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7/28/2019 Manual comunicao assertiva_relacionamento interpessoal
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UFCD 0350 - Comunicao interpessoal - comunicao assertiva
2. Comunicao Assertiva
2.1. Particularidades e Vantagens do Perfil Assertivo
A palavra assertividade vem de assero, afirmar. Diferente de acertar, afirmar no
tem relao com o certo ou errado e sim com a exposio positiva do que se deseja
transmitir. Uma pessoa assertiva capaz de expressar o mais directamente
possvel o que pensa, o que deseja, escolhendo um conjunto de atitudes adequadas
para cada situao, de acordo com o local e o momento. A assertividade permite
uma comunicao directa por meio de um comportamento que habilita o indivduo
a agir no seu interesse, defender-se sem ansiedade excessiva, expressar os seussentimentos de forma honesta e adequada, fazendo valer os seus direitos sem
negar os dos outros. Portanto, a assertividade pode ser entendida como uma forma
comportamental de comunicar que significa afirmar o que eu quero, sinto e penso,
dando simultaneamente espao de afirmao ao outro.
Frequentemente adoptamos diferentes formas de comunicao que variam de
acordo com o local, a situao e os interlocutores, porm uma forma relativamente
constante e caracterstica se torna o nosso estilo predominante de comportamento
comunicacional.
A assertividade um treino sistemtico, em que o indivduo tem de reaprender a
autenticidade atravs de uma prtica gradual e regular. Ser verdadeiro no consiste
em "dizer tudo o que me vem cabea", mas sim em exprimir-me eficazmente,
tendo como objectivo a evoluo satisfatria e realista da situao. necessrio,
ento, saber que tipo de comportamento provoca esta reaco; evitar a mmica e a
entoao contrria s palavras; tentar descrever as prprias reaces, em vez de
avaliar as aces dos outros; exprimir-me de forma positiva em vez de desvalorizar,
julgar, criticar, ridicularizar ou fazer interpretaes, facilitando a expresso dos
sentimentos dos outros.
O comportamento assertivo resulta na fuso de quatro factores:
bom contacto visual ;
tom de voz neutro ;
ateno linguagem; e
postura aberta .
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Ser assertivo aumenta o respeito por ns prprios, reduz a noo de
insegurana e vulnerabilidade, aumenta a autoconfiana no relacionamento
com os outros, diminuindo a necessidade de aprovao para aquilo que fazemos.Far com que os outros aumentem o seu respeito e admirao por ns.
Permitir que, ao defendermos os nossos direitos, consigamos que as nossas
preferncias sejam respeitadas e as nossas necessidades satisfeitas. um estilo
de relacionamento interpessoal que poder ser extremamente recompensante,
uma vez que proporciona maior proximidade entre as pessoas e maior
satisfao na comunicao das nossas emoes. Ou, dito simplesmente,
possvel que se goste mais de uma pessoa quando ela age assertivamente.
Os direitos assertivos so um conjunto de direitos que permitem a cadaum de ns sermos ns prprios agir e expressarmo-nos como ns prprios,
perante os outros, se m distines de cor, sexo, idade ou estatuto social.
importante considerar que os direitos vm definidos em termos abstractos, e
que devero ser particularizados de acordo com as nossas situaes individuais.
No obrigatrio concordarmos com todos eles, a listagem constitui
apenas um auxiliar para cada um de ns construir o seu guia de
aco na comunicao assertiva. Mas ao faz-lo teremos
obrigatoriamente que aceitar que no so direitos exclusivamente nossos mas si
m aplicveis a todas as pessoas com quem interagimos. No podemos defender
direitos sem aceitar a responsabilidade que lhes inerente, a de defender os
nossos direitos considerando sempre os direitos dos outros.
Eles so:
Eu tenho o direito de s er respeitado e tratado de igual para igual, qualquer que seja
o papel que desempenho ou o meu status social.
Eu tenho o direito de manter os meus prprios valores, desde que eles respe item
os direitos dos outros;
Eu tenho o direito de expressar os meus sentimentos e opinies.
Eu tenho o direito de expressar as minhas necessidades e pedir o que quero.
Eu tenho o direito de dizer NO e no me sentir culpado por isso.
Eu tenho o direito de pedir ajuda e de escolher se quero prestar ajuda a algum.
