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7/31/2019 Manual de Auditoria Financeira
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FACULDADE DE ECONOMIA DA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
MESTRADO EM GESTO
RELATRIO DE ESTGIO
AUDITORIA FINANCEIRA
Grant Thornton & Associados SROC, Lda.
LARA SANTOS DUARTE
ABRIL DE 2010
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Relatrio de Estgio
Grant Thornton & Associados SROC, Lda.2
Ficha de Identificao
Nome: Lara Raquel Santos Duarte
N de Estudante: 20040523
Curso: Gesto (2 Ciclo)
Entidade de Estgio: Grant Thornton & Associados, SROC, Lda.
Orientador na Entidade: Dr. Carlos Lisboa Nunes
Orientador de Estgio na Faculdade: Professor Doutor Jos Vaz Ferreira
Data de Incio do Estgio: 21 de Setembro de 2009
Data de Concluso do Estgio: 8 de Fevereiro de 2010
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Relatrio de Estgio
Grant Thornton & Associados SROC, Lda.3
NDICE Pg.Agradecimentos ........................................................................................................................... 5
Introduo ..................................................................................................................................... 6
PARTE I ENQUADRAMENTO TERICO ...................................................................................... 8
I.1 Definio de Auditoria Financeira ........................................................................................ 9
I.2 Evoluo Histrica da Auditoria ......................................................................................... 10
I.3 O papel dos Revisores Oficiais de Contas / Auditores ....................................................... 12
I.4 Auditoria em Portugal ........................................................................................................ 12
I.5 Cdigo de tica da OROC ................................................................................................... 14
I.6 Princpios, Normas e Directivas de Auditoria .................................................................... 16
I.7 Controlo Interno ................................................................................................................ 18
I.8 Planeamento de uma Auditoria ......................................................................................... 20
I.9 Procedimentos de Auditoria .............................................................................................. 23
I.10 Certificao Legal de Contas ........................................................................................... 28
I.11 Papis de Trabalho .......................................................................................................... 29
I.12 Os reflexos do SNC na Auditoria ..................................................................................... 30
PARTE II APRESENTAO DA EMPRESA ................................................................................. 32
II.1 Grant Thornton Internacional ........................................................................................... 33
II.2 Grant Thornton & Associados SROC, Lda. ......................................................................... 34
II.3 Servios Prestados............................................................................................................. 36
II.4 Estrutura Organizacional ................................................................................................... 36
PARTE III ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS .............................................................................. 40
III.1 Actividades de Formao e Adaptao ............................................................................ 41
III.2 Trabalho Especial ............................................................................................................. 42
III.3 Trabalhos Interino de Auditoria ....................................................................................... 43
III.4 Trabalhos Final de Auditoria ............................................................................................ 55
III.5 Grant Thornton Voyager .................................................................................................. 62
PARTE IV CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................... 67
IV.1 Anlise Crtica de Competncias ...................................................................................... 68
IV.2 Contribuio dos Conhecimentos Adquiridos para o Estgio .......................................... 69
Concluso .................................................................................................................................... 72
Bibliografia .................................................................................................................................. 74
Anexos ........................................................................................................................................ 76
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Grant Thornton & Associados SROC, Lda.4
NDICE DE FIGURAS Pg.Figura 1 Firmas Membro da Grant Thornton Internacional .................................................... 33
Figura 2 Organograma Grant Thornton SROC, Lda. ................................................................. 37
Figura 3 Caixa de Dilogo inicial Voyager................................................................................ 63
Figura 4 Barra de Navegao Voyager .................................................................................... 64
Figura 5 Caixa Risk Assessment................................................................................................ 64
Figura 6 Caixa Responses to Assessed Risk............................................................................... 64
Figura 7 Caixa de Programa de Trabalho do ciclo Revenue ..................................................... 66
NDICE DE ANEXOS Pg.
Anexo 1 Normas Tcnicas e Directrizes de Reviso / Auditoria, Interpretaes eRecomendaes Tcnicas ............................................................................................................. I
Anexo 2International Standards for Auditing ......................................................................... IX
Anexo 3 Modelo de CLC .......................................................................................................... XII
Anexo 4 ndice do Permanent File ........................................................................................... XV
Anexo 5 ndice do Main Current File ....................................................................................... XX
Anexo 6 ndice do Supporting Current File ............................................................................ XXII
Anexo 7 TB - Trial Balance .................................................................................................... XXIV
Anexo 8 D/2 - Reviso Analtica .......................................................................................... XXVIII
Anexo 9Leads Schedules .................................................................................................... XXXII
Anexo 10Walkthrough ao Sistema de Vendas .................................................................... XLVI
Anexo 11Sub-leadDepsitos Ordem .............................................................................. XLVIII
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AGRADECIMENTOS
Durante o estgio, no s adquiri experincia tcnica e profissional, como
tambm tive oportunidade de conhecer pessoas que, em poucos meses, conquistaram
a minha admirao e me transmitiram os seus conhecimentos, tratando-me com
respeito e amizade.
Assim, os meus mais sinceros agradecimentos:
Ao meu orientador da Faculdade de Economia da universidade de Coimbra,
Professor Doutor Jos Vaz Ferreira e a todos os de mais docentes que contriburam
para a minha formao acadmica.
A toda a famlia GT. Sem eles no era possvel! Agradeo, acima de tudo, a
todos os colegas, a pacincia, dedicao, partilha de conhecimento, disponibilidade,
fora e compreenso numa etapa to importante da minha vida.
Aos scios responsveis da GT, que, de imediato, aceitaram a minha proposta
de estgio e me proporcionou a grande oportunidade para alcanar o meu grau de
mestre.
famlia pelo apoio e confiana!
Aos amigos, pelo carinho e fora!
Um bem-haja!
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INTRODUO
Este trabalho a etapa final de um longo percurso acadmico orientado para a
obteno do grau de mestre em Gesto. No mbito de tal percurso e para o concluir, a
minha opo foi a realizao de um estgio curricular. Deste modo, procurei encontrar
um estgio que oferecesse a oportunidade de enriquecer e desenvolver a
aprendizagem acumulada em sala, surgindo uma organizao na rea da auditoria a
proporcionar-me este desejo. Assim, este trabalho pretende expor tudo o que pude
aprender durante o meu estgio curricular com a durao de cinco meses na Grant
Thornton & Associados, SROC, Lda.
Existem diversos tipos de auditoria, nomeadamente auditoria interna, auditoria
operacional, auditoria de gesto, auditoria informtica, auditoria social, entre outras.
No mbito do estgio realizado, este trabalho foca apenas a auditoria externa.
A auditoria externa um exame independente, objectivo e competente de um
conjunto de demonstraes financeiras de uma entidade, sendo conduzido com o
objectivo de exprimir uma opinio sobre se as demonstraes financeiras apresentam
de forma verdadeira e apropriada a posio financeira da empresa. Ao longo do
trabalho utilizar-se- o termo revisor/auditor para designar tanto os ROC/SROC como
ainda os auditores externos e o termo reviso/auditoria para designar tanto a reviso
legal como a auditoria.
A auditoria deixa cada vez mais de ser uma actividade somente com o objectivo
de fiscalizao, para ser mais participativa no desempenho empresarial, tendo um
papel importante de apoio em toda a cadeia produtiva, financeira, contabilstica e de
processos. Assim, assiste-se mudana do conceito de gasto para investimento, na
contratao deste servio.
Na Parte I ser apresentada a componente terica do trabalho, onde sero
expostos alguns fundamentos tericos de Auditoria, baseados sobretudo nas Normas
Internacionais de Auditoria. Na Parte II ser feita a apresentao da empresa de
acolhimento do estgio, caracterizando-a e fazendo uma breve resenha histrica
desde a sua fundao at aos dias de hoje e referindo a sua estrutura organizacional. AParte III aborda a componente prtica, consequncia da aprendizagem obtida em
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tempo de estgio, relatando as vrias actividades desenvolvidas como auditor
assistente. Para finalizar, na Parte IV, desenvolver-se-o algumas consideraes finais,
ao nvel de competncias adquiridas, enquadramento terico com a componente
prtica e da aprendizagem, terminando com a concluso do trabalho e com asreferncias bibliogrficas em que me baseei para o desenvolvimento deste relatrio.
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I.1 DEFINIO DE AUDITORIA FINANCEIRA
A tarefa de definir auditoria no fcil, especialmente em face das
possibilidades da aplicao dessa tcnica em muitas reas do conhecimento humano.
O presente trabalho debrua-se, apenas, sobre a auditoria financeira, tambm
conhecida como auditoria externa, mbito em que esteve inserido este estgio.
A Auditoria Financeira definida como um servio que se caracteriza pela
expresso de uma opinio objectiva sobre as demonstraes financeiras de uma
entidade, fazendo referncia a um conjunto de normas que tm natureza de interesse
pblico e que contribuem para o aumento da credibilidade da informao financeira.
Para tal, o conhecimento aprofundado acerca das empresas auditadas,nomeadamente, quanto s suas actividades e s suas estruturas, proporcionam ao
auditor uma tomada de deciso consciente no domnio da gesto.
O conjunto de servios prestados na rea da auditoria diversificado, recaindo,
substancialmente, nas seguintes competncias: consultoria de gesto no que respeita
a aconselhamento em matrias de informtica, controlo interno, procedimentos e
organizao da empresa; aconselhamento relativamente a investimentos,
nomeadamente queles que se ajustam s condies especficas das empresas;
interveno do Revisor Oficial de Contas como fiscal nico; fundamentao objectiva
acerca do valor das entradas em espcie pelos detentores de capital sociedade;
interveno ao nvel dos servios relacionados com a Reviso Legal de Contas;
questes de insolvncia; entre outros.
