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1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO TURMA V LUIZ GUSTAVO RECH FRACARO AVALIAÇÃO DA NOCIVIDADE DO CIMENTO PARA TRABALHADORES EM ATIVIDADES DE CONSTRUÇÃO CIVIL CRICIUMA 2012

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  • 1

    UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO

    TRABALHO TURMA V

    LUIZ GUSTAVO RECH FRACARO

    AVALIAO DA NOCIVIDADE DO CIMENTO PARA TRABALHADORES EM ATIVIDADES DE CONSTRUO CIVIL

    CRICIUMA 2012

  • 1

    LUIZ GUSTAVO RECH FRACARO

    AVALIAO DA NOCIVIDADE DO CIMENTO PARA TRABALHADORES EM ATIVIDADES DE CONSTRUO CIVIL

    Monografia apresentada Diretoria de Ps-graduao da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para obteno do Ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho.

    Orientador: Prof. MSc. Sandra Salete Poletto

    CRICIUMA 2012

  • Dedico este trabalho a toda minha famlia e minha noiva Carolina Balbino.

  • AGRADECIMENTOS

    De forma simples e objetiva gostaria de agradecer a Deus e a todos que, direta ou indiretamente contriburam para a concluso de mais este mrito alcanado com muito esforo e dedicao. Famlia sempre presente faz uma diferena grande quando precisamos de foras para chegar l!

  • A vida sem cincia uma espcie de morte.

    SCRATES

  • RESUMO

    Com o alto crescimento populacional mundial, a indstria da construo civil se torna cada vez mais consolidada devido alta demanda no setor. A exigncia por mo-de-obra qualificada cada vez maior. Inerente a isto, milhes de trabalhadores deste setor esto expostos a diversos riscos existentes em canteiros de obras. Utilizando como base a NR-15 como norteador principal para o enquadramento legal dos adicionais de insalubridade, foram traadas as medidas de controle e proteo das pessoas diretamente envolvidas no trabalho em contato com cimento dentro de empresas no setor da construo civil. Segundo Vieira e Pereira (2009), o ambiente de trabalho insalubre coloca em risco a sade, a segurana e o bem-estar dos trabalhadores. A presente pesquisa refere-se ao enquadramento legal de adicionais de insalubridade para trabalhadores em atividades dirias com jornada de trabalho de oito horas na indstria da construo civil que tem contato e manuseio direto com a calda cida do concreto em canteiros de obras.

    PALAVRAS CHAVE: NR 15, Aposentadoria Especial, Insalubridade, cimento, construo civil.

  • ABSTRACT

    With the high worldwide population growth, the civil engineering has become more and more solid due its high demand in this sector. The demand for high-skilled manpower is increasing. Inherent to this, thousands of employees are getting exposed to many different health risks on construction sites. Using as basis the NR-15 as main guide to the measures the legal enframing of the additional insalubrities, the control measures and protection were planned for people directly involved in the work within companies in the civil construction field. According to Vieira e Pereira (2009), the unwholesome work environment endangers the health the safety and the welfare of employees. This research refers to legal enframing for insalubrious and special retirement for employees with daily schedule of eight hours in civil construction industry who have direct contact and handling with acidic liquid concrete on construction sites.

    KEY WORDS: NR 15, Special Retirement, unhealthy, concreto, civil construction.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Riscos Fsicos ......................................................................................... 43

    Tabela 2 Riscos Biolgicos.....................................................................................44

    Tabela 3 Riscos Qumicos ...................................................................................... 44

    Tabela 4 Riscos Ergonmicos................................................................................ 45

    Tabela 5 Riscos Fsicos ......................................................................................... 45

    Tabela 6 Servio/Riscos/Medidas de controles em canteiros de obras..................46

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Dermatite por nquel ................................................................................. 51

    Figura 2 Dermatite por cimento .............................................................................. 51

    Figura 3 Dermatite alrgica .................................................................................... 52

    Figura 4 Dermatite por leo .................................................................................... 52

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SMBOLOS

    ABREVIATURA

    cm Centmetros cbico

    db Decibis

    h Hora

    LT Limite de Tolerncia

    m Metros

    mm Milmetros

    mg/m Miligramas por metro cbico

    l/min Litro por minuto

    n Nmero

    p. Pgina

    Kg Quilograma

    kg/m Quilograma por metro cbico

    art. Artigo

    p.ex. Por exemplo

    PPM Parte por milho

    PVC Policloreto de vinila

  • SMBOLOS

    % Porcentagem

    & E

    Pargrafo

    C Grau Celsius

    I Um

    II Dois

    III Trs

    IV Quatro

    V Cinco

    VI Seis

    VII Sete

    Sculo XIX Sculo Dezenove

    Sculo XX Sculo Vinte

    NoX xidos de nitrognio (NOX)

    NaOH Soda Custica

  • LISTA DE SIGLAS

    ABHO Associao Brasileira de Higienistas Ocupacionais

    ABPA Associao Brasileira para a Preveno de Acidentes

    ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists

    BEI Biological Exposure Indices

    ANAMT Associao Nacional de Medicina do Trabalho

    CESTEH Centros de Estudos sobre Sade do Trabalhador e Ecologia Humana

    CLT Consolidao das Leis do Trabalho

    CRPS Conselho de Recursos da Previdncia Social

    CUT Central nica dos Trabalhadores

    DIESAT Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Sade e dos Ambientes de Trabalho.

    DNPM Departamento Nacional de Produo Mineral

    DRT Delegacias Regionais do Trabalho

    EPC Equipamento de Proteo Coletivo

    EPI Equipamento de Proteo Individual

    FISPQ Fichas de Informao de Segurana de Produtos Qumicos

    FUNDACENTRO Fundao Centro Nacional de Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho.

    GLP Gs Liquefeito de Petrleo

    PNVT Plano Nacional da Valorizao do Trabalhador

    IAPI Instituto de Aposentadoria e Penses dos Industririos

    IBS Instituto Brasileiro de Segurana

    INSS Instituto Nacional do Seguro Social

    INPS Instituto Nacional de Previdncia Social

  • INST Instituto Nacional de Sade no Trabalho

    MS Ministrio da Sade

    TEM Ministrio do Trabalho e Emprego

    NOH Norma de Higiene Ocupacional

    NIOSH NationalInstitute for Ocupacional Safetyand Health

    NR Norma Regulamentadora

    OIT Associao Internacional do Trabalho

    OMS Organizao Mundial de Sade

    PCA Programa de Conservao Auditiva

    PCMAT Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo.

    PCMSO Programa de Controle Mdico em Sade Ocupacional

    PPEOB Programa de Preveno Ocupacional ao Benzeno

    PPP Perfil Profissiogrfico Previdencirio

    PPR Programa de Proteo Respiratria

    PPRA Programa de Preveno dos Riscos Ambientais

    RPS Regulamento da Previdncia Social

    SESI Servio Social da Indstria

    STJ Superior Tribunal de Justia

    TFR Tribunal Federal de Recursos

    TLV Threshold limitvalues

  • SUMRIO

    CAPTULO 1

    CAPTULO 1 ............................................................................................................. 16 1 INTRODUO ....................................................................................................... 16

    1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 18 1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 18 1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ................................................................................. 18 1.3 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 18 1.4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18

    CAPTULO 2 ............................................................................................................. 21 2 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................. 21

    2.1 HIGIENE OCUPACIONAL NO BRASIL .................................................................. 21 2.2 COMPOSIO QUMICA DO CONCRETO .......................................................... 26 2.2.1 Composio qumica do cimento .......................................................................... 26 2.3 LCALIS CUSTICOS .............................................................................................. 29 2.3.1 Metais Alcalino-Terrosos ........................................................................................ 29 2.4 INSALUBRIDADE ....................................................................................................... 30 2.5 HISTRICO SOBRE OS AGENTES QUMICOS E AS FONTES DE EXPOSIO ...................................................................................................................... 32 2.6 IDENTIFICAO E AVALIAO DE RISCOS AMBIENTAIS ............................ 37 2.6.1 RISCOS FSICOS ................................................................................................... 37 2.6.2 RISCOS BIOLGICOS .......................................................................................... 37 2.6.3 RISCOS QUMICOS ............................................................................................... 38 2.6.4 RISCOS ERGONMICOS .................................................................................... 38 2.6.5 RISCOS DE ACIDENTES ...................................................................................... 39

    CAPTULO 3 ............................................................................................................. 40 3 IDENTIFICAO DE AGENTES NOCIVOS NA CONSTRUO CIVIL ............... 40

    3.1 PCMAT E AS MEDIDAS PREVENTIVAS .............................................................. 40 3.1.1 Epis na construo civil ......................................................................................... 42 3.1.2 Epcs na construo civil ........................................................................................ 43

  • 3.2 PROCESSOS DE TRABALHOS COM MANUSEIO DE PRODUTO QUMICO USO DO CIMENTO NA CONSTRUO CIVIL ......... Erro! Indicador no definido.4 3.3 APLICAO DO CIMENTO EM CANTEIROS DE OBRAS E SUAS PREVENES ..................................................................................................................... 45 3.4 DOENAS OCUPACIONAIS RELATIVAS AO MANUSEIO DO CIMENTO - DERMATOSES ..................................................................................................................... 46 3.5 LEGISLAES TRABALHISTA E PREVIDENCIRIA ....................................... 51 4 CONCLUSES ...................................................................................................... 54 5 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 56

  • CAPTULO 1

    1- INTRODUO

    A indstria da construo civil um dos setores que visivelmente promove o desenvolvimento do pas em mbito geral, pois fomenta milhares de empregos diretos e indiretos, bem com traz o desenvolvimento para a sociedade.

    um setor que se expande e se diversifica muito rapidamente em funo das tcnicas de construo utilizadas e seus produtos com novas tecnologias.

    O mega setor da construo civil composto pelas construtoras, incorporadoras e prestadoras de servios, por vrios segmentos da indstria de materiais de construo e pelo comrcio.

    Esse setor pode ser segmentado em seis cadeias de produo: cadeia de produtos de madeira: extrao, serrarias; a cadeia de argilas e silicatos: cermicas, azulejos, vidros, pedra, areia; a cadeia dos calcrios: cimento, cal, gesso, concreto; a cadeia de produtos derivados de materiais qumicos e petroqumicos: pisos, revestimentos, tubos, conexes, tintas, vernizes; a de produtos da siderurgia e metalurgia de ferrosos; produtos da siderurgia e metalurgia de no-ferrosos: esquadrias, vergalhes, metais sanitrios.

    Os fundamentos da economia mostram que, numa perspectiva conservadora, possvel sustentar uma taxa mdia de crescimento de 4% ao ano entre 2007 e 2030, conforme projees de cenrios da Fundao Getlio Vargas (FGV, 2010).

