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Manual de Criação de Mexilhão

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Manual de Criação de Mexilhão

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2. Seleção do local ..........................................................................8 Cuidados na escolha .................................................................................... 8 O que você precisa para começar ................................................................ 9 O que diz a lei .......................................................................................... 10
3. Obtenção de sementes .............................................................. 11 Produção em laboratório ............................................................................ 11 Repicagem das sementes ou das pencas .................................................... 11 Dos estoques naturais (costões) ................................................................. 12 Coletores artificiais .................................................................................... 12
4. Métodos de cultivo.................................................................... 18
6. Colheita .................................................................................... 28 Comercialização ........................................................................................ 28 Manejo...................................................................................................... 29 Transporte ................................................................................................. 30
 
Série Maricultura
Cultivo de Mexilhões
Edição Lúcia Valente
Baseado em textos originais do Manual Biologia e Cultivo de Mexilhões, EPAGRI –UFSC, ROSA, R. de C.; FERREIRA, J.F.; PEREIRA, A.; MAGALHÃES, A. R. M.; NETO, F. M. de O.; GUZENSKI, J.; ANTONIOLLI, M. A.; FILLIPPI, L. M. N.; RODRIGUES, P. de T. R.; OGLIARI, R.O., Florianópolis, 2000. Manual de Mitilicultura, SEBRAE/ES, BANDES e CTA (Centro de Tecnologia em  Aqüicultura), Vitória, 2001.
 Agradecimentos  Jaime Fernando Ferreira, LCMM/UFSC Francisco de Oliveira Neto, EPAGRI
Produção e Editoração Multitarefa (Marisis Kallfelz, Paula Arend Laier, Sinuê Giacomini e Vinícius Carvalho)
Capa Elpídio Patrocínio de Souza, maricultor em Governador Celso Ramos, SC. Foto de Lúcia Valente.
Ilustrações Ilustrativa (André Valente, Eduardo Belga, Paulo Faria e Santiago Mourão)
Projeto Gráfico Cesar Valente
Impressão Gráfica Agnus
 A série Maricultura compõe-se de cinco manuais, publicada pelo BMLP (Brazilian Mariculture Linkage Program – Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura)
 Jack Littlepage – Diretor Geral Patricia Summers – Gerente de Projetos Carlos Rogério Poli – Diretor no Brasil e responsável técnico editorial da coleção
[email protected] DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – VENDA PROIBIDA
2003
iniciar uma produção de mexilhões ou que já estão pro-
duzindo, mas que com alguma orientação, podem melho-
rar seu negócio.
fazer as coisas. Outras pessoas aprendem, na prática, uma
outra maneira de como trabalhar. Quando estas pessoas
se encontram, podem trocar idéias e tentar melhorar.
Este manual não tem intenção de ensinar ou de falar
de tudo, mas pode ajudar estas pessoas a
acharem um melhor caminho.
Espécies
por um tecido denominado manto, que é como uma pele,
e alguns possuem uma concha que protege este corpo.
Vivem na terra e na água (que pode ser água doce,
salobra e salgada). O polvo, a lula, o mexilhão e o caracol
são moluscos.
madas por duas partes ligadas.
Mexilhão é a palavra usada em português para dar o
nome a diversas espécies de moluscos bivalves.
Mexilhão também é conhecido no Brasil como ma-
risco, marisco-preto, marisco da pedra, ostra-de-pobre e
sururu da pedra.
me. No Brasil os nomes dos mexilhões mais co-
muns para consumo humano são: Perna perna
e  Mytela falcata.
Os mexilhões são importantes para as pessoas por-
que além de sua carne ser um ótimo alimento, têm mui-
tas proteínas.
Existem mexilhões machos e fêmeas. Nota-se a dife-
rença, internamente, pela cor laranja nas fêmeas e branca
nos machos.
em três fases:
para eliminação de gametas - desova)
 vazio (manto pouco espesso, quase trans-
parente, animal acabou de eliminar game-
tas)
de cada sexo)
Depois de eliminar os gametas femininos e masculi-
nos na água do mar, a fecundação acontece ao acaso, pela
grande quantidade de material eliminado.
Proteínas: principal componente dos organismos vivos, fundamental para o crescimento, desenvolvimento e a manutenção celular.
 
