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7/24/2019 Lowy Sobre o Messianismo Moderno
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WebMosaica REVISTADOINSTITUTOCULTURALJUDAICOMARCCHAGALL v.3 n.2 (jul-dez) 2011
Messianismo, utopia e socialismo moderno
MICHAELLWYGraduado em Cincias Sociais pela Universidade de So Paulo, Mestre e Doutor em Sociologia
(Frana). Pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) em Paris, Frana.
RESUMOO artigo aborda as contribuies de trs intelectuais
(pensadores) judeus que participaram da cultura utpico-
messinica da Europa Central, no incio do sculo XX: Gustav
Landauer, Ernst Bloch e Walter Benjamin. Apesar das
diferenas entre eles, todos encontram nas tradies
messinicas judaicas uma das principais fontes de sua viso
utpica de um futuro socialista.
PALAVRAS-CHAVEMessianismo; Utopia; socialismo moderno;
pensamento judaico; Gustav Landauer; Ernst Bloch; Walter
Benjamin
ABSTRACTThe article covers the contributions of three
intellectuals (thinkers) Jews who participated in the
utopian messianic culture of Central Europe, in the early
20th century: Gustav Landauer, Ernst Bloch and Walter
Benjamin. Despite the differences between them, all
found on the Jewish messianic traditions one of the
main sources of their utopian vision of a socialist future.
KEYWORDSMessianism; Utopia; Modern Socialism;
Jewish Thought; Gustav Landauer; Ernst Bloch; Walter
Benjamin
No judasmo da Europa CENtral h uma EspCiE dE CorrENtE
messinico-romntica de tendncia socialista1, na qual se podem distinguir dois po-
los. O primeiro formado pelos judeus religiosos com sensibilidade utpica: Franz
Rosenzweig, Rudolf Kayser, Martin Buber, Gershom Scholem, Hans Kohn, o jovemLeo Lwenthal. A recusa assimilao e a afirmao da identidade judaica, nacio-
nal/cultural e religiosa, o aspecto dominante de seu pensamento. Sua aspirao a
uma renovao nacional e religiosa judaica, no entanto, no os leva ao nacionalis-
mo poltico, ao mesmo tempo em que sua concepo de judasmo permanece mar-
cada pela cultura alem. Todos manifestam em graus distintos uma viso utpi-
ca universal do tipo socialista libertria, que eles articulam de modo explcito ou
implcito com sua f religiosa messinica.
O outro polo formado pelos judeus assimilados, ateu-religiosos, libertrios:
Gustav Landauer, Ernst Bloch, Erich Fromm, o jovem Gyrgy Lukacs, Mans Sper-
ber. De modo distinto dos que formam o polo anterior, eles se distanciam em
graus diversos do judasmo, no entanto, sem romper todos os laos com ele. A
expresso atesmo religioso proposta por Lukaks a respeito de Dostoievski per -
mite aproximar esta figura paradoxal do esprito que parece procurar, com a energia
do desespero, o ponto de convergncia messinica entre o sagrado e o profano.
Alguns dentre eles receberam em sua juventude uma educao judaica religiosa
como Fromm e Sperber , mas a maioria descobriu o judasmo apenas tardiamen-
te. Independentemente dessa trajetria individual, eles tm em comum uma postu-
ra estranha e contraditria, que associa a rejeio s crenas religiosas propriamen-
te ditas a um interesse apaixonado pelas correntes msticas e milenaristas judias ecrists. Trata-se de uma espiritualidade messinica revolucionria que tece, entrelaa,
entrecruza de modo inextricvel o fio da tradio religiosa com o da utopia social.
Traduzido do francs por Anita Brumer
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Prximos ao ideal libertrio dos anos 1914-1923,
a maioria aproximou-se progressivamente do mar-
xismo nos anos seguintes.
Neste artigo, considero trs pensadores judeus
que representam variantes dessa cultura utpico-
-messinica da Europa Central: Gustav Landauer,
Ernst Bloch e Walter Benjamin. Apesar das dife-
renas entre eles, todos encontram nas tradies
messinicas judaicas uma das principais fontes desua viso utpica de um futuro socialista.
Gustav Landauer (1870-1919)
Amigo prximo de Martin Buber, Gustav Landauer
distingue-se dele tanto por seu engajamento pol-
tico militante (libertrio) como por seu distancia-
mento do sionismo e da religio. Nascido em 1870
numa famlia judia do sul da Alemanha, era escri-tor, filsofo, crtico literrio e redator da revista
anarquista Der Sozialiste (1909-1915) e tornou-se,
em abril de 1919, Comissrio do Povo para a Cul-
tura na efmera Repblica dos Conselhos da Ba-
viera. Com o fracasso da revoluo em Munique,
ele foi feito prisioneiro e assassinado pelos milita-
res em maio de 1919.