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Eu tenho o direito de me sentir bem comigo prprio sem sentir necessidade
de me justificar perante os outros. Eu tenho o direito de mudar de opinio.
Eu tenho o direito de pensar antes de agir ou tomar uma deciso.
Eu tenho o direito de dizer Eu no estou a perceber e pedir que me esclare amou ajudem.
Eu tenho o direito de co meter erros sem me sentir culpado.
Eu tenho o direito de fixar os meus prprios objectivos de vida e lutar para que as
minhas expectativas sejam realizadas, desde que respeite os direitos dos outros .
2.2. Empatia
2.2.1. Escuta Activa
A escuta activa aplicada encora ja o interlocutor a explicitar as suas
necessidades, ao mesmo tempo que d a quem atende a certeza de e star a
compreender o que ele est a dizer.
Estudos afirmam que ouvimos metade do que dito, prestamos ateno a metade
do que ouvimos e lembramo-nos apenas de metad e do que prestmos ateno. De
facto, temos a tendncia para ouvir o que queremos ouvir e ver o que queremos
ver. Devido a este facto, a mensagem recebida por ns muitas vezes
completamente dif erente daquela que o emissor desejava transmitir.
As melhores ocasies para recorrer escuta activa so quando no estamos
certos d e ter compreendido o emissor ou quando transmitida uma
mensagem fortemente emocional (um a reclamao, por exemplo).
No que consiste ento a escuta activa? Quais as atitudes e aces a tomar para
escutar activamente?
Gostar de escutar quando algum est a falar.
Incentivar os outros para que falem.
Ouvir mesmo que no simpatize com a pessoa.
Escutar com a mesma ateno quer seja homem, mulher, criana ou velho.
Escutar com a mesma ateno quer seja amigo, conhecido ou
desconhecido.
Deixar tudo o que se est a fazer enquanto algum fala.
Olhar para a pessoa que fala.
Concentra-se no que ouve, ignorando todas as distraces em seu redor.
Sorrir ou mostrar que est a compreender o que ouve.
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Reflectir sobre o que a outra pessoa est a dizer.
Tratar de compreender o que dizem.
Tentar descortinar porque o dizem.
No interromper quem fala.
Quando algum que est a falar hesita em dizer algo, encoraj-lo para queprossiga
Abster-se de julgar as i deias at que o interlocutor as termine de expor.
Fazer um resumo do qu e foi dito e perguntar se foi isso que o interlocutor
pretendeu comunicar.
Escutar o interlocutor sem se deixar influenciar demasiado pela sua ma
neira de falar, voz, vocabulrio, gestos e aparncia fsica. Escutar mesmo que consiga antecipar o que vai ser dito.
Fazer perguntas para ajudar o outro a exprimir-se melhor.
Pedir, se necessrio, que o interlocutor explique em que contexto est a util
izar determinada (s) palavra (s).
2.2.2. Comportamentos No Verbais Assertivos/ Paralinguagem
Contacto visual. O olhar deve estar direccionado para o interlocutor enquanto
este fala. Recomenda-se que mantenha o contacto visual pelo menos durante 50%
da conversao. Mas ateno, um olhar demasiado fixo pode ser interpretado
como hostil.
Afecto. O tom deve ser fir me e convincente, mas nunca hostil. Deve ser adaptado
situao domomento.
Voz. O volume deve ser audvel, nem demasiado elevado nem baixo. A articulao
das palavras deveser clara, sem hesita es. O ritmo deve ser tranquilo.
Pausas. Deve fazer-se uma pausa maior para dar entender ao interlocutor que a
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sua vez de falar.
Gestos. Podem fazer-se g estos com a cabea , a cara, os braos e as m os que
enfatizem odiscurso. Deve ter em ateno que estes gestos devem ser naturais,,sem forar a mensagem. Devem evitar-se gestos como apontar o dedo indicador
que pode ser entendido como uma ameaa, e em geral qualquer outro que possa
transmitir hostilidade.
Postura corporal. O corpo deve estar direito mas relaxado. A cabea erguida,
olhando para ointerlocutor.