    Numa perspectiva geral em duas dcadas, o pas ter um contingente de mais de 230 milhes de pessoas e cerca de 95 milhes de famlias. Nesse percurso, 37 milhes de moradias sero construdas em todo o pas, em uma mdia de 1,6 milhes por ano. Isso implica um vasto horizonte de negcios. Ao atender essa demanda, o faturamento das construtoras, por exemplo, saltar de R$ 53,5 bilhes, em 2007, para R$ 129,6 bilhes, em 2030. Em razo da expanso habitacional, as vendas das indstrias de materiais de construo devem crescer 4,8% ao ano em mdia no perodo considerado (FGV, 2010).

    Notoriamente o crescimento da classe mdia implicar em um perfil de

  • demanda progressivamente alto e qualificado, como reflexo dos progressos significativos da renda e do desenvolvimento humano. Sendo assim, a cadeia produtiva da indstria da construo tem um papel central em tal dinmica, sendo ao mesmo tempo, promotora da renda, do emprego, do investimento e da qualidade de vida dos cidados no Brasil (FGV, 2010).

    A presente pesquisa busca avaliar os agentes de risco em geral presentes nas atividades de construo civil e fundamentar quanto nocividade do cimento e os possveis danos sade de trabalhadores da construo civil que resultam no enquadramento legal de insalubridade.

  • 1.2 OBJETIVOS

    1.2.1 OBJETIVO GERAL

    Avaliar a nocividade do cimento e os possveis danos sade de trabalhadores da construo civil.

    1.2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    - Identificar os riscos ambientais: qumicos, fsicos, biolgicos e de acidentes de forma geral quem acometem os trabalhadores em canteiro de obras de construo civil;

    - Identificar os danos sade, elencados com a avaliao de riscos; - Relacionar as medidas preventivas de neutralizao aos riscos

    levantados que acometem os trabalhadores da construo civil; - Indicar medidas de proteo coletiva e individual; - Avaliar os processos de trabalho em que h contato com agente qumico

    - cimento, sua nocividade e a exposio dos trabalhadores; - Avaliar a legislao trabalhista e previdenciria quanto ao

    enquadramento legal para insalubridade relacionado exposio ao agente qumico - cimento.

    1.3 JUSTIFICATIVA

    Mesmo com os efeitos da crise financeira internacional explcita, o setor da construo destacou-se pela gerao de postos de trabalho no mercado formal, em ritmo intenso durante todo o ano de 2009 e incio de 2010 e em ritmo intenso.

    Parte da explicao para este fato pode ser encontrada na adoo e ampliao de um conjunto de medidas adotadas pelo governo para combater os efeitos da crise sobre a economia e nas obras necessrias devido a eventos internacionais que acontecero no pas:

    reduo da taxa bsica de juros;

  • ampliao de linhas de financiamento habitacional, como o programa Minha Casa, Minha Vida;

    manuteno e ampliao do programa de recuperao da infra estrutura, conhecido como Programa de Acelerao do Crescimento (PAC) e;

    os investimentos para realizao da Copa do Mundo de Futebol em 2014, que acontecer em 12 cidades (capitais) de diferentes regies brasileiras, e as Olimpadas de 2016 que acontecero no Rio de Janeiro.

    A adoo de medidas de combate crise econmica mundial pelo governo, como a reduo da taxa de juros e a ampliao de crdito subsidiado, foi responsvel pela manuteno e retomada do financiamento imobilirio. Essas aes contriburam para reaquecer a construo em 2009.(DIEESE, 2011)

    Cada vez mais a segurana e a sade no trabalho esto vinculadas aos diversos ramos da indstria da construo civil. Com a tecnologia dos servios e produtos, o mercado busca a excelncia e principalmente a qualidade de vida nos servios oferecidos ao seu consumidor.

    A legislao trabalhista em vigor torna obrigatrio que as empresas de construo civil atendam o disposto na NR 18 - Programa de Condies e Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da Construo (PCMAT). Atravs da implementao de aes preventivas nas obras, a sade e integridade fsica dos trabalhadores tem uma maior ateno. Um dos agentes de risco mais presentes nas atividades de construo civil o manuseio e aplicao de concreto, no qual utilizado cimento que em contato com gua se transforme em uma calda cida.

    1.4 METODOLOGIA

    Para atingir os objetivos propostos nesta pesquisa de avaliao da nocividade do cimento e os possveis danos sade dos trabalhadores em atividades da construo civil, sero realizadas algumas etapas a seguir:

    - Identificar os riscos ambientais: qumicos, fsicos, biolgicos e de acidentes de forma geral quem acometem os trabalhadores em canteiro de obras de construo civil;

  • Atravs de pesquisa em canteiro de obras e tabulando os dados informados. Pesquisa literria do levantamento dos ltimos anos, fazendo um parmetro entre os principais riscos ambientais.

    - Identificar os danos sade, elencados com a avaliao de riscos; Mostrar dos riscos x sade conforme seu nvel nocividade com base na literatura especializada e legislao vigente.

    - Relacionar as medidas preventivas de neutralizao aos riscos levantados que acometem os trabalhadores da construo civil;

    Estabelecer uma tabela de medidas preventivas e sua efetiva aplicao pelos trabalhadores expostos aos riscos.

    - Indicar Medidas de proteo coletiva e individual; Com base na legislao vigente, mostrar os tipos de equipamentos de

    proteo coletiva (EPC) e individual (EPI), que minimizam e at excluem os riscos dos trabalhadores nas obras civis.

    - Avaliar os processos de trabalho em que h contato com agente qumico - cimento, sua nocividade e a exposio dos trabalhadores;

    De forma objetiva fazer a avaliao nos processos de trabalho com o uso do cimento, bem como todos agentes qumicos envolvidos no processo.

    - Avaliar a legislao trabalhista e previdenciria quanto ao enquadramento legal para insalubridade relacionado exposio ao agente qumico - cimento.

    Com base na legislao vigente e literatura especializada, mostrar de forma clara quanto ao enquadramento legal dentro da atividade que os trabalhadores expostos desenvolvem dentro da indstria da construo civil.

  • CAPTULO 2

    2- FUNDAMENTAO TERICA

    2.1 - HIGINE OCUPACIONAL NO BRASIL

    A higiene do trabalho ou higiene ocupacional um conjunto de medidas preventivas relacionadas ao ambiente do trabalho, tendo como seu foco reduo de acidentes de trabalho e doenas ocupacionais. A higiene do trabalho consiste em combater as doenas profissionais (CAVALCANTE, 2010).

    Segundo a NR-9, a Higiene Ocupacional visa preveno da doena ocupacional atravs do reconhecimento, avaliao, controle dos agentes ambientais, prevendo uma atuao deliberada no ambiente de trabalho como forma de prevenir a doena (CAVALCANTE, 2010).

    O objetivo principal da higiene ocupacional reduzir a exposio de mdio e longo prazo, visto que, nem sempre possvel eliminar totalmente o risco do ambiente de trabalho. O Programa de Preveno de Risco Ambientais (PPRA), parte integrante de um conjunto de medidas que visam a preservao da sade e da integridade dos trabalhadores na empresa, por isso deve estar articulado ao Programa de Controle Mdico Ocupacional (PCMSO) previsto na NR-7. Baseia-se atravs da antecipao, reconhecimento, avaliao e controle da ocorrncia de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, constituindo nada mais que a base da higiene ocupacional (CAVALCANTE, 2010).

    Assim como ocorreu em outros pases, o Brasil utilizou-se de mo-de-obra escrava, na minerao e na agricultura, entre outras atividades econmicas, at o final do sculo XIX. Por mais de 350 anos, praticamente no existiam outras formas de trabalho que no fossem executadas por escravos. Isto pode explicar, em parte, o nmero reduzido de informaes disponveis sobre as doenas relacionadas ao trabalho, at bem prximo do fim da escravido no Brasil. (SANTOS, 2004 p. 23).

    No incio do sculo XX, Oswaldo Cruz realizou estudos e trabalhos voltados ao combate s epidemias de doenas infecciosas relacionadas com o trabalho, tais como a malria e a ancilostomose, que incapacitaram e mataram milhares de trabalhadores na construo de ferrovias, e a febre amarela nos portos.

  • Em 1910, ele dirigiu pessoalmente frentes de trabalho na ferrovia, Madeira-Mamor. (SANTOS, 2004 p. 23).

    O primeiro surto industrial no Brasil ocorreu no final do sculo XIX, basicamente no Rio de Janeiro e So Paulo, at 1920 guardando semelhana com a Revoluo Industrial da Inglaterra de cem anos antes. As indstrias montadas aqui haviam sido transferidas da Europa, e no Brasil ainda no havia tradio de trabalho livre, o que coloca o trabalhador como vendedor da fora de trabalho e de outro, o capitalista, na condio de comprador dessa fora de trabalho. Nem o trabalhador nem o empregador conheciam outra prtica no trato com a fora de trabalho, que no fosse a chibata. (SANTOS, 2004 p. 23).

    Vrios estudos fazem referncias s ms condies de trabalho, jornada prolongada sem remunerao de hora extra, utilizao de mo-de-obra feminina e infantil e ocorrncias de acidentes e doenas profissionais. (SANTOS, 2004 p. 23).

    Em decorrncia de movimentos sociais, tem incio a Interveno do Estado, com fixao das relaes de trabalho por meio de legislao especfica. aprovada ento, a primeira lei sobre Acidentes de Trabalho (Decreto Legislativo n 3.754 de 15/01/1919), que acabou no refletindo o movimento social e, sim, o movimento dos empregadores, reunido no Centro Industrial do Brasil. Era necessria interveno da autoridade policial em todas as ocorrncias de acidentes do trabalho. (SANTOS, 2004 p. 24).

    Segundo autores do incio do sculo XX, por influncia de correntes europias, a legislao foi direcionada para a Medicina Legal que estuda os infortnios ou riscos industriais, propriamente, acidentes do trabalho e doenas profissionais. (SANTOS, 2004 p. 24).

    Segundo Santos (2004), do ponto de vista jurdico-institucional, na primeira metade do sculo XX, a Higiene Ocupacional encontra-se relacionada aos seguintes fatos:

    Em 1923, foi criada a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional, junto ao Departamento Nacional de Sade, embrio do Ministrio da Sade, que se estabeleceu at 1930;

    Em 1934, foi decretada, a segunda Lei de Acidentes do Trabalho (Decreto n 24.637, de 10/07/34), sendo criada a Inspetoria de Higiene e Segurana do Trabalho, no mbito do Departamento

  • Nacional do Trabalho, do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio;

    Em 1938, a inspetoria transformou-se em Servio de Higiene do Trabalho e, em 1942, em Diviso de Higiene e Segurana do Trabalho;

    Em 1943, a legislao do trabalho, que se encontrava dispersa, foi agrupada na primeira Consolidao das Leis do Trabalho CLT (Decreto-lei n 5.452, de 01/05/43). A legislao brasileira baseada na Recomendao 112 da OIT foi expressa no Captulo V da CLT e, em 1944, a legislao sobre acidentes do trabalho reformulada, por meio do Decreto-lei n 7.036.

    Portanto, foi durante o governo de Getlio Vargas, e aps a reestruturao do Estado, que ficou definida a atuao do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio, que exerceu influncia na formao de profissionais por meio da realizao de cursos de Enfermagem, Medicina, Engenharia e Segurana do Trabalho. Ele gerou vrios trabalhos prticos, e atuou na regulamentao e fiscalizao da legislao. (SANTOS, 2004 p. 25).

    Entre os anos de 30 e 50, a Higiene contou com os trabalhos realizados pelo Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM), sendo alguns deles em conjunto com o Ministrio do Trabalho, nas minas de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre eles, temos: Higiene das Minas de Ouro, Silicose, Morro Velho, Minas Gerais, Higiene das Minas de Ouro Silicose e outras doenas dos Mineiros de Passagem, Silicose e Silicotuberculose, Higiene das Minas Asbestose. (SANTOS, 2004 p. 25).

    Em 1945, a Escola de Higiene e Sade Pblica foi reconhecida como Faculdade de Sade Pblica. Em 1973, forma-se a primeira turma do Curso de Medicina, Higiene e Segurana do Trabalho. (SANTOS, 2004 p. 26).

    Nessa mesma poca, surgiram inmeras instituies que contriburam para a disseminao dos conhecimentos de Higiene Ocupacional, tais como o Servio Social da Indstria SESI, nos Estados de So Paulo e Rio de Janeiro, a Associao Brasileira para a Preveno de Acidentes ABPA, o Servio Social de Sade Pblica e as Faculdades de Direito, de Engenharia e de Medicina. Deve-se ressaltar que vrias delas continuam atuando na rea at hoje. (SANTOS, 2004 p. 26). Em 1966, a Lei n 5.161, de 21 de outubro, criava a Fundao Centro Nacional

  • de Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho FUNDACENTRO, com sede em So Paulo, destinada a realizar estudos e pesquisas pertinentes a Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho. (SANTOS, 2004 p. 27).

    A FUNDACENTRO iniciou suas atividades em 1969 e destacam-se entre seus trabalhos iniciais as pesquisas sobre inseticidas organoclorados, bissinose, a doena pulmonar que acomete os trabalhadores que inalam fibras de algodo, rudos e vibraes em trabalhadores que operam marteletes pneumticos, exposio ocupacional slica em trabalhadores de cermica e exposio ocupacional de chumbo. (SANTOS, 2004 p. 27).

    A FUNDACENTRO foi criada a exemplo de outros institutos de pesquisa da rea de Sade Ocupacional existentes, como o de Helsinque, na Finlndia e o NIOSH nos Estados Unidos. Ela tem respondido a inmeras demandas sobre riscos ambientais, esforos repetitivos, agrotxicos e educao entre outros temas. (SANTOS, 2004 p. 27).

    Durante os anos 80, surgiram outros centros de estudo sobre sade e segurana do trabalhador. So exemplos os Centros de Estudos sobre Sade do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH), ligado Fundao Oswaldo Cruz e Escola Nacional de Sade Pblica no Rio de Janeiro, o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Sade e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT) EM So Paulo e o Instituto Nacional de Sade no Trabalho (INST) da Central nica dos Trabalhadores (CUT). (SANTOS, 2004 p. 28).

    Com a Constituio de 1988, ampliaram-se em nosso pas atribuies e responsabilidades dos estados e dos municpios na rea de Sade e Segurana do Trabalhador, de maneira que os Centros de Referncia de Sade do Trabalhador Estaduais e as Vigilncias Sanitrias passaram a ter competncia para atuar no Sistema nico de Sade. (SANTOS, 2004 p. 28).

    Em decorrncia dos vrios movimentos da sociedade brasileira, ocorreram tambm mudanas na legislao na rea de Sade e Segurana dos Trabalhadores. Foram revisadas algumas Normas Regulamentadoras e preconizados programas de preveno, visando preservao da sade e integridade fsica dos trabalhadores. Surgem, ento, no mbito do Ministrio do Trabalho, o Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle Mdico em Sade Ocupacional (PCMSO), Programa de Preveno Ocupacional ao Benzeno (PPEOB), Programa de Condies e Meio Ambiente de

  • Trabalho na Indstria da Construo (PCMAT), Programa de Conservao Auditiva (PCA) e o Programa de Proteo Respiratria (PPR). (SANTOS, 2004 p. 28).

    O PPRA, em especial, o instrumento pelo qual a Higiene Ocupacional, de forma articulada com os outros programas e com a participao dos trabalhadores, desenvolver suas aes, por meio da antecipao, reconhecimento, avaliao e consequentemente, do controle de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, levando-se em considerao a proteo do meio ambiente e dos recursos naturais. (SANTOS, 2004 p. 28).

    No que se refere legislao, a Portaria n 3.214, de 08/06/78, foi elaborada com base nas sugestes da FUNDACENTRO. Coube Diviso de Higiene do Trabalho o texto base das Normas Regulamentadoras, n 15 Atividades e Operaes Insalubres n 9 Riscos Ambientais. Aps a divulgao da Portaria, surgiram demandas para a realizao de percias tcnicas de investigao de insalubridade. Esses trabalhos ajudaram a desvelar aspectos do universo dos riscos, mostrando a situao das empresas e dos trabalhadores naquela poca, permitindo uma sistemtica e objetiva hierarquizao dos principais problemas de interesse da sade dos trabalhadores. (SANTOS, 2004 p. 31).

    Um exemplo o levantamento das condies de trabalho nas cermicas na cidade de Pedreira, no interior de So Paulo, por equipe multidisciplinar na avaliao dos fatores de risco, determinao dos teores de slica livre cristalina no ar ambiente e avaliao mdica dos trabalhadores de mais de 30 empresas do setor de cermica. (SANTOS, 2004 p. 31).

    O outro exemplo, refere-se ao estudo na Siderurgia, sobre a exposio ocupacional ao Benzeno, que gerou inmeros trabalhos posteriores, fornecendo subsdios para o estabelecimento da Portaria Interministerial n3 MTb/MS, que limitou a 1% a quantidade permitida de Benzeno em produtos acabados. (SANTOS, 2004 p. 31).

    A FUNDACENTRO atravs da Diviso de Higiene desenvolveu novos estudos de mtodos de coleta e anlise de agentes qumicos sob gerenciamento da qualidade (slica, amianto, fenol urinrio, cromo, nquel, zinco, tolueno e benzeno, chumbo, gases e vapores) e a exposio aos agentes fsicos (rudo, vibraes, calor, frio, iluminamento, radiaes entre outros) respondendo, assim, s questes tcnicas relacionadas ao tema, as demandas sociais, gerando resultados cientficos

  • confiveis e repassando esses conhecimentos atravs de cursos, estgios, seminrios, artigos tcnicos em revistas especializadas da rea. (SANTOS, 2004 p. 32). Em 1984 surgiram as Sries Tcnicas de Avaliao Ambiental, Normas de Higiene do Trabalho e Fichas de Orientao para Produtos Qumico publicadas na Revista Brasileira Sade Ocupacional. (SANTOS, 2004 p. 31).

    notrio como a segurana vem sendo, a cada dia, tratada com mais seriedade pelas empresas, principalmente, a partir do advento dos programas de qualidade (ISO 9000, ISO 14000 e OHSAS 18000). A segurana tornou-se preveno de perdas e a higiene ocupacional uma ferramenta indispensvel e estratgica para um aumento das funes laborais tanto produtivas quanto humanas (PIMENTEL, 2009).

    2.2- COMPOSIO QUMICA DO CONCRETO

    Pode ser definido como concreto qualquer mistura de materiais com aglomerantes que lhe conferem resistncia mecnica e dureza (ROBERTO, 2008).

    Na pr-histria, algumas obras como muro de proteo para a defesa da vila eram confeccionadas amontoando-se pedras com uma pasta formada de areia e gordura de baleia. Na mesopotmia misturava-se palha ao barro amassado que depois de secos ao sol formavam placas rgidas que foram utilizadas nas paredes estruturais que sustentaram os famosos Jardins Suspensos (ROBERTO, 2008).

    Desde as construes na Grcia Antiga, no Egito Antigo, na Roma Antiga, na idade Mdia e nas construes modernas, o concreto vem sendo constantemente aperfeioado procurando-se tirar proveito de suas inmeras propriedades.

    Basicamente, so dois os componentes que fazem parte do concreto: O agregado e o aglomerante. Agregado qualquer material inerte que d volume massa e o aglomerante um produto que serve de cola (ROBERTO, 2008).

    2.2.1 COMPOSIO QUMICA DO CIMENTO

    O cimento um ligante hidrulico usado nas edificaes e na Engenharia Civil. um p fino obtido da moagem do clnquer (calcrio + argila + gesso), cozido a altas temperaturas (1400 a 1450 C).

  • O cimento composto predominantemente por silicatos e aluminatos de clcio, xidos de ferro e magnsio, lcalis e sulfatos. De um modo geral, a composio mdia dos cimentos nacionais a seguinte:

    CaO .......................................................... 61 a 67% SiO2 .......................................................... 20 a 23% Fe2O3 ........................................................ 2 a 3,5% Al2O3 ........................................................ 4.5 a 7% MgO ......................................................... 0,8 a 6% SO3 ........................................................... 1 a 2,3% lcalis ...................................................... 0,3 a 1,5%

    O cimento deve ser manipulado com cuidados de higiene e proteo pessoal, pois podem ocorrer dermatoses aps seu contato com a pele. A de maior ocorrncia a dermatite de contato por irritao (ALI, 2001).

    A ao do cimento resultante da alcalinidade de silicatos, aluminatos e slicoaluminatos. Essa alcalinidade no chega a ser agressiva, mas propicia as condies para instalao de um processo de sensibilidade, ou seja, uma condio alrgica (ALI, 2001).

    Quando um cimento com pouco teor de umidade entra em contato com a pele e no logo removido, absorve umidade; aps algum tempo, torna a pele seca, enrijecida e espessa. A habitualidade deste contato deixa a pele frgil, resultando em fissuras e rachaduras denominadas leses indolentes, nas quais podem ocorrer infeces secundrias (ALI, 2001).

    O cimento, a argamassa de cimento ou concreto, quando em contato frequente com a pele, podem ressecar irritar ou ferir as mos, os ps ou qualquer local da pele onde a massa de cimento permanecer por determinado tempo, ou produzir reaes alrgicas, dependendo do contato do cimento com essas partes do corpo (ALI, 2001).

    Recomenda-se, para proteger a pele: a) Evitar o trabalho com ferramentas que sujem a pele. Devem-se manter as ferramentas limpas; b) Na preparao da massa de cimento, usar luvas e botas de borracha forradas internamente; c) No trabalhar descalo ou de chinelo de dedo. Botas de borracha ou de couro protegem os ps; d) Evitar trabalhar de bermuda. Sempre que possvel, deve-se vestir cala comprida;

  • e) Trocar, logo que possvel, as roupas sujas de massa ou calda de cimento; f) Luvas ou botas rasgadas ou furadas, muito largas ou apertadas so contraindicadas; g) Se cair concreto dentro da luva ou bota, deve-se lav-las imediatamente, assim como as mos e os ps. Isto evitar ferimentos e queimaduras pelo cimento; i) Se a pele for atingida ou as mos forem afetadas, faa a higiene no local atingido o mais breve possvel; j) Ao utilizar a betoneira, use sempre culos de segurana, luvas, botas e capacete.

    Se as mos ou os ps de um trabalhador da construo civil estiverem feridos ou irritados aps contato com o cimento, ele deve procurar o servio mdico, seja na empresa (caso houver) ou no posto de sade mais prximo. Durante o perodo de tratamento, o trabalhador deve evitar contato com cimento at as reas afetadas melhorarem. Caso o trabalhador necessite voltar ao servio, dever utilizar luvas e botas para proteo, pois ao manusear cimento com as mos ou os ps irritados ou feridos, poder ter sua situao agravada, inclusive adquirindo alergia ao produto. A dermatose ocorrida no servio considerada acidente de trabalho. Se isso acontecer, a empresa deve emitir a Comunicao de Acidente do Trabalho (CAT), a fim de assegurar o tratamento integral da dermatose (ALI, 2001).

    As dermatoses pelo cimento constituem um problema que pode ser minimizado se medidas de higiene adequadas forem adotadas e tambm com a utilizao dos equipamentos de segurana (EPIs) adequados para cada atividade (ALI, 2001).

    Um dos principais elementos que necessariamente devem ser avaliados pelos peritos na elaborao de seu laudo diz respeito ao tempo com exposio ao risco que o trabalhador despende na sua jornada diria de trabalho: Veja-se o que determina a Portaria 3311/89:

    4. ANLISE QUALITATIVA: 4.4 - do tempo de exposio ao risco - a anlise do tempo de exposio traduz a quantidade de exposies em tempo (horas, minutos, segundos) a determinado risco operacional sem proteo, multiplicado pelo nmero de vezes que esta exposio ocorre ao longo da jornada de trabalho. Assim, se o trabalhador ficar exposto durante 5 minutos, por exemplo, a vapores de amnia (risco operacional), e esta exposio se repete por 5 ou 6 vezes durante a jornada de trabalho, ento seu tempo de exposio de 25 a 30 minutos por dia, o que traduz a eventualidade do fenmeno. Se, entretanto, ele se expe ao mesmo agente (de risco operacional) durante 20 minutos e o ciclo se repete por 15 a 20 vezes, passa a exposio total a contar com 300 a 400 minutos por dia de trabalho, o que caracteriza uma situao de intermitncia. Se, ainda, a

  • exposio (ao risco operacional) se processa durante quase todo ou todo o dia de trabalho, sem interrupo, diz-se que a exposio de natureza contnua.

    5- ANLISE QUANTITATIVA a fase que compreende a medio do risco imediatamente aps as consideraes qualitativas, guardando ateno especial essncia do risco e ao tempo de exposio. Esta etapa ou fase pericial s possvel realizar quando o tcnico tem convico firmada de que os tempos de exposio, se somados, configuram uma situao intermitente ou contnua. A eventualidade no ampara a concesso do adicional, resguardados os limites de tolerncia estipulados para o risco grave e iminente, (grifos nossos)

    2.3 LCALIS CUSTICOS

    Os lcalis custicos so produtos cidos usados geralmente em detergentes, contendo substncias qumicas como hidrxido de clcio, soda custica, potassa custica e hidrxido de potssio (NETO, 1994).

    Os metais alcalinos e alcalino-terrosos so grupados, segundo seus orbitais mais extremos: Metais alcalinos (grupo I A Ltio, Sdio, Potssio, Rubdio, Csio, Frncio) possuem um eltron no orbital mais externo (NETO, 1994).

    A palavra lcali derivada do rabe, significando cinzas de plantas. Os alcalinos so metais leves, reagem com a gua (principalmente o sdio), formando hidrxidos (NETO, 1994).

    Os hidrxidos de potssio e sdio so chamados respectivamente de potassa custica e soda custica, por terem ao agressiva (custica) quando em contato com a pele. Portanto esses dois hidrxidos so vulgarmente conhecidos como lcalis custicos (NETO, 1994).

    Os carbonatos desses metais (solveis em gua) tambm podem ser considerados como lcalis custicos j que, por reao com a gua, do origem a hidrxidos de acordo com a equao 1 representada: (NETO, 1994).

    Na2CO3 + H2O 2NaOH + CO2.(Equao 1)

    2.3.1 Metais Alcalino-Terrosos (Grupo II A Berlio, Magnsio, Clcio, Estrncio, Brio, Rdio), possuem dois eltrons no orbital mais externo.

  • A palavra terroso provem de um termo da alquimia que se referia a qualquer composto de um metal que no fosse muito solvel em gua e que fosse estvel a altas temperaturas (NETO, 1994).

    Quando se descobriu que os xidos desses elementos do grupo II-A davam reaes bsicas, foram os mesmos chamados de alcalino-terrosos. Constituem uma srie de metais reativos, formando compostos inicos, porm menos bsicos que os do grupo I-A (NETO, 1994).

    Os hidrxidos de Clcio e Magnsio no so considerados como lcalis custicos por no possurem as caractersticas de causticidade dos hidrxidos de Sdio e Potssio (NETO, 1994).

    2.4 INSALUBRIDADE

    De acordo com a NR-15, so consideradas atividades ou operaes insalubres as que se desenvolvem acima dos limites de tolerncia previstos nos Anexos n. 1, 2, 3, 5, 11 e 12; Nas atividades mencionadas nos Anexos n. 6, 13 e 14; Comprovadas atravs de laudo de inspeo do local de trabalho, constantes dos Anexos n. 7, 8, 9 e 10 (SARAIVA, 2010).

    Entende-se por "Limite de Tolerncia", para os fins desta Norma, a concentrao ou intensidade mxima ou mnima, relacionada com a natureza e o tempo de exposio ao agente, que no causar dano sade do trabalhador, durante a sua vida laboral (SARAIVA, 2010).

    O exerccio de trabalho em condies de insalubridade, de acordo com os subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a percepo de adicional, incidente sobre o salrio mnimo da regio, equivalente a: 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau mximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau mdio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mnimo (SARAIVA, 2010).

    No caso de incidncia de mais de um fator de insalubridade, ser apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acrscimo salarial, sendo vedada a percepo cumulativa (SARAIVA, 2010).

    A eliminao ou neutralizao da insalubridade determinar a cessao do pagamento do adicional respectivo (SARAIVA, 2010).

  • A eliminao ou neutralizao da insalubridade dever ocorrer: (SARAIVA, 2010).

    a) com a adoo de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerncia;

    b) com a utilizao de equipamento de proteo individual. Cabe autoridade regional competente em matria de segurana e sade

    do trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo tcnico de engenheiro de segurana do trabalho ou mdico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos insalubridade quando impraticvel sua eliminao ou neutralizao (SARAIVA, 2010).

    A eliminao ou neutralizao da insalubridade ficar caracterizada atravs de avaliao pericial por rgo competente, que comprove a inexistncia de risco sade do trabalhador (SARAIVA, 2010).

    facultado s empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministrio do Trabalho, atravs das DRTs, a realizao de percia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou determinar atividade insalubre (SARAIVA, 2010).

    Nas percias requeridas s Delegacias Regionais do Trabalho, desde que comprovada insalubridade, o perito do Ministrio do Trabalho indicar o adicional devido (SARAIVA, 2010).

    O perito descrever no laudo a tcnica e a aparelhagem utilizadas. O disposto no item 15.5 no prejudica a ao fiscalizadora do MTb nem a realizao ex-officio da percia, quando solicitado pela Justia, nas localidades onde no houver perito (SARAIVA, 2010).

    Insalubridade conceito amplo, envolvendo circunstncias ambientais geradoras de distrbios na higidez do trabalhador. (MARTINEZ, 2000)

    O direito ao adicional de insalubridade concedido em situaes de trabalho que apresentam riscos Fsico, Qumicos ou Biolgicos, dependendo de critrios quantitativos e qualitativos para serem identificados (ATLAS, 2010).

    Segundo a Norma Regulamentadora NR 15, so consideradas atividades ou operaes insalubres as que se desenvolvem acima dos limites de tolerncia (anlise quantitativa) previstos em seus respectivos anexos para as atividades que apresentam os seguintes riscos ambientais: rudo contnuo ou intermitente, rudos de impacto, exposio ao calor, radiaes ionizantes, agentes qumicos com limite de

  • tolerncia e poeiras minerais. Tambm so consideradas aquelas situaes de trabalho que no possuem limite de tolerncia (anlise qualitativa) que envolvem os seguintes riscos: atividades sob condies hiperbricas, agentes qumicos de avaliao qualitativa e agentes biolgicos. Com necessidade de comprovao atravs de laudo, as atividades que apresentam riscos de radiaes no-ionizantes, vibraes, frio e umidade tambm fazem jus ao adicional. O exerccio de trabalho em condies de insalubridade assegura ao trabalhador a percepo de adicional, incidente sobre o salrio-mnimo da regio, equivalente a 40% para grau mximo, 20% para grau mdio ou 10% para grau mnimo (ATLAS, 2010)

    2.5 - HISTRICO SOBRE OS AGENTES QUMICOS E AS FONTES DE EXPOSIO

    Existe algo em torno de 100 mil substncias em uso, sendo que mil so reconhecidamente txicas. A pesquisa do limite de tolerncia (LT) ou threshold limitvalues (TLV) est direcionada para as substncias mais utilizadas nas atividades industriais. A American Conference of Governmental Industrial Higyenists (ACGIH) apresenta TLV para quase 600 substncias, enquanto a NR 15 possui LT para cerca de 150. Da a importncia de complementar a pesquisa com os TLV da ACGIH, conforme sugerido pela NR 9 (Programa de Preveno dos Riscos Ambientais PPRA), para auxiliar o programa de higiene ocupacional. (MILANELI, 2011 p. 213).

    Os agentes qumicos podem ser subdivididos de acordo com as suas caractersticas em: lquido, slido, vapor ou gs. De acordo com as caractersticas qumicas, em orgnicos e inorgnicos (metais, semimetais). De acordo com o tipo de mistura no ar atmosfrico, em poeira, neblina, nvoa ou fumo. Os agentes qumicos orgnicos podem ainda ser, subdivididos de acordo com sua estrutura, em hidrocarbonetos, lcoois, protenas, aminocidos, etc. possvel, ainda, subdividi-los de acordo com as suas diferenas na explosividade, inflamabilidade, tamanho de partcula, volatilidade, radiotividade, acidez, entre outros. (SANTOS, 2004 p. 51).

    Para Milaneli (2011), a FUNDACENTRO classifica as substncias qumicas em sete grupos, em funo da ao nociva ao organismo do trabalhador.

    Grupo I Substncias de ao generalizada sobre o organismo: correspondem aos agentes cujos efeitos no organismo dos trabalhadores dependem

  • da quantidade de substncias absorvida, estando representados pela maioria das substncias relacionadas no Quadro 1 do Anexo 11 da NR 15, aos quais se aplica o limite de tolerncia mdia ponderada (p. ex., cloro, chumbo, dixido de carbono, monxido de carbono e nitroetano).

    Grupo II Substncias de ao generalizada sobre o organismo, podendo ser absorvida, tambm, por via cutnea: correspondem aos agentes qumicos que, alm de exporem os trabalhadores, pelas vias respiratrias, tambm exigem a proteo individual para os membros superiores e outras partes do corpo onde pode ocorrer a aboro cutnea do agente qumico (p. ex., anilina, benzeno, bromofrmio, fenol, percloretileno, tetracloreto de carbono e tolueno).

    Grupo III Substncias de efeito extremamente rpido: correspondem aos agentes qumicos que tm indicados os limites mximos, os quais no podem ser ultrapassados, em momento algum, durante a jornada de trabalho (p. ex, cido clordrico e formaldedo).

    Grupo IV Substncias de efeitos extremamente rpidos, podendo ser absorvidas tambm por via cutnea: correspondem a apenas 4 substncias: lcool n-butlico, m-butilamona, monoetil hidrazina e sulfato de dimetila, as quais, alm de apresentarem limite de tolerncia (LT) mximo, podem ser absorvidas pela pele, exigindo, necessariamente, a utilizao do equipamento de proteo individual (EPI).

    Grupo V Asfixiantes simples: representados por alguns gases em altas concentraes no ar, atuam no sentido de deslocar o oxignio do ar sem provocar efeitos fisiolgicos importantes. Entende-se por asfixia o bloqueio dos processos tissulares causado pela falta de oxignio (p. ex., acetileno, argnio, hlio, hidrognio, metano, etano, etileno).

    Grupo VI Poeiras: substncias provenientes da desagregao mecnica de substncias slidas; dependendo da sua dimenso, podem causar pneumoconiose. A NR 15, em seu Anexo 12, prev trs agentes: asbestos (amianto), mangans e seus compostos e slica livre cristalizada.

    Grupo VII Substncias cancergenas: cientificamente comprovado que tais substncias causam cncer em seres humanos ou induzem cncer em animais sob determinadas condies experimentais (p.ex., alcatro de hulha, arsnico, asbesto, benzidina, berlio, 4 nitrodifenil, 4-aminodifenil, benzeno).

  • importante destacar a diferena conceitual entre gs e vapor porque, na prtica, comum usar vapor de gasolina e vapor dgua, e no gs de gasolina ou gs de gua. Por isso, necessrio apresentar as seguintes definies:

    Gs Os gases so disperses de molculas que se misturam com o ar, tornando-o txico, mas apenas quando esses gases possurem elementos txicos em sua constituio. Temos como exemplo o GLP Gs Liquefeito de Petrleo -, para uso domstico ou industrial, o monxido de carbono, o gs sulfdrico e o gs ciandrico, dentre outros. (PONZETTO, 2010 p. 27).

    Segundo Milaneli (2011), os gases so substncias encontradas em estado gasoso temperatura de 25C e compresso de 1 atmosfera, e altamente difusveis no meio ambiente.

    Vapor Os vapores so disperses de molculas no ar que podem se condensar para formar lquidos ou slidos em condies normais de temperatura e presso. Temos como exemplo os vapores de benzol, dissulfito de carbono etc. (PONZETTO, 2010 p. 27).

    Para Milaneli (2011), os vapores so a forma gasosa de substncias que se encontram sob o estado slido ou lquido a 25C de temperatura e a 1 atmosfera de presso; so altamente difusveis.

    Fisiologicamente, do ponto de vista de sua ao sobre o organismo, os gases e os vapores podem ser classificados em irritantes, anestsicos e asfixiantes. Embora se saiba que um mesmo agente qumico pode ser dos trs tipos simultaneamente, na pesquisa do agente em estudo, todos os riscos devem ser bem avaliados para um tratamento adequado. (MILANELI, 2011 p. 215).

    Segundo Milaneli (2011), seguem algumas orientaes essenciais para que o programa tenha xito:

    I O primeiro passo identificar, de forma qualitativa, todos os agentes qumicos supostamente provveis no ambiente pesquisado, por meio da pesquisa das Fichas de Informao de Segurana de Produtos Qumicos (FISPQ), as quais devem ser fornecidas pelo fabricante ou distribuidor toda vez que a empresa adquirir um produto qumico.

    II Nunca se deve desprezar um agente qumico sem ter certeza de suas caractersticas, pois muitos agentes tm valores de exposio muito baixos e podem ser altamente prejudiciais sade.

  • III Alguns agentes qumicos tm uma forma de disperso no ambiente como se fossem invisveis; como se eles emitissem uma radiao no ambiente imperceptvel aos sentidos e, quando no tm cheiro, ainda mais difcil identic-las. Portanto, as caractersticas de disperso devem ser estudadas.

    IV preciso cuidado de forma qualitativa que no existe exposio em determinadas atividades; isso envolve a sade das pessoas, ento, em caso de dvida, devem-se fazer avaliaes quantitativas.

    A NR 15 trata de uma categoria de agentes qumicos de suma importncia dentro do aspecto da higiene ocupacional, que so os aerodispersoides. Estes contaminantes englobam diversos sistemas, cujo meio de disperso gasoso e cuja fase dispersa consiste em partculas slidas ou lquidas. A classificao mais aceita aquela que diferencia os formados por disperso e por condensao, distinguindo os sistemas de acordo com a fase: dispersa, slida ou lquida. (MILANELI, 2011 p. 216).

    Os aerodispersoides formados por disperso, ou seja, como resultado da desintegrao mecnica da matria (pulverizao ou atomizao de slidos ou lquidos ou transferncia de p para o estado de suspenso, pela ao de correntes de ar ou vibrao), so, na maioria dos casos, constitudos por partculas mais grosseiras do que aquelas que constituem os formados por condensao; alm disso, contm partculas com uma maior variao de tamanho. (MILANELI, 2011 p. 216).

    Os aerodispersoides de condensao so formados pela condensao de vapores supersaturados ou pela reao entre gases, que leva a um produto no voltil. Nestes aerodispersoides, as partculas slidas so, em geral, agregados sem vigor, provenientes da coagulao de um grande nmero de partculas primrias de forma esfrica ou cristalina regular. Por outro lado, nos aerodispersoides por disperso, a fase dispersa slida consiste em partculas individuais ou agregados de formas complementares irregulares (fragmentos). (MILANELI, 2011 p. 216).

    No aerodispersoides cuja fase dispersa lquida, as partculas so esfricas e, quando colidem, podem fundir-se, produzindo uma nica partcula esfrica. Para diferenciar os diversos aerodispersoides, so utilizados os seguintes termos:

    Poeira So produzidas mecanicamente pela ruptura de partculas maiores. So classificadas em: Poeiras minerais slica, asbesto e

  • carvo mineral, por exemplo. Consequncias: silicose (quartzo), asbestose (amianto), pneumoconiose dos minrios de carvo (mineral); Poeiras Vegetais algodo e bagao de cana-de-acar, por exemplo. As consequncias so: bissinose (algodo), bagaose (cana-de-acar) etc; Poeiras Alcalinas: calcrio, por exemplo. As consequencias incluem: doenas pulmonares obstrutivas crnicas, efisema pulmonar; Poeiras incmodas: incluem consequencias como interao com outros agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho, potencializando sua nocividade. (OLIVEIRA, 2011 p.39).

    Nvoa e Neblina So partculas lquidas produzidas pela condensao de vapores e podem ser extremamente prejudiciais sade, quando o elemento qumico base um anidrido sulfrico, gs clordrico ou qualquer outro elemento com caractersticas corrosivas semelhantes. (PONZETTO, 2010 p. 27).

    Fumos Os chamados fumos so partculas slidas produzidas pela condensao de vapores metlicos. O exemplo mais comum de fumos metlicos o xido de zinco nas operaes de soldagem com materiais metlicos, vapores de chumbo em trabalhos a temperaturas superiores a 500 C e de outros metais em operaes de fuso. (PONZETTO, 2010 p. 27).

    Fumaa Fumaas produzidas pela combusto incompleta como a liberada pelos escapamentos dos automveis, que contm monxido de carbono. So, na verdade, contaminantes ambientais e representam risco sade. .(PONZETTO, 2010 p. 26).

    Para concluir este tema sobre os aero dispersoides, vale lembrar que os laboratrios especializados em anlise e coleta de amostra sabem bem, pelo tipo de produto e disperso, qual ser o enquadramento para o agente em estudo, o que fundamental para as etapas de quantificao. (MILANELI, 2011 p. 217).

  • 2.6 IDENTIFICAO E AVALIAO DE RISCOS AMBIENTAIS

    Os riscos ambientais so capazes de causar danos sade e integridade fsica do trabalhador em funo da sua natureza, concentrao, intensidade, susceptibilidade e tempo de exposio. inerente presena de um agente ambiental (DICLER, 2004).

    2.6.1 RISCOS FSICOS

    So efeitos gerados por mquinas, equipamentos e condies fsicas cujas caractersticas dependem do local de trabalho e que podem causar prejuzos sade do trabalhador (VECCHIONE, 2010).

    Tabela 1 Riscos Fsicos RISCOS FSICOS CONSEQUNCIAS Rudo Cansao, irritao, dores de cabea, diminuio

    da audio, aumento da presso arterial, problemas do aparelho digestivo, taquicardia e perigo de infarto.

    Vibraes Cansao, irritao, dores nos membros, dores na coluna, doenas do movimento, artrite, problemas digestivos, leses sseas e dos tecidos moles e leses circulatrias.

    Calor Taquicardia, aumento da pulso, cansao, irritao, internao, prostao trmica, choque trmico, fadiga trmica, hipertenso.

    Radiao Ionizantes Alteraes celulares, cncer, fadiga e problemas visuais.

    Radiao No Ionizante Queimaduras, leses nos olhos e na pele e em campos visuais.

    Umidade Doenas respiratrias, quedas, doenas da pele e circulatria.

    Presses anormais Hiperbarismos: Intoxicao pelos gases. Hipobarismo: Mal das montanhas

    Fonte: Dicler (2004)

    2.6.2 RISCOS BIOLGICOS

    So aqueles causados por microrganismos, tais como bactrias, fungos, vrus, bacilos, entre outros. Capazes de desencadear doenas devido contaminao, e pela prpria natureza do trabalho (VECCHIONE, 2010).

  • Tabela 2 Riscos Biolgicos RISCOS BIOLGICOS CONSEQUNCIAS Vrus, Bactrias e protozorios Doenas infecto- contagiosas Fungos e Bacilos Infeco variadas externas (dermatites) e

    internas (doenas pulmonares ) Parasitas Infeco cutneas ou sistmicas, podendo

    causar contgio Fonte: Dicler (2004)

    2.6.3 RISCOS QUMICOS

    So representados pelas substncias qumicas que se encontram nas formas lquida, slida e gasosa. Quando os agentes so absorvidos pelo organismo podem produzir reaes txicas e causar danos sade do trabalhador (VECCHIONE, 2010).

    Tabela 3 Riscos Qumicos RISCOS QUMICOS CONSEQUNCIAS Poeiras Vegetais Bissione (algodo) Bagaose (cana de acar) Poeiras Minerais Silicose (quartzo), abestose (amianto),

    pneumociniose (minrios de carvo) Fumos Metlicos Doena pulmonar obstrutiva crnica, febre de

    fumos metlicos e intoxicao especifica (minrio de carvo)

    Nvoa, gases e vapores, poeiras incomodas. Irritantes, asfixiantes e anestsicos. Interagem com outros agentes nocivos no ambiente de trabalho, aumentando a sua potencialidade.

    Fonte: Dicler (2004)

    2.6.4 RISCOS ERGONMICOS

    So aqueles relacionados ao processo produtivo e s tarefas executados em situaes inadequadas, tais como postura, altura de cadeira, isolamento e trabalhos repetitivos. So tambm agentes potenciais de acidentes ou de doenas ocupacionais (VECCHIONE, 2010).

    Tabela 4 Riscos Ergonmicos RISCOS ERGONMICOS CONSEQUNCIAS Esforo fsico, levantamento e transporte manual de pesos e exigncias de posturas.

    Cansao, dores musculares, fraquezas, hipertenso arterial, diabetes, acidentes e problemas da coluna vertebral.

    Ritmos excessivos, trabalhos de turno e noturno, monotonia e receptividade, jornada prolongada, controle rgido de produtividade e outras situaes (conflitos, ansiedade e responsabilidade).

    Cansao, dores musculares, fraquezas, alteraes do sono e da libido e da vida social, com reflexes na sade e no comportamento, hipertenso arterial.

    Fonte: Dicler (2004)

  • 2.6.5 RISCOS DE ACIDENTES

    Ocorrem em funo das condies (ambiente fsico e processo de trabalho) e de tecnologias imprprias, capazes de provocar leses integridade fsica do trabalhador (VECCHIONE, 2010).

    Tabela 5 Riscos Fsicos RISCOS DE ACIDENTES CONSEQUNCIAS Arranjo fsico inadequado Acidentes e desgaste fsico excessivo Mquinas sem proteo Acidentes graves Iluminao deficiente Fadiga, problemas visuais e acidentes do

    trabalho. Ligaes eltricas deficientes Curto circuito, choque eltrico, incndio,

    queimadura e acidentes fatais. Armazenamento inadequado Acidentes por estocagem de materiais sem

    observao das normas de segurana Ferramentas defeituosas ou inadequadas Acidentes, principalmente com repercusso nos

    membros superiores. EPI inadequado Acidentes e doenas profissionais.

    Fonte: Dicler (2004)

  • CAPTULO 3

    3 IDENTIFICAO DE AGENTES NOCIVOS NA CONSTRUO CIVIL

    A indstria da construo civil em geral apresenta mo-de-obra abundante e predominantemente pouco qualificada. Muitas vezes devido ao pouco e quase inexistente treinamento oferecido pelas prprias empreiteiras, responsveis diretas pelos seus funcionrios (E-CIVIL, 2000).

    Em muitas das atividades da construo civil so realizadas sob a influncia das intempries, intensificando a insalubridade e as ms condies de trabalho. notria a precariedade do setor em termos de higiene e de segurana do trabalho, com elevados ndices de acidentes. Os trabalhadores so submetidos a esforos fsicos excessivos, causados pelas grandes cargas que transportam, manuseiam produtos qumicos com elevada frequncia, alm das posturas inadequadas e desgastantes s quais so submetidos, devidos s caractersticas das tarefas no canteiro de obras (VECCHIONE, 2010).

    3.1 PCMAT E AS MEDIDAS PREVENTIVAS

    Diante do crescente nmero de trabalhadores em canteiros de obras das construes civis, o Ministrio do Trabalho publicou a Norma Regulamentadora - NR18 que estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organizao, que objetivam a implementao de medidas de controle e sistemas preventivos de segurana nos processos, nas condies e no meio ambiente de trabalho na Indstria da Construo, com o objetivo de reduzir os acidentes e a incidncia de doenas ocupacionais na atividade da construo civil (SARAIVA, 2010).

    Assim, ficou proibido o ingresso ou a permanncia de trabalhadores no canteiro de obras, sem que esteja assegurado o cumprimento das medidas previstas na norma e compatveis com a fase da obra e passaram a ser exigidos a elaborao e o cumprimento do PCMAT nas obras com vinte trabalhadores ou mais (SARAIVA, 2010).

  • Podemos elencar de forma objetiva inmeros servios que compe este ambiente laboral, juntamente com suas medidas preventivas de neutralizao aos riscos levantados, sejam eles:

    Tabela 6 Servios/Riscos/Medidas de Controle em canteiros de obras SERVIOS RISCOS MEDIDAS DE CONTROLE

    INDIVIDUAIS Escavaes / Fundaes / locais molhados

    Soterramento, quedas, cortes e choques.

    Cinto de segurana e bota de borracha

    Concretagem geral, adensamento de concreto.

    Queda de nvel, respingos do concreto, queda e choque eltrico, dermatites e dermatoses de contato.

    Cinto de segurana, bota e luva de borracha, culos ou protetor facial.

    Formas, transporte das formas, montagens, iamento pilar, externo, montagem / desmontagem

    Contuses nas mos, problemas de posio, quedas de nvel, estilhaos do tensor aos olhos, rosto pescoo etc; ferimento por pregos, quedas das frmas.

    Luva de raspa cano curto, culos ou protetor facial, cinto de segurana.

    Serra circular, policorte maquita, cortadora de parede, martelete.

    Amputao de dctilos, detrilos nos olhos, poeiras, quedas em nvel.

    culos ou protetor facial, abafador de rudos e uso de empurradores.

    Armao de ferro, disco de corte, lixadeira para concreto.

    Ferimento nas mos, detritos nos olhos, poeiras, quedas em nvel.

    Luvas de raspa, mscara contra poeiras, culos ampla viso.

    Trabalho em periferia de laje com altura superior a 2m do nvel do solo.

    Queda em diferena de nvel. Cinto de segurana tipo paraquedas.

    Abertura de concreto ou paredes Ferimentos nas mos, detritos nos olhos.

    Luva de raspa, culos de segurana de alto impacto.

    Carga e descarga de ferragens (manual).

    Problemas ergonmicos, contuses nos ombros, mau jeito nas costas, ferimento nos membros inferiores.

    Uso de luva de raspa, uso de luva de raspa, eventualmente faixa protetora de coluna.

    Carga e descarga de cimento, queima de cal e preparo de cal fina.

    Dermatites diversas, esforo fsico, poeira em suspenso.

    Luvas, mscara contra poeira, capuz e etc.

    Preparo de massa com cimento, queima de cal e preparo de cal fina.

    Irritao nos olhos, queimaduras respingos no rosto, possibilidade de problemas pulmonares.

    Luva industrial pesada (borracha), culos de ampla viso, mscara contra poeira, avental de PVC,

    Alvenaria, emboo interno e externo, servios gerais e contra pisos.

    Irritaes dermatolgicas, quedas em nvel e em diferena de nvel.

    Luvas de borracha, bota de borracha, culos ampla viso quando necessrio.

    Trabem cermica (cortes colocao, etc.)

    Detritos nos olhos, ferimentos nas mos.

    culos de segurana de alto impacto, luvas de rapas.

    Colocao de prumadas externas Queda em nvel Cinto de segurana

  • Montagens de andaimes em poo de elevador.

    Queda em nvel Cinto de segurana

    Montagem dos balancins Queda de nvel, ferimentos nas mos por cabo de ao.

    Cinto de segurana, luva de raspa ou similar.

    Trabalho em fachada com balacins. Queda do balancim e queda com balancim.

    Cinto de segurana engastado em corda prpria.

    Servios gerais- Servente Quedas, contuses, ferimento. EPIS especficos para as tarefas Servios em dias de chuvas Quedas, resfriados Capa de chuva e bota de borracha Servios em eletricidade Choque eltrico Luvas, botina isolante. Impermeabilizaes (caixa d'gua, fachada externas e internas)

    Riscos de asfixia, conforme a concentrao de vapores dos produtos.

    Mscaras contra gases, carvo ativado ou especfico para o tipo de prod. qumico utilizado.

    Limpeza das fachadas Queda de nvel Cinto de segurana Corte de ferragem manual Ferimentos nas mos, detritos nos

    olhos e rudo. Luvas de raspa, culos de proteo e abafador de rudo.

    Soldas Queimaduras, fumos Luvas, avental, perneira tudo de raspa.

    Trabalho com martelete Ferimentos nas mos e ps, detritos nos olhos, poeira, rudo e vibrao.

    Luva de raspa. Protetor facial avental de raspa de couro, mscara contra poeira, e abafador de rudo.

    Vecchione (2010)

    3.1.1 EPIS NA CONSTRUAO CIVIL

    Considera-se Equipamento de Proteo Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado proteo de riscos suscetveis de ameaar a segurana e a sade no trabalho (SARAIVA, 2010).

    Entende-se como Equipamento Conjugado de Proteo Individual, todo aquele composto por vrios dispositivos, que o fabricante tenha associado contra um ou mais riscos que possam ocorrer simultaneamente e que sejam suscetveis de ameaar a segurana e a sade no trabalho (SARAIVA, 2010).

    O equipamento de proteo individual, de fabricao nacional ou importado, s poder ser posto venda ou utilizado com a indicao do Certificado de Aprovao - CA, expedido pelo rgo nacional competente em matria de segurana e sade no trabalho do Ministrio do Trabalho e Emprego (SARAIVA, 2010).

  • A empresa obrigada a fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservao e funcionamento, consoante s disposies contidas na NR 6 Equipamento de Proteo Individual EPI (SARAIVA, 2010).

    Cabe ao Engenheiro de Segurana do Trabalho administrar o emprego correto de cada tipo de equipamento para determinada funo, cabendo ao usurio, neste caso o trabalhador o bom uso e conservao dos equipamentos.

    3.1.2 EPCS NA CONSTRUAO CIVIL

    Equipamento de Proteo Coletiva (EPC), destinado proteo coletiva, como risco de queda ou projeo de materiais. Devem ser construdos com materiais de qualidade e instalados nos locais necessrios to logo se detecte o risco (SARAIVA, 2010).

    Guarda-corpos: Anteparos rgidos, com travesso superior, intermedirio e rodap, com tela ou outro dispositivo que garanta o fechamento seguro das aberturas.

    Plataformas: Principal: deve ser instalada no entorno do edifcio aps a concretagem da 1 laje (1 p direito acima do terreno) e s retirada aps o trmino do revestimento. Secundria: instalada a cada 3 pavimentos, sendo retirada aps a vedao da periferia at a plataforma superior estiver concluda.

    Tela: Barreira protetora contra projeo de materiais e ferramentas. O permetro da construo de edifcios deve ser fechado com tela a partir da plataforma principal de proteo.

    Tapumes e Galerias: Evitam o acesso de pessoas no autorizadas s atividades da obra e protegem os transeuntes da projeo de materiais.

    Proteo contra Incndio: Devem existir equipamentos de combate incndio e equipes especialmente treinadas para o primeiro combate ao fogo.

  • 3.2 PROCESSOS DE TRABALHOS COM MANUSEIO DE PRODUTO QUMICO CIMENTO NA CONSTRUO CIVIL

    Podemos definir cimento como um p fino, com propriedades aglomerantes, aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ao de gua. A arquitetura monumental do Egito Antigo j usava uma liga constituda por uma mistura de gesso calcinado que, de certa forma, a origem do cimento. As grandes obras gregas ou romanas, como o Panteo e o Coliseu, foram construdas com o uso de certas terras de origem vulcnicas, com propriedades de endurecimento sob a ao da gua (E-CIVIL, 2000).

    O passo seguinte aconteceu em 1758, quando o ingls Smeaton consegue um produto de alta resistncia, por meio da calcinao de calcrios moles e argilosos. Em 1918, o francs Vicat obtm resultados semelhantes aos de Smeaton pela mistura de componentes argilosos e calcrios. Ele considerado o inventor do cimento artificial. Seis anos depois, outro ingls, Joseph Aspdin patenteia o "Cimento Portland", que recebe este nome por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes s das rochas da ilha britnica de Portland (E-CIVIL, 2000).

    Hoje, o cimento Portland um material rigorosamente definido, e sua fabricao segue princpios bem estabelecidos. A grande versatilidade de emprego e notveis qualidades de adaptao a novos produtos e mtodos construtivos aumentam, a cada dia, sua ampla gama de aplicaes (E-CIVIL, 2000).

    O cimento no Brasil

    A primeira fbrica de cimento Portland iniciou atividades no Brasil em 1926. Quase 30 anos depois, teve origem a produo de cimento branco, devido necessidade de um cimento para fins especiais, que proporcionasse mais beleza e conforto, atravs do tratamento trmico das edificaes (E-CIVIL, 2000).

    O primeiro forno de cimento branco entrou em operao em 1952, sendo distribudo ao mercado, a partir de 1954, com a marca Iraj, que integra a linha de produtos da Votorantim Cimentos (E-CIVIL, 2000).

    Em 1984, foi lanado o cimento branco estrutural, com o objetivo de atender construtores de obras de concepo arrojada, nos servios de concreto aparente, pr-fabricados e pisos de alta resistncia (E-CIVIL, 2000).

  • 3.3 APLICAES DO CIMENTO EM CANTEIROS DE OBRAS E SUAS PREVENES

    Podemos dizer que o cimento considerado um dos principais elementos que compe a enorme gama de produtos qumicos usados para a construo. Est presente no dia a dia dos canteiros de obras, praticamente do incio ao trmino das atividades. Tem papel fundamental nas estruturas, fundaes e acabamentos. Os trabalhadores que laboram diretamente com o cimento, desde a preparao, o transporte e a sua aplicao esto diretamente expostos a agentes nocivos, neste caso em especial com o lcalis custicos. O cimento deve ser manipulado com cuidados de higiene e proteo pessoal, pois podem ocorrer dermatoses aps seu contato com a pele. A de maior ocorrncia a dermatite de contato por irritao. A ao do cimento resultante da alcalinidade de silicatos, aluminatos e slicoaluminatos. Essa alcalinidade no chega a ser agressiva, mas propicia as condies para instalao de um processo de sensibilidade, ou seja, uma condio alrgica. Quando um cimento com pouco teor de umidade entra em contato com a pele e no logo removido, absorve umidade; aps algum tempo, torna a pele seca, enrijecida e espessa. A habitualidade deste contato deixa a pele frgil, resultando em fissuras e rachaduras denominadas leses indolentes, nas quais podem ocorrer infeces secundrias.

    O cimento, a argamassa de cimento ou concreto, quando em contato frequente com a pele, podem ressecar, irritar ou ferir as mos, os ps ou qualquer local da pele onde a massa de cimento permanecer por determinado tempo, ou produzir reaes alrgicas, dependendo do contato do cimento com essas partes do corpo (TECNOPRAGA, 2005).

    Recomenda-se, para proteger a pele: a) Evitar o trabalho com ferramentas que sujem a pele. Deve-se manter as

    ferramentas limpas; b) Na preparao da massa de cimento, usar luvas e botas de borracha

    forradas internamente; c) No trabalhar descalo ou de chinelo de dedo. Botas de borracha ou de

    couro protegem os ps;

  • d) Evitar trabalhar de bermuda. Sempre que possvel, deve-se vestir cala comprida;

    e) Trocar, logo que possvel, as roupas sujas de massa ou calda de cimento; f) Luvas ou botas rasgadas ou furadas, muito largas ou apertadas so contra-

    indicadas; g) Se cair concreto dentro da luva ou bota, deve-se lav-las imediatamente,

    assim como as mos e os ps. Isto evitar ferimentos e queimaduras pelo cimento; i) Se a pele for atingida ou as mos forem afetadas, faa a higiene no local

    atingido o mais breve possvel; j) Ao utilizar a betoneira, use sempre culos de segurana, luvas, botas e

    capacete. Se as mos ou os ps de um trabalhador da construo civil estiverem feridos

    ou irritados aps contato com o cimento, ele deve procurar o servio mdico, seja na empresa (caso houver) ou no posto de sade mais prximo. Durante o perodo de tratamento, o trabalhador deve evitar contato com cimento at as reas afetadas melhorarem. Caso o trabalhador necessite voltar ao servio, dever utilizar luvas e botas para proteo, pois ao manusear cimento com as mos ou os ps irritados ou feridos, poder ter sua situao agravada, inclusive adquirindo alergia ao produto. A dermatose ocorrida no servio considerada acidente de trabalho. Se isso acontecer, a empresa deve emitir a Comunicao de Acidente do Trabalho (CAT), a fim de assegurar o tratamento integral da dermatose.

    As dermatoses pelo cimento constituem um problema que pode ser minimizado se medidas de higiene adequadas forem adotadas e tambm com a utilizao dos equipamentos de segurana (EPIs) adequados para cada atividade.

    Mais detalhes podem ser vistos na Ficha de Informaes de Segurana de Produtos Qumicos (FUNDACENTRO, 2001).

    3.4 DOENAS OCUPACIONAIS RELATIVAS AO MANUSEIO DO CIMENTO DERMATOSES

    Dermatose ocupacional, dermatite de contato ou dermatite alrgica toda alterao da pele, de mucosas e anexos causada direta ou indiretamente por tudo

  • aquilo que seja utilizado na atividade profissional ou exista no ambiente de trabalho (TECNOPRAGA, 2005).

    Causas principais A dermatose ocupacional depende, basicamente, de dois tipos de condicionadores: as causas indiretas (ou fatores predisponentes) e as causas diretas, que atuam diretamente sobre a pele produzindo ou agravando dermatose pr-existente (TECNOPRAGA, 2005).

    Fatores predisponentes Idade: trabalhadores jovens e menos experientes costumam ser mais

    afetados; Sexo: homens e mulheres so igualmente afetados, mas nas mulheres os

    quadros so menos graves e melhoram rapidamente; Etnia: pessoas da raa amarela ou da negra so melhores protegidos contra a

    ao da luz solar que pessoas da raa branca; Clima: temperatura ambiental e umidade influenciam o aparecimento de

    dermatoses como infeces por bactrias (piodermites) e fungos (micoses). O trabalho ao ar livre frequentemente sujeito ao da luz solar, picadas

    de insetos, contato com vegetais e exposio chuva e ao vento; antecedentes de outras dermatoses no ocupacionais; condies de trabalho inadequadas.

    Figura 1 Dermatite por nquel Figura 2 Dermatite por cimento

  • Figura 3 Dermatite alrgica Figura 4 Dermatite por leo

    Causas diretas Agentes Qumicos: responsveis por cerca de 80% das dermatoses

    ocupacionais, destacando-se o cimento, borracha, derivados de petrleo, leos de corte, cromo e seus derivados, nquel, cobalto, madeira e resina epxi;

    Agentes Biolgicos: bactrias, fungos, leveduras e insetos, especialmente nos trabalhos de manipulao de couro ou carne animal, tratadores de aves ou animais, peixeiros, aougueiros, jardineiros, balconistas de bar, barbeiros, atendentes de sauna, entre outros;

    Agentes Fsicos: calor, frio, vibraes, eletricidade, radiaes ionizantes e no ionizantes, microondas, laser e agentes mecnicos.

    Cimento

    O cimento uma matria prima composta por vrios xidos, sendo muito irritante para a pele em virtude de ser abrasivo e altamente alcalino. Alm disso, certas impurezas presentes no cimento tem efeito alergnico (TECNOPRAGA, 2005).

    Em contato com a pele do trabalhador, em determinadas condies, o cimento pode provocar diversas dermatoses, tais como:

    Dermatites de contato por irritao: a mais frequente, atingindo principalmente as mos e os ps do trabalhador e decorre da ao alcalina do cimento que exerce efeito abrasivo sobre a camada crnea da pele. As leses podem se iniciar com leve vermelhido (eritema), descamao, fissuras, eczema, inchao (edema), vesculas, bolhas e necrose do tecido. A gravidade do quadro clnico varivel, dependendo da concentrao do agente, do tempo de exposio e de fatores individuais. Em condies especiais de contato (como, por exemplo, a

  • queda de calda de cimento ou concreto dentro da bota, mais o atrito), o cimento pode provocar ulceraes e necrose na rea atingida. Devido presena do p, os trabalhadores que atuam no setor de embalagem e transporte do cimento podem apresentar conjuntivite irritativa e focos irritativos e pruriginosos na pele (sarna dos pedreiros) (TECNOPRAGA, 2005). Dermatites de contato alrgica: o efeito alergnico depende basicamente de dois contaminantes do cimento: o cromo e o cobalto. As leses iniciais so constitudas por vermelhido (eritema), inchao (edema), vesiculao e, posteriormente, exsudao e descamao nas reas de contato. O prurido (coceira) est sempre presente. As dermatoses alrgicas melhoram com o afastamento do contato com o cimento. Entretanto, com o retorno atividade, so recidivantes, rebeldes e tendem cronificao (TECNOPRAGA, 2005). Calosidades (hiperceratoses): ocorrem, em geral, na planta dos ps (hiperceratose plantar) e ao nvel das unhas das mos e dos ps (hiperceratose subungueal (TECNOPRAGA, 2005).

    Sintomas As dermatoses ocupacionais so classificadas, segundo o tipo de ao dos agentes produtores, em dois grande grupos: as dermatites por irritao e as dermatites por ao alrgica (TECNOPRAGA, 2005). Dermatites de contato por irritao: a mais frequente, representando cerca de 70% das dermatites de contato ocupacionais. Atingem principalmente as mos, antebraos, pescoo, face e pernas do trabalhador e decorre da ao de agentes externos de natureza fsica e qumica. As leses podem se iniciar com leve vermelhido na pele (eritema), inchao (edema), vesculas, bolhas, acompanhadas muitas vezes de intensa coceira (prurido). Com o passar do tempo, pode ocorrer o espessamento da pele, com descamao e fissuras. A gravidade dos sintomas varivel, dependendo da concentrao do agente, do tempo de exposio e de fatores individuais (TECNOPRAGA, 2005). Dermatites de contato alrgicas: O efeito alergnico produzido geralmente por substncias qumicas em baixas concentraes e depende da suscetibilidade do trabalhador. No Brasil, o cromo e a borracha constituem os dois agentes qumicos que mais produzem alergias de contato na rea profissional. As leses iniciais so constitudas por vermelhido na pele (eritema), inchao (edema), vesiculao e,

  • posteriormente, exsudao e descamao nas reas de contato. O prurido (coceira) est sempre presente. As dermatites de contato alrgicas s podem ser curadas quando identificada a substncia alergnica e evitados novos contato com a pele. O mtodo de investigao alrgica indicado nestes casos o teste epicutneo (TECNOPRAGA, 2005).

    Preveno A proteo ideal para a pele do trabalhador consiste em se evitar o contato

    com agentes qumicos irritantes ou alergnicos. O controle desses agentes presentes nos ambientes de trabalho exige medidas de proteo (coletiva e individual) que assegurem a integridade fsica dos trabalhadores, incluindo-se entre essas medidas:

    A eliminao dos agentes nocivos ou substituio da sua forma de apresentao;

    O enclausuramento total ou parcial do processo de produo; A automatizao de operaes geradoras de contaminao do homem; Isolamento das reas de riscos; Ventilao exaustora local; Medidas de higiene pessoal e coletiva (lavatrios chuveiros

    vestirios - sanitrios); Uso de equipamentos de proteo individual (EPIs) tais como luvas,

    pomadas protetoras, mangas, aventais, roupas especiais, mscaras, botas, entre outros.

    O uso correto dos equipamentos de proteo assegura o trabalhador que a sua sade no ser prejudicada durante toda sua jornada de trabalho. Muitos EPIS esto disponveis no mercado para serem usados como barreiras protetoras entre a pele do trabalhador e o agente nocivo (TECNOPRAGA, 2005).

    Os EPIS devem possuir o Certificado de Aprovao (CA), com registro no Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), bem como um nmero de registro e sua respectiva validade. A empresa que fornece os equipamentos de segurana deve estar registrada regularmente no MTE, e o determinado equipamento possuir todas as caractersticas discriminadas para tal uso. Todas essas informaes esto disponveis on line para possveis verificaes dos usurios (TECNOPRAGA, 2005).

  • 3.5 LEGISLAES TRABALHISTA E PREVIDENCIRIA

    Segundo a NR 15, so consideradas atividades ou operaes insalubres as que se desenvolvem: (SARAIVA, 2010). -Acima dos limites de tolerncia previstos nos Anexos n.s 1, 2, 3, 5, 11 e 12; - Revogado pela Portaria n 3.751, de 23-11-1990 (DOU 26-11-90); - Nas atividades mencionadas nos Anexos n.s 6, 13 e 14; - Comprovadas atravs de laudo de inspeo do local de trabalho, constantes dos Anexos ns 7, 8, 9 e 10.

    Para o Anexo IV do Regulamento da Previdncia Social, o que determina o direito ao benefcio: (SARAIVA, 2010). - Para os agentes fsicos - exposio acima dos limites de tolerncia especificados ou as atividades descritas; - Para os agentes qumicos: exposio do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nvel de concentrao superior aos limites de tolerncia estabelecidos. O rol de agentes nocivos exaustivo, enquanto que as atividades listadas, nas quais pode haver a exposio, exemplificativa; - Para os agentes biolgicos: microorganismos e parasitas infecto-contagiosos vivos e suas toxinas; - Nas associaes de agentes que estejam acima do nvel de tolerncia, ser considerado o enquadramento relativo ao que exigir menor tempo de exposio.

    Para a exposio a agentes qumicos que o objetivo desta monografia so elencados os compostos e tambm as atividades relacionadas. Existem mais do que o dobro de produtos qumicos elencados na NR 15 em comparao ao Anexo IV da Previdncia Social. Porm, alguns poucos agentes qumicos elencados no Anexo IV da Previdncia no so considerados insalubres pelo Ministrio do trabalho.

    Analisando os agentes qumicos referentes ao Anexo IV Classificao dos Agentes Nocivos do Regulamento da Previdncia para enquadramento de Aposentadoria Especial e os Anexos 11, 12 e 13 da NR-15 Atividades e Operaes Insalubres do MTE Ministrio do Trabalho e Emprego percebe-se que so quantitativamente distintas, apresentando uma diferena extremamente significativa. Desta forma, fica visvel a dificuldade de anlise quando so

  • fundamentados os laudos periciais, ocasionando aes jurdicas e penais injustas e morosas.

    Apesar de outros metais, alm do chumbo e mangans, apresentarem enquadramento legal para Aposentadoria Especial, o Anexo IV do Regulamento da Previdncia Social condiciona ao estabelecimento de limite de tolerncia da NR 15. Como a NR 15 no apresenta enquadramento para outros metais, exceto mangans e chumbo, estes no esto estabelecidos e portanto no h como consider-los legalmente para concesso de Aposentadoria Especial.

    Atualmente, a Instruo Normativa 20, de 11 de Outubro de 2007, dispe: Art 184 A exposio ocupacional a agentes qumicos e a poeiras minerais constantes do Anexo IV do RPS aprovado pelo Decreto 3.048/99, dar ensejo aposentadoria especial, devendo considerar os limites de tolerncia definidos nos Anexos 11 e 12 da NR 15 do MTE, sendo avaliado segundo as metodologias e procedimentos pelas NHO-02, NHO-03, NH-04 NHO-07 da Fundacentro.

    Ainda de acordo com o Anexo 13 da NR15, a fabricao e o manuseio de lcalis custicos, pleiteia a insalubridade de grau mdio em decorrncia da inspeo realizada no local de trabalho (SARAIVA, 2010).

    A caracterizao dos fatores que expem a sade do trabalhador em diversas situaes nos canteiros de obras civis. Podemos destacar: a funo de pedreiro, auxiliar de pedreiro, ajudante, entre outros que trabalham diretamente manipulando a massa de cimento mida, transportando-a com carrinho de obra. Ainda ficam expostos poeira da calia, em contato com cimento, permanecendo durante toda a jornada laboral sujos com a poeira e com o cimento molhado e a argamassa, muitas vezes utilizando roupa prpria na atividade, sem receber uniformes, tampouco EPIS. Desta forma caracteriza-se a atividade como insalubre em grau mdio, pela presena de lcalis custicos que integram a composio do cimento (xido de sdio e xido de potssio), normalmente com pH da ordem de 12 a 13, de acordo com o prescrito no Anexo 13 da NR-15 da Portaria 3214/78.

    Em geral a composio qumica do cimento : Cal viva - oxido de clcio - 61 a 67%; silicia - dixico de silcio - 20 a 23%; alumina - oxido de alumnio - 2,7 a 7%; hematita - minrio de ferro - oxido frrico - 2 'a 3,6%; magnesita - oxido de magnsio - 0,8 a 6%; anidrido - trixido de enxofre - 1 a 2,3%; lcalis - oxido de potssio e sdio - 0,5 a 1,3%. O oxido de clcio, comercialmente conhecido como cal viva, classificado como lcalis custicos.

  • Segundo uma publicao da FUNDACENTRO relacionada ao cimento comprova que ele muito irritante pele em virtude de suas caractersticas abrasivas, higroscpica e altamente alcalino. Concluiu que o cimento deve ser manipulado com cuidados de higiene e proteo individual. Sendo assim o trabalhador tem seu direito assegurado com relao INSALUBRIDADE, em grau mdio (20%) por Agentes Qumicos- Anexo 13, NR15 - durante todo pacto laboral.

    Uma dificuldade que o Brasil enfrenta perante as leis trabalhistas, a comparao referente s normas internacionais, as quais apresentam vrios elementos citados e quantificados. A Norma Regulamentadora vigente NR15 est engessada e no revisada desde a sua aprovao em 1978, portanto estamos a 33 anos de defasagem, enquanto a ACGIH revisa e publica anualmente os limites de tolerncia para produtos qumicos. H uma quantidade expressiva de elementos citados pela ACGIH, entre eles o ferro, presente em processos de soldagem. Em muitos casos, as avaliaes quantitativas de exposio ao ferro aparecem acima dos limites de tolerncia estabelecidos pela ACGIH - legislao internacional, porm a legislao brasileira - trabalhista NR 15 no menciona o elemento ferro como causador de insalubridade e nem to pouco a legislao brasileira previdenciria - Anexo IV da RPS para concesso de Aposentadoria Especial (RAYZEL, 2011).

    Na tabela comparativa do estudo em anexo, foi elencado um total de 246 (Duzentos e Quarenta e Seis) agentes qumicos, sendo 156 (Cento e Cinquenta e Seis) somente no MTE, 86 (Oitenta e Seis) agentes qumicos enquadrados no MTE e RPS, e restando 4 (quatro) agentes qumicos enquadrados apenas no RPS.

    Em porcentagem, podemos analisar que apenas 34,95% dos agentes qumicos elencados no Ministrio do Trabalho e Emprego e na Previdncia Social so passivos de enquadramento dos trabalhadores atingidos por doenas ocupacionais e suas sequelas atravs de aposentadoria especial e/ou adicional de insalubridade. Sendo 63,42% o valor expressivo de agentes qumicos que podem adquirir adicional de insalubridade, mas no podem se enquadrar em aposentadoria especial. J 1,626% so os agentes qumicos passivos de enquadramento apenas na Aposentadoria Especial, mas segundo a NR 15 os trabalhadores no tm direito ao direito insalubridade, sendo os seguintes agentes qumicos: cido brmico, Azatioprina, Bifenispoliclorados, Cloroetilaminas, Iodo e Nquel (RAYZEL, 2011).

  • 4 CONCLUSES

    Em uma avaliao pericial solicitada em juzo para a caracterizao da insalubridade, o perito escolhido dever seguir os mais rigorosos critrios, determinados pelas NRS e o MTE, pois se trata de uma tarefa de extrema relevncia.

    Em estudos, analisando o Ministrio do Trabalho e Emprego em sua legislao trabalhista percebe-se que ele utiliza-se do termo insalubridade para denominar as condies que sujeitam o empregado a possveis agravos sade. J, a Previdncia Social em sua legislao previdenciria preferiu empregar a denominao de nocividade. Apesar esses termos serem empregados como sinnimo ao falar em nocividade a normatizao da Previdncia Social excluiu alguns agentes, ditos insalubres pela legislao trabalhista como rudo de impacto, umidade, radiaes no ionizantes e frio, do direito ao beneficio da aposentadoria especial.

    Em contrapartida a Previdncia Social inclui outros, tais como nquel e iodo que no so contemplados na NR 15 para concesso de adicionais de insalubridade.

    O conceito de nocividade est relacionado possibilidade de um agente causar uma doena ocupacional ao trabalhador e por isso comprometer sua vida e reduzir a sua expectativa de vida. Este conceito o mesmo para a concesso de adicion