Os auditores so profissionais qualificados e necessariamente externos
empresa, com o propsito de garantir a independncia e fiabilidade dos resultados das
actividades das empresas e da sua posio financeira, bem como garantir que as suas
demonstraes financeiras sejam apresentadas de acordo com as normas jurdicas em
vigor.
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I.2 EVOLUO HISTRIA DA AUDITORIA
A auditoria externa surgiu como um foco da evoluo do capitalismo, sendo
que no princpio as empresas eram exclusivamente fechadas e a participao no seu
capital era exclusiva de um grupo familiar. A Revoluo Industrial, operada na segunda
metade do Sculo XVIII, imprimiu novas directrizes s tcnicas contabilsticas e
especialmente s de auditoria, visando atender s necessidades criadas com o
aparecimento de grandes empresas. Como consequncia, as demonstraes
contabilsticas passaram a ter uma grande importncia para os futuros investidores,
como medida de segurana contra a possibilidade de manipulao de informaes.
Estes passaram a exigir que as demonstraes financeiras fossem examinadas por um
profissional independente da empresa, surgindo ento a profisso do auditor.
Recuando no tempo, j em 200 a. C., na Repblica Romana, as contas
governamentais eram apresentadas na forma de lucros e perdas e eram
constantemente fiscalizadas pelos magistrados encarregues das finanas, os quais
eram denominados questores. Com efeito, uma actividade similar auditoria foi
realizada durante o Imprio Romano, j que era comum os imperadores encarregarem
funcionrios de inspeccionarem a contabilidade das diversas provncias.
A primeira meno de uma auditoria realizada foi em Inglaterra, no ano de
1314, a pedido da Rainha Elizabeth. Inglaterra designou o Auditor do Tesouro para
instalar um sistema de controlo e marcas sobre os gastos do governo.
J ao alcanar um maior grau de evoluo, a auditoria de empresas comeou
com a legislao britnica, promulgada durante a Revoluo Industrial. Assim, a
auditoria nos moldes que se conhece nos dias actuais, desenvolveu-se no Reino Unidoe foi difundida para outros pases, principalmente Canad e Estados Unidos, que,
devido ao desenvolvimento econmico, aprimoraram significativamente esta nova
tcnica.At esta data, a auditoria era utilizada pelos indivduos mais ricos e com grande
disperso dos seus activos, que necessitavam saber se estes eram adequadamente
mantidos e utilizados e no negligenciados pelas pessoas a quem eram confiados.
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Assim, na sua primeira fase, a auditoria dava especial nfase deteco de fraudes,
modelo que prevaleceu at aos primeiros anos de 1900.
Foi a partir desta altura, em consequncia do grande desenvolvimento das
sociedades annimas como forma jurdica de empresa, que surgiu a necessidade de se
saber se a informao fornecida aos accionistas e aos credores correspondia
realmente situao econmica e patrimonial da empresa. O grande desenvolvimento
dos mercados de capitais, bem como a repartio do capital das grandes empresas por
investidores, alterou o comportamento e originou uma mudana nas linhas de
orientao da auditoria. Por esta altura, os investidores estavam mais preocupados
com os lucros futuros do que com a posse de determinados activos. Assim, o lucro
converteu-se na base do estabelecimento e previso dos valores das aces, sendo a
medio e verificao das demonstraes financeiras considerada como a principal
preocupao dos auditores.
Nos anos 80 e 90, a credibilidade dos auditores foi abalada com o
conhecimento pblico da existncia de actividades fraudulentas que afectaram o
sector empresarial. O governo americano interveio, tendo como preocupao a
qualidade das auditorias e a independncia do auditor. A crescente complexidade da
economia e os problemas com que os profissionais de auditoria se viram confrontados,
forou-os a procurar um novo e mais recompensador paradigma para os seus servios.
Assim, a auditoria comeou a focar-se na confirmao e no controlo dos riscos
que afectam a organizao, nova problemtica que est no desenvolvimento da
profisso. Os investidores deixam de estar s interessados no retorno do seu
investimento, centrando tambm as suas preocupaes em indicadores quedemonstrem qual o rumo que a empresa est a tomar no curto e longo prazo. Esta
atitude coloca as prioridades da auditoria na rea de riscos futuros e na capacidade da
organizao diminuir os riscos, atravs de um adequado planeamento e controlo, sem,
no entanto, substituir as questes da propriedade e do lucro.
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I.3 O PAPEL DOS REVISORES OFICIAIS DE CONTAS /AUDITORES
Os Revisores Oficiais de Contas (ROC) e os Auditores so responsveis pela
Reviso Legal das Contas de entidades pblicas e privadas, pela auditoria s contas,
podendo tambm executar outros servios relacionados com a reviso e a auditoria
como, por exemplo, pareceres sobre fuses, cises, transformaes, avaliaes e
outros que tenham uma natureza e mbito bem definidos. -lhes tambm permitido o
exerccio de funes de docncia ou consultoria em matrias que integrem o programa
de admisso Ordem.
Tal facto obriga-os a ter um leque de conhecimentos muito vasto, forando-os
a dominar matrias relacionadas com a contabilidade, a gesto, a fiscalidade, a
informtica e sistemas de informao, as finanas e as leis e regulamentos aplicveis
gesto corrente das entidades e sua prestao de contas. Necessitam tambm de
conhecer profundamente as Normas de Auditoria, emitidas pela Ordem dos Revisores
Oficiais de Contas, que so de aplicao obrigatria no desempenho das suas funes,
bem como as Normas Internacionais de Auditoria (ISA), com forte tendncia de
aplicao face globalizao das actividades e necessidade de harmonizao
internacional das formas de prestao de contas e das exigncias de transparncia e
fiabilidade.
A reviso/auditoria s contas e a outros elementos financeiros fundamental
para melhorar a transparncia e garantir a credibilidade da informao financeira
prestada pelas entidades, possibilitando, desta forma, aos utilizadores dessa
informao tomarem decises mais sustentadas, minorando o risco.
Com o crescimento econmico e a globalizao das actividades emergem novas
exigncias de transparncia e fiabilidade da informao financeira e dos actos
praticados sendo, por conseguinte, maior a responsabilidade dos decisores, pelo que
tende a crescer o nvel de solicitao interveno deste tipo de profissionais.
I.4 AUDITORIA EM PORTUGAL
A organizao deste sector em Portugal tem por pilar fundamental a Ordem
dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Em 1999, o Decreto-lei n 487/99, de 16 de
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Novembro, instituiu o novo regime jurdico dos Revisores Oficiais de Contas,
reformulando o anterior Decreto-Lei 422-A/93, face necessidade de acompanhar a
evoluo e de proceder a alguns ajustamentos decorrentes da experincia da sua
aplicao. Foi alterado o enquadramento institucional, alterando-se a designao deCmara para Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
Todas as matrias de reviso legal de contas, auditoria s contas e servios
relacionados de empresas ou outras entidades esto sujeitas disciplina normativa e
ao controlo da Ordem.
A nvel internacional, a Ordem membro da International Federation of
Accountants (IFAC) e mantm relaes de grande proximidade com os organismos
congneres de outros pases. fundamental, para a profisso, a ligao em rede a
organizaes internacionais para que o desenvolvimento e difuso dos aspectos
tcnicos concorram para a sua credibilidade. A ligao a estes organismos
internacionais constitui-se como um factor de acumulao de conhecimento.
A prestao de servios de Auditoria est fortemente regulamentada, quer ao
nvel dos servios (regras como estes devem ser executados), quer ao nvel da
regulamentao profissional dos seus membros. Quanto regulamentao dosservios definem-se factores como: o tipo de trabalho a executar, as condies a
respeitar e as pessoas passveis de executar este tipo de trabalho. Quanto
regulamentao profissional dos membros, a profisso organizada pelas autoridades
pblicas ou pela Lei. A regulamentao define inmeros requisitos, nomeadamente, a
adeso s organizaes profissionais, aos nveis mnimos de formao e de
experincia, s normas deontolgicas, formao contnua e s regras de constituio
das sociedades de profissionais do sector em questo. Existe, assim, um conjunto de
normas gerais a que os seus profissionais tero de obedecer (Normas Gerais das
Normas Tcnicas de Reviso/Auditoria vide Anexo 1).
Em Portugal, o exerccio da auditoria est organizado em dois vectores bsicos:
auditoria de fonte legal, imposta por lei a diversos tipos de sociedades a qual apenas
pode ser praticada por profissionais denominados ROC e inscritos na respectiva
Ordem; e auditoria de fonte convencional, contratada por iniciativa das entidadesinteressadas e realizadas por empresas especializadas, nacionais e multinacionais.
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Grant Thornton & Associados SROC, Lda.14
O controlo de qualidade o elemento central em qualquer estrutura
empresarial, contudo, nas empresas de prestao de servios fulcral; no sector de
actividade em anlise, imprescindvel. neste sentido que as empresas
implementam e monitorizam sistemas de controlo interno. Ao nvel externo, oelemento de referncia a superviso da Ordem Profissional e outras entidades como
sejam a CMVM e o Banco de Portugal.
