Livro-Redação-Escolar-Análise-Síntese-e-Extrapolação

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Presidente da Repblica Joo Baptista de Oliveira Figueiredo Ministro da Educao e Cultura Rubem Carlos Ludwig Secretrio-Geral Srgio Mrio Pasquali Secretria de Ensino de 1 e 2 Graus Zilma Gomes Parente de Barros

MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA SECRETARIA DE ENSINO DE 1 E 2 GRAUS

Disponvel em: .

REDAO ESCOLAR: ANLISE, SNTESE E EXTRAPOLAOEste documento foi elaborado por: Elias Jos

BRASILIA, 1980

proibida a reproduo total ou parcial deste livro, salvo com autorizao da Secretaria de Ensino de 1 e 2 Graus do Ministrio da Educao e Cultura, detentora dos direitos autorais. Forarn depositados cinco exemplares deste volume no Conselho Nacional de Direitos Autorais e cinco exemplares na Biblioteca Nacional.

Brasil. Ministrio da Educao e Cultura. Secretaria de Ensino de 19 e 29 Graus. Redao escolar: anlise, sintese e extrapolao. Braslia, 1980. 208 p. (Srie Ensino Regular, 27). Elaborao de Elias Jos. 1. Lngua portuguesa - ensino de redao. 2. Re dao. I. , Elias Jos. II. Ttulo. III. Srie.

Do mesmo autor: "A Mal-Amada", contos. Imprensa Oficial, B.H., 1970. 2a edio: Interlivros, B.H., 1977. "O Tempo, Camila", contos, Imprensa Oficial, B.H., 1971. "Inquieta Viagem no Fundo do Poo", contos, Imprensa Oficial, 1974 - Prmio Jabuti, da Cmara Brasileira do Livro, como "o melhor livro de contos de 1974" Prmio Braslia, da Fundao Cultural do Distrito Federal, como "melhor livro de fico de 1974". "As Curties de Pitu", novela infanto-juvenil, Editora Melhoramentos, 1976. "Um Pssaro em Pnico", contos, Coleo Nosso Tempo, So Paulo, Editora tica, 1977. Inditos: "Inventrio do Intil", romance, sair pela Editora Civilizao Brasileira, Rio. "Do Sonho Lucidez", contos, sair pela Editora Smbolo, SP. "A Estranha (Im)Potncia da Palavra", ensaios sobre Literatura Brasileira e Teoria Literria. "Um Fantasma no Poro", sair pela Melhoramentos, novela infantil. Participao em Antologias: "Crculo 17", So Paulo, Editora do Escritor, 1975. "Os Melhores Contos do Brasil", Editora Globo, Porto Alegre, 1975. "Assim Escrevem os Mineiros", Editora Alfa-mega, So Paulo, 1977. "Nuevos Narradores del Brasil", Revista Crisis, Argentina, 1975. Colaboraes nos rgos de imprensa: Revista Vozes, Escrita, Fico, El Cuento (Mxico) Chasqui (EE.UU.), Inditos e Suplementos Literrios de todo o pas.

APRESENTAO Para a Secretaria de Ensino de l? e 29Graus do Ministrio da Educao e Cultura, reveste-se de dupla satisfao iniciar a publicao e a divulgao dos trabalhos vencedores nos trs Concursos Nacionais do Ensino de Redao, promoes vitoriosas do Ministrio, que receberam a adeso de centenas de professores. Primeiramente, pela importncia do momento em que as autoridades educacionais e os educadores brasileiros se empenham em elaborar e instrumentalizar propostas que correspondam melhoria da qualidade do ensino, sobretudo a do ensino da lngua portuguesa, a nosso ver, um dos problemas que gera todos os outros que debilitam o nosso Sistema Educacional. Em segundo lugar, pela certeza de oferecer aos educadores brasileiros uma variedade de instrumentos mais condizentes com suas expectativas de trabalho, j que produzidos a partir do exerccio das atividades docentes, permitindo que todos obtenham, com a sua leitura e a sua aplicao, vantagens que melhoraro os ndices de aprendizagem dos alunos e estimularo o "fazer pedaggico" pessoal. As experincias que hoje divulgamos, todas elas consolidadas na sala de aula, em vez de se proporem como modelos acabados ou sugestes fechadas, se prestam, sobretudo, ao exerccio da criatividade de cada educador, dentro dos parmetros ditados pelas condies e pelas realidades scio-culturais de crianas e adolescentes das comunidades em que exercem o magistrio. Estimular a criatividade, a comunicao e a expresso, nas suas formas verbal e escrita, foi a inteno do Ministrio da Educao e Cultura ao instituir o concurso, como forma de melhorar a aprendizagem da lngua materna. Implementar tais prticas, subsidiando o professor com o trabalho de outro colega, foi o caminho utilizado pela nossa Secretaria. Que todos faam bom proveito das atividades aqui propostas. ZILMA GOMES PARENTE DE BARROS Secretria de Ensino de l e 2 Graus

SUMARIO Introduo: Redao Escolar: Uma Experincia Enriquecedora ........................ 1 parte: Redaes Explorando Problemas de Linguagem................................. Mdulo 1 : Nveis e Registros ........................................................................... Mdulo 2: Tipos de composio .................................................................... Mdulo 3: Desenvolvimento do Dilogo .......................................................... Mdulo 4: Estilo Nominal................................................................................. Mdulo 5: Linguagem Afetiva.......................................................................... Mdulo 6: Linguagem Tcnica - Cientfica ...................................................... Mdulo 7: Regionalismos e Grias.................................................................... Mdulo 8: Funes da Linguagem ................................................................. Mdulo 9: Funes da Linguagem II ................................................................ 2a Parte: Redaes Explorando Elementos da Narrativa ................................... Mdulo 10: Mdulo 11 : Mdulo 12: Mdulo 13: Mdulo 14: Mdulo 15: Mdulo 16: Mdulo 17: Mdulo 18: Mdulo 19: Mdulo 20: Introduo ao Estudo das Personagens....................................... A Criao das Personagens ......................................................... Foco Narrativo: I: Reconhecimento ........................................... Foco Narrativo: Prtica Individual ............................................. Foco Narrativo em Dupla de Alunos.......................................... Foco Narrativo em Grupo ........................................................ Explorao do Espao Provinciano ............................................ Explorao do Espao Metropolitano......................................... Explorao de Variados Tipos de Ao ..................................... Ao II........................................................................................ Explorao do Tempo Cronolgico e Psicolgico ..................... 11 15 17 25 29 30 33 35 37 38 43 45 47 50 52 59 60 63 64 66 68 70 72 77 79 80 82 83 85 88 90

3a Parte: Redaes Relacionadas com Elementos da Teoria Literria e An lise de Texto....................................................................................... Mdulo 21: Mdulo 22: Mdulo 23: Mdulo 24: Mdulo 25: Mdulo 26: Mdulo 27: Problemas Relacionados com Arte e Literatura ......................... O Estilo Individual e o Literrio .............................................. Estudo do Texto Literrio .......................................................... Esquema de Anlise de Textos Narrativos................................. Roteiro de Anlise de um Poema ............................................... Funes da Literatura ................................................................. Funes da Literatura II ...........................................................

Mdulo 28: Mdulo 29: Mdulo 30: Mdulo 31 :

Entrevista Hipottica com Poetas ............................................... Explorao dos Estilos de poca ................................................ Decodificao Potica ................................................................ Redao Surrealista ...................................................................

91 92 94 99 101 103 107 108 110 111 113 116 118 120 123 124 125 127 129 134 136 138 140 142 143 144 147 149 157 159 161 164 167 169 171 174 177 179

4aParte: Redaes Explorando a Criatividade em Elementos Lgicos Mdulo 32: Mdulo 33: Mdulo 34: Mdulo 35: Mdulo 36: Mdulo 37: Mdulo 38: Mdulo 39: Mdulo 40: Mdulo 41: Mdulo 42: Mdulo 43: Estmulo do Pensamento atravs da comparao........................ Estmulo Capacidade de Conceituar......................................... Operaes do Pensamento e compreenso de Textos ................. Estmulo do Pensamento Atravs da Classificao...................... Testando a Capacidade de Ouvir e Assimilar .............................. Anlise/Sntese/Extrapolao...................................................... compreenso de Textos e Operaes do Pensamento ................. Coordenao de Idias ................................................................ Introduo Dissertao............................................................. A Dissertao em Prtica ............................................................ Sugesto de Temas Dissertativos ............................................. Sugesto de Temas Dissertativos II.............................................

5a Parte: Redaes e Anlises sbre os Meios de comunicao de Massa .... Mdulo 44: Mdulo 45: Mdulo 46: Mdulo 47: Mdulo 48: Mdulo 49: Mdulo 50: Mdulo 51 : Redao sobre a Televiso: Painel ............................................ Anlise de Histrias em Quadrinhos........................................... Anlise de Propagandas .............................................................. Anlise de Fotonovelas ............................................................ Anlise de Revista Manchete...................................................... Anlise de Desenhos Humorsticos ............................................ Pesquisa sobre Televiso............................................................. Anlise de um Jornal..................................................................

6a Parte: Redaes para treinamento da Pontuao e Acentuao .................... Mdulo 52: Reestruturao de Texto ............................................................. Mdulo 53: Reestruturao de Texto: Dilogos............................................. 7a Parte: Redaes Criativas Apenas .............................................................. Mdulo 54: Mdulo 55: Mdulo 56: Mdulo 57: Mdulo 58: Mdulo 59: Mdulo 60: Mdulo 61: Carta de Amor como Motivo ...................................................... Fotografia como Motivo .......................................................... O Trabalho de Meninos como Motivo ........................................ Situaes Hipotticas .................................................................. O Cotidiano como Motivo .......................................................... Fotografia como Motivo II ......................................................... Construo Ldica...................................................................... com Incio Tradicional................................................................

8a Parte: Redaes Atravs de Testes de Sondagem ......................................... 181 Mdulo 62: Sondagem de Classe Desconhecida............................................ 183 Mdulo 63: Entrevista Montada pela Classe.................................................. 184 Mdulo 64: Entrevista Introduzindo Problemas de Redao ......................... 186 Mdulo 65: Sistema Proustiano de Avaliao de Personalidade..................... ................................................................................................................188 Mdulo 66: Sugestes do Mundo Familiar.................................................... 191 9a Parte: Redaes Sugeridas pelas Datas comemorativas.................................. 193 Mdulo 67: Mdulo 68: Mdulo 69: Mdulo 70: Para Aplicao em l? de Maio ................................................... Para Aplicao na Semana da Ptria .......................................... Para Aplicao no Dia da Cidade ............................................... Para Aplicao na Semana do Folclore ...................................... 195 197 201 202

Bibliografia........................................................................................................ 205

