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C M Y K C M Y K C M Y K C M Y K CORREIO B RAZILIENSE www.correiobraziliense.com.br LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND (DOMINGO) » BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, 21 DE JULHO DE 2019 » Número 20.514 » 94 páginas »R$ 4,00 Governo buscamais articulação noCongresso Bolsonaro nega ter criticado nordestinos A aprovação da reforma previdenciária em primeiro turno animou o mercado, mas a necessidade de ampliar o diálogo com o Congresso, principalmente para destravar a economia, é prioridade de governistas. O próximo teste será as negociações sobre mudanças na área tributária. Depois de dizer “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”, o presidente respondeu às fortes reações nas redes sociais: “A maldade está no coração de vocês (imprensa). Tenho tanta crítica ao Nordeste que casei com a filha de um cearense”. Série do C Co or rr re ei io o destaca as dificuldades de moradores das áreas rurais do Distrito Federal para irem ao trabalho, à escola e também aos hospitais. A precariedade das estradas é outro problema que afeta inclusive a economia da capital. O sonho de ser embaixador nos Estados Unidos Esquecidos pelo transporte público Ceará derruba Palmeiras, o último invicto do Brasileirão Em casa, os alvinegros quebraram a sequência de 33 partidas do Verdão (2 x 0). Mais cedo, o Vasco venceu o Flu de virada (2 x 1). Flamengo e Corinthians se enfrentam hoje no Itaquerão. PÁGINAS 15 E 16 Ed Alves/CB/D.A Press Motoclubes bem femininos Mulheres são protagonistas do Brasília Capital Moto Week. Elas vêm de várias regiões do país participar do maior evento da América Latina. PÁGINA 24 A resistência da música erudita Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro comemora 40 anos. Conheça histórias de instrumentistas que marcaram a trajetória da OSTNCS. DIVERSÂO & ARTE GRIPE Depois da tragédia, a servidora pública Thâmar Castro Dias entra na luta para conscientizar as pessoas sobre a importância da vacinação contra o vírus. A dor de perder um filho para o H1N1 PÁGINA 21 PÁGINA 4 Do jegue ao patinete elétrico, o Brasil que muda PÁGINAS 8 E 9 FRIO As baixas temperaturas podem se estender até agosto, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Julho registra a semana mais gelada do século. Domingo de 7ºC e de baixa umidade PÁGINA 20 PÁGINA 3 PÁGINA 2 R evista do CORREIO A pele merece cuidados Fãs celebram Sandy e Junior O Mané Garrincha foi palco de um show da turnê Nossa história, em que a dupla apresenta sucessos da carreira de 30 anos. O público de várias idades que foi ao estádio cantou e se emocionou com os artistas. PÁGINA 20 Corretivos coloridos ajudam a atenuar manchas e imperfeições do rosto. Cada tom tem uma função específica. Confira as dicas de maquiadoras sobre como aplicar esses produtos. Especial Como enfrentar a puberdade precoce TV Séries das antigas estão de volta! Diabetes Controle com ajuda de toda a família P PÁ ÁG GI IN NA AS S 1 17 7 E E 1 18 8 Vai um pãozinho quentinho? Diogo Lourenço inova com a entrega em domícilio. Assim como ele, empreendedores buscam oportunidades no competitivo mercado de delivery. T TR RA AB BA AL LH HO O CLASSIFICADOS: 3342.1000 • ASSINATURA / ATENDIMENTO AO LEITOR: 3342.1000 [email protected] • GRITA GERAL: 3214.1166 Marcelo Ferreira/CB/D.A Press Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press Stephan Eilert/cearasc.com Minervino Junior/CB/D.A Press

LONDRES,1808,HIPÓLITOJOSÉDACOSTA.BRASÍLIA,1960 ... · Itaquerão. PÁGINAS15E16 EdAlves/CB/D.APress Motoclubesbem femininos Mulheressão protagonistas do Brasília Capital MotoWeek

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CORREIO BRAZILIENSEwww.correiobraziliense.com.br

LONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND

(DOMINGO)» BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, 21 DE JULHODE 2019 »Número 20.514» 94 páginas »R$4,00

GovernobuscamaisarticulaçãonoCongresso

Bolsonaronegatercriticadonordestinos

A aprovação da reforma previdenciária em primeiro turno animou omercado, mas a necessidade de ampliar o diálogo com o Congresso,

principalmente para destravar a economia, é prioridade de governistas. Opróximo teste será as negociações sobre mudanças na área tributária.

Depois de dizer “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o doMaranhão”, o presidente respondeu às fortes reações nas redes sociais: “A

maldade está no coração de vocês (imprensa). Tenho tanta crítica aoNordeste que casei com a filha de um cearense”.

Série do CCoorrrreeiioo destaca as dificuldades demoradores das áreas rurais do DistritoFederal para irem ao trabalho, à escola e também aos hospitais. A precariedade

das estradas é outro problema que afeta inclusive a economia da capital.

OsonhodeserembaixadornosEstadosUnidos

Esquecidospelotransportepúblico

CearáderrubaPalmeiras,oúltimoinvictodoBrasileirão

Emcasa, os alvinegrosquebrarama sequência de33 partidas do Verdão (2 x 0).Mais cedo, o Vasco venceu o

Flu de virada (2 x 1).Flamengo e Corinthians se

enfrentamhoje noItaquerão.

PÁGINAS 15 E 16

Ed Alves/CB/D.A Press

Motoclubes bem

femininosMulheres são

protagonistas do BrasíliaCapital Moto Week.Elas vêm de várias

regiões do país participardo maior evento daAmérica Latina.

PÁGINA 24

A resistência damúsicaeruditaOrquestra Sinfônica doTeatro Nacional ClaudioSantoro comemora

40 anos. Conheça históriasde instrumentistas quemarcarama trajetória

da OSTNCS.

DIVERSÂO& ARTE

GRIPE

Depois da tragédia, a servidorapública Thâmar Castro Dias

entra na luta para conscientizaras pessoas sobre a importância

da vacinação contra o vírus.

AdordeperderumfilhoparaoH1N1

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PÁGINA 4

Dojegueaopatineteelétrico,oBrasilquemuda

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FRIO

As baixas temperaturas podemse estender até agosto, segundo

o Instituto Nacional deMeteorologia. Julho registra a

semana mais gelada do século.

Domingode7ºCedebaixaumidade

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RRevistadoCORREIO

Apelemerece

cuidados

FãscelebramSandye Junior

O Mané Garrincha foi palco de um show da turnêNossa história, em que a dupla apresenta sucessos da carreirade 30 anos. O público de várias idades que foi ao estádio cantou

e se emocionou com os artistas.

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Corretivos coloridos ajudama atenuarmanchas eimperfeições do rosto.Cada tom tem uma funçãoespecífica. Confira as dicas demaquiadoras sobre comoaplicar esses produtos.

EspecialComoenfrentarapuberdadeprecoce

TVSériesdasantigasestãodevolta!

