Livro_Conservação Ambiental (2)

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  • Conservao AmbientalCarmen Ballo Watanabe

    2011Curitiba-PR

    PARAN

  • Matemtica Ie-Tec Brasil 2

    Catalogao na fonte pela Biblioteca do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia - Paran

    INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA - PARAN - EDUCAO A DISTNCIAEste Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paran para o Sistema Escola Tcnica Aberta do Brasil - e-Tec Brasil.

    Presidncia da Repblica Federativa do Brasil

    Ministrio da Educao

    Secretaria de Educao a Distncia

    Prof. Irineu Mario ColomboReitor

    Prof. Mara Christina Vilas BoasChefe de Gabinete

    Prof. Ezequiel WestphalPr-Reitoria de Ensino - PROENS

    Prof. Gilmar Jos Ferreira dos SantosPr-Reitoria de Administrao - PROAD

    Prof. Paulo Tetuo YamamotoPr-Reitoria de Extenso, Pesquisa e Inovao - PROEPI

    Neide AlvesPr-Reitoria de Gesto de Pessoas e Assuntos Estudantis - PROGEPE

    Prof. Carlos Alberto de vilaPr-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional - PROPLADI

    Prof. Jos Carlos CiccarinoDiretor Geral de Educao a Distncia

    Prof. Ricardo HerreraDiretor de Planejamento e Administrao de Educao a Distncia

    Prof Mrcia Freire Rocha Cordeiro MachadoDiretora de Ensino, Pesquisa e Extenso de Educao a Distncia

    Prof Cristina Maria AyrozaCoordenadora Pedaggica de Educao aDistncia

    Prof. Monica BeltramiCoordenadora do Curso

    Prof. Srgio Silveira de BarrosVice-coordenador do Curso

    Adriana Valore de Sousa BelloCassiano Luiz GonzagaDenise Glovaski Faria SoutoRafaela VarellaAssistncia Pedaggica

    Prof Ester dos Santos OliveiraLidia Emi Ogura FujikawaProf Izabel Regina BastosProf Maria Angela da MottaReviso Editorial

    Eduardo Artigas AntoniacomiDiagramao

    e-Tec/MECProjeto Grfico

  • e-Tec Brasil

    Apresentao e-Tec Brasil

    Prezado estudante,

    Bem-vindo ao e-Tec Brasil!

    Voc faz parte de uma rede nacional pblica de ensino, a Escola Tcnica

    Aberta do Brasil, instituda pelo Decreto n 6.301, de 12 de dezembro 2007,

    com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino tcnico pblico, na

    modalidade a distncia. O programa resultado de uma parceria entre o

    Ministrio da Educao, por meio das Secretarias de Educao a Distncia

    (SEED) e de Educao Profissional e Tecnolgica (SETEC), as universidades e

    escolas tcnicas estaduais e federais.

    A educao a distncia no nosso pas, de dimenses continentais e grande

    diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao

    garantir acesso educao de qualidade, e promover o fortalecimento da

    formao de jovens moradores de regies distantes, geograficamente ou

    economicamente, dos grandes centros.

    O e-Tec Brasil leva os cursos tcnicos a locais distantes das instituies de

    ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a

    concluir o ensino mdio. Os cursos so ofertados pelas instituies pblicas

    de ensino e o atendimento ao estudante realizado em escolas-polo

    integrantes das redes pblicas municipais e estaduais.

    O Ministrio da Educao, as instituies pblicas de ensino tcnico, seus

    servidores tcnicos e professores acreditam que uma educao profissional

    qualificada integradora do ensino mdio e educao tcnica, capaz

    de promover o cidado com capacidades para produzir, mas tambm com

    autonomia diante das diferentes dimenses da realidade: cultural, social,

    familiar, esportiva, poltica e tica.

    Ns acreditamos em voc!

    Desejamos sucesso na sua formao profissional!

    Ministrio da Educao

    Janeiro de 2010

    Nosso contato

    [email protected]

  • Indicao de cones

    Os cones so elementos grficos utilizados para ampliar as formas de

    linguagem e facilitar a organizao e a leitura hipertextual.

    Ateno: indica pontos de maior relevncia no texto.

    Saiba mais: oferece novas informaes que enriquecem o assunto ou curiosidades e notcias recentes relacionadas ao

    tema estudado.

    Glossrio: indica a definio de um termo, palavra ou expresso utilizada no texto.

    Mdias integradas: sempre que se desejar que os estudantes desenvolvam atividades empregando diferentes mdias: vdeos,

    filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.

    Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes nveis de aprendizagem para que o estudante possa

    realiz-las e conferir o seu domnio do tema estudado.

    e-Tec Brasil

  • e-Tec Brasil

    Sumrio

    Palavra do professor-autor 13

    Aula 1 O meio ambiente 151.1 O meio ambiente 15

    1.2 Conceitos de meio ambiente 18

    Aula 2 - A abordagem naturalista do meio ambiente 212.1 A abordagem naturalista do meio ambiente 21

    Aula 3 - A abordagem sistmica do meio ambiente 233.1 O sistema meio ambiente 23

    3.2 Transio da abordagem naturalista para a abordagem sistmica do meio ambiente 24

    Aula 4 - O estado de equilbrio de um sistema 274.1 O equilbrio do sistema 27

    4.2 Do que depende o equilbrio de um sistema? 28

    Aula 5 - A relao homem/natureza nos estgios iniciais do desenvolvimento humano 31

    5.1 Coleta, caa e pesca 31

    5.2 Pastoreio 31

    5.3 Agricultura 32

    Aula 6 - A Relao homem/natureza nos recentes estgios do desenvolvimento humano 33

    6.1 Industrializao e urbanizao 33

    6.2 Uma breve concluso sobre a interferncia humana na natureza 33

    Aula 7 A conservao do meio ambiente 35

    Aula 8 Consumo versus meio ambiente 398.1 O consumo 39

    Aula 9 O consumo no uma escolha livre 439.1 Liberdade de consumo 43

    9.2 O consumo de signos (marcas) 43

    9.3 A busca da renovao dos valores sociais 44

  • e-Tec Brasil

    Aula 10 Conservao dos recursos naturais e gerenciamento de resduos 47

    10.1 Do que depende a conservao dos recursos naturais? 47

    10.2 A problemtica dos resduos slidos no Brasil 49

    Aula 11 Problemas ambientais 5311.1 Os principais problemas ambientais 53

    Aula 12 O fenmeno poluio 5512.1 Poluio 55

    12.2 O conceito de poluio na legislao brasileira 56

    12.3 A poluio resultante da industrializao 56

    Aula 13 O controle ambiental do ar 5913.1 Controle ambiental do ar 59

    13.2 A atmosfera limpa 60

    13.3 Efeitos da poluio do ar 62

    13.4 Medidas de preveno e controle da qualidade do ar 62

    Aula 14 Controle ambiental do solo 6514.1 Problemas relacionados degradao do solo 65

    Aula 15 Controle ambiental da gua 6915.1 Conceitos fundamentais 69

    15.2 Ciclo hidrolgico 69

    15.3 Hidrologia 70

    15.4 Distribuio e disponibilidade da gua no planeta 70

    Aula 16 Classificao, uso e poluio das guas 7316.1 Resoluo CONAMA 357/05 classificao

    das guas 73

    16.2 A poluio das guas 76

    16.3 Os efeitos da poluio das guas 76

  • e-Tec Brasil

    Aula 17 O processo de conscientizao mundial 7717.1 O processo de construo de uma conscincia sobre

    a conservao ambiental 77

    17.2 O Fordismo foi responsvel pelo crescimento da preocupao com o meio ambiente 78

    17.3 Limites do crescimento econmico: a ideia de crescimento zero 79

    17.4 A temtica ambiental na Conferncia de Estocolmo,1972 79

    Aula 18 Desenvolvimento sustentvel 8118.1 A busca pelo desenvolvimento sustentvel 81

    Aula 19 A relao entre a indstria e o meio ambiente 85

    19.1 Indstria e meio ambiente 85

    Aula 20 Gesto ambiental 8920.1 A gesto ambiental 89

    20.2 Histrico da gesto ambiental no Brasil 91

    20.3 A gesto ambiental brasileira na segunda metade do sculo XX 91

    20.4 Tratados mundiais de conservao ambiental 93

    20.5 Aes nacionais para a conservao do meio ambiente 93

    20.6 O novo perfil da gesto ambiental brasileira 94

    20.7 Vantagens da gesto ambiental 94

    Aula 21 Instrumentos de gesto ambiental 9521.1 Os instrumentos de gesto ambiental 95

    21.2 Avaliao de impacto ambiental 95

    21.3 Anlise do ciclo de vida 96

    21.4 Rtulo ecolgico 96

    21.5 Ecodesign 97

    21.6 Auditoria ambiental 97

    21.7 Avaliao de desempenho ambiental 97

  • e-Tec Brasil

    Aula 22 Sistema de gesto ambiental 9922.1 O Sistema de Gesto Ambiental (SGA) 99

    22.2 Objetivos de um Sistema de Gesto Ambiental 100

    Aula 23 Documentos relativos aos instrumentos de gesto ambiental 101

    23.1 Normas ISO 14000 101

    23.2 Benefcios econmicos resultantes da gesto ambiental 102

    23.3 Crditos no interior resultantes da gesto ambiental 103

    23.4 Vantagens do SGA para a empresa 103

    Aula 24 Aspectos legais do meio ambiente 10524.1 Aspectos legais do meio ambiente 105

    24.2 Histrico do direito ambiental 105

    24.3 A legislao ambiental na modernidade 106

    24.4 A proteo ambiental no mbito jurdico 107

    Aula 25 Aspectos institucionais e regulamentadores do meio ambiente 109

    25.1 A poltica nacional do meio ambiente 109

    25.2 Objetivos da Poltica Nacional do Meio Ambiente 109

    25.3 O Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA 110

    25.4 Os instrumentos da poltica nacional do meio ambiente 112

    Aula 26 Sistemtica a seguir na preparao de um estudo de proteo do meio ambiente 115

    26.1 Preveno de acidentes ao meio ambiente 115

    26.2 Conceito de acidente 115

    26.3 Exemplos de acidentes ambientais 115

    26.4 - Estudo de proteao ao meio ambiente 116

    26.5 Preveno 116

    26.6 Princpios gerais da preveno 117

    26.7 Controle 117

  • e-Tec Brasil

    Aula 27 Plano de controle de emergncias ou plano de contingncia 119

    27.1 O plano de controle de emergncia ou plano de contingncia 119

    Aula 28 Estudo de impactos ambientais 12328.1 O conceito de Impacto Ambiental 123

    28.2 Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 124

    28.3 Avaliao de impacto ambiental 125

    Aula 29 Licenciamento ambiental 12729.1 O que Licenciamento Ambiental? 127

    29.2 Tipos de licena 128

    Aula 30 Recuperao e controle de ambientes degradados e/ou poludos 131

    30.1 Recuperao de ambientes degradados 131

    30.2 O que so reas degradadas? 136

    30.3 Como recuperar as reas degradadas? 136

    30.4 Identificao de problemas potenciais 137

    30.5 A aplicao do plano de gesto 138

    Referncias 139

    Atividades autoinstrutivas 143

    Currculo do professor-autor 165

  • e-Tec Brasil13

    Prezado (a) aluno (a),

    A conservao ambiental assumiu posio de destaque na pauta das

    discusses internacionais.

    evidente que o final do sculo XX representou um momento de rompimento

    com o descaso em relao questo ambiental. Diversos eventos mundiais

    foram promovidos com o intuito de discutir o futuro do Planeta. A concluso

    foi unnime e o desenvolvimento sustentvel foi apontado como um meio

    especfico para esse fim.