Lendo-se os comentrios de alguns contempo-
rneos sobre Landauer, possvel perceber a aura
religiosa do personagem. Martin Buber (1919, p.
290-291) refere-se a ele como um herdeiro dos pro-
fetas e mrtires judeus do passado e Hans Kohn
exalta-o como um visionrio messinico na tradi-
o dos profetas (KOHN, 1928, p. 965). Mesmo
o ctico Karl Mannheim era fascinado por Lan-
dauer e via nele o representante mais tpico do
anarquismo radical como forma moderna dochi-
liasm2, uma postura espiritual de uma profundi-
dade demonaca (MANNHEIM, 1969, p. 196, 210).Contra a filosofia evolucionista do progresso,
comum aos liberais e aos social-democratas, Lan-
dauer esboa uma concepo de histria inspirada
tanto pelo romantismo alemo como pelo messia-
nismo judaico. Analisando os escritos de Landauer
como figura tpica do Milenarismo chiliasm
o termo que ele utiliza libertrio, Karl Mannheim
mostra que esta forma de pensar recusa todo con-
ceito de evoluo, toda representao de progresso:
no quadro de uma diferenciao qualitativa do
tempo, a revoluo percebida como uma irrup-o (Durchbruch), um instante abrupto (abrupten
Augenblick), um vivido do agora (Jetzt-Erleben)
(MANNHEIM, 1969, p.196). Esta anlise to im-
pressionante que ela se aplica no apenas a Lan-
dauer, mas tambm, com aproximadamente as mes-
mas nuances, a Walter Benjamin e a muitos outros
pensadores judeus alemes.
Na concepo messinica da histria de Lan-
dauer os judeus ocupam um lugar particular: suamisso (Amt), sua vocao (Beruf) ou tarefa (Dienst)
de ajudar na transformao da sociedade e na
gestao de uma humanidade nova. Por que o ju-
deu? Landauer responde num texto que gerou mui-
tos debates nos meios judaicos da Europa Central
por sua legitimao da dispora: Uma opinio
irrefutvel, como um grito selvagem que ressoa em
todo o mundo e como um suspiro em nosso foro
interior, nos diz que a redeno do judeu s pode
ocorrer se for concomitante com a redeno da hu-
manidade; e que os dois so uma s e a mesma coi-
sa: esperar o Messias no exlio e na disperso e ser
o Messias dos povos (LANDAUER, 1921, p. 195).
Evidentemente, trata-se de uma forma clssica
do messianismo pria, que reverte, no campo es-
piritual, o privilgio negativo (Max Weber) do
povo pria. Mas para Landauer esta vocao judai-
ca ainda anterior dispora: ela remonta s fon-
tes bblicas. Num comentrio sobre Strindberg pu-blicado em 1917, ele afirma a existncia de dois
grandes profetas na histria: Roma, a dominao
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do mundo, Israel, a redeno do mundo. Na tra-
dio judaica que nunca esquece a promessa de
Deus a Abro a redeno do povo judeu com a
redeno de todas as naes , ele v a manifesta-
o de uma concepo, de uma f e de uma von-
tade messinicas (LANDAUER, 1917, p. 284).
Enquanto a espiritualidade de Buber resgata a
f religiosa no senso estrito, a do filsofo anarquis-
ta judeu-alemo pertence antes ao domnio amb-guo do atesmo religioso. Landauer recusa-se a acre-
ditar em um deus alm da terra, alm do mundo
(beriridischen und berweltlichen Gott); em con-
tinuao a Feuerbach e Marx, ele afirma que foi o
homem que criou Deus e no o contrrio (LAN-
DAUER, 1911, p. 30-35). Poder-se-ia, ento, asso-
ci-lo ao atesmo. Mas isso no o impede de defi-
nir o socialismo como uma religio: O socialismo
a tentativa de conduzir a vida comum dos ho-mens em direo da associao livre num esprito
comum, quer dizer em direo religio... (LAN-
DAUER, 1907; 1924, p. 30). Trata-se, na verdade,
do sentido etimolgico da palavra: re-ligar, conec-
tar por um vnculo.
Os temas profticos, msticos ou messinicos
judaicos so, ao menos em certa medida, seculariza-
dosem sua utopia socialista. Mas no se trata de
uma secularizao no senso habitual do termo: a di-
menso religiosa continua presente no prprio cen-
tro de seu imaginrio poltico. Ela no mais aboli-
da, mas conservada ou suprimida no sentido
dialtico deAufhebung em sua profecia utpica
e revolucionria. Nesta secularizao mstica al-
guns autores falam do atesmo mstico de Lan-
dauer (HEYDORN, 1968, p. 15) , o universo sim-
blico religioso inscreve-se explicitamente no dis-
curso revolucionrio e carrega-o com uma espiri-
tualidade milenarista, que parece escapar s distin-es habituais entre o sagrado e o profano, o trans-
cendente e o imanente, a religio e o sculo. O termo
provisrio atesmo religioso apenas substitui, de
modo inadequado, um conceito que ainda no
existe para referir-se a este tipo de esprito do qual
Landauer, Ernst Bloch e Walter Benjamin so os
eminentes representantes na cultura judaica alem.
