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Livro sobre Kant Kant: Vida e Doctrina, de Ernest Cassirer Notas e fichamento do livro Prólogo: O livro propõe-se a traçar um panorama do conjunto da totalidade do pensamento kantiano. Destacar a essência do sistema kantiano e dos traços gerais. (pg. 7) Não se perde nada o conhecimento da individualidade de Kant. A verdade e substancial fisionomia deste filósofo e deste homem deve ser buscada naqueles traços fundamentais do seu espírito e do seu caráter sobre os quais descansa também sua originalidade criadora como filósofo, como pensador. (pg 8) Os contornos externos da vida de Kant só interessam aqui na medida em que eles se revelam e manifestam aquilo que é verdadeiramente decisivo na existência deste homem: a essência e a trajetória do seu pensamento central. (pg. 9) Nenhum expositor de sua doutrina pode transimitir a linha divisória claramente traçada por Kant em palavras anteriores. A única simplificação que está objetivamente justificada e é admissível consiste em apresentar de modo mais destacado possível aquela estrutura do sistema de que o próprio Kant fala e separa todo os possíveis conceitos essenciais de tudo o que seja dados fortuitos de caráter histórico e pessoal. Pois não resta a menor dúvida de que a articulação lógica e intrínseca do sistema kantiano não coincide precisamente com o esquematismo da exposição e da terminologia empregadas por Kant, fazendo-se necessário recorrer a análises internas e históricas para poder separar ambas as coisas. (pg 9) A filosofia crítica, que não trata de proclamar nenhum dogma metafísico, senão singelamente assinalar um caminho e estabelecer um método de investigação filosófica. O próprio Kant disse uma vez que em filosofia não existiria “autores clássicos”.(pg. 11)

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Page 1: Livro Sobre Kant

Livro sobre Kant

Kant: Vida e Doctrina, de Ernest Cassirer

Notas e fichamento do livro

Prólogo:

O livro propõe-se a traçar um panorama do conjunto da totalidade do pensamento kantiano. Destacar a essência do sistema kantiano e dos traços gerais. (pg. 7)

Não se perde nada o conhecimento da individualidade de Kant. A verdade e substancial fisionomia deste filósofo e deste homem deve ser buscada naqueles traços fundamentais do seu espírito e do seu caráter sobre os quais descansa também sua originalidade criadora como filósofo, como pensador. (pg 8)

Os contornos externos da vida de Kant só interessam aqui na medida em que eles se revelam e manifestam aquilo que é verdadeiramente decisivo na existência deste homem: a essência e a trajetória do seu pensamento central. (pg. 9)

Nenhum expositor de sua doutrina pode transimitir a linha divisória claramente traçada por Kant em palavras anteriores. A única simplificação que está objetivamente justificada e é admissível consiste em apresentar de modo mais destacado possível aquela estrutura do sistema de que o próprio Kant fala e separa todo os possíveis conceitos essenciais de tudo o que seja dados fortuitos de caráter histórico e pessoal. Pois não resta a menor dúvida de que a articulação lógica e intrínseca do sistema kantiano não coincide precisamente com o esquematismo da exposição e da terminologia empregadas por Kant, fazendo-se necessário recorrer a análises internas e históricas para poder separar ambas as coisas. (pg 9)

A filosofia crítica, que não trata de proclamar nenhum dogma metafísico, senão singelamente assinalar um caminho e estabelecer um método de investigação filosófica. O próprio Kant disse uma vez que em filosofia não existiria “autores clássicos”.(pg. 11)

“ O primeiro que necessitamos é estar em consonância conosco mesmo e estarmos sempre em condições, senão de eliminar, pelo menos de neutralizar as desarmonias que nos impõem desde fora.” Estas palavras parecem senalada com toda força uma das metas essenciais que a investigação e exposição científica da vida de Kant devem perseguir. Um estudo como este não pode propor-se, realmente, ao mero relato do sucesso e das vicissitudes de ordem externa, pois seu verdadeiro encanto e a verdadeira dificuldade do problema em sua essência consiste em por em manifesto e fazer patente a “forma da vida” que corresponde a esta forma de ensinamento.

Os problemas da filosofia de Kant não se circunscrevem, nem podem encerrar-se, dentro do círculo da personalidade de Kant. Revelam-se melhor dentro de uma lógica substantiva, que e a lógica mesma da coisa. Vive dentro de um conteúdo ideal sobreposto a todas as fronteiras do tempo e a todas as barreiras de caráter subjetivo-pessoal e que penetra uma existência objetiva que tem em si mesma seu fundamento. (pg. 16)

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E, sem embargo, de outra parte, nos encontramos com a relação entre a “forma de ensinamento” e a “forma de vida”, em Kant, não pode ser concebida de modo que a segunda apareça como exclusivamente como expoente e veículo passivo da primeira.

Na existência de Kant – Goethe supôs vê-lo indubitavelmente de um modo certo ou certeiro – o pensamento, com seu conteúdo objetivo e sua verdade objetiva, não só impera sobre a vida, senão que paralelamente infunde sua forma recebe dela sua forma própria e peculiar. Estamos diante de uma relação acusada de interdependência, em que cada um dos fatores que mutuamente se influenciam é, igualmente, fator determinante de determinado.