    Desde ento cresceu a conscientizao ambiental. Diferentes agentes da

    sociedade (governo, cientistas, estudantes, empresrios, etc.) passaram a

    controlar suas aes sobre o meio ambiente visando o retorno ao equilbrio

    ambiental.

    As empresas estimuladas pela aquisio de certificaes ambientais, que

    passaram a ser consideradas um elemento de competitividade, alteraram os

    padres de descarte de seus resduos e emisses poluentes. O atendimento

    legislao foi outro fator que levou as empresas reduo dos impactos ao

    meio ambiente, tornando indispensvel a atuao de profissionais atuantes

    na rea ambiental.

    Dentro desse contexto, a disciplina Conservao Ambiental foi inserida no

    Curso Tcnico em Segurana do Trabalho, com o objetivo de apresentar e

    discutir temas que auxiliaro voc a enfrentar os problemas ambientais que,

    porventura, possam surgir na empresa onde atuar.

    Bom trabalho!

    Prof Dr Carmen Ballo Watanabe

    Palavra do professor-autor

  • e-Tec Brasil15

    Aula 1 O meio ambiente

    Nesta primeira aula, o objetivo ser conceituar o meio ambiente, para que

    possamos seguir um nico entendimento durante nossas discusses e aes

    em prol da melhoria da qualidade de vida.

    Segundo Watanabe, 2010 atualmente evidente que a gesto ambiental

    assumiu uma posio notria entre as preocupaes da sociedade, do governo

    e das empresas. A constante e crescente degradao ambiental atingiu

    propores alarmantes, colocando em questo a sustentabilidade do planeta.

    Diante desse contexto, a temtica ambiental passou a fazer parte do rol

    de disciplinas de diversos cursos, como o Curso Tcnico em Segurana do

    Trabalho. O Tema Meio Ambiente ser discutido nesta e nas prximas aulas

    que integram a presente disciplina, intitulada Conservao Ambiental.

    Conceito durante todas as nossas aulas.

    1.1 O meio ambiente

    Figura 1.1: Meio ambienteFonte: www.shutterstock.com

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 16

    As sociedades sempre estiveram em contato direto e permanente interao

    com o ambiente natural, fatos que se refletiram nas complexas inter-rela-

    es das prticas sociais e ambientais. Os resultados dessas inter-relaes

    frequentemente degradaram o meio natural e muitas vezes, se reverteram

    em perda da qualidade de vida para muitas sociedades. (WATANABE, 2010).

    O meio ambiente o conjunto de elementos naturais e sociais que intera-

    gem provocando alteraes no espao e no tempo.

    A queda da qualidade ambiental comeou a ser percebida com mais intensi-

    dade a partir do momento em que o meio ambiente passou a ser explorado

    demasiadamente, ocorrendo uma transformao dos ecossistemas naturais

    em ecossistemas humanos.

    Antes de verificarmos detalhadamente como essa mudana aconteceu se

    faz necessrio discutirmos o conceito de meio ambiente. Embora esteja em

    voga esse conceito nem sempre assimilado de maneira correta. Muitas pessoas associam o meio ambiente natureza, no entanto esses termos no

    so sinnimos.

    E para voc, o que meio ambiente?

    Espero que a sua resposta no tenha sido a mesma dada pela maioria dos

    brasileiros que afirmaram, no final da dcada de 90, que o meio ambiente

    a prpria natureza.

    Em 1998, o Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica (Ibope) rea-

    lizou uma pesquisa para saber o que os brasileiros pensavam sobre o meio

    ambiente. O resultado revelou que para a maioria dos entrevistados o meio

    ambiente era formado apenas pela fauna e flora, ou seja, no se sentiam

    parte integrante do mesmo.

    E voc, se sente includo no meio ambiente?

    Vamos aos conceitos!

    O Meio Ambiente pode ser considerado um conceito de mltiplas facetas, isto , pode ser analisado a partir de diversos aspectos. Cabeda (2000), ao discutir esse conceito, destaca que o meio ambiente se aplica:

    Voga:Ato ou efeito de vogar. Pr em

    voga, tornar muito aceito ou conhecido; propagar.

  • e-Tec BrasilAula 1 - O meio ambiente 17

    Fato um rio desgua no mar, um homem pega o nibus, e outros. Lugar uma praa, um parque, e outros. Fenmemos chuva de granizo, mortalidade de peixes, e outros. Constataes perda de biodiversidade, aquecimento global e outros. Produtos ou substncias bio-combustveis, clorofluorcarbono e outros. Processos eroso do solo, eutrofizao de um rio e outros. Estado qualidade do ar, salubridade de um habitat e outros. Problemas poluio hdrica, vazamento de gs txico de indstria qumica

    e outros.

    Atividades adubao, minerao e outros. Procedimentos realizao de um estudo de impacto ambiental e outros. Impacto ou efeito chuvas cidas e degradao da floresta, buraco na

    camada de oznio e cncer de pele e outros.

    Interveno tratamento de efluentes, controle do nvel de rudo e vibrao e outros.

    Estratgias programas de educao ambiental, criao de reservas naturais, gerao de taxas ambientais e outros.

    Instituies Ministrio do Meio Ambiente, IBAMA, rgos ambientais estaduais e municipais.

    Vejamos algumas imagens que representam os elementos naturais e sociais que integram o meio ambiente:

    Figura 1.2: Elementos naturais e sociaisFonte: http://www.bcio.orgFonte: http://www.webwallpapers.netFonte: http://www.inetgiant.com.brFonte: http://sobain.deviantart.com

    Eutrofizao:Enriquecimento da gua, doce ou salgada, atravs de elemen-tos nutritivos que aceleram o crescimento de algas e outros vegetais, provocando uma de-gradao da qualidade da gua em questo.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 18

    Portanto, o entendimento sobre o Meio Ambiente vai muito alm de uma

    concepo natural, envolve tanto aspectos naturais como sociais, conforme

    veremos a seguir.

    1.2 Conceitos de meio ambienteSegundo Sachs (1986), o meio ambiente formado por trs subconjun-tos que interagem: a natureza, a tcnica e a sociedade.

    Para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais - IBAMA

    (1994), o meio ambiente o conjunto de elementos naturais e sociais que interagem provocando alteraes no espao e no tempo.

    Outro conceito de meio ambiente, considerado de grande importncia,

    constitudo na Conferncia de Tbilisi (Gergia), em 1977, considera o meio

    ambiente como o conjunto de sistemas naturais e sociais em que vi-vem o homem e os demais organismos e de onde obtm sua subsis-tncia (IBAMA, 1994).

    Para efeitos legais, segundo o inciso I do Art. 3 da Poltica Nacional do

    Meio Ambiente, o meio ambiente deve ser entendido como o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica, qumica e biolgica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

    Notamos que a definio legal procurou abranger todas as formas de vida

    sobre o planeta, assim como englobou os aspectos sociais ao defini-lo como

    um conjunto em que so processadas interaes de seus elementos entre si

    e destes com o meio, dentre os quais est o homem.

    O meio ambiente no somente o conjunto de elementos naturais, muito

    mais do que isso, conforme acabamos de ver.

    O conceito de meio ambiente evoluiu muito no decorrer dos tempos. Em

    primeiro lugar foi considerado apenas sob seus aspectos biolgicos e fsicos,

    passando a uma concepo mais ampla que leva em conta a interao entre

    os aspectos naturais e sociais (Watanabe, 2002).

    ResumoNesta aula percebemos que o conceito de meio ambiente evoluiu de acordo

    com o desenvolvimento humano. Constatamos que o meio ambiente difere

    da natureza, pois a natureza apenas um dos elementos que o compem,

    juntamente com a tcnica e a sociedade.

    Para saber mais sobre o IBAMA acesse o site: www.ibama.gov.br

  • e-Tec BrasilAula 1 - O meio ambiente 19

    Atividades de aprendizagemDiscuta com seus colegas as seguintes questes:

    1. Justifique a afirmao de Sachs: O meio ambiente formado por trs subconjuntos que interagem: a natureza, a tcnica e a sociedade.

    2. Entreviste trs pessoas perguntando-lhes: O que Meio Ambiente? Anote as respostas. Rena-se com seus colegas e discuta a viso dos entrevistados.

    Anotaes

  • e-Tec Brasil21

    Conforme vimos na aula anterior, o conceito de Meio Ambiente evoluiu

    muito no decorrer do tempo. Desta maneira, importante conhecermos

    as diferentes abordagens que fundamentaram e fundamentam a questo

    ambiental. Portanto, o objetivo desta aula ser analisar a abordagem

    naturalista do meio ambiente.

    2.1 A abordagem naturalista do meio ambiente

    A abordagem naturalista do meio ambiente predominou nas cincias naturais e humanas desde o sculo XVI at meados do sculo XX, devido concepo cartesiana adotada pelas mesmas.

    O cartesianismo, derivado da filosofia de Ren Des-

    cartes (15961650), est fundamentado no princpio

    de que objeto e sujeito so partes distintas, ocor-rendo o mesmo com a natureza e a cultura.

    Figura 2.1: Ren DescartesFonte: http://fabiomesquita.wordpress.com Essa separao dos elementos foi apontada como

    um dos principais motivos da degradao

    ambiental, pois o homem assumiu uma posio de superioridade, entendendo

    que estava separado do meio natural.

    Com o desenvolvimento da Teoria Geral dos Sistemas o meio ambiente

    passou a ser estudado como um sistema.

    Foi somente a partir da dcada de 1960, com o desenvolvimento da Teoria Geral dos Sistemas, proposta nos anos 1950 por Von Bertalanffy, que o meio ambiente passou a ser estudado como um conjunto de elementos naturais e sociais, ou seja, o homem foi includo como parte integrante do mesmo, conforme veremos na prxima aula.

    Para saber mais sobre o Cartesianismo acesse: http://www.infoescola.com/filosofia/cartesianismo

    Aula 2 A abordagem naturalista do meio ambiente

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 22

    Voc sabia?

    Karl Ludwig Von Bertalanffy, bilogo austraco, nascido em 1901, desenvolveu os seus estudos em Biologia, interessando-se pelo

    desenvolvimento dos organismos. Ope-se s concesses mecanicistas

    do Mundo e da cincia vigentes na poca. Na dcada de 30 desenvolve

    o fundamental da sua teoria: o ser humano e os animais funcionam como

    um todo, como um sistema. Em 1950 publica uma srie de artigos onde

    desenvolve a noo de sistema aberto que constituir a base da Teoria

    Geral dos Sistemas. Em 1954 funda, com um grupo de amigos, a Society for General Systems Research com o objetivo de aprofundar o estudo da Teoria dos Sistemas. Em 1968 publica a sua obra fundamental - General System Theory - onde perspectiva a aplicao da sua teoria Matemtica, s Cincias da Natureza, s Cincias Sociais, etc. Manteve intensa atividade

    na defesa das suas concesses at a data da sua morte, em 1972.