Walter Benjamin (1892-1940)3
Walter Benjamin um pensador singular, impos-svel de se classificar, cujo pensamento, no cruza-
mento do romantismo alemo, do messianismo
judaico e do socialismo moderno, um dos mais
originais na teoria crtica do sculo XX. Um de
seus primeiros textos importantes a conferncia
A vida dos estudantes (LANDAUER, 1915), um
documento capital, que parece reunir num nico
feixe de luz todas as ideias que o vo assombrar
no decorrer de sua vida. Para Benjamin, as verda-deiras questes que se colocam para a sociedade
no so os problemas tcnicos limitados de car-
ter cientfico, mas as questes metafsicas de Plato
e de Spinoza, dos romnticos e de Nietzsche. En-
tre essas questes metafsicas, a da temporalida-
de histrica essencial. As notas que introduzem
o ensaio contm um indcio de sua filosofia mes-
sinica da histria:
Confiante no infinito do tempo, certa concepo
da histria discerne apenas o ritmo mais ou me-
nos rpido pelo qual os homens e as pocas avan-
am pelo caminho do progresso. Da o carter
incoerente, impreciso, sem rigor, da exigncia
voltada ao presente. Aqui, ao contrrio, como sem-
pre fizeram os pensadores ao apresentar imagens
utpicas, vamos considerar a histria luz de
uma situao determinada que a resume em um
ponto focal. Os elementos da situao final no
se apresentam como uma tendncia progressis-
ta informe, mas, como criaes e ideias em gran-
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de perigo, altamente depreciadas e ridicularizadas,
incorporam-se de modo profundo em todo o pre-
sente. (...) Essa situao (...) no perceptvel
seno em sua estrutura metafsica, como o reino
messinico ou como a ideia revolucionria no sen-
tido de 1889 (BENJAMIN, 1971, p. 37).
As imagens utpicas messinicas e revolucion-
rias contra a informe tendncia progressista: es-to aqui colocados, em resumo, os termos do deba-
te que Benjamin vai desenvolver em toda sua obra.
De acordo com Benjamin, o messianismoest
no centro da concepo romntica do tempo e da
histria. Na introduo de sua tese de doutorado
sobreLe concept de critique dart dans le romantis-
me allemand(1919), ele insiste na ideia de que a
essncia histrica do romantismo deve ser busca-
da no messianismo romntico. Ele descobre estadimenso principalmente nos escritos de Schlegel
e Novalis e cita, dentre outros, o trecho surpreen-
dente do jovem Friedrich Schlegel: o desejo revo-
lucionrio de realizar o Reino de Deus (...) o in-
cio da histria moderna. Encontra-se aqui a ques-
to metafsica da temporalidade histrica: Ben-
jamin ope a concepo qualitativa do tempo infi-
nito (qualitative zeitliche Unendlichkeit) que pro-
vm do messianismo romntico e pelo qual a
vida da humanidade um processo de realizao
e no simplesmente de tornar-se ao tempo infini-
tamente vazio(leeren Unendlichkeit der Zeit), ca-
racterstico da ideologia moderna do progresso.
Pode-se constatar o surpreendente parentesco entre
essa passagem (que parece ter escapado ateno
dos comentadores) e as teses de 1949 Sobre o concei-
to de histria (BENJAMIN, 1919, p. 66-67, 70, 72).
Qual a relao entre as duas imagens utpi-
cas, o reino messinico e a revoluo? Sem res-ponder diretamente a essa questo, Benjamin abor-
da-a num texto que permaneceu indito durante
sua vida , que data provavelmente dos anos 1921-
1922: o Fragment thologico-politique. Num pri-
meiro momento, ele parece distinguir radicalmen-
te a esfera do fazer-se histrico daquela do Messias:
nenhuma realidade histrica pode, em si mesma,
referir-se ao messianismo. Mas logo depois ele
constri sobre este abismo aparentemente intrans-
ponvel um ponto dialtico, uma passarela frgil
que parece ter sido diretamente inspirada por cer-tos pargrafos de Ltoile de La Rdemption(1921),
de Franz Rosenzweig, um livro pelo qual Benjamin
manifestava a mais viva admirao. A dinmica
do profano, que ele definiu como a busca da feli-
cidade da humanidade livre para comparar com
as grandes obras de liberao de Rosenzweig ,
pode favorecer a chegada do Reino messinico.