INTRODUO Redao Escolar: Uma Experincia Enriquecedora H vrios anos, sou professor de Portugus no 29 Grau (na Escola Estadual de 1 e 2 Graus de Guaxup) e de Teoria Literria e Literatura Brasileira (Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Guaxup) e escritor, com vrios livros escritos e cinco deles publicados. A unio das duas profisses, ambas exercidas com paixo e entrega total, deu-me possibilidades de enriquecimento interior e de transferir para novas geraes o amor aos livros e o gosto de redigir. O convvio dirio com jovens me tomou mais humano e abriu meus olhos para as transformaes do mundo e para a maneira de ser e agir da juventude de hoje. Minha literatura cresceu medida em que eu, ligado aos alunos mais afetivamente, percebia o mundo de todos e de cada um. Fui aprendendo a ler as expresses faciais, os gestos, cada palavra dita ou escrita, at o silncio carregado de expressividade. Minha linguagem se atualizava e adquiria novas tonalidades assimiladas com a linguagem dos alunos. Fui percebendo que a literatura tinha que abandonar certo elitismo se quisesse falar alguma coisa para a gente nova, para o mundo novo e diferente que o nosso. Seria egosmo s receber e no fazer nada alm das aulas convencionais, nada para enriquecer tambm a vida dos meus alunos. Procurei analisar bem o meu papel de professor de lngua portuguesa, levantando problemas com alunos e colegas de magistrio. Cheguei a algumas concluses, como: a) o aluno no estava preparado para 1er nem para escrever; b) ele no tinha iniciao suficiente nem hbito de leitura, por deficincia do lar e da escola; c) no redigia por falta de leitura, por estar bloqueado (culpa dos mtodos antigos, da dificuldade do idioma e rigidez na correo) e, principalmente, por falta de uma motivao provocadora; d) a teoria gramatical, sem aplicao, no levava a nenhum resultado; e) os professores estavam acomodados com livros didticos que traziam tudo resolvido; f) os alunos estavam comunicando pouco, lendo pouco e resolvendo muitos testes de mltipla escolha, que exigiam pouco e acabavam por saturar ou padronizar; g) o ensino de lngua, que deveria ser vivo, era montono e repetitivo; h) o uso da lngua como criao ficava num plano inferior, pois professores, preferindo o j digerido, pouco valorizavam o esprito criativo e as possibilidades expressivas do aluno; i) sendo assim, o ensino de lngua no satisfazia nem alunos nem professores. Aps essas concluses, s me restavam trs caminhos: buscar uma sada para

um trabalho mais ativo e criativo, acomodar-me ao ensino como ele , na maioria das vezes, ou abandonar de vez o magistrio. Dos trs caminhos, preferi o primeiro e comecei uma experincia criativa nos primeiros anos do 2 grau e, depois de ver os resultados, continuei a aplic-la nos outros dois anos. Primeiro passo: abandonei um pouco o livro didtico e a rigidez do programa de ensino e comeamos a trocar idias. Fiz os alunos falarem deles mesmos, dizer o que pensavam de determinados problemas levantados, que praticamente pouco tinham a ver com a matria dada. Um aluno entrevistava o outro, um grupo montava perguntas e dificuldades para outro. Eu s interferia quando as coisas tomavam rumo indesejado. Era uma maneira de redigir oralmente. Descobri uma coisa muito velha: eles no escreviam, mas falavam; era falso dizer que a juventude de hoje no tem idias nem palavras para expressar nada. Levantei uma srie de assuntos preferidos pelos alunos e, depois, busquei textos que tratavam deles. Entre as opinies dos alunos, fui introduzindo opinies de autores de cartuns, propagandas, letras de msica, artigos de jornal e literatura. Faziam juntos anlises dos textos, discutindo as opinies controvertidas. Das anlises, partamos para a sntese, tanto dos pontos de vista dos autores, como de maneira a extrapolar, sintetizando e exigindo a apresentao do que o grupo concluiu. Havia, lgico, no comeo, uma forte resistncia, pois preferiam falar a redigir. Por ordem de preferncia deles, letras de msicas popular e reportagens ilustradas foram os primeiros textos. Depois, vieram as anlises de crnicas, de histrias em quadrinhos, de propagandas, fotonovelas, programas de televiso. como escritor doa-me deixar a literatura em ltimo plano, mas haveria de chegar a hora dela. No primeiro bimestre, incentivei uma pesquisa sobre msica popular, cada grupo com um compositor, deveriam coletar material sobre ele (crticas, comentrios sbre o estilo, tipo de melodia e letra preferidas) e apresentar tambm letras comentadas. Cada grupo quis apresentar melhor que o outro, apareceram gravadores, eletrolas, fitas, discos, fotos, cartazes. Ainda no mesmo bimestre, dei um roteiro e pedi leitura e anlise de um nmero de Manchete, revista de fcil leitura e agradvel pelo nmero de ilustraes. Aps a leitura, antes de montarem as anlises, organizei discusses em grupo de quatro alunos, aqueles que tinham lido o mesmo nmero da revista. Discutiram muito: capa, reportagens importantes e as que apenas apelavam para a venda fcil da revista, fotos, humor, propagandas, aspectos grficos, qualidade e quantidade do material, aspectos cromticos, como montar a anlise, seguindo o roteiro dado. Depois, cada aluno montou sua anlise sem reclamar sequer do tamanho do roteiro. No segundo semestre, comeamos o traballio de organizao de uma antologia de textos escolhidos pelos alunos. Cada um poderia escolher o material que quisesse e antes de arquivar para futura apresentao ao professor, traziam o material para a classe, trocavam os recortes e todos eram obrigados a fazer uma pequena observao sobre a escolha do colega. Ao lado disso, dei material terico sobre os elementos da narrativa: foco narrativo, estria, ao, personagens, tempo e espao, climas e estrutura. Depois, em anlises de letras de msica e crnicas, fomos praticando anlises de narrativas. Para a coisa no ficar muito sria, para dar certo tom ldico,

crnicas foram transformadas em histrias em quadrinhos, quadrinhos sem palavras passaram a narrativas verbais, propagandas foram dramatizadas, letras de msica serviram de pretexto para pardias. Sem sentir, entravam num roteiro longo para anlise de todos os textos da "Antologia Escolar de Crnicas". Redigiam sem sentir, sem perceber que estavam fazendo a to falada e temida redao. No segundo semestre, pedi uma apresentao das antologias que organizaram com textos alheios e lancei a idia da antologia pessoal, com trabalhos de pesquisas e redaes que foram ou que seriam feitas durante o ano todo. Ningum reclamou, pelo contrrio, gostaram da idia. Agora, o roteiro era para o livro "Antologia Escolar de Contos". Depois, fizemos leitura dramatizada de duas peas de teatro: "O Pagador de Promessas" e "Auto da compadecida", sempre analisando os elementos da narrativa. Chegamos anlise de poemas e romances e, sem sentir, de maneira viva, estavam distinguindo os gneros literrios. Todos os dias, por uma ou outra provocao, verbal ou/e visual falavam e redigiam um pouco, estavam desbloqueando e tomando gosto pela leitura. Entre uma atividade e outra do programa de ensino, todas as semanas, em aulas duplas, sem o aluno sentir, fazia redao. O que mais interessante, escrevendo sem preocupao com avaliao ou correes excessivas, sem a frieza de um tema no quadro (que quase sempre nada tem a ver com o que ele quer dizer), com muita provocao (situaes hipotticas, fatos sobre os quais deveria opinar, perguntas, textos interessantes, fotos, desenhos, reprodues de pinturas, msica), com debates e tcnicas diversas de discusso, estava fazendo um trabalho gostoso, porque era um traballio criativo, capaz de deixar alegres professor e aluno. At os mais indiferentes acabaram se envolvendo, pois eram sempre chamados a opinar, a participar criativa e ativamente. H anos fao esse tipo de trabalho nas trs sries do 2? grau. Sempre que "bolo" uma tcnica nova, anoto tudo. acompanho o resultado dela bem de perto e passo para os colegas, quando obtenho sucesso. Este livro pretende mostrar algumas tcnicas que usei para levar o aluno a redigir. Estou apenas passando, sem qualquer egosmo, um material testado com algum sucesso e muita satisfao pessoal. Se ele servir para outros professores menos experientes e que tenham dificuldades com o ensino de redao, terei alcanado outro objetivo. Se h algum mrito no traballio, acho que ele reside no carter dismistificador da redao escolar e na conscientizao de que, para o professor exigir criatividade do aluno, ter que ser ele tambm criativo. A redao aqui no vista como obrigao rotineira nem como matria terica (s h teoria nas tcnicas ligadas dissertao, tipos de composio que est preso a determinadas normas estruturais), mas como exerccio criativo, ldico. No h proposio de temas ou ttulos, nem limites de linhas, como nos mtodos antigos. No vejo redao como aula especial, boa para o aluno trabalhar e o professor descansar. um trabalho que envolve motivao e participao entusiasta do professor. Sempre que est escrevendo algo, ou mesmo falando, o aluno est redigindo. Assim. nenhuma unidade deve abrir-se ou fechar-se sem que o aluno d sua opinio sobre ela. faa um trabalho que envolva as trs coisas mais importantes para o professor de Portugus: Sntese/Anlise/Extrapolao. O professor deve levar o aluno a conscientizar-se (sem sermes ou conselhos) da importncia de redigir como forma de auto-crescimento e participao ativa na

vida escolar. O aluno deve saber que redigindo estar comunicando-se, mostrando sua opinio, expondo seus sentimentos, falando de suas vivncias, fazendo um depoimento sobre o mundo, desabafando mgoas e problemas, coisas pouco comuns na escola, onde ele recebe quase passivamente os ensinamentos. No foi outra a minha inteno ao organizar esse material, ao ficar horas pensando no que deveria levar para a sala no outro dia, algo que pudesse sensibilizar o aluno, a pessoa mais importante na escola. O trabalho apresenta apenas algumas tcnicas que foram experimentadas com sucesso, deixamos de lado uma boa quantidade de material que no funcionou. Mais que tudo, pretendo deixar claro que uma obra aberta (no sentido que Umberto Ecco d palavra), que pode ser modificada, cortando ou acrescentando coisas, segundo o tipo de classe, de escola, de aluno, de tempo. Ao trabalhar com alunos do noturno mudei muita coisa, para atender aos interesses e vivncias deles. As mesmas tcnicas foram dadas em cursos de redao para alunos de Letras, tambm com modificaes na motivao e escolha de material. Tambm os textos devem sofrer mudanas. Inclusive, no caso de msicas, melhor optar pelas atuais, pelos sucessos do dia, desde que no fiquem estranhas ao que foi proposto. Os textos aparecem como forma de fazer o aluno 1er mais, analisar estruturas, captar elementos sugestivos, ampliar suas vises de mundo com as dos autores, ver como se aborda determinados assuntos. No pretendo, com eles, dar modelos que atrapalhem a capacidade criativa do aluno ou incentivem o plgio. Tambm no pretendo que eles sejam ouvidos apenas pelas estrias que contam ou pelasonoridade, quero que sejam material de estudo, anlise, sugesto para provocar o aluno a extrapol-los. O trabalho est dividido em partes apenas para agrupar mdulos que se aproximam no tratamento dado ou na temtica. Cada mdulo autnomo e poder ser usado segundo os interesses do professor ou distribuio do plano de curso. Tambm no h rigidez quanto srie, so mdulos para os trs anos do 2? grau. Contudo os mdulos relacionados com os elementos da narrativa, com problemas de linguagem e teoria literria, parecem-me mais adequados ao 1 ano, pois se ajustam melhor ao programa. O caderno de "Redaes Atravs de Sugestes Verbais e Visuais" fornece material que poder ser usado tambm no 1 grau: so redaes mais curtas, apenas criativas, sem envolver problemas de anlise e sntese. Por achar redundante, portanto dispensvel, no explico cada parte ou mdulo, deixando que a simples descrio tcnica e/ou a conversa com o professor ou aluno fale(m) mais. Afinal, no a teoria desenvolvida que interessa, mas o como aplicar o material. Tambm acho redundante continuar essa apresentao, atrasando o contato com o material de cada mdulo, que realmente o mais importante. pela ateno que deram ao trabalho, meu muito obrigado. Se ele acrescentar alguma coisa ao trabalho de redao escolar, sentirei completamente recompensado.