Em 2008 foi aprovada a criao do Conselho Nacional de Superviso de
Auditoria (CNSA) DecretoLei n. 224/2008, tendo sido aprovado os respectivos
Estatutos, procedendo transposio parcial da Directiva n. 2006/43/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio de 2006, relativa reviso legal das
contas anuais e consolidadas, visando regular o exerccio da actividade de auditoria
para a promoo da qualidade e a confiana dos mercados nas funes de auditoria.
Deste modo, foi introduzido um novo modelo de superviso da profisso, com a
criao do CNSA, ao qual atribuda a responsabilidade final pela superviso do
exerccio da actividade. O sistema de superviso pblica caracteriza-se por uma gesto
independente, atribuda ao Banco de Portugal, Comisso do Mercado de Valores
Mobilirios, ao Instituto de Seguros de Portugal, Ordem dos Revisores Oficiais deContas e Inspeco-Geral de Finanas. No cerne das atribuies do CNSA encontram-
se a emisso de parecer prvio relativamente s normas do sistema de controlo de
qualidade, deontolgicas e de auditoria e a avaliao do plano anual de controlo de
qualidade proposto pela OROC, bem como o acompanhamento da sua execuo.
I.5 CDIGO DE TICA DA OROC
Em Portugal, o Cdigo de tica e Deontologia Profissional (CEDP) dos ROC
estabelece que o ROC deve exercer a sua actividade profissional com independncia,
responsabilidade, competncia e urbanidade, respeitando a legalidade, o sigilo
profissional, as regras sobre publicidade pessoal e profissional e os seus deveres para
com os colegas, os clientes, a OROC e outras entidades, acautelando legitimamente os
seus direitos.
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O CEDP, que se encontra actualmente em vigor, foi aprovado e publicado em
2001 e refere como objectivos da profisso de ROC a credibilidade, o profissionalismo,
a qualidade dos servios e a confiana, sendo composto por sete captulos, a saber,
Do mbito aplicao, Dos Princpios, Da publicidade e da informao, Dosdeveres, Das outras normas a observar no exerccio da profisso, Da
responsabilidade disciplinar e Das disposies finais. Os requisitos do
Auditor/Revisor prendem-se com:
Independncia: a profisso deve ser exercida com independncia e objectividade, sem
que o profissional nunca se coloque numa posio que diminua a sua livre capacidade
de formular uma opinio justa e desinteressada;
Competncia: O trabalho deve ser planeado, executado, revisto e documentado, de
forma a constituir fundamentao adequada dos relatrios e pareceres emitidos;
Sigilo Profissional: Os profissionais no podem aproveitar-se, pessoalmente ou em
benefcio de terceiros, de segredos comerciais de que venham a tomar conhecimento
no decorrer do seu trabalho. Devem ainda conservar a documentao e as
informaes, qualquer que seja o seu suporte ou forma sob que se apresentem, e
proteg-las adequadamente.Publicidade: vedado qualquer tipo de publicidade pessoal, directa ou indirecta, e por
quaisquer meios.
Deveres para com os Colegas: Os profissionais devem proceder com a maior correco
e urbanidade, no se pronunciar publicamente sobre funes confiadas a outros, salvo
com o seu acordo prvio, e actuar com a maior lealdade em todas as situaes e
circunstncias.
Deveres para com os Clientes: Baseiam-se na lealdade, independncia, imparcialidade
e satisfao do interesse pblico e implicam conscincia, saber, iniciativa, liberdade de
aco e respeito pelo segredo profissional.
Deveres para com a OROC e outras Entidades: Os profissionais devero proceder com
urbanidade, correco e cortesia em todas as suas relaes com entidades pblicas ou
privadas e com a comunidade em geral. Devem colaborar com a OROC nos fins legais e
estatutrios, no seu prestgio e na prossecuo das suas atribuies. Devem ainda
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exercer os cargos para que tenha sido eleito ou nomeado e desempenhar, em geral, os
mandatos que lhes forem conferidos.
I.6 PRINCPIOS, NORMAS E DIRECTIVAS DE AUDITORIA
H um conjunto de princpios, normas e directivas que devem ser tidas em
conta no exerccio da actividade de auditoria.
Merecem desde logo destaque os designados Princpios Contabilsticos
Geralmente Aceites, constitudos por um conjunto de normas, regras e convenes
que devem ser observados na prtica contabilstica em geral e na elaborao das
demonstraes financeiras em particular.
De entre as entidades com competncias reconhecidas para a emisso de
normas, directivas e recomendaes com reflexo no exerccio da actividade da
auditoria, podem mencionar-se, de entre outras, as seguintes:
AICPA American Institute of Certified Public Accountants, que foi o primeiro
organismo profissional a publicar normas de auditoria;
IFACInternational Federation of Accountants, organismo representativo da profisso
contabilstica a nvel mundial, criado em 1977;
OROC Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
No caso Portugus, dispe-se do Manual do Revisor Oficial de Contas,
publicado em Dezembro de 1985, periodicamente actualizado, que contm a
caracterizao, institucionalizao e universalizao das normas gerais e especficasemitidas ou adoptadas no pas, com base em normativo emitido por diversas
entidades internacionais. As normas, directrizes e recomendaes nele contidas
pretendem regulamentar a profisso e as funes do auditor externo em geral e do
revisor oficial de contas em particular e incidem fundamentalmente sobre aspectos
relacionados com as demonstraes financeiras.
Assim, actualmente, a estrutura normativa profissional da OROC compe-se,
alm do Cdigo de tica e Deontologia Profissional anteriormente referido, de:
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essencial a emisso de normas International Standards on Auditing (ISA) e
recomendaes, em matria de auditoria (Anexo 2).
Em Portugal, as ISAs no so directamente aplicveis, contudo, o artigo 2. das
Normas Tcnicas recomenda a sua utilizao supletiva.
I.7 O CONTROLO INTERNO
A ISA 315 Identificar e Avaliar os Riscos de Distoro Material por meio da
compreenso da entidade e do seu ambiente, apresenta uma definio de controlo
interno:
Controlo interno o processo concebido, implementado e mantido pelos
encarregados da governao, pela gerncia e por outro pessoal para proporcionar
segurana razovel acerca da consecuo dos objectivos de uma entidade com
respeito fiabilidade do relato financeiro, eficcia e eficincia das operaes, e
conformidade com leis e regulamentos aplicveis..
Assim, o controlo interno consiste: no plano da organizao que proporcionauma apropriada segregao de responsabilidades funcionais; num sistema de
autorizaes e procedimentos de registos a fim de proporcionar um controlo
contabilstico razovel sobre os activos, passivos, proveitos e custos; prticas a serem
seguidas no desempenho dos deveres e das funes de cada um dos departamentos
de uma empresa; e em existir pessoal de qualidade compatvel com as respectivas
responsabilidades.
Aps obter uma compreenso dos controlos que so relevantes para a
auditoria, o auditor deve avaliar a concepo desses controlos e determinar se foram
apropriadamente implementados. A ISA 315 menciona ainda cinco componentes do
Controlo Interno:
- Ambiente de controlo (cumprimento de valores ticos, filosofia de gesto e
estilo operacional, estrutura organizacional, definio de autoridade e de
responsabilidade, etc.);
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- O processo de avaliao do risco pela entidade (alteraes no meio
envolvente operacional, nova tecnologia, reestruturao da empresa, etc.);
- O sistema de informao, incluindo os respectivos processos negociais,
relevantes para o relato financeiro, e comunicao (mtodos e registos das
transaces vlidas);
- Actividades de controlo relevantes para a auditoria (politicas e procedimentos
que ajudam a assegurar que as directivas da gesto so cumpridas);
- Monitorizao de controlos (verificar se os controlos esto a operar como se
previa e se os mesmos so modificados apropriadamente face s alteraes das
condies).
Outro procedimento de controlo interno de extrema relevncia, a numerao
sequencial de todos os documentos produzidos nota de encomenda, nota de crdito,
nota de dbito, factura, recibo, guias de entrada em armazm, etc. Mesmo os
documentos anulados no devem ser destrudos, de modo a persistir evidncia da sua
no utilizao.
Contudo, o facto de existir um sistema de controlo interno, e por muito bom
que este seja, no significa que a empresa esteja completamente imune a situaes
to diversas como as de ocorrncia de erros, irregularidades ou fraudes. De entre os
factores que limitam o controlo interno, podem mencionar-se os seguintes: no
interesse por parte do rgo de gesto na manuteno de um bom sistema de
controlo; dimenso da empresa ( mais difcil implementar um sistema de controlo
interno numa empresa de menor dimenso); relao custo/beneficio; existncia deerros humanos, conluios e fraudes; transaces pouco usuais e utilizao de
informtica.
Apesar do objectivo principal de um auditoria ser a emisso de do relatrio
sobre as demonstraes financeiras, torna-se tambm necessrio que os auditores
externos procedam ao levantamento dos sistemas contabilsticos e de controlo
interno, que alm de serem analisados, devem igualmente ficar registados, atravs de
questionrios padronizados, narrativas, fluxogramas, entre outros.
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I.8 PLANEAMENTO DE UMA AUDITORIA
O planeamento de um trabalho de auditoria define a estratgia geral dos
trabalhos a serem executados na entidade auditada, pressupe um adequado nvel de
conhecimento sobre as actividades, factores econmicos, legislao aplicvel e
prticas operacionais da entidade, alem do nvel geral de competncia da sua
administrao.