2.2.3. Comportamentos Ver bais Assertivos/ Semntica/ Sintaxe
Expresso que indique compreenso pelo outro. Compreender o outro nosignifica estar deacordo. Neste ponto temos que fazer um esforo para entender
os motiv os e ponto de vista do interlocutor. Se necessrio, devem-se pedir
informaes mais claras para depois poder formular uma frase sntese que seja
objectiva e sem formular juzos de valor. Suponhamos que um cliente lhe f az uma
exigncia em tom hostil: Amanh passo por c novamente queroque me tratem
deste assunto. Ando a pagar para no trabalharem. A sua resposta poder ser:
Entendo que provavelmente esteja aborrecido e que necessite disto com
urgncia..."
Expresso do problema. De seguida deve expor o problema de forma clara e co
ncisa. Continuandoo exemplo anterior, po dia dizer o seguinte: "porm, incomoda-
me exija que exija o assunto resolvido numa margem to curta de tempo e que
insinue que perdemos temp o sem trabalhar
Desacordo verbal. Aconselha-se a utilizar uma frmula breve com "no estou d e
acordo com...", ou "no estou disposto a faz-lo...". Para o exemplo que
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estamos a seguir bastaria: "no possoaceitar esse prazo...".
Pedido de mudana de conduta. Este ponto essencial em termos de
comunicao assertiva. Deve oferecer ao receptor um a informao de comoespera que ele se comporte n o futuro. No nosso exemplo poderamos ap resentar a
seguinte soluo: "peo-lhe que de agora em diante nos peapara tratar deste tipo
e assuntos com a antecedncia mnima de uma semana para que possamos ter
tudo pront o atempadamente
Proposta de Soluo. Suponhamos que no exemplo anterior o cliente insiste que
na sua empresa os assuntos no so tratados atempadamente porque perdem
muito tempo se m trabalhar. Neste ponto seria importante oferecer uma soluo
alternativa que o fizesse mudar essa opinio. Uma delas poderia ser: "creio que se
nos pedir para tratar do assunto com a an tecedncia que lhe referi, nos dar o
tempo suficiente para termos tudo pronto e o senhor no ter que se incomodar em
voltar c mais vezes para tratar do mesmo assunto"
3. Barreiras Comunicao
3.1. Barreiras Gerais do Processo de Comunicao
As interaces sociais, ao nvel das relaes face-a-face, esto sujeitas
influncia de um conjunto de variveis de carcter manifesto ou latente, que lhes
determinam, ou pelo menos influenciam, a conduo dos processos
comunicacionais. Os padres de interaco resultantes das relaes entre osindivduos so consequncia, por um lado, da aleatoriedade humana e, por outro,
da previsibilidade que a vida em sociedade possibilita.
Comunicar torna-se, assim, uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e
recebi das, nos processos interaccionais. Mas no s. O tempo, o espao, o meio
fsico envolvente, o clima relacional, o corpo, os factores histricos da vida pessoal e
social de cada indivduo em presena, as expectativas e os sistemas de
conhecimento que moldam estrutura cognitiva de cada actor social condicionam e
determinam o jogo relacional dos seres humanos.Conhecer alguns dos factores que podem constituir barreiras compreenso, ao
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sentir e ao agir dos actores sociais que pretendem interagir o propsito que nos
orienta. Assim, podem os equacionar uma estrutura de variveis interaccionais que,
nos processos de comunicao humana, tanto podem facilitar como barrar ou
constituir fontes de rudo s relaes face-a-face.
3.1.1. Factores Pessoais
Factores pessoais. Compreendem um conjunto de aspectos que
passamos a referir. O nvel de profundidade de conhecimento ue o indivduo
tem e revela na decorrncia do processo conversacional, ou, o nvel de
conhecimento q ue os outros intervenientes lhe atribuem ou reconhecem ter sobre
o assunto a tratar. Este aspecto pode conduzir maior ou menor credibilidade aatribuir ao emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar o desempenho do seu
papel enquanto comunicador.
Outro aspecto a considerar nos factores pessoais diz respeito aparncia do
sujeito enunciador do discurso. No h nesta matria aspectos morais a considerar,
no que se refere a padres de referncia. Podemos, no entanto, dizer qu e no
andino, para a maioria das pessoas, a aparncia do outro. O estar cuidado ou no,
o parece r este ou aquele tipo profissional, o estar ou no enquadrado num ou
noutro grupo marca a relao, mais que no seja pelas expectativas que provo ca,
sobretudo, nas primeiras impresses.