REDAES EXPLORANDO PROBLEMAS DE LINGUAGEM

MDULO 1 Redao comparando a lngua falada, escrita, jornalstica, didtica, cientfica, literria (nveis e registros): aula dupla. Leia, atentamente, os cinco textos: Texto 1 : PARA ESCREVER MELHOR J.R. Whitaker Penteado "Aprenda a escrever bem ou nunca escreva nada". (Hohn Dryden) 1. Escreva com naturalidade Embora seja impossvel escrever de maneira simples e despretenciosa, coloquialmente devemos nos esforar para ser naturais. Nada mais desagradvel do que um estilo rebuscado, difcil, obscuro. 2. Conhea a lngua O escritor que no conhece a lngua um pintor sem braos. No se exige maestria gramatical de quem escreve, mas, no admissvel o desconhecimento ou a indiferena pela sintaxe. A Gramtica indispensvel lngua, como as Constituies so indispensveis s sociedades humanas cartas de princpios disciplinadores da linguagem e da sociedade. 3. Aprenda a pensar Sem organizar as idias muito difcil escrever bem. A clareza depende dos cuidados em dar uma ordem aos conhecimentos, e seqncia composio escrita. Cada coisa a seu tempo, cada coisa em seu lugar, so normas de aperfeioamento da escrita. 4. Escreva para o leitor A linguagem escrita subordina-se aos princpios gerais da comunicao humana, sua mecnica e aos seus processos. Quem escreve, o faz para transmitir alguma coisa; escreve para ser lido. Quem l deve compreender o autor, estabelecendo com ele uma comunho do significado. o leitor que condiciona quem escreve. Deve escrever-se com a preocupao do leitor.

5. Escreva legivelmente Um dos mais srios problemas na comunicao escrita a grafia das palavras. Deve escrever-se de maneira a facilitar a leitura. H pessoas que escrevem hierglifos procura de novos Champollions... Precisamos escrever com clareza. Nossa letra deve ser fcil de 1er, primeira vista. Quem escreve com clareza, escreve com inteligncia. Letra ruim como estilo rebuscado e difcil; muitas vezes revela mediocridade. 6. Use a sua capacidade de observao Para escrever, utilizamos a observao, direta ou indireta. No primeiro caso, ao escrever sobre o nosso trabalho, colocamo-nos diante dos companheiros, no escritrio, ou na fbrica, vemos as mquinas, a movimentao, o processamento de todas as atividades. No segundo, se vamos escrever sobre o trabalho nas minas de carvo, e nunca estivemos em uma, temos de recorrer s fontes. Ao escrever sob o impacto da observao direta, a fidelidade que conta. Ao escrever por observao indireta, recorremos memria e imaginao. 7. Seja conciso e preciso Conciso no escrever mais do que o indispensvel compreenso. Preciso no escrever menos do que o indispensvel compreenso. 8. Leia em voz alta Lendo em voz alta o que escreveu, tenha a certeza da harmonia e do equilbrio na redao. Corte as palavras penduradas; muita gente, para dar harmonia frase, inclui no texto palavras sonoras. Desde que nada acrescentam ao conhecimento do texto, essas palavras agradam aos ouvidos, mas prejudicam o estilo, oferecendo o perigo da prolixidade. A harmonia do estilo depende da variedade: do sentido de equilbrio entre frases nem muito longas, nem muito breves. Aprenda os 10 mandamentos da boa redao: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) Use palavras e frases simples. Use palavras e frases coloquiais. Use pronomes pessoais. Use ilustraes e exemplos grficos. Use preferivelmente pargrafos e sentenas curtas. Use verbos ativos. Economize adjetivos e floreados. Evite rodeios. Faa com que cada palavra tenha a sua funo no texto. Atenha-se ao essencial.

Texto 2: CONVERSINHA MINEIRA Fernando Sabino BOM mesmo o cafezinho daqui, meu amigo? Sei dizer no senhor: no tomo caf. Voc o dono do caf, no sabe dizer? Ningum tem reclamado dele no senhor. Ento me d caf com leite, po e manteiga. Caf com leite s se fr sem leite. No tem leite? Hoje, no senhor. Por que hoje no? Porque hoje o leiteiro no veio. Ontem ele veio? Ontem no. Quando que ele vem? No tem dia certo no senhor. s vezes vem, s vezes no vem. S que no dia que devia vir, no vem. Mas ali fora est escrito "Leiteria"! Ah, isto est, sim senhor. Quando que tem leite? Quando o leiteiro vem. Tem ali um sujeito comendo coalhada. feita de qu? O que: coalhada? Ento o senhor no sabe de que que feita a coalhada? Est bem, voc ganhou: me traz um caf com leite sem leite. Escuta uma coisa: como que vai indo a poltica aqui na sua cidade? Sei dizer no senhor: eu no sou daqui. E h quanto tempo voc mora aqui? Vai para uns quinze anos. Isto , no posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos. J dava para saber como vai indo a situao, no acha? Ah, o senhor fala a situao? Dizem que vai bem. Para que Partido? Para todos os Partidos, parece. Eu gostaria de saber quem que vai ganhar a eleio aqui. Eu tambm gostaria. Uns falam que um, outros falam que outro. Nessa mexida... E o Prefeito? Que tal o Prefeito? O Prefeito? tal e qual eles falam dele. Que que falam dele? Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto Prefeito Voc, certamente, j tem candidato.

- Quem, eu? Estou esperando as plataformas. - Mas tem ali o retrato de um candidato pendurado na parede. - Aonde, ali? U, gente: penduraram isso a... Texto 3: POTICA Cassiano Ricardo 1 Que a Poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados. 2 Que o Poeta? um homem que trabalha o poema com o suor do seu rosto. Um homem que tem fome como qualquer outro homem. Texto 4: VARIEDADES LINGISTICAS Nelly Novaes Coelho A gria, em sentido restrito, uma linguagem fundamentada num vocabulrio peculiar e restrito aos membros de um grupo ou categoria social. Normalmente os vocbulos da gria coexistem ao lado dos comuns lngua. como diz G. Krapp, "ela s se torna tal porque se projeta num fundo de tela que no gria" (apud Mattoso Cmara Jr., DTG-107). Via de regra, o seu linguajar bem pitoresco. Eis alguns exemplos: "entrar em fria" ou "entrar pelo cano" (= ser mal sucedido); "levar bomba" (= ser reprovado); "cuca" (= cabea); "dar tratos bola" ou "fundir a cuca" (= refletir muito sobre algo); "por no olho da rua" (= despedir); "esprito de porco" (= pessoal que est sempre contra); "encher a caveira" (= embrigar-se);

"dar uma de bonzinho" (= fingir-se de acordo); "badalao" (= muita promoo, em vrios sentidos); "fofocas" (= intrigas); "lel da cuca" (= louco, maluquinho, distrado); "perna-de-pau" (= pessoa que no entende daquilo que est fazendo, ou tambm mau jogador de futebol); "o cara" (= a pessoa); "empetecar" (= enfeitar-se, embonecar-se); "estar por fora" (= no saber de que assunto se fala). Os termos de gria nascem em quaisquer classes sociais (embora sejam muito mais freqentes nas populares) e no decorrem necessariamente de uma inteno de humorismo, grosseria ou petulncia. Assim, existem palavras e expresses de gria meramente expressivas, e outras cuja inteno declarada fazer humor ou stira. Tanto num caso quanto no outro, porm, elas decorrem de uma atitude apenas: o impulso de criar novos nomes para as coisas e fenmenos, impulso da mesma natureza daquele que leva os homens criao da Arte: a atitude estilstica. Focalizada sob esse aspecto, veremos que a gria por um lado uma criao espontnea (= resultado de uma situao vivida no imediato), por outro, uma criao artificial (nasce de um "artifcio", de uma arte, pois cria um vocbulo ou uma frase, isto , uma representao lingstica de uma experincia real). Da entendemos por que vrios lingistas afirmam que no povo est a grande fonte criadora e renovadora da linguagem. compreendemos ainda por que em nosso sculo - desde que a literatura entrou em crise ela foi invadida, com enorme sucesso, pelos termos de gria, ou, mais simplesmente, linguagem cotidiana. A escrita nervosa e pitoresca dos artigos de jornais e das novelas publicadas em revistas se presta de modo admirvel estilizao dessa braada de termos, soma de um todo vivificante - diz Matila Ghyka. Texto 5: PARAN RETM O ALGODO MARING (Sucursal) - Os produtores de algodo do Paran no esto satisfeitos com a poltica de preos do mercado. No comeo da safra, uma arroba do produto podia ser comercializada a 105 cruzeiros, sendo que atualmente o preo no passa de 83 cruzeiros em Maring. Na esperana de uma reao do mercado, os cotonicultores recusam-se a vender sua produo, retendo-a ou nas suas propriedades ou nos armazns das cooperativas, s quais esto filiadas. Segundo informaes da Cooperativa de cafeicultores de Maring, apenas 35 por cento do algodo colhido este ano foi comercializado, sendo que 65 por cento esto estocados esperando melhores preos. como conseqncia no prximo ano o Paran no plantar mais algodo, transferindo suas reas para o cultivo de soja, cultura bem mais rentvel.

Classifique as diferenas dos textos, colocando sinais matemticos de mais (+) e menos(-) nas colunas prprias. Quando no houver relao nenhuma, deixe o espao em branco. Caractersticas Cientfico Didtico Literrio Jornalstico Fala da Lngua escrita Fala da lngua falada Usa a lngua falada Uso esttico da lngua Aproveitamento da linguagem coloquial Carga de informao Carga de normas Anlise e formao Sensibilidade Trabalho formal Naturalidade Clareza Dificuldade de interpretao Conotao texto 1 texto 2 texto 3 texto 4 texto 5

texto 1 Denotao Caractersticas Simplicidade de vocabulrio comunicao direta comunicao ambgua Poder de sntese Colabora com sua redao escolar A visualizao importante (espao branco, letras) Elaborao de linguagem Rompimento com a pontuao lgica Segue a pontuao lgica Mostra subjetividade Mostra objetividade

texto 2

texto 3

texto 4

texto 5

FatoOpinio Pblico Culto Pblico que l Pblico que estuda

texto 1 Coloquialismo e naturalidade da fala Formalismo da linguagem escrita Narrao Dilogo Dissertao Grau de imprevisibilidade.

texto 2

texto 3

texto 4

texto 5

Redao: Agora responda justificando: Quais diferenas so mais marcantes entre a lngua escrita e a falada? A noo de erro vale para os dois nveis? A lngua falada pode ser aproveitada na literatura? Em que tipo de textos? Na fala do autor ou dos personagens? A preocupao de quem fala a mesma de quem escreve? A preocupao do jornalista ou cientista, ao escrever seu trabalho, a mesma do literato? E a sua linguagem, em redao, como deve ser?

MDULO 2 Redao: explorando os tipos de composio aula dupla. Um pouco de teoria antes para o aluno entender a fora de cada tipo de composio e seus discursos: Discurso Descritivo: descrever fotografar com palavras, uma representao do visvel. um recurso para conseguir que o leitor visualize os aspectos fsicos dos personagens, da natureza, de um animal, de um objeto ou de um ambiente. uma descrio tem sua fora maior nos artigos, substantivos e adjetivos, podendo dispensar os verbos (uma cadeira alta, preta, desenhada, assento colorido de veludo). 0 escritor toma uma atitude contemplativa. Discurso Narrativo: autor toma uma atitude ativa. Narrar contar estria ou um acontecimento, com personagens reais (notcia, histria) ou fictcios (conto, novela, romance, crnica, poema narrativo). 0 verbo importante porque ele que marca a ao das personagens, d animao, dinamismo ao texto. Discurso Dissertativo: dissertar expor uma idia, dar um depoimento intelectual sobre determinado assunto. um discurso mais intelectual que afetivo. Exige pesquisa e conhecimento do assunto, bem como capacidade de argumentar. Pede uma estrutura fixa: introduo ao assunto, desenvolvimento das idias ou argumentao e concluso. Pouco usado em Literatura, usado em artigos de jornal, editorial, redaes de provas, de teses, de monografias e ensaios. Discurso do Dilogo: mtodo dramtico, personagens falando com espontaneidade e coloquialismo, de maneira direta (discurso do personagem) ou narrador falando por ele (discurso indireto). Se direto, h a vantagem do ponto de vista dos prprios personagens. Discurso do Monlogo: discurso de um s narrador, falando consigo mesmo (monlogo interior) ou com um ouvinte real ou imaginrio. S temos o ponto de vista do falante. subjetivo explora o sentimento. Muito usado em poesia lrica. OBSERVAO: Num s texto podem aparecer dois ou mais tipos de composio, havendo um predominando.