Planear um Trabalho de Auditoria
A ISA 300Planear uma Auditoria de Demonstraes Financeiras refere que
planear uma auditoria envolve estabelecer a estratgia global para a auditoria e
desenvolver um plano de auditoria, a fim de reduzir o risco da auditoria a um nvel
baixo aceitvel.
fundamental que seja feito um bom planeamento antes de dar incio a uma
auditoria, para garantir que cada rea vai ser adequadamente tratada, que os
problemas potenciais sero identificados e resolvidos e que o trabalho se realize de
forma eficaz e eficiente.Na fase de planeamento existem dois aspectos a ter em ateno,
nomeadamente, a natureza, extenso e tempestividade das actividades e dos
procedimentos de auditoria a realizar e a direco, superviso e reviso do trabalho de
auditoria.
A ISA refere que a natureza e extenso das actividades de planeamento
variaro de acordo com a dimenso e complexidade da entidade, com as experincias
anteriores dos membros da equipa de trabalho com a entidade, e das alteraes
relevantes que ocorram durante o trabalho de auditoria.
Relativamente tempestividade, ou seja, ao perodo em que devem ser
realizadas certas actividades de planeamento e efectuados testes e procedimentos de
auditoria, usualmente definem-se dois perodos para um trabalho de auditoria: uma
primeira fase e uma fase final. Numa primeira fase anterior ao trabalho final podem
ser realizados trabalhos relacionados com procedimentos analticos a serem aplicados
como procedimentos de avaliao do risco, com a compreenso dos regulamentos
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aplicveis entidade e de como esto a ser seguidos, determinao da materialidade,
procedimentos adicionais a nvel das asseres para classes de transaces, saldos de
contas e divulgaes que correspondam a tais riscos, entre outros.
No inicio do trabalho de uma auditoria deve-se ainda averiguar acerca dacontinuao das relaes com o cliente, do trabalho em si, do cumprimento com os
requisitos ticos e da compreenso das condies de trabalho. Deve-se ainda
determinar as caractersticas do prprio trabalho, verificar os objectivos do relato de
trabalho, distribuir o trabalho pelos membros da equipa, de modo a facilitar a
direco, superviso e reviso do mesmo, definir o trabalho de campo e prazos para os
relatrios.
No planeamento de uma auditoria deve-se sempre prever a hiptese de se
fazerem ajustamentos ao longo da execuo do trabalho, especialmente no caso de
primeiras auditorias, tendo em conta o desconhecimento das realidades concretas por
parte do auditor.
Na fase preliminar do trabalho, o conhecimento da entidade e do seu meio
envolvente deveras importante, assunto que tratado na ISA 315. O conhecimento
do negcio da empresa permite ao auditor identificar e compreender os
acontecimentos, as transaces e as prticas que podero afectar as demonstraes
financeiras, a auditoria ou o relatrio da auditoria Certificao Legal de Contas, de
modo a determinar os procedimentos de auditoria. Este processo contnuo e
cumulativo, sendo que uma primeira auditoria obriga a um dispndio de um nmero
de horas significativo. Esta ISA refere ainda que o auditor deve ter um detalhado
conhecimento dos sistemas de informao: dos procedimentos, em sistema manual ou
tecnolgico pelos quais as transaces so iniciadas, registadas, processadas e
relatadas, dos registos contabilsticos relacionados e do processo de relato financeiro
utilizado para preparar as demonstraes financeiras da entidade, incluindo
estimativas e divulgaes significativas.
A compreenso do controlo interno igualmente fulcral nesta fase preliminar
da auditoria: um bom controlo interno, apesar de no eliminar a necessidade de
testes, diminui essa necessidade substancialmente.
De acordo com a ISA 520 Procedimentos Analticos, estes significamavaliaes da informao financeira elaboradas atravs do estudo de relaes entre os
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dados financeiros e no financeiros, da investigao de flutuaes identificveis e de
relaes que sejam inconsistentes com outra informao relevante ou afastada
significativamente de quantias anteriormente previstas. Estes procedimentos so de
extrema utilidade na determinao do risco do trabalho, podendo despoletar aspectosda entidade dos quais o auditor no estivesse consciente e ajud-lo na determinao
de distores materiais a fim de definir a natureza, tempestividade e extenso de
outros procedimentos de auditoria.
A Materialidade e o Risco
O julgamento da materialidade deve ser utilizado para estabelecer um limite
para os elementos individualmente significativos, determinar o tamanho das amostras
e avaliar as asseres obtidas num trabalho. Nenhuma das normas de auditoria dos
diferentes organismos explcita a quantificao requerida para um julgamento
preliminar acerca da materialidade, nem to pouco fornece qualquer orientao
quantitativa, sendo que a aferio da materialidade depende do julgamento
profissional do auditor. O guideline mais utilizado no clculo da materialidade de 5%
a 10% do EBIT ou 1% do maior entre o total das vendas/receitas ou vendas/total dosactivos.
De acordo com a ISA 320 Materialidade em Auditoria, a materialidade deve
ser considerada, para alm da natureza, tempestividade e extenso dos
procedimentos contabilsticos, tambm no efeito ao nvel das distores. Ou seja,
importa que se veja o efeito cumulativo de pequenas quantias que, no seu conjunto,
possam afectar materialmente as demonstraes financeiras.
H uma relao imediata entre o risco de auditoria e a materialidade.
Geralmente, quanto maior o nvel de materialidade, menor o risco de auditoria; e vice-
versa. Isto , quanto maior a necessidade de realizao de testes e recolha de
evidncias devido ao nvel de materialidade alto, menor o respectivo risco de
auditoria.
A materialidade no planeamento da auditoria difere muitas vezes da
materialidade na avaliao da concluso da auditoria. Se a materialidade
significativamente diminuta na concluso da auditoria, ou seja, se o seu impacto
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reduzido na concluso, o auditor deve reavaliar os procedimentos de auditoria que fez
baseado no plano da materialidade para assegurar que foram de facto suficientes para
detectar qualquer erro de relato material.
I.9 PROCEDIMENTOS DE AUDITORIAOs procedimentos de auditoria so os mecanismos utilizados pelo auditor para
a obteno de evidncias ou provas que fundamentaro o relatrio de auditoria.
Representam o conjunto de tcnicas ou mtodos que permitem ao auditor obter
elementos comprovativos, de forma suficiente e adequada, para fundamentar os seus
comentrios, opinies e recomendaes aquando da elaborao do seu relatrio. Os
procedimentos de auditoria podem ser classificados em:
TESTES DE OBSERVNCIA relacionados com a validao da existncia,
efectividade e continuidade dos controlos internos;
TESTES SUBSTANTIVOS relacionados com os exames de saldos de Balanos,
tendo como finalidade a obteno de evidncias quanto suficincia, exactido e
validade das informaes contabilsticas da entidade.
A ISA 500 Prova de Auditoria refere que so necessrios testes de
controlos em duas circunstncias. Quando a avaliao do risco do auditor incluir uma
expectativa da eficcia operacional de controlos, exigido ao auditor que teste esses
controlos para suportar a avaliao do risco. Alm disso, quando os procedimentos
substantivos s por si no proporcionam prova de auditoria apropriada suficiente,
exigido ao auditor que execute testes de controlos para obter prova de auditoria
acerca da sua eficcia operacional. Esta ISA expe os seguintes procedimentos de
auditoria utilizados pelos auditores:
Inspeco de Registos ou Documentos e de Activos Tangveis
A inspeco consiste no exame de registos, como o caso da verificao dos
lanamentos nos Livros Dirio e Razo; no exame de documentos, tais como facturas e
extractos bancrios que tenham servido como base para os lanamentos; e no exame
de activos tangveis (corpreos), como a verificao da existncia fsica de mquinas,
equipamentos, mobilirio e utenslios, etc. Tambm so objecto de inspeco os
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Quando o valor das transaces for expressivo em relao posio financeira e ao
resultado das operaes da empresa, o auditor deve confirmar os valores das contas a
receber e a pagar, por meio de comunicao formal com os terceiros envolvidos,
atravs da circularizao. Tambm os Bancos, Seguradoras, Advogados e quaisqueroutras entidades financeiras devem ser circularizados.
A circularizao , assim, a confirmao de saldos e informaes da entidade,
solicitada pelo auditor. As minutas das cartas de circularizao so preparadas pelo
auditor, sendo posteriormente elaboradas pela entidade auditada. Deve ser o auditor
a colocar todas as cartas no correio e as respostas devem ser tambm recepcionadas
directamente pelo prprio auditor. Hoje em dia, com a disseminao do uso da
internet, muitas correspondncias de circularizao so feitas por correio electrnico.
A circularizao pode ser efectuada de forma positiva ou negativa. Numa circularizao
positiva solicita-se entidade circularizada uma resposta com a confirmao da
informao; na circularizao negativa no necessrio que a entidade responda se
houver concordncia com a informao constante na carta. A circularizao positiva
proporciona, evidentemente, muito mais garantias do que a negativa.
A circularizao aos advogados uma forma do auditor obter confirmaoindependente das informaes fornecidas pela administrao referentes a situaes
relacionadas a litgios, pedidos de indemnizao ou questes tributrias.
Reclculo
O reclculo consiste na verificao do rigor matemtico de documentos ou de
registos.
Reexecuo
A reexecuo a execuo independente de procedimentos ou controlos pelo
auditor, que foram originariamente executados como parte do controlo interno da
entidade.