DiabetesControle comajudade todaa família

PPÁÁGGIINNAASS 1177 EE 1188

Vai umpãozinhoquentinho?

Diogo Lourençoinova com a entrega

em domícilio.Assim como ele,empreendedores

buscam oportunidadesno competitivo

mercado de delivery.

TTRRAABBAALLHHOO

CLASSIFICADOS:3342.1000•ASSINATURA/ATENDIMENTOAOLEITOR:3342.1000•[email protected]•GRITAGERAL:3214.1166

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Dojegueaopatinete

No Nordeste, o jegue era o meio de locomoção mais comum, inclusive para carregar água. Com o tempo, foi substituído pelas motos

Paulo de Araujo/CB/D.A Press - 9/2/9

Sem acesso ao WhatsApp, Catarino perde corridas para os concorrentes Daniel Souza adotou o patinete para percorrer caminhosmais curtos

André Pessoa/Esp.CB/D.A. Press Ingrid Soares/CB/D.A Press

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8/9 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 21 de julho de 2019$

Editores: Leonardo Cavalcanti e Leonardo [email protected][email protected] / 1104 (Brasil/Política) e 3214-1148 / 1191 (Economia)

MUDANÇADEHÁBITOS

Evolução da tecnologia provoca revolução no sistema de transportes. Hoje, é possível acessar um carro,umamoto ou qualquer outromeio por intermédio de um celular. Questão ambiental tem pesado na escolha

» SIMONE KAFRUNI» INGRID SOARES

Do lombo dos jegues às ga-rupas de motocicletas, naregião mais pobre do país,ou dos engarrafamentos à

facilidade dos aplicativos na pal-ma da mão, nos centros urbanos,até as alternativas sustentáveisdos patinetes e veículos elétricos,é inegável a evolução dos trans-portes nas últimas duas décadase meia. Com as tecnologias dis-ruptivas, uma revolução está emcurso e os passageiros e motoris-tas começam a enxergar a mobi-lidade como um serviço capaz deprover o deslocamento da formamais eficiente e satisfatória. Paraa geração do século 21, o carroperdeu o status de sonho de con-sumo, deixou de ser patrimôniopara se tornar uma ferramenta.Neste cenário, novos atores ga-nham espaço e a indústria auto-mobilística precisa se adaptar.

A monetização da mobilida-de, que, por muitos anos, se con-centrou na mão das grandes cor-porações, como montadoras,empresas de transporte coletivoe governo, tomou outro rumo.Entraram na corrida as gigantesde tecnologia, como Apple, Goo-gle, pequenas startups, aplicati-vos de transporte, como Uber e99, ou a sensação do momento, aYellow, dos patinetes. Com oscarros cada vez mais conectados,as operadoras de telecomunica-ção também entram na disputapor um lugar no grid.

“A receita está sendo diluída.Mais de 40% dos veículos vendi-dos são para locadoras. Postos degasolina discutem criar áreas co-mo local de parada dos carroscompartilhados.Hámuitas ideiasnovas na jogada”, diz Andrea Car-doso, diretora executiva da Ac-centure para indústria automoti-va no Brasil. No entender dela,não tem espaço nem receita paratodo mundo. “Quem oferecer omelhor serviço é que vai ter amaior fatia”, afirma.

O comportamento das novasgerações e o avanço da tecnolo-gia estão acelerando as mudan-ças, destaca Guto Ferreira, presi-dente da Agência Brasileira deDesenvolvimento Industrial (AB-DI). “O carro deixou de ser umamontoado de aço, para ser umaplataforma de serviço. Quem trazmais tecnologia na ponta, vendemais. Mas não é o amortecedor, éo bluetooth, a conexão”, diz. “So-mado a isso, o comportamentodos milleniuns, voltado à susten-tabilidade e ao compartilhamen-to, bate de frente com os modaisde transporte tradicionais”, acres-centa. Outras pequenas reinven-ções ou adaptações, como o car-ro elétrico e os patinetes, entra-ram na rota. “Além de mudar operfil do transporte, isso alteraradicalmente a modelagem eco-nômica do setor”, explica.

ContradiçõesEstar preparado para trafegar

nesse novo mundo faz toda a di-ferença na hora de viver do trans-porte. No sertão nordestino, emSão Raimundo Nonato, Piauí, on-de, há 25 anos, muitas pessoasainda se locomoviam no lombode jegues, ter acesso a aplicativosé fundamental para ganhar clien-tes e fazer corridas. O mototáxiNilberto Negreiro, 35 anos, ganhaa vida em cima da motocicleta háoito anos. Em 2018, começou ausar o WhatsApp como ferra-menta. “Aumentou meu movi-mento em 50%. Ficou mais fácilcom grupos. Ganhei clientes fi-xos”, conta. “Bom para alguns,ruim para outros”, brinca o cole-ga Catarino Dario Pereira dos

Santos Neto, 32, que ainda nãotem smartphone e perde corridaspor conta do celular obsoleto.

Cidade-polo da região maispobre do Brasil, São RaimundoNonato tem 34,5 mil habitantes.A frota sobre duas rodas passoude 2.341, em 2006, para mais de10 mil veículos em 2018, umamoto para cada 3,5 pessoas, se-gundo dados do Instituto Brasi-leiro de Geografia e Estatística(IBGE). Um salto de 328% em 12anos. Bom para os jegues, queagora circulam livres e, até 1994,antes do Plano Real, eram o prin-cipal meio de transporte no ser-tão. Porém, mais perigoso para oscaronas e pilotos.

João Leite, socorrista do Servi-ço de Atendimento Móvel de Ur-gência (Samu), diz que o princi-pal motivo de morte por acidenteem São Raimundo Nonato é que-da de moto. Isso porque a popu-lação não usa capacete. E, parapiorar, trafega com a família toda,

quatro ou cinco pessoas em cimade uma motocicleta. “A genteatende de tudo, derrame, infarto,até briga por bebida, mas nadamata mais do que TCE (trauma-tismo craniano encefálico).Quem não se mata, fica com se-quelas”, lamenta.

O mesmo problema é enfren-tado nas grandes cidades com ospatinetes elétricos. O número deacidentes se multiplica nas capi-tais brasileiras, mas, nem isso, ti-ra a atratividade do xodó da mo-bilidade. Sustentável e ideal paraa chamada “última milha”, aque-le percurso final entre o terminaldo transporte coletivo ou o esta-cionamento e a porta do destino,o serviço ganhou fãs e usuários,apesar dos perigos.