A formulao de Benjamin menos explcita que
a de Rosenzweig, pela qual os atos emancipatriosso a condio necessria para o surgimento do
Reino de Deus, mas se trata da mesma tentativa
visando a estabelecer uma mediaoentre as lutas
liberadoras, histricas, profanas dos homens e a
realizao da promessa messinica (BENJAMIN,
1971, p. 150 apudROSENZWEIG, 1982, p. 339).
Como essa fermentao messinica, utpica e ro-
mntica vai articular-se com o socialismo marxista?
a partir de 1924, quando ele l Histoire et Cons-
cience de Classede Lukacs e descobre o comunis-
mo atravs dos olhos de Asja Lacis , que o marxis-
mo vai gradualmente tornar-se um elemento chefe
de sua concepo da histria. Benjamin refere-se
ainda ao ensaio de Lukacs como um dos raros li-
vros que permanecem vivos e atuais: A mais aca-
bada das obras da literatura marxista. Sua singula-
ridade fundamenta-se na segurana com a qual ele
apreendeu, por um lado, a situao crtica da luta
de classes na situao crtica da filosofia, e por ou-tro, a revoluo, a partir de agora concretamente
madura, como a precondio absoluta, ou at mes-
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mo a realizao e a concluso do conhecimento
terico (BENJAMIN, 1980, III, p. 171).
Mas o materialismo histrico no vai substituir
suas intuies antiprogressistas, de inspirao ro-
mntica e messinica: ele vai articular-secom elas,
ganhando, assim, uma qualidade crticaque o dis-
tingue radicalmente do marxismo oficial domi-
nante na poca.
Como se sabe, nas Thses Sur le concept dhis-toire(1940) redigidas pouco antes de seu trgico
suicdio na fronteira dos Pireneus , que Benjamin
vai, uma ltima vez, reunir a aprofundar, numa
forma alegrica infinitamente densa e rica, os prin-
cipais temas de sua filosofia social e de sua utopia
revolucionria.
No centro de sua viso da histria, encontra-se
o conceito de catstrofe. Em uma das notas prepa-
ratrias das Teses de 1940, ele observa: A catstro-fe o progresso, o progresso a catstrofe. A cats-
trofe o continuum da histria (BENJAMIN,
1980, I, 3, p. 1244). A assimilao entre progresso
e catstrofe antes de tudo uma significao his-
trica: o passado no , do ponto de vista dos opri-
midos, mais do que uma srie interminvel de der-
rotas catastrficas. A revolta dos escravos, a guerra
dos camponeses, junho de 1848, a Comuna de Pa-
ris so exemplos que aparecem com frequncia nos
escritos de Benjamin, para quem esse inimigo no
parou de vencer (Tese VI). Mas essa equao tem
tambm um significado eminentemente atual, por-
que, na hora atual, o inimigo ainda no cessou
de triunfar (Tese VI): a derrota da Espanha repu-
blicana, o Pacto Molotov-Ribbentrop, a invaso
nazista vitoriosa na Europa.
O fascismo ocupa, evidentemente, um lugar
central na reflexo histrica de Benjamin nas teses.
Para ele, no um acidente da histria, um esta-do de exceo, qualquer coisa impossvel no s-
culo XX, um absurdo do ponto de vista do pro-
gresso: rejeitando esse tipo de iluso, Benjamin
clama por uma teoria da histria a partir da qual
o fascismo possa ser percebido (BENJAMIN, 1980,
I, 3, p. 1244), isto , uma teoria que compreenda
que as irracionalidades do fascismo so apenas o
inverso da racionalidade instrumental moderna.
O fascismo leva s ltimas consequncias a com-
binao tipicamente moderna entre progresso tc-
nico e regresso social.Enquanto Marx e Engels tiveram, de acordo
com Benjamin, a intuio fulgurante da barb-
rie que viria ocorrer, em seu prognstico sobre a
evoluo do capitalismo (BENJAMIN, 1980, II, 2,
p. 488), seus epgonos do sculo XX foram incapa-
zes de compreender e, como resultado, de resistir-
-lhe eficazmente uma barbrie moderna, indus-
trial, dinmica, instalada no corao mesmo do
progresso tcnico e cientfico.Procurando as razes, os fundamentos metodo-
lgicos dessa incompreenso catastrfica que con-
tribuiu para a derrota do movimento operrio ale-
mo em 1933, Benjamin se contrape ideologia
do progresso em todos os seus componentes: o
evolucionismo darwinista, o determinismo de tipo
cientfico-natural, o otimismo cego dogma da
vitria inevitvel do partido , a convico de
nadar no sentido da corrente (o desenvolvimen-
to tcnico); em uma palavra, a crena confortvel
em um progresso automtico, contnuo, infinito,
fundado na acumulao quantitativa, o voo das
foras produtivas e o crescimento da dominao
sobre a natureza. Ele acredita descobrir atrs dessas
manifestaes mltiplas um fio condutor que ele
submete a uma crtica radical: a concepo homo-
gnea, vazia e mecnica (como um movimento de
relgio) do tempo histrico.
