trabalho de Conclusão de curso, Universidade Federal do Amapá, 2014. Brasil. Lei nº 12.305, de 2 de Agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências, 2010. Góes, H.C. Dever de proteção ambiental e a gestão municipal dos resíduos sólidos

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CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE EFLUENTES DE ESGOTOS SANITÁRIOS PARA FINS DE TRATAMENTO

Railan Coelho Sarges* (Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá); Diani Fernanda da Silva Less (Docente do Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Amapá); Rogério Coelho

Sarges (Curso de Licenciatura em Ciências Naturais, Universidade do Estado do Amapá). *[email protected]

RESUMO

Neste trabalho, realizou-se a caracterização microbiológica e físico-química de efluentes de

esgoto sanitário para fins de tratamento buscando uma destinação adequada aos efluentes

gerados. Foram realizadas as seguintes análises: temperatura do efluente, potencial

hidrogeniônico, sólidos suspensos, sólidos voláteis, sólidos totais, demanda química de

oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, nitrogênio amoniacal, coliformes

totais e termotolorantes. Os resultados obtidos sugerem que não houve diferenças

significativas no comparativo com outros trabalhos já realizados, evidenciando a

necessidade de remoção principalmente dos organismos indicadores de contaminação fecal

e matéria orgânica. INTRODUÇÃO Os sistemas de esgotamento sanitário são vitais para a saúde da população, porém no

Brasil grande parte da população ainda não é atendida pelos serviços de saneamento, o que

contribui para contaminação dos corpos d’água e elevação do número de internações

hospitalares, ocasionadas por doenças de veiculação e origem hídrica (JUNIO et al., 2013).

O atual quadro sanitário nacional, apesar dos avanços na última década, ainda é precário,

em virtude da carência de recursos para investimento e da deficiência ou da ausência de

políticas públicas de saneamento ambiental, o que tem contribuído para a proliferação de

uma série de enfermidades evitáveis se fossem tomadas medidas de saneamento (CUNHA

et al., 2012).

O esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações

operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos

sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente

(BRASIL, 2007). Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2000) entre

os serviços de saneamento básico, o esgotamento sanitário é o com maior deficiência de

atendimento nos municípios brasileiros, tendo como principais corpos receptores os rios,

mares, lagos ou lagoas, baías, terrenos baldios, aterros sanitários, incinerações e

reaproveitamento.

O aumento do consumo de água nos centros urbanos gera um maior volume de esgotos.

Estes, por sua vez, exigem tratamento e destinações adequados; caso contrário haverá o

risco de poluição do solo, contaminação dos recursos hídricos e dano à saúde pública. Tal

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realidade corrobora a necessidade urgente de se desenvolver e, ou, adaptar tecnologias

economicamente viáveis de tratamento de efluentes (SOUSA et al., 2004).

Existem várias técnicas atualmente utilizadas para o tratamento de esgoto sanitário. As mais

simples e comuns são lagoas de estabilização, havendo sofisticados sistemas de lodos

ativados, por exemplo, RAFA (Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e manto de lodo) e

FAFA (Filtros Anaeróbio de Fluxos Ascendentes) (NUVOLARI, 2003).

Sabe-se que esgotos domésticos, quando reusados sem serem tratados, podem contaminar

o ambiente com bactérias, parasitas e vírus criando, portanto, graves problemas de saúde

pública, pois propagam doenças bacterianas e virulentas (METCALF & EDDY, 1991; LEON

& CAVALLINI, 1996).

O esgoto sanitário in natura contribui no processo de fertilização das águas (eutrofização),

gerando o efeito cumulativo de nutrientes. Substâncias como oxigênio, carbono, nitrogênio e

fósforo, são introduzidas em reservatórios, ficando retidas nos vários níveis tróficos do

ecossistema aquático. Em razão desse efeito cumulativo, o potencial de crescimento das

algas aumenta gradativamente no decorrer do tempo, degradando-se em compostos

orgânicos, aumentando assim, a quantidade de matéria orgânica igual que chega ao

reservatório (VALENTE et al., 1997).

Nas águas residuárias de origem doméstica ou no esgoto sanitário, níveis elevados de

material orgânico, patogênicos e até compostos tóxicos poluem/contaminam os sistemas

hídricos e, por conseguinte, há necessidade de eliminar esses elementos para que as águas

residuárias possam ser lançadas no corpo receptor, utilizada na irrigação, entre outros

(NATHAN et al., 2012).

Nessa perspectiva, objetivou-se neste trabalho, a caracterização microbiológica e físico-

química dos efluentes sanitários para fins de tratamento buscando uma correta destinação

dos efluentes gerados.

MATERIAL E MÉTODOS O efluente analisado foi coletado na entrada de um sistema unitário de tanques sépticos de

tratamento de esgoto sanitário por biodigestão anaeróbia, sendo que para as análises

microbiológicas do efluente bruto, foram retiradas amostras representativas do esgoto

afluente e desta forma foram feitas as contagens dos coliformes totais e termotolerantes

através da técnica de fermentação em tubos múltiplos, também chamada técnica do Número

Mais Provável (NMP/100 mL). Os principais componentes das características biológicas dos

esgotos sanitários são os microrganismos, representados pelos coliformes termotolerantes

(presente nas fezes humanas), coliformes totais (presente nas fezes humanas e dos

animais) e pelos agentes patogênicos, que são microrganismos que podem transmitir e

causar doenças de veiculação hídrica.

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Foram realizadas também análises físico-químicas de Demanda Bioquímica de Oxigênio

(DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), sólidos

suspensos totais (SST), sólidos suspensos voláteis (SSV) e sólidos suspensos fixos (SSF) e

pH, de acordo com a metodologia do Standart Methods for the Examination of Water and Wastwater (APHA, 2005). As principais características físicas dos esgotos sanitários são

temperatura, turbidez, teor de sólidos (totais, em suspensão, dissolvidos sedimentáveis,

fixos e voláteis)´odor, cor, vazão, material retido, removido ou produzido. A emissão de odor

ou o mau cheiro resultante da decomposição de matéria orgânica ou da reação de diversas

substâncias existentes nas águas resduárias, como fenol, pode causar efeito estético e

econômico em uma comunidade.

Já as características químicas dos esgotos sanitários são constituídas por componentes

orgânicos e inorgânicos. Os componentes orgânicos são representados pela combinação de

carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, nas formas amonical e orgânica, já os compostos

inorgânicos são representados pelo oxigênio dissolvido, nitrogênio (nas formas nitrito e

nitrato), metais, fósforo, enxofre na forma de gás sulfídrico (H2S), gás carbônico (CO2) e

diferentes formas de sais (carbonatos, bicarbonatos, fosfatos etc.). Sendo que a DBO é o

parâmetro mais usado para medir a concentração da poluição orgânica existente no esgoto

doméstico e nas águas residuárias e envolve a quantidade oxigênio dissolvido usado pelos

microrganismos para oxidação bioquímica da matéria orgânica.

RESULTADOS E DISCUSSÕES Os valores obtidos referentes às análises microbiológicas e físico-químicas do efluente bruto

estão representados na Tabela 1.

Tabela 1. Valores referentes à análise do efluente bruto.

PARÂMETROS MÉTODO RESULTADO

Fósforo Total (mg.L-1) Espectrofotometria 0,930

Nitrogênio Amoniacal Total (mg.L-1) Espectrofotometria 2,500

Sólidos suspensos (mg.L-1) Gravimétrico 0,186

Sólidos voláteis (mg.L-1) Gravimétrico 0,276

Sólidos Totais (mg.L-1) Gravimétrico 0,532

DBO5 (mg.L-1) Encubação 5 dias 68

DQO (mg.L-1) Oxidação-Dicromato 107

pH Potenciometria 8,74

Coliformes Totais (NMP/100 mL) Tubos múltiplos >1100

Coliformes Termotolerantes (NMP/100 mL) Tubos múltiplos >1100

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Temperatura da amostra (ºC) - 23,2

Temperatura ambiente (ºC) - 32

Observa-se pelos resultados da caracterização do efluente bruto que o mesmo apresenta

características semelhantes a outros trabalhos (HANAEUS et al., 1997; HENZE, 1997;

BUENO et al., 2005), evidenciando a necessidade de remoção principalmente dos

organismos indicadores de contaminação fecal ( CT e CF) e matéria orgânica.

Da mesma forma o material afluente do sistema assemelham-se às características dos

trabalhos apresentados por Valentim (1999) para tratamento de esgoto doméstico e sanitário

em sistemas constituídos por tanques sépticos modificados com pós-tratamento por leitos

cultivados, onde apresentaram uma remoção de 91% para a DQO e 91% para SST.

Resultados semelhantes também foram apresentados por Júnior et.al., (2007) na utilização

de sistemas modulares no tratamento anaeróbio de esgotos em comunidades rurais.

CONCLUSÕES A falta de saneamento ambiental corrobora para proliferação de uma séria de doenças

transmitidas pelo contato com águas contaminadas. No entanto, as caracterizações para

posterior tratamento dos esgotos sanitários são extremamente importantes, uma vez que tal

caracterização permite avaliar a qualidade do efluente bruto para níveis de desenvolvimento

de sistemas de tratamento que se adequem às tecnologias disponíveis e características de

cada região.

Neste trabalho foi realizada a caracterização microbiológica e físico-química de efluente

bruto de esgoto sanitário, sendo que as mesmas apresentaram características semelhantes

a outros trabalhos desenvolvidos que obtiveram êxito no posterior tratamento do efluente

analisado, evidenciando desta forma a importância dos serviços de saneamento tanto na

diminuição de riscos a saúde quanto na preservação do meio ambiente.

REFERÊNCIA BIBLIORÁFICAS BRASIL. Lei n. 11.445 de 05 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Brasília: Diário Oficial da União, Seção 1, p. 3-7, 2007a. Disponível em: <http://www.in.gov.br>. Acesso em: out. 2014. BUENO, F. B. A. et al. Avaliação de técnicas para tratamento da urina humana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 23, 2005, Campo Grande-MS. Anais... Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes23/II-105.pdf>. Acesso em set. 2014. CUNHA et al. Geração e avaliação de indicadores de serviços de saneamento em áreas urbanas e suas implicações na qualidade de vida das populações de Macapá e Santana – AP. 4º CONGRESSO AMAPAENSE DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 8º Mostra de TCC´s e 4º Exposição de Pesquisa Científica. Nov. 2013. Anais…, 2013.

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HANAEUS, J. et al. A study of a urine separation system in an ecological village in northern Sweden. Water Science and Technology, v. 35, n. 9, p. 153-160, 1997. HENZE, M. Waste design for households with respect to water, organics and nutrients. Water Science and Technology, v. 35, n. 9, p. 113-120, 1997. IBGE – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Oferta e a qualidade dos serviços de saneamento básico no país, 2000. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb/. Acesso em out. 2014. JUNIO, et. al. Produtividade de milho adubado com composto de lodo de esgoto e fosfato natural de Gafsa. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.17, n.7, p. 706–712, 2013. JÚNIOR, A. J. et al. Avaliação do Desempenho de dois Sistemas Modulares no Tratamento Anaeróbio de Esgotos em Comunidades Rurais. Revista Brasileira de Engenharia. Agrícola, Jaboticabal, v.27, n.3, p. 794-803, set./dez, 2007. LÉON, G.; CAVALLINI, J.M. Curso de tratamento y uso de águas residuales. Lima: OPS/CEPIS, 1996. 151p. METCALF & EDDY. Inc. Wastewater engineering treatment disposal reuse. 3. ed. New York: McGraw - Hill, 1991. 1334p. NATHAN, O.; NJERI, K. P.; RANG’ondi, O. E.; SARIMA, C. J. The potential of Zea mays, Commelina bengelensis, Helianthus annuus and Amaranthus hybridus for phytoremediation of waste water. Ambi-Agua, Taubaté, v. 7, n. 3, p. 51-60, 2012. Disponível em <(http://dx.doi.org/10.4136/ambi-agua.684)>. Acesso em out.2014. NUVOLARI, A. As diversas opções de tratamento do esgoto sanitário. São Paulo: Ed. Edgard Blücher, 2003, 520p. SOUSA, J. T.; HAANDEL, A. V.; LIMA, E. P. da C.; HENRIQUE, I. N. Utilização de wetland construído no pós-tratamento de esgoto doméstico pré-tratados em reator UASB. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 9, n. 4, p. 285-290, 2004. VALENTIM, M. A. A. Uso de leitos cultivados no tratamento de efluente de tanque séptico modificado. 1999. Dissertação (Mestrado em Água e Solo) - Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1999. 119 p.

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A COMPONENTE DRENANAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS NO SANEAMENTO BÁSICO: MAPEAMENTO DE ÁREAS DE ALAGAMENTO UTILIZANDO

TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO Elivania Silva de Abreu (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Evellyn Brito

Façanha(Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Rafael Neri Furtado(Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Curso de Ciências

Ambientais, Universidade Federal do Amapá)Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá).

[email protected]

RESUMO

O objetivo da pesquisa foi estudar a componente drenagem de águas pluviais como indicador relevante do saneamento básico em Macapá-AP. Foram utilizadas técnicas de geoprocessamento para mapear áreas susceptíveis a alagamentos e problemas sanitários utilizando variáveis como sexo, idade, escolaridade, bairro, estado civil, com destaque à opinião dos cidadãos sobre a variável qualidade da drenagem e sua importância sanitária. Os indicadores utilizados, como a tipologia do bairro e infraestrutura sanitária, foram utilizados para quantificar a qualidade dos serviços básicos de saneamento prestados à população e, principalmente, como a população percebe sua importância para sua qualidade de vida urbana. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS

O crescimento urbano e a industrialização, de modo não planejado, resultam em diversos problemas sociais, ambientais e econômicos. A ausência de instrumentos e serviços de saneamento básico pode ser citado como uma das causas que têm agravado essa situação. Na maioria das cidades brasileiras esse sistema apresenta funcionamento precário. E, quando ocorrem, na região Norte o problema é ainda mais grave, o que resulta em sérios transtornos e prejuízos para a sociedade, além de comprometer os indicadores sanitários e meio ambiente (MACHADO et al, 2010).

A ausência de ações de saneamento básico nas cidades tem como consequência uma série de impactos sociais, econômicos e ambientais, principalmente problemas de saúde da população, como as doenças de veiculação hídrica. Assim, o deficiente sistema de drenagem urbana na maioria das cidades, causa um efeito negativo às populações afetadas, especialmente inundações, cheias, alagamentos que surgem em várias áreas durante o período de chuva. Nesta tipologia de agravos, os alagamentos, ou extravasamento das águas está relacionado á drenagem deficiente, que dificulta a vazão das águas acumuladas, do que das precipitações locais (ALMEIDA e COSTA, 2014).

Para Silva et al (2013) os sistemas de drenagem exercem papel fundamental no processo de urbanização da cidade. Porém, o crescimento desordenado das cidades provoca alterações graves no meio ambiente, principalmente a retificação de canais e córregos, provocando impermeabilização do solo pelo processo de urbanização avançada. Nestes casos, ocorre elevação do volume de escoamento superficial das águas pluviais e, consequentemente, gerando enchentes e deslizamentos com maior frequência nas épocas de chuvas. Portanto, as inundações estão relacionadas com a dificuldade da infiltração natural nos solos urbanos devido à compactação e impermeabilização, pavimentação de ruas e construção de calçadas, reduzindo a superfície de infiltração. Além disso, há agravantes destes processos, como a crescente ocupação das áreas alagadas que são consideradas como canais naturais, ou seja, receptoras das águas pluviais. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2008) no processo de construções de cidades, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis

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problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais como devido à interferência com os demais sistemas de infraestrutura. A presente pesquisa torna-se necessária para contribuir com informações sobre o sistema de drenagem urbana em Macapá. O objetivo é analisar a variação geoespacial da componente drenagem visando uma análise da percepção desta componente sanitária com outros componentes ambientais (abastecimento, resíduos sólidos, esgotamento sanitário), especialmente porque estão vinculados com saúde pública e qualidade de vida da população. Segundo Ramos (1999) o sistema de drenagem promove melhoramentos dos indicadores de saneamento existentes em uma área urbana. Portanto, este é um tema que merece atenção especial com forte repercussão no ambiente e na saúde da população, além de estar vinculado com o ordenamento territorial. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia foi dividida em duas etapas básicas: a) coleta de dados socioambientais em campo, por meio de aplicação de questionários e registros fotográficos, resultando na escolha de 17 variáveis avaliadas e uma amostragem aleatória de 103 residências distribuídas em 25 bairros de Macapá. O resultado foi o mapeamento das condições relevantes sobre o sistema de drenagem e sua relação com o que prevê a Lei Federal de Saneamento Básico (11.445/2007); b) a segunda etapa consistiu na elaboração de produtos cartográficos com base nestas informações, como a distribuição espacial da componente drenagem para o saneamento básico que, por fim, foi avaliada simultaneamente por técnicas estatísticas multivariadas, notadamente a análise de clusters (AC), resultando em sete grupos. A AC foi utilizada para avaliar similaridades (distância de Ward) entre as respostas e opiniões dos cidadãos e outras sub-componentes das condições de drenagem em Macapá.

RESULTADOS/DISCUSSÃO

A avaliação sobre a existência dos sistemas de drenagem das águas pluviais da área em estudo teve inicio a partir da microdrenagem, considerado como coletor de águas pluviais composto pelos pavimentos das ruas, guias e sarjetas, bocas de lobo rede de galerias de águas pluviais e são canais de pequenas dimensões, responsáveis pela coleta e transporte das águas pluviais até o ponto de lançamento que podem ser canais, córregos e rios (RAMOS, CÂMARA, et al., 1999). Durante a pesquisa observou-se muitas deficiências estruturais e não-estruturais. Quanto aos sistemas de macro-drenagem são constituídos, em geral, por canais aberto ou de contorno fechado de maiores dimensões, também foi possível verificar a existência de canais naturais e retificados e a falta de manutenção de alguns canais naturais que sofrem influencias direta da população através da ocupação das áreas de ressacas o que traz como conseqüência o despejo de resíduos sólidos (Figura 1 e 2 ). Quanto ao levantamento geospacial dos pontos críticos e de alagamentos, os bairros em estudo apresentaram áreas alagadas e em condições para novos eventos de alagamentos , em razão de obstruções ao escoamento das águas pelos canais existentes com aterro, resíduos sólidos, pontes, entupimentos em conduto e assoreamento, o serviço de limpeza nessas áreas é realizado de maneira precária e sem uma periodicidade necessária para manter o ambiente em condições adequadas (Figura 3 e 4 ).

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Figura 2 Canal do jandiá (retificado) Figura 1 Ressaca ocupada

Fonte: Silva 2013

Fonte: autores

Figura 4 Alagamento na rua santa Catarina no bairro Santa Rita - Macapá

Figura 3 Pontos de alagamento em Macapá

Fonte: Autores Fonte: G1/Amapá

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CONSIDERAÇOES FINAIS

Os serviços de saneamento no Município de Macapá ainda são deficientes, especialmente devido a falta de planejamento urbano por parte do poder público. Os resultados alcançados no decorrer da pesquisa mostram de fato esta deficiência na área de saneamento básico, especialmente águas pluviais, veículos de transmissão de doenças. A importância do desenvolvimento urbano é permitir o estabelecimento de planos e políticas públicas eficientes. No Brasil o combate ao déficit de saneamento básico (MOTA, FILHO e SANTOS, 2012) é fundamental. Como referência, é possível afirmar que a realidade deste setor no Brasil é preocupante, pois cerca de 34,8 milhões de brasileiros não estão ligados à rede de esgotamento sanitário que, ao interagir com problemas estruturais de sistemas de drenagem deficientes, que pode elevar o numero de doenças além de tornar o ambiente impróprio á convivência humana (IBGE, 2010). O mapeamento de áreas criticas, como sítios de alagamentos urbanos, é o ponto de partida para o planejamento eficiente. E os órgãos responsáveis podem empreender processos de implantação de infraestrutura, sem as quais os fenômenos de alagamentos urbanos tornar-se-ão problemáticos ambientalmente. Para se tomar medidas efetivas é necessário criar estratégias e medidas preventivas, ou corretivas,que tendem a amenizar os principais impactos causados por esses eventos desta natureza. Nesse sentido O mapa básico mostra as localidades mais representativas como pontos de alagamentos de Macapá, com tendência a se intensificar no futuro. Concluiu-se que o sistema de drenagem urbano é pouco valorizado pelas políticas públicas do setor, e principalmente pelos cidadãos, que não percebem a drenagem como uma componente fundamental do saneamento básico. REFERENCIAS

ALMEIDA, D. S. D.; COSTA, I. T. D. A drenagem urbana das águas pluviais e sua relação com o meio ambiente e a saúde pública no Município de Santana. Fundação Universidade Federal do Amapá. Macapá. 2014.

BATISTA, M. E. M.; SILVA, T. C. D. O modelo ISA/JP - Indicador de performance para diagnóstico de saneamento ambiental urbano. engenharia Sanitária Ambiental, Paraiba, v. 11, Janeiro a Março 2006.

BRASIL. Lei nº 11445 - Politica Naciona de Saneamento Básico 2007.

CANHOLI, A. P. Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de textos, 2005.

CUNHA, H. F. A. Geração e avaliação de indicadores de serviços de saneamento em áreas urbanas e suas implicações na qualidade de vida das populações de Macapá e Santana - AP. Fundação Universidade federal do Amapá. Macapá. 2011.

Instituto Brasileiro de geografia e Estatistica - IBGE.Sinopse do Censo demográfico 2010.

MACHADO, Emanuel S. S. CUNHA, Janilma Vilhena; ROSSONI, Nádia Lígia Costa;

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MOTA, C. N. D. S.; FILHO, S. A. S.; SANTOS, V. R. A. D. Abordagem multicritério para avaliação e classificação das capitais brasileiras de acordo com o serviço de saneamento básico. simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, Rio de Janeiro, setembro 2012. SANTOS, L. F. P. D. Indicadores de salubridade Ambiental (ISA) e sua aplicação para a gestão urbana. Dissertação de mestrado - Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-gradoação em Direito Ambiental e Politicas Públicas,2012. Macapá - AP, p. 129 p. 2012. SILVA, E. D. S.; ALBUQUERQUE, M. D. J. F. C. D. Drenagem urbana de Macapá - AP: Um estudo em geográfia da saúde. Fundação Universidade Federal do Amapá. Macapá. 2013.

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POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DA AMAZÔNIA LEGAL E SUAS PERSPECTIVAS DE IMPLEMENTAÇÃO NO ESTADO DO AMAPÁ

Anna Carolina Maciel Gomes (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Prof. Dr. Marcelo José de Oliveira

[email protected] RESUMO A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia apresentou a primeira versão da Política de Desenvolvimento Industrial da Amazônia Legal (PDIAL).A proposta faz uma análise do setor e identifica os principais gargalos e potencialidades para o desenvolvimento industrial na região. Foi apresentada em setembro de 2014 e sua versão final será encaminhada ao Ministério da Integração e demais setores do Governo Federal, para definição de ações estratégicas que possam desenvolver o setor industrial na Amazônia. O presente trabalho teve como origem informações publicadas na internet pela Sudam e outras instituições e tem como objetivo avaliar as perspectivas de implantação da PDIAL no Amapá, a partir de informações do governo estadual, publicadas no informativo Investe Amapá, no ano de 2012. INTRODUÇÃO/OBJETIVO A primeira versão do documento Política de Desenvolvimento Industrial da Amazônia Legal (PDIAL), foi elaborado por um grupo de trabalho que atuou nos nove estados da Amazônia Legal e foi apresentado pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), no mês de setembro de 2014 a representantes do Banco da Amazônia, Sebrae, Conselhos Regionais de Economia, Secretarias e Federações da Indústria dos estados amazônicos, para que pudessem contribuir com a formulação dessa nova política (BRASIL,2014a,2014b; SUDAM,2014, Em tempo, 2104). O estudo começou a ser elaborado no final de 2012 e faz uma análise do setor industrial na região, com o objetivo principal de diversificar a base produtiva e verticalizar a produção, conferindo maior agregação de valor, geração de emprego e a internalização da riqueza gerada na Amazônia. A proposta identifica os principais gargalos e potencialidades para o desenvolvimento industrial na região e propõe diretrizes estratégicas de atuação, que resulte em inclusão social e melhoria da qualidade de vida da população, aliada a preservação ambiental, a partir do aproveitamento das potencialidades regionais. A versão final do estudo será encaminhada ao Ministério da Integração Nacional (MI) e demais setores do Governo Federal para a definição de ações estratégicas que possam desenvolver o setor industrial na Amazônia. Por outro lado, o Governo do Estado do Amapá (GEA), através da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM), lançou em 2012 a publicação Investe Amapá–Visão, Oportunidades e Desenvolvimento com Sustentabilidade, na qual divulga as condições favoráveis e potencialidades para investimentos no setor industrial do Estado, nas áreas florestal, mineração, agricultura, pesca piscicultura, turismo e serviços (GEA, 2012). Nessa publicação o GEA também faz referência ao PROAMAPÁ, um programa de obras para implantação da infraestrutura necessária para dar suporte a novos investimentos no Estado, inclusive no setor da indústria. O presente trabalho objetiva fazer uma análise das perspectivas e viabilidade de implementação da PDIAL, a partir de informações do governo estadual, publicadas no informativo Investe Amapá e também no programa PROAMAPÁ, notadamente aquelas referentes ao setor industrial. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho consiste em um resumo expandido, de caráter informativo, que teve como fonte informações publicadas no informativo Investe Amapá sobre potencialidades

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para investimentos no setor industrial do Estado, além de informaçõesdisponibilizadas na internet pela Sudam e por outras instituições, sobre a Política de Desenvolvimento Industrial da Amazônia Legal. Após seleção do temae pesquisa (bibliográfica e eletrônica/internet), procedeu-se a análise e cotejamento/comparação de textos. Por fim, constam as conclusões acerca das perspectivas e viabilidade de implementação, no Estado do Amapá, da Política de Desenvolvimento Industrial da Amazônia Legal, proposta pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). RESULTADOS/DISCUSSÃO O estudo da PDIAL, foi desenvolvido pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), autarquia federal, destinada a planejar o desenvolvimento da Amazônia Legal, área correspondente a 61% do território brasileiro, abrangendo os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins (BRASIL, 2014a). A Sudam administra a política de incentivos fiscais e financeiros voltados a empresas sediadas na Amazônia brasileira, priorizando setores estratégicos da economia Regional. Oestudo que foi apresentado em sua primeira versão para a definição de ações estratégicas que possam desenvolver o setor industrial na Amazônia, contém algumas conclusões, dentre as quais, que cinco são os setores prioritários para o desenvolvimento da região, além de medidas referentes aos Incentivos Fiscais através do Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), a serem implementadas mediante articulação conjunta de todos os setores. Na íntegra, as medidas propostas na PDIAL são: – Cinco setores/subsetores produtivos priorizados • Bioindústria (indústria farmacêutica, biocombustíveis e higiene pessoal, perfumaria e cosméticos). • Indústria Minero-metalúrgica (verticalização mineraria) • Indústrias Intensivas em Trabalho (reciclagem, couro e artefatos, têxtil, confecções e movelaria) • Indústria Naval (estaleiros, navios) • Alimentos (carne, cereais, frutas, leguminosas, peixes e seus derivados). – Benefícios financeiros dos incentivos fiscais • Conceder a redução de 90% do Imposto sobre a Renda e adicionais não restituíveis, com fruição de 10 anos, para empresas com projetos de implantação e diversificação. • Conceder o Depósito para Reinvestimento para 50% do Imposto sobre a Renda, em projetos de modernização ou complementação de equipamento, com concessão até 2028, para todos os setores definidos pela PDIAL. • Estabelecer Depreciação Acelerada incentivada, no próprio ano ou nos 4 anos subsequentes da aquisição, para efeito de cálculo do Imposto sobre a Renda, para empresas que usufruem Isenção ou redução de 90% do IRPJ, para os setores definidos pela PDIAL. • Conceder o Desconto, em 12 meses, dos créditos da Contribuição para PIS/PASEP e da COFINS referentes à aquisição de bens para o ativo imobilizado, para os setores definidos pela PDIAL. • Conceder a Isenção do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) para empresas cujos empreendimentos se implantarem, ou diversificarem até 31/12/2028, para os setores definidos pela PDIAL. • Conceder Isenção do IOF nas operações de câmbio para pagamentos de máquinas e equipamentos importados, sem similar nacional para os setores da PDIAL.