Existem alguns estímulos para eliminação de gametas:
 aumento de temperatura da água
 desova dos primeiros mexilhões, seguida pelos res-
tantes
Meia hora depois da fertilização, a larva começa a
nascer com as primeiras divisões celulares. 24 horas de-
pois ela já é uma larva véliger ou larva D, quando começa
a se formar a concha.
Depois que ela cresce mais um pouco, forma um pé e
passa a se chamar pedivéliger, aí começa a ficar diferente
porque vai se tornando um mexilhão jovem.
Com um mês de idade o mexilhão já se parece com
um adulto e procura um local para se fixar.
Larva: estágio jovem de um animal.
 Véliger: é a segunda fase da larva, a véliger, quando começa a apresentar uma conchinha em forma de “D”.
Pedivéliger: estágio larval no qual o pé fica ativo na busca de local para a fixação.
 
 Primeira fixação – em substratos macios.
 Fixação secundária – em substratos duros, sendo
esta a fixação mais definitiva, embora o mexilhão tenha
condições de se mover a procura de melhores condições.
Substrato: base que serve de suporte
 
2. Seleção do local
deve se preocupar com o local onde você está pensando
em cultivá-los.
Se você já possui uma área ou está procurando, é im-
portante que este local:
casas próximas ou de indústrias, que podem
ter fortes produtos químicos (metais pesados,
agrotóxicos) ou estar contaminado por bactérias
 Seja longe da saída de rios (desembocadura)
 Não seja próximo de áreas com movimento intenso
de barcos, banhistas ou pesca
 Seja num local abrigado
 Seja uma baía ou enseada
Metais pesados: chumbo, cádmio, mercúrio e cromo, que lançados na água, representam um estoque permanente de contaminação para a fauna e a flora aquáticas.
Desembocadura: saída de um lugar relativamente estreito para outro mais largo; lugar onde o rio desemboca
 
tividade natural, quer dizer, com
bastante alimento para os mexilhões
(fitoplâncton)
pelo menos, 2 metros, para que não toquem o
fundo (para Perna perna)
Depois de verificar se o local possui todas estas con-
dições, são necessários alguns materiais básicos, chama-
dos de infra-estrutura:
 Estrutura para captação de sementes e engorda
  Diversos utensílios: redes, cabos, bóias, poitas,
bambus, caixas plásticas, cordas, bombonas plás-
ticas vazias de produtos não tó-
xicos, luvas, facas, penei-
algodão, rede externa de
Produtividade natural: capacidade natural de produção de alimento básico.
 
10 – Manuais BMLP de maricultura
Licença ambiental: autorização de órgãos ambientais do governo para a extração de recursos naturais.
O que diz a lei
Toda atividade que usa recursos naturais, como o mar
por exemplo, deve seguir a lei.
Existem algumas orientações obrigatórias para que
a atividade cresça mas não prejudique o meio ambiente
e as pessoas da comunidade. São regulamentos federais
e estaduais que a organizam e que devem ser seguidos
pelo produtor. No estado de Santa Catarina, por exem-
plo, o órgão responsável pela licença ambiental da ativi-
dade é a FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente)
da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente. Em outros estados deve-se procurar ori-
entação do órgão fiscalizador local.
Em Santa Catarina, para conseguir esta licença são
necessários vários documentos, mas o órgão que ajuda e
orienta o produtor é a Epagri. Antes de pagar por qual-
quer serviço de regularização de sua área consulte um
técnico da Epagri.
tro maneiras de conseguir sementes:
Produção em laboratório
A produção em laboratório poderá ser
obtida no futuro, mas é cara e deve ser utilizada em ca-
sos especiais.
Quando a corda de mexilhões fica muito cheia de
animais, deve-se fazer uma seleção, isto é, desmanchar
a corda, separar os indivíduos maiores dos menores e
formar novas cordas, utilizando as pequenas como se-
mente. Portanto a repicagem é uma seleção em função
da densidade.
Dos estoques naturais (costões)
Estoques naturais são as sementes que já existem na
natureza e estão nos costões. Se a única maneira de conse-
guir sementes for de costões deve-se seguir rigorosamente
as técnicas para coleta e a legislação.
Cuidados ao retirar sementes dos costões:
 Retirar sementes sem controle e sem autorização
pode esgotar a fonte.
tamanho.
levados para o cultivo.
Coletores artificiais
São estruturas feitas a mão, colocadas na água para cap-
tar as sementes. Esta é a melhor opção. Quando as semen-
tes são coletadas desta maneira têm melhor qualidade.
Quando colocar os coletores
Para ter melhores resultados é importante conhe-
cer a época de reprodução do mexilhão e os picos de
eliminação de gametas (desova).Pico: período no qual a população de mexilhões elimina a maior quantidade de gametas.
Predadores: animais que matam os outros para se alimentar
 