Contra essa viso linear e quantitativa, Benja-min ope uma percepo qualitativa da tempora-
lidade, fundada, por um lado, sobre a rememora-
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o, e de outro, na ruptura messinica e revolucio-
nria da continuidade. A revoluo o equivalen-
te profano da interrupo messinica da histria,
da parada messinica do devir (Tese XVII): as clas-
ses revolucionrias, ele escreve na Tese XV, esto
conscientes, no momento de sua ao, de romper
o continuum da histria4.
A utopia, em Benjamin, inseparvel de certa
concepo qualitativa/messinica do tempo, emoposio frontal e distinta ao evolucionismo do
que ele chama de marxismo vulgar da social-de-
mocracia, com seu culto do desenvolvimento tc-
nico, da indstria e do domnio/industrializao
da natureza. A seus olhos, essa ideologia que no
seno a forma secularizada da velha tica protes-
tante do trabalho prefigura a tecnocracia moder-
na e rompe de maneira sinistra com aquela dos
socialistas utpicos de antes de 1848. Reencon-tramos aqui Fourier, do qual as imaginaes fan-
tsticas revelam, comparadas a essa ideologia posi-
tivista da explorao da natureza, um bom senso
surpreendente. Sensvel poesia e ao encantamen-
to dos sonhos de Fourier, Benjamin interpreta-os
como intuio utpica de outra relao, no-des-
trutiva e no-mortal, com o meio ambiente natu-
ral: Para ele, o efeito do trabalho social bem or -
denado deveria ser que quatro Luas clareiem a noi-
te da terra, que o gelo retire-se dos polos, que a
gua do mar deixe se ser salgada e que as feras co-
loquem-se a servio do homem. Tudo isso ilustra
um trabalho que, longe de explorar a natureza, tem
condies de fazer nascer as criaes virtuais que
dormem em seu seio (BENJAMIN, 1971, p. 283).
A nostalgia romntica de uma harmonia origin-
ria inspira a clebre tese IX, que resume, como uma
lareira acesa, o conjunto do documento. preciso
ler este texto enigmtico e fascinante como umaalegoriana qual cada imagem sagrada tem um cor-
respondente no sentido baudeleriano profano:
tempestade malfica que nos distancia do paraso
e que acumula no curso da histria runa sobre ru-
na corresponde a noo deprogresso. difcil evi-
tar a concluso de que esse paraso perdido destru-
do pela catstrofe do progresso no outra coisa,
em linguagem profana, que a sociedade pr-hist-
rica igualitria, a comunidade primitiva li vre de
toda forma de dominao sobre a qual sonhavam
tanto o historiador do matriarcado (Bachofen), opoeta maldito (Baudelaire) e os pais do socialismo
(Marx e Engels) (BENJAMIN, 1971, p. 281-282).
Se o comunismo primitivo corresponde ao para-
so perdido, a utopia da sociedade sem classes corres-
ponde ao reino messinico da histria.5No se tra-
ta de voltar ao passado. A nostalgia do mundo co-
munitrio desaparecido e a melancolia diante das
destruies trazidas pela modernidade tornam-se,
para Benjamin, uma energia crtica e subversiva,investida na esperana utpica e messinica e no
combate revolucionrio para o futuro emancipado.
Ernst Bloch (1885-1977)6
Eu tive a oportunidade de conhecer Ernst Bloch
pessoalmente. Nosso encontro ocorreu em 1974,
em seu apartamento em Tbingen, situado no
muito longe da escola (o Stift) onde como ele
gostava de evocar, em seus escritos , em 1789, os
jovens Hegel, Schelling e Hlderlin plantaram uma
rvore para comemorar a Revoluo francesa. Ele
j estava com 89 anos, era praticamente cego, mas
apresentava uma lucidez impressionante.
Entre suas observaes, por ocasio desse en-
contro, ele fez uma que me impressionou muito e
que revela a fidelidade obstinada de toda uma vida
ideia da utopia: O mundo tal como ele existe
no verdadeiro. H um segundo conceito de ver-dade, que no positivista, que no fundado so-
bre uma constatao de fatualidade (...); mas que
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antes de tudo carregado de valor (Wertgelanden),
como, por exemplo, no conceito de um amigo
verdadeiro, ou na expresso de Juvenal Tempestas
potica7; quer dizer, uma tempestade tal qual ela
se encontra no livro, uma tempestade potica, co-
mo a realidade nunca conheceu, uma tempestade
levada at o fim, uma tempestade radical. Ento,
uma verdadeiratempestade, nesse caso em relao
esttica, poesia; na expresso um verdadeiroamigo, em relao esfera moral. E se isso no
corresponde aos fatos e para ns marxistas, os
fatos no so seno momentos reificados de um
processo, e nada mais , nesse caso, tanto pior pa-
ra os fatos (um so schlimmer fr die Tatsachen),
como dizia o velho Hegel.8
As referncias aqui so latinas e germnicas,
mas no se pode impedir de pensar, lendo suas pa-
lavras, numa velha qualidade judaica, perfeitamen-te descrita pelo termo hebraico e diche bem co-
nhecido: a chutzpa, quer dizer, o desembarao, a
insolncia, o desafio.