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• Conceder a isenção do IPI para máquinas e equipamentos, de origem nacional, adquiridos por empresas sediadas na Amazônia Legal para os setores da PDIAL. • Conceder a isenção do Imposto de Importação incidente sobre máquinas e equipamentos, sem similar nacional, adquiridos por empresas sediadas na Amazônia Legal para os setores da PDIAL. – Benefícios financeiros do FDA • Estabelecer juros de 5% a 6.5%a.a para os setores definidos pela PDIAL, que passarão a ser prioritários para ter acesso aos recursos do FDA, em conformidade com o enquadramento do projeto: •5,0% a,a; 5,5% a.a; 6,0% a.a; 6,5% a.a. • Conceder para todos os setores definidos pela PDIAL, a participação dos recursos do FDA em 80% do investimento total. • Conceder carência para até dois anos após a data prevista no projeto para entrada em operação do empreendimento, para todos os setores definidos pela PDIAL, havendo capitalização de juros durante o período de carência. • Ampliar a periodicidade dos pagamentos dasamortizações e dos juros, que passaram a ser anuais para todos os setores definidos pela PDIAL. • Conceder prazo de financiamento para até 20 anos, incluindo o período de carência, para todos os setores definidos pela PDIAL. • Estabelecer o valor da comissão para até 0,1% do valor da operação de financiamento, limitada a R$300.000,00 para os serviços de análise de viabilidade econômico-financeira dos projetos, para todos os setores definidos pela PDIAL. -– Benefícios financeiros do FNO • Reduzir a taxa de juros do FNO, considerando tipo de operação e porte da empresa, para os seguintes patamares: • Bens de capital - Rec. Bruta até R$90 milhões, 5,0% a.a. - Rec. Bruta acima de R$90 milhões, 5.5% a.a. x Operações investimento - Rec. Bruta até R$90 milhões, 6.0 a.a. - Rec. Bruta acima de R$90 milhões, 6.5% a.a. • Capital de Giro - Rec. Bruta até R$90 milhões, 7.0% a.a. - Rec. Bruta acima R$90 milhões, 7.5% a.a. • Reduzir o percentual exigido como garantia inicial para 30% do investimento a ser financiado, para empresas de pequeno porte; e de 70% para pequeno médio, médio e grande porte, bem como reduzir a garantia final para 100% do valor financiado, para todos os portes. • Reduzir a taxa de analise de Projeto do FNO para 0,5%. • Reduzir a taxa pelo serviço de avaliação para 0,25% do valor dos bens oferecidos em garantia. • Isentar da taxa de serviço de vistoria e fiscalização, aos empreendimentos Contemplados pelos setores da PDIAL. Além dos setores prioritários e dos incentivos fiscais e financeirosapresentados, a PDIAL identifica os principais gargalos, bem como as dimensões (estruturante e sistêmica) para o desenvolvimento industrialna região, sendo: -– Principais gargalos para o desenvolvimento industrial na região - Inadequada infraestrutura econômica; - limitado encadeamento produtivo;

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- baixa agregação de valor à produção regional; - economia pouco diversificada; - mercado interno atrofiado; - dependência excessiva da produção extra regional; - baixa capacidade empresarial; - pouca pré-disposição para a cooperação; - ausência de canais especializados e eficientes de informações; - elevado grau de informalidade; - baixa capacitação de mão-de-obra até a desarticulação produtiva. -– Dimensões envolvidas na PDIAL x Dimensão Estruturante (setorial e temática) - Diversificação da base econômica através do fortalecimento de Cadeias Produtivas e Arranjos Produtivos Locais (APL) amazônicos; - Infraestrutura básica; - Diversificação das exportações e internacionalização; - Consolidação e desenvolvimento da competência na economia do conhecimento natural e da sócio biodiversidade da Amazônia. x Dimensão Sistêmica (horizontal e transversal) - Comercio exterior como fluxos de integração econômica Intra e Inter regionais; - Investimento; - Pesquisa, desenvolvimento e Inovação com formação e qualificação profissional e formação de cientistas na Amazônia; - Produção sustentável com competitividade de pequenos negócios; - Ações especiais de desenvolvimento industrial regional. Pelo lado do Estado do Amapá, o documento Investe Amapá-Visão, Oportunidades e Desenvolvimento com Sustentabilidade destacam as potencialidades para investimentos no setor industrial local, nas áreas de madeireira, cosmética e farmacêutica; sua condição geológica de segundo maior produtor mineral da Região Norte, com potencial para exploração de recursos minerais como ouro, ferro, manganês e cromo; seu estuário fluvial (rio amazonas) e sua costa marinha, com mais de 600 quilômetros de extensão, destacando-se como uma das regiões de maior potencial pesqueiro do mundo; sua localização próximo a foz do Rio Amazonas, favorecendo a entrada e saída de produtos da Amazônia e do Centro-Oeste brasileiro pelo Oceano Atlântico, favorecendo o acesso ao comércio internacional a preços mais competitivos, dado a sua proximidade com mercados consumidores expressivos como Estados Unidos, Europa e China. Para transformar esse potencial em desenvolvimento, o governo estadual investe em num programa de obras que privilegia a implantação de infraestrutura econômica e social, o PROAMAPÁ. São investimentos na geração e na ampliação do suprimento energético, telecomunicações (banda larga), modernização e ampliação da estrutura portuária, estruturação de distritos industriais e também em estradas, visando consolidar nos próximos anos o Amapá como um dos mais importantes polos de logística da Amazônia brasileira. O Investe Amapá destaca também a ponte Binacional, que liga o Brasil à Guiana Francesa, como uma grande perspectiva de comércio com o Platô das Guianas e com o Mercado Europeu. Por fim, a publicação destaca os incentivos fiscais, creditícios e locacionais oferecidos às empresas, pela Área de Livre Comerciode Macapá e Santana, da Zona de Processamento de Exportação e da Zona Franca Verde. CONCLUSÕES

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Apesar da localização privilegiada e potencialidades econômicas elencadas, dos incentivos fiscais no âmbito das zonas especiais de industrialização e comercio, e ainda de todo o esforço do governo estadual para assegurar a infraestrutura necessária e garantir umambiente institucional seguro do ponto de vista da legislação e gestão pública, pode-se inferir que a PDIAL no Estado do Amapá, no curto prazo, terá poucas perspectivas de ser implementada na sua plenitude. Tal afirmação é fundamentada ao se considerar que, dentre os principais gargalos para o desenvolvimento industrial na região citados pela Sudam, a maioria (se não todos) são observados no cenário atual do Estado: inadequada infraestrutura econômica (“economia do contra-cheque”); limitado encadeamento produtivo (comércio principal setor/atividade);baixa agregação de valor à produção regional (exportação do minério);economia pouco diversificada;mercado interno atrofiado;dependência excessiva da produção extra regional;elevado grau de informalidade;baixa capacitação de mão-de-obra até a desarticulação produtiva. No que diz respeito às dimensões estruturante (setorial e temática) e sistêmica (horizontal e transversal) envolvidas na PDIAL, também pode-se identificar alguns aspectos desfavoráveis a implemetação plena da política no curto prazo, como: infraestrutura básica ainda deficiente; baixo investimento em pesquisa, desenvolvimento e Inovação com formação e qualificação profissional limitados. Entretanto, alguns aspectos positivos no tocante as dimensões envolvidas na PDIAL podem ser observadas no Estado: possibilidade dadiversificação da base econômica através do fortalecimento de Cadeias Produtivas e Arranjos Produtivos Locais ( APL); potencial de diversificação das exportações e internacionalização; consolidação e desenvolvimento das competências na economia do conhecimento natural e da sócio biodiversidade da Amazônia e grande potencialidade para o comercio exterior como fluxos de integração econômica Intra e Inter regionais. Isto posto, conclui-se que a PDIAL pode ser no médio e longo prazos, um forte indutor ao processo de desenvolvimento da industria no Estado do Amapá, havendo para isso a necessidade do governo local desenvolver ações especiais visando superar as limitações existentes e poder se beneficiar de todas as vantagens propostas pela nova Política de Desenvolvimento Industrial para a Amazônia Legal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Sudam apresenta estudo sobre desenvolvimento industrial. Disponível em:http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2014/09.Acesso em 08 de outubro de 2014 (a). BRASIL. Empresariado tem acesso a estudo sobre desenvolvimento industrial na Amazônia Legal. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2014/09. Acesso em 07 de outubro de 2014 (b). Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (CORECON-PA). Corecon participa da elaboração do PDIAL. Disponível em: http://www.coreconpara.org.br/#!corecon-pa-participa-da-elaborao-do-pd/cx23. Acesso em 08 de outubro de 2014. Em tempo.....Projeto da Sudam propõe mais incentivos para a indústria da Amazônia. Disponível em: https://www.emtempo.com.br.Acesso em 08 de outubro de 2014. Governo do Estado do Amapá (GEA). Investe Amapá-visão, oportunidades e desenvolvimento com sustentabilidade. Macapá. 2012. Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). Estudo sobre desenvolvimento industrial da Amazônia é apresentado na Sudam. Disponível em:http://www.sudam.gov.br/comunicacao-social/1040.Acesso em 08 de outubro de 2014.

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ESTUDO DA QUALIDADE AMBIENTAL DAS ÁREAS DE RESSACA DE MACAPÁ Diniely Duarte dos Santos*, (Acadêmica de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá); Diani

Fernanda da Silva (Docente do curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá). *[email protected]

RESUMO A ocupação desordenada e acelerada nos centros urbanos, tem produzido crescente e

rápida degradação do ecossistema das áreas inundáveis e das áreas de ressacas e

consequentemente o comprometimento da qualidade de vida da população. Diante disso, o

presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento de informações relacionadas

a qualidade ambiental das áreas de ressaca de Macapá, através de revisão bibliográfica em

diversas fontes relacionadas ao tema. As informações obtidas evidenciaram um cenário

comprometedor das áreas de ressaca habitadas, devido principalmente a carência de

saneamento básico no que se refere a existência de coleta/tratamento do esgoto doméstico

e coleta de resíduos sólidos.

1 INTRODUÇÃO No Amapá, assim como em outros estados da Amazônia, a busca pela melhoria de

qualidade de vida nas cidades com maior número de habitantes é marcada pela ocupação

de áreas menos valorizadas, localizadas, em geral, ao longo dos cursos d’água,

configurando-se na formação de comunidades carentes com problemas diversos,

principalmente os relacionados ao acesso ao saneamento básico (LIMA, 1999; BASTOS

2010).

Em Macapá e Santana, municípios integrados à rede hídrica do igarapé do Fortaleza, a

ocupação desordenada e acelerada, tem produzido crescente e rápida degradação do

ecossistema das áreas inundáveis e das áreas de ressacas, bem como a diminuição da

qualidade de vida da população (NERI, 2004; BASTOS, 2010).

É necessário conhecer a realidade destes locais e sugerir medidas que melhorem a

qualidade de vida população de acordo com cada situação observada, podendo-se se

trabalhar em etapas com as necessidades mais urgentes sejam elas de abastecimento de

água, tratamento de esgoto, coleta de resíduos sólidos ou medidas para evitar a ocorrência

de inundações.

Nesse sentido, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo principal realizar um

levantamento bibliográfico relacionado a qualidade ambiental de áreas de ressaca e

especificamente bacia do Igarapé da Fortaleza, localizada na cidade de Macapá-AP.

2 MATERIAL E MÉTODOS

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A metodologia utilizada no presente trabalho consistiu no levantamento bibliográfico de

informações de artigos científicos, livros, documentos e sites oficiais, a pesquisa foi

realizada de maneira exploratória, descritiva direcionada para os principais assuntos

abordados: áreas de Ressacas, bacia hidrográfica do Igarapé da Fortaleza, saneamento

ambiental e doenças de veiculação hídrica.

3 RESULTADOS E DISCUÇÃO

3.1 ÁREAS DE RESSACA DE MACAPÁ

Em 2006, a secretaria de meio ambiente do estado do Amapá (SEMA-AP) definiu ressaca

sendo um termo regional usado para definir bacias de acumulação de água, influenciadas

pelo regime de marés, dos rios e das chuvas.

Por estar situada às margens do Rio Amazonas, Macapá é uma cidade cortada por áreas de

ressacas. Apesar destas áreas serem protegidas legalmente - desde 1965, em nível federal,

com a Lei nº 4.771 que estabelece as Áreas de Preservação Permanente (APP) e, em 2004,

com a Lei estadual nº 0835 que as considera como Patrimônio Natural - as práticas urbanas

configuradas no município vem motivando situações conflituosas nessas localidades

Em Macapá, especificamente, a ocupação desordenada e acelerada das áreas de ressaca

tem produzido crescente e rápida degradação do ecossistema das áreas inundáveis por

meio da carência de saneamento adequado pincipalmente na falta de coleta de esgoto

doméstico, inexistência de tratamento de esgoto nos locais, lançamento de esgoto bruto na

água circundante e ineficiência na coleta de resíduos sólidos. Tais problemática além de

comprometerem a qualidade ambiental do local comprometem a qualidade de vida da

população (NERI, 2004).

3.2 QUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRAFICA DO IGARAPE DA FORTALEZA

A bacia do igarapé da Fortaleza compreende as áreas urbanas de dois municípios mais

populosos do Estado do Amapá, sendo estes Macapá e Santana, além de conter áreas com

elevada importância ambiental como é o caso das áreas de ressacas as quais são

ecologicamente tombadas pela Lei Nº 0455 de 22 de Julho de 1999 (Lei das ressacas) que

dispõe sobre a delimitação e tombamento destas localidades e a Área de Proteção

Ambiental da Fazendinha, criada pela Lei nº 0873, em 31 de dezembro de 2004

(DRUMMOND et al., 2008; BASTOS 2010).

Estima-se que, somente no município de Macapá, mais de 80 mil pessoas ocupem essas

áreas (BASTOS, 2010). Os bairros ou assentamentos no entorno da bacia hidrográfica do

igarapé da Fortaleza não possuem coleta de lixo e nem tratamento dos resíduos sólidos e

de esgoto sanitário. Na maioria dos casos o esgoto proveniente das ocupações humanas é

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diretamente lançado in natura no solo ou dentro da bacia (CUNHA e COUTO, 2002;

BASTOS 2010).

O uso diverso da terra e da água pelos moradores do entorno da bacia do Igarapé da

Fortaleza tem implicações na qualidade da água que não se limitam à área da bacia. Ainda

que as áreas de ressacas possam ser consideradas como purificadoras de água, pois a

vegetação e sedimento tem a propriedade de reter nutrientes (TAKIYAMA et al., 2003),

essas áreas também abastecem os lençóis freáticos e reservatórios de água, e, portanto, a

poluição mesmo que pontual pode comprometer o recurso hídrico de toda a bacia através

do deslocamento da água poluída/contaminada localmente.

4 CONCLUSÕES

As informações obtidas evidenciam a necessidade da realização de mais estudos voltados

para as áreas de ressaca, em busca da coleta de informações mais precisas sobre a

qualidade da água e o levantamento de indicadores de saneamento e da qualidade de vida

da população residente em diversos pontos das áreas de ressaca da bacia hidrográfica,

resultando em um diagnóstico bem fundamentando e fidedigno as condições reais do local

que servirá de subsídio para o desenvolvimento de discussões, políticas e tecnologias que

propiciem a melhoria da qualidade não só do meio ambiente mas também da população

local.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA BASTOS, A. M. Modelagem de Escoamento Ambiental como Subsídio à Gestão de Ecossistemas Aquáticos no Baixo Igarapé da Fortaleza. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Amapá – UNIFAP, 2010. 148 p. CUNHA, A. C. e COUTO, R. (Orgs.) Diagnóstico Rápido Participativo na Bacia o Igarapé da Fortaleza – AP. Governo do Estado do Amapá-GEA/SETEC (prelo). (2002). 53 p. DRUMMOND, et al. Atlas das Unidades de Conservação do Estado do Amapá. Macapá: MMA/IBAMA; GEA/SEMA, 128 p. 2008. LIMA, R. A. P. de. Imigrantes e qualidade de vida na Amazônia setentrional brasileira. Scripta Nova Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Universidad de Barcelona, n. 45, v.31,1999. NERI, S. H. A. A utilização das ferramentas de Geoprocessamento para identificação de comunidades expostas a Hepatite A nas áreas de Ressacas dos Municípios de Macapá e Santana/AP. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004, 173 p. SILVA, A. Q.; TAKIYAMA, L. R., SILVEIRA, O. F .M, VALE, L. F. COSTA NETO. Carta ambiental da bacia hidrográfica da bacia do Igarapé da Fortaleza. 2005. Disponível em < www.sema.ap.gov.br > Consultado em 20 de outubro de 2014.

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TRATAMENTO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO – PROCESSO DE FILTRAÇÃO NA COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO AMAPÁ

Ranielly Coutinho Barbosa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alcimaria Gonçalves de Sousa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Danilo Santana

Gonçalves (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Taylane Araújo da Costa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Professor Dr. / Universidade

Federal do Amapá) [email protected]

RESUMO O processo de tratamento de água para abastecimento realizado nas Estações de Tratamento de Água (ETAs), são responsáveis por tornar a água coletada diretamente nos cursos d’água, potável para o consumo humano. As etapas presentes neste tratamento desempenham funções específicas para se chegar ao resultado de qualidade de água esperado. Com a relevância do tema tratado, foi realizada visita técnica à Companhia de Água e Esgoto do Amapá, com enfoque na etapa de filtração, possibilitando o conhecimento dos procedimentos envolvidos nesta, e a percepção de pontos de eficácia e deficiência presentes neste processo, que serão discutidas ao longo deste relatório. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS A qualidade de vida humana é totalmente dependente de determinados serviços que se tornaram, com o passar dos séculos, cada vez mais essenciais para o desenvolvimento das mais variadas atividades humanas, dentre estes, os serviços referentes ao Saneamento estão diretamente relacionados a saúde e bem-estar da população. Os serviços relacionados ao Sistema de Saneamento devem estar inclusos em qualquer município, visando a qualidade de vida das diversas camadas da sociedade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) saneamento se refere ao “controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental e social”. Saneamento também é definido como “o conjunto de ações que tendem a conservar e melhorar as condições do meio ambiente em benefício da saúde” (DI BERNARDO, 2003). Dentre os serviços relacionados ao Saneamento estão: abastecimento de água; coleta, tratamento e disposição adequada dos esgotos sanitários; coleta, tratamento e disposição adequada dos resíduos sólidos, coleta e disposição adequada, das águas pluviais e controle de vetores de doenças transmissíveis. O acesso à água pela população através do abastecimento público desempenha relevante papel no cotidiano desta, devido as inúmeras aplicabilidades em que a água potável é fundamental, como na elaboração da alimentação diária, higiene pessoal, atividades domésticas como limpeza de residências, roupas etc. E a qualidade deste abastecimento é indubitavelmente relevante. De acordo com Miranda (2007) o abastecimento com água de boa qualidade é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento das sociedades modernas, estando diretamente relacionado ao controle e eliminação de doenças, bem como ao aumento da qualidade de vida das populações. No entanto a crescente expansão populacional tem gerado problemas relacionados a esta qualidade, devido não somente ao aumento do número do público consumidor de água da rede de abastecimento (aumento da demanda), mas também devido ao aumento da degradação da qualidade da água ocasionada pela poluição de mananciais utilizados como pontos de coleta da água para abastecimento. Ainda segundo Miranda (2007), a falta de recursos financeiros nos países em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela impossibilidade da aplicação de medidas corretivas para reverter a situação.

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Os materiais em suspensão presentes na água servem de suporte e proteção para os microrganismos, dificultando sua eliminação pela desinfecção, sendo a matéria orgânica fonte de substrato para a proliferação da flora bacteriana, assim como as matérias, nitrogenada e fosfatada responsáveis pelo crescimento das algas e pela eutrofização dos corpos d’agua (KONRADTMORAES, 2009).

Para tanto o prévio tratamento adequado da água que será fornecida a população, deve se configurar em uma importante ferramenta para garantir a distribuição de água com qualidade e potabilidade seguras para saúde dos consumidores. Com este objetivo existem as ETAs (Estações de Tratamento de Água), fundamentais no sistema de abastecimento público de água. Os vários procedimentos adotados em uma ETA visam melhorar a qualidade da água obtida nos pontos de captação (denominada água bruta), retirando e/ou reduzindo microrganismos, contaminantes, poluentes etc., tornando esta potável, não causando prejuízos a saúde da população. Diante disto em todo o mundo são adotados modelos diferentes com variadas tecnologias de processos inclusos no tratamento da água. Na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo IBGE (2002), as tecnologias de tratamento de águas para abastecimento são classificadas como convencionais, que incluem todas as etapas tradicionais do processo (coagulação, floculação, decantação e filtração), e não-convencionais, incluindo a filtração direta ascendente e descendente, a dupla filtração e a filtração lenta (DI BERNARDO, 2003). Diante da relevância do tema exposto e de sua aplicabilidade em cada sociedade, foi realizada Visita Técnica à Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA) nos dias 24 e 30 de maio de 2014, objetivando visualizar os procedimentos adotados no tratamento da água para abastecimento no município de Macapá, com ênfase à etapa de filtração. A partir da visita realizada, neste relatório será enfatizada a etapa de filtração da água. MATERIAL E MÉTODOS A visita técnica foi realizada nos dias 24 e 30 de maio de 2014, na Estação de Tratamento de Água da Companhia de Água e Esgoto do Amapá, localizada na Avenida 6 de setembro, nº56, Bairro Beirol, Município de Macapá, Estado do Amapá. A visita foi acompanha pelo servidor Birailson dos Santos Palmeira, que deu as informações necessárias sobre todas as etapas do processo de Tratamento de Água para abastecimento realizado na CAESA. No dia 24 de maio, a visita objetivou o conhecimento de todas as etapas do processo de Tratamento de água, com os procedimentos realizados a partir da captação da água (bruta) até o estado final, que seria como ela chega até o consumidor. No dia 30 de maio foi realizada nova visita, objetivando o aprofundamento do conhecimento sobre os procedimentos envolvidos na etapa de filtração do sistema de tratamento de água, com uma abordagem mais detalhada, com o auxílio dos servidores da CAESA Sr. Birailson e Sr. César. RESULTADOS/DISCUSSÃO A etapa de filtração é responsável por reter partículas presentes na água (material em suspensão). No caso do sistema de tratamento de água da CAESA, é realizada a filtração direta descendente. A aplicação da filtração direta está fortemente condicionada à qualidade da água bruta, sendo relevantes os seguintes parâmetros: turbidez, cor verdadeira, sólidos em suspensão, densidade de algas e quantidade de coliformes (Di Bernardo et al, 2003). O processo de filtração na CAESA é iniciado antes com a captação de água no rio Amazonas, com a entrada da água é medida regularmente a vazão, para que seja possível calcular a quantidade de produtos necessários a serem introduzidos ao longo do tratamento. A vazão atual que a Estação de Tratamento da CAESA trabalha é de 1.400 litros, mas a real capacidade desta ETA é de 1.200, portanto devido a necessidade de ampliação do sistema e o não cumprimento de entregas de obras de ampliação desta ETA, o atual sistema de tratamento de água trabalha atualmente além de sua capacidade.