FacilidadeA tecnologia acrescentou um

novo meio de locomoção na vi-da do designer gráfico Daniel

Souza, 33. Morador do Guará,ele segue de um shopping, noSetor Comercial, para a casa damãe, na Asa Norte, de patinete.Também aproveita quando saido trabalho para dar uma voltaenquanto espera a esposa bus-cá-lo. Souza garante que encon-trou facilidade ao manusear oequipamento, pois tinha costu-me, quando criança, de andarde patinetes de alumínio. “Atecnologia auxilia na mobilida-de e facilita a vida. Levei um diapara entender como funciona-va, mas depois, peguei a ma-nha. A dica é impulsionar o pa-tinete até acelerar. Faz diferen-ça no dia a dia, porque, nele, agente anda em pé, não se esfor-ça tanto como na bicicleta. Temo conforto do acelerador”, diz.“O único ponto fraco é que de-veriam oferecer equipamentosde segurança”, completa.

A camelô Vanusia Alves Rodri-gues, 44, moradora de Ceilândia

Norte, trabalha próximo ao Hos-pital de Base do Distrito Federal(HBDF). Ela afirma que utiliza opatinete cerca de três vezes nasemana quando precisa se deslo-car até a Rodoviária do Plano Pi-loto para resolver problemas docotidiano. “Para não vir de carro,uso patinete. É mais prático. Nãotem que esperar o trânsito, nãoprecisa de lugar para estacionar.A tecnologia tem ajudado muitona melhoria de vida e na econo-mia de tempo. Com o patineteelétrico também não me esforçotanto. Só acho que poderia sermais barato”, opina.

Próximo ao centro do poder,os patinetes também são utili-zados por quem trabalha porlá como meio de locomoção. Éo caso do estudante Will ianLopes, 17, morador do Itapoã.Ele conta que, ao menos trêsvezes na semana, utiliza o meiode transporte ao chegar na pa-rada de ônibus da Esplanada.

“Geralmente, isso ocorre quan-do não consigo pegar o ônibusque passa em frente ao Minis-tério da Economia. Daí, vou atéa parada do outro lado da rua efaço o restante do trajeto no pa-tinete. Por ser elétrico, é maisrápido. Não precisa usar força.Facilita a vida de quem é maisocupado. Se quiser, também dápara fazer o trajeto pela Espla-nada inteira ou ainda subir pa-ra a Rodoviária”, destaca.

O advogado Rogério Lima, 38,morador do Jardim Botânico, ex-perimentou o equipamento naEsplanada pela primeira vez. “Seeu gostar, vai virar prática. O va-lor não é acessível, mas, com cer-teza, permite maior circulação,não precisa esperar ônibus nemcarro”. Ainda meio tímido, deu asprimeiras deslizadas pela ciclo-via. Em poucos minutos, pegou ojeito e sumiu pela pista. Ao queparece, também vai passar a serum usuário fiel.

Para atender ao Acordo deParis, que estabelecemetasde redução de emissões degases de efeito estufa dosveículos automotores, aPolítica Nacional deBiocombustíveis(Renovabio) cria a figura doscréditos de descarbonização(CBios), que resultarão naredução de 10,1% naintensidade de carbono damatriz de transporte,segundo a Agência Nacionaldo Petróleo,Biocombustíveis e GásNatural (ANP). “Dada apenetração do carro flex noBrasil, que hoje respondepor mais de 70% da frota deveículos leves em circulaçãoe por cerca de 85% daprodução nacional, umaopção natural para aeletromobilidade é o veículohíbrido a etanol. Para osveículos pesados de usorodoviário, estão emandamento estudos emvários países utilizando ogás natural veicular, obiometano ou o greendiesel”, informa.

Metaparareduzirgasesveiculares

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Bicentenário

Osprimeirosmodelosde carroselétricos são inventadosnaEscócia enosEstadosUnidos entre 1801 e1850, quandoentramnomercado.Em1900, capturamfatiade28%nosEUA.Os veículos elétricos (VEs) sãoquaseextintosnadécadade 1930por contadapopularizaçãodecarrosa combustãoeagasolina. Em1997, aToyota começaavenderoPrius.Nadécadade2000, começaasegundaeradosVEs, comolançamentodaTeslaMotors eopetróleo superandoUS$ 145porbarril. Em2010, oBatteryElectricVehicle (BEV)NissanLeaf é lançado.Em2015, o estoqueglobal atinge1,26milhãodeveículos. Em2018, jásão2,23milhõesnomundo.

Apolíticadeveriasermaisagressivaparaincentivaros carroselétricos”

Guto Ferreira,presidenteda ABDI

C omo chupeta para recarregar bateria arriada, o governo deJair Bolsonaro deve apelar à gambiarra adotada em 2017por Michel Temer para tentar injetar algum ânimo no con-sumo e vitaminar o combalido crescimento econômico, li-

berando depósitos do FGTS e do PIS.Depoisda severa retraçãode7%doProduto InternoBruto (PIB)no

biênio 2015 e 2016, seguidade crescimentos pífios de 1,1%em2017 e2018 e tendendo amenos que isso este ano, não se pode dizer que aeconomia esteja bem.Apermissão ao trabalhador sacar suapoupan-ça forçadanoFGTSsóse justificapelaexcepcionalidadedasituação.

A rendaper capita continua encolhendo, nãohá sinal de reversãododesempregoesubempregoqueafetam27%daforçadetrabalhode106milhões de pessoas, a ociosidade na produção faz o PIB operarcomociosidadeaoredorde8%,o investimentoprodutivoéquimera.

Que se faça algo contra a notória insuficiência de demanda, que aequipe econômicaminimizava vis-à-vis as reformas estruturais, comcautelaparanãosecriaroutrabolhadeendividamentopessoal.

Mas éo casodepensarmoscomos próprios botões, esseexercício de reflexão em faltanos últimos anos—décadas,diriamosmaisvelhos.

Era compreensível queumgoverno-tampão como o deTemer, impopular como ne-nhumoutro, recorresse a ex-pedientes paramanter a eco-nomia acimada linha d’água.Apesar disso, o Congressoaprovoucomeleo tetodogas-to público, a reforma traba-lhistaeo fimdomonopóliodaPetrobrasnopré-sal.

Só que as contingências deTemer não são as deBolsonaro. Ele seelegeuprometendo inovar napolítica e recuperar o emprego.Tais ju-ras estão em stand-by, sobretudo o crescimento. Oministro PauloGuedesacenoucomcrescimentopadrãochinês seanovaPrevidênciafosseaprovadacom,segundoele,“potência fiscaldeR$1 trilhão”.

ACâmara chegouperto dessa quantia na primeira das duas vota-ções da emenda constitucional, enquanto semana a semana os eco-nomistassó têmfeitopicaraprojeçãodataxadoPIBnesteano—fala-vamde2,5%emdezembro.Hoje,projetam0,81%eoviésédebaixa.

Oquehouve?Não se sabenogovernoouoseuministro liberal nãoteriacacifadoumamedidadeinduçãodoconsumoquecontrariasuasconvicções. Foi de improviso, tanto queBolsonaro queria anunciar a‘novidade’ jánaquinta-feirae tevedeesperarmaisalgunsdias.