    ResumoNesta aula vimos que o meio ambiente, em sua concepo naturalista, foi

    explorado alm de sua capacidade de regenerao. Vimos tambm que a

    abordagem naturalista cedeu lugar a uma nova concepo de meio am-

    biente, na qual o homem passou a ser parte integrante. Percebemos que foi

    somente a partir da dcada de 1960 que o meio ambiente passou a ser visto

    de forma sistmica.

    Atividades de aprendizagemResponda as seguintes questes:

    1. Quais foram s implicaes da viso reducionista ao meio ambiente?

    2. Pesquise os fundamentos da Teoria Geral dos Sistemas e redija um texto de at 10 linhas explicando sua influncia nas cincias voltadas questo

    ambiental.

  • e-Tec Brasil23

    Aula 3 A abordagem sistmica do meio ambiente

    Conforme vimos na aula anterior, a abordagem naturalista cedeu lugar

    a uma nova concepo de meio ambiente, na qual o homem passou a

    ser parte integrante. Sendo assim, nesta aula analisaremos a abordagem

    sistmica do meio ambiente, para que possamos compreender o processo

    de transio da abordagem naturalista para a sistmica.

    3.1 O sistema meio ambienteA abordagem sistmica foi adotada como mtodo cientfico por diversos ramos do conhecimento, com o objetivo de promover uma anlise integrada

    do meio ambiente, ou seja, analis-lo como um sistema.

    De acordo com Almeida e Tertuliano (1999), um sistema pode ser enten-dido como um conjunto de elementos que interagem. Esse conjunto pode

    atingir um grau de organizao suficiente para assumir a funo do todo

    integrado.

    O avano decisivo da concepo sistmica da vida foi o de ter abandonado

    a viso cartesiana da mente como uma coisa, e de ter percebido que a mente

    e a conscincia no so coisas, mas processos. (CAPRA, 2003).

    Sobre o assunto Capra (2000) destaca que:

    Sistemas vivos incluem mais que organismos individuais e suas partes.

    Eles incluem sistemas sociais famlia ou comunidade - e tambm

    ecossistemas. Muitos organismos esto no apenas inscritos em

    ecossistemas, mas so eles mesmos ecossistemas complexos, contendo

    organismos menores que tm considervel autonomia e esto

    integrados harmonicamente no todo. Todos esses organismos vivos

    so totalidades cuja estrutura especfica surge das interaes e

    interdependncia de suas partes.

    Portanto, essa viso sistmica ou holstica diz respeito, essencialmente,

    interao e interdependncia de todos os aspectos ambientais: fsicos,

    biolgicos, econmicos, psicolgicos, religiosos, sociais e culturais.

    Ampliando seus conhecimentos...Para obter a obra parcial de Capra (2002) Conexes Ocultas acesse: http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=lC42rd54nWcC&oi=fnd&pg=PA7&dq=obra+de+capra+conex%C3%B5es+ocultas&ots=-WNryTQXYr&sig=V7G0i5NtB1lwW9ZjwKPpb3HlsmQ#v=onepage&-q=obra%20de%20capra%20conex%C3%B5es%20ocultas&f=false

    Assista a entrevista exclusiva com o fsico e ambientalista Fritjof Capra, considerado um dos mais renomados representantes do pensamento ecolgico da atualidade.Acesso em: http://www2.tvcultura.com.br/reportereco/materia.asp?materiaid=338

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 24

    3.2 Transio da abordagem naturalista para a abordagem sistmica do meio ambiente

    A abordagem sistmica do meio ambiente vem substituindo a viso reducio-

    nista, derivada do cartesianismo, nas diversas reas do conhecimento cien-

    tfico, por permitir:

    A construo de um esquema relacional e dinmico.

    Uma viso em longo prazo.

    O aumento da abordagem local e global.

    O planejamento de diversas solues.

    O desenvolvimento de um processo multidimensional, interdisciplinar e transdisciplinar.

    A abordagem sistmica passou a ser adotada como mtodo de anlise da

    problemtica ambiental, conforme observamos na figura 3.1.

    Figura 3.1: Abordagem sistmica de uma problemtica ambiental.Fonte: Versalhes (2005), adaptado por Watanabe (2008)

    ResumoNesta aula pudemos perceber que a partir do momento em que o meio am-

    biente passou a ser analisado de forma sistmica, mais ateno foi dada

    questo ambiental, buscando-se assim o equilbrio ambiental.

  • e-Tec BrasilAula 3 - A abordagem sistmica do meio ambiente 25

    Atividades de aprendizagemPara fazer em grupo:

    1. Identifiquem um problema ambiental existente em seu municpio. Discu-tam-no e elaborem um esquema de abordagem sistemtica do problema

    ambiental identificado.

    2. Qual o diferencial da abordagem sistmica em relao abordagem reducionista?

    Anotaes

  • e-Tec Brasil27

    Aula 4 O estado de equilbrio de um sistema

    Conforme estudamos na aula anterior, um sistema pode ser entendido

    como um conjunto de elementos que interagem. Considerando que o Meio

    Ambiente um sistema, importante entendermos como este se mantm

    em estado de equilbrio, portanto, o objetivo desta aula ser de conhecer o

    estado de equilbrio de um sistema.

    4.1 O equilbrio do sistemaO estado de equilbrio de um sistema

    est diretamente relacionado ao es-

    tado de todos os elementos, pois so

    interdependentes. Seu estado pode

    ser avaliado por sua organizao, composio e fluxo de energia e matria. A mensurao do estado pode ser obtida atravs das variveis

    apresentadas pelo sistema em deter-

    minado momento. Quando a estru-

    tura e as relaes apresentam valores

    aproximadamente constantes das

    variveis, em razo da adaptao dos Figura 4.1:EquilbrioFonte: http://criacoescaseiras.blogspot.com

    inputs (entradas) dizemos que o sis-tema est em estado estacionrio ou

    constante. Ocorrendo alteraes nos inputs ao ponto do sistema no possuir capacidade de absorv-los haver mudana de estado, mas o sistema tende

    a se ajustar novamente. Por exemplo: quando ocorre a disposio de efluen-

    tes sem tratamento em um rio, esse sistema alterado pela quantidade ex-

    cessiva de poluentes, mas tende a retornar ao seu estado de equilbrio em

    longo prazo, caso o lanamento no ocorra novamente.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 28

    4.2 Do que depende o equilbrio de um sistema?

    O equilbrio de um sistema depende da perfeita adaptao das variveis in-

    ternas s condies externas. Quando as condies externas no mudam, o

    equilbrio pode chegar condio esttica de mxima entropia. Esse estado

    de estabilidade ser atingido quando o prprio sistema fizer os ajustes das

    entradas e sadas de matria e energia. Voltando ao exemplo do rio, caso

    no ocorra contaminao das guas, o sistema estar em estado de equi-

    lbrio, fazendo os ajustes de maneira natural, isto , as entradas no sero

    superiores a sua capacidade de absoro.

    A quantidade de matria e energia fornecida ao sistema varia de acordo com

    o evento. Os valores expressos por essas quantidades representam a magni-

    tude da interferncia no sistema.

    Quanto maior for o nmero de conexes com o ambiente maior ser o

    nmero de fontes e de estmulos passveis de afetar o sistema, mas tambm

    ser maior a sua organizao.

    Quando a magnitude do evento ultrapassa a capacidade de absoro do

    sistema o estado de equilbrio rompido. A readaptao, ou seja, a transio

    de um estado de equilbrio para outro, depender do grau de abertura do

    sistema, pois s ocorre em sistemas abertos. Quanto maior for o nmero

    de conexes com o ambiente maior ser o nmero de fontes e de estmulos

    passveis de afetar o sistema, mas tambm ser maior a sua organizao.

    (ALMEIDA; TERTULIANO, 1999).

    Segundo os mesmos autores, o tempo de readaptao do sistema contro-

    lado principalmente por fatores como:

    A resistncia dos elementos s alteraes do sistema;

    A complexidade do sistema;

    A magnitude do evento.

    ResumoNesta aula verificamos que o estado de equilbrio de um sistema ambiental

    pode ser avaliado por sua organizao, composio, fluxo de energia e ma-

    tria. Vimos tambm que o equilbrio de um sistema depende da perfeita

    adaptao das variveis internas s condies externas.

  • e-Tec BrasilAula 4 - O estado de equilbrio de um sistema 29

    Atividades de aprendizagemResponda as seguintes questes:

    1. Do que depende o equilbrio de um sistema ambiental?

    2. Sabendo que a mensurao do estado de um sistema ambiental pode ser obtida atravs das variveis apresentadas pelo sistema em determinado

    momento, cite exemplo de variveis que podem interferir no estado de

    equilbrio de um rio.

    Anotaes

  • e-Tec Brasil31

    Aula 5 A relao homem/natureza nos estgios iniciais do desenvolvimento humano

    O objetivo desta aula ser analisar as principais alteraes ocasionadas ao

    meio ambiente pela ao do homem, observando sua evoluo histrica

    atravs dos seguintes estgios do desenvolvimento humano: coleta, caa

    e pesca.

    5.1 Coleta, caa e pescaNo primeiro estgio da evoluo

    humana a relao homem/natureza permaneceu equilibrada. A extrao dos recursos naturais respeitava os

    ritmos naturais do meio.

    Figura 5.1: Primeiro estgioFonte: http://www.arthursclipart.org

    No segundo estgio, o homem (Homo Erectus) que havia descoberto o fogo atuou como predador. Suas atividades

    perturbavam o equilbrio ecolgico, pois caava e pescava, mas no o suficiente para colocar em vias

    de extino as espcies animais.

    Figura 5.2: Segundo estgioFonte: http://maantunesemversoeprosa.blogspot.com

    5.2 PastoreioO terceiro estgio foi marcado pelo

    progresso do domnio humano sobre

    a natureza, com a domesticao de

    animais e a transformao de

    grandes extenses de florestas e

    savanas em campos de pastos, o que

    imprimiu grandes modificaes na paisagem natural.

    Figura 5.3: Terceiro estgioFonte: http://www.estadao.com.br

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 32

    Desde a Mesopotmia at a Idade Mdia o homem esqueceu seu lugar na

    natureza.

    5.3 AgriculturaO surgimento da agricultura

    marcou o incio do quarto estgio.

    Atravs da observao dos ciclos

    naturais de reproduo dos

    vegetais, o homem descobriu que

    podia criar ecossistemas artificiais

    para suprir suas necessidades.

    Desde a mesopotmia at a Idade

    Mdia o homem esqueceu seu Figura 5.4: AgriculturaFonte: http://meioambiente.culturamix.com lugar na natureza. Essa viso antropocntrica colocou o homem numa posio de superioridade em relao natureza, resultando na crescente explorao dos recursos naturais.