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Após a entrada da água da captação, esta passa pela etapa de floculação, com a formação de flocos para agrupar a sujeira. Após é a etapa de decantação, que visa agrupar ainda mais estes flocos. Estas duas etapas anteriores, são relevantes para tornar o processo de filtração mais fácil e eficaz na retirada de impurezas da água bruta. De acordo com Dalsasso & Sens (2006) os mecanismos da filtração em meio granular resultam da ação conjunta de três fenômenos: transporte, aderência, e desprendimento das partículas em suspensão que se pretende remover. É perceptível a formação de limo nas paredes do filtro, isto se deve a que o processo de tratamento de água utilizado na CAESA, somente acrescentar o Cloro, após o processo de filtração, se fosse acrescentado antes, segundo o Sr. Birailson, a formação de limo seria reduzida. Durante a realização da etapa de filtração, sempre permanece um funcionário responsável pela supervisão desta etapa, para que não ocorra a perda de material filtrante e para que quando a água estiver na qualidade desejada a drenagem seja cessada. O material filtrante é formado por areia, seixo e por carvão ativado –antracito (Figura 1). A areia e o seixo, são oriundos de localidades do interior do estado do Amapá, o Sr. César afirmou que não são quaisquer areia e seixo que podem ser utilizados como materiais filtrantes, os mais adequados para esta utilização, são a areia e seixo oriundo de rio, pois segundo ele, estes por já terem uma procedência de mais atrito são mais consistentes e seus grãos não se quebram facilmente, aspecto importante para manter a granulometria do material filtrante.

Figura 1. Modelo das camadas presentes no filtro da CAESA.

Já o carvão ativado, não é possível ser obtido no estado do Amapá, portanto este é trazido de outros estados do Brasil, como exemplo Santa Catarina. A granulometria das camadas de materiais filtrantes é muito importante para a eficiência desta etapa, cada camada deve ser totalmente homogênea no tamanho de suas partículas. Para isto, as granulometrias são pré-definidas e padronizadas para cada tipo de camada. Isto é regulado com uma “peneira” que é utilizada no tratamento do material antes de ser inserido no filtro (Figura 2). A granulometria nas camadas diminui no sentido de baixo pra cima.

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Figura 2. Peneira utilizada para regular a granulometria de seixo.

A filtração ocorre no sentido descendente e a lavagem do filtro ocorre no sentido ascendente. Sendo que a lavagem é realizada em média a cada 6 hs. Também é realizada a lavagem no filtro para retirada de limo das paredes, esta é realizada com jatos de água e de frequência mais esporádica do que a lavagem do material filtrante (Figura 3).

Figura 3. Processo de filtração em andamento, em filtro com presença de limo.

O material filtrante também deve ser trocado, pois após várias filtragens as partículas de impurezas presentes na água se aderem lentamente aos grãos do material filtrante, por exemplo encapsulando os grãos de areia. Na CAESA, segundo o Sr. César, a troca ocorre em média a cada 3 anos. Mas manutenções regulares são efetuadas, por meio do poço de manutenção, que propicia o contato com o nível das camadas do material filtrante e quando identificada diminuição através da perda destas camadas, ocorre a reinserção de material para se manter as espessuras apropriadas de cada camada. A perda é identificada por sinais como a diferença de volume e o aumento da turbidez da água. CONCLUSÕES A etapa de filtração é fundamental no processo de tratamento de água para abastecimento, para tanto é uma etapa que envolve vários aspectos e detalhes que devem ser observados para que esta ocorra corretamente. A Companhia de Água e Esgoto do Amapá possui problemas em relação a demanda e a capacidade de tratamento da estação, no entanto o processo que envolve a etapa de filtração é bem monitorada e aparentemente bem executada, com o cumprimento das diversas necessidades que envolve este processo. Segundo os funcionários que acompanharam o grupo durante a visita técnica, visando a eficiência do processo, regularmente ocorre a lavagem do material filtrante e das paredes do filtro para retirada de lodo e são realizadas vistorias nas camadas de material filtrante, objetivando manter a qualidade, volume e eficiência desta filtração. Um problema observado na etapa de filtração se refere ao destino dado à água resultante da lavagem dos filtros. Segundo Texeira (2004), deve-se atentar para a condução dos efluentes oriundos da lavagem dos filtros para os cursos d’água ou para o início do tratamento uma vez que podem apresentar grandes concentrações de células e/ou toxinas. No entanto, na ETA da CAESA o despejo da água resultante da lavagem dos filtros ocorre bem próximo de onde é realizada a captação de água para tratamento. Portanto como sugestões para a solução dos problemas expostos, propomos a urgência na efetivação da ampliação desta ETA, e a modificação dos locais de coleta de água para o tratamento e despejo de água oriunda da lavagem dos filtros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DALSASSO, Ramon Lucas; SENS, Maurício Luiz. Filtração direta com pré-floculação e coagulação com sulfato de alumínio e hidroxicloreto de alumínio: estudo com água de manancial eutrofizado. Revista Engenharia Sanitária Ambiental. Vol. 11. Nº 3 – jul/set 2006, 241-249.

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DI BERNARDO, Luiz. Tratamento de água para abastecimento por filtração direta. Projeto PROSAB. ISBN: 86 – 86552 – 69 – 0, Rio de Janeiro: ABES, RiMa, 2003. KONRADT-MORAES, L. C. K, 2009. Estudos dos processos de coagulação e floculação seguidos de filtração com membranas para obtenção de agua potável. In.: MONTEIRO, D. T.; BERGAMASCO, R.; KONRADT-MORAES, L. C. K. Tratamento do água por coagulação/floculação/filtração com membranas, utilizando o coagulante natural quitosana. VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica. Uberlândia, Minas Gerais, 2009. MIRANDA, Luis Alcides Schiavo. Abastecimento de água - Sistemas e processos de tratamento de águas de abastecimento. Guia do Profissional em treinamento. Rede Nacional de Capacitação e Extensão em Saneamento Ambiental / Núcleo Regional Sudeste. Porto Alegre, 2007. TEXEIRA, Ana. Aplicabilidade da filtração direta para o tratamento de água eutrofizada. Dissertação Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2004.

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TRATAMENTO DE LIXIVIADOS NO ATERRO SANITÁRIO DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ

Ranielly Coutinho Barbosa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alcimaria Gonçalves de Sousa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Danilo Santana

Gonçalves (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Taylane Araújo da Costa (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Professor Dr. / Universidade

Federal do Amapá) [email protected]

RESUMO O saneamento básico representa uma relevante vertente relacionada a manutenção da qualidade de vida da população urbana, e a deposição adequada de resíduos sólidos está compreendida nesta vertente. Dentre os métodos de disposição desses resíduos está o Aterro Sanitário, este dentre as medidas implementadas que visam a redução dos impactados ambientais, está o tratamento dos lixiviados. Diante da importância da temática, foi realizada visita técnica ao Aterro Sanitário do Município de Macapá, e as informações obtidas durante esta, serão expostas neste, com ênfase ao tratamento de lixiviados. INTRODUÇÃO/OBJETIVO O saneamento básico se configura como ferramenta para a manutenção da qualidade de vida da sociedade, buscando a saúde e o bem-estar desta, através da salubridade ambiental. Dentro do saneamento básico, o tratamento quanto à disposição de resíduos sólidos apresenta relevância, principalmente no meio urbano, onde a população se encontra em crescimento e o volume de resíduos produzidos por pessoa é consideravelmente alto. Dentre as diversas técnicas de tratamento de resíduos sólidos urbano, estão os lixões, tecnologias simplificadas de aterros de disposição de resíduos sólidos, e os aterros sanitários. De acordo com a NBR 8419 (ABNT,1992), aterro sanitário é definido como:

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. (ABNT, NBR 8419, 1992, p.1)

Dentro dos processos que envolvem a manutenção e execução de um aterro sanitário, um dos mais relevantes se refere ao tratamento dado aos lixiviados. Lixiviado é o líquido escuro de odor desagradável, produzido pela decomposição físico-química e biológica dos resíduos depositados em um aterro (SILVA, 2009). Por essas características, este se configura em um líquido potencialmente poluidor, podendo atingir lençóis freáticos e águas superficiais, daí a relevância do tratamento adequado deste. Portanto, a partir do exposto, será apresentado as informações obtidas durante a visita técnica ao Aterro Sanitário do município de Macapá, ocorrida em 19 de julho de 2014, dando ênfase ao tratamento dos lixiviados. MATERIAL E MÉTODOS A visita técnica foi realizada no dia 19 de julho de 2014, no Aterro Sanitário do Município de Macapá, localizado na BR 163, Município de Macapá, Estado do Amapá. A visita foi acompanha por servidores municipais da Secretaria Municipal de Urbanização, que deram as informações necessárias sobre todas as etapas dos processos que envolvem o aterro. No dia 05 de agosto, foi realizada visita à Secretaria Municipal de Urbanização (SEMUR) objetivando a obtenção de informações mais específicas sobre o tratamento de lixiviados realizados no Aterro.

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RESULTADOS/DISCUSSÃO O Aterro Sanitário de Macapá é o primeiro do estado do Amapá, e o primeiro da Região Norte. Dentre as suas diretrizes está a diminuição de custos, no tratamento correto de resíduos sólidos urbanos. O controle da quantidade de resíduos se dá na entrada do aterro, onde todos os veículos que transportam estes resíduos, seja oriundo de lixo doméstico ou até mesmo de entulhos (produtos de podas de árvores, por exemplo). Onde estes são pesados na entrada, com soma do peso do veículo mais do resíduo, e estes também são pesados na saída, momento onde é subtraído o peso do veículo vazio, e obtido apenas o peso dos resíduos, com a emissão de notas (Figura1).

Figura 1. Resíduo (entulhos) sendo pesado na entrada do aterro (à esquerda) e um exemplo de nota que é emitida com a saída do veículo (à direita). Segundo os servidores, são geradas 300 toneladas de lixo por mês no Amapá, sendo que nos meses chuvosos o lixo apresenta um peso superior do que os meses secos. No local existe um galpão que serviria para a separação de lixo, voltado para a utilização dos catadores que trabalham no local. No entanto, a obra de construção deste galpão não foi finalizada e se encontra em estado de abandono (Figura 2). Este se constituindo em um dos problemas identificados durante a visita.

Figura 2. Abandono do galpão que deveria servir para a separação de lixo pelos catadores. Atualmente existem 2 células no aterro de Macapá, somente com lixo doméstico. A primeira célula já chegou ao limite máximo permitido pelo aterro, portanto atualmente se está em uso a segunda célula (Figura 3).

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Figura 3. Célula 2 de lixo doméstico. O lixo oriundo de entulhos e de origem vegetal (orgânicos) são depositados em uma outra área, sem nenhum outra tratamento, este poderia ser aplicado técnicas de compostagem, no entanto sem a separação prévia isto não é possível (Figura 4).

Figura 4. Deposição de lixo oriundo de entulhos e de origem vegetal.

Em relação à compostagem, é realizada no aterro, esta técnica ainda em pequena escala. Com materiais orgânicos (principalmente de origem vegetal) oriundos de podas de árvores realizadas pela prefeitura no município de Macapá (Figura 5).

Figura 5. Técnica de compostagem realizada no aterro

Tratamento de lixiviados no aterro sanitário de Macapá O método de tratamento de lixiviados utilizado no Aterro Sanitário de Macapá é o de Lagoas anaeróbias e facultativas. Segundo Bidone (2007) este é o método de tratamento de lixiviados mais simples e que possui o uso mais difundido nas cidades brasileiras. Ainda segundo este autor, isto provavelmente se deve aos seguintes fatores: não há necessidade de qualquer mecanização nas lagoas; baixo custo de implantação; condições climáticas extremamente favoráveis ao processo na maior parte do território brasileiro. No aterro de Macapá, sistema de tratamento se dá através das lagoas L 01 e L02 de tratamento anaeróbico onde a lagoa L01 recebe todo o lixiviado oriundo da base da célula e a lagoa 02 interliga o sistema de drenagem do lixiviado da L02 para a L01 (Figura 6).

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Fugura 6. Lagoas L01 e L02 do processo de tratamento do lixiviado. Nas células de deposição de lixo doméstico como medidas de prevenção de contaminação do solo pelo chorume e como estrutura de drenagem, é realizada antes do início da deposição de lixo, a cobertura do solo da célula com lona impermeabilizante e são construídos tubos de drenos (Figura 7). Também se faz uso de pneus objetivando a circulação do gás (também oriundo do lixiviado) até as caneletas, onde será queimado.

Figura 7. À esquerda cobertura do solo com lonas impermeabilizantes em uma

célula, antes da deposição do lixo, e á direita a construção do tubo de drenagem do lixiviado.

Após todas estas etapas é feito um monitoramento e análises físico-químicas trimestralmente de água do subsolo em seis poços. Poço 01 localizado junto ao acampamento dos carapirás com profundidade de 36 metros de profundidade, poço 02 localizado ao lado da casa da balança possuindo uma profundidade de 43 metros, poço 03 localizado a montante do aterro assim como o posso 04 com apenas coordenadas diferentes e os poços 05 e 06 localizados a jusante do aterro controlado possuindo também só as coordenadas diferenciadas. Segundo relatório técnico de acompanhamento feito no aterro sanitário de Macapá realizado em período trimestral são efetuadas as seguintes análises: Controle da qualidade das águas superficiais; Monitoramento das águas subterrâneos através de inspeções de poços do entorno do aterro; O nível de poluição do solo; Medição de temperatura e nível de percolação do chorume; Controle da vazão do chorume; Analise físico-química e bacteriológica. CONCLUSÕES Foi observado durante a visita técnica que o Aterro Sanitário de Macapá, mesmo já representando um avanço no setor de saneamento básico para o estado do Amapá, este ainda apresenta problemas que devem ser sanados para uma mais eficaz utilização do aterro. Dentre estes estão o abando da finalização de construção do galpão de separação de lixo, que poderia possibilitar uma melhor qualidade de trabalho para os catadores. Outro ponto relevante é a ausência de pleno aproveitamento dos resíduos orgânicos em técnicas de compostagem, uma alternativa viável de reciclagem destes. Em relação ao método de tratamento de lixiviados adotado no Aterro Sanitário de Macapá, este pode não ser o mais adequado, segundo Bidone (2007) este método apresenta grandes problemas relacionados as baixas eficiências obtidas no tratamento, além do fato

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de a maioria dos projetistas dimensionar erradamente estas lagoas. Portanto estudos são relevantes para verificar a real eficiência deste método para o Aterro de Macapá. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 8419/1992: Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos - Rio de Janeiro, 1992. SILVA, Fernando Barbosa. Tratamento combinado de lixiviados de aterros sanitários. Dissertação de mestrado – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2009. BIDONE, Ricardo Figueira. Tratamento de lixiviado de aterro sanitário por um sistema composto por filtros anaeróbios seguidos de banhados construídos: estudo de caso – central de resíduos do Recreio, em Minas do Leão/RS. Dissertação de mestrado – Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Carlos, 2007.

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ESTUDO SOBRE O DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO DE RESIDÊNCIAS LOCALIZADAS EM COMUNIDADES

RURAIS Jackson W M de Oliveira¹(Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá); MSc Diani

Fernanda da Silva²(Docente do Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá); Sabrina Gama dos Santos³ (Curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá).

[email protected]

RESUMO A água tem influência direta sobre a saúde, qualidade de vida e o desenvolvimento do ser humano, entretanto, em localidades rurais e comunidades ribeirinhas a problemática do abastecimento de água apropriada para consumo humano é uma realidade, visto que na maioria das vezes tais comunidades são desprovidas de captação e tratamento adequado dentro de normas estabelecidas por órgãos de vigilância sanitária. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo demonstrar por meio de uma revisão da literatura, os resultados encontrados por diversos autores, ao analisarem a qualidade das águas de abastecimento de residências localizadas em zonas rurais. Em síntese, observou-se um cenário alarmante evidenciado pelo consumo de água de má qualidade por grande parte da população rural contribuindo para a disseminação de doenças de veiculação hídrica. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS A água é essencial à sobrevivência humana, seja para a reposição de líquidos ao organismo, preparo de alimentos, auxílio na limpeza pública, cuidados com a higiene corporal, conforto, bem estar, além de usos relacionados com o ambiente doméstico e atividades econômicas. Entretanto, não basta haver disponibilidade em termos quantitativos do recurso, é vital a oferta de água com qualidade, livre de organismos patogênicos e compostos que possam comprometer a saúde humana. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2013), ainda existe cerca de 1,1 bilhões de pessoas sem acesso a água potável e 2,4 bilhões de pessoas sem acesso a serviços de saneamento básico. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios – PNAD, apenas 32,8% dos domicílios das áreas rurais estão ligados a redes de abastecimento de água com ou sem canalização interna (IBGE, 2009). O restante da população (67,2%) capta água de chafarizes e poços protegidos ou não, diretamente de cursos de água sem nenhum tratamento ou de outras fontes alternativas geralmente insalubres. A Região Amazônica, apesar de estar fortemente associada com a abundância de água pela presença do maior ecossistema de água doce do mundo, a situação também é preocupante, visto que a espacialização da água doce nessa região oculta as diversidades socioambientais no acesso à água pelas populações tradicionais que habitam o interior da floresta amazônica e ainda pelas populações residentes na área urbana, onde apenas 68% dos domicílios têm água tratada e 48% das residências dispõe de instalações de esgoto adequadas (Celentano & Veríssimo, 2007), o que contribui direta e indiretamente no surgimento de doenças de veiculação hídrica, parasitoses intestinais e diarreias Desta forma, é necessária adoção de medidas para diagnosticar as condições sanitárias e hídricas em regiões sem acesso a água potável, seja por meio de diagnósticos ambientais e análises da qualidade da água através das normas paramétricas que traduzam, de forma objetiva, as características que as águas destinadas ao consumo humano devem obedecer. Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo, demonstrar por meio de uma revisão da literatura, os resultados encontrados por diversos autores, no que tange a qualidade das águas de abastecimento de residências localizadas em diferentes localidades rurais brasileiras. MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento do presente estudo, realizou-se uma busca por trabalhos científicos que abordassem o tema proposto. O levantamento de artigos científicos se deu em revistas

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científicas de veiculação em todo o território nacional e também de alcance internacional, sendo realizada principalmente a partir da Scientific Electronic Library Online (SciELO) e do portal de periódicos da CAPES. RESULTADOS/DISCUSSÃO As comunidades localizadas em áreas de várzea, apesar da grande disponibilidade do recurso, muitas vezes não possuem acesso a água de qualidade, potável, isenta de organismos e substâncias nocivas. O comprometimento da qualidade da água destes ambientes alagados se dá principalmente pela combinação da ocupação desordenada com a falta das estruturas básicas de saneamento. Sendo assim, Brito (2013) verificou através da análise dos parâmetros físicos, químicos e biológicos,a qualidade da água de abastecimento em comunidades rurais de várzea do baixo Rio Amazonas. Os resultados encontrados indicaram que a turbidez das águas na região está acima do valor máximo permitido, a cor apresentou concentrações elevadas nas três comunidades estudadas, enquanto que o pH ficou abaixo do limite permitido, classificando a água como levemente ácida. As concentrações de nitrato e amônia estavam em conformidade com a legislação. Já os teores de ferro e alumínio foram muito elevados, e significativamente acima dos padrões permitidos. Coliformes totais e E.coliforam registrados em todas as comunidades estudadas, portanto,tais resultados demonstram a exposição da população ribeirinha ao risco de adquirir doenças infecciosas e parasitárias veiculadas pela água contaminada. Em estudo semelhante, Takyamaet al. (2003) realizou o diagnóstico da qualidade da água das ressacas das Bacias do Igarapé da Fortaleza e do Rio Curiaú, localizadas no Estado do Amapá. Por meio da análise de diversos parâmetros como: amônia, cloretos, coliformes fecais, condutividade elétrica, fosfato, nitrato, oxigênio dissolvido, pH, sólidos totais, turbidez, sólidos totais dissolvidos, temperatura do ambiente, temperatura da água, foi possível determinar a qualidade da água de abastecimento em áreas de ressaca, o estudo contou ainda com a utilização do Índice de Qualidade de Água (IQA) para a classificação da qualidade. Os resultados demonstraram que a dinâmica do rio Amazonas influencia diretamente a qualidade da água do Igarapé da Fortaleza. Com relação às ressacas, demonstrou-se no trabalho o impacto causado pela ocupação humana em áreas como o bairro doCongós localizado em Macapá-AP quando comparado a locais mais preservados como a Lagoa dos Índios, Curiaú e Curralinho também pertencentes ao município. As análises mostraram que a qualidade da água está comprometida principalmente em relação aos parâmetros coliformes fecais, oxigênio dissolvido e concentração de nutrientes, os quais são detectados em concentrações inadequadas nos locais onde há intervenção antrópica. Com o intuito de entender a situação e aspectos do saneamento básico no meio rural na Amazônia, Bernades& Soares (2012) desenvolveram um estudo em que foi possível traçar um panorama dos sistemas de saneamento na zona rural, indicando o tamanho do déficit e as regiões menos favorecidas, através de um estudo de caso em cinco municípios da Região Amazônica. Os resultados demonstraram que a situação de saneamento nos cinco municípios em questão, notadamente no aspecto de abastecimento de água, evidenciam um cenário precário. Tal situação é acentuada nas localidades da zona rural, principalmente aquelas situadas em regiões ribeirinhas, o que comprova os resultados das análises dos trabalhos realizados com as comunidades ribeirinhas do Amapá, mostrados anteriormente. A dinâmica de contaminação da água no meio rural também se mostra evidente fora da Região Amazônica, como no município de Lavras (MG), onde foi realizado um levantamento da qualidade da água no meio rural por Rocha et al. (2006), o qual pesquisou 80 propriedades rurais divididas em duas comunidades principais: Água Limpa e Santa Cruz. Na comunidade de Água Limpa, 93% das amostras de água coletadas nas propriedades rurais apontou presença de coliformes 43 termotolerantes, já em Santa Cruz, 100% das fontes possui contaminação por coliformes termotolerantes. Em levantamento semelhante realizado na zona rural de Bandeirantes-PR, foi constatado que 47,79% das amostras analisadas apresentaram contaminação por Coliformes, indicando água imprópria para consumo humano (OTENIO, 2007).

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Siqueira et al. (2006) em sua pesquisa, avaliou a qualidade bacteriológica da água para o consumo humano, quanto a presença de coliformes totais e termotolerantes, em diferentes unidades de alimentação na cidade de Recife (PE), conforme os padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria N°518 de 2004 do Ministério da Saúde/ANVISA. Os resultados indicaram que em 62,5% das amostras analisadas foram detectados desacordos com os padrões microbiológicos legais, por apresentarem contaminação por coliformes totais, sugerindo condições higiênico-sanitárias precárias. Na Comunidade Rural Sepé-Tiarajú localizada no Estado de São Paulo foi avaliada a relação entre saúde e saneamento ambiental no contexto do processo de desenvolvimento social, através da análise da água destinada ao consumo humano, os resultados indicaram que a água utilizada em algumas comunidades apresenta fator de risco à saúde das pessoas que a utilizam, visto que as análises bacteriológicas evidenciaram a presença de coliformes totais acima do recomendado pela legislação, com relação aos parâmetros físico-químicos, os valores de pH também ficaram acima do permitido, classificando a água como um pouco ácida, os valores de temperatura e oxigênio dissolvido ficaram dentro dos valores pré estabelecidos (ARAÚJO et al. 2011) Ainda em São Paulo, Satake et al. (2012) analisou a qualidade da água em propriedades rurais situadas na Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, Jaboticabal (SP) durante os períodos de chuva e seca. Nas amostras analisadas foi encontrada a presença de Escherichia coli, populações de microrganismos mesófilos heterotróficos, turbidez e concentração de nitrato, o que classificou a água da região como imprópria para o consumo humano, além da forte relação com o aparecimento de doenças de veiculação hídrica na região. A situação se agrava quando a população não tem conhecimento do problema e consequentemente, da importância de realizar o correto armazenamento e tratamento da água utilizada para consumo, quando necessário, visto que hábitos domiciliares incorretos no manejo da água de consumo podem afetar diretamente a saúde dos usuários. Nesse sentido, no município de Vitória (ES), Silva et al. (2009)realizaram entrevistas com grupos de moradores, onde os discursos apontaram a falta de conhecimento dos usuários acerca da manutenção correta do reservatório e filtro domiciliares de água, além da desconfiança da qualidade da água recebida do sistema público, os moradores também relataram a falta de um canal de comunicação efetivo entre a população, o serviço de saneamento e as instituições de saúde pública locais. O estudo mostrou ainda a necessidade de se reverem as formas de comunicação com a população atualmente adotadas por essas instituições. Desta forma, é imprescindível a adoção de métodos alternativos de tratamento da água, principalmente nas comunidades rurais e ribeirinhas, que muitas vezes são subordinadas ao consumo de água de péssima qualidade, visto a falta de saneamento e infra-estrutura precária. Bertholini&Bello (2011)em sua pesquisa, avaliaram a possibilidade de desinfecção da água para consumo humano através do método SÓDIS, em comunidade rural do município de Cuiabá-MT, em que a partir de ensaios da de exposição da água à radiação solar, constatou-se a eficiência do método devidoa melhoria efetiva da qualidade da água consumida, além de relatos de remoção de compostos que conferiam sabor/odor na água. Como resultado secundário destaca-se a facilidade de aceitação do uso da metodologia por parte dos moradores assistidos pelo projeto e a fidelidade à execução dos procedimentos. Outro método estudado passível de utilização no tratamento da água em propriedades rurais e menos favorecidas, é o clorador simplificado por difusão proposto por Guerra (2006), que avaliou sua eficiência na desinfecção da água para consumo humano em propriedades rurais na Bacia do Ribeirão do Laje – Caratinga/MG, para isso, foi realizada a implantação clorador em 10 cisternas que apresentavam contaminação por coliformes, e observou-se que em três análises microbiológicas subsequentes (10, 20 e 33 dias após implantação), não houve detecção de coliformes totais e fecais nas amostras, com isso, conclui-se que o clorador simplificado por difusão é um método eficiente, simples, de baixo custo, e que deve ter sua utilização estimulada junto à população que não tem acesso à água tratada.