Oque importa discutirMais importante que buscar nestes setemeses de governo Bol-

sonaro as causas de o crescimento continuar anêmico é saber porque a economia perde terreno no cenário mundial desde a déca-da de 1980. E não só.

A cada ano, o PIB se mostra menos capaz de manter o sistemade Estado moldado pela Constituição de 1988 — da federaçãodesproporcional em relação à capacidade ou disposição contri-butiva da sociedade (com 33% de carga tributária e gasto públicoacima de 40% do PIB) às benesses do funcionalismo, os poderescom excessiva autonomia, subsídios etc.

Em todos esses anos, criaram-se metas para tudo que envol-vesse gasto, menos para o que ampliasse a base tributável: o in-vestimento real, inclusive em infraestrutura, em educação ade-quada e em inovação. E não faltou discurso ideológico, normal-mente em torno da distribuição de riquezas existentes só no pa-pel e do que sequer foi produzido.

AChina já nos invejouUm olhar para o que aconteceu no passado recente em quase

todos os países com economia comparável em algummomento ànossa permite que se entendamelhor as causas de nossa estagna-ção. Tome-se a China, o exemplo mais expressivo na história deuma economia miserável, 100% estatizada, que virou 2ª potênciaglobal em apenas quatro décadas.

Em 1978, o PIB chinês era de US$ 150 bilhões e sua populaçãode 1,3 bilhão de pessoas, majoritariamente analfabeta. O PIB eramenor que o do Brasil e igual ao da Holanda. Foi quando a elitedirigente abriu a economia ao capital externo, descoletivizou aagricultura, reduziu o controle do Estado e iniciou dois progra-mas ambiciosos: educação emmassa e investimento em infraes-trutura. Hoje, 60% do PIB é privado.

SeuPIBdeUS$12 trilhões sóperdeparaodosEUA.EaHolanda?OPIB seguemenorqueonosso,masexportaUS$107bilhõesdeprodu-tosagrícolascomotamanhodoRio, enós,US$102bilhões...

Disciplina pelo progressoExcetopeladitaduradepartidoúnico, pouca coisadifereomodelo

chinês dodesenvolvimento que enriqueceuos EUAe reconstruiu Ja-pão eAlemanhadepois da devastação da 2ªGuerra. O traço comumaos países bem-sucedidos temmais a ver comdécadas de disciplinaférreapeloprogressoquecomideologiasemodeloseconômicos.

É essa disciplina quenunca tivemos. Corrompeu-se, aqui, o papeldoEstado comocatalizador doprogresso, ao fazê-lo protetor de gru-pospolíticoseeconômicoseprovedorde lobbiesde funcionários.Esecometerá outro erro se se desfibrar seupropósito de indutor da visãocriadora de riqueza, tarefa da sociedade, não do Estado empresárioquenemaChinaditacomunistacontempla.

Oque importa é saberqueo liberalismoqueexclui doEstadooseupapel de coordenador doprogresso e odirigismoque criou iniquida-des e corrupção só trazematraso.Nada disso implica negar as refor-masdaprevidência,a tributáriaetc.ElasnãosãocontraoEstado, sãoafavordasociedade, ao tomá-lodosqueoextorquemdesdesempre.

Três carências a enfrentarTrêscarênciasprecisamserenfrentadasparaopaís recuperaroseu

atrasona corrida global e atender os anseios sociais. A 1ª é termos vi-sãosobreoquequeremosser.Umpaísgigante, commercadodemas-sahomogêneoebase industrial, qualificaedefineavisão.

A 2ª é direcionar a política econômica com o objetivo do bem-estar social e do dinamismo empresarial. Ele surge de regimes deeconomia aberta à concorrência externa para induzir a inovação.E, enfim, o Executivo retomar a gestão do Estado, fracionado entreinstâncias não eleitas, e o Congresso assumir o protagonismo quelhe pertence numa democracia. Essa é a “guerra cultural” que im-porta travar. A outra é devaneio de rede social.

Governoquerativaro consumo,vencidopelo enigmadedécadasdebaixocrescimentoeconômico

A chupeta do FGTS

Brasil S/Apor [email protected]

Sustentabilidade dá as cartas» SIMONEKAFRUNI

A indústria automobilísticapassa pela maior revolução em100 anos. Amudança, talvez, sejaaindamais impactante do que atransiçãona locomoção“do jegueao patinete”, porque o futuro re-presenta uma grande volta aopassado. O primeiro carro fabri-cado no mundo foi elétrico. E,em termos globais, é para a po-pularização dos eletrificados quese dirige o setor, guiado pela no-ção de sustentabilidade e pelasmetas de redução nas emissõesde gases de efeito estufa. No Bra-sil, no entanto, falta acelerador.

Em um país cuja frota é dequase 59milhões de veículos, fo-ram vendidos 10,6mil carros elé-tricos entre 2012 e 2018, de acor-do com a Associação BrasileiradeVeículos Elétricos (ABVE). Ri-cardo Guggisberg, presidente daentidade, explica que a indústriabrasileiraaindaémuito focadanomotor a combustão. “O veículoelétrico é caropor causadasbate-rias. Isso dificulta o desenvolvi-mento. Mas ganhamos incenti-vos, como isenção de imposto deimportaçãoedeprodução.Comaevolução e a queda dos preços, ocenário vaimudar”, aposta.

Nos próximos cinco anos, aABVE projeta umcrescimento domercadode300%a500%,comba-se nos números de 2017, de 3.296unidades licenciadas. Em2026, aEmpresa de Pesquisa Energética(EPE) prevê que os veículos elétri-cos híbridos nãoplug-in (comummotor elétrico e outro a combus-tão) representarão 2,5%dos licen-ciamentos, ou cerca de 100 milunidades.AEPEestimaqueosveí-culos híbridos plug-in (comdoismotores e possibilidade de recar-regar na corrente elétrica) e os to-talmente elétricos a bateria (BEV)não entrarãonomercadoantes de2026 e ainda serão estatisticamen-tepoucosignificativosem2030.

Para os especialistas, o que

segura o avanço é o lobby dasgrandes montadoras no Brasil,que preferem produzir um carrobarato e poluente do que investirna tecnologia de ponta, e do setorsucroalcooleiro, que aposta nasubstituição da gasolina pelo eta-nol para o país alcançar asmetasde redução de emissões. AndreaCardoso, diretora executiva daAc-centure para indústria automoti-va noBrasil, diz que o desafio elé-trico tambémpassa pela “dobra-dinha custo e infraestrutura”. Asbaterias são caras e faltampostosdeabastecimentonopaís.

Estratégia“As empresas lançammode-

los lá fora e o novo regime auto-motivo Rota 2030 temmetas cla-ras de redução de impostos paraquem atingir certos parâme-tros”, destaca. “No entanto, oBrasil tem a possibilidade do usode etanol. E as montadoras vãopelo caminho do carro flex. Porisso, o elétrico vai acontecer demaneira tímida”, ressalta.

