LP - Prova 7 EF (VC) - Comentários e Recomendações

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GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO SECRETARIA DA EDUCAO

Avaliao da Aprendizagem em Processo

Comentrios e Recomendaes Pedaggicas Subsdios para o Professor Lngua Portuguesa

7 ano do Ensino Fundamental

Leitura e Produo Textual

So Paulo, 2012

Avaliao da Aprendizagem em Processo

1. Apresentao

A Avaliao da Aprendizagem em Processo uma ao desenvolvida de modo colaborativo entre a Coordenadoria de Gesto da Educao Bsica, a Coordenadoria de Informao, Monitoramento e Avaliao Educacional e um grupo de Professores Coordenadores das Oficinas Pedaggicas de diferentes Diretorias de Ensino. Implantada, como piloto, em agosto de 2011, teve como foco o 6 ano do Ensino Fundamental (Ciclo II) e a 1 srie do Ensino Mdio. A verso 2012, por sua vez, ampliou sua abrangncia e passou a contemplar quatro anos/sries distintos/as: o 6 e 7 do Ensino Fundamental (Ciclo II) e a 1 e 2 do Ensino Mdio. Essa ao, fundamentada no Currculo Oficial da SEE, prope o acompanhamento coletivo e individualizado ao aluno, por meio de um instrumento de carter diagnstico, e se localiza no bojo das aes voltadas para os processos de recuperao, objetivando apoiar e subsidiar os professores de Lngua Portuguesa e de Matemtica que atuam no Ciclo II do Ensino Fundamental e no Ensino Mdio da Rede Estadual de So Paulo. Espera-se que os materiais elaborados para esta ao, agregados aos registros que o professor j possui, sejam instrumentos para a definio de pautas individuais e coletivas, que, organizadas em um plano de ao, mobilizem procedimentos, atitudes e conceitos necessrios para as atividades de sala de aula, sobretudo, aquelas relacionadas aos processos de recuperao da aprendizagem. 2. Avaliao de Lngua Portuguesa A Avaliao da Aprendizagem em Processo contar com instrumentos investigativos da aprendizagem, contendo catorze questes objetivas (mltipla escolha com quatro alternativas) e uma produo textual para o 6 ano do EF; quinze questes objetivas (mltipla escolha com quatro alternativas) e uma produo textual para o 7 ano do EF; catorze questes objetivas (mltipla escolha com quatro alternativas), uma questo aberta (dissertativa) e uma produo escrita para a 1 srie do EM; quinze questes objetivas (mltipla escolha com quatro alternativas) e uma produo escrita para a 2 srie do EM.

Para a elaborao das provas objetivas, foram considerados contedos e habilidades pautados no Currculo Oficial do Estado de So Paulo e na Matriz de Referncia para a avaliao1, buscando atender a diversidade de gneros e os diferentes grupos e temas contemplados nessa matriz. Para a elaborao dos temas voltados s produes escritas, tambm foi privilegiado o trabalho com os gneros textuais: - 6 ano do Ensino Fundamental: conto; - 7 ano do Ensino Fundamental: notcia; - 1 srie do Ensino Mdio: artigo de opinio; - 2 srie do Ensino Mdio: resenha

3. Avaliao de Matemtica

A Avaliao da Aprendizagem em Processo contar com instrumentos investigativos da aprendizagem, contendo dez questes objetivas: cinco de mltipla escolha com quatro alternativas e cinco abertas para todas os anos/sries avaliadas. Para a elaborao das provas objetivas de matemtica foram considerados os conhecimentos necessrios para o desenvolvimento das situaes de aprendizagem propostas para o 1 semestre deste ano2 e a Matriz de Referncia para a avaliao3,com adaptaes, buscando incluir os diferentes grupos e temas contemplados nessa matriz. As provas de Matemtica consideraram a avaliao de habilidades cognitivas, noes e procedimentos matemticos que, em geral, so desenvolvidos nos anos anteriores. A opo bsica foi pela utilizao de situaes-problema, em que os alunos deveriam mobilizar noes e procedimentos matemticos para resolv-las. As questes abertas possibilitaram a elaborao de grade que permite avaliar os conhecimentos dos estudantes por meio de diferentes tipos de registros e representaes. Especialmente, para o 6 ano, ser possvel identificar os conhecimentos de cada aluno com relao ao Sistema de Numerao Decimal por meio da proposio de um ditado de nmeros.

1

SO PAULO (ESTADO) SEE. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. 2 Contedos e habilidades, conf. Currculo Oficial do Estado de So Paulo. 3 SO PAULO (ESTADO) SEE. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009.

4. Orientaes para a interpretao e anlise dos resultados A Avaliao da Aprendizagem em Processo, com o intuito de apoiar o trabalho do professor em sala de aula e tambm de subsidiar a elaborao do plano de ao para os processos de recuperao, coloca disposio da escola materiais com orientaes para leitura e anlise dos resultados das provas de Lngua Portuguesa e de Matemtica. Estes materiais contm em sua estrutura: as matrizes de referncia elaboradas para esta ao, as questes comentadas, a habilidade testada em cada uma das questes, recomendaes pedaggicas, indicaes de outros materiais impressos ou disponveis na internet, referncias bibliogrficas e outros referenciais utilizados na elaborao dos instrumentos. O diferencial nesta ao que, imediatamente aps a aplicao da avaliao, os professores podero realizar inferncias com relao aos acertos e tambm buscar a compreenso dos possveis erros. Poder, ainda, confirmar tais inferncias e compreenses elaboradas, perguntando aos alunos sobre suas escolhas. Alm disso, ser possvel verificar a maior incidncia de erros nas diferentes turmas de alunos relacionada aos temas/contedos/objetos de ensino testados em cada questo, possibilitando ao professor a ao necessria para que seu aluno tenha a possibilidade de avanar no Ciclo II ou no Ensino Mdio sem acumular dificuldades e melhorando sua condio de aprendizagem.

MATRIZ DE REFERNCIA PARA A CONSTRUO DA AVALIAO DIAGNSTICA 7 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL - FEVEREIRO 2012Item Texto Habilidades 7 ano - (Grupo) Tema

11

Artigo de opinio: Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no

H01 (adaptada) Identificar o provvel pblico alvo de um texto. (GI)

12

H01 (adaptada) Identificar a finalidade e o assunto principal de um texto. (GI)

Reconstruo das condies de produo e recepo de textos.

Depoimentos pessoais: 09 Micos da redao Coisa de atrevidos...

H03 Identificar os interlocutores provveis de um texto, considerando o uso de expresso coloquial, jargo, gria ou falar regional. (GI) H04 identificar o sentido denotativo de vocbulo ou expresso utilizados em segmento de texto, selecionando aquele que pode substitu-lo por sinonmia no contexto em que se insere. (GI) H08 Inferir informao pressuposta ou subentendida, com base na compreenso global de um texto. (GIII) H9 Inferir tema ou assunto principal de um texto, com base em sua compreenso global. (GIII) H12 Estabelecer relaes entre segmentos de um texto, identificando o antecedente de um pronome oblquo. (GII) H14 Estabelecer relaes lgicodiscursivas marcadas por conjunes ou advrbios identificando um exemplo do texto que possa ilustrar essa relao. (GII) Reconstruo dos sentidos do texto

Tira 07 Calvin Jornal

Tira 02 Calvin Vida inteligente Tira 03 Calvin Vida inteligente

05

Notcia A fuga dos rinocerontes Artigo de opinio:

15

Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no

Reconstruo da textualidade

Artigo de opinio: 13 Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no

H15 distinguir um fato da opinio explcita enunciada em relao a esse mesmo fato, em segmentos descontnuos de um texto. (GII)

Item

Texto

Habilidades 7 ano - (Grupo)

Tema

Propaganda/anncio 01 Preservao do meio ambiente

H17 identificar recursos verbais e no verbais utilizados em um texto com a finalidade de criar e mudar comportamentos, hbitos ou de gerar uma mensagem de cunho poltico, cultural, social ou ambiental. (GI) H18 Identificar formas de apropriao textual, como parfrases, citaes, discurso direto , indireto ou indireto livre. (GI) H22 (4 srie/ 5 ano)

Notcia 04 A fuga dos rinocerontes

Recuperao da intertextualidade e estabelecimento de relaes entre textos.

Tira 06 Calvin Jornal

Inferir efeito de humor produzido em um texto pelo uso intencional de palavras, expresses ou imagens. (GIII) H19 Identificar, em um texto, marcas relativas variao lingstica, no que diz respeito s diferenas entre a linguagem oral e a escrita do ponto de vista do lxico, da morfologia ou da sintaxe. (GI) H23 Identificar em um texto o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas categorias gramaticais (gnero, nmero, casos, aspecto, modo, voz etc). (GI) H31 (adaptado) Identificar recursos semnticos expressivos (anttese, personificao, metfora, metonmia) em segmentos de um texto, a partir de uma dada definio. (GI)

Depoimentos pessoais: 08 Micos da redao Coisa de atrevidos... Artigo de opinio: 14 Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no

Reflexo sobre os usos da lngua falada e escrita

Letra de cano 10 A Felicidade

Compreenso de textos literrios

Avaliao de Leitura para o 7 ano do Ensino Fundamental

GABARITO (conforme numerao presente na prova do aluno)A B

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

C x x

D

x x x x x x x x x x x x x

Anlises e Recomendaes Pedaggicas Subsdios para o Professor 7 ano do Ensino Fundamental II Leitura e Produo Textual LEITURA Tema 1 Reconstruo das condies de produo e recepo de textos.Parte significativa do processo de (re) construo dos sentidos de um texto est diretamente relacionada percepo de suas condies de produo, que permite ao leitor situ-lo adequadamente como um evento discursivo. Nesse sentido, identificar elementos como os protagonistas do discurso, os objetivos do texto, o suporte utilizado, o gnero (e seus componentes) e os espaos de circulao envolvidos no discurso, os valores sociais associados s variantes lingusticas utilizadas parte essencial da compreenso do texto. Em funo disso, uma das competncias bsicas do leitor, em qualquer nvel de proficincia, a de resgatar, com base nas suas marcas especficas (...) aspectos das condies de produo relevantes para a compreenso do texto ou de parte dele.4

Itens da prova e habilidades selecionadas

H01 (adaptada) Identificar o provvel pblico alvo de um texto.e

H01 (adaptada) Identificar finalidade e assunto de um texto.4

In SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. p. 23. (Citao literal)

Leia o texto e responda s questes

Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no"Tenho 13 anos e quero comprar meu primeiro mao de cigarros. J peguei algumas vezes cigarro dos meus amigos e achei legal. Na escola, fumo escondido. Meus pais tambm no me deixam fumar, mas os dois so fumantes h um tempo. Por que essa falsidade em relao ao cigarro?"