Judeu alemo, no crente melhor, ateu con-
victo , Ernst Bloch foi aluno de Simmel e de Max
Weber: ele at mesmo participou durante alguns
anos (1912-1914) do Crculo Max Weber de Hei-
delberg, do grupo de amigos, colegas e estudantes
entre os quais Georg Simmel, Ferdinand Tnnies,
Ernst Troeltsch, Georg Lukacs , que se reuniam
todos os domingos na casa do socilogo. A esposa
de Weber descreve-o como um jovem filsofo mergu-
lhado em altas especulaes apocalpticas (WE-
BER, 1926, p. 476), enquanto Paul Honigsheim
(que na poca era estudante de Weber) refere-se
sua ideologia como uma combinao de elemen-
tos catlicos, agnsticos, apocalpticos e econmi-
cos coletivistas (HONIGSHEIM, 1968, p. 28).
Se as sociedades modernas se caracterizam, deacordo com Max Weber, pelo desencantamento do
mundo, a obra de Bloch uma tentativa, tipica-
mente romntico-revolucionria, de re-encantamen-
to do mundo, graas a duas vias complementares
e convergentes: a utopia e a religio. Seu primeiro
livro, Esprit de lutopie (1918), demonstra essa du-
pla tentativa; apresentando-se como um seguidor
de Marx, Bloch denuncia o atesmo vulgar e indi-
gente da burguesia e homenageia certas tradies
religiosas que lhe parecem necessitar serem salvas
com urgncia: a ideia de humanidade do cristia-nismo medieval e, sobretudo, os velhos sonhos
herticos de uma vida melhor. O ltimo captulo
do livro, denominado Karl Marx, a morte e o
apocalipse, tenta sem realmente conseguir asso-
ciar a proposta poltica marxista com a herana
crist, unidos na vontade de chegar ao Reino
(BLOCH, [1923] 1977, p. 283, 294, 334).
O sonho acordado da utopia est no centro da
reflexo de Bloch aps seus primeiros escritos,Lesprit de lutopie, de 1918, e Thomas Mnzer,
thologien de la rvolution, de 1921. Uma dimen-
so romntica est muito presente em suas obras,
s vezes pela crtica radical e impiedosa civiliza-
o industrial-burguesa e pela referncia s tradi-
es do passado, notadamente religiosas. Sua refle-
xo bebe de muitas fontes espirituais, entre as quais
o messianismo judaico ocupa um lugar escolhido.
Num captulo intitulado Os judeus como smbo-
lo, do Esprit de lutopie, ele festeja a religio ju-
daica como aquela que tem a virtude essencial de
ser construda com base no Messias, com base no
apelo ao Messias. essa crena que faz a conti-
nuidade histrica do povo dos Salmos e dos pro-
fetas e que inspira, no incio do sculo XX, o
despertar do orgulho de ser judeu. De acordo com
Bloch, Jesus era um verdadeiro profeta judeu, mas
ele no era o verdadeiro Messias: o Messias dis-
tante, o Salvador, o ltimo Cristo, ainda desco-nhecido, ainda no veio (BLOCH, 1918, p. 323,
331-332).9
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A utopia revolucionria em Bloch como em
Walter Benjamin inseparvel de uma concep -
o messinico-milenarista da temporalidade, opos-
ta a todo gradualismo do progresso: escrevendo
sobre Thomas Mnzer e a guerra dos camponeses
do XVI sculo, ele observa: no era para os tem-
pos melhores que se combatia, mas sim pelo fim
de todos os tempos (...) o surgimento do Reino.