Opresidente daAgência Brasi-leira deDesenvolvimento Indus-

trial (ABDI), Guto Ferreira, explicaque as grandesmontadoras inves-tempesadonos elétricos em seuspaíses de origem,mas permitemque as subsidiárias brasileiras to-memasdecisões locais. “Asmatri-zes têmtodoointeresseemdesen-volver a tecnologia noBrasil,masainda é lucrativo produzir carroruim e barato e vendê-lo por pre-çosabsurdos”,diz.“Apolíticadeve-ria sermais agressivapara incenti-varoscarroselétricos”,defende.

A AssociaçãoNacional dos Fa-bricantes deVeículos Automoto-res (Anfavea) não“fala sobre o te-ma, pois cada marca associadatem uma estratégia diferente”.Mas explica que a única, até ago-ra, que anunciou produção noBrasil de umhíbrido foi a Toyota.Maurilio Pacheco da Silva Neto,gerente de produto damarca ja-ponesa, diz que as vendas de veí-culos híbridos vêm crescendo deforma constante. “Em 2016, o vo-lumemédio era de, aproximada-mente, 50 unidadesmensais. Es-se montante subiu para 200 car-ros em2017 e chegamos a 450 emjunhodeste ano”, afirma.

“A indústria automobilística

está passando por ummomentode transformação, talvez omaior emais importante dos últimos 100anos.Oprocessomudará comple-tamente não somente os carros,mas amaneira comoomundo semove”, destaca. “A Toyota estáatentaesetransformando,deumafabricante de automóveis paraumaempresaprovedorademobi-lidade”, acrescenta. Segundo ele, apreocupação commatriz energé-tica, emissões e sustentabilidade éo drive da companhia, que criou,em1997, o Prius, primeiro veículohíbridoproduzido em larga escalano mundo. “Hoje, são quase 40modelos presentes emmais de 90países. Em20 anos, 11milhões deveículos elétricos foramvendidosglobalmente”, ressalta.

Oshíbridossãooprimeiropas-so para o processo de eletrifica-ção no Brasil, porque não neces-sitam de investimentos na in-fraestrutura, já que não se recar-regam na corrente elétrica. “Aeconomia de combustível doPrius, quando confrontada a deummodelo demesmoportemo-vidoagasolina, édeaté52%naci-dade e 42%naestrada”, compara.

Andre Coelho/ABDI - 30/4/19

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CORREIO BRAZILIENSELONDRES, 1808, HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA. BRASÍLIA, 1960, ASSIS CHATEAUBRIAND

BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL, SEGUNDA-FEIRA, 29 DE JULHO DE 2019 NÚMERO 20.522 • 32 PÁGINAS • R$ 2,50

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Ônibusdofuturo,semmotorista,vaichegarprimeiroaBrasília

Negócios Foconopreço

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CB.PoderOsecretário deEducaçãodoDistrito

Federal,RafaelParente, éoentrevistadodehoje.Oprograma,umaparceriadoCorreiocomaTVBrasília, será transmitido, aovivo, apartir das 13h20. AcompanhetambémpeloFacebookdo jornal.

Novochip imitacérebro humano

Invenção australiana permitesalvar dados a partir de

luminosidade e pode ajudarpesquisas sobre demências.

PÁGINA 14

Navegarépreciso,masoBrasilesqueceu

»» RREENNAATTOO SSOOUUZZAA »» SSIIMMOONNEE KKAAFFRRUUNNII

Desde a concepção, a capital federal é reconhecida-mente futurística, tanto pela arquitetura quanto pelaepopeica construção, que levou apenas cinco anos.Fazendo jus a essa característica, o GDF pretende

transformá-la na primeira cidade inteligente daAmérica Latina. Ainda neste semestre, um coletivoautônomo deve começar a circular, em fase de teste,na Esplanada dos Ministérios. Internet 5G e câmeras

de reconhecimento facial também são novidadesanunciadas. Agora é esperar para ver como os brasi-lienses lidarão com tanta tecnologia quando essamodernidade chegar às ruas. PÁGINAS6 E 7

»» CCLLAAUUDDIIAA DDIIAANNNNII»» LLEEOONNAARRDDOO CCAAVVAALLCCAANNTTII»» LLUUIIZZ CCAALLCCAAGGNNOO

Brasília,São Paulo e Manaus — Série dereportagens do Correio sobre hidroviasmostra como são mal aproveitados oscerca de 60 mil quilômetros de riosnavegáveisdo país. Com opoderpúblicopriorizando rodovias e reduzindo oleque de opções de transporte de pas-sageiros e de cargas, perde-se em com-petitividade e em sustentabilidade.

PÁGINAS4 E 5

»» AADDRRIIAANNAA BBEERRNNAARRDDEESS»» RREENNAATTOO AALLVVEESS

PÁGINA 18

ExpressoPequidarialucrosóem28anos

O trem de passageiros entre Brasília eGoiânia foi orçado em R$ 9,5 bilhões,

em 2017, e demoraria para dar retornofinanceiro. Transporte em alta velocidade

facilitaria a vida de moradores, masdepende do interesse de investidores

e do atual governo do DF.

Luiz Calcagno/CB/D.A Press

AlexandreV

idal/Flamengo

CEDOC/TVGlobo

SenhoraLiberdadeEla teve que lutar e vencer o preconceito para se tornar pioneira no teatro, na tevê e nocinema. Protagonizou espetáculos marcantes e abriu portas para novas gerações.Consciente do papel na sociedade, não aceitava o rótulo de “atriz negra”. “Sou atriz”,dizia. Não à toa, foi merecidamente celebrada em enredo na Marquês de Sapucaí: “Abreas asas sobre mim, ó, Senhora Liberdade”. Ruth de Souza morreu, ontem, aos 98 anos.DIVERSÃO&ARTE, CAPA

RUTHDESOUZA

FlavenceBotaemjogaçonoMaracanã

Rubro-negro mantémproximidade dos líderesno Brasileirão. O placar,3x2, renova a motivaçãodas equipes para difíceisduelos na Libertadores e

na Sul-Americana.

A dama de ferro

doBrasil!Aos 42 anos, Jaqueline

Mourão conquista obronze no Pan de Lima e

projeta a sétimaparticipação nos JogosOlímpicos, no próximo

ano, em Tóquio.

PÁGINAS 15 E 16

Santos lidera oBrasileirão!

Sem estrelas no elenco,equipe do técnico

argentino Jorge Sampaolisurpreende e alcança o

topo da tabela, após maisuma boa atuação na vitória

por 3 x 1 sobre o Avaí.