Reconhea o tipo de composio e a quem pertence o discurso nos textos seguintes: VERSO DE NATAL Manuel Bandeira (fragmento) Espelho, amigo verdadeiro, tu refletes as minhas rugas, os meus cabelos brancos, os meus olhos mopes e cansados.

Tipo de composio predominante:

Razo:

MOMENTO NUM CAF Manuel Bandeira (fragmento) Quando o enterro passou Os homens que estavam no caf Tiraram o chapu maquinalmente Saudavam o morto distrados Estavam todos voltados para a vida Absortos na vida Confiantes na vida

Tipo de composio:

Razo:

PNEUMOTROX Manuel Bandeira Febre, hemoptise, dispnia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que no foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o mdico: - Diga trinta e trs. - Trinta e trs... trinta e trs... trinta e trs... - Respire. - O senhor tem uma escavao no pulmo esquerdo e o pulmo direito infiltrado. - Ento, doutor, no possvel tentar o pneumotrax? - No, a nica coisa a fazer tocar um tango argentino. Tipos de composio que aparecem, onde aparecem: LITERATURA E DESENVOLVIMENTO Afrnio Coutinho (fragmento) "A idia de que as letras se destinam exclusivamente, motivao de fatos emocionais ou ao prazer ldico do homem domina o juzo comum a respeito. No entanto, isso um grande erro. As letras enriquecem o conhecimento com a mesma fora, ainda que sob ngulos diversos, com que se apresentam os recursos cientficos e os aperfeioamentos tecnolgicos. Hoje, o estudo das letras se coloca na mesma posio intelectual que faz a justa glria dos pesquisadores e professores da rea cientfica." Aula Magna de 1968, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1968, pgina 16. Tipo de composio: Razes:

Sugesto de redao: Faa uma pequena narrativa:

Faa um pequeno monlogo interior:

Faa uma pequena dissertao sobre o problema do caf na economia Sul-Mineira:

Faa um dilogo direto entre dois jovens:

Faa uma descrio nominal de um ambiente fechado:

MDULO 3 REDAO PARA DESENVOLVER O DILOGO - AULA DUPLA: Urna aula para cada aluno criar os seus dilogos, outra para que leiam. Dar noes de dilogo antes. H, em uma crnica de Carlos Drummond de Andrade, "Luzia", um dilogo entre um homem e uma moa que se reencontram - ela havia sido empregada dele e ele a encontra mudada. S h narrao no ltimo pargrafo, no mais, a crnica retrata o dilogo dos dois. As falas so feitas de uma maneira viva, natural, coloquial, como convm a esse tipo de composio. Luzia fala mais do que o ex-patro. Contudo, s vamos pr as falas dele e voc vai criar as dela. Depois que cada aluno 1er o resultado de sua criatividade, leremos a crnica: LUZIA Carlos Drummond de Andrade - Oh, Luzia, desculpe. Ando com a vista meio fraca. Mas voc est um bocado alinhada, criatura! - Acho, no. um fato. Voc se casou, Luzia? - Voc estava noiva quando saiu l de casa. - Voc foi muito careta, Luzia. - To cedo! - Tambm no gostou dele? - Sendo assim... - pena, Luzia. Mas no fique triste, h tanto marido ordinrio nesse mundo, quem sabe voc escapou de um! - E que que voc fez? - timo, Luzia. - Que apartamento, Luzia? - No difcil, um sonho. E voc se queixa dos homens? - Parabns, minha filha, voc venceu. E seguiu o alegre estampado, a saia curta, as pernas longas e bem esculpidas, o bico fino dos sapatos, o sorriso de dentes alvos no belo moreno carregado do rosto. Aps a leitura das redaes, o professor escolher um aluno e uma aluna para fazerem uma leitura dramtica da crnica "Luzia", que est nas pginas, 131 e 132 de "A Bolsa e a Vida", livro de crnicas de Carlos Drummond de Andrade, publicado pela Editora do Autor. Rio de Janeiro, em 1963.

MDULO 4 REDAO EXPLORANDO O ESTILO NOMINAL - AULA DUPLA1 fase:

Escrever bem rpido, apenas substantivos e/ou adjetivos, que faam uma descrio, do que voc est vendo agora, ao seu redor. Lembre-se de que uma descrio e, como tal, pretende ser uma fotografa da realidade, dispensando aes e narrao. como exemplo, ouvir e comentar o disco "guas de Maro" de Antnio Carlos Jobim, suprimindo o verbo ser. 2 fase: Leitura do conto "Circuito Fechado" de Ricardo Ramos, como exemplo e forma de motivao. CIRCUITO FECHADO (1) Ricardo Ramos Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. gua. Escova, creme dental, gua, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, gua, cortina, sabonete, gua fria, gua quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, cala, meias, sapatos, gravata, palet. Carteira, nqueis, documentos, caneta, chaves, leno, relgio, mao de cigarros, caixa de fsforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xcara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro. Fsforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papis, telefone, agenda, copo com lpis, canetas, bloco de notas, esptula, pastas, caixas de entrada, de sada, vaso com plantas, quadros, papis, cigarro, fsforo. Bandeja, xcara pequena. Cigarro e fsforo. Papis, telefone, relatrios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, papis. Relgio. Mesa, cavalete, cinzeiro, cadeiras, esboos de anncios, fotos, cigarro, fsforo, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xcara, cartaz, lpis, cigarro, fsforo, quadro-negro, giz, papel. Mictrio, pia, gua. Txi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xcara. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Escova de dentes, pasta, gua. Mesa e poltrona, papis. Telefone, revista, copo de papel, cigarro, fsforo, telefone interno, externo, papis, prova de anncio, caneta e papel, relgio, papel, pasta, cigarro, fsforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papis, folheto, xcara, jornal, cigarro, fsforo, papel e caneta. Carro. Mao de cigarros, caixa de fsforos. Palet, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xcaras. Cigarro e fsforo. Poltrona, livro. Cigarro e fsforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fsforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, cala, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia. gua, escova, creme dental, espuma, gua. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. 3 fase: Fechar os olhos e tentar captar sua casa, por um minuto. Por cinco minutos,

escrevendo bem rpido, voc vai tentar recompor sua casa nominalmente. 4? fase: Leitura de textos em que, em estilo nominal, Loureno Diafria mostra o seu personagem chegando a uma cidadezinha do interior de nibus. BERRA CORAO Loureno Diafria (fragmento das pginas 21, 22) ... fumaa, touceira, chamin, pedreiro, cerca de pau, arame farpado, capim gordura, touca de criana, bode com os chifres presos em cordinha, pito, leno branco acenando, caixa de papelo bem amarrada escrito ao lado "frgil", chupeta, poncho, bota, espora, telhado, criana, engraxate, chapu de boiadeiro, trator, trem sobre a ponta, pedro almoando, capela com flores, galinhas no mangueiro, tudo verde, aviso, cachorro sobre a grama, laando boi, fazenda, mamoeiro, cozinha, canil, nuvem, espigo, placa escrito "vende-se", placa escrito "aluga-se", aviso, bezerro branco, nibus, me e nene, paisagem com roupa no varal, porteira branca, apartamento a briga, descarregando banana, violo, automvel amassado, cavalo, pasto, boi, carreta, quintal, casa grande, casa amarela, enterrando a vaca, coando caf, vista do stio, paisagem em azul, mastro de santo antnio, tratando dos carneiros, recolhendo a roupa, escadaria do colgio, gua, pasto, passo-preto, anum no fio, andorinha, jac, abacateiro, barraco, quintal, cruz de madeira, caminho de terra, reta de asfalto, barranco, urubu rodopiando, campo de malha, assando frango, cobertor de trs cores, pedro indo para casa, Porquinhos, perus, nibus na chuva, colhendo caf, campo com trigo, paisagem com algodoal, cantor, galinhada, casa azul, colnia de ferrovirios, carreiro, transportando lenha, caminho de soja, derrubada, residncia, roda de vento, plantao de laranja, terra ao deus-dar, placa escrito propriedade de fulano de tal, entrada proibida, sacaria, bar com vitrina cheia de coxi-nha, empada, asa de frango, gato, pinto, quadro de so jorge, ferradura, amuleto, vela apagada, placa verde de sinalizao, defumador pai-jac, ponte vazia, propaganda de poltico, barraca de melancia, bombacha, espingarda, borboletas, reprodutor, moranga, acostamento, cascalho, boqueiro, ribanceira, jardim, alpendre, puxado, silo, fonte luminosa, luz de mercrio, praa, bancos na praa, sino, cemitrio, tuba, mascate, balana manual, moo do tiro-de-guerra, casal se beijando, Coletoria, cer-zideira, mdico de senhoras, ambulatrio odontolgico, doutor cicrano, morro, flor-zinhas, pre, mata-burro, queimada, transportando lenha, usina, recolhendo o barro, descanso no terreiro, milharal, casas na curva da estrada, pau a pique, tapera, barraco, pirambeira, sop, fruta sem nome, enxada, colono, mulher magra, mulher mais magra, ponteiro, rastelo, arado, prancha, cratera, descida, subida, lombada, palmeiras, charco, arbustos, poeira, experimente os freios, ondulaes no horizonte, pedras, carcar, bota, salsa, na hora, balastro, estao, pedro indo para casa, cermica preta, porto de ferro, depsito com esplanada, posto de gasolina com bomba manual, forno, camlia, quaresmeira, riscos de sangue no cu, estrela, seta indicando

Mamangaba, variante a 500 metros. O nibus suspira fundo, diminui a marcha, encosta direita, pra. A baldeao feita lentamente para a jardineira repintada de roxo. 5a fase: Faa uma redao, em estilo nominal, seguindo uma das sugestes ou criando outras situaes: 1 sugesto: Em casa / indo para o colgio / no colgio / em casa novamente. 2a sugesto: Preparando para um baile ou festa / no baile ou festa / e casa depois. 3asugesto: uma viagem: preparao / a viagem / a chegada.