Outro aspecto dos factores pessoais a postura corporal. Naturalmente que,
nesta matria, h sempre posturas prprias, eminentemente individuais. Mas o que
interessa aqui ressaltar so, sobretudo, as posturas corporais que, apesar de
pessoais, fazem parte de um lxico social, s qua is possvel atribuir significados
tambm sociais. o caso de uma postura que, em determinados contextos se
espera que no seja excessivamente rgida ou excessivamente descontrada.
Determinados grupos tm expectativas, por vezes muito elevadas, relativamente s
formas que o corpo deve adoptar. Caso contrrio, corre-se o risco de no ser
identificado com o grupo em causa, ou ser considerado como um outsider do
mesmo.
Tambm o movimento corporal se insere nos factores pessoais que podem
constituir barreiras comunicao. Sobretudo em grupos fechados, ou em
comunidades pouco abertas ao exterior, a vigilncia sobre o movimento corporal dos indivduos exercida de forma expectante. Os cdigos, por vezes rgidos, de
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determinados meios sociais coagem os indivduos moderao ou exuberncia a
que o corpo deve obedecer nos seus movimentos. Certos movimentos do corpo, ou
de zonas do corpo, podem ser interpretados como insinuaes de ordem sexual em
determinados meios, enquanto que noutros os mesmos movimentos podem serconsiderados como indicadores de agilidade ou de graciosidade. O importante a
reter a ideia de que a forma como o corpo ocupa o espao tem um significado
social e cultural que, em determinados contextos, o seu valor pode facilitar ou
constituir factor de obstruo s relaes entre os indivduos.
O contacto visual tambm el e um factor pessoal que, apesar de tudo, pode
obstruir a interaco e provocar momentos de embarao ou, at, de pnico. O
direccionamento, o te mpo, o contexto, a oportunidade, a intensidade, o status de
quem olha ou de quem olhado impem um quadro interpretativo, que cadacultura se encarrega de transmitir aos seus membros, pelo processo de
socializao. Os indivduos sabem, por intuio, os parmetros que condicionam o
contacto visual aprenderam e interiorizaram, no decorrer do tempo, as regras e os
mecanismos de censura que o processo do olhar implica em sociedade.
A expresso facial mais um factor pessoal com repercusses no campo
interaccional. Os cdigos sociais e culturais tambm aqui se fazem sentir. As
expectativas e as previses comportamentais que os indivduos fazem uns dos
outros passam pelas mensagens emitidas pela expresso facial. A expresso facial
, talvez, um dos meios de comunicao mais importante nas relaes face-a-face,
quer para confirmao de expectativas, quer para afirmao de determinados
estados de esprito, sejam eles espontneos ou engendrados. importncia dada
socialmente expresso facial pode determinar, por vezes, a vida de um cidado. E
m determinados contextos, pode ser fatal ou fundamental uma expresso de dio,
de desprezo, de raiva, de desqualificao, de preocupao, de simpatia, de
compreenso, de alegria, de bem-estar, de aceitao, etc.
A fluncia com que os indivduo s falam ou discursam, bem como a
articulao, a modulao, o ritmo ou o timbre que emprestam sua vo z no
escapam observao social e cultural de determinados meios. So indicadores
pessoais que os restantes actores tm em conta nas relaes socia is que
estabelecem. As matrizes em vigor em cada sistema social dizem aos indivduos,
muitas vezes, a forma como devem interpretar no s a personalidade como
tambm o carcter e o meio social de origem do falante. Claro est que, neste
processo de adivinhao muitos erros e equvocos condicionam as relaesinterpessoais, constituindo, por i sso mesmo barreiras comunicao no
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desprezveis.
3.1.2. Factores Sociais
Factores sociais. Temos vindo a abordar factores de origem pessoal que podem
afectar a dimenso social das relaes. Debrucemos -nos agora, por instantes,
sobre alguns factores so ciais, cuja origem a consideramos tambm social. o caso
da flexibilidade ou da rigidez dos sistemas de conhecimento, que impregnam e
condicionam as for mas como os indivduos pensam o mundo.