No caso do mexilhão Perna perna a melhor épo-
ca para colocação dos coletores é de um a dois meses
antes da desova. Em Santa Catarina, os períodos de
pico de eliminação dos gametas são os meses de abril
e maio, em setembro e depois entre novembro e ja-
neiro. Em geral, os mexilhões eliminam gametas
durante todo o ano.
se forme uma espécie de limo, onde as larvas vão
se fixar.
lhores épocas, aparecem outros organismos que se
fixam e isto prejudica a captação de sementes.
Onde colocar os coletores
tivos já existentes, ou perto dos estoques ou bancos
naturais, próximos à superfície da água.
Existem outros locais onde as correntes favore-
cem a coleta de sementes, apesar de ser longe dos
bancos e dos cultivos.
Como fazer os coletores
ras de redes de pesca, bambus e outros materiais
disponíveis.
 
Os coletores podem ser construídos com redes
e cordas de polipropileno, presos nas estruturas de
cultivo.
Primeiro modelo: Colocam-se dois cabos gros-
sos, paralelos, na superfície da água, com uma dis-
tância de 1 metro e meio entre cada um. Amarram-
se as cordas, que podem ser de nylon desfiado ou
rede torcida, entre os dois cabos, bem próximas umas
das outras. E para garantir a flutuação prendem-se
duas bóias nas laterais.
cultivo já existente, amarram-se alguns cabos, trans-
versalmente, na superfície. Assim, cultiva-se os me-
xilhões na vertical e pode-se captar sementes na ho-
rizontal.
Polipropileno: É utilizado para produzir objetos moldados, fibras para roupas e cordas. É altamente flexível; possui excelente resistência a intempérie; excelente comportamento sob estresse e tensão e é facilmente reparável se houver dano.
Paralelos: cabos que possuem sempre a mesma distância entre si.
Transversal: que forma um ângulo de 90° com os cabos paralelos.
Primeiro modelo
Depois da desova, as larvas ainda continuam se
fixando por um mês ou dois, dependendo da época
do ano.
vai depender da temperatura e da produtividade na-
tural da água.
para ver se estão em boas condições, se há fixação
das larvas e se as sementes estão crescendo.
O tempo total de duração desta etapa, desde o
momento em que se colocam os coletores e a retira-
da final das sementes, para serem transferidas ao sis-
 