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CONCLUSÕES Com base nos estudos científicos levantados, o que se observou em todos os levantamentos e análises foi a presença de organismos patogênicos e compostos que podem vir a comprometer a saúde da população que utiliza tal recurso. Desta forma, verificou-se que os problemas sanitários em zonas rurais e comunidades ribeirinhas são complexos e preocupantes, o que demonstra a necessidade do correto gerenciamento dos recursos hídricos, maiores cuidados com o sistema de captação, armazenamento e distribuição da água de abastecimento rural. Em virtude disso, torna-se viável a utilização de métodos alternativos de tratamento de água, como o clorador simples, método SÓDIS, entre outros, que podem melhorar significamente a qualidade da água consumida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, G. F. R. et al. Qualidade físico-química e microbiológica da água para o consumo humano e a relação com a saúde: estudo em uma comunidade rural no estado de São Paulo;Mundo saúde (Impr.), v. 35, 98–104, 2011. BERNARDES, R. S.; SOARES, S. R.A. Diagnóstico de sistemas de saneamento na zona rural: estudo de caso em municípios da Região Amazônica. Universidade de Brasília – UnB. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB. Brasília, DF. 2012. BERTHOLINI, T. M. ; BELLO, A. X. S. Desinfecção de água para consumo humano através do método SÒDIS: estudo de caso em localidade rural do município de Cuiabá – MT. In: II Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Londrina – PR, 2011. BRITO, P. N. F. Qualidade da água de abastecimento em comunidades rurais de várzea do Baixo Rio Amazonas. 2013. 49p. Trabalho de conclusão do curso (graduação) – Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2013. CELENTANO, D.; VERÍSSIMO, A. A Amazônia e os objetivos do milênio. O Estado da Amazônia: indicadores, nº 1. Belém: Imazon, 2007. GUERRA, C. H. W. Avaliação da eficiência do cloradorsimplificado por difusão na desinfecção da água para consumo humanoem propriedades rurais na bacia do Ribeirão do Laje – Caratinga/MG. Centro Universitário deCaratinga, 2006. IBGE. Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios - PNAD 2009. Disponível em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/. Acesso em: 07 set. 2014. OTENIO, M. H. et al. Qualidade da água utilizada para consumo humano de comunidades rurais do município de Bandeirantes-PR. Salusvita, v. 26, n. 2, p. 85-91, 2007. ROCHA, C. M. B. M. et al. Avaliação da qualidade da água e percepção higiênico-sanitária na área rural de Lavras, Minas Gerais, Brasil, 1999-2000. Caderno de Saúde Pública, v.22, n 09, p 1967-1978, 2006. SATAKE, F.M. ; ASSUNÇÃO, A. W. A. ; LOPES, L. G. ; AMARAL, L.A. Qualidade da água em propriedades rurais situadas na Bacia Hidrográfica do Córrego Rico, Jaboticabal – SP. ARS VETERINÁRIA, Jaboticabal, SP, v.28, n.1, 048-055, 2012.

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SILVA, S. R. et al. O cuidado domiciliar com a água de consumo humano e suas implicações na saúde: percepções de moradores em Vitória (ES).Eng. Sanit. Ambient., v.14, n.4, p. 521-532, 2009. SIQUEIRA, L. P. et al. Avaliação microbiológica da água de consumo empregada em unidades de alimentação.Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, n. 1, p. 63-66, 2010. TAKIYAMA, L.R. ; SILVA, A.Q. ; COSTA, W.J.P. ; NASCIMENTO, H.S. Qualidade das Águas das Ressacas das Bacias do Igarapé da Fortaleza e do Rio Curiaú In: Takiyama, L.R. ; Silva, A.Q. da (orgs.). Diagnóstico das Ressacas do Estado do Amapá: Bacias do Igarapé da Fortaleza e Rio Curiaú, Macapá-AP, CPAQ/IEPA e DGEO/SEMA, 2003, p.81-104. World Health Organization – WHO. Water supply, sanitation and hygiene development. 2013. Disponível em: http://www.who.int/water_sanitation_healthy/hygiene/en/. Acesso em 10 set. 2014.

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USO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PARA FINS MEDICINAIS EM LARANJAL DO JARI, AMAPÁ

Gabrielle da Silva Ferreira (Bolsista PIBICJr/CNPq/FAPEAP, Curso técnico em Meio Ambiente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari); Vinícius Batista Campos (Prof. DSc.,

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari) [email protected]

RESUMO Objetivou-se avaliar espécies arbóreas com finalidades medicinais utilizadas pela população de Laranjal do Jari, Amapá. Foram entrevistados 45 moradores, um de cada família residente no bairro castanheira. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, com 10 questões abertas e fechadas. Identificou-se sete famílias arbóreas para usos medicinal, com maior representatividade para a família Fabaceae. As plantas mais citadas foram: Cumaru (Dipteryx odorata), Limoeiro (Citrus limon), Andiroba (Carapa guianensis Aubl.), Jatobá (Hymenaea spp.), Jucá (Caesalpinea ferrea Mart.), Gravioleira (Annona spp.) e Goiabeira (Psidium guajava), sendo as partes mais usadas, as sementes e folhas. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS Ao longo da História, os ambientes onde ocorrem espécies vegetais possuidoras de potencial terapêutico comprovado ou não, têm sofrido modificações de toda ordem, o que traz preocupação para os estudiosos da biodiversidade. O costume de se utilizar plantas como medicamento se perpetua em muitas sociedades tradicionais, pois possuem uma vasta farmacopeia natural; muitos desses vegetais são encontrados em seu hábito natural, que passam a perder seu espaço com o aumento da população e outros são cultivados em ambientes modificados. Ao longo dos anos muitas pesquisas foram realizadas com a finalidade de esclarecer e comprovar a eficácia no uso das plantas medicinais. Muitas destas pesquisas são feitas em mercados e feiras livres e revelam a necessidade de conhecimento na área de etnobotânica e farmacognosia, pois o conhecimento empírico tem sido passado de geração e muitas vezes são contraditórios (Lopes e Pantoja, 2012). A abordagem ao estudo de plantas medicinais, a partir de seu emprego popular, pode fornecer informações úteis à realização de pesquisas etnobotânicas, possibilitando assim, o resgate e a preservação dos conhecimentos populares das comunidades envolvidas (Garlet e Irgang, 2001). Tendo em vista a relevância do estado do Amapá no tocante a preservação ambiental e ainda pelos conhecimentos tradicionais, alguns estudos foram realizados em âmbito estadual (Stipanovich, 2001; Lima e Silva, 2002; Mata et al., 2012); entretanto, são escassos os trabalhos que versam sobre o uso de plantas medicinais pela população de Laranjal do Jari, sul do Amapá. Nesse sentido objetivou-se avaliar o uso de espécies arbóreas para fins medicinais em Laranjal do Jari, Amapá. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho constitui uma pesquisa onde foram levantados dados do uso tradicional das plantas medicinais utilizados pela população do município de Laranjal do Jari (Figura 1) entre agosto e dezembro de 2013.

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Figura 1. Localização do município de Laranjal do Jari, Amapá

Escolheu-se o bairro castanheiro (área de terra firme), em função do número de habitantes e pelo histórico do uso de plantas medicinais. Para a escolha da área do estudo, realizou-se primeiramente um levantamento etnobotânico bibliográfico para identificar e comprovar a inexistência de estudos e pesquisas realizadas e/ou publicadas sobre plantas medicinais. Como público alvo da pesquisa foi levado em consideração famílias que residam a mais de cinco anos no local, usando, para determinar o tamanho da amostra (número de famílias), metodologia descrita por Bolfarine e Bussab (2005). Os dados coletados foram registrados em um questionário semi-estruturado modificado a partir de Arrabal (2003), aplicados por meio de visitas à população amostrada, aplicado para entrevistados com idade igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, sendo selecionado apenas um morador por residência. Duas cópias do mesmo questionário foram impressas, sendo um dessas repassada ao entrevistado. A utilização de entrevistas semiestruturadas permite uma maior compreensão e contextualização do uso das plantas e animais medicinais, pois segundo Pinto (2008) há listas de plantas medicinais levantadas em trabalhos etnobotânicos, através de entrevistas estruturadas que, embora possam ser submetidas à quantificação e análise estatística, geram informações insuficientes para, de um lado valorizar este aspecto da medicina tradicional e, de outro, serem consideradas no âmbito de uma pesquisa biomédica. Para aplicação dos questionários utilizou-se do acompanhamento de agentes comunitários de saúde (ACS), tendo em vista a inserção deles na população alvo da pesquisa. A ajuda do ACS foi fundamental para facilitar o diálogo, pela presença de alguém conhecido no local. Nas entrevistas, as pessoas pesquisadas foram informadas sobre o interesse de participarem da pesquisa e receberam o termo de consentimento livre e esclarecido. Após a aceitação do entrevistado, assinará o termo de consentimento e a partir daí, realizará a pesquisa. Os questionários forneceram um conjunto de informações referentes a características socioeconômicas, modo de obtenção, orientação, preparo, finalidade terapêutica, uso e parte da planta e animais utilizados, por meio de amostragem aleatória, conforme a porcentagem de habitantes na região urbana. Os dados foram tabulados em planilha computacional e submetidos a análise estatística descritiva. RESULTADOS/DISCUSSÃO

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Foram relatados, pelos entrevistados, oito espécies arbóreas pertencentes a cinco famílias distintas e nativas da região, tendo a família Fabaceae, anteriormente denominada de Leguminosae, como a mais representativa. Além das famílias, foram descritos a parte usada, indicação de uso, forma de preparo e modo de uso, conforme observado na tabela 1. Tabela 1. Lista das espécies com aplicações terapêuticas utilizadas no bairro castanheira, Laranjal do Jari, AP, com seus nomes vulgares, famílias, parte utilizada (PU), indicação de uso (IU), forma de preparo (FP) e modo de uso (MU).

Família/nome vulgar/espécie PU IU FP MU

Fabaceae Cumaru (Dipteryx odorata)

Jatobá (Hymenaea spp.)

Jucá (Caesalpinea ferrea Mart.)

Semente

Casca

Fruto

Gripe/pneumonia

Gastrite

Diarreia

Xarope/chá

Xarope/chá

Chá

Oral

Oral

Oral

Rutaceae Limoeiro (Citrus limon)

Folha e fruto

Frieira/Gripe

Banho/Xarope

Tópico/oral

Meliaceae Andiroba (Carapa guianensis Aubl.)

Sementes

Inflamação

Óleo

Tópico

Annonaceae Gravioleira (Annona spp.)

Folha

Diabetes

Chá

Oral

Myrtaceae Goiabeira (Psidium guajava L.)

Folha

Diarreia

Chá

Oral

Quanto à parte vegetal utilizada nas preparações dos remédios caseiros, observou-se uma maior utilização das sementes (nove citações), seguido de folhas (seis citações), frutos (cinco citações), casca (uma citação), não havendo citações para raízes e flores e ainda 27 entrevistados que não utilizam de espécies arbóreas para fins medicinais. O alto índice de citação para sementes deve-se ao porte arbóreo das plantas mencionadas, fato divergente do obtido por Gonçalves e Martins (1998) e Castellucci et al. (2000). A explicação mais plausível para o maior uso das folhas na preparação de remédios deve-se ao fato de sua maior disponibilidade durante todo o ano (excetuando-se em biomas de Caatinga) e que é nas folhas que se concentram grande parte dos princípios ativos. Resultados divergentes foram obtidos por Costa-Neto & Oliveira (2000), demonstram resultados semelhantes nos estudos ocorridos em Tanquinho (BA), onde dentre as 97 espécies citadas, cerca de 42% a folha é citada como parte indicada, seguida dos grãos e sementes com 12% das citações. Essa diferenciação deve-se ao porte das plantas, onde na pesquisa citada registrou-se a maior proporção de vegetais de pequeno porte. As doenças mais citadas pelos entrevistados foram àquelas relacionadas com as do aparelho respiratório (gripe e pneumonia), seguidos pelas inflamações, estomacais (gastrite), diarreia, diabetes e frieira, respectivamente. Baseando-se em pesquisas similares, constatou-se também um maior número de espécies para o tratamento de doenças respiratórias. Amorozo e Gély (1988) verificaram percentual elevado para gripe, tosse e resfriado. Conceitos ou definições de doenças por parte delas muitas vezes não correspondem aos da medicina moderna. Resultados semelhantes foram obtidos por Silva e Andrade (2005) ao fazerem um estudo comparativo da relação entre comunidades e vegetação na Mata do estado de Pernambuco, observando predominância da utilização de plantas medicinais no tratamento de doenças respiratórias. Em relação a andiroba (Carapa guianensis Aubl.), notou-se uma maneira distinta de uso quando comparada aos povos indígenas Waiãpi. Segundo Mata et al. (2012), as mulheres

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dessa etnia usam, com maior frequência, a andiroba como repelente de insetos e ainda para dores musculares. Bieski (2010), analisando o conhecimento etnofarmacobotânico de plantas medicinais utilizadas por comunidades tradicionais do Distrito Nossa Senhora Aparecida do Chumbo, Poconé, Mato Grosso, Brasil, mencionou, do mesmo modo, o uso de folhas de graviola no controle de glicemia. O modo mais comum de administrar as espécies arbóreas é por via oral, na forma de chá (83,3%) e uso tópico (16,7%). Entende-se por uso tópico aquele onde a aplicação do produto ocorre diretamente na pele ou na mucosa. Esses resultados também foram encontrados por Franco e Barros (2006). Arnous et al. (2005) relatam que 75,2% dos entrevistados referiram-se ao chá das plantas medicinais como forma de preparo, constatando que na maioria das vezes a planta é utilizada de forma errônea porque só as partes duras (raiz, caule e casca) devem ser cozidas. Martins et al. (2000) e IEPA (2005) atentam que para cada caso e tipo de material vegetal há uma forma de preparo mais adequada e eficaz. O emprego correto de plantas para fins terapêuticos pela população em geral, requer o uso de plantas medicinais selecionadas por sua eficácia e segurança terapêuticas, baseadas na tradição popular ou cientificamente validadas como medicinais. O conceito errôneo de que as plantas são remédios naturais e, portanto livre de riscos e efeitos colaterais deve ser reavaliado (LORENZI e MATOS, 2002). Nesse sentido, o Ministério da Saúde aprovou a Resolução RDC n° 10 de 09 de março de 2010, que dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. Consta, nesta Resolução de Diretoria Colegiada, a necessidade de contribuir para a construção do marco regulatório para produção, distribuição e uso de plantas medicinais, particularmente sob a forma de drogas vegetais, a partir da experiência da sociedade civil nas suas diferentes formas de organização, de modo a garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a esses produtos. CONCLUSÕES Oito espécies arbóreas de plantas medicinais foram identificadas, distribuídas em cinco famílias botânicas, com maior representatividade para a família Fabaceae; A planta mais citada foi o Cumaru (Dipteryx odorata). As partes mais utilizadas foram as sementes, seguida de folhas e fruto. As doenças mais citadas foram gripe e diarreia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMOROSO, M.C.M. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.16, p.189-203, 2002. AMOROSO, M.C.M.; GÉLY, A. Uso de plantas medicinais por caboclos do baixo Amazonas, Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. v.4, n.2, p.47-131, 1988. BIESKI, I.G.C. Conhecimento etnofarmacobotânico de plantas medicinais utilizadas por comunidades tradicionais do Distrito Nossa Senhora Aparecida do Chumbo, Poconé, Mato Grosso, Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências de Saúde). 273f. 2010. Universidade Federal de Mato Grosso. Programa de Pós-graduação em Medicina, 2010. COSTA-NETO, E.M.; OLIVEIRA, M.V.M. The use of medicinal plants in the country of Tanquinho, state of Bahia, North-eastern Brazil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.2, n.2, p.1-8, 2000. FRANCO, E.A.P.; R.F.M. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Revista brasileira de plantas medicinais, Botucatu, v.8, n.3, p.78-88, 2006. GARLET, T. M. B.; IRGANG, B. E. Plantas medicinais utilizadas por mulheres trabalhadoras rurais de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista brasileira de plantas medicinais, Botucatu, v.4, n.1, p.9-18, 2001. IEPA. Farmácia da terra - Plantas medicinais e alimentícias. 2ª ed. Macapá. 2005.

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LOPES, G.F.G.; PANTOJA, S.C.S. Levantamento das espécies de plantas medicinais utilizadas pela população de Santa Cruz – Rio de Janeiro – RJ. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 15, edição especial, p. 62 – 68, 2012. LORENZI, H. & MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas, exóticas e cultivadas. São Paulo, Nova Odesa, Instituto Plantarum, 2002. MATA, N.D.; SOUSA, R.S.; PERAZZO, F.F.; CARVALHO, J.C.T. The participation of Wajapi women from the State of Amapa (Brazil) in the traditional use of medicinal plants - a case study. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 8, n.48, p.1-18, 2012. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Resolução RDC Nº 10, DE 9 DE MARÇO DE 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. 2010. SILVA, A.J.R.; ANDRADE, L.H.C. Etnobotânica nordestina: estudo comparativo da relação entre comunidades e vegetação na Zona do Litoral - Mata do Estado de Pernambuco, Brasil. Acta Botânica Brasílica, v.19, n.1, p.45-60, 2005. STIPANOVICH, A. Etude des plantes médicinales utilisées à Curiaú de Dentro, APA du Rio Curiaú, Amapá, Brésil. IEPA/SETEC/GEA: Macapá, 2001. 76 p. (Trabalho de Conclusão de Curso), 2001.

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ASPECTOS AMBIENTAIS DA PRODUÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA EM LARANJAL DO JARI, AMAPÁ

Janderson Jesus Carvalho Tavares (Bolsista PIBICJr/CNPq/FAPEAP, Curso técnico em Meio Ambiente, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari); Vinícius Batista Campos (Prof.

DSc., Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá, Campus Laranjal do Jari) [email protected]

RESUMO Objetivou-se avaliar os aspectos ambientais da produção de farinha de mandioca no município de Laranjal do Jari, Amapá. Foram entrevistados 16 produtores de farinha de mandioca por meio de um questionário semiestruturado visando detectar os possíveis impactos ambientais negativos recorrentes na cadeia produtiva da farinha. Pelos resultados, a maioria dos entrevistados descartam as cascas em local coberto, utilizam as cascas para alguma finalidade (alimentação e adubo), coletam para venda e consumo ao tucupi, entretanto esses desconhecem outras formas de uso desse subproduto. Numa avaliação geral, a produção de farinha em Laranjal do Jari gera baixos impactos ambientais negativos. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS As pequenas agroindústrias que beneficiam mandioca desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento do país. O beneficiamento da mandioca é uma atividade que começou a ser praticada no Brasil pelos seus primeiros habitantes, os índios. Esses desenvolveram técnicas para transformar certa espécie de mandioca imprópria para o consumo humano em alimentos que hoje são consumidos em vários países, em forma de farinha e derivados. Os maiores problemas de adequação a regulamentação, nos órgãos ambientais, para casa de farinha, no seu processo produtivo, é a grande quantidade de resíduo que são descartados de forma irregular, entre eles está o tucupi, que é um efluente orgânico problemático por possuir elevada carga poluente e efeito tóxico. Segundo SILVA et al. (2003), o lançamento desse resíduo líquido em mananciais está expressamente em desacordo com as normas legais e isso é o que acontece com frequência em quase todo o Nordeste. No entanto, a principal preocupação quanto à questão ambiental reside na manipueira, por apresentar relação com o processo de eutrofização (fenômeno causado pelo excesso de nutrientes). Outra questão relacionada à poluição do uso de manipueira é por esta apresentar elevadas concentrações de demanda química de oxigênio (DQO) e demanda biológica de oxigênio (DBO), acrescida a presença do ácido cianídrico (HCN), dificultando os tratamentos convencionais (ALVES, 2010). Outros pontos de destaque são os resíduos provenientes do processamento (cascas), os quais possuem valor econômico e, muitas vezes não são utilizados de forma correta, além ainda da extração da floresta nativa para uso nas fornalhas. Nesse contexto, este estudo objetivou compreender as características ambientais da produção de farinha de mandioca no município de Laranjal do Jari, Amapá. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada entre março e dezembro de 2013, tanto na zona rural e quanto urbana, em comunidades que produzem farinha de mandioca (casas de farinha) do município de Laranjal do Jari, Amapá. O referido município situa-se na região ocidental do Estado do Amapá, fazendo limites com Municípios de Vitória do Jari, Mazagão, Pedra Branca do Amaparí, Estado do Pará, Suriname e Guiana Francesa, tornando-se município em dezembro de 1987. Antes disso, pertencia ao município de Mazagão. Sua área total é de 32.166,29 Km2, enquanto que a área da cidade, sede do município, é de 18,5 Km2. O cultivo da mandioca para a localidade é uma atividade econômica de expressão, tendo como destaque a produção da farinha desse tubérculo. Para edificação de estudo de cunho exploratório, foi utilizado o levantamento de dados a partir de fontes primárias. Para a realização da pesquisa, utilizou-se de visitas as

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comunidades e entrevistas, via aplicação de questionários com os proprietários de casas de farinha, em funcionamento no período de ocorrência da investigação. O projeto foi apresentado aos proprietários das casas de farinha e, após a autorização prévia, apresentou-se o termo de consentimento livre e esclarecido, contendo informações sobre o projeto e sigilo dos elementos de cada entrevistado. Como salienta Gil (2010), as pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais claro, aprimorando ideias ou a descoberta de intuições. Para viabilização desta pesquisa foram visitadas as casas de farinha, as quais se encontravam em funcionamento no período de sua aplicação: abril e maio de 2013, independentemente da sua localização, ou seja, na área urbana e rural do município. A primeira informação do estudo foi o número de casas de farinha de mandioca em Laranjal do Jari que estão em funcionamento e, a partir deste conhecimento, foi selecionada 16 dessas. O diagnóstico foi elaborado de forma a abranger as várias questões referentes às questões ambientais na produção de farinha de mandioca. Durante a aplicação dos questionários, procurou-se deixá-los o mais simples possível para que não torne um exercício desenvolvimento cansativo para os entrevistados, interferindo nos resultados. Para análise dos dados foi utilizado o método estatístico descritivo. Após a coleta dos dados, com auxílio de planilha computacional, realizou-se a construção dos gráficos. RESULTADOS/DISCUSSÃO Das casas de farinha tomadas como base para este estudo, a metade delas usam energia motora, 39% usam energia elétrica e apenas (11%) utilizam da lenha no processo produtivo. É importante ressaltar que, mesmo sendo em menor proporção, o uso da madeira nativa compromete a biodiversidade da região. Quando foram questionados sobre os resíduos existentes na produção da farinha de mandioca, o único comentado por todos os entrevistados foram as cascas. De acordo com Cardoso (2005), dentre os resíduos gerados no processamento da mandioca, têm-se os sólidos (terra, casca e massa fibrosa) e os líquidos (água de lavagem das raízes, e água da extração de fécula – manipueira), sendo todos ricos em nutrientes e, portanto, de interesse econômica e agronômico. A justificativa para não incluir o tucupi como resíduo é a agregação de valor desse resíduo no vale do Jari, resultando em R$2,50/L. Em relação a água de lavagens, 100% dos entrevistados relataram não haver tratamento, sendo essa despejada diretamente no rios e igarapés. Segundo Sebrae (2006), a água de lavagem ocorre em dois momentos: a) com a recepção das raízes, ocorre uma lavagem, gerando água de lavagem e b) após o descascamento realiza-se uma nova lavagem. No processo de fabricação de farinha de mandioca, é necessário o tratamento de águas residuais e efluentes, ou seja, usa-se a lagoa de estabilização para 3m³ de água de lavagem por tonelada de raiz, sendo que para 30t o efluente gerado será de 90m³, para armazenamento temporário de 30 dias. Pela Figura 1, nota-se que 94% dos entrevistados utilizam de local coberto para descarte das cascas e apenas 6% destinam-nas a céu aberto.

Figura 1. Forma de descarte das cascas da mandioca pelos entrevistados

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Para Sebrae (2006), se as cascas forem colocadas ao ar livre e receber água da chuva, poderá ocorrer à contaminação do solo pela manipueira presente na casca, provocando alteração físico-química do solo, exalando cheiro desagradável, atraindo roedores e insetos. Recomenda-se que as cascas, antes da destinação final, sejam secadas ao sol e permaneçam armazenadas em locais cobertos e protegidas da chuva e umidade. De acordo com a Figura 2, os entrevistados 47% deles usam as cascas como adubo para plantas, 29% alimentam suínos, 12% alimentam galinhas e 12% não utilizam esse resíduo para nenhuma utilidade.

Figura 2. Forma de uso das cascas da mandioca pelos entrevistados

Simão (2003), do lixo industrial produzido (casca da mandioca) 32,3% é destinado à alimentação animal sendo, portanto, pouco aproveitado como alimento suplementar no período da seca, quando falta comida para os animais. A maior parte das indústrias, 61,8%, simplesmente joga as cascas da mandioca no pátio próximo onde a mandioca é descascada, que, com o tempo, acaba apodrecendo, transformando em matéria orgânica. Para Silva (2010), esse resíduo pode ser utilizado para adubação na forma de compostagem. As cascas da mandioca possuem potencial alimentício para animais, a exemplo dos monogástricos (suínos). A capacidade nutricional desse resíduo foi estudada por Carvalho et al. (2005). Esses determinaram os valores médios da fração casca da mandioca e obtiveram os seguintes resultados: cinzas (1,45 g/%MS); carboidratos solúveis (7,86 g/%MS); amido (32 g/%MS); lipídeos (0,63 g/%MS); nitrogênio (2,10 g/%MS). O tucupi é coletado e usado na culinária por 69% dos produtores de farinha entrevistados; cerca de 25% apenas coletam esse resíduo para consumo próprio e ainda 6% descartam esse resíduo no solo (Figura 3).