MDULO 5 REDAO EXPLORANDO A LINGUAGEM AFETIVA - AULA DUPLA MINHA NAMORADA Vincius de Moraes SE VOC quer ser minha namorada Ah, que linda namorada Voc poderia ser, se quiser ser Somente minha, exatamente essa coisinha Essa coisa toda minha Que de ningum mais pode ser... Voc tem que me fazer um juramento De s ter um pensamento: Ser s minha at morrer... E tambm de no perder esse jeitinho De falar devagarinho Essas histrias de voc E de repente me fazer muito carinho E chorar bem de mansinho Sem ningum saber porque... E se mais do que minha namorada Voc quer ser minha amada Minha amada, mas amada pra valer Aquela amada pelo amor predestinada Sem a qual a vida nada Sem a qual se quer morrer Voc tem que vir comigo em meu caminho E talvez o meu caminho Seja triste pra voc... Os seus olhos tm que ser s dos meus olhos E os seus braos o meu ninho No silncio do depois E voc tem que ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de ns dois. MENTIRAS Mrio Quintana Lili vive no mundo do Faz-de-Conta... Faz de conta que isto um avio. Zzzzuuu... Depois aterrizou em piqu e virou trem. Tuc tuc tuc tuc... Entrou pelo

tnel, chispando. Mas debaixo da mesa havia bandidos. Pum! Pum! Pum! O trem descarrilhou. E o mocinho? Onde que est o mocinho? Meu Deus! onde que est o mocinho? No auge da confuso, levaram Lili para a cama, fora. E o trem ficou tristemente derribado no cho, fazendo de conta que era mesmo uma lata de sardinha. Voc j sabe que a linguagem afetiva reflete os sentimentos mais do que o pensamento lgico; que ela pode aparecer apenas nas modulaes da fala e transformar uma mesma palavra em tom de afeto ou desprezo (exemplo: as palavras coisa, coisinha, benzinho); que as exclamaes e reticncias so pontuaes afetivas; tambm so os diminutivos que no marcam tamanho (paizinho), os possessivos que no marcam posse (meu Deus. minha nossa Senhora), as repeties enfticas, a concordncia ideolgica, as figuras literrias, a maneira de usar a adjetivao anteposta ou proposta ao substantivo, a escolha da pessoa no tratamento, a mistura ou troca de tempos verbais, as interjeies, o uso enftico de certas classes gramaticais (advrbios, artigos, verbos, substantivos), o uso enftico dos pronomes de primeira pessoa (eu / me / minha / meu revelam egosmo), a escolha do vocabulrio (concreto, abstrato, conotado, denotado), o rompimento com a pontuao lgica e tantas outras modalidades lingsticas. Risque a linguagem afetiva ligada ao amor, no texto de Vincius de Moraes, e a ligada infncia, no texto de Mrio Quintana. Agora, aproveitando palavras de um dos dois textos e colocando outras (afetivas) suas, faa uma redao em que predomine a linguagem afetiva dos namorados ou das crianas.

MODULO 6 Para o 2 ano colegial/normal LINGUAGEM TCNICA: Procurar em dicionrios especializados as seguintes palavras ou expresses: Linguagem tcnica da Psicologia (lista fornecida pela professora Tereza Bufoni) Adolescncia - Abstrao - Adaptao - Associao - Avaliao - Apercepo Agressividade - Aprendizagem - Aptido - Aquisio - Atitude - Atividade Acelerao - Ataxia Ateno Afetividade - Atrofia Ambiente - Aferio - Ajustamento - Auto-afirmao - Ato - Amnsia - Capacidade - Carter Coerncia - competio - Conflito - Conduta - Concentrao - comportamento - Cognitiva - Conhecimento Conscincia - Contraste - Converso Convergncia - Correlao - Censura - Controle - Concepo - Crescimento - Catarsis complexo - Coordenao - Conceito - Cretinismo - Cromossomo - Desejo Desenvolvimento - Deliberao - Deciso - Desvio - Diagnstico - Devaneio Desajustamento - Diferenas - Discernimento - Distrbios - Discriminao Disfarce - Deduo - Disperso - Distrao - Determinismo - Efeito - Evocao - Eficincia - Emoo - Ego - Empatia Equilbrio - Esquizofrenia - Esquecimento - Estgios - Estmulo - Estrutura - Egocentrismo - Estabilidade - Expresso Experimentao - Extroverso - Excepcional - Fadiga - Fantasia - Fatores - Fixao - Fobia - Frustrao Generalizao - Glndulas - Grupo Hbito - Habilidade Hipotireoudismo - Hereditariedade - Hormnio - Histria - Hiptese - Histograma - Hipnose - Idia - Idiota - Identificao - Incentivo - Iluso Imagem - Imaginao - Imitao Impulsos Inconsciente - Individual - Inibio - Instinto - Inteligncia - Intelecto - Induo - Intensidade - Interao Interesses - Interferncia - Introspeco - Introverso Localizao - Libido Maturao - Mecanismo Mental - Meio - Memria -Motivao - Metabolismo Masturbao - Modificao - Motivo - Movimento - Mtodo - Necessidade - Neurnios - Neurose - Nvel - Narcisismo - Objeto - Observao - Obstculos - Orientao - Participao - Pensamento - Percepo Percentil - Projeo - Patolgico - Personalidade - Psicose - Psicogni-cos Psicastenia Padres - Potencialidade - Puberdade - Platnico - Paixo Previso - Paranica - Probalidade - Psicoterapia - Psiquiatria Psiquiatria - Punio Prontido - Psquica - Psicodrama Perturbao Quociente - Resposta Raciocnio - Racionalizao - Reao - Reflexo - Realizao - Receptores Rejeio - Recompensa - Regresso Recuperao - Repetio - Resistncia - Reteno - Sensao - Sentimento - Sinais - Sinapse - Sntese - Sonolencia - Sublimao - Substncia - Subjetivo - Semelhana - Sugesto Segurana Superstio Susto - Super-E^o - Simpatia - Temperamento - Teorias Teste Tendncia - Temor - Traos - Treinamento - Terapia - Timidez - Transferncia Transposio - Teraputica - Vadiao - Varivel - Viso - Vivacidade Vontade - Vocao - Volitivo.

LINGUAGEM TCNICA DA DIDTICA GERAL (Lista fornecida pela professora Maria Conceio Ribeiro) Sistema - mtodo - processo tcnica forma e modo de ensino currculo programa - disciplinas matrias objetivos meios fins atividades curriculares - atividades extra-curriculares - plano de curso - plano de unidade - plano de aula - planejamento comportamento didtico tipologia tica profissional ensino - aprendizagem - material didtico - material udio-visual - diagnstico educacional - sondagem - estimativa motivao incentivao - orientao pedaggica - smulas de trabalho antipedaggico - currculos diferenciados - escola experimental dinmica de grupo liderana - estudo programado escola unitria - rendimento escolar - ndice de aproveitamento - mtodos dogmticos e heursticos - ativo - passivo - (atividade passividade), educador - professor instrutor - mestre - atividades correlatas - experincias correlatas experincias comunitrias estudo dirigido metodologia - momentos didticos - articulao das disciplinas - previso comunicao transmisso - margem de segurana adequao - contedo - verificao de aprendizagem - provas objetivas e subjetivas - testes - exames - promoes - reprovaes - notas - globalizao sincretismo - classe - srie - turma - problemtica - educacional - poltica educacional - linguagem didtica ensino ocasional - tarefas recapitulao reviso - argio recreao compndio - livro texto livro bsico diorama - realias - sociograma - normas disciplinares comportamento - direo da aprendizagem - diferenas individuais -educao inintencional ou assistemtica auto educao heteroeducao preparo tcnico profissional. LINGUAGEM TCNICA DA SOCIOLOGIA (Lista fornecida pelo professor Antnio Loreno) Fato social - contato social - isolamento iterao - concorrncia - conflito acomodao - assimilao - grupo de presso grupo primrio grupo secundrio - estrutura social - coero social "Bias" - civilizao - classe - comunicao - comunidade - contato primrio - contato secundrio - controle social -grupo fechado - cultura de folk - cultura - ecologia - institucionalizao - etnocentrismo esteretipos excitao coletiva "folkways" estratificao herana cultural - "hinterland" imperialismo - inquietao social - instituies "mores" mudana social - opinio pblica pesquisa pirmide social preconceito - status social - "rapport" revoluo simbiose - socializao sugesto - renda per capita - produto nacional bruto - alienao - antropocentrismo condicionamento - endogania - exogamia - "Habitat" - imperialismo -modalidade social - monoplio.

MDULO 7 Redao de Pesquisa sobre Grias e Regionalismos - para casa, com apresentao posterior em sala de aula. Faa uma pesquisa sobre: Grias de jovens de hoje:

Jargo usado por bancrio:

Regionalismos mineiros:

Regionalismo gachos:

Regionalismos paulistas:

Regionalismos baianos:

Grias do passado, que cairam em desuso:

Estrangeirismo:

MDULO 8 REDAES SUGERIDAS PELAS FUNES DA LINGUAGEM - AULA DUPLARecordar oralmente os elementos que entram na comunicao: Emissor + contexto + mensagem + canal ou meio + cdigo + receptor. FUNES DA LINGUAGEM: O linqista Roman Jakobson (partindo de estudos anteriores, feitos pelo psicolgo Karl Bhler) levantou as seis funes da linguagem, relacionando-as com os elementos que entram numa comunicao: o emissor que passa a mensagem ao receptor, usando um cdigo comum, atravs de um canal, tendo como referncia o contexto. Cada elemento d origem a uma funo da linguagem, de acordo com a predominncia no discurso. So as seguintes as funes apontadas: 1? funo: funo referencial: que tem o contexto como o centro - isto , o contedo transmitido quer dar uma informao sobre o contexto. a linguagem que aparece na notcia de jornal, nos livros cientficos, nas estrias muito realistas. E uma linguagem objetiva, direta, denota coisas reais; mostra conhecimentos sobre fatos, pessoas, objetos; sempre aparece na 3a pessoa. 2a funo: funo emotiva: que tem o emissor como centro, o contedo fala dele, das emoes dele. a linguagem que aparece muito em poesias lricas, em monlogos interiores, em livros de memrias, em auto-biografia. Aparece quase sempre na 1 pessoa do singular, ou em colocaes subjetivas, afetiva, pode estar carregada de interjeio, exclamao, opinies do autor ou narrador. 3a funo: funo conativa ou apelativa: que tem o receptor como centro, o contedo tem um destino certo, a pessoa com quem o emissor apela para quem o ouve, dirige-se ao receptor (tu, voc, o nome de pessoa). a linguagem usada nos sermes, discursos, nos monlogos diretos, em muitos dilogos, em textos em tom de conversa do emissor com o receptor, nos apelos da propaganda (compre j!) so muito usados os imperativos e os vocativos. 4a funo: funo ftica - referente a fato - tem como centro o canal (ou meio, ou veculo), serve para testar o canal, ver se funciona (al, est me ouvindo? Ento, n?) e para estabelecer (era uma vez), prolongar (a ento), interromper (espere um pouco) ou dar desfecho ( isso a) comunicao. Aparece nos anncios de prefixos radiofnicos (est falando a P.R.E. 8, Rdio Nacional do Rio de Janeiro), no trabalho do rdio-amador, nas falas telefnicas, nas narrativas de estrias (Entende? Vou te contar uma... A, antes... E fim...). 5a funo metalingstica: Centrada no Cdigo, uma linguagem que fala de outra linguagem. A crtica literria, por exemplo, um texto que fala de outro texto, do literrio. H certos poemas que falam da literatura, de sua funo, de como o poeta v a criao, a literatura o tema para a literatura. H peas de teatro que falam do teatro, filmes que falam do filme ("Noite Americana", por exemplo). 6a funo potica: Tem como centro a mensagem especial, sensvel, bem cuidada, que leva a vrias interpretaes, mais sugestiva e metafrica, mais afetiva,

mexe com a nossa capacidade de fantasiar. No aparece apenas nos poemas, mas tambm na propaganda bem feita, nos dilogos de namorados, na fala das crianas, nas letras de msicas. OBSERVAO: A funo no aparece de forma pura; em muitos textos, pode haver mais de uma funo. Roman Jakobson mesmo diz: "Embora distingamos seis aspectos bsicos da linguagem, dificilmente lograramos, contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma nica funo. A diversidade reside no no monoplio de algumas dessas diversas funes, mas numa diferente ordem hierrquica de funo". Roman Jakobson - "Lingstica e comunicao", Editora Cultrix So Paulo - 1969. Distinga, nos textos, as funes da linguagem e justifique comente se h alguma funo secundria ao lado da central. CANO AMIGA Fragmento - Carlos Drummond de Andrade "Eu preparo uma cano que faa acordar os homens e adormecer as crianas." Funo(es): Justificativa: POEMA TIRADO DE uma NOTICIA DE JORNAL Manuel Bandeira "Joo Gostoso era carregador de feira e morava no morro da Babilnia num barraco sem nmero. uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Danou Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Funo(es): Justificativa:

BODAS DE PRATA Aldir Blanc Voc fica deitada De olhos arregalados Ou andando no escuro De penhoar... No adiantou nada Cortar os cabelos E jogar no mar No adiantou nada O banho de ervas. No adiantou nada O nome da outra No pano vermelho. Pro anjo das trevas Ele vai voltar tarde, Funo(es): Justificativa: Cheirando a cerveja Se atirar de sapatos Na cama vazia E dormir na hora Murmurando: Dora... Mas voc Maria Voc fica deitada com medo do escuro Ouvindo bater no ouvido O corao descompassado. o tempo, Maria, Te comendo feito traa Num vestido de noivado.