JAIRO BOUER COLUNISTA DA FOLHA Se voc acompanha esta coluna, j percebeu que, em geral, temos respostas bastante ponderadas para nossos leitores. Incentivamos sempre a autonomia de cada um, desde que administrada com responsabilidade, e evitamos o tradicional "faa isso ou no faa aquilo". Mas, desta vez, vamos ser categricos: caia fora dessa e no compre seu primeiro mao de cigarros. Por qu? O cigarro composto por uma droga (nicotina) que tem o poder de tornar as pessoas dependentes com muita facilidade. Alm dela, o cigarro tem centenas de compostos qumicos que, com o passar dos anos, vo atacando seu corpo. S para citar algumas das consequncias do hbito de fumar: enfisema pulmonar, cncer de pulmo e bexiga, alterao dos vasos sanguneos, infartos, derrames e impotncia sexual. As pesquisas mostram que, quanto mais nova a pessoa quando comea a fumar, mais chances ela tem de se tornar dependente. A nicotina faz com que o corpo sinta falta do cigarro. Quando passa uma ou duas horas sem dar uma tragada, a pessoa comea a passar mal: sua, sente dor de cabea, ansiedade, nervosismo, dificuldade de concentrao etc. Esses so sinais de abstinncia. como se o seu corpo desse sinais de que precisa de mais nicotina. Da a vontade incontrolvel de acender mais um. A moada comea a fumar porque acha que pega bem. O garoto que fuma acha que parece mais maduro. Pode at se sentir mais controlado e mais seguro (efeito da nicotina). Na verdade, ele est fazendo uma grande bobagem. Est entrando em uma histria que, para ser superada, pode levar, em mdia, uma dcada tempo suficiente para produzir belos estragos em sua sade. E seus pais so falsos? Provavelmente no! Eles querem evitar que voc entre em uma situao de que vai ser difcil sair. Por experincia prpria, eles j devem ter sentido o quanto duro largar o cigarro. O que complica que eles, fumantes, tentam impor a voc uma proibio ao cigarro. Filhos de pais que fumam tm maior probabilidade de se tornarem dependentes de cigarro. Que tal inverter o jogo e pedir que eles tambm deixem o cigarro? Hoje, novos mtodos (remdios que controlam a vontade de fumar), terapia breve de apoio e reposio de nicotina so alternativas para facilitar a vida do fumante que quer largar o cigarro. Sugira a eles que procurem um mdico. S para terminar: em raras ocasies a gente diz aqui o que a pessoa deve ou no fazer. Se a gente disse isso hoje para voc, por convico absoluta de que voc no precisa comprar seu

primeiro mao de cigarro para se sentir mais legal. Muito pelo contrrio, esse um passo para anos de muita dor de cabea. isso! Fonte: BOUER, Jairo. Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no. Folha de So Paulo. Folhateen. Sexo e Sade. So Paulo: 14/10/2002.

[H01 (adaptada) Identificar o provvel pblico alvo de um texto.] Este artigo destinado a (A) leitores de jornais. (B) pais de jovens leitores. (C) uma jovem leitora que escreveu para o colunista. (D) jovens leitores do colunista.

Comentrio

Na elaborao dos itens da prova optamos por desmembrar em duas a habilidade de identificar o provvel pblico alvo de um texto, sua finalidade e seu assunto principal (H1), de modo que a primeira questo proposta sobre o texto Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no visa identificao do provvel pblico alvo e a segunda questo, identificao da finalidade e assunto do texto. Passemos ao comentrio da primeira questo, apresentada acima. Se observarmos as opes que os alunos tm nesta questo, possvel perceber que todas elas seriam razoveis, se considerarmos que se trata de um texto publicado em um jornal. Cabe aos alunos, entretanto, selecionar aquela que mais adequada neste caso a (D) , considerando o suplemento em que o texto foi publicado e outras marcas, como a citao da leitora (que uma garota de 13 anos) e a referncia a um tema com abordagem de interesse do jovem. Alm da observao dessas marcas, o conhecimento do suplemento destinado aos jovens e do colunista que tem sua carreira dedicada a escrever e orientar os jovens, falando sobre sexo e sade e outras questes comportamentais tambm pode ajudar na seleo da resposta correta. A seleo de qualquer uma das outras alternativas pode sinalizar que os alunos no reconhecem, ainda, a importncia de observar e analisar os aspectos citados acima, visto que o item (A) se refere genericamente aos leitores de jornais e o item (B) supe os pais como leitores o que seria possvel , mas ambas desconsideram os leitores a que o suplemento Folhateen especialmente dedicado; e o item (C) indica apenas a leitora que escreveu ao colunista, desconsiderando que o fato de o colunista partir de uma questo pessoal enviada

por uma leitora apenas uma estratgia para se dirigir a todos os jovens que constituem o seu pblico. Entretanto, importante considerar que o aluno que assinalar a alternativa correta pode ter se apoiado em observaes parciais, sem, necessariamente, significar que ele est atento a todos os aspectos que podem ser observados num texto para se identificar o pblico leitor. Vale pena, ento, sempre solicitar que os alunos justifiquem ou expliquem como chegaram resposta dada, de modo que o professor possa ter maior clareza sobre quais aspectos devem ser destacados na observao do texto, nas situaes de leitura.

[H01 (adaptada) Identificar finalidade e assunto de um texto.] Em seu artigo, o colunista Jairo Bouer pretende (A) convencer os pais de seus leitores a deixar o vcio de fumar cigarros. (B) convencer seus leitores a no fumar, demonstrando os riscos desse vcio. (C) responder s dvidas de seus leitores sobre o tabagismo. (D) informar os pais dos jovens leitores sobre os riscos do tabagismo. Comentrio

A questo acima visa identificao da finalidade e assunto do texto. Para chegar afimativa (B) como a resposta correta, os alunos precisam construir uma compreenso global do texto (que os leva a identificar o tema ou o assunto), por meio do reconhecimento da sua organizao e do seu carter argumentativo, perceptvel nas informaes explcitas do texto: a apresentao de um ponto de vista, partindo de uma colocao polmica de uma leitora, com o uso de verbos no modo imperativo que ajudam a dar o tom de aconselhamento, de orientao visando ao convencimento; a presena de informaes sobre os riscos do cigarro e o problema do vcio dos pais que se colocam como argumentos ao ponto de vista do autor. Selecionar as alternativas (C) ou (D), um ndice de que os alunos no reconhecem no texto o seu carter argumentativo, visto que a (C) limita como objetivo do texto responder a dvidas dos leitores, apoiando-se no fato de que o texto se inicia com uma pergunta de leitor e desconsiderando o posicionamento imperativo (em tom de aconselhamento) presente no ttulo - Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no e tambm no trecho caia fora dessa e no compre seu primeiro mao de cigarros; e a (D) desconsidera os jovens como pblico leitor. J a seleo do item (A), demonstra que os alunos conseguem reconhecer a finalidade do texto, mas colocam em segundo plano as evidncias de que o jovem o pblico

e apiam-se no trecho em que o autor fala para os jovens sobre o problema dos pais fumantes e faz a proposio de que os filhos os ajudem a deixar o vcio.

Recomendaes pedaggicas

Falar sobre como podemos criar situaes didticas para que os alunos desenvolvam a habilidade de identificar o provvel pblico alvo de um texto, sua finalidade e seu assunto principal (H1), tal como proposta no documento Matriz de Referncia para Avaliao do SARESP, um bom exerccio para compreender como outras habilidades entram em jogo para o desenvolvimento das competncias. A fim de realizar esta identificao, os alunos precisam ter conseguido construir uma compreenso global e/ou ter observado certos aspectos implcitos ou explcitos do texto em questo. Tal constatao nos leva a perceber que, ao ler um texto, vrias habilidades de leitura so postas em jogo. Quando as isolamos para estudo, o fazemos por uma questo didtica, para tentarmos compreender melhor as suas especificidades. Feitas essas consideraes, evidenciamos que a ao de explorar essa habilidade (H1) possibilita parte da reconstruo das condies de produo e est, em geral, articulada com: a observao de certas especificidades do texto, tais como: as marcas que o autor deixou e que sinalizam, de modo implcito ou explcito, o seu pblico leitor, a partir, por exemplo, da linguagem usada, da referncia explcita a um tu (o leitor), do modo como o tema abordado, da identificao do meio de circulao do texto. a reconstruo dos sentidos do texto, medida que inferir informaes implcitas ou explcitas pode levar a uma compreenso global do texto. Tal procedimento possibilita sintetiz-lo no sentido de chegar ao tema ou assunto principal abordado. Portanto, nas atividades de leitura de textos em geral, favorecer o desenvolvimento e uso da habilidade de identificar o provvel pblico alvo de um texto, sua finalidade e seu assunto principal deve garantir essa articulao com outras habilidades. Ou seja, para os alunos chegarem resposta esperada, eles tero de analisar vrios aspectos da construo do texto e realizar certas inferncias a partir dessa anlise. O que pode significar que nem sempre questes que faam essa solicitao de identificao devam ser as primeiras a serem feitas. Alis, talvez o mais adequado seja que questes como essas sejam as ltimas a serem apresentadas para os alunos, num trabalho inicial sistemtico com a leitura dos diferentes gneros que apresentam diferentes finalidades. Considerando que o trabalho de identificao do pblico leitor, da finalidade e do assunto deve ser feito de modo a garantir o contato com a variedade de gneros,

importante, ainda, comentar que em certos gneros essa identificao pode ser mais evidente que em outros. No caso do artigo de opinio em questo, as marcas so mais evidentes: o modo como ele inicia a coluna com uma citao de uma de suas leitoras (a garota e a referncia sua idade); o modo como o autor se apresenta no primeiro pargrafo (Se voc acompanha esta coluna, j percebeu que, em geral, temos respostas bastante ponderadas para nossos leitores) e a referncia ao nome do suplemento (Folheteen) sinalizam que o autor um colunista que se dedica a escrever para jovens; J em outros textos no haver tantas evidncias, o que poder sinalizar para o fato de que o pblico alvo nem sempre to especfico, podendo ser referido de forma mais genrica, como, por exemplo, quando definimos que o pblico de um artigo de uma revista de sade um pblico mais adulto, que se interessa pelo assunto.

H03 Identificar os interlocutores provveis de um texto, considerando o uso de expresso coloquial, jargo, gria ou falar regional.

Leia o texto e responda questo.

Micos da redao Coisa de atrevidos...A redao da revista Atrevida tambm j pagou um mico ou outro... Afinal, ningum perfeito, n?!

A amiga da fulana Estava ficandinho com um menino e descobri vrias histrias sobre a garota que estava a fim dele. Sai noite com ele, a turma dele e minha BBF. Chamei minha amiga para ir ao banheiro contar sobre a mala que estava querendo pegar meu gato. Entramos e ficamos conversando perto das pias sobre a bendita. Falei um monte e reclamei do quanto os amigos deles estavam do lado dessa outra garota, pois ela era amiga de uma das meninas da turma dele. Quando terminei de desabafar, eis que sai de um dos banheiros

exatamente essa amiga dele, que me olhou com a maior cara de ouvi tudo! Supermico... R.C., editora chefe (...) Segredo? Estava no meio de uma entrevista por telefone, com a banda Hori. A, perguntei pra o Fiuk qual era a msica de trabalho e ele respondeu: Ah, segredo. E eu rebati: Ah, juuura?. E ele me corrigiu: No, Segredo o nome da msica!. Todos da banda comearam a rir no viva-voz. M. O., editora assistente

Especial micos. Revista Atrevida. So Paulo. Edio 9, pp. 06-07, Fevereiro de 2011. A linguagem usada neste texto indica que os leitores provveis da revista so (A) crianas e adolescentes. (B) pessoas que trabalham com jovens. (C) pais de jovens e adolescentes. (D) adolescentes.