    ResumoNesta aula, percebemos que nos primeiros estgios do desenvolvimento

    humano a relao do homem com a natureza foi harmnica, a ponto de

    no implicar em grandes modificaes. Porm, a partir do pastoreio e com

    a agricultura as interferncias e modificaes na paisagem natural passaram

    a ser mais acentuadas devido crescente explorao dos recursos naturais.

    Atividades de aprendizagemConverse com seus colegas e responda a seguinte questo:

    1. Como foi a relao do homem com a natureza nos primeiros estgios do desenvolvimento humano?

    Antropocntrica:o homem como centro de tudo.

  • e-Tec Brasil33

    Aula 6 A Relao homem/natureza nos recentes estgios do desenvolvimento humano

    Nos estgios mais recentes do desenvolvimento humano, as interferncias

    no meio natural comearam a se processar de maneira mais rpida e intensa.

    O objetivo desta aula ser identificar como ocorreram essas interferncias.

    6.1 Industrializao e urbanizaoA Revoluo Industrial, ou quinto estgio, acentuou as relaes de dominao

    e explorao ambiental, resultando em profundas rupturas nos ritmos e processos naturais. A velocidade de regenerao natural passou a ser menor que a velocidade da extrao dos recursos naturais.

    A consolidao do capitalismo atravs da industrializao marcou o incio

    do sexto estgio. As mudanas nas relaes econmicas de produo e nas

    relaes entre produtor e consumidor se refletiram no aumento significativo

    da extrao dos recursos naturais.

    6.2 Uma breve concluso sobre a interferncia humana na natureza

    Atravs da anlise da evoluo histrica da relao homem/natureza,

    verificamos que nos primeiros estgios o ambiente no sofreu perturbaes intensas, pois o homem se sentia integrado ao meio. No tinha inteno de explor-lo e nem tcnicas para isso.

    A interferncia mais significativa na natureza ocorreu com o advento da

    industrializao.

    Foi com o surgimento da agricultura que o processo de degradao ambiental

    tomou maiores propores, porm, a interferncia mais significativa na natureza ocorreu com o advento da industrializao. No s a paisagem natural deu lugar s indstrias e, consequentemente, urbanizao, como

    todo o meio ambiente passou a ser agredido. A explorao dos recursos

    naturais foi acentuada para suprir a demanda de produtos consumidos por

    uma populao que no parou de crescer e exigir melhores padres de vida.

    Os gradientes ar, gua e solo sofreram alteraes com o processo de

    Gradientes:Um gradiente a razo segundo a qual uma quantidade varivel aumenta ou diminui. Por exemplo, o gradiente de temperatura ao longo de uma regio ocenica a diferena de temperatura por unidade de comprimento (distncia);

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 34

    poluio industrial e urbano. A sade humana comeou a ser afetada pelos mais variados problemas ambientais. O ritmo de crescimento econmico foi

    acelerado, sendo necessrio produzir cada vez mais para gerar mais lucro.

    ResumoNesta aula percebemos que, a partir da viso capitalista de mundo, o meio

    ambiente foi explorado at se perceber que o ritmo de extrao dos recursos

    naturais estava acelerado demais ao ser comparado com o ritmo de sua

    regenerao, ocasionando perdas na qualidade ambiental.

    Atividades de aprendizagem1. Faa uma pesquisa em jornais, revistas e livros, e extraia dois exemplos de

    grandes modificaes na paisagem natural brasileira com o advento da

    industrializao da dcada de 1950.

    2. Cite dois exemplos de problemas ambientais que passaram a afetar a sade humana a partir da Revoluo Industrial.

  • e-Tec Brasil35

    Aula 7 A conservao do meio ambiente

    Conforme vimos nas aulas anteriores, a sociedade contempornea pode ser

    considerada como aquela que mais interferncia causou ao meio ambiente.

    Problemas como a poluio do ar, da gua e do solo, atingem direta ou

    indiretamente os mais de seis bilhes de habitantes do planeta. Dessa maneira,

    o objetivo da presente aula refletir sobre a importncia da conservao

    ambiental para o futuro sustentvel da humanidade sobre a Terra.

    Iniciaremos fazendo a leitura do seguinte texto:

    A natureza saqueada

    Em 1999, a Terra ultrapassou os seis bilhes de habitantes, trs vezes mais

    do que os pessimistas acreditavam ser prudente para evitar que os recursos

    naturais entrem em colapso. Apesar da cifra impressionante, o alarmismo

    malthusiano est em baixa. A humanidade tem enfrentado com relativo

    sucesso o desafio de produzir alimento. Sabe-se que o problema distribui-

    lo para todos ao menos quando se considera a produo per capita.

    Mas no esto afastadas todas as dvidas sobre a capacidade de o planeta

    sustentar tanta gente. Nesse contexto, a deteriorizao das reservas de gua

    superficiais e subterrneas ocorre ao mesmo tempo em que no se racionaliza

    o consumo e a populao aumenta, traando um novo quadro preocupante.

    Fonte: Folha de So Paulo, 02/07/1999

    O texto anterior apresenta evidncias da crescente desarmonia entre os

    homens e a natureza no Planeta como um todo. Nas ltimas dcadas,

    a globalizao do modelo de desenvolvimento econmico capitalista

    globalizou no s a economia de mercado, mas a cultura do desperdcio, da descartabilidade, do individualismo, do consumismo, intensificando os conflitos entre a humanidade e o meio natural.

    Devemos reconhecer que a natureza tem capacidade limitada...

    Voc faz ideia da quantidade de recursos naturais que consumir durante sua vida?

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 36

    Temos aqui alguns dados que revelam o consumo aproximado de recursos

    naturais de um europeu ocidental, com expectativa de vida de 75 anos. Os

    europeus ocidentais consomem quatro vezes mais que os brasileiros.

    70 toneladas de alimentos;

    Trs milhes de kwh de energia (equivalente a 225 toneladas de petrleo);

    Emisso de 20 toneladas de CO2;

    21 toneladas de resduos domsticos;

    Ocupao do solo 4.300 m / pessoa para agricultura, estradas, reas urbanizadas, etc.;

    Quatro milhes de litros de gua (at 12 milhes de litros incluindo co-mrcio e indstria).

    A partir desses dados, podemos perceber que precisamos alterar nosso pa-

    dro de consumo, fazendo escolhas dentro da capacidade de carga do Pla-

    neta. Devemos reconhecer que a natureza tem capacidade limitada, caso

    contrrio, a tendncia que os problemas ambientais avancem proporcio-

    nalmente inadequada extrao dos recursos naturais.

    ResumoNesta aula verificamos que consumimos muito mais do que realmente ne-

    cessitamos. Estamos vivendo em uma sociedade caracterizada pela cultura

    do desperdcio, da descartabilidade, do individualismo, do consumismo e

    portanto, precisamos urgentemente rever nossos valores em relao ao meio

    ambiente para que possamos reverter o quadro de degradao j instaurado

    em nosso planeta.

  • e-Tec BrasilAula 7 - A conservao do meio ambiente 37

    Atividades de aprendizagem1. Analise a figura a seguir e redija um comentrio respondendo: Ser que

    precisamos de tudo o que consumimos?

    Figura:7.1: ConsumismoFonte: http://economia.culturamix.com

    2. As relaes conflitantes entre o homem e o meio ambiente so reveladas por fenmenos como a poluio, a degradao dos recursos naturais,

    e o esgotamento dos recursos naturais no-renovveis (SOUZA, 2000).

    Estes problemas j fazem parte do cotidiano de cada um de ns, muitas

    vezes esto diante dos nossos olhos, e o que fazemos pela conservao

    ambiental? Expresse sua opinio.

  • e-Tec Brasil39

    Aula 8 Consumo versus meio ambiente

    Nesta aula, discutiremos os tipos de consumo que podem ser prejudiciais

    conservao do meio ambiente. Iniciaremos nossa reflexo respondendo as

    seguintes questes:

    Ser que precisamos consumir de fato tudo o que compramos? Nossas necessidades so reais ou fictcias? Que preo estamos pagando e que preo as futuras geraes pagaro

    para satisfazer as necessidades bsicas ou suprfluas?

    8.1 O consumoCom a produo em massa advinda da Revoluo Industrial, aumentou o

    acesso a bens e produtos antes limitados a um nmero reduzido de indivduos.

    Pela lgica do capitalismo, o aumento da oferta reduziu o preo, inserindo grande parcela dos excludos do consumo em contato direto com diferentes

    produtos.

    A cada ano milhares de bens e servios so lanados pelas empresas,

    atraindo cada vez mais o pblico. No Brasil, por exemplo, atualmente

    comum crianas entre 6 e 12 anos de idade possurem celulares, algo que

    j era comum nos pases desenvolvidos (Estados Unidos, Austrlia, Japo)

    na dcada passada. Ser que toda criana nessa faixa etria necessita de

    um aparelho como esse? Tambm comum entre jovens o desejo de usar

    roupas e tnis de marcas (signos) conhecidas mundialmente. A necessidade

    real, foi criada pela mdia, ou trata-se do desejo de distino social?

    Quais critrios voc utiliza para escolher um bem que considera uma

    necessidade? Compra porque realmente precisa us-lo ou porque quer

    mostrar aos outros que pode adquiri-lo? Sua necessidade real ou foi

    criada?

    Voc sabia que a grande maioria dos brasileiros ao comprar um carro d

    preferncia a itens de luxo (signos) aos de segurana (utilidade)? E voc, qual

    escolha faz?

    Capitalismo: o sistema social baseado no reconhecimento dos direitos do indivduo, incluindo o direito propriedade, em que toda propriedade privada.O reconhecimento dos direitos do indivduo inclui o banimento de violncia fsica em relaciona-mentos humanos: basicamente, direitos s podem ser violados com o uso da fora fsica. Em uma sociedade capitalista, nenhum homem ou grupo pode iniciar o uso de fora fsica contra outros. A nica funo do governo, nesta sociedade, a tarefa de proteger os direitos do homem, ou seja, a tarefa de proteg-lo de violncia; o governo age como o agente do direito do homem de autodefesa, e pode usar fora somente em retaliao e somente contra aqueles que iniciaram seu uso; portanto, o governo o jeito de colocar o uso retaliatrio de fora sob controle objetivo.Fonte: http://www.capitalismo.com.br/o-que-e-capitalismo/

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 40

    Segundo Alphandery (1992), ns no definimos livremente nossas

    necessidades, ns consumimos mercadorias e signos, ns somos prisioneiros

    da satisfao de nossas necessidades.

    A sociedade de consumo, embora embrionria do liberalismo, pode ser considerada a nica sociedade na histria da humanidade que conseguiu

    organizar o controle social das necessidades individuais e coletivas.

    ResumoNesta aula percebemos como possvel sermos influenciados a consumirmos

    produtos que no necessitamos, o que contribui para aumentar a produo

    de resduos e, consequentemente, aumentar a degradao ambiental.

    Percebemos tambm, que muito importante tomarmos conscincia de que

    devemos consumir apenas o necessrio.

    Atividades de aprendizagem1. Analise a tira a seguir e redija um texto de at quinze linhas explicando-a.

    Fonte: Chris Brown

    Liberalismo:Pode ser definido como um

    conjunto de princpios e teorias polticas, que apresenta como

    ponto principal a defesa da liberdade poltica e econmica.