Seu procedimento curiosamente sincrtico, aomesmo tempo judeu e cristo como, por exem -
plo, nesta outra passagem do livro de Mnzer, que
compara o Terceiro Evangelho de Joachim de Flo-
re, o milenarismo dos camponeses anabatistas e o
messianismo dos kabalistas de Safed (Tsfat), que
esperam, ao norte do lago Tiberades o vingador
messinico, o destruidor deste Imprio e deste Papa-
do (...) o restaurador do Olam-ha-Tikkun, verda-
deiro reino de Deus (...). No se trata apenas dehistria: Bloch acredita, em 1921, na iminncia,
na Europa, de uma mudana revolucionria, que
ele descreve numa linguagem judaico-messinica
como a Princesa Sabbat que aparece, ainda escondi-
da atrs de uma fina muralha rachada, enquanto que
levantado sobre as runas de uma civilizao arrui-
nada... eleva-se o esprito da utopia que no pode
ser arrancada (BLOCH, 1975, p. 84, 91).10
Le Principe Esprance(O Princpio Esperana)
o livro mais importante de Ernst Bloch e sem
dvida uma das principais obras do pensamento
emancipatrio do sculo XX. Monumental (mais
de 1.600 pginas), ela ocupou o autor durante uma
boa parte de sua vida: escrita durante seu exlio
nos Estados Unidos, de 1938 a 1947, ela foi revista
uma primeira vez em 1953 e uma segunda em 1959.
Aps sua condenao como revisionista pelas
autoridades da Repblica Democrtica Alem, seu
autor deixou a Alemanha Oriental por ocasio daconstruo do muro de Berlin, em 1961.
Entre todas as formas da conscincia antecipa-
tria, a religio ocupa, no Le Principe Esprance,
um lugar privilegiado, porque ela representa, para
seu autor, a utopia por excelncia. preciso dizer
que a religio considerada por Bloch para retomar
um de seus paradoxos preferidos uma religio
atesta. Trata-se de um Reinado de Deus sem Deus,
que reverte o Senhor do Mundo instalado em seu
trono celeste e o substitui por uma democracia
mstica: O atesmo to pouco o inimigo da uto-pia religiosa, que ele a prpria pressuposio: sem
atesmo o messianismo no existe (BLOCH, 1979,
III, p. 1408, 1412-1413, 1524).11
Entretanto, Bloch distingue de modo bastante
ntido seu atesmo religioso de todo materialismo
vulgar, do mau desencantamento veiculado pela
verso mais simples das Luzes o que ele chama
deAufklrichtem distino aAufklrung e pe-
las doutrinas burguesas da secularizao. No setrata de opor crena as banalidades do livre pen-
samento, mas de salvar, transportando-os em dire-
o imanncia, os tesouros da esperana e os
contedos de desejo da religio, tesouros nos quais
se encontra, sob as mais diferentes formas, a ideia
do comunismo: do comunismo primitivo da B-
blia ao comunismo monstico de Joachim de Flo-
re e at ao comunismo chilistico das heresias mi-
lenaristas (albigenses, hussitas, taboritas, anabatis-
tas) (BLOCH, 1979, II, p. 66-67, 82-86; BLOCH,
1979, III, p. 1454, 1519-1526, 1613).
As curiosidades religiosas de Bloch so mlti-
plas e ecumnicas, mas o profetismo e o messia-
nismo judaico ocupam um lugar de escolha em
seu argumento: como ele escreve na seo intitula-
da Moiss ou a conscincia da utopia na religio,
o messianismo o elemento utpico na religio,
aquele que a torna incompatvel com a teocracia
e a sacralizao do poder. Para melhor ressaltar aespecificidade do judasmo, ele vai referir-se a Max
Weber , alis, a nica citao do socilogo nas
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1.628 pginas do Principe Esprance: Max Weber
oferece um julgamento que ultrapassa sua prpria
neutralidade, e percebe corretamente o messianis-
mo como inseparvel de Moiss e dos profetas:
Aquilo que prprio das expectativas dos israeli-
tas a intensidade crescente com a qual, seja o pa-
raso, seja o Salvador (...) foram projetados no fu-
turo. Isso no ocorreu apenas em Israel; mas com
uma tal paixo (...) essa expectativa no esteve nocentro da religiosidade. A antiga Berith(Aliana)
de Jahwe com Israel, sua promessa ligada a uma
crtica do miservel estado de coisas presente pos-
sibilitava isso; mas somente a paixo (Wucht) da
profecia que a fez de Israel, numa medida nica
em seu gnero, um povo de esperana e de espe-
ra. menos o socilogo que se coloca aqui como
um testemunho objetivo por no ser nem ju-
deu nem utopista do fervor messinico do povohebreu (BLOCH, 1979, III, p. 1463).12
O que parece novo e importante no messianis-
mo e no profetismo, para Bloch, em contraste com
outras religies contemporneas, a ideia que o
destino pode ser modificado. Enquanto a Moira
dos gregos ou o mito astral do Egito pressupem
um destino irrevogvel levando, assim, ao siln-
cio e impotncia , o profetismo judeu concebe
o destino como uma balana, na qual o peso de-
cisivo est no prprio ser humano. Isaias ensina
que o destino no categrico, mas hipottico,
porque ele depende da moral e da livre deciso dos
humanos (BLOCH, 1979, III, p. 1514).
Muito diferentes em sua inspirao e empreen-
dimento, esses pensadores judeus partilham de uma
sensibilidade messinico-utpica que representa
uma contribuio distinta ao socialismo moderno,
uma contribuio dissidente e hertica em relao
s correntes dominantes da esquerda do sculo XX.