Os sistemas de conhecimento condicionam e so condicionados por uma
multiplicidade de factores. A educao um deles, ao inculcar nos indivduos
determinados princpios como certos os e absolutos. No se pretende com isto fazera apologia da relatividade axiolgica, e muito menos fazer a apologia de
determinados princpios educacionais, aqui e agora. A importncia desta
abordagem permite-nos perceber, de forma objectiva, a marca que podem ter os
princpios e os valores a cosmoviso dos sujeitos, e isso importante por que, entre
outros aspectos, a forma como cada um v o mundo pontua as sequncias
comunicacionais. Havendo fortes discrepncias na pontuao das interaces entre
os indivduos, maior a probabilidade de ocorrncia de equvocos e de conflitos nos
processos de comunicao.
Mas no so s os princpios e os valores da educao a determinar os
olhares do m undo. A cultura que marca a origem de cada actor social d aos
indivduos uma orientao normativa s suas formas de pensar, de sentir e de agir,
assi m nos refere o socilogo americano Talcott Parsons. Por isso, os padres de
cultura que embebem o trajecto pessoal e social dos indivduos geram, frequente
mente, aproximao ou afastamento entre si. Como sabido, a dcalage resultante
dos padres culturais pode, em casos extremos, redundar em conflitos e
incompreenses, devido a desfazamentos na interpretao das diferenas culturais.
Entendemos, por isso, que a presena fsica por si s dos indivduos uns com os
outros no evita os conflitos interaccionais. S a compreenso, mediante processos
de conhecimento, das caractersticas de cada padro cultural permitem uma
(re)aprendizagem das diferenas, as quais por si mesmas podem constituir motivos
de comunicao e convvio, sem riscos de p erda de identidade cultural e social.
As crenas ocupam no panorama dos factores sociais que condicionam os
sistemas d e conhecimento um lugar proeminente. Pode dizer-se que elas soprincpio, meio e fim dos sistemas d e conhecimento. Se tivermos em conta que,
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sobretudo, as crenas que assentam na ignorncia ou que como certos
determinados princpios podem gerar guerras ou conflitos difceis de sanar,
perceber-se- a sua importncia nos estudos sociolgicos. Mas as crenas podem
igualmente pontuar os ritmos de vida pessoal e social, ao nvel dos es tilo de vida,das escolhas de parceiros, de mtodos relacionais e, at, de decises de vida ou de
morte, pessoal ou de familiares dependentes de quem toma a deciso. As crenas
podem igualmente leva r certos indivduos a acreditar que no vale a pen a
considerar a vida como um bem, j que a sua passagem pela terra efmera, ou
ento porque aps a morte haver um paraso mais agradvel para vi ver. A
complexidade das crenas na vida das pesso as , pois, um dos factores que mais
riscos pode trazer s relaes interpessoais e, por consequncia, barreiras
comunicao.As normas sociais so em cada sociedade um factor de duplo sentimento: amor e
dio. As normas sociais parametrizam os comportamentos, e por isso do aos
actores sociais segurana e previsibilidade nas relaes entre si. Por isso, todas as
sociedades, com maior ou menor firmeza, ad optam mecanismos de controlo e de
sanes para a observncia das suas regras. As normas sociais, atravs do processo
de socializao, dizem aos indivduos como devem estar no mundo, ao nvel
orgnico, psquico, social, cultural e simblico. A coaco q ue as normas sociais
exercem sobre os indivduos provoca-lhes o receio de serem ou virem a ser
considerados desviantes do sistema em que esto inserido . Por essa razo,
previsvel a importncia que t m as normas sociais nos padres de relacionamento
e de comunicao entre os diferentes agentes e actores sociais.
Os dogmas religiosos, sobretudo quando rejeitam tudo o que possa ir contra
determinadas convices, so um dos factores sociais que podem constituir
barreiras intercompreenso humana. A Histria est repleta de maus exemplos
sobre esta matria e, apesar dos avanos tecnolgicos de comunicao, ainda no
foi possvel, com frequncia e em determinadas zonas, desenvolver con textos
propcios comunicao. No esto, natura lmente em causa os dogmas em si
mesmos, visto q ue no h religies sem dogmas. Esto em causa os dogmas que,
por princpio, em vez de constiturem um factor de aglutinao e desenvolvimento
humano, provocam a desagregao social, o sub desenvolvimento e a ignorncia,
que s trazem infelicidade.