Abelardo

MendesJr/rededoesporte.gov.br

Invasão emorteMPF apura assassinato de cacique,no Amapá, após garimpeiros terem

invadido aldeia. PÁGINA 3

Nova política externaBrasil terá primeiro teste na ONUapós realinhamento em questõesde direitos humanos. PÁGINA 12

Como baixar os juros?Especialistas vão discutir o tema,que aflige o país, em seminário noCCoorrrreeiioo, em 6 de agosto. PÁGINA 2

Defesa do senador cassado,que cumpre pena de 28 anos

de prisão em regimesemiaberto, tinha pedido para

que valor fosse quitado em10 anos (120 parcelas). Com

a negativa do TJDF, ele terá dehonrar o débito com a Justiça

em parcela única.

PÁGINA 19

JustiçamandaEstevãopagaràvistamultadeR$8milhões

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Brasília teráônibus autônomo

MUDANÇADEHÁBITOS /O veículo, quenãoprecisará demotorista, vai circular, em fase de teste, na EsplanadadosMinistérios.O projeto piloto éumaparceria entre oGDFeumaempresa doVale doSilício, nos EstadosUnidos

6 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 29 de julho de 2019$

Editores: Leonardo Cavalcanti e Leonardo [email protected][email protected]

3214-1292 / 1104 (Brasil/Política) e 3214-1148 / 1191 (Economia)

0,19%NovaYork

0,16%SãoPaulo

BolsasNa sexta-feira

InflaçãoDólar EuroSaláriomínimoBovespa CDB

6,40%R$4,194

Índice Bovespa nos últimos dias (em pontos) Na sexta-feira Últimas cotações (em R$)Comercial, vendana sexta-feira Na sexta-feira Prefixado

30dias (ao ano)

IPCAdo IBGE (em%)Capitaldegiro

103.704 102.818 R$3,773(▼ 0,25%)

R$998Fevereiro/2019 0,43Março/2019 0,75Abril/2019 0,57Maio/2019 0,31Junho/2019 0,01

19/julho 3,74622/julho 3,73823/julho 3,77324/julho 3,76925/julho 3,782

10,05%23/7 24/7 25/7 26/7

» RENATO SOUZA» SIMONE KAFRUNI

H á 59 anos, Brasília im-pressionou o mundocom seu ambiente mo-dernoeaousadiadopro-

jeto. A criação de uma cidade in-teira, no meio do Planalto Central,em apenas cinco anos, desafiouos conceitos de arquitetura e ur-banismo. Agora, a cidade, maisuma vez, pretende encarar um de-safio para manter a fama de ter ce-nário futurístico. O governo do DFlançou plano para fazer da capitalfederal a primeira cidade inteli-gente da América Latina. Nos pró-ximos meses, moradores terão aoportunidade de conhecer e en-tender os benefícios da inteligên-cia artificial. O passo revolucioná-rio será no transporte urbano ter-restre. O GDF pretende colocarum ônibus autônomo, ou seja,que se desloca sem a necessidadede motorista, para levar passagei-ros que passam todos os dias pelaEsplanada dos Ministérios.

As negociações em torno doprimeiro coletivo autônomo doDF estão em andamento. A em-presa responsável por implantar oprojeto piloto está localizada noVale do Silício, nos Estados Uni-dos. A região é o berço da infor-mática moderna, deu origem àcomputação como se conhecehoje e continua inovando paratransformar a humanidade naspróximas décadas. Após o desen-volvimento dos microcomputa-dores, da internet, do avanço dafibra ótica e dos softwares parausuários, as grandes empresas detecnologia se concentram agorana interação da rede de computa-dores com outros objetos que fa-zem parte da vida das pessoas.

A comunicação entre o compu-tador, a geladeira, a televisão e asluzes de uma casa já é uma reali-dade. O próximo passo é criar umsistema de transporte inteligente,que evite acidentes, faça o fluxo deveículos fluir sem entraves e dêtempo para que o usuário aprovei-te a viagem para pensar, ler e se di-vertir. Quando projetou a capital,na década de 1950, o urbanista Lú-cio Costa não imaginou que asruas largas seriam perfeitas nãoapenas para os próximos 60 anos,mas também para os próximos

séculos. O trecho plano, com pou-cas curvas e vias espaçosas da Es-planada, é o cenário ideal para oteste do ônibus. A cidade resolveuantecipar previsões de especialis-tas. Um estudo da Rethink Xmostra que, até 2030, cerca de 95%de cada quilômetro rodado serápor um veículo autônomo.

O contrato com a empresaque desenvolve o coletivo deve

ser fechado nos próximos 60dias. Em seguida, o ônibus serátrazido para Brasília. O secretá-rio de Ciência e Tecnologia deBrasília, Gilvan Máximo, destacaque esse será apenas o começode uma proposta a ser levada pa-ra todo o DF. “Os próximos en-contros servirão para conhecer atecnologia. Será um projeto pilo-to para avaliar a expansão poste-

riormente. O ônibus será com-pletamente autônomo, sem anecessidade de motorista ouqualquer outro funcionário. Osoftware já foi desenvolvido, e otrajeto simples da Esplanada éideal para testá-lo”, conta.

Máximo diz que não está auto-rizado a revelar o nome da em-presa escolhida, até que o contra-to esteja fechado. Mas o coletivo

A tecnologia está transforman-do a forma como os trens trafe-gam pelos trilhos. Sistemas de co-municação inovadores, softwaresde previsão e monitoramento, de-tectores de trilhos e aplicativostornaram mais eficazes e rápidasas avaliações e os reparos de segu-rança da ferrovia.

Arnaldo Soares, gerente-geralde Engenharia de Transportes daMRS (Malha Regional Sudeste),ressalta o que já é realidade na fer-rovia. “Locomotivas passaram ater eletrônica embarcada, commotores de corrente alternada.Existem detectores de descarrila-mento, para paralisar a composi-ção quando identificado o proble-ma. O controle é remoto”, conta.Até o fim do ano, a empresa deveimplantar automação onde os

perfis dos trilhos têm muitas ram-pas. “O trem é feito para terrenosmais planos”, explica. A MRS tam-bém tem projeto de transformar aoperação nos pátios adjacentespor controle remoto.

“Parece que a ferrovia tem bai-xa tecnologia agregada, mas, naverdade, estamos dando saltos.Conseguimos passar de 40 mi-lhões de toneladas, em 1996, para175 milhões no ano passado, namesma linha de 1,6 mil quilôme-tros, graças à implementaçãotecnológica para aumentar pro-dutividade, processos de traba-lho e segurança”, afirma.

A MRS usa um sistema pionei-ro, chamado Comunication BasicTrain Control (CBTC), um circuitoaolongodetodaaferroviaquefazasupervisão do que está ocorrendo.

“Se o maquinista estiver fazendoerrado, o sistema toma o contro-le”, frisa. A companhia tem vários

laboratórios. “Só inovando paraconseguir ganhos”, ressalta. Outroprojeto, o Trip Optimizer, está

sendo validado. “No trajeto, o Tripopera de forma autônoma, comfoco em economizar combustível,mas precisa de ajuste.”

