LP 8 Saga

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  • PORTUGUS 8 | 2015/2016

    GRUPO I

    L com ateno os excertos do conto "Saga" de Sophia de Mello Breyner Andresen.

    TEXTO A

    05

    10

    15

    20

    25

    30

    No entanto Hans suspirava e nas longas noites de Inverno procurava ouvir, quando o vento

    soprava do sul, entre o sussurrar dos abetos, o distante, adivinhado, rumor da rebentao. Carregado de

    imaginaes queria ser, como os seus tios e avs, marinheiro. No para navegar apenas entre as ilhas e

    as costas do Norte, seguindo nas ondas frias os cardumes de peixe. Queria navegar para o Sul.

    Imaginava as grandes solides do oceano, o surgir solene dos promontrios, as praias onde baloiam

    coqueiros e onde chega at ao mar a respirao dos desertos. Imaginava as ilhas de coral azul que so

    como os olhos azuis do mar. Imaginava o tumulto, o calor, o cheiro a canela e laranja das terras

    meridionais.

    Queria ser um daqueles homens que a bordo do seu barco viviam rente ao maravilhamento e ao

    pavor, um daqueles homens de andar baloiado, com a cara queimada por mil sis, a roupa desbotada e

    rija de sal, o corpo direito como um mastro, os ombros largos de remar e o peito dilatado pela

    respirao dos temporais. Um daqueles homens cuja ausncia era sonhada e cujo regresso, mal o navio

    ao longe se avistava, fazia acorrer ao cais as mulheres e as crianas de Vig e a histria que eles

    contavam era repetida e contada de boca em boca, de gerao em gerao, como se cada um a tivesse

    vivido. (...)

    Em Agosto, chegou a Vig, vindo da Noruega, um cargueiro ingls que se chamava Angus e seguia

    para o Sul. O capito era um homem de barba ruiva e aspecto terrvel que navegara at aos mares da

    China. Foi no "Angus" que Hans fugiu de Vig, alistado como grumete.

    (...)

    A sua adolescncia cresceu entre os cais, os armazns e os barcos, em conversas com marinheiros

    embarcadios e comerciantes. De um barco ele sabia tudo desde o poro at ao cimo do mais alto

    mastro. E, ora a bordo ora em terra, ora debruado nos bancos da escola sobre mapas e clculos, ora

    mergulhado em narraes de viagens, estudando, sonhando e praticando, ele preparava-se para cumprir

    o seu projecto: regressar a Vig como capito de um navio, ser perdoado pelo Pai e acolhido na casa.

    Dois dias depois de ter recolhido Hans, Hoyle levou-o ao centro da cidade e comprou-lhe as

    roupas de que precisava e tambm papel e caneta.

    Hans escreveu para casa: pediu com ardor perdo da sua fuga, dizia as suas razes, as suas

    aventuras, o seu paradeiro. Prometia que um dia voltaria a Vig e seria o capito de um grande veleiro.

    A resposta s veio meses depois. Era uma carta da me. Leu:

    "Deus te perdoe, Hans, porque nos injuriaste e abandonaste. Manda-me o teu pai que te diga que

    no voltes a Vig pois no te receber."

    Depois dessa carta, Hans sonhou com Vig muitas vezes. (...)

    Sophia de Mello Breyner Andresen, "Saga", in Histrias da Terra e do Mar, Figueirinhas

    1. Depois da leitura atenta dos excertos apresentados, assinala com um X o quadrado que corresponde resposta correcta, de acordo com o sentido do texto.

    1.1. Hans desejava ser marinheiro

    apenas para conhecer os mares do Norte.

    para desvendar o fascnio dos mares do Sul.

    para descobrir novas ilhas.

  • 2

    1.2. A personagem aspirava pertencer quele grupo de homens

    cuja histria lembrada de gerao em gerao.

    para os quais as viagens no tinham nenhum significado.

    que viajavam exclusivamente por prazer.