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18 – Manuais BMLP de maricultura
Long-line ou espinhel: uma corda mestre com bóias e âncoras (poitas) de onde pendem as cordas com mexilhões.
Poitas ou âncoras: utensílios usados para fixar estruturas no mar.
4. Métodos de cultivo
Os métodos de cultivo empregados variam de um país
para outro e até mesmo de região para região, de acordo
com as características do ambiente. Podem ser de fundo,
estacas, suspenso fixo, suspenso flutuante e suspenso tipo
meia-água. Existem vários tipos de estruturas que podem
ser construídas para cultivar mexilhões. Nas tabelas das
páginas anteriores mostramos algumas delas:
1. Cultivo de fundo
2. Estacas ou “bouchots”
4. Suspenso flutuante: espinhel (long-line), balsa e
meia-água
Para conseguir um produto final de melhor qualidade
você deve selecionar e separar as sementes por tamanho.
Isto também ajuda e diminuir a ação dos predadores e com-
petidores no cultivo e facilita o crescimento dos mexilhões.
Após debulhadas, as sementes são separadas por ta-
manho e ensacadas apropriadamente. O material que pode
ser usado para ensacamento das sementes é:
 um funil de PVC,
 uma rede de algodão tubular,
 uma rede de poliamida tubular de 60 milímetros.
O cabo central é fixado na rede de poliamida e ser-
virá de sustentação para esta estrutura. Veste-se a pri-
meira rede de algodão no funil, que serve para segurar
as sementes. Em seguida coloca-se a segunda rede (mais
aberta). Dentro do funil, então, são colocadas as semen-
tes que já foram previamente selecionadas e limpas.
Debulhadas: desgrudadas, separadas umas das outras.
 
20 – Manuais BMLP de maricultura
Para cada 1 metro de corda, coloca-se 1 kilo e meio de
sementes (1,5 kg). Amarram-se as pontas da corda, dei-
xando uma sobra de cabo na parte de cima, onde ela vai
ser presa na estrutura.
for mais forte, não é necessário usar o cabo central.
Como funciona a engorda
rar as sementes, quando elas estão menores, mas
depois que elas crescem e a rede se desmancha
na água, os mexilhões maiores as usam como
substrato, o lugar onde eles irão se prender.
No litoral de Santa Catarina, a experiência
aconselha que se usem cordas de comprimento
de até 1 metro e meio, para que, depois que os
mexilhões crescerem, possam ser retiradas da
água por duas pessoas num barco pequeno. São
recomendadas cordas maiores para locais mais
profundos, porém seu manejo necessita de ma-
quinários. Lembre-se que cada metro de corda pe-
sará aproximadamente 10 kg.
O que é a engorda
A engorda é o período de tempo que vai desde a
colocação das sementes na água até o momento da
colheita.
Em Santa Catarina, os mexilhões chegam ao ta-
manho de 7 a 8 centímetros, ideal para venda, de 6 a
9 meses.
dia, mas é importante observar a densidade do culti-
vo. Quando ela for muito alta, aconselha-se fazer o
desdobre.
O desdobre nas cordas é feito para diminuir a
quantidade de mexilhões, para limpar e homogenei-
zar a produção e facilitar o crescimento, durante o
período de engorda. É importante fazer isto também
porque os animais terão mais alimento à sua dispo-
sição, e é necessário quando começam a aparecer se-
mentes fixadas nas cordas de engorda.
O manejo
fazenda, mesmo sendo pequena, deve ser cuidada
freqüentemente. Estes cuidados são importantes para
ver se os mexilhões estão crescendo,
se as cordas estão limpas
e se existem predadores
ou outros organismos que
prejudicam o cultivo.
Densidade populacional: relação entre a quantidade e o espaço. Neste caso, muitas sementes ou indivíduos em pouco espaço é um ambiente com densidade alta.
Desdobre ou despesca: colheita dos mexilhões, repicagem.
 