ReduçãodeocorrênciasAlém da MRS, empresas como

Rumo eVLI apostam em inovação.Na Rumo, softwares de previsão emonitoramento conseguem ante-cipar complicações e reduzir ocor-rências em todas as malhas. A em-presa inovou patenteando proje-tos como o Detector de TrilhosQuebrados (DTQ) e o aplicativoChave na Mão, que tornaram maiseficazes e rápidos avaliações e re-paros de segurança da ferrovia. “ODTQ é uma tecnologia inédita noBrasil. O aparelho é instalado emtrechosdeaté8km.Quandootrem

passa pelos locais monitorados, ascondições dos trilhos são repassa-das para o Centro de Monitora-mento de Redes. Se for identifica-da uma anomalia no trilho, o ma-quinista é informado em temporeal, eliminando o risco de descar-rilamento”, informa a Rumo.

A VLI, por sua vez, tem um pla-no estruturado de transformaçãodigital com mais de 100 iniciativasem desenvolvimento. “Temos sis-temas de alta complexidade, dinâ-micos e com um volume crescen-te de variáveis em tempo real. Aoempregar novas tecnologias, co-mo o uso de inteligência artificiale machine learning, conseguimosprocessar dados com agilidade etomar decisões baseadas em evi-dências e em cenários melhores”,explica. (SK e RS)

Softwares tornarammais eficazes reparosdesegurançaemferrovias

deve começar a circular aindaneste segundo semestre. “Não es-tamos medindo esforços paraavançar nessa tecnologia. Vamosser a primeira cidade a testar a in-ternet 5G, que é muito mais rápi-da do que a comum. Câmeras in-teligentes, de reconhecimento fa-cial, serão espalhadas pela cida-de. E tudo isso estará interligadopara mudar a rotina dos morado-res do DF”, frisa.

Colocar um carro de passeioautônomo nas ruas já é um grandedesafio. Ao avaliar a situação naperspectiva de um ônibus, prepa-rado para trans-portar até 100 pes-soas, é possívelperceber que oplanejamento temde ser ainda maispreciso. O analistade sistemas de in-formação RuanCarlos, especialis-ta em inteligênciaartificial, destacaque não pode ha-ver falhas na tec-nologia, sob o ris-co de causar aci-dentes. “O proces-samentodasinfor-mações colhidasno trajeto não fica-rá no próprio ôni-bus, mas, sim, nanuvem. O acesso àinternetprecisasermuito bom. Nessac o m u n i c a ç ã o,existe um tempode latência (tempode transmissão dainformação), quedeverá ser muitorápido”, ressalta.“Não pode ocorrerfalha. Se uma pes-soa se joga na frente do ônibus, acâmera vai identificar que existe oobjeto e envia a imagem ao servi-dor. E o servidor precisa responderidentificando que se trata de umapessoa. Assim, o coletivo agirá paraevitar um acidente.”

VeículoselétricosAs mudanças no trânsito do DF,

neste segundo semestre, prome-tem abrir espaço para um cami-nho sem volta rumo ao que existe

de ponta na tecnologia global. AAgência Brasileira de Desenvolvi-mento Industrial (ABDI) e o GDFfecharam uma parceria que vai dis-ponibilizar 16 carros do modeloTwizy, da marca Renault, para se-rem usados por servidores distri-tais. O número de veículos podeaumentar após a implantação doprojeto inicial. Ao mesmo tempo, oDFterá35eletropostos,quepodemabastecer qualquer veículo elétrico.

Para incentivar o uso dessa tec-nologia, que deixa para trás o com-bustível fóssil e o impacto ao meioambiente, os pontos de recarga

poderão ser usadossem custo pelosusuários. A cidadeserá um laboratórioa céu aberto pararevelar como a tec-nologia pode me-lhorar a mobilidadeurbana. Com a tro-ca de parte da frota,o governo esperaeconomizar até R$10 milhões por anoem manutenção ecombustível.

O presidente daABDI, Guto Ferrei-ra, afirma que a ci-dade vai contri-buir com a evolu-ção dos meios detransporte, alémde abrir caminhopara o ingresso daalta tecnologia nodia a dia das pes-soas. “É muito im-portante demons-trar as soluções emambiente real, nu-ma cidade com ca-racterísticas quepermitam a ava-liação dos resulta-

dos para a população e para a in-dústria associada”, diz. “E, entreas soluções, o compartilhamen-to de veículos elétricos se encon-tra em fase mais madura, comtestes sólidos no Parque Tecno-lógico e na Itaipu Binacional. AABDI tem como objetivo mudaro pensamento da nossa socieda-de para que as novas tecnologiastenham mais aderência. O com-partilhamento de veículos elétri-cos é uma delas, é o futuro danossa mobilidade.”

Salto tecnológico nas ferroviasMRS/Reprodução

Vamos ser aprimeira cidade atestar a internet5G, que émuitomais rápida doque a comum.Câmerasinteligentes, dereconhecimentofacial, serãoespalhadas pelacidade. E tudo issoestará interligado,paramudar arotina dosmoradores doDF”

GilvanMáximo,secretário de Ciência eTecnologia de Brasília

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CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, segunda-feira, 29 de julho de 2019 • Economia • 7

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A velocidade nas operações deembarque e desembarque de car-gas nos navios é fundamental,por isso, reduzir o tempo que asembarcações ficam paradas nosportos é alvo de pesquisas contí-nuas. Em Cingapura, já existe umporto totalmente automatizado.No Brasil, isso ainda não é reali-dade, mas a tecnologia avançoumuito, tanto nos navios quantonos terminais, explica MurilloBarbosa, presidente da Associa-ção dos Terminais Portuários Pri-vados (ATP).

A inteligência artificial e na-vios autônomos passam por fasede experiência para redução degás carbono e economia de com-bustível. “Já estão em teste naAlemanha. No Brasil, ainda nãoestamos tão evoluídos, mas exis-tem inovações importantes”, diz.A Portonave, que opera em Nave-gantes (SC), substituiu todos osguindastes que fazem a movi-mentação nos pátios, antes a die-sel, por veículos elétricos.

Segundo a empresa, com aimplantação do sistema BusbarSystem (barramento de trans-porte de energia), 18 equipa-mentos passaram a ser alimen-tados com energia elétrica, cominvestimentos de R$ 25 milhões.“Com o projeto, foi observadauma redução anual em torno de87% das emissões dos gases deefeito estufa (GEE).”

A cabotagem de madeira rea-lizada na região sul da Bahia,pela Suzano Celulose, operacom sistema pioneiro. Desde2018, a operação conta comguindastes gigantes, substituin-do máquinas carregadeiras depequeno porte que precisavamentrar na barcaça. Foram inves-tidos mais de R$ 60 milhões. Onovo modelo é responsável pordobrar de 25% para 50% a parti-cipação no abastecimento demadeira da fábrica de celuloseem Aracruz. “São contribuiçõesimportantes para o setor”, assi-nala Murillo Barbosa. (SK e RS)

Da indústria aeronáutica saemas tecnologias mais modernas,que resultam em aplicações pre-sentes no cotidiano. No Brasil, aEmbraer é responsável pelos pro-jetos mais inovadores. A Em-braerX, subsidiária para negóciosdisruptivos da companhia, focaesforços colaborativos para ativare acelerar a mobilidade urbana.