    1.3. O que suscitou a fuga de Hans no "Angus" foi o facto de

    o cargueiro seguir para Sul.

    o capito ser um homem simptico.

    o ms de Agosto ser propcio s viagens.

    1.4. Do poro at ao mastro, Hans sabia tudo sobre barcos, pois

    vira muitos filmes sobre o mar.

    visitara muitas vezes o museu da Marinha.

    passara grande parte da sua adolescncia entre os cais com os marinheiros.

    1.5. O grande desejo da personagem era

    voltar a Vig como capito de um grande veleiro.

    rever os amigos de Vig.

    regressar definitivamente sua terra.

    1.6. Na carta que Hans escreveu para casa, pede

    que lhe enviem dinheiro.

    para lhe falarem dos irmos.

    perdo pela sua fuga.

    2. Explica, por palavras tuas, o sentido da frase "Queria ser um daqueles homens que a bordo do seu barco viviam rente ao maravilhamento e ao pavor, (...)" (ll. 9-10).

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    3. Indica o rumo que Hans deu sua vida, para realizar os seus sonhos.

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    4. Localiza a ao no espao e no tempo.

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    5. Caracteriza a juventude de Hans, aps a sua fuga de Vig.

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    6. Elabora o retrato psicolgico de Hans.

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    6.1. Transcreve do texto um exemplo de caracterizao indireta.

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    7. Classifica o narrador deste texto, quanto participao. Justifica.

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    8. Atribui um ttulo ao texto.

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    9. Identifica os recursos expressivos e explica a sua expressividade.

    Segmentos textuais:

    a. "(...) quando o vento soprava do sul, entre o sussurrar dos abetos, o distante, adivinhado,

    rumor da rebentao. " (ll. 1-2)

    b. "Carregado de imaginaes queria ser, como os seus tios e avs, marinheiro. " (ll. 2-3)

    c. "Imaginava as ilhas de coral azul que so como os olhos azuis do mar. " (ll. 6-7)

    d. "(...) com a cara queimada por mil sis, a roupa desbotada e rija de sal, (...)" (ll. 10-11)

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    L com ateno o excerto que se segue.

    TEXTO B

    Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004).

    Poetisa e ficcionista, frequentou o curso de Filologia Clssica da Universidade de Lisboa. O seu nome

    encontra-se ligado ao projecto dos Cadernos de Poesia. Colaborou, ao lado de nomes como Jorge de Sena,

    David Mouro-Ferreira, Ruy Cinatti, Antnio Ramos Rosa, entre outros, durante as dcadas de 40 e 50, em

    vrias publicaes, como Tvola Redonda e rvore, revistas que marcaram, na histria da literatura

    contempornea, a busca de uma terceira via, a do objecto literrio em si enquanto projecto intrinsecamente

    humanista, num panorama literrio dividido, at meados do sculo, entre o princpio social e o princpio

    esttico do objecto artstico. Autora tambm de tradues, recebeu em vida os mais reconhecidos prmios

    literrios, entre os quais se salienta o Prmio Cames. No domnio da Literatura Infantil, publicou volumes

    de grande valor tico e esttico, como O Rapaz de Bronze, A Menina do Mar, A Fada Orana, O Cavaleiro

    da Dinamarca ou Histrias da Terra e do Mar. Desde a publicao de Poesia, em 1944, Sophia afirma-se

    no panorama da literatura nacional com uma concepo potica que, sem deixar de dar continuidade a uma

    tradio lrica que passa por autores como Cames ou Teixeira de Pascoaes, recupera valores da cultura

    clssica, funde-os com um humanismo cristo, para contrapor um tempo absoluto a um "tempo dividido",

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    numa aspirao comunho do homem com uma natureza de efeito lustral, produzindo uma impresso

    global de atemporalidade e de inexauribilidade da escrita. Estes travejamentos poticos firmam-se nos

    volumes de poesia que publicou at dcada de 90: Dia do Mar (1947), Coral (1950), No Tempo Dividido

    (1954), Mar Novo (1958), Livro Sexto (1962), Geografia (1967), Dua/ (1972), O Nome das Coisas (1977),

    Navegaes (1983), Ilhas (1988), reunidos nos trs volumes de Obra Potica (1990-91).