Figura 3. Utilização do tucupi pelos entrevistados

A explicação para a maioria coletar o tucupi para comercialização, deve-se a procura desse subproduto e pela agregação de valor. Na região Norte do Brasil, a manipueira é decantada, para o aproveitamento do amido, e o líquido sobrenadante é utilizado na elaboração de um

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molho denominado tucupi, utilizado na preparação de pratos típicos (EL-DASH et al., 1994). Aqueles que descartam esse resíduo diretamente no solo, sem tratamento prévio, desconhecem as características físico-químicas desse, acarretando em prejuízos significativos ao meio edáfico. Machado e Pedrotti (2009) relatam que Esse resíduo possui elevado índice de matéria orgânica que contribui para o aumento da demanda química de oxigênio (DQO), e da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) do espaço geográfico. Constatou-se também que 82% dos entrevistados desconhecem utilidades para o manipueira, além do uso culinário. Segundo Mattos (2006), existem vários usos para a manipueira, e que apesar de pouco eficiente em relação à quantidade produzida, é usada tanto na alimentação humana (tucupi, vinagre) quanto na alimentação de gado, e também como herbicida, inseticida, nematicida e fungicida, e como adubo orgânico. Camilli e Cabello (2007), desenvolvendo trabalho experimental, observaram após fermentação da manipueira a formação de 31,37g/L de etanol (em torno de 3% de rendimento) utilizando processo simples de hidrólise enzimática. Segundo Ferreira et al. (2001) cada metro cúbico de manipueira corresponde a 7,6 kg de uréia, 3,5 kg de superfosfato triplo, 6,2 kg de cloreto de potássio, 0,5 kg de carbonato de cálcio e 6,3 kg de sulfato de magnésio. Assim, uma boa maneira de evitar o despejo inadequado da manipueira no ambiente, é utilizá-la como adubo orgânico. Em relação aos problemas ambientais causados pela manipueira, apenas 25% dos entrevistados conhecem esses impactos negativos. No entanto, a principal preocupação quanto à questão ambiental reside na manipueira, por apresentar relação com o processo de eutrofização (fenômeno causado pelo excesso de nutrientes). Outra questão relacionada à poluição do uso de manipueira é por esta apresentar elevadas concentrações de demanda química de oxigênio (DQO) e demanda biológica de oxigênio (DBO), acrescida a presença do ácido cianídrico (HCN), dificultando os tratamentos convencionais (Alves, 2010). CONCLUSÕES A maioria dos entrevistados descartam as cascas em local coberto, utilizam as cascas para alguma finalidade (alimentação e adubo), coletam para venda e consumo ao tucupi, entretanto esses desconhecem outras formas de uso desse subproduto. Numa avaliação geral, a produção de farinha em Laranjal do Jari gera baixos impactos ambientais negativos tanto aos corpos hídricos quanto ao meio edáfico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, L.S. Atributos químicos e microbiológicos do solo com uso da manipueira na produção de alface e rúcula. 72f. 2010. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade Federal do Acre. CAMILI, E.A.; CABELLO,C. Produção de etanol de manipueira tratada com processo de flotação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA MANDIOCA, 12., 2007, Paranavaí. Revista Raízes e Amidos Tropicais. Botucatu: CERAT/UNESP, Anais… v. 03. p. 01-04, 2007. CARDOSO, E. Uso de manipueira como biofertilizante no cultivo do milho: avaliação no efeito do solo, nas águas subterrâneas e na produtividade do milho. 2005. 49 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2005. EL-DASH, A.; MAZZARI, M. R.; GERMANI, R. Tecnologia de farinhas mistas: uso de farinha mista de trigo e mandioca na produção de pães. Brasília: Embrapa-SPI, 1994.88p. FERREIRA, W de A.; BOTELHO, S. M.; CARDOSO, E. M. R.; POLTRONIERI, M. C. Manipueira: um adubo orgânico em potencial. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2001, 21p. (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 107). MACHADO, A.M.C.; PEDROTTI, A. Perspectiva Energética para Pequenas Unidades Fabris: Casas de Farinha do Município de Campo do Brito – Sergipe. Revista Brasileira de Agroecologia, v.4, n.2, 2916-2919, 2009. SIMÃO, S. A. Cadeia produtiva agroindustrial da mandioca. Cuiabá: SEBRAE; Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 144p. 2002. SILVA, A. L. F. Atributos químicos e biológicos no solo do uso da compostagem da casca de mandioca. 2010. 99 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) - Universidade Federal do Acre, Rio Branco, AC.

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SILVA, R. F.; SANTOS, M. L. F.; KATO M. T. Impactos Ambientais Produzidos em Casas de Farinha no Municípios de Pombos - PE. In: 22º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Anais…p.1-10, 2003.

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MESOFAUNA EDÁFICA EM SISTEMA ILP E ILPF NO CERRADO DO AMAPÁ Tainá Madalena Oliveira de Morais (Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá); Ana Elisa

Alvim Dias Montagner (Pesquisador A, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- Embrapa Amapá); Angelo Tavares Brito ( Curso de Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Amapá); Felipe Felix Costa (Curso de

Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá). [email protected]

RESUMO

Estudos realizados pela Embrapa Amapá apontam grande vocação para a produção pecuária e florestal no cerrado amapaense, e mostram que existe viabilidade técnica para plantio de grãos nesse ecossistema. Este trabalho tem como objetivo investigar os efeitos da sucessão da cultura de grãos com pastagem e consorciação com arbóreas na mesofauna edáfica. O trabalho foi realizado em área do Campo Experimental do Cerrado (CEC) da Embrapa Amapá, situado (“00°22’55” e 00°24’30” N e 51°01’40” e 51°04’10” O). Os tratamentos estudados foram T1- MBE, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis consorciada com Eucalipto (Eucalyptus urograndis); T2 - MBT, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Tachi branco (Sclerolobium Paniculatum); T3 - MBG, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Gliricídia (Gliricidia sepium) e T4- MB milho sucedido de Brachiaria ruziziensis em monocultivo. Foram obtidos os índices de diversidade de Shannon (H’) e a riqueza de grupos taxonômicos. As UTOs (Unidades Taxonomicas Operacionais) Acarina e Collembola foram predominantes em todos os tratamentos avaliados. Constatou-se uma maior distribuição de mesorganismos no tratamento MBG demonstrando uma maior equitabilidade, pelos seus resultados de índice de diversidade. A distância de 6 m da linha das arbóreas mostrou maior abundância dos mesorganismos quando comparada a distância 1,5 m e com MB. Para a distância 1,5 m não se observou diferença significativa entre os tratamentos, entretanto para a distância de 6 m o MBE apresentou menor quantidade de mesorganismos e o BMG a maior, o MBT não diferiu dos tratamentos supracitados. Há maior abundância e riqueza de mesorganismos na sucessão milho, Brachiaria consorciada com gliricídia, no centro da entrelinha de arbóreas, sendo os ácaros e colêmbolos dominantes. Palavras-Chaves: Brachiaria ruziziensis, Urochloa ruziziensis, Sclerolobium Paniculatum, Gliricidia sepium, Eucalyptus urograndis. INTRODUÇÃO

O Amapá é um grande importador de alimentos de outras regiões do país para atender as necessidades crescentes de consumo da população. A agricultura no estado ainda é incipiente, porém com perspectivas em curto prazo para produção comercial de grãos. As condições edafoclimáticas e a facilidade de acesso podem tornar o cerrado amapaense um produtor agrícola e exportador de grãos devido sua condição geográfica privilegiada (ALVES e CASTRO, 2014) e também devido ao seu potencial para produção de grãos, hortaliças, essências florestais e pecuária (CAVALCANTE, 2010). O cerrado amapaense ocupa uma região de aproximadamente 903.200 hectares, o que corresponde a 9,25% da superfície do Amapá e distribui-se segundo uma faixa norte-sul, recobrindo os terrenos da Formação Barreiras, sendo inclusive considerado como elemento indicador desse domínio geológico (MELÉM JÚNIOR, et al., 2003).Embora exista a vocação agroecológica para a produção pecuária e florestal no cerrado amapaense, e viabilidade técnica para plantio de grãos nesse ecossistema, as atividades agrícola e pecuária necessitam de investimento tecnológico e adaptação às condições locais para tornarem-se produtivas e sustentáveis. Nesse sentido os sistemas integrados, tais como iLP (integração lavoura pecuária) e iLPF poderão viabilizar a agropecuária amapaense, uma vez que permitem um aumento e melhor distribuição da renda do produtor pois possibilitam a diversificação de produtos. Essas tecnologias fazem parte do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que proporciona a preservação e

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melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, de forma conjunta resultando em aumento de produtividade e renda das atividades agropecuárias. Sendo assim, o presente estudo teve por objetivo investigar a abundância e diversidade da mesofauna edáfica como um indicador de sustentabilidade e comparar sistema de sucessão de cultura de grãos e pastagem (iLP) com um sistema agrossilvipastoril (iLPF).

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Campo Experimental do Cerrado da Embrapa Amapá, situado entre 00°22’55” e 00°24’30” N, 51°01’40” e 51°04’10” O. O solo predominante na área é Latossolo Amarelo, textura média, apresentando elevada acidez e baixa fertilidade, característico das áreas de cerrado do Amapá. O clima, segundo a classificação de Köppen é Ami-Tropical chuvoso, com uma precipitação pluviométrica anual média de 2.260 mm concentrada entre os meses de janeiro a julho. A temperatura média é de 26 °C e umidade relativa do ar sempre superior a 80 %. Os tratamentos estudados foram T1- MBE, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis consorciada com Eucalipto (Eucalyptus urograndis); T2 - MBT, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Tachi branco (Sclerolobium Paniculatum); T3 - MBG, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Gliricídia (Gliricidia sepium) e T4- MB milho sucedido de Brachiaria ruziziensis em monocultivo. A Gliricídia e o Tachi branco estabelecidos em linhas simples com entrelinhas de 12 m e o Eucalipto em linhas duplas e entrelinha de 10 m. As amostras de solo foram coletadas no final do período chuvoso (julho) a 1,5 m e 6,0 m das linhas das arbóreas, com seis repetições para cada distância. No tratamento em monocultivo foram estabelecidos transectos para a execução das coletas. A amostragem do solo para avaliação da mesofauna edáfica foi realizada com o auxílio de anéis metálicos (5 cm x 5 cm). Para a determinação da mesofauna edáfica foi realizada a extração dos mesorganismos em laboratório utilizando o aparelho de Berlese-Tullgreen modificado (NEVES; NEVES; LIRA, 2008). As amostras de solo foram mantidas no aparelho por um período de 7 dias, tendo temperatura inicial de 37ºC, sendo aumentada diariamente, de maneira que no último dia a temperatura estivesse em torno de 45°. A identificação dos organismos que compõem a mesofauna foi realizada com o auxílio de lupa estereoscópica, os mesmos foram classificados conforme os grandes grupos taxonômicos seguindo a chave de taxonômica sugerida por Triplehorn e Jonnson (2011) e Costa, Ide e Simonka (2006). Foram obtidos os índices de diversidade de Shannon (H’), a partir do número de organismos dos diferentes grupos de cada amostra e a riqueza, expressa pelo número de grupos taxonômicos encontrados, para a determinação dos mesmos utilizou-se o software DivES- Diversidade de Espécies, versão 2.0. Os dados Foram submetidos às análises de variância, comparando-se as médias dos tratamentos pelo teste de Tukey a 5% e das épocas pelo teste T mediante emprego do programa SISVAR 5.0 (FERREIRA, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO A fauna edáfica vem sendo utilizada como indicador da qualidade do solo em sistemas produtivos, pois segundo Rovedder et al. (2004), a mesma demonstra alta sensibilidade às alterações ambientais. Esses autores constataram um menor número total de organismos e um menor índice de diversidade em área degradada. No presente estudo, as UTO Acarina e Collembola foram predominantes em todos os tratamentos avaliados, confirmando resultados encontrados por Brito et al. (2013), que demonstra números expressivos de ácaros e colêmbolos, em sistema de consorciação de Eucalipto com pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu e Andropogon gayanus cv. Planaltina no cerrado do Amapá. Essa dominância de ácaros, colêmbolos também confirma a encontrada por Oliveira et al. (1999), avaliando SAF’s em ecossistema amazônico.

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Quanto à distribuição da mesofauna nas entrelinhas das espécies arbóreas (Tabela 2), constatou-se maior abundância nas distâncias de 6 m das arbóreas, ou seja no centro das mesmas. Esse resultado mostra uma diferenciação do encontrado por Brito et al. (2013), tanto na abundância como na distribuição da mesofauna. Isto porque aqueles autores observaram uma abundância bem mais expressiva e que concentrava-se na distância mais próxima das arbóreas. Este fato pode ser explicado pela questão que o experimento em questão foi implantado recentemente (2010) e possivelmente o acúmulo de matéria orgânica pela serapilheira e sua incorporação no solo nesse período ainda não retrata sua influência na composição da mesofauna. Porém a presença da forrageira nas entrelinhas da arbóreas permitiu uma maior umidade do solo na porção central da entrelinha onde a sua biomassa era mais abundante, permitindo um maior desenvolvimento dos mesorganismos no período de chuva. Comparando os tratamentos na época chuvosa se constatou uma maior distribuição ou diversidade de organismos no tratamento T3 MBG demonstrando uma maior equitabilidade, pelos seus resultados de índice de diversidade. No entanto, o tratamento T1 MBE na distância 1,5 m apresentou menor índice de Shanon (H`) visto que somente foram observados mesorganismos das sub-classes Acarina e Collembola, enquanto que outras sub-classes, tais como Simphyla e Diplura foram encontrados nas demais observações (tabela 1). Tabela 1. Abundância, diversidade (SHANON) e riqueza da UTO dos organismos da mesofauna edáfica coletados em sistemas ILP E ILPF em época de chuva no Cerrado amapaense.

ABUNDÂNCIA

Distância iLPF 1,5 m iLPF 6 m ILP

UTO T1 MBE T2 MBT T3 MBG T1 MBE T2 MBT T3 MBG T4 MB

Acarina 57 128 89 97 161 186 70 Collembola 10 19 24 26 37 80 33 Simphyla 0 3 5 0 7 4 1 Diplura 0 3 4 0 2 4 1 Isoptera 0 0 1 2 0 1 1 Enchytraeidae 0 0 0 0 1 2 0 Hymenoptera 0 3 0 0 0 0 0 Protura 0 1 0 0 0 0 0 Haplotaxida 0 0 0 0 7 0 0 Tysanoptera 0 0 0 1 0 0 0 Tysanoptera 0 0 0 1 0 0 0 Não identificado 0 0 0 1 0 0 0 TOTAL 67 157 123 127 215 277 106 SHANON (H`) 0,18 0,29 0,36 0,29 0,35 0,35 0,33

Riqueza 2 6 5 6 6 6 5 T1- MBE, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis consorciada com Eucalipto (Eucalyptus urograndis); T2 - MBT, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Tachi branco (Sclerolobium Paniculatum); T3 - MBG, milho sucedido de Brachiaria ruziziensis com Gliricídia (Gliricidia sepium) e T4- MB milho sucedido de Brachiaria ruziziensis.

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Quando comparada a distribuição dos mesorganismos nas distâncias de coleta, a distância de 6 m da linha das arbóreas mostrou-se superior quando comparado a distância 1,5 m, conforme pode ser observado na tabela 2. A análise de variância demonstrou para a distância 1,5 m não houve diferença significativa entre os tratamentos, entretanto para a distância de 6 m no MBE encontrou-se a menor quantidade de mesorganismos e no BMG a maior distribuição diferindo significativamente, o MBT não diferiu do restante dos tratamentos. Tabela 2: Distribuição dos mesorganismos nas distâncias de 1,5 m e 6,0 m das linhas de arbóreas para os tratamentos T1- MBE, T2 – MBT e T3 - MBG no cerrado amapaense. Distâncias Mesorganismos T1 MBE T2 MBT T3 MBG

1,5 m 11,17 A a 26,16 A a 20,50 A b

6,0 m 21,16 B a 35,83 AB a 46,16 A a Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferiram entre si pelo Teste Tukey (NMS=0,05); médias seguidas de mesma letra maiúsculas na linha não diferiram entre si pelo Teste de Tukey (NMS=0,05). Quando comparados às médias dos tratamentos pelo Teste de Tukey (5%) o MBG foi superior ao MB e ao MBE em quantidade média de mesorganismos, entretanto o MBT mostrou-se intermediário não diferindo significativamente do tratamento MBG e dos demais tratamentos (Tabela 3). Tabela 3: Média de abundância de mesorganismos T1- MBE, T2 – MBT e T3- MBG e MB no cerrado amapaense.

Tratamentos T1 MBE T2 MBT T3 MBG MB

16,17 b 31,00 ab 33,33 a 17,67 b Médias seguidas de mesma letra na linha não diferiram entre si pelo Teste de Tukey (NMS=0,05). CONCLUSÕES Nas condições do presente estudo houve maior abundância e riqueza de mesorganismos na sucessão milho, Brachiaria consorciada com Gliricídia, no centro da entrelinha de arbóreas, sendo os ácaros e colêmbolos dominantes.

REFERÊNCIAS

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O CONHECIMENTO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A CONSERVAÇÃO DO PARQUE NACIONAL MONTANHAS DO TUMUCUMAQUE

E SUA BIODIVERSIDADE Yuri Nascimento do Nascimento (Graduando de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá); Silmara Ferreira Martel (Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Federal do

Amapá); Dayse Maria da Cunha Sá (Prof. Msc. Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá).

[email protected]

RESUMO Educação ambiental é, sem dúvida, um dos meios mais indicados para se resgatar valores que incluem o respeito pela diversidade cultural e biológica, por ter a competência de conscientizar a proteger a biodiversidade do planeta. A presente pesquisa objetivou amostrar o conhecimento de alunos do ensino médio sobre a importância de conservar a diversidade biológica através das unidades de conservação. Resultados demonstram que 80% dos alunos afirmou que a conservação do PNMT influencia consideravelmente no equilíbrio biológico do estado do Amapá por atuar diretamente na conservação de toda área e de sua biodiversidade, revelando que a temática conservacionista ambiental utilizada é relevante no ensino de Biologia. INTRODUÇÃO/ OBJETIVOS

Unidades de conservação são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Publico, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (art. 2º, I, da Lei 9.985/2000), e como tal só poderá ser alterada ou suprimida por meio de lei, sendo vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção. Podendo-se caracterizar unidades de conservação como uma “especialização do espaço protegido” (BENATTI, 2003: p. 149).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio discorrem que o ensino da biologia deve-se voltar para o desenvolvimento de competências que possibilitem ao aluno agir utilizando os conhecimentos adquiridos na biologia. Portanto, o meio ambiente, incorporado como tema transversal deve ser contemplado nas salas de aula, na tentativa de formar precursores de ideologias conservacionistas da natureza (BRASIL, 1999).

E na tentativa de trabalhar a contextualização do ensino, através da temática educação ambiental, envolvendo a unidade de conservação Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT), bem como proporcionar conhecimento a estudantes do estado do Amapá sobre a importância de suas reservas ambientais e preservação do meio ambiente, considerando a vasta extensão verde que o estado possui. Pois presume-se, que a maioria dos estudantes não conhece o Parque, apesar de habitar no estado que o abriga. E pelo fato do Parque apresentar grande potencial para a pesquisa, objetivou-se proporcionar conhecimentos sobre a importância da conservação da biodiversidade presente no PNMT, através de aulas expositivas. Mostrando aos alunos particularidades da fauna e flora constituintes da biodiversidade do PNMT e demonstrar que a metodologia aplicada pode atuar como relevante ferramenta no ensino e aprendizagem em biologia. MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi descritiva com abordagem quantitativa, pois segundo Richardson (1989) é o método que se caracteriza pelo emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas. O estudo foi realizado na escola estadual Colégio Amapaense, com sede em Macapá, está situado à Avenida Iracema Carvão Nunes n0 419,

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no bairro Central, sendo uma unidade de ensino da Secretaria de Estado da Educação, mantida pelo Governo do Estado do Amapá. O público alvo foram 40 alunos matriculados no turno da noite do Colégio Amapaense, compreendo 1º e 2º anos do Ensino Médio. A pesquisa ocorreu em duas etapas. Na primeira etapa, os alunos receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em que estudantes maiores de 18 anos assinam para participar da pesquisa, e menores de 18 anos, levam o termo que seus responsáveis possam assiná-lo (BRASIL, 2012), e posteriormente o questionário contendo 5 perguntas fechadas. A pesquisa ocorreu no período de abril a junho de 2014, com o encerramento das atividades escolares do segundo bimestre letivo, obedecendo ao calendário escolar. RESULTADOS/ DISCUSSÃO

Os resultados demonstram que 15% dos alunos afirmaram conhecer o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, enquanto 85% informaram não conhecê-lo. Percebeu-se que o ensino da biodiversidade do estado do Amapá, não é abordado nas aulas de biologia, ou se é apresentado, não tem a atenção devida dos educadores, faltando conciliação entre biologia e a educação ambiental, onde tal interligação facilitaria o conhecimento da diversidade biológica e no ensino de educação ambiental a biologia é a disciplina que deve abordar o conhecimento e métodos, para que a educação conduzida possa contribuir de maneira eficiente (AGOSTINHO; CUSTÓDIO, 2010). Quando requeridos sobre qual a importância de uma unidade de conservação, 22,5% dos alunos afirmou que tem importância na proteção dos animais. No questionamento abordando os animais presente no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque conhecidos pelos alunos, 62% dos pesquisados afirmou não conhecer nenhum animal residente do PARNA Montanhas do Tumucumaque.

Ao serem questionados sobre a influência que a conservação do PNMT tem sobre o equilíbrio biológico do estado do Amapá. Obteve-se que 80% dos alunos pesquisados afirmou ter grande influência, por atuar diretamente na conservação de toda área e de sua biodiversidade, já 20% afirmou que a conservação do PNMT não beneficia em nada o equilíbrio biológico do estado do Amapá. Com este resultado pode-se inferir que a conscientização ambiental dos alunos possui um grau maior do que a falta de conhecimento sobre a preservação biológica, possibilitando que não ocorram desequilíbrios ecológicos, que por sua vez afetariam todo o contexto biológico de uma região. No questionamento concernente ao ensino da biodiversidade do estado do Amapá, nas aulas de biologia pelo professor. Obteve-se por resultado 40 % dos alunos afirmando que o professor aborda em suas aulas de biologia sobre a biodiversidade do estado, outros 40% alegaram que a biodiversidade do estado do Amapá não é abordada em sala de aula e 20% afirmaram que algumas pesquisas sobre fauna e flora do estado do Amapá são apresentadas em sala de aula. Alguns estudos já verificaram o reduzido tratamento da biodiversidade brasileira nos livros didáticos (BIZERRIL, 2003).

CONCLUSÕES

Ao propiciar a formação contextualizada, favorece a compreensão da realidade e sensibiliza os educandos na perspectiva de manter a conservação biológica do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque pela importância social e biológica que ele representa para o estado do Amapá. Com a execução da pesquisa foi observado que o ensino da biologia no ensino médio deveria ser interligado ao da educação ambiental, trazendo para o ambiente escolar as problemáticas vivenciadas na preservação das unidades de conservação pelo crescimento das cidades, e todas as ações antrópicas as quais são submetidas. Pois formando mentes conscientes já nos ensinos fundamental e médio, a realidade em que se encontra a preservação ambiental do planeta mudaria. Unidades de Conservação não são importantes apenas para a proteção de espécies animais, mas sim para que o equilíbrio biológico seja mantido. Onde ao faltar tal equilíbrio todos os níveis biológicos são afetados independente se de animal racional ou não. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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FORMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE MACAPÁ – AP

Felipe Félix Costa¹; Hyrla Herondina da Silva Pereira¹; Paula Patrícia Pinheiro Lopes¹; Carliane Maria Guimarães Alves¹; Alan Cavalcanti da Cunha²

Graduandos do Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá¹ Docente do Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá²

[email protected] RESUMO O esgotamento, o tratamento e a disposição final de esgotos fazem parte da dimensão onde se incluem os serviços mais básicos para atender às demandas da sociedade atual. A presente pesquisa tem como objetivo levantar as principais formas de tratamento de esgotos domésticos na cidade de Macapá. Os tipos de tratamento são basicamente fossas sépticas dos domicílios particulares, instituições públicas, sistema de (LEB) da CAESA e uma nova ETE de sistema isolado no Shopping Amapá Garden. A metodologia adotada é descritiva e consistiu no levantamento de informações junto à gestão responsável. Conclui-se que o estado do Amapá necessita de um enorme esforço das políticas públicas neste setor específico, conforme determina a (Lei nº 11.445/2007). Palavras-chaves: Sistemas de Tratamento. Esgoto sanitário. Funcionamento. INTRODUÇÃO Enquanto em países desenvolvidos o saneamento tenha começado a ser inserido nas políticas públicas em torno de 1800, no Brasil, só pode ser observado algum avanço na década de 70 (NUVOLARI et al., 2003) A Política Nacional de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) inclui no Saneamento Básico o esgotamento sanitário, constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. Por exemplo, no estado do Amapá, segundo dados da CAESA (2011), são tratados aproximadamente 6% de esgoto sanitário, assim não atendendo a um dos principais princípios do saneamento, que é a universalização do acesso, configurando-se em uma situação caótica na capital que deveria atender cerca de 500 mil habitantes. As implicações desta precariedade são sérias, em especial os prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente. Esta pesquisa teve como objetivo descrever as principais formas de tratamento de esgoto sanitário existentes no município de Macapá. Foram tomados como exemplos sistemas isolados de esgoto doméstico, órgão responsável pelo tratamento de esgoto da cidade, instituições públicas e empreendimentos privados. MATERIAL E MÉTODOS Para a caracterização das formas de tratamento de esgoto existentes no Município de Macapá, foram realizadas visitas in loco em três locais, quais sejam: Sistema de Lagoas de Estabilização (LEB) da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (CAESA), como órgão competente pelo tratamento de esgoto; Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), como instituição pública e; Amapá Garden Shopping, como empreendimento privado. Durante as visitas foram coletadas informações dos técnicos responsáveis sobre os sistemas de tratamento e registro fotográfico. Na sede administrativa da CAESA foram obtidas informações técnicas sobre o sistema de tratamento de esgoto da cidade com o repasse de um relatório da Gerência de Manutenção de Esgoto (GERMAE) e ainda dados das empresas que realizam o esgotamento de fossas na Lagoa de Estabilização. Na UNIFAP foi realizada entrevista com o Engenheiro Sanitarista da Prefeitura da IFES e com o técnico responsável pelas obras do campus. Foram obtidos os registros das plantas das fossas sépticas existentes nos blocos, do Restaurante Universitário (RU) e, da Casa do Estudante. No Amapá Garden Shopping foi realizada visita à Estação de Tratamento de Esgoto – ETE da empresa com acompanhamento da gerente operacional e o supervisor técnico da ETE. Em relação às formas de esgoto doméstico, foi realizada uma pesquisa aos dados de esgotamento sanitário por domicilio no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De posse dos dados, foram realizadas comparações com as informações da CAESA, IBGE e as obtidas durante as visitas.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES Fossas Sépticas domiciliares no município de Macapá Segundo dados do IBGE (2010), a cidade de Macapá apresenta um total de 93.212 residências que contêm sanitários. Dentre as opções de disposição para o efluente, inclui-se a fossa séptica, que representa 19,22 % das formas de disposição do esgoto sanitário (Gráfico 01).