    Neste sentido, os liberais so contrrios ao forte controle do

    Estado na economia e na vida das pessoas.

    Podemos citar como princpios bsicos do liberalismo:

    - Defesa da propriedade privada;- Liberdade econmica

    (livre mercado);- Mnima participao do Estado

    nos assuntos econmicos da nao (governo limitado);- Igualdade perante a lei

    (estado de direito);Fonte: http://www.suapesquisa.

    com/o_que_e/liberalismo.htm

  • e-Tec BrasilAula 8 - Consumo versus meio ambiente 41

    2. Faa uma lista contendo 20 itens que voc consome anualmente e destaque aqueles que podem ser descartados, ou seja, aqueles que no

    so realmente necessrios.

  • e-Tec Brasil43

    Aula 9 O consumo no uma escolha livre

    Daremos continuidade discusso sobre consumo, iniciando com o tema da

    aula: O consumo no uma escolha livre. Portanto, o objetivo desta aula ser

    discutir a liberdade de consumo.

    9.1 Liberdade de consumoO consumo no resultado de uma escolha livre, se constitui, h vrias d-

    cadas, um verdadeiro dever cvico, inseparvel e complementar da aceitao

    da ordem social e poltica (ALPAHANDERY, 1992).

    As duas dimenses da instituio da sociedade so a criao no indivduo

    de um esquema de autoridade e um esquema de necessidade (CASTORIADI,

    apud ALPHANDERY, 1992).

    No auge do capitalismo industrial americano criou-se a era do totalitaris-mo dos especialistas. Desde o nascimento at a morte do indivduo, esse grupo de especialistas determinava o que era correto para os outros e tudo

    o que precisavam. Era esse grupo que definia as necessidades das pessoas.

    O indivduo era induzido a consumir bens e servios que lhe eram indicados

    como necessrios, no sentia necessidade autnoma, e fazia suas escolhas a

    partir daquilo que os especialistas lhe recomendavam.

    Ser que existe alguma semelhana entre a era do totalitarismo dos especialistas e o momento atual na sociedade de consumo?

    Na atual fase do capitalismo, podemos observar que as necessidades conti-

    nuam sendo definidas por especialistas e reforadas pela mdia.

    9.2 O consumo de signos (marcas)A mercadoria apresentada como smbolo de identidade, que estrutura no

    s a relao do indivduo com o objeto mas tambm sua relao com a co-

    letividade. Dessa maneira, consumimos signos (marcas/objetos) na iluso de

    satisfazermos nossas necessidades e nos sentirmos includos na sociedade

    de consumo.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 44

    Segundo Alphandery (1992), essa identificao do indivduo com a merca-

    doria ou signo , sem dvida alguma, a principal explicao para a vitalida-

    de demonstrada pela sociedade de consumo.

    Como podemos distinguir a real necessidade da necessidade foi criada, se a mercadoria usada ao mesmo tempo um objeto (til) e um signo (ostentao)?

    A durabilidade dos objetos no mais respeitada. Embora possa ser utilizado

    por mais tempo, o objeto substitudo compulsivamente.

    O indivduo busca cada vez mais um signo para distinguir-se socialmente,

    pois na sociedade de consumo o homem valorizado pelas coisas que ele

    possui e no por aquilo que ele .

    Considerando que o aumento do consumo gera aumento da extrao dos

    recursos naturais, que por sua vez pode comprometer a sustentabilidade do

    planeta, precisamos rever nossos valores e estilo de vida enquanto indivduos

    pertencentes sociedade de consumo.

    9.3 A busca da renovao dos valores sociaisTorna-se cada vez mais evidente a necessidade de uma mudana de valores

    no cenrio mundial, que conduza a humanidade adoo de um novo mo-

    delo de desenvolvimento, que consiga aliar crescimento econmico, justia

    social e equilbrio ambiental. Para tanto, preciso uma profunda mudana

    de paradigma na direo do entendimento completo da vida e sua complexi-

    dade. O ponto fundamental dessa dinmica est no despertar de uma nova

    maneira de pensar o mundo que supere a atual crise, definida por Capra

    (1982) como o ponto de mutao entre o racionalismo mecanicista carte-

    siano e a nova tendncia intuitiva de base ecolgica.

    Como despertar um novo modo de pensar o meio ambiente em uma sociedade impregnada de valores individualistas e consumistas?

    Mudanas to profundas de valores passam inevitavelmente pelo processo

    educativo. Dessa maneira, a Educao Ambiental surgiu como alternati-va para amenizar a crise ambiental e contribuir para a construo de uma

    conscincia voltada participao crtica e responsvel do indivduo e da

    coletividade.

  • e-Tec BrasilAula 9 - O consumo no uma escolha livre 45

    Resumo Nesta aula percebemos que consumimos mais do que realmente necessita-

    mos. Isto caracterstica de uma sociedade de consumo, na qual estamos

    inseridos. Com isso contribumos ainda mais para o aumento da degradao

    ambiental, sendo necessria a educao ambiental de todos ns para que

    possamos modificar esse quadro.

    Atividades de aprendizagemDiscuta com seus colegas as seguintes questes:

    1. Ser que cada um de ns consegue avaliar o impacto que nosso consumo Provoca no meio ambiente?

    (Identifique seus hbitos consumistas que comprometem a qualidade ambiental.)

    2. Ser que temos condio de mudar hbitos e atitudes abrindo mo de alguns confortos imediatos para melhorar a qualidade do meio ambiente?

    Como fazer isso?

    (Pense nos hbitos e atitudes que voc seria capaz de alterar para melhorar a qualidade do ambiente coletivo.)

  • e-Tec Brasil47

    Aula 10 Conservao dos recursos naturais e gerenciamento de resduos

    O objetivo desta aula destacar a necessidade de conservao dos recursos

    naturais e destacar os principais problemas ambientais.

    A conservao dos recursos naturais depende de diversos fatores aliados ao

    processo de conscientizao ambiental do poder pblico e da sociedade, con-

    forme analisaremos a seguir.

    10.1 Do que depende a conservao dos recursos naturais?

    Nas ltimas dcadas, a presso da legislao tem surtido efeitos positivos em

    relao conservao ambiental. Multiplicam-se em todo o pas aes vol-

    tadas a conservao dos recursos naturais como, por exemplo, a separao

    dos resduos e a reciclagem. Separando e reciclando os resduos poderemos

    evitar o desperdcio de recursos como o alumnio e o petrleo, alm de evitar

    o depsito desnecessrio nos aterros sanitrios.

    Sendo assim, vamos analisar como ocorre o gerenciamento de resduos em

    nosso pas, pois cada brasileiro produz em mdia 0,9kg lixo domstico por dia.

    Figura 10.1: Lixo reciclvelhttp://projetoambientalce.wordpress.com

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 48

    [...] cada brasileiro produz em mdia 0,9kg de lixo domstico por dia [...]

    Notamos que em diversos lugares do pas tem aumentado, por exemplo, a

    coleta seletiva de lixo e, consequentemente, a reciclagem, embora os nmeros

    ainda sejam pequenos. Todo o lixo reciclvel recolhido no Brasil durante um

    ano abate, em mdia 2,8kg por pessoa. Considerando que cada brasileiro

    produz em mdia 0,9kg de lixo domstico por dia, a reciclagem ainda no se

    tornou um hbito no pas.

    A reciclagem comeou a ser priorizada a partir da dcada de 1970, quando a

    sociedade demonstrou maior grau de conscientizao ambiental ao pressionar

    empresrios e governos a adotarem medidas ecologicamente corretas.

    Figura 10.2: ReciclagemFonte: http://meioambiente.culturamix.com

    Entre 1970 e 1994 cresceu a percentagem de papel reciclado em todo o

    mundo, passando de 23% para 37%. O Brasil um dos pases que mais

    recicla latas de alumnio (cervejas e refrigerantes), reaproveitando aproxima-

    damente 80% do material coletado. (JAMES; MENDES, 2005).

    Entre as vantagens da reciclagem esto: a reduo da explorao de recursos

    naturais; a reduo nos custos de produo de alguns produtos; gerao de

    emprego e renda; reduo de impactos ambientais; e outros.

    A produo e a disposio inadequada do lixo, a poluio do ar junto com

    o desgaste do solo, a contaminao e o desperdcio da gua fazem parte

    do rol de problemas ambientais enfrentados pela sociedade como um todo.

  • e-Tec BrasilAula 10 - Conservao dos recursos naturais e gerenciamento de resduos 49

    10.2 A problemtica dos resduos slidos no Brasil

    Segundo SILVA (2000), no Brasil a urbanizao intensificou-se aps os anos

    50, como resultado de um acirrado xodo rural, que deu origem a in-meras novas cidades e crescimento das j existentes. Entre 1960 e 1970,

    ocorreu a inverso quanto ao lugar de residncia da populao brasileira, da

    zona rural para a urbana. Entre 1960 e 1980, houve um grande crescimento

    da populao urbana, mais de 50 milhes de novos habitantes, e na dcada

    posterior mais de 30 milhes foram acrescidos.

    O ndice de urbanizao em 1991 era superior a 77%, e estima-se que para

    o sculo 21 mais de 80% da populao brasileira residir nos grandes cen-

    tros urbanos, evidenciando a tendncia de irreversibilidade da urbanizao

    que se manifesta no mundo (SANTOS 1993).

    Atualmente, a populao brasileira conta com aproximadamente 185 mi-

    lhes de habitantes e taxa de crescimento em torno de 1,4% ano (IBGE,

    2008). A gerao de RSU prxima de 241 mil toneladas dirias, o que cor-

    responde a quase 35 milhes de ton/ano. Destes, 54% so lanados a cu

    aberto, 16% em aterros controlados, 13% destina-se ao aterro sanitrio,

    7% vai para o aterro de resduos especiais, 2% para a usina de composta-

    gem, 5% para a reciclagem e apenas 3% destinado para a incinerao (IPT

    e CEMPRE, 2000).

    Os resduos demonstram claramente a densidade demogrfica e nveis de

    renda da populao sendo que, nos estados da federao mais desenvolvidos

    economicamente, a gerao per capita maior que nos pobres. Nas capitais

    isto no diferente. So Paulo, por exemplo, produz diariamente 11 mil ton/

    dia, enquanto Porto Velho produz 260 ton/dia. Assim, a gerao per capita de resduos varia entre 0, 450 e 0, 700 Kg para os municpios com populao

    inferior a 200 mil habitantes e entre 0, 700 e 1, 200 Kg para os municpios

    com populao superior a 200 mil habitantes (IBGE, 2008).

    Boa parte da constituio dos RSU do Brasil orgnica (mais de 50%). Isto

    se deve a uma cultura de desperdcio de alimentos. Os brasileiros no tm o

    hbito de aproveitar sobras ou de aproveitar cascas, por exemplo, em suas

    receitas dirias, o que causa um aumento desnecessrio no envio aos aterros

    sanitrios (IPT e CEMPRE, 2000).