A empresa apoia o desenvolvi-mento de um ecossistema cola-borativo permitindo que as pes-soas imaginem um mundo emque os veículos elétricos de deco-lagem e pouso vertical (eVTOL)farão parte do dia a dia. Em par-ceria com dezenas de controla-dores de tráfego aéreo, acadêmi-cos, pilotos e especialistas do se-tor, a empresa publicou o “Flight-Plan 2030”. O projeto propõe umavisão baseada em procedimentospara um novo paradigma de ge-renciamento de tráfego aéreocom vistas ao futuro da indústriade mobilidade aérea urbana.

“A mobilidade aérea urbanaevoluirá para se tornar um meiode transporte significativo napróxima década e exigirá umecossistema verdadeiramentecolaborativo”, ressalta AntonioCampello, presidente da Em-braerX. “Nosso conceito de Ge-renciamento de Tráfego AéreoUrbano (UATM, na sigla em in-glês) garante acesso equitativo eseguro ao espaço aéreo urbanopara um amplo espectro de ae-ronaves, incluindo helicópterosconvencionais, aeronaves de asafixa e eVTOLs. O FlightPlan 2030apresenta o que acreditamos se-rem os primeiros passos neces-sários em direção às capacida-des autônomas.”

Amobilidade aéreaurbana evoluirápara se tornar ummeio de transportesignificativo napróximadécadae exigirá umecossistemaverdadeiramentecolaborativo”Antonio Campello,presidente da EmbraerX

Inovações nos portos

Aeronaves futuristas

O novo conceito foi apresenta-do durante o Uber Elevate Sum-mit 2019, emWashington, nos Es-tados Unidos, em junho desteano. O evento reuniu uma comu-nidade global de fabricantes, in-vestidores e representantes go-vernamentais com o objetivo detornar realidade a mobilidade aé-rea urbana compartilhada.

A companhia também anun-ciou uma parceria entre Embraere WEG, duas das maiores expor-tadoras de produtos manufatura-dos de alta tecnologia do Brasil.Elas divulgaram acordo de coo-peração científica e tecnológicapara desenvolvimento de solu-ções capazes de viabilizar pro-pulsão elétrica em aeronaves. Oobjetivo é aumentar a eficiênciaenergética desses veículos a par-tir da integração de motores elé-tricos. (SK e RS)

Embraer trabalhaparaqueoeVTOL façapartedodiaadiadapopulação

Obstáculos aos avanços no BrasilAs pesquisas na área de veí-

culos autônomos não são novas,mas a aplicação prática para osprojetos ganharem escala co-mercial ainda encontra obstá-culos no Brasil. O caos do trânsi-to e a legislação vigente emper-ram o avanço de carros, ônibuse caminhões autômatos. Na vi-são de especialistas, é questãode tempo para tomarem as ruas.Mas a revolução que a inteligên-cia artificial provoca nos trans-portes não se limita ao modalrodoviário e às alternativas demobilidade. A inovação tam-bém está sobre trilhos, entre asnuvens, flutuando nas águas eatracada nos portos.

As pesquisas na área são de-senvolvidas há mais de 20 anos.

Países como Estados Unidos,França, Japão e Alemanha inves-tem pesado para reduzir o nú-mero de acidentes e tornar o flu-xo no trânsito mais eficiente. Oprofessor André Monteiro, espe-cialista em desenvolvimento desoluções em inteligência artifi-cial do Instituto de Gestão e Tec-nologia da Informação (IGTI),afirma que a tecnologia é cadavez mais popular em termos glo-bais. “No Brasil, tem a questão le-gislativa, por isso a demora”, jus-tifica. “Além disso, a computaçãoé complexa para o veículo tomara decisão acertada no trânsito, etudo passa pela conectividade.Os equipamentos têm cada vezmais capacidade para coletar da-dos, mas a rede disponível ainda

não é ideal. A conexão tem de sermuito eficaz”, acrescenta.

Apesar de parecer coisa do fu-turo, o desenvolvimento na tec-nologia de carros autônomoscomeçou em 2007 no Brasil. Doisanos depois, o Laboratório deComputação de Alto Desempe-nho (LCAD) da Universidade Fe-deral do Espírito Santo (Ufes)começou o projeto Iara (Intelli-gent Autonomous Robotic Auto-mobile), liderado pelo professorAlberto Ferreira de Souza. Ini-cialmente, eram estudos de visãocomputacional e robótica móvelem ambientes simulados e da-dos de sensores reais, em tarefasde mapeamento, localização, de-tecção e reconhecimento pormeio de imagens de câmeras.

Em 2012, um carro Ford Esca-pe Hybrid foi adaptado para per-mitir o controle do sistema deacionamento de volante, acele-rador, freios, entre outros dispo-sitivos do veículo, por meio desistemas computadorizados de-senvolvidos pelo projeto Iara.Desde então, as pesquisas avan-çaram bastante, e Iara está cadavez mais completo.

O professor explica que a apli-cação prática esbarra no Códigode Trânsito Brasileiro, que deter-mina que o motorista precisa es-tar com as duas mãos no volante.

O pesquisador também estádesenvolvendo projeto para BRTautônomo, ônibus que usa pistaexclusiva. “O grande gargalo é ocaminhão, mas a tecnologia está

pronta. Até o fim de 2020, estaráoperando um caminhão autôno-mo para a Vale usar em local in-terno”, antecipa.

ProjetoO Instituto de Ciências Mate-

máticas e de Computação da Uni-versidade de São Paulo (ICMC-USP), câmpus São Carlos, tam-bém tem projetos de veículos au-tônomos coordenados pelos pro-fessores Denis Wolf e FernandoOsório, ambos do Laboratório deRobótica Móvel do ICMC. O pro-jeto Carina (Carro Robótico Inteli-gente para Navegação Autônoma)foi desenvolvido para navegar emambientes urbanos sem a neces-sidade de um condutor humano.

Em 2013, houve uma demonstra-ção pública de navegação autôno-ma nas ruas de São Carlos.

“Para que a autonomia fun-cione, é necessário que os algo-ritmos desenvolvidos sejam rá-pidos o suficiente a fim de o com-putador tomar decisões corretasem curto intervalo de tempo”, ex-plicam os pesquisadores. A uni-versidade também desenvolveu,em parceria com a Scania, umprotótipo de caminhão autôno-mo, fruto de convênio de coope-ração tecnológica firmado em2013 entre a montadora sueca eo ICMC. Ao todo, foi destinadoao projeto R$ 1,2 milhão, e a Sca-nia disponibilizou dois cami-nhões para a realização da pes-quisa. (SK e RS)

Embraer/Divulgação