Gráfico 1 – Tipologias de tratamentos de esgoto sanitário no município de Macapá

Legenda: Domicílios particulares permanentes que dispõe de sanitários e sua disposição, conforme Censo 2010.

Elaboração: os autores. Fonte: IBGE

A FS é uma das formas de tratamento de esgoto utilizada pela maior parte dos residentes de Macapá, porém não obedecem as normas da ABNT sobre construção de FS. Lagoas de Estabilização Biológica (LEB) - CAESA O Sistema de lagoas de estabilização com duas lagoas anaeróbias (LA) e uma facultativa (LF) localizado na cidade, (Figura 1) poderia tratar os efluentes se ocorresse a manutenção da mesma. Essa alternativa de tratamento de esgoto é aconselhável para regiões com temperatura elevada, pois esta variável é determinante para haver eficiência na diminuição da taxa da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) (SOBRINHO, 1993 apud NUVOLARI, et al. 2003). De acordo com o projeto CAESA, a LA tem eficiência em reduzir 50% a DBO e a LF até 95%. O tempo de detenção para aliviar o odor é de 05 dias e para degradação da matéria orgânica é de 60 dias. O volume de capacidade de cada LA é de ~ 43.680 m³ e da LF ~ 110.400 m³. O sistema de lagoas recebe esgoto da rede coletora e dos carros limpa-fossas. CAESA (2011) mostra que o volume de esgoto coletado pela rede é de ~ 5.321 m³/dia. E dados da CAESA informam que existem 27 carros limpa-fossas que depositam esgoto na lagoa. Estão distribuídos em 10 empresas diferentes com volumes que variam de 7 m³ a 10 m³. Segundo técnico da companhia, cada carro faz em media oito viagens/dia. Se considerarmos a média entres os volumes dos carros, que no caso é oito m³, e depois multiplicarmos pelo número de viagens de cada carro temos 64 m³ e multiplicando pela quantidade de carros, terá aproximadamente 1.728 m³/dia de esgoto derivados das fossas sépticas e das rudimentares lançados na lagoa.

Figura 1 – Sistema de Lagoas de Estabilização da CAESA no município de Macapá.

Legenda: Lagoa Facultativa e Lagoas Anaeróbias no Bairro das Pedrinhas. À direita, o deságue do Canal das Pedrinhas no Rio Amazonas.

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Ao considerarmos a soma dos volumes dos carros limpa-fossas e da rede coletora de esgoto da cidade, teremos um total de 7.049 m³/dia. Em um mês haverá 211.470 m³ de esgoto, e no período de 05 dias, que é o tempo de detenção para amenizar o odor e a DBO a 50%, o volume será 35.245 m³. Se os procedimentos de manutenção dos sistemas de tratamento fossem fiscalizados, e o controle da entrada e saída de efluentes realizados no sistema de lagoas existisse, o tratamento poderia ser avaliado de forma mais eficiente. Forma de tratamento de esgoto da UNIFAP Na UNIFAP, a forma de tratamento de esgoto é a fossa séptica (tratamento primário) seguida de sumidouro. Cada bloco que possui banheiro dispõe de uma fossa e um sumidouro, ocorrendo em alguns casos, à existência de uma fossa e dois sumidouros. O Bloco de Ciências Ambientais, por exemplo, dispõe atualmente de dois sumidouros, pois o primeiro estava com processo de infiltração, aumentando assim uma contribuição indevida que permitia atingir sua capacidade máxima rapidamente. Esta problemática aumentava os custos pelo atendimento dos caminhões limpa-fossas em um curto período. Os principais produtos da decomposição em FS é o gás metano (CH4) e gás carbônico (CO2), por isso faz-se necessário um tubo de saída para manter contato com o ar atmosférico (NUVOLARI et al, 2003). Contudo, na UNIFAP inexistem tais tubos nas FS, sendo presente apenas em alguns sumidouros. Para o Engenheiro Sanitarista este procedimento é adotado, pois permite que ocorra um tratamento totalmente anaeróbio. Nuvolari et al (2003) afirmam que os sumidouros são utilizados quando a taxa de absorção do solo for igual ou superior a 40L/m²/dia. Segundo o Engenheiro Sanitarista da Prefeitura da UNIFAP, todo o sistema de tratamento considera as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR – 7229 (ABNT, 1993). Assim, a contribuição de despejos adotada para cada bloco da UNIFAP é, aproximadamente, de 50 a 60 L/pessoa.dia, por ser um local de média transitoriedade. Considerando o aumento da demanda de usuários, as fossas dos novos blocos estão sendo projetadas com maior capacidade de volume para aumentar o tempo entre os esgotamentos para dois anos. O RU da UNIFAP também dispõe de sistema de tratamento com uma fossa e um sumidouro além de um filtro anaeróbio entre estes. Os filtros anaeróbios consistem em um tanque contendo material de enchimento, geralmente brita, que forma um leito fixo, alimentado com esgoto ou efluente de outra unidade de tratamento. Na superfície do material de enchimento ocorre a fixação e o desenvolvimento de microrganismos, que também se agrupam, na forma de flocos ou grânulos, nos interstícios deste material (NETO, 2014). O sistema do RU, mesmo dispondo de três tanques de tratamento, não está mais com capacidade suficiente, o que vem ocasionando vazamentos de esgoto, pois não foi projetado para a demanda atual, conforme o Engenheiro Sanitarista. Para tanto, existe um projeto de ampliação do sistema. Na Casa do Estudante, ainda em obras na UNIFAP, pôde ser verificada a construção do sistema de tratamento composto por uma fossa séptica e dois sumidouros. Segundo dados do projeto repassados pelo técnico responsável da obra, a casa do estudante terá capacidade de aproximadamente 96 estudantes em uma infraestrutura contendo 32 quartos. Conforme o Engenheiro Sanitarista, a estrutura do sistema de tratamento foi projetada considerando uma contribuição de 80L/pessoa.dia em um dimensionamento para a fossa (3x5x2,5 m3) com capacidade de 35m³ e do sumidouro (2x2x2,5 m3) com capacidade de 7m³ cada. A FS foi construída com duas colunas, diferentemente do projeto, para sustentar a tampa hermética da fossa Os sumidouros foram construídos com a disposição dos tijolos na horizontal possibilitando assim que os próprios furos do tijolo sirvam de saídas para a infiltração da água sedimentada e o fundo com uma camada de seixo grosso para a filtração. Estação de Tratamento de Esgoto – ETE do Amapá Garden Shopping O sistema de tratamento de esgoto do Amapá Garden Shopping constitui-se em uma Estação de Tratamento de Esgoto – ETE sofisticada. Conforme dados obtidos durante a visita técnica do supervisor responsável pela ETE pode-se identificar três níveis de tratamento (primário, secundário e terciário), entre processos físico-químicos e biológicos, assim divididos em função da natureza dos poluentes removidos (GIORDANO, 2004) (Figura 2).

Figura 2 – Croqui da ETE do Amapá Garden Shopping

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Legenda: Croqui mostrando a estrutura da ETE do shopping e suas respectivas capacidades volumétricas. Fonte:

Autores (2014). Todos os efluentes produzidos nas dependências do shopping são conduzidos à uma Estação Elevatória de Esgoto – EEE que tem capacidade de 196 m³, e de onde é bombeado o esgoto para o primeiro dos três tanques de equalização. O transporte entre os tanques de equalização é por bombeamento. Estes tanques (120 m³ cada) fazem parte de um pré – tratamento e são capazes de amortecer as flutuações de vazão, uniformizando-a, para alimentar a ETE com vazão constante (TEIXEIRA, 2009) e recebem injeção de ar atmosférico de duas bombas. Depois dos tanques de equalização, o sobrenadante é bombeado para os três tanques de oxidação, que por sua vez, recebem injeção de oxigênio. Os efluentes do tanque de oxidação transitam por gravidade e permanecem nestes tanques por um período de aproximadamente 5 dias, o que permite o contato íntimo da matéria orgânica com os micro-organismos em farta presença de oxigênio (TRATAMENTO DE EFLUENTES, 2014) Neste processo, chamado de lodo ativado (bactéria – matéria orgânica), o efluente flui para o tanque de decantação, onde se remove os sólidos suspensos sedimentáveis por gravidade. Uma parte do lodo retorna ao tanque de oxidação para se misturar com mais cargas de matéria orgânica que possibilitará a decomposição com maior eficiência. A outra parte destina-se aos tanques de depósito de lodo, cuja destinação não ficou clara. Depois de passado pelo tanque de decantação, o efluente é bombeado novamente para outro tanque de oxidação, onde receberá mais oxigênio para a decomposição da matéria. Posteriormente encaminha-se para mais um processo físico, o filtro de areia, o qual consiste em um processo de passagem de uma mistura sólido – líquido através de um meio poroso (areia), que retém os sólidos em suspensão conforme a capacidade do filtro e permite a passagem da fase líquida (GIORDANO, 2004). Do filtro de areia, o efluente é transferido para o tanque pulmão, o qual irá regular a vazão para o ultrafiltrador. O ultrafiltrador consiste em um processo de filtração por membranas, que precedido de outros sistemas de tratamento possibilita o reuso do efluente. Este sistema adiciona cloro ao efluente e retém os micro-organismos. Uma vez passado pelo ultrafiltrador, o efluente é direcionado a um tanque permeável que irá repassá-lo a um de distribuição para sua reutilização nos sanitários do shopping. Por questões de monitoramento é adicionado um corante verde ao efluente reutilizado nos sanitários e que ainda pode-se encontrar bactérias e vírus. O shopping ainda utiliza o efluente da ETE para o sistema de resfriamento, contudo, antes ele perpassa pelo sistema de osmose reversa, o qual visa retirar todas as bactérias e vírus do efluente para ser reutilizado no sistema de resfriamento. Para o monitoramento da qualidade do efluente, uma empresa terceirizada realiza análise de qualidade da água considerando alguns parâmetros: DBO, DQO, sólidos suspensos, sólidos sedimentáveis, coliformes fecais, óleos e graxas, cloretos e magnésio.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS O nível operacional de tratamento de esgotos sanitários na cidade de Macapá ocorre basicamente por um sistema individual (FS), com baixíssima eficiência de tratamento. Dados oficiais sugerem que o percentual de atendimento da população de Macapá é da ordem de 19,22% dos domicílios que utilizam esse sistema, mas percebe-se que este valor é muito menor, provavelmente de 5% ou menos. Já as instalações hidráulicas e sanitárias da UNIFAP seguem padrões estabelecidos pela norma da ABNT NBR 7.229/93, concernente às fossas sépticas e sumidouros. Mas mesmo assim é frequente que, em algumas situações, suas estruturas de tratamento sofrem transbordo de esgoto. Por outro lado, o sistema (LEB), que recebe tanto o esgoto da rede coletora a partir de caminhões tanques limpa-fossa mostra-se ineficiente, além de se desconhecer o nível de eficiência deste sistema de tratamento biológico, o qual parece não apresenta nenhum tipo de manutenção. A falta de manutenção da limpeza da LEB parece ter provocado o atual nível de ineficiência de tratamento em relação ao percentual de esgotamento sanitário que lá é aportado. Além disso, não se observa um controle de entrada e saída de efluentes, o que impossibilita qualquer tentativa de balanço de material para avaliar a eficiência do tratamento. Felizmente, há a ETE do shopping GARDEN, que parece ser um sistema de tratamento de esgoto eficiente. Embora seja privado e subutilizado, pode ser considerada como a melhor alternativa de sistema isolado de tratamento atualmente de efluente na cidade de Macapá. Em termos gerais, conclui-se que há poucas alternativas infraestruturais de saneamento básico na capital amapaense. E, portanto não é a solução correta para as significativas cargas de esgotos sanitários da cidade. Assim há necessidade de aplicação de vultosos investimentos públicos e privados neste setor no atendimento social do setor, os quais estão recomendados pela Lei 11.455/2007. Um investimento econômico de grande monta são as opções mais óbvias para incrementar o nível de tratamento de esgoto tratado em Macapá. Mas, o mais grave é observarmos o descumprimento da referida Lei pelo próprio setor público de saneamento. A população precisa ter seus direitos mínimos atendidos e ter a sua disposição serviços de esgotamento sanitário de qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMAPÁ. COMPANHIA DE AGUA E ESGOTO DO AMAPÁ (CAESA). Estudo do Sistema de Esgotamento Sanitário de Macapá-AP. Relatório de Gerencia de Manutenção de Esgoto. AMAPÁ, 2011.

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USO DA BIOMASSA NA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: A PARTIR DA UTILIZAÇÃO GÁS DO LIXO (GDL) DE ATERRO SANITÁRIO

Diniely Duarte dos Santos*(Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá); Diani Fernanda da Silva Less (Docente do curso de Engenharia Ambiental, Universidade do Estado do Amapá

*[email protected] RESUMO O presente trabalho teve como objetivo verificar a viabilidade da geração de energia elétrica

a partir do GDL gerados em aterros sanitários. Para atingir o objetivo proposto realizou-se

uma prospecção na literatura por meio de pesquisa exploratória e descritiva acerca das

temáticas biomassa, resíduos sólidos, aterro sanitário e energia proveniente do gás do lixo.

A partir da informações obtidas, observou-se que a geração de energia elétrica produzida a

partir de sistemas de cogeração alimentados com GDL trata-se de uma alternativa

ambiental, econômica e social eficiente por possibilitar o uso alternativo do subproduto

gerado pela degradação do material orgânico em vez da queima, colaborando assim para

redução na emissão de gases de efeito estufa, além dos possíveis recursos viabilizados

pela comercialização da energia e geração de empregos.

1 INTRODUÇÃO As fontes mais utilizadas para a geração de energia no Brasil são as hidroelétricas e pela

queima de combustíveis fosseis em usinas termelétricas, as quais, lançam gases de efeito

estufa para a atmosfera, alterando o clima do planeta. Evidenciando a necessidade de

novas fontes alternativas para suprimento energético futuro. Outra preocupação do Brasil é

a falta de gerenciamento e manejo adequado da geração/coleta/destinação final dos

resíduos sólidos urbanos que acarretam sérios problemas sociais, econômicos e ambientais

(TOLMASQUIM, 2013).

A política nacional de resíduos sólidos no Brasil passa por constantes transformações,

sendo que uma das diretrizes legais atribuída a todos entes federativos é a criação de um

plano de gerenciamento de resíduo e implantação de um aterro sanitário em substituição

aos lixões até o presente ano de 2014 (BRASIL, 2010).

Apesar dos aterros sanitários requerem um longo período para a degradação de alguns

resíduos, sua utilização serve para o correto acondicionamento gerando um subproduto

rentável, o biogás que pode ser usado em sistemas de cogeração de energia, entre outros.

Nesse sentido o objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da geração de energia

elétrica a partir do gás do lixo - GDL de aterro sanitário.

2 MATERIAL E MÉTODOS

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A metodologia baseou-se no levantamento bibliográfico de informações de artigos científicos

de artigos, livros, documentos e sites oficiais, através de pesquisa exploratória, descritiva

direcionada para os principais assuntos abordados: biomassa, resíduos, aterro sanitário,

energia proveniente de gás de lixo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 BIOMASSA FONTE DE ENERGIA

Segundo o dicionário de saneamento ambiental energia de biomassa é a energia obtida a

partir de fontes variadas de matéria orgânica não fóssil, os resíduos florestais e da

agropecuária, os óleos vegetais, os resíduos urbanos e alguns resíduos industriais. Tal

energia é renovável, ou é produzida continuamente e está disponível (caso dos resíduos),

ou em pouco tempo obtém-se novamente a matéria-prima necessária para produzi-la

(NUVOLARI, 2013).

Segundo LORA e ANDRADE (2004), o potencial energético da biomassa é enorme, tanto

em escala mundial como nacional. Ao mesmo tempo, os biocombustíveis poderiam ser uma

das soluções para o fornecimento de eletricidade em comunidades isoladas, o que

simultaneamente pode constituir um incentivo para o desenvolvimento de atividades

extrativistas sustentáveis que contribuam para o desenvolvimento destas comunidades.

3.2 RESÍDUOS

Segundo a norma brasileira NBR 10004/2004 - Resíduos Sólidos – Classificação (ABNT,

2004), os resíduos sólidos são aqueles que resultam de atividade de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial agrícola, de serviços e de varrição. São classificados como

Resíduos Classe I (Perigosos), Resíduos Classe II A (Não perigosos e não-inertes) e

Resíduos Classe II B (Não perigosos e inertes).

Segundo ENSINAS (2003), a disposição final do lixo – ou dos resíduos sólidos, termo

referenciado na literatura técnico-científica – é um dos graves problemas ambientais

enfrentados pelos grandes centros urbanos de todo o planeta e tende a agravar-se com o

aumento do consumo de bens descartáveis. Uma das alternativas de tratamento dos

resíduos sólidos são os aterros sanitários, que, por sua vez, têm como subproduto a

emissão de gases provenientes da decomposição do material orgânico. Os principais

constituintes desses gases são o dióxido de carbono (CO2) e o gás metano (CH4), sendo

este último passível de coleta e utilização para geração de energia.

Embora avanços nos últimos vinte anos, como mostra a tabela 1, boa parte dos resíduos

ainda são depositados em vazadouros a céu aberto; os chamados lixões, em mais da

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metade dos municípios brasileiros, O percentual de municípios que utilizam aterros

controlados, manteve-se praticamente inalterado entre 2000 e 2008, onde os resíduos são

apenas cobertos por terra. Houve aumento na destinação para os aterros sanitários, que

utilizam tecnologia específica de modo a minimizar os impactos ambientais e os danos ou

riscos à saúde humana.

Tabela 1- Destino final dos resíduos sólidos, por unidade de destino dos Resíduos Brasil-

1989/2008.

Ano Destino final dos resíduos sólidos, por unidade de destino

dos resíduos (%). Vazadouro a céu

aberto Aterro controlado Aterro sanitário

1989 88,2 9,6 1,1 2000 72,3 22,3 17,3 2008 50,8 22,5 27,7

Fonte: IBGE, diretoria de pesquisa, coordenação de população e indicadores Sociais, pesquisa nacional de Saneamento Básico 1989/2008.

Segundo a norma da NBR 8.419, aterro sanitário é uma técnica de disposição de resíduos

sólidos urbanos no solo sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando

os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os

resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-

os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos

menores, se for necessário (ABNT, 1984).

HENRIQUES (2004), partindo da premissa de que num futuro próximo existirão

regulamentações que obrigarão os aterros sanitários a coletar e queimar o GDL, os

proprietários/operadores de aterros terão a responsabilidade de arcar com os custos de

instalação e manutenção de um sistema de coleta.

3.3 GÁS DO LIXO (GDL)

Quando os resíduos são depositados em aterro, uma decomposição anaeróbia se inicia

então surge o gás de lixo, o gás contem aproximadamente 50% de metano, que pode ser

utilizado para propósitos energéticos e o restante da composição contem cerca de 45% de

CO2, 3% de nitrogênio, 1% de oxigênio e 1% de outros gases (WILLUMSEN, 1999).

Segundo Tolmasquim (2003), um sistema-padrão de coleta de GDL (usualmente composto

por uma mistura de 50% de CH4, 45% de CO2 e 5% de H2S e outros gases, que possuem

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potencial de aproveitamento energético) apresenta os principais componentes: tubos de

coleta, compressor, flare, e condensador.

3.4 OS BENEFÍCIOS DO APROVEITAMENTO ENERGËTICO DOS RESÍDUOS.

O lixo quando em processo de decomposição emite para a atmosfera gases de efeito estufa

que são responsáveis por aprisionar calor e elevar a temperatura global, quando o GDL é

coletado e queimado em um sistema de geração de energia, estes são destruídos, evitando

maiores problemas ambientais, além de contribuir com o sequestro de carbono.

Partindo da premissa e reformulações do Plano Nacional de Resíduos Sólidos que num

futuro próximo existirão fiscalizações efetivas na operação dos aterros sanitários brasileiros

e a destinação do GDL, os proprietários/operadores de aterros terão que arcar com os

custos de instalação e manutenção de um sistema de coleta. Assim, o custo extra de se

instalar um sistema de geração de energia, tornaria o investimento total mais atrativo (LORA

e ANDRADE, 2004) .

A venda ou uso do GDL normalmente tornará o custo total menor e o empreendimento mais

confiável, e, quando as condições locais do aterro forem favoráveis, o empreendimento

poderá trazer lucros, a criação de empregos relacionados ao projeto, operação e fabricação

do sistema de geração beneficiando as comunidades locais.

3.5 BENEFÍCIOS ENERGÉTICOS

O GDL é uma fonte local de energia renovável. Devido a este ser gerado continuamente,

produz uma fonte de combustível confiável para uma faixa de aplicações energéticas,

incluindo a geração e o uso direto (HENRIQUES, 2004).

As instituições que participam no processo de aproveitamento energético do gás do lixo

podem expandir as relações com seus clientes, devido ao potencial para exploração,

alargando suas bases de recursos e obtendo valiosa experiência no desenvolvimento de

energias renováveis.

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4 CONCLUSOES

A grande produção de resíduos sólidos e sua inadequada disposição acarreta

problemas de poluição, uma das alternativas para a solução da problemática é a

obrigatoriedade da implantação dos aterros sanitários de acordo com Plano Nacional

de Resíduos sólidos

Apesar dos aterros sanitários não serem a solução da problemática dos resíduos

sólidos, sua estrutura de engenharia foi bem construída e torna um mecanismo

atrativo, visto que o mesmo impede vazamentos e possíveis contaminações de

lenções subterrâneos, além de gerar como subproduto metano que pode ser utilizado

como energia.

Com base nas informações coletadas pode-se verificar a viabilidade ambiental,

econômica e social do Uso de GDL do aterro sanitário como nova alternativa para

geração de energia diminuindo a emissão de gases de efeito estufa para atmosfera,

trazendo recursos por sua comercialização e gerando empregos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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TOLMASQUIM, M. T. Fontes renováveis de energia no Brasil. Rio de Janeiro: Interciência, Cinergia, 2003 WILLUMSEN, H. C. Energy recovery from landifill gas in denmark and worldwide. LGF consult, Denmark, 1999.

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O IMPACTO DA EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA NA SEGURANÇA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA

Wendesom Alves de Souza (Curso de Relações Internacionais, Universidade Federal do Amapá), Paulo Gustavo Pellegrino Correa (Professor Orientador)

[email protected] RESUMO O presente trabalho tem como objetivo trazer para a arena de debate acadêmico e social um tema de grande relevância e que possui impacto nas mais variadas escalas socioambientais, a exploração petrolífera na Amazônia. O trabalho é introduzido com a ideia de Ulrich Beck sobre a sociedade de riscos e a evolução do conceito de segurança até segurança ambiental, além da conceptualização de termos como “risco” e “ameaça”, já que esse tipo de atividade exploratória na região pode representar esses danos para as sociedades que ali vivem e, sobretudo, à biodiversidade da Amazônia. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS A região amazônica possui biodiversidade riquíssima e sem igual, além de culturas muito variadas, desde povos dos mais tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, até núcleos urbanos bem heterogêneos com dinamismos próprios. Essas sociedades e a própria biodiversidade vem se deparando desde meados do século XX com uma atividade, cujos impactos geram muitas discussões e contrapontos, a exploração petrolífera. O petróleo se consolidou como a matriz energética do capitalismo, e de forma direta ou indireta a maioria das pessoas necessita dele, sendo para produção de combustíveis ou para fabricação de inúmeros objetos utilizados no dia-a-dia, fazendo bilhões de dólares circularem somente pelas atividades de exploração e desenvolvimento do óleo, e a região amazônica vem se mostrando uma fonte com potencial de exploração em escala considerável, com grandes projetos para o futuro próximo, inclusive na Foz do Amazonas (costa do Estado do Amapá). Este trabalho tem como objetivo acender o debate sobre um tema tão relevante, porém com tímidos levantamentos de dados, mapeamentos e poucas produções sobre a atividade petroleira na região amazônica mesmo sendo há alguns anos já uma realidade. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi feita através de levantamento de artigos, leitura de obras literárias, além da análise dos discursos veiculados na imprensa nacional e internacional. RESULTADOS/DISCUSSÃO A sociedade de classes tal qual conhecemos hoje desaparece para dar lugar uma sociedade onde a gestão do risco é primordial, essa é uma das teses centrais de Ulrich Beck (2010). Segundo o autor, o mal que a sociedade do século XIX lutava era a miséria, bastante visível e de fácil compreensão da sociedade em geral. No entanto, hoje a complexidade da sociedade pós-moderna ou pós-industrial nos faz lutar contra o risco, um mal invisível e bem mais aleivoso. “Os riscos que ameaçam constantemente a sociedade e o meio ambiente são oriundos dos resíduos gerados, da biotecnologia, energia atômica e nuclear, do desmatamento acelerado que compromete a biodiversidade e os recursos hídricos” (MOURA, 2012). A conceptualização de risco é indissociável de probabilidade e incerteza. Sendo na sociedade contemporânea utilizada para variados significados, como perigos, catástrofes, acidentes ou ameaças, e faz alusão em muitos momentos a situações de incerteza, associadas a qualquer coisa negativa que poderá ocorrer (ESCORREGA, 2009). Ameaça é costumeiramente algum fato ou uma ação, que está acontecendo ou que poderá acontecer, possuindo natureza múltipla (militar, econômica, ambiental, etc.) que contrasta a conquista de uma meta e, geralmente, é causador de danos, materiais ou morais. Logo, a diferença entre ameaça e risco, é que a primeira é

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produzida por um agente racional, pressupondo uma intensão, enquanto que o risco implica também o acaso ou o fenômeno natural. O Princípio de Prevenção representa a evolução do conceito de segurança devido o fim da bipolaridade e o contexto pós-guerra fria, que resultaram numa ordem multipolar de interdependências globais e agendas multifacetadas, as quais tencionaram o conceito de segurança para além do enfoque tradicional de estudos estratégico-militares. Desde os anos de 1980, o princípio da precaução alicerça uma resposta à dubiedade e aos riscos (VEYRET, 2007). No que tange a questão ambiental, o principio é adotado por várias convenções internacionais como Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e declaração da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Rio-92). Para Silva (2007), “a gigantesca acumulação de riquezas tem produzido desigualdades sociais alarmantes entre indivíduos e nações, dilapidando a base de recursos naturais disponíveis no planeta”, sendo a exploração petrolífera um grande adensamento de todos esses fatores e principalmente a acumulação de capital e degradação da natureza, a bacia amazônica tem se tornado muito importante como impulsionadora da globalização pela exploração de recursos naturais, dentre eles há alguns anos, a exploração de hidrocarbonetos. Essa vem acompanhada de uma série de ameaças e riscos para o meio ambiente e suas comunidades locais, para muitos estudiosos é bastante perceptível que esse fenômeno tem gerado muitos conflitos ambientais nas ultimas décadas, além das críticas contra os governos e à indústria petroleira na região por causarem desmatamento, muitas vezes contaminação crônica e derrames massivos de óleo puro. Não sendo somente na Amazônia legal que nos deparamos com essa realidade, outros países amazônicos como Colômbia, Equador, Bolívia e Chile se deparam com o mesmo dilema em suas florestas. CONCLUSÕES Observa-se então, que existe um risco, ou seja, uma potencialidade de danos ou prejuízos no que concerne a atividade de exploração petrolífera dentro de uma das regiões mais diversas do mundo, como é o caso da Amazônia. O processo da extração de petróleo pode ser confuso e destrutivo, o que está fortemente ligado à ideia de sociedade de risco de Beck (2010). Derrames resultados de explosão, de oleodutos danificados e subprodutos tóxicos podem ser despejados diretamente em rios e riachos locais. “Alguns dos produtos químicos mais tóxicos são armazenados em buracos aberto de resíduos poluindo as terras e águas das redondezas. Por motivos de segurança, operações de óleo podem ter envolvimento militar” (BUTLER, 2008). Tais fatos são de grande relevância para o desenvolvimento da ideia de segurança e, sobretudo recentemente, de segurança ambiental. Não importa se a segurança ambiental trabalha para o bem-estar da natureza – somente pela sua importância em si – ou se para a proteção do bem-estar do homem e equilíbrio do Estado ou do Sistema Internacional, o que interessa é a realidade do risco que essa atividade representa para a região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECK, Ulrich. Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Ed. 34, 2010.