    Podemos definir xodo rural como sendo o deslocamento de pessoas da zona rural (campo) para a zona urbana (cidades). Ele ocorre quando os habitantes do campo visam obter condies de vida melhor.Causas: os principais motivos que fazem com que grandes quantidades de habitantes saiam da zona rural para as grandes cidades so: busca de empregos com boa remunera-o, mecanizao da produo rural, fuga de desastres naturais (secas, enchentes, etc), qualidade de ensino e necessidade de infra-estrutura e servios (hospitais, transportes, educao, etc). Fonte: http://www.suapesquisa.com/geografia/exodo_rural.htm

    Para conhecer a Poltica Nacional de Resduos Slidos acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

    No original em latim, a expresso per capita significa por cabea, portanto trata-se de uma renda por cabea, ou seja, considerando-se membros da populao em particular e sua participao na renda total do pas.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 50

    De acordo com o IBGE (2008), 68,5% dos RSU gerados em municpios com

    at 20 mil habitantes, o que corresponde a 73% das cidades brasileiras,

    so depositados em locais inadequados. Esses municpios vm se deparando

    com problemas sociais, sanitrios, ambientais e de sade pblica decorrentes

    da gesto inadequada de seus resduos (JUCA, 2003).

    A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domiclios (PNAD) 2006, realizada

    pelo IBGE em 2005, mostrou que 1.758 milhes de domiclios possuem co-

    leta de resduos, o que representa 86,6% dos domiclios do Brasil. (MINIST-

    RIO DAS CIDADES, 2008).

    J a problemtica dos resduos industriais ainda maior. Segundo o IBGE

    (2008), 1.682 municpios produzem resduos txicos e cerca de 97% (5.398)

    dos municpios brasileiros no possuem aterro industrial dentro de seus li-

    mites territoriais. Existe certo descaso com resduos txicos, principalmente

    nos municpios com mais de 100 mil habitantes, pois dos 1.682 que no

    possuem aterro industrial e produzem resduos perigosos em quantidade

    significativa, mais de 80% (1.406) esto no Nordeste, Sudeste e Sul. Quanto

    ao destino deste resduo, apenas 10% dos municpios enviam o material

    txico para aterro em outra cidade, e os 37% restantes depositam detritos

    txicos em vazadouro a cu aberto (lixo) no prprio territrio. Entre os mu-

    nicpios de porte mdio, de 20 mil a 100 mil habitantes, 73% destinam res-

    duos txicos a lixes dentro de seus limites. Nos municpios do Norte (68%),

    Nordeste (57%) e Centro-Oeste (44%) o destino final dos resduos txicos,

    enquanto nos municpios do Sul (45%) e Sudeste (33%) a destinao no

    especificada. possvel que esta elevada proporo de municpios que no

    especificam os destinos dos resduos txicos deva-se desinformao ou

    falta de um plano de gesto de resduos, uma vez que a destinao de res-

    duos responsabilidade do gerador, conforme a Lei 6438/81. (IBGE, 2008).

    ResumoNesta aula, pudemos perceber que ainda elevada a gerao de resduos

    slidos no Brasil, sendo necessrio ampliar o desenvolvimento de projetos

    educativos que incentivem o consumo sustentvel, para que possamos evitar

    o desperdcio dos recursos naturais.

  • e-Tec BrasilAula 10 - Conservao dos recursos naturais e gerenciamento de resduos 51

    Atividades de aprendizagemFaa uma pesquisa sobre seu municpio para responder as seguintes questes:

    1. Seu municpio possui programa de coleta seletiva?

    2. Seu municpio possui algum programa de incentivo coleta seletiva? Em caso afirmativo, descreva-o sucintamente.

    3. Em seu municpio existem projetos de educao ambiental que visem estimular a reduo da gerao de resduos? Em caso afirmativo,

    descreva-o sucintamente.

  • e-Tec Brasil53

    Aula 11 Problemas ambientais

    No s no Brasil, mas no mundo inteiro convive-se diariamente com uma

    variedade de problemas ambientais que afetam a sade humana e alteram

    o ciclo reprodutivo da flora e da fauna. necessrio que voc conhea os

    principais problemas ambientais que afetam nossa qualidade de vida, bem

    como os meios para para minimiz-los, portanto, este ser o nosso objetivo

    durante esta aula.

    11.1 Os principais problemas ambientaisOs principais problemas ambientais, sua abrangncia e seus agentes

    causadores, podem ser analisados no quadro 11.1.

    Quadro 11.1: Principais problemas ambientais e seus agentes causadoresPROBLEMA ABRANGNCIA PRINCIPAL AGENTE

    POLUIO

    Efeito estufa/mudana climtica GlobalEmisso de C02, N2O, CH4, CFCs(e HFCs), O3 (baixo nvel) Desmatamento

    Destruio da camada de oznio Global Emisso de CFCs

    Acidificao Continental Emisso de, NOx, NH3, 03 (baixo nvel)

    Poluio txica ContinentalEmisso de S02, NOx, particulados, metais pesados, hidrocarbonetos, monxido de carbono, agroqumicos, organo-clorados eutrficos, radiao, rudo

    DEGRADAO DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS

    Extino de espcies Global

    Mudana no uso da terra (modernizao, desmatamento)Presso populacional Produo insustentvel (superpastejo, caa e pesca) Mudana climtica (possvel) Destruio da camada de oznio (no futuro)

    Desmatamento Global e regionalMudana no uso da terra.Presso insustentvel por produo de madeira.Mudana climtica (possvel no futuro) Chuva cida

    Degradao do solo/perda de fertilidade do solo

    Regional e nacionalPresso populacional,desmatamento, superpastejo, agricultura insustentvel, urbanizao, mudana climtica (possvel no futuro)

    Degradao da gua Regional e nacionalUso insustentvelMudana climtica (possvel no futuro)

    Degradao dos recursos pesqueiros Nacional e localSuper explorao pesqueiraPoluioDestruio do habitat aqutico

    ESGOTAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS NO-RENOVVEIS

    Esgotamento de vrios recursos (combustveis fsseis, minerais etc.)

    Global e nacional Alto nvel de consumo

    Superpastejo: Refere-se ao nmero excessivo de animais em relao quan-tidade de forragem existente. Esta situao leva degradao da pastagem, aumento de inva-sores, eroso etc. importante salientar que tanto o sub como o superpastejo podem ocorrer simultaneamente em pastagens mal divididas, principalmente em reas muito grandes e/ou com erros na presso de pastejo. Deste modo, em reas com predominncia de espcies forrageiras mais palatveis, ou reas de maior fertilidade de solos (manchas), ocorre o su-perpastejo, enquanto em outras reas dentro do mesmo piquete acontece o subpastejo.Fonte: Gomide (1977)

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 54

    Todos os problemas apresentados no quadro 11.1 representam o desequil-

    brio entre o desenvolvimento econmico e o meio ambiente. Dentre esses,

    analisaremos apenas trs: poluio atmosfrica, degradao do solo e degradao da gua. A restrio da nossa anlise no significa que os outros problemas no tenham a mesma importncia, pois sendo o meio am-

    biente um sistema, a alterao em uma de suas partes pode afetar o todo.

    ResumoNesta aula, verificamos que existem muitos problemas que afetam a qua-

    lidade de vida, entre os quais esto a poluio atmosfrica, a degradao

    do solo e a degradao da gua. Percebemos que cada um deles afeta de

    maneira significativa a vida no planeta, portanto precisamos rever nossas

    atitudes diante destes problemas.

    Atividades de aprendizagemFaa uma pesquisa em livros e revistas cientficas para responder as seguintes

    questes:

    1. Quais as consequncias da mudana climtica para a humanidade?

    2. Quais aes contriburam para a reduo do buraco na camada de oznio?

    Para saber mais sobre os protocolos de Montreal e de

    Kyoto acesse o link http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid

    =S0034-73292009000200009 e leia o artigo Protocolos

    de Montreal e Kyoto: pontos em comum e diferenas

    fundamentais.

  • e-Tec Brasil55

    Aula 12 O fenmeno poluio

    A poluio um fenmeno que incomoda a todos, provocando das mais sim-

    ples s mais complicadas doenas. Lembrando ainda que no s o homem

    afetado, mas todos os seres vivos do planeta. Desta maneira, temos como

    objetivo da nossa aula, compreender o que poluio.

    Figura 12.1: PoluioFonte: www.shutterstock.com

    12.1 PoluioO termo poluio deriva do latim polluere, que significa sujar. Desde os tempos mais remotos, a humanidade polui o planeta dispondo

    inadequadamente os resduos de suas atividades. Contudo, quando a

    densidade demogrfica mundial era pequena os efeitos dessas interferncias

    sobre a sade humana eram quase imperceptveis e o ritmo de regenerao

    da natureza era maior que o ritmo da degradao ambiental.

    Com o acelerado crescimento populacional, a desordenada expanso

    urbana, o aumento da produo industrial e do consumo, os impactos sobre

    o meio ambiente foram ampliados no mundo todo.

    Provavelmente, voc j deve ter identificado algum tipo de poluio em seu

    municpio.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 56

    Mas, o que poluio? Como defini-la?

    12.2 O conceito de poluio na legislao brasileira

    Na legislao ambiental, poluio definida no art. 3, III, da Lei 6.938/81, como:

    [...] a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades

    que, direta ou indiretamente, prejudiquem a sade, segurana e o bem

    estar da populao; criem condies adversas s atividades sociais e

    econmicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condies

    estticas ou sanitrias do meio ambiente; lancem matrias ou energia

    em desacordo com os padres ambientais estabelecidos.

    Podemos perceber que, juridicamente, a poluio associada insero de

    qualquer fator no meio ambiente que provoque alterao de suas qualidades

    originais.

    Para Bastos e Freitas (1999) a poluio o resultado indesejvel das aes de

    transformao das caractersticas naturais de um ambiente, atribuindo um

    carter nocivo a qualquer utilizao que se faa do mesmo.

    12.3 A poluio resultante da industrializaoCom a chegada da industrializao a poluio passou a fazer parte do coti-

    diano de muitas pessoas, principalmente de moradores dos grandes centros

    urbanos.

    Dentre as atividades poluentes a indstria tem sido apontada como uma das

    mais impactantes, por emitir diariamente na atmosfera diversas substncias

    qumicas que agem sobre o meio ambiente provocando alteraes na estru-

    tura dos diversos organismos que o compem. Alm dos poluentes atmosf-

    ricos, os resduos industriais representam outro grave problema quando so

    dispostos inadequadamente.

    A absoro excessiva dos poluentes txicos pelos organismos vivos pode

    comprometer seriamente a sobrevivncia das espcies do planeta, inclusive

    da espcie humana.

  • e-Tec BrasilAula 12 - O fenmeno poluio 57

    Dessa maneira, o controle da poluio se tornou um dos mais importantes

    fatores na busca da conservao ambiental, que certamente resultar na

    melhoria da qualidade de vida das geraes presentes e futuras.

    ResumoNesta aula, compreendemos que a poluio o resultado indesejvel das

    aes de transformao das caractersticas naturais de um ambiente, que

    em muito pode afetar a sade humana. Percebemos que trata-se de um fe-

    nmeno resultante das aes de transformao das caractersticas naturais

    de um ambiente realizadas pelo homem.

    Atividades de aprendizagemObserve a imagem a seguir e elabore uma definio de POLUIO.