S ONO Fragmento - Geraldo Dias da Cruz Oh, nenhuma paisagem que inventei adoa meu sonho. A noite fria em mim como sigilo dos peixes. Funo(es) Justificativa:

ENIGMA Fragmento - Mrio de Oliveira Bem no fundo em todo poo h uma criana escondida que quase sempre est morta mas que s vezes est viva. Funo(es): Justificativa: ALGEMA Fragmento - Wilson Pereira A poesia me exila, me exala e me fervilha (...) 0 poema com algema me prende ao infinito e a mim.

Funo(es): Justificativa: NARRATIVA Fragmento - Wilson Pereira - Bola com Gerson entrega a Rivelino este levanta pro Pel. O rei domina a esfera no peito O povo domina a espera no peito O mundo est em ps de rei preto vai chutar... A festa nasce com a fora desse chute no corao brasileiro: - gooooooooooooooool!

Funo(es): Justificativa:

ARGUMENTO Fragmento - Paulinho da Viola T legal t legal Eu aceito o argumento. Mas no me altere o samba tanto assim Olha que a rapaziada est sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim. Funo(es): Justificativa: Milton, a idia essa a. O disco fala de coisas da natureza, da vida das pessoas simples e das transas de amor: (infinitas formas de amar e viver...). Eu gostaria que ele comeasse e acabasse com as msicas indicadas. No sei, v se d. Depois eu te telefono. Um abrao do irmo Paulinho (Bilhete de Paulinho da Viola a Milton Miranda, que aparece no long-play com o nome do cantor-compositor). Funo(es) Justificativa:

MDULO 9 REDAO SEGUNDO AS FUNES DA LINGUAGEM - AULA SIMPLES 1) Faa um pequeno texto usando a funo emotiva:

29) Idem, usando a funo referencial:

39) Idem, usando a funo apelativa:

REDAES EXPLORANDO ELEMENTOS DA NARRATIVA

MODULO 10 REDAO PARA INTRODUZIR OS ESTUDOS DA PERSONAGEM AULA DUPLA Discutir com a sala as perguntas: A personagem de fico gente ou no? De que material ela constituda? Sero as personagens cpia de conhecidos do autor? Sero fantasias apenas? As duas possibilidades so possveis? Oua a msica e observe a letra de: CAROLINA Chico Buarque de Holanda Carolina, Nos seus olhos fundos Guarda tanta dor: A dor de todo esse mundo. Eu j lhe expliquei que no vai dar. Seu pranto no vai nada ajudar. Eu j convidei para danar. hora, j sei, de aproveitar. L fora, amor, uma rosa nasceu; Todo mundo sambou; uma estrela caiu. Eu bem que mostrei sorrindo pela janela: ai que lindo! Mas Carolina no viu. Carolina, com seus olhos tristes Guarda tanto amor: O amor que j no existe. Eu bem que avisei: vai acabar. De tudo lhe dei para aceitar. Mil versos cantei pra lhe agradar. Agora no sei como explicar.

L fora, amor, uma rosa morreu; uma festa acabou; Nosso barco partiu. Eu bem que mostrei a ela. 0 tempo passou na janela E s Carolina no viu! Em poucas palavras, discutir com a classe a personagem Carolina: Crie voc uma personagem (pode partir de pessoa conhecida, gente de sua casa, de sua sala de aula, de sua rua). FISICAMENTE ela/ele : PSICOLOGICAMENTE : ECONOMICAMENTE : CULTURALMENTE : como ela se relaciona com as pessoas? Cite alguns fatos marcantes da vida dela: VIDA VIDINHA Carlos Drummond de Andrade A solteirona e seu p de begnia a solteirona e seu gato cinzento a solteirona e seu bolo de amndoas a solteirona e sua renda de bilro a solteirona e seu jornal de modas a solteirona e seu livro de missa a solteirona e seu armrio fechado a solteirona c sua janela a solteirona e seu olhar vazio

a solteirona e seus bands grisalhos a solteirona e seu bandolim a solteirona e seu noivo-retrato a solteirona e seu tempo infinito a solteirona e seu travesseiro ardente, molhado de soluos. Menino Antigo - Sabi/Jos Olmpio - Rio - 1973 - Pgina 74. comentrios orais sobre o texto: razes do ttulo, o espao, o efeito da repetio; o levantamento de coisas do mundo da personagem: materiais, animais, marcaes de religiosidade, coisas domsticas, fugas, o noivo-retrato, a solido.. comparar a personagem com Carolina. AGORA, SEGUINDO A MESMA ESTRUTURA, VOC VAI COLOCAR SUA PERSONAGEM VIVENDO SUA ROTINA O/A_____________________________ e seu ____________________________ O/A_____________________________ e seu ____________________________ 0/A _____________________________ e seu O/A_____________________________ e seu O/A _____________________________ e seu O/A_____________________________ e seu O/A______________________________ e seu O/A_____________________________ e seu O/A_____________________________ e seu O/A___ . ________________________ e seu O/A e seu

O/A_____________________________ e seu O/A e seu

O/A_____________________________ e seu

MDULO 11 REDAO PARA CRIAO DOS PERSONAGENS II: - AULA DUPLA JOO VALENTO Dorival Caymmi Joo Valento brigo, pra dar bofeto no presta ateno e nem pensa na vida. A todos Joo intimida; faz coisas que at Deus duvida; mas... tem seu momento na vida... quando o sol vai quebrando, l pro fim do mundo pra noite chegar. quando se ouve mais forte o ronco das ondas na beira do mar. quando o cansao da lida da vida obriga Joo se sentar. quando a morena se encolhe, se chega pro lado querendo agradar. Se a noite de lua, a vontade contar mentira, se espreguiar... Deitar na areia da praia que acaba onde a vista no pode alcanar... E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar, porque no h sonho mais lindo do que sua terra no h. Escreva como voc v Joo Valento: Se Joo Valento brigo deve ter arranjado muitos inimigos. O personagem principal de uma estria o protagonista e o(s) seu(s) inimigo(s) /so o(s) antago-

nista(s). Nas novelas de televiso ou filme de caubi, os antagonistas so os bandidos, os viles ou as mulheres fatais. Quais so, no caso, as caractersticas do mocinho? Quais so as caractersticas do(s) antagonista(s)? ANDORINHA Manuel Bandeira Andorinha l fora est dizendo: "Passei o dia toa, toa!" Andorinha, andorinha, minha cantiga mais triste! Passei a vida toa, toa... comentar as possibilidades da literatura dar vida humana, fala aos animais ou coisas. Nesse caso, houve personificao. Manuel Bandeira, por exemplo, faz a andorinha conversar. Crie uma estria em que um animal ou objeto ganhe caracterstica humana e fale, como nas estrias infantis em que, por exemplo, por um processo de personificao, a cigarra e a formiga dialogam.

MDULO 12 FOCO NARRATIVO I - RECONHECIMENTO REDAO PARA INTRODUO DOS ESTUDOS DO FOCO NARRATIVO ( Aula Dupla) Observe as seguintes narrativas e veja a maneira que os autores escolheram para apresentar a estria. Essa maneira o que se chama foco narrativo como j lhe foi explicado. Aps 1er os textos, d a classificao do foco narrativo, segundo o cdigo: A) para o foco narrativo com o discurso na 1a pessoa, autor personagem contando sua estria, usando subjetividade. Viso de dentro, ponto de vista interno, o leitor s tem um ponto de vista. B) para o foco narrativo na 1a pessoa, discurso de um narrador, que no o autor mas personagem, e narra com as mesmas caractersticas do foco anterior. C) para o foco narrativo na 3a pessoa, discurso do narrador tambm personagem, porm secundrio. D) para o foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador objetivo, no personagem, que narra s o que v, sem opinar. O ponto de vista externo e a viso por trs dos acontecimentos. E) para foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador no personagem que narra objetiva e subjetivamente, pois d opinio. Ponto de vista externo, viso por trs. F) para foco narrativo na 3a pessoa, discurso de um narrador no personagem, que entra dentro do personagem, sabe o que ele pensa (usa oniscincia) e est onde ele est (usa onipresena). G) para foco narrativo com viso estereoscpica: vrios discursos, no se prende a um s narrador, pluralidade de viso, ponto de vista variado. H)para foco narrativo dramtico: viso variada, segundo os dialogantes, dispensando a narrao ponto de vista direto, discurso dos dialogantes. I) para foco narrativo monologado - o discurso do narrador dirigido a uma pessoa que s ouve, no fala. ( ) Texto 1 SINAL FECHADO Paulinho da Viola Ol, como vai? Eu vou indo; e voc, tudo bem? Tudo bem, eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro. E voc?

Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono Tranqilo, quem sabe? Quanto tempo... Pois , quanto tempo... Me perdoe a pressa a alma dos nossos negcios... Oh! no tem de qu. Eu tambm s ando a cem Quando que voc telefona, precisamos nos ver por a. Pra semana, prometo, talvez nos vejamos, quem sabe? Quanto tempo... Pois , quanto tempo... Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas. Eu tambm tenho algo a dizer, mas me foge a lembrana. Por favor, telefone, preciso beber alguma coisa rapidamente Pra semana... O sinal... Eu procuro voc... Vai abrir, vai abrir... Prometo, no esqueo. Por favor, no esquea, no esquea, no esquea Adeus... ( ) Texto 2 QUADRILHA Carlos Drummond de Andrade Joo amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que no amava ningum. Joo foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que no tinha entrado na histria.

(

) Texto 3 A LAADA Oswald de Andrade O Bento caiu como um touro No terreiro E o mdico veio de Chevrol Trazendo um prognstico E toda a minha infncia nos olhos.

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) Texto 4 O VIOLEIRO Oswald de Andrade Vi a saida da lua Tive um gosto singul Em frente da casa tua So vortas que o mundo d

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) Texto 5 CONFIDNCIAS DO ITABIRANO Fragmento - Carlos Drummond de Andrade Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Pro isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas caladas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida porosidade e comunicao. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hbito de sofrer, que tanto me diverte, doce herana itabirana.

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) Texto 6 O MEDROSO Oswald de Andrade A assombrao apagou a candeia Depois no escuro veio com a mo Pertinho dele Ver se o corao ainda batia

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) Texto 7 SAFIRO, O AUTMATOCassino Ricardo

Ouve, meu amor: Sofre de Automatismo e de azulgagarisma Mas tenho os ps de animal mecnico no cho em flor.