Procedimentos Analticos
Os procedimentos analticos consistem em avaliaes de informaofinanceira feita por um estudo dos relacionamentos plausveis entre quer dados
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financeiros quer no financeiros. Os procedimentos analticos tambm englobam a
investigao de flutuaes e relacionamentos que sejam inconsistentes com outra
informao relevante ou se desviem significativamente de quantias previsveis.
A ISA 500 refere ainda que Estes Procedimentos de Auditoria, ou combinao
deles, podem ser usados como procedimentos de avaliao de risco, testes de
controlos ou procedimentos substantivos, dependendo do contexto em que sejam
aplicados pelo auditor. Em certas circunstncias, a prova de auditoria obtida de
anteriores auditorias pode proporcionar prova de auditoria sempre que o auditor
executar procedimentos de auditoria para estabelecer a sua relevncia continuada.
TESTES AOS CONTROLOS
Os testes aos controlos so os testes que se realizam para obter prova da
auditoria acerca da adequada concepo e da eficaz operacionalidade do sistema de
controlo interno. Aps o levantamento e o registo dos sistemas de controlo interno h
que os testar, de modo a perceber se esto efectivamente em funcionamento. Para tal
realizam-se, geralmente, testes s vendas e s dvidas de clientes; teste s compras e
s dvidas a fornecedores; e testes aos custos com pessoal. Os testes so realizados
numa base de amostragem, e deve ter-se em conta que a amostra deve ser
representativa do total do universo e que os testes incidam sobre vrios perodos do
ano.
Cada um dos testes s pode ser escrito depois de se efectuar o levantamento
do sistema de controlo interno em causa. Perante isto conclui-se que no existem
testes padronizados e que se apliquem integralmente a duas empresas distintas. No
entanto, existem procedimentos que so bsicos e de aplicao geral que devem
posteriormente ser complementados face a cada situao especifica. No sero aqui
expostos os testes para cada rea de trabalho, uma vez que sero contemplados no
contedo das actividades desenvolvidas ao longo do estgio, descritas na parte III do
relatrio.
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Assim, no decurso do trabalho de auditoria, o auditor deve realizar todos os
procedimentos necessrios identificao da existncia de transaces com partes
relacionadas.
ACONTECIMENTOS SUBSEQUENTES
A ISA 560Acontecimentos Subsequentes diz-nos que O auditor deve tomar
em considerao o efeito de acontecimentos subsequentes nas demonstraes
financeiras e no relatrio do auditor.
Eventos subsequentes so transaces ocorridas entre a data do balano e a
data de emisso do parecer do auditor, que podem modificar, se no forem
correctamente divulgadas, a opinio emitida. So exemplos dessas situaes perdas
em contas a receber decorrente da falncia do devedor; perdas relevantes a
investimentos; ocorrncia de sinistros (e.g. incndios, etc.); alteraes significativas na
legislao; pagamento ou sentena judicial, entre outros.
Quando o auditor tomar conhecimento de eventos que afectam de maneira
relevante as demonstraes contabilsticas, ocorridos entre a data do trmino do
exerccio e a data de emisso do parecer, deve verificar se eles foram,apropriadamente, contabilizados e, de forma adequada, divulgados nas
demonstraes.
I.10 CERTIFICAO LEGAL DAS CONTAS
A principal funo do revisor/auditor a de, aps a realizao do exame das
contas de uma empresa, emitir um documento sobre as demonstraes financeiras
que expresse uma opinio sobre as mesmas.
Em Portugal este documento toma o nome de Certificao Legal das
Contas(CLC) e tornou-se obrigatrio a partir de 1983, ano em que foram aprovadas as
primeiras Normas Tcnicas de Reviso Legal de Contas da Ordem dos Revisores Oficiais
de Contas.
No final de 1993, em sequncia da aprovao do novo regime jurdico dos ROC,
foram introduzidas algumas alteraes ao modelo da CLC. Actualmente e desde 1997,
a CLC tem os cinco modelos a seguir descritos:
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Os papis de trabalho facilitam a superviso do trabalho de auditoria, o
desenvolvimento profissional do auditor e ainda o planeamento e execuo das
auditorias posteriores na mesma entidade ou em outras semelhantes. Os papis de
trabalho devem, assim, permitir que um auditor sem prvio envolvimento naauditoria, chegue s mesmas concluses das produzidas no relatrio.
Por conterem documentos e informaes obtidas sobre a entidade auditada,
que no podem, em hiptese alguma, ser utilizados em benefcio prprio ou de
outrem, os papis de trabalho so de natureza estritamente confidencial.
Cada papel de trabalho elaborado deve ainda ser adequadamente identificado,
contendo identificao dos auditores, da entidade auditada, da rea auditada,
referncia para indexao (para fins de arquivo e organizao, possibilitando a rpida
localizao de informaes), data da realizao do trabalho, e assinatura dos
responsveis pela elaborao e reviso.
Os papis de trabalho, segundo as informaes que contm, devem ser
arquivados em pastas, do seguinte modo: o Arquivo Permanente contendo
informaes sobre a empresa e informaes de natureza permanente, isto ,
documentos utilizados em diversas auditorias, em determinada entidade; e o Arquivo
Corrente onde so arquivados os papis de trabalho utilizados num dado exerccio de
auditoria.
I.12 OS REFLEXOS DO SNC NA AUDITORIA
Na linha de modernizao contabilstica ocorrida na Unio Europeia, em
Portugal procedeu-se revogao do POC Plano Oficial de Contas e legislao
complementar, criando-se o SNC Sistema de Normalizao Contabilstica, em vigor
desde o dia 1 de Janeiro de 2010, de acordo com o Decreto-Lei n. 158/2009.
O SNC trata-se de um corpo de normas coerente com as Normas Internacionais
de Relato Financeiro (NIRF), em vigor na Unio Europeia, sendo um importante passo
na modernizao da informao financeira e contabilstica. Nesta fase de
implementao, em que as auditorias realizadas em 2010 so, ainda, referentes s
contas de 2009, o auditor lida com as contas POC, sendo a sua prestao, em termos
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de SNC, importante ao nvel de ajudar as empresas a promoverem a implementao
do novo sistema.
A mudana de paradigma e de forma acarreta acrescidos riscos de auditoria,
uma vez que no se trata apenas de alterar modelos formais, mas de adoptar novasposturas por todos os intervenientes. H a necessidade de alterar a forma e contedo
da informao financeira emitida pelas entidades e tambm de rever e actualizar
conceitos, implicando novos esforos em termos de formao profissional.
Assim, apesar do papel do revisor/auditor ser j importante nesta fase, esta
mudana ter um verdadeiro impacto ao nvel do seu trabalho propriamente dito
apenas nos trabalhos de auditoria s contas de 2010, ou seja, em geral, apenas no ano
civil de 2011. A mudana de paradigma consistir num verdadeiro desafio para todos
os intervenientes na informao financeira.
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PARTE II
APRESENTAO DA EMPRESA
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II.1 GRANT THORNTON INTERNACIONAL
Em 1924, Alexander Richardson Grant fundou a Alexander Grant & Co., em
Chicago. Grant tinha desempenhado funes como auditor senior na empresa Ernst &
Ernst (actual Ernst & Young), a qual abandonou para criar o seu prprio negcio.
Quando Grant faleceu, em 1938, a firma sobreviveu mudana e continuou a crescer.
Nos anos 60, a firma expandiu internacionalmente, nomeadamente, para Australia,
Canada e Reino Unido. Alexander Grant & Co. tornou-se na nona maior firma de
auditoria em 1985, atrs das firmas da era das Big Eight. Em 1986 a firma mudou o
nome para Grant Thornton, reflectindo a sua ligao no Reino Unido com a firma
Thornton Baker.
A Grant Thornton International uma entidade sem fins lucrativos, no
prestando servios junto dos clientes. a entidade lder da rede a nvel mundial,
encontrando-se estruturada juridicamente como uma private company limited by
guarantee, sem capital social, registada em Inglaterra e Gales.
Assim, a Grant Thornton Internacional uma organizao mundial que presta
servios a nvel de auditoria, fiscalidade e assessoria, constituda por firmas
independentes ao nvel da sua estrutura societria e de gesto, prestando esses
servios a entidades de interesse pblico, empresas privadas e outros. Actua em
sectores diversos, nomeadamente, construo, empresas comerciais, servios
financeiros, sector pblico, sade, organizaes sem fins lucrativos, empresas
tecnolgicas, entre outras. Cada firma membro independente, tendo, contudo, que
obedecer aos standards e valores representados pela marca GT International.
Figura 1: Firmas Membro da Grant Thornton InternationalFonte: Site GT Internacional
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II.2 GRANT THORNTON & ASSOCIADOS SROC, LDA [PORTUGAL]
A Grant Thornton & Associados SROC, Lda. (GT SROC) uma firma membro da
Grant Thornton Internacional e est presente em Lisboa e no Funchal, contando com
uma equipa de cerca de 40 profissionais e uma carteira de clientes diversificada em
diferentes sectores da actividade econmica, nomeadamente, navegao, construo
civil, imobilirio, turismo, educao e ensino, sector pblico (e.g. autarquias locais e
hospitais), produtos de consumo e industriais, lazer e qualidade de vida, tecnologia, e
concesses e parcerias pblico/privadas, no segmento de empresas e grupos
econmicos de mdia dimenso.