    A seguir responda a seguinte questo:

    1. Discuta com seus colegas o conceito de poluio e liste as reas poludas em seu municpio.

  • e-Tec Brasil59

    Aula 13 O controle ambiental do ar

    Dando continuidade discusso sobre os problemas ambientais, nas prxi-

    mas aulas analisaremos o controle ambiental dos gradientes ar, solo e gua.

    As interferncias das atividades humanas nestes trs gradientes e as medidas

    corretivas para a problemtica so os temas centrais das aulas 13, 14 e 15.

    Sendo assim, o objetivo desta aula compreender como pode ser realizado o

    controle ambiental do ar.

    13.1 Controle ambiental do arA poluio atmosfrica um dos mais antigos problemas ambientais

    enfrentados pela humanidade. Seus efeitos negativos sobre a sade humana

    comearam a ser sentidos com mais intensidade, pela populao concentrada

    nos centros urbanos, a partir da Primeira Revoluo Industrial (carvo e ao),

    iniciada em meados do sculo XVIII. Com a Segunda Revoluo Industrial

    (petrleo e eletricidade) a poluio do ar foi acentuada pela ampliao dos

    complexos industriais, pela utilizao acentuada do petrleo como fonte

    energtica, e pela ausncia de polticas ambientais preventivas.

    ... a atmosfera possui capacidade limitada de autodepurao...

    Ao contrrio que se pensou por muito tempo, a atmosfera possui

    capacidade limitada de autodepurao. Este fato foi evidenciado pela

    enorme quantidade de poluentes emitidos na atmosfera nos ltimos anos.

    Entre esses gases os que mais contriburam para elevar os ndices da poluio

    atmosfrica foram: o gs carbnico (CO2), o metano (CH4), o xido nitroso

    (N2O) e os clorofluorcarbonos (CFCs), os chamados gases de efeito estufa.

    (ASSUNO, 2004).

    Vejamos, a ttulo de exemplo, o caso da concentrao mundial de CO2 na

    figura 13.1 Partes por milho (PPM).

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 60

    Figura 13.1: Concentrao mundial de CO2 na atmosferahttp://www.apolo11.com

    A anlise do grfico 13.1 confirma que o aumento de CO2 na atmosfera re-

    sultou do processo de industrializao mundial e da queima de combustveis

    fsseis, pois a concentrao de CO2 na atmosfera aumentou de 310 PPM

    (partes por milho) em 1960 para 390 PPM em 2010 e, segundo pesquisas

    recentes, continua subindo.

    13.2 A atmosfera limpaPara que a atmosfera possa ser considerada limpa, o nvel mximo de po-

    luentes constantes no deve ocasionar efeitos indesejveis sobre a sade e

    o ambiente. A Organizao Mundial da Sade (OMS) estabeleceu alguns

    nveis de referncia para a determinao da pureza da atmosfera, conforme

    podemos observar no quadro 13.1.

    Quadro 13.1: Nveis mximos de poluentes recomendados pela OMS

    IndicadorConcentrao MximaRecomendada (ug/m3 ) Tempo de exposio

    Dixido de enxofre (SO2 )

    500 10 min.

    125 24 horas

    50 Anual

    Dixido de Nitrognio (NO2 )200 1 hora

    40 Anual

    Monxido de carbono (CO) 10.000 8 horas

    Oznio 120 8 horas

    Material Particulado No estipulada*

    * O material particulado tratado pela OMS como poluente sem limiar, ou seja, h um risco associado a qualquer exposio. Na Europa foi fixada a mdia de 50g/m3 para material particulado inalvel, mdia de 24 horas, no final da dcada de 2000. Nos Estados Unidos o valor permitido para partculas inalveis de 150 g/m3 , mdia de 24 horas e de 50g/m3 , como mdia anual.Fonte: ASSUNO, (2004)

  • e-Tec BrasilAula 13 - O controle ambiental do ar 61

    No Brasil, os padres de qualidade do ar so estabelecidos pela Resoluo CONAMA 003/90. Foram estabelecidos padres primrios, referentes proteo da sade pblica, e padres secundrios, para a proteo do

    meio ambiente. Os poluentes considerados pelo Conselho Nacional de Meio

    Ambiente so apresentados no quadro 13.2.

    Quadro 13.2 Padres de qualidade do ar no Brasil segundo a Resoluo CONAMA 003/90.Poluente Padro primrio (ug/m3) Padro secundrio (ug/m3) Perodo de exposio

    Partculas totais em suspenso240 150 24 horas

    80 60 Anual

    Partculas inalveis150 150 24 horas

    50 50 Anual

    Fumaa150 100 24 horas

    60 40 Anual

    Dixido de enxofre365 100 24 horas

    80 40 Anual

    Monxido de carbono40.000* 40.000* 1 hora

    10.000** 10.000** 8 hora

    Oznio 160 160 8 hora

    Dixido de Nitrognio320 190 1 hora

    100 100 Anual

    Fonte: ASSUNO, (2004)

    A qualidade do ar pode ser avaliada pela medio dos poluentes destacados

    no quadro 13.2. A emisso desses poluentes resulta principalmente da

    queima de combustveis fsseis e da produo industrial.

    ... a principal fonte poluente para a atmosfera so os automveis.

    Atualmente, a principal fonte poluente para a atmosfera so os automveis.

    Na regio metropolitana de So Paulo, por exemplo, os veculos motorizados

    emitem aproximadamente 98% de monxido de carbono, 97% de

    hidrocarbonetos e 96% dos xidos de nitrognio (ASSUNO, 2004).

    Dessa maneira, se tornou necessrio minimizar as emisses contaminantes,

    definir e aplicar formas corretas de tratamento e disposio de resduos

    gerados pelo processo industrial, assim como trocar o transporte individual

    pelo coletivo.

    Para saber mais sobre as Resolues do CONAMA acesse: www.mma.gov.br

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 62

    13.3 Efeitos da poluio do ar O controle da qualidade do ar indispensvel para a conservao do meio

    ambiente, pois a poluio atmosfrica pode ter efeitos negativos sade e

    ao bem-estar humano, fauna e flora, aos materiais, temperatura da

    Terra etc.

    A sade humana pode ser afetada por doenas dermatolgicas, respiratrias,

    pulmonares, cardiovasculares, e outras. Os efeitos sobre os materiais so

    visveis no acmulo de poeira, fuligem e na corroso de metais. Na flora,

    as modificaes podem ser verificadas no crescimento das plantas, no

    envelhecimento precoce, na alterao de cor, necrose no tecido foliar etc. A

    fauna recebe influncia direta no seu ciclo de reproduo devido s mudanas

    climticas. As alteraes em nvel mundial podem ser o aquecimento global,

    a chuva cida, a reduo da camada de oznio.

    13.4 Medidas de preveno e controle da qualidade do ar

    Medidas de preveno e controle devem ser tomadas pelas empresas

    com o objetivo de alcanar o desenvolvimento sustentvel. A preveno da poluio do ar deve comear pela reduo dos poluentes na fonte geradora e na adoo de aes estratgicas que promovam a diminuio das emisses poluentes no ar. O controle est relacionado aplicao de medidas de tratamento das emisses poluentes (ASSUNO,

    2004).

    De acordo com Assuno (2004), a reduo da quantidade de poluente

    do ar pode ser obtida atravs da adoo de medidas como: operao de

    equipamentos dentro de sua capacidade nominal; operao e manuteno

    adequada de equipamentos produtivos, caldeiras, fornos, veculos etc;

    armazenamento adequado de materiais pulverulentos e/ou fragmentados, evitando a ao dos ventos; adequada limpeza do ambiente; utilizao

    de processos, equipamentos, operaes, matrias-primas, reagentes e

    combustveis de menor potencial poluidor.

    Os equipamentos utilizados para controlar a poluio atmosfrica so os de controle de material particulado e de controle de gases e vapores.

    Pulverulentos: Em disposio de p muito fino, facilmente levado com o vento.

  • e-Tec BrasilAula 13 - O controle ambiental do ar 63

    ResumoNesta aula constatamos que a atmosfera possui capacidade limitada de

    autodepurao. Compreendemos tambm que para que a atmosfera possa

    ser considerada limpa, o nvel mximo de poluentes constantes no deve

    ocasionar efeitos indesejveis sobre a sade e o ambiente. Vimos ainda que

    a principal fonte poluente para a atmosfera so os automveis, sendo que

    a preveno da poluio do ar deve comear pela reduo dos poluentes

    na fonte geradora e na adoo de aes estratgicas que promovam a

    diminuio das emisses poluentes no ar.

    Atividades de aprendizagem1. Faa uma pesquisa sobre os equipamentos de controle de material parti-

    culado e de controle de gases e vapores. Faa uma descrio sucinta do

    seu funcionamento.

  • e-Tec Brasil65

    Aula 14 Controle ambiental do solo

    Um dos problemas ambientais que afetam diretamente as sociedades locais

    e regionais a degradao do solo e a perda de fertilidade. Desta maneira,

    nesta aula estudaremos os problemas relacionados degradao do solo,

    bem como as medidas corretivas.

    14.1 Problemas relacionados degradao do solo

    Os principais problemas relacionados degradao do solo so: a eroso, a

    desertificao, a salinizao ou saturao por excesso de gua na superfcie.

    A contaminao do solo por agrotxicos ou metais pesados representa um

    grande problema sociedade. A eroso o problema que mais afeta a

    produtividade deste recurso natural de forma generalizada.

    Figura 14.1: Degradao dos solos em escala planetriaFonte: http://2.bp.blogspot.com

    O efeito da perda de solo e de sua fertilidade se d tanto pela reduo da

    capacidade de produo, com perda de produtividade, como pela poluio

    e assoreamento de rios e lagos. O assoreamento tem um elevado custo

    econmico, quando prejudica a capacidade de gerao de energia de usinas

    hidroeltricas, implicando em desgastes de suas turbinas, e necessidade de

    dragagem de hidrovias, lagos e canais de irrigao (Souza, 2000).

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 66

    As estimativas de perdas de solo no mundo vo de moderadas a catastrficas

    (figura14.1). De acordo com Programa das Naes Unidas para o Meio

    Ambiente (PNUMA), nos ltimos 50 anos a atividade humana degradou de

    forma moderada ou grave cerca de 1,2 bilho de hectares de terra (cerca de

    12% da superfcie terrestre coberta por vegetao).

    De acordo com Souza (2000), no Brasil no existem muitos dados sobre per-

    das de solo. Alguns estudos realizados revelam que as estimativas de perdas

    de solo variam entre 9,5 a 179 toneladas de solo hectare por ano (ha/a.).

    O mesmo autor ao analisar a perda de solo no Brasil, apresenta importantes

    informaes, destacando que:

    Um estudo feito para o Vale do So Francisco estimou uma perda de

    6,77 toneladas de solo por ha/a. A estimativa de custo dessa perda

    de solo medida apenas em termos de reposio dos nutrientes, re-

    sulta em um custo de cerca de US$ 32.16 por hectare/ano.

    No Brasil, o uso inadequado do solo gera impactos negativos no ambiente e na economia. Segundo o IPEA (1997), as perdas de solo pela eroso

    associada a uso agrcola e florestal imprimem um custo de cerca de US$ 5,9 bilhes anuais.