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ESCORREGA, L. C. F. A Segurança e os “Novos” Riscos e Ameaças: Perspectivas Várias. Revista Militar: 2009.

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IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS CAUSADOS POR MUDANÇAS DOS PADRÕES MORFOLÓGICOS E FLUVIAIS NO BAIXO ARAGUARI-AP

Paula Patrícia Pinheiro Lopes (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Eldo Silva dos

Santos (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá) [email protected]

RESUMO A abertura do Canal Boa Sorte no Baixo rio Araguari ocasionou mudanças ambientais e impactos à comunidade. O trabalho objetivou identificar tais mudanças e avaliar os impactos socioambientais destas mudanças. Foram realizadas 14 entrevistas na área, as quais foram gravadas e transcritas. As mudanças ambientais identificadas foram a salinização da água, redução da vazão do Araguari, assoreamento da foz, inversão de maré e na pororoca. Os moradores apontam o canal como a principal causa das mudanças. Os principais impactos identificados foram restrições à navegação tradicional, e perda do atrativo turístico nacional e internacional, além da água potável. Conclui-se que ações preventivas e politicas públicas devam adaptar ações de manejo de recursos hídricos neste frágil trecho da bacia hidrográfica. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS A Bacia do Rio Araguari está inserida na sua totalidade territorial no Estado do Amapá, representando grande importância econômica, ecológica e social. Ao longo de sua extensão, é regida por diversas interferências antrópicas, como a construção e operação de usinas hidrelétricas, a bubalinocultura extensiva, exploração mineral e a intensa expansão. Á jusante está sob influência de marés pela confluência com o Oceano Atlântico (CUNHA, 2013; SANTOS, 2012). No baixo rio Araguari, fatores antrópicos como a criação extensiva de búfalos além de fatores naturais como a presença de macromarés e o fenômeno da pororoca, torna este ambiente estuarino altamente susceptível a modificações ambientais que causam diversos impactos no meio ambiente e na comunidade local. A abertura de canais nesta área é recorrente e perceptível pela população e, suas causas e impactos ainda são incipientes na comunidade científica. Fenômenos naturais como a erosão e deposição de sedimentos são as principais causas de alterações morfológicas fluviais presentes na literatura. Mas em muitos casos, principalmente em áreas urbanas, são acelerados por interferências antrópicas, causando uma série de impactos ao meio e à população residente. Conflitos de terra pelo limite legal de terrenos e assoreamento de rios e canais são um dos evidentes impactos decorrentes de alterações na morfologia fluvial de cursos d’agua. É diante desta problemática, que a presente pesquisa, encontra respaldo no sentido de avaliar os impactos socioambientais resultantes de alterações morfológicas fluviais no Baixo Araguari e na comunidade local desta região. Para identificação e caracterização dos impactos, serão realizadas entrevistas semiestruturadas, com apoio de um gravador aos moradores ao longo do rio Araguari, observação in loco e registro fotográfico do ambiente. MATERIAL E MÉTODOS A principal alteração morfológica estudada será a do canal da Boa Sorte e seu entorno entre o rio Amazonas e o rio Araguari (Figura 1). Ainda não há uma denominação oficial para este canal, mas a denominação adotada aqui é a utilizada corriqueiramente pelos moradores da região. O canal localiza-se na Planície de Inundação do rio Araguari, limitando-se ao norte no município de Cutias do Araguari e ao sul no município de Macapá com aproximadamente 34 km de extensão. A área está inserida no domínio de Planície Costeira do Amapá, com solos do grupo hidromórficos que são ligados a ambientes como manguezais, campos inundáveis e as várzeas (MATOS, 2009).

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O estuário do Araguari é ocupado por inúmeras fazendas que utilizam a sua planície de inundação para a criação de gado bubalino, criados de forma extensiva com poucas áreas de manejo (SANTOS, 2006). Para a avaliação dos impactos sociais e ambientais das alterações morfológicas foram realizadas 14 entrevistas semiestruturadas, com apoio de um gravador, aos residentes das comunidades ao longo da margem direita do rio Araguari, ao nordeste do canal da Boa Sorte.

Figura 1 – Localização da área de estudo Legenda: Imagem TM7 Landsat do ano de 1999, composição R5G4B3. Fonte: Autor (2014) As entrevistas constituíram-se de perguntas abertas sobre a percepção das mudanças no rio durante os últimos anos, há quanto tempo que são percebidas essas mudanças e o que pode ter ocasionado tais mudanças. Também foi possível identificar os impactos como problemas de saúde relacionados à água, redução da disponibilidade de peixes, prejuízos às atividades econômicas, etc. Posteriormente a coleta dos dados, as entrevistas foram transcritas para serem identificadas as palavras mais frequentemente citadas para cada questão e avaliação dos pontos relevantes abordados pela comunidade. RESULTADOS/DISCUSSÃO As 14 entrevistas semiestruturadas realizadas foram direcionadas aos moradores da margem direita do rio Araguari, ao nordeste do Canal da Boa Sorte (Figura 2).

Figura 2 – Localização das entrevistas realizadas

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Fonte: Autor (2014) Os 14 entrevistados possuíam entre 20 e 85 anos, sendo que 50 % deles possui o Ensino Fundamental incompleto, com maior concentração nas séries iniciais. Os outros 50% é dividido entre pessoas que nunca estudaram (22%), que possuem o ensino médio (21%) e com ensino superior (7%), este último de menor expressividade e que faz referência à direção da escola da comunidade. A caracterização de baixa escolaridade dos entrevistados não representa limitações à análise da pesquisa, uma vez que a principal variável é o conhecimento da comunidade acerca dos processos de mudança que ocorrem no ambiente e que afetam sua qualidade de vida, sendo este nível de conhecimento passível de ser refletido pelo tempo em que os entrevistados vivem na área, interagindo com ela. Pode-se inferir que os entrevistados são bastante conhecedores do meio em que vivem, variando o tempo de moradia no rio de dois até 75 anos. Sendo que 50% deles vivem na área entre 10 e 50 anos, 29% menos de 10 anos e 21% mais de 40 anos. A principal atividade econômica identificada é a bubalinocultura, exercida por 53% dos entrevistados. As outras atividades de menor expressividade são a pesca (7%) e, 40% da denominada “outras” que abrangem atividades que não estão ligadas diretamente à recursos do meio ambiente, como pastores, donas de casa, mecânicos, e profissionais da educação. As palavras mais citadas que fazem referência às mudanças percebidas pelos moradores são apontadas como “água”, “pororoca” e “salgada”. Em análise às transcrições das entrevistas e pela observação in loco, a ocorrência do aumento da salinidade da água na região é fortemente sentida pelos moradores principalmente em períodos menos chuvosos, em que há redução na capacidade de diluição do rio. O fenômeno da pororoca também é apontado como uma mudança pois não é mais visto na área e quando visto, apresenta uma intensidade menor em comparação às ocorrências anteriores. Outro mudança identificada é a inversão da dinâmica de vazão do Araguari, que com o perceptível assoreamento da sua foz, refletida ao moradores pela dificuldade de deslocamento nessa área, agora apresenta fluxo de enchente e vazante pelo Canal da Boa Sorte que faz ligação com o rio Amazonas. Esta mudança influencia na redução da vazão do Araguari, fazendo com que este perca a sua força de influência sobre as marés do oceano e assim salinize a água desta região, especialmente no trecho compreendido entre o Canal da Boa Sorte e a foz do Araguari. Além da inversão da maré, há constante presença de relatos sobre redução do próprio volume do rio Araguari, que são expressos por: “O rio secou [...] Lá na Boca do Araguari, já tem até campo”; “E isso seca, seca muito, depois que abriu aí, que era um

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igarapé, agora seca, só enche quando a maré enche”; “Isso aqui era bastante fundo, hoje em dia tá seco”; “Agora o rio tá seco”; “Secou o rio. A boca tá seca”; “Enchia tudinho de água aqui no inverno, agora não. Não entra mais”; “Secou muito o rio, muito mesmo.”; “Secou mesmo, lá pra baixo era bem fundo, entrava barco grande, agora não passa mais, só barquinho pequeno”. Infere-se a partir das mudanças identificadas sob a percepção dos moradores que há uma referência recorrente ao Canal da Boa Sorte (Figura 3), atribuindo a ocorrência destas mudanças após a abertura deste canal.

Figura 3 – Vista da margem do Canal da Boa Sorte

Fonte: Autor (2014) Quando questionados sobre o que poderia as ter ocasionado, houve maior frequência de palavras relacionadas ao canal da Boa Sorte, búfalos, barragem e valas. Esta frequência é dada pela recorrência supracitada do canal, que incluem as valas criadas por búfalos na região e de tamanho menor. Mas o que pode ser associado como indicação de causa à abertura deste canal, são as referências aos búfalos e às barragens. Os búfalos (Figura 4), que correspondem à principal atividade econômica da região, ocasionam a abertura de valas ou varadores, como conhecidos localmente. Contudo, a atribuição desta atividade como causa às alterações morfológicas existentes, especialmente a do canal da Boa Sorte, ainda não possui cunho cientifico.

Figura 4 – Búfalos em fazenda próxima ao Canal da Boa Sorte

Fonte: Autor (2014)

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A despeito desta incerteza cientifica em relação ao canal da Boa Sorte, é reconhecida a atuação destes animais como agentes modificadores desta paisagem, conforme Santos (2008). E também é citado por alguns moradores como causa, porém percebe-se mais expressivamente um receio em aponta-los como causadores das alterações em questão, mesmo que sempre fazendo referência ao gado e também às barragens construídas no Araguari. Percebe-se que muitos atribuem as alterações à construção das usinas hidrelétricas instaladas ao longo do Araguari, especialmente a mais próxima da região, a UHE Ferrreira Gomes, localizada no município de Ferreira Gomes, a 224,3 km da foz do Araguari (FERREIRA GOMES ENERGIA, 2012). Em relação especificamente ao Canal da Boa Sorte, foram extraídas questões relacionadas ao tamanho deste canal há anos atrás, recorrentemente chamado de igarapé, e também desde quando percebeu-se sua mudança brusca. É perceptível a associação não só da ocorrência de mudanças no Araguari com o Canal da Boa Sorte como também as afirmações em relação à similaridade do período em que ocorreram tais mudanças – água salgada, redução de volume do rio, inversão da maré e pororoca - e a aparição do canal. As mudanças acima citadas ocasionam não somente impactos ao meio ambiente como também às comunidades dessa região. Alguns impactos de análise preliminar que podem ser citados são: Pela salinidade: mudanças nas relações ecológicas, especialmente na fauna aquática e flora e, restrição ao uso da água pela população ou ainda na impossibilidade de outras fontes, a ocorrência de problemas de saúde pela ingestão e contato com a água salina; Pela inversão da maré: desvio da vazão para a planície de inundação, alterando a dinâmica do ambiente; Pela redução do volume do rio: interligado ao assoreamento da foz do Araguari, além da ameaça à própria vida do rio, prejudica o deslocamento da população entre as comunidades afetando tanto sua qualidade de vida como suas atividades econômicas. Pela perda da pororoca: um impacto não só à população local como também para todo o estado pela perda de um atrativo turístico nacional e internacional que já não era explorado adequadamente. Ressalta-se a observação de um conjunto de mudanças interligadas que provocam uma cadeia de impactos sociais e ambientais. Dentre eles, a salinidade é o principal impacto sentido pela comunidade, afetando-os diretamente. Relatos como “Ano passado eu chorei aqui. Quando essa água doce acabou. E não tinha água pra gente tomar. [...] E aí eu ia pra tomar essa água, essa água salgada, e eu não aguentei, as lágrimas vieram mesmo. [...] Eu não queria sal, eu queria água mesmo.”, refletem a problemática social envolvida na salinização do rio Araguari. O governo do Amapá realizou um convênio com a Prefeitura de Cutias do Araguari para fornecer galões de água mineral para as escolas existentes nas comunidades. Logo, a direção da escola distribui a água para as famílias que possuem filhos na escola. Contudo, segundo moradores, esta água não é suficiente, havendo a necessidade de regulação no consumo e, principalmente, para quem não dispõe de recursos para buscar água potável em Cutias ou mesmo após o canal da Boa Sorte onde a água não se encontra com alto teor de salinidade, ocorre a ingestão e diversos usos desta água, que ocasionam problemas de saúde. As influências na saúde mais citadas pelos entrevistados é a ocorrência de diarreia, dor no estômago, coceira e vômito quando há necessidade de ingestão ou ainda ao cozinhar os alimentos ou tomar banho, em contato externo com a água. CONCLUSÕES As principais mudanças identificadas no Araguari através da realização de entrevistas com 14 moradores da área são: salinização da água, redução de volume do rio, inversão da maré e redução na intensidade da pororoca. Segundo os moradores, estas alterações no ambiente são provenientes da abertura do canal da Boa Sorte, um rio que hoje faz ligação do Araguari ao Amazonas e que há anos atrás era apenas um igarapé. Em relação a origem destas mudanças os moradores apontam como causa a

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construção de barragens ao longo do rio Araguari e a ação dos búfalos como um dos fatores de abertura do canal da Boa Sorte. Estas alterações morfológicas que ocasionaram tais mudanças no Baixo Araguari, consequentemente trazem impactos ao ambiente e às populações que nele vivem. Entre os impactos ambientais mencionados anteriormente, o que mais influencia diretamente na população é a salinização da água, pois estes moradores dependem diretamente deste recurso tanto para ingestão, quanto para uso em atividades diárias. O subsídio de oferta de água mineral para as escolas da comunidade não está suprindo a demanda por água potável destas comunidades, e para quem não possui condições financeiras de buscar este recurso no município mais próximo (Cutias), há a necessidade de usufruir da água salina o que ocasiona diversos problemas à saúde de todos, como diarreias, vômitos, dores de barriga e coceira. Toda esta problemática requer uma atenção maior por parte dos lideres políticos com o intuito de não só agir nas consequências destas modificações, como a oferta de água potável para as comunidades, mas também agir nas possíveis causas de forma preventiva, como maior controle, fiscalização e elaboração de politicas públicas que visem um adequado manejo para as atividades econômicas existentes na área. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, A.C. Modelagem hidrodinâmica e qualidade da água no estuário do baixo rio araguari – Ap. Projeto Universal CNPQ. 2012

FERREIRA GOMES ENERGIA. Usina. 2012. Disponível em: http://www.ferreiragomesenergia.com.br/ferreiragomes/web/conteudo_pti.asp?idioma=0&tipo=40874&conta=45. Acesso em: agosto de 2014.

MATOS, M. F. A. Caracterização de processos morfodinâmicos e hidrodinâmicos do Cinturão Lacustre Meridional da Reserva Biológica do Lago Piratuba, Amapá. Tese de Dissertação de Mestrado do Programa de Pós – Graduação em Geodinâmica e Geofísica/UFRN. 142 p.2009.

SANTOS, E. S. Modelagem hidrodinâmica e qualidade da água na foz do Rio Araguari- AP. Tese de Dissertação de Mestrado.do Programa de Pós Graduação em Biodiversidade Tropical/UNIFAP. 2012.

SANTOS, V. F. Ambientes Costeiros Amazônicos: Avaliação de Modificações por Sensoriamento Remoto. Tese de Doutorado do Programa de Pós- Graduação em Geologia e Geofísica Marinha/UFF – área de geofísica e geologia marinha 348 p. 2006.

SANTOS, V.F; POLIDORI, L. ; SILVEIRA, O. F. M. ; JUNIOR, A. G. F. Aplicação de dados multisensor (SAR e ETM+) no reconhecimento de padrões de uso e ocupação do solo em costas tropicais – costa amazônica, Amapá, Brasil. Revista Brasileira de Geofísica, 2008. p 39-55.

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CARACTERIZAÇÃO DE VENTO PARA A CIDADE DE MACAPÁ-AP NO PERÍODO DE 2008-2013

Ely dos Santos Paula, Núcleo de Hidrometeorologia e Energia Renováveis - Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá NHMET-IEPA

[email protected]

RESUMO Devido a importância dos estudos meteorológicos para entender as dinâmicas climáticas regionais o estudo da direção e velocidade do vento e suas relações com demais fatores ambientais faz-se necessário, objetivo deste é caracterizar velocidade e direção do vento para Macapá-AP com a estatística simples de frequência de classes, o período de 5 anos de dados coletados de hora em hora da estação de meteorológica superficial dos aeroporto de Macapá mostraram que o comportamento dos ventos se dá de forma expressiva entre 0,5 -8,8 m/s. com maiores velocidades no trimestre menos chuvoso. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS O vento é uma das variáveis meteorológicas mais importantes e menos estudada, sendo que no caso da agricultura, é conhecida a sua influência na aplicação de defensivos e em estudos voltados à propagação de doenças, polinização e práticas com quebra-vento. (MUNHOZ e GARCIA, 2008). Conhecer as características de vento na superfície pode ajudar a diversas áreas do conhecimento, pois é componente fundamental no transporte de gases na atmosfera. Segundo Varejão (2005), o estudo da dinâmica atmosfera, em geral, é efetuado comparando o comportamento do vento em diferentes níveis por ser uma componente horizontal do movimento do ar. Em Macapá houveram poucos específicos como Jesus e Neves (2006), Paula, et.al.(2012) e Silveira et. al. (2013), portanto a uma necessidade de mais estudos nesta área. O objetivo deste trabalho é apontar características de vento para a cidade de Macapá pela necessidade de estudos que descrevam com dados de medidas de estação de superfície e estatística simples a direção e velocidade do vento em períodos curtos. MATERIAL E MÉTODOS. A área de estudo deste trabalho é a cidade de Macapá-AP a margem esquerda da Foz do Rio Amazonas, os dados de direção e velocidade do vento utilizados foram coletados da Estação Meteorológica de Superfície do Aeroporto Internacional de Macapá, localizada nas coordenadas geográficas: Lat. 0.03N, Long. 51.05W e 15m de altitude,(SBMQ) número sinótico 82099. A obtenção destas informações se deu a partir do endereço eletrônico http://weather.uwyo.edu/surface/meteogram/samerica.html, e compõe arquivos do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá NHMET-IEPA. Os dados foram coletados em blocos de notas, organizados em planilhas MS Excel e modelados no software WRPLOT view 7.0, posteriormente foi realizada análise de frequência de classe relacionadas a velocidade e direção do vento em gráficos de colunas e rosas dos ventos. O período de estudado foi de 01 de Dezembro de 2008 a 30 de Novembro de 2013, esses dados são referentes a horários de 00:00 às 23:00 horas, agrupados em médias trimestres: Dezembro-Janeiro-Fevereiro (DJF), Março-Abril-Maio (MAM), Junho-Julho-Agosto (JJA) e Setembro-Outubro-Novembro (SON), entenda-se que este agrupamento representa a dinâmica de precipitação regional de período chuvoso, chuvoso-estiagem, estiagem, estiagem chuvoso, respectivamente. RESULTADOS/DISCUSSÃO A direção predominante no período estudado foi NE, como pode-se observar nos gráficos de rosa dos ventos (gráficos 1,2,3 e 4).

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.

Durante todo o período de estudo a maior concentração de velocidade do vento esteve entre as classes 1 e 4. Nos trimestres DJF, MAM e JJA as maiores velocidades de vento foram representadas pela classe 1 com 32,8%, 38,3% e 33,8% respectivamente, já no trimestre SON a classe 3 teve maior expressão com 37,1% da frequência (tabela 1).

Gráfico 1: Rosa dos ventos SBMQ, trimestre DJF. (Fonte: Autor)

Gráfico 2: Rosa dos ventos SBMQ, trimestre MAM. (Fonte: Autor)

Gráfico 3: Rosa dos ventos SBMQ, trimestre JJA. (Fonte: Autor)

Gráfico 4: Rosa dos ventos SBMQ, trimestre SON. (Fonte: Autor)

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Tabela 1: Classes de frequência de velocidade de vento por trimestre A velocidade média do Trimestre DJF foi 3,08 m/s, no trimestre MAM foi 2,45 m/s, já em JJA a média foi 2,64 m/s e em SON 4,01 m/s. É importante observar a quantidade de medidas de ventos calmos nos trimestres MAM e JJA, ambos com mais de 14% do total de horas para cada um destes trimestres. CONCLUSÕES A distribuição de classes de velocidade de ventos para o período em estudo caracterizou que o comportamento dos ventos se dá de forma expressiva entre 0,5 -8,8 m/s, Conclui-se que o trimestre com maior média de velocidade de ventos foi o período de estiagem ou menos chuvoso (SON) com 4,01m/s e que é significativa a quantidade de horas sem vento nos trimestre chuvoso e chuvoso-estiagem. É reconhecido também que para melhor entender as dinâmicas que acompanham essas características demostradas é preciso gerar resultados mensais e diários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JESUS, E. S. ; NEVES, D. G. . Caracterização do vento em Macapá-AP no período de 2003 a 2005. In: XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, 2006, Florianópolis. Anais de XIV Congresso Brasileiro de Meteorologia, 2006. v. 1.

MUNHOZ, F.C.; GARCIA, A. Caracterização da velocidade e direção dos ventos para a localidade de Ituperava-SP, Revista Brasileira de Meteorologia, v.23,n.1, 30-40, 2008.

PAULA, E. S. ; AMORIM, J. R. G. ; NEVES, D. G. ; OMENA, J. C. R. ; OLIVEIRA, A. M. . Regime do vento em Macapá-AP no período de Junho de 2011 a Julho de 2012. 3º Congresso Amapaense de Iniciação Científica, 7ª Mostra de TCC s e 3ª Exposição de Pesquisa Científica do Amapá. 2012.

SILVEIRA, J. S. ; PAULA, E. S. ; NEVES, D. G. ; SANTOS, S. J. ; OLIVEIRA, A. M. ; MARQUES, J. D. ; AMORIM, J. R. G. . Análise do comportamento do vento em superfície para o período chuvoso e menos chuvoso do ano de 2012 na cidade de Macapá-AP. 2013. Disponível em<http://www.sic2013.com/inexx/anais>

VAREJÃO-SILVA, M.A. Meteorologia e Climatologia. Versão Digital. 2005. 65p.

CLASSES/TRMESTRE DJF MAM JJA SON 0 (VENTO CALMO) 8,7% 15,1% 14,6% 4,5%

1(0,5-2,1 M/S) 32,8% 38,3% 33,8% 18,4% 2(2,1-3,6 M/S) 21,3% 21,7% 21,8% 17,5% 3(3,6-5,7 M/S) 26,7% 21,4% 24,9% 37,1% 4(5,7-8,8 M/S) 10,3% 3,5% 4,9% 22,1% 5(8,8-11,1 M/S) 0,2% 0,1% 0,1% 0,3% 6(>=11,1 M/S) 0% 0% 0% 0%

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O FENÔMENO DA HIDROCORIA NA PERSPECTIVA DA HIDRODINÂMICA EM RIO DE VÁRZEA DO ESTUÁRIO AMAZÔNICO

Éwerton Wânderson Gonçalves dos Santos (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Hyrla Herondina da Silva Pereira (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do

Amapá); Alan Cavalcanti da Cunha (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Eldo Silva dos Santos (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá).