Os scios responsveis pela Auditoria/Reviso Legal de Contas so Carlos Lisboa
Nunes e Victor Seabra Franco e ambos possuem uma vasta experincia de cerca de 30
anos na rea em questo. Em Setembro de 1989 ambos constituram a Sociedade de
Revisores Oficiais de Contas, Victor Franco e Lisboa Nunes, a qual, em Dezembro de
2004, foi transformada na actual sociedade Grant Thornton & Associados, SROC, Lda.
A 22/12/2004 houve ento uma alterao dos estatutos relativamente
transformao de sociedade civil em sociedade civil sob a forma comercial porquotas. Procedeu-se tambm alterao da denominao social, ao aumento do
capital social, efectuado na modalidade de entrada em numerrio e entraram as scias
Grant Thornton e Maria do Rosrio Albertino. A sociedade alterou a sua denominao
por transformao da sua forma jurdica, passando a Grant Thornton & Associados,
SROC, Lda. A Grant Thornton e Associados, SROC, Lda., uma sociedade por quotas,
registada na Conservatria do Registo Comercial de Cascais, sob o n. 502286784. Em
Janeiro de 2010 a estrutura societria da empresa registou uma nova alterao,
estando, actualmente, o capital social distribudo da seguinte forma: Carlos Lisboa
Nunes com 48 % do capital; Victor Seabra Franco com 48 % do capital; Pedro Lisboa
Nunes com 3,6 % do capital; e Grant Thornton International, sociedade registada em
Inglaterra com 0,4 % do capital.
Esta empresa encontra-se registada na Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
com o n. 67, e na Comisso do Mercado de Valores Mobilirios com o n. 314 (desdeMaio de 1992), sendo um requisito indispensvel para a realizao de auditorias
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externas a empresas com aces e obrigaes cotadas em Bolsa, de acordo com o
previsto no Cdigo de Valores Mobilirios.
Na GT SROC, os servios so prestados com o objectivo de expressar uma
opinio profissional e independente sobre as demonstraes financeiras dos seus
clientes. Os responsveis possuem competncias para emitir relatrios de auditoria de
acordo com as normas vigentes em Portugal (Certificao das Contas / Certificao
Legal das Contas) ou as normas internacionais (IFRS).
At s alteraes introduzidas pelo Decreto-Lei 224/08, era da exclusiva
competncia da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas o desenho, concepo e
implementao do sistema de controlo de qualidade da profisso. No mbito das suas
competncias, a Comisso de Controlo de Qualidade, no sorteio pblico realizado em
2008, seleccionou a GT SROC para ser objecto de verificao no mbito dos controlos
regulares e programados. Os resultados foram positivos, no tendo sido identificada
qualquer situao de excepo ou recomendao.
Em Outubro de 2008, a GT SROC foi tambm objecto de verificao do seu
sistema de controlo de qualidade por parte de uma equipa de profissionais que
integram a rede, sendo a equipa supervisionada por um membro da Grant Thornton
International. Foram identificadas algumas recomendaes, de menor dimenso e
expresso, no sentido de garantir um melhor alinhamento dos procedimentos
adoptados com os da rede, nas reas da independncia e desenvolvimento
profissional.
Por ltimo, no que diz respeito situao financeira da empresa, os ltimos
dados disponveis so relativos ao volume de negcios do exerccio de 2008, tendo-se
verificado a seguinte distribuio:
Reviso Legal de Contas e Auditoria Financeira: 1.660.150
Outros Servios de garantia de fiabilidade: 470. 180
Apesar da crise econmica internacional relacionada com os mercados
financeiros, que se agravou substancialmente no perodo de 2008, tem sido possvelobter um crescimento do volume de actividade, o que vem confirmar a consolidao
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da Sociedade, em termos de mercado. de salientar a boa estrutura financeira da
empresa, para o qual tem contribudo o facto de no se proceder, tanto quanto
possvel, distribuio dos lucros. (Relatrio de Transparncia 2008).
II.3 SERVIOS PRESTADOS
Os diversos tipos de servios prestados pela GT SROC enquadram-se nos
seguintes:
AUDITOR EXTERNO: A GT SROC encontra-se inscrita na comisso de
Mercado de Valores Mobilirios como auditor Externo, desde 1991. Este registo
traduz o reconhecimento das suas qualificaes e competncias, permitindo
prestar servios de auditoria em entidades com ttulos admitidos cotao em
Portugal.
AUDITORIA DE PROGRAMAS COMUNITRIOS: A GT possui uma vasta
experincia na realizao de auditorias a programas comunitrios
desenvolvendo de forma regular servios nesta rea.
SERVIOS RELACIONADOS: Em virtude da sua abordagem e metodologia de
auditoria, privilegiando o adequado conhecimento do negcio dos seus
clientes, a organizao reconhece ter competncias para a prestao de outros
servios relacionados com a auditoria, nomeadamente, auditorias financeiras
em processos de aquisio ou no mbito de due diligence; avaliao de
entradas em espcie para a realizao de capital social, de acordo com o art.
28. do CSC; e emisso de pareceres relacionados com processos de
transformaes e fuses / cises de empresas.
II.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
A equipa GT est estruturada de acordo com o organograma da figura 2. No
nvel superior da cadeia hierrquica esto os dois partners (scios). Os dois partners
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Figura 2: Organograma Grant Thornton SROC, Lda.Fonte: Grant Thornton SROC, Lda.
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tm a seu cargo a administrao da empresa e o principal contacto com os clientes,
especialmente ao nvel dos seus rgos sociais. Apenas estes tm a competncia de
assinar as propostas e os contratos de prestao de servio, bem como os relatrios e
pareceres.
Os managers so os responsveis directos perante os partners, supervisionam o
planeamento e orientam a execuo de diversos trabalhos, acompanhando,
analisando e revendo a forma como os mesmos so realizados. Compete-lhes, para
apreciao e aprovao dos partners, a elaborao de minutas de propostas e de
contratos de prestao de servios, bem como dos relatrios e pareceres.
Os supervisores e seniores so os responsveis directos perante os managers,
sendo os encarregados das equipas na realizao do trabalho de campo. A seu cargo
est o planeamento do trabalho e a elaborao dos programas de trabalho e
distribuio, orientao e reviso das tarefas dos assistentes. Geralmente, no trabalho
de campo, ficam a seu cargo as reas mais delicadas do trabalho, o levantamento de
procedimentos contabilsticos e das medidas controlo interno. Os supervisores e
seniores so assim os principais responsveis pela formao profissional permanente
dos assistentes durante a execuo dos trabalhos.
Os assistentes so os responsveis pela execuo do trabalho de campo,
especialmente a nvel da abertura dos mapas de trabalho, inspeces fsicas e
documentais, preparao de pedidos de confirmaes externas, anlises dos
movimentos e dos saldos das contas, entre outros. Estas tarefas so desempenhadas
sob a orientao directa dos seniores e com base nos programas de trabalho.
Ao pessoal do sector administrativo compete a realizao de tarefas de auxlio
e necessrias ao funcionamento da empresa, tais como, facturao de clientes,
imputao de despesas aos clientes, conferncia das facturas de fornecedores,
pagamentos, contabilidade, tesouraria e questes relacionadas com pessoal
(departamento de contabilidade); arquivo, agenda, reprografia, questes relacionadas
com o sistema informtico (secretrias); e telefone, fax e economato (recepcionista).
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No existindo um departamento de recursos humanos na empresa, as
actividades relacionadas com este sector so desenvolvidas pela snior manager, tais
como processos de recrutamento, envio de planeamento a todo o pessoal depois de
ser elaborado em conjunto com os outros managers (existe uma reunio semanal parao efeito), controlo dos tempos, etc. A snior manager desempenha ainda a funo de
responsvel pelo departamento administrativo/financeiro da empresa.
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PARTE III
ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS
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III.1 ACTIVIDADES DE FORMAO E ADAPTAO
Aps a recepo na empresa pela snior manager, da apresentao das
instalaes e dos colegas de trabalho, das formalizaes e das consideraes a nvel de
funcionamento da empresa, a primeira semana na empresa foi passada com
actividades de formao e de adaptao, acompanhada de duas colegas seniores.
Assim, os primeiros dias foram reservados leitura de documentos
importantes, nomeadamente, o Manual de Auditoria, o Manual do ROC, Programas de
Trabalho genricos, Manual de Gesto de Risco, POC, SNC e Pastas de Clientes. Esta
fase revelou-se deveras importante a nvel da ambientao profisso e ao trabalho a
desenvolver e tambm para uma assimilao das responsabilidades, regras e normas a
cumprir.
Durante os restantes dias da primeira semana a tarefa realizada foi a abertura
de pastas do ano de diversos clientes. Para cada cliente existem dois arquivos: o
dossier permanente, que se mantm de ano para ano, sendo apenas actualizado; e o
dossier corrente de cada ano. Esta tarefa proporcionou um primeiro contacto com as
peas documentais que integram as pastas dos clientes e um conhecimento dosmesmos, uma vez que foram abertas pastas para uma grande parte das entidades que
constituem a carteira de clientes da Grant Thornton, SROC.
O Permanent File (PF) ou Dossier Permanente contm informao sobre
matrias com interesse permanente e deve ser revisto cada ano, de forma a certificar
que o mesmo apenas contm documentos de interesse futuro. Os documentos sem
interesse futuro so retirados e arquivados num dossier, o Dead File. O primeiro item
do PF um ndice com as referncias e respectivas descries dos documentos que o
compe, relacionados com informaes gerais da empresa, informaes do pessoal da
empresa e consultores, sistema contabilstico e sistema de controlo interno, contratos
e acordos e outros (Anexo 4).