Comentrio

Semelhante ao que comentamos sobre a questo que solicita o uso da habilidade H1, a habilidade de identificar os interlocutores provveis de um texto, considerando o uso de expresso coloquial, jargo, gria ou falar regional exige que os alunos observem e reconheam marcas na linguagem usada que os levem a inferir a que interlocutor se destina. Em outras palavras, os alunos devem perceber a relao entre a variedade de linguagem usada no texto e o leitor previsto este ltimo j identificvel pela referncia ao nome da revista (Atrevida) e ao assunto de interesse de adolescentes. Um detalhe que diferencia esta questo da que solicita que os alunos identifiquem o pblico algo de um texto o fato de que para chegar resposta correta que o item (D) , a comanda da questo orienta os alunos a observarem um dos elementos importantes na constituio do texto, que marca explcita dos interlocutores envolvidos: a linguagem prpria de certo grupo social. Considerando, ento, que esta questo, na prova, proposta logo depois de outra questo em que o aluno tem de identificar quais as palavras ou termos que sinalizam o uso de uma linguagem informal e prxima de como se fala, respond-la implica, em parte, ter obtido sucesso na identificao dessas palavras ou termos, uma vez que preciso relacionar o tipo de linguagem usada ao pblico leitor a que se destina o texto. E a escolha da alternativa (A) (B) ou (C) pode evidenciar, de outra parte, a falta de familiaridade e conhecimento do meio de circulao do texto (a Revista Atrevida).

Recomendaes pedaggicas Para que os alunos consigam identificar os interlocutores considerando o uso de expresso coloquial, jargo, gria ou falar regional nos textos, faz-se necessrio o seu contato com as diferentes variedades da lngua (e seus registros que se referem aos diferentes graus de formalidade), reconhecendo-as como marcas de identidade dos diferentes grupos sociais e, tambm, relacionando o registro situao de comunicao, especialmente no que respeita aos interlocutores envolvidos. Associado a esse trabalho deve-se promover a discusso sobre os juzos de valor que os diferentes grupos sociais fazem dessas diferentes variedades, de modo a colocar sempre em xeque os juzos que estimulam o preconceito lingustico. A ideia de erro deve ser substituda pela de adequao ou no ao contexto da situao de comunicao.

Para garantir o contato com as variedades e registros ser fundamental, de um lado, diversificar a seleo de autores, tendo em vista as diferentes regies e, de outro, diversificar os gneros para leitura e produo que podem evidenciar diferentes registros. O trabalho com tirinhas ou charges de cartunistas de diferentes regies, por exemplo, pode ser um bom caminho para isso. A turma do Xaxado (do cartunista Antnio Luiz Ramos Cedraz, da Bahia), do Folheteen (do cartunista Jos Aguiar, do Paran), as tiras de Urbanide (do cartunista Diogo Sales, de So Paulo, capital) e de Mutum (do cartunista Moiss Gonalves, de So Paulointerior), e do Tapejara (do cartunista Paulo Louzada, do Rio grande do Sul) so alguns exemplos de variedade de autoria e de regio, com os quais se pode trabalhar. Tambm as obras literrias dos nossos autores brasileiros e, ainda, a busca de textos em peridicos das diferentes regies, voltados para diferentes pblicos podem favorecer o contato com essa diversidade de linguagem.

Tema 2 Reconstruo dos sentidos do textoO processo de compreenso leitora baseia-se em procedimentos bsicos de (re) construo dos sentidos do texto. Tais procedimentos envolvem a recuperao de informaes, tanto locais (no limite, itens de informao ou informaes pontuais) quanto globais, de tal forma que o contedo de um texto pode ser representado, como prope a lingustica textual, em macroestruturas que se articulam em nveis crescentes de informao. [...] As informaes que constituem o contedo de um texto podem figurar explicitamente (em diferentes graus de proeminncia) ou implicitamente (por meio de procedimentos diversos). O que envolve, no primeiro caso, a habilidade de localizar adequadamente essas informaes; e, no segundo caso, a de inferi-las de forma autorizada pelo texto, ou seja, com base na identificao dos procedimentos de implicitao utilizados.5

Itens da prova e habilidades selecionadas

H04 identificar o sentido denotativo de vocbulo ou expresso utilizado em segmento de texto, selecionando aquele que pode substitu-lo por sinonmia no contexto em que se insere. Leia a tirinha e responda questo.

Me assassina portando faca degola linguado. As palavras grifadas na frase acima podem ser substitudas, respectivamente por: (A) usando e corta a cabea de.5

IN SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. p. 24. (Citao literal)

(B) ocultando e decepa. (C) limpando e corta. (D) afiando e corta a cabea de. (adaptada do Saresp 2003 5 srie/noite)

Comentrio

Esta questo exige que os alunos avaliem qual par de palavras ou expresses a mais adequada, considerando o contexto, para substituir o par de verbos destacados na frase. Para o verbo portar o nico significado que se assemelha a ele est na alternativa (A) que apresenta a forma usando o que j elimina as demais por no estabelecerem com o verbo da frase nenhuma sinonmia, independentemente da situao (por serem palavras de sentidos diferentes). Selecion-las para a substituio modifica o sentido e causa problemas de coerncia interna frase. J para o verbo degolar, as opes so cortar a cabea de e decepar ambas so arroladas no dicionrio como possveis significados do verbo e seriam adequadas para substitu-lo no contexto. Selecionar a alternativa correta (A) envolve estabelecer uma relao de sentidos entre o que a me est fazendo com a faca (usando-a para cortar o peixe e prepar-lo para o jantar) e o que Calvin est dizendo, mas de modo sensacionalista. A escolha de qualquer outra opo (B), (C) ou (D) indica que o aluno no reconhece que, embora os verbos sugeridos nestas alternativas sejam possveis de serem usados em combinao com o complemento a faca (afiando a faca, ocultando a faca, limpando a faca), estas aes no correspondem do uso que Calvin diz que a personagem faz da faca (usada para cortar a cabea do peixe).

Recomendaes pedaggicas

Favorecer o desenvolvimento da habilidade de identificar o sentido denotativo de vocbulo ou expresso utilizados em segmento de texto, selecionando aquele que pode substitu-lo por sinonmia no contexto em que se insere implica um trabalho com o conceito de polissemia: a multiplicidade de sentidos de uma palavra ou expresso. Ou seja, o aluno precisa compreender que uma mesma palavra pode ter diferentes sentidos, dependendo do contexto e que, ao mesmo tempo, uma palavra pode ser substituda por vrias outras com

sentido equivalente, justamente por causa dessa qualidade das palavras de poder ter diferentes sentidos. Observar a relao de sinonmia entre as palavras envolve um trabalho sistemtico com os dicionrios. Por meio da sua consulta, os alunos tero acesso aos significados possveis de um verbete o que tambm lhe dar a informao sobre outras palavras que podem se relacionar com esses sentidos (e quais estabelecem uma relao de oposio de sentido). Importante dizer que tal trabalho deve dar-se em contextos significativos. relativamente comum a consulta ao dicionrio em situaes de leitura, quando ao aluno solicitado que procure o significado das palavras que representam dificuldade para a compreenso do texto. Nestas situaes, os alunos precisam aprender (e, portanto, deve-se ensinar) a selecionar o significado mais apropriado para manter sentido semelhante. preciso ensin-los a ler os verbetes, de modo que percebam que a indicao das variaes do significado de certa palavra feita pela enumerao desses significados; e que, ao apresentar esses significados, o dicionrio nos fornece possibilidades de substituio da palavra por muitas outras. Alm das situaes de leitura, outro contexto significativo pode ser o momento de produo e reviso de textos. Nestas situaes podemos recorrer ao dicionrio por diferentes razes. Mas para no fugirmos do contexto da nossa discusso, um dos usos possveis o da procura de palavras que possam substituir outra, ou que possam evitar uma repetio indesejvel de certo termo, ou para tentar encontrar palavra mais apropriada para o efeito de sentido que se quer dar a certa informao. Explorar esse tipo de consulta compreender melhor a relao de sinonmia entre as palavras, percebendo que no h sinonmia perfeita e que muitas vezes selecionamos uma ou outra palavra sinnima de modo que a escolha se faz pelo efeito que se pretende produzir, como a que fez Calvin no texto em questo. Embora haja uma relao de sinonmia entre as palavras substitudas

(portando/usando; degola/corta a cabea de), dizer Me assassina usando faca corta a cabea do linguado no produz o mesmo efeito que dizer Me assassina portando faca degola linguado. A escolha dessas palavras d ao ato um sentido de violncia, agressividade que no h na frase que apresenta palavras sinnimas. importante que os alunos percebam isso: h vrias palavras com sentidos mais ou menos semelhantes e a escolha de uma ou outra pode fazer muita diferena, dependendo do efeito que se quer dar ao que se diz. Variando as situaes de uso do dicionrio, os alunos podero perceb-lo como fonte de diferentes informaes e, portanto, como objeto de consulta para diferentes finalidades.

H09 Inferir tema ou assunto principal de um texto, com base em sua compreenso global.

Leia o quadrinho de Calvin e responda questo:

Disponvel em: http://religarecafe.blogspot.com/2009/10/calvin-e-haroldo-vidainteligente.html . Acesso em: 13/01/2012.

Pode-se afirmar que, para Calvin, (A) nenhum ser inteligente de outro planeta vai tentar contato com o nosso planeta. (B) o descuido com o meio ambiente sinal de ignorncia, por isso seres inteligentes no se comunicam conosco. (C) nos falta conhecimento para comprovar a existncia de vida inteligente fora do nosso planeta. (D) o cuidado com o meio ambiente sinal da existncia de vida inteligente em nosso planeta.