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) Texto 8 PRIMEIRO AUTOMVEL Carlos Drummond de Andrade Que coisa-bicho que estranheza preto-lustrosa. evm-vindo pelo barro afora? o automvel do Chico Osrio o anncio da nova aurora o primeiro carro, o Ford primeiro a sentena do fim do cavalo do fim da tropa, do fim da roda do carro de boi. L vem puxado por junta de bois.

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) Texto 9 RODOVIRIA Luiz Vilela

- o qu? Deus me livre de cidade grande, no sei como voc acostuma com essa correria, essa gente, essa barulhada. - al - bem que eu gostaria... BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ na roa pelo menos a gente, olha ali aquele tipo esquisito, estrangeiro? Mas estava dizendo, aquela ali deve ser a mulher dele. - como? - no d rapaz... ei o senhor a! - ah; sim; sei; eu? eu gostaria muito... passageiros que se destinam ao Rio de Janeiro no horrio das dezessete horas. Cinco j? e a Maria, meu Deus, ela nunca mais que chega, que ser que ela voc est afobado a toa, compadre, ainda faltam quinze minutos - mas se ela - o nibus nem chegou ainda Sete mil? se ela perdeu na rua "O HOMEM DOMINA O COSMOS" foi l naquela rua, perto daquela esttua - esttua? Mas h tantas - aquela naquela praa perto daquele mercado - ah, sei, no h perigo, pertinho daqui - mas numa cidade grande assim. BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ Lista Telefnica 1965 - pois ... - al; pronto; o mximo de mulher s te digo isso - pronto; al, quem est - isso que eu falei... falando? o Moura? Hem? sim... ... ela no sabe andar direito na rua, ela fica apavorada com os carros com licena vai ser um programo - sim, o Celso que ... timo... que aconteceu? - mesmo? No diga... um desastre, um carro, um desses lotaes, ela no sabe

- meu Deus!

Seja Breve claro...

olha que coisa mais linda mais cheia de graa ela menina que vem e que passa num doce balano a caminho do mar a gente pode ver se ainda encontra nibus - mas quando? Que hora? ento at por l... olha l, no ela - onde? - l na frente - l - aquela que vem l - no, ela est de vermelho - estava parecendo - fico pensando na Betinha, ela muito sapeca, pode ter escapulido e corrido pra rua BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ passageiros que se destinam a So Jos do Rio Preto horrio das dezessete e quinze s cinco minutos minha Nossa Senhora - o Jairo? Olha, eu s tou achando no deu tempo de chamar o daquele parafuso maior, como que faz? mdico? compra assim mesmo? quero dizer these agitation you understand? these oh yes it's wonderful! - mas deviam ter me falado, t... t bom...t... ento telogo. minha mulher... al al ela Maria! - no te falei pra no afobar que ela chegava? - olha a hora olha a hora vamos depressa corre o nibus j est pondo as malas betinha d a mo pro paizinho ento at volta - boa viagem - muito obrigado por tudo lembranas ao pessoal depressa corre - Mame olha ali o homem chorando. - no... sei... no, no tem im portncia; que que tem importn cia agora, Moura... e sei, mas depois disso... no, no precisam se preocupar... claro, mas como voc queria que eu... o qu?...

- al?... da casa do Ferreira?...

BEBA COCA-COLA E SORRIA FELIZ passageiros no horrio das dezessete e quinze com destino a So Jos do Rio Preto confiram suas passagens e boa-viagem!

ali no fundo; , logo ali na frente no, s de passagem; estamos indo para a nossa lua-de-mel... felicssimos!... hem? como? fale mais alto, estou telefonando da rodoviria e aqui faz um barulho danado.

se ela tivesse me falado...

MDULO 13 FOCO NARRATIVO II - PRTICA INDIVIDUAL REDAO PARA PRATICAR OS VRIOS FOCOS NARRATIVOS (Aula Dupla) l9 - Faa um pequeno relato de um fato acontecido em sua vida - foco narrativo subjetivo 1a pessoa.

29 Conte um fato objetivamente (usando a 3a pessoa).

39 Conte uma pequena estria na 3a pessoa, usando oniscincia e onipresena e opinando sobre os fatos ou personagens.

49 Crie uma personagem e faa-a contar sua prpria estria, na 1a pessoa.

MODULO 14 FOCO NARRATIVO III - REDAO EM DUPLA Redao praticando o foco narrativo dramtico. Um aluno e uma aluna lero essa ou mais cenas de peas teatrais com casais dialogando. A FALECIDA Nelson Rodrigues TUNINHO furioso - Que peso tremendo! ZULMIRA desperta - Que foi? TUNINHO - Imagina tu - talvez o Ademir no jogue. ZULMIRA atnita - Que Ademir? TUNINHO - Ora, no aborrece voc tambm! Que Ademir? Ou tu nunca ouviste falar em Ademir? Parece que vive no mundo da lua! ZULMIRA - Ai! TUNINHO enfurecido - Machucou-se no treino. Estupidamente! (Z. tosse, ele nem liga). E se ele no jogar, no sei no. Vai ser uma tragdia em 35 atos! Porque o Ademir sozinho vale meio time. Ah, vale! (mulher tossindo, ele feroz) Sabe quem deu o supercampeonato ao Fluminense? Ademir! Decidiu todas as partidas! (Z. tosse, ele melanclico). s vezes, eu tenho inveja de ti. Tu no te interessas por futebol, no sabes quem Ademir, no ficas de cabea inchada, quer dizer, no tens esses aborrecimentos... Benza-te Deus! ZULMIRA acesso - Ai meu Deus, ai meu Deus! (sangue) Tuninho! Tuninho! TUNINHO salta - Eu! ZULMIRA - Olha, espia! TUNINHO - Que isso? ZULMIRA - Sangue! TUNINHO - De onde? (apavorado) ZULMIRA - Pulmo! TUNINHO - Deita! ZULMIRA - Eu no te disse que o Dr. Borborema no entendia tosto de coisa nenhuma? TUNINHO - Vou chamar a Assistncia! ZULMIRA - No quero! Fca a! TUNINHO - Mas Zulmira! ZULMIRA - Eu vou morrer... Sei que vou morrer. J no sou mais deste mundo. TUNINHO - Isola!

ZULMIRA - Vou sim. Mas antes tenho um pedido, um ltimo pedido, ltimo! Sim, Tuninho? A uma morta no se recusa nada! (chora) TUNINHO Meu corao, ouve! Voc vai se tratar, vai ficar boa! ZULMIRA enfurecida - Mentira! Olha pra mim! me pega! Passa a mo por aqui! pelo meu peito! Agora responde: tu sabes, no sabes?, que eu vou morrer? Pelo amor de Deus, diz que eu vou morrer! Vou morrer? TUNINHO soluo dominado - Vai. ZULMIRA Oh, graas! E agora jura! Jura que atenders o meu pedido! Jura! TUNINHO - Juro! ZULMIRA - Deus te abenoe! TUNINHO - Qual o pedido? ZULMIRA - Nessa rua, quando souberem que eu morri, vo pensar que meu enterro vai ser mambembe, Tuninho. Ento essa gata a do lado j sabe... Por isso eu quero, e no peo nada seno isso, seno um enterro como nunca houve aqui, um enterro que deixe a Glorinha com a cara deste tamanho, possessa... (riso) uma pirraa minha, confesso! Depois, tu apanhas, na minha bolsa branca, um papelzinho, onde tem tudo tomado nota. Ao todo, uns 36 mil cruzeiros... TUNINHO - Quanto? ZULMIRA - Trinta e seis mil cruzeiros. Est tudo tratado! Numa casa da Praa Saens Pena, "Casa Funerria So Geraldo". Guarda o nome. TUNINHO Meu amor, eu sei que tu mereces muito mais, no h dvida, mas a questo o seguinte: eu estou desempregado, sem nquel... Ainda temos, de indenizao que eu recebi, uns duzentos cruzeiros, no mximo... Onde que eu vou arranjar tanto dinheiro? So trinta e seis mil cruzeiros! I ZUOMIRA - H uma pessoa que te dar esse dinheiro todo. At mais. De mo beijada. TUNINHO pulando - Quem? ZULMIRA Eu te direi nome, endereo, tudo. Mas promete que no fars perguntas. Sim, Tuninho? TUNINHO - V l. Fala. ZULMIRA - Essa pessoa chama-se Joo Guimares Pimentel. TUNINHO assombrado - Joo Guimares Pimentel? Esse no um que "O Radical" publicou um retrato descascando a lenha, chamando de gatuno pra baixo? Esse? ZULMIRA - . TUNINHO - Continua. ZULMIRA - Voc tambm apanha na minha bolsa branca outro papel, com o endereo dele, da casa, do escritrio, os telefones. Assim que

eu morrer, pega um txi, vai casa dele, ao escritrio, seja l onde for, e diz o seguinte: que eu morri. Mas que antes de morrer, pedi que ele me pagasse um enterro de quarenta mil cruzeiros. Ele te dar o dinheiro... E no diz que meu marido. Diz que primo... TUNINHO - Mas quem esse homem que eu nunca na vida vi mais gordo? Que apito toca? Vai largar 40 mil cruzeiros por qu? A troco de qu? ZULMIRA - Mais sangue... Prometeste que eu teria enterro bonito, lindo, de penacho... 36 mil cruzeiros... Jura outra vez, Jura! TUNINHO soluo - Juro. Dois alunos, uma aluna e um aluno de preferncia, escrevero uma cena de teatro - aps a primeira aula, ou em outra, se no houver tempo, faro uma leitura dramtica da cena criada.

MODULO 15 FOCO NARRATIVO IV - REDAO EM GRUPO: COLAGEM Os alunos faro uma leitura tipo jogral do conto "Rodoviria" de Luiz Vilela. Depois, os alunos se reuniro em grupo. Cada grupo escolher um espao movimentado, bastante povoado (um estdio, quermesse, circo, recreio, baile de carnaval) para ser o espao da estria que criaro. uma vez escolhido o espao, cada aluno, separadamente, criar frases, dilogos, pedaos de msicas ou anncio, enfim, coisas ligadas ao espao. Depois, reunidos, todos montaro a redao-colagem, tendo o conto por modelo. Aps terminada a redao, cada grupo far leitura de seu trabalho, em forma de jogral. (Observao: tiramos a idia base para esta relao da antologia "Contos Jovens", n9 6, publicado pela editora Brasiliense - organizada por Marisa Lajolo e Gilberto Mansur).

MDULO 16 REDAO EXPLORANDO O ESPAO - 1 FASE: ESPAO PROVINCIANO Colocar msicas que tenham relao com o espao: "Saudades do Mato", "Tempo de Criana" de Atalfo Alves, por exemplo . Mostrar e comentar fotos de cidades pequenas. complete os espaos brancos com o maior nmero de palavras ou expresses que conseguir: Numa cidadezinha comum: Na falta do que fazer, as pessoas: No h: Em compensao, h:

CIDADEZINHA QUALQUER Carlos Drummond de Andrade Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras Pomar amor cantar Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus. Fazer um comentrio oral com os alunos: Na 1a estrofe, o poeta fez uma descrio do espao (fotografia), num estilo nominal, a ao esttica, o foco narrativo objetivo, marcao do espao: homem/natureza. Na 2a estrofe: h uma narrao; a ao dinmica, porm no muito dinmi-

ca, pois est modificada pelo advrbio devagar; o foco narrativo ainda objetivo, marcao do espao: a unidade de cada elemento, animais/homem/; a janela simbolizando a falta do que fazer e fofocas, mas, tambm, falta de gente; a fora das reticncias, o cotidiano marcado pelas repeties; o verbo ir no presente, marcando o tempo cronolgico da narrativa no instante em que esto acontecendo as coisas; o estilo verbal. Na 3a estrofe: j no h descrio, nem narrao, mas monlogo interior, o narrador usa subjetividade; depois de fotografar o espao, depois de narrar os fatos, faz uma interiorizao e d sua opinio; a linguagem coloquial; o clima de desabafo, apesar do ponto final, fca na gente a sensao de uma exclamao profunda e triste; o estilo volta a ser nominal. Redao: Aproveitando o texto de Drummond como estrutura, faa uma das trs sugestes, ou as trs, se houver tempo e vontade: a) um texto (com os mesmos nmeros de estrofes e versos e seguindo o foco narrativo, a ao, os tipos de composio e estilo) explorando um espao fechado (um estdio, um baile, por exemplo); b) aproveitando os mesmos dados, mude o espao para uma cidade grande; c) abandonando a estrutura do poema, faa uma crnica sbre uma cidade pequena, podendo at dar o titulo de "Cidadezinha Qualquer

n 2".