O Dossier Corrente composto por duas partes: o Main Current File (MCF) e o
Supporting Current File (SCF). Tal como no PF, o primeiro item constante no MCF o
ndice com as referncias e descries dos documentos que o compe, estando
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dividido em quatro seces: A Demonstraes Financeiras, que inclui demonstraes
financeiras, relatrios, contas fiscais e package1; B Reviso, que inclui formulrios e
memos, avaliao da continuidade da empresa, reviso dos eventos subsequentes e
mapa de ajustamentos; C Planeamento, incluindo o planeamento do trabalho (APMAudit Planning Memorandum) e a materialidade, entre outros; e D Outros, que
contempla a reviso analtica, notas, carta de advogados, balancetes, circularizao,
entre outros (Anexo 5).
O SCF integrado igualmente por um ndice, seguido dos diversos ciclos de
trabalho, onde se arquivam os papis de trabalho e suportes documentais
relacionados com cada um. Os ciclos de trabalho GT esto divididos da seguinte forma:
E Imobilizaes Incorpreas; F Imobilizaes Corpreas; G Investimentos
Financeiros; H Existncias, Compras, Contas a Pagar e Outros Acrscimos e
Diferimentos; I Vendas, Prestao de Servios, Clientes, Contas a receber e Outros
Acrscimos e Diferimentos; J Intragrupos; K Disponibilidades; L Financiamentos;
M Impostos IRC; N Capital Prprio; O Custos com Pessoal; P Impostos IVA; Q
Outros Custos e Proveitos; R Derivados; S Imparidade; T Consolidao; e U
Rollforward Procedures (Anexo 6).
III.2 TRABALHO ESPECIAL
Aps a primeira semana, o primeiro ms do estgio foi passado no escritrio da
empresa, em colaborao num trabalho especial que estava a ser desenvolvido. Este
trabalho surgiu no seguimento de um trabalho de auditoria da empresa e consistia na
conferncia das contas correntes de clientes, dos ltimos quatro anos, de uma
instituio de ensino. Para o efeito, existiam ficheiros da tesouraria com o histrico dos
itens pagos e no pagos de cada cliente e extractos da contabilidade, os quais eram
cruzados e confrontados com tabelas de preos da instituio, de modo a detectar
eventuais erros ou reclassificaes a efectuar. O outputdo trabalho um ficheiro Excel
com o resumo de todas as situaes.
1 O Package um conjunto de documentos necessrio na realizao de trabalhos com reporteinternacional.
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III.3 TRABALHOS INTERINO DE AUDITORIA
Num trabalho de auditoria, para a maioria dos clientes existem duas fases do
trabalho: uma fase preliminar, antes do final do exerccio, a que se d o nome de
Trabalho Interino e o Trabalho Final, aps o fecho das contas do exerccio a
auditar. O trabalho interino incide principalmente nas questes de controlo interno,
sendo realizadas tambm anlises a contas do perodo do exerccio decorrido at
data em que se realiza o trabalho, sendo necessrio depois completar estas anlises no
trabalho final.
Ao longo dos primeiros meses de estgio, na fase de trabalhos interino (at
Dezembro de 2009), tive oportunidade de colaborar em cinco projectos distintos,
nomeadamente, numa empresa comercial, de matrias-primas do sector
farmacutico, alimentao humana e veterinria; num grupo de empresas integrado
por um empreendimento turstico, uma empresa imobiliria e uma empresa de
construo; numa empresa comercial do sector automvel (representante/distribuidor
da marca em Portugal); numa unidade hoteleira e numa empresa de transporte
martimo.
De seguida descreverei as actividades/tarefas realizadas por mim, sendo que,
face ao curto perodo de durao de estgio, abrangncia de todo o trabalho de
auditoria e complexidade de algum dos ciclos, a minha colaborao incidiu, apenas,
em alguns dos ciclos: I, K, M, O, P e Q, no tendo tido tempo de desenvolver
conhecimentos relativamente s reas de imobilizado, investimentos financeiros,
existncias e contas a pagar, intragrupos, financiamento e capital prprio, dada a
complexidade destas reas. Nesta fase de trabalho interino as minhas funes foram
essencialmente de apoio a outros colegas.
Tanto nos trabalhos interino como nos trabalhos finais existem programas de
trabalho a serem seguidos. Contudo, dada a especificidade de cada cliente e a
confidencialidade de dados, os programas de trabalho, bem como os papis de
trabalho no faro parte do contedo deste relatrio. Figurar em anexo apenas um
documento de um teste e de uma sub-lead a ttulo exemplificativo.
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PREPARAO DOS PAPIS DE TRABALHO
Aquando da chegada ao cliente, a primeira tarefa passa pela elaborao de um
documento elementos asolicitar que entregue aos responsveis do departamento
financeiro. medida que os documentos so recebidos coloca-se um tique () com
uma legenda evidenciando a recepo dos mesmos. So solicitados tambm, de
imediato, os balancetes do razo, de terceiros e de abertura para que se proceda sua
introduo nos papis de trabalho: uma tarefa imprescindvel no incio de qualquer
trabalho para uma viso global das contas e para organizao do dossier SCF. Estes
papis de trabalho so um conjunto de sheets de vrios documentos do Excel. O
documento principal contm a TB Trial Balance, onde so inseridos os valores
constantes no balancete do exerccio em anlise e onde permanecem tambm os
valores inseridos no exerccio anterior, de modo a obter balancetes comparativos
(Anexo 7). Ainda no ficheiro principal existem outras sheets, nomeadamente, o
Activo, Passivo e Demonstrao de Resultados (Anexo 8), que compe a reviso
analtica na seco D/2 no MCF. A par deste ficheiro principal, existem mais 13
ficheiros, cada um referente a cada um dos ciclos de trabalho mencionados
anteriormente, com excepo dos ciclos R, S, t e U do SCF (Anexo 9). Estes ficheirosformam assim as Lead Schedule de cada um dos ciclos, sendo que a cada um dos ciclos
esto alocadas as rubricas do balancete a eles pertencentes (e.g. a conta 64 - custos
com pessoal e a conta 24.5 segurana social esto alocadas Lead Schedule do ciclo
Custos com Pessoal). Na TB, seguida da descrio da rubrica, existe uma coluna
referncia GT que menciona a letra do ciclo a que a conta est alocada. Cada Lead
Schecule, bem como a TB e todos os restantes papis de trabalho so identificados
com o nome de quem realiza e rev o trabalho, a data em que efectuado, o nome do
cliente auditado e a referenciao do papel de trabalho.
Todas as sheets contidas nesta pasta de papis de trabalho esto ligadas TB e
recebem dela os respectivos valores de cada conta aps o balancete ser carregado. Os
documentos esto formatados de modo a que se possa confirmar que o balancete est
balanceado e bem introduzido e se todas as ligaes entre as diversas sheets esto
bem efectuadas a linha Totais da TB e as linhas abaixo dos quadros nas sheets dereviso analtica devem evidenciar zeros.
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Ainda relacionado com esta tarefa, h que ter em ateno que no balancete as
rubricas de terceiros (clientes, fornecedores e outros devedores e credores)
apresentam o saldo pelo valor lquido, pelo que se torna necessrio a obteno dos
balancetes de terceiros para que se consiga desdobrar o saldo lquido em saldodevedor e credor.
Outro procedimento inicial num trabalho de auditoria, a par da introduo do
balancete a conferncia do balancete de abertura do exerccio a auditar com as
demonstraes financeiras do exerccio anterior assinadas, de modo a salvaguardar
alteraes s mesmas. O balancete de abertura tambm conferido com o ltimo
balancete introduzido no trabalho do exerccio anterior (caso seja um trabalho
recorrente), de modo a prevenir alguma alterao que tenha existido e no esteja
ainda evidenciada nos papis de trabalho.
Para terminar a preparao dos papis de trabalho, imprimem-se todos estes
documentos e arquivam-se no dossier corrente, sendo que cada Lead Schedule ser o
rosto de cada rea de trabalho, que se vai completando com a introduo de
referncias, na respectiva coluna para o efeito, nas rubricas analisadas, medida que o
trabalho se desenvolve.
A referenciao dos papis de trabalho tambm um aspecto muito
importante, na medida que permite uma fcil e rpida localizao dos documentos nas
pastas de trabalho. Todos os papis de trabalho so referenciados, existindo
referncias externas, para correlacionar as informaes de um papel de trabalho para
outro; e referncias internas, dentro de um mesmo papel de trabalho. As referncias
so alfanumricas e evidenciadas em vermelho. Cada papel de trabalho referenciadocom a letra do respectivo ciclo a que se refere, seguida de um nmero, com uma
numerao sequencial, De salientar ainda que os ficheiros preparados em suporte
digital contm um x antes da numerao normal (e.g. xK/21 papel de trabalho do
ciclo disponibilidades em formato digital; K/22 papel de trabalho do ciclo
disponibilidades em suporte de papel).
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LEVANTAMENTO DE PROCEDIMENTOS DA REA DE VENDAS
Uma das tarefas realizadas num dos projectos em que colaborei prendeu-se
com a actualizao do levantamento de procedimentos da rea de vendas j elaborado
no trabalho de anos transactos.