Existem alguns materiais necessários para fazer esta
manutenção:
 embarcações adaptadas com guinchos (para puxar
as cordas de mexilhões de dentro da água) e com roldanas
(para segurar os cabos do espinhel durante o manejo)
 balsas, mesas de classificação, limpeza e ensaca-
mento de sementes
 vários utensílios como facão, tesoura, alicate, espátu-
la (raspadeira), luvas, bandejas plásticas, caixas plásticas,
trena, garatéia (para enganchar o cabo-mestre do long-line).
Importante
sombra, evitando o sol forte.
Observe o crescimento dos mexilhões, pois
poderá haver necessidade de colocar mais
bombonas durante a engorda para sustentar mais
peso nos long-lines.
Do mesmo modo que um fazendeiro na terra, o cultiva-
dor de moluscos, sendo um fazendeiro do mar, tem que lidar
com uma série de espécies competidoras. Estes organismos
variam, podendo crescer ao redor do cultivo ou mesmo se
incrustarnos moluscos. Podem ser organismos causadores de
doenças ou que competem pelo mesmo alimento dos mexi-
lhões. As plantas e animais que crescem ao redor do cultivo
ou se incrustam nos moluscos são chamados de incrustantes.
No cultivo de moluscos podem ser apenas incômodos ou
causar perda total.
tes, reduzir a taxa de crescimento e, nos cultivos suspensos,
causar problemas de flutuação.
blemas são: anêmonas, esponjas, hidrozoários, briozoários,
poliquetas, cracas, mexilhões, algas e tunicados ou ascídias.
Controle de incrustantes
incrustantes são o físico, o químico e o biológi-
co. O método físico inclui calor direto, do sol ou
fogo. Os métodos químicos utilizam água doce, água
quente ou banho em solução química tipo sulfato de
cobre ou salmoura. O controle biológico envolve co-
Incrustar:
nhecimento da biologia e ecologia dos organismos,
deste modo o cultivo pode ser planejado para dimi-
nuir os organismos incrustantes.
ne dos mexilhões. Os predadores mais encontrados
são:
conchas e comem a carne.
 caramujos (moluscos gastrópodes
raco na concha e comem a carne. Co-
letar os adultos e manter as cordas
afastadas do fundo pode ser uma boa maneira de
evitá-los.
se alimentam da carne de outros animais. O tratamento
preventivo é a exposição dos mexilhões ao ar livre.
 estrelas-do-mar – abrem as conchas com seus
braços e projetam o estômago para dentro do mexi-
lhão. Quando são poucas podem ser retiradas ma-
nualmente.
 
mento, causam problemas de flutuação nas
estruturas e diminuem a captação de semen-
tes porque competem por espaço e prejudi-
cam o crescimento dos adultos.
Os mais comuns são:
portantes porque podem formar agrupamen-
tos com alta densidade. Possuem uma concha calcá-
ria que se fixa, por exemplo, na concha dos mexi-
lhões, nos cascos dos navios e em outros substratos.
 outros moluscos que não os mexilhões – são
filtradores que competem por alimento, crescem
muito rapidamente e em grande quantidade.
 esponjas – podem se fixar às conchas, dificul-
tando sua abertura.
na região oral. Fixam-se e crescem nas conchas, au-
mentando o seu peso e dificultando a abertura das
valvas.
tros e possuem várias formas e tamanhos. Fixam-se
na concha e aumentam seu peso.
 
 briozoários coloniais – são menores que 1 mi-
límetro de espessura, mas formam colônias que po-
dem cobrir completamente a concha.
 anelídeos poliquetas – formam tubos calcários
de areia ou de lama sobre a concha dos mexilhões.
Quando são muitos, perfuram as conchas de lado a
lado, obrigando os mexilhões a consumir muita ener-
gia para a produção de uma nova concha.
 tunicados ou ascídias – são solitárias ou colo-
niais. Todas se aderem a algum substrato, podendo
recobrir todo o mexilhão.
vem como alimento, quando microscópicas. As al-
gas maiores são um problema porque recobrem to-
talmente as conchas, aumentando o peso e diminu-
indo a circulação de água.
Doenças
blema mais difícil que os cultivadores têm que en-
frentar. Sinais de alerta podem aparecer, tais como fen-
das nas conchas, que podem ocorrer com o animal
ainda vivo, ou morto recentemente. Os predadores,
peixes ou siris, removem a carne por esta fenda.
Freqüentemente a mortalidade ocorre antes que
sinais de doença possam ser percebidos. A dificul-
Tunicados ou ascídias: animais de corpo mole, quase transparente, que se aderem ao cultivo.
 Anelídeos poliquetas: têm o corpo formado por uma série contínua de anéis ou segmentos, delimitados externamente por sulcos transversais que dão a volta completa ao corpo cilíndrico do animal. Apresentam grandes tufos de cerdas implantadas em expansões laterais do corpo. São tipicamente marinhos, mas existem algumas espécies de água doce.  Algumas espécies vivem dentro de tubos construídos por elas mesmas.
 