Comentrio

Para responder corretamente questo, assinalando a alternativa (B), os alunos precisam ter construdo uma compreenso global sobre o que diz Calvin. Para chegar a tal compreenso, preciso levar em conta a relao de causa e consequncia subentendida na fala da personagem e construda no dilogo com a imagem do tronco de rvore (que foi cortada pelo homem): a nossa ignorncia com o meio ambiente leva os seres inteligentes a no se comunicarem conosco e a falta de comunicao j seria sinal da existncia de vida

inteligncia. Ou seja, o descuido com o meio ambiente est subentendido na expresso desolada de Calvin diante do tronco cortado da rvore (o que explorado na primeira questo desse texto na prova); a nossa ignorncia, por sua vez, est subentendida no descuido com o meio ambiente. Poderamos afirmar que a ignorncia a causa do descuido que tem como consequncia a falta de comunicao entre o nosso planeta e outras formas de vida inteligente. A escolha da alternativa (A) supe que os alunos consideraram apenas parte da fala de Calvin (a que fala da falta de comunicao entre seres inteligentes e os homens), sem levar em conta a relao de consequncia entre essa informao e o comportamento destrutivo do homem representado pelo tronco de rvore e interpretado pela personagem como ignorncia. A seleo da alternativa (C) ou (D) indica que os alunos no compreenderam a tira, no levaram em conta as informaes explcitas, tampouco relacionaram essas informaes para inferir sentidos. A alternativa (C) est baseada na ideia de que ainda no somos suficientemente inteligentes para comprovar a existncia de outras vidas inteligentes, quando a questo do quadrinho , na verdade, relacionar a falta de inteligncia com o descuido com o planeta. J a afirmao da alternativa (D), prioriza o que pensa Calvin: o homem no cuida da natureza e por isso no inteligente.

Recomendaes pedaggicas

O desenvolvimento e uso da habilidade de tema ou assunto principal de um texto, com base na compreenso global de um texto deve se dar no contato com os mais diversos gneros. No quadrinho em questo, o tema ou assunto principal aparece na integrao entre texto escrito e imagem. Tambm o sentido global construdo na anlise da relao das diversas linguagens. Linguagem verbal e no verbal entram em relao nos mais diferentes gneros como HQs, propagandas, reportagens, poesias (concreta, visual) e preciso garantir essa diversidade de gneros. Cada vez mais esses textos multimodais esto presentes em nosso dia a dia o que faz o trabalho com eles ser de suma importncia. As atividades devem favorecer que os alunos cheguem ao sentido construdo por meio da anlise da composio dessas diversas linguagens (imagens, expresses faciais). Por exemplo: se consideramos o texto em questo, possvel perceber que a imagem por si tem um sentido explcito e outro implcito ao qual s chegamos mediante a relao que estabelecemos entre imagem e linguagem verbal. Vemos a expresso desolada de Calvin

diante de um tronco de rvore cortado que nos informa sobre o estado de esprito da personagem e passamos a levantar a hiptese sobre o sentido da cena, a partir de uma pergunta implicada: Por que Calvin est triste? A esta pergunta sucede outra: qual a relao entre a tristeza demonstrada pela personagem e o texto verbal? Isso nos leva a ler o texto verbal procurando relaes que possam ser estabelecidas entre imagem e texto a partir das quais podemos deduzir informaes: o tronco sinaliza para uma rvore que foi cortada o que nos leva a subentender que algum a cortou; o texto verbal diz que a prova de existncia de vida inteligente que ningum ainda tentou contato com o nosso planeta. A esta altura perguntamo-nos: Por que no houve contato at agora? E qual a relao dessa informao com a conseguida na leitura do no verbal? Todas essas questes sugeridas nos levam a construir uma compreenso global do texto que, consequentemente, leva-nos a identificar os pressupostos e subentendidos: se o sinal de que existe vida inteligente fora da Terra a falta de comunicao, supe-se que eles acham que no vale a pena nos conhecer porque no temos a inteligncia deles. Se no temos a inteligncia deles, somos ignorantes aos seus olhos. E nova pergunta se coloca: Por que nos acham ignorantes? O que fazemos ou no fazemos para pensarem isso? E voltamos ao no verbal, reconhecendo na rvore cortada um ato de ignorncia. Podemos verificar que as perguntas feitas para se chegar compreenso global do texto e s inferncias so importantes para os alunos e preciso instig-los a se fazerem perguntas diante dos textos. Nas atividades de leitura, a mediao do professor se faz necessria.

H08 Inferir informao pressuposta ou subentendida, com base na compreenso global de um texto. (GIII)

Leia o quadrinho de Calvin e responda questo:

Disponvel em: http://religarecafe.blogspot.com/2009/10/calvin-e-haroldo-vidainteligente.html . Acesso em: 13/01/2012.

Calvin parece estar triste porque (A) perdeu alguma coisa. (B) seres de outros planetas no visitam a Terra. (C) cortaram a rvore. (D) no somos inteligentes.

ComentrioA instruo da questo afirma que Calvin est triste. Tal interpretao est baseada especialmente em elementos no verbais: sabemos que Calvin est triste porque sua expresso facial, diante do tronco de rvore que foi cortada, nos sinaliza isso. E esta cena (imagem) que nos orienta para a compreenso do motivo que levou Calvin a dizer o que disse e nos leva a identificar a alternativa (C) como a correta.

As alternativas (B) e (D) apresentam explicaes para a tristeza de Calvin que esto relacionadas a informaes do texto verbal e no consideram as informaes dadas pela imagem. A alternativa (A) apresenta uma explicao que no encontra base nem no texto verbal, nem no no verbal. A escolha de uma dessas alternativas, portanto, indicam que os alunos no consideraram os elementos no verbais que concorrem com os verbais para a construo dos sentidos do quadrinho.

Recomendaes pedaggicasTambm neste caso, o desenvolvimento da habilidade de identificar elementos que podem ilustrar certa interpretao, envolve a integrao entre texto escrito e imagem. Atividades ou estratgias de leitura que solicitem ao aluno Inferir informao pressuposta ou subentendida com base em sua compreenso global so fundamentais.

Tema 3 Reconstruo da textualidade

Os contedos se organizam, num texto, com base em processos de coerncia e coeso que se expressam por meio de recursos lingusticos especficos, responsveis por apresentar informaes novas e resgatar as antigas, de forma a garantir a continuidade textual nas formas previstas pelo gnero e pela tipologia em questo. Por isso, uma das competncias fundamentais do leitor, em qualquer nvel de proficincia, consiste num conjunto de habilidades relacionadas correta apreenso da organizao textual, por meio das marcas lingusticas que a manifestam.6

6

IN SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. p. 25. (Citao literal)

Itens da prova e habilidades selecionadasH12 Estabelecer relaes entre segmentos de um texto, identificando o antecedente de um pronome oblquo. Leia o texto e responda questo.

A fuga dos rinocerontesEspcie ameaada de extino escapa dos caadores da maneira mais radical possvel pelo cu Os rinocerontes negros esto entre os rinocerontes tiveram de voar por 24 bichos mais visados da frica, pois sua quilmetros. Sedados e de olhos vendados espcie uma das preferidas pelo turismo (para evitas sustos caso acordassem), os de caa. Para tentar salvar alguns dos rinocerontes foram iados pelos tornozelos 4.500 espcimes que ainda restam na e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece natureza, duas ONGs ambientais apelaram meio brutal? Os responsveis pela para uma soluo extrema: transportar os operao dizem que, alm de mais rinocerontes de helicptero. A ao eficiente para levar os paquidermes a utilizou helicpteros militares para locais de difcil acesso, o procedimento remover 19 espcimes com 1,4 toneladas mais gentil. O voo encurta o tempo que o cada um de seu habitat original, na rinoceronte tem de ser mantido sedado, a provncia de Cabo Oriental, no sudeste da respirao fica menos comprometida e frica do Sul, e transferi-los para a evita-se a viagem em caixotes, o que provncia de Limpopo, no norte do pas, a irritante para o animal, afirma o 1.5000 quilmetros de distncia, onde veterinrio sul-africano Jacques Flamand, vivero longe dos caadores. Como o lder do projeto. Fernando Bad. trajeto tem reas inacessveis de carro, os

Revista Superinteressante. So Paulo. Edio n 299, p. 34. Dezembro de 2011.

No trecho ... e transferi-los para a provncia de Limpopo., o termo destacado se refere (A) aos responsveis pela operao. (B) s duas ONGs. (C) aos 19 espcimes de rinocerontes negros. (D) aos responsveis pela operao e aos rinocerontes.

Comentrio

A habilidade de estabelecer relaes entre segmentos de um texto, identificando o antecedente de um pronome oblquo, ou seja, estabelecendo a coeso referencial importante para que os alunos integrem/relacionem as partes do texto e possam atribuir-lhe sentidos. Assim, para a escolha da alternativa correta (C) necessrio que os alunos relacionem informaes que esto em segmentos diferentes do texto. Selecionar uma das demais alternativas (A), (B) e (D) indica que os alunos relacionaram esse pronome a outros segmentos do texto, inadequadamente.

Recomendaes pedaggicasA habilidade de estabelecer relaes entre segmentos de um texto, identificando o antecedente de um pronome oblquo requer um trabalho sistemtico de coeso referencial e deve ser ampliado para alm da observao do antecedente de um pronome oblquo. Esse tipo de trabalho de grande importncia tanto para as situaes de leitura, quanto para as de produo porque responsvel pela sequencialidade, pela progresso do texto. Alm da ocorrncia apontada pela questo, no texto lido temos outros exemplos de referenciao em que os termos que retomam seus referentes so substantivos e, alm do pronome oblquo, explorado na questo, temos o pronome possessivo (seu) e o advrbio (onde). Observe: Os rinocerontes negros esto entre os bichos mais visados da frica, pois sua espcie uma das preferidas pelo turismo de caa. Para tentar salvar alguns dos 4.500 espcimes que ainda restam na natureza, duas ONGs ambientais apelaram para uma soluo extrema: transportar os rinocerontes de helicptero. A ao utilizou helicpteros militares para remover 19 espcimes com 1,4 toneladas cada um de seu habitat original, na provncia de Cabo Oriental, no sudeste da frica do Sul, e transferi-los para a provncia de Limpopo, no norte do pas, a 1.5000 quilmetros de distncia, onde vivero longe dos caadores. Como o trajeto tem reas inacessveis de carro, os rinocerontes tiveram de voar por 24 quilmetros.

Veja que rinocerontes negros referido ao longo do texto de diferentes formas: espcimes, seu e los. importante comentar que na questo propusemos a identificao do referente (antecedente) do pronome oblquo, oferecendo como resposta que o pronome los se referia a 19 espcimes de rinocerontes negros. Portanto, na resposta, garantimos a apresentao do referente primeiro os rinocerontes negros. Em A ao, utilizou helicpteros militares para remover 19 espcimes com 1,4 toneladas cada um de seu habitat original, na provncia de Cabo Oriental, no sudeste da frica do Sul, e [...], o termo em destaque (A ao) retoma parte da informao imediatamente anterior: transportar os rinocerontes de helicptero. O uso desse substantivo possibilitou avanar na apresentao de informaes, sem repeties. E preciosa a observao de como um substantivo pode retomar uma ideia completa. Algo semelhante acontece em ...e transferi-los para a provncia de Limpopo, no norte do pas, a 1.5000 quilmetros de distncia, onde vivero longe dos caadores. O advrbio onde refere-se, em ltima instncia, a toda a informao que o antecede. Tudo ali indica localidade. Segundo Travaglia (1997, p.238-239), o ensino da lngua materna para nativos dessa lngua s pode ter como fim principal e fundamental o desenvolvimento da competncia comunicativa j adquirida pelo falante, entendendo-se esse desenvolvimento como a possibilidade de o falante utilizar cada vez mais recursos da lngua de forma adequada a cada situao de interao comunicativa. Pode-se, portanto, criar atividades que proponham aos alunos observar tais relaes, variando na forma de solicitao: 1) destacar os referentes e pedir que encontrem os termos usados para fazer referncia a eles; 2) selecionar todos e solicitar que agrupem todas as palavras que se referem a um mesmo termo; 3) Selecionar alguns termos que fazem referncia a um termo antecedente e solicitar que pensem em outras palavras que poderiam substitu-las etc. A observao de elementos coesivos na leitura dos textos e, especialmente nas revises de produo (que podem ser a princpio coletivas, para uma mediao mais produtiva) pode auxiliar na construo da percepo desses recursos da lngua e possibilitar um ensino de gramtica voltado construo dos textos, tornando esse tipo de estudo mais significativo para os alunos.

H14 Estabelecer relaes lgico-discursivas marcadas por conjunes ou advrbios identificando um exemplo do texto que possa ilustrar essa relao.

Leia o texto e responda s questesSo Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

SEXO E SADE

Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no"Tenho 13 anos e quero comprar meu primeiro mao de cigarros. J peguei algumas vezes cigarro dos meus amigos e achei legal. Na escola, fumo escondido. Meus pais tambm no me deixam fumar, mas os dois so fumantes h um tempo. Por que essa falsidade em relao ao cigarro?" JAIRO BOUER COLUNISTA DA FOLHA Se voc acompanha esta coluna, j percebeu que, em geral, temos respostas bastante ponderadas para nossos leitores. Incentivamos sempre a autonomia de cada um, desde que administrada com responsabilidade, e evitamos o tradicional "faa isso ou no faa aquilo". Mas, desta vez, vamos ser categricos: caia fora dessa e no compre seu primeiro mao de cigarros. Por qu? O cigarro composto por uma droga (nicotina) que tem o poder de tornar as pessoas dependentes com muita facilidade. Alm dela, o cigarro tem centenas de compostos qumicos que, com o passar dos anos, vo atacando seu corpo. S para citar algumas das conseqncias do hbito de fumar: enfisema pulmonar, cncer de pulmo e bexiga, alterao dos vasos sanguneos, infartos, derrames e impotncia sexual. As pesquisas mostram que, quanto mais nova a pessoa quando comea a fumar, mais chances ela tem de se tornar dependente. A nicotina faz com que o corpo sinta falta do cigarro. Quando passa uma ou duas horas sem dar uma tragada, a pessoa comea a passar mal: sua, sente dor de cabea, ansiedade, nervosismo, dificuldade de concentrao etc. Esses so sinais de abstinncia. como se o seu corpo desse sinais de que precisa de mais nicotina. Da a vontade incontrolvel de acender mais um. A moada comea a fumar porque acha que pega bem. O garoto que fuma acha que parece mais maduro. Pode at se sentir mais controlado e mais seguro (efeito da nicotina). Na verdade, ele est fazendo uma grande bobagem. Est entrando em uma histria que, para ser superada, pode levar, em mdia, uma dcada tempo suficiente para produzir belos estragos em sua sade. E seus pais so falsos? Provavelmente no! Eles querem evitar que voc entre em uma situao de que vai ser difcil sair. Por experincia prpria, eles j devem ter sentido o quanto

duro largar o cigarro. O que complica que eles, fumantes, tentam impor a voc uma proibio ao cigarro. Filhos de pais que fumam tm maior probabilidade de se tornarem dependentes de cigarro. Que tal inverter o jogo e pedir que eles tambm deixem o cigarro? Hoje, novos mtodos (remdios que controlam a vontade de fumar), terapia breve de apoio e reposio de nicotina so alternativas para facilitar a vida do fumante que quer largar o cigarro. Sugira a eles que procurem um mdico. S para terminar: em raras ocasies a gente diz aqui o que a pessoa deve ou no fazer. Se a gente disse isso hoje para voc, por convico absoluta de que voc no precisa comprar seu primeiro mao de cigarro para se sentir mais legal. Muito pelo contrrio, esse um passo para anos de muita dor de cabea. isso! Fonte: BOUER, Jairo. Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no. Folha de So Paulo. Folhateen. Sexo e Sade. So Paulo: 14/10/2002.

O trecho do artigo que apresenta uma palavra que marca uma oposio entre ideias A) S para terminar: em raras ocasies a gente diz aqui o que a pessoa deve ou no fazer. (B) ...evitamos o tradicional "faa isso ou no faa aquilo". Mas, desta vez, vamos

ser categricos...(C) Se voc acompanha esta coluna, j percebeu que, em geral, temos respostas bastante ponderadas para nossos leitores. (D) E seus pais so falsos? Provavelmente no!

Comentrio

Para responder corretamente questo, o aluno dever identificar na alternativa (B) a relao de oposio que a conjuno Mas estabelece entre as duas ideias apresentadas: o autor evita o tradicional faa isso ou no faa aquilo (o sim e o no) X o autor diz ao leitor o que deve fazer: no comprar o primeiro mao de cigarro. Nas alternativas (A), (C) e (D) no h oposio entre ideias. Na (A), por exemplo, o advrbio s tem o sentido de apenas, e usado, no contexto para ajudar a introduzir um ltimo argumento ou uma ltima ideia que tem o objetivo de finalizar o texto. Na (C), a conjuno se indica uma relao de condio dentre duas ideias: para perceber que as respostas para os leitores so sempre ponderadas preciso ser leitor da coluna. E na (D), o advrbio provavelmente indica probabilidade, possibilidade que determinada afirmao seja verdadeira ou falsa: possvel que os pais no sejam falsos. Portanto, se os alunos assinalarem uma dessas significa que eles no perceberam as diferenas de sentido que os advrbios e as conjunes estabelecem nas frases em que so usadas.

Recomendaes pedaggicas

Fazendo algo semelhante ao que propusemos na recomendao anterior, pode-se criar atividades que proponham aos alunos observar as relaes lgico-discursivas, variando na forma de solicitao: 1) destacar as conjunes ou advrbios e solicitar que pensem em outras palavras que poderiam substitu-los; 2) selecionar todos e solicitar que agrupem aqueles que tenham sentido prximo; 3) alterar a conjuno e discutir os diferentes efeitos de sentido obtidos (por exemplo, pego muita carona, mas isso pode ser perigoso x pego muita carona, pois isso pode ser perigoso qual das oraes algum que gosta de viver perigosamente poderia dizer?); inverter as posies dos termos/expresses e oraes e discutir sobre os diferentes efeitos de sentido obtidos (Paulo trabalha muito, mas produz pouco; Paulo produz pouco, mas trabalha muito qual das duas construes mais favorvel a Paulo?) A observao de elementos coesivos na leitura dos textos e, especialmente nas revises de produo (que podem ser a princpio coletivas, para uma mediao mais produtiva) pode auxiliar na construo da percepo desses recursos da lngua e possibilitar um ensino de gramtica voltado construo dos textos, tornando esse tipo de estudo mais significativo para os alunos.

Itens da prova e habilidades selecionadas

H15 Distinguir um fato da opinio explcita enunciada em relao a esse mesmo fato, em segmentos descontnuos de um texto.

Leia o texto e responda questoSo Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

SEXO E SADE

Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer noO trecho do texto que apresenta um fato (em vez de uma opinio do autor) (A) Na verdade, ele est fazendo uma grande bobagem. (B) E seus pais so falsos? Provavelmente no! Eles querem evitar que voc entre em uma situao de que vai ser difcil sair. (C) Que tal inverter o jogo e pedir que eles tambm deixem o cigarro? (D) ... o cigarro tem centenas de compostos qumicos que, com o passar dos anos, vo atacando seu corpo."

Comentrio

As alternativas (A) e (B) trazem marcas lingusticas de apreciaes do autor e, portanto, veiculam opinio. Em (A), h uma apreciao sobre a atitude do jovem que fuma porque acha que vai parecer mais maduro, controlado: est fazendo uma grande bobagem. Na alternativa (B) o autor d a sua opinio sobre se so falsos os pais que fumam, mas no deixam seus filhos fumarem: ele acha que provavelmente no. J a alternativa (C) no expressa um fato, mas apresenta uma sugesto do autor para que os jovens peam para os pais fumantes deixarem o cigarro.

Recomendaes pedaggicas

O texto argumentativo deve estar sempre presente em sala de aula. Nesses momentos, discutir com os alunos e pedir que apontem qual a opinio/posio defendida pelo autor do texto, os argumentos utilizados, o que no texto constitui opinio e o que fato (tambm susceptvel de ser relatado ou mencionado de forma tendenciosa) de fundamental importncia.

Tema 4 Recuperao da intertextualidade e estabelecimento de relaes entre textosUm texto se constitui e se individualiza como tal numa complexa rede de relaes que ele estabelece com outros textos, no que diz respeito forma, ao contedo e/ou s suas funes sociais. nas semelhanas e diferenas com os demais, por exemplo, assim como na forma como se refere, direta ou indiretamente a outros textos, que ele ganha identidade. A leitura de um texto, portanto, envolve, por parte do leitor, uma adequada apreenso dessa rede de relaes, sempre mais ou menos marcadas no prprio texto. por meio da apreenso de marcas como a citao, a referncia, a aluso etc., que o leitor pode perceber um texto como pardia de um outro, plgio, comentrio, adendo, explicao ou resposta.7

Itens da prova e habilidades selecionadas

H17 identificar recursos verbais e no verbais utilizados em um texto com a finalidade de criar e mudar comportamentos, hbitos ou de gerar uma mensagem de cunho poltico, cultural, social ou ambiental.

Leia a propaganda e responda questo.

7

IN SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. p. 25. (Citao literal)

Disponvel em: http://bioblogpe.blogspot.com/2010/06/propaganda-legal.html . Acesso 16/01/2012. correto afirmar que (A) o anncio defende a preservao do meio ambiente como uma pequena ao. (B) mostrar amor pelo meio ambiente uma das pequenas aes para preserv-lo. (C) no ferir os troncos das rvores pode ser uma ao de preservao do meio ambiente. (D) declarar amor s rvores pode ser uma ao de preservao do meio ambiente.

Comentrio Nesta questo, para que os alunos compreendam a mensagem de cunho ambiental expressa pelo anncio, ser necessrio ler a imagem (recurso no verbal) e associ-la ao texto verbal. Para assinalar a alternativa correta a (C) , os alunos precisaro notar que a folha afixada ao tronco da rvore com fita adesiva remete a uma prtica comum s pessoas enamoradas: talhar com objeto pontiagudo, em troncos de rvores, o nome da pessoa amada ou outros dizeres. Usar a folha para escrever o que seria escrito no tronco da rvore e fix-la,

usando fita adesiva, a fim de no ferir esse tronco, que o que o texto verbal classifica como pequenas aes ao dizer: A preservao do meio ambiente comea nas pequenas aes. A seleo de qualquer outra alternativa (A), (B) ou (C) indica que o aluno no conseguiu estabelecer essas relaes.

Recomendaes pedaggicas

A habilidade testada nesta questo solicita do aluno a reconstruo do sentido de textos descontnuos em que h o uso de recursos verbais e no verbais, semelhante ao que foi comentado nas questes que exploraram o quadrinho de Calvin (Vida inteligente). Portanto, cabem aqui recomendaes semelhantes: para compreender o anncio, preciso que o aluno perceba imagem, texto escrito e confira a ambos uma relao de sentido implicado ao contexto.

H18 Identificar formas de apropriao textual, como parfrases, citaes, discurso direto , indireto ou indireto livre.Leia o texto e responda questo.

A fuga dos rinocerontesEspcie ameaada de extino escapa dos caadores da maneira mais radical possvel pelo cu Os rinocerontes negros esto entre os rinocerontes tiveram de voar por 24 bichos mais visados da frica, pois sua quilmetros. Sedados e de olhos vendados espcie uma das preferidas pelo turismo (para evitas sustos caso acordassem), os de caa. Para tentar salvar alguns dos rinocerontes foram iados pelos tornozelos 4.500 espcimes que ainda restam na e voaram entre 10 e 20 minutos. Parece natureza, duas ONGs ambientais apelaram meio brutal? Os responsveis pela para uma soluo extrema: transportar os operao dizem que, alm de mais rinocerontes de helicptero. A ao eficiente para levar os paquidermes a utilizou helicpteros militares para locais de difcil acesso, o procedimento remover 19 espcimes com 1,4 toneladas mais gentil. O voo encurta o tempo que o cada um de seu habitat original, na rinoceronte tem de ser mantido sedado, a provncia de Cabo Oriental, no sudeste da respirao fica menos comprometida e frica do Sul, e transferi-los para a evita-se a viagem em caixotes, o que provncia de Limpopo, no norte do pas, a irritante para o animal, afirma o 1.5000 quilmetros de distncia, onde veterinrio sul-africano Jacques Flamand, vivero longe dos caadores. Como trajeto lder do projeto. Fernando Bad. tem reas inacessveis de carro, os

Revista Superinteressante. So Paulo. Edio n 299, p. 34. Dezembro de 2011.

O enunciado O voo encurta o tempo que o rinoceronte tem de ser mantido sedado, a respirao fica menos comprometida e evita-se a viagem em caixotes, o que irritante para o animal. est entre aspas porque (A) uma citao da fala do veterinrio sul-africano Jacques Flamand. (B) uma citao dos especialistas das duas ONGs ambientais que realizaram a operao (C) um comentrio que o jornalista Fernando Bad quis destacar na matria. (D) uma instruo de Jacques Flamand sobre como transportar o rinoceronte

Comentrio

A instruo conferida a esta questo solicita que os alunos justifiquem o uso das aspas, em trecho retirado do texto. Para isso, preciso que reconheam no fragmento uma citao, uma fala apresentada tal como o autor a disse. Para eliminar as alternativas (B) e (C), os alunos precisam observar a informao explcita no texto que faz referncia ao nome do autor da fala que acabou de ser citada. Feito isto, restam as duas alternativas em que aparece o nome do veterinrio citado como autor do texto entre aspas. Para eliminar o item (D) os alunos tambm tero de se apoiar em informaes explcitas e relacion-las com a sua finalidade no trecho: a fala do autor no uma instruo, visto que o contedo da sua fala citada explica as vantagens do transporte dos animais por meio do uso de helicpteros. Resta, ento, a alternativa (A) que justifica as aspas para marcar uma citao.

Recomendaes pedaggicas

O trabalho com a leitura de textos de divulgao, reportagens, artigos de opinio (que so plurivocais e/ou polifnicos) favorece o reconhecimento das formas de apropriao da voz do outro nesses textos e dos recursos lingusticos ou notacionais utilizados para sinaliz-las: se usa aspas ou itlico; se usa a parfrase com a introduo de verbos ilocucionrios (afirma, comenta, argumenta, prope, explica etc) ou outras expresses; se usa o travesso (em textos ficcionais para introduzir as falas do dilogo entre as personagens). A produo de resumos, outro recurso didtico possvel, como resultado de leituras feitas para o estudo de determinados temas pode ser muito produtivo, para exercitar a introduo da fala do outro em forma de parfrase, observando e fazendo uso de certos termos que indicam a voz do outro no texto do aluno: Segundo fulano... Para sicrano... De acordo com... Associado a estas abordagens interessante promover a observao do papel dessas vozes no texto, partindo das seguintes questes: Como essas vozes se articulam com a do autor? Elas so chamadas para concordar (plurivocalidade) com o que o autor diz? Discordar (polissemia)?

H22 Inferir o efeito de humor produzido em um texto pelo uso intencional de palavras, expresses ou imagens ambguas. Leia a tirinha e responda questo.

A inteno de provocar o riso est (A) na ideia de Calvin de criar um jornal para relatar eventos da prpria casa. (B) na seleo das perguntas e no modo como o garoto as faz. (C) no modo como o garoto muda a resposta da me, ao escolher as palavras. (D) na reao da me ao expulsar o garoto da cozinha, que fala muito alto. (adaptada do Saresp 2003 5 srie/noite)

ComentrioEsta tira exemplar no trabalho cuidadoso de seleo de palavras e expresses com a inteno de se produzir determinados efeitos de sentido. Neste caso, trata-se da inteno de provocar efeitos de humor. O tom de exagero no modo como Calvin reelabora um fato conseguido justamente pela seleo que ele faz das palavras, dando ao fato outra dimenso. De me que est cortando o peixe para prepar-lo para o jantar temos me assassina que degola palavras usadas em contextos de violncia. O peixe torna-se vtima e a simples ao de prepar-lo, ento, se torna grotesca e o ato de com-lo torna-se um ato de devorar a vtima. O resultado final das escolhas lingusticas a transformao do comum em algo incomum, exagerado, um relato sensacionalista. Associando-se este exerccio ao fato de que se trata de Calvin personagem que sempre nos surpreende pela sua criatividade e imaginao , temos uma situao final engraada. Em todos os quadrinhos anteriores, o comportamento de Calvin e suas falas assim como as da me ficam no nvel do comum: nada de especial se percebe. Apenas no ltimo quadrinho, quando Calvin prepara a chamada da notcia que acontece o inusitado.

As alternativas (A) e (B) se referem a aspectos da tira que no tm nada de inusitado: em (A), o jovem diz que quer fazer um jornal algo comum como atividade escolar; e em (B) o jovem pergunta sobre o que a me est fazendo o que parece tambm algo corriqueiro . J a alternativa (D) refere-se reao da me, que nada tem de engraado, uma vez que ela ficou irritada com a brincadeira do garoto. Apenas a alternativa (C) se refere ao recurso usado para inferir o efeito de humor produzido em um texto pelo uso intencional de palavras, expresses ou imagens ambguas

Recomendaes pedaggicasComo j dito anteriormente, eis aqui uma habilidade, cujo enfoque para a modalizao dos nossos discursos, que acontece quando selecionamos este ou aquele termo. A especificidade desta habilidade a definio do efeito que se pretende causar humor ou ironia. O humor est no modo como Calvin exagerou e foi a escolha das palavras que possibilitou esse exagero. Cabem aqui, as mesmas recomendaes do trabalho com a modalizao sugerido anteriormente. Mas tambm importante considerar que a descrio da habilidade prev a reflexo sobre o efeito de ironia. O discurso irnico, por exemplo, se constri pela dissimulao, pelo ocultamento das verdadeiras intenes de dizer do autor, que s se realiza na recepo, se seu interlocutor compreender o tom dissimulado do texto: A ironia corresponde a um ato de fala necessariamente polifnico [vozes que so dissonantes, contraditrias no texto]: uma voz manifesta secundada por outra voz, em off mas dominante, que desacredita e desautoriza a primeira. Assim, o contedo manifesto, desacreditado pelo ato irnico, d lugar a um segundo contedo, inplcito, que equivale ao contrrio do primeiro. Fenmeno que extrai da sua graa a sutileza, a ironia , por excelncia, um procedimento de distanciamento crtico, que envolve, porm, um alto risco: seu sucesso depende da cumplicidade cooperativa do ouvinte/leitor. Este precisa operar e dominar as regras do jogo, por mais que elas no estejam combinadas de antemo com ele. (Azeredo, 2010: 501-2) Interessante observar que muitas vezes o humor se constri exatamente pela inexistncia de cumplicidade cooperativa entre personagens, no interior de um texto: a ironia usada por uma das personagens no reconhecida pelo seu interlocutor que atribui o sentido literal ao que dito. Ainda assim, para que a situao da tira resulte em humor, o seu leitor precisa reconhecer a ironia.

Veja como isso acontece na tira de Hagar:

Como leitores, para atribuirmos efeito de humos tira, preciso reconhecer na fala de Helga o discurso irnico. O que ela est dizendo deve ser entendido exatamente em seu sentido contrrio: Hagar deve se levantar ( isso a! Fica sentado a sem fazer nada...) para ajud-la no servio pesado. H aqui uma crtica falta de atitude do marido. Entretanto, no interior da tira, essa ironia se perde: a fala de Hagar sinaliza que ele interpretou o que disse Helga literalmente. Para ns, leitores, exatamente essa quebra de cumplicidade cooperativa entre as personagens, que produz o humor.

Tema 5 Reflexo sobre os usos da lngua falada e escritaA adequada (re) construo dos sentidos de um texto e, em especial, a sua leitura crtica, pressupem a capacidade do leitor de perceber e analisar aspectos lingusticos [e/ou semiticos] prprios de sua organizao, como a seleo lexical, o uso dos modos e tempos verbais, os recursos sintticos mobilizados na estruturao das frases, a pontuao. nesses aspectos semiticos e lingusticos da organizao textual que se encontram os modos de dizer prprios de um gnero, de um enunciador, de um determinado contexto histricosocial. E na medida em que esses modos de dizer fazem parte dos sentidos do texto, sua apreenso faz parte da compreenso.8

Itens da prova e habilidades selecionadasH19 Identificar, em um texto, marcas relativas variao lingstica, no que diz respeito s diferenas entre a linguagem oral e a escrita do ponto de vista do lxico, da morfologia ou da sintaxe.

Leia o texto e responda questo.

Micos da redao Coisa de atrevidos...A redao da revista Atrevida tambm j pagou um mico ou outro... Afinal, ningum perfeito, n?!

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IN SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. p. 26. (citao literal)

A amiga da fulana Estava ficandinho com um menino e descobri vrias histrias sobre a garota que estava a fim dele. Sai noite com ele, a turma dele e minha BBF. Chamei minha amiga para ir ao banheiro contar sobre a mala que estava querendo pegar meu gato. Entramos e ficamos conversando perto das pias sobre a bendita. Falei um monte e reclamei do quanto os amigos deles estavam do lado dessa outra garota, pois ela era amiga de uma das meninas da turma dele. Quando terminei de desabafar, eis que sai de um dos banheiros

exatamente essa amiga dele, que me olhou com a maior cara de ouvi tudo! Supermico... R.C., editora chefe (...) Segredo? Estava no meio de uma entrevista por telefone, com a banda Hori. A, perguntei pra o Fiuk qual era a msica de trabalho e ele respondeu: Ah, segredo. E eu rebati: Ah, juuura?. E ele me corrigiu: No, Segredo o nome da msica!. Todos da banda comearam a rir no viva-voz. M. O., editora assistente

Fonte: Especial micos. Revista Atrevida. So Paulo. Edio 9, pp. 06-07, Fevereiro de 2011. As palavras ou termos que sinalizam o uso de uma linguagem que pretende se aproximar do modo como falamos em uma conversa informal esto em (A) ficandinho; maior cara de ouvi tudo!; garota; banda. (B) ficandinho; falei um monte; supermico; juuura. (C) maior cara de ouvi tudo!; falei um monte; garota; desabafar. (D) estava a fim dele; sobre a bendita; juuura; reclamei.

ComentrioNesta questo, o objetivo que o aluno selecione a alternativa que apresenta um conjunto de palavras como marcas do uso de uma variedade lingustica. Todas as alternativas apresentam palavras que sinalizam o uso dessa linguagem que marca no s o uso informal, mas tambm traz as marca do grupo social que a usa (neste, caso, os adolescentes). Entretanto, apenas uma delas a (B) tem todas as palavras como marca desse uso. As alternativas (A), (B) ou (C) esto incorretas porque em meio s palavras que sinalizam o uso informal da linguagem, h as que so usadas em qualquer contexto mais formal ou independentemente da variedade usada da lngua. So elas: garota, que aparece em (A) e (C); banda, em (A); desabafar, em (C) e reclamei, em (D).

A escolha de uma dessas alternativas, portanto, demonstra que os alunos no conseguem identificar essas palavras como comuns s diferentes variedades e passveis de serem usadas em contextos mais formais e que, por outro lado, no reconhecem em ficandinho, falei um monte, supermico e juuura um uso informal e muito prprio dos adolescentes.

Recomendaes pedaggicasReiteramos que o trabalho com as variedades lingusticas nas diferentes modalidades da lngua oral e escrita deve ser associado discusso sobre os juzos de valor que os diferentes grupos sociais fazem dessas diferentes variedades, de modo a colocar sempre em xeque os juzos que estimulam o preconceito lingustico. A ideia de erro deve ser substituda pela de adequao ou no ao contexto da situao de comunicao. Importante considerar que, na discusso sobre os registros da lngua, fundamental tambm colocar em xeque a falsa afirmao de que na oralidade as variedades da lngua se manifestam sempre em linguagem informal.

H23 Identificar em um texto o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas categorias gramaticais (gnero, nmero, casos, aspecto, modo, voz etc).

Leia o texto e responda questo.

Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no"Tenho 13 anos e quero comprar meu primeiro mao de cigarros. J peguei algumas vezes cigarro dos meus amigos e achei legal. Na escola, fumo escondido. Meus pais tambm no me deixam fumar, mas os dois so fumantes h um tempo. Por que essa falsidade em relao ao cigarro?"

JAIRO BOUER COLUNISTA DA FOLHA Se voc acompanha esta coluna, j percebeu que, em geral, temos respostas bastante ponderadas para nossos leitores. Incentivamos sempre a autonomia de cada um, desde que administrada com responsabilidade, e evitamos o tradicional "faa isso ou no faa aquilo". Mas, desta vez, vamos ser categricos: caia fora dessa e no compre seu primeiro mao de cigarros.

Por qu? O cigarro composto por uma droga (nicotina) que tem o poder de tornar as pessoas dependentes com muita facilidade. Alm dela, o cigarro tem centenas de compostos qumicos que, com o passar dos anos, vo atacando seu corpo. S para citar algumas das consequncias do hbito de fumar: enfisema pulmonar, cncer de pulmo e bexiga, alterao dos vasos sanguneos, infartos, derrames e impotncia sexual. As pesquisas mostram que, quanto mais nova a pessoa quando comea a fumar, mais chances ela tem de se tornar dependente. A nicotina faz com que o corpo sinta falta do cigarro. Quando passa uma ou duas horas sem dar uma tragada, a pessoa comea a passar mal: sua, sente dor de cabea, ansiedade, nervosismo, dificuldade de concentrao etc. Esses so sinais de abstinncia. como se o seu corpo desse sinais de que precisa de mais nicotina. Da a vontade incontrolvel de acender mais um. A moada comea a fumar porque acha que pega bem. O garoto que fuma acha que parece mais maduro. Pode at se sentir mais controlado e mais seguro (efeito da nicotina). Na verdade, ele est fazendo uma grande bobagem. Est entrando em uma histria que, para ser superada, pode levar, em mdia, uma dcada tempo suficiente para produzir belos estragos em sua sade. E seus pais so falsos? Provavelmente no! Eles querem evitar que voc entre em uma situao de que vai ser difcil sair. Por experincia prpria, eles j devem ter sentido o quanto duro largar o cigarro. O que complica que eles, fumantes, tentam impor a voc uma proibio ao cigarro. Filhos de pais que fumam tm maior probabilidade de se tornarem dependentes de cigarro. Que tal inverter o jogo e pedir que eles tambm deixem o cigarro? Hoje, novos mtodos (remdios que controlam a vontade de fumar), terapia breve de apoio e reposio de nicotina so alternativas para facilitar a vida do fumante que quer largar o cigarro. Sugira a eles que procurem um mdico. S para terminar: em raras ocasies a gente diz aqui o que a pessoa deve ou no fazer. Se a gente disse isso hoje para voc, por convico absoluta de que voc no precisa comprar seu primeiro mao de cigarro para se sentir mais legal. Muito pelo contrrio, esse um passo para anos de muita dor de cabea. isso! Fonte: BOUER, Jairo. Quando o assunto cigarro, preciso ser radical e dizer no. Folha de So Paulo. Folhateen. Sexo e Sade. So Paulo: 14/10/2002.

Em Mas, desta vez, vamos ser categricos: caia fora dessa e no compre seu primeiro mao de cigarros., correto afirmar que as formas verbais destacadas (A) so fundamentais para expressar a crena do autor sobre o seu ponto de vista em relao ao cigarro. (B) podem ser substitudas por procure cair e por evite comprar sem alterar o sentido da frase original. (C) indicam que o autor est obrigando o leitor a pensar e agir de acordo com o seu ponto de vista. (D) so importantes para informar as aes que os jovens podero realizar sem que sejam radicais.

ComentrioPara responder a esta questo, os alunos tm de refletir sobre o uso que se faz do modo imperativo e seus efeitos de sentido no texto. A alternativa (A) a que melhor explica o uso que o autor faz dos verbos no imperativo afirmativo (caia fora) e no negativo (no compre): eles so, de fato, importantes para demonstrar que o autor no tem dvida sobre o que pensa em relao ao cigarro. A afirmao anterior (vamos ser categricos) ajuda a dar a essas formas verbais o tom que se pretende. Na alternativa (B), embora ainda haja o uso do imperativo em procure cair e evite comprar, a substituio da forma simples pela composta, apresenta como auxiliares verbos que, pelos seus sentidos, modalizam a fala do autor, de modo a amenizar o grau de certeza, expresso na forma original: o que no original soa como uma posio bem definida, clara, autoritria at, na proposta de substituio d ao trecho um tom apenas sugestivo, tornando a opinio do autor mais flexvel, malevel. A alternativa (C) apresenta uma explicao baseada no sentido mais comum que dado ao uso das formas verbais no imperativo o de que expressam uma ordem que deve ser seguida. A (D) vai no sentido contrrio ao da intencionalidade do que o autor diz: ele no quer informar aes, mas opinar sobre um assunto aconselhando os jovens sobre o que fazer de modo radical.

Recomendaes pedaggicasUm dos tipos de atividade que pode ser muito produtiva para o desenvolvimento da habilidade de identificar em um texto o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas categorias gramaticais (gnero, nmero, casos, aspecto, modo, voz etc) a anlise de diferentes manchetes de jornais sobre o mesmo fato, de modo a levar o aluno a observar a diferena de sentido possvel de se conseguir com a seleo que se faz das palavras. Veja, por exemplo, essa manchete:

Pertences de vtimas de queda de edifcio so desviados.O que aconteceria se o jornalista tivesse escolhido dizer:

Pertences de vtimas de queda de edifcio so roubados.

Em relao s manchetes ou aos ttulos de notcias, tambm pode ser observado o efeito de sentido do uso frequente de verbos no presente para se referir a uma ao passada. Os alunos podem ser chamados a coletar um nmero razovel de ttulos e manchetes para observar o tempo verbal mais usado, por exemplo. Pensar em situaes em que essa habilidade pode ser desenvolvida pensar em exerccios de modalizao. A modalizao diz respeito expresso das intenes e pontos de vista do enunciador. por intermdio da modalizao que o enunciador inscreve no enunciado os seus julgamentos e opinies sobre o contedo do que diz/escreve. Fornecendo ao interlocutor pistas ou instrues de reconhecimento do efeito de sentido que pretende produzir. (Azeredo, 2010: 91) Modalizar, portanto, algo que fazemos o tempo todo. Por isso importante associar a modalizao s situaes de comunicao nas quais nos envolvemos. So elas que nos orientam nas escolhas desta ou daquela palavra. Enfatizar esse exerccio de linguagem comum no nosso dia a dia importante para a clareza sobre a no neutralidade da linguagem. Muitos dos textos vistos aqui, alm do explorado nesta questo, servem de exemplo dos efeitos do trabalho com a modalizao: a tirinha de Calvin (Me portando faca degola linguado), por exemplo, um deles. Assim, estudar diferentes usos de tempos e modos verbais imperativo com sentido de ordem, de conselho etc., uso do presente de definio, uso do presente em manchetes etc. ou solicitar que os alunos comparem os efeitos de sentido causados pelo uso de diferentes vozes (o que se busca enfatizar em o ladro roubou o carro e o carro foi roubado pelo ladro, por exemplo) ou pela presena ou no de modalizadores so atividades que ajudam no desenvolvimento da habilidade de perceber efeitos de sentido em jogo. Qualquer que seja o gnero em questo possvel observar as pistas do enunciador que sinalizam a sua apreciao sobre um fato. Portanto, para os alunos constatarem esse fenmeno da linguagem importante que exerccios deste tipo sejam feitos em todas as leituras propostas, assim como preciso lembr-los da importncia de suas escolhas no ato da produo textual.