3.1.3. Factores Fisiolgicos
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Nem todos os aspectos da fisiologia humana constituem barreiras
comunica o e nem todos os indivduos valorizam os mesmos factores
como entraves interaco. Todavia, sujeitos h que, portadores de
determinado handicap, ou tm eles mesmos dificuldade na interaco com osoutros, ou so os outros que lhes provoca m dificuldades. Estamos perante
situaes de dificuldade comunicacional com origem em percepes
marcadamente pessoais ou com origem em padres cognitivos resultantes de
determinados meios sociais ou culturais. De qualquer forma, interessa salientar a
dificuldade que constitui para alguns interlocutores a conversa sobre determinados
assuntos que versem, de forma assumida ou tangencial, a deficincia na sua
comunicao.
3.1.4 Factores de Personalidade
A comunicao , com frequncia, complicada, seno mesmo impossvel,
quando esta procura ocorrer no seio das chamadas personalidades difceis. H,
neste campo, um conjunto de aspectos que conviria referenciar como
potenciadores de bloqueios comunicao entre os indivduos. Um deles diz
respeito conhecida auto-suficincia. De facto, torna-se complicado interagir com
sujeitos que presumem saber tudo sobre determinado assunto, ou ento, de que o
que sabem esgota tudo s obre o assunto em questo.
Por outro lado, a ideia que alguns sujeitos tm de que uma palavra aplicada
por diferentes pessoas ter de ter, natural e forosamente, o mesmo significado
entre elas uma das barreiras comunicao, que toma a designao de
avaliaes congeladas.
A confuso que constantemente alguns sujeitos fazem entre aquilo que do
foro objectivo e aquilo que do subjectivo provoca no s dificuldades de
compreenso por parte dos outros m embros do sistema comunicacional como, no
raras as vezes, conflitos. Esta confuso entre aquilo que eminentemente a
realidade concreta dos factos e as opinies que sobre eles se possam ter razo
mais que suficiente para provocar paralizaes no processo de entendimento entre
os diferentes actores.
Um outro aspecto que por veze s se confunde com este a chamada
confuso entre mapas e territrios, que d pelo nome de geografite. Os territrios
diro respeito aos objectos, s pessoas, s coisas e s situaes, enquanto que os
mapas diro respeito aos sentimentos do indivduo que se pronuncia sobre osterritrios, aos seus preconceitos e inferncias. Como de ver, esta tendncia
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confuso entre um nvel de realidade e outro no deixa, por certo, de trazer
interaco humana as ma iores dificuldades e equvocos de compreenso. Se a tudo
isto juntarmos a chamada tendncia complicao de alguns actore na cena da
vida, ficaremos com uma ideia de quo complexas so as redes comunicacionais erelacionais dos sistemas sociais.
3.1.5. Factores de Linguagem
Para alm de tudo o que j foi dito sobre os diferentes factores que podem
constituir dificuldades ao relacionamento humano, podemos ainda equacionar os
Factores de linguagem. Tamb m neste captulo possvel enquadrar os problemas
de confuso entre a realidade e as inferncias que dela se fazem para, num
segundo momento discursivo, mesmo no tendo eventualmente observadodirectamente os factos, fazer confuso entre estes dois planos. O uso constante de
palavras abstractas por parte de determinados comunicadores motivo frequente
de desorientao e equvocos de compreenso entre os indivduos.
No so tambm raras as vezes que a confuso nos processos
comunicacionais tem origem no desencontro de sentidos que cada um dos
interlocutores atribui s palavras dos outro s e s suas prprias mensagens. Os
equvocos de compreenso oriundos destes desencontros no deixa m de constituir,
por isso, mais um factor de barreiras comunicao.
Quando os sujeitos em interaco no conseguem separar as coisas entre si
ou aspectos da realidade que s aparentemente so iguais, estamos perante
processos comunicacionais em que predominam as chamadas indiscriminaes.
Mas as perturbaes nos processos de comunicao tambm podem ter
origem no uso frequente de polarizaes por parte de um ou mais intervenientes.
Com efeito, o uso sistemtico de expresses extremas no discurso dos indivduos
pode levar desacreditao do emissor de tal discurso. Este mecanismo discursivo
uma espcie de tudo ou nada. Para tais emissores, a realidade das situaes
nunca tem um meio termo - tudo maximizado na sua linguagem.