devido a doenças ou outros fatores químicos ou oce-
anográficos temporários.
numa grande população de moluscos no ambiente
marinho. Na ocorrência de doenças, o objetivo de-
verá ser o de estudar e aprender o suficiente sobre
sua ecologia, tornando possível o cultivo, minimi-
zando seus efeitos e prevenindo novos aparecimen-
tos. Para isso, é importante informar aos órgãos de
extensão e pesquisa no caso de mortalidades e/ou
sinais de doenças.
6. Colheita
Quando os mexilhões crescem e ficam com o tama-
nho de 7 a 8 centímetros, que é o chamado tamanho co-
mercial, realiza-se a colheita. Nesta fase eles estão gordos,
ou seja, com o tecido gonadal totalmente preenchido.
Retira-se as cordas de mexilhões da água e começa-se
a debulhar. Faz-se a limpeza para tirar os demais organis-
mos aderidos como cracas, algas, briozoários e ascídias.
Conforme as exigências do mercado, onde eles serão
vendidos, pode-se fazer uma separação por tamanho,
manualmente ou com a ajuda de peneiras de madeira, plás-
tico ou metal, com diferentes malhas.
Comercialização
É importante que o produto que vai ser vendido ao
consumidor seja de alta qualidade. Por isso alguns cui-
dados devem ser tomados quando se colhe os mexi-
lhões antes de vendê-los.
 Lavar e selecionar os mexilhões, para poder ven-
der um produto uniforme.
 
enquanto espera pelo comprador.
do produto.
dem ser desastrosas.
sempre devem ser conservados em refrigerador
ou freezer.
um alimento, portanto é responsável pela sua
qualidade e apresentação. Quanto mais se cuida
disto, melhor será o retorno.
Manejo
mexilhões ou outro tipo de alimento. As regras básicas ao
manusear os mexilhões são:
As pessoas envolvidas no manejo dos mexilhões de-
vem observar sempre:
 Lavar as mãos antes e depois de cada interrupção
do trabalho, depois de usar o banheiro e depois de mexer
em materiais contaminados.
para os cabelos.
esmalte.
 Evitar o uso de objetos de adorno, como pul-
seiras, anéis, aliança, relógios e colares.
 Evitar atos não higiênicos como:
– tossir sobre alimentos,
– coçar a cabeça,
Transporte
O transporte do produto deve ser rápido, mantendo o
mexilhão ao abrigo do sol e evitando o contato com o óleo
do barco e outros contaminantes.
 
O maricultor não precisa de um curso de administra-
ção para cuidar do seu negócio. Mas precisa saber quanto
gasta com seu cultivo para, no final do processo, quando
vender o produto, calcular o seu lucro.
Basicamente, deve anotar todas as despesas que tem
com o cultivo, criando, por exemplo, um caderno de apon-
tamentos, guardando as notas fiscais.
Existem algumas despesas básicas que relacionamos
abaixo para lembrar:
Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00
Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00
Poitas de cimento 250 kg 02 20,00 40,00
Barco de 4,5m 01 1.200,00 1.200,00
Motor 8 Hp 01 1.800,00 1.800,00
Freezer 01 600,00 600,00
– – 50,00
DESCRIÇÃO QUANT. / VALOR
Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00
Gastos R$ 6.050,00
são simbólicos, apenas um exemplo para mostrar como se
monta um plano de gastos/ganhos.
MATERIAL QUANT. VALOR
UNITÁRIO EM REAIS
Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00
Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00
Raspadeira, caixa plástica, luvas, sacos, malha, etc
– – 50,00
Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00
Gastos R$ 390,00
Segundo ano