NOTAS
1 Num artigo publicado anteriormente nesta revista, abordei
alguns aspectos da obra de dois pensadores judeus da
Europa Central de cultura alem, Martin Buber e Erich
Fromm (LWY, 2009). Junto com os trs pensadores
considerados agora, resgato a importncia do papel
desempenhado pelos intelectuais judeus na reflexo e na
ao de aspirao utpica socialista ao longo dos sculos
XIX e XX, mas de um modo particularmente intenso na
Europa entre as duas guerras, j desenvolvido no meu livro
de 1988 (LWY, 1988). No artigo de 2009, procurei explicar
a participao dos judeus na teoria e na prtica utpico-
social na Europa, que pode ser considerada
desproporcional em relao sua participao numrica
na populao, por um lado, pela situao de excluso e
discriminao que vivenciavam sobretudo antes de 1918,
que favoreceu um ponto de vista crtico sobre a ordem
social e a pesquisa de uma alternativa radical; e, por outro
lado, pelo papel da tradio proftica ou messinica
judaica como fonte de aspirao utpica.
2 Crena de que Jesus estabelecer um reinado de 1.000
anos na terra (Milnio) antes do ltimo julgamento, expresso
no livroApocalipse(Revelao), de Joo, o ltimo livro do
Novo Testamento. Numa definio mais ampla, um
conceito cultural baseado na expectativa de um tempo de
paz e abundncia na terra. (LANDES, Richard.
Millennialism. Encyclopaedia Britnica[http://www.
britannica.com/EBchecked/topic/382720/millennialism].
Consulta em 30/12/2011). Nota da tradutora (NT).
3 Algumas das ideias de Walter Benjamin desenvolvidas
neste artigo foram apresentadas numa palestra que fiz na
Universidade de So Paulo, em janeiro de 2002, a qual foi
publicada na revistaEstudos Avanados(LWY, 2002).
4 De acordo com Habermas, existe uma contradio entre
a filosofia da histria de Benjamin e o materialismo histrico.
O erro de Benjamin foi, segundo ele, ter querido impor
como um capuz de monge sobre a cabea ao
materialismo histrico de Marx, que leva em conta
progressos no apenas no campo das foras produtivas,
mas tambm no da dominao, uma concepo histrica
antievolucionista (HABERMAS, 1981, p. 121). O que
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Habermas pensa ser um erro precisamente a fonte do
valor singular da filosofia benjaminiana da histria, e de sua
capacidade de compreender um sculo caracterizado por
uma imbricao estreita da modernidade e da barbrie.
5 Como destaca Benjamin, em uma das notas preparatrias
para as Thses, deve-se restituir ao conceito de sociedade
sem classes sua verdadeira aparncia messinica (echtes
messianisches Gesicht), no interesse mesmo da poltica
revolucionria do proletariado (BENJAMIN, Gesammelle
Schriften, I, 3, p. 1232).
6 A parte do artigo referente a Ernst Bloch foi extrada de
meu texto Utopie et romantisme rvolutionnaire chez Ernst
Bloch in De(s)gnrations utopie insurgeante, Revue
esthtique, potique, philosophique et politique, mai 2010,
p. 81-88. Disponvel em http://www.editionhuguet.com/
livres/desgeneration/des11-lowy.pdf.
7 Trata-se do livro Satires de Juvnal et de Perse, traduit au
franais par M. Jules Lacroix. Paris : Librairie de Firmin
Didot Frres, 1846. Disponvel em : http://remacle.org/
bloodwolf/satire/juvenal/satire12b.htm. Consulta em
04jan2012. (NT)
8 Eu publiquei esta entrevista num anexo de meu livro Pour
une sociologie des intellectuels rvolutionnaires. Lvolution
politique de Lukacs 1909-1929, Paris, Presses
Universitaires de France, 1976, p. 294.
9 Ver, sobre este tema, o belo livro de Arno Mnster,
Figures de lutopie chez Ernst Bloch, Paris, Aubier, 1985.
10 Hans Jonas critica o marxismo em geral e Bloch em
particular por seu messianismo, sua escatologia
secularizada, seu milenarismo (Chiliasmus) e sua
aspirao desmesurada de uma metamorfose do ser
humano acompanhada da recusa de uma simples
melhora fundamentada num programa de reformas
razovel e eficaz (JONAS, 1979, p. 313-315, 386).
11 Este um tema amplamente desenvolvido no livro
Lathisme dans Le christianisme, Paris, Gallimard, 1981.
12 A citao de Weber foi extrada de Gesammelte Aufstz
zur Religionssoziologie III, 1923, p. 249 isto , do livro
sobre o judasmo antigo.
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Aceito em 16/01/2012