MDULO 17 REDAO EXPLORANDO O ESPAO: 2 fase: o espao metropolitano - Aula dupla. Coloque discos ou fitas que focalizem temas relacionados com a cidade gran-

Numa cidade grande a vida : Na agitao, o homem: Em compensao, h: Vamos ouvir Simone e acompanhar a letra: DE FRENTE PRO CRIME Poema de Aldir Blanc - com msica de Joo Bosco T l o corpo estendido no cho, Em vez de rosto uma foto de gol, Em vez de reza uma praga de algum E um silncio servindo de amm. O bar mais perto depressa lotou, Malandro junto com trabalhador, Um homem subiu na mesa do bar E fez discurso pra vereador. Veio o camel vender anel, cordo, perfume barato E baiana pra fazer pastel e um bom Churrasco de gato... Quatro horas da manh baixou o Santo na porta-bandeira, A moada resolveu parar e ento... Sem pressa foi cada um pro seu lado Pensando numa mulher ou num time. Olhei no cho e fechei Minha janela de frente pro crime. Oralmente, levar os alunos a descobrirem: o foco narrativo, a modificao que

houve nos dois ltimos versos, personagens e marcao do espao cidade-grande, aes dos personagens frente ao acontecimento, ao do narrador, a linguagem coloquial usada e efeitos conseguidos com ela. Agora voc, bem rpido, vai levantar: Tipos da cidade grande: Marcaes espaciais de uma cidade grande:

Se der tempo, 1er o conto "uma Vela para Dario" de Dalton Trevisan e discutir, oralmente, as aproximaes e diferenas entre o conto e o poema "De Frente pro Crime". Mostre fotos de So Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro ou outras metrpoles. Agora voc j armazenou muito material sobre a cidade grande, releia o que escreveu, bem como volte a dar uma olhada na letra de Aldir Blanc e crie um estria com personagens e marcaes bem coerentes com esse espao.

MDULO 18 REDAO EXPLORANDO OS TRS TIPOS DE AO: ESTTICA, DINMICA E PSICOLGICA (Aula Dupla) Escreva palavras (verbo, substantivo, adjetivo ou advrbio) que indiquem ao dinmica: dana, correr, depressa. Agora, ao psicolgica: pensar, sonho, calmamente. Palavras que indiquem ao esttica: aposentar, parado, poste. NOTA SOCIAL Carlos Drummond de Andrade O poeta chega na estao. O poeta desembarca. O poeta toma um auto. O poeta vai para o hotel. E enquanto ele faz isso como qualquer homem da terra, uma ovao o persegue feito vaia. Bandeirolas abrem alas. Bandas de msica. Foguetes. Discursos. Povo de chapu de palha. Mquinas fotogrficas assestadas. Automveis imveis. Bravos... O poeta est melanclico. Numa rvore do passeio pblico (melhoramento da atual administrao) rvore gorda, prisioneira de anncios coloridos, rvore banal, rvore que ningum v canta uma cigarra. Canta uma cigarra que ningum ouve um hino que ningum aplaude. Canta, no sol danado.

O poeta entra no elevador o poeta sobe o poeta fecha-se no quarto. O poeta est melanclico. Discusso oral: procurando situar, no poema, a ao dinmica do personagem e do povo; quando a ao verbal, quando nominal; contraste da ao psicolgica do povo e do poeta; a ao da cigarra e do povo, com relao a ela e seu canto; fora dos perodos curtos, tipo manchete de jornal. Pense na ao de um jogador de futebol, aps uma partida em que brilhou e escreva:

MDULO 19 A AUSENTE Augusto Frederico Schmidt Os que se vo, vo depressa, Ontem, ainda, sorria na espreguiadeira. Ontem dizia adeus, ainda, da janela. Ontem vestia, ainda, o vestido to leve cr-de-rosa. Os que se vo, vo depressa. Seus olhos grandes e pretos h pouco brilhavam, Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava, Suas mos morenas tinham gestos de bnos. No entanto hoje, na festa, ela no estava. Nem um vestgio dela, sequer. Decerto sua lembrana nem chegou, como os convidados Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos. Os que se vo, vo depressa. Mais depressa que os pssaros que passam no cu, Mais depressa que o prprio tempo, Mais depressa que a bondade dos homens, Mais depressa que os trens correndo nas noite escuras, Mais depressa que a estrela fugitiva Que mal faz um trao no cu. Os que se vo, vo depressa. S no corao do poeta, que diferente dos outros coraes, S no corao sempre ferido do poeta que no vo depressa os que se vo. Ontem ainda sorria na espreguiadeira, E o seu corao era grande e infeliz. Hoje, na festa ela no estava, nem a sua lembrana. Vo depressa, to depressa os que se vo... comentrio oral: A ao dinmica da morte, a ao psicolgica do poeta sentindo a amada; como ele fala de todos os mortos e, depois, da amada; palavras que indiquem o dinamismo e onde ele concentra a ao psicolgica do poeta; efeito das repeties e das comparaes; o clima de tristeza que envolve todo o texto; detalhes da morta que ficaram marcantes no esprito do poeta. Escreva, rapidamente, um monlogo (ao psicolgica) de algum diante de um momento de dor ou de alegria:

Agora, observe a ao predominante no narrador desse poema sem ttulo de Fernando Pessoa: De aqui a pouco acaba o dia. No fiz nada. Tambm, que coisa que faria? Fosse a que fosse, estava errada. De aqui a pouco a noite vem. Chega em vo Para quem como eu s tem Para contar o corao. E aps a noite e irmos dormir Torna o dia. Nada farei seno sentir. Tambm que coisa que faria? Voc agora vai criar frases com situaes bastante estticas:

MDULO 20 REDAO PARA INTRODUO DO TEMPO CRONOLGICO E PSICOLGICO (Aula Dupla) Escreva o que sentir vontade, partindo das palavras: Ontem: Hoje: Amanh:

Domingo, 15 de Julho Helena Morley Hoje domingo poderia ter estudado as lies e feito meus exerccios, mas mame nos levou desde cedo para a Chcara e passou o dia no jogo da politaina com minhas tias at tarde. Ns na mesma brincadeira de sempre, os primos todos. Hoje deu-se uma coisa bem aborrecida, para ns todas. Mame e minhas tias acharam que nos deviam mandar, todas as primas, visitar Seu Carneiro pela morte da me dele. Mas antes de irmos, nos recomendaram que tivssemos modos e que fizssemos cara triste. Naninha tambm, como mais velha, no cessava de recomendar: "No faam cara de riso. Lembrem que visita de psames." S isto bastou para dar-se o pior que podia acontecer. Chegamos, subimos a escada, e batemos palmas na entrada da sala. Seu Carneiro veio abrir a porta vestido de sobrecasaca comprida e disse, com voz fanhosa: "Podem entrar; faam o favor." Nesse instante eu, que j vinha engasgada de vontade de rir, pus a mo na boca para me conter, mas no foi possvel. Dei uma risada to espremida que as outras no puderam resistir e descemos todas escada abaixo, num frouxo de riso que no parava mais. O homem ficou de p, no alto da escada, nos olhando espantado e sem saber o que era aquilo. Samos pela rua afora rindo e Naninha me xingando. Estou pensando agora no meu encontro com as filhas dele, que so minhas amigas e ho de querer que eu lhes explique a causa daquilo. Vou procurar inventar uma histria qualquer para lhes contar. Voc observou o texto, uma pgina de um dirio e a autora vai narrando os acontecimentos seqentes. Quando algum narra os acontecimentos em tempo marcado pelo relgio, tempo concreto (ontem/hoje/amanh - 1960/1961/1962 cedo/tarde/noite), no importa que o tempo esteja no presente ou no passado, o

tempo ser narrativo ou cronolgico. Vamos ver se acontece o mesmo no poema: PROFUNDAMENTE Manuel Bandeira QUANDO ontem adormeci Na noite de So Joo Havia alegria e rumor Estrondos de bombas luzes de Bengala Vozes cantigas e risos Ao p das fogueiras acesas No meio da noite despertei No ouvi mais vozes nem risos Apenas bales Passavam errantes Silenciosamente Apenas de vez em quando O rudo de um bonde Cortava o silncio como um tnel. Onde estavam os que h pouco Danavam Cantavam E riam Ao p das fogueiras acesas? - Estavam todos dormindo Estavam todos deitados Dormindo Profundamente Quando eu tinha seis anos No pude ver o fim da festa de So Joo Porque adormeci Hoje no ouo mais as vozes daquele tempo Minha av Meu av Totonio Rodrigues Tomsia Rosa Onde esto todos eles?

- Esto todos dormindo Esto todos deitados Dormindo Profundamente. O que voc notou nos versos grifados? Continuou o tempo cronolgico? Se o narrador rompeu a cronologia, voltou a um fato passado, geralmente provocado por um semelhante no presente, o tempo psicolgico. No confundir tempo psicolgico com ao psicolgica, ser sempre ao psicolgica se o narrador se lembrar de fatos passados, mas se os fatos tm seqncia narrativa, o tempo ser cronolgico. Assim, em "Profundamente", o tempo cronolgico (ontem/no meio da noite/hoje) e psicolgico nos versos 25, 26, 27 e, depois, 29,30, 31, 32 e 33. DIA-A-DIA Elias Jos Segunda-feira. Hoje tenho que juntar cacos do que fui. Preciso de ternura urgente para conseguir colocar coisas e sorrisos nos devidos lugares. Tantos gestos estudados para aturar o jantar, os parentes, os amigos, ela... Tera-feira. Qualquer coisa me diz que mesmo o fim. O telefone tocou e tudo foi to frio. como as coisas se transformam sem a gente esperar! Quarta-feira. Se a gente tivesse coragem, seria tudo mais claro. Bastaria um bate-papo franco. Mais uma vez simulamos, enfeitamos palavras duras para que elas, despersonalizadas, fossem ferindo aos poucos. Quinta-feira. Usque. Cigarros. Amigos sugerindo sadas menos dramticas. Na eletrola uma msica que antes dizia tanto. O garon me lembra o que o dinheiro pode. Se eu no tivesse nada, seria mais fcil testar sinceridades. Talvez ela e eles, garons e amigos, nunca sabero o que sou e valho, s o que eu tenho. Sexta-feira. Encontramos, mas nada acrescentou ou diminuiu. Os mesmos abraos e insultos, alegrias raras e longos momentos de tristeza. Depois, uma nusea talvez maior. Sbado. Marquei encontros. Precisava transbordar-me em companhias, chatas ou no. No podia ficar s. comprei um livro e no sa de casa. Preciso me acostumar com a falta de gente. Preciso muito de falar comigo. Acertar ponteiros..

Domingo. Novo almoo em famlia, com