    Clia Vieira e Isabel Rio Novo, "Literatura Portuguesa no Mundo", in Dicionrio Ilustrado, Vol. l, Porto Editora, 2005

    10. Observa as afirmaes a seguir apresentadas e assinala com V as verdadeiras e com F as falsas.

    a. Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no ano de 1919 e morreu em 2004.

    b. A autora foi poetisa, argumentista e tradutora.

    c. A par de outros autores seus contemporneos, colaborou em vrias publicaes na dcada de 40 e 50.

    d. Participou nas publicaes Tvola Redonda e Orpheu.

    e. Na Literatura Infantil, Sophia procurou sempre valorizar o ldico.

    f . O Prmio Cames foi um dos mais importantes que recebeu.

    g. Com a publicao de Poesia, a escritora afirma-se no panorama literrio pela sua tradio modernista e recuperao dos valores da cultura francesa.

    5.1. Corrige as afirmaes falsas. __________________________________________________________________________

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    GRUPO II Responde agora s seguintes questes sobre o funcionamento da lngua, de acordo com as

    indicaes que te so dadas.

    1. Atenta no segmento textual: "No entanto Hans suspirava e nas longas noites de Inverno

    procurava ouvir, quando o vento soprava do sul, (...)." (ll. 1-2)

    1.1. Indica:

    - os nomes prprios: ____________________________________________________

    - o determinante artigo:__________________________________________________

    - os nomes comuns:_____________________________________________________

    1.2. Identifica o tempo e o modo das formas verbais.

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    2. Reescreve as frases abaixo transcritas, corrigindo-as.

    2.1. As cartas que Hans escreviam, enviava-a por barco.

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    2.2. Embora o marinheiro escrevia sete cartas, o texto apenas far referncia a uma.

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    3. Regista ao lado de cada nmero a letra que corresponde funo sintctica das expresses

    destacadas.

    1. Hans marinheiro.

    2. O capito cumprimentou o marinheiro.

    3. O marinheiro est na proa do navio.

    4. O capito falou ao marinheiro.

    5. Hans, marinheiro destemido, controlou o

    navio.

    6. O barco foi manobrado pelo marinheiro.

    7. O capito partiu com o marinheiro.

    8. Os pais do marinheiro recusaram o seu

    pedido de perdo

    a. sujeito

    b. complemento directo

    c. complemento indirecto

    d. agente da passiva

    e. predicativo do sujeito

    f. aposto

    g. complemento determinativo

    h. complemento circunstancial de companhia

    1 __________ 2__________ 3__________ 4__________

    5__________ 6__________ 7 __________ 8 __________

    4. Identifica a relao de significao entre os pares de palavras destacadas, assinalando-a com um X.

    Homfonas Homgrafas Homnimas Parnimas

    - No Pacfico Sul h muitos corais.

    - Hans escrevia com frequncia me.

    - "E, ora a bordo, ora em terra. "

    - O barco partiu hora.

    - Ele navegou por mares incertos.

    - Para pr o navio em alto mar, Hans fez um grande

    esforo.

    - A vaga bateu no navio.

    - Havia uma vaga no camarote.

    - Hans tinha uma caligrafia ilegvel.

    -Hoyle era elegvel.

    GRUPO III

    Mas dele, Hans, burgus prspero, comerciante competente, que nem se perdera na tempestade nem regressara ao cais, nunca ningum contaria a histria, nem de gerao

    em gerao, se cantaria a saga.

    ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner Histrias de Terra e do Mar, Figueirinhas, pg. 120, 121

    Imagina que Hans regressou a Vig e reencontrou a famlia. Conta como ter sido esse

    reencontro.