[email protected] RESUMO O estudo tem como objetivo abordar a hidrodinâmica do escoamento acoplada a processos hidrocóricos em rios de várzea sob influência de marés semidiurnas. A área estudada é um trecho de 27 km do rio Maracá (Mazagão/AP) desde a foz. A metodologia aplicada consiste em: a) levantamento batimétrico do canal; b) medição de descarga líquida (vazão) em dois períodos sazonais distintos: seco (setembro/2012) e chuvoso (maio/2013); c) modelagem e simulação do escoamento acoplado à hidrocoria usando o Software SisBaHiA 8.5. Cenários para hidrocoria, simulados para períodos de marés (≈36h), sugerem que as escalas estudadas são parâmetros ecológicos relevantes para a conservação de espécies vegetais. Palavras-chaves: Escalas de Transporte. Modelagem de Sistemas Ambientais. Hidrocoria. INTRODUÇÃO A exploração de recursos naturais sem o conhecimento científico tem sido uma realidade global. Na Amazônia, esta prática é comum devido a sua exuberante riqueza biológica e de fácil extração. Além disso, a falta de conhecimento ecológico para estabelecer os sistemas silviculturais, por parte de quem explora a floresta é uma das causas da perda da diversidade, normalmente concentrando a exploração em poucas espécies (GUEDES,2009). As florestas de várzea correspondem a aproximadamente 75% do total de madeiras comercializadas na Amazônia. E, desde a década de 80, as principais espécies madeireiras exploradas são a virola (Virola surinamensis), sumaúma (Ceiba pentandra), cedro branco (Cedrelasp) e andiroba (Carapa guianensis). A andiroba ou Carapa guianensis Aubl. é uma espécie de uso múltiplo, de onde se extrai a madeira e o óleo das sementes, dois dos mais importantes produtos da floresta (PIÑA-RODRIGUES, 1999). Na várzea, a vegetação alagada na Amazônia brasileira está anualmente sujeita às cheias que duram entre 6 a 8 meses, submergindo árvores completamente. Deste modo, a regeneração das plantas enfrentam diversos problemas, estes superados pelo alto número de espécies de árvores, os quais geralmente combinam eficientemente com a dispersão hidrocórica. O rio, com seus regimes de cheias e vazantes, regula o fluxo e o transporte de nutrientes, que mantém a natureza e o desenvolvimento da floresta, desde a formação do solo, até a dinâmica de escoamento dos rios. Estas forçantes influenciam sobremaneira as estratégias de sobrevivência vegetais em suas amplas dimensões, bem como antropogenicamente, nas relações de trabalho e de dependências sociais, culturais e econômicas regionais. A presente investigação trata do uso de parâmetros experimentais e de modelos hidrodinâmico-dispersivos (lagrangeanos), que podem ser utilizados na análise da dispersão hidrocórica em ambientes com escoamento turbulento, complexo e com recirculação da água, como ocorre no Estuários Amazônico. (CUNHA et al. 2013). Tendo como objetivo estudar experimental e numericamente o comportamento

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hidrodinâmico do escoamento no referido canal, complementado com a modelagem e a simulação numérica do processo dispersivo hidrocórico. OBJETIVOS GERAL Modelar e simular numericamente o processo de dispersão hidrocórica com foco na quantificação das escalas de transporte (espacial e temporal), a partir de medidas experimentais de descargas líquidas no rio Maracá-AP, considerando forçantes físicas da sazonalidade climática, dos ciclos de marés semidiurnas e a dinâmica do escoamento turbulento em regime não-permanente, típicos de zonas estuarinas do baixo rio Amazonas. ESPECÍFICO a) Quantificar experimentalmente as descargas líquidas e a intensidade média das velocidades no escoamento (superficial) com uso de técnica do perfilador acústico Doppler de corrente (ADP) em uma seção de monitoramento do rio Maracá-AP, afluente do rio Amazonas. b) Modelar e simular o escoamento hidrodinâmico e dispersivo com uso do sistema de modelagem SisBaHiA 8.5 a partir de informações experimentais batimétricas e hidráulicas do canal para reproduzir o fenômeno da dispersão ao longo de ciclos de marés em dois períodos sazonais – seco (setembro de 2012 e chuvoso (maio de 2013). c) Acoplar e analisar o processo dispersivo hidrocórico com base em simulações hidrodinâmicas respeitando o caráter de transporte de cada período sazonal. MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo A área de estudo é a várzea do estuário amazônico, sendo considerada como uma região fluviomarinha, geograficamente distribuída entre os estados do Amapá e Pará, que recebe influência das marés oceânicas através de dois pulsos diários de inundação (CUNHA et al. 2013). A principal influência hidrológica é de origem dos regimes de marés semidiurnas e a componente sazonal das águas vinculada ao período climático das chuvas. O curso principal do rio Maracá é perene e nasce no sudoeste do estado do Amapá, região norte do Brasil (figura 1b), e deságua na margem esquerda do Rio Amazonas (figuras 1.c e 1d) localizado no Município de Mazagão-AP (0°25’07,82’’S - 51°26’07,64”). A bacia do rio Maracá possui, respectivamente, área e perímetro de aproximadamente 3394,79km2 e 373,90km, e o escoamento do trecho investigado é considerado típico de sistemas estuarinos, devido aos processos turbulentos de recirculação presentes no funcionamento e manutenção dos ecossistemas de várzeas.O trecho de estudo de 27 km, se inicia na sua desembocadura, no Rio Amazonas, onde foi definida uma seção de monitoramento de vazão (perfilamento acústico - ADP) e nível de maré com marégrafo (segmento em branco, figura 1.d).

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Figura 1: Localização da área de estudo, na baciado rio Maracá, Mazagão Velho-AP. O

seguimento em branco representa a seção de monitoramento. Medidas de descarga líquida com uso da técnica de perfilamento acústico (ADP) MUSTE et al. (2010) reportam recentes avanços em instrumentação para investigação hidrodinâmica e morfológica de rios, incluindo os métodos acústicos e de sensoriamento remoto, como é o caso das várzeas amazônicas. Na presente investigação a quantificação de descarga líquida foi realizada com um ADP da marca SonTek, RiverSurveyor, Modelo M9. Com o ADP foram realizadas duas campanhas, sendo a primeira em setembro de 2012 (período de seca, maré de quadratura) e a segunda em maio de 2013 (período chuvoso - maré de sizígia). Cada campanha de medição de descarga líquida foi de aproximadamente de 12,5 h (ciclo semidiurno de maré). Ao longo deste período perfis de velocidade foram integrados para toda a área do transecto na qual se determinou as descargas líquidas por ciclo de maré. A batimetria do canal do Rio Maracá ocorreu de forma conjunta com as campanhas realizadas de medição de descarga líquida. Para as devidas correções dos níveis da lâmina d´água ao longo dos ciclos de marés um marégrafo (HOBO U20 WaterLevel Data Logger – U20-001-02) na secão de monitoramento (figura 1.d). Modelagem e simulação com o SisBaHiA: hidrodinâmica e dispersão hidrocórica A modelagem é um dos melhores métodos para abordar problemas ecológicos, diante da complexidade dos seus sistemas inerentes. O campo da modelagem ecológica é diverso e a simulação tem sido aplicada em cada aspecto da ecologia. Na presente investigação utilizou-se da classe "simulation model" (ROSMAN, 2012). A seção de lançamento (SL) escolhida foi de, aproximadamente, 15 km da foz. Esta distância era próxima do centro de controle do domínio computacional que representa o corpo natural de d’água modelado (Figura 1). No início da maré vazante foram lançadas 500 sementes instantaneamente. O objetivo foi avaliar subjetivamente a velocidade média de transporte da pluma de sementes (discretas) ao longo do centro do canal e quantificar qual a distância média percorrida pelo seu "centro de massa" e o grau de espalhamento lateral e longitudinal em um intervalo de ciclo de maré (12,5h). A calibração do modelo foi realizada pelo método da tentativa e erro.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1, os dados de saída do modelo apresentaram alta correlação com os dados medidos em campo (r² = 0,94%) para o mês de set/2012, o que expõem que a análise gerou resultados de alta confiabilidade em relação a hidrodinâmica experimental, básico para a avaliação do processo de dispersão de sementes. Para realizar a simulação de dispersão de sementes foram utilizados os mesmo parâmetros de entrada no modelo hidrodinâmico, uma para cada um dos períodos estudados. Com base no comportamento hidráulico da elevação do nível da maré, e vazões de entrada e saída, foi possível calibrar o modelo, independentemente da época do ano. Para os três cenários, r² e r (coeficiente de determinação e de correlação, respectivamente) apresentaram valores muito próximos de 1 e STD próximos de zero. A análise de todas as simulações de nível das cotas da lâmina d´água, feito conjuntamente, equivale a aproximadamente a um coeficiente médio de r² de 0,93 (93% de correlação).

Tabela 1. Parâmetros estatísticos utilizados nas análises. SET/12 MAI/13

STD -0,33 0,12 R 0,97 0,95

r² 0,94 0,9

O gráfico da figura 2 representa o ajuste quando são considerados todos os valores de nível de maré medidos em comparação com os simulados. A análise de todas as simulações de nível das cotas da lâmina d´água, feito conjuntamente, equivale a aproximadamente a um coeficiente médio de r² de 0,93 (93% de correlação). Neste aspecto, observa-se que os resultados simulados para o escoamento livre da seção de medição puderam ser comparados satisfatoriamente em relação aos níveis de marés observados. Com base nesta premissa o modelo hidrodinâmico foi calibrado e utilizado para simular o comportamento da dispersão hidrocórica.

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Figura 2 – Comparação global entre os dados medidos e simulados para todos os cenários modelados. O coeficiente de determinação entre o nível de maré medida e simulado foi de r² = 0,9278 e a equação da reta entre os eixos é y = 0,8832x - 0,1124. As figuras 3 e 4 apresentam os campos de velocidade da pluma de sementes (campo dispersivo) simulados pelo modelo lagrangeano, respectivamente, para os períodos de coleta, setembro/2012 (seco) e maio/2013 (chuvoso). Percebe-se que os tempos iniciais começaram na preamar (tempo t = 0h/ maré vazante) e finalizando no ponto máximo da enchente, na preamar novamente (pico da enchente), completando o ciclo de ≈12,30h. Identifica-se a "pluma" de sementes deslocando-se (pontos pretos no centro do canal), inicialmente em direção à foz (maré vazante). Em seguida, a pluma inverte seu deslocamento, subindo o rio pela força da maré enchente causada pelo maré do rio Amazonas

Figura 3- a) campo de velocidade e a.1) campo de dispersão hidrócorica durante um ciclo de maré no período seco (setembro de 2012) à 0h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos)– Maré enchente; b) campo de velocidade e b.1) campo de dispersão hidrócorica à 6h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos). Centro de Massa da pluma a 4,10 km do ponto de lançamento. Maré vazante; c) campo de velocidade e c.1) campo de dispersão hidrócorica à 12h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos). Centro de Massa da pluma no ponto de lançamento. Maré enchente.

a.1)

c.1)

b.1)

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Figura 4- a) campo de velocidade e a.1) campo de dispersão hidrócorica durante um ciclo de maré no período de tcheia (maio de 2013) à 0h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos)– Maré enchente; b) campo de velocidade e b.1) campo de dispersão hidrócorica à 6h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos). Centro de Massa da pluma a 4km do ponto de lançamento. Maré vazante; c) campo de velocidade e b.1) campo de dispersão hidrócorica à 12h do lançamento da pluma de 500 sementes (elementos discretos). Centro de Massa da pluma 0.7 km do ponto de lançamento. Maré enchente. Os resultados simulados para o mês de maio, ou seja, o mais chuvoso da região, explicam os motivos pelos quais as estratégias de sobrevivência e propagação de diversas espécies vegetais da várzea, como a andirobeira ou a virola, se utilizam da água para se distanciarem das plantas-mães e elevar suas chances de sucesso de sobrevivência (CUNHA et al. 2013). O parâmetro da escala espacial-temporal do processo dispersivo é um excelente indicador natural para embasar ações para a regeneração de áreas degradadas por atividades antrópicas, de modo que tais informações são estratégicas para operar sistemas agroflorestais auto-sustentáveis, é necessário considerar a sucessão vegetal na recuperação dessas áreas (várzea). Neste aspecto, a água exerce um papel importante como indutora da germinação e na superação da dormência das sementes na várzea, como é o caso da andiroba. A prática de abertura de regos (nas florestas de várzea) altera as condições de umidade dos solos na várzea alta, afetando a disponibilidade de água para a germinação de sementes. Assim, verificou-se que, após análise sobre as forçantes envolvidas nos processos de dispersão hidrocórica, o tema encontra-se em um dos seus mais elementares estágios de entendimento. CONCLUSÃO As principais conclusões desta investigação foram: 1. A hidrodinâmica é uma dimensão física extremamente relevante para o processo de dispersão de sementes em ambientes de várzeas do estuário amazônico. Mas surpreendentemente tem sido negligenciada os estudos ecológicos nas várzeas amazônicas, onde as marés são forçantes importantes no processo dispersivo. 2. Compreender as dimensões das escalas hidrodinâmicas envolvidas no processo hidrocórico é básico para o planejamento e monitoramento de espécies vegetais da várzea amazônica. Além disso, é importante para otimizar o gerenciamento florestal e

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a conservação de espécies da biodiversidade tropical ameaçadas, ou muito exploradas economicamente, como a andiroba e a virola. 3. As simulações hidrodinâmicas com modelo calibrado revelaram com realismo o comportamento padrão do escoamento acoplado ao processo dispersivo de plumas de sementes hipotéticas. O regime hidrológico fluvial (sazonal e diário) mostrou uma ampla variabilidade do comportamento dispersivo (longitudinal, transversal e lateral), tornando o conhecimento da hidrodinâmica fundamental para o monitoramento ecológico de espécies de florestas tropicais. 4. A metodologia proposta apresenta uma visão abrangente e diferenciada do fenômeno hidrocórico e sua aplicação é possível em diversas situações de interesse para os ecossistemas de várzeas no baixo estuário amazônico, promovendo um relativamente baixo nível de erro entre resposta dos modelos e os dados observados em campo. AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a concessão de apoio financeiro do CNPq - Universal, processo 475614/2012-7; e apoio complementar dos Projetos FLORESTAM - EMBRAPA-AP. REFERÊNCIAS CUNHA, ALAN C.; SANTOS, E. W. G.; SANTOS, E.; GUEDES, M. C. ; OLIVEIRA, G. P.; BLANCO, C. J. C. ; ROSMAN, P. C. C.. Importância da hidrodinâmica na dispersão de sementes em sistemas florestais do Baixo Estuário Amazônico. In: Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães e Gumercindo Souza Lima. (Org.). Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (5: 2013) e Congresso Internacional de Agropecuária Sustentável (2: 2013). 1ed.Viçosa: Editora UFV, 2013, v. 1, p. 53-113. GUEDES, M. C. Ecologia e manejo florestal para uso múltiplo de várzeas do estuário amazônico. Coordenador de Projeto de Pesquisa. Edital /2009 / Macroprograma 2 / Linha aberta / Proposta MP- 2. Competitividade e Sustentabilidade. 2009. MUSTE, M; KIM, D. & MERWADE, V. Muste, M, Kim D., and Merwade V., Modern Digital Instruments and Techniques for Hydrodynamic and Morphologic Characterization of Streams, Chapter 7 in Gravel Bed Rivers 7: Developments in Earth Surface Processes, edited by Ashmore P., Bergeron N., Biron P., Buffin-Bélanger T., Church M., Rennie C. Roy A.M., Wiley, New York,NY, 2010. PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. Ecologia reprodutiva e conservação de Virola surinamensis (Rol.) Warb. na região do estuário amazônico. Tese de Doutorado do Instituto de Biologia da UNICAMP - área de Ecologia. 725 p. 1999.

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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGIA DA ÁGUA POTÁVEL EM SANTANA-AP

Rafael Neri Furtado (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Helenilza Ferreira Albuquerque Cunha (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Geison Carlos Xisto da Silva (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá); Alan Cavalcanti da

Cunha (Curso de Ciências Ambientais, Universidade Federal do Amapá) [email protected]

RESUMO O presente estudo buscou avaliar a qualidade físico-química e microbiológica da água servida pela Companhia de Água e Esgoto do Amapá - CAESA no município de Santana. O monitoramento foi feito em 4 coletas bimestrais de 15 residências sorteadas aleatoriamente. Conforme dados encontrados durante a pesquisa, observou-se que a qualidade físico-química da água distribuída em Santana está em sua maioria de acordo com os padrões estabelecidos pela Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde, porém em alguns pontos de coleta foi registrada a presença de Coliformes Fecais e E. coli. Portanto, é necessário medidas urgentes com melhor fiscalização e cobertura nos serviços de abastecimento de água no município. INTRODUÇÃO/OBJETIVOS A água é essencial para a manutenção no processo do ciclo vital, pois sua constituição contém elementos facilmente absorvidos pelo organismo humano e contribui para o funcionamento do seu metabolismo. Porém, o uso da água advinda de fontes cuja qualidade é duvidosa pode trazer riscos à saúde em face de sua má qualidade (VALIM, 2005). Apesar de todos os esforços para armazenar e diminuir o seu consumo, a água está se tornando, cada vez mais, um bem escasso, e sua qualidade se deteriora cada vez mais rápido. Por este motivo o estudo da qualidade da água é fundamental para a manutenção da saúde e da boa qualidade de vida do ser humano (ELAINE, 2001). Na água a presença do nitrogênio pode ser oriunda de fatores: a) naturais: como matéria orgânica e inorgânica e chuvas; e b) antrópicos, tais como esgotos domésticos e industriais (BÁRBARA, 2006). A turbidez pode ser considerada como a transparência da água, sendo função do teor de material particulado suspenso existente. Água com elevado teor de turbidez é indicativo de um alto conteúdo orgânico e inorgânico suspenso, que pode servir de abrigo para microorganismos e diminuir a eficiência do tratamento químico ou físico da água (SPERLING, 2005). O pH (potencial hidrogeniônico) da água é a medida da atividade de íons H+ e expressa a condição do meio, ácido (pH < 7,0) ou alcalino (pH > 7,0), sendo influenciado por uma série de fatores, de origem antropogênica ou natural. A sua quantificação é importante para águas destinadas ao consumo humano por ser um fator preponderante de reações e solubilização de várias substâncias. Água com pH baixo compromete o gosto, a palatabilidade e aumenta a corrosão, enquanto que águas com pH elevado comprometem a palatabilidade, aumentam a formação de crustrações (SPERLING, 2005). Apesar de a concentração de alumínio na água ser controlada por aspectos organolépticos, existe um considerável debate no círculo médico relatando o papel deste metal na incidência do mal de Alzheimer, que é uma doença cerebral degenerativa de etiologia desconhecida caracterizada pela presença de um grande número de estruturas neurofibrilares e placas senis em certas regiões do cérebro (PERL, 1988). O alumínio é um composto neurotóxico que, a longo prazo, pode causar

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encefalopatia grave em pacientes que sofrem diálise renal, podendo levar à distúrbios neurológicos. (FREITAS, et al, 2001). A natureza da associação entre os depósitos de alumínio no cérebro, a neuroquímica da formação de placas e o mal de Alzheimer ainda é motivo de investigações. No entanto, em virtude da presença de alumínio em água potável ser mais prontamente disponível para absorção biológica que outras fontes, assumiu-se que o alumínio em água potável teria um efeito desproporcional sobre o mal de Alzheimer (REIBER et al., 1995). De acordo com EPA (2003) o manganês, assim como o alumínio, é neurotóxico e, em longo prazo, pode causar encefalopatia hepática grave, podendo levar a distúrbios neurológicos. Estudos feitos por Layrargues et al. (1998) estão sendo desenvolvidos de modos a confirmar tais evidências. Ainda segundo EPA (2003), altas concentrações de manganês na água podem ocasionar cianose e anemia em infantes, essa última ocasionada por competição com o ferro. Em relação ao ferro, existem estudos que associam a presença desse metal à ocorrência de câncer no estômago, porém tais estudos necessitam ser mais aprofundados. O nitrato é um dos elementos mais problemáticos para a saúde humana, pois quando entra no trato digestivo humano pode se transformar em nitrito e, este em excesso, pode causar doenças como a metahemoglobinemia, ou síndrome do Bebê Azul. Esse problema ocorre porque bactérias do sistema digestivo convertem nitrato em nitrito que, após absorção, tornam a hemoglobina incapaz de liberar oxigênio produzindo sintomas de asfixia (Giacometti, 2001). Os coliformes totais são bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5 ºC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima ß-galactosidase (Brasil, 2004). A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo. Os coliformes termotolerantes é um subgrupo das bactérias do grupo coliforme que fermentam a lactose a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas, tendo como principal representante a Escherichia coli (E. coli), de origem exclusivamente fecal (Brasil, 2004). A E. coli é uma bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2 ºC em 24 horas; produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas ß galactosidase e ß glucoronidase, sendo considerado o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos (Brasil, 2004). O objetivo deste trabalho é investigar, por intermédio de indicadores sanitários apropriados, as condições de saneamento ambiental no Município de Santana e foco na avaliação da oferta e da qualidade dos serviços prestados. MATERIAL E MÉTODOS No primeiro momento foi realizada através de um mapa a contagem dos quarteirões do município de Santana, após a contagem foi usado o programa BioEstat 5.0 para a seleção de amostras. As amostras foram coletadas em garrafas plásticas de 250 ml, as mesmas foram lavadas com detergente e água destilada. Para os parâmetros microbiológicos as amostras foram acondicionadas em bolsas estéreis (Thio-bag) com capacidade para 100 ml de amostra. Nos domicílios foram coletadas amostras de água que foram preservadas e sua qualidade química determinada de acordo com APHA, 2003. As amostras ficaram acondicionadas em garrafas plásticas, lavadas com detergente e água destilada. As análises foram realizadas no Laboratório de Química e Saneamento Ambiental da UNIFAP em duplicata, para maior confiabilidade de resultados os parâmetros a seguir:

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pH, turbidez, ferro, nitrato, manganês, fluoreto, amônia, alumínio, coliformes totais e E. Coli. Para os parâmetros microbiológicos as amostras foram coletadas em bolsas estéreis (Thio-Bag). Foi adicionado para cada amostra um flaconete de substrato, após a diluição do substrato, a amostra foi transferida para uma cartela estéril e fechada com auxílio da seladora Quanti-Tray Sealer (CUNHA et. al. 2008). RESULTADOS/DISCUSSÃO Os valores obtidos de pH mostram que estão de acordo com a legislação. Observou-se que não houve diferença significativa, os resultados para esse parâmetro, chegam no mínimo 4.0 e 5.4. Os valores obtidos para análise de turbidez, que visa verificar se há diferença significativa em relação aos bairros, mostrou que há grande diferença quanto à turbidez. Poucos valores apresentaram-se maiores que o padrão para consumo. A quantidade de ferro existente na água em sua maioria está de acordo com a legislação que diz que o valor padrão é de 0,3 mg/L. No nitrato, alguns pontos mesmo estando em acordo com o permitido para consumo humano apresentaram uma quantidade preocupante. Manganês, fluoreto e amônia estão com os resultados de acordo com o permitido pela legislação. Com o alumínio, de todos os pontos, apenas nos meses de fevereiro e dezembro algumas amostras apresentaram valores elevados. Para os parâmetros microbiológicos, os coliformes totais apresentaram valores bastante preocupantes, de E.Coli poucos pontos apresentaram contaminação. Quarteirão Dezembro Fevereiro Abril Junho 26 1.0 0 0 648.8 35 95.8 11.0 0 39.7 129 0 14.6 10.7 30.7 188 0 2.0 1 107.6 206 27.5 5.2 0 0 218 4.1 4.1 275.5 79.4 223 816.4 44.1 47.1 65.7 237 517.2 201.4 150 35 262 4.1 5.2 28.2 15.8 302 2.0 0 0 6.3 380 224.7 0 488.4 66.3 406 2419.6 0 23.3 2 427 0 26.2 1 2 450 0 >2.400 0 260 458 0 0 >2.400 >2400

Valores de Coliformes Totais presentes na água. As pessoas entrevistadas desconfiam da qualidade da água, algumas chegam a usar filtros para melhorar a qualidade. Outras compram água mineral para beber e fazer comida e deixam a água da CAESA somente pra serviços de limpeza e outros. Em outros casos, a própria população não tem cuidado com a tubulação e isso pode contribuir para alterar a qualidade da água. Observou-se também que apenas um bairro, de todos que foram selecionados em Santana, conta com esgoto (bairro Vila Amazonas), além de ser o que conta com melhor infraestrutura, as condições de saneamento em relação aos demais bairros é melhor, porém segundo informação de uma moradora, a tubulação é antiga e vez ou outra a água chega suja e até deixa as roupas brancas com manchas. No bairro próximo, chamado Daniel, poucas casas tem água da CAESA, pois não chega às residências e as que recebem, a água chega suja.

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As coletas realizadas em período chuvoso foram as que mais apresentaram contaminação por Coliformes e E.Coli, mas em períodos normais também apresentaram. Isso mostra que a água não está chegando com boa qualidade em algumas residências e os moradores não tinham conhecimento da qualidade da água consumida. Isso afeta sua qualidade de vida, ocasionando doenças como diarreia, frequente nos moradores. Em diálogo com outros moradores, reclamaram que a falta de água é constante e isso não é uma realidade apenas de um bairro. Em boa parte dos bairros, que foram feitas as coletas, a realidade não é diferente. Alguns moradores tem que levantar por volta das 03h00min da manhã para conseguir armazenar a água, pois é o horário que chega em suas torneiras. Pode-se observar que antes das análises algumas pessoas entrevistadas reclamaram de doenças e não sabiam o motivo, após fazermos as análises da água vimos que essas residências foram as que apresentaram os parâmetros da água em desacordo com a legislação. Com isso devemos alertar a companhia de distribuição de água sobre os riscos que a água distribuída pode trazer a população de Santana, alertando também o poder público para que sejam tomadas medidas urgentes. Os moradores devem ficar alerta na busca de melhorias quando acharem necessário, pois estão pagando por um serviço que apresenta desacordo com a legislação. CONCLUSÕES Conforme os dados obtidos, a água em sua maioria está em conformidade com a legislação, contudo, há necessidade de melhorias na qualidade da água em muitos pontos para que doenças sejam evitadas junto a população, pois a garantia da qualidade evitaria que as pessoas tivessem gastos com outras alternativas como o consumo de água mineral. A fiscalização também por parte de órgãos competentes ajudaria a manter a água em boas condições. Não depende também somente da CAESA fazer a distribuição com os padrões em acordo, mas os próprios governantes deveriam fazer boas condições de pavimentação e infraestrutura, pois isso acaba gerando danos as tubulações e consequentemente altera na qualidade da água. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA-AWWA-WPCF. Standard methods for the examination of water and wastewater. American Public Health Association 20ª Edition, Washington D.C., 3118p. 2003.

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