O levantamento de procedimentos da rea das vendas consiste num
levantamento exaustivo de todo o processo de uma venda, desde a encomenda
efectuada pelo cliente at ao pagamento, incluindo o registo contabilstico da
transaco. Este levantamento efectuado atravs de entrevistas com as pessoas
envolvidas directamente no processo. Com este trabalho pretende-se observar quais
os princpios base aplicados ao nvel do sistema de controlo interno, relacionados com
autorizaes, delegaes de competncias e segregao de funes de concesso de
crdito, armazenagem, expedio, facturao, cobranas, aprovao e emisso de
notas de crdito e aprovao de anulaes de crditos incobrveis; aprovao formal
de cada encomenda quanto aoplafon de crdito, disponibilidade do produto, preos e
condies de vendas, existncia de mecanismos de confirmao da efectiva entrega de
cada encomenda ao seu destinatrio e anlise de antiguidade de saldos de clientes e
outros devedores.
Assim, aps a leitura do levantamento j existente e anlise de todo o processo
foi desenvolvida uma entrevista com o responsvel da rea e actualizado o
documento. A par desta tarefa foi tambm realizado um Walktrough ao sistema de
vendas, isto , partindo de uma encomenda de um cliente, seleccionada
aleatoriamente, foi percorrido todo o processo inerente a uma venda, averiguando se
todos os passos tinham sido cumpridos, de modo a detectar a existncia de falhas anvel de controlo interno, deixando uma cpia de todos os documentos relacionados
com essa venda apensos ao levantamento de procedimentos (Anexo 10).
TESTE S VENDAS
Aps a realizao e anlise do levantamento de procedimentos da rea das
vendas, os pontos de controlo so identificados, de modo a preparar um teste ao
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sistema de controlo interno da rea. Para a realizao do teste selecciona-se,
aleatoriamente, um processo de ponto de partida, determina-se o nmero de
elementos a analisar e calcula-se o intervalo a considerar entre cada processo, por
exemplo, com base no total de facturas emitidas at data de realizao do trabalho edo nmero de elementos a analisar, para um determinado perodo temporal. Definem-
se igualmente critrios para situaes anmalas que se verifiquem, como por exemplo,
a ausncia de processos. No final do teste analisam-se os resultados, referindo nas
notas e concluses as situaes anmalas e fazem-se as recomendaes necessrias
para eventuais melhorias no sistema de controlo interno. De salientar que a
preparao do teste e definio dos critrios foram realizados pelo snior presente no
trabalho, tendo a minha contribuio sido ao nvel de execuo do teste propriamente
dito.
TESTE S COMPRAS
A nvel do sistema de controlo interno da rea de compras, a realizao dos
testes nesta rea em tudo semelhante realizao dos testes na rea das vendas
descritos no ponto anterior. Nesta tarefa foi igualmente o snior do trabalho quem
preparou o teste a efectuar e definiu os critrios, tendo eu seguidamente realizado o
teste.
PAGAMENTOS AO ESTADO: IVA, Retenes na Fonte, Taxa Social nica
Outra das tarefas que realizei na maioria dos projectos em que participei, nos
trabalhos interino, foi a verificao de pagamentos ao Estado, nomeadamente,
pagamentos de IVA, Retenes na Fonte e Taxa Social nica. O procedimento passa
por solicitar as declaraes de IVA, mensais ou trimestrais consoante cada caso
especfico de cada cliente, as declaraes mensais de Retenes na Fonte e as de Taxa
Social nica. O objectivo testar os clculos, de modo a averiguar se os montantes a
entregar/receber ao Estado foram os devidos e se foram cumpridos os prazos
legalmente em vigor para o efeito, existindo papis de trabalho preparados para o
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efeito. So solicitados tambm os comprovativos de pagamento. Relativamente ao
IVA, quando existe lugar a imposto a recuperar e caso a entidade tenha solicitado o
reembolso do montante h tambm que averiguar se o mesmo j foi entregue pelo
Estado. Existe tambm um papel de trabalho onde se compe um histrico,registando-se os reembolsos pedidos e as datas de recebimento, ao longo dos anos em
que se realize trabalho.
No teste aos pagamentos da Taxa Social nica h que ter em conta as diversas
categorias de pessoal, distinguindo entre rgos sociais, pessoal, pensionistas, pessoal
com deficincias, situao de primeiro emprego, residentes no estrangeiro, etc., de
modo a verificar a aplicao correcta das taxas em vigor.
Na anlise de pagamentos ao Estado, faz-se tambm o confronto dos saldos na
contabilidade das respectivas rubricas com os valores constantes nas ltimas
declaraes entregues e nos valores de reembolso de IVA solicitados e ainda no
recebidos e, quando existam, as diferenas so apuradas.
Este trabalho realizado no interino efectuado, apenas, para os perodos do
exerccio que j decorreram at data do trabalho, sendo depois completada a anlise
dos restantes meses no trabalho final.
PAGAMENTOS AO ESTADO: PEC E PC
Em algum dos projectos tive a meu cargo o teste do clculo do Pagamento
Especial por Conta e do Pagamento por Conta. Existe um ficheiro modelo j preparado
para o Clculo do PEC e PC, onde se introduzem os elementos necessrios ao clculo,
nomeadamente o volume de negcios, o montante da colecta, os pagamentos por
conta devidos e as retenes na fonte suportadas no ano anterior, com base no
modelo 22 do ano anterior. Aps a realizao deste clculo, caso haja lugar a algum
dos pagamentos, solicitado o comprovativo dos mesmos, de modo a verificar o
pagamento pelos montantes devidos e nos prazos estabelecidos por lei. Nos casos em
que h data do trabalho ainda no se tenha vencido alguma data de pagamento, no
trabalho final os restantes pagamentos so verificados. igualmente feito um
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confronto com o saldo da respectiva rubrica na contabilidade e averiguadas as
diferenas, caso existam.
RESUMO DE ACTAS
Esta tarefa consiste em rever as actas de todas as reunies ocorridas durante o
ano (Conselho de Administrao, Assembleia Geral, Comisso Executiva, etc.), efectuar
o resumo das mesmas e fazer o cruzamento para outras reas de trabalho.
Seguidamente discute-se com o snior questes que possam ter impacto potencial no
trabalho de auditoria.
ANLISE DAS CONTAS DE BANCOS DEPSITOS ORDEM
O primeiro passo desta tarefa preparar a Sub-Lead de depsitos ordem
(Anexo 11), de modo a ter uma percepo das variaes ocorridas face ao perodo
homlogo e verificar se existem novas contas em bancos ou se alguma foi encerrada.
Posteriormente solicitam-se as reconciliaes bancrias de todas as contas de
bancos e os extractos bancrios do ltimo ms, de modo a cruzar os valores presentes
nas reconciliaes com os saldos da contabilidade e com os saldos dos extractos
bancrios.
As reconciliaes bancrias so elaboradas no sentido da harmonizao entre
os movimentos bancrios e a sua reflexo na contabilidade e vice-versa, sendo a
execuo destas de extrema importncia no mbito do tratamento contabilstico. Na
prtica, pretende-se obter a justificao da diferena existente entre o saldo
apresentado no extracto bancrio e o saldo constante na rubrica de bancos no
balancete da empresa. Assim, frequente encontrarem-se situaes em que temos
movimentos contabilizados pela empresa mas no debitados ainda pelo banco
(pagamentos e recebimentos atravs de cheque, por exemplo). Acontece por vezes
tambm o banco creditar a conta do cliente sem que, ao mesmo tempo, exista na
contabilidade a evidncia de tal movimento (extravio de um aviso de lanamento
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referente a depsito de juros, por exemplo). As diferenas podem ainda advir de erros
na contabilizao.
A exactido aritmtica das reconciliaes bancrias verificada, averiguado
com que se frequncia so realizadas (em princpio devem ser efectuadas numa base
mensal) e se estas esto devidamente rubricadas por quem as efectua e por quem as
confere (evidenciando segregao de funes).
Caso haja movimentos em aberto nas reconciliaes bancrias averigua-se se
estes foram regularizados no ms posterior: para os movimentos em aberto no banco
verifica-se se j foi efectuado o desconto, para os movimentos em aberto na
contabilidade verifica-se se j foi efectuado o respectivo lanamento e para as
situaes de erros de contabilizao verifica-se se j foram efectuados os lanamentos
rectificativos.
necessrio dar especial ateno s datas dos movimentos em aberto para
verificar a antiguidade dos mesmos e questionar o responsvel da contabilidade por
quaisquer itens excepcionais, como por exemplo, cheques em trnsito emitidos h
bastante tempo.
Todas as questes analisadas so evidenciadas nos papis de trabalho, neste
caso directamente nas fotocpias das reconciliaes bancrias obtidas junto do cliente
com tiques e as respectivas legendas, como de seguida se exemplifica:
Conforme balancete geral a dd-mm-aaaa
Conforme extracto bancrio/resposta do banco a dd-mm-aaaa
Verificado desconto no banco (dd-mm-aaaa)
Clculos verificados.
ANLISE DE CONTAS DE CUSTOS
Na fase de trabalho interino efectuam-se, tambm, testes e anlise documental
das contas de custos, os quais se completam no trabalho final do exerccio. O primeiro
passo consta em proceder a uma reviso analtica com base numa sub-leadconstruda,
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de forma a identificar as principais variaes ocorridas e as rubricas que apresentam os
saldos mais significativos. Devem tambm identificar-se eventuais encargos que
devero ser periodizados, mediante a reviso das contas de resultados e experincia
de anos anteriores. Seleccionam-se assim as contas para as quais se deve realizaranlise documental ou simplesmente