    Figura 14.2: reas crticas eroso devido ao uso agrcola no BrasilFonte: http://www.geografiaparatodos.com.br

  • e-Tec BrasilAula 14 - Controle ambiental do solo 67

    A degradao do solo, portanto, alm de resultar em elevados custos para

    as geraes presentes, tira a oportunidade de as geraes futuras obterem a

    mesma produtividade na produo agrcola.

    O solo tambm afetado por atividades no-agrcolas, como a minerao,

    as obras de infra-estrutura, os assentamentos urbanos e industriais, entre

    outras.

    Os metais pesados utilizados pela indstria representam um risco sade

    e ao meio ambiente, quando descartados de maneira inadequada. Vamos

    analisar o quadro 14.1, que apresenta alguns metais pesados, sua origem e

    os efeitos sobre a sade humana.

    Quadro 14.1: Origem e efeitos dos metais pesados sobre a sade humanaMetais De onde vem Efeitos

    AlumnioProduo de artefatos de alumnio; serralheria; soldagem de medicamentos (anticidos) e tratamento convencional de gua.

    Anemia por deficincia de ferro; intoxicao crnica.

    Arsnio Metalurgia; manufatura de vidros e fundio. Cncer (seios paranasais).

    Cdmio Soldas; tabaco; baterias e pilhas. Cncer de pulmes e prstata; leso nos rins.

    ChumboFabricao e reciclagem de baterias de autos; indstria de tintas; pintura em cermica; soldagem.

    Saturnismo (clicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, leso renal e cerebral).

    Cobalto Preparo de ferramentas de corte e furadoras.Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmo) que pode levar morte

    CromoIndstrias de corantes, esmaltes, tintas, ligas com ao e nquel; cromagem de metais.

    Asma (bronquite); cncer

    Fsforo amareloVeneno para baratas; rodenticidas (tipo de inse-ticida usado na lavoura) e fogos de artifcio.

    Nuseas; gastrite; odor de alho; fezes e vmitos fosforescentes; dor muscular; torpor; choque; coma e at morte

    MercrioMoldes industriais; certas indstrias de cloro--soda; garimpo de ouro; lmpadas fluorescentes.

    Intoxicao do sistema nervoso central

    NquelBaterias; aramados; fundio e niquelagem de metais; refinarias.

    Cncer de pulmo e seios paranasais

    Fumos metlicosVapores (de cobre, cdmio, ferro, mangans, nquel e zinco) da soldagem industrial ou da galvanizao de metais.

    Febre dos fumos metlicos (febre, tosse, cansao e dores musculares) - parecido com pneumonia

    Fonte: CUT RJ/ Comisso de Meio Ambiente

    A institucionalizao da conservao do solo complexa. Segundo o Mi-

    nistrio do Meio Ambiente (2000), no existe definio clara de respon-

    sabilidades dos rgos pblicos, considerando as esferas federal, estadual

    e municipal. Portanto, o planejamento e o controle do recurso solo no

    prioridade para os governos.

    Para saber mais sobre a desertificao mundial acesse: http://dialogospoliticos.wordpress.com/2010/08/16/desertificacao-atinge-1-bilhao-de-pessoas-em-todo-o-mundo-aponta-onu/ e leia o texto Desertificao atinge 1 bilho de pessoas em todo o mundo, aponta ONU.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 68

    ResumoNesta aula, vimos que os principais problemas relacionados degradao do

    solo so: a eroso, a desertificao, a salinizao ou saturao por excesso

    de gua na superfcie. Compreendemos que efeito da perda de solo e de sua

    fertilidade se d tanto pela reduo da capacidade de produo, com perda

    de produtividade, como pela poluio e o assoreamento de rios e lagos.

    Vimos que a degradao do solo no est somente relacionada atividade

    agrcola, a minerao tambm contribui para este fim.

    Anotaes

  • e-Tec Brasil69

    So inmeros os setores que utilizam a gua no processamento de suas

    atividades. Entre eles esto os seguintes: industrial, agrcola, energtico,

    mineral e outros. Sabemos que, diferentemente do que se pensou at o final

    do sculo XX, a gua no pode ser considerada um recurso natural renovvel

    e infinito. Sua renovao depende do grau de influncia que sofre, portanto,

    se no dada condio para a autodepurao, a gua pode se tornar finita.

    Atualmente, j existem tecnologias capazes de despoluir a gua porm, ainda

    no podem ser utilizadas em larga escala, pois seus custos so elevados. Desta

    maneira, nos resta apenas a alternativa de conservar os recursos hdricos para

    manter e melhorar a qualidade de vida em todo o planeta. Sendo assim, o

    objetivo desta aula entender como isso possvel. Comearemos analisando

    os conceitos fundamentais da gua.

    15.1 Conceitos fundamentaisUm recurso natural indispensvel vida a gua. Assim como o solo e o ar,

    esse recurso vem sendo degradado ao longo do tempo.

    Antes de discutirmos este srio problema, vamos relembrar algumas

    importantes informaes que, provavelmente voc j tenha conhecimento.

    15.2 Ciclo hidrolgicoO movimento cclico da gua presente nos mares, rios e lagos para a

    atmosfera e desta para os recursos hdricos chamado de ciclo hidrolgico,

    conforme a figura 15.1.

    Aula 15 Controle ambiental da gua

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 70

    Figura 15.1: O Ciclo HidrolgicoFonte: http://upload.wikimedia.org

    15.3 Hidrologia A Hidrologia a cincia que estuda a ocorrncia e o movimento da gua no

    planeta. Estuda a gua em seus diversos estados lquido, slido e gasoso

    encontrados na atmosfera e na superfcie da Terra.

    15.4 Distribuio e disponibilidade da gua no planeta

    De todo o volume de gua presente na Terra, aproximadamente 97% est

    concentrada nos mares e oceanos. Portanto, apenas 3% da gua doce, desse

    total 70% est concentrada em geleiras e icebergs, 29% em lenis freticos, e somente 1% est disponvel em rios, lagos, solo e biota (figura 15.2).

    Figura 15.2: Distribuio da gua no PlanetaFonte: http://proflilian5serie.do.comunidades.net

  • e-Tec BrasilAula 15 - Controle ambiental da gua 71

    Oito pases detm 60% do volume de gua disponvel para o consumo humano

    - Brasil, Rssia, Indonsia, Peru, Colmbia, Estados Unidos, Canad, China.

    Essa m distribuio dos recursos hdricos torna-se grave em 22 pases em

    que a disponibilidade de gua por ano se aproxima da escassez, enquanto

    outros 18 tm disponibilidade baixa. Existem ainda pases que j enfren-

    tam a escassez da gua, no somente para o abastecimento domstico,

    mas tambm para o desenvolvimento de suas atividades econmicas (Banco

    Mundial, 1992).

    O Brasil possui a maior disponibilidade de gua do mundo...

    O Brasil possui a maior disponibilidade de gua do mundo, chegando a 13,8%

    do deflvio mdio mundial. Vale lembrar que esse recurso mal distribudo

    entre as cinco regies brasileiras. H uma inverso entre a disponibilidade

    de gua e a populao absoluta. Na Regio Norte onde vivem apenas 7%

    dos brasileiros esto dispostos cerca de 68% dos recursos hdricos do pas,

    enquanto no Sudeste aproximadamente 43% da populao absoluta do

    Brasil disponibiliza de apenas 6% desses recursos (BASSOI; GUAZELLI, 2004).

    Figura 15.3: Disponibilidade de gua potvel no mundo em 2000.Fonte: UNEP, 2000.

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 72

    certo que a gua tem sido a base para o desenvolvimento do pas, pois

    95% da energia eltrica provm de usinas hidreltricas, razo que explica

    o grande interesse das companhias energticas pelos recursos hdricos. At

    mesmo onde h escassez do recurso o crescimento estimado s custas da

    degradao, principalmente atravs do lanamento inadequado de esgoto

    domstico e efluentes industriais.

    A partir do final dos anos 1970, diante do acelerado crescimento econmico

    do pas, foram colocadas em prtica vrias aes de gerenciamento dos

    recursos hdricos, mas foi somente com a promulgao da Constituio

    Federal de 1988 que a gua passou a ser tema prioritrio nas agendas do

    governo e das empresas. A Carta Magna determinou a instituio do Sistema

    Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos, alterando o Cdigo das

    guas de 1934. Este foi instituido apenas em 1997, quando foi promulgada

    a Lei Federal n.9.433 que definiu a Poltica de Recursos Hdricos do Brasil.

    ResumoNesta aula vimos que o Brasil possui a maior disponibilidade de gua do

    mundo, chegando a 13,8% do deflvio mdio mundial, contudo, h

    uma inverso entre a disponibilidade de gua e a populao absoluta.

    Percebemos que embora tenham sido colocadas em prtica vrias aes de

    gerenciamento dos recursos hdricos a partir da dcada de 1970, foi somente

    com a promulgao da Constituio Federal de 1988 que a gua passou a

    ser tema prioritrio nas agendas do governo e das empresas.

    Atividades de aprendizagemResponda as seguintes questes:

    1. Qual a importncia de reduzir o desperdcio de gua no planeta?

    2. Quais so suas atitudes cotidianas para reduzir o desperdcio da gua?

  • e-Tec Brasil73

    Embora muitas vezes no consigamos distinguir os diferentes tipos de

    gua, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), estabelece uma

    classificao indicando o consumo adequado para cada tipo. O objetivo desta

    aula de conhecer esta classificao, bem como, entender como a gua

    utilizada e ao mesmo tempo poluda. Vamos l!

    16.1 Resoluo CONAMA 357/05 classificao das guas

    No Brasil, a classificao das guas doces, salobras e salinas estabelecida

    pela Resoluo CONAMA 357/05 conforme quadro a seguir:

    DAS GUAS DOCES

    Art. 4. As guas doces so classificadas em:

    I. classe especial: guas destinadas:

    b) ao abastecimento para consumo humano, com desinfeco;

    c) preservao do equilbrio natural das comunidades aquticas;

    d) preservao dos ambientes aquticos em unidades de conservao de proteo integral.

    II. classe 1: guas que podem ser destinadas:

    a) ao abastecimento para consumo humano, aps tratamento simplificado;

    b) proteo das comunidades aquticas;

    c) recreao de contato primrio, tais como natao, esqui aqutico e mergulho, conforme Resoluo CONAMA no 274, de 2000;

    d) irrigao de hortalias que so consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoo

    de pelcula;

    e) proteo das comunidades aquticas em Terras Indgenas.

    Aula 16 Classificao, uso e poluio das guas

  • Conservao Ambientale-Tec Brasil 74

    III. classe 2: guas que podem ser destinadas:

    a) ao abastecimento para consumo humano, aps tratamento convencional;

    b) proteo das comunidades aquticas;

    c) recreao de contato primrio, tais como natao, esqui aqutico e mergulho, Conforme Resoluo CONAMA no 274, de 2000;

    d) irrigao de hortalias, plantas frutferas e de parques, jardins, cam-pos de esporte e lazer, com os quais o pblico possa vir a ter contato

    direto;

    e) aquicultura e atividade de pesca.

    VI. classe 3: guas que podem ser destinadas: