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LUCIANA SANTOS SOUZA PAULI PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA REGULAÇÃO DA PROTEÍNA ROCK EM HIPOTÁLAMO DE CAMUNDONGOS OBESOS: EFEITOS SOBRE A SINALIZAÇÃO DA INSULINA E LEPTINA LIMEIRA 2017 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Ciências Aplicadas

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LUCIANA SANTOS SOUZA PAULI

PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA REGULAÇÃO DA PROTEÍNA

ROCK EM HIPOTÁLAMO DE CAMUNDONGOS OBESOS:

EFEITOS SOBRE A SINALIZAÇÃO DA INSULINA E LEPTINA

LIMEIRA

2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Aplicadas

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LUCIANA SANTOS SOUZA PAULI

PAPEL DO EXERCÍCIO FÍSICO NA REGULAÇÃO DA PROTEÍNA ROCK EM

HIPOTÁLAMO DE CAMUNDONGOS OBESOS: EFEITOS SOBRE A

SINALIZAÇÃO DA INSULINA E LEPTINA

Tese apresentada à Faculdade de

Ciências Aplicadas da Universidade

Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do

título de Doutora em Ciências da Nutrição

e do Esporte e Metabolismo, na área de

concentração Metabolismo e Biologia

Molecular.

Orientador: EDUARDO ROCHETE ROPELLE

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE

À VERSÃO DE DEFESA DA TESE

DEFENDIDA PELA ALUNA LUCIANA

SANTOS SOUZA PAULI, E

ORIENTADA PELO PROF. DR.

EDUARDO ROCHETE ROPELLE

LIMEIRA

2017

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Banca examinadora da defesa de doutorado

Presidente

Prof. Dr. Eduardo Rochete Ropelle (Faculdade de Ciências Aplicadas /Unicamp)

Membros

Prof. Dr. Leandro Pereira de Moura (Faculdade de Ciências Aplicadas/Unicamp)

Prof. Dr. Adelino Sanchez Ramos da Silva (Escola de Educação Física e Esporte de

Ribeirão Preto/USP)

Profa. Dra. Angélica Rossi Sartori Cintra (Faculdade Anhanguera de

Indaiatuba/Anhanguera)

Profa. Dra. Ellen Cristini de Freitas (Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão

Preto/USP)

Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo

de vida acadêmica do aluno

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DEDICATÓRIA

Dedico esta tese à minha mãe Adélia Aparecida Santos Souza e a meu pai José

Macedo de Souza, que sempre me incentivaram e se dedicaram intensamente para a

minha formação educacional e desenvolvimento pessoal. Esta tese é pra vocês, pai e mãe.

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AGRADECIMENTOS

Início meus agradecimentos à Deus. Pois ele me concede a certeza de que somos

humanos e por isso estamos sempre em evolução e aprendendo. Me permite ser

misericordioso e perseverante, ter coragem e sabedoria pra melhor compreender as

alegrias e as tristezas da vida.

Quero agradecer minha família, minha mãe, meu pai e irmão por fazerem parte da

minha vida, por contribuírem no meu desenvolvimento pessoal e intelectual e sempre

serem a fonte de apoio inesgotável.

Agradeço muito o auxílio do meu marido e de meu filho. Os amores da minha

vida. Agradeço o carinho e a força nesta trajetória.

Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador Eduardo Ropelle. Pelos

ensinamentos, dedicação e paciência em todo o processo do doutorado.

De modo muito importante, também quero agradecer aos alunos do Laboratório

de Biologia Molecular do Exercício (LABMEX). Ao laboratório de Fisiologia do

Exercício e Metabolismo (LAFEM) da USP de Ribeirão Preto e ao Laboratório de

Genômica Nutricional (LABGEN) da FCA. Agradeço também ao Laboratório da Profa.

Eliete da Unesp de Rio Claro.

Quero agradecer aos professores do programa de pós-graduação em ciências da

nutrição e do esporte e metabolismo da FCA pelas disciplinas ministradas e que muito

contribuíram na minha formação acadêmica.

Agradeço aos professores que fizeram parte da qualificação e defesa de tese pela

leitura, sugestões e críticas construtivas.

Novamente quero agradecer a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São

Paulo – FAPESP pelo apoio financeiro (processo n° 2013/21061-8).

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar se o exercício físico agudo tem efeitos no

conteúdo da proteína Rock1 em hipotálamo e relacionar esse fenômeno com a

sensibilidade à insulina, leptina e regulação da ingestão alimentar de camundongos

obesos. Para alcançar os objetivos foram utilizados camundongos Swiss distribuídos nos

seguintes grupos: controle (CTL) animais que receberam uma dieta padrão; obesos

induzido por dieta rica em gordura (Hiper-SD) animais que receberam uma dieta rica em

gordura; e obeso exercitado agudamente (Hiper-EA) animais que receberam a dieta rica

em gordura e foram submetidos a um protocolo de exercício agudo. Foram realizadas

coletas de sangue para análise sanguínea de insulina e glicemia de jejum, a extração do

hipotálamo e análise das proteínas de interesse através da técnica de Western Blot. Os

dados foram analisados através de teste “t de Student”, quando comparados dois grupos.

E análise de variância (Anova), seguida do teste de múltiplas médias de Bonferroni,

quando apropriado para comparar os grupos controle e experimentais. A significância

estatística adotada foi de p<0,05. Os resultados obtidos mostram que camundongos

obesos apresentam alteração na via de sinalização da leptina e insulina no hipotálamo e

isso é acompanhado por alterações no conteúdo da proteína Rock e aumento da ingestão

alimentar. Ao contrário, os animais submetidos ao protocolo de exercício apresentaram

aumento na sensibilidade a leptina e insulina e maior conteúdo proteico de Rock1 no

hipotálamo se comparado a seus pares obesos não exercitados. Em adição, foram

observados aumentos de fosforilação de JAK2 e Akt, da associação JAK2 com Rock1 e

Rock1 com IRS-1 e também, aumento da fosforilação do IRS-1 em serina 632/635 no

hipotálamo. A luz desses achados, é possível considerar, no mínimo em parte, que

alteração nos níveis proteicos da proteína Rock1 no hipotálamo pode estar associado a

condição de redução da sensibilidade à leptina e insulina e aumento da ingestão alimentar

na obesidade. Por outro lado, o exercício físico foi capaz de agir positivamente sobre a

via da Rock e aumentar a sensibilidade tanto da leptina quanto da insulina no hipotálamo

e com isso atenuar a hiperfagia nos camundongos obesos. Tal descoberta amplia o

conhecimento acerca dos efeitos do exercício físico sobre processo de controle da fome

e abre portas para novas ações terapêuticas contra a obesidade e doenças associadas.

Palavras-chaves: Obesidade, insulina, leptina, exercício físico, hipotálamo, ingestão

alimentar e proteína Rock

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ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effects of acute physical exercise

on the expression of protein Rock1 in hypothalamus and to relate this phenomenon with

insulin and leptin sensitivity and food intake of obese mice. To achieve the objectives

Swiss mice were used in the control groups (CTL), animals that received a standard diet;

Obese-induced high-fat diet (Hyper-SD), animals that received a high- fat diet; And obese

exercised acutely (Hyper-EA), animals that received a high-fat diet and were submitted

an acute exercise protocol. Blood samples were collected for analysis of insulinemia and

glycemia fasting. Subsequently, hypothalamus extraction and Western blot analysis of

the proteins of interest were performed. The data were analyzed by Student's test, when

two groups were compared. And analysis of variance (Anova), followed by Bonferroni's

multiple means test, when appropriate for the controlled and experimental groups. The

statistical significance was set at p <0.05. The results show that obese mice present a

change in the signaling pathway of leptin and insulin in the hypothalamus and this

resulted were accompanied by not increased in content of Rock protein and increased

food intake. Contrary to the animals submitted to the acute exercise protocol showed

increased sensitivity to leptin and insulin and higher protein content of Rock1 in the

hypothalamus compared to their non-exercised obese mice. In addition, there was an

increases in phosphorylation of JAK2 and AKT proteins, the association of JAK2 with

Rock1 and IRS-1 with Rock1, and increased phosphorylation of IRS-1 in serine 632/635

in the hypothalamus. Considering these data, it is possible to consider, at least in part, that

protein levels of the Rock protein can be associated with a condition of reduced sensitivity

to leptin and insulin in hypothalamus and increased food intake in obesity. On the other

hand, physical exercise was able to act positively on a rock pathway and increase a

sensitivity of both leptin and insulin in hypothalamic neurons and attenuate hyperphagia

in obese mice. This discovery broadens the knowledge about the effects of physical

exercise on the process of food intake control and opens the door to new therapeutic

actions against obesity and associated diseases.

Key words: Obesity, insulin, leptin, exercise, hypothalamus, food intake and protein

Rock

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Via de transdução do sinal da insulina e leptina em neurônios

hipotalâmicos...................................................................................................................20

Figura 2. Ativação de vias inflamatórias e de estresse de retículo endoplasmático e os

efeitos inibitórios sobre a via da insulina e

leptina..............................................................................................................................23

Figura 3. Mecanismo de ação pelo qual a Rock regula a sinalização e o metabolismo de

glicose mediado pela insulina no músculo esquelético e aumenta a captação de

glicose..............................................................................................................................26

Figura 4. Esquema ilustrativo das etapas experimentais desenvolvidas no projeto de

pesquisa...........................................................................................................................31

Figura 5. Esquema ilustrativo do protocolo de exercício físico

agudo...............................................................................................................................33

Figura 6. Esquema ilustrativo do protocolo de análise de ingestão

alimentar.........................................................................................................................34

Figura 7. Ingestão alimentar em resposta ao estímulos com insulina ou leptina nos

diferentes grupos experimentais.......................................................................................40

Figura 8. Análise da via de sinalização da leptina e da Rock em hipotálamo nos diferentes

grupos experimentais.......................................................................................................42

Figura 9. Via de sinalização da insulina e associação da Rock com o IRS-

1.......................................................................................................................................45

Figura 10. Esquema ilustrativo da hipótese do efeito do exercício físico sobre o

metabolismo da Rock e a melhora na sinalização da insulina e leptina no

hipotálamo.......................................................................................................................52

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LISTA DE ABREVIATURAS

AgRP – Peptídeo relacionado ao gene Agouti

Akt - Protein quinase B ou proteína serina/treonina quinase

APAF1 - Apoptotic peptidase activating factor 1

CART – Transcrito relacionado à cocaína e à anfetamina

CRH - hormônio liberador de corticotrofina

eIF2α - eukaryotic translation initiation factor 2A

FADD - Fas-Associated protein with Death Domain

Foxo1 - Fator de transcrição da família forkhead BOX O

IKK – Proteína Iκappa kinase

IL-1β – Interleucina-1β

IL-6 – Interleucina-6

IL-10 – Interleucina-10

IR – Receptor de insulina

IRS-1 – Substrato do receptor de insulina 1

IRS-2 – Substrato do receptor de insulina 2

JAK2 – Proteína Janus kinase 2

JNK – Proteína c-jun N-terminal quinase

MAPK – Proteína quinase ativada por mitógenos

MyDD88 - Myeloid differentiation primary response gene 88

NFκB – fator nuclear kappa B

NPY – Neuropeptídeo Y

PERK – Proteína quinase tipo PKR residente no retículo endoplasmático

PI3q – fosfatidilinositol 3-quinase

POMC - Pró-opiomelanocortina

PTP1B – Proteína tirosina fosfatase 1B

PDK – Proteína quinase dependente de fosfoinosítideos de membrana

Rock – proteína Rho-Kinase

SOCS3 - Proteína supressora da sinalização de citocinas

STAT3 - Proteína que transmite o sinal da superfície celular ao núcleo ativando a

transcrição nuclear

TLR4 - Receptor do Tipo Toll Like

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SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................................07

ABSTRACT....................................................................................................................08

LISTA DE FIIGURAS....................................................................................................09

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................................10

INTRODUÇÃO..............................................................................................................13

Transmissão do sinal da insulina e leptina no hipotálamo..................................14

Obesidade e inflamação hipotalâmica.................................................................20

Papel da Rho-kinase (Rock) em mediar a sinalização da insulina e leptina.......25

Efeito protetor do exercício físico sobre a sinalização da insulina e leptina......27

OBJETIVOS....................................................................................................................30

Objetivos gerais...................................................................................................30

Objetivos específicos...........................................................................................30

MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................31

Animais experimentais.........................................................................................31

Implante das cânulas............................................................................................32

Protocolo de exercício físico e lactacidemia.......................................................33

Imunoblot............................................................................................................36

Análise estatística................................................................................................36

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RESULTADOS...............................................................................................................38

DISCUSÃO.....................................................................................................................47

CONCLUSÕES...............................................................................................................53

REFERÊNCIAS..............................................................................................................54

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1. INTRODUÇÃO

A obesidade é considerada um dos grandes fenômenos clínico-epidemiológicos da

atualidade e fatores como sedentarismo (inatividade fisiológica) e hábitos alimentares

inadequados (alimentos ricos em calorias e gordura saturada) desempenham papeis relevantes

na gênese da doença. O acúmulo excessivo de gordura corporal é considerado um fator crucial

para o desenvolvimento do risco cardiometabólico e está associado a doenças vasculares e do

coração, doenças respiratórias (como exemplo, asma), dislipidemias, esteatose hepática não

alcoólica, osteoartrite, síndrome dos ovários policísticos, alguns tipos de câncer, hipertensão e

diabetes mellitus tipo 2 (1-6). Desse modo, a obesidade constitui uma das mais importantes

questões de saúde pública e o desenvolvimento de diferentes abordagens terapêuticas para a

doença é um ponto de grande importância na sociedade atual.

Neste cenário, o cérebro ocupa lugar de destaque no desenvolvimento de obesidade,

tendo a insulina e a leptina papel relevante sobre o hipotálamo, um centro controlador da fome

e da termogênese (7). Alterações na sinalização intracelular dessas biomoléculas no hipotálamo

tem proeminente relação com o descontrole da fome e aumento da massa adiposa corporal (7,

8). Por outro lado, o exercício físico é um importante componente no controle do peso corpóreo

em longo prazo. A prática regular do exercício tem impacto não somente no gasto energético

diário, mas também, participa do processo de regulação da fome. De acordo com os estudos

científicos relacionados a esta temática, o exercício físico é capaz de regular positivamente

diversas proteínas envolvidas na transdução do sinal da insulina e leptina no sistema nervoso

central (9, 10). Parte desses efeitos positivos do exercício estão relacionados a miocinas

produzidas durante a contração muscular com efeitos anti-inflamatórios em neurônios

hipotalâmicos (9-12). Esses achados dão suporte à hipótese de que o efeito supressor do

exercício sobre a fome na obesidade possa ser mediado através do sistema nervoso central pelo

hipotálamo, sendo essencial para a redução da adiposidade ou a manutenção em longo prazo

do fenótipo magro.

Entretanto, embora seja crescente o número de evidências que suportam a

participação do exercício físico na modulação do sistema nervoso central para o controle das

respostas hiperfágicas decorrentes da obesidade, ainda não é totalmente compreendido os

mecanismos moleculares envolvidos neste processo. A hipótese desse trabalho de pesquisa é

de que o exercício físico além de efeitos anti-inflamatórios atrelados ao desfecho positivo sobre

a via de transdução do sinal da insulina e leptina, também tenha ação em outras moléculas

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14

intracelulares envolvidos com um aumento na fosforilação de proteínas integrantes destas vias.

Com destaque ao papel da Rho-Kinase (Rock) que se estabelece como uma proteína com efeitos

positivos tanto sobre a via da insulina quanto da leptina, aumentando o sinal e os efeitos

biológicos destes dois hormônios a nível periférico e central do organismo (13).

Mediante um cenário caótico no qual ainda não há uma estratégica totalmente

efetiva de combate a obesidade, a descoberta e o entendimento de novas rotas de sinalização

intracelular, em especial, no centro regulador da fome (o hipotálamo), permitirá novas ações

contra a obesidade. Porém, antes de partirmos para o objetivo deste trabalho, se faz necessário

apresentar o conteúdo teórico relacionado ao tema de pesquisa aqui abordado, para que seja

possível, compreender os principais mecanismos envolvidos no processo de controle da fome

e termogênese e as adaptações decorrentes da obesidade e do exercício nesse complexo sistema.

1.1. TRANSMISSÃO DO SINAL DE INSULINA E LEPTINA NO HIPOTÁLAMO

Na década de 40 e 50, estudos realizados em animais com estimulação elétrica

permitiu a compreensão de que o cérebro e especificamente o hipotálamo consistia no centro

regulador da fome. Após estímulos em áreas específicas do hipotálamo (hipotálamo lateral e

núcleo paraventricular), verificou-se que animais (roedores e gatos) apresentavam um

comportamento hipofágico (fome atenuada) ou hiperfágico (fome acentuada), respectivamente

(14, 15). Em seguida, foi sendo compreendido que sinais provenientes da periferia como

adipócitos, sistema gastrointestinal e hormônios advindos de vários tecidos e órgãos ao

atingirem o hipotálamo participam da regulação da fome e do gasto energético (16). Os estudos

de parabiose (intercomunicação circulatória entre dois organismos) nesse período também

foram muito importantes no entendimento do fatores que comunicam o cérebro e, portanto,

regulam o controle da fome (17). Além disso, os trabalhos com a técnica de estereotaxia

permitiram elucidar melhor quais biomoléculas têm crucial papel no controle da ingestão

alimentar em animais (18). Foi então, que tanto a insulina como a leptina ganharam notório

destaque nesta função. Estas e outras questões serão abordadas no decorrer dessa revisão de

literatura.

A leptina é um hormônio peptídeo produzido principalmente no tecido adiposo

branco (proporcionalmente ao volume deste tecido) e, está envolvida no controle da ingestão

alimentar e no dispêndio de energia, atuando em células neuronais do hipotálamo (19). Este

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15

hormônio possui uma estrutura semelhante a família das citocinas (20-23). Seu papel sobre o

controle da fome foi descoberto em estudos primários de parabiose, no qual um componente

ainda desconhecido presente no sistema circulatório de camundongos magros ao passar para o

sistema circulatório de um camundongo obeso (ob/ob) conduziu este animal a redução da massa

corporal (magresa) (17). Assim, definiu-se que esse componente pelo efeito robusto sobre a

perda de peso receberia o nome de leptina, termo que é derivado da palavra em latim “leptos”

que significa magro. Depois em 1994, em publicação que foi destaque na capa da revista

científica Nature, identificou-se o gene responsável pela síntese dessa citocina (leptina) no

organismo, com papel crucial sobre o controle da ingestão alimentar e gasto energético (24).

Portanto, alguns organismos deficientes do gene da leptina como os camundongos ob/ob podem

se beneficiar do tratamento com leptina.

O receptor de leptina ObRb foi identificado inicialmente e expresso de forma

abundante em neurônios do núcleo arqueado do hipotálamo, sendo responsável por receber e

iniciar a transdução do sinal da leptina no hipotálamo (25). O núcleo arqueado é constituído de

um número significativo de neurônios que recebem os estímulos de sinais provenientes da

periferia, sendo uma área de muito interesse pelos pesquisadores que estudam a obesidade.

Porém, não é a única área de importância e outras estruturas tem ganhado destaque nos últimos

anos. O receptor de leptina não possui atividade catalítica intrínseca e depende para propagação

do seu sinal de uma proteína intracelular chamada Janus quinase-2 (JAK-2). A JAK2 recebe

este nome em virtude da analogia com o Deus da mitologia grega chamado Janus. De acordo

com a mitologia Janus tinha duas faces, e como a proteína JAK é capaz de se conectar ao

receptor de leptina por um lado e de outro lado da molécula fosforilar a proteína STAT3,

conforme será descrito a seguir (26), recebeu esta denominação de proteína Janus Kinase ou

JAK. A conexão da leptina ao seu receptor promove o recrutamento de outra unidade de

receptor, induzindo mudança conformacional e ativação da JAK2 (27). Esse fenômeno resulta

na fosforilação da JAK2 em vários resíduos tirosina tornando-se ativa para que a seguir fosforile

e ative outra molécula de JAK-2 associada ao segundo receptor (25). Subsequentemente as

JAK-2 uma vez ativas catalisam a fosforilação dos receptores de leptina (ObRb) nos sítios de

tirosinas (28). Desse modo ocorre a transdução do sinal da leptina.

Nessa cascata de sinalização, cabe destacar que a leptina também promove o

recrutamento e a fosforilação das proteínas da família dos substratos do receptor de insulina

(IRSs) (29). Os IRSs (IRS-1 e IRS-2) fosforilados são responsáveis pela ativação da enzima

fosfatidilinositol 3-quinase (PI3q) que desempenha um papel relevante na transdução do sinal

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16

da leptina (30, 31). Isso, porquê a ativação da via da insulina culmina na fosforilação e extrusão

do núcleo do fator de transcrição da família forkhead BOX O (FoxO1), levando a redução da

expressão de neuropeptídeos orexigênicos como o neuropeptídeo Y (NPY) e o peptídeo

relacionado ao gene agouti (AgRP). No entanto, outro sítio de ativação do receptor de leptina

leva ao recrutamento e ativação de moléculas da família de transdutores-e-sinal-e-ativadores-

de-transcrição (STATs, predominantemente STAT-3) responsáveis por conduzir o sinal gerado

pela leptina ao núcleo onde coordenam a transcrição de genes de neuropeptídeos responsivos

ao sinal hormonal (32). Nessa situação serão expressos os neuropeptídeos como o transcrito

relacionado à cocaína e à anfetamina (CART) (35) e o hormônio alfa-melanócito estimulador

(-MSH) derivado de POMC (proopiomelanocortina), relacionados aos efeitos anorexigênicos

do hormônio.

Após a ativação dos receptores de leptina no cérebro e das proteínas envolvidas na

transmissão do sinal desse hormônio, respostas neuronais integradas são necessárias para

modular a ingestão alimentar e o gasto energético. Alguns neuropeptídeos importantes para o

funcionamento dessa rede neuronal estimulam a ingestão alimentar como NPY (33) e o AGRP

(34), enquanto outros provocam redução da ingestão alimentar como o CART (35) e o -MSH

(36). Sabidamente, a leptina regula o balanço energético diminuindo os níveis de

neuropeptídeos anabólicos NPY e AGRP e aumentando a concentração de neuropeptídeos

catabólicos CART e -MSH. Esta regulação parece envolver também neurônios que expressam

ácido gama-aminobutírico (GABA) (neurônios GABérgicos) e glutamina (Glutaminérgicos)

localizado no hipotálamo. Estes neurotransmissores participam do controle da fome de maneira

muito relevante. Corroborando com isto, a expressão hipotalâmica da POMC está reduzida no

camundongo deficiente em leptina ob/ob e esta é aumentada pela suplementação por leptina

(37, 38, 39, 40). Em seguida, foi também observado que diversos fatores influenciam o sinal da

leptina, incluindo o hormônio insulina (41-44).

A insulina circula em níveis proporcionais ao conteúdo de tecido adiposo (atrelado

a resistência à ação ou secreção desse hormônio) e atravessa a barreira hematoencefálica

atingindo o hipotálamo (45). Os receptores de insulina são expressos em neurônios envolvidos

na ingestão alimentar e presentes no núcleo arqueado e outras áreas do hipotálamo (46, 47). A

administração de insulina diretamente no sistema nervoso central reduz a ingestão alimentar e

diminui a massa corporal, enquanto a deficiência desse hormônio causa hiperfagia (48). Cabe

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17

salientar que a via de sinalização da insulina presente no hipotálamo é exatamente a mesma

presente em outros tecidos do organismo.

A correlação dos níveis séricos de insulina com o conteúdo de gordura corporal é

consequência da resistência à insulina induzida pelo aumento da adiposidade corporal (49).

Assim, à medida que o conteúdo de tecido adiposo no organismo aumenta a insulina deve

aumentar para compensar a resistência à insulina e manter a homeostase de glicose (50, 51).

Contudo, mesmo com altos níveis de insulina circulante é possível observar a deficiência na

transmissão do sinal desse hormônio no tecido hipotalâmico de roedores. Isso significa que a

resistência à insulina já muito bem conhecida na periferia também acontece no hipotálamo em

modelos de animais obesos como camundongos ob/ob e db/db ou ratos Zucher (52-54) e em

ratos Wistar alimentados com dieta hiperlipídica (54), demonstrando que fatores ambientais são

capazes de modular a via de sinalização da insulina no sistema nervoso central.

Estudos pioneiros que identificaram o receptor de insulina no sistema nervoso

central foram fundamentais para o progresso do entendimento sobre o papel da insulina sobre

o controle da fome, demonstrado que não é somente crucial em funções metabólicas em tecidos

periféricos (43, 55-58). Muitos desses avanços deve-se a utilização de equipamentos de

estereotaxia que permitem o implante de cânulas no sistema nervoso central que atingindo a

região do hipotálamo permite a micro infusão ou injeção de substâncias diversas e o estudo do

comportamento alimentar, incluindo a insulina. Mais recentemente outros equipamentos (como

por exemplo, lâminas de multi-cortes em matriz de aço coronal) tem permitido não só a análise

do hipotálamo mais de segmentos específicos desta região ampliando ainda mais o

conhecimento sobre esta área importante do cérebro em funções como controle da fome,

controle da sede, libido, entre outras.

Após a ligação da insulina ao seu receptor de membrana de estrutura

heterotetramérica ocorre uma alteração conformacional da molécula e a auto-fosforilação da

subunidade beta nos resíduos de tirosina (56, 59). Em seguida ocorre o recrutamento e a

fosforilação em tirosina de substratos do IR, os IRSs, principalmente o IRS-1 e o IRS-2 (41,

60). A fosforilação de IRSs promove a ligação e ativação da enzima PI3q (41, 60). Na sequência

a proteína quinase dependente de fosfoinoinosítedeos (PDK) e fosforilada e isso induz a

fosforilação da Akt. A Akt tem importante participação nos diferentes efeitos biológicos da

insulina, dentre eles, a Akt fosforila o fator de transcrição Foxo1 no hipotálamo, promovendo

a sua extrusão e isso diminui a transcrição de neuropeptídeos orexigênicos (NPY e AgRP).

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Além disso, a insulina modula, em paralelo à a via de sinalização da leptina, com efeitos

anorexigênicos (61). Esta comunicação entre as vias da insulina e leptina e vice-versa é

denominado de inter-relação ou cross-talk. Em seguida conexões com outros neurônios

localizados no hipotálamo permitem a regulação da fome e do gasto energético.

Os neurônios presentes no núcleo arqueado do hipotálamo possui conexões axonais

com outros neurônios localizados em áreas como o hipotálamo lateral (LH), núcleo

paraventricular (NPV) e núcleo dorsomedial (DMH). Mais recentemente tem sido explorado

também o núcleo ventromedial (VMH). Ademais, estudos realizados pelo pesquisador Bradford

Lowell, têm demonstrado a presença de receptores de insulina e leptina em outras áreas do

cérebro, com participação no fino processo de controle da ingestão alimentar e do gasto

energético do organismo (39, 40). A identificação da participação de outras áreas do cérebro

nesse processo ocorreu através de experimentos em que foi realizado a deleção específica de

receptores de leptina em neurônios POMC do núcleo arqueado e ocorreu apenas um modesto

aumento na ingestão alimentar (40).

Estes achados permitem considerar que os receptores de leptina localizados em

neurônios POMC no arqueado não são exclusivamente responsáveis pela regulação da leptina

e homeostase do peso corporal e que estes receptores em outros neurônios em outras áreas do

hipotálamo também são importantes. Em adição, outras áreas como o núcleo do trato solitário

(NTS) tem sido sugerido como um importante local da ação anoréxica do leptina. Tais achados

tem expandido o conhecimento da ação da leptina e insulina sobre o controle a fome. Revelando

que experimentos adicionais serão necessários para melhor conhecer a ação dos hormônios no

controle da fome. Classicamente, no hipotálamo lateral existem neurônios que expressam orexina e

-MSH e no núcleo paraventricular localizam os neurônios que sintetizam o hormônio

liberador de corticotrofina (CRH) e o hormônio liberador de tireotrofina (TSH) (62-63). Através

destas conexões neuronais ocorrem o controle da fome e do gasto energético do organismo. Em

condição de jejum, neurônios que expressam NPY/AGRP encontram-se ativados e através de

conexões axonais com os neurônios de segunda ordem provocam à inibição da produção de

neurotransmissores anorexigênicos e ativadores da termogênese TSH e CRH no núcleo

paraventricular, e ativação da produção de neurotransmissores orexigênicos e inibidores da

termogênese (orexina e MCH) no núcleo hipotalâmico lateral (62-63). O desfecho final desta

regulação é o aumento da fome e a redução da termogênese. Ao contrário quando há

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desregulação neste controle da fome exercido pelo hipotálamo têm-se aumento da fome e

redução do gasto energético. Assim no hipotálamo a ação da insulina e leptina isoladamente ou

em conjunto se mostra primordial para manutenção de um balanço energético equilibrado e

manutenção da massa corporal do organismo. Embora o entendimento sobre as ações da leptina

e insulina tenha avançado bastante ainda tem muito a que ser estudado. Destaca-se ainda que a

inter-relação (cross-talk) entre as vias de sinalização da leptina e insulina possui resultados

funcionais relevantes (29). De acordo com os estudos a via JAK2/STAT3 pode ser ativada por

insulina assim como a via IRS/PI3q pode ser ativada por leptina (62-63)).

Por outro lado, prejuízos na via de sinalização tanto da insulina quando da leptina

induzidos pela obesidade induzem alteração no controle da fome. Na prática, embora

organismos obesos apresentem um aumento tanto dos níveis de leptina quanto de insulina o

sinal destes hormônios se mostram prejudicados no hipotálamo, o que explica, no mínimo em

parte, a disfunção hipotalâmica e a hiperfagia associada ao aumento excessivo de massa

adiposa.

Atualmente se conhece alguns mecanismos que induzem a resistência à insulina e

leptina nos centros controladores da fome e que estão envolvidos com a hiperfagia e obesidade

(62-63). Há um processo inflamatório de baixa magnitude que é capaz de induzir descontrole

dos sinais de saciedade (64-67). Animais obesos induzidos por dieta rica em gordura

apresentam um aumento da expressão e da atividade de proteínas próinflamatórias no

hipotálamo, e este processo inflamatório seria o principal evento intracelular responsável pela

resistência central à insulina e à leptina em roedores, contribuindo com a hiperfagia e o

desenvolvimento da obesidade (68). Desta forma, faz-se importante o entendimento de como

ocorre o fenômeno de resistência à estes dois hormônios. A figura 1 representa um esquema

ilustrativo da via de sinalização da insulina e leptina no hipotálamo e o efeito em regular a

ingestão alimentar.

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Figura 1. Via de transdução do sinal da insulina e leptina em neurônios hipotalâmicos. A

ligação da insulina a seu receptor de membrana induz uma cascata de sinalização intracelular

que culmina na ativação da Akt. A Akt por sua vez leva a fosforilação da Foxo1 nuclear e a sua

extrusão para o citoplasma. O fator de transcrição Foxo1 participa da transcrição de

neuropeptídeos oregxigênicos (NPY e AGRP) que aumentam a fome. Dessa maneira, a insulina

exerce seu efeito anorexigênio no hipotálamo. O hormônio leptina ao se ligar ao seu receptor

de membrana induz uma cascata de sinalização que culmina na migração do fator transcricional

STAT3 para o núcleo da célula neuronal. A proteína STAT3 no núcleo participa da transcrição

de neuropeptídeos denominados anorexigênicos (POMC e CART) que suprimem a fome.

Existe ainda uma inter-relação “Cross-Talk” entre estes dois hormônios e na presença de

leptina, a via de sinalização da insulina é acentuada. De maneira similar a via da JAK2 pode

ser intensificada na presença simultânea de insulina. Portanto, esses dois hormônios agindo

isoladamente ou em conjunto são responsáveis pelo controle da fome (redução) e aumento do

gasto energético. NPY, Neuropeptídeo Y, AGRP, peptídeo relacionado ao gene Agouti; POMC,

pró-ópiomelanocortina; CART, transcrito relacionado a anfetamina e cocaína. Foxo1, fator de

transcrição da família forkhead BOX O; JAK2, proteína Janus Kinase 2, STAT3, proteína que

transmite o sinal da superfície celular ao núcleo ativando a transcrição nuclear [Figura realizada

pelo próprio autor deste trabalho].

1.2. OBESIDADE E INFLAMAÇÃO HIPOTALÂMICA

Em 2005 foi observado que alterações inflamatórias são detectadas no sistema

nervoso central de animais obesos induzidos pela oferta de uma dieta hiperlipídica. De Souza

et al. (66) demonstraram que moléculas relacionadas à imunidade, incluindo citocinas

próinflamatórias como as interleucinas 1 e 6 (IL-1 e IL-6) e o fator de necrose tumoral alfa

(TNF, representaram a maior classe de genes com expressão hipotalâmica alterada após 16

semanas de dieta hiperlipídica. A via da c-jun N-terminal quinase (JNK) (66) e do complexo

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Ikappa kinase/fator nuclear kappa B (IKK/NF-B), assim como indução de estresse do retículo

endoplasmático (ER estresse) (67, 69) são ativadas e relacionadas com prejuízos na sinalização

de insulina e leptina no hipotálamo nessa condição de obesidade induzida por oferta de uam

dieta rica em gordura saturada e hipercalórica..

A sinalização inflamatória pode influenciar a ação da leptina e da insulina no

hipotálamo de diversas maneiras. Em tecidos periféricos, IKK e JNK fosforilam os IRSs em

serina 307, tornando-o menos sensível aos sinais de transdução do receptor de insulina (inibição

da fosforilação em tirosina) (70-72). A administração intracerebroventricular de um inibidor da

IKK ou o exercício físico é capaz de reverter ou atenuar a resistência à insulina hipotalâmica

induzida por dieta hiperlipídica (9, 73). Além disso, a deleção do IKK ou da proteína que se

acopla ao Toll Like Receptor 4 (TLR4), a proteína MyD88 neuronal restaura sensibilidade à

insulina e leptina em camundongos submetidos a dieta hiperlipídica (74). Esses achados

permitiam compreender que estas vias inflamatórias podem ser alvos de ação contra a

hiperfagia e obesidade.

Outro mecanismo pelo qual a inflamação hipotalâmica está ligada a resistência à

insulina e leptina é através de auto-regulação do supressor de sinalização de citocinas SOCS3.

Um membro de uma família de proteínas originalmente caracterizada como reguladores de

feedback negativo de inflamação (70, 75). SOCS3 inibe a sinalização da insulina e a leptina por

ligação direta aos seus receptores (70-75). A ingestão de dieta hiperlipídica aumenta a expressão

SOCS3 hipotalâmica e isso está coincidentemente relacionado com o aparecimento de

resistência à leptina (28).

Assim como a SOCS3, a proteína tirosina fosfatase PTP1B é uma molécula de

interrupção de sinal que inibe a sinalização da leptina e insulina. Os mecanismos responsáveis

por estes efeitos envolve sua habilidade de desfosforilar o IR, a proteína JAK2 e outros

componentes das duas vias de sinalização (76). Dados recentes sugerem que dieta hiperlipídica

aumenta a expressão da PTP1-B em diversos tecidos, incluindo o hipotálamo (77, 79). A

ativação de IKK e a ativação do fator transcricional NF-B eleva os níveis de PTP1B que então

culmina com o desfecho negativo sobre a via de sinalização tanto de insulina como de leptina

no hipotálamo. Camundongos nocaute da PTP1B em todos os neurônios (78) ou

especificamente em neurônios POMC são resistentes a obesidade induzida por dieta rica em

gordura. Assim, alternativas terapêuticas capazes de bloquear a sinalização desta proteína

especificamente no hipotálamo pode ser algo promissor contra a obesidade.

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O excesso de adiposidade na obesidade está atrelada a outro fenômeno que envolve

a participação do retículo endoplasmático (RE). O RE tem inúmeras funções relevantes, sendo

responsáveis pela biossíntese de lipídios e principalmente proteínas. Na condição de estresse

metabólico, como no estado de obesidade, a homeostase funcional do RE é rompida, levando

ao acúmulo de proteínas mal formadas (inoveladas) no seu interior. Nessa situação, as células

acometidas ativam um complexo sistema de sinalização conhecido como Unfolded Protein

Response (UPR). Sobre condição de estresse proteínas provenientes do RE tem ações negativas

na via de sinalização da insulina (80). Estes efeitos podem ocorrer também no sistema nervoso

central e desregular o controle da fome 80-81). Isso porque componentes do UPR (como por

exemplo, as proteínas eIF2fator de iniciação eucariótico 2) e PERK (Proteína quinase tipo

PKR residente no retículo endoplasmático)) desencadeiam ativação da serina quinase JNK e

IKK/NFB, exacerbando os efeitos inflamatórios da dieta hiperlipídica (81). Tais proteínas

também são sinalizadas a nível hipotalâmico ativando as mesmas quinases inflamatórias

envolvidas com prejuízos no sinal da insulina e leptina no hipotálamo.

Quando intervenções farmacológicas ou a realização de exercício físico tem se

mostrado capaz de inibir o estresse de RE em camundongos submetidos à dieta hiperlipídica e

diminuem a ingestão alimentar e peso corporal (9, 69). Ao contrário, a indução do estresse do

RE através de fármacos (tapsigargina) em neurônios resulta em hiperleptinemia, obesidade,

hiperfagia e redução de taxa metabólica associada com severa resistência à leptina hipotalâmica

(81). Caso a homeostase energética não seja restaurada, a UPR culmina com a indução de

mecanismos de morte (apoptose), recentemente descrita em hipotálamo (82). A figura 2, ilustra

de maneira resumida as vias inflamatórias e de estresse de retículo endoplasmático envolvido

no descontrole da fome na obesidade e consumo de dieta rica em gordura.

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Figura 2. Ativação de vias inflamatórias e de estresse de retículo endoplasmático e os

efeitos inibitórios sobre a via de sinalização da insulina e leptina. A obesidade e o consumo

excessivo de gordura está atrelado ao aumento dos níveis de TNF-α. A ligação desta citocina

ao seu receptor leva a ativação de vias inflamatórias como das serinas quinases JNK e o IKK.

O IKK ao estar ativado, desencadeia a fosforilação do Iκβ e deste modo, sua dissociação do

fator de transcrição NFκB. Quando liberado, o NFκB se transloca para o núcleo e aumenta a

transcrição de citocinas pró-inflamatórias (IL1-β, iNOS, IL-6, TNF-α, etc.) e de outras proteínas

como a SOCS3 e a PTP-1B. A SOCS3 tem a capacidade de se ligar fisicamente a proteínas da

via da leptina (JAK2) e impede que estas proteínas sejam ativadas. Já, a PTP-1B, por ser uma

proteína tirosina fosfatase, induz a desfosforilação das proteínas JAK2, IR e IRS, diminuindo a

ativação da via da leptina e insulina e assim, sua ação inibitória sobre a fome. Já o estresse de

retículo endoplasmático induz a ativação das proteínas eIF2 e PERK que ativam o IKK

desencadeando o processo inflamatório e o prejuízo nas vias da insulina e leptina em neurônios

hipotalâmicos. IR, receptor de insulina; IRSs, substratos do receptor de insulina; PI3K,

fosfatilinositol 3-quinse; IKK, Ikappa Kinase; NF-B, fator nuclear Kappa B; TNF-, fator de

necrose tumoral alpha; ObR, receptor de leptina; JAK2, Janus Kinase 2; STAT3, proteína que

transmite o sinal da superfície celular ao núcleo ativando a transcrição nuclear; PTP1B, proteína

tirosina fosfatase 1B; eiF2, fator de iniciação eucariótico 2; PERK, Proteína cinase tipo PKR

residente no retículo endoplasmático. [Figura realizada pelo próprio autor deste trabalho].

No intuito de melhor compreender qual tipo de gordura saturada é capaz de induzir

o processo inflamatório, outro estudo muito elegante conduzido por Velloso e colaboradores

mostrou que a infusão de alguns tipos de ácidos graxos purificados, infundidos diretamente no

hipotálamo alterava o padrão de indução inflamatória (67). Ácidos graxos saturados e de cadeia

longa como o esteárico e araquídico foram mais prejudiciais do que gorduras como o palmítico..

Assim, o processo inflamatório induzido por alguns tipos de ácidos graxos no hipotálamo

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prejudica a sinalização da insulina e leptina e favorece o estado de hiperfagia. As proteínas aqui

ativadas são as mesmas anteriormente descritas (IKK, JNK, SOCS3, PTP1B, e de estresse de

RE) presentes em tecidos periféricos e que também são encontradas no sistema nervoso central.

Perigosamente, a manutenção da inflamação de baixo grau pode levar a apoptose de neurônios

controladores da fome.

Entende-se hoje que o consumo de gordura alterando o padrão de resposta neuronal

a hormônios, altera o comportamento alimentar mediado pelo hipotálamo. Mais do que isso,

em 2012 foi demonstrado em humanos que, com apenas um dia de consumo de uma dieta rica

em gordura, o processo inflamatório é acionado (83). Isso significa que a manutenção de uma

dieta rica em gordura e hipercalórica levará a um estado de disfunção hipotalâmica e hiperfagia.

Neste momento é preciso compreender bem que a obesidade é uma doença nefária, que se

instala de forma silenciosa e insidiosa. Sendo que o hipotálamo parece ser uma região muito

sensível aos desajustes alimentares e com participação primária e efetiva para o aumento da

adiposidade corporal. Havendo a manutenção da obesidade e os desajustes hipotalâmicos existe

indicativos fortes que pode ocorrer morte de neurônios que controlam a fome, em especial

daqueles anorexigênicos em roedores (82). Embora sejam necessários mais estudos nessa área,

não é descartada a hipótese de que o processo apoptótico em células hipotalâmicas aconteça

também em seres humanos que fazem consumo permanente de alimentos com alto teor de

gordura saturada e que se tornam obesos (84). Isso redobra a necessidade de intervenções que

sejam capazes de prevenir e tratar a inflamação subclínica e a obesidade.

Embora seja reconhecido o grande avanço na área e na compreensão dos

mecanismos atrelados a disfunção hipotalâmica e na regulação da fome, não é ainda totalmente

conhecido os mecanismos pelos quais isso acontece e como se dá a interação entre eles. Além

disso, recente estudo demonstrou que o prejuízo na sinalização da leptina no hipotálamo poder

estar relacionado a menor expressão e atividade de uma proteína denominada Rho-Kinase

(Rock) que é capaz de interagir fisicamente com a JAK2 e com isso aumentar sua atividade,

causando a ativação de STAT3 e Foxo1 no hipotálamo (85). Sendo proposto que a presença de

Rock1 no hipotálamo potencializa a sinalização da leptina através da sinalização tanto da

STAT3 quanto da PI3q, provendo um novo mecanismo para o entendimento da ação central da

leptina na regulação do peso corporal. Em adição, esta proteína se mostra capaz também de

aumentar a fosforilação em serina 632/635 do IRS-1 e potencializar a sinalização da insulina

em tecidos periféricos (85). No entanto a ação da Rock diretamente sobre a via da insulina no

hipotálamo é desconhecido.

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PAPEL DA RHO-KINASE (ROCK) EM MEDIAR A SINALIZAÇÃO DA INSULINA E

LEPTINA

A proteína Rho-Kinase (Rock) é uma serina/treonina quinase e possui duas

isoformas Rock1 ou alfa e Rock2 ou beta (86). Suas ações no organismo ainda não é totalmente

compreendido, mas são diversas. Esta molécula pode ser ativada pela ligação no domínio

RhoA/GTP ou pode ser inativa pela ligação RhoE/GTP (86). Assim RhoA seria a enzima

ativadora da molécula Rock e RhoE a enzima inativadora da Rock. Esse conhecimento tem

permitido estudar possíveis biomoléculas de ação regulatória sobre estas enzimas ampliando o

conhecimento sobre o metabolismo da Rock (entenda-se metabolismo da Rock como a via de

sinalização desta molécula e seus efeitos biológicos). A Rock está envolvida em várias funções

celulares tais como: captação de glicose, adesão celular, organização da actina, motilidade

celular e vascular e contração do músculo liso. Os primeiros estudos realizados envolvendo

proteínas da família Rho foram realizados na década de 90, por um grupo de autores que que

propuseram que proteínas da família Rho poderiam desempenhar a importante função de

transmitir sinais intracelulares em diferentes tecidos (87-89). A partir destes achados uma série

de estudos tem sido realizados para melhor compreender a função da Rock sobre o

metabolismo, especialmente sobre sua ação sobre a via da insulina e leptina em diversos tecidos.

Em estudo muito bem elaborado, Furukawa e colaboradores no ano de 2005

sugeriram que a proteína Rho Kinase poderia controlar a homeostase glicêmica através do

aumento da fosforilação da Akt tanto em células musculares bem como em adipócitos (90),

demostrando o possível potencial desta proteína em interagir com a via de sinalização da

insulina. Para isso, neste mesmo estudo os autores propõem o mecanismo de atuação da proteína

Rock em aumentar as fosforilação da Akt por fosforilar diretamente os substratos do receptor

de insulina 1 (IRS-1) em serina nos resíduos 632/635 (Figura 3). Segundo os autores, a proteína

Rock fosforila o IRS-1 em seus resíduos de serina 632/635, e isso promove a ativação da enzima

PI3q levando assim, ao aumento da captação de glicose pelo músculo esquelético. Cabe

ressaltar que diferentemente do mecanismo de fosforilação em serina no resíduo 307 induzido

por serina qunases como a JNK e IKK, Furukawa apresentou que a fosforilação dos resíduos

serin 632/635 aumenta a transdução do sinal da insulina no músculo esquelético (90). Em

adição, os autores mostraram que a inibição farmacológica da proteína Rock, por reduzir a

sinalização da insulina, reduz a captação de glicose em célula muscular e em adipócito e, ainda,

os autores concluem que quando inibida a Rock, pode levar ao estado de resistência à insulina

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no músculo esquelético (90). Portanto, a fosforilação em serina do IRS-1 nos resíduos 632/635

leva a um aumento na transdução do sinal da insulina e seus efeitos biológicos.

Figura 3. Mecanismo de ação pelo qual a Rock regula a sinalização e o metabolismo de

glicose mediado pela insulina no músculo esquelético e aumenta a captação de glicose. A

Rock induz a fosforilação em serina dos resíduos 632/635 do substrato 1 do receptor de insulina

(IRS-1) e consequentemente aumenta a fosforilação da Akt no músculo esquelético. Como

consequência há um aumento na translocação de GLUT-4 para a membrana celular e do

aumento na entrada de glicose para o meio intracelular [Figura realizada pelo próprio autor

deste trabalho].

Outro estudo também importante ocorreu no final do ano 2000, onde pesquisadores

analisaram os efeitos da inibição da Rock1 em camundongos e mostraram que

independentemente deste ser macho ou fêmea, quando há a anulação da Rock1 desenvolvem a

resistência à insulina por apresentarem menor fosforilação do IRS-1 em serina 632/635 e com

isso menor ativação da PI3q (91). Em análises de tecido muscular de humanos, foi demonstrado

que após o estímulo com insulina não houve o aumento da fosforilação da Rock1 nos indivíduos

obesos diabéticos se comparados aos sujeitos magros (92). Ainda em indivíduos portadores de

diabetes, Nakamura et al., 2006, mostraram que indivíduos com concentrações elevadas de

glicose no sangue apresentaram maiores níveis de RNAm de insulina e com isso o aumento na

transcrição do gene de insulina por meio da supressão da via Rho-kinase, levando esses

indivíduos ao estado de hiperinsulinemia (93). Já os efeitos da proteína Rock em potencializar

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a sinalização da insulina em hipotálamo são desconhecidos. As poucas evidências que existem

apontam um efeito positivo da proteína Rock agindo sobre a via de sinalização da leptina

hipotalâmica.

Depois de estudos mostrando a atuação da Rock em músculo e adipócito, Huang et

al., (2012) mostraram que a Rock1 também pode atuar como regulador central da leptina, por

se comportar como mediador intracelular específico deste hormônio no hipotálamo e assim,

regular o balanço energético. Neste estudo os autores identificaram Rock1 em duas distintas

populações de neurônios no núcleo arqueado do hipotálamo que são controladas pela leptina:

POMC e AgRP/NPY (85). No estudo verificaram que após infusão intracerebroventricular de

leptina, ocorreu aumento na atividade da Rock1 em camundongos C57BL/6 e ob/ob, mas não

para db/db mostrando assim que a atividade da Rock em decorrência da leptina é mediada pelo

receptor específico da leptina (85). Ainda, os autores mostraram que após a administração de

leptina a Rock1 induziu a fosforilação direta da JAK2 em resíduos de serina, que por sua vez

continuou a cascata de fosforilações dessa via incluindo STAT3 e PI3q no hipotálamo. Já

quando a Rock1 foi inibida em neurônios POMC, os animais aumentaram o consumo alimentar

diário e consequentemente a quantidade de tecido adiposo, mostrando assim que a Rock1 atua

também como forte controladora do balanço energético. Assim, a Rock seria capaz de se

associar tanto com o IRS-1 quanto com a JAK2 e aumentar a sinalização desses dois hormônios.

Mediante estes achados, parece evidente que a proteína Rock tem efeitos

importantes no controle metabólico e na sinalização da insulina e leptina, podendo estar

envolvida no desenvolvimento de algumas doenças, especialmente obesidade e diabetes

mellitus tipo 2 (94). Como o exercício físico tem efeitos positivos sobre a sinalização da insulina

e da leptina em células hipotalâmicas (9, 10), é possível que ele regule positivamente a Rock e

com isso melhore o sinal desses hormônios auxiliando no controle da fome. Dados ainda não

publicados de nosso laboratório tem evidenciado um papel positivo do exercício em regular a

Rock 1 e 2 no músculo esquelético de camundongos Swiss e ratos obesos.

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EFEITO PROTETOR DO EXERCÍCIO SOBRE RESISTÊNCIA À INSULINA E

LEPTINA HIPOTALÂMICA

A prática do exercício físico está associada a atenuação do processo inflamatório

decorrente da obesidade com consequente melhoria da resistência à insulina e leptina (9, 10).

Trabalho com roedores revelou que o exercício pode aumentar temporariamente os níveis de

citocinas antiinflamatórias, tais como a IL-10, sem que haja mudança da massa corporal (9). A

IL-10 é uma citocina importante com efeitos biológicos múltiplos. Esta citocina regula a

ativação inflamatória em diferentes tipos de células, como monócitos/macrófagos e células T

através da inibição da transcrição e póstranscricional de toda a gama de citocinas

próinflamatórias (9).

Recentemente, nosso grupo focando no hipotálamo demonstrou que o exercício

físico melhora a sensibilidade à insulina e leptina (9, 10). Este fenômeno decorre de uma potente

atividade anti-inflamatória no tecido hipotalâmico desencadeado agudamente pelo exercício

(9). O exercício aumenta a concentração da citoquina anti-inflamatória, IL-10, no hipotálamo,

a qual inibe a sinalização da via IKK/NF-kB e o estresse de retículo endoplasmático, sendo

estes efeitos provenientes do aumento do aumento da miocina IL-6 e consequentemente IL-10

circulantes (9). A injeção diretamente no hipotálamo de anticorpo anti-IL-10 suprimiu o efeito

do exercício em aumentar a sinalização da insulina e leptina no hipotálamo.

Estudo com humano demonstrou que sessão única de exercício físico é capaz de

produzir um efeito sobre a ingestão alimentar em adolescentes obesos. Foi observado que o

exercício físico de moderada a alta intensidade (75% VO2máx) produz respostas positivas para

o controle da ingestão alimentar nesta população. Os adolescentes obesos que realizaram

exercício físico a 75% do VO2máx apresentaram redução da ingestão alimentar tanto no

almoço, como no jantar, quando comparados aos seus pares sedentários e aos indivíduos obesos

que realizaram exercício físico agudo de baixa intensidade (40% do VO2máx) (95). Esse

achado reforça os resultados primariamente encontrados em roedores.

Em estudo também com humanos Broom e colaboradores demonstraram que tanto

o exercício aeróbio de corrida a 70% do VO2máx por 60 minutos quanto o exercício resistido

a 80% de 1RM tiveram efeito supressivo sobre a ingestão alimentar e isso foi acompanhado por

menores níveis de grelina circulante (96). Mais relacionado ao nosso estudo, Petterson e

colaboradores que expos roedores a roda de atividade verificaram redução da ingestão

alimentar, do peso corporal e aumento da pSTAT3 em neurônios do núcleo arqueado

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comparados aos animais não expostos a mesma atividade (97). Ao encontro a este estudo, Laing

e colaboradores verificaram que camundongos C57BL6 treinados em esteira rolante tiveram

aumento na pSTAT3 hipotalâmica (98).

Estes dados mostram que o exercício é uma ferramenta importante na prevenção e

no tratamento da obesidade, com efeitos importantes sobre os mecanismos relacionados ao

controle da fome em roedores (9, 10) e em humanos (95, 96). Além disso, é possível que o

exercício físico possa agir positivamente modulando outras proteínas envolvidas no sinal

molecular da insulina e da leptina no hipotálamo, regulando positivamente a proteína Rock. Tal

descoberta trará avanços consideráveis sobre os mecanismos pelo qual o exercício físico

promove benefícios no controle da ingestão alimentar e na massa corporal. Além disso, os

achados no presente estudo poderão auxiliar na criação de novas estratégias terapêuticas contra

a obesidade e doenças associadas.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo principal do estudo foi investigar o papel do exercício físico na regulação

da proteína Rock1 e os efeitos sobre a sinalização da insulina e leptina em hipotálamo de

camundongos obesos induzidos por dieta rica em gordura.

2.2. Objetivos Específicos

Investigar em diferentes grupos experimentais (controle, obeso e obeso exercitado

agudamente) os seguintes parâmetros nas diferentes etapas:

Etapa 1 – Caracterização do modelo experimental de obesidade induzido por dieta

hiperlipídica

A – Avaliar a evolução da massa corporal, comprimento corporal, índice de Lee

(relação peso/tamanho), ingestão hídrica e o peso do tecido adiposo epididimal dos animais

durante o experimento; B – Avaliar a sensibilidade à insulina através do teste de tolerância à

insulina; C – Investigar o efeito da infusão intracerebroventricular (i.c.v.) ou intraperitoneal

(i.p.) de insulina e leptina na ingestão alimentar de 24 horas; D – investigar a glicemia e

insulinemia; E – investigar a expressão proteica de Rock 1 no hipotálamo dos animais.

Etapa 2 – Avaliação da regulação da proteína Rock1 através da dieta hiperlipídica e do

exercício físico

F – Avaliar a associação entre as proteínas IRS-1/Rock1 e JAK2/Rock1 no

hipotálamo dos animais; G – Avaliar o nível proteico e a fosforilação das proteínas IRS-1,

JAK2, Akt, no hipotálamo após infusão i.c.v. de insulina e leptina.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1.Animais experimentais.

Foram utilizados camundongos Swiss, com quatro semanas de idade, provenientes

do Centro de Bioterismo da UNICAMP (CEMIB). Os animais foram previamente pesados,

alocados em gaiolas individuais ou metabólicas quando necessário, e distribuídos em grupos de

acordo com a similaridade do peso corporal. Os animais receberam água e dieta ad libitum.

Foram acondicionados em ambiente com temperatura (21 °C ± 2) e fotoperíodo (12/12 horas

claro/escuro) controlados. Todos os experimentos foram iniciados após a aprovação do projeto

pelo comitê de ética e pesquisa da UNICAMP (n° do processo 4311-1).

3.2.Desenho Experimental.

O desenho experimental foi distribuído em duas fases, sendo a primeira delas

dividida em duas partes: o desenvolvimento do modelo experimental (indução de obesidade),

canulação hipotalâmica e o protocolo de exercício físico agudo. A segunda fase foi

caracterizada pela realização dos procedimentos experimentais incluindo avaliação dos

parâmetros metabólicos e extração do hipotálamo para análises moleculares. A figura 4,

representa um resumo esquemático das etapas experimentais.

Figura 4. Esquema ilustrativo das etapas experimentais desenvolvidas no projeto de pesquisa.

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3.3.Fase 1: Preparo do Modelo Experimental:

Desenvolvimento de obesidade em animais submetidos à dieta hiperlipídica

(Hiper). A dieta que que induz obesidade é estruturada a partir de uma dieta normal para

roedores, proposta por Reeves et. al., em 1993, e adotada pelo American Institute of Nutrition

(AIN) como padrão (99). Esse modelo originalmente proposto possui 4% lipídios em sua

formulação, oriundos exclusivamente do óleo de soja. Animais que consumiram esta dieta

fizeram parte do grupo controle (C). Os animais se tornam obesos e resistentes à insulina à

partir do consumo de uma dieta semelhante à AIN, contudo, modificada em seu conteúdo de

lipídios. Esta dieta possuiu 35% de lipídios, sendo 4% oriundos do óleo de soja e os outros 31%

de gordura suína (banha) (100). Os animais que consumiram esta dieta fizeram parte dos grupos

chamados hiperlipídicos (Hiper), sendo os animais Hiper não exercitados considerados como

grupo sedentário (Hiper-SD) e o grupo submetido ao protocolo de exercício agudo considerado

Hiper exercitado agudamente (Hiper-EA). A oferta da dieta hiperlipídica aos grupos Hiper-SD

e Hiper-EA aconteceu por período de 8 semanas. Em seguida os animais foram canulados e em

seguida o grupo Hiper-EA foi submetido ao protocolo de exercício físico agudo.

3.3.1. Implante das Cânulas:

Os animais controles, Hiper-SD e Hiper-EA foram submetidos à anestesia com

ketamina na dose de 200ul/Kg, xilasina na dose de 400ul/kg, diazepan na dose de 200ul/Kg

misturados com 200ul de salina. Receberam paracetamol na dose de 200mg/kg de peso, diluído

em água. O procedimento foi iniciado quando os reflexos corneano e de retirada da pata a dor

estiverem abolidos. Os camundongos foram adequadamente posicionados no aparelho para

realização de cirurgia estereotáxica, após tricotomia e anti-sepsia da região craniana, realizamos

incisão inter-parietal de aproximadamente 1 cm de extensão. A seguir, o periósteo foi

divulsionado e com a calota craniana exposta, foi possível visualizar o Bregma Paxinos and

Franklin's the Mouse Brain in Stereotaxic Coordennates). A implantação das cânulas obedeceu

às oordenadas estereotáxicas para alcance do terçeiro ventrículo hipotalâmico (antero posterior

-1.8 e profundidade -.0) previamente estabelecidas pelo atlas estereotáxico. Depois de

implantada, a cânula foi fixada ao crânio do animal om acrílico polimerizante. Após o período

de uma semana de recuperação da cirurgia estereotáxica, os animais foram submetidos a um

teste de resposta de ingestão hídrica subsequente ao tratamento com angiotensina II (2,0 μl de

solução 10-6 M) para avaliação da adequação da posição da cânula. Camundongos com resposta

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positiva à angiotensina II foram selecionados. Os procedimentos foram realizados de acordo

com estudos prévios (9).

3.3.2. Protocolo de exercício físico agudo e lactacidemia

Todos os animais foram adaptados ao meio aquático. Para isso, os camundongos

(controle e Hiper-SD) foram colocados por três dias/semana ao meio líquido com água na

profundidade do tórax. Esse procedimento visou simular o estresse recebido pelos grupos

exercitados. Os ratos Hiper-EA foram aclimatizados por três dias (10 min por dia) ao meio

liquido. Em seguida, num único dia de experimento, os animais nadaram em grupos de 4 em

baldes plásticos de 45 cm de diâmetro e 70 cm de profundidade. A temperatura da água foi

mantida em 31-32°C. Os animais realizaram o exercício de natação em duas sessões de 3 horas,

separadas por 45 minutos de repouso (9). Para todas as análises da fase 2 foram utilizados

animais do grupo controle, obeso e obeso exercitado para devidas comparações. O Sacrifício

foi realizado imediatamente após a última sessão de exercício físico. O exercício foi realizado

no horário das 13:15 as 18:45 da tarde. Foi mensurado o lactato sanguíneo nas condições basal,

após a primeira sessão de exercício e ao final da segunda sessão de exercício. O sangue foi

coletado da cauda do animal. As concentrações de lactato sanguíneo foram determinadas pelo

método enzimático. A figura 5, representa um esquema ilustrativo da etapa do protocolo de

exercício físico agudo.

Figura 5. Esquema ilustrativo do protocolo de exercício físico agudo. Os camundongos do

grupo Hiper-EA realizaram duas sessões de 3 horas de exercício, separadas por um período de

45 minutos de recuperação e imediatamente ao término do exercício foram realizados os

procedimentos experimentais de interesse.

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3.3.3. Tratamento intracerebroventricular e análise da ingestão alimentar

Os animais de todos os grupos experimentais foram privados de alimento por.7

horas (das 13:00h às 19:00h), sem restrição de acesso a água. Em seguida através de uma cânula

implantada no crânio atingindo o terceiro ventrículo hipotalâmico, os animais receberão a

injeção de veículo, insulina (200mU) ou leptina (10-6 M) (9), que ocorreu as 19:00 horas para

avaliar a ingestão alimentar dos animais. Assim, após os respectivos tratamentos, os animais

foram colocados em gaiolas metabólicas individuais. A ração foi previamente pesada. Após 12

horas, a ração consumida foi novamente avaliada, sendo a diferença entre as medidas

(pesagem), o valor referente a ingestão alimentar em gramas. Para comparação do consumo

alimentar entre os grupos os valores foram convertidos em quilocalorias (Kcal). A figura 6 traz

um resumo do protocolo realizado para análise da ingestão alimentar dos animais.

Figura 6. Esquema ilustrativo do protocolo de análise de ingestão alimentar

3.4. Fase 2: Demais procedimentos experimentais

3.4.1. Teste de tolerância à insulina intraperitoneal

O teste foi realizado ao final do período experimental dos protocolos descritos. O

alimento para os diferentes grupos de animais foram retirados seis horas antes do procedimento

e a primeira coleta de sangue equivaleu ao tempo 0 do teste. Após essa coleta, a insulina (2U/kg

de peso corporal) foi injetada intraperitonealmente e amostras de sangue foram coletadas pela

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cauda nos tempos 5, 10, 15, 20, 25 e 30 minutos para a determinação da glicemia. A velocidade

constante do decremento da glicose (Kitt) foi calculada usando a formula 0,693/t1/2. O t1/2 da

glicose foi calculado a partir da curva da análise dos mínimos quadrados da concentração da

glicose durante a fase de decaimento linear. Determinação da glicemia ocorreu através do uso

de glicosímetro portátil (Accu-Check – Roche).

3.4.2. Determinação da glicose e insulina sérica.

Os níveis séricos de insulina foram determinados através de kits colorimétricos

específicos - ELISA (Thermo Scientific Rockford, IL, EUA), conforme recomendação do

fabricante. A glicose no sangue foi determinada através de glicosímetro portátil (Accu-Check

– Roche).

3.4.3. Extração do tecido hipotalâmico

Os animais receberam previamente aos procedimentos cirúrgicos e de extração dos

tecidos injeção intraperitoneal (i.p.) de ketamina (50 mg/kg; Ketalar; Parke-Davis, Ann Arbor,

MI) e xilasina (20 mg/kg; Rompun; Bayer, Leverkusen), e eutanásiados por decapitação. Todos

os animais permaneceram em jejum de 7 horas antes dos procedimentos de extração dos tecidos.

Os animais que receberam o tratamento com insulina ou leptina tiveram a injeção desses

hormônios através da cânula implantada e atingindo o hipotálamo 20 minutos antes de serem

eutanásiados para a extração do hipotálamo e respectivas análises de biologia molecular.

Em seguida a caixa craniana foi aberta para a remoção do hipotálamo. Esse tecido

foi homogeneizado em tampão de imunoprecipitação contendo 1% de Triton X 100, 100 mM

de Tris (pH 7,4), 100 mM de pirofosfato de sódio, 100 mM de fluoreto de sódio, 10 mM de

EDTA, 10 mM de vanadato de sódio, 2 mM de PMSF e 0,1 mg/mL de aprotinina a 4 ºC. O

homogenato foi centrifugado à 11000 rpm por 30 minutos. No sobrenadante foi determinada a

concentração de proteína utilizando o método proposto por Bradford (101) e posteriormente foi

realizada a determinação do extrato total e o ensaio de imunoprecipitação com anticorpo

específico.

3.4.4. Imunoprecipitação

Após determinação da concentração das proteínas foi realizada a

imunoprecipitação com anticorpo específico (Rock1). Após incubação, os imunocomplexos

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foram recuperados com Proteina A Sepharose 6 MB por 2 horas à 4 ºC e decantados por

centrifugação por 20 minutos à 4 ºC/ 11000 rpm. O precipitado foi lavado três vezes, em

intervalos de 5 minutos, com tampão de lavagem (2 mM ortovanadato de sódio, 100 mM Tris-

HCl; 1 mM RDTA; 0,5% Triton X-100). O sobrenadante foi descartado, ficando-se apenas

com as proteínas precipitadas (imunocomplexos).

3.4.5. Imunoblot

Os imunocomplexos foram ressuspensos em tampão de Laemmli, contendo 100

mmol/L de DTT. Após rápida fervura foram aplicados em gel de poliacrilamida para separação

por eletroforese (SDS-PAGE). As proteínas separadas em SDS-PAGE foram transferidas para

membrana de nitrocelulose em aparelho de transferência da BIO-RAD. A membrana de

nitrocelulose foi incubada “overnight” com anticorpo especifico. A ligação de anticorpo a

proteínas não-específicas foi minimizada pela pré-incubação da membrana de nitrocelulose

com tampão de bloqueio (5% de leite em pó desnatado; 10 mmol/L de Tris; 150 mmol/L de

NaCl; 0.02% de Tween 20) por 1,5 hora. Posteriormente, as membranas foram incubadas por 2

horas na temperatura ambiente com o anticorpo secundário referente às especificações dispostas

no pelo primeiro anticorpo utilizado. O sinal foi detectado por tratamento com 2 mL de solução

quimioluminescente do reagente de quimioluminescência SuperSignal® West Pico

Chemiluminescent Substrate, da Pierce Reagents, expostos a filmes fotossensíveis de RX

Kodak e revelados por método tradicional. As bandas identificadas na autoradiografia foram

quantificadas através de densitometria óptica.

3.4.6. Anticorpos

O anticorpo utilizado para imunoprecipitação foi anti-Rock1 (Santa Cruz

Biotechnology, CA, USA). Os anticorpos utilizados para o imunoblot foram anti-phospho-IRS-

1 (Ser632 e 635), anti-Akt, antiphospho-Akt (Ser473), anti-JAK2, anti-phospho-JAK2

(Tyr1007) (Cell Signaling Technology, Beverly, MA), anti-IRS-1, antiphospho-IRS-1, Anti-

Rock1, e GAPDH (Santa Cruz Biotechnology, Inc., Santa Cruz, CA, USA).

3.4.7. Análise Estatística

Todos os resultados foram expressos como média ± DP. Os resultados dos

“Westerns blot ou imunoblot” foram apresentados como comparações diretas das bandas

proteicas nas autorradiografias ou avaliadas por equipamento fotodocumentador. Os dados

foram analisados através de teste “t de Student”, quando comparados dois grupos. E análise de

variância (Anova), seguida do teste de múltiplas médias de Bonferroni, quando apropriado para

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comparar os grupos controle e experimentais. A significância estatística adotada foi de p<0,05.

O programa STATISTICA 6.0 foi empregado para efetuar as análises.

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4. RESULTADOS

A seguir são apresentados os resultados obtidos com os diferentes grupos

experimentais (C, controle; Hiper-SD, obesos sedentários; e Hiper-EA, obesos sedentários

exercitados agudamente). Os dados foram expressos como média ± DP seguido do número

indicado dos experimentos. Na tabela 1 são apresentados os resultados fisiológicos e de

composição corporal dos animais.

Tabela 1. Caracterização da amostra.

Variáveis/Grupo C OB OB-E

Massa Corporal Inicial (g) 18,2 ± 0,5 18,0 ± 0,8 18,19 ± 1,0

Massa Corporal Final (g) 43,0± 1,5 52,1 ± 1,4* 52,4± 1,7*

Ganho de Massa Corporal (g) 24,7± 1,7 34,1± 1,8* 34,2 ± 2,2*

Comprimento (cm) 11,1 ± 0,2 11,2 ± 0,2 11,3 ± 0,3

Gordura epididimal (mg) 281,8 ± 12,6 371,6 ± 8,3* 376,0± 9,4#

Glicemia de jejum (mg/dL) 123,6 ± 4,1 250,4 ± 13,8* 214.7 ± 14,2*#

Insulinemia de jejum (ng/mL) 1,9 ± 0,2 4,5 ± 0,7* 3,5 ± 0,3*#

kITT (% consumo/min) 4,7 ± 0,3 2,6 ± 0,4* 3,6 ± 0,4*#

Lactato Basal (mmol/L) ND ND 1,12 ± 0,8

Lactato após 1° sessão de esforço

Lactato após 2° sessão de esforço

ND

ND

ND

ND

4,18 ± 0,5**

4,70 ± 0,4**

Resultados expressos como média e DP. n = 10 animais por grupo. *p<0.05 versus controle. E

** versus condição basal. KITT, constante de decaimento da glicose durante o teste de

tolerância à insulina. ND, não determinados.

Na Tabela 1, estão apresentados os dados comparativos dos grupos controle (C);

obeso sedentário dieta hiperlipídica (Hiper-SD); e obeso exercitado agudamente dieta

hiperlipídica (Hiper-EA). Os grupos de animais obesos tiveram maior aumento da massa

corporal quando comparados ao grupo controle. Isto mostra que a dieta hiperlipídica utilizada

foi eficiente em induzir obesidade nos animais. O comprimento (distância focinho-ânus) não

diferiu entre os grupos. O peso da gordura epididimal foi significativamente maior para os

grupos que receberam a dieta hiperlipídica quando comparado ao grupo controle. Confirmando

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assim a indução de obesidade induzida pelo consumo da dieta rica em gordura. Na análise

sanguínea, verifica-se que o grupo de animais obesos tiveram valores de glicemia maior se

comparado ao grupo controle. Resultados similares foram encontrados para a concentração de

insulina nos animais. Sendo observado aumento na concentração de insulina nos animais obesos

em relação ao grupo controle. No entanto este parâmetro foi reduzido nos animais exercitados

se comparados aos seus pares obesos não exercitados no mesmo período. Tal fato, está atrelado

ao efeito do exercício em induzir adaptações moleculares que favorecem o aumento da captação

de glicose e com isso a redução da secreção de insulina endógena. Na análise da sensibilidade

à insulina através do teste de tolerância à insulina, verifica-se que os animais do grupo obeso

apresentaram menor consumo de glicose por minuto durante o teste se comparado ao grupo

controle. Por outro lado, o exercício físico agudo foi capaz de aumentar a sensibilidade à

insulina durante o teste (tabela 1). Por fim, nas análise da lactato sanguíneo observa-se que os

valores de lactato aumentaram em relação a condição basal tanto após a primeira sessão de

exercício quanto após a segunda sessão de esforço. No entanto, os valores observados

encontram-se abaixo da lactacidemia referente ao limiar anaeróbio em exercício de natação para

roedores. Sendo este um indicativo de que o protocolo de exercício é caracterizado pelo volume

alto e intensidade sub-máxima. Barras representam media e desvio padrão de n = 10 animais.

*p<0.05 versus controle.

Em seguida, foram realizados os experimentos de análise da ingestão alimentar dos

animais tanto após o estímulo com insulina quanto após o estímulo de leptina. Os resultados

permitem observar que os camundongos obesos (Hiper-SD) tiveram uma maior ingestão

alimentar (consumo em calorias) se comparado aos camundongos controles (Figura 7A e 7B).

No entanto, os animais que foram submetidos ao protocolo de exercício físico agudo (Hiper-

EA) quando estimulado com insulina ou leptina (i.c.v.) se comparado a condição sem estímulo

(sem infusão dos hormônios) tiveram uma supressão da fome e a ingestão alimentar reduziu

significativamente. No entanto, observa-se que nos animais obesos (Hiper-SD) que não

realizaram o protocolo de exercício físico que não houve diferença significativa na ingestão

alimentar no comparativo antes e após a infusão de insulina ou leptina. Isto demonstra que a

obesidade induzida pela dieta rica em gordura induziu distúrbios hipotalâmicos nos

mecanismos de controle da fome.

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40

Figura 7. Ingestão alimentar em resposta ao estímulos com insulina (7A) ou leptina

(7B) nos diferentes grupos experimentais.

Figura 7. (A) Ingestão alimentar de 12 horas após estímulo com insulina ou (B) leptina

intracerebroventricular (i.c.v.) nos diferentes grupos experimentais: C, grupo controle; Hiper-

SD, grupo obeso induzido por dieta hiperlipídica (DHL) ofertada por 8 semanas; Hiper-EA,

grupo obeso induzido por DHL ofertada por 8 semanas e submetido ao protocolo de exercício

físico agudo (n=10 por grupo). A análise foi realizada em porcentagem de variação em relação

ao grupo controle. p<0.05 *diferença intra-grupo (comparação com o mesmo grupo na

condição com e sem estímulo) negativo (-) e em relação ao grupo Hiper-EA.

0

1 0

2 0

3 0

In g e s tã o A lim e n ta r

(K

ca

l)

C o n t ro l e

H ip e r -S D

H ip e r -E A

- + - + - +In s u lin a :

**

A

0

5

1 0

1 5

2 0

2 5

In g e s tã o A lim e n ta r

(Kc

al)

C o n t ro l e

H ip e r -S D

H ip e r -E A

- + - + - +L e p tin a

*

*

B

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Após as análises fisiológicas, de composição corporal e de ingestão alimentar foram

realizados os ensaios de Western Blot para a avaliação da transdução do sinal tanto da leptina

quanto da insulina no hipotálamo dos animais. Como pode ser observado na Figura 8A os

camundongos obesos (Hiper-SD) se mostraram menos responsivos a leptina em relação aos

animais controles (magros). Isto pode ser observado através da menor fosforilação da proteína

JAK2 hipotalâmica nos animais obesos se comparados aos animais controles. Em conjunto,

verifica-se que o conteúdo de Rock1 e a associação de Rock1 com a JAK2 no hipotálamo está

reduzida nos animais obesos (Hiper-SD) se comparado aos animais controles. Tal resultado

demonstra que a obesidade está atrelada a uma supressão da via da Rock no hipotálamo e

consequentemente da via de sinalização da leptina. Ao contrário, os animais obesos exercitados

(Hiper-EA) apresentaram um aumento na fosforilação da JAK2 e da associação Rock1/JAK2

após estímulo com leptina no hipotálamo quando comparados aos animais obesos (Figura 8B).

Isto demonstra que o exercício físico é capaz de modular a proteína Rock e isto parece ter um

efeito positivo sobre a via da leptina.

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42

Figura 8. Análise da via de sinalização da leptina e da Rock em hipotálamo nos

diferentes grupos experimentais.

0

5 0

1 0 0

1 5 0

M e ta b o lis m o d a J A K /R o c k 1 H ip o ta lâ m ic a

(% d

e e

xp

re

ss

ão

)

C o n tro le

H ip e r-S D

p J A K 2 R o c k 1 R o c k 1 / J A K 2

*

*

*

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43

Na Figura 8 estão apresentados os dados da fosforilação e conteúdo total da poteína Jak2,

conteúdo total da protéina Rock1 e da associação entre as proteínas Rock1 e Jak2 no hipotálamo

dos animais controles, Hiper-SD e Hiper-EA com estímulo de leptina intracerebroventricular

(i.c.v.). A análise foi realizada em porcentagem de variação em relação ao grupo controle.

Barras representam media e desvio padrão (n = 7 animais por grupo). Resultados relativizados

* p<0.05 versus controle ou Hiper-SD.

+ + + + + + + + + + + + + +

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

M e ta b o lis m o d a J A K /R o c k 1 H ip o ta lâ m ic a

(% d

e e

xp

re

ss

ão

)

H ip e r-S D

H ip e r-E A

p J A K 2 R o c k 1 R o c k 1 / J A K 2

*

* *

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44

Figura 9. Via de sinalização da insulina e associação da Rock com o IRS-1. Foram

realizados também os ensaios de Western Blot para a avaliação da transdução do sinal da

insulina no hipotálamo dos diferentes grupos experimentais. Os resultados obtidos foram

dispostos na figura 9. Pode-se verificar que os camundongos obesos (Hiper-SD) se mostraram-

se menos responsivos a insulina em relação aos animais controles (magros). Isto pode ser

observado através da menor fosforilação em tirosina da proteína IRS-1 hipotalâmica nos

animais obesos se comparados aos animais controles. (Figura 9A). Em conjunto, verifica-se

que o conteúdo de Rock1 e a associação de Rock1 com o IRS-1 no hipotálamo está reduzido

nos animais obesos se comparado aos animais controles. Tal resultado demonstra que a

obesidade está atrelada a uma diminuição do metabolismo da Rock no hipotálamo e

consequentemente da via de sinalização da insulina. Ao contrário, os animais obesos

exercitados (Hiper-EA) apresentaram um aumento na fosforilação do IRS-1 em tirosina e da

associação Rock1/IRS-1 após estímulo com insulina no hipotálamo quando comparados aos

animais obesos (Figura 9B). Tal fato é um indicativo que a proteína Rock parece exercer efeito

positivo sobre a via de sinalização da insulina e pode ser regulada pelo exercício físico.

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Figura 9. Análise da via de sinalização da insulina e da Rock em hipotálamo nos

diferentes grupos experimentais.

0

5 0

1 0 0

1 5 0

E x p re s s ã o d a R o c k e d a v ia d a in s u lin a

(% d

e e

xp

re

ss

ão

)

C o n tro le

H ip e r-S D

p IR S -1

T y r 6 1 2

R o c k 1 R o c k /

IR S -1

p - IR S -1

S e r 6 3 2 /6 3 5

p -A K T

S e r 4 7 3

* * *

*

*

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Na Figura 9 estão apresentados os dados da fosforilação (resíduos Tyr612 e Ser 632/635) e

conteúdo total da poteína IRS-1, conteúdo total da protéina Rock1 e da associação entre as

proteínas Rock1 e IRS-1 no hipotálamo dos animais controles, Hiper-SD e Hiper-EA com

estímulo de insulina intracerebroventricular (i.c.v.). Barras representam media e desvio padrão

(n = 7 animais por grupo). A análise foi realizada em porcentagem de variação em relação ao

grupo controle. * p<0.05 versus controle ou Hiper-SD.

0

1 0 0

2 0 0

3 0 0

4 0 0

E x p re s s ã o d a R o c k e d a v ia d a in s u lin a

(% d

e e

xp

re

ss

ão

)

H ip e r-S D

H ip e r-E A

p IR S -1

T y r 6 1 2

R o c k 1 R o c k /

IR S -1

p - IR S -1

S e r 6 3 2 /6 3 5

p -A K T

S e r 4 7 3

* *

*

**

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5. DISCUSSÃO

A compreensão da atuação de novas moléculas na via de sinalização da leptina e

insulina no hipotálamo se faz importante para melhor compreensão do estado de resistência a

estes hormônios e distúrbios relacionados aos descontrole da fome e obesidade. No presente

estudo em resumo observou-se que animais obesos apresentam menor atividade da proteína

Rock em neurônios hipotalâmicos, promovendo redução da fosforilação da JAK2 e do IRS-1

no resíduo Ser 632/635 e no resíduo Tyr612 com consequente redução da fosforilação da Akt.

Nossos resultados reforçam a ideia do papel relevante da ação da Rock em contribuir com a

regulação da fome no hipotálamo como proposto por Huang e colaboradores em 2012 (85).

Além disso, os resultados encontrados confirmaram a hipótese de nosso trabalho tendo o

exercício físico efeitos positivos na regulação da proteína Rock no hipotálamo e redução da

ingestão alimentar nos camundongos obesos.

O conjunto de dados obtidos demonstram que animais obesos, após serem

submetidos ao protocolo agudo de exercício físico aeróbio, conseguem minimizar os

transtornos no metabolismo da Rock decorrentes da obesidade induzida pelo consumo de dieta

rica em gordura. Concatenando estes achados, verifica-se que o exercício físico promoveu

maior associação entre as proteínas Rock1 com JAK2 e Rock1 com IRS-1, levando ao aumento

na fosforilação da Akt e consequentemente maior fosforilação do IRS-1 nos resíduos de serina

632/635. Um dado importante que deve ser apresentado é que estes resultados obtidos

ocorreram independente de alterações na massa corporal e adiposa dos animais. Estes dados

sugerem um novo mecanismo de atuação do exercício físico na via de sinalização da insulina e

leptina através do aumento da atividade da Rock e consequentemente num melhor controle da

ingestão alimentar de animais obesos.

As avaliações realizadas permitem considerar que a dieta rica em gordura foi eficaz

em induzir obesidade nos animais. Tal fato foi acompanhado pelo aumento da massa corporal

e adiposa epididimal. Estes resultados estão de acordo com outros estudos da literatura e do

nosso grupo (9, 10, 66, 67, 82, 97). Ademais, os animais cumpriram o tempo de 6 horas de

exercício físico sem nenhum problema sendo identificado. As amostras de sangue extraídas dos

animais durante o exercício foram utilizadas para dosagem do lactato. Os resultados obtidos

demonstram que a intensidade de exercício foi sub-máxima, caracterizando o esforço como

sendo de baixa intensidade e volume alto. Dados prévios do nosso grupo tem mostrado que os

valores de lactato não estão acima de 5 mmol para este protocolo de exercício, indicando que a

intensidade não é superior ao limiar anaeróbio dos animais (9, 103). Nos parâmetros

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fisiológicos os resultados obtidos mostram que os animais obesos têm valores maiores de

glicemia e insulinemia se comparado aos animais magros. Resultados que também foram

encontrados em estudos prévios do nosso grupo e na literatura com este tipo de dieta (9, 10, 66,

67, 82, 97). Por outro lado, o exercício físico agudo foi capaz de reduzir os valores de glicemia

e insulinemia dos animais. Tal fato foi também acompanhado de melhora na sensibilidade à

insulina verificado através do teste de tolerância à insulina no grupo de animais obesos

exercitados. Estes resultados foram dispostos na tabela 1. Com isso, é possível considerar que

a dieta rica em gordura ofertada induziu alterações na composição corporal como aumento da

adiposidade e alteração na sensibilidade à insulina, com declino na taxa de decaimento da

glicose por minuto. No mais, os resultados observados a seguir para os experimentos de western

blot podem ser considerados como efeitos do exercício físico agudo e não de mudança na

composição corporal. Já que os animais exercitados não apresentaram alteração na massa

corporal total se comparados aos seus pares controles.

O papel da proteína Rock vem sendo bastante investigado primeiramente por atuar

diretamente na sinalização da insulina e também por apresentar ações tecido-específicas que

ainda não foram totalmente compreendidas A ação positiva da Rock sobre a via de transdução

do sinal da insulina é ainda incerto, já que estudos mostram que suas ações divergem estre os

tecidos muscular, adiposo e hepático, etc. (84). Na década de 90. Farah e colaboradores

sugeriram que a Rock se associa diretamente com IRS-1 (104), adiante Begum propôs que a

Rock, após ser ativada pela enzima RhoA é ativada e fosforila o IRS-1 em serina, inibindo

assim a sinalização da insulina em tecidos de músculo vascular liso (105). No entanto, ao

contrário, Furukawa e colaboradores, mostraram que em tecido muscular esquelético a Rock

contribui de maneira positiva com a sinalização da insulina e por conseguinte com a captação

de glicose por fosforilar o IRS-1 no resíduo SER 632/635 (90). E que a inibição da Rock no

músculo prejudica a transdução do sinal da insulina (90).

No presente trabalho pode-se considerar que animais obesos sedentários

apresentam redução no conteúdo e na atividade da Rock no hipotálamo, colaborando com a

redução da sinalização da insulina e leptina, com consequente aumento no balanço energético

positivo (aumento da ingestão alimentar) e indução de obesidade. Estes dados obtidos estão de

acordo com outros estudos realizados com análise do papel da Rock em tecidos periféricos. Por

exemplo, estudo de Lee e colaboradores em 2009, demonstrou aumento da resistência à insulina

e redução da tolerância à glicose após deleção da Rock 1 em todo o organismo e mostrou que

na ausência da Rock há redução da fosforilação de proteínas cruciais envolvidas na sinalização

da insulina, a partir do IRS-1 Ser 632/635, sucessivamente com a redução da associação do

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IRS-1 com PI3q, da fosforilação de Akt e da fosforilação do substrato da Akt de 160 KDa

(AS160) (91). Complementando tais evidências, em trabalho que fez uso de amostras de

humanos, Chun e co-autores mostraram que indivíduos obesos e diabéticos apresentam redução

da atividade da Rock, com consequente redução da atividade de moléculas envolvidas na

sinalização da insulina no tecido muscular (92). Logo, parece indubitável o papel da Rock em

colaborar com a sinalização da insulina no tecido muscular esquelético. Futuros experimentos

com inibidor da Rock ou técnicas de biologia molecular que permitem silenciar o gene ou fazer

a superexpressão desta proteína no hipotálamo poderão aumentar o conhecimento a respeito de

suas ações e interações com a via molecular da leptina e da insulina no hipotálamo.

Embora a atuação do exercício físico em aumentar a fosforilação e atividade de

moléculas pertencentes a via da insulina e leptina seja clara, em contrapartida o mecanismo

pelo qual este aumento ocorre ainda não foi completamente proposto na literatura,

principalmente quando se trata de neurônios hipotalâmicos. No presente estudo pressupôs que

a proteína Rock, através de sua capacidade em fosforilar diretamente o IRS-1 e a JAK2, poderia

ser um elo importante entre o exercício físico com proteínas proximais da via de sinalização da

insulina e leptina. Os estudos realizados até o presente momento demonstraram um efeito

positivo do exercício principalmente agindo sobre proteínas de ação pró-inflamatórias e

portanto, inibitórias sobre diferentes pontos da via de sinalização dos hormônios insulina e

leptina. Poucos são os estudos que visaram investigar o efeito do exercício sobre proteínas de

efeito positivo aos sinais desses hormônios. Como esperado, constatou-se que após a prática de

exercício houve aumento na atividade da via da insulina e leptina e tal acontecimento foi

atrelado ao aumento na fosforilação das principais proteínas envolvidas na transdução do sinal

dessas biomoléculas (IRS/Akt e JAK2), o que já está bem estabelecido na literatura.

Porém, o principal achado deste estudo foi obter fortes evidências da participação

da proteína Rock neste mecanismo. Nossos dados sugerem que em resposta ao exercício a Rock

participa da regulação da homeostase energética em animais obesos através do aumento da

fosforilação em SER 632/635, o que acontece pelo aumento da associação da Rock1 com o

IRS-1 e aumento da associação da Rock1 com a JAK2 no tecido hipotalâmico. Tal fato está

associado com menor hiperfagia o que pode contribuir a médio e longo prazo com a redução da

adiposidade corporal e aumento da sensibilidade à insulina e leptina. Tal tentativa de analogia

e interpretação pode ser reforçado pelos achados de Huang e colaboradores, que utilizaram de

um inibidor da Rock (Y-27632) e verificaram que após o tratamento ocorreu redução da

atividade da proteína Rock e menor fosforilação da JAK2 no hipotálamo de roedores (85).

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De acordo com a literatura há inúmeras biomoléculas que podem aumentar ou

diminuir a atividade da Rock. A investigação destas biomoléculas podem ampliar o

conhecimento do efeito do exercício sobre o metabolismo da Rock e sobre o sistema nervoso

central. Dentre as proteínas candidatas pode-se destacar a PTP1B, PTEN e PDK1 que foram

analisadas em tecido muscular esquelético. Tendo estas proteínas supracitadas possível papel

relevante na conexão entre obesidade, resistência à insulina e metabolismo da Rock (106, 107,

108, 109,110).

A proteína PTB1B é uma fosfatase que está envolvida com o metabolismo da RhoA

(enzima ativadora de Rock). Constatou-se que em resposta ao tratamento com RhoA, houve

uma redução significativa da atividade da PTP1B. Assim sendo, fica evidente que RhoA reduz

a atividade de PTP1B (104). No presente estudo, não foi avaliado os níveis de RhoA, porém o

aumento desta enzima em resposta ao exercício físico poderia explicar o aumento da ativação

da Rock e inibição da PTP1B no hipotálamo contribuindo com o aumento na sinalização da

insulina e leptina. Em estudos prévios do grupo foi demonstrado que o exercício físico é capaz

de reduzir a expressão de PTP1B no hipotálamo de roedores obesos e isso foi acompanhado

pelo aumento na fosforilação de JAK2 hipotalâmica (106).

A phosphatase and tensin homolog (PTEN) é outra molécula que tem ação negativa

sobre a via de sinalização da insulina. Sua ação negativa se dá pela sua interação com a PI3q e

consequente desregulação da Akt no músculo (104, 108). Ao contrário, o exercício físico é

capaz de reduzir os níveis desta proteína significativamente, conforme demonstrado por Ma e

colaboradores (109). Assim sendo, a redução dos níveis de PTEN permite um aumento na

transdução do sinal da insulina. Isso por que o aumento da ativação de RhoA induz o aumento

da atividade da Rock. Por sua vez, a Rock é capaz de fosforilar a PTEN, promovendo sua

migração para o centro do citoplasma. Agora distante da membrana celular não há interação

entre a PTEN e a PI3-q. No entanto, quando a Rock foi inibida, foi observado maior conteúdo

de PTEN próximo a membrana celular e consequentemente, maior resistência à insulina.

Portanto, não se descarta a hipótese de que o efeito do exercício físico sobre a PTEN também

possa acontecer a nível do sistema nervoso central. O que explicaria o aumento na atividade e

expressão da Rock em resposta ao exercício de natação utilizado no presente estudo. No

entanto, novos ensaios serão necessários para melhor elucidar este mecanismo intracelular no

hipotálamo e seus efeitos no controle da ingestão alimentar..

Além destas proteínas supraciatadas, a quinase 1 dependente de fosfoinosítideos

(PDK1) também parece exercer efeito sobre o metabolismo da Rock. Através de sua ligação ao

PIP3 é capaz de mediar a fosforilação da Akt e com isso modular a via da insulina. Estudos

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prévios realizados demonstraram que animais obesos apresentam redução dos níveis de PDK1

(108, 110). De acordo com a literatura, a proteína PDK pode se associar a Rock e com isso

inibir a associação da Rock com RhoE (enzima inibidora da ativação da Rock) e

consequentemente reduzir a inibição da Rock (110). Portanto, sabendo que o exercício é capaz

de agir positivamente sobre a via de sinalização da insulina é possível que sua ação em aumentar

a fosforilação da PDK impeça que a RhoE exerça efeito inibitório sobre a Rock, explicando o

aumento da atividade e expressão da Rock no hipotálamo observada no presente trabalho. No

entanto, estas são hipóteses que precisam ser investigadas afim de conhecer se o exercício físico

regula estas proteínas em neurônios do hipotálamo.

Além disso, é preciso considerar que a Rock apresenta duas isoforma, a Rock1 e a

Rock 2. No presente estudo foi investigado especialmente a Rock1. Huang descreve que a

Rock1 estaria presente em neurônios hipotalâmicos com papel chave no controle da fome (85).

Neste estudo os autores identificaram Rock1 em duas distintas populações de neurônios no

núcleo arqueado do hipotálamo que são controladas pela leptina: POMC e AgRP/NPY (85). Os

mesmos autores ainda verificaram que após infusão intracerebroventricular de leptina, ocorreu

aumento na atividade da Rock1 em camundongos C57BL/6 e ob/ob, mas não para db/db

mostrando assim que a atividade da Rock em decorrência da leptina é mediada pelo receptor

específico da leptina (85). Ainda, os autores mostraram que após a administração de leptina a

Rock1 induziu a fosforilação direta da JAK2 em resíduos de serina, que por sua vez continuou

a cascata de fosforilações dessa via incluindo STAT3 e PI3q no hipotálamo. Já quando a Rock1

foi inibida em neurônios POMC, os animais aumentaram o consumo alimentar diário e

consequentemente a quantidade de tecido adiposo, mostrando assim que a Rock1 atua como

relevante mecanismo envolvido no controle do balanço energético. Em acordo a estes achados,

os dados da presente proposta mostram que o aumento na expressão da Rock1 foi associada

com aumento na atividade das proteínas envolvidas com o sinal molecular da insulina e da

leptina, indo de encontro com os achados prévios de Huang. No entanto, se faz necessário

investigar mais a fundo o papel da Rock2 no hipotálamo.

Na luz destes achados, pode-se sugerir que a proteína Rock tem efeitos importantes

no controle metabólico e na sinalização da insulina e leptina no hipotálamo, podendo estar

envolvida no desenvolvimento de algumas doenças, especialmente obesidade e diabetes

mellitus tipo 2. O exercício físico se mostra capaz de agir positivamente sobre o metabolismo

da Rock aumentando a responsividade de neurônios reguladores da fome a insulina e leptina.

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A figura 10 representa um esquema ilustrativo da hipótese do efeito do exercício físico sobre o

metabolismo da Rock e a melhora na sinalização da insulina e leptina no hipotálamo.

Figura 10. O exercício físico de natação aumentou o conteúdo da proteína Rock e a associação

dela com a JAK2 e o IRS-1 aumentando a transdução do sinal dos hormônios leptina e insulina,

respectivamente, no hipotálamo contribuindo com a homeostase energética em camundongos

obesos [Figura realizada pelo próprio autor deste trabalho].

.

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CONCLUSÃO

Conclui-se através dos resultados obtidos no presente trabalho que o exercício físico

aeróbio de natação foi capaz de regular o metabolismo da proteína Rock1 sugerindo ser este

um mecanismo atrelado ao aumento na transdução do sinal da insulina e leptina no hipotálamo

de camundongos Swiss obesos induzidos pela oferta de uma dieta rica em gordura saturada.

Este se mostra como um novo mecanismo de ação do exercício físico em regular a sinalização

da insulina e leptina e induzir melhoras na homeostase energética do organismo.

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