Tema 6 Compreenso de textos literriosPela tradio artstico-cultural a que se associa, o texto de valor literrio tem caractersticas prprias, baseadas em convenes discursivas que estabelecem modos e procedimentos de leitura bastante particulares (os pactos de leitura, como os denomina a teoria literria). Esses modos prprios de ler tm o objetivo bsico de permitir ao leitor apreender e apreciar o que h de singular num texto cuja intencionalidade no imediatamente prtica, e sim artstica. O leitor literrio, portanto, caracteriza-se como tal por uma competncia, ao mesmo tempo ldica (porque o pacto ficcional) e esttica (dada a intencionalidade artstica). Tratase, portanto, de uma leitura cujo processo de (re) construo de sentidos envolve fruio esttica, em diferentes nveis.9

Itens da prova e habilidades selecionadasH31 Identificar recursos semnticos expressivos (anttese, personificao, metfora, metonmia) em segmentos de um texto, a partir de uma dada definio. (adaptado) Leia a definio de comparao e, em seguida, leia o trecho da letra de cano para responder questo 8. Comparao (ou smile) - ocorre quando se faz uma comparao entre dois termos de sentidos diferentes, ligados pela palavra como ou por um sinnimo desta.

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IN SO PAULO (ESTADO) Secretaria da Educao. Matriz de Referncia para a avaliao Saresp: documento bsico. FINI, Maria Ins (org.) So Paulo: SEE, 2009. pp. 26 e 27.(citao literal)

A Felicidade Tristeza no tem fim Felicidade sim... A felicidade como a pluma Que o vento vai levando pelo ar Voa to leve Mas tem a vida breve Precisa que haja vento sem parar. A felicidade do pobre parece A grande iluso do carnaval A gente trabalha o ano inteiro Por um momento de sonho Pra fazer a fantasia De rei, ou de pirata, ou da jardineira E tudo se acabar na quarta-feira. Tristeza no tem fim Felicidade sim...

A felicidade como a gota De orvalho numa ptala de flor Brilha tranquila Depois de leve oscila E cai como uma lgrima de amor. A felicidade uma coisa louca Mas to delicada, tambm Tem flores e amores de todas as cores Tem ninhos de passarinhos Tudo isso ela tem E por ela ser assim to delicada Que eu trato sempre dela muito bem. Tristeza no tem fim Felicidade sim... Vinicius de Moraes

Disponvel em: http://www.viniciusdemoraes.com.br. Acesso em 16/01/2012.

Na letra de cano, no h comparao em: (A) A felicidade como a gota / De orvalho numa ptala de flor... (B) A felicidade do pobre parece / A grande iluso do carnaval... (C) A felicidade como a pluma / Que o vento vai levando pelo ar... (D) A felicidade uma coisa louca / Mas to delicada, tambm...

Comentrio

Para identificar o uso de comparao nas alternativas (A), (B) e (C) preciso perceber os dois elementos que esto sendo comparados: felicidade/gota de orvalho numa ptala de flor; felicidade/ grande iluso do carnaval; felicidade/ pluma que vento vai levando pelo ar. A relao de comparao entre dois elementos pode ser mais difcil para o aluno perceber, na alternativa (B): preciso que os alunos percebam que a forma verbal parece substitui a frmula como.

Recomendaes pedaggicasSugerimos ao professor que, nas atividades de leitura, oferea aos alunos o contato com gneros textuais que utilizem largamente recursos expressivos, como propagandas,

contos, crnicas, letras de msica, quadrinhos, anedotas, vdeos, entre outros, orientando-os a perceberem e analisarem os efeitos de sentido recorrentes nesses textos. O mais importante no que o aluno reconhea o recurso, mas que analise o seu efeito na construo do texto. Atividades que solicitam ao aluno identificar qual o recurso usado em certo trecho tendem a ser bem menos produtivas do que atividades voltadas reflexo sobre a utilizao de mecanismos expressivos de sentido. Isso quer dizer que preciso ir alm da identificao. Proposies como qual o sentido de dizer que a felicidade como a gota de orvalho numa ptala de flor? ou a felicidade como a pluma que o vento vai levando pelo ar? podero levar os alunos a realizarem inferncias significativas. A percepo da delicadeza dessas construes relevante porque aponta para o tipo de sentimento ou impresso que o eu da cano tem em relao felicidade: a fragilidade, transparncia e o frescor da primeira imagem, a leveza da segunda e a delicadeza de ambas.

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PRODUO ESCRITAA proposta de Produo de Texto para 7 ano A Notcia No 7 ano, o foco do trabalho da leitura e produo de textos se d com textos da ordem do relatar, envolvendo a capacidade de linguagem de representao pelo discurso das experincias vividas, situadas no tempo, de modo a documentar ou preservar a memria das aes humanas. Um dos gneros a ser trabalhado, neste domnio, a notcia. E como voc poder constatar os Cadernos de aprendizagem deste ano a tero como objeto de ensino, desde o primeiro bimestre, se estendendo por todo o ano letivo. Tendo isso em mente, o objetivo da proposta de avaliao diagnosticar o que os alunos j conseguem realizar em relao produo desse gnero, partindo de uma atividade de leitura e explorao de aspectos essenciais na composio de uma notcia, no que respeita natureza de seu contedo, de sua forma de organizao e de seu estilo. Para produzir uma notcia, uma das capacidades essenciais saber diferenci-la de um texto do tipo narrativo. Este, alis, um dos maiores desafios no ensino do gnero, em razo da dificuldade que os alunos tm de diferenciar o relato de fato (que est no domnio do real), de uma narrao (que est no domnio do ficcional).

Etapas de trabalho para encaminhar a proposta de produo Etapa 1- Atividade de leitura de uma notcia Para oferecer ao aluno a possibilidade de ativar seus conhecimentos sobre a notcia gnero com o qual ele j teve contato ao longo de sua vida escolar, mesmo que no tenha sido objeto de ensino apresentamos uma sugesto de atividade de leitura de uma notcia. Alm de estar diretamente relacionada escrita de texto como um procedimento ao longo do processo de produo lemos e relemos o que acabamos de escrever para ajustar aspectos notacionais, textuais e discursivos de nossos textos a leitura visando escrita de textos fundamental para atender a, pelo menos, duas necessidades da produo:

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1) quando se trata de leituras do gnero a ser produzido, ela permite ao aluno entrar em contato com as caractersticas mais estveis do gnero e com as diferenas resultantes da diversidade de estilos pessoais dos diferentes autores. 2) quando se trata da leitura de textos de diferentes gneros, ela assume a importncia de repertoriar os alunos, alimentando-os tematicamente e, ainda, favorecendo a familiaridade com textos diversos, possibilitando-lhe conhecer as suas especificidades e seus usos. A atividade de leitura de notcia que propusemos est mais dirigida primeira necessidade: criar uma referncia inicial, um ponto de partida para que o aluno v para a produo do seu texto com o mnimo de informaes sobre o funcionamento do gnero na situao comunicativa. Nossa sugesto que o professor reserve at duas aulas para a realizao e correo dos exerccios propostos a partir de uma notcia de jornal. Esses exerccios visam enfatizar os aspectos lingusticos, textuais e discursivos que: de um lado, so necessrios para os alunos lerem uma notcia de modo mais crtico, sem serem leitores ingnuos; e que, de outro lado, so importantes de serem considerados, quando o propsito produzir um texto desse gnero. Procuramos apresentar comentrios s questes (seja como padro de resposta, seja como indicao dos objetivos que se tem com cada uma) que possibilite ao professor perceber as diferentes estratgias, habilidades e procedimentos de leitura que so convocadas para a compreenso dos aspectos que constituem o texto: a observao do tipo de informao e do modo como se estrutura e os efeitos desse modo de se organizar (questes 1, 2 e 3); a anlise de recursos da lngua utilizados visando a certos efeitos de sentido (4 a 11). A seguir, apresentamos a proposta j preparada para aplicao. Entretanto, caso algum aspecto deva ser mais enfatizado, o professor tem total autonomia para faz-lo.

A atividadeNotcia

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Certamente voc j deve ter ouvido algum noticirio de TV ou rdio ou j lido alguma notcia de jornal impresso ou digital. Um dos objetivos principais desse gnero nos manter informados sobre os fatos e acontecimentos considerados importantes na nossa cidade, no estado, no pas, no mundo! Mas como voc poder observar, no s informao o que a notcia traz. Voc vai ler uma notcia e discutir com os colegas algumas de suas caractersticas importantes para voc poder produzir, em seguida, a sua prpria notcia.

4/01/2012 17h35 - Atualizado em 04/01/2012 21h22

Fim de uma era: maior dolo recente do Verdo, Marcos encerra a carreiraGoleiro, de 38 anos, se apresentou ao Palmeiras nesta quarta-feira, conversou com a diretoria e anunciou sua deciso de se aposentarPor Diego Ribeiro So Paulo

O Santo se cansou. Aos 38 anos, Marcos Roberto Silveira dos Reis, maior dolo da histria recente do Palmeiras e goleiro do quinto ttulo mundial da Seleo Brasileira (em 2002, na Coreia e no Japo), anunciou sua aposentadoria nesta quarta-feira. Marcos se reapresentou com o restante do grupo, conversou com o gerente de futebol Csar Sampaio e comunicou sua deciso de se aposentar usando um palavro em tom de lamentao, com uma postura muito abatida. A informao da aposentadoria foi repassada imprensa em entrevista coletiva por Csar Sampaio, que foi companheiro de Marcos na maior conquista do Palmeiras, a Libertadores de 1999: Tivemos uma reunio com o Marcos agora, e ele oficializou que pendurou as chuteiras. Ele disse que ia refletir bastante nessas frias, conversou com os familiares, sinalizou que era o momento de parar e a gente engrandece a pessoa, o que ele representou e representa para a instituio - emendou o gerente de futebol.Disponvel em: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/noticia/2012/01/fim-de-umaera-maior-idolo-recente-do-verdao-marcos-encerra-carreira.html. Acesso em 04/01/2012.

1. Releia a notcia e retire as seguintes informaes:

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O qu aconteceu? Com quem aconteceu? Onde aconteceu?

O goleiro Marcos anunciou sua aposentadoria.

Com o goleiro Marcos.

No subttulo fica evidente que o anncio do goleiro foi no clube do Palmeiras no qual se reapresentou. Mas o anncio da aposentadoria ao pblico aconteceu em uma entrevista coletiva dada por Csar Sampaio, o gerente de futebol do clube. nesta quarta-feira (data da publicao da notcia 04/01/2012), quando se reapresentou no clube. O motivo dado pelo jornalista que o goleiro cansou O santo se cansou. Conversou com o gerente Csar Sampaio.

Quando aconteceu? Por qu?

Como?

2. Agora observe como essas informaes se organizam no texto: a) Quais dessas informaes aparecem juntas, em um mesmo pargrafo?Todas as informaes: o qu, quem, onde (que fica subentendido ao se fazer referncia ao fato de que o jogador se reapresentou ao clube) quando e por qu. Professor: seria pertinente propor aos alunos que pensassem na possibilidade apresentar essas informaes mais espalhadas pelo texto. Por exemplo: pergunte a eles se poderamos apresentar o motivo da aposentadoria em outro pargrafo. esperado que eles considerem que sim. Pergunte, tambm, qual dessas informaes seriam dispensveis e quais seriam indispensveis para sabermos o que aconteceu. Essa discusso, alm de antecipar o que vir