Como factores de linguagem ainda considerada a falsa identidade baseada
nas palavras. Numa situao destas, o emissor est crente de que resume numa
palavra ou expresso as suas crenas, atitudes ou avaliaes. com o se um
simples rtulo conseguisse identificar a complexidade dos contedos que ele
expressa. Como se depreende, o recurso sistemtico a este mecanismo de
simplificao, apesar de constituir para o emissor uma forma cognitiva e discursivaeconmica, corre o risco de provocar reaces adversas e contrrias aos seus
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objectivos comunicacionais. Finalmente, ainda no campo os factores de linguagem,
a polissemia apresenta-se-nos como um mecanismo propcio ao desencontro de
sentidos. O uso sistemtico de vocbulos com dimenses polissmicas diversas
induz nas audincias uma fonte de rudo, s vezes difcil de ultrapassar. S orecurso a mecanismos de redundncia pode, por vezes, contrariar as perturbaes
do processo de comunicao.
3.1.7. Factores Psicolgicos
H nesta matria uma variedade de aspectos que podem concorrer para odesenrolar dos padres interaccionais. O chamado efeito de halo um mecanismo
que diz respeito ao recurso que determinados sujeitos fazem quando se refere m a
outra pessoa. Do seu discurso emergem palavras ou expresses que remetem para
a generalizao de uma pessoa, a partir de uma s das suas caract ersticas. Claro
est que, nestes casos o que importa salientar o enviesamento da informao, o
qual pode distorcer a objectividade da comunicao.
Um outro mecanismo de dificuldade interaccional pode ser o decorrente do
designado efeito lgico. Neste caso, o problema centra-se n a tendncia que
determinados sujeitos revelam em associar duas caractersticas de um indivduo,
como se houvesse uma relao causal linear: s e A, ento B. Ora, sabendo ns que
a realidade, esmo a fsica, nem sempre se rege por esta simplicidade, muito mais
prudncia dever haver no estabelecimento desta relao quando se trata de
factores comportamentais. Os processo de comunicao humana no esto imunes
a esta dificuldade.
Quando determinados indivduos tendem a enquadrar os outros em tipos
sociais ou profissionais, estamos perante os chamados tipos pr-determinados.
um mecanismo a que todos recorremos, por uma questo de economia cognitiva ou
perceptiva, ou simplesmente como dimenso ldica, em tentar adivinhar ou prever
o outro. O problema no reside no mecanismo de simplificao que este processo
implica; est, sobretudo, ao nvel da estigmatizao, que por vezes se projecta no
outro da nossa relao.
A tendncia, ou a dificuldade, que alguns sujeitos revelam em situar os outro
s, objectos da sua apreciao, em valores escalares diversificados, leva-os aperspectiv-los em pontos centrais, medianos, que em nada corresponde, por
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vezes, fidelidade de uma apreciao correcta . Mais uma vez, o problema maior
no campo da interaco dir respeito falta de objectividade que acaba por marcar
as relaes interpessoais. A este mecanismo d-se o nome de efeito de tendncia
central.Finalmente, pertencente ainda aos factores psicolgicos, temos a tendncia
de alguns indivduos avaliarem os outros e situ-los no campo extremo da escala de
apreciao. A esta deturpao da informao no processo interaccional d-se o
nome de efeito de polarizao.
3.2. Barreiras Tpicas do Processo de Comunicao
Na comunicao interpessoal h que eliminar barreiras para que o processose desenrole eficazmente e com qualidade. Assim, constituem algumas barreiras
comunicao eficaz:
1. Sobrecarga de Informaes : quando temos mais informaes do que somos
capazes de ordenar eutilizar.
2. Tipos de informaes: as in formaes que se encaixarem com o nosso auto
conceito tendem a serrecebidas e aceites muito mais prontamente do que dados
que venham a contradizer o que j sabemos. Em muitos cas os negamos aquelas
que contrariam nossas crenas e valores.
3. Fonte de informaes: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do
que outras (status), temos tendncia a acreditar nessas pessoas e descontar de
informaes recebidas de outras.
4. Localizao fsica: a localizao fsica e a proximidade entre transmissor receptor
tambm influenciam a eficcia da comunicao. Resultados de pesquisas tm
sugerido que a probabilidade de duas pessoas comunicarem decresce
proporcionalmente ao quadrado da distncia entre elas.
5. Defensidade: uma das principais causas de muitas falhas de comunicao ocorre
quando um ou mais dos participantes assume a defensiva. Indivduos que se sintam
ameaa dos ou sob ataque tendero a reagir de maneiras que diminuem a
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probabilidade de